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No mundo inteiro se concebe Série Economia Criativa e Cultural/1

a “economia criativa” como uma


parte determinante e crescente
da economia global. Os governos
e os setores criativos estão dando
A ECONOMIA
cada vez mais importância ao
papel que ela desempenha como CRIATIVA:

A ECONOMIA CRIATIVA: UM GUIA INTRODUTÓRIO


fonte de empregos, de riqueza e
de compromisso cultural.
UM GUIA
O Reino Unido tem liderado
esta agenda, não só pela sua
incidência na economia, mas
INTRODUTÓRIO
também pela sua importância
na hora de promover a
inclusão social, a diversidade
e o desenvolvimento. Este
documento (e a série da que
faz parte) constitui um aporte a
nossos conhecimentos e para a
experiência coletiva deste novo e
valioso setor.

Série Economia Criativa e Cultura/1

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Série Economia Criativa e Cultural/ 1

A ECONOMIA
CRIATIVA:
UM GUIA
INTRODUTÓRIO
por John Newbigin

Observatório
Iberoamericano
do Direito
Autoral
Série Economia Criativa e Cultural Out, Richard Alston Dance Company)
do British Council ⁄ © Newbigin, John: capa, página 12a
© Noon, Frank: páginas 26, 58b, 59
Publicada pelo British Council
© Powell, Mark: página 1
10 Spring Gardens, © Rossello, Pablo: páginas 2-3, 8, 20, 27, 30, 33,
London SW1A 2BN, 34,36, 38, 40, 45, 48, 50, 52, 53a, 53b, 78-79, 80-81
Reino Unido © Rustandi, Leo: página 24
© Slade, Jon: páginas 10-11, 17
www.britishcouncil.org
Todos os direitos reservados.
© British Council 2010 - Unidade de
ISBN 978-958-8575-30-8
Economia Criativa.
O British Council é a organização internacional
Autor: John Newbigin ⁄ do Reino Unido responsável pelas relações
culturais e oportunidades de educação. É
John Newbigin é escritor e empresário cultural com
registrado no Reino Unido como organização
larga experiência nas áreas do cinema, televisão,
sem fins lucrativos.
mídia digital e artes. Como Assessor Especial do
Governo do Reino Unido teve um papel destacado
O ODAI e seus parceiros uniram-se com a British
no estabelecimento da economia criativa enquanto
Council com o objetivo de fazer conjuntamente
elemento legítimo e importante da política pública.
as versões em Espanhol e Português do
Recentemente, John Newbigin foi nomeado diretor
presente manual e a sua reimpressão em Inglês
do Creative England, a nova Agência Nacional
para o Caribe. Esta ferramenta valiosa reforça o
da Inglaterra para a promoção da indústria
trabalho que as duas instituições têm realizado
cinematográfica.
na Ibero-América para a compreensão da
dinâmica econômica e jurídica das indústrias
protegidas pelo direito autoral.
Edição ⁄
Pablo Rosselló
Shelagh Wright

Consultor para a edição em espanhol/


Nicolás Enrique Plazas

Design Gráfico
Diagramação para a edição em português ⁄
Orientações marca YCE, BB Saunders
Design, Erika Muller
Layout, .Puntoaparte Publishers

Tradução e edição em português/


Diana Marcela Rey
João Loureiro
.Puntoaparte Editores, www.puntoaparte.com.co

Fotografia ⁄
© Aldeguer, Jay: páginas 49, 57, 58
© Dib, Paula: página 28
© Established & Sons, página 23: London HQ,
Photo by Ed Reeve, Setembro de 2009
© Established & Sons, página 46: Londres, HQ,
fotografia K. Lathigra, setembro de 2008
© Glendinning, John: páginas 54-55 (foto Blow
SUMÁRIO
09 – PREFÁCIO
13 – 1 ⁄ O QUE É A ECONOMIA CRIATIVA?
21 – 2 ⁄ MAPEANDO AS INDÚSTRIAS CRIATIVAS
25 – 3 ⁄ POR QUE TÊM IMPORTÂNCIA AS INDÚSTRIAS CRIATIVAS?
29 – 4 ⁄ UM AMBIENTE DE POLÍTICAS PARA A ECONOMIA CRIATIVA. AS
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O CRESCIMENTO
35 – 5 ⁄ UM AMBIENTE DE POLÍTICAS PARA A ECONOMIA CRIATIVA. POLÍTICAS
PÚBLICAS QUE PODEM FAZER A DIFERENÇA
41 – 6 ⁄ UM AMBIENTE DE NEGÓCIOS PARA A ECONOMIA CRIATIVA. AS
INDÚSTRIAS CRIATIVAS SÃO REALMENTE DIFERENTES DOS OUTROS
SETORES DA ECONOMIA?
47 – 7 ⁄ UM AMBIENTE DE NEGÓCIOS PARA A ECONOMIA CRIATIVA. COMO O
MUNDO DIGITAL E AS INDÚSTRIAS CRIATIVAS DESENVOLVEM NOVOS
ESTILOS DE TRABALHAR?
51 – 8 ⁄ O QUE IMPULSIONA A ECONOMIA CRIATIVA E A QUAIS INTERESSES ELA
ATENDE?
BIBLIOGRAFIA
56 – APÊNDICE 1 ⁄ COMO O REINO UNIDO APOIA SUAS PRÓPRIAS INDÚSTRIAS
CRIATIVAS? EXISTEM LIÇÕES APLICÁVEIS EM OUTROS PAÍSES?
58 – APÊNDICE 2 ⁄ A UNIDADE DA ECONOMIA CRIATIVA DO BRITISH COUNCIL
60 – APÊNDICE 3 ⁄ OS EMPREENDEDORES CRIATIVOS
76 – APÊNDICE 4/ LEITURAS ADICIONAIS

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório


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PREFÁCIO
Em nosso complexo mundo do início Shelagh Wright
do século XXI enfrentamos desafios Assessora do Programa Economia
difíceis tais como a polarização e a Criativa e Cultural
desigualdade econômica. Por isso,
é essencial desenvolver estratégias British Council
adequadas para dar rédea solta O British Council assumiu o
ao potencial criativo em geral e compromisso de dar forma ao ambiente
responder assim aos desafios culturais, da economia da cultura através do
econômicos, sociais e tecnológicos que trabalho com parceiros em diversos
afrontamos. Neste contexto, o conceito países, valorizando a igualdade, a
da economia criativa tornou-se cada liberdade de expressão, a reciprocidade
vez mais importante no mundo como e a sustentabilidade.
a principal ligação entre a cultura, a
economia e a tecnologia.
Nosso mundo é inundado cada vez
mais por imagens, sons, símbolos e
ideias que geram novos empregos,
mais riqueza e uma nova cultura.
O Reino Unido tem sido líder no
desenvolvimento da economia criativa,
não apenas como motor da economia,
mas também como promotor da
inclusão social, do desenvolvimento
e da diversidade. Num momento em
que os criativos de todo o mundo
estão modificando a maneira como
produzimos e trocamos bens, serviços
e cultura, ninguém pode pedir o
monopólio do conhecimento.
Esta publicação (e a série da que faz
parte) é uma contribuição para nosso
conhecimento e experiência coletiva
com relação a este setor tão novo e
importante. Esperamos que sua leitura
seja útil e estimulante.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 9


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1 ⁄ O QUE É A ECONOMIA
CRIATIVA?
No mundo inteiro se fala que a ‘econo- cultural e industrial – design, produção,
mia criativa’ tem um lugar importante decoração e representação– come-
na crescente economia global. Mas çaram a ter vínculos com uma gama
há quinze anos, os termos ‘economia mais ampla de atividades produtivas
criativa’ e ‘indústrias criativas’ nem modernas –a publicidade, o design
sequer existiam. De onde surgiram? São de roupa, o desenho gráfico e a mídia
realmente tão novas que não existiam de imagens em movimento – e, mais
há quinze anos? importante ainda, quando começaram
A resposta é ‘sim’ e ‘não’. a ter maior abrangência pelo poder da
tecnologia digital.
As ‘indústrias culturais’ são tão anti-
gas quanto a humanidade A economia criativa mistura valores
Evidentemente, as mídias digitais e os econômicos e valores culturais
milhares de empresas criativas que vêm Esta ampla e complexa herança cultural
se tornando possíveis pelas tecnologias é o que diferença a economia criativa
digitais são novas. Também o são muitos de qualquer outro setor da economia.
dos bens e serviços próprios de um mer- De fato, a atividade cultural não esteve
cado global cada vez mais sofisticado. incluída como um componente da eco-
Mas o desejo de criar coisas nomia durante uma boa parte da história
que vão além da dimensão pragmá- humana. Abrangia aquelas atividades
tica (coisas que são bonitas ou que nas quais as pessoas pensavam quando
comunicam um valor cultural através deixavam de trabalhar, mas não faziam
da música, teatro, entretenimento e parte da sua vida laboral. Inclusive hoje,
artes visuais ou, ainda, que comuni- as indústrias criativas são expressões do
cam uma posição social através do valor cultural e econômico.
estilo e da moda) é tão antigo quanto Além do seu valor de troca, (que
a humanidade. Sempre existiram e é o estágio final para que os bens e
existirão pessoas com a imagina- serviços encontrem o seu nível de preço
ção e os talentos necessários para ótimo no mercado) e seu valor funcional
consegui-lo, assim como pessoas que (determinado pela maneira como se usam
pagarão por ele. Esta é a base da no dia a dia), a maioria dos produtos e
economia criativa. serviços das indústrias criativas têm um
‘valor expressivo’, um significado cultural
Elas são uma das raízes da ‘economia que pouco ou nada tem a ver com os
criativa’ de hoje custos da sua produção ou utilidades.
Mas a origem da economia criativa, Por exemplo, uma bolsa da alta moda, um
como se chama normalmente, se deu filme, uma marca bem-sucedida, um ícone
quando as antigas tradições do trabalho religioso ou um novo design conceitual.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 13


Este valor agregado pode ter pouca O Relatório da UNCTAD de 2008, Creative
importância a longo prazo - por exemplo, Economy Report, estimou que o comércio
um acessório ultrapassado de moda mundial de bens e serviços cresceu a
ou com um slogan bem-sucedido de uma taxa média anual de 8,7% entre
publicidades do ano passado - ou 2000 e 2005, e comentou que “esta
pode desenvolver uma expressão de tendência positiva ocorreu em todas as
grande relevância cultural, como um regiões e grupos de países.”
livro ou uma obra de arte. Este é um dos
elementos que fazem a difere Ahead: A ‘economia criativa’ é muito mais do
The economic performance of the que apenas as ‘indústrias criativas’
UK´s creative industries, o economista Na hora de medir a extensão da econo-
Will Hutton disse: “As ideias com valor mia criativa, os analistas reconheceram
expressivo (...) geram novos pontos de rapidamente que enquanto é relativa-
vista, prazeres, experiências; constroem mente fácil identificar o tamanho e o
conhecimentos, estimulam as emoções e valor de indústrias como a da moda ou
enriquecem nossas vidas.” publicidade, estes dados não conseguem
captar o impacto dos indivíduos ou gru-
Esta é uma das razões pelas quais pos que desempenham tarefas criativas
a economia criativa é tão difícil de em indústrias não criativas ou culturais.
definir e medir O relatório do Fundo Nacional para a Ci-
As indústrias criativas se recusam a ficar ência, Tecnologia e Artes do Reino Unido
caladas e medi-las como outros setores (NESTA) chamado: Beyond the creative
da economia. É por isso que os eco- industries: Mapping the creative economy
nomistas e estatísticos nunca pararão in the United Kingdom, confirmou existi-
de debater sobre sua definição e sobre rem mais pessoas criativas trabalhando
como estimar seu valor. Para tornar as fora das indústrias criativas do que
coisas ainda mais complicadas, muitos dentro delas.
participantes ativos e representativos O relatório denominou ‘criativos
do setor acreditam que não fazem parte infiltrados’ o grande número de pesso-
de nenhuma indústria. Eles estão mais as que trabalham em setores como a
predispostos a se definirem como cria- indústria de manufatura convencional,
dores, empreendedores, artistas ou até bens imóveis, como empreendedores,
mesmo ativistas sociais do que como no comércio atacadista e na intermedia-
trabalhadores industriais. ção financeira. Ao olhar, portanto, para
Eles podem optar por não definir a força de trabalho criativa mais do que
suas atividades em termos econômicos, para as indústrias criativas, o relatório
mas as indústrias criativas também concluiu que existem três grandes tipos
abrangem algumas das maiores empre- diferentes de emprego no setor: “artis-
sas do mundo tais como empresas de tas, profissionais ou criativos que tra-
software e conglomerados da mídia. balham em indústrias criativas, pessoal
Juntas, essas grandes e pequenas de apoio naquelas indústrias (gerentes,
indústrias estão se tornando em uma administrativos, secretárias, contadores,
parte cada vez mais significativa da etc.) e os criativos embutidos em ‘outras
economia global. indústrias”. O relatório destacou o fato de

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que além da sua definição, as indústrias e comercial, a regulação da propriedade
criativas têm uma grande importância e intelectual deve procurar equilibrar
concluiu que seria um erro enorme des- os direitos particulares do criativo e o
conhecer que elas são apenas a ponta do direito público dos cidadãos ao acesso
iceberg da abrangente economia criativa. à informação e à cultura. Considerando
as mudanças radicais que a Internet
Por mais difíceis que seja medi-las, há tem gerado no acesso e distribuição de
um consenso sobre uma caracterís- conteúdo, novas estratégias têm sido
tica básica das indústrias criativas: a exploradas e avaliadas para administrar
propriedade intelectual a propriedade intelectual de modo que
A lei de propriedade intelectual é o que seus criativos e donos tenham
agente catalisador que converte a mais opções, permitindo-lhes ceder
atividade criativa em indústria criativa: seus direitos ou, se assim desejarem,
proteger o direito de propriedade dos simplesmente exigir que os usuários
donos sobre as suas ideias, da mesma reconheçam a sua autoria.
maneira que outras leis garantem o Mas, como diz Dame Lynne
direito à posse de bens ou imóveis, Brindley, Diretora da Biblioteca Britânica:
fornece aos inventores de produtos “mesmo se alguém decide doar seus
e novos processos os meios para direitos, isto deve responder a uma
se beneficiar da sua criatividade e estratégia de propriedade intelectual”.
planejar um marco conceitual no qual as Sem o controle estrito da propriedade
empresas e criativos possam trabalhar intelectual, a economia criativa deixaria
com segurança. Qualquer definição da rapidamente de funcionar.
economia criativa inclui o conceito de
propriedade intelectual. O governo Independentemente de como sejam
do Reino Unido a definiu no ano 1998 medidas ou definidas, a economia
como “aquelas atividades que têm sua criativa e as indústrias criativas são
origem na criatividade, na habilidade e cada vez mais importantes.
no talento individual, e que potencia- Na medida em que as economias mun-
lizam a criação de emprego e riqueza diais se tornam cada vez mais compe-
através da geração e exploração da titivas e produtivas, as chaves do seu
propriedade intelectual”. sucesso econômico passam a ser a sua
genialidade e as habilidades individuais.
Considerando que boa parte da produção Hoje, a grande diferença entre produtos
das indústrias criativas tem valor cultural e serviços de sucesso e aqueles que

1.1 UNCTAD
A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento se auto-
descreve como promotora da “integração amigável de países em desenvolvi-
mento na economia mundial”. Além de integrar a economia criativa a objetivos
mais amplos de desenvolvimento, a UNCTAD atua como fórum de discussão
intergovernamental, tem tarefas de pesquisas e análises, e presta assistência
técnica para o desenvolvimento a governos no mundo inteiro.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 15


não têm êxito, é um bom design, tanto nos tecnologias, superam os investimentos
processos como dos produtos - e uma boa em ativos materiais, como prédios e
gestão de marketing. máquinas, sendo que a diferença entre
O uso geral de técnicas e os dois é cada vez maior. A mesma
tecnologias de manufatura significa tendência é evidente em todas as
que os processos produtivos trabalham economias industriais avançadas. Em
exclusivamente em função dos custos da seu livro The Creative Economy o autor
mão de obra (fábricas e indústrias inteiras John Howkins escreve que “as pessoas
podem ser transferidas a locais onde a possuidoras de ideias são mais podero-
mão de obra seja mais barata ou mais sas do que as pessoas que trabalham
abundante). É por isso que a faísca que com as máquinas e, em muitos casos,
leva ao sucesso econômico tem que mais poderosas do que pessoas que
surgir antes da cadeia de valor, no ato são as donas das máquinas”.
criativo de imaginar e projetar o produto
ou serviço. Neste estagio, o custo da mão Elas impulsionam a inovação.
de obra não é tão importante quanto a A criatividade é um processo desruptivo
qualidade do pensamento criativo. Em que questiona os limites e os pressu-
outras palavras, conseguir resultados postos estabelecidos. Nos leva a pensar
positivos num processo de manufatura além dos limites. O que define a inovação
em grande escala é relativamente fácil, e é o link entre o livre fluxo das ideias
por isso não muito valioso. Mas obter bons criativas com as realidades práticas da
resultados num processo criativo é relati- vida econômica, isto é, a capacidade de
vamente difícil e, portanto, muito valioso. avançar de uma forma sistemática e um
Durante a maior parte da história método de fazer as coisas para outro. A
da humanidade o ingrediente funda- criatividade impulsiona a inovação e a
mental das economias foi o suor, ou inovação impulsiona mudanças.
seja, o trabalho humano. Na era in- Uma das características mais
dustrial do último século e meio foi o distintivas das indústrias criativas é que
dinheiro, ou seja, o capital. Agora, na nelas a criatividade tem um papel mais
era da informação do século XXI é o preponderante do que em outras áreas
talento, a imaginação, a habilidade e o da economia. A inovação constante de
conhecimento, ou seja, a criatividade. produtos, processos e métodos é a regra
No Reino Unido e nos Estados e não a exceção. De fato, no mundo in-
Unidos, a inversão em bens ‘intangí- teiro existe um interesse crescente para
veis’, entre eles os recursos humanos, ver até que ponto este marco conceitual
as bases de dados, os processos e a da inovação pode se aplicar a outros

1.2 NESTA
O Fundo Nacional para a Ciência, Tecnologia e as Artes (NESTA, em inglês) é
uma organização britânica independente que recebe o apoio de um fundo
estatal de investimento, o qual adianta e publica pesquisas e que investe em
firmas em fases incipientes de desenvolvimento. Sua missão é “explorar novas
maneiras de resolver alguns dos problemas sociais e econômicos com os quais
o país tem de lidar”.

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setores da economia, o que tornaria as padrão de vida. Quanto mais pessoas
indústrias criativas em catalizadoras de sejam capazes de elevar suas ambições
mudanças mais amplas e essenciais. económicas para além das necessidades
básicas de alimentação e moradia, tanto
Tem impacto nas nossas vidas como mais desejarão consumir bens criativos.
consumidores e cidadãos, Na atualidade, quando mais da metade
Enquanto os processos de manufatura da população mundial vive nas cidades e
têm se tornado cada vez mais depen- com acesso quase universal aos sistemas
dentes da tecnologia e cada vez menos de comunicação eletrônica, as indústrias
dependentes do trabalho físico humano, criativas estão configurando nossas
o comportamento do emprego tem experiências culturais coletivas.
mudado consideravelmente. Uma Além disso, muitas pessoas não
proporção crescente da população apenas consomem estes bens, mas tam-
vem migrando da mão de obra para bém os fazem. Sua criatividade fornece
empregos de serviços e gerência. Na meios de expressão individual e uma
medida em que as economias crescem oportunidade de compartilhar e trabalhar
e as sociedades se urbanizam, mais e conjuntamente com amigos, dissolvendo
mais pessoas se tornam consumidores grande parte da divisão tradicional exis-
na economia formal dominante. Edna tente com outros setores da econo-
dos Santos, chefe do Programa de mia, aquela que divide profissionais dos
Economia Criativa da UNCTAD, escreveu amadores, e que faz a união da economia
recentemente que “todos os indivíduos informal às estruturas da atividade eco-
do mundo, onde quer que estejam, con- nômica e comercial. Ainda que tal divisão
somem produtos criativos diariamente entre profissionais e amadores sempre fará
nos âmbitos da educação, do trabalho, parte da atividade cultural, cada vez mais
do lazer e do entretenimento. Acordamos pessoas, principalmente os jovens, deseja-
de manhã e nos vestimos, ouvimos rão seguir carreira em indústrias criativas.
música, lemos jornais, assistimos TV e Um estudo recente no Reino Unido reve-
ouvimos a rádio, consumimos serviços lou que 30% dos jovens querem fazer uma
digitais, vamos ao cinema e ao teatro”. universidade no setor criativo, embora só
As indústrias criativas influênciam cada 11% consiga de fato fazê-lo.
aspecto de nossas vidas.
Constituem uma parte vital da indús-
E sobre a nossa qualidade de vida. tria B2B (business to business, empre-
Em geral, as indústrias criativas enrique- sa a empresa) na economia.
cem a vida das pessoas na medida em Enquanto muitas das indústrias criativas
que definem as características distintivas são voltadas diretamente para o consu-
de diferentes sociedades, bem como midor, tais como a indústria do cinema,
oferecem os meios através dos quais da música e dos jogos, elas também
as culturas e as comunidades se comu- desempenham um papel cada vez mais
nicam entre eles; geram prazer, cor e importante para promover a inovação
interpretação, tornam a vida mais fácil e o crescimento em outros segmentos
e, de uma maneira muito ampla, são da economia. O design, a publicidade, a
uma expressão da elevação de nosso arquitetura e grande parte da indústria

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 17


de software satisfazem necessidades de além de contribuir consideravelmente
empresas mais do que de consumidores para o bem-estar dos pacientes.
individuais. O Conselho de Design do Até mesmo a agricultura, uma das
Reino Unido estima que a cada £100 li- atividades mais antigas da humanidade,
bras investidas em design, uma empresa exige novos percursos criativos: enquan-
pode esperar aumentos de £225 libras to a genética gera novas oportunidades
em entradas e de £83 libras em lucros. e riscos, a mudança climática e as pre-
Outros estudos ao redor do mundo ssões produtivas exigem novos para-
já demonstraram uma relação entre digmas. O mundo está mudando
empresas voltadas ao design intensivo e em direção a uma economia que
aquelas que se tornam mais inovadoras depende mais da criatividade e do
e mais rentáveis. Outra pesquisa britânica conhecimento do que de qualquer
mostrou que num período de dez anos outra matéria prima, incluindo o petróleo.
entre 1994 e 2004, sessenta firmas
de design superaram o rendimento Elas têm impacto inclusive no futuro
FTSE100 (a lista das cem empresas do planeta.
com maior cotação do Reino Unido, De fato, ao mesmo tempo em que os
segundo a bolsa de valores) em mais hidrocarbonetos e outros recursos vão
de 200%. Por esta razão, os investi- se esgotando, o valor da criatividade
gadores estão explorando com maior continua crescendo. Não será apenas
rofundidade a relação entre as indús- um elemento desejável da atividade
trias criativas e a economia em geral. econômica: será o fator crucial da
Um estudo da NESTA constatou que as nossa capacidade de nos adaptarmos
empresas que gastam o dobro da média e sobreviver como espécie.
em insumos criativos, não apenas em Chris Smith, primeiro ministro
design, são 25% mais inovadoras em da Cultura do Reino Unido, disse que
relação ao produto. “as indústrias criativas não abatem os
recursos mundiais de carbono”. Num
Elas estão se tornando essenciais momento em que o esgotamento dos
para a infraestrutura das sociedades. recursos naturais e a poluição do meio
A necessidade de aplicar a inteligên- ambiente estão se tornando cada vez
cia criativa e imaginação para cada mais preocupantes, as indústrias cria-
parte da economia moderna, que inclui tivas têm a vantagem de criar valor a
desde processos básicos de manufa- partir do nada, ao contrario de outros
tura até a oferta de serviços públicos setores da economia, como Charles
de base como saúde e educação, tem Leadbeater deixou implícito no seu
exigido uma aplicação cada vez mais livro Living on Thin Air, publicado em
sofisticada de conhecimentos. Por 2000.
exemplo, a aplicação de tecnologias Naturalmente, é importante
eletrônicas nas escolas tem um efei- reconhecer que as indústrias criativas
to positivo nos padrões acadêmicos. têm impacto nos recursos naturais e
Assim mesmo, um bom design tem um no ambiente. É verdade que um design
impacto visível nos níveis de custos e excessivo e moda geram níveis desne-
nos resultados clínicos dos hospitais, cessários e desperdícios de consumo,

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pois muitas das indústrias digitais con- Alguns governos têm procurado
somem altos níveis de energia. proteger e promover aspectos particu-
Porém, as indústrias criativas lares da sua cultura nacional, não por
geram empregos e valor com um motivos de impacto econômico direto,
impacto sobre a natureza menor do mas porque constituem meios para
que as outras atividades econômicas. projetar uma imagem clara e positiva
O planeta não pode aguentar oito ou de si mesmos no plano internacional,
nove bilhões de pessoas vivendo o no que se denomina como a projeção
estilo de vida “dependente do petró- do ‘poder suave’.
leo” dos Estados Unidos ou da Europa. O governo da Austrália, por
A única maneira de haver uma eco- exemplo, tomou a dianteira com a
nomia crescente, sustentável e capaz redação do documento Creative
de oferecer melhor qualidade de vida Nation, publicado em 1994. Nele afirmava
para a maioria da população mundial que “uma política cultural também
está em cultivar a economia criativa é uma política econômica” e que “o
e, especialmente, em utilizar o poder nível de nossa criatividade determina
da criatividade em todas as fases da substancialmente nossa capacidade
vida econômica. Um verbete recente de adaptação aos novos imperativos
na Wikipédia sintetizou este ponto econômicos”.
com bastante clareza: “Ao contrario da Mas foi preciso esperar até a elei-
maioria dos recursos que se esgotam ção de um novo governo no Reino Unido
quando são usados, a informação e em 1997 para que se apresentasse a
o conhecimento podem ser compar- primeira iniciativa governamental com-
tilhados e inclusive crescer ao serem prometida com a definição e o registro
aplicados”. sistemático das indústrias criativas, sua
natureza e seu valor.
Então, é hora de levá-las a sério!
Desde o começo do século XX, os
governantes começaram a perceber
estas mudanças. Em 1918, o presidente
dos Estados Unidos, Woodrow Wilson,
promoveu a nascente indústria cinema-
tográfica considerando que “o comércio
vai atrás dos filmes”, uma afirmação
clássica do fato de que as indústrias
criativas têm um significado que vai
muito além do seu impacto econômico
imediato. Todos os governos sucessivos
têm defendido os interesses e os mer-
cados das indústrias norte-americanas
da música e do software, e têm tenta-
do protegê-las através da legislação
internacional do comercio e das leis de
propriedade intelectual.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 19


2 ⁄ MAPEANDO AS INDÚSTRIAS
CRIATIVAS
Reino Unido (RU) - 1998 - O primeiro O que foi incluído no mapa?
mapa das indústrias criativas A definição de indústrias criativas usada
O mapeamento das indústrias criativas para o estudo de mapeamento (“aque-
britânicas trouxe grandes surpresas. las atividades que têm origem na criati-
Mesmo usando uma definição bastante vidade, habilidade e talento individual e
restrita, este grupo de indústrias que que potencializam a geração de riqueza
nunca havia despertado o interesse do e empregos através da geração e
governo, representou 8% da atividade exploração da propriedade intelectual”)
econômica total e empregou entre o 7% provocou grandes debates. Um punha-
e 8% da população ativa. Constatou-se do de críticos reclamou, por exemplo,
que a indústria dos videogames, por que a definição era tão ampla que po-
exemplo, empregava vinte e cinco mil deria incluir a maior parte da indústria
pessoas, quase todas elas com for- farmacêutica e todos os departamentos
mação no ensino superior, e que seus de pesquisa e desenvolvimento das
produtos geravam mais de quinhentos empresas de engenharia.
milhões de libras por ano em exporta- Mas o recém-criado Departamento
ções anuais, tornando o Reino Unido de Cultura, Mídia e Esporte (DCMS em
um dos líderes mundiais no entreteni- inglês), departamento do Estado que
mento interativo. havia encomendado o estudo, se man-
Quando o levantamento foi repe- teve firme e proclamou treze setores
tido em 2001, os pesquisadores não só da atividade britânica cultural e econô-
descobriram que as indústrias criativas mica que não só se adaptavam a esta
cresciam mais rápido do que os outros definição, mas também representavam
segmentos da economia, mas que tam- as duas maiores vertentes da economia
bém geraram novos postos de trabalho criativa: as novas indústrias baseadas
duas vezes mais rapidamente. Anos na criatividade e empreendimento, e
depois, em 2003, o jornal The Finan- as tradicionais indústrias culturais que
cial Times registrou que as indústrias eram a origem das criativas.
criativas haviam contribuído mais para
a economia britânica do que todos os Os treze setores identificados foram:
serviços financeiros da City of London ™ Artesanato
(nome com o qual se conhece o distrito ™ Arquitetura
financeiro de Londres, que geografica- ™ Artes Cênicas
mente coincide com a área da cidade ™ Artes e antiguidades
fundada pelos romanos com o nome de ™ Cinema
´Londinium´), que até então era consi- ™ Design
derada o motor mais importante do seu ™ Editorial
sistema econômico. ™ Moda

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 21


™ Musica as indústrias merecem atenção especial
™ Publicidade pela sua importância e singularidade.
™ Software
™ Software interativo de lazer (vídeo Para obter mais informação sobre o mapeamento
das indústrias criativas, consulte o segundo
games) volumem da série Economia Criativa e Cultural
™ Televisão e rádio do British Council. o guia prático para fazer o
mapeamento das indústrias criativas.
Muitos governos adotaram e
adaptaram a definição do Reino Unido
Por ser a primeira definição oferecida
por um governo ela foi amplamente
adotada por outros. Alguns acres-
centaram indústrias importantes nas
suas economias (como o esporte,
brinquedos, jogos de salão e jogos de
azar) ou excluíram outras (arte e an-
tiguidades, museus, festivais e feiras)
menos relevantes na opinião deles.
Alguns comentaristas querem separar
as indústrias culturais tradicionais (ou
seja, aquelas de segmentos com uma
relação mais direta com as artes como
a música, o teatro, o cinema e outras)
das indústrias criativas de base mais
ampla, pois estas incluem atividades
como o desenvolvimento de software
e a publicidade, cuja conexão com
as definições tradicionais de arte e
cultura é difusa.
O Creative Economy Report
adiantado pela UNCTAD de 2008
sugeriu uma definição mais inclusiva;
“A interface entre criatividade, cultura,
economia e tecnologia, expressa
na capacidade de criar e fazer circular
capital intelectual com o potencial de
gerar renda, empregos e exportações,
junto com a promoção da inclusão
social, a diversidade cultural e o de-
senvolvimento humano. Isto é o que
a economia criativa emergente está
conseguindo fazer”.
Além das definições, o que os
governantes devem se perguntar é se

22
3 ⁄ POR QUE AS INDÚSTRIAS
CRIATIVAS SÃO IMPORTANTES?
Faz uma década, quando o governo As indústrias criativas vêm criando
britânico realizava o primeiro precedentes importantes, em contraste
mapeamento das indústrias criativas, com outros setores menos ágeis e
a idéia era marcar o papel importante dinâmicos da economia: interpretam
que tinham na economia. Desde então, e fazem uma aplicação criativa do
o desenvolvimento das tecnologias conhecimento de forma inovadora,
digitais, o crescimento da economia adotam tecnologias e novos modelos
global e de marcas globais, a rápida de negócio e de cooperação com
aceleração das oportunidades de facilidade, pensam em função de
ensino superior no mundo inteiro, planos internacionais e utilizam a
a crescente pressão sobre os tecnologia para se aproximarem de
recursos em diminuição da Terra e seus clientes.
o reconhecimento emergente da Ao mesmo tempo, possuem uma
realidade de mudanças climáticas têm proporção excepcionalmente elevada
conspirado para alterar a natureza dos de pessoas com ensino superior
acordos comerciais. Neste contexto, completo. Um estudo britânico oficial
as indústrias criativas deixaram de ser de 2005 revelou que 49% da força de
um fator menor e novo na economia trabalho das indústrias criativas possui
mundial para se tornarem uma chave formação em ensino superior, em
da economia do conhecimento e um comparação com 16% do total da força
fator atraente para quase todos os de trabalho do país. Inclusive, outros
governos do mundo. setores revelaram uma concentração
ainda maior de professionais, por
exemplo, a mídia, onde 69% dos
empregados possui título profissional.
A indústria da música tipifica
algumas dessas tensões entre modelos
de negócios tradicionais e inovadores. Os
enormes conglomerados de distribuição
que controlam a indústria da música
internacional ao longo de décadas -
Warner, EMI, Universal - estão lutando
para se adaptar à dinâmica do mundo
digital e aos hábitos de rápida evolução
de seus clientes que continuamente
se transformam. Elas se sentem num
momento de crise. Mas, quando medido
em termos de interesse popular,

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 25


consumo popular e performances ao modelo para a maneira em que outros
vivo, a indústria da música raramente, ou segmentos da economia precisam
nunca, esteve melhor. necessitam mudar com o objetivo
Portanto, dizer que a indústria de para conseguirem sobreviver e
fonográfica tradicional está em crise prosperar na era digital. Assim como as
é diferente de dizer que a música está grandes fábricas dos séculos XIX e XX
em crise. A verdade, sem dúvida, é que configuraram economias, seus sistemas
o velho modelo que baseou a indústria de ensino e sociedades inteiras, as
mundial de música gravada durante os indústrias criativas podem apontar
últimos cinquenta anos está caindo. a natureza da economia mundial no
A mesma história se repete em futuro próximo. Um artigo publicado
inúmeros outros setores da economia pela Diretoria-Geral da Comissão
criativa. De acordo com Charles Europeia para as Empresas e Indústria
Leadbeater em seu ensaio Cloud em fevereiro de 2010 afirmou que “as
Culture, “esta mesma tensão entre indústrias criativas não são apenas
um sem-fim de possibilidades e uma um fator econômico importante em
ansiedade afeta a quase todas as si mesmo, mas também abastecem
demais áreas de produção cultural”. a economia com conhecimentos e
O significado real das indústrias dinamismo”.
criativas repousa não apenas no seu
valor econômico, ou mesmo no seu
impacto social e cultural mais amplo,
mas no fato delas fornecerem um

26
3.1 A ECONOMIA DO CONHECIMENTO
O termo ‘economia do conhecimento’ é muito mais amplo do que o termo economia
criativa. Foi utilizado pela primeira vez pelo austríaco teórico de administração
Peter Drucker e é, também, objeto de debate. A Wikipedia a define como “o uso
das tecnologias do conhecimento para produzir benefícios econômicos, bem
como a criação de emprego”. Às vezes é utilizado como sinônimo de “sociedade
da informação” que, obviamente, tem um alvo ainda maior. Segundo a Wikipedia
trata-se de “uma sociedade na qual a criação, difusão, utilização, integração e
manipulação de informações são atividades significativas desde o ponto de vista
político e cultural”. Em 1997, a União Europeia propus o objetivo de se tornar
uma ‘sociedade da informação’ até 2010 e rebatizou uma das Diretorias-Gerais da
Comissão Europeia como DG Sociedade de Informação.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 27


28
4 ⁄ UM AMBIENTE DE POLÍTICAS
PARA A ECONOMIA CRIATIVA.
AS CONDIÇÕES BÁSICAS PARA
O CRESCIMENTO
Gestão da propriedade intelectual direitos é essencial. A OCDE avalia que
No centro da economia criativa os produtos falsificados são responsá-
é necessário existir um sistema veis por cerca de 5% a 7% da totali-
efetivo de controle da propriedade dade do comércio global, enquanto a
intelectual. Ainda que muitos países indústria audiovisual britânica estima
hajam criado leis de direito autoral que as mercadorias piratas e os des-
e de patentes há já muito tempo, o carregamentos eletrônicos ilegais que
crescimento do comércio mundial ocorrem dentro da Internet causaram
torna urgente a criação de acordos um prejuízo de £460 milhões de libras
e parâmetros comuns na aplicação em 2006.
de códigos e normas. A Organização Sem dúvida, a necessidade de
Mundial da Propriedade Intelectual encontrar novas maneiras de abordar
(OMPI) é a agência das Nações estes assuntos na era da comunicação
Unidas que trabalha em parceria com instantânea é amplamente reconhe-
órgãos nacionais e internacionais cida. Em seu livro Creative Ecologies
para estabelecer normas tais parâmetros – where thinking is a proper job, John
comuns. Howkins escreve: “As leis da PI que
Boa parte do debate público foram concebidas para a economia de
recente sobre a propriedade intelectual produção mecânica são inadequadas
(PI) tem estado dominado por tentativas para uma ecologia criativa (...) mesmo
de evitar a pirataria de música, texto, (que elas) possam ser um meio pode-
imagens, design e do valor das marcas. roso de acesso ao conhecimento e
Algumas pessoas argumentam que aprendizagem, com uma frequência
essa “guerra contra a pirataria” é excessiva, o oposto é a realidade”.
simplesmente uma última tentativa Nos anos oitenta, o movimento
das indústrias obsoletas que lutam pela circulação livre e aberta de
para defender os seus interesses num Software (FOSS em inglês) elaborou
mundo em mudança, e cujos modelos uma licença que permite que qualquer
de proteção do direito autoral não são pessoa possa adaptar os programas da
possíveis na internet. forma que quiser desde que permitam
Mas um sistema eficaz que que se possa fazer o mesmo com
permita aos criativos se beneficiarem suas adaptações. Este movimento de
do seu trabalho e que os donos de fonte aberta já gerou outros conceitos
direitos legais possam defender seus inovadores, incluindo o Creative

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 29


Commons, que permite que criativos devem ter o direito de se beneficiar
e proprietários de direitos possam dos frutos do seu trabalho.
dar a sua opinião sobre o uso do Mas os cidadãos também
material que criaram (por exemplo, devem ter o direito de aproveitar da
se esse uso é pago, gratuito ou se cultura e da informação e poderem
simplesmente é necessário reconhecer compartilhá-las com os outros. A liber-
o criador). A implementação de uma dade de informação e o acesso aos
mistura de direitos livres com direitos meios eficazes de expressão fazem
reconhecidos, pagos ou rentáveis, não parte de qualquer sociedade aberta
é impossível, mas deve fazer parte de e democrática. É por esta razão que
um sistema coerente e universalmente a World Wide Web, com base nestes
aceito. A propriedade intelectual é a princípios, tornou-se um símbolo
peça fundamental da economia criativa, poderoso da sociedade global e o ele-
como a definição original do Reino mento decisivo para o crescimento da
Unido reconheceu. economia criativa. Ao mesmo tempo,
essa abertura gera inúmeras questões
O livre fluxo de informações para os governos, seja quando perse-
Enquanto a lei de PI está sobretudo guem objetivos legítimos, como a
preocupada com a defesa dos direitos supressão da criminalidade e garantir o
dos donos e criadores, ela faz parte de cumprimento da lei (incluindo a de PI),
um debate mais amplo sobre os direitos ou quando tentam silenciar o debate e
individuais e sociais. As pessoas criativas discordância para seus próprios fins.

30
4.1 OMPI 4.2 FORMAS DIFERENTES DA
PROPRIEDADE INTELECTUAL
É a Organização Mundial da
Propriedade Intelectual (OMPI). Existem várias formas de propriedade
Sua atuação não lida tanto com a intelectual:
proteção dos direitos individuais da
PI, mas mais com o fluxo de bens e Os direitos autorais protegem a
serviços entre as nações. posse de um indivíduo sobre a sua
criatividade quando foi expressa
Os membros da OMPI estão compro- através de uma peça escrita, sonora
metidos com o desmantelamento das ou audiovisual. Eles oferecem
barreiras comerciais, mas se reservam proteção durante a vida do autor e
o direito de retê-las em cenários pro- durante alguns anos depois, período
tecionistas. Mesmo os mais radicais que varia segundo o país. No Reino
defensores do livre comércio, como Unido os direitos autorais são
os Estados Unidos e a União Europeia, mantidos até 70 anos após a morte
querem proteger áreas da economia, do autor.
como a agricultura, da concorrência
estrangeira. As patentes dão aos inventores
de produtos ou processos direitos
Todos os países possuem elementos exclusivos para a sua utilização
em sua economia nacional que e exploração por um período de
querem proteger, e a cultura é, quase tempo especificado. Ao contrário dos
sempre, um deles. A OMPI não deve direitos autorais, que são automáticos,
ser confundida com a Organização qualquer pedido de patente tem que
Mundial do Comércio, que regula as provar que seu produto ou processo
relações comerciais entre os países e é realmente inovador e único.
tem o poder de estabelecer regras As marcas registradas protegem
e impor sanções. o uso de um nome, símbolo ou
logotipo que indica uma determinada
organização ou produto. Elas são
projetadas para acabar com as
atuações de falsificadores e impedir
que vigaristas vendam bens ou
serviços em nome de um terceiro.

O design por vezes se pensa


como uma quarta área da Lei de
PI e abrange o uso de formas ou
desenhos originais distintivos de
firmas e indivíduos. Como marcas
registradas, os desenhos podem ser
registrados para dar a seus donos
alguma proteção legal.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 31


Além dos governos, empresas privadas conteúdos gerados pelos usuários; a co-
como o Google e o Yahoo têm suas criação junto com o consumidor, grupos
próprias razões comerciais para contro- de fãs de jogos e um sincero compromis-
lar o acesso à informação. De acordo so entre consumidores, grupos de torce-
com Charles Leadbeater em seu ensaio dores e profissionais que vão além dos
Cloud Culture, há “novos monopolistas e fins econômicos”. Ou seja: a infraestrutura
governos famintos que tentam reassu- de banda larga financiada por dinheiro
mir o controle sobre a rede mundial”. As público conseguiu muito mais do que
apostas são muito altas. Além das impor- apoiar criativos a iniciar novas empresas,
tantes consequências culturais, políticas e também gerou uma demanda suficiente
e econômicas, quem encontrar a maneira para seus produtos e teve um impacto
de controlar a “rede indisciplinada” terá social importante, pois abriu novas opor-
influência sobre os padrões de crescimen- tunidades para os cidadãos.
to da economia criativa e sobre os pontos Tim Berners-Lee, inventor da
mais rentáveis da sua cadeia de valor. World Wide Web, fez uma observação
semelhante, em janeiro de 2010, num
A Infraestrutura Digital artigo de jornal sobre a ambição do
A infraestrutura digital, com sua capaci- governo britânico de rever novos
dade de banda larga de alta velocidade protocolos que permitiriam a transferência
e abrangência universal, constitui, mais fácil de dados de um sistema para
provavelmente, o motor mais eficaz das outro. Ele escreveu, “não compete a
indústrias criativas modernas, ao mesmo nós [ou seja, ao governo] dizer onde os
tempo em que fornece benefícios dados poderiam ser úteis. Nossa tarefa
sociais e culturais mais abrangentes. consiste em desencadeá-los para que
Na esteira da crise de crédito os programadores independentes e as
global de 2008 e 2009, Stuart Cunnin- empresas gerem serviços inovadores”.
gham, diretor do Centro Australiano de
Pesquisa para a Excelência nas Indústrias Finanças
Criativas e a Inovação, comentou: “não Ben Verwayeen, antigo gerente da British
devemos esquecer que as vantagens e Telecom fez o notório comentário:
as habilidades digitais do povo da Co- “Tudo que é necessário para fazer parte
reia nos setores do lar e da economia da ordem económica mundial é um
criativa surgiram da enorme quantidade cachorro, uma cadeira e um computador.
de desempregados que perderam suas O cão para te ajudar a despertar, a
posições de trabalho pela crise asiática no cadeira para sentar-te e o computador
final dos anos noventa, cenário que gerou para se conectar com mundo”.
empresas baseadas na disponibilidade e Uma das características que faz a
na capacidade da banda larga.” Em outras diferença entre muitas empresas criativas
palavras, o autor afirma que a firmeza do é que necessitam relativamente de pou-
governo da Coreia do Sul para investir co capital para começar. Muitos empre-
em banda larga gerou uma infraestrutura endedores autofinanciam os seus primeiros
que permitiu a empreendedores criativos projetos. Em certo sentido, a criatividade é
florescer. Mas, além das novas empresas, o seu capital, mas se forem bem sucedidos
a Coréia do Sul viveu “uma explosão de com seu primeiro empreendimento e

32
procurarem crescer, eles necessitarão acham os fundos para permanecer no
financiamento e é neste momento que negócio.
podem surgir dificuldades. Pode ser que Isto não foi sempre o caso. A
possuam poucos ativos com os quais indústria de Hollywood na sua infân-
possam garantir um empréstimo e é cia se esforçou muito para captar
possível que não desejem comprometer fundos até A.P. Giannini surgir com o
a sua visão criativa convidando financia- Bank of America. Em seu livro A guerra
dores a comprarem parte do negócio. não declarada, Lord Puttnam afirma:
A busca pelo financiamento é e sempre “a abrangência da afinidade entre os
foi um problema para muitas empresas Gianninis e os pioneiros da colônia
criativas, tanto para as grandes como cinematográfica foi extraordinária (...) tal
para as pequenas. como o pessoal do cinema, os Giannini
Por exemplo, a indústria cinema- eram forasteiros, imigrantes (...) odiados,
tográfica já foi denominada o negócio desconfiados e incompreendidos pelo
no qual “ninguém tem certeza de nada”, mundo financeiro”. Os fundos das indús-
porque mesmo com exibições preliminares trias criativas dependem muitas vezes
de teste para um público selecionado, de um grupo relativamente pequeno de
ninguém sabe realmente se o filme investidores, impulsionados por paixões
será bem sucedido ou não até que seja e afinidades particulares.
apresentado para o público que paga a Aquele elemento de risco, de
entrada. Uma grande estrela, um grande “custos não recuperáveis” que devem
orçamento e uma grande campanha ser incorridos antes de um único cen-
de marketing não garantem o sucesso. tavo de rentabilidade, é comum a mui-
Mesmo os estúdios de Hollywood, com tas indústrias criativas. São poucas as
décadas de experiência no cálculo do instituições financeiras com a experiên-
risco esperam ter lucro com apenas um cia e as relações para os investimentos
filme de cada quatro que apresentam. com confiança em empresas verda-
Mas, exatamente porque eles possuem deiramente criativas, razão pela qual a
a experiência de muitos anos, sabem coleta e análise sistemática de dados
que os fracassos comerciais são uma são tão importantes para o futuro em
parte necessária do negocio. Portanto, longo prazo da economia criativa.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 33


34
O bairro de Brick Lane em Londres. Um dos centros de mídia e desenvolvimento de software mais importantes do Reino Unido.
5 ⁄ UM AMBIENTE DE POLÍTICAS
PARA A ECONOMIA CRIATIVA.
POLÍTICAS PÚBLICAS QUE
PODEM FAZER A DIFERENÇA
O governo como cliente As Cidades e os Clusters
Todos os governos investem dinheiro Uma das características fortes e
em imóveis, serviços públicos como consistentes das indústrias criativas é
saúde e educação, em infraestrutura que muitas delas estão ligadas a uma
pública, publicidade, comunicações, especificidade geográfica. Ao contrá-
software e design. Provavelmente, não rio de uma fábrica de automóveis ou
há maneira mais eficaz para a maioria de produção de roupas que podem
dos governos modernos conseguirem sempre mudar de um país para outro
gerar a economia criativa do que usar onde a mão de obra tem custo mais
esse poder de aquisições públicas no baixo e os regimes fiscais são favorá-
mercado aberto. A definição de pa- veis, as indústrias criativas não podem
drões mínimos, de critérios mais rigoro- ser levadas mecanicamente de um local
sos e de longo prazo para estabelecer para outro.
uma melhor relação custo - beneficio, As evidências provenientes de
de licitações públicas e concursos de cidades ao redor do mundo apon-
desenho são ferramentas desenvolvi- tam para o fato de que um ambiente
das pelos governos de todo o mundo cultural rico e variado - não apenas em
para fazer que os fornecedores de termos das artes formais, mas também
bens e serviços para o Estado elevem da existência de cafés, bares, clubes,
seus padrões e respondam de forma espaços públicos não construídos, e
criativa. Além de produzir melhores uma diversidade de estabelecimentos de
resultados para os cidadãos, uma ensino – são tão importantes para gerar
abordagem mais criativa a respeito das um ambiente fértil para as empresas
aquisições públicas pode economizar criativas quanto o transporte público e
dinheiro e estimular novos empregos um espaço de trabalho acessível. Quan-
e novas habilidades. Na medida em to mais diversa for a cultura de uma
que a realidade da mudança climática comunidade, mais atraente será para
e os custos crescentes da energia as pessoas criativas, o que, por sua vez,
comecem a ter impacto cada vez maior atrai outras pessoas criativas.
na opinião pública, as necessidades A diversidade é geralmente
de uma abordagem mais criativa irão reconhecida como um elemento chave
crescer para os padrões estéticos e de sucesso nestas situações, não ape-
ambientais das compras públicas. Em nas a diversidade da comunidade, da
consequência o impacto na economia cultura e do estilo de vida, mas também
criativa poderia ser muito significativo. a coexistência de diferentes tipos de

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 35


conhecimentos e criatividade num só empresas que trabalham em áreas afins,
espaço, ou seja, tanto acadêmicos e fenômenos que geram os chamados
técnicos quanto sociais e culturais. No clusters autossustentáveis.
seu relatório para o governo do Reino O fenômeno da regeneração dos
Unido Staying Ahead, o economista bairros marginais de áreas economica-
Will Hutton diz que está na hora de mente deprimidas a partir de estratégias
construir uma comunidade criativa bem culturais tem sido muito utilizado no
sucedida, a “diversidade é mais impor- mundo inteiro nas ultimas duas ou três
tante do que a habilidade”. décadas. Assim mesmo, muitas destas
O sucesso gera sucesso. Peque- estratégias bem sucedidas de planeja-
nas empresas criativas convidam outras mento urbano têm ocorrido a partir do
fomento das empresas criativas e dos
5.1 DIVERSIDADE CULTURAL clusters empresariais na ordem local.
Muitas vezes é no nível regional, da
A UNESCO identifica a diversidade
cidade e do bairro, mais do que no nível
cultural como a “força motriz do
de política nacional, que os governos
desenvolvimento, não só em relação
podem fazer o impacto mais imediato e
ao crescimento econômico, mas
útil no crescimento da economia.
também como meio de levar uma
Um estudo da estratégia do
vida moral, emocional, intelectual
governo britânico sobre as indústrias
e espiritual mais fecunda (...) – a
criativas, chamado Creative Britain
diversidade- é, portanto, um ativo
– New Talents for the New Economy,
indispensável para a redução
ratifica esta ideia, pois propõe “uma
da pobreza e a realização do
visão da Grã-Bretanha daqui a dez anos,
desenvolvimento sustentável”.
onde as economias locais das nossas

O porto e cais de Liverpool, recentemente habilitados para sediar museus, shows e atrações culturais.

36
5.2 CLUSTERS
‘Sohonet’
O bairro Soho, em Londres, tem sido o local preferido por várias pequenas
empresas que trabalham nos empreendimentos cinematográficos e na mídia.
Durante a década de noventa, um grupo de pequenas empresas de efeitos
especiais se uniu para pressionar a BT, a principal empresa de telecomunicações
do Reino Unido, a instalar uma rede de banda larga no centro de Londres para
que todos conseguissem trabalhar coletivamente em projetos que fossem
impossíveis de fazer individualmente. Esta foi a origem da rede Sohonet, que
permitiu desde então que aquelas empresas pequenas constituíssem um
consórcio capaz de competir pelos grandes contratos na área das imagens
geradas por computador (IGC) para aos estúdios de Hollywood. Pouco tempo
depois, fundou-se a CFC Framestore, um dos maiores e grandes projetos de IGC
do mundo, que atualmente emprega centenas de pessoas talentosas, também
sediada no Soho.

Fábrica 798
No início dos anos 90, uma fábrica de produtos eletrônicos para o exército
de 500.000 metros quadrados e localizada no distrito Daishanzi de Beijing foi
fechada e começou a ser alugada por artistas e designers. Depois da primeira
Bienal de Pequim em 2003, seguido pelo Festival Internacional Daishanzi de
Artes em 2004, o sucesso destes eventos convenceu as autoridades da cidade
de Beijing a formalizarem o que estava acontecendo e rebatizaram o espaço
com o nome de Distrito de Artes Daishanzi.

The Pervasice Media Studio


Em Bristol, sudoeste da Inglaterra, existe uma colaboração entre um centro
de artes local com financiamento da cidade, o departamento de pesquisa
de uma universidade local, a Hewlett Packard (grande firma transnacional de
tecnologia que tem um centro de pesquisa em Bristol) e a agencia estatal para
o desenvolvimento regional. The Pervasive Media Studio aluga espaços a curto
prazo para artistas e times para práticas criativas com inovação tecnológica.
Oferece espaço para pesquisas e para o desenvolvimento de projetos, assim
como para seminários e eventos públicos. Esta entidade tem interesse em
desenvolver ideias mais do que negócios; mesmo assim, seus fundadores
acreditam ter um impacto dinâmico e positivo no número crescente de
empresas criativas do ramo da mídia digital na área de Bristol.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 37


maiores cidades são impulsionadas pela de da força de trabalho para pen-
criatividade”. sar de forma criativa e flexível, não
apenas para o segmento criativo, mas
Educação e habilidades para a economia em geral. Desde esta
Onde quer que achemos certo núme- perspectiva, as instituições de ensino
ro de atividade econômica criativa, o superior não estão mais fora da econo-
mais provável é que exista uma univer- mia, elas são parte integrante da mesma.
sidade que tenha ajudado a plantar O desafio para elas é a construção de
a semente e que continua a nutrir as novas redes e a criação de vínculos
empresas criativas locais e os merca- mais próximos com a indústria sem
dos locais de trabalho especializado comprometer a sua independência
do qual elas dependem. Um exemplo intelectual e acadêmica.
disto ocorre na Escócia, onde a pe- Além da presença forte e com-
quena cidade de Dundee cultivou uma prometida da universidade, o sucesso
indústria de videojogos de ponta em da economia criativa local depende
termos mundiais que está intimamente muito de uma boa escolaridade no
associada com a universidade local de ensino fundamental e médio, além do
Abertay. As duas se tornaram interde- estímulo fornecido por museus, gale-
pendentes e sustentáveis, uma história rias de artes, espaços de concertos e
que se repete em outras cidades ao outras instituições culturais. Creative
redor do mundo. Partnership, um programa importante
Uma verdadeira economia do nas escolas inglesas tem demostrado
conhecimento depende da capacida- os benefícios que podem motivar aos

38
5.3 CREATIVE PARTNERSHIPS estudantes para trabalhar com os
empreendedores criativos.
O programa de Parcerias Criativas
na Inglaterra, que coloca artistas e A Arte e a Cultura
profissionais criativos nas escolas em A atividade artística subsidiada pelo
áreas de privação social ou econômica, Estado seja na educação, nos teatros
ilustra como podem se tornar eficazes subsidiados, orquestras, emissoras de
os entrelaçamentos entre a educação serviço público ou em outros cená-
e o empreendedorismo criativo. Um rios, fornece investimentos em áreas
relatório sobre as Parcerias Criativas de inovação, habilidades, espaços de
2007, realizado pela inspetoria de pesquisas e espaços físicos, que não
escolas oficiais da Inglaterra em seriam viáveis no mercado comercial.
2007 descobriu que “os alunos Além dos óbvios benefícios culturais e
foram particularmente inspirados sociais que fluem a partir do apoio pú-
por oportunidades de trabalhar blico para as artes, tal atividade ajuda
diretamente nas indústrias criativas a estimular e aumentar a qualidade e a
(...). Visitas regulares às indústrias quantidade da procura pública para os
criativas mudaram profundamente bens e serviços criativos. Para os auto-
a natureza e o propósito da res de Staying Ahead: The economic
aprendizagem (...). Os alunos de todas performance of the UL´s creative
as habilidades aprenderam como industries, a demanda inteligente é
aplicar habilidades desenvolvidas fundamental na hora de transformar
na escola ou aprenderam novas a economia criativa. Eles afirmam: “A
habilidades necessárias para fazer demanda deve ser exigente” (demand
uma contribuição (...). Em todos os needs ro be demanding).
casos, a relevância do programa Pessoas criativas e talentosas
colegial tornou-se evidente e, podem trabalhar nos dois setores sub-
para alguns, fundamentalmente sidiados e comerciais das artes, assim
alterou as suas aspirações (...). Suas como o cidadão comum pode aprovei-
habilidades – alfabetização, aritmética, tar os resultados sem se perguntar se
trabalho em equipe e manipulação o evento ou uma exposição é ou não
de tecnologias da informação e da resultado de subsídio governamental. Os
comunicação - foram consistentemente dois setores se apoiam mutuamente.
melhoradas; assim como seu espírito O comentarista cultural John Holden
empreendedor, a confiança em si afirma: “O setor cultural subsidiado
mesmos e sua capacidade para dirigir pelo Estado está atravessado por redes
as mudanças, o que com certeza que se entrelaçam com as indústrias
irá contribuir para o ‘bem-estar criativas”.
econômico no futuro’ dos alunos”.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 39


40
6 ⁄ UM AMBIENTE DE NEGÓCIOS
PARA QUE A ECONOMIA
CRIATIVA. AS INDÚSTRIAS
CRIATIVAS SÃO REALMENTE
DIFERENTES DE OUTROS
SETORES DA ECONOMIA?
O perfil das indústrias criativas do Reino Unido também está presente
Embora exista grande ênfase na em grande parte da economia criativa
criatividade individual, seria incorreto global, um fenômeno observado pela
presumir que todo o dinamismo do UNCTAD no seu Creative Economy Re-
setor criativo é originado pelas micro- port 2008: 80% das vendas de música
empresas ou exclusivamente de alguns na Europa, ainda estão em mãos de
comerciantes específicos. Das 140 mil quatro empresas, enquanto um punha-
empresas criativas no Reino Unido, do de empresas domina a distribuição
apenas duzentas já representam 50% global no mercado multimilionário de
do volume total. Costuma-se argumen- videogames interativos.
tar que as indústrias criativas lembram Embora essa disparidade de
uma ampulheta, com um grande tamanho possa ser problemática para
número de pequenas empresas numa as pequenas empresas que querem
extremidade, um pequeno número de definir as condições justas da nego-
grandes empresas em outras e algu- ciação com parceiros maiores e com
mas empresas de médio porte entre mais poder, também pode lhes forne-
elas. As grandes empresas se concen- cer mais oportunidades de acesso ao
tram especialmente numa parte muito mercado e para desenvolver estraté-
específica da cadeia produtiva – a gias de crescimento. O relatório da XI
distribuição -, enquanto que as médias Conferência da UNCTAD em São Paulo,
e pequenas dominam escalões supe- em 2004, observou que “as cadeias de
riores da cadeia, o da criação. valor complexas são uma oportunidade
Um relatório da London Business para os países em desenvolvimento de
School mostrou que os “distribuidores se integrarem às redes internacionais
de conteúdo (estúdios, gravadoras, edi- de produção.” No Silicon Valley (Cali-
toras) são maiores e mais poderosos fórnia), a presença de gigantes como
do que os criativos de conteúdo”. Por Google estimulou o crescimento de
esta razão, os concessionários captu- outras empresas que têm a capacida-
ram a maior parte do valor agregado de de adquirir e explorar PI em níveis
dos conteúdos criativos. Essa realidade inferiores da cadeia de produção. Por

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 41


6.1 CANAL 4

Um caso de sucesso, embora isolado, da intervenção pública em políticas


públicas britânicas sobre a questão da assimetria de escala é o Channel 4. Este
programador do Reino Unido se estabeleceu em 1982 por um ato do Parlamento
com o único objetivo de proporcionar uma plataforma estatal para os pequenos
produtores independentes de televisão, os quais se queixavam de que outros
desenvolvedores estavam sendo marginalizados em favor dos seus equipamentos
internos de produção. O sucesso do novo canal para revitalizar a televisão
britânica levou a uma segunda parte da legislação, que exigia que todos os
programadores, incluindo a BBC, encomendassem um mínimo de 25% dos seus
produtos a fornecedores independentes. Graças a estas duas iniciativas, o setor
da produção independente de televisão no Reino Unido é o mais bem sucedido
do mundo, tanto a nível comercial quanto criativo, com exportações anuais de
quase mil milhões de libras. Algumas das pequenas empresas independentes se
tornaram grandes empresas internacionais da mídia.

esta razão, o Silicon Valley tem sido um entender o quanto ela contribuía para
ambiente particularmente fértil dentro a sua própria marca. Isso acabou sendo
do qual as pequenas empresas criati- uma decisão de negócios inteligente
vas podem crescer significativamente. em longo prazo tanto para a Gucci
No Reino Unido, onde existem como para Stella McCartney.
poucas indústrias criativas realmente O desequilíbrio entre produtor e
grandes, o padrão predominante é o vendedor afeta aqueles países que con-
de pequenas empresas que surgem tam com setores criativos dinâmicos,
e desaparecem sem atingir um nível mas não possuem grandes negócios de
médio, perpetuando assim o chamado distribuição. Se a maior parte da receita
fenômeno “ampulheta”. Ainda que este vem das mãos de um distribuidor que
ciclo de vida curto e brutal dos ne- tem sua sede num país diferente do da
gócios criativos tenha a vantagem de unidade criativa ou produtiva, existem
trazer ar fresco e contínuo de criativi- menos incentivos para investir no
dade, ele impede que o setor cresça desenvolvimento e o crescimento de
de forma sistemática e sustentável. talento na sua localização de origem.
Uma pequena empresa britânica Em seu Creative Economy Report, de
que fugiu deste breve ciclo de vida 2008, a UNCTAD alertou que os seus
foi o estúdio de design de moda de assuntos de propriedade intelectual de-
Stella McCartney. Em 2005, quando vem abordar esta assimetria e “garantir
começou, teve um prejuízo de um que os interesses dos artistas e criativos
milhão de libras. No entanto, conseguiu em países em desenvolvimento sejam
sobreviver graças à sua parceria com a devidamente considerados”.
grife italiana Gucci, uma entidade que Tais assimetrias de escala
conseguiu enxergar além dos proble- adquirem significado especial quando
mas de curto prazo do seu provedor e atingem as questões da identidade

42
6.2 PYME merciais. Como o seu talento e paixão
giram em torno da criação e não sobre
Na Europa, o termo “pequenas e médias as vendas, se seus projetos são bem
empresas” (PME) é frequentemente sucedidos comercialmente podem
utilizado quando se fala sobre políticas considerar que isto os afasta do seu
públicas. Refere-se a firmas que trabalho criativo e os conduz à gestão
empregam entre dez e quinhentas empresarial, um campo no qual não pos-
pessoas e que tem faturamento inferior a suem muitas habilidades ou interesses.
£ 25.000.000 libras por ano. Na prática, Esta é uma razão pela qual as pequenas
as PME são amplamente utilizadas para empresas criativas são definidas como
descrever as empresas na faixa inferior “empresas estilo de vida”, ou seja, como
das pequenas e médias empresas, uma expressão da personalidade e dos
mesmo que o termo formal que se teria interesses do seu proprietário, ao invés
de usar para descrever uma empresa de serem concebidas como empresas
com menos de dez trabalhadores seria o cujo objetivo principal é a geração de
de ‘microempresa’. crescimento e de lucro.
Em 2006, um estudo NESTA des-
cultural. Muitos empresários criati- cobriu que um terço das pequenas e
vos estão vendo a World Wide Web médias empresas do setor criativo não
como um caminho direto para os possuía sistemas formais de planeja-
consumidores, permitindo evitar mento de negócios e que um terço das
negociações com grandes empresas empresas criativas que cobravam mais
distribuidoras que podem ter pouco de um milhão de libras não possuía ob-
interesse em questões de integridade jetivos financeiros claros. Outro estudo
e identidade cultural. Embora seja claro descobriu que 90% das pequenas e
que a Internet está transformando a médias empresas neste setor, menos
maneira como o mundo faz negócios, da metade dos gerentes do nível su-
ao mesmo tempo ela traz a discussão perior, tinham formação em estratégia
de diversas questões fundamentais de negócios. Mesmo que não existam
para os produtores independentes, levantamentos detalhados em outros
especialmente as relacionadas com a países, as evidencias sugerem que o
visibilidade. De modo geral, ainda não fenômeno é recorrente.
está claro como esse novo paradigma Essa falta de competências de
de negócios funciona e como irá se gestão significa que os empreendedo-
desenvolver. Como se consegue ganhar res criativos não são capazes de fazer
dinheiro no mundo da Internet é uma apresentações persuasivas para encon-
pergunta que questiona a todos os mer- trar investidores. Um relatório de 2003
cados mundiais e que certamente vai elaborado pelo Tesouro do Reino Unido
continuar a fazê-lo por muitos anos. chamou atenção para o fato de que
muitas pequenas empresas criativas não
Novas maneiras de trabalhar possuíam “as capacidades necessárias
Para muitos empresários criativos, a para promover um plano de negócios
qualidade e autenticidade são tão ou até leva-lo a uma fase em que consigam
mais importantes que as variáveis co- obter investidores externos”.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 43


No entanto, não podemos esquecer união temporal criada para produzir um
a natureza particular das capacidades só filme. Na verdade, no contexto das
necessárias no setor criativo. indústrias criativas, os projetos individu-
Quando existem, os programas ais tendem a serem menos importantes
de apoio às empresas são liderados do que as pessoas que fazem a equipe
por instituições governamentais ou e o ambiente em que trabalham, pois o
educacionais que privilegiam uma vi- ecossistema global é mais importante
são convencional do mercado de massa do que o empresarial. Esta é uma das
que tem diferenças substanciais com as razões pelas quais os clusters são tão
redes de mercados individuais e os nichos importantes para o crescimento susten-
que caracterizam a economia criativa. tado da economia criativa.
Além disso, o ciclo de vida de Patrick McKenna, fundador e
muitas empresas neste setor difere diretor geral de uma das empresas
daqueles mais tradicionais. Um estudo mais bem sucedidas da mídia mundial,
de avaliação no Reino Unido, que tomou Ingenious Media, argumenta que “é
os dados entre os anos 1995 e 2005, preciso encontrar novas formas de ar-
constatou que 48% do crescimento do ticular o talento criativo com o talento
setor criativo tinham origem em novos para criar empresas criativas do futu-
projetos com um ano de trabalho, mas ro”. Ainda que essas alianças venham a
também que um terço de todos esses ser geradas pelo mercado, as políticas
novos empreendimentos, não sobre- governamentais podem promover um
viveram ao terceiro ano de vida. Tal melhor entendimento entre as pessoas
descoberta foi importante porque uma com talento criativo e aqueles com
parte fundamental do apoio do governo talento gerencial, uma vez que poucos
para as empresas do Reino Unido foi e indivíduos possuem ambos.
está ligada a novos empreendimentos. O relatório de NESTA do ano
O estudo de acompanhamento reve- 2006, chamado Creating Growth: How
lou que os programas governamentais the UK can develop world-class creative
devem se concentrar em ajudar as businesses, identificou “três questões
empresas novas a transcender seu fundamentais” para o setor:
estágio de nascimento e a se tornarem
sustentáveis através da implementação - “a falta de escala da maioria das
de estratégias de investimento mais empresas,
sólidas e de implementação de planos - as dificuldades para ter acesso aos
de negócios a médio prazo. mercados,
Outro fato importante quando se - a falta de inovação na hora de
considera o curto ciclo de vida dessas abordar e explorar as mudanças
empresas é que muitos empresários estruturais destas indústrias”.
criativos as estabelecem sem a intenção Em relação ao terceiro destes
de transformá-las em projetos de longo assuntos, a falta de inovação, o relatório
prazo. Por exemplo, os produtores de apontou a necessidade das empresas
cinema organizam o que se conhece criativas de “penetrarem novos
como Plataformas de Objetivos Espe- mercados e encontrar novos clientes,
cíficos (SPV, em Inglês), que são uma explorando as capacidades e os

44
recursos desenvolvidos nos mercados empírica e responder às pressões e
existentes.” Além disso, sugere “o exigências em constante mudança. Os
uso das tecnologias digitais para governos e as escolas empresariais
transcender os modelos tradicionais em todo o mundo precisam aprender
de distribuição e passar de produzir a muito para entender qual é a melhor
propriedade intelectual para tê-la”. maneira de tornar o apoio realidade.
Todas essas evidências sugerem Enquanto isso, os empresários criativos
que, para ser eficaz, a assessoria e o continuam acreditando nos seus
apoio às empresas criativas devem ser colegas, os quais oferecem o conselho
adaptados, baseados na experiência mais valioso e prático.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 45


46
7 ⁄ UM AMBIENTE DE NEGÓCIOS
PARA A ECONOMIA CRIATIVA.
COMO O MUNDO DIGITAL E
DAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS
DESENVOLVEM NOVOS ESTILOS
DE TRABALHAR
Novas formas de apoio para os necessidade de que os empreende-
negócios. dores criativos possam se encontrar
Uma das características mais acen- e trocar dicas e informações para
tuadas das indústrias criativas é que estar em dia sobre a produção de
seus indivíduos e empresas colaboram ideais. Para ele, “não é apenas agir
tanto quanto fazem competência. Alex rapidamente, mas agir no momento
Graham, o diretor da Wall to Wall, um correto”. Muito tarde ou cedo demais
dos mais bem sucedidos produtores são causas diretas de morte na eco-
independentes de televisão, acredita nomia criativa.
que “a economia digital é mais alianças Muitas pequenas empresas
do que hierarquias”. criativas operam através da criação
Esse sentido de associação pode de uniões temporais com outras em-
ir além da empresa, para incluir outros presas, muitas vezes com empresas
que podem ser colaboradores ou con- de todo o mundo. A natureza do seu
correntes. A capacidade de se reunir trabalho e o acesso à banda larga, de
informalmente em escolas ou clubes, alta velocidade, significa que enquan-
ou formalmente, no contexto das redes to no antigo modelo econômico ape-
de profissionais, online ou offline, gera nas empresas de grande porte com
um clima no qual o intercâmbio social uma equipe de especialistas poderia
e o apoio mútuo entre os profissionais enfrentar alianças internacionais, no
se confundem. Quando as tecnologias, novo mundo da economia criativa até
as instituições criativas e o comporta- mesmo os empresários mais individu-
mento do consumidor evoluem num alistas podem construir alianças que
ritmo tão frenético, essas redes têm o abranjam dois ou mais continentes.
potencial de fornecer apoio e ensino de O fato que grande parte do trabalho
pares, o que pode ser tão valioso como possa se justificar na confiança e nas
a criação de novas oportunidades para relações interpessoais quer dizer que
receber formação e estágios. os projetos podem ser realizados rapi-
Nesse sentido, o economista damente e com pouca de formalidade
britânico Andy Pratt, enfatizou a e burocracia.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 47


Os clientes que fazem parte do negocio
A interconectividade on-line significa
que não só os empresários colegas,
mas também os consumidores e o
público em geral transmitem informa-
ções valiosas e oferecem feedback
para as empresas criativas. No seu
livro What Would Google Do? Jeff
Jarvis afirma que uma das orientações
filosóficas da empresa é “permitir que
os clientes trabalhem conjuntamente
na criação, distribuição, marketing e
suporte ao produto”.
Uma das mudanças mais revolu-
cionárias no mundo on-line ocorre no as quedas na audiência dos jornais de
relacionamento entre produtor e con- televisão que “a maioria das pessoas
sumidor, e tem sido gerada em grande acredita mais nos seus amigos do
parte pelas indústrias criativas. O para- que nos apresentadores de notícias”.
digma básico do mercado nos últimos Ele explicou que este é o resultado
cem anos tem sido o de estabelecer da interação on-line, onde as redes
uma situação na qual o público apren- sociais, blogs e o e-mail fornecem ao
de a acreditar na empresa da qual usuário feedback constante dos fatos
está comprando. No mundo on-line a do mundo de uma maneira mais “real”
situação é contrária: a firma que vende e familiar do que os oferecidos pelos
o produto ou serviço deve aprender comentadores profissionais.
a confiar no público para o qual está Este descrença sem preceden-
vendendo. Esta é a lição que Google tes na mídia, que em muitos países vai
tem aplicado com tanto sucesso. além do governo e das empresas, cria
Alguns dos exemplos mais inovadores uma “hierarquia de influência” no mun-
desta abordagem podem se encontrar do on-line que altera profundamente
no mundo dos jogos, onde empresas a dinâmica dos mercados. Assim, o
como a Runescape convidam seus “boca a boca” se torna o meio mais
clientes a avaliar os protótipos ainda confiável de publicidade, enquanto o
em desenvolvimento, embora possam chamado à sabedoria convencional ou
ter falhas ou desencorajem seus usuá- o apelo das massas (conhecidas como
rios. Isso permite à empresa refazer ou crowd sourcing) se tornam a melhor
aperfeiçoar seus produtos para aten- ferramenta para que as empresas
der às necessidades de seus clientes e aprendam através dos próprios erros,
garantir a sua lealdade. mudem e cresçam.
Durante um seminário sobre O crowd sourcing permite que o
marketing da União Europeia de cliente estabeleça um valor ao produto
Radiodifusão, de novembro de 2009, ou serviço e promove entre as firmas
Peter Cowley, diretor interativo do a idéia de ver os clientes como indiví-
centro de mídia Endemol, disse sobre duos em vez de enxergá-los como uma

48
massa indiferenciada. Isso faz sentido e desenvolvimento torna-se, então,
para os negócios em uma economia na interativo: um produto ou serviço
qual os produtos e serviços personali- jamais é realmente a versão final, ele
zados, em vez da produção em massa, pode sempre ser alterado, adaptado ou
são a regra. aperfeiçoado para atender às mudan-
ças da demanda. Uma frase de muitos
Nada tem mais sucesso do que o empreendedores criativos do mundo
fracasso digital é “falhar muitas vezes, mas a
Enquanto as empresas têm feito o baixo preço”, porque mesmo que a
possível para experimentar um produto taxa de insucesso seja alta, é preferível
antes de apresentá-lo ao mercado, no testar a resposta do consumidor antes
mundo digital o mercado se torna o do que aperfeiçoar novos produtos ou
teste de laboratório mais valioso. No experiências longe dele.
plano comercial, pode ser sábio fazer
um “lançamento limitado” e deixar
que os consumidores forneçam os
retoques finais. O processo de criação

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 49


50
8 ⁄ O QUE IMPULSIONA A
ECONOMIA CRIATIVA E A QUAIS
INTERESSES ELA ATENDE?
Durante a décima primeira Conferência, comunidades do mundo tenham acesso, a
realizada em São Paulo em junho de 2004, capacidade das sociedades e das eco-
a UNCTAD publicou um comunicado no nomias para liderar e poupar décadas de
qual afirmou que “a excelência da expres- desenvolvimento econômico tradicional
são artística, a abundância de talento e aumentará substancialmente.
abertura para novas influências e experiên- Graças à sua mistura única de
cias não são um privilégio dos países ricos. raízes comerciais e culturais, a economia
Tendo em conta as precauções necessá- criativa gera inúmeras contrariedades.
rias, essas fontes de criatividade podem Google e Wikipédia, dois dos maiores
identificar novas oportunidades para que expoentes no domínio da rede atual, são
os países em desenvolvimento aumentem prova disso. O Google gera ativos supe-
a sua quota no mercado global e se dirijam riores aos de outros países, concentra
a novas áreas de criação de riqueza”. um enorme poder e mantém uma grande
porcentagem do conhecimento humano.
Naturalmente, os governos têm um papel Mesmo assim, é uma empresa privada
importante no processo de cultivar a criati- que só presta contas para seus acionis-
vidade. Mas, por definição, a economia se tas. Por outro lado, a Wikipédia é uma
move de acordo com o ritmo criativo das rede composta quase inteiramente por
pessoas criativas e elas, por sua vez, se mo- voluntários, criada pelos seus usuários e
vem em acordo com o ritmo das culturas em constante evolução, graças à ajuda de
das quais pertencem. uma base muito pequena de funcionários.
Há exemplos de setores que estão As duas firmas são o produto de uma
crescendo rapidamente e são resultado de tecnologia que está mudando o mundo.
uma esquisita mistura de criatividade indivi- As duas são produtos e eventos da cultura
dual, patrimônio cultural e políticas públicas global. As duas são símbolos da economia
de sucesso, a saber: a vibrante indústria do criativa e trazem novas perguntas: Quem
jogo, animação e mídia digital da Coreia ou o que impulsiona a economia criativa?
do Sul, a indústria de software da Índia, que Quem vai se beneficiar na medida em que
se triplicou em apenas cinco anos, o esforço seu peso global aumente? Serão aqueles
que o Governo chinês tem feito para tornar que já são poderosos? É possível que novas
a etiqueta “Made in China” para “Designed formas de trabalho e de novos produtos e
in China”, as indústrias da música e televisão serviços gerem uma nova ordem cultural
brasileira, e as de publicidade e meios de e econômica, refletindo o poder da demo-
comunicação da Tailândia e Singapura. cratização da rede, em vez do paradigma
Na medida em que os custos de corporativo que tem dominado o mundo
tecnologia digital forem menores e todas as durante os últimos cinquenta anos?

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 51


8.1 NIGÉRIA correto é tornar as ideias complexas
mais accessíveis, sem banalização”.
Desde o seu nascimento na década
de 1970, a indústria cinematográfica 8.3 COOPERAÇÃO SUL-SUL
da Nigéria, também conhecida como
Nollywood, cresceu rapidamente Em 1978 estabeleceu-se uma
para se tornar a terceira do mundo, Unidade Especial de Cooperação
com mais de mil filmes em seus Sul-Sul dentro do Programa de
créditos, no valor de £ 2750 milhões Desenvolvimento das Nações Unidas
de libras. Pelo péssimo estado da para promover a cooperação Sul-
infraestrutura de salas de cinema, Sul e o trabalho com o grupo G-77
os produtores nigerianos tem se das nações em desenvolvimento.
dedicado à produção de filmes que, Desde 2005, esta unidade tem
posteriormente, são distribuídos para trabalhado com as nações do G-77
a venda ou empréstimo através de e a China para apresentar um Fórum
quase meio milhão de locadoras, de Economia Criativa, que tem se
que empregam dezenas de milhares realizado em vários países: a China, a
de pessoas. A indústria promove o Jamaica, a Ruanda e o Brasil.
projeto do governo Coração da África, 8.4 FRANÇA
que é definido como “um programa
de informação para a gestão e a
transformação da imagem da Nigéria.”
8.2 BRASIL
Os cinco canais da TV Globo tem
uma audiência de 180 milhões
de telespectadores na América
Latina, empregando dezoito mil
pessoas e exportando conteúdo
para cento e cinquenta países. Além
de proporcionar entretenimento,
a empresa quer gerar benefícios
para o público através, por exemplo, Um estudo da Universidade de
dos seus canais de esportes, cuja Paris tentou quantificar o valor
missão é enfatizar valores como a econômico dos principais museus da
educação, perseverança, disciplina cidade. Depois de identificar todos
e solidariedade junto à juventude os turistas que visitam três ou mais
brasileira. O diretor-geral disse que museus como “um turista de museu”,
a TV Globo “se tornou uma das mais o estudo estimou que no ano de
valiosas ferramentas para preservar 1999, entre 2,98 e 4,2 milhões deles
o patrimônio cultural da nação [...] haviam visitado a cidade e que a
não existem barreiras quando se sua contribuição representou entre
trata de explorar as fronteiras do € 2980 e € 4200 milhões de euros
conhecimento na televisão, então o para a economia de Paris.

52
Estima-se que a criação de emprego pessoas” e fazer isso a um preço
no setor de serviços custa €30.000 acessível. Através do seu trabalho
euros com números que representam com designers de móveis de
o equivalente a 43.000 trabalhadores nível internacional e empregando
em museus da cidade. sistemas de gestão mais criativa, a
IKEA se tornou uma marca global,
8.5 URUGUAI que emprega 104 000 pessoas. Os
Em 1968 foi fundada a Manos del últimos dados financeiros mostram
Uruguay, uma cooperativa sem fins vendas de € 12 800 milhões de euros
lucrativos que apoia os tecidos e um lucro de € 1400 milhões.
e produtos de artesãos rurais. 8.7 RUANDA
Atualmente, a empresa tem uma
rede de dezessete cooperativas que Num país com recursos financeiros
empregam trezentas e cinquenta limitados e terreno montanhoso que
trabalhadores qualificados, cujos aumenta os custos de construção de
produtos são vendidos em lojas de estradas e vias de acesso, o governo
moda nos Estados Unidos, na Europa convidou um consórcio coreano
e no Japão. A Manos del Uruguay para construir uma infraestrutura de
está também relacionada com cerca banda larga abrangente. O projeto foi
de duzentos empresários criativos considerado o mais eficaz na hora de
independentes, que produzem melhorar as condições de vida dos
artesanato com base em materiais indivíduos e a economia da nação.
locais e os distribuem através de A segunda fase do projeto pretende
uma rede de supermercados locais. proporcionar um laptop para cada
Assim, fornece viabilidade de projetos aluno, a fim de transformar a Ruanda
de empresários independentes e numa potência comercial e criativa da
revitaliza algumas das tradições África Central.
culturais do Uruguai.
8.6 SUÉCIA

Em 1943, Ingvar Kamprad fundou o


que se converteu na IKEA quando
ainda era adolescente. Ele queria
“melhorar a vida cotidiana de muitas

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 53


APÊNDICE 1 / QUAL É O APOIO DO REINO UNIDO
ÀS SUAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS? EXISTEM LIÇÕES
APLICÁVEIS A OUTROS PAÍSES?
O Reino Unido tem o maior setor criativo da União O que aconteceu com as indústrias criativas
Europeia. Em termos do seu Produto Nacional depois do mapeamento realizado em 1998?
Bruto, é o maior do mundo. Segundo a UNESCO,
ele é, em termos absolutos, o exportador mais O Departamento de Cultura, Mídia e Esporte
bem sucedido de bens e serviços culturais em (DCMS, em inglês), não só manteve a entidade
todo o mundo, acima dos Estados Unidos. encarregada das indústrias criativas, mas entre
os outros órgãos responsáveis pelos programas
Há muitas razões para este sucesso: e políticas públicas tem chamado a atenção em
assuntos tais como a inovação, a criatividade e
™ O fato de que o Inglês é a língua mais falada e a cultura.
compreendida em todo o mundo.
Desde a publicação dos mapeamentos de 1998 e
™ O Reino Unido tem uma longa tradição 2001, ocorreram duas fases na reflexão sobre as
de apoio às artes a nível nacional e regional, indústrias criativas neste departamento.
impulsionada também pela BBC e outras
emissoras públicas, que investem bilhões de Em 2007, um importante estudo econômico
libras todos os anos no teatro, na música e em foi encomendado, o qual foi chamado Staying
outros conteúdos criativos. Ahead:The economic performance of the UK’s
creative industries. Ainda hoje ele é considerado
™ O sistema educacional britânico, ao menos o exercício mais completo feito até agora sobre
parcialmente, valoriza a criatividade e a as características comuns a todas as indústrias
originalidade. criativas e aos desafios políticos que qualquer
governo tem que enfrentar ao incorporá-los, a
™ A diversidade cultural do Reino Unido, fim de compreender e planejar a gestão da sua
particularmente nas áreas urbanas. Não é por economia.
acaso que, sendo a cidade mais diversificada da
Europa, se não a mais diversificada do mundo, O relatório de 2007 levou, por sua vez, a um
Londres responde por perto de 40% da indústria estudo governamental em 2008, denominado
criativa britânica. Creative Britain – New Talents for the New
Economy. Publicado em conjunto com o DCMS,
O Reino Unido é ao mesmo tempo o país com o o Departamento de Empresas e Reforma
maior recorde de políticas governamentais para Regulatória e do Departamento de Inovação,
as indústrias criativas, e por isso vale a pena Universidades e Habilidades. Este estudo
examinar como esse apoio tem evoluído ao longo proporcionou uma análise mais ampla do
dos últimos quinze anos. papel do governo na promoção da economia
criativa. Metade das suas 26 recomendações
foi relacionada às habilidades individuais e o
desenvolvimento de clusters locais. O documento
mostrou que o governo já está incorporando
suas ideias sobre a economia criativa em outras
áreas da política, enfatizando a inovação e a
criatividade no contexto da economia em geral.

John Howkins, um líder de opinião sobre


questões de criatividade e indústrias criativas,
escreveu que “era hora de aplicar um foco mais
calmo e reflexivo, assim como enfatizar o papel
da criatividade na educação, na comunidade,
na formação, no desenvolvimento urbano e em
outros problemas sociais e econômicos”.

56
Outras políticas e decisões do governo ™ DGZaVi‹g^d<dlZgh'%%+
britânico tiveram impacto sobre as indústrias Este terceiro relatório oficial explorou novas
criativas formas de atualizar as leis de direitos autorais
para a fase digital. Entre suas recomendações
™ =VW^a^YVYZh figuram:
Entre as instituições estabelecidas para melhorar
as potências econômicas globais, o Governo - Combater a pirataria e delitos contra a
britânico criou duas instituições com ênfase nas propriedade intelectual
indústrias criativas: - Reduzir os custos e a complexidade do plano
jurídico para a proteção do direito autoral e a
- Creative and Cultural Skills, sobre publicidade, propriedade intelectual
design, artesanato, música e artes cênicas, artes - Reformar a Lei de Direitos Autorais para torná-la
visuais e literatura. mais coerente com a era digital.
- Skillset, que incide sobre as necessidades da
mídia.
As duas agências recebem dinheiro do governo e
da indústria.

™ :higVi‚\^VhGZ\^dcV^h
O crescimento de clusters criativos e o
desenvolvimento de políticas de sucesso para
a indústria criativa tem sido possível graças à
criação de nove agências de desenvolvimento
regional na Inglaterra, uma no País de Gales, uma
na Escócia e outra na Irlanda do Norte, e também
pelos fundos administrados pela União Europeia.
Algumas agências de cinema local reuniram fundos
públicos e privados para promover o talento e
o desenvolvimento de firmas em todos os setores
das indústrias audiovisuais: cinema, televisão,
videogames e outros produtos interativos.

™ 6kVa^Vd8dmYVXg^Vi^k^YVYZcdhcZ\‹X^dh
(2005)
Este relatório do governo chamou a atenção
sobre a importância das pequenas e médias
empresas que representam 50% do produto
nacional bruto no Reino Unido. Ele pediu que
o “enorme poder de compras governamentais”
fosse usado para “incentivar os fornecedores a
serem mais criativos.” Além disso, o documento
recomendou que as empresas de todos os
setores da economia criativa ligassem o seu
pessoal criativo aos conselhos diretivos e
ressaltou que a inovação está mais aos processos
e pessoal do que aos produtos.

™ GZaVi‹g^dAZ^X]'%%+
Este relatório do governo analisou as
necessidades da economia britânica sobre as
competências de longo prazo. Ele destacou
a necessidade de estabelecer uma parceria
tripartite entre governo, empregadores e
empregados. Acima de tudo, argumentou que
o sistema britânico de educação superior tem
que estar em sintonia com as necessidades da
economia e que era muito importante gestar
alianças mais estreitas entre as universidades e
as empresas.

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 57


APÊNDICE 2 / A UNIDADE DE ECONOMIA CRIATIVA
DO BRITISH COUNCIL

O British Council é a organização internacional do O Programa de Economia Criativa e Cultura


Reino Unido encarregada das relações culturais segue cinco diretrizes:
e das oportunidades educacionais. Presente em
cento e dez países, ele permite que pessoas 1. Políticas e mapas
em todo o mundo possam ter acesso a ideias
Uma implementação efetiva de políticas é
criativas e oportunidades de aprendizagem
essencial para o desenvolvimento de uma
no Reino Unido, ao mesmo tempo em que se
economia criativa competitiva e sustentável.
encarrega de estabelecer relações fortes entre
a Grã-Bretanha e outros países. A Unidade de
Esta estrutura, em torno da qual se desenvolve a
Economia Criativa foi fundada em 1999 sob a
economia criativa é determinada por uma série
égide do Departamento de Arte para trabalhar
de intervenções do governo que vão desde
com setores criativos do país e implementar
normas de propriedade intelectual até regimes
um programa de ação para compartilhar a
fiscais e políticas de educação, ao mesmo tempo
experiência do Reino Unido no desenvolvimento
em que proporciona um eixo no qual as relações
da economia criativa e o impacto deste
culturais se entrelaçam.
processo nas áreas da educação, inclusão social,
revitalização econômica e relações internacionais.
Este tipo de gestão responde à necessidade do
British Council para promover a discussão global
e compartilhar perspectivas e iniciativas políticas
adequadas em função de uma economia global,
o que é hoje um fenômeno local e mundial.

Abaixo, algumas das iniciativas empreendidas até


o momento:
™ Seminários sobre assuntos internacionais:
programa do seminário global focado em
políticas específicas (de propriedade intelectual,
educação, etc.), incluindo sessões de trabalho
em vários locais ao longo do ano.
™ Mapeamentos programa de conscientização
sobre a importância da pesquisa para melhor
entender as necessidades dos diferentes setores
criativos em políticas públicas. A iniciativa
também apoia projetos de mapeamento com
a participação de especialistas britânicos e
internacionais.

58
™ Ferramentas e recursos: o desenvolvimento e viajam ao exterior para conhecer as economias
a distribuição de recursos e informações sobre a emergentes, participam de uma viagem de estudo
economia criativa em todo o mundo. do seu setor e concorrem ao prêmio no Reino
Unido na frente do júri. Até agora, países como a
2. Competência e infraestruturas Argentina, a Polônia, a Índia, a Indonésia, a África do
Sul, a China, o México e a Turquia têm recebido a
As competências são essenciais para cultivar o
visita dos participantes.
crescimento da economia criativa e garantir a sua
sustentabilidade. O programa de atividades inclui:
4. Liderança e relações culturais
™ Formação na mídia: o desenvolvimento de
Como uma agência de relações culturais, o
habilidades e conhecimentos dos jornalistas
British Council tem como objetivo colocar a
para que possam oferecer mais e melhores
nova geração de líderes culturais em contato
informações sobre as indústrias criativas.
com figuras importantes de todo o mundo para
™ Infraestrutura: apoio para o desenvolvimento discutir e desenvolver estratégias comuns,
de organismos intermediários para fornecer com a finalidade de abordar questões culturais
informações específicas e dar apoio às do mundo. A intenção é recuperar o papel do
indústrias criativas. setor cultural na agenda global. O programa vai
integrar também membros de diversos setores
™ Business Skills: oferta de cursos de formação
fora da esfera das artes (como a ciência, educação,
para jovens empreendedores criativos que
esportes, etc.) para promover a colaboração
desejam desenvolver competências de gestão e
conjunta e multidisciplinar.
de seu setor em particular.
5. Plataforma de Informação
3. Empresários criativos e Redes
Desenvolvimento de uma plataforma para reunir
Os empreendedores criativos formam parte
e discutir questões relacionadas à economia
fundamental da economia criativa ao construir
criativa, alimentada com informações e a
pontes de comunicação entre artistas e
interação das atividades e das redes do British
consumidores, contribuindo para o progresso
Council.
econômico e cultural da sociedade. Esta divisão
do programa visa dar maior visibilidade, celebrar Para obter mais informações sobre estas
suas conquistas e reconhecer o impacto da mídia atividades, por favor, visite a pagina:
sobre o tema do desenvolvimento de políticas www.creativeconomy.org.uk
para o setor criativo. As iniciativas neste campo
de trabalho são:
™ Os clubes e as redes de Jovens
Empreendedores Criativos (YCE, em Inglês):
desenvolvimento de líderes culturais, clubes e
empresários criativos, identificados por prêmios
YCE, no local e regional. Os clubes são o cenário
para atividades como seminários, discussões com
os trabalhadores de políticas no setor, palestras
e eventos sociais abertos que permitem trocar
informações, discutir assuntos relevantes e
identificar oportunidades de negócio.
™ Prêmio ao Jovem empreendedor criativo
internacional (IYCE, em Inglês): programa de
premiação anual que permite que grupos de
jovens empreendedores criativos de economias
emergentes possam visitar o Reino Unido para
conhecer a indústria, participar de um evento
importante sobre o mercado e concorrer ao
prêmio. Mais de cinquenta países tem participado
do programa até agora.
™ Prêmio ao Jovem empreendedor criativo do
Reino Unido (UKYCE, em Inglês): programa de
premiação anual para jovens empreendedores
criativos britânicos. Os grupos que chegam ao final

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 59


APÊNDICE 3 / EMPRESÁRIOS CRIATIVOS

Os empreendedores criativos são uma peça-chave ções e colocando-os no centro dos debates da
da economia criativa pois impulsionam a economia criativa.
economia e o desenvolvimento cultural das Nas páginas a seguir apresentamos uma
comunidades construindo pontes entre artistas lista de vinte jovens empresários de todo o mundo
e consumidores. que participaram do YCE. Todos eles têm posições
de liderança ao nível local e regional dos seus
O Programa Jovens Empreendedores Criativos países: são pessoas que compreendem o mercado
do British Council (YCE, em inglês) procura intrinsicamente, assumem riscos, garantem o
identificar líderes jovens que trabalham nas investimento em uma circulação maior de bens
indústrias criativas de todo o mundo e enfatizar e serviços criativos e, assim, desenvolvem a infraes-
a importância que têm, realçando as suas realiza- trutura dos seus respectivos setores criativos.

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1 China, p 62 9 Gana, p 66 17 Eslovénia, p 70 25 Lêmen, p 72


2 Vietnã, p 62 10 Quênia, p 66 18 Polónia, p 70 26 EAU, p 72
3 Tailândia, p 62 11 África do Sul, p 66 19 Estónia, p 70 27 Paquistão, p 74
4 Indonésia, p 62 12 África do Sul, p 66 20 Rússia, p 70 28 Índia, p 74
5 México, p 64 13 Reino Unido, p 68 21 Malta, p 70 29 Sri Lanka, p 74
6 Colômbia, p 64 14 Reino Unido, p 68 22 Turquia, p 71
7 Brasil, p 64 15 Reino Unido, p 68 23 Egito, p 72
8 Argentina, p 64 16 Reino Unido, p 68 24 Líbano, p 72

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 61


1 ⁄ CHINA A empresa é líder na concepção do design infantil
Et Hu, fundadora, Beijing Blog Media no país e tem clientes regulares no Reino Unido,
y Good Film Center Alemanha, Índia, Grécia e Egito. Para desenvolver
novos produtos que vão além das restrições ao
No ano 2005, Et Hu e outros parceiros fundaram comércio tradicional, Ruttikorn e a sua equipe
a produtora Beijing Blog Media, uma das primeiras fundaram uma nova empresa, Le Knot, responsá-
empresas no país a trabalhar com diretores jovens. vel pela gestão de duas marcas de brinquedos
Eles queriam explorar e desenvolver o novo filme criativos adicionais: Toy Wizard, que projeta
da China em função das possibilidades que a nova parques temáticos com mobiliário flexível para
tecnologia digital fornece. O seu primeiro projeto, crianças, e Paper Wizard, que mistura criatividade,
Novo Cinema chinês: Projeto de Yunnan envolveu educação e ciência para criar brinquedos de
diretores da China continental, Hong Kong e Taipé papel inovador. Além de dirigir as duas empresas,
para produzir dez filmes sobre a província de Yunnan. Ruttikon também tem participado em programas
Em 2009, Et Hu fundou a Good Film Center, uma de caridade desenhando brinquedos especiais
agência de desenvolvimento de competências para crianças com deficiência em todo o mundo.
de cinema e redes para oferecer maior apoio aos Em 2005 ele participou do seminário Criatividade
jovens diretores do seu país. para as crianças da UNESCO, que ocorreu na
www.dianyinggongchang.com Arménia, onde projetou os brinquedos para a rea-
bilitação de crianças e adultos com deficiência.
www.cinecn.net
www.ruttikorn.com
Et Hu ficou entre os finalistas do Prêmio Jovem www.club-creatives.com
Empreendedor de Cinema Internacional (AIEE, em www.leknot.com
Inglês) em 2008.
Ruttikorn Vuttikorn ganhou o Prêmio ao Jovem
Empreendedor Internacional de Design (IYDE, em
2 ⁄ VIETNÃ Inglês) em 2007.
Ho Tran Da Thao, diretora criativa, Lifestyle
International Co.
4 ⁄ INDONÉSIA
Em 2004, Thao ganhou o Prêmio Moda patrocina- Wahyu Aditya, fundador, HelloMotion School of
do pela Mercedes-Benz na Ásia e, assim, uma bol- Animantion & Cinema
sa no Instituto Raffles LaSalle em Singapura. Isto
lhe permitiu estabelecer uma marca, Tsafari, que Wahyu é o fundador da escola de animação
mistura tecidos naturais com técnicas tradicionais HelloMotion, a faculdade que já formou mais
de tecelagem artesanal para produzir roupas de mil estudantes desde 2004. Tem objetivos
contemporâneas. Thao acredita que “apesar do claros: “Queremos participar no fortalecimento
potencial comercial das técnicas tradicionais da indústria audiovisual da Indonésia, através do
vietnamitas, os artesãos locais tendem a trabalhar desenvolvimento de competências e educação”.
isoladamente, produzindo desenhos antigos e os Wahyu também dirige o HelloFest, um festival
itens não são adequados para os consumido- de curtas-metragens e filmes de animação que
res internacionais”. Com a Tsafari, ela procura atinge dez mil jovens espectadores e profissionais
construir uma marca que articule designs moder- a cada ano. Este evento apresenta quatrocentos
nos com técnicas tradicionais para produzir uma filmes de animação e apresenta tendências de
linha comercial de confecções. animação internacionais para educar e inspirar as
audiências.
www.tsafari.com
www.hellomotion.com
Ho Tran Da Thao ganhou pelo Vietnam o Prêmio http://waditya.blogspot.com
ao Jovem Empreendedor Internacional da Moda
(IYFE, em Inglês) em 2009. Wahyu Aditya ganhou o Prêmio Internacional
ao Jovem Empreendedor Audiovisual (AIEE, em
Inglês) em 2008.
3 ⁄ TAILÂNDIA
Ruttikorn Vuttikorn, diretora do Clube de Criativos
e Le Knot
Após trabalhar na concepção e pesquisa de
brinquedos educativos, Ruttikorn fundou o Clube
Creative, uma empresa de design que produz
uma vasta gama de produtos para crianças, como
brinquedos, tecidos e mobiliário infantil.

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1

3
2

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 63


Gabriel Zapata ganhou o Prêmio ao Jovem
5 ⁄ MÉXICO Empreendedor das Artes Cênicas. (IYPAE, em
Carla Fernándes, diretor artístico e fundador, Inglês) em 2008.
Taller Flora
Carla é a fundadora do Taller Flora, uma marca de
moda e um laboratório itinerante que viaja pelo México 7 ⁄ BRASIL
visitando comunidades indígenas, especialmente Paula Dib, fundadora e sócia, Trans.Forma Design
cooperativas de mulheres que se especializam Trans.forma é uma consultoria de design que
em tecidos à mão. “Contrariamente ao conhecido desenvolve projetos de produtos em parceria com
estereótipo kitsch da moda mexicana, os velhos comunidades de artesãos em todo o Brasil. “Como
padrões refletem uma amostra constituída por designer socialmente consciente, meu trabalho
pregas, dobras e costuras que se juntam para sempre foi levado através do contato com as
formar roupas feitas exclusivamente a partir de comunidades e através de programas educativos
quadrados e retângulos”, explica Carla. para as comunidades que conhecem o ofício”, diz
Ela acredita que a única coisa que pode impedir Paula. Ao trabalhar com comunidades de artesãos
a extinção das técnicas tradicionais de têxteis e sugerir novas cores, materiais e formas, Paula
é um projeto radical contemporâneo. Graças a tenta obter o melhor de cada artesão, aumentando
uma base crescente de artesãos, o modelo de a sua autoestima e destacando a sua contribuição
negócio Taller Flora também é inovador, pois pro- para a cultura local. “Meu objetivo máximo é
move uma rede de comércio justo e uma série de colocar o Brasil local e em desenvolvimento em
políticas ambientais que promovem boas práticas contato com o Brasil rural através da concepção
no mundo da moda. Além disso, neste setor se e do desenvolvimento de produtos que gerem
articulam a indústria e o talento de uma maneira renda para as comunidades rurais e fortalecer as
que permite incorporar as práticas de produção suas culturas e identidades regionais.”
do México para dar a oportunidade de transcen- www.transformadesign.com.br
der seu papel de “criativo de ideias alheias” à luz
Paula Dib ganhou o prêmio ao Jovem
de um estilo inteiramente local e contemporâneo.
Empreendedor Internacional da Moda (IYFE, em
As coleções Taller Flora foram expostas em locais
Inglês) em 2006.
importantes de Londres, San Francisco, Japão,
Los Angeles, Colômbia e México.
www.flora2.com 8 ⁄ ARGENTINA
Manuel Rapoport, fundador e designer,
Carla Fernández venceu o Prêmio ao Jovem
Empreendedor Internacional da Moda (IYFE, em DESIGNO-Patagônia
Inglês) em 2008. Manuel iniciou sua empresa de consultoria de
design DESIGNO-Patagônia em 2001. A empresa
apoia a concepção, fabricação e comercializa-
6 ⁄ COLÔMBIA ção de produtos feitos na Patagônia. Seu trabalho
Gabriel Zapata, diretor geral da Acción Impro enfatiza a sustentabilidade social e ambiental,
Após trabalhar em uma loja de automóveis, Gabriel a capitalização e a promoção da identidade
Zapata deu uma dramática guinada na própria vida local na região, assim como a valorização de
e foi trabalhar em Acción Impro, uma companhia de materiais nativos. O estudo também trabalhou
teatro de improviso localizada em Medellín: “Percebi com as comunidades locais em relação aos
que o grupo tinha um enorme talento, mas pouca programas de design e desenvolvimento, e tem
noção sobre o que significava ser um negócio”, participado em vários projetos internacionais.
diz Zapata. “Na Colômbia, é impossível viver só do “DESIGNO-patagônia fortalece as maneiras
teatro, por isso foi preciso reinventar o modelo locais e diferentes de pensar e experimentar
de gestão e incluir apresentações para empresas objetos através do desenvolvimento de peças
privadas que necessitam divulgar seus valores mais humanas que são resultado de habilidades
corporativos aos funcionários através de pequenas artesanais locais promotoras do emprego na
obras e números teatrais.” região e que gestam relações mais amplas entre
o usuário e um objeto.”
Gabriel transformou Acción Impro numa empresa
próspera e sustentável, e participou nos festivais www.designopatagonia.com.ar
internacionais de improvisação mais importantes de Manuel Rapoport foi finalista do prêmio ao Jovem
língua espanhola (Equador, Argentina, Brasil, México, Empreendedor Internacional do Design (IYDE, em
Espanha e Colômbia). Inglês) em 2007.
www.accionimpro.com

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Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 65


9 ⁄ GANA 11 ⁄ ÁFRICA DO SUL
Nana Kwadwo Duah, CEO Oxigênio / DPI Arthur Attwell, presidente e fundador,
Electric Book Works
Durante os últimos sete anos, Nana construiu
uma história rica em matéria de publicidade Electric Book Works é uma empresa especializada
e comunicação. Após a fundação de Oxygen, na aplicação de inovação tecnológica aos modelos
uma agência de publicidade, design e branding tradicionais de edição e distribuição de conteúdos.
estratégico se uniram para formar uma empresa A empresa promove o uso da tecnologia digital em
maior, Communications Group (DPI), que é uma busca de mercados no mundo em desenvolvimento.
editora, um local de impressão e produção de Como gerente, Arthur tem sido responsável por
embalagens e um escritório de pré-impressão. vários projetos em áreas como serviços editoriais
Sua visão pretende transformar a DPI num con- para grandes e pequenas empresas, impressão
glomerado que oferece uma extensa gama de por demanda, consultoria sobre livros eletrônicos,
serviços para os clientes e a indústria em geral. seminários de edição digital e procura de novas
Recentemente fundou a Verte, uma instituição de formas de divulgação de conteúdos nos países
ensino que organiza seminários e cursos práticos em desenvolvimento. De acordo com Arthur, “é
para fortalecer a visão empreendedora no campo fundamental inovar e encontrar meios alternativos
das comunicações. e mais baratos de publicação para elevar as taxas
de leitura na África do Sul e da região. É necessário,
www.oxygenghana.com
igualmente, adaptar o conteúdo para o ambiente e
Nana Kwadwo Duah ganhou o prêmio ao Jovem as necessidades locais, o que no contexto Africano
Empreendedor Internacional das Comunicações provavelmente significa abandonar todas as
(IYXE, em Inglês) Internacional em 2009. noções existentes de livros e livros eletrônicos”.
http://electricbookworks.com
10 ⁄ QUÉNIA Arthur Attwell foi finalista no prêmio ao Jovem
Kevin Ombajo, diretor do Trueblaq Group Empreendedor Internacional Editorial (AIPT, em
Inglês) em 2009.
Kevin é o fundador da Trueblaq Group, um dos
maiores produtores de eventos no Quénia. “Como
gestor do Trueblaq Grupo tenho conseguido 12 ⁄ ÁFRICA DO SUL
influir positivamente na vida de muitos artistas Y. Tsai, diretor Tsai Design Studio
do Quênia nos últimos cinco anos. No momento,
procuro aproveitar os eventos que coordeno de O arquiteto Y. Tsai administra o Tsai Design Studio,
maneira a identificar oportunidades e tentar que uma empresa multidisciplinar que lida com o
o talento local seja remunerado e receba um bom design arquitetônico de mobiliário e interiores.
pagamento por seus serviços.” Pretende produzir desenhos provocativos não
convencionais e dotados de um forte senso de
Além disso, seus estudos formam jovens de importância cultural e social, particularmente na
famílias muito pobres e os ajudam a desen- África do Sul. Seu trabalho Nested Bunk Beds
volver o talento musical. Suas principais áreas foi selecionado pelo público local como “objeto
de ação incluem o gerenciamento de eventos, mais bonito da África do Sul” em fevereiro de
marketing e produção de shows, áudio e vídeo. 2008, como parte da feira de design INDABA,
Mas a sua maior força é haver convertido a sua feita na Cidade do Cabo. Sua idéia de melhorar a
programação musical em motores de transfor- qualidade de vida e propor uma melhor utilização
mação do desenvolvimento social e político. do espaço para os moradores de casas de baixo
Já fez shows por todo o país e produziu álbuns custo lhe permitiu uma visão da dimensão social
de sucesso contra a síndrome HIV/ AIDS, a do design, por isso se juntou à ONG Shoebox
violência, a fome e o desemprego, e a favor da Imóveis, uma instituição que promove o design
paz e dos direitos humanos. paras comunidades desfavorecidas e orfanatos.
www.trueblaqkenya.com www.tsaidesignstudio.com
www.trueblaq.com http://shoeboxhomes.blogspot.com
Kevin Ombajo foi um dos finalistas no prêmio ao Y. Tsai foi finalista do prêmio ao Jovem
Jovem Empreendedor Internacional da Música Empreendedor Internacional do Design (IYDE, em
(IYME, em Inglês) em 2009. Inglês) em 2008.

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Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 67


13 ⁄ REINO UNIDO de teatro de atores especializada em realizar
Amy Lennox, CEO, Trinity Communications apresentações de Shakespeare ao ar livre. Além
de fazer apresentações anuais pelo Reino Unido,
Amy é a dona da Trinity Communications, a Europa e Oriente Médio, ela se apresenta em
agência de comunicação que fundou com seu cenários históricos e para um total de trinta mil
parceiro Simon em 2007, especialista em plane- espectadores por ano.
jamento digital. Antes de lançar a empresa, Amy
trabalhou sete anos em uma empresa de mídia - West End Summer Stage, Escola de Teatro para
de renome, especializada em marketing de jovens com maior crescimento no Reino Unido.
mídia e eletrônicos. “Quando as peças de publi- - Mark Puddle Productions, uma companhia de te-
cidade digital se tornaram simples mercadorias, atro que monta obras no Reino Unido e promove
eu quis torná-la uma empresa verdadeiramente novos atores, diretores e escritores.
criativa, razão pela qual fundei a Trinity com outro
parceiro”, diz Amy. Seu objetivo é maximizar o O principal objetivo da firma é criar uma rede
investimento em publicidade dos seus clientes internacional de artistas capazes de organizar
para fortalecer seus negócios, tanto na mídia produções britânicas “sejam versões ao ar livre
convencional como na digital. “Nós trabalhamos de Shakespeare, peças de escritores desconhe-
com empresas que vivem um momento de cidos que tenham sido aclamados pela crítica ou
ruptura em seu ciclo de vida, seja porque os trabalhos de técnica de atuação para os jovens”.
efeitos da publicidade online foram esgotados e www.markpuddle.com
desejam expandir a sua cobertura, ou porque
estão fazendo a transição do modelo tradicional Mark Puddle foi finalista do prêmio ao Jovem
para o comércio eletrónico”. Empreendedor do Reino Unido das artes cênicas
(UKYPAE, em Inglês) em 2009.
www.trinitycommunications.co.uk
Amy Lennox ganhou o prêmio Jovem Empresário
das Comunicações no Reino Unido (UKYXE, em 16 ⁄ REINO UNIDO
Inglês) em 2009. Sam Conniff, Livity MD
Em 2001, San Conniff fundou a Livity, uma empre-
14 ⁄ REINO UNIDO sa cujo objetivo é “aproveitar o poder das marcas
Annegret Affolderbach, diretor Choolips e da comunicação para torná-las um motor de
transformação social.”
Originária da Alemanha Oriental e formada em de-
sign no Reino Unido, Annegret fundou a Choolips A Livity trabalha ao lado das maiores marcas
para combinar moda e princípios éticos. “Eu que- do mundo, dos governos, das fundações e,
ria encontrar um lugar que me proporcionasse sobretudo, de uma equipe de jovens para criar
a chance de arriscar e ser versátil, mas também uma comunicação de sucesso. “Eu me interesso
permitisse dar um tom sustentável e humano às particularmente pela maneira como se incentiva,
indústrias têxtil e de moda.” Choolips faz tecidos se explora e se acredita no talento dos jovens,
e vestuário, e atualmente trabalha com antigas tanto na tela como fora dela, porque acredito que
tradições têxteis para promover produtos com pode ser colocada no contexto de uma revolução
base no comércio justo. Sua linha de produtos ga- em nosso setor e torná-lo o coração da economia
nhou vários prêmios e foi rapidamente comprada digital do futuro”, diz Sam. Como parte do trabalho
pela Topshop & Asos.com. Em 2008, a Choolips dos Livity, Sam criou a primeira multiplataforma
foi indicada para o prêmio Empresa Inovadora do interativa chamada série Dubplate Drama.
Ano do Banco Barclays. www.livity.co.uk
www.choolips.blogspot.com Sam Conniff venceu o prêmio ao Jovem
Annegret Affolderbach foi indicado para o prêmio Empreendedor do Reino Unido do Audiovisual
Reino Unido Jovem Empreendedor da Moda (UKYSE em Inglês) em 2009.
(UKYFE em Inglês), em 2008.

15 ⁄ REINO UNIDO
Mark Puddle, o proprietário, Marcos Puddle Ltd.
Mark Puddle Ltd. é o nome do conglomerado que
inclui as três companhias de artes cênicas de Mark:
- The Lord Chamberlain’s Men, uma companhia

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13-16

Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 69


17 ⁄ ESLOVÊNIA locais de Internet. Hoje trabalha no Middlesbrough,
Mitja Okorn, fundador, InfluenZ Pictures onde vem organizando uma empresa chamada
CuteFund.com que abrange o mercado do Reino
Mitja escreveu, produziu e dirigiu seu primeiro fil-
Unido e constitui uma plataforma na qual os in-
me aos dezenove anos sem dispor de um grande
vestidores geram um fundo comum e votam pelas
orçamento e nem de assistência do governo. A
suas ações via Internet.
fita foi distribuída em todo o país, ganhou o prê-
mio de filme mais popular da Eslovênia em 2005 www.ratesolutions.eu
e se tornou a oitava fita do cinema independente
Andrei Korobeinik ganhou o prêmio ao Jovem
mais assistida na história dessa nação. Graças ao
Empreendedor Internacional Interativo (IYIE, em
sucesso de seu primeiro filme, ele fundou uma
Inglês) em 2008.
empresa de produção chamada di:vision com
a qual produziu vídeos musicais. Ele deixou a
empresa para fundar a nfluenZ Pictures, uma pro-
dutora internacional de filmes e séries de televi- 20 ⁄ RUSIA
são. Participa de muitas conversas e dá palestras Shashi Martynova, supervisora das políticas
sobre como fazer filmes de baixo orçamento em editoriais, Livebook Publishing
toda a Europa e incentiva os jovens a entrar no Após formar-se em Mestrado em Química pela
negócio do cinema. Universidade Estadual de Lomonosov em Moscou,
www.mitjaokorn.si/showreel Shashi lançou a Gayatri Publishing, uma editora
www.influenzpictures.com dedicada à ficção esotérica. Em 2005, Shashi e
sua equipe reinventaram a empresa, mudando
Mitja Okorn foi um dos finalistas para o prêmio ao seu nome e seu formato. Desde então, a Livebook
Jovem Empreendedor Internacional do Audiovisual Publishing centrou-se no mercado dos kidults
(AIEE, em Inglês) em 2007. (“adultos jovens”, crianças entre oito e oitenta
anos), ou seja, leitores que conservam a curiosidade,
a imaginação e o humor da infância. Shashi e
18 ⁄ POLÔNIA sua equipe são famosas no mundo do livro russo
Ela Skrzypek, design estratégico, Brand New Idéia pelo uso revolucionário que fazem dos blogs, por
e Public DSGN seus famosos happenings em bares russos e pela
Junto a outra pessoa, Ela fundou e comandou o maneira festiva e com toques de circo com que se
Studio Bakali por mais de uma década, um dos movem no oficio editorial. Seu catálogo abrange
escritórios de design de firmas mais importantes diversos gêneros, literatura do absurdo, livros de
da Varsóvia, que foca o trabalho em áreas de co- arte, fábulas, romances, pós-românticas, novelas
municação e branding, edição e gráficos animados. irônicas, poesia e títulos provocativos de não ficção
Coberto pela sua experiência em design, Ela abriu com foco na criatividade.
a Brand New Idea, uma empresa de consultoria http://livebooks.ru
especial em comunicação dos sentidos para
organizações públicas e privadas. Também trabalha Shashi Martynova foi um dos finalistas para o
com a Public DSNG, uma organização sem fins lu- prêmio Jovem Empreendedor Internacional
crativos, pioneira na implementação do design para Editorial (AIPT, em Inglês) em 2009.
melhorar o setor dos serviços públicos na Polónia.
www.brandnewidea.pl
21 ⁄ MALTA
www.publicdsgn.pl
Christopher Gruppetta, diretor de publicações,
Ela Skrzypek foi um dos finalistas para o prêmio Merlin Library Ltd.
ao Jovem Empreendedor Internacional do Design
No início dos anos setenta, Merlin tornou-se a
(IYDE, em Inglês) em 2005.
primeira editora de Malta a publicar para crianças
em língua maltesa. Desde então, tem se concen-
trado no lançamento de livros infantis inovadores
19 ⁄ ESTÔNIA de ficção e não ficção e especializado em
Andrei Korobeinik, gerente, Rate solutions textos educacionais. Para Christopher, “o de-
Após trabalhar como diretor técnico para uma safio de trabalhar com a Merlin e no contexto
empresa ponto com, Andrei fundou em 2002 uma de um mercado como o maltês é melhorar a
rede social para adolescentes chamado “Rate.ee. indústria do livro infantil local e apoiar a imple-
Atualmente é o site mais popular da Estônia e mentação de normas profissionais na produção,
opera em mais de vinte países. Andrei ainda está edição e comercialização de livros num mercado
no comando da Rate.ee, mas segue desenvol- bilíngue, onde os editores nacionais competem
vendo novos projetos e investindo em empresas com as importações no idioma Inglês.”

70
www.merlinlibrary.com
Christopher Gruppetta foi um dos finalistas do
prêmio ao Jovem Empreendedor Internacional
Editorial (AIPT, em Inglês) em 2007..

22 ⁄ TURQUIA
Hakki Goktas, diretor, Turk Dijital
Em 2004 Hakki fundou a empresa Turk Dijital,
especialista na criação e gestão de serviços
interativos com inovação para plataformas
móveis e Internet. A empresa criou e programou
uma série de programas de sucesso como a
Soundklan Music Community e a Power Club, a
mais importante e reconhecida loja de música
digital na Turquia. A plataforma tem sido um
grande sucesso musical e trabalha em Istambul e
em Budapeste.
www.soundklan.com
Hakki Goktas foi finalista do prêmio ao Jovem
Empreendedor Internacional Interativo (IYIE, em
Inglês) em 2009.

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Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 71


23 ⁄ EGITO produção cinematográfica mais diversificada e
Adham Hafez, fundador e diretor, Haraka Dança completa.
Development and Research www.beirutdc.org
Nascido no Cairo, Adham é um dos primeiros www.metropoliscinema.net
formandos da Escola de Dança Contemporânea da
Hania Mroue foi indicado para o Prêmio
Companhia de Ópera da cidade. Ele é fundador e
Empreendedor Jovem Internacional do Audiovisual
diretor da Companhia Adham Hafez e fundador
(AIEE, em Inglês) em 2007.
e diretor da HaRakKa, uma organização dedicada
à pesquisa e desenvolvimento da dança. É a
primeira instituição do Egito de seu tipo. Adham
fundou também a TransDance, uma mini-série de 25 ⁄ IÉMEN
festivais que se realizam em todo o Egito. Nashwan Al-Maghafi, diretor, Iémen Book Shop

Da mesma forma, lançou as publicações Dance O Iêmen Book Shop (YBS) é uma livraria que
News e Cairography para estimular reflexões tem se tornado um dos maiores importadores
sobre dança e performance, e para encorajar e de publicações em língua inglesa no Iêmen.
promover os trabalhos de coreógrafos do Egito Nasceu em 1980 como a primeira livraria local
através da criação de um corpo de textos críticos a importar livros em Inglês. Nashwan foi o
sobre o assunto. diretor da empresa desde 1995, quando ainda
estava no colégio. Ele aspirava desempenhar
Seu trabalho sobre som, movimento, voz, um papel efetivo na melhoria da educação
performance e instalação foram apresentados no no Iêmen e em especial, promover o idioma
Egito, no mundo árabe, na Europa, Turquia, Japão, Inglês. YBS atualmente tem relações com mais
etc. Adham atualmente é professor de dança de quarenta editoras nos EUA, Reino Unido,
contemporânea na Universidade Americana França, Alemanha, Itália, Índia, Paquistão, Egito,
do Cairo, onde contribuiu para a criação de Líbano e Jordânia.
instalações de ensino de dança com projeções
de longo prazo. Nashwan Al-Maghafi ganhou o prêmio ao Jovem
Empreendedor Editorial (IYPE em Inglês) em 2008.
www.harakaproject.blogspot.com
Adham Hafez foi finalista do prêmio ao Jovem 26 ⁄ EMIRADOS ÁRABES UNIDOS
Empreendedor Internacional das Artes Cênicas Rabia Zargarpur, diretora de criatividade e design
(IYPAE, em Inglês) em 2008. de moda, Rabia Z.
De origem emirati e Afegã, Rabia explora
24 ⁄ LÍBANO sua paixão pela moda e sua dedicação para
Hania Mroue, diretora, Cinema e Arte Beirute DC equilibrar e combinar estilo com espiritualidade.
Metropolis Uma das poucas desenhadoras atenta às
A Beirute DC foi fundada em 1999 por um necessidades das mulheres muçulmanas
grupo de profissionais do cinema e entusiastas modernas, ela acredita que se vestir com
da arte. Seu objetivo era apoiar os diretores austeridade é uma tarefa que pode ser realizada
independentes árabes na luta contra as restrições com estilo. Graças à sua criatividade, atualizou
enfrentadas pelo cinema. Em uma região onde um conceito muito tradicional da moda e tem
a individualidade é em geral restrita, a Beirute conseguido expor em passarelas internacionais.
DC encoraja seus parceiros e colaboradores Suas propostas transmitem a idéia de que a
a produzir filmes relevantes em seu contexto, modéstia pode ser bela, confortável e acessível,
aquestionar as verdades preconcebidas, a desde que haja confiança e satisfação.
incentivar as mudanças e a promover uma visão Rabia Z foi finalista do prêmio Jovem
mais pessoal do cinema. Empreendedor Internacional da Moda (IYFE, em
“Graças a meu trabalho na Beirute DC, notei Inglês) em 2008.
que ainda que os teatros libaneses comerciais
ofereçam uma programação padronizada, há
um grande público ávido por assistir a filmes
alternativos ou de autor, formado principalmente
por jovens e estudantes”, disse Hania.
Por isso abriu o teatro Metropolis, a primeira sala
de cinema de arte no país. Este espaço pretende
oferecer acesso permanente e sustentável à uma

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Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 73


27 ⁄ PAQUISTÃO 29 ⁄ SRI LANKA
Shamoon Sultan, gerente geral, Khaadi Linda Speldewinde, fundadora e diretora da
Academia de Design em Sri Lanka
Em 1998 Shamoon fundou a Khaadi, sua própria
empresa de design têxtil, com a intenção de revi- Após detectar a falta de uma escola de moda e
ver os tecidos feitos à mão e retornar ao mundo ensino de design no Sri Lanka, Linda fundou a
da alta costura. Academia do Design no ano 2000, um projeto
pioneiro que oferece ensino de graduação em
“Os tecidos feitos à mão”, sugere Shamoon, “são
design. Desde então, a academia tem desempe-
o fator que torna o nosso trabalho destacável no
nhado papel importante na promoção do design
mercado”. Depois de nove anos de trabalho, Khaadi
como disciplina acadêmica e profissão dinâmica.
identificou seu próprio nicho com uma ampla
“A indústria do vestuário é a maior empregadora
paleta de cores, elegantes acabamentos do tecido
do Sri Lanka, e desempenha um papel funda-
feito à mão e uma grande variedade de produtos.
mental como motor da economia. Nas últimas três
Ganhou quatro prêmios Style Awards ou Prêmios
décadas se tornou uma indústria do conhecimento.
estilo: Melhor design do sexo masculino (2002,
No entanto, ainda faltam habilidades importantes
2005) e melhor loja de roupas (2006, 2007).
no projeto. Isso impede o desenvolvimento de
www.khaadi.biz produtos para atender segmentos do mercado
mais elevados, os setores necessários para que
Shamoon Sultan foi um dos finalistas no Prêmio
a indústria seja competitiva. Ainda assim, a Aca-
ao Jovem Empreendedor Internacional da Moda
demia tem um papel importante na formação de
(IYFE, em Inglês) em 2008.
designers, o que tornou possível para o setor da
moda ascender na cadeia de valor”.
28 ⁄ ÍNDIA Após o lançamento bem sucedido da Academia,
Vijay Nair, diretor, Only Much Louder Linda fundou a Peshakala, uma iniciativa que
Após abandonar a faculdade aos 17 anos, Vijay pretende reviver o uso têxtil de espécies nativas e
decidiu entrar no mundo da música. Começou dar oportunidade aos jovens designers através da
dirigindo grupos e o que iniciou como um simples criação de comunidades de artesãos nas aldeias.
hobby logo se tornou a primeira agência para Seu projeto mais recente é o Centro de Negócios
representar grupos independentes da Índia Only Creative, que promove as indústrias criativas do
Much Louder (OML). Motivado por uma tendência país e serve como plataforma para canalizar os
acentuada para o DIY (Faça Você Mesmo), OML esforços nacionais no sentido da comunidade
fundou a gravadora alternativa, a Counter Culture internacional. Também fundou o Festival Design
Records (CCR), que se tornou uma plataforma de Sri Lanka em 2009.
viável para músicos independentes. Em 2008, www.aod.lk
nasceu a Babblefish Productions (BBF), uma www.srilankadesignfestival.com
linha audiovisual da OML e produtora de vídeos
musicais, documentários e podcasts que apoia Linda Speldewinde foi finalista do prêmio Jovem
os artistas independentes com a sua identidade Empreendedor da Moda Internacional (IYFE, em
visual. Nos últimos sete anos, a OML participou Inglês) em 2009.
de quinhentos concertos, organizou festivais
de renome internacional, lançou vários projetos
independentes e se estabeleceu como um dos
principais atores da indústria da música na Índia.
www.oml.in
Vijay Nair ganhou o prêmio Jovem Empreendedor
Internacional da Música (IYME, em Inglês) em 2009.

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Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 75


APÊNDICE 4 / LEITURAS ADICIONAIS
PUBLICAÇÕES MENCIONADAS OU REFERIDAS LEITURAS ADICIONAIS
NESTE GUIA
The cultural industries, by D Hesmondhalgh, Sage,
Creative Industries Mapping Document, Dept for London, 2002 Creative economies, creative cities,
Culture, Media and Sport, London, 1998 Asian European perspectives, by L Kong and J
O’Connor, Springer, Berlin, 2009
Creative Industries Mapping Document, Dept for
Culture, Media and Sport, London, 2001 London’s creative economy: An accidental
success?, by J Knell and K Oakley, The Work
Staying Ahead:The economic performance of the Foundation, London, 2007
UK’s creative industries, by R Andari, H Bakhshi,
W Hutton, A O’Keefe and P Schneider, The Work My creativity reader, by G Lovink and N Rossiter,
Foundation, London, 2007 Institute of Network Cultures, Amsterdam, 2007

Creative Britain – New Talents for the New Management and creativity: From creative
Economy, Dept for Culture, Media and Sport, industries to creative management, by C Bilton,
London, 2008 Wiley-Blackwell, Oxford, 2006 The cultural
economy of cities, by A Scott, Sage, London,
After the Crunch, www.creative-economy.org, 2009 2000
Cloud Culture, by Charles Leadbeater, British The Creative Class, by R Florida, Basic books, New
Council, London, 2010 York, 2002
Living on Thin Air, by Charles Leadbeater, Penguin The Art of Innovation, by K Oakley, A Pratt and B
Books, London, 2000 Sperry, NESTA, London, 2008
The Creative Economy, by John Howkins, Penguin Framework for Cultural Statistics, UNESCO
Books, London, 2001 Institute of Statistics, Montreal, Canada, 2009
Creative Ecologies – where thinking is a proper job So what do you do? A new question for policy in
by John Howkins, University of Queensland Press, the creative sector, by Charlie Tims and Shelagh
Queensland, Australia, 2009 Creative Nation, The Wright, Demos, London, 2007.
Australia Council, Sydney, Australia, 1994
What Would Google Do?, By Jeff Jarvis, Harper
Collins, New York 2009
Beyond the creative industries: Mapping the
creative economy in the United Kingdom, by Peter
Higgs, Stuart Cunningham and Hasan
Bakshi, NESTA, London, 2009
Creating Growth: How the UK can develop world-
class creative businesses, NESTA, London, 2006
Cox Review of Creativity in Business, HM Treasury,
London, 2005
UK Skills: Prosperity for all in the global economy,
(‘The Leitch Review’), Dept for Business, Innovation
& Skills, London, 2006
Gowers Review of Intellectual Property, HM
Treasury, London, 2006
The Creative Economy Report, UNCTAD, Geneva/
New York, UNCTAD/UNDP, 2008
The Undeclared War: The struggle for control of
the world´s film industry, by David Puttman, Harper
Collins, London, 1997.

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Série Economia Criativa e Cultural/ 1 – A economia criativa: Um guia introdutório 79

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