Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A ECONOMIA
CRIATIVA:
UM GUIA
INTRODUTÓRIO
por John Newbigin
Observatório
Iberoamericano
do Direito
Autoral
Série Economia Criativa e Cultural Out, Richard Alston Dance Company)
do British Council ⁄ © Newbigin, John: capa, página 12a
© Noon, Frank: páginas 26, 58b, 59
Publicada pelo British Council
© Powell, Mark: página 1
10 Spring Gardens, © Rossello, Pablo: páginas 2-3, 8, 20, 27, 30, 33,
London SW1A 2BN, 34,36, 38, 40, 45, 48, 50, 52, 53a, 53b, 78-79, 80-81
Reino Unido © Rustandi, Leo: página 24
© Slade, Jon: páginas 10-11, 17
www.britishcouncil.org
Todos os direitos reservados.
© British Council 2010 - Unidade de
ISBN 978-958-8575-30-8
Economia Criativa.
O British Council é a organização internacional
Autor: John Newbigin ⁄ do Reino Unido responsável pelas relações
culturais e oportunidades de educação. É
John Newbigin é escritor e empresário cultural com
registrado no Reino Unido como organização
larga experiência nas áreas do cinema, televisão,
sem fins lucrativos.
mídia digital e artes. Como Assessor Especial do
Governo do Reino Unido teve um papel destacado
O ODAI e seus parceiros uniram-se com a British
no estabelecimento da economia criativa enquanto
Council com o objetivo de fazer conjuntamente
elemento legítimo e importante da política pública.
as versões em Espanhol e Português do
Recentemente, John Newbigin foi nomeado diretor
presente manual e a sua reimpressão em Inglês
do Creative England, a nova Agência Nacional
para o Caribe. Esta ferramenta valiosa reforça o
da Inglaterra para a promoção da indústria
trabalho que as duas instituições têm realizado
cinematográfica.
na Ibero-América para a compreensão da
dinâmica econômica e jurídica das indústrias
protegidas pelo direito autoral.
Edição ⁄
Pablo Rosselló
Shelagh Wright
Design Gráfico
Diagramação para a edição em português ⁄
Orientações marca YCE, BB Saunders
Design, Erika Muller
Layout, .Puntoaparte Publishers
Fotografia ⁄
© Aldeguer, Jay: páginas 49, 57, 58
© Dib, Paula: página 28
© Established & Sons, página 23: London HQ,
Photo by Ed Reeve, Setembro de 2009
© Established & Sons, página 46: Londres, HQ,
fotografia K. Lathigra, setembro de 2008
© Glendinning, John: páginas 54-55 (foto Blow
SUMÁRIO
09 – PREFÁCIO
13 – 1 ⁄ O QUE É A ECONOMIA CRIATIVA?
21 – 2 ⁄ MAPEANDO AS INDÚSTRIAS CRIATIVAS
25 – 3 ⁄ POR QUE TÊM IMPORTÂNCIA AS INDÚSTRIAS CRIATIVAS?
29 – 4 ⁄ UM AMBIENTE DE POLÍTICAS PARA A ECONOMIA CRIATIVA. AS
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O CRESCIMENTO
35 – 5 ⁄ UM AMBIENTE DE POLÍTICAS PARA A ECONOMIA CRIATIVA. POLÍTICAS
PÚBLICAS QUE PODEM FAZER A DIFERENÇA
41 – 6 ⁄ UM AMBIENTE DE NEGÓCIOS PARA A ECONOMIA CRIATIVA. AS
INDÚSTRIAS CRIATIVAS SÃO REALMENTE DIFERENTES DOS OUTROS
SETORES DA ECONOMIA?
47 – 7 ⁄ UM AMBIENTE DE NEGÓCIOS PARA A ECONOMIA CRIATIVA. COMO O
MUNDO DIGITAL E AS INDÚSTRIAS CRIATIVAS DESENVOLVEM NOVOS
ESTILOS DE TRABALHAR?
51 – 8 ⁄ O QUE IMPULSIONA A ECONOMIA CRIATIVA E A QUAIS INTERESSES ELA
ATENDE?
BIBLIOGRAFIA
56 – APÊNDICE 1 ⁄ COMO O REINO UNIDO APOIA SUAS PRÓPRIAS INDÚSTRIAS
CRIATIVAS? EXISTEM LIÇÕES APLICÁVEIS EM OUTROS PAÍSES?
58 – APÊNDICE 2 ⁄ A UNIDADE DA ECONOMIA CRIATIVA DO BRITISH COUNCIL
60 – APÊNDICE 3 ⁄ OS EMPREENDEDORES CRIATIVOS
76 – APÊNDICE 4/ LEITURAS ADICIONAIS
14
que além da sua definição, as indústrias e comercial, a regulação da propriedade
criativas têm uma grande importância e intelectual deve procurar equilibrar
concluiu que seria um erro enorme des- os direitos particulares do criativo e o
conhecer que elas são apenas a ponta do direito público dos cidadãos ao acesso
iceberg da abrangente economia criativa. à informação e à cultura. Considerando
as mudanças radicais que a Internet
Por mais difíceis que seja medi-las, há tem gerado no acesso e distribuição de
um consenso sobre uma caracterís- conteúdo, novas estratégias têm sido
tica básica das indústrias criativas: a exploradas e avaliadas para administrar
propriedade intelectual a propriedade intelectual de modo que
A lei de propriedade intelectual é o que seus criativos e donos tenham
agente catalisador que converte a mais opções, permitindo-lhes ceder
atividade criativa em indústria criativa: seus direitos ou, se assim desejarem,
proteger o direito de propriedade dos simplesmente exigir que os usuários
donos sobre as suas ideias, da mesma reconheçam a sua autoria.
maneira que outras leis garantem o Mas, como diz Dame Lynne
direito à posse de bens ou imóveis, Brindley, Diretora da Biblioteca Britânica:
fornece aos inventores de produtos “mesmo se alguém decide doar seus
e novos processos os meios para direitos, isto deve responder a uma
se beneficiar da sua criatividade e estratégia de propriedade intelectual”.
planejar um marco conceitual no qual as Sem o controle estrito da propriedade
empresas e criativos possam trabalhar intelectual, a economia criativa deixaria
com segurança. Qualquer definição da rapidamente de funcionar.
economia criativa inclui o conceito de
propriedade intelectual. O governo Independentemente de como sejam
do Reino Unido a definiu no ano 1998 medidas ou definidas, a economia
como “aquelas atividades que têm sua criativa e as indústrias criativas são
origem na criatividade, na habilidade e cada vez mais importantes.
no talento individual, e que potencia- Na medida em que as economias mun-
lizam a criação de emprego e riqueza diais se tornam cada vez mais compe-
através da geração e exploração da titivas e produtivas, as chaves do seu
propriedade intelectual”. sucesso econômico passam a ser a sua
genialidade e as habilidades individuais.
Considerando que boa parte da produção Hoje, a grande diferença entre produtos
das indústrias criativas tem valor cultural e serviços de sucesso e aqueles que
1.1 UNCTAD
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento se auto-
descreve como promotora da “integração amigável de países em desenvolvi-
mento na economia mundial”. Além de integrar a economia criativa a objetivos
mais amplos de desenvolvimento, a UNCTAD atua como fórum de discussão
intergovernamental, tem tarefas de pesquisas e análises, e presta assistência
técnica para o desenvolvimento a governos no mundo inteiro.
1.2 NESTA
O Fundo Nacional para a Ciência, Tecnologia e as Artes (NESTA, em inglês) é
uma organização britânica independente que recebe o apoio de um fundo
estatal de investimento, o qual adianta e publica pesquisas e que investe em
firmas em fases incipientes de desenvolvimento. Sua missão é “explorar novas
maneiras de resolver alguns dos problemas sociais e econômicos com os quais
o país tem de lidar”.
16
setores da economia, o que tornaria as padrão de vida. Quanto mais pessoas
indústrias criativas em catalizadoras de sejam capazes de elevar suas ambições
mudanças mais amplas e essenciais. económicas para além das necessidades
básicas de alimentação e moradia, tanto
Tem impacto nas nossas vidas como mais desejarão consumir bens criativos.
consumidores e cidadãos, Na atualidade, quando mais da metade
Enquanto os processos de manufatura da população mundial vive nas cidades e
têm se tornado cada vez mais depen- com acesso quase universal aos sistemas
dentes da tecnologia e cada vez menos de comunicação eletrônica, as indústrias
dependentes do trabalho físico humano, criativas estão configurando nossas
o comportamento do emprego tem experiências culturais coletivas.
mudado consideravelmente. Uma Além disso, muitas pessoas não
proporção crescente da população apenas consomem estes bens, mas tam-
vem migrando da mão de obra para bém os fazem. Sua criatividade fornece
empregos de serviços e gerência. Na meios de expressão individual e uma
medida em que as economias crescem oportunidade de compartilhar e trabalhar
e as sociedades se urbanizam, mais e conjuntamente com amigos, dissolvendo
mais pessoas se tornam consumidores grande parte da divisão tradicional exis-
na economia formal dominante. Edna tente com outros setores da econo-
dos Santos, chefe do Programa de mia, aquela que divide profissionais dos
Economia Criativa da UNCTAD, escreveu amadores, e que faz a união da economia
recentemente que “todos os indivíduos informal às estruturas da atividade eco-
do mundo, onde quer que estejam, con- nômica e comercial. Ainda que tal divisão
somem produtos criativos diariamente entre profissionais e amadores sempre fará
nos âmbitos da educação, do trabalho, parte da atividade cultural, cada vez mais
do lazer e do entretenimento. Acordamos pessoas, principalmente os jovens, deseja-
de manhã e nos vestimos, ouvimos rão seguir carreira em indústrias criativas.
música, lemos jornais, assistimos TV e Um estudo recente no Reino Unido reve-
ouvimos a rádio, consumimos serviços lou que 30% dos jovens querem fazer uma
digitais, vamos ao cinema e ao teatro”. universidade no setor criativo, embora só
As indústrias criativas influênciam cada 11% consiga de fato fazê-lo.
aspecto de nossas vidas.
Constituem uma parte vital da indús-
E sobre a nossa qualidade de vida. tria B2B (business to business, empre-
Em geral, as indústrias criativas enrique- sa a empresa) na economia.
cem a vida das pessoas na medida em Enquanto muitas das indústrias criativas
que definem as características distintivas são voltadas diretamente para o consu-
de diferentes sociedades, bem como midor, tais como a indústria do cinema,
oferecem os meios através dos quais da música e dos jogos, elas também
as culturas e as comunidades se comu- desempenham um papel cada vez mais
nicam entre eles; geram prazer, cor e importante para promover a inovação
interpretação, tornam a vida mais fácil e o crescimento em outros segmentos
e, de uma maneira muito ampla, são da economia. O design, a publicidade, a
uma expressão da elevação de nosso arquitetura e grande parte da indústria
18
pois muitas das indústrias digitais con- Alguns governos têm procurado
somem altos níveis de energia. proteger e promover aspectos particu-
Porém, as indústrias criativas lares da sua cultura nacional, não por
geram empregos e valor com um motivos de impacto econômico direto,
impacto sobre a natureza menor do mas porque constituem meios para
que as outras atividades econômicas. projetar uma imagem clara e positiva
O planeta não pode aguentar oito ou de si mesmos no plano internacional,
nove bilhões de pessoas vivendo o no que se denomina como a projeção
estilo de vida “dependente do petró- do ‘poder suave’.
leo” dos Estados Unidos ou da Europa. O governo da Austrália, por
A única maneira de haver uma eco- exemplo, tomou a dianteira com a
nomia crescente, sustentável e capaz redação do documento Creative
de oferecer melhor qualidade de vida Nation, publicado em 1994. Nele afirmava
para a maioria da população mundial que “uma política cultural também
está em cultivar a economia criativa é uma política econômica” e que “o
e, especialmente, em utilizar o poder nível de nossa criatividade determina
da criatividade em todas as fases da substancialmente nossa capacidade
vida econômica. Um verbete recente de adaptação aos novos imperativos
na Wikipédia sintetizou este ponto econômicos”.
com bastante clareza: “Ao contrario da Mas foi preciso esperar até a elei-
maioria dos recursos que se esgotam ção de um novo governo no Reino Unido
quando são usados, a informação e em 1997 para que se apresentasse a
o conhecimento podem ser compar- primeira iniciativa governamental com-
tilhados e inclusive crescer ao serem prometida com a definição e o registro
aplicados”. sistemático das indústrias criativas, sua
natureza e seu valor.
Então, é hora de levá-las a sério!
Desde o começo do século XX, os
governantes começaram a perceber
estas mudanças. Em 1918, o presidente
dos Estados Unidos, Woodrow Wilson,
promoveu a nascente indústria cinema-
tográfica considerando que “o comércio
vai atrás dos filmes”, uma afirmação
clássica do fato de que as indústrias
criativas têm um significado que vai
muito além do seu impacto econômico
imediato. Todos os governos sucessivos
têm defendido os interesses e os mer-
cados das indústrias norte-americanas
da música e do software, e têm tenta-
do protegê-las através da legislação
internacional do comercio e das leis de
propriedade intelectual.
22
3 ⁄ POR QUE AS INDÚSTRIAS
CRIATIVAS SÃO IMPORTANTES?
Faz uma década, quando o governo As indústrias criativas vêm criando
britânico realizava o primeiro precedentes importantes, em contraste
mapeamento das indústrias criativas, com outros setores menos ágeis e
a idéia era marcar o papel importante dinâmicos da economia: interpretam
que tinham na economia. Desde então, e fazem uma aplicação criativa do
o desenvolvimento das tecnologias conhecimento de forma inovadora,
digitais, o crescimento da economia adotam tecnologias e novos modelos
global e de marcas globais, a rápida de negócio e de cooperação com
aceleração das oportunidades de facilidade, pensam em função de
ensino superior no mundo inteiro, planos internacionais e utilizam a
a crescente pressão sobre os tecnologia para se aproximarem de
recursos em diminuição da Terra e seus clientes.
o reconhecimento emergente da Ao mesmo tempo, possuem uma
realidade de mudanças climáticas têm proporção excepcionalmente elevada
conspirado para alterar a natureza dos de pessoas com ensino superior
acordos comerciais. Neste contexto, completo. Um estudo britânico oficial
as indústrias criativas deixaram de ser de 2005 revelou que 49% da força de
um fator menor e novo na economia trabalho das indústrias criativas possui
mundial para se tornarem uma chave formação em ensino superior, em
da economia do conhecimento e um comparação com 16% do total da força
fator atraente para quase todos os de trabalho do país. Inclusive, outros
governos do mundo. setores revelaram uma concentração
ainda maior de professionais, por
exemplo, a mídia, onde 69% dos
empregados possui título profissional.
A indústria da música tipifica
algumas dessas tensões entre modelos
de negócios tradicionais e inovadores. Os
enormes conglomerados de distribuição
que controlam a indústria da música
internacional ao longo de décadas -
Warner, EMI, Universal - estão lutando
para se adaptar à dinâmica do mundo
digital e aos hábitos de rápida evolução
de seus clientes que continuamente
se transformam. Elas se sentem num
momento de crise. Mas, quando medido
em termos de interesse popular,
26
3.1 A ECONOMIA DO CONHECIMENTO
O termo ‘economia do conhecimento’ é muito mais amplo do que o termo economia
criativa. Foi utilizado pela primeira vez pelo austríaco teórico de administração
Peter Drucker e é, também, objeto de debate. A Wikipedia a define como “o uso
das tecnologias do conhecimento para produzir benefícios econômicos, bem
como a criação de emprego”. Às vezes é utilizado como sinônimo de “sociedade
da informação” que, obviamente, tem um alvo ainda maior. Segundo a Wikipedia
trata-se de “uma sociedade na qual a criação, difusão, utilização, integração e
manipulação de informações são atividades significativas desde o ponto de vista
político e cultural”. Em 1997, a União Europeia propus o objetivo de se tornar
uma ‘sociedade da informação’ até 2010 e rebatizou uma das Diretorias-Gerais da
Comissão Europeia como DG Sociedade de Informação.
30
4.1 OMPI 4.2 FORMAS DIFERENTES DA
PROPRIEDADE INTELECTUAL
É a Organização Mundial da
Propriedade Intelectual (OMPI). Existem várias formas de propriedade
Sua atuação não lida tanto com a intelectual:
proteção dos direitos individuais da
PI, mas mais com o fluxo de bens e Os direitos autorais protegem a
serviços entre as nações. posse de um indivíduo sobre a sua
criatividade quando foi expressa
Os membros da OMPI estão compro- através de uma peça escrita, sonora
metidos com o desmantelamento das ou audiovisual. Eles oferecem
barreiras comerciais, mas se reservam proteção durante a vida do autor e
o direito de retê-las em cenários pro- durante alguns anos depois, período
tecionistas. Mesmo os mais radicais que varia segundo o país. No Reino
defensores do livre comércio, como Unido os direitos autorais são
os Estados Unidos e a União Europeia, mantidos até 70 anos após a morte
querem proteger áreas da economia, do autor.
como a agricultura, da concorrência
estrangeira. As patentes dão aos inventores
de produtos ou processos direitos
Todos os países possuem elementos exclusivos para a sua utilização
em sua economia nacional que e exploração por um período de
querem proteger, e a cultura é, quase tempo especificado. Ao contrário dos
sempre, um deles. A OMPI não deve direitos autorais, que são automáticos,
ser confundida com a Organização qualquer pedido de patente tem que
Mundial do Comércio, que regula as provar que seu produto ou processo
relações comerciais entre os países e é realmente inovador e único.
tem o poder de estabelecer regras As marcas registradas protegem
e impor sanções. o uso de um nome, símbolo ou
logotipo que indica uma determinada
organização ou produto. Elas são
projetadas para acabar com as
atuações de falsificadores e impedir
que vigaristas vendam bens ou
serviços em nome de um terceiro.
32
procurarem crescer, eles necessitarão acham os fundos para permanecer no
financiamento e é neste momento que negócio.
podem surgir dificuldades. Pode ser que Isto não foi sempre o caso. A
possuam poucos ativos com os quais indústria de Hollywood na sua infân-
possam garantir um empréstimo e é cia se esforçou muito para captar
possível que não desejem comprometer fundos até A.P. Giannini surgir com o
a sua visão criativa convidando financia- Bank of America. Em seu livro A guerra
dores a comprarem parte do negócio. não declarada, Lord Puttnam afirma:
A busca pelo financiamento é e sempre “a abrangência da afinidade entre os
foi um problema para muitas empresas Gianninis e os pioneiros da colônia
criativas, tanto para as grandes como cinematográfica foi extraordinária (...) tal
para as pequenas. como o pessoal do cinema, os Giannini
Por exemplo, a indústria cinema- eram forasteiros, imigrantes (...) odiados,
tográfica já foi denominada o negócio desconfiados e incompreendidos pelo
no qual “ninguém tem certeza de nada”, mundo financeiro”. Os fundos das indús-
porque mesmo com exibições preliminares trias criativas dependem muitas vezes
de teste para um público selecionado, de um grupo relativamente pequeno de
ninguém sabe realmente se o filme investidores, impulsionados por paixões
será bem sucedido ou não até que seja e afinidades particulares.
apresentado para o público que paga a Aquele elemento de risco, de
entrada. Uma grande estrela, um grande “custos não recuperáveis” que devem
orçamento e uma grande campanha ser incorridos antes de um único cen-
de marketing não garantem o sucesso. tavo de rentabilidade, é comum a mui-
Mesmo os estúdios de Hollywood, com tas indústrias criativas. São poucas as
décadas de experiência no cálculo do instituições financeiras com a experiên-
risco esperam ter lucro com apenas um cia e as relações para os investimentos
filme de cada quatro que apresentam. com confiança em empresas verda-
Mas, exatamente porque eles possuem deiramente criativas, razão pela qual a
a experiência de muitos anos, sabem coleta e análise sistemática de dados
que os fracassos comerciais são uma são tão importantes para o futuro em
parte necessária do negocio. Portanto, longo prazo da economia criativa.
O porto e cais de Liverpool, recentemente habilitados para sediar museus, shows e atrações culturais.
36
5.2 CLUSTERS
‘Sohonet’
O bairro Soho, em Londres, tem sido o local preferido por várias pequenas
empresas que trabalham nos empreendimentos cinematográficos e na mídia.
Durante a década de noventa, um grupo de pequenas empresas de efeitos
especiais se uniu para pressionar a BT, a principal empresa de telecomunicações
do Reino Unido, a instalar uma rede de banda larga no centro de Londres para
que todos conseguissem trabalhar coletivamente em projetos que fossem
impossíveis de fazer individualmente. Esta foi a origem da rede Sohonet, que
permitiu desde então que aquelas empresas pequenas constituíssem um
consórcio capaz de competir pelos grandes contratos na área das imagens
geradas por computador (IGC) para aos estúdios de Hollywood. Pouco tempo
depois, fundou-se a CFC Framestore, um dos maiores e grandes projetos de IGC
do mundo, que atualmente emprega centenas de pessoas talentosas, também
sediada no Soho.
Fábrica 798
No início dos anos 90, uma fábrica de produtos eletrônicos para o exército
de 500.000 metros quadrados e localizada no distrito Daishanzi de Beijing foi
fechada e começou a ser alugada por artistas e designers. Depois da primeira
Bienal de Pequim em 2003, seguido pelo Festival Internacional Daishanzi de
Artes em 2004, o sucesso destes eventos convenceu as autoridades da cidade
de Beijing a formalizarem o que estava acontecendo e rebatizaram o espaço
com o nome de Distrito de Artes Daishanzi.
38
5.3 CREATIVE PARTNERSHIPS estudantes para trabalhar com os
empreendedores criativos.
O programa de Parcerias Criativas
na Inglaterra, que coloca artistas e A Arte e a Cultura
profissionais criativos nas escolas em A atividade artística subsidiada pelo
áreas de privação social ou econômica, Estado seja na educação, nos teatros
ilustra como podem se tornar eficazes subsidiados, orquestras, emissoras de
os entrelaçamentos entre a educação serviço público ou em outros cená-
e o empreendedorismo criativo. Um rios, fornece investimentos em áreas
relatório sobre as Parcerias Criativas de inovação, habilidades, espaços de
2007, realizado pela inspetoria de pesquisas e espaços físicos, que não
escolas oficiais da Inglaterra em seriam viáveis no mercado comercial.
2007 descobriu que “os alunos Além dos óbvios benefícios culturais e
foram particularmente inspirados sociais que fluem a partir do apoio pú-
por oportunidades de trabalhar blico para as artes, tal atividade ajuda
diretamente nas indústrias criativas a estimular e aumentar a qualidade e a
(...). Visitas regulares às indústrias quantidade da procura pública para os
criativas mudaram profundamente bens e serviços criativos. Para os auto-
a natureza e o propósito da res de Staying Ahead: The economic
aprendizagem (...). Os alunos de todas performance of the UL´s creative
as habilidades aprenderam como industries, a demanda inteligente é
aplicar habilidades desenvolvidas fundamental na hora de transformar
na escola ou aprenderam novas a economia criativa. Eles afirmam: “A
habilidades necessárias para fazer demanda deve ser exigente” (demand
uma contribuição (...). Em todos os needs ro be demanding).
casos, a relevância do programa Pessoas criativas e talentosas
colegial tornou-se evidente e, podem trabalhar nos dois setores sub-
para alguns, fundamentalmente sidiados e comerciais das artes, assim
alterou as suas aspirações (...). Suas como o cidadão comum pode aprovei-
habilidades – alfabetização, aritmética, tar os resultados sem se perguntar se
trabalho em equipe e manipulação o evento ou uma exposição é ou não
de tecnologias da informação e da resultado de subsídio governamental. Os
comunicação - foram consistentemente dois setores se apoiam mutuamente.
melhoradas; assim como seu espírito O comentarista cultural John Holden
empreendedor, a confiança em si afirma: “O setor cultural subsidiado
mesmos e sua capacidade para dirigir pelo Estado está atravessado por redes
as mudanças, o que com certeza que se entrelaçam com as indústrias
irá contribuir para o ‘bem-estar criativas”.
econômico no futuro’ dos alunos”.
esta razão, o Silicon Valley tem sido um entender o quanto ela contribuía para
ambiente particularmente fértil dentro a sua própria marca. Isso acabou sendo
do qual as pequenas empresas criati- uma decisão de negócios inteligente
vas podem crescer significativamente. em longo prazo tanto para a Gucci
No Reino Unido, onde existem como para Stella McCartney.
poucas indústrias criativas realmente O desequilíbrio entre produtor e
grandes, o padrão predominante é o vendedor afeta aqueles países que con-
de pequenas empresas que surgem tam com setores criativos dinâmicos,
e desaparecem sem atingir um nível mas não possuem grandes negócios de
médio, perpetuando assim o chamado distribuição. Se a maior parte da receita
fenômeno “ampulheta”. Ainda que este vem das mãos de um distribuidor que
ciclo de vida curto e brutal dos ne- tem sua sede num país diferente do da
gócios criativos tenha a vantagem de unidade criativa ou produtiva, existem
trazer ar fresco e contínuo de criativi- menos incentivos para investir no
dade, ele impede que o setor cresça desenvolvimento e o crescimento de
de forma sistemática e sustentável. talento na sua localização de origem.
Uma pequena empresa britânica Em seu Creative Economy Report, de
que fugiu deste breve ciclo de vida 2008, a UNCTAD alertou que os seus
foi o estúdio de design de moda de assuntos de propriedade intelectual de-
Stella McCartney. Em 2005, quando vem abordar esta assimetria e “garantir
começou, teve um prejuízo de um que os interesses dos artistas e criativos
milhão de libras. No entanto, conseguiu em países em desenvolvimento sejam
sobreviver graças à sua parceria com a devidamente considerados”.
grife italiana Gucci, uma entidade que Tais assimetrias de escala
conseguiu enxergar além dos proble- adquirem significado especial quando
mas de curto prazo do seu provedor e atingem as questões da identidade
42
6.2 PYME merciais. Como o seu talento e paixão
giram em torno da criação e não sobre
Na Europa, o termo “pequenas e médias as vendas, se seus projetos são bem
empresas” (PME) é frequentemente sucedidos comercialmente podem
utilizado quando se fala sobre políticas considerar que isto os afasta do seu
públicas. Refere-se a firmas que trabalho criativo e os conduz à gestão
empregam entre dez e quinhentas empresarial, um campo no qual não pos-
pessoas e que tem faturamento inferior a suem muitas habilidades ou interesses.
£ 25.000.000 libras por ano. Na prática, Esta é uma razão pela qual as pequenas
as PME são amplamente utilizadas para empresas criativas são definidas como
descrever as empresas na faixa inferior “empresas estilo de vida”, ou seja, como
das pequenas e médias empresas, uma expressão da personalidade e dos
mesmo que o termo formal que se teria interesses do seu proprietário, ao invés
de usar para descrever uma empresa de serem concebidas como empresas
com menos de dez trabalhadores seria o cujo objetivo principal é a geração de
de ‘microempresa’. crescimento e de lucro.
Em 2006, um estudo NESTA des-
cultural. Muitos empresários criati- cobriu que um terço das pequenas e
vos estão vendo a World Wide Web médias empresas do setor criativo não
como um caminho direto para os possuía sistemas formais de planeja-
consumidores, permitindo evitar mento de negócios e que um terço das
negociações com grandes empresas empresas criativas que cobravam mais
distribuidoras que podem ter pouco de um milhão de libras não possuía ob-
interesse em questões de integridade jetivos financeiros claros. Outro estudo
e identidade cultural. Embora seja claro descobriu que 90% das pequenas e
que a Internet está transformando a médias empresas neste setor, menos
maneira como o mundo faz negócios, da metade dos gerentes do nível su-
ao mesmo tempo ela traz a discussão perior, tinham formação em estratégia
de diversas questões fundamentais de negócios. Mesmo que não existam
para os produtores independentes, levantamentos detalhados em outros
especialmente as relacionadas com a países, as evidencias sugerem que o
visibilidade. De modo geral, ainda não fenômeno é recorrente.
está claro como esse novo paradigma Essa falta de competências de
de negócios funciona e como irá se gestão significa que os empreendedo-
desenvolver. Como se consegue ganhar res criativos não são capazes de fazer
dinheiro no mundo da Internet é uma apresentações persuasivas para encon-
pergunta que questiona a todos os mer- trar investidores. Um relatório de 2003
cados mundiais e que certamente vai elaborado pelo Tesouro do Reino Unido
continuar a fazê-lo por muitos anos. chamou atenção para o fato de que
muitas pequenas empresas criativas não
Novas maneiras de trabalhar possuíam “as capacidades necessárias
Para muitos empresários criativos, a para promover um plano de negócios
qualidade e autenticidade são tão ou até leva-lo a uma fase em que consigam
mais importantes que as variáveis co- obter investidores externos”.
44
recursos desenvolvidos nos mercados empírica e responder às pressões e
existentes.” Além disso, sugere “o exigências em constante mudança. Os
uso das tecnologias digitais para governos e as escolas empresariais
transcender os modelos tradicionais em todo o mundo precisam aprender
de distribuição e passar de produzir a muito para entender qual é a melhor
propriedade intelectual para tê-la”. maneira de tornar o apoio realidade.
Todas essas evidências sugerem Enquanto isso, os empresários criativos
que, para ser eficaz, a assessoria e o continuam acreditando nos seus
apoio às empresas criativas devem ser colegas, os quais oferecem o conselho
adaptados, baseados na experiência mais valioso e prático.
48
massa indiferenciada. Isso faz sentido e desenvolvimento torna-se, então,
para os negócios em uma economia na interativo: um produto ou serviço
qual os produtos e serviços personali- jamais é realmente a versão final, ele
zados, em vez da produção em massa, pode sempre ser alterado, adaptado ou
são a regra. aperfeiçoado para atender às mudan-
ças da demanda. Uma frase de muitos
Nada tem mais sucesso do que o empreendedores criativos do mundo
fracasso digital é “falhar muitas vezes, mas a
Enquanto as empresas têm feito o baixo preço”, porque mesmo que a
possível para experimentar um produto taxa de insucesso seja alta, é preferível
antes de apresentá-lo ao mercado, no testar a resposta do consumidor antes
mundo digital o mercado se torna o do que aperfeiçoar novos produtos ou
teste de laboratório mais valioso. No experiências longe dele.
plano comercial, pode ser sábio fazer
um “lançamento limitado” e deixar
que os consumidores forneçam os
retoques finais. O processo de criação
52
Estima-se que a criação de emprego pessoas” e fazer isso a um preço
no setor de serviços custa €30.000 acessível. Através do seu trabalho
euros com números que representam com designers de móveis de
o equivalente a 43.000 trabalhadores nível internacional e empregando
em museus da cidade. sistemas de gestão mais criativa, a
IKEA se tornou uma marca global,
8.5 URUGUAI que emprega 104 000 pessoas. Os
Em 1968 foi fundada a Manos del últimos dados financeiros mostram
Uruguay, uma cooperativa sem fins vendas de € 12 800 milhões de euros
lucrativos que apoia os tecidos e um lucro de € 1400 milhões.
e produtos de artesãos rurais. 8.7 RUANDA
Atualmente, a empresa tem uma
rede de dezessete cooperativas que Num país com recursos financeiros
empregam trezentas e cinquenta limitados e terreno montanhoso que
trabalhadores qualificados, cujos aumenta os custos de construção de
produtos são vendidos em lojas de estradas e vias de acesso, o governo
moda nos Estados Unidos, na Europa convidou um consórcio coreano
e no Japão. A Manos del Uruguay para construir uma infraestrutura de
está também relacionada com cerca banda larga abrangente. O projeto foi
de duzentos empresários criativos considerado o mais eficaz na hora de
independentes, que produzem melhorar as condições de vida dos
artesanato com base em materiais indivíduos e a economia da nação.
locais e os distribuem através de A segunda fase do projeto pretende
uma rede de supermercados locais. proporcionar um laptop para cada
Assim, fornece viabilidade de projetos aluno, a fim de transformar a Ruanda
de empresários independentes e numa potência comercial e criativa da
revitaliza algumas das tradições África Central.
culturais do Uruguai.
8.6 SUÉCIA
56
Outras políticas e decisões do governo DGZaVig^d<dlZgh'%%+
britânico tiveram impacto sobre as indústrias Este terceiro relatório oficial explorou novas
criativas formas de atualizar as leis de direitos autorais
para a fase digital. Entre suas recomendações
=VW^a^YVYZh figuram:
Entre as instituições estabelecidas para melhorar
as potências econômicas globais, o Governo - Combater a pirataria e delitos contra a
britânico criou duas instituições com ênfase nas propriedade intelectual
indústrias criativas: - Reduzir os custos e a complexidade do plano
jurídico para a proteção do direito autoral e a
- Creative and Cultural Skills, sobre publicidade, propriedade intelectual
design, artesanato, música e artes cênicas, artes - Reformar a Lei de Direitos Autorais para torná-la
visuais e literatura. mais coerente com a era digital.
- Skillset, que incide sobre as necessidades da
mídia.
As duas agências recebem dinheiro do governo e
da indústria.
:higVi\^VhGZ\^dcV^h
O crescimento de clusters criativos e o
desenvolvimento de políticas de sucesso para
a indústria criativa tem sido possível graças à
criação de nove agências de desenvolvimento
regional na Inglaterra, uma no País de Gales, uma
na Escócia e outra na Irlanda do Norte, e também
pelos fundos administrados pela União Europeia.
Algumas agências de cinema local reuniram fundos
públicos e privados para promover o talento e
o desenvolvimento de firmas em todos os setores
das indústrias audiovisuais: cinema, televisão,
videogames e outros produtos interativos.
6kVa^Vd8dmYVXg^Vi^k^YVYZcdhcZ\X^dh
(2005)
Este relatório do governo chamou a atenção
sobre a importância das pequenas e médias
empresas que representam 50% do produto
nacional bruto no Reino Unido. Ele pediu que
o “enorme poder de compras governamentais”
fosse usado para “incentivar os fornecedores a
serem mais criativos.” Além disso, o documento
recomendou que as empresas de todos os
setores da economia criativa ligassem o seu
pessoal criativo aos conselhos diretivos e
ressaltou que a inovação está mais aos processos
e pessoal do que aos produtos.
GZaVig^dAZ^X]'%%+
Este relatório do governo analisou as
necessidades da economia britânica sobre as
competências de longo prazo. Ele destacou
a necessidade de estabelecer uma parceria
tripartite entre governo, empregadores e
empregados. Acima de tudo, argumentou que
o sistema britânico de educação superior tem
que estar em sintonia com as necessidades da
economia e que era muito importante gestar
alianças mais estreitas entre as universidades e
as empresas.
58
Ferramentas e recursos: o desenvolvimento e viajam ao exterior para conhecer as economias
a distribuição de recursos e informações sobre a emergentes, participam de uma viagem de estudo
economia criativa em todo o mundo. do seu setor e concorrem ao prêmio no Reino
Unido na frente do júri. Até agora, países como a
2. Competência e infraestruturas Argentina, a Polônia, a Índia, a Indonésia, a África do
Sul, a China, o México e a Turquia têm recebido a
As competências são essenciais para cultivar o
visita dos participantes.
crescimento da economia criativa e garantir a sua
sustentabilidade. O programa de atividades inclui:
4. Liderança e relações culturais
Formação na mídia: o desenvolvimento de
Como uma agência de relações culturais, o
habilidades e conhecimentos dos jornalistas
British Council tem como objetivo colocar a
para que possam oferecer mais e melhores
nova geração de líderes culturais em contato
informações sobre as indústrias criativas.
com figuras importantes de todo o mundo para
Infraestrutura: apoio para o desenvolvimento discutir e desenvolver estratégias comuns,
de organismos intermediários para fornecer com a finalidade de abordar questões culturais
informações específicas e dar apoio às do mundo. A intenção é recuperar o papel do
indústrias criativas. setor cultural na agenda global. O programa vai
integrar também membros de diversos setores
Business Skills: oferta de cursos de formação
fora da esfera das artes (como a ciência, educação,
para jovens empreendedores criativos que
esportes, etc.) para promover a colaboração
desejam desenvolver competências de gestão e
conjunta e multidisciplinar.
de seu setor em particular.
5. Plataforma de Informação
3. Empresários criativos e Redes
Desenvolvimento de uma plataforma para reunir
Os empreendedores criativos formam parte
e discutir questões relacionadas à economia
fundamental da economia criativa ao construir
criativa, alimentada com informações e a
pontes de comunicação entre artistas e
interação das atividades e das redes do British
consumidores, contribuindo para o progresso
Council.
econômico e cultural da sociedade. Esta divisão
do programa visa dar maior visibilidade, celebrar Para obter mais informações sobre estas
suas conquistas e reconhecer o impacto da mídia atividades, por favor, visite a pagina:
sobre o tema do desenvolvimento de políticas www.creativeconomy.org.uk
para o setor criativo. As iniciativas neste campo
de trabalho são:
Os clubes e as redes de Jovens
Empreendedores Criativos (YCE, em Inglês):
desenvolvimento de líderes culturais, clubes e
empresários criativos, identificados por prêmios
YCE, no local e regional. Os clubes são o cenário
para atividades como seminários, discussões com
os trabalhadores de políticas no setor, palestras
e eventos sociais abertos que permitem trocar
informações, discutir assuntos relevantes e
identificar oportunidades de negócio.
Prêmio ao Jovem empreendedor criativo
internacional (IYCE, em Inglês): programa de
premiação anual que permite que grupos de
jovens empreendedores criativos de economias
emergentes possam visitar o Reino Unido para
conhecer a indústria, participar de um evento
importante sobre o mercado e concorrer ao
prêmio. Mais de cinquenta países tem participado
do programa até agora.
Prêmio ao Jovem empreendedor criativo do
Reino Unido (UKYCE, em Inglês): programa de
premiação anual para jovens empreendedores
criativos britânicos. Os grupos que chegam ao final
Os empreendedores criativos são uma peça-chave ções e colocando-os no centro dos debates da
da economia criativa pois impulsionam a economia criativa.
economia e o desenvolvimento cultural das Nas páginas a seguir apresentamos uma
comunidades construindo pontes entre artistas lista de vinte jovens empresários de todo o mundo
e consumidores. que participaram do YCE. Todos eles têm posições
de liderança ao nível local e regional dos seus
O Programa Jovens Empreendedores Criativos países: são pessoas que compreendem o mercado
do British Council (YCE, em inglês) procura intrinsicamente, assumem riscos, garantem o
identificar líderes jovens que trabalham nas investimento em uma circulação maior de bens
indústrias criativas de todo o mundo e enfatizar e serviços criativos e, assim, desenvolvem a infraes-
a importância que têm, realçando as suas realiza- trutura dos seus respectivos setores criativos.
3 5
2
4
6
60
13
16
14 15 19 20
18
17
21 22
24
23
27
26
9 25 28
10 29
11 12
62
1
3
2
64
5
66
9
10
11-12
15 ⁄ REINO UNIDO
Mark Puddle, o proprietário, Marcos Puddle Ltd.
Mark Puddle Ltd. é o nome do conglomerado que
inclui as três companhias de artes cênicas de Mark:
- The Lord Chamberlain’s Men, uma companhia
68
13-16
70
www.merlinlibrary.com
Christopher Gruppetta foi um dos finalistas do
prêmio ao Jovem Empreendedor Internacional
Editorial (AIPT, em Inglês) em 2007..
22 ⁄ TURQUIA
Hakki Goktas, diretor, Turk Dijital
Em 2004 Hakki fundou a empresa Turk Dijital,
especialista na criação e gestão de serviços
interativos com inovação para plataformas
móveis e Internet. A empresa criou e programou
uma série de programas de sucesso como a
Soundklan Music Community e a Power Club, a
mais importante e reconhecida loja de música
digital na Turquia. A plataforma tem sido um
grande sucesso musical e trabalha em Istambul e
em Budapeste.
www.soundklan.com
Hakki Goktas foi finalista do prêmio ao Jovem
Empreendedor Internacional Interativo (IYIE, em
Inglês) em 2009.
19
20
18
17
21 22
Da mesma forma, lançou as publicações Dance O Iêmen Book Shop (YBS) é uma livraria que
News e Cairography para estimular reflexões tem se tornado um dos maiores importadores
sobre dança e performance, e para encorajar e de publicações em língua inglesa no Iêmen.
promover os trabalhos de coreógrafos do Egito Nasceu em 1980 como a primeira livraria local
através da criação de um corpo de textos críticos a importar livros em Inglês. Nashwan foi o
sobre o assunto. diretor da empresa desde 1995, quando ainda
estava no colégio. Ele aspirava desempenhar
Seu trabalho sobre som, movimento, voz, um papel efetivo na melhoria da educação
performance e instalação foram apresentados no no Iêmen e em especial, promover o idioma
Egito, no mundo árabe, na Europa, Turquia, Japão, Inglês. YBS atualmente tem relações com mais
etc. Adham atualmente é professor de dança de quarenta editoras nos EUA, Reino Unido,
contemporânea na Universidade Americana França, Alemanha, Itália, Índia, Paquistão, Egito,
do Cairo, onde contribuiu para a criação de Líbano e Jordânia.
instalações de ensino de dança com projeções
de longo prazo. Nashwan Al-Maghafi ganhou o prêmio ao Jovem
Empreendedor Editorial (IYPE em Inglês) em 2008.
www.harakaproject.blogspot.com
Adham Hafez foi finalista do prêmio ao Jovem 26 ⁄ EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
Empreendedor Internacional das Artes Cênicas Rabia Zargarpur, diretora de criatividade e design
(IYPAE, em Inglês) em 2008. de moda, Rabia Z.
De origem emirati e Afegã, Rabia explora
24 ⁄ LÍBANO sua paixão pela moda e sua dedicação para
Hania Mroue, diretora, Cinema e Arte Beirute DC equilibrar e combinar estilo com espiritualidade.
Metropolis Uma das poucas desenhadoras atenta às
A Beirute DC foi fundada em 1999 por um necessidades das mulheres muçulmanas
grupo de profissionais do cinema e entusiastas modernas, ela acredita que se vestir com
da arte. Seu objetivo era apoiar os diretores austeridade é uma tarefa que pode ser realizada
independentes árabes na luta contra as restrições com estilo. Graças à sua criatividade, atualizou
enfrentadas pelo cinema. Em uma região onde um conceito muito tradicional da moda e tem
a individualidade é em geral restrita, a Beirute conseguido expor em passarelas internacionais.
DC encoraja seus parceiros e colaboradores Suas propostas transmitem a idéia de que a
a produzir filmes relevantes em seu contexto, modéstia pode ser bela, confortável e acessível,
aquestionar as verdades preconcebidas, a desde que haja confiança e satisfação.
incentivar as mudanças e a promover uma visão Rabia Z foi finalista do prêmio Jovem
mais pessoal do cinema. Empreendedor Internacional da Moda (IYFE, em
“Graças a meu trabalho na Beirute DC, notei Inglês) em 2008.
que ainda que os teatros libaneses comerciais
ofereçam uma programação padronizada, há
um grande público ávido por assistir a filmes
alternativos ou de autor, formado principalmente
por jovens e estudantes”, disse Hania.
Por isso abriu o teatro Metropolis, a primeira sala
de cinema de arte no país. Este espaço pretende
oferecer acesso permanente e sustentável à uma
72
24
23
26
25
74
27
28
29
Creative Britain – New Talents for the New Management and creativity: From creative
Economy, Dept for Culture, Media and Sport, industries to creative management, by C Bilton,
London, 2008 Wiley-Blackwell, Oxford, 2006 The cultural
economy of cities, by A Scott, Sage, London,
After the Crunch, www.creative-economy.org, 2009 2000
Cloud Culture, by Charles Leadbeater, British The Creative Class, by R Florida, Basic books, New
Council, London, 2010 York, 2002
Living on Thin Air, by Charles Leadbeater, Penguin The Art of Innovation, by K Oakley, A Pratt and B
Books, London, 2000 Sperry, NESTA, London, 2008
The Creative Economy, by John Howkins, Penguin Framework for Cultural Statistics, UNESCO
Books, London, 2001 Institute of Statistics, Montreal, Canada, 2009
Creative Ecologies – where thinking is a proper job So what do you do? A new question for policy in
by John Howkins, University of Queensland Press, the creative sector, by Charlie Tims and Shelagh
Queensland, Australia, 2009 Creative Nation, The Wright, Demos, London, 2007.
Australia Council, Sydney, Australia, 1994
What Would Google Do?, By Jeff Jarvis, Harper
Collins, New York 2009
Beyond the creative industries: Mapping the
creative economy in the United Kingdom, by Peter
Higgs, Stuart Cunningham and Hasan
Bakshi, NESTA, London, 2009
Creating Growth: How the UK can develop world-
class creative businesses, NESTA, London, 2006
Cox Review of Creativity in Business, HM Treasury,
London, 2005
UK Skills: Prosperity for all in the global economy,
(‘The Leitch Review’), Dept for Business, Innovation
& Skills, London, 2006
Gowers Review of Intellectual Property, HM
Treasury, London, 2006
The Creative Economy Report, UNCTAD, Geneva/
New York, UNCTAD/UNDP, 2008
The Undeclared War: The struggle for control of
the world´s film industry, by David Puttman, Harper
Collins, London, 1997.
76
78
Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 79