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CULTURA E DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL

Sumário

TITULO- MODELO DE APOSTILA ......................................................... 1

NOSSA HISTÓRIA ................................................................................. 2

INTRODUÇÃO ....................................................................................... 3

CULTURA E CULTURAS ....................................................................... 4

O SIGNIFICADO DE DIVERSIDADE .................................................... 12

CULTURA E DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL: UMA LEITURA DA LEI


11.645/08. ....................................................................................................... 24

IDENTIDADES NACIONAIS - ÉTNICO-RACIAIS E DIFERENÇAS


CULTURAIS.................................................................................................... 31

A COMPOSIÇÃO ÉTNICA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ................. 33

CONCLUSÃO ....................................................................................... 36

REFERÊNCIA ...................................................................................... 36

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais,
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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INTRODUÇÃO

O Brasil se destaca como uma das maiores sociedades multirraciais do


mundo e abriga um contingente significativo de descendentes de africanos
dispersos na diáspora. De acordo com o censo 2000, o país conta com um total
de 170 milhões de habitantes. Desses, 91 milhões de brasileiros(as) se
autoclassificam como brancos (53,7%); 10 milhões, como pretos (6,2%); 65
milhões, como pardos (38,4%); 761 mil, como amarelos (0,4%), e 734 mil, como
indígenas (0,4%).

Essa distribuição demográfica e étnico-racial é passível de diferentes


interpretações econômicas, políticas e sociológicas. Uma delas é realizada pelo
Movimento Negro e por um grupo de intelectuais que se dedica ao estudo das
relações raciais no país. Esses, ao analisarem a situação do negro brasileiro,
agregam as categorias raciais “preto” e “pardo” entendendo-as como expressão
do conjunto da população negra no Brasil. Isso quer dizer que, do ponto de vista
étnico-racial, 44,6% da população brasileira apresenta ascendência negra e
africana, que se expressa na cultura, na corporeidade e/ou na construção da sua
identidade.

A da diversidade cultural estão vinculadas diretamente aos direitos das


pessoas de se expressar conforme as particularidades dos grupos sociais nas
quais estão inseridas. Em governos democráticos, essa atenção à proteção e à
promoção se expressa como uma possibilidade de garantia de que todos e não
apenas uma minoria hegemônica, terão acesso a esse direito e aos recursos que
apoiam as manifestações culturais. Em âmbito mais amplo, verifica-se que
essas ações de apoio são respaldadas por convenções internacionais que visam
a apoiar a diversidade cultural em sua plenitude.

É nesse contexto histórico, político, social e cultural que os negros (e as


negras) brasileiros constroem sua identidade e, entre ela, a identidade negra.

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Como toda identidade, a identidade negra é uma construção pessoal e social e


é elaborada individual e socialmente de forma diversa. No caso brasileiro, essa
tarefa torna-se ainda mais complexa, uma vez que se realiza na articulação entre
classe, gênero e raça no contexto da ambiguidade do racismo brasileiro e da
crescente desigualdade social.

CULTURA E CULTURAS

A cultura está relacionada aos modos de viver das sociedades humanas.


Pelas suas características, pode-se considerar que ela é, ao mesmo tempo,
estática e dinâmica, pois as pessoas mantêm determinados costumes e
tradições ao mesmo tempo em que os alteram, geração após geração. Além
disso, pode-se perceber que, mesmo em um determinado grupo, há uma
variedade considerável de culturas. Assim, é mais adequado nos referirmos à
cultura no plural, para englobar todas as culturas. A figura a seguir é ilustrativa
dessa diversidade e do contato entre pessoas de diferentes culturas.

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Outro aspecto a ser destacado em relação à cultura é que nossos modos


de ser, pensar e agir variam conforme nossa geração, nosso gênero, nossa
classe social, nosso grupo étnico-racial, dentre outros fatores. A diversidade é
inerente ao ser humano devido a sua capacidade infinita de inventar, criar e se
adaptar a diferentes situações e contextos.

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 As convenções e legislações

Essas leis estão internacionalmente em pauta desde os anos de 1980,


tendo como referência a Conferência sobre as Políticas Culturais de 1982. De
acordo com resultados de discussões realizados nessa Conferência, na
Comissão de Cultura e Desenvolvimento (1995) e na Conferência sobre Políticas
Culturais para o Desenvolvimento (1998), chegou-se a um conjunto de
recomendações e diretrizes para ações públicas relacionadas à políticas
culturais. Contudo, as questões debatidas nesses encontros não são recentes,
pois são frutos das preocupações do Pós-Guerra, precisamente aquelas,
expressas na Declaração dos Direitos Humanos (1948).

A principal sistematização das discussões sobre a diversidade cultural se


refere à Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das
Expressões Culturais, adotada pela Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2005, e ratificada pelo Brasil em
2006.

As políticas públicas despontam nesse cenário como ações públicas


direcionadas à democratização de acesso aos bens e serviços culturais. Leia a
definição abaixo.

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Além dessa definição e caracterização, é importante ressaltar que as


políticas de proteção e promoção da diversidade cultural incluem aspectos
simbólicos e econômicos. Na figura a seguir, observam-se ornamentos que não
são postos apenas com a função de adornar a pessoa que o utiliza.

na figura acima, há evidências de elementos simbólicos ligados à


religiosidade e à identidade étnico-racial que são importantes na identidade dos
povos afrodescendentes do Brasil. Os aspectos simbólicos expressam a

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necessidade de proteção diante dos impactos da globalização e de sua


tendência à homogeneização.

E os aspectos econômicos têm, na concentração de recursos, a grande


ameaça à desigualdade na produção e na comercialização de produtos e
serviços culturais, como, por exemplo, os mercados da música e do cinema.

Além dessa desigualdade, há que se considerar a defasagem tecnológica


entre os países e entre suas regiões. Se é necessário salvaguardar as diversas
formas de produção e expressão culturais, evitando a homogeneização de
valores, modelos e práticas culturais advindos com o processo de globalização,
deve-se salvaguardar também os bens e serviços culturais, seus recursos, sua
divulgação e seu consumo.

Assim, a proteção e a promoção da diversidade cultural constituem uma


proposta de democratização na medida em que permitem que a minoria também
seja atendida e que não se instaure a ditadura da maioria. Para garantir que
todos estejam representados no governo e, especialmente, nas políticas
culturais, os gestores necessitam possibilitar acesso a todos, com políticas de
cotas para exibição, com o acesso a fundos específicos, a editais de premiação,
etc.

A imagem abaixo se refere à projeção de produção fílmica em espaço


público e gratuito a todos e é um exemplo da ampliação da acessibilidade
decorrente das ações públicas, bem como da ampla participação.

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Entretanto, percebe-se que nem sempre a vontade da maioria é uma


garantia da participação de todos. Note bem, quando o princípio da igualdade é
superado, devido à imposição da vontade da maioria, o governo passa a ser de
privilégio e isso é um perigo possível nas democracias representativas.

 Culturas em tempos de globalização

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A partir dos anos 1980, a cultura passou a ser considerada fundamental


na construção de democracias mais participativas e menos elitistas

A democracia despontou nesse contexto como um meio, e não como um


fim, pois se presume que é por meio de gestões democráticas que se viabiliza a
superação da pobreza e das desigualdades, aliadas à promoção do
desenvolvimento. A esse respeito, é importante observar que a pobreza de
várias sociedades se constitui em fonte para debates em foros diversos, como
as conferências internacionais, nacionais e locais. Nesses fóruns, buscaram-se
também soluções para problemas globais, nacionais e locais, processo que tem
relação com a situação atual do sistema capitalista na fase atual da globalização.

De certo modo, essa tendência reflete a possibilidade de soluções


diferenciadas quanto aos dilemas enfrentados pela humanidade. O segmento de
texto abaixo permite reflexões a esse respeito:

A racionalidade presente no capitalismo, embora seja bastante valorizada,


exibe comportamentos cotidianos que não se referem à lógica presente apenas
nessa racionalidade. A descontinuidade entre o mundo moderno e o tradicional
devesse ao ritmo de mudanças presentes na modernidade, que é mais intenso
e veloz do que jamais a sociedade humana havia experimentado. As mudanças
estão presentes em todas as sociedades, sejam elas tradicionais ou não, devido

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ao próprio caráter dinâmico da cultura. Todavia, a velocidade com que essas


mudanças ocorrem nas instituições sociais modernas é muito mais intensa.

Assim, as populações caboclas, ameríndias ou remanescentes de


quilombos da Amazônia, por exemplo, somam ao tempo do relógio – e todo o
cientificismo inerente a esta percepção – uma outra concepção de tempo, cuja
base está assentada na relação dessas populações com seus respectivos
habitats. Desse modo, na prática, o tradicional e o moderno não se excluem, pois
convivem na mesma sociedade de maneira concomitante. Por exemplo, às
práticas tradicionais marcadas pela oralidade – relação próxima com seu
ambiente natural e construção/reconstrução de territorialidades e processos
afins – somam-se processos universais mais amplos, comandados pela
globalização. Assim, o novo e o velho convivem nas práticas culturais
contemporâneas.

Mas esse debate não se restringe ao universo das sociedades ditas rurais,
pois, no que se refere às culturas com traços predominantemente urbanos, a
diversidade cultural se expressa no somatório de elementos tradicionais das
sociedades predominantemente rurais com traços arquitetônicos, da moda, dos
meios de transporte e comunicação que lhe são característicos. Entretanto, essa
cultura revela ainda expressões das chamadas tribos urbanas, dos segmentos
sociais e suas diferenciações, conforme marcadores sociais diversos.

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O SIGNIFICADO DE DIVERSIDADE

Ao iniciar uma conversa sobre diversidade e currículo na Educação de


Jovens e Adultos, faz-se necessário o entendimento de que a diversidade pode
ser um construto histórico, cultural e social das diferenças. As diferenças são
construídas para além das características biológicas, observáveis a olho nu. Elas
perpassam as ações dos sujeitos sociais ao longo de sua vida sócio-político-
histórica e está presente em seu meio social e no contexto das relações de
poder.

Portanto, perceber as diferenças é uma construção que começa com o


nascimento da pessoa e se processa no decorrer de toda a sua vida enquanto
sujeitos sociais. Ao conceituar diversidade Elvira de Souza Lima afirma, que

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Assim, tomando por base o conceito de diversidade apresentado por


Lima, um trabalho pedagógico que contemple aspectos históricos, sociais,
raciais e de gênero dos sujeitos sociais presentes no contexto da educação
escolar, passa a ser imprescindível, esse tipo de trabalho acaba fazendo da
escola um espaço democrático de convivência.

 Diversidade etnicorracial: Raça e etnia

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O termo raça tem sua origem datada do século XVII (MARTINS, 1985,
p.182). Com o passar do tempo, mais especificamente a partir do século XIX,
passou a ser utilizado no sentido de justificar as diferenças fenotípicas entre
seres humanos e marcar relações de dominação político-cultural de um grupo
sobre outro.

Há uma linha de intelectuais, dentre eles Paul Gilroy, que argumentam


sobre a não existência de raça, visto que, no tocante à espécie humana, não
existem “’raças’ biológicas, ou seja, não há um mundo físico e material nada que
possa ser corretamente classificado como ‘raça’”. (GILROY apud GUIMARÃES,
2006, p. 46). Mas, esse argumento fica no campo biológico, porque no mundo
social, raça, além de ser uma categoria política, é analítica também, pois “é a
única que revela que as discriminações e desigualdades, que a noção brasileira
de ‘cor’ enseja, são efetivamente raciais e não apenas de ‘classe” (GUIMARÃES,
2006, p.46).

Com isso, o sentido biológico do termo raça foi abandonado e está


passando por ressignificações, por meio do movimento negro brasileiro e das
ciências sociais. O movimento negro utiliza-se desse termo de forma estratégica,
pois assim, consegue valorizar o legado deixado pelos africanos, inclusive,
informando como que nas relações sociais brasileiras, algumas características
físicas, por exemplo: formato do nariz e da boca, cor da pele, tipo de cabelo,
dentre outras, exercem ascendência, intervém e até mesmo, decidem o rumo e
o espaço que os sujeitos ocuparão na sociedade (GOMES, 2004).

O entendimento de que o conceito de raça, no campo social existe, foi


confirmado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e
Africana, que definem a raça como “a construção social forjada nas tensas
relações entre brancos e negros, muitas vezes simuladas como harmoniosas,
nada tendo a ver com o conceito biológico de raça cunhado no século XVIII e
hoje sobejamente superado.” (BRASIL, 2004).

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Outro conceito bastante utilizado nos estudos sobre as relações raciais é


o de etnia. O termo é derivado do grego ethnikos, adjetivo de ethos, e se refere
a povo, nação. O conceito de etnia baseado no pensamento de Cashmore
(2000), diz respeito a um grupo que possui algum grau de coerência,
solidariedade, origens e interesses comuns. Um grupo étnico é mais do que um
ajuntamento de pessoas, às pessoas deve ser agregado seu pertencimento
histórico e cultural.

Gomes (2004) destaca que, “o uso do termo etnia ganhou força para se
referir aos ditos povos diferentes: judeus, índios, negros, entre outros. A intenção
era enfatizar que os grupos humanos não eram marcados por características
biológicas herdadas dos seus pais, mães e ancestrais, mas sim, por processos
históricos e culturais”. (2004, p.50).

Vale destacar, que ao serem subjugados, total ou parcialmente, os povos,


tanto nativos quanto do grupo de invasores, passam por provações e carências,
que vão desde material, até cultural, política e econômica e, em muitas vezes,
por todas essas privações juntas. Quando esses povos tomam consciência
destas adversidades, se estabilizam, se apóiam e se conformam para com
àqueles que passaram pelas mesmas experiências. “O grupo étnico é, portanto,
um fenômeno cultural, mesmo sendo baseado originalmente numa percepção
comum e numa experiência de circunstâncias materiais desfavoráveis”
(CASHMORE, 2000, p.197).

Assim, o termo “raça” diz respeito aos atributos dispensados a certo


grupo e “grupo étnico” se refere a uma resposta original de um povo quando, em
alguma situação, se sente marginalizado pela sociedade. Um vocábulo que
passou a ser utilizado no Brasil e merece destaque é a expressão etnicorracial.
Seu sentido determina que as tensas relações raciais estabelecidas no país, vão
para além das diferenças na cor da pele e traços fisionômicos, mas
correspondem também à raiz cultural baseada na ancestralidade afro-brasileira

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que difere em visão de mundo, valores e princípios da origem européia (Brasil,


2004, p.13-14).

Nesse sentido, raça e etnia são expressões que se fundem no contexto


social brasileiro, visto que ambos os termos são carregados de significações e
podem determinar o pensamento, a atitude e forma de ser e pensar o mundo e
as nuances que o cercam.

 Preconceito – discriminação – racismo

A distinção entre os termos preconceito, discriminação e racismo é


fundante para o entendimento dos processos psicossociais em que tais
comportamentos se assentam. O preconceito, segundo Jones, “é o julgamento
negativo e prévio dos membros de uma raça, uma religião ou um dos ocupantes
de qualquer outro papel social significativo, e mantido apesar de fatos que o
contradizem” (JONES, 1973, p.54), sendo assim, o preconceito tem a ver com

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um conceito anterior, um julgamento prévio que grupos majoritários ou


dominantes encontram para manterem sua supremacia. Gomes afirma que o
“preconceito é um juízo de valor ou opinião que são formados antecipadamente,
sem haver conhecimento dos fatos ou ponderação” (Gomes, 2004, p.54).

O preconceito tem uma dinâmica capaz de criar uma rede de relações


entre as pessoas que, de maneira gradativa, ganha corpo e transforma-se em
percepções de mundo. O maior problema é que essa dinâmica gera atitudes
diante das variadas situações e pessoas, produzindo deformidades nas relações
sociais, como: o homofobismo, o racismo, a discriminação, o sexismo, dentre
outros (SANT’ANA, 2005).

Quanto à palavra discriminar que significa “estabelecer diferenças”,


“diferençar”, “discernir”, “distinguir” é possível, a partir disso, verificar que há uma
relação entre a prática do racismo e o ato dinâmico do preconceito. Enquanto o
racismo e o preconceito encontram-se no âmbito das doutrinas e dos
julgamentos, das concepções de mundo e das crenças, a discriminação é a
adoção de práticas que os efetivam (GOMES, 2004).

Pesquisa realizada por Cavalleiro sobre discriminação em escola pública


da Cidade de São Paulo evidencia que o preconceito racial está presente no
cotidiano da escola, desde quando as crianças muito pequenas entram na
escola. Os exemplos que se seguem deixam evidentes que as atitudes de
preconceito representam situações de conflitos e tensões geradas pela
verberação de um grupo sobre outro. Esse tipo de comportamento gera um
sentimento de recusa ao contato com pessoas negras:

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A Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de


Discriminação Racial, de 1966 considera discriminação racial, como sendo:

Dessa forma, as leis estão postas e apontam para o fim de toda e qualquer
prática de discriminação presente na sociedade, mas as ações das pessoas
ainda são insipientes nesse sentido.

O racismo é uma construção ideológica que afirma ser uma raça superior
a outra. São vários os racismos. As primeiras manifestações racistas
aconteceram no século XVI; dos colonizadores europeus contra as populações
nativas das Américas e contra os negros africanos. Mas, foi no século XIX, a

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partir da expansão do capitalismo industrial, que o racismo se transformou numa


política justificada ideologicamente e praticada pelos Estados Europeus.

 Racismo e capitalismo

Na primeira metade do século XIX, na Europa, estava estabelecida a livre


concorrência entre as empresas dos países industrializados em busca de
mercados. As crises cíclicas de superprodução, inerentes ao capitalismo, aliadas
ao avanço tecnológico geravam desemprego e a redução dos salários dos
operários.

A redução da massa de mais-valia obrigava as empresas a aumentar a


taxa de mais-valia, através da redução dos salários, a fim de manter os lucros.
“Por outro lado, a queda da taxa de lucro que anda junto com a acumulação
provoca necessariamente uma luta concorrencial” (MARX, 1988). As falências
eram inevitáveis. A reação política dos operários desencadeou vários
movimentos de protestos, a criação de poderosos sindicatos e partidos políticos
de cunho socialista. A saturação do mercado europeu agia como um garrote. A
saída foi a expansão do capitalismo para as regiões onde ele ainda não existia
como modo de produção dominante. Essa expansão imperialista se concretizou
na busca de mercados consumidores e fornecedores de matéria-prima a preço
irrisório. O objetivo era reaver os lucros que estavam em queda livre. Era,
também, a valorização do capital. E para isso era necessário o domínio e a
submissão dos povos da África, Ásia e Américas.

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 África, rico continente.

A África é um continente de muitos contrastes. Fora o berço de inúmeras


civilizações avançadas na antiguidade, mas em pleno século XIX ainda abrigava
grande parte de sua população organizada em tribos, cujo nível social e
econômico remontava as sociedades comunistas primitivas.

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Sua imensa riqueza natural transformada em fonte de matéria-prima para


as indústrias europeias atraiu a ambição empresários europeus. Mas, como
transformar essas populações cuja organização social era tribal e praticante de
uma agricultura de subsistência e auto-sustentável em assalariados a serviço da
empresa europeia e em consumidores dos produtos de suas indústrias. Só havia
um jeito: tomar-lhes as terras. E isso foi feito através do incentivo às guerras
tribais com a conivência e o apoio de um setor dessa população que constituía
o setor social privilegiado.

Foi, portanto, um processo violento em que os governos europeus


utilizaram a força militar para subjugar e explorar as populações do continente
africano. A imposição da cultura europeia se deu em simultaneidade com a
desvalorização da cultura local. Uma guerra de conquista foi perpetrada, um
massacre foi consumado. E esse verdadeiro genocídio precisava ser justificado
perante as Instituições guardiãs da democracia burguesa.

 Racismo e imperialismo

Nosso tempo histórico é o da fase imperialista do capital. A decadência


desse modo de produção é evidenciada na impossibilidade de valorizar-se sem
que milhões de seres humanos sejam condenados à masmorra da exclusão
social, da miséria e da fome; da impossibilidade de valorizar-se sem que o
planeta seja colocado em risco de se tornar inviável à vida. “E num momento de
crise estrutural do sistema do capital global em que mesmo os resquícios
mínimos para a satisfação humana são insensivelmente negados à esmagadora
maioria da humanidade (MESZAROS, 2008, p.73). E, na medida em que a
concentração capitalista avança, fica cada vez mais difícil para o capital exercer
a sua verdadeira vocação: valorizar-se. A decadência desse sistema econômico
engendra a decadência da atual sociedade.

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“Assim, os racismos tendem a aumentar em todo o planeta. Povos ou


minorias etnicorraciais serão discriminadas para justificar a super-exploração.”
(Marxismo Vivo, 2007, p. 61). Para o ativista negro estadunidense Malcoln-X,
“Não há capitalismo sem racismo”.

 Política de ações afirmativas

Para atender as reinvindicações de grupos sociais por políticas


específicas que pudesse diminuir as desigualdades foi criado, por Decreto
Presidencial de 20 de novembro de 1995, o Grupo de Trabalho Interministerial
(GTI). Este Grupo apresenta o conceito de ações afirmativas, como:

O GTI foi encarregado de formular políticas públicas para valorização e


promoção dos direitos dos afro-brasileiros e para a valorização da população
negra. Foi o primeiro ato de reconhecimento do racismo pelo Estado Brasileiro.

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As ações afirmativas não são necessariamente desenvolvidas pelo


Estado, elas podem partir de instituições da sociedade civil, que tenham
autonomia suficiente para decidir por meio de seus regimentos internos, tais
como: centrais sindicais, escolas, igrejas, partidos políticos, sindicatos,
instituições privadas, dentre outras. Portanto, as ações afirmativas, podem ser
temporárias ou não, isso fica a critério dos princípios em que foram pautadas.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações


Étnicoraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana
definem que políticas de reparações e de reconhecimento devam formar ações
afirmativas, isto é: “conjuntos de ações políticas dirigidas à correção de
desigualdades raciais e sociais, orientadas para oferta de tratamento
diferenciado com vistas a corrigir desvantagens e marginalização criadas e
mantidas por estrutura social excludente e discriminatória” (BRASIL, 2004, p.5).

A partir das reflexões a respeito dos conceitos apresentados observa-se


que a exclusão ocorre a parcelas da população que não têm acesso a bens e
serviços. Nessa parcela encontram-se os jovens e adultos que não tiveram
acesso aos estudos em idade própria.

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CULTURA E DIVERSIDADE ÉTNICO-RACIAL: UMA


LEITURA DA LEI 11.645/08.

A cultura brasileira é fruto da miscigenação de diversos grupos étnicos


que participaram do processo de formação da sociedade brasileira, e os negros
e indígenas tiveram um papel fundamental nesse processo.

Porém a história e cultura desses povos ficou de lado. Toda a ajuda na

construção do Brasil, é pouco divulgada nas escolas. Em vista disso foi criada a
Lei nº 10.639/03 e posteriormente a Lei nº 11.645/08, que traz para as
instituições escolares a obrigatoriedade da história e cultura africana, afro-
brasileira e indígena em todos os níveis de ensino.

São duas leis importantes que como já comentado anteriormente, alteram


a lei 9.394/96 (LDB). Essas leis não surgiram como um brinde, pelo contrário,
foram conquistadas por meio de reivindicações e lutas sociais. Essa legislação
ela surge do princípio de que o Brasil é uma sociedade estruturada em modelos
eurocêntricos, deixando de lado aqueles considerados inferiores, ou seja, uma
sociedade preconceituosa, racista.

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Segundo Lopes (2005, p. 188):

Ressalta-se assim, que o Brasil, a população brasileira é racista e


preconceituosa, consequentemente todas as instituições sociais brasileiras irão
produzir esses atos. A escola enquanto uma instituição social traz essa
dimensão discriminatória. E as leis existem justamente com o objetivo de
combater a discriminação, o preconceito e o racismo no âmbito institucional.
Lopes (p.189) defende que “A instituição escolar precisa desenvolver programas
que, conhecendo as diferenças e respeitando-as promovam a igualdade de
oportunidades para todos o que se traduz pela oferta de escola de qualidade”.
Uma vez que é no espaço escolar que esses grupos indígenas e
afrodescendentes são prejudicados.

Segundo as Diretrizes Curriculares.

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Nesse sentido, a inclusão da história e cultura afro-brasileira e indígena


nos currículos da educação básica, por meio da publicação das respectivas leis
é um momento crucial para a educação brasileira. Uma vez que o Brasil não tem
uma única identidade nacional. “O Brasil é um país com muitos rostos,
expressões socioculturais, étnicas, religiosas” Silva 2012. E essas Leis
contribuem para o conhecimento da história desses povos, afrodescendentes
quanto aos indígenas possibilitando o respeito, o reconhecimento e a inclusão
das diferenças étnicas e culturais na história do Brasil.

No que diz respeito principalmente aos afrodescendentes Munanga 2005


destaca que:

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Destaca assim, que a história da comunidade negra interessa tanto ao


negro quanto ao branco, pois assim como o negro precisa conhecer sua história,
o branco também necessita saber a verdadeira história, para assim excluir
preconceitos causados por uma educação que apresenta a história da população
negra seguindo uma ótica humilhante e pouco humana.

Os brasileiros vivem em um quadro preconceituoso que afeta todas as

ascendências étnicas, principalmente aquelas que por sua cor, e diferenças são

vítimas de discriminação. Esse preconceito é causado, como destaca Munanga,


pela “educação envenenada” que essa população vem recebendo desde muito
tempo.

Diante disso os professores em sala de aula devem entender a


necessidade de resgatar, valorizar e respeitar a história de cada parte que
compõem a sociedade brasileira e assim proporcionar cada vez mais o respeito
as questões étnico-raciais. Uma vez que essa história e memória não pertence
só aos negros, Munanga destaca que:

Diante disso fica evidente que a história do povo negro interessa a todos,
uma vez que a história e cultura é fruto da mistura de várias culturas que

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contribuíram na formação da identidade da sociedade brasileira. E não é uma


sociedade só de brancos ou só de negros, é uma sociedade para todos.

A cultura brasileira se caracteriza pela composição de várias povos de


culturas e etnias diferentes, que ela foi fermentada em um caldeirão multiétnico.
Porém também temos conhecimento que essa formação está presa a
preconceitos, desinformações que valoriza as raízes europeias e privilegia a
brancura do povo, ignorando e excluindo as outras culturas existentes, em
especial a indígena e a cultura negra. (SILVA,2012).

Superar esses preconceitos, desinformações, reconhecer a história e a


cultura de diferentes grupos étnicos-raciais tem sido um desafio no campo
educacional. Muitos educadores vem enfrentando esses desafios, em vista que
são desafiados a trabalhar em sala de aula o que a leis determinam. Diante
disso, de acordo com Gusmão (2012), muitos professores sentem necessidades
de formação para tratar da diversidade étnico-racial na sociedade e na sala de
aula. Os educadores reconhecem seu limites, diante do desafio de ensinar a
positividade de uma cultura a qual nunca conheceu.

Mesmo diante dessa realidade podemos afirmar que a escola sendo uma

instituição de ensino, que tem a função educativa e a responsabilidade de


transmitir conhecimentos, juntamente com os educadores por meio da educação
são os meios mais indicados e eficazes para promover a desconstrução dos
mitos de superioridades e inferioridades entre os diferentes grupos humanos
existentes.

Mesmo tendo consciência que a educação escolar não possa resolver


todos os problemas sozinha, ela ocupa um espaço em destaque. De acordo com
Munanga (2005, p. 20):

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Diante desse contexto, a escola exerce um papel fundamental, pois


perante a sua função de transmitir, refletir, construir conhecimentos e valores e
sendo uma instituição em que o ser humano se permite ser moldado formando
assim sua identidade, é nesse espaço que a história e cultura do negro e do índio
deve ser ensinada, e assim passando a construir o respeito a diversidade dos
diferentes povos, abolindo o preconceito e discriminação. Visto que os atos de
preconceitos e discriminação não é algo que nasce com o ser humano, é algo
ensinado ao ser humano, dessa forma a educação ela pode mudar essa história
da sociedade brasileira.

AS LEIS Nº 10.639/03 E Nº 11.645/08

A Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, alterou o artigo 26 da Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96, tornando
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos
de ensino fundamental e médio.

Em 10 de março de 2008, foi sancionada a Lei nº 11.645/08 que ampliou


a Lei 10.639/03 incluindo também o ensino da história e da cultura dos povos
indígenas brasileiros.

Assim, a LDB passou a vigorar acrescida dos seguintes artigos:

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Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino


médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura
afrobrasileira e indígena.

§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos


aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população
brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da
África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a
cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade
nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e
política, pertinentes à história do Brasil.

§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos


povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo
escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história
brasileiras.

Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como “Dia


Nacional da Consciência Negra”.

A Lei 10.639 teve o objetivo de inserir nos currículos escolares o estudo


da história e cultura da áfrica e a luta dos negros no Brasil, resgatando a
contribuição desse povo nas áreas social, econômica e política do país.

Essa lei foi resultado da demanda da comunidade afro-brasileira por


reconhecimento e valorização dos negros e de reivindicação de movimentos
sociais e da sociedade civil em geral, para garantir que nas escolas sejam
resgatados elementos culturais dos afro-descendentes, os quais contribuíram
decisivamente para a formação da cultura e identidade nacional.

No entanto, o fato de a Lei 10.639 não contemplar o estudo da cultura dos


índios brasileiros, se tornou alvo de críticas da comunidade de grupos indígenas.
Assim, a Lei 11.645 veio corrigir essa lacuna tornando obrigatório também o
ensino da cultura dos povos indígenas no currículo escolar.

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Para os autores dessas reivindicações, a relevância do estudo de temas


decorrentes da história e cultura afro-brasileira e indígena diz respeito a todos
os brasileiros, uma vez que o Brasil é um país multicultural e pluriétnico, e por
esta razão deve-se educar os alunos para serem cidadãos atuantes no seio de
uma sociedade que abrigada tantas diversidades.

IDENTIDADES NACIONAIS - ÉTNICO-RACIAIS E


DIFERENÇAS CULTURAIS

“identidade designa algo como uma compreensão de quem somos,


nossas características definitórias fundamentais como seres humanos.”

Quando falamos em “identidade” ou identidades” devemos sempre estar


bastante atentos (as), pois trata-se de um tema que envolve comportamentos,
sentimentos, o modo de ser, de viver e de amar de cada um, e tudo isso é
“carregado” de uma história de vida, ocorrida dentro de um determinado contexto
social, com laços familiares e afetivos específicos, recheada de crenças e
valores peculiares.

A identidade de um indivíduo é única, “identidade designa algo como uma


compreensão de quem somos, nossas características definitórias fundamentais

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como seres humanos.” TAYLOR, Charles. “A política do reconhecimento”. In.


Argumentos filosóficos. São Paulo: Loyola, 2000, p. 241. Aprenderemos aqui um
pouco mais sobre essas características que nos definem, em primeiro lugar
vamos falar sobre identidade nacional.

A caracterização da identidade nacional uni-se, primeiramente à


existência da identidade cultural, bem, já sabemos o que é cultura, mas vale
lembrar que a cultura é nossa herança social, nesse sentido, como brasileiros e
brasileiras que somos, sofremos influências dos portugueses, negros, índios e
imigrantes de vários países como os italianos.

Temos uma identidade cultural forte, baseada em uma língua comum, na


miscigenação, comidas típicas, a arte barroca, a natureza exuberante, nossa
música etc. Para que exista uma identidade nacional é necessário que o povo
possua a consciência de nação, a nação é uma construção coletiva a partir de
uma identidade nacional.

Desta forma, é imperioso que, além da identidade cultural, exista um


projeto nacional de desenvolvimento, a compreensão de identidade nacional
também envolve aspectos geográficos, jurídicos ou diplomáticos. Temos
exemplos de países que possuem uma forte identidade cultural, como o Brasil,
e outros detentores de uma elevada consciência de nação, apesar de não ter um
grau elevado de identidade cultural.

Assim, podemos definir identidade nacional como o somatório de valores


culturais resultante da vivência, que, apesar de incluir as diferenças regionais e
peculiaridades grupais, é passível de caracterização por um traço que permita a
definição de um perfil diversificado, contudo hegemônico baseado em habitante
(homem), território, instituições, língua, costumes, religiões e história comuns. A
identidade brasileira é proveniente do nascimento da nação, representado pelo
idioma, etnias, bem como através do solo, clima, vegetação e relevo.

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Nossa base cultural foi constituída pelo amálgama do processo de


integração de portugueses, negros, índios e imigrantes de vários países do
mundo. Uma etnia ou um grupo étnico é uma comunidade humana definida por
afinidades linguísticas e culturais. Estas comunidades geralmente reivindicam
para si uma estrutura social, política e um território. A palavra etnia é usada
muitas vezes de forma equivocada como um sinônimo para grupo minoritário ou
como um eufemismo para raça, embora não possam ser considerados como
iguais.

os fatores culturais, como a nacionalidade, a afiliação tribal, a Religião, a


língua e as tradições, enquanto raça compreende apenas os fatores
morfológicos, como cor de pele, constituição física, estatura, traço facial, etc

A COMPOSIÇÃO ÉTNICA DA POPULAÇÃO


BRASILEIRA

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O Brasil é um país com grande diversidade étnica, sua população é


composta essencialmente por três principais grupos étnicos: o indígena, o
branco e o negro. Os indígenas constituem a população nativa do país, os
portugueses foram os povos colonizadores da nação e os negros africanos foram
trazidos para o trabalho escravo.

Esse contexto proporcionou a miscigenação dos habitantes do Brasil,


caracterizados como mulato (branco + negro); caboclo ou mameluco (branco +
índio); cafuzo (índio + negro). Com o prosseguimento da miscigenação,
originaram-se os inúmeros tipos que hoje compõem a nossa população.

A composição étnica dos brasileiros é um conteúdo muito importante,


passível de uma atenção especial por parte do educador ao aplicá-lo em sala de
aula. Mostre aos alunos a diversidade étnica da população nacional e como esse
fator contribuiu para a nossa identidade cultural; demonstre aspectos culturais
presentes em nossas vidas, originários dos indígenas, portugueses, africanos,
além dos outros imigrantes europeus, árabes e asiáticos.

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No objetivo de promover a reflexão dos estudantes, pergunte sobre a


origem étnica de seus familiares, demonstrando a ampla mistura étnica que há
em nossa nação.

A diversidade étnica da população brasileira

É sempre importante ressaltar que nos estados brasileiros não há


homogeneidade étnica, e sim, a predominância de vários grupos. A distribuição
dos principais grupos étnicos pelo território nacional é uma consequência do
povoamento das regiões do país.

A região Sul teve os europeus como principais povos ocupantes do


território; na Amazônia, predominam os descendentes indígenas; os
afrodescendentes são maioria no Nordeste brasileiro. No entanto, existe grande
diversidade mesmo entre essas regiões, pois além de ter ocorrido a
miscigenação nesses locais, há um grande fluxo migratório entre essas partes
do Brasil.

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CONCLUSÃO

Um dos grandes desafios da atual conjuntura educacional brasileira é a


temática da diversidade étnico-racial e, nesse contexto, o debate referente às
políticas públicas de educação envolvendo as questões raciais no âmbito das
políticas públicas sociais.

Sobre a diversidade étnico-racial, é importante entender que os avanços


que essa tem vivenciado no campo da política educacional e na construção da
igualdade e da equidade mantêm relação direta com as lutas políticas da
população negra em prol da educação ao longo dos séculos. É importante
reconhecer a implementação de ações afirmativas voltadas para a população
negra brasileira, as quais são ser desenvolvidas juntamente com as políticas
públicas de caráter universal. Trata-se de uma demanda política do Movimento
Negro nos dias atuais e de outros movimentos sociais partícipes da luta
antirracista na construção da democracia.

Uma democracia que assuma o direito à diversidade como parte


constitutiva dos direitos sociais e assim equacione de forma mais sistemática a
diversidade étnico-racial, a igualdade e a equidade.

Por fim, ações de cunho pedagógico propostas no ambiente escolar, que


visem a participação da comunidade, promovem a mobilização familiares e
demais membros partícipes da esfera escolar quanto ao respeito a diversidade
étnico-racial e cultural. Tendo como alicerce fundamental a legislação vigente,
além da doutrina exposta.

REFERÊNCIA

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