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CULTURAL
NA BAHIA
Teorias e Práticas na realização de projetos
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“Cultura como tudo aquilo que, no uso de qualquer coisa, se manifesta para
além do mero valor de uso. Cultura como aquilo que, em cada objeto que
produzimos, transcende o meramente técnico. Cultura como usina de sím-
bolos de um povo. Cultura como conjunto de signos de cada comunidade e
de toda a nação. Cultura como o sentido de nossos atos, a soma de nossos
gestos, o senso de nossos jeitos.”
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SUMÁRIO
07 Apresentando
11 Discutindo Cultura
17 Entendendo a Produção Cultural e a Gestão Cultural
25 Etapas da produção Cultural: pré-produção, produção e pós-produção
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Apresentando
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“Produção Cultural na Bahia: Teorias e Práticas na realização de projetos”
é um manual que se dedica a detalhar o processo de concepção, plane-
jamento, execução e avaliação de um projeto cultural, intercalando dis-
cussões teóricas com questões práticas do processo. O produto aborda
aspectos mais genéricos, essenciais para no momento da elaboração e do
planejamento de um projeto, e traz especiicidades da Produção Cultural
na Bahia, principalmente no que diz respeito aos mecanismos de inancia-
mento disponíveis no Estado.
A intenção do Manual é oferecer um produto voltado para pessoas que
pretendem começar a trabalhar com produção cultural ou para os que já
realizam projetos culturais de forma amadora e que pretendem buscar in-
formações para realizar o trabalho de forma mais proissional. O produto
tem foco nos produtores e grupos do interior do Estado, que têm pouco
acesso a atividades de formação e capacitação em produção cultural. Ape-
sar de ser útil para artistas que realizam suas próprias produções, destaco
neste Manual a importância do trabalho de produção ser realizado por al-
guém dedicado exclusivamente a esta função dentro do projeto.
O objetivo aqui não é, de forma alguma, oferecer fórmulas prontas,
receitas de bolo ou verdades absolutas. O trabalho se caracteriza em apre-
sentar ações e atividades que permitem que o projeto seja realizado de
forma mais tranquila, através de um planejamento bem feito e detalhado.
As ações descritas resultam de um processo de pesquisa de conceitos e
publicações acadêmicas, e de um processo de relexão acerca do exercício
da proissão. Os tópicos do projeto partem também da consulta e diálogo
com proissionais da área e com novos produtores, a im de detectar quais
os conteúdos mais importantes a serem abordados.
Apresento, então, o meu Trabalho de Conclusão de Curso, desejan-
do que este contribua para a atuação dos proissionais aos quais o dedico.
Boa leitura!
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Discutindo Cultura
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Para começar a esboçar um Manual de Produção Cultural, precisamos
deixar claro de que idéia – ou idéias – de cultura estamos tratando. A inten-
ção aqui não é apresentar um único conceito, até porque não existe uma
deinição exata do que é cultura. Vamos, então, fazer um levantamento de
diferentes entendimentos do termo e discorrer sobre qual ou quais os con-
ceitos mais aplicados hoje, e quais as implicações para o campo cultural.
Uma das primeiras idéias deine cultura como um conjunto de objetos
que não são naturais. Um mármore ou uma pedra, por exemplo, são obje-
tos naturais, e uma estátua esculpida nesses objetos passa a ser um objeto
– ou produto – cultural, resultado da ação do homem.¹
Uma outra deinição vai tratar de cultura como o processo de desen-
volvimento humano, a o cultivo da mente e do espírito. Neste sentido,
fala-se de cultura querendo falar, na verdade, de grau de instrução ou de
conhecimento acumulado. É o conceito acolhido quando se diz, por exem-
plo, que alguém é “culto”.
Isaura Botelho apresenta duas perspectivas: a sociológica vai deinir
cultura como um circuito organizacional que estimula, por diversos meios,
a produção, a circulação e o consumo de bens simbólicos. Ou seja, há o
entendimento da cultura como expressão artística em sentido restrito. Já
perspectiva antropológica entende a cultura como tudo que o ser humano
elabora e produz - simbólica e materialmente falando - através da interação
social entre os indivíduos.²
Essa última perspectiva foi adotada pelo Ministério da Cultura – MinC
- desde o começo da gestão de Gilberto Gil, em 2003. Em um dos seus
discursos, Gil deiniu cultura como “usina e conjunto de signos de cada co-
munidade e de toda a nação. Como eixo construtor de nossas identidades,
construções continuadas que resultam dos encontros entre as múltiplas
representações do sentir, do pensar e do fazer brasileiros e a diversidade
cultural planetária. “
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
13
Cultura – UNESCO – consolida, num documento chamado “Declaração
Universal sobre a Diversidade Cultural”, lançado em 2002, a seguinte
deinição de cultura:
3 UNESCO, p. 2.
14
Um bem simbólico é um produto cultural, político e econômico –
simultaneamente. Como envolve custos de criação, planejamento e
produção é, obviamente, uma fonte geradora de emprego e renda.
Uma fonte de lucro para empresas e de captação de divisas para
países exportadores de bens e serviços culturais. Ou seja: além de
dar emprego em casa, a produção cultural pode trazer dinheiro de
fora. Hoje, o mercado internacional de bens e serviços culturais é
extremamente dinâmico, envolvendo bilhões e bilhões de dólares.
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a procura por proissionais capacitados aumenta. Com a sistematização dos
processos de gestão da cultura, ica mais fácil transmitir esse conhecimento
e diminuir a informalidade e o improviso na área. Assim, os produtores e
gestores passam a ser realmente vistos como proissionais.
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Entendendo a Produção Cultural e a Gestão Cultural
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Com a expansão do campo cultural e das possibilidades de atuação nesse
campo, precisamos entender qual o peril, as atribuições e funções dos prois-
sionais intermediários deste campo. São estes os produtores e gestores cul-
turais, responsáveis principalmente pela comunicação e troca entre os agentes
envolvidos em todo o processo.
A professora e pesquisadora Linda Rubim vai chamar esses novos
proissionais de “organizadores da cultura”. Segundo ela, essa atividade
“busca, deste modo - através do acionamento de uma variedade de recur-
sos: inanceiros, materiais, técnicos, tecnológicos, humanos, etc - tornar
viável e dar concretude aos produtos e eventos decorrentes dos processos
de imaginação e invenção desenvolvidos pelos criadores culturais”.4
Rubim vai dizer ainda que existem diferentes nomenclaturas possíveis
para estes proissionais. Entre os mais comuns estão animador cultural,
promotor cultural e produtor cultural. Sobre o termo animador cultural,
Rubim airma que “tem, quase sempre, uma certa marca de militância
política e social, de algo alternativo às estruturas e práticas existentes(...).
Uma atuação que mescla umbilicalmente política e cultura, que mistura e
torna as diferentes atividades do sistema cultural como algo inespecíico”5.
Os usos que se fazem desse termo o relacionam a essa militância ou, de
alguma forma, à agitação cultural.
O professor Francisco Paulo de Melo Neto apresenta os conceitos
para produção e promoção cultural, entendendo a produção cultural
como algo que lida com “o mundo simbólico, da abstração, da sensibi-
lidade e da criatividade subjetiva”, ou seja, relacionado ao processo de
criação. A promoção cultural seria o que “lida com as variáveis técnicas
do mercado, as questões de oferta e demanda de produtos, peril e com-
portamento do consumidor, análise de técnicas e demais aspectos”6.
Podemos ver que o uso que fazermos desses termos se confundem:
normalmente o que chamamos de produção cultural se relaciona com a
deinição de promoção cultural.
4 RUBIM, 2005, p. 21
5 RUBIM, 2005, p. 21
6 MELO NETO, 2000, p. 42
19
Os termos produção e produtor culturais têm sido mais usados para
deinir esse “organizador da cultura”, motivo pelo qual iremos adotar este
conceito. É importante destacar, entretanto, que a deinição do termo não
serve para designar todo e qualquer proissional que realize essa interme-
diação. Cada linguagem artística e manifestação cultural têm necessidades
de proissionais diferentes e, em cada uma dessas realidades, os proissio-
nais podem assumir outras funções e nomenclaturas.
Temos ainda o papel do gestor cultural. Cabe aqui uma discussão sobre
o uso dos termos produtor e do gestor culturais. São duas denominações
diferentes para o mesmo proissional? Tratam-se de funções diferentes?
Complementares? Uma mesma pessoa pode assumir as duas funções?
No campo cultural, essas proissões ainda não estão bem deinidas. O
Guia do Estudante deine o produtor cultural como aquele que
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O produtor e gestor Rômulo Avelar vai conceituar o produtor cultural
como o “proissional que cria e administra diretamente eventos e projetos
culturais, intermediando as relações dos artistas e demais proissionais da
cultura com o Poder Público, as empresas patrocinadoras, os espaços cul-
turais e o público consumidor de cultura”8.
Por gestor cultural, Avelar entende duas funções: o “proissional que
administra grupos e instituições culturais, intermediando as relações dos
demais proissionais da área com o Poder Público, as empresas patrocina-
doras, os espaços culturais e o público consumidor de cultura”, ou ainda
o proissional que “desenvolve e administra atividades voltadas para a
cultura em empresas privadas, órgãos públicos, organizações não-gover-
namentais e espaços culturais”.9
Nessas deinições, percebemos um claro recorte no papel do produ-
tor e no papel do gestor, ainda que estas sejam atividades que possam ser
executadas por uma mesma pessoa, em momentos diferentes. Percebe-
mos, então, que o produtor e o gestor culturais, apesar de possuírem
elementos em comum, executam funções diferentes dentro do campo
cultural, e que essa separação resulta do amadurecimento da área, que
demanda proissionais mais especializados.
Mais importante do que deinir conceitos, no entanto, é entender o
que signiica, efetivamente, ser um agente cultural dentro desse campo
que se conigura. As atividades de produção e gestão, por exemplo, en-
volvem intenso trabalho administrativo. O trabalho desses proissionais se
constitui, basicamente, em gerir, organizar, administrar, planejar, acom-
panhar. São atividades que devem ser realizadas por alguém designado
para isso.
É comum vermos artistas assumindo a função de produtores den-
tro de seus projetos, seja por falta de recursos para a contratação de um
proissional ou por acreditar que se trata de uma atividade que pode
ser executada por qualquer pessoa. Como airma Rômulo Avelar, “des-
8 AVELAR, 2008, p. 52
9 AVELAR, 2008, p. 52
21
consideram seus limites pessoais e não se dão conta de como é difícil
conciliar atividades tão discrepantes como a de criação e produção. De
um lado, estão procedimentos que lidam com questões subjetivas e, de
outro, ações que dependem fundamentalmente da objetividade.” Rosa
Villas-Boas complementa:
22
Outra mudança importante no campo cultural é a utilização de ferra-
mentas de administração e gestão empresarial. Segundo Rosa Villas Boas,
gestora do Teatro Sesi Rio Vermelho,
23
24
Etapas da Produção Cultural
Um processo de produção pode ser dividido em três etapas: pré-produção, produção
e pós-produção. Vamos detalhar as ações mais importantes dentro de cada etapa, que
podem ser aplicadas à maioria dos projetos culturais.
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26
A pré-produção é o momento de planejar
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Em qualquer atividade, esse é o primeiro passo. Planejamento é “a deter-
minação da direção a ser seguida para alcançar um resultado desejado”13.
Planejar signiica pensar, fazer escolhas, deinir objetivos, metas, ações.
Nesse sentido, serve para orientar o criador a entender onde se quer che-
gar e quais os melhores caminhos a seguir, e não para engessar o processo
de criação, como muitos pensam. O próprio planejamento não é algo en-
gessado: ele pode – e deve – sofrer alterações sempre que for necessário,
pois “um dos grandes benefícios do planejamento é exatamente o de
propiciar ao gestor maior segurança para a tomada de decisões e efeti-
vação das alterações necessárias, diante de fatos inesperados”14. Assim, o
planejamento consiste em tentar prever os resultados do projeto e fazer
análise dos riscos e possibilidades deste.
A partir daqui vou tratar de elaboração de projetos, considerando
projeto como um planejamento das ações, e não simplesmente como
uma ferramenta de obtenção de recursos. Podemos – e devemos - elabo-
rar projetos para qualquer empreendimento que vamos começar, pois é
a partir dele que vamos administrar, gerir, executar, controlar e avaliar as
ações. “A elaboração de um projeto é essencial tanto para a solicitação
de apoios e patrocínios a instituições públicas e privadas, como também
para a produção de uma atividade artístico-cultural”15 . Ou seja, o projeto
não deve ser elaborado apenas para solicitação de apoio ou patrocínio,
mas deve ser um planejamento que vai nortear a produção e execução de
qualquer atividade.
Um dos principais problemas na elaboração ou execução de projetos
culturais consiste no fato dos projetos serem escritos simplesmente para
aproveitar editais ou mecanismos de inanciamento que estejam rece-
bendo propostas, sem que o projeto seja bem fundamentado, os custos
sejam bem estimados ou o objetivo seja bem deinido. Esse projeto pode
ser aprovado, mas provavelmente precisará de diversos remanejamentos
e alterações para que seja plenamente realizável, ou ainda o projeto pode
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ter problemas durante a administração ou prestação de contas, por não
ter planejado bem a forma de controle de gastos ou de atividades do seu
projeto.
Para tentar sanar esses problemas, detalhamos aqui aspectos impor-
tantes que devem ser pensados no momento da concepção e elaboração
de um projeto. Todos esses aspectos são pensados na pré-produção, pois
ela engloba toda a etapa de preparação do projeto, desde a concepção da
idéia até o início das suas atividades.
Cabe destacar que existem entendimentos diferentes de até onde vai a
etapa de pré-produção. Podemos considerar que “a pré-produção vai desde
a concepção da idéia até o momento em que o empreendedor irma algum
compromisso que torna o projeto irreversível” . Podemos ainda considerar
pré-produção como toda e qualquer atividade que corresponde ao plane-
jamento do projeto. Ou seja, se mesmo após assinar contrato e receber o
recurso, ainda for necessário deinir cenário, igurino, atrações do evento,
essas atividades ainda serão consideradas pré-produção. É com essa última
deinição de pré-produção que vamos trabalhar nas próximas páginas.
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TER A IDÉIA
Todo projeto parte de uma idéia inicial, que está relacionada a um motivo,
a uma razão de existir. Esse motivo é, normalmente, uma situação negativa
ou uma carência que o projeto pretende resolver.
O primeiro passo, nesse caso, é identiicar qual o problema central do
projeto, ou seja, qual a situação negativa, qual a carência que precisa ser su-
perada. Aqui partimos do ponto de que o projeto se origina de um problema,
mas existem diversas situações aonde o projeto vem na forma de uma idéia,
e não de uma análise apurada do cenário. Pelo fato de produtores e artistas
viverem intensamente o ambiente no qual trabalham e criam, essa análise,
normalmente, é feita dentro do próprio dia-a-dia. Nesse caso, quando te-
mos uma idéia de projeto estamos, normalmente, apresentando a solução
para um problema que já é conhecido por nós.
O primeiro passo para a avaliação da idéia é tentar perceber se ela
é realmente a melhor solução para o problema. Vamos imaginar, por
exemplo, a situação onde se tem a idéia de um livro para preservar a
memória de uma manifestação cultural especíica. Porém, pode acon-
tecer da manifestação em questão fazer parte de uma cultura onde a
transmissão de conhecimento é feita de forma oral. Devemos avaliar,
nesse caso, se um livro é a melhor forma de preservar essa memória. Ele
será útil para aquela comunidade? A transmissão de conhecimento dos
mestres daquela cultura será efetiva através desse formato? Se o projeto
corresponder à intenção de documentar a manifestação cultural em si, não
seria melhor propor um documentário baseado em depoimentos, ao invés
de um livro escrito por um pesquisador externo àquela cultura? Por outro
lado, se o problema em questão for o fato de não haver pesquisas ou es-
tudos sobre aquela cultura, o livro será, provavelmente, a melhor forma
de solucioná-lo. Ou seja, quando se parte de uma idéia devemos sempre
“voltar” e tentar localizar qual o problema que a originou. A partir da iden-
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tiicação do problema é que podemos deinir as características e formato
mais adequados ao produto, de modo a garantir que o projeto realmente
solucionará o problema. Do contrário, o projeto será frágil e diicilmente
será bem avaliado em um processo de seleção.
Sendo assim, o mais importante, inicialmente, é identiicar qual o
problema central. Devemos ter em mente que cada projeto deve partir
de um único problema a ser solucionado: vários problemas devem gerar
vários projetos diferentes, que devem ser elaborados de forma isolada.
Posteriormente esses projetos podem ser reunidos em um “multiproje-
to” ou em um “programa”, mas é importante que cada um seja pensado
de forma separada, com justiicativas, cronogramas, orçamentos e equi-
pes técnicas independentes um do outro.
Ao tentar isolar o problema, devemos ter cuidado para não confundir
com uma hipótese de solução. Quando se tenta um inanciamento para
um projeto qualquer, o problema a ser solucionado nunca será a falta de
dinheiro. O dinheiro é a forma de viabilizar a solução para um problema
que pode ser, por exemplo, o fato de números circenses estarem se per-
dendo com o passar do tempo.
Assim, será elaborado um projeto visando a preservação da memória,
que pode resultar em oicinas de capacitação de novos artistas circenses,
num livro ou num documentário, entre outras possibilidades, a depender
da solução que o criador do projeto julgue ser a mais relevante para o
problema. Ou seja, depois de detectar o problema central e a possível
solução do problema, precisamos pensar no produto que o projeto vai
gerar. Um produto é “qualquer classe de bens tangíveis ou intangíveis,
incluindo bens materiais, serviços e até idéias”17. Em alguns casos, o
produto é facilmente identiicado quando se detecta o problema. Em
outros, é preciso um esforço maior para tentar deiní-lo, pois pode haver
vários produtos necessários para a solução de um problema. Nesse caso,
17 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 38
32
o esforço deve se concentrar em “identiicar o produto que melhor con-
tribua para a solução, ou que seja mais relevante, ou ainda cuja obten-
ção seja mais factível”18 . No caso dos números circenses, por exemplo,
o produto será “X novos artistas circenses capacitados”, se o projeto se
tratar de oicinas de capacitação, ou “X livros publicados/distribuídos”
no caso do projeto prever publicação ou distribuição de livros.
Existe, porém, a possibilidade do produto ser indeterminável. Num
projeto de pesquisa, por exemplo, nunca saberemos dizer exatamente o
que será encontrado ou descoberto. Nesse caso, o projeto deve ser dimen-
sionado a partir da deinição do tempo, do período que será necessário
para realizar a pesquisa. “É mediante a limitação do tempo, da duração,
que se objetiva, que se torna claro e distinto o propósito do projeto, quan-
do a própria temática, por sua natureza, não pode ser precisada.”19
33
ANALISAR A VIABILIDADE DA IDÉIA
34
A idéia é inédita?
Existem registros de experiências similares já realizadas? Em caso
airmativo, quais foram os resultados?
Em que a nova proposta se diferencia daquilo que já foi realizado?
Quais são os atributos que poderão ser explorados como
diferenciais?
Qual o peril do público-alvo da ação?
Quantas pessoas se pretende atingir? Em quais localidades?
Quais são os potenciais parceiros para a viabilização de uma
proposta dessa natureza?20
35
TRANSFORMAR IDÉIA EM PROJETO
21 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 68
36
Vamos, a partir daqui,descrever o seu preenchimento. Começamos a
preencher na vertical, ou seja, primeiro vamos dar a Descrição (Coluna 2)
de cada um dos elementos da coluna 1.
Na coluna 1, temos os seguintes elementos:
Finalidades: aquilo a que o projeto serve. Finalidade é sempre gené-
rica, mas nunca é abstrata. Ou seja, não se deve dizer que a inalidade do
projeto é contribuir para a melhoria da cultura, mas pode se dizer, por
exemplo, que é contribuir para a preservação do patrimônio de tal locali-
dade ou comunidade. Um projeto pode ter mais de uma inalidade. “Um
projeto de instalação de um pequeno museu pode ter como inalidade
resgatar o patrimônio local, promover o interesse na preservação e es-
timular outras iniciativas culturais na região”22.
Objetivo e Produto: o que será alcançado quando o projeto estiver
concluído. O objetivo e o produto são descritos juntos porque estão
profundamente relacionados. Quando o objetivo de um projeto for, por
exemplo, “capacitar novos artistas”, o produto será “X artistas capacita-
dos”. Diferente das inalidades, cada projeto deve ter apenas um objetivo
e um produto.
Metas: produtos intermediários que, quando combinados, são sui-
cientes para que o objetivo do projeto seja alcançado. As metas são sempre
quantiicáveis, pois é a partir delas que poderemos checar e atestar a reali-
zação integral do projeto. Por exemplo, para um projeto de capacitação de
novos artistas, as metas podem ser o número de professores contratados,
o número de alunos selecionados para receber a capacitação, a quantidade
de horas-aula ministradas. São pequenos objetivos que vão sendo cumpri-
dos e que indicam o progresso e a consecução do projeto.
Recursos: tudo o que é necessário para que cada meta seja alcançada.
Devem ser expressos na forma de recursos humanos, materiais, intangíveis
e inanceiros. Não é necessário, a princípio, especiicar cada recurso, mas
pensar de forma geral e estimada o que é necessário. Pode-se pensar, por
22 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 70
37
exemplo, quantos instrutores serão necessários, se deve ser elaborado
material didático e quais os custos envolvidos nisso, que instalações físicas
são necessárias para as aulas, etc. Esses recursos serão detalhados no mo-
mento da elaboração do orçamento.
Para facilitar o entendimento, vamos usar o exemplo de um projeto que
visa preservar a memória da arte circense, através do resgate de números
que já não são mais executados nos espetáculos circenses. Os exemplos
abaixo não dão conta de tudo o que é necessário para o projeto, mas serve
como exempliicação do que deve ser pensado nessa fase:
Finalidade: promover o resgate de números circenses que deixaram
de ser executados.
Objetivo: capacitar 20 novos artistas para executar os números
Produto: 20 artistas circenses capacitados
Metas: contratação de professores, seleção de alunos para receber a
capacitação, realização das oicinas de capacitação.
Recursos:
Humanos - artistas ou mestres circenses que ainda dominem as técni-
cas de execução dos números, apesar de não executá-los mais
Materiais – Equipamentos circenses e de segurança; material didático.
Financeiros – Valor para pagamento dos artistas e mestres que vão
ministrar as oficinas de capacitação, valor para deslocamento e hos-
pedagem dos artistas enquanto estiverem ministrando as oficinas.
A partir daí, vamos começar a deinição de Indicadores (Coluna 3).
Um indicador é um dispositivo que fornece medidas e deve dar infor-
mações sobre qualidade (especiicação); quantidade; duração; grupo-
instituição-alvo; local, etc.23
A Matriz de Estrutura Lógica requisita indicadores para todos os ele-
mentos da Coluna 1. Ou seja, precisamos deinir algo que nos indique que
as inalidades, metas e objetivos foram realizados. Vamos exempliicar a
deinição de indicadores:
23 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 72
38
Se a inalidade é promover o resgate de números circenses que deixaram
de ser executados, o indicador pode ser a execução desses números pelos
artistas capacitados. Ou seja, se os artistas forem capazes de executar os
números, podemos entender de que a inalidade foi atingida.
Se o objetivo é capacitar 20 novos artistas para executar os números,
tendo como produto os 20 artistas circenses capacitados, o indicador vai
ser o número de artistas formados, ou seja, o número de artistas que efeti-
vamente concluíram o curso.
Se a meta é contratação de professores, o indicador é o número de
professores contratados. Se a meta é a seleção de alunos para receber a
capacitação, o indicador é número de alunos selecionados. Se a meta é a
realização das oicinas de capacitação, o indicador é a quantidade de horas-
aula ministradas.
Para os recursos, os indicadores serão as formas de pagamento ou
obtenção desses recursos. São as unidades de medida que podem, pos-
teriormente, serem transportadas para o orçamento. Ou seja, os indica-
dores de contratação de instrutores podem ser hora/aula. Os indicadores
de compra de equipamento circense e de segurança podem ser equipa-
mento/aluno e os indicadores de recursos inanceiros podem ser diária/
pessoa ou deslocamento/pessoa.
Após o preenchimento da Coluna 3, vamos para os Meios de Verii-
cação (Coluna 4). Os meios de veriicação são “as fontes de informação
sobre os indicadores, isto é, a forma como vem expressos os indicadores” .
De forma mais simples, trata-se de onde vamos encontrar as informações
sobre os indicadores.24 Os meios de veriicação devem ser acessíveis e não
devem impactar em muitos gastos para o projeto.
Para constatar a execução dos números circenses pelos artistas ca-
pacitados, podemos nos guiar por um Relatório de Aula dos instrutores,
no qual os instrutores vão indicar o aprendizado dos alunos e dizer se
eles dominaram ou não a técnica de execução do número. Para constatar
24 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 72
39
o número de artistas formados, podemos consultar o número de Certi-
icados emitidos. Sobre o número de professores contratados, podemos
nos consultar os contratos assinados. Para o número de alunos selecio-
nados, podemos consultar a Lista de Divulgação dos selecionados. Para
a quantidade de horas-aula ministradas, podemos consultar um Livro de
Ponto.
Para os recursos humanos, o meio de veriicação pode ser um Relatório
de Frequência e, para recursos inanceiros e materiais, podem ser recibos
e notas ou cupons iscais.
Agora só resta estabelecer as Premissas (coluna 5), que fazem parte
dos Pressupostos do projeto. Os pressupostos são “condições necessárias
e suicientes, externas ao projeto, para que a inalidade, o objetivo e as
metas sejam alcançados e para que os insumos estejam disponíveis”25 e
se dividem em premissas e restrições. As premissas são “fatores cuja ocor-
rência é considerada necessária para os ins do projeto”.26 As restrições são
fatores que limitarão as opções do projeto. Por exemplo, um orçamento
predeinido, cláusulas contratuais, etc”.27
Devemos nos questionar sobre o que pode impedir a obtenção dos
resultados previstos nas colunas anteriores e, a partir disso, elaborar pres-
supostos, ou seja, condições básicas, para alcançar tal inalidade, meta, ob-
jetivo, etc. Eles devem ser sempre escritos em forma de sentença positiva e
nem todos os elementos da coluna 1 tem pressupostos, ou pode acontecer
do pressuposto ser o mesmo para mais de um elemento. No caso do nosso
exemplo, um dos pressupostos é que os alunos continuem dispostos e in-
teressados em aprender as técnicas pretendidas.
Os pressupostos serão necessários para realizar uma análise de risco do
projeto e podem resultar em duas ações diferentes:
uma, mais óbvia e menos rara do que se pensa, é o abandono ou a
modiicação radical do projeto devido a barreiras detectadas nessa
25 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 73
26 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 74
27 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 73
40
etapa de coniguração. Pressupostos de alta probabilidade e nega-
tivos para o projeto podem, e devem, determinar seu abandono.
Outra é a inclusão no projeto de atividades que diminuam o risco de
ocorrência de pressupostos desfavoráveis.28
É importante estar atento para fatores como Direitos Autorais, pois po-
dem se caracterizar como restrições ou fatores impeditivos para a execução
do projeto. Antes de começar a montar ou vender o projeto, é preciso
veriicar a possibilidade de utilização das obras de terceiros, prevendo nos
gastos o devido pagamento aos autores, criadores e/ou compositores,
quando for o caso.
Com o preenchimento da Matriz de Estrutura Lógica, temos um pano-
rama geral do que se quer realizar com o projeto. É importante dizer que o
papel da Matriz é, justamente, forçar a correção dos itens anteriores sem-
pre que estes estivem mal determinados ou com qualquer problema. As-
sim, é normal ter que voltar para as colunas anteriores alterá-las, até que
toda a Matriz esteja coerente.
Segue na próxima página, como referência, a Matriz preenchida de
acordo com o exemplo trabalhado:
28 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 73
41
Descrição Indicadores Meios de Premissas
Veriicação
42
MODELAR O PROJETO
29 FUNCEB, 2010, p. 2
43
destina e, inalmente, em que período e local ocorrerá”.30
Justiicativa: “Apresentação das razões para a realização do projeto”.
Esse é o momento que exige maior argumentação, pois “é o momento de
convencimento da importância do projeto e da capacidade do proponente
em realizá-lo”.31
Na justiicativa, vão ser destacadas questões pensadas no primeiro mo-
mento de concepção do projeto: a idéia é inédita? Em que se difere das
demais? O que justiica e favorece sua execução? É importante detalhar
esses aspectos e destacar os principais atributos e características do pro-
jeto.
Objetivos: “Indicação dos resultados que se pretende atingir, dos
produtos inais a serem elaborados, bem como dos benefícios da ação
ou atividade cultural, se possível a curto, médio e longo prazo.”32 Nesse
campo, costumam ser apresentados objetivos gerais e especíicos. Como
objetivo geral, transcrevemos o objetivo principal descrito na Matriz de
Estrutura Lógica. As inalidades podem ser consideradas objetivos especí-
icos, já que são, também, ações às quais o projeto se presta a realizar. Os
objetivos devem ser expressos por tópicos e iniciados por verbos no in-
initivo.
Metas a atingir: As metas que detalhamos na Matriz de Estrutura Lógica
e se referem a etapas que serão cumpridas para se alcançar o produto inal.
O cumprimento de cada uma das metas signiica o término de uma etapa
dentro do projeto e o avanço para uma etapa seguinte. No entanto, as me-
tas podem ser também a “apresentação dos resultados a serem atingidos
pelo projeto”.33 Ou seja, nesse caso podem ser deinidas também metas de
número de apresentações, quantidade de público e cidades atingidas, etc.
As metas, nesse caso, vão servir para perceber, ao inal do projeto, se o
objeto foi plenamente realizado.
Avaliação dos resultados: “Apresentação de indicadores para avaliação
30 FUNCEB, 2010, p. 2
31 FUNCEB, 2010, p. 2
32 FUNCEB, 2010, p. 2
33 FUNCEB, 2010, p. 3
44
do projeto”.34 Na avaliação de resultados, vamos explicitar quais os indica-
dores e meios de veriicação que serão utilizados, com base no que foi dei-
nido na Matriz de Estrutura Lógica. Não é preciso transcrever todos, mas
deixar claro a partir de que dados, coletados a partir de determinados meios
(relatórios, folhas de ponto, pesquisas de satisfação, etc.), serão realizadas as
análises quantitativas e qualitativas. Esse item pode ser escrito em forma de
texto corrido ou em tópicos.
Público alvo: “Identiicação do público, ou públicos, ao qual o projeto
se destina, presumindo, sempre que possível, uma quantidade direta e in-
direta do público a ser atingido”.35 A deinição do público-alvo é um dos
aspectos mais importantes do projeto, por vários motivos. Em primeiro lu-
gar, a existência de uma obra ou manifestação artística e cultural, qualquer
que seja, se justiica pela sua apreciação. Uma obra por si só não se basta,
ela só é completa quando compartilhada e experienciada por alguém. Em
segundo lugar, o principal interesse do patrocinador é atingir, através da as-
sociação da sua marca a um projeto, um público especíico. Nesse caso, um
patrocinador precisa saber se o público do projeto é o mesmo público que
deseja atingir. Quando o projeto é inanciado com dinheiro público, é pre-
ciso também deixar claro em que aquela verba está sendo aplicada, e quem
será beneiciado com ela.
Para deinir o público-alvo, devemos tratar dos seguintes aspectos:
34 FUNCEB, 2010, p. 3
35 FUNCEB, 2010, p. 3
45
• O peril do público a ser atingido – corresponde à faixa etária,
sexo, classe social, e em alguns casos, pode ser mais especíico,
detalhando proissão ou área de interesse. Nesse ponto, podemos
nos basear também no peril do local de realização, uma vez que
a escolha do local indica um público em potencial que costuma
frequentá-lo.
• A abrangência do projeto – indica se o projeto tem abrangência
local, regional, estadual, nacional, internacional.
LEMBRETE
36 FUNCEB, 2010, p. 6
46
Ao montar a equipe, é importante lembrar que os proissionais tra-
balham de formas diferentes, podendo dar direcionamentos totalmente
diferentes ao produto. Devemos ter em mente qual o direcionamento e a
forma de trabalho que queremos e que cada proissional possui, de modo
a compor uma equipe harmônica e compatível com o que esperamos do
projeto. Além dos nomes dos principais envolvidos, em anexo devem ser
enviados breves currículos dos proissionais, destacando as principais ativi-
dades na função que vai executar no projeto. Ainda que o currículo não seja
item obrigatório no processo de seleção, é importante para o patrocinador
“conheça os proissionais ou entidades responsáveis pela proposta e possa
avaliar sua capacidade empreendedora”.37
LEMBRETE
47
Plano de Comunicação: “são as estratégias que devem ser traçadas
para a eiciente divulgação das atividades, incluem os veículos de comuni-
cação, material gráico e ações para expor o projeto aos públicos-alvos”.38
O plano de comunicação deve ser elaborado pelo assessor de comuni-
cação do projeto, ou ao menos em conjunto com este, e consiste em deinir
as estratégias de divulgação para abordar o público. Essa deinição de es-
tratégias inclui a escolha dos canais de divulgação a serem utilizados:
38 FUNCEB, 2010, p. 5
39 AVELAR, 2005, p. 199
40 FUNCEB, 2010, p. 4
41 THIRY-CHERQUES, 2006, p. 201
48
vemos levar em consideração se é um projeto de comemoração de uma
data ou período especíico e, sendo assim, a data de realização já é pre-
deinida. É o caso de festas como Carnaval, São João, festejos de santos e
padroeiros de cidades, lavagens, etc. Podemos ter casos onde a data não
seja predeinida, mas existam períodos onde a divulgação e a associação
ao projeto sejam mais fáceis. Em um projeto voltado para o público femi-
nino, por exemplo, pode-se pensar em datas de realização próximas ao dia
internacional da mulher.
Depois disso, é preciso verificar datas que favoreçam ou preju-
diquem a realização do projeto. Períodos de feriados, por exemplo,
podem significar esvaziamento de público. Por outro lado, se o evento
for realizado em cidades de grande fluxo turístico, pode ser positivo
realizá-lo num feriado. Do mesmo modo, devemos estar atentos ao
calendário de eventos da cidade, para evitar datas de realização de
grandes eventos ou de eventos que tenham o mesmo público-alvo.
Além disso, devemos levar em conta condições climáticas. Convém
evitar períodos de chuva, frio ou calor excessivo, principalmente se o
evento for ao ar livre ou em espaços sem climatização.
A partir da deinição da data, vamos deinir datas-limite para cada ativi-
dade. Por exemplo, podemos pensar em que data devemos ter o mate-
rial de divulgação impresso e, para deinir também a data de entrada do
material na gráica e, consequentemente, a data de entrega da arte gráica
pelo designer. Partimos da data da apresentação para estipular até que
data os atores devem ter o espetáculo pronto e ensaiado e, assim, deinir
o período de realização de ensaios que cumpra esse prazo. Procedemos
assim com todas as atividades, até completar o cronograma.
O outro método de elaboração do cronograma é seguir a ordem de re-
alização das atividades. Nesse caso, deinimos os prazos e a data limite de
cada atividade para deinir em que período o produto estará pronto para
ser apresentado ao público. Depois de deinirmos todos os prazos, deve-
49
mos checar se o período de realização do projeto não tem nenhum dos
problemas já apontados acima: feriados, realização de outros eventos com
mesmo público-alvo ou eventos de grande porte, condições climáticas
desfavoráveis. Se identiicarmos algum desses problemas, devemos rever
o cronograma, de modo a adiar ou antecipar a realização.
O cronograma pode ser elaborado por semanas, quinzenas ou me-
ses, a depender da duração do projeto e das atividades. No corpo do
projeto, o cronograma deve ser estabelecido por datas, mas propomos,
a seguir, um modelo de cronograma que pode ser usado para facilitar
a visualização das atividades como um todo. As atividades descritas são
apenas para ilustrar o preenchimento, e não representam todas as ativi-
dades necessárias ao projeto.
50
Seja qual for o método escolhido para a confecção do cronograma, exis-
tem aspectos que devem ser levados em consideração:
51
quem deve executar cada atividade e qual o custo de cada uma delas,
além de outras informações importantes (endereço, contatos).
52
Orçamento: “Plano inanceiro para a implementação de um projeto
ou programa”42 , ou ainda a “indicação dos recursos inanceiros necessári-
os para execução do projeto, com valores unitários e totais”.43
Ainda encontramos diversos problemas nos orçamentos de projetos do
campo cultural. Em muitos casos, os custos são estimados, e inseridos no or-
çamento sem a certeza de que há fornecedores ou prestadores de serviços
que trabalhem com aquele valor. Em outros casos, são esquecidos itens fun-
damentais na execução do projeto. Esses problemas acabam gerando custos
adicionais para os realizadores, atrasos na execução por conta do remane-
jamento de valores e perda da qualidade do projeto.
Para elaborar o orçamento, devemos começar pelo levantamento
de todos os itens de despesa. Primeiramente consultamos, na Matriz de
Estrutura Lógica, quais foram os recursos destacados como necessários
à realização do projeto. Em seguida, voltamos ao cronograma e listamos
todos os custos necessários para executar cada uma das ações previstas. É
recomendável consultar a equipe de trabalho, além de buscar arquivos de
projetos anteriores ou similares, bem como pesquisar junto a outras pes-
soas e empresas que costumam realizar projetos desse tipo.
Aqui, além de levantar os itens, devemos pensar em qual a forma de
aquisição do item. Por exemplo, não basta deinir que vamos gastar com
confecção de igurino. Devemos responder a uma séria de perguntas:
“será necessário contratar uma igurinista? Eu vou comprar o material de
igurino e contratar alguém para costurar? Ou a costureira vai me cobrar
um valor por igurino pronto, e o material será por conta dela?”. Ques-
tionamentos desse tipo devem ser feitos para todos os itens de despesa,
pois é a partir deles que vamos identiicar qual a unidade de medida e as
quantidades, bem como a forma de desembolso de cada item. Devemos
evitar ao máximo a indicação de “verba para igurino”, por exemplo, por se
tratar de um item genérico demais, que não explicita o que será realmente
adquirido com esse valor. Podemos aproveitar esse momento de elabo-
53
ração do projeto para, junto com a equipe de produção, começar a tomar
decisões sobre a montagem do projeto ou produto. Começar a imaginar
os materiais que serão necessários, ou as especiicações do produto, por
exemplo, são atividades que podem ser iniciadas e que serão importantes
na elaboração do orçamento.
Depois de levantados e revisados todos os itens de despesa, deve-
mos partir para a tomada de preços, que consiste em pesquisar os va-
lores praticados para cada um dos itens. “Para que o orçamento seja um
instrumento coniável, é recomendável efetuar pelo menos três cotações
de cada item”.44 Em alguns casos, esse procedimento não é possível, por
existir apenas um fornecedor: “é o caso dos artistas e técnicos com tra-
balho diferenciado, dos proissionais que detém notória especialização,
dos serviços exclusivos e dos materiais raros”45. É importante que todas as
cotações realizadas sejam arquivadas, pois podem facilitar a confecção de
orçamentos futuros.
Após levantar todos os custos, vamos lançar os valores coletados nos
itens – ou rubricas – do orçamento. Nesse momento, é importante calcular
uma média dos valores encontrados, bem como avaliar se determinado item
costuma ter variações repentinas, ou se o valor encontrado não é um valor
promocional, para que seja estabelecido um valor possível de ser executado
alguns meses após a elaboração do projeto. Cada mecanismo de inan-
ciamento costuma ter um padrão de orçamento que deve ser preenchido,
mas neste momento devemos elaborar um orçamento no qual conste, pelo
menos, a descrição do item, a quantidade, a unidade de medida, o valor uni-
tário e o valor total de cada item.
Ao elaborar o orçamento, devemos levar em consideração alguns as-
pectos:
• As rubricas do orçamento, bem como as unidades de medida e as
quantidades, devem ser bem claras e deinidas. A legislação dos
54
mecanismos de inanciamento do Estado, por exemplo, não per-
mite o custeio de itens genéricos.
• As unidades de medida e quantidades devem reletir exatamente
a forma de gasto do recurso. Devemos lembrar que, ao obter
recurso para a realização no projeto, devemos prestar contas do
valor recebido, e a prestação de contas vai ocorrer de acordo com
o orçamento apresentado.
• O patrocinador ou os mecanismos de inanciamento podem limi-
tar a porcentagem de gastos de certos itens do orçamento, ou não
inanciar certos itens. Nos mecanismos de inanciamento do Esta-
do, por exemplo, o valor destinado a itens de divulgação não pode
ultrapassar 20% do subtotal do projeto. Além disso, existem itens
como coquetel, recepção, dentre outros, considerados estranhos
à execução de um projeto cultural, não são permitidos.
• Nos mecanismos de inanciamento públicos do Estado, não é
possível aquisição de material permanente, a não ser por pessoas
jurídicas de direito privado, declaradas de utilidade pública. Nesse
caso, o orçamento deve ser elaborado com base em valores de
aluguel dos materiais que podem ser considerados permanentes.
55
Descrição do Quantidade Unidade Quantidade Valor Valor Total
item de medida de unidade Unitário
Professores 2 h/aula 20 R$ 50 R$ 2.000,00
Colchão gordo 1 unidade 2 R$ 200 R$ 400,00
Impressão de 1 unidade 20 R$ 20 R$ 400,00
apostilas
Alimentação 2 diária 5 R$ 20 R$ 200,00
professores
Hospedagem 2 diária 5 R$ 60 R$ 600,00
professores
Total R$ 3.600,00
56
BUSCAR FINANCIAMENTO
46 FUNCEB, 2010, p. 25
57
leia a lei nº 7015, de 09 de dezembro de 1996, com alterações das Leis nº
9.846 de 28 de dezembro de 2005 e nº 11.899, de 30 de março de 2010,
que dispõem sobre a concessão de incentivo iscal através do Fazcultura.
Através dessa lei e dos demais documentos disponibilizados, o propo-
nente se informa sobre prazos para inscrição dos projetos, documentação
necessária, tipos de projetos que podem ser apoiados, etc.
LEMBRETE
58
Apoio à Cultura – PRONAC. Cabe destacar que o proponente deve seguir
os procedimentos estabelecidos pela Instrução Normativa nº 1, de 05 de
outubro de 2010.
Ao ser aprovado em uma lei de incentivo, o projeto recebe uma car-
ta ou um número de aprovação. A partir daí, o proponente deve captar
aquele recurso nas empresas, apresentando a carta de aprovação na lei
de isenção iscal, para que a empresa saiba que, se apoiar aquele projeto,
poderá abater parte do valor do imposto devido.
59
culturais, etc. A partir daí, deve baixar o formulário de inscrição e demais
documentos relativos ao Edital, preencher e encaminhar ao órgão gestor
do Edital, atentando para não postar a documentação após o período de
inscrição.
Os Editais públicos lançados pelo Governo Federal são lançados
através do Ministério da Cultura – MinC ou de fundações ou autarquias
vinculados, como a Fundação Nacional de Arte – FUNARTE, Fundação
Casa de Rui Barbosa – FCRB, Fundação Cultural Palmares –FCP,
Fundação Biblioteca Nacional – FBN, Instituto Brasileiro de Museus -
IBRAM, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN,
Agência Nacional de Cinema - ANCINE. Para se inscrever, o proponente
deve veriicar quais são os editais com inscrições abertas, através do site
do órgão vinculado ou do MinC, de cartilhas informativas, agendas cul-
turais, etc. Em seguida, deve baixar o formulário de inscrição e demais
documentos referentes ao edital, preencher e encaminhar para o órgão
gestor do edital, respeitando o período de inscrição.
Não são só os órgãos públicos que lançam editais. Diversas empresas
– públicas, privadas e de economia mista – lançam editais para selecionar
projetos a serem inanciados. Em alguns casos, as empresas só inanciam
projetos aprovados em leis de incentivo. Em outros, são selecionados proje-
tos que atendam às expectativas e necessidades da empresa, independente
de aprovação prévia nestas leis.
O Fundo de Cultura “tem como objetivo incentivar e estimular a
produção artístico-cultural baiana, custeando total ou parcialmente pro-
jetos estritamente culturais, de iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas
de direito público ou privado”48 e é regulado pela Lei nº 9.431, de 11 de
fevereiro de 2005, que cria o Fundo de Cultura da Bahia, e pelo do De-
creto nº 10.992, de 01 de abril de 2008, que aprova o regulamento do
FCBA.O apoio através do FCBA pode ser pleiteado através dos Editais ou
por demanda espontânea, que recebe “os projetos que não se encaixam
60
nos editais promovidos pelo Fundo de Cultura e podem ser apresentados à
Secult, ao longo do ano, no período em que as inscrições icam abertas”49.
Para se inscrever na Demanda Espontânea, o proponente deve acessar
o site da SECULT, através do endereço www.cultura.ba.gov.br e baixar
o formulário de inscrição e demais documentos, como a lei e decretos
já citados, bem como a Portaria nº 51, de 20 de março de 2009, com al-
terações da portaria nº 18, de 15 de janeiro de 2010, que orienta e indica
critérios para a apresentação de projetos.
O governo federal também tem um Fundo Nacional de Cultura (FNC),
que é
61
LEMBRETE
62
cia, criatividade, popularidade etc.). Também amplia a forma como se
comunica com seu público alvo e mostra para a sociedade que não está
encastelada em torno da sua lucratividade e de seus negócios.51
Rômulo Avelar aponta alguns princípios básicos que devem ser obser-
vados nesses casos:
63
Transparência: É necessário tratar os assuntos referentes ao
patrocínio com transparência e honestidade, numa perspectiva
de construção de uma parceria duradoura. É recomendável,
portanto, que eventuais problemas de percurso sejam discutidos
abertamente.
Flexibilidade: O estabelecimento de uma relação sólida, no campo
do marketing cultural, requer lexibilidade de ambos os lados.
É preciso tentar compreender as necessidades do parceiro e, na
medida do possível, buscar suprí-las. As duas partes também
devem colocar-se disponíveis para prestar auxílio mútuo, sempre
que necessário.
Sutileza: É imprescindível que as ações de marketing cultural
sejam pautadas pela sutileza. Logomarcas ostensivas ou
aplicadas diretamente no palco do evento, excesso de citações do
patrocinador ou aplicações pesadas de merchandising podem soar
como agressão ao público e provocar efeito contrário ao desejado
com o patrocínio.
Respeito ao artista e sua obra: Patrocínio é uma relação de parceira,
e não de submissão. As empresas patrocinadoras não têm o direito
de avançar sobre o terreno da criação, sugerindo alterações
conceituais e ideológicas de qualquer espécie.52
64
propõe um investimento, e não de quem pede dinheiro, são outras pos-
turas que devem ser sustentadas por quem faz a captação de recursos.
LEMBRETE
65
COMEÇAR O PROJETO
66
A Produção é o momento de executar e controlar
67
68
Depois de planejar todos os aspectos do projeto, é hora de executar tudo
o que foi pensado. A produção é uma fase que exige atenção para cumprir
o que foi estabelecido, ao mesmo passo que exige lexibilidade e domínio
para que sejam feitas as alterações necessárias no decorrer do percurso.
A intenção aqui não é tratar de todas as atividades de uma produção,
visto que as atividades são totalmente diferentes a depender do tipo de
projeto. O que vamos destacar é a importância de executar e de controlar
o que foi planejado.
69
ASSINAR CONTRATOS
70
EXECUTAR AS ATIVIDADES
71
ACOMPANHAR O CRONOGRAMA
72
GERIR O ORÇAMENTO
73
e recibos devem conter o detalhamento do item adquirido ou do serviço
prestado, de acordo com o que foi previsto no orçamento, e ser correta-
mente e completamente preenchidos.
O produtor deve, à medida que as despesas forem sendo realizadas,
organizar todos os documentos referentes a cada uma delas. As cópias
de cheques, recibos, notas e cupons iscais, bem como comprovantes de
recolhimentos de tributos, pagamento de alvarás e taxas, devem ser or-
ganizados e guardados na medida em que forem sendo emitidos. O ideal
é, também, retirar extratos regularmente, para que não se corra o risco de
icar sem extrato de determinado período.
Para o controle do orçamento e a facilitação da prestação de contas
posterior, o produtor pode manter um luxo de caixa, registrando todas as
entradas e saídas de recursos. “Sua utilização permite visualizar as deman-
das de ordem inanceira ao longo do tempo, bem como os aportes de re-
cursos previstos. O cruzamento de receitas e despesas com o cronograma
facilita a administração das verbas e favorece seu controle”60.
Outro instrumento que pode ser usado é um cronograma de desembolso.
Trata-se de um documento que organize os gastos do orçamento e detalhe
em que período cada item será pago. Num projeto que prevê 3 meses de apre-
sentação, com pagamento de cachê por mês, o cronograma vai indicar que
valor deve ser pago a cada artista por mês, somando o valor que será gasto
com cachê naquele mês, e assim por diante. Essa ferramenta é especialmente
importante para projetos nos quais a verba será liberada em parcelas. Assim, o
produtor tem condição de organizar que itens serão pagos com cada parcela.
Uma dica importante é fazer o acompanhamento das despesas di-
retamente no formulário de prestação de contas, quando for o caso. A
cada nova despesa, o produtor insere a informação no formulário, bem
como preenche os campos destinados às notas explicativas sempre que
necessário. Dessa forma, quando chegar o momento da prestação de con-
tas, não se corre o risco de esquecer alguma informação.
74
LEMBRETE
75
REGISTRAR E DOCUMENTAR O PROCESSO
76
REALIZAR O PROJETO
A maior parte dos projetos prevê realização de eventos, sejam eles apre-
sentações, mostras, shows, espetáculos, oicinas, lançamentos, etc. Essa
apresentação do produto cultural ao público é o ápice de todo o projeto.
É o momento onde o trabalho de meses – ou até anos – vai ser apreciado
pelas pessoas às quais se destinam.
77
ainda a serem feitas”.63
Os momentos de ensaios técnicos, passagens de som, instalação e
teste de equipamentos merecem atenção especial. Todos os recursos
que serão utilizados devem ser veriicados para que não haja problema
durante a realização do evento. Além disso, é preciso se certiicar que
foram emitidas todas as autorizações e liberações necessárias à reali-
zação do evento.
Durante a realização do evento, o produtor deve estar atento a todos os
detalhes, desde a entrada de pessoas e a chegada de convidados especiais
até o funcionamento dos equipamentos e a preparação dos artistas.
Além da atenção especial no dia de realização, muitos projetos tem
atividades que vão além desse dia: uma exposição se inicia na abertura,
mas ica exposta por mais tempo; um projeto de produção de um livro
pode prever um lançamento, mas o fundamental é a distribuição posterior;
um projeto de oicinas tem como marco o primeiro dia de aula, mas con-
tinua, podendo inclusive culminar em apresentações. Existem ainda proje-
tos que não possuem uma data de realização ou apresentação, visto que o
objeto do projeto é a distribuição de um bem produzido, ou uma pesquisa,
um mapeamento, etc. Cabe ao produtor acompanhar e dar suporte ao cria-
dor, nesse processo, até que o produto cultural esteja inalizado e possa ser
apresentado e distribuído ao público.
É importante que a equipe mantenha o ritmo de trabalho após a es-
tréia ou lançamento do produto cultural, de modo a garantir que todas as
atividades programadas continuem acontecendo da melhor forma possível
e que a qualidade do projeto se mantenha. O produtor deve estar atento
para a gestão do orçamento e do cronograma, até que o projeto possa ser
considerado encerrado.
Nos projetos que prevêem distribuição, ter o produto cultural pronto
é apenas uma das etapas para se chegar aos reais objetivos do projeto. A
maior preocupação é, portanto, garantir que o produto chegue ao público
78
inal, e uma distribuição eicaz parte do conhecimento do público e de um
planejamento de como atingí-lo.
79
80
A Pós-produção é o momento de avaliar.
81
82
Ao obter o produto cultural previsto no projeto, podemos considerar
a etapa de produção encerrada. Daí começamos a pós-produção, que é a
etapa inal de um projeto. A pós-produção envolve atividades como des-
montagem de estrutura física, organização e guarda de material, avaliação
de resultados, elaboração de relatórios e prestação de contas dos recursos
recebidos.
Não podemos ter, após a inalização da produção, a sensação de “tra-
balho terminado”. A pós-produção é mais uma etapa do projeto e deve ser
feita com o mesmo empenho e dedicação das demais. Além disso, é uma
etapa preparatória para projetos futuros, pois a partir da análise dos resul-
tados e da boa relação com os patrocinadores, o produtor pode encontrar
boas oportunidades para trabalhos futuros.
83
DESMONTAR E ORGANIZAR O MATERIAL
84
AVALIAR OS RESULTADOS
85
número, de que peril, etc. O controle de número pode ser feito através
do borderô ou de documentos que registrem a bilheteria ou número de
espectadores, em espaço fechado. Para eventos em espaço aberto, órgãos
como Polícia Militar (que deve ser informada sobre a realização do evento
para que faça o patrulhamento) podem informar a média de público.
A realização do clipping é um outro instrumento importante para a
avaliação do projeto. O clipping “é o recorte de uma notícia, informação
ou comentário, de interesse de uma pessoa física ou jurídica determinada,
para seu conhecimento ou arquivo”67. Saber o que foi noticiado, de que
forma, em que veículos, é uma forma excelente de analisar como o projeto
foi percebido pela mídia e comunicado ao público.
86
ELABORAR RELATÓRIOS E PREENCHER FORMULÁRIOS
87
A depender do porte do projeto, é necessário um contador para acom-
panhar os gastos e realizar a prestação de contas da melhor forma possível.
Em projetos propostos por pessoas jurídicas, as empresas costumam ter
contadores para acompanhar seus trabalhos.
88
AGRADECER
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90
Referências Bibliográicas e Sugestões de leitura
91
• REIS, Ana Carla Fonseca. Marketing cultural e inanciamento da
cultura. São Paulo,Thomson, 2003.
• RUBIM, Linda (org.). Organização e produção da cultura. Salvador,
EDUFBA, 2005.
• THIRY-CHERQUES, Hermano R. Projetos Culturais: Técnicas de
Modelagem. 2. ed. Rev. - Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.
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