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Economia da Cultura SUMÁRIO

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................................................................... 3

MÓDULO 1 – CAMPO DE ESTUDOS EM ECONOMIA DA CULTURA ........................................... 5


UNIDADE 1 – CULTURA E ECONOMIA ................................................................................................... 5
UNIDADE 2 – ECONOMIA DA CULTURA ................................................................................................ 9
UNIDADE 3 – CONCEITOS E ABORDAGENS RELEVANTES EM ECONOMIA DA CULTURA .................. 13
UNIDADE 4 – DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O CAMPO DA ECONOMIA DA CULTURA ......... 18

MÓDULO 2 – DINÂMICA DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E DA ECONOMIA CRIATIVA NO CONTEXTO


DA SUSTENTABILIDADE ............................................................................................................ 23
UNIDADE 1 – INDÚSTRIAS CULTURAIS NA ECONOMIA DA CULTURA ............................................... 23
UNIDADE 2 – ECONOMIA DA CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA ...................................................... 26
UNIDADE 3 – SUSTENTABILIDADE NO CONTEXTO DA AÇÃO ESTRATÉGICA DO ESTADO ............... 29
UNIDADE 4 – GOVERNANÇA SOCIAL COMO ALTERNATIVA NO CONTEXTO DA SUSTENTABILIDADE ........ 31

MÓDULO 3 – PANORAMA DA ECONOMIA DA CULTURA NO MUNDO E NO BRASIL –


POSICIONAMENTOS POLÍTICOS E DESDOBRAMENTOS PRÁTICOS ..................................... 35
UNIDADE 1 – PANORAMA INTERNACIONAL ..................................................................................... 35
UNIDADE 2 – PANORAMA NACIONAL – POSICIONAMENTOS POLÍTICOS ....................................... 39
UNIDADE 3 – PANORAMA NACIONAL – DADOS DO SETOR CULTURAL ........................................... 40
UNIDADE 4 – PANORAMA NACIONAL – ATUAÇÕES CONCRETAS DO MINISTÉRIO DA CULTURA ... 42

MÓDULO 4 – FINANCIAMENTO DA CULTURA .......................................................................... 47


UNIDADE 1 – DESAFIO DE VIABILIZAR RECURSOS PARA PROJETOS CULTURAIS ............................ 47
UNIDADE 2 – CONTEXTO HISTÓRICO DO FINANCIAMENTO NO BRASIL ......................................... 49
UNIDADE 3 – FINANCIAMENTO PÚBLICO PARA A ÁREA CULTURAL ................................................ 53
UNIDADE 4 – FINANCIAMENTO PRIVADO PARA A ÁREA CULTURAL ................................................ 61
UNIDADE 5 – FINANCIAMENTO PRIVADO PARA A ÁREA CULTURAL ................................................ 62
UNIDADE 6 – OUTRAS FORMAS DE OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO PARA A ÁREA CULTURAL ... 65
Economia da Cultura ABERTURA

APRESENTAÇÃO
Olá! Seja bem-vindo ao curso Economia da Cultura.

Para começar, não deixe de acessar as instruções na tela de apresentação!

Lá, você encontrará informações sobre como navegar no ambiente virtual de aprendizagem.

Como nas outras disciplinas da parte avançada do programa de Capacitação em Projetos


Culturais do MinC, neste curso, há professor-tutor para orientá-lo.

Estamos na quinta disciplina da parte avançada do programa de Capacitação em Projetos Culturais


do MinC.

Agora, neste curso, vamos tratar da economia e do financiamento da cultura, dos estudos em
economia da cultura, da dinâmica das indústrias e do panorama no Brasil.

Para concluir o curso, você deverá elaborar uma atividade individual.

E participar da reunião online, realizada via ferramenta de chat, entre todos os alunos da turma e
o Professor-Tutor.

Nessa reunião virtual, serão debatidos temas relativos ao conteúdo ou à atividade do


curso.

Fique atento às datas das atividades no calendário!

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Economia da Cultura MÓDULO 1

MÓDULO 1 – CAMPO DE ESTUDOS EM ECONOMIA DA CULTURA

UNIDADE 1 – CULTURA E ECONOMIA

A relevância da cultura como um dos eixos que organizam a agenda contemporânea é evidente.

Miguez* ressalta que a cultura apresenta...

...indiscutível centralidade no mundo, hoje. E não são poucos os sinais que atestam
a presença significativa da cultura nos debates e embates que confrontam a
contemporaneidade.

Os sinais que atestam a presença da cultura nos embates atuais manifestam-se...

...no campo da teoria...

...no campo da prática.

*Miguez...
Miguez, P. Aspectos de constituição do campo de estudo em economia da
cultura. In: CRIBARI, I. (org). Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana,
2009b. p. 19.

Vejamos como esses sinais se manifestam nesses dois campos...

Campo da teoria...
Na academia, o espaço reservado à cultura vem crescendo para além da antropologia
e da sociologia.

Com isso, a cultura está alcançando a atenção de pensadores de áreas como...


§ a história;
§ a ciência política;
§ a psicologia;
§ a gestão;
§ a economia.

Campo da prática...
No âmbito da tomada de decisões políticas, a cultura desempenha papel importante
como condicionante de políticas públicas nacionais e internacionais.

Além disso, a cultura é especialmente expressiva no debate da cooperação


para o desenvolvimento.

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MÓDULO 1 Economia da Cultura

Vejamos um exemplo que se refere à elaboração de políticas...

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura identificou dois desafios
na área da cultura...

...para contribuir com o Brasil nos esforços para alcançar seu desenvolvimento.

Os dois desafios são...


§ a conciliação do desenvolvimento com a superação das desigualdades
socioculturais;
§ a conciliação da preservação do patrimônio cultural com os novos processos de
desenvolvimento.

A despeito das recentes estratégias de cooperação, Miguez afirma que...

...as relações entre o campo da cultura e outras esferas societárias, como é óbvio, não são
novas.

Além disso, as relações entre o campo da cultura e outras esferas da sociedade...

...não foram consensualmente fundadas...

...não são, na atualidade, fruto da convivência pacífica com as diferentes áreas do


conhecimento ao longo dos séculos.

Esse é o caso da relação entre a cultura e a economia, que será estudado


neste módulo!

Para iniciar a discussão sobre a polêmica relação entre economia e cultura, Cribari* recorda o
exemplo da Argentina...

...a Direção de Contas Nacionais, instância do Ministério da Economia, recebeu uma


proposta animadora a todos os olhos: a inclusão de dados básicos do setor das indústrias
culturais nas estatísticas e nos censos que são realizados naquele país. A ideia partiu de
Octavio Getino, cineasta e pesquisador, que sugeriu, ainda, incluir a cultura no Sistema
Nacional de Contas Satélites, para seu tratamento sistemático e permanente. Excelente
sugestão. Porém, havia ali um problema: consenso no que podia ser compreendido, afinal,
por cultura.

*Cribari...
CRIBARI, I. Arte, Cinema e Mercado: discutindo a relação. In: CRIBARI, I. (org).
Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana, 2009. p. 371.

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Economia da Cultura MÓDULO 1

Contextualizando a relação entre economia e cultura, Reis* pondera sobre a necessidade de a


economia romper com a cultura a fim de...

...estruturar-se em seus próprios valores...

...alcançar o status de ciência.

*Reis...
REIS, A. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole,
2007.

Em seguida, relembra que foi a economia que, voltando a suas bases...

...se reconciliou com a cultura, influenciando-a e por ela sendo influenciada.

No entanto, os expoentes da ciência econômica apresentam apenas informações dispersas sobre


o campo da cultura.

Com isso, os especialistas em ciência econômica situam a cultura do


irracional ou da utopia.

De acordo com Tolila*, as reflexões sobre a arte são apresentadas, na obra dos expoentes da
ciência econômica...

...como metáforas...

...de modo enigmático...

...de forma dispersa...

...de maneira subjetiva.

*Tolila...
TOLILA, P. Cultura e economia. São Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2007. p. 28/29.

Não é estranho, portanto, que esse posicionamento tenha repercutido negativamente sobre os
atores da área cultural.

Com isso, gerou-se um desinteresse mútuo entre essas duas áreas do


conhecimento.

Em outras palavras, a relação entre economia e cultura ainda é de difícil convivência.

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MÓDULO 1 Economia da Cultura

Como expresso em publicação do SESI*...

...o uso dessas duas palavras muitas vezes não coincide nas linguagens cotidianas na
área da cultura. Muitos artistas não relacionam seus trabalhos com a economia. Alguns
vêem perigos nessa relação e não a aceitam. De outro lado, muitos economistas tratam a
cultura como uma atividade marginal em seus estudos ou como algo que deve ser
abordado por outras ciências.

*Publicação do SESI...
SESI. Tecnologia SESI Cultura e as leis de incentivo. Brasília: SESI/DN, 2007c, p. 23.

Esse tipo de postura...

...aumenta a distância entre as duas esferas do conhecimento...

...dificulta a análise do impacto econômico nos diferentes setores culturais.

A presença marcante da economia nos diversos setores culturais é, no entanto, uma realidade.

A presença da economia nos setores culturais é exemplificada no estudo publicado por Miguez
sobre a economia do carnaval da Bahia.

Em seu estudo, Miguez se dedica a...

...mapear os elementos que, nos últimos 25 anos, configuraram, no Carnaval baiano, uma
complexa economia de múltiplos negócios e um grande número de atores públicos e
privados.

Apesar de o carnaval da Bahia movimentar em torno de 423 milhões de reais e do impacto


positivo em setores como o turismo, Miguez afirma que...

...o carnaval baiano ainda não teve a oportunidade de constituir-se, efetivamente, como
um espaço onde as várias alternativas de sobrevivência experimentadas por um
expressivo contingente da população de Salvador possam transformar-se em um projeto
de desenvolvimento devidamente sintonizado com o que podemos chamar de vocação
pós-industrial da cidade de Salvador.

Em outras palavras, as áreas da economia e da cultura ainda se


apresentam desarticuladas, apesar de estarem intrinsecamente
relacionadas.

Durand* explica o movimento de afastamento das áreas de cultura e economia...

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Economia da Cultura MÓDULO 1

...como ciência empírica, a economia constrói conceitos e modelos que explicam variações
concomitantes ou sucessivas entre fenômenos. Os comportamentos de produtores e
consumidores são pensados como racionais dentro de premissas relativas a interesses
individuais. Em suma, a ciência econômica trabalha com causalidades e
interdependências. Como isso não é forte no meio artístico, orientado que está para a
captação de expressões estéticas tidas por únicas e desinteressadas, a chegada da ciência
econômica à cultura introduz um estilo de pensamento novo e desafiador. Admite-se que
ela tenha assim consequências mais amplas que as encomendas que lhe são feitas de
calcular os principais números do setor – pessoal ocupado, custeio e investimento, entre
outros.

*Durand...
DURAND, J. Sugestões para o cultivo e a difusão da economia da cultura no
Brasil. In: CRIBARI, I. (org). Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana,
2009. p. 45.

Já Tolila argumenta que...

...a distância marcada entre economistas e atores da área cultural sustentou-se durante
períodos de prosperidade.

Nesses períodos de prosperidade...

...os ideais humanistas da área cultural não se encontravam comprometidos pela


alocação racional e eficiente dos recursos.

Os períodos de recessão econômica, no entanto, evidenciaram a importância do diálogo entre as


áreas da economia e da cultura.

A importância desse diálogo parte da necessidade de justificar democraticamente a


alocação dos recursos escassos.

Adicionalmente ao contexto de crise e instabilidade econômico-financeira...

...a interdependência entre os diversos países incentivou a agressiva concorrência


internacional.

Dessa forma, o setor cultural tornou-se vulnerável às intempéries do


mundo globalizado.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

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MÓDULO 1 Economia da Cultura

UNIDADE 2 – ECONOMIA DA CULTURA

Economia da cultura* é um movimento recente em nossas sociedades.

*Economia da cultura...
Para se diferenciar de uma abordagem mais antropológica da cultura, Tolila se
refere ao termo economia da cultura como economia do setor cultural em sua
obra Cultura e economia.

Não devemos, todavia, confundir a cultura da economia com a economia da cultura.

Segundo Reis...

...a cultura da economia estuda essencialmente a influência dos valores, das


crenças e dos hábitos culturais de uma sociedade em suas relações econômicas...

x
...a economia da cultura refere-se ao uso da lógica econômica e de sua
metodologia no campo cultural.

Em 1965, os economistas William Baumol e William Bowen foram os precursores da economia da


cultura.

A despeito de ajustes sucessivos à teoria de Baumol e Bowen, Reis sustenta que o mérito desses
autores foi...

...resgatar a cultura como área de estudo entre os economistas.

De fato, outras iniciativas com respeito à análise do setor cultural foram estimuladas.

Vejamos a seguir...

Foram iniciativas relacionadas à análise do setor cultural...


§ o lançamento do renomado periódico Journal of cultural economics, em 1975...
§ a análise da magnitude do setor cultural britânico, em 1988...
§ a inclusão da economia da cultura como disciplina da área de economia pela
American Economic Association, em 1992.

Reis ressalta ainda alguns fatores que parecem ter contribuído para a aproximação entre cultura
e economia.

Vamos conhecer os fatores apontados por Reis!

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Economia da Cultura MÓDULO 1

Reis aponta seis fatores que contribuíram para que as áreas da cultura e da economia se
aproximassem...

1. A carga de pressões políticas e sociais que atingiram em cheio a essência dos debates culturais em
vários países...
Nessas condições, grupos e pessoas que defendiam o papel social da cultura foram
levados a buscar instrumentos que comprovassem também sua representatividade
econômica.

Do ponto de vista público, traduzir a importância econômica dos processos, produtos


e serviços culturais passou a ser fundamental para aumentar a eficiência da alocação
de recursos e, com isso, responder melhor aos objetivos de política pública de cultura.

No setor privado, a economia da cultura passou a oferecer subsídios para envolver as


empresas em projetos culturais, em uma primeira tentativa de estabelecer uma parceria
mais íntima com o setor.

2. A inquietação crescente quanto à supremacia da indústria cultural dos Estados Unidos no mundo,
sob os aspectos ideológico – de transmissão de mensagens – e econômico – de dominação do mercado
em vários setores...
Diante do poder de capilarização da indústria cultural norte-americana, os demais
países passaram a preocupar-se com a perda de competitividade internacional e até
mesmo em seus próprios territórios.

Com isso, as indústrias culturais nacionais foram impelidas a se organizarem sob os


parâmetros da racionalidade econômica.

3. A conscientização de que as atividades culturais e os setores pautados pela criatividade constituem


um setor em franca expansão...
Aproveitar o ciclo expansionista da economia significava, portanto, compreender o
funcionamento do setor cultural, aproximando potenciais empreendedores de
profissionais atuantes nessa área.

4. A escassez de recursos, tornando sua distribuição uma guerra de foices baseada em argumentos
políticos, sociais e econômicos...
Nesse contexto de concorrência, o domínio de técnicas econômicas por parte de
gestores culturais apresentava-se como diferencial para aquisição de recursos.

5. A crescente demanda social por projetos de regeneração de áreas degradadas e de recuperação


social...
Por um lado...

...muitos dos projetos de regeneração de áreas degradadas vieram


acompanhados de atividades de cunho cultural.

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MÓDULO 1 Economia da Cultura

Por outro lado...

...esses projetos de regeneração necessitavam ser economicamente justificáveis.

6. O endurecimento das negociações multilaterais nos acordos de comércio de bens e serviços


culturais...
A interdependência entre os diversos países incentivou a agressiva concorrência
internacional.

Em especial, as crises do mundo globalizado tornaram as negociações multilaterais


nos acordos de comércio de bens e serviços culturais mais exigentes em argumentos
que justificassem uma alocação eficiente dos recursos escassos.

Essa dinâmica contribuiu para a aproximação entre a cultura e a economia.

Sabemos que a cultura é relevante por si mesma.

Dessa forma, a cultura não necessita de outras áreas do conhecimento para justificar sua
existência.

Entretanto, os seis fatores apontados por Reis sustentam a ideia de que a economia da
cultura, o surgimento da economia da cultura, a vigência da economia
da cultura, o próprio entendimento sobre a economia da cultura não podem ser
desarticulados das demais esferas que regem a vida política.

Dória* lembra que...

...a economia da cultura é mais coerente com uma certa antropologia que vê a vida social
como uma totalidade onde a relação empírica entre as várias esferas da atividade
humana mostra cultura, economia, religião etc., incrustadas umas nas outras de tal sorte
que é difícil distinguir qualquer esfera autônoma.

*Dória...
DÓRIA, C. Teses (equivocadas ou não) sobre o Estado e a cultura Brasileira. In:
CRIBARI, I. (org). Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana, 2009. p.
102.

No entanto, o campo da economia da cultura requer, como em qualquer outro âmbito...

...a identificação dos limites e das fronteiras que circunscrevem sua área de atuação.

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Economia da Cultura MÓDULO 1

Para isso, é necessário explorar com mais detalhes os conceitos e as abordagens de que trata a
economia da cultura.

Na próxima unidade, veremos os conceitos e as abordagens da economia


da cultura.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – CONCEITOS E ABORDAGENS RELEVANTES EM ECONOMIA DA CULTURA

Para tratar de economia da cultura, precisamos reconhecer a pluralidade dos conceitos e das
abordagens sobre os quais a área se sustenta.

Em primeiro lugar,vale ressaltar que repousam tipologias de valor sob a pluralidade desses conceitos.

Afirmar que repousam tipologias de valor sob a pluralidade dos conceitos e das abordagens que
sustentam a economia da cultura significa dizer que...

...a literatura relacionada à economia da cultura entende que produtos e serviços


culturais apresentam...
§ caráter simbólico – valor cultural;
§ representatividade econômica – valor econômico.

Valor cultural...
Atribuir valor cultural não é tarefa menos complexa.

Reis elenca seis componentes da atribuição de valor cultural...


§ valor estético;
§ valor social;
§ valor de existência;
§ valor espiritual;
§ valor político;
§ valor histórico.

O reconhecimento da dinâmica dual na economia da cultura – valor cultural e valor econômico –


ratifica posições de autores como Dória.

Contudo, Dória admite a dificuldade de analisar esse fenômeno sem que seja colocado em
questão o próprio estatuto da mercadoria.

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MÓDULO 1 Economia da Cultura

Segundo Dória...

...a multiplicidade de objetos culturais, hoje dados ao consumo e fruição em redes de


significações de amplo acesso, é talvez a característica mais instigante do moderno
mercado cultural.

De fato, muitos são os conceitos e as abordagens que merecem atenção em economia da cultura.

Tais conceitos e abordagens vão desde a noção de mercadoria até a compreensão do que seria
um empreendimento cultural.

De acordo com Tolila, há quatro critérios declarados pela ciência econômica para definir o conceito
de mercadoria.

Tolila aponta como critérios para a definição de mercadoria...

...as propriedades físicas* do bem...

...a data na qual o bem está disponível...

...o lugar no qual o bem está disponível...

...os acontecimentos que condicionam a entrega desse bem.

*Propriedades físicas...
As propriedades físicas são também conhecidas como propriedades objetivas
e se referem à qualidade do bem.

Tolila ainda afirma que, na economia...

...para que a qualidade possa servir de referência, é preciso necessariamente que suas
características sejam objeto de um reconhecimento geral por parte dos indivíduos e,
portanto, que elas sejam mensuráveis e hierarquizáveis.

Apesar do que afirma Tolila, nem todas as mercadorias podem ser mensuráveis e hierarquizáveis.

Vejamos a razão...

A natureza dos bens e serviços culturais é particular. Isso significa que os bens e serviços culturais
não são passíveis de mensuração ou hierarquização.

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Economia da Cultura MÓDULO 1

Tolila justifica essa afirmativa alegando que aquilo define os bens culturais e artísticos,
ou seja, a qualidade artística responde a uma avaliação subjetiva e não a uma medida
cuja universalidade poderia ser consensual.

Os múltiplos desdobramentos do conceito de capital reforçam – e muitas vezes explicam – a


dificuldade em mensurar qualquer tipo de mercadoria.

O Glossário de cultura* publicado pelo SESI, embasado em trabalhos do Banco Mundial, elenca
quatro formas básicas de capital determinantes no desenvolvimento de uma nação.

*Glossário de cultura...
SESI. Glossário de cultura. Brasília: SESI/DN, 2007b. p. 26.

Capital natural...
É constituído pela dotação de recursos naturais que possui uma região.

Capital físico...
É gerado pelo ser humano e inclui diversas formas de capital como infraestrutura, bens
de capital, financeiro, comercial...

Capital humano...
É determinado pelo grau de nutrição, saúde, educação, lazer e trabalho da população.

Capital social...
Representa o grau de confiança existente entre os atores de uma sociedade, ou seja, as
atitudes positivas em matéria de comportamento cívico que contribuem para o bem-
estar geral.

Reis faz referência ao termo capital cultural como...

...um conjunto de qualificações intelectuais produzidas pelo ambiente familiar e pelo


sistema escolar. Em termos práticos, o capital cultural assume diferentes formas, como a
incorporada – facilidade de expressão em público e de socialização, a objetivada –
produtos culturais que uma pessoa possui – e a institucionalizada – diplomas de formação
e o valor que o mercado lhes confere.

A alegação da existência de um capital cultural retoma a discussão quanto ao entendimento


clássico de mercadoria.

Em economia, a noção clássica de mercadoria serviu de subsídio para a diferenciação dos conceitos
de bens públicos e bens privados.

Segundo Dória, os bens privados seriam as mercadorias propriamente ditas.

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MÓDULO 1 Economia da Cultura

Já os bens públicos – public goods – seriam, por exemplo...


§ as ruas de uma cidade;
§ a iluminação;
§ os sinais de trânsito;
§ a segurança pública;
§ os monumentos;
§ a arquitetura;
§ a língua;
§ a música folclórica;
§ as cantigas de roda;
§ a obra de Machado de Assis;
§ as TVs e as rádios abertas de natureza não comercial.

Os economistas entendem que os bens públicos possuem duas características básicas...

...é impossível atribuir um preço para seu consumo...

...seu valor é indizível, de modo que o custo marginal* é igual a zero.

*Custo marginal...
Custo adicional de mais uma unidade do produto.

Em termos simples, os bens públicos...

...não são exclusivos...

...não são rivais no consumo...

Além disso, o consumo não destrói as propriedades dos bens públicos.

Dória também caracteriza os bens ditos quase-públicos como...

...estradas pedagiadas, serviços públicos de saúde, serviços postais, TV e rádio broadcast


que veiculam comerciais. Para esses bens, é possível estabelecer algum preço para o seu
consumo – como o ticket de pedágio –, e o seu custo marginal é menor do que o seu custo
médio – isto é, há uma economia de escala.

Dessa forma, é importante diferenciar os termos bens públicos, bens privados e bens
quase-públicos.

Tal diferenciação é importante porque a produção desses bens não ocorre da mesma
maneira

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Economia da Cultura MÓDULO 1

Vejamos como ocorre a produção dos bens públicos...

De forma geral, os bens públicos...

...são ofertados pelo Estado...

...refletem a história de uma sociedade.

No caso dos bens e serviços cultural, outra peculiaridade é a origem de sua oferta.

Desse modo, a oferta dos bens e serviços culturais pode ocorrer...


§ pelo poder público;
§ pela iniciativa privada.

Outra particularidade dos bens e serviços culturais é o fato de sua compra e seu consumo...

...não destruírem suas propriedades – como seria o caso de um tênis ou de um prato


específico em um restaurante...

...não inviabilizam a possibilidade de um consumo mais amplo ou posterior – como


um filme que pode ser exibido em diversas salas de cinema, infinitamente, para um
vasto e diverso público.

Neste contexto complexo, o mercado cultural se desenvolve e seus atores emergem.

Sobre essa situação, o texto apresentado em uma publicação do SESI esclarece...

Campo da cultura...
O campo da cultura, se olharmos sob o ângulo do mercado de trabalho, apresenta
muitas ocupações: escritores, jornalistas, publicitários, cartunistas, artistas plásticos,
escultores, artesãos, cenógrafos, cinegrafistas, fotógrafos, compositores, músicos,
cantores, artistas de cinema, rádio, teatro, televisão e circo, diretores e produtores de
espetáculos, bibliotecários, museólogos, operadores de equipamentos, produtores e
administradores culturais, entre outros.

Ambiente dinâmico...
Em um ambiente dinâmico...

...as inovações tecnológicas e a automação microeletrônica têm possibilitado o


surgimento de novos profissionais como os designers, além de expandirem o
mercado de consumo por meio da internet, TVs a cabo, DVD entre outros.

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MÓDULO 1 Economia da Cultura

A cultura como campo de atuação desponta como atividade proeminente diante das mudanças
do século XXI.

A partir daí, a noção tradicional de empreendimento* é expandida e redesenhada no setor cultural.

*noção tradicional de empreendimento...


De acordo com a FUNARTE, um empreendimento pode ser compreendido
como...

...empresa, instituição, entidade, firma, negócio, etc., ou, ainda, o trabalho


sem estabelecimento, desenvolvido individualmente ou com ajuda de
outras pessoas – empregados, sócios ou trabalhadores não remunerados.
Um empreendimento pode ser constituído por um ou mais
estabelecimentos ou não ter estabelecimento. Por convenção, o trabalho
no serviço doméstico remunerado é considerado como sendo um
empreendimento, independentemente do número de unidades
domiciliares em que a pessoa presta este serviço.

Fonte
FUNARTE. Cultura em números: anuário de estatísticas culturais. Brasília: MinC, 2009. p. 234.

E de que forma o empreendimento é visto no setor cultural?

No caso dos empreendimentos culturais, podemos dizer que...

...o lazer é parte de um complexo de produção de bens culturais de grande dinamismo


com alta capacidade de geração de empregos. Em países desenvolvidos (...) as boas
condições de vida e os desafios tecnológicos têm tornado o campo cultural um setor do
futuro.

Fonte
SESI. Glossário de cultura. Brasília: SESI/DN, 2007b. p. 35.

No entanto, não são poucos os desafios e as oportunidades com os quais a área cultural
deve lidar.

Trataremos sobre esses desafios e essas oportunidades na unidade a seguir!

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

18
Economia da Cultura MÓDULO 1

UNIDADE 4 – DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O CAMPO DA ECONOMIA DA


CULTURA

Para entender os principais desafios e oportunidades do campo da economia da cultura, foi


necessário introduzir...

...a relação entre cultura e economia...

...a emergência da economia da cultura como campo de estudo...

...os principais conceitos e abordagens em voga na área da economia da cultura.

Nesse sentido, as principais questões a serem debatidas surgem...

...no contexto da relação entre valor econômico e valor cultural de bens e serviços
culturais de todos os desdobramentos da economia traduzidos para a área cultural.

Florissi e Valiati* apresentam a interessante experiência de hibridismo de valoração no caso do


patrimônio cultural.

*Florissi e Valiati...
FLORISSI, S. E VALIATI, L. Construção de lugares de consumo e práticas culturais.
In: CRIBARI, I. (org). Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana, 2009. p.
72.

Com isso, Florissi e Valiati afirmam que...

...ao caracterizar patrimônio cultural a partir de forma puramente econômica, coloca-se


a questão de valoração em uma perspectiva das formas de capital cultural já dotadas de
valor econômico pela disposição de sacrifício da população em mantê-las e financiá-las.
Dessa forma corre-se o risco de identificar um aumento de bem-estar apenas na produção
de obras de valor econômico já consolidado.

Florissi e Valiati ainda complementam...

De outro modo, se houver vinculação de algum fazer cultural a determinado entorno e a


apropriação do mesmo por uma comunidade – a partir do sentimento de pertencimento,
será possível identificar valor nessa relação, ainda que não necessariamente em
perspectiva de apreciação econômica.

19
MÓDULO 1 Economia da Cultura

Hibridismo e valoração...
Ao analisar o desafio de hibridismo de valoração, Florissi e Valiati concluem que...

...o encontro entre as duas formas de valoração pode ser convertido em um arranjo
ideal entre o uso econômico e a manutenção e constituição de valor cultural, em
um processo de formação de arranjos culturais urbanos que valorizem a cidade
(diminuindo a criminalidade pela ocupação de espaços e acréscimo cultural,
gerando identidade, valorizando formas históricas, conferindo sustentabilidade
cultural e aumentando o bem-estar pelo aumento do patrimônio cultural da
humanidade) e garantam o aumento do produto econômico-social (pela geração
de renda e emprego, estímulo ao turismo cultural e geração de uma indústria
cultural sadia).

O hibridismo de valoração na economia da cultura é um dos grandes desafios dessa


área de atuação.

No entanto, para Tolila...

...as dificuldades atuais são uma oportunidade que se deve aproveitar: durante
muito tempo censurou-se ao setor cultural e às administrações encarregadas de
sua regulamentação seu 'amadorismo econômico, na verdade sua
despreocupação diantedos problemas financeiros ou da organização.

Fonte
Florissi e Valiati: FLORISSI, S. E VALIATI, L. Construção de lugares de consumo e práticas culturais. In: CRIBARI, I. (org).
Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana, 2099. p.74.

Tolila:TOLILA, P. Cultura e economia. São Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2007. p. 19.

Sabemos que as dificuldades atuais constituem um cenário de transição.

O setor cultural vem, gradativamente, se apropriando de técnicas econômicas como forma de


crescimento e sustentabilidade.

Entretanto, permanecem as resistências a uma relação mais aproximada entre as áreas da economia
e da cultura.

Vejamos o que os especialistas da área dizem a respeito...

Tolila...
Nesse contexto, Tolila argumenta...

...pensar hoje a economia do setor cultural não constitui de modo algum uma
derrota dos argumentos humanistas a respeito da cultura que todos conhecemos
e defendemos. Não significa um abandono do terreno na luta pela defesa de um

20
Economia da Cultura MÓDULO 1

desenvolvimento cultural; significa, ao contrário, a ocupação de um terreno


suplementar do qual o setor cultural e seus principais atores há muito desertaram
deixando o campo livre para as pressões negativas.

Dessa forma...

...pensar a economia do setor cultural é uma arma para a cultura. Uma arma de
que o setor cultural deve se apossar para melhorar sua própria visão das coisas,
defender suas escolhas e sua existência, participar de maneira ativa do seu
desenvolvimento futuro.

Fonte
Tolila: TOLILA, P. Cultura e economia. São Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2007. p. 19.

Reis...
Já Reis explica que...

...a economia da cultura é um tema ainda pouco difundido. Sendo assim, é


necessário realizar um trabalho de conscientização, fortemente baseado em
estatísticas e estudos que revelem a representatividade da cultura e, a partir disso,
explicitem a 'transversalidade da cultura' a todas as políticas públicas setoriais. A
articulação de estratégias e ações, envolvendo a parceria entre as diversas esferas
e pastas públicas, o setor privado e a sociedade civil, forma a base de um
'planejamento de longo prazo'...

Fonte
Reis: REIS, A. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole, 2007. p. 327-328.

Durand...
Durand ressalta o papel das fundações americanas no apoio às políticas públicas de
cultura.

Além disso, Durand lembra que existem também várias fundações no Brasil – americanas
ou não – que apoiam a área cultural.

Segundo o autor, constituem instituições relevantes para operar a parceria do governo


na indução de políticas de cultura...
§ ONGs;
§ universidades;
§ associações e redes de produtores culturais;
§ organismos de fomento e cooperação técnica;
§ bancos nacionais, estrangeiros ou internacionais.

Fonte
Durand: DURAND, J. Sugestões para o cultivo e a difusão da economia da cultura no Brasil. In: CRIBARI, I. (org).
Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana, 2009. p.56.

21
MÓDULO 1 Economia da Cultura

Tolila, Reis e Durand defendem que o campo da economia da cultura é fértil para promover o
desenvolvimento sustentável voltado...

...à criação de empregos...

...à geração de renda.

Informações atuais da Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2010...

Pesquisas recentes, realizadas pelo IPEA sobre a geração de emprego no setor cultural, indicam que
esse segmento é um importante componente do mercado de trabalho e possui dinamismo e
potencial ainda não explorado sistematicamente para gerar ainda mais empregos, renda e bens
simbólicos. Considerando apenas o emprego formal, que abrange aqueles com carteira de trabalho
por prazo indeterminado, estatutários, trabalhadores avulsos e por prazo determinado, o estudo
constata que, no período 1994-2002, os segmentos mais dinâmicos são os relacionados às atividades
de comunicação (rádio, televisão e telecomunicações), de lazer e leitura. Com menor participação
aparecem as indústrias fonográficas, de cinema e audiovisual e o setor de espetáculos.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD –, de 2001, indicam que a
informalidade no setor cultural chega a 49%.

Esse dado provavelmente está relacionado aos processos de reestruturação (incluindo terceirização)
das indústrias culturais na década de 1990 (particularmente a indústria fonográfica), mas também
às características próprias de vários segmentos da cultura, que são irredutíveis aos meios de
reprodução ampliada e se organizam de forma colaborativa, voluntária e familiar.

CONFERÊNCIA NACIONAL DE CULTURA. Texto-base da Conferência Nacional de Cultura. 2010.

Se a economia da cultura é apresentada como propulsora do desenvolvimento...

...da mesma forma, um desenvolvimento que se pretenda sustentável deve considerar


a centralidade da cultura e sua relevância per se na formulação de políticas.

Para aprofundar essa questão, vamos estudar a dinâmica das indústrias


culturais e da economia criativa no contexto da sustentabilidade.

Vamos ao próximo módulo!

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

22
Economia da Cultura MÓDULO 2

MÓDULO 2 – DINÂMICA DAS INDÚSTRIAS CULTURAIS E DA ECONOMIA CRIATI-


VA NO CONTEXTO DA SUSTENTABILIDADE

UNIDADE 1 – INDÚSTRIAS CULTURAIS NA ECONOMIA DA CULTURA

Não é possível falar em economia da cultura sem antes contextualizar e questionar o papel das
indústrias culturais...

...no crescimento do mercado cultural...

...na sustentabilidade do mercado cultural.

Por isso, começaremos pela análise da dinâmica das indústrias culturais a


fim de investigar as economias criativas e contextualizar o debate sobre
sustentabilidade.

O termo indústria cultural foi cunhado, em 1947, pelos filósofos marxistas alemães Max Horkheimer
e Theodor Adorno, fundadores da Escola de Frankfurt.

De acordo com o pensamento marxista alemão, a indústria cultural...

...não apenas adapta seus produtos ao consumo das massas, mas, em larga medida,
determina o próprio consumo. Interessada nos homens apenas enquanto
consumidores ou empregados, a indústria cultural reduz a humanidade, em seu
conjunto, assim como cada um de seus elementos, às condições que representam
seus interesses.

A indústria cultural traz em seu bojo todos os elementos característicos do mundo


industrial moderno e nele exerce um papel específico, qual seja, o de portadora da
ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema.

Reis recorda a posição de Octavio Getino sobre as indústrias culturais.

Para Getino, a importância maior das indústrias culturais...

...não pode ser medida por sua dimensão econômica ou pela maior ou menor participação
de capitais nacionais na propriedade do setor (...) mas pelo que elas trazem, ou podem
trazer, à melhoria do espaço público nacional e regional.

Ou seja, a informação, a educação, a cultura e o conhecimento, atendendo às suas necessidades


de desenvolvimento equitativo e democrático.

Essas possíveis contribuições garantem um valor estratégico às indústrias culturais.

Informações interessantes acerca desse valor estratégico podem ser


levantadas para o caso brasileiro. Vejamos a seguir...

23
MÓDULO 2 Economia da Cultura

Segundo Dória,o livro é o segundo produto da indústria gráfica brasileira, representando US$ 1,3
bilhão de vendas em 2003...

No entanto, a pesquisa intitulada Retratos da Leitura no Brasil, publicada em 2008, indica que o
grupo de não leitores*, compreende 77,1 milhões de brasileiros – 45% da população estudada.

*Grupo de não leitores...


Aqueles que não leram nenhum livro nos 3 meses anteriores à pesquisa.

Para Lindoso*...

...a publicação da pesquisa Retratos da leitura no Brasil enseja a reflexão sobre a situação
da indústria editorial e sua responsabilidade na conformação desse flagrante.

*Lindoso...
LINDOSO, F. A cadeia produtiva do livro e a leitura. In: AMORIM, G. (org). Retratos
da Leitura no Brasil. São Paulo: Instituto Pró-Livro, 2008. p. 109.

Responsabilidades que são evidentemente positivas – afinal, o Brasil ainda está entre os dez
maiores produtores de livros do mundo –, mas não podem maquiar as sombras, impasses e
dificuldades para enfrentar os desafios.

Apesar de existirem argumentos contrários e favoráveis às indústrias


culturais, não podemos negligenciar sua importância no mercado cultural e sua
importância para a própria economia da cultura.

Para melhor compreender a dinâmica das indústrias culturais, Tolila apresenta a noção de ramo
de produção...

...ele pode ser representado como uma sequência de operações que se sucedem desde o
tratamento das matérias-primas até a elaboração do produto final.

Similarmente, Prestes Filho entende cadeia produtiva como um conceito


representativo das diversas etapas pelas quais passa um processo produtivo para a
obtenção de um produto, ou produtos, para consumo final.

Na visão de Tolila, a cadeia de produção das indústrias culturais pode ser decomposta, de maneira
simplificada, em cinco fases sucessivas...

Fase 1 – criação...
O início do processo, a fase de criação, de concepção do protótipo. Aparece como
uma etapa preliminar durante a qual um autor elabora um projeto original sem
mobilizar imediatamente recursos financeiros consideráveis.

24
Economia da Cultura MÓDULO 2

Fase 2 – edição e produção...


De um ponto de vista econômico, trata-se da fase-chave das indústrias culturais. Ela
consiste em assegurar a coordenação da fase ‘inicial’com o conjunto das fases seguintes
para fazer a criação de um artista alcançar o ‘status’ de ‘bem cultural’ oferecido (e, se
possível, vendido) num mercado. Essa fase é também aquela em que o risco é máximo
no processo porque ela necessita de fortes investimentos financeiros comparáveis aos
das indústrias tradicionais.

Fase 3 – fabricação...
A fase de fabricação corresponde à materialização de uma ideia criadora num produto
físico passível de reprodução em três grandes séries – impressão de um livro,
prensagem e acondicionamento de um CD musical, de um DVD, serviços técnicos
para o cinema. Essas atividades de fabricação, duplicação industrial, reprodução, são,
na maioria das vezes, atividades subcontratadas administradas pelo editor-produtor
da fase 2.

Fase 4 – distribuição...
A fase de distribuição – também chamada de difusão – em que o produto é colocado
à disposição das redes de vendas. As atividades de distribuição-difusão variam de
acordo com os grandes ramos das indústrias culturais.

Fase 5 – comercialização pública...


Em relação aos setores culturais, encontram-se aqui múltiplas etruturas.

Elas podem ser...


§ varejistas;
§ megalojas especializadas em produtos culturais ou hipermercados;
§ empresas exibidoras de cinema;
§ classificação de sites de vendas on-line.

No contexto da sustentabilidade das indústrias culturais, Miguez explica o quanto o campo da


economia da cultura...

...tem vindo a defrontar-se com a possibilidade de um novo deslocamento por força de


uma novidade que, emergindo do mundo anglófono, já desfruta de visibilidade e
acolhimento por parte de instituições multilaterais e, também, de outros países.

Essa novidade é a chamada economia criativa.

Veremos o que é a economia criativa na próxima unidade.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

25
MÓDULO 2 Economia da Cultura

UNIDADE 2 – ECONOMIA DA CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA

A economia criativa contempla um extenso e recente debate no âmbito da economia da cultura.

Miguez, como forma de simplificação, considera a economia criativa como...

...ampliação do campo da economia da cultura, da mesma forma que a economia da


cultura pode ser vista como uma ampliação do campo da economia da arte – até porque,
no conjunto, a chamada economia criativa reúne setores, práticas e dinâmicas
socioeconômicas que, a rigor, não são estranhas ao campo da economia da cultura.

É nesse contexto que se desdobram as atribuições do que se cunhou como


indústria criativa.

Como lembra Miguez, a indústria criativa ainda tratada como um conceito em evolução,...

...surgiu, a rigor, na Austrália, em 1994, a partir do desenvolvimento pelo governo daquele


país do conceito de ‘Creative Nation’, ideia-base de uma política cultural voltada para a
requalificação do papel do Estado no desenvolvimento cultural do país (...). O conceito
alcançou rapidamente o Reino Unido onde, em 1997, o New Labour, isto é, o novo partido
trabalhista inglês, no seu manifesto pré-eleitoral, identificou as indústrias criativas como
um setor particular da economia e reconheceu a necessidade de políticas públicas
específicas que estimulassem seu já expressivo ritmo de crescimento (...).

Como destaca Reis com base na política britânica, as indústrias criativas foram entendidas como...

...aquelas que têm sua origem na criatividade, habilidade e talento individuais e que têm
potencial para a criação de renda e empregos por meio da geração e exploração da PI –
propriedade intelectual.

Isso inclui a propaganda, arquitetura, mercados de arte e antiguidades,


artesanato, design, moda, filme e vídeo, software de lazer, artes performáticas,
edição, jogos de computador, televisão e rádio.

Desse modo, o debate sobre a relevância dos direitos autorais na economia da cultura é ressaltado
no contexto das indústrias criativas.

Vejamos de que forma isso acontece...

Para a Organização Mundial de Propriedade Intelectual – OMPI –, durante a última década,


registrou-se um interesse crescente em compreender os impactos econômicos e sociais dos
direitos de propriedade intelectual.

26
Economia da Cultura MÓDULO 2

Esse interesse surgiu por parte dos setores público e privado da academia,
de organizações da sociedade civil.

Segundo a OMPI* (2009), a importância do conhecimento e da inovação conferiu um papel de


destaque à propriedade intelectual...

*OMPI...
OMPI. The economics of intelectual property. 2009.

Disponível em
http://www.wipo.int/ip-development/en/economics/pdf/wo_1012_e.pdf.
Acesso em: dezembro. 2010.

Nesse contexto, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI* – revela que...

...numa sociedade em que a tecnologia e as ideias respondem por 80% do crescimento


econômico, a propriedade intelectual assume uma função essencial, mas também
encara uma série de desafios, em temas como Direito Autoral.

*Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI...


Autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior.

INPI. Evento discute os desafios da Propriedade Intelectual no século XXI. 2010a.

Nesse contexto de valorização da propriedade intelectual, o sistema de direitos autorais vem


passando por uma crise.

Tal crise se deve ao fato de milhares de pessoas estarem conectadas por meio da internet.

Como consequência...

...alguns defendem o acesso ao conhecimento...

...outros querem garantir os direitos de seus criadores.

Conforme assegura o INPI...

...o acesso pela Internet a músicas e filmes sem a devida retribuição dos autores é hoje uma das
principais preocupações das indústrias da arte e do entretenimento. (INPI, 2010c).

O debate sobre direitos autorais não deve ser negligenciado no âmbito da economia da cultura.

27
MÓDULO 2 Economia da Cultura

Para se ter noção do tamanho deste mercado, tomando-se o conjunto das atividades de
direitos de autor no Brasil, o total de postos de trabalho por elas gerado, no Brasil, em
2004, representou cerca de 40% das atividades de construção, sabidamente uma das
maiores geradoras de emprego na economia. Em termos de comparação mundial,
estudos apontam que entre 2000 e 2005 o comércio da economia mundial de exportação
de bens e serviços da economia criativa cresceu 9%.

INPI. Em discussão, a economia criativa e os direitos dos autores. 2010c.

Desse modo, as indústrias criativas formam parte de um ciclo mais amplo, o


ciclo da economia criativa.

Reis descreve o ciclo da economia criativa por duas vias...


§ ciclo material ou tangível – segue o fluxo de oferta, mercado e demanda – ou
produção, distribuição e consumo –, regulado pelo mecanismo de preços.
§ ciclo simbólico – promove o fluxo de intangíveis, que imprimem valor a cada
etapa e embasam o ciclo econômico.

A rede de gestores públicos da economia criativa* também entende que a economia criativa
atravessa questões fundamentais no desenvolvimento e sustentabilidade de um país.

*Rede de gestores públicos da economia criativa...


Rede estabelecida sob o escopo do Ministério da Cultura e do Fórum Nacional
de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura.

Nesse sentido, a economia criativa é responsável por...


§ agregar valor às parcelas de criatividade, simbologia, inovação e propriedade
intelectual dos produtos culturais e criativos;
§ traduzir-se em geração de trabalho, renda, oportunidades empreendedoras e
crescimento econômico;
§ creditar, à cultura, o papel de promover desenvolvimento socioeconômico e
regional, por meio de um novo modelo de desenvolvimento mais inclusivo,
solidário e descentrado.

No que se refere à sustentabilidade...

...a economia criativa vem ganhando espaço nas políticas estratégicas de diversos países,
por ser um dos setores que mais cresce e mais emprega no conjunto da economia mundial
nas últimas décadas. Governos de diversos países já têm estratégias construídas entre
setor público e privado no planejamento de longo prazo para o campo. (MINC, 2010d).

No entanto, para que a economia criativa possa se desenvolver ainda mais, o desafio é articular
a construção de políticas integradas para o setor.

28
Economia da Cultura MÓDULO 2

As políticas integradas para o setor de economia criativa devem envolver...


§ os entes federados;
§ os ministérios;
§ as instituições da iniciativa privada;
§ a sociedade civil.

Além disso, tais políticas devem considerar o potencial que a diversidade cultural tem de gerar
desenvolvimento econômico, social e regional.

Nesse contexto, são fundamentais à reflexão sobre a sustentabilidade...

...o debate sobre a ação estratégica do Estado...

...os desafios e as oportunidades que se abrem à governança social.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – SUSTENTABILIDADE NO CONTEXTO DA AÇÃO ESTRATÉGICA DO ESTADO

Para desenhar e implementar alternativas aos gargalos da economia da cultura, é necessário


resgatar a discussão quanto à ação estratégica do Estado.

Segundo Saravia*, na determinação das funções e finalidades estatais, é necessário admitir que
o Estado hoje se legitima por sua efetividade.

*Saravia...
SARAVIA, E. Governança social no Brasil contemporâneo.

Revista Governança Social. Ano 3. 2010.

Em outras palavras, o Estado hoje se legitima por sua capacidade de implementar as políticas
públicas sancionadas pelo poder público.

Podemos afirmar, portanto, que a sociedade pretende que o Estado...

...cumpra os propósitos de justiça e bem-estar social que a população pleiteia e a


Constituição estabelece...

...economize nos meios para atingir esses objetivos...

...respeite e observe as missões previstas para cada órgão ou entidade.

29
MÓDULO 2 Economia da Cultura

Dito na linguagem administrativa mais tradicional, o que se


pretende é que o Estado aja com eficiência, eficácia e efetividade.

Em outras épocas, a legitimidade do Estado decorria de outras fontes, tais como...

...o respeito à dinastia real...

...o fato de a autoridade ser exercida pelos fundadores da nação...

...o reconhecimento do Estado como o representante das tradições históricas e do


patrimônio nacional.

Em outros contextos contemporâneos, a legitimidade do Estado – mesmo que discutida...

...provém do papel desempenhado pelo grupo governante na independência ou na


consolidação do país, da aprovação dos que interpretam os livros sagrados.

No Brasil de hoje, o Estado só será considerado bom se satisfizer as necessidades legítimas da


população.

Tais necessidades devem ser satisfeitas conforme o que a Constituição e as leis determinam.

Desse modo, o Estado deve garantir os meios para que a população exerça plenamente sua
cidadania.

Devemos lembrar que as manifestações culturais estão fortemente


contempladas no exercício da cidadania!

Na preservação da identidade cultural de uma nação em vias de desenvolvimento, alguns fatores


produzem enormes desafios para a ação do Estado...

...a dinâmica acelerada da vida social...

...os avanços tecnológicos...

...a internacionalização da política e da economia...

...a pressão exercida pela população para obter melhores condições de vida e de
participação política...

...a necessidade de uma autoridade que oriente, coordene e controle.

30
Economia da Cultura MÓDULO 2

Além dos desafios atuais envolvidos na preservação da identidade cultural, o investimento


cultural comprometido com o desenvolvimento sustentável envolve...
§ proteção ambiental;
§ melhoria de qualidade de vida;
§ respeito aos direitos humanos;
§ consolidação da cidadania;
§ garantia de acesso ao consumo de bens e serviços.

A gestão e o monitoramento adequados dessas ações protegem a inserção dos bens patrimoniais
no mercado, atentos aos impactos na natureza e nas relações humanas futuras.

SESI. Tecnologia SESI Cultura e as leis de incentivo. Brasília: SESI/DN, 2007c. p. 24.

Tendo em vista essa complexidade, uma alternativa de ação estratégica do Estado se mostrou
relevante e necessária...

...a governança social!

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – GOVERNANÇA SOCIAL COMO ALTERNATIVA NO CONTEXTO DA


SUSTENTABILIDADE

Para Saravia, na linguagem político-administrativa atual, dois conceitos ganharam hegemonia no


intuito de significar os propósitos e as necessidades de reforma...

Governança...
Conjunto de instrumentos técnicos de gestão que asseguram a eficiência da ação
pública, o que conduz à necessidade de reformular a administração mediante a
elaboração de novas ferramentas gerenciais, jurídicas, financeiras e técnicas.

Governabilidade...
Necessidade de dotar de condições adequadas o ambiente político em que se efetiam
as ações da administração. Isso requer legitimidade dos governos, credibilidade e
imagem pública dos governantes e dos servidores públicos e redefinição das funções
do Estado, do seu padrão de intervenção econômica e social, de suas relações com a
sociedade civil e o mercado e entre os poderes executivo, legislativo e judiciário.

Sabemos que a implementação efetiva dos modelos administrativos decorrentes dos conceitos
de governança e governabilidade envolve inúmeras ações e projetos.

31
MÓDULO 2 Economia da Cultura

Não iremos descrever tais modelos administrativos.

Entretanto, sabemos que esses modelos devem levar em consideração...

Necessidade de técnicas e instrumentos...


...a necessidade de técnicas e instrumentos que permitam agir face à frequência, à
rapidez e à imprevisibilidade das transformações do contexto cultural, social, político,
econômico e tecnológico...

Qualidade...
...a exigência cada vez maior de qualidade dos serviços e das atividades públicas...

Assimilação de tecnologias...
...a conveniência de assimilar todas as tecnologias de informação e comunicação que
propiciam formas mais ágeis e eficientes de interação entre o Estado e a sociedade...

Descentralização política e econômica....


...as urgências de uma descentralização política e econômica que dote de poder
decisório os diversos níveis de governo, e que leve a um fortalecimento das instâncias
municipais...

Sistemas regulatórios...
...a melhora dos sistemas regulatórios de modo a permitir a cooperação do setor
privado na prestação dos serviços e das atividades públicas, assegurando ao mesmo
tempo, a defesa dos direitos do cidadão e seu acesso universal a esses serviços...

Mútua cooperação...
...a possibilidade de abrir espaços de mútua cooperação entre o Estado e as empresas
por meio de parcerias permanentes entre ambos os setores...

Formas de acesso...
...a conveniência de estabelecer formas de acesso dos cidadãos à decisão, à
implementação e ao controle da atividade pública, assegurando a participação e a
transparência...

Novas formas de organização...


...a incorporação de novas formas de orgainzação do setor público e do terceiro
setor para permitir uma fértil cooperação entre o Estado e as organizações da
sociedade civil.

A gerência social deve ser entendida em duas dimensões, as organizações


do terceiro setor em sua relação com o Estado, as empresas e a cidadania e a
participação social na gestão pública.

32
Economia da Cultura MÓDULO 2

Entendemos a gestão social, na definição de Tenório*, como...

...um conjunto de processos sociais no qual a ação gerencial se desenvolve por meio de
uma ação negociada entre seus atores, perdendo seu caráter burocrático em função da
relação direta entre processo administrativo e a múltipla participação social e política.

*Tenório...
TENÓRIO, Fernando G.. Gestão Social: uma perspectiva conceitual. Revista de
Administração Pública. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, Vol. 32, nº5,
set./out. 1988, p. 07-23.

Tenório entende a gestão social como...

...o processo gerencial decisório deliberativo que procura atender às necessidades de


uma sociedade, uma região, um território ou um sistema social específico.

Para a implementação de uma adequada gerência social, parece imprescindível...

...um enorme esforço de formação, capacitação e treinamento do pessoal do terceiro


setor...

...o estabelecimento de mecanismos institucionalizados de assessoramento,


explicação, negociação, mediação e fomento das parcerias.

Junto com os modelos, os conteúdos e as técnicas de formação...

...é aconselhável contar com um sistema* que preveja permanente assessoramento


às organizações de todo tipo que integram o terceiro setor.

*Sistema...
Uma organização semelhante ao Balcão SEBRAE, destinada às organizações
do terceiro setor.

Talvez isso permita elaborar e implementar políticas sociais, econômicas e culturais que consigam
eliminar os mecanismos de...

...concentração da renda...

...crescente desequilíbrio regional...

...injustiça e falta de equidade.

Tais mecanismos castigaram os brasileiros ao longo de toda a história do país.

33
MÓDULO 2 Economia da Cultura

Os desdobramentos do debate sobre sustentabilidade na área da cultura são complexos.

No próximo módulo, iremos estudar os dados do setor cultural no Brasil e no mundo


contextualizados com as posições ideológicas associadas a esses dados.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

34
Economia da Cultura MÓDULO 3

MÓDULO 3 – PANORAMA DA ECONOMIA DA CULTURA NO MUNDO E NO BRASIL


– POSICIONAMENTOS POLÍTICOS E DESDOBRAMENTOS PRÁTICOS

Já estudamos os conceitos e as abordagens fundamentais da economia da cultura, bem como o


debate sobre sustentabilidade.

Agora iremos traçar um panorama da atualidade da economia da cultura e de suas práticas no


mundo e no Brasil.

UNIDADE 1 – PANORAMA INTERNACIONAL

No contexto histórico da economia da cultura, vejamos o que nos dizem os especialistas...

Porta...

A produção, a circulação e o consumo de bens e serviços culturais começaram a ser


percebidos como um segmento de peso na economia das nações já no pós-guerra. Mas
foi apenas na década de 1970 que se aprofundou o interesse pelo setor e a Economia da
Cultura passou a mobilizar pesquisadores em algumas universidades.

PORTA, P. Economia da Cultura: Um Setor Estratégico para o País. 2010.

Tolila...

Desde o começo dos anos 1970 o mundo conheceu uma série de convulsões econômicas
ilustrada pelo desemprego em massa jamais resolvido, ondas de recessão, repetidas crises
financeiras, instabilidades monetárias e crônicas. São raros os países que conseguiram
ser poupados desses acessos de fraqueza e no próprio continente latino-americano é
extensa a lista dos países que, do México à Argentina, passando pelo Brasil, viram seus
processos de desenvolvimento freados e até brutalmente interrompidos durante esse
período.

TOLILA, P. Cultura e economia. São Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2007. p. 18.

Tolila aponta ainda que, depois de permanecer fora dos cálculos...

...a economia do setor cultural não só se posta no centro dos debates nacionais por todas
as partes do mundo, mas é também objeto de ríspidas negociações internacionais, como
tão bem ilustram tanto os embates na Organização Mundial de Comércio – OMC –, como
as lutas pelo reconhecimento da Diversidade Cultural cujo teatro foie continuará sendo
a Unesco. A dimensão econômica do setor cultural se sobressai cada vez mais e
fortaleceram-se os debates apaixonados - e apaixonantes – que a tomam por objeto.

35
MÓDULO 3 Economia da Cultura

Segundo Porta*, a economia da cultura ganhou espaço nos órgãos internacionais de cooperação
na década de 1990.

*Porta...
PORTA, P. Economia da Cultura: Um Setor Estratégico para o País. 2010.
Disponível em: http://www.cultura.gov.br/site/2008/04/01/economia-da-
cultura-um setor-estrategico-para-o-pais. Acesso em: agosto. 2010.

Com isso, a economia começou a ser entendida como um vetor de desenvolvimento.

Progressivamente, questões relacionadas à economia da cultura passaram a ser incluídas no


escopo de ação de órgãos como...
§ BID;
§ PNUD;
§ OEA;
§ Unesco.

Para melhor compreender a relevância do posicionamento internacional, Sousa e Silva e De


Oliveira retomam o conceito de cultura da Unesco*.

*Conceito de cultura da Unesco...


As políticas nacionais são fundamentadas no conceito de cultura da Unesco.

Segundo Sousa e Silva e De Oliveira*...

...na conferência mundial sobre as políticas culturais (Mondiacult), realizada em 1982 no


México, considerou-se a necessidade de uma definição mais abrangente para a cultura.
O resultado foi o documento Recomendação da Década Mundial do Desenvolvimento
Cultural, que resgata a visão antropológica e conceitua a cultura como conjunto de
características espirituais e materiais, intelectuais e emocionais que definem um grupo
social, englobando os modos de vida, os direitos fundamentais da pessoa, os sistemas de
valores, as tradições e as crenças.

*Sousa e Silva e De Oliveira...


SOUSA E SILVA. L; DE OLIVEIRA, L. Emprego cultural no Brasil: impressões com
base em uma leitura comparativa. Revista Observatório Itaú Cultural. n. 3. 2007.
p. 87.

Porta aponta o dinamismo da economia da cultura, especialmente no contexto da economia


criativa.

Além disso, Porta aborda um conjunto de características relativas à economia da


cultura.

36
Economia da Cultura MÓDULO 3

Tais características conferem à economia da cultura, progressivamente, um status de setor


estratégico para modernização e desenvolvimento.

Vejamos que características são essas...

Segundo Porta, são características da economia da cultura...

Produtos com ALTO valor agregado...


...a geração de produtos com alto valor agregado, cujo valor de venda é em grande
medida arbitrável pelo criador...

Alta empregabilidade...
...a alta empregabilidade e a diversidade de empregos gerados em todos os níveis, com
remuneração acima da média dos demais...

Impacto ambiental...
...o baixo impacto ambiental...

Impacto sobre outros segmentos da economia...


...seu impacto positivo sobre outros segmentos da economia, como no caso da relação
direta entre a produção cultural e a produção e venda de aparelhos eletrônicos (tv, som,
computadores etc.) que dependem da veiculação de conteúdo...

Externalidades sociais e políticas...


...suas externalidades sociais e políticas são robustas. Os bens e serviços culturais carregam
informação, universos simbólicos, modos de vida e identidade; portanto, seu consumo
tem um efeito que abrange entretenimento, informação, educação e comportamento.
Desse modo, a exportação de bens e serviços culturais tem impacto na imagem do país
e na sua inserção internacional...

Desenvolvimento econômico...
...o fato de o desenvolvimento econômico desse setor estar fortemente vinculado ao
desenvolvimento social, seja pelo seu potencial altamente inclusivo, seja pelo seu
desenvolvimento humano inerente à produção e à fruição de cultura...

Inserção soberana e qualificada...


...o potencial de promover a inserção soberana e qualificada dos países no processo de
globalização...

A relevância da economia da cultura deve ser demonstrada em termos práticos.

De acordo com Porta, o setor cultural tem crescido a uma taxa de 6,3% ao ano...

...enquanto o conjunto da economia cresce a 5,7%.

37
MÓDULO 3 Economia da Cultura

Dessa forma, o setor cultural tem registrado o maior dinamismo na economia mundial.

Porta sustenta que o potencial de crescimento do setor cultural é bastante


elástico.

Isso acontece porque o setor cultural depende pouco de recursos esgotáveis...

...já que seu insumo básico é a criação artística ou intelectual e a inovação.

Segundo o Ministério da Cultura*...

...de acordo com levantamento da PricewaterhouseCoopers, o peso econômico do


setor cultural no mundo passará de US$1,3 trilhão, em 2005, para US$1,8 trilhão, em
2010, com uma taxa de crescimento de 6,6% ao ano, acima da média da economia
mundial.

*Ministério da Cultura...
MinC. Cultura em três dimensões. Brasília: MinC, 2010a.

Devido à crescente importância do setor cultural, autores explicitam a necessidade de pesquisas


acuradas que acompanhem e analisem o crescimento da economia da cultura.

Para Sousa e Silva e De Oliveira...

...o desenvolvimento de pesquisas com vistas à produção de informações efetivas


sobre o setor cultural, com critérios objetivos, mais do que necessário, faz-se urgente.
Sem essas informações, a formulação de políticas para o setor cultural é feita sem um
conhecimento real, dificultando o desenho de prioridades, a criação de estratégias e
a avaliação do impacto do setor em diferentes áreas.

A transposição do cenário internacional para a realidade brasileira será explicitada na próxima


unidade.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

38
Economia da Cultura MÓDULO 3

UNIDADE 2 – PANORAMA NACIONAL – POSICIONAMENTOS POLÍTICOS

O panorama nacional da economia da cultura apresenta gargalos e potencialidades semelhantes


aos parâmetros internacionais.

Para Dória...

...quando olhamos especificamente para o Brasil, vemos que até meados dos anos 1980,
as atividades públicas voltadas para a cultura estavam subsumidas no sistema
educacional e, até hoje, o sistema cultural se ressente desta herança...

Segundo Durand, começou-se a falar mais sobre a economia da cultura no Brasil na década de
1990.

Naquele momento, relata Durand*...

...o conceito foi usado por um bom tempo, inadvertidamente, de forma restrita e
equivocada. Restrita porque, tendo aparecido como que a reboque do relançamento da
lei federal de incentivo fiscal à cultura pelo ministro Rouanet, em 1991, costumava ser
reduzida a tema de debate e especulação acerca dos montantes de captação e de seu
impacto na viabilização de projetos e no marketing das empresas. E isso quando não se
limitava ao puro e simples bê á bá de seu manejo por parte de artistas, produtores e
patrocinadores. Equivocada porque se imaginava de um modo um tanto fantasista que,
calculando o PNB da cultura, iriam aparecer números tão impressionantes que o interesse
empresarial por investir na área despontaria, instantâneo e vigoroso.

*Durand...
DURAND, J. Sugestões para o cultivo e a difusão da economia da cultura no
Brasil. In: CRIBARI, I. (org). Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana,
2009. p. 43.

No entanto, foi a partir da gestão do Ministro Gilberto Gil que as políticas do MinC partiram de
uma visão da cultura em três dimensões...
§ simbólica;
§ cidadã;
§ econômica.

As três dimensões sobrepostas constituíram o eixo norteador da cultura.

É importante lembrar que a economia da cultura se inscreve na dimensão econômica da cultura.

Segundo o MinC, é na dimensão econômica que a cultura se torna importante fonte geradora de
trabalho e renda, que tem muito a contribuir para o crescimento da economia brasileira.

39
MÓDULO 3 Economia da Cultura

O entendimento do MinC sobre economia da cultura se desdobra em paralelo.

Desse modo...

...a Economia da Cultura, ao lado da Economia do Conhecimento (ou da Informação),


integra o que se convencionou chamar de Economia Nova, dado que seu modo de
produção e de circulação de bens e serviços é altamente impactado pelas novas
tecnologias, é baseado em criação e não se amolda aos paradigmas da economia
industrial clássica. O modelo da Economia da Cultura tende a ter a inovação e a
adaptação às mudanças como aspectos a considerar em primeiro plano. Nesses setores
a capacidade criativa tem mais peso que o porte do capital.

Considerando a relevância da economia da cultura e a dimensão econômica a ela associada,


Dória reconhece a necessidade de desenvolver um programa de acompanhamento setorial.

Além disso, Dória ressalta a necessidade de...

...integrar a Comissão Nacional de Classificação do IBGE – CONCLA –, onde se dá a


sistematização dos conceitos e a classificação das estatísticas nacionais, propiciando
a integração da cultura com outros componentes do sistema estatístico nacional e
internacional.

De fato, o setor cultural no Brasil ainda carece de dados disponíveis de forma que seja possível...

...traçar um panorama da área...

...formular políticas públicas embasadas em estatísticas mais minuciosas sobre o setor


cultural.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – PANORAMA NACIONAL – DADOS DO SETOR CULTURAL

De acordo com o MinC...

...o reconhecimento da cultura como eixo de desenvolvimento da economia é um


dos pressupostos da gestão iniciada em 2003. Além de sua importância simbólica e
social, o setor gera renda e emprego e seu estímulo se multiplica em outras partes da
economia criativa.

40
Economia da Cultura MÓDULO 3

Além disso, o ministério assume que, no Brasil...

...esse ramo da economia tem evidente potencial de crescimento, dadas a diversidade da


cultura nacional, a multissetorialidade e multidisciplinaridade da área. A partir de 2004,
o MinC iniciou suas pesquisas na área de economia da cultura. A primeira iniciativa foram
as parcerias com institutos como o IBGE e o IPEA. O objetivo era suprir a ausência de
informações e indicadores sobre os diversos aspectos da cultura brasileira.

Em 2009, o Ministério da Cultura criou a Coordenação Geral de Economia da Cultura e Estudos


Culturais – CGEC.

Além de levantar dados, informações e indicadores, o departamento pensa também em políticas


estruturadoras para a economia da cultura.

Essas políticas devem ter sua atuação articulada com...


§ secretarias de Estado e Município;
§ outros ministérios;
§ empresas públicas;
§ bancos;
§ fóruns de gestores da cultura.

A Pesquisa de Informações Básicas Municipais – MUNIC –, publicada pelo IBGE, apresenta dados
de 2009 sobre a dimensão da cultura nos municípios brasileiros.

Segundo o IBGE...

Esta fonte – a pesquisa de informações básicas municipais – , ao longo dos últimos


dez anos, tem contribuído para suprir a lacuna existente na produção de informações
relativas ao tema cultura.

Acesse, no ambiente on-line, mais informações apresentadas na pesquisa.

A importância da coleta de dados para o setor cultural pode ser resumida na posição de Dória...

...no conjunto, faz-se necessário desenhar um arcabouço de pesquisa e análise que


contitua a base da economia da cultura, avançando através de modernas técnicas de
levantamento, se quisermos fazer dos números o fundamento de uma nova geração de
insights sobre a cultura.

Dória afirma que o desenvolvimento dos trabalhos com base em pesquisa e análise pressupõe
iniciativas em pelo menos duas vertentes...

Vertente 1...
Conceituação e desenho do campo de investigação denominado economia da cultura,
definindo a sistemática de coleta de informações e desenvolvimento de sistema de
indicadores de acompanhamento, promovendo, inclusive, as estimativas de valores
envolvidos nos grandes segmentos que compõem essa atividade.

41
MÓDULO 3 Economia da Cultura

Vertente 2...
Levantamentos de campo, como foco em registros administrativos, com formato
diverso em relação às contas públicas, de modo a se traçar um panorama amplo dos
dispêndios com cultura originados no setor público – Municipal, Estadual e União –,
incluindo, além dos gastos diretos, aqueles provenientes de incentivos.

Sob essa perspectiva, a próxima unidade apresenta as ações concretas do MinC para o
desenvolvimento da economia da cultura.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – PANORAMA NACIONAL – ATUAÇÕES CONCRETAS DO MINISTÉRIO DA


CULTURA

A cultura como economia apresenta características que exigem ações diferenciadas para
promover seu desenvolvimento.

Por essa razão, a cultura como economia é um dos eixos prioritários da ação do MinC.

Em 2006, foi criado o Programa de Desenvolvimento da Economia da Cultura – Prodec.

No âmbito do Prodec, a economia da cultura abrange todos os setores* que envolvem...

*setores...
Os setores que a economia da cultura abrange no âmbito do Prodec são...
§ todos os segmentos artísticos – música, audiovisual, artes cênicas,
artes visuais;
§ telecomunicações e radiodifusão – conteúdo;
§ editorial – livros e revistas;
§ arte popular e artesanato;
§ festas populares;
§ patrimônio histórico material e imaterial – suas formas de utilização
e difusa.
§ software de lazer;
§ design;
§ moda;
§ arquitetura;
§ propaganda – criação.

...criação artística ou intelectual, individual ou coletiva...

...produtos e serviços ligados à fruição e à difusão de cultura.

42
Economia da Cultura MÓDULO 3

Museus, patrimônio histórico, salas de espetáculo, turismo cultural e outros,


são exemplos desses produtos e serviços.

São considerados os polos mais dinâmicos da economia da cultura no Brasil...

...a música – produtos e espetáculos...

...o audiovisual – em especial conteúdo de TV, animação, conteúdo de internet e


jogos eletrônicos...

...as festas e expressões populares – em que se destacam o Carnaval, o São João, a


capoeira e o artesanato.

Com a criação da Secretaria da Economia Criativa em 2011, o Prodec está em fase de reformulação.

O objetivo da reformulação é adequar o Prodec às políticas públicas.

Por sua vez, as políticas públicas passam a ser elaboradas em uma perspectiva mais ampla...

...a da economia criativa.

A economia criativa envolve setores além daqueles contemplados pela economia da cultura.

A economia criativa envolve os setores criativos.

Dentre os setores criativos, estão...

...as manifestações tradicionais – festas, festejos, celebrações, artesanato...

...as artes performáticas – música, dança, teatro, ópera, circo...

...as artes visuais – pintura, escultura, fotografia...

...o audiovisual – cinema, video, TV e rádio...

...editorias e mídias impressas – livros, jornais, revistas...

...as criações funcionais*.

*Criações funcionais...
São algumas das criações funcionais...
§ as novas mídias – internet, softwares para a indústria de conteúdo,
games eletrônicos...;
§ o design – de moda, de joias, gráfico, de brinquedos, de móveis...;
§ a arquitetura;
§ a publicidade;
§ a realização cultural.

43
MÓDULO 3 Economia da Cultura

Nos últimos anos, o Ministério da Cultura vem dialogando e estabelecendo parcerias com órgãos
federais de fomento e pesquisa.

Esses diálogos têm como finalidade a inclusão de ações voltadas para a economia da cultura em
seu escopo de trabalho.

No caso dos bancos, há um trabalho importante de adaptação de mecanismos de fomento às


características de um setor que tem como base ativos intangíveis.

A base em ativos intangíveis costuma ser uma barreira...

...principalmente no tocante às garantias para uso de instrumentos diferenciados de


crédito.

Vejamos os resultados de parcerias estabelecidas entre o MinC e alguns bancos...

BNDES...
Foram desenvolvidas linhas especiais de crédito para a instalação de...

...salas de cinema...

...programas editoriais...

...produção de conteúdo audiovisual – uma linha para a música já está em


estudo.

Banco do Nordeste...
O MinC trabalhou na adaptação das linhas de microcrédito para a realidade do setor.

Esse trabalho de adaptação resultou em uma mudança significativa com relação às


garantias.

Banco da Amazônia...
As ações seguem na mesma linha das dos outros bancos.

O convênio firmado com o IBGE, em 2004, prevê...

...coleta sistemática de dados sobre a cultura...

...a construção de indicadores.

Além disso, o convênio deve culminar no estabelecimento do PIB da cultura.

44
Economia da Cultura MÓDULO 3

Com o SEBRAE, foi estabelecida uma parceria na elaboração de seu termo de referência para
orientar as ações voltadas à cultura.

Com isso, deve-se avançar na formulação de programas de capacitação para atender


às necessidades das empresas do setor cultural.

O IPEA também tem sido parceiro no encaminhamento de pesquisas.

Na área de cooperação internacional, foram estabelecidos convênios para...

...troca de experiências e ações de reciprocidade com os centros de Buenos Aires e


Barcelona.

Além disso, foi estabelecida uma parceria com o BID para a contratação de...

...pesquisas de cadeia produtiva...

...consultorias especializadas.

A execução das ações no âmbito do Prodec pressupõe parcerias institucionais com...

...órgãos internacionais...

...associações setoriais...

...órgãos governamentais – federais, estaduais e municipais...

...outras organizações com reconhecida capacidade de atuar diretamente junto aos


empreendedores do setor.

Alguns estados brasileiros já começam a planejar ações de fomento à economia da cultura.

Essas ações que já começaram a ser planejadas referem-se,


principalmente, à coleta de informação e à capacitação.

O Prodec está estruturado em 4 eixos de ação...

Coleta e produção de informação...


Visa dar suporte à formulação e à implantação de mecanismos de fomento aos diversos
segmentos da economia da cultura.

Envolve diagnósticos, construção de indicadores, coleta e sistematização de dados,


estudos e pesquisas.

45
MÓDULO 3 Economia da Cultura

Capacitação...
Capacitação de empreendedores, cooperativas e empresas...

Visa promover a qualificação e a atualização de profissionais, cooperativas e empresas


do setor cultural que tenham foco em...
§ gestão empresarial;
§ novos modelos de negócio;
§ gestão de propriedade intelectual;
§ inovação e exportação.

Com isso, qualificar e ampliar a inserção dos profissionais, das cooperativas e das
empresas no mercado interno e externo.

Capacitação de técnicos de nível médio...

Visa estimular a formação de profissionais especializados, de acordo com a


identificação de demandas dos segmentos da cultura.

Promoção de negócios...
Visa promover...

...a ampliação do volume de negócios dos diversos setores...

...o aumento das exportações...

...o barateamento de produtos e serviços, ampliando o consumo e o acesso.

Envolve o apoio a feiras de negócios setoriais*, exportação, logística de distribuição


de bens e serviços, atualização tecnológica e de infraestrutura e outros.

*Feiras de negócios setoriais...


As feiras de negócios setoriais são as mostras que se destinam a fomentar
negócios e expor as inovações do setor.

Formulação de produtos financeiros...


Visa dar suporte às instituições financeiras e às instituições de fomento na formulação
de produtos adequados às necessidades dos segmentos da economia da cultura.

Após termos apresentado o papel do Prodec no desenvolvimento da economia da cultura no


país, estudaremos, no módulo 4, o financiamento da cultura.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

46
Economia da Cultura MÓDULO 4

MÓDULO 4 – FINANCIAMENTO DA CULTURA

Nas unidades anteriores, vimos os principais conceitos e as práticas que permeiam a economia
da cultura.

Baracho e Raddi* lembram que, na área da pesquisa em Economia da Cultura, podemos considerar
que a cultura é...

...o bem maior da cidadania...

...um dos aspectos fundamentais para o desenvolvimento de um povo de determinada


região...

...o espaço de inclusão no qual o ser humano melhor se expressa e se realiza para se
tornar sujeito de seu próprio fazer histórico...

*Baracho e Raddi...
BARACHO, M. E RADDI, R. Pesquisa e economia: o incentivo fiscal à cultura no
Brasil. In: CRIBARI, I. (org). Economia da Cultura. Recife: Editora Massangana,
2009. p. 263.

UNIDADE 1 – DESAFIO DE VIABILIZAR RECURSOS PARA PROJETOS CULTURAIS

Respeitada a relevância da cultura para a construção da identidade e da cidadania...

...a economia da cultura trata do fomento à cultura a fim de tornar suas iniciativas
sustentáveis a longo prazo.

Desse modo, se fomentar a cultura compreende também financiar a cultura...

...Reis atenta para os desafios específicos do setor.

Vejamos quais são esses desafios...

Para Reis, a criação de linhas de créditos específicos ao setor criativo somente resolverá o
problema de financiamento às empresas se houver divulgação.

Nesse contexto, Reis relata o exemplo do Department for Culture, Media and Sports –
DCMS – do Reino Unido.

O DCMS criou o chamado mapa do financiamento*.

*Mapa do financiamento...
O mapa de financiamento é disponibilizado em um site e atualizado
periodicamente.

47
MÓDULO 4 Economia da Cultura

No caso brasileiro, Reis trata da situação da divulgação do financiamento à cultura.

Para isso, a autora propõe a criação de um portal que explique as oportunidades de financiamento
oferecidas por...
§ órgãos,
§ agências;
§ ministérios e secretarias governamentais;
§ bancos de desenvolvimento;
§ instituições financeiras;
§ instituições comerciais;
§ instituições de investimento privado com ou sem fins lucrativos.

A criação do portal se justifica pelo fato de que as fontes de financiamento da cultura...

...não são necessariamente óbvias...

...não se restringem à ação do Estado.

Isto é, as fontes de financiamento da cultura envolvem atores tanto do poder público como da
iniciativa privada.

Para Baracho e Raddi...

...ao Estado cabe atuar como indutor e regulador das iniciativas culturais e não apenas
como patrocinador ou executor de projetos de difícil trânsito no marketing cultural
mediante a utilização de fundos públicos. A atuação do Estado deve abrir espaços à
cultura, uma conquista cidadã e um direito de todos.

Um caso emblemático reconhecido pelo MinC é a Feira Música Brasil 2009*.

*Feira Música Brasil 2009...


O evento aconteceu entre 9 e 13 de dezembro em Recife – PE. Os shows
contaram com 35 artistas, entre novos nomes da cena brasileira e outros
músicos consagrados.

Nos cinco dias de evento, um público de 250 mil pessoas se reuniu para
assistir às atrações que se apresentaram no palco principal e também no
circuito off Feira, que aconteceu em diversos pontos de Recife e de Olinda.

Foram mais de mil rodadas de negócios com 322 empresas da cadeia produtiva
da música. No total, o evento levou 550 convidados a Recife para se apresentar,
debater e fazer negócios.

A FMB 2009 também contou com a participação do então ministro da Cultura


Juca Ferreira, que anunciou a criação do Fundo Setorial da Música em sua
participação na feira e ainda adiantou a criação do memorial Luiz Gonzaga, em
Pernambuco, e de Dorival Caymmi, na Bahia.

48
Economia da Cultura MÓDULO 4

Com um investimento de R$ 4,8 milhões, a Feira Música Brasil foi organizada...

...pela Secretaria de Políticas Culturais/MinC...

...pela Funarte/MinC...

...pela Secretaria de Cultura da Cidade de Recife...

...pela FUNDARPE/PE.

O evento contou com patrocínio da Petrobras e do BNDES...

...e apoio do Sebrae.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 2 – CONTEXTO HISTÓRICO DO FINANCIAMENTO NO BRASIL

Para melhor compreender o financiamento para a área cultural no Brasil, vamos olhar um pouco
para o passado...

Segundo Reis, a criação de algumas instituições culturais decisivas para a vida cultural do país*
representou um primeiro movimento de acesso e consumo culturais.

*Instituições culturais decisivas para a vida cultural do país...


Tais como a Biblioteca Nacional e os teatros das grandes capitais do século XIX.

Entretanto, esse movimento não pode ser considerado ainda como política cultural
pública.

Durante a primeira metade do século XX, surgem os primeiros mecenas*...

*Primeiros mecenas...
Podemos citar como exemplo Freitas Valle, Ciccillo Matarazzo e Assis
Chateaubriand.

Tais mecenas foram personagens fundamentais para a criação de instituições culturais de


envergadura, como...

...a Pinacoteca do Estado de São Paulo...

49
MÓDULO 4 Economia da Cultura

...o Museu de Arte Moderna – e, posteriormente, o Museu de Arte Contemporânea...

...o Museu de Arte de São Paulo.

No entanto, esse período de efervescência foi bruscamente interrompido pelo golpe militar.

Entre 1964 e 1986 – época dos governos militares –, a cultura brasileira oficial foi enquadrada
nos ditames do governo imposto.

Com isso, a democracia abriu novo portal à associação entre os setores cultural e
corporativo.

Leia, no ambiente on-line, a publicação do SESI sobre o tema.

Em 1990, o governo Collor revogou a Lei Sarney...

...além de transformar o Ministério da Cultura em Secretaria da Cultura da Presidência


da República.

Reis verifica que o mundo corporativo foi profundamente alterado com a abertura do mercado
brasileiro no início dos anos 1990.

Desse modo, as empresas nacionais e as empresas estrangeiras tiveram de adaptar ao novo


contexto concorrencial...

...seus produtos, seus serviços e sua orientação mercadológica.

A alternativa encontrada para enfrentar a crise gerada no setor cultural foi criar mecanismos de
incentivo fiscal.

Vamos acompanhar a criação de alguns desses mecanismos...

Lei Mendonça...
A Lei Mendonça – Lei 10.923/90 – do município de São Paulo foi regulamentada em
1991.

Após a Lei Mendonça, surgiram leis municipais em diversas capitais brasileiras e


outras cidades, bem como leis estaduais de incentivo à cultura, as quais definem
como instrumento de incentivo fiscal um percentual do Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços (ICMS). Entretanto, em ambos os níveis, o processo de
implantação das leis tem sido lento e, muitas vezes, seus resultados não
correspondem às expectativas e demandas dos artistas e produtores culturais.

SESI. Estudos das leis de incentivo à cultura. 2007a. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/
site/wp-content/uploads/2007/11/sesivol_04.pdf>. Acesso em: janeiro. 2011.

50
Economia da Cultura MÓDULO 4

Lei Rouanet...
Em substituição à Lei Sarney e em resposta às pressões dos setores artísticos, o governo
Collor acabou por admitir retomar o financiamento da cultura, sancionando a Lei no
8.313/91, mais conhecida como Lei Rouanet. Esta lei introduziu a aprovação prévia de
projetos por parte de uma comissão formada por representantes do governo e de
entidades culturais. Criou um conjunto de ações na área federal, chamado de Programa
Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), que recuperou e ampliou alguns mecanismos da
Lei Sarney, ao estabelecer os seguintes instrumentos de fomento a projetos culturais:
Fundo Nacional da Cultura (FNC), Fundos de Investimento Cultural e Artístico (Ficart) e
Incentivo a Projetos Culturais (Mecenato).

SESI. Estudos das leis de incentivo à cultura. 2007a. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/
site/wp-content/uploads/2007/11/sesivol_04.pdf>. Acesso em: janeiro. 2011.

Reforma da Lei Rouanet...


Com efeito...

...aliado ao desconhecimento e ao preconceito dos empresários em relação à lei,


as novas regras não conseguiram mobilizar parcela significativa dos recursos
postos à disposição pela renúncia fiscal pelo governo federal entre 1992 e 1994.
Nesse contexto desfavorável ao financiamento dos projetos e atividades culturais
em parceria com a iniciativa privada, no início de 1995, procedeu- se à reforma da
Lei Rouanet como ação prioritária do Ministério da Cultura.

SESI. Estudos das leis de incentivo à cultura. 2007a. Disponível em: <http://
www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2007/11/sesivol_04.pdf>. Acesso em:
janeiro. 2011.

Lei do Audiovisual...
Uma outra lei de incentivo à cultura em nível federal é a Lei do Audiovisual (Lei no 8.685),
sancionada no governo do presidente Itamar Franco, em 20 de julho de 1993, que foi a
grande responsável pelo incremento verificado no financiamento ao cinema e no número
de filmes produzidos e em processo de produção nos últimos anos.

SESI. Estudos das leis de incentivo à cultura. 2007a. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/
site/wp-content/uploads/2007/11/sesivol_04.pdf>. Acesso em: janeiro. 2011.

51
MÓDULO 4 Economia da Cultura

Medida Provisória nº 1.589/97...


Finalmente...

...para estimular o fomento de áreas culturais específicas, dando-lhes condições


de maior competitividade no mercado de captação de recursos, a Medida
Provisória no 1.589/97 estabeleceu o abatimento de 100% do valor aplicado do
imposto devido, desde que não ultrapasse os 4% do valor de IR devido, para
investimento em determinados setores contemplados pela Lei Rouanet.

SESI. Estudos das leis de incentivo à cultura. 2007a. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/
site/wp-content/uploads/2007/11/sesivol_04.pdf>. Acesso em: janeiro. 2011.

Medida Provisória nº 1.636/97...


Na sequência, a Medida Provisória no 1.636/97 reduziu o limite de renúncia fiscal definido
na Lei Rouanet de 5% para 4% do Imposto de Renda a pagar, o que diminuiu a capacidade
de investimento das empresas, tornando necessário um maior número de parceiros para
conseguir o mesmo volume de recursos de antes.

SESI. Estudos das leis de incentivo à cultura. 2007a. Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/
site/wp-content/uploads/2007/11/sesivol_04.pdf>. Acesso em: janeiro. 2011.

Nesse contexto, Reis destaca o incentivo dado à participação do setor privado...

...permitindo o abatimento integral do montante investido no patrocínio, respeitados os


tetos estabelecidos.

Teoricamente, o setor público estaria assim, em princípio, adequando seus instrumentos


de intervenção no mercado cultural para melhor integrar a política pública e a política
mercadológica privada de incentivo à cultura.

Ainda que as leis tenham contribuído para a profissionalização do setor


cultural, a parceria que se buscava na integração entre as políticas pública e
privada mostrou-se francamente distorcida.

Também para o SESI*...

...o novo modelo de financiamento das atividades culturais, mediante leis de incentivo à
cultura, inaugurado pela Lei Rouanet, necessita de aperfeiçoamentos. Isso parece ser
consensual nos mais diversos fóruns onde se discute a cultura brasileira, como também
caminhos e soluções apontadas passam pelas esferas subnacionais e pela implantação,
divulgação e aprimoramento de mecanismos de incentivos fiscais nas instâncias
estaduais e municipais.

52
Economia da Cultura MÓDULO 4

*SESI...
SESI. Estudos das leis de incentivo à cultura. 2007a. Disponível em: http://
www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2007/11/sesivol_04.pdf. Acesso
em: janeiro. 2011.

Atualmente, o Projeto de Lei n° 6.722 de 2010 modifica a Lei de Incentivo à Cultura e propõe
formas inovadoras de fomento à área.

Tais formas inovadoras pretendem contornar os gargalos no âmbito da participação do setor


privado.

Na próxima unidade, vamos conhecer alguns detalhes sobre a nova Lei de Incentivo à Cultura...

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 3 – FINANCIAMENTO PÚBLICO PARA A ÁREA CULTURAL

Com base nas discussões dos seminários Cultura para Todos, foi formatada uma proposta de
alteração da Lei Rouanet* – PL1.139/2007, em 2007.

*Proposta de alteração da Lei Rouanet...


Depois de uma série de mudanças e tramitações, o projeto de lei pode ser
consultado, sob o nº 6.722/2010, no portal da Câmara, www.camara.gov.br.

No portal da Câmara, também pode ser encontrado todo o histórico das


proposições e das alterações feitas ao longo de seu processo de construção.

Tal proposta foi enviada ao Congresso Nacional e posta em consulta pública em 2009.

Entre 2008 e 2009, o MinC também realizou uma série de diálogos* com representantes de
diversos segmentos culturais.

*Uma série de diálogos...


No portal e no site do MinC, podem ser acompanhadas todas as discussões que
vêm sendo realizadas para formatar o texto da nova lei.

O objetivo desses diálogos é que o texto da nova lei reflita...

...as mudanças contextuais ocorridas ao longo de duas décadas de implantação da Lei


Rouanet...

53
MÓDULO 4 Economia da Cultura

...as demandas dos agentes culturais...

...a necessidade de democratização do acesso à cultura...

...a capacidade de execução do MinC e suas entidades vinculadas dentro de sua atual
estrutura.

Leia, no ambiente on-line, sobre Financiamento público federal para a área cultural.

Finalmente, vale destacar a importância dos editais como fonte de financiamento para a
área cultural.

No âmbito federal, uma série de editais* estão desenhados para fomentar as mais diversas
atividades culturais.

*Uma série de editais...


O site do Ministério da Cultura apresenta e renova uma longa lista de editais.
As inscrições desses editais estão abertas para distintas regiões do território
nacional.

Por exemplo, o Programa Mais Cultura*, lançado em outubro de 2007.

*Programa Mais Cultura...


O Programa Mais Cultura, lançado em outubro de 2007...

...anuncia suas ações em editais públicos abertos a municípios, estados, pessoas


físicas ou pessoas jurídicas de direito público ou privado, sem fins lucrativos, que
sejam de natureza cultural, como associações, sindicatos, cooperativas, fundações,
escolas caracterizadas como comunitárias e suas associações de pais e mestres,
ou organizações tituladas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse
Público (OSCIPs) e Organizações Sociais (OS), com atuação comprovada na área
cultural há pelo menos dois anos.

Em 2009, o Programa Mais Cultura iniciou uma série de ações, potencializadas


pela assinatura de acordos de cooperação com 15 ministérios, cinco bancos
públicos e 16 governos estaduais. A sociedade civil também contribuiu no
Programa, participando das oficinas de implementação do Mais Cultura,
realizadas nos estados parceiros.

MinC. Nova Lei da Cultura. 2010c.

No que tange ao financiamento para a área cultural em nível estadual e municipal...

...não se pode dizer que há uniformidade nas diretrizes políticas dos governos locais.

54
Economia da Cultura MÓDULO 4

O SESI dividiu os estados da federação em seis categorias...

Inexistência...
Estados em que não existem Leis de Incentivo, Leis de Fundo de Incentivo à Cultura
ou Sistemas de Incentivo à Cultura.

Leis de incentivo...
Estados em que existem apenas Leis de Incentivo.

Leis de fundo...
Estados em que existem apenas Leis de Fundo.

Programa cultura...
Estados em que existem Leis de Incentivo, e o Fundo é um artigo na Lei de Incentivo.

Sistema de cultura...
Estados em que existe um Sistema Estadual de Cultura.

Cultura e outros...
Estados em que existe Lei de Incentivo à Cultura vinculada a outros setores.

A partir das categorias estabelecidas pelo SESI, os estados da federação foram classificados
segundo o quadro abaixo...

55
MÓDULO 4 Economia da Cultura

De acordo com o SESI, os estados nos quais não existe legislação de incentivo e apoio são –
Amazonas, Rondônia, Roraima, Alagoas e Maranhão.

O quadro abaixo traz a legislação estadual do incentivo à cultura por estados da Federação...

De modo complementar, o financiamento para a área cultural em nível municipal foi também
dividido pelo SESI*.

*Dividido pelo SESI...


Essa divisão segue as mesmas seis categorias já apresentadas para os estados
da federação. Vale dizer que a categoria inexistência contempla também os
municípios que não foram considerados na pesquisa por não disponibilizarem
informações.

56
Economia da Cultura MÓDULO 4

O quadro ao lado classifica as capitais dos estados da federação...

Nesse contexto...

...verifica-se que Manaus, Porto Velho, Boa Vista, Fortaleza, São Luís e Campo Grande não
foram incluídas, pela não-obtenção das informações a despeito dos diversos contatos
por e-mail, correio e telefone (...) Em Macapá e Palmas, a legislação de incentivo à cultura
está em fase de estudos preliminares, de diagnóstico, e proposições preliminares
discutidas tecnicamente em nível do executivo estadual, conforme informações
fornecidas pelas suas gerências de Cultura. Também esses dois municípios de capital não
foram incluídos, somando os seis anteriores tem-se que oito não foram consideradas no
estudo.

SESI. Estudos das leis de incentivo à cultura. 2007a. Disponível em: http://www.cultura.gov.br/site/
wp-content/uploads/2007/11/sesivol_04.pdf. Acesso em: janeiro. 2011.

57
MÓDULO 4 Economia da Cultura

O quadro IV especifica as legislações de incentivo à cultura nas capitais do Brasil...

Por fim, vale ressaltar que muitas das Secretarias Estaduais e Municipais de Cultura também
dedicam fundos para a área cultural por meio de Editais.

Vejamos alguns exemplos...

Bahia...
Na Bahia, as Seleções Públicas foram iniciadas em 2007 como uma das principais
políticas de fomento à cultura da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia – Secult.
Desde a sua criação até 2009 foram investidos R$ 38,34 milhões em 75 editais de
fomento à produção, desenvolvimento e difusão, contemplando mais de 600 projetos
culturais em todo o Estado. Em 2010 o investimento é de R$9 milhões em 15 editais
e três chamadas públicas.

Fonte
SECULT-BA, 2011.

58
Economia da Cultura MÓDULO 4

Ceará...
O estado do Ceará apresentou, em 2008, seu V Edital de Incentivo às Artes.

Tal Edital destinou R$ 1.500.000,00 – um milhão e quinhentos mil reais – do Fundo


Estadual de Cultura às Artes Cênicas, Artes Visuais, Literatura e Música.

Fonte
SECULT-CE, 2008.

São Paulo...
O programa de Incentivo à Cultura do Governo do Estado de São Paulo...

...disponibiliza recursos financeiros públicos para atender demandas da sociedade


civil na produção artístico-cultural.

Fonte: SECULT-SP: 2011.

Nesse contexto, a Lei nº 12.268 de 20/02/06 instituiu em São Paulo o Programa de Ação Cultural
e providências correlatas. São objetivos do Programa de Ação cultural: apoiar e patrocinar a
renovação, o intercâmbio, a divulgação e a produção artística e cultural no Estado; preservar e
difundir o patrimônio cultural material e imaterial do Estado; apoiar pesquisas e projetos de
formação cultural, bem como a diversidade cultural; apoiar e patrocinar a preservação e a expansão
dos espaços de circulação da produção cultural.

Para isso, além do apoio por incentivo fiscal, o Programa de Ação Cultural
contempla fomento à cultura paulista por meio de editais ou concursos.

A partir de 2010, foram publicados Editais* nos segmentos de...


§ cinema;
§ circo;
§ teatro;
§ culturas tradicionais e indígena;
§ dança;
§ artes plásticas e novas mídias;
§ hip hop;
§ música;
§ literatura.

*Editais...
Para o edital de 2010, foi disponibilizado o valor de R$ 1.200.000,00 – um
milhão e duzentos mil reais.

As propostas podem ser feitas por pessoa física ou jurídica.

59
MÓDULO 4 Economia da Cultura

Em nível municipal, por exemplo...

...a Secretaria de Educação e Cultura de João Pessoa/PB (2010) conta com edital para
inscrever projetos artístico-culturais a serem incentivados pelo Fundo Municipal de
Cultura.

Em 2010, a Prefeitura de Natal/RN também aprovou o edital de seleção de projetos para o Fundo
de Incentivo à Cultura.

O objeto principal é fomentar a produção de bens culturais públicos ou a viabilização de


projetos culturais de interesses coletivos no âmbito municipal.

Tanto pessoas físicas como jurídicas são aceitas como proponentes.

Leia, no ambiente on-line, mais sobre as condições do edital.

A Fundação Cultural de Florianópolis* também lista os editais publicados nos anos de 2010 e
2011.

*Fundação Cultural de Florianópolis...


Fundação Cultural de Florianópolis/SC – 2011.

Em 2010, foi lançado o...

...Edital para Exposições Temporárias na Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti
– GMAPPV para o ano de 2011, com cronograma anual de até cinco exposições
selecionadas. A participação para o calendário de exposições individuais ou coletivas
para a GMAPPV é aberta às diferentes linguagens visuais, podendo participar do processo
de seleção de artistas brasileiros e estrangeiros em situação legal no país e com
comprovada trajetória artística.

Finalmente, em 2011, foi lançado o...

...edital para seleção de espetáculos para o 18º FLORIPA TEATRO – FESTIVAL ISNARD
AZEVEDO, que será realizado de 7 a 16 de outubro de 2011, dinamizando a cena
teatral catarinense.

O prêmio de participação é de 2.000,00 – dois mil reais – para cada apresentação


extra.

Além disso, receberão o valor extra de R$500,00 – quinhentos reais – os grupos com
projeto de oficina de formação teatral selecionados.

60
Economia da Cultura MÓDULO 4

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 4 – FINANCIAMENTO PRIVADO PARA A ÁREA CULTURAL

O Marketing Cultural se sustenta pela relação próspera entre as empresas e a comunidade.

Desse modo, Marketing Cultural constitui um caminho a ser explorado na relação entre o produtor
cultural e o empresário.

Acesse, no ambiente on-line, um trecho do texto Estudos das leis de incentivo à cultura.

A publicação do SEBRAE* sobre estratégias de marketing cultural salienta que...

...um dos segmentos do Marketing Institucional é o Marketing Cultural, que tem por
objetivo associar o nome da empresa, suas marcas ou serviços, a produtos ou eventos
culturais que tenham sintonia com suas atividades.

*Publicação do SEBRAE...
SEBRAE. Estratégias de marketing cultural. Rio de Janeiro: SEBRAE/RJ. 1998, p. 13.

A estratégia de marketing cultural está associada a formas de financiamento típicas, como é o


caso do empréstimo financeiro.

O SEBRAE explica que...

...o produtor cultural, sem aviltar a obra, vende para um patrocinador o direito de associar
a imagem de seu produto ao dele. Em troca, o patrocinador fornece os recursos necessários
à realização do evento. O patrocinador se beneficiará pelo fortalecimento de sua imagem
e de seu produto junto ao seu público consumidor. O produtor cultural também fixará
uma imagem positiva junto ao seu público. É uma troca.

O que acontece normalmente numa relação de venda entre o produtor cultural e a


empresa é que o primeiro não se preocupa com o Marketing Cultural, ou seja: o agente
cultural não procura conhecer os objetivos institucionais da empresa e o perfil do seu
público consumidor. Uma empresa de cigarros, por exemplo, não patrocinará um projeto
cultural voltado para o público infantil, por razões óbvias. O produtor deve se informar
sobre os critérios que levam à decisão sobre o patrocínio de seu projeto dentro da empresa.
Quem decide e quem influencia quem decide? Muitas vezes, o produtor cultural também
não se preocupa com a imagem de sua própria empresa, com a apresentação visual do
seu projeto, com sua forma de mostrá-lo e com que tipo de personalidade discutirá seu
produto.

SEBRAE. Estratégias de marketing cultural. Rio de Janeiro: SEBRAE/RJ. 1998.

61
MÓDULO 4 Economia da Cultura

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 5 – FINANCIAMENTO PRIVADO PARA A ÁREA CULTURAL

No Brasil, a verba para financiamento cultural, em sua maior parte, não é reembolsável...

...isto é, ocorre por incentivo fiscal e fomento direto*.

*Incentivo fiscal e fomento direto...


O SESI aponta que...

...o incentivo cultural, ou incentivo fiscal à cultura, assume frequentemente a


forma de deduções nos impostos devidos por indivíduos (pessoas físicas) ou
empresas (pessoas jurídicas) como compensação por gastos efetuados com o
apoio a práticas culturais.

São três as principais modalidades cobertas pelos incentivos fiscais..

Doação...
Há transferência de recursos aos produtores culturais – ou empreendedores – para a
realização de obras ou produtos culturais sem que haja, por parte do incentivador,
interesses promocionais, publicitários ou de retorno financeiro. A doação corresponde
ao tradicional mecenato cultural.

Patrocínio...
Diz respeito ao marketing cultural –, há transferência de recursos a produtores culturais
para a realização de projetos culturais com finalidades promocionais, publicitárias ou
de retorno institucional.

Investimento...
Refere-se à transferência de recursos a produtores culturais para a realização de
projetos com a intenção de participação nos eventuais lucros financeiros. Nessa
modalidade, a empresa considera o empreendimento cultural como um negócio.

No Brasil, um enorme número de empresas privadas dedica-se ao financiamento de projetos


culturais.

62
Economia da Cultura MÓDULO 4

Vejamos alguns exemplos...

Vale...
Por exemplo, a mineradora Vale, com o objetivo de alinhar seus patrocínios
institucionais aos valores e às opções estratégicas da organização, apoia iniciativas e
projetos nas áreas de restauração de patrimônio histórico, festivais multiculturais e
valorização das matrizes culturais tradicionais nas localidades em que a Vale está
inserida.

Oi...
No caso da empresa de telefonia Oi, o Processo de Seleção do Programa Oi de
Patrocínios Culturais 2011 lança anualmente seu Edital de concessão de patrocínio
financeiro incentivado pelas Leis Estaduais e Municipais de Incentivo à Cultura. Os
segmentos culturais para o edital 2011 são artes visuais, cinema, cultura popular,
dança, espaços culturais, música, patrimônio cultural, publicação e documentação,
teatro, tecnologia e novas mídias.

Natura...
A Natura, empresa de cosméticos, trabalha orientada por suas Diretrizes de Apoios &
Patrocínios Corporativos. A partir delas, são determinados os incentivos a áreas
predeterminadas. No âmbito cultural, os segmentos de música e moda são
especialmente enfocados.

Reis apresenta ainda uma série de formas alternativas de financiamento para projetos na área
cultural...

Empréstimos financeiros...
Reis enfatiza que as situações nas quais é fundamental contar com apoio financeiro
oferecido pelos bancos de desenvolvimento existem quando...

...o potencial de desenvolvimento socioeconômico da cultura ainda não é


reconhecido pelo setor financeiro tradicional como um filão de negócios...

...a participação da cultura no financiamento da economia criativa ainda não é


suficiente...

...as taxas de juros praticadas pelo setor tradicional são excessivamente


elevadas.

63
MÓDULO 4 Economia da Cultura

No Brasil, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES –, em


relação especificamente ao setor criativo, atua em três áreas...
§ editorial – investindo entre R$20 e R$40 milhões/ano;
§ cinema – utilizando recursos por incentivo fiscal, para a produção de filmes
em condições especiais e para as salas de exibição de filmes;
§ software – desenvolvimento e comercialização, com cerca de 94 milhões
em 2005.

REIS, A. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole, 2007, p. 317.

Equity e Venture Capital...


De acordo com Reis...

...trata-se do investimento no próprio capital social da empresa, o que no mercado


financeiro se denomina equity – patrimônio líquido. Mais além da concessão de
empréstimos, a participação do financiador no negócio da empresa denota um
compartilhamento do risco e um real comprometimento com seu sucesso. Em
muitos casos, decorrido um prazo do investimento, é franqueada à empresa a
possibilidade de adquirir a participação do investidor no negócio.

De modo geral, quando se trata da segunda ou terceira rodada de investimentos na


empresa – e não de sua constituição inicial, o mercado financeiro trabalha também
com a expressão venture capital. Ela foi popularizada com a euforia do mercado de
Internet, quando houve um investimento expressivo em várias empresas.com, e
representa uma oportunidade concreta para as empresas da economia criativa.

REIS, A. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole, 2007, p. 321.

Business Angels...
Reis lembra ainda que...

...o conceito de business angels é ainda pouco presente na mente do


empreendedor comum, em especial nos micro e pequenos. Trata-se de um
investidor privado que não só financia pequenas empresas, mas também
disponibiliza seu conhecimento para garantir o sucesso do empreendimento.
Assim, os angels franqueiam o acesso a dois recursos fundamentais: dinheiro –
ultrapassando o obstáculo de criação e expansão de negócios– e aconselhamento
– sanando a falta de conhecimento profundo de negócios de vários
empreendedores com boas ideias.

Reis: REIS, A. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole, 2007, p. 322.

64
Economia da Cultura MÓDULO 4

Formas alternativas de crédito...


Reis trata ainda de duas formas alternativas de crédito...
§ o banco de talentos – am vez de investir na contratação de um projeto de
consultoria ou de um profissional para o quadro de funcionários da empresa,
é possível analisar a utilização do trabalho de um banco de talentos. Não se
trata de um trabalho voluntário, mas de uma troca de expertises e
conhecimentos entre duas ou mais empresas, em especial micro ou
pequenas.

§ a moeda social – a moeda social substitui a moeda oficial, possibilitando


um sistema de troca de produtos e serviços dentro de uma comunidade ou
rede de empresas e instituições (...) Compreendem, em muitos casos, as
habilidades ou produtos oferecidos pelos diferentes participantes, ampliando
a noção de banco de talentos apresentada acima, e incorrendo nos trâmites
de um sistema financeiro tradicional, no qual as empresas e pessoas
participantes possuem uma conta corrente e utilizam os recursos disponíveis
para adquirir serviços ou produtos. Adicionalmente, a participação na
comunidade promove a formação de uma rede de contatos e a divulgação
de produtos, serviços e talentos.

Reis: REIS, A. Economia da cultura e desenvolvimento sustentável. Barueri: Manole, 2007, p.323.

As diversas formas de financiamento públicas e privadas apresentadas retomam o fio condutor


deste módulo.

É fundamental considerar que uma economia da cultura que se pretenda sustentável deve
também implementar formas sustentáveis de financiamento.

Isto é, formas de financiamento adaptadas às necessidades dos agentes que atuam na


área cultural e à complexidade da construção de políticas.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

UNIDADE 6 – OUTRAS FORMAS DE OBTENÇÃO DE FINANCIAMENTO PARA A ÁREA


CULTURAL

Além das fontes de financiamento públicas e privadas, outras fontes constituem um rol de
instituições interessadas em fomentar a área cultural.

A despeito de sua natureza pública ou privada, pela sua relevância, essas instituições merecem
uma seção em separado.

65
MÓDULO 4 Economia da Cultura

Trata-se dos bancos e das organizações internacionais.

No Brasil, é possível encontrar uma série de linhas de crédito para a área cultural, seja em bancos
públicos ou bancos privados.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES* –, por exemplo...

...oferece ao setor cultural um diversificado conjunto de instrumentos de apoio financeiro,


com recursos não reembolsáveis, financiamentos e capital de risco (...) Antes destinado
exclusivamente à cadeira produtiva do audiovisual, o BNDES Procult se consolida como
o principal intrumento do Banco de apoio ao setor cultural, agora com um novo nome
(Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura) e estruturado em
três subprogramas: BNDES Procult – Financiamento, BNDES Prodult – Renda Variável e
BNDES Procult – Não Reembolsável para atender cinco segmentos.

*BNDES...
O BNDES e a Economia da Cultura. 2010. Disponível em: http://
www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Cultura/.
Acesso em: janeiro. 2011.

Os cinco segmentos atendidos pelo BNDES Procult são referentes aos patrimônios...
§ cultural;
§ audiovisual;
§ editorial e livrarias;
§ fonográfico;
§ de espetáculos ao vivo.

No âmbito do Procult, a dotação orçamentária do BNDES é de R$ 1 bilhão, subdivididos da


seguinte forma...

Dentre outras iniciativas, o BNDES conta com patrocínio a eventos culturais e publicações.

Regionalmente, o Banco do Nordeste também apresenta sua política de financiamento a projetos


culturais por meio de seleção pública.

66
Economia da Cultura MÓDULO 4

Essa política de financiamento acontece mediante o lançamento de editais no Programa BNB de


Cultura*.

O Programa BNB de Cultura foi criado pelo Banco do Nordeste em 2005, com o objetivo de
democratizar o acesso aos recursos disponíveis para financiamento de ações culturais,
desenvolvidas em benefício da Região Nordeste, norte de Minas Gerais e norte do Espírito
Santo, sua área de atuação. Durante suas cinco edições foram patrocinados 873 projetos,
beneficiando diretamente 437 municípios.

*Programa BNB de Cultura...


Como o Programa BNB de Cultura atende à diretriz adotada pelo BNDES de
promover a descentralização territorial da oferta de bens culturais, o BNDES
tornou-se copatrocinador do Programa.

Consolidando essa parceria, o BNB e o BNDES abriram, em 2010, o Edital do


Programa BNB de Cultura – Edição 2010 – Parceria BNDES...

...patrocinando conjuntamente e com recursos próprios, projetos nas áreas de


Música, Literatura, Artes Cênicas, Artes Visuais, Audiovisual e Área de Artes
Integradas ou Não Específicas, alocando o valor de R$ 6.000.000,00 (seis milhões
de reais).

BANCO DO NORDESTE. Programa BNB de Cultura. 2011. Disponível em: http://


www.bnb.gov.br/content/aplicacao/eventos/programa_bnbcultura_2010/gerados/
apresentacao.asp. Acesso em: janeiro. 2011.

Em 2001, o Banco da Amazônia criou o Espaço Cultural Banco da Amazônia, em Belém/PA, com
o objetivo de...

...servir de vitrine, fomentar e questionar a atividade das artes visuais em toda a região.

O edital de pautas do Espaço Cultural Banco da Amazônia n.001/2011...

...tem por objeto a seleção pública de projetos do segmento de artes visuais para
patrocínio do Banco da Amazônia para o Espaço Cultural Banco da Amazônia no ano de
2011. O montante de recursos para este certame e de até R$ 15.000,00 para cada projeto
para atender no máximo até quatro pautas.

Além do Espaço Cultural, o Banco da Amazônia conta com uma política de patrocínio na qual
diversas áreas estão contempladas.

O Edital de patrocínio de 2011 reserva para a área cultural um montante de recursos de R$


2.000.000,00.

67
MÓDULO 4 Economia da Cultura

Podem ser contemplados pela Lei Rouanet projetos de, no máximo, R$100.000,00.

No orçamento, também estão previstos...

...patrocínios para projetos de, no máximo, R$15.000,00 para livros e revistas técnicas...

...projetos de no máximo R$ 25.000,00 para CD...

...projetos de no máximo R$ 35.000,00 para DVD...

...projetos de no máximo R$ 25.000,00 para shows e concertos.

O Banco do Brasil*...

...apoia a cultura nas áreas de artes cênicas, artes plásticas, audiovisual, música, ideias e
programa educativo. Nos diversos segmentos artísticos, o Banco do Brasil tem aplicado
seus recursos nos Centros Culturais Banco do Brasil – Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo
– e no Circuito Cultural, projeto itinerante que ocorre em diferentes regiões do país.

*Banco do Brasil...
BANCO DO BRASIL. O Banco da Cultura. 2001. Disponível em: http://
www.bb.com.br/portalbb/page22,102,2697,0,0,1,6.bb?codigoNoticia=3350&;
codigoMenu=1406. Acesso em: janeiro. 2011.

Em 2008, foram realizados 179 projetos, desdobrados em 724 eventos.

O público participante foi de quatro milhões duzentos e oitenta mil novecentos e quarenta e
sete pessoas.

A Caixa Econômica Federal....

...realiza projetos em seus espaços culturais por meio de seleção pública. Para isso, divulga
anualmente o Edital de Ocupação dos Espaços da CAIXA Cultural, abrindo inscrição para
apresentação de projetos nas áreas de artes cênicas, música, mostras de cinema, artes
visuais e eventos como palestras, cursos e oficinas...

Os projetos da Caixa Ecônomica Federal...

...são selecionados por uma comissão técnica qualificada formada por empregados da
CAIXA e especialistas dos segmentos artísticos citados. As propostas devem ser
apresentadas por Pessoas Jurídicas, cuja natureza contemple a realização de eventos
culturais e que atendam às exigências do edital.

68
Economia da Cultura MÓDULO 4

O principal objetivo dessa modalidade de seleção é conferir transparência e lisura ao processo,


oferecendo a todos os interessados a chance de participar com igualdade de condições e obedecendo
aos mesmos critérios estabelecidos pelo regulamento da seleção. Dessa forma, busca-se dar
oportunidade tanto para artistas consagrados quanto para novos talentos. A seleção prima pela
qualidade e suficiência técnica dos projetos, de modo que o resultado venha proporcionar à sociedade
uma programação cultural de qualidade, a preços acessíveis ou gratuitos, democratizando o acesso
às diversas manifestações artísticas.

O Banco Itaú* também apresenta sua própria instituição de fomento à cultura.

*Banco Itaú...
Para o biênio 2009-2011, o Rumos Itaú Cultural Cinema e Vídeo contou com
662 projetos inscritos, dos quais 21 foram selecionados.

Em atividade desde 1997, o Rumos Itaú Cultural é um programa de apoio à


produção artística e intelectual sintonizado com a criatividade brasileira. Rumos
colabora para o fomento e o desenvolvimento de centenas de obras e de artistas
das mais variadas expressões e regiões do país – de músicos e cineastas do Norte
a escritores, coreógrafos e artistas plásticos do Sul; de jornalistas e pesquisadores
do Nordeste a educadores do Sudeste.

BANCO ITAÚ. Rumos Itaú Cultural. 2011. Disponível em: http://


www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2691. Acesso em: janeiro.
2011.

Em 2006, o Instituto Itaú Cultural realizou 206 eventos em todos os estados brasileiros,
atingindo, apenas em São Paulo, mais de 300 mil pessoas. São 20 anos de atuação,
resultando no investimento em relevantes projetos que visam a democratização da
manifestação cultural no país.

Em 2010, o programa Rumos Itaú Cultural financiou projetos nas áreas de literatura, música,
pesquisa e teatro.

Com relação aos organismos internacionais, é possível encontrar fontes de financiamento para
a cultura em distintas instituições – algumas delas também bancárias.

69
MÓDULO 4 Economia da Cultura

Dentro delas, destacam-se...


§ o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID¹;
§ o Banco Mundial – BM²;
§ a Unesco³.

¹Banco Interamericano de Desenvolvimento...


O Centro Cultural do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID –
fornece apoio financeiro a projetos de desenvolvimento cultural de pequena
escala.

São 26 as representações do BID na América Latina e Caribe!

Em 2011...

...as doações, de US$ 3.000 a US$ 10.000, serão concedidas a propostas que
satisfaçam uma necessidade local, apóiem a excelência artística,
estimulem a atividade econômica e social de forma inovadora e bem-
sucedida, além de contribuir para os valores culturais, o desenvolvimento
dos jovens e da comunidade (...) O Programa de Desenvolvimento Cultural
foi concebido para estimular o desenvolvimento de projetos inovadores,
preservar e recuperar tradições e conservar o patrimônio cultural, entre
outros objetivos. Os projetos são avaliados de acordo com sua viabilidade,
alcance educativo, uso eficaz de recursos, capacidade de mobilizar recursos
financeiros adicionais e impacto de longo prazo sobre a comunidade. O
BID pode financiar até dois terços de um projeto. As organizações locais
são responsáveis por proporcionar o resto dos recursos e apoiar o projeto
de modo sustentável.

BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO. Centro Cultural do BID lança


convocatório para propostas de projetos em pequena escala. 2010. Disponível
em: http://www.iadb.org/pt/noticias/anuncios/2010-10-19/centro-cultural-do-
bid-lanca-convocatorio-para-propostas,8291.html. Acesso em: janeiro. 2011.

²Banco Mundial...
O Banco Mundial, por sua vez, dedica seus esforços à área cultural na América
Latina e Caribe.

Esses esforços são empregados por meio do segmento de desenvolvimento


social, com enfoque na área de inclusão social.

Nessa área, a cultura é reconhecida como motor do desenvolvimento...

...especialmente na direção de promover novas oportunidades para


comunidades mais pobres de geração de renda a partir de seu próprio
conhecimento cultural.

Além disso, o turismo sustentável na região aparece também como linha de


atuação do banco.

70
Economia da Cultura MÓDULO 4

³Unesco...
A Unesco, no âmbito de seus objetivos estratégicos, apresenta linhas de ação
para o fomento da cultura no Brasil.

Com respeito ao financiamento da cultura, vale destacar que a Unesco lançou...

...o Fundo Internacional para a Diversidade Cultural, criado pela


Convenção para a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões
Culturais, de 2005, para estimular atividades e medidas destinadas à
salvaguarda e ao fortalecimento da diversidade em países em
desenvolvimento.

Por pertencer ao grupo de Estados-Parte da convenção, O Brasil é um dos


países que pode apresentar propostas de financiamento para o Fundo.

O orçamento do Fundo é de cerca de US$ 2.4 milhões. Os projetos a serem


financiados serão avaliados pela Comissão Nacional da UNESCO de cada país
e apresentados ao Fundo em ordem de prioridade.

Unesco: UNESCO. Fundo Internacional para a diversidade cultural recebe


propostas até 30 de junho de 2010. Disponível em: http://www.unesco.org/pt/
brasilia/single-view/news/
international_fund_for_cultural_diversity_is_open_for_propositions_until_30_june_2010/
back/9669/cHash/894b47875e/. Acesso em: janeiro. 2011.

SÍNTESE
Acesse, no ambiente on-line, a síntese desta unidade.

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