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1ª Edição
Copyright © 17Street Produção Editorial ltda e JLeiva Comunicações s/s ltda
Leiva, João.
Cultura nas capitais : como 33 milhões de brasileiros consomem diversão e arte /
João Leiva e Ricardo Meirelles ; [revisão Carolina Chagas, Thalita Ramalho e Gisele Lobato ; pesquisa
de campo Instituto Datafolha ; pesquisa e produção J.Leiva Cultura & Esporte ; design, visualização e
análise de dados Tabaruba Design].
– 1. ed. – Rio de Janeiro : 17Street Produção Editorial, 2018. 196 p. : il. color. ; 27 cm.
1.INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 11.MÚSICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
ISBN 978-85-54395-00-1 Como o livro está dividido? Quais os estilos mais ouvidos nas capitais?
1.Cultura popular – Brasil - Estatísticas. 2. Brasil – Vida intelectual – Estatísticas. 3. Brasil –
Usos e costumes. 5. Cultura - Brasil – Indicadores sociais. I. Meirelles, Ricardo. II. Título. 2.METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 12.ARTES VISUAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
CDD: 306.0981
Como foi feita a pesquisa? Quem vai, quem não vai e quem
CDU: 316.775.3 quer ir a museus e exposições?
3.TEMPO LIVRE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Índices para catálogo sistemático:
1. Cultura : Contexto cultural da vida social : Estatísticas O que as pessoas fazem quando 13.ARTES CÊNICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
não estão trabalhando nem estudando? Como captar o público das diversas
linguagens cênicas?
4.ACESSO E PRÁTICA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Quais atividades culturais as pessoas 14.AUDIOVISUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
mais frequentam? As novas plataformas ameaçam o cinema?
PESQUISA DE CAMPO DESIGN REALIZAÇÃO 10.CULTURA & TECNOLOGIA. . . . . . . . . . 100 17.AGRADECIMENTOS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
E PROCESSAMENTO
De que forma o acesso à internet afeta o
consumo cultural?
Ampliando
Desde 2004 a JLeiva Cultura & Esporte estuda, produz O conteúdo e a metodologia das nossas pesquisas
e divulga contribuições para o debate sobre diferentes seguintes beberam de várias dessas fontes, mas com
aspectos da atividade cultural do Brasil. Nosso primeiro uma diferença importante: nos modelos do exterior, os
a escuta
trabalho mapeou equipamentos culturais de cerca de cem levantamentos são quase sempre de âmbito nacional,
municípios do Sul e do Sudeste. Nesses quase quinze anos enquanto a JLeiva concentrou-se em cidades, em função
de vida, já realizamos análises sobre cinema, teatro, museus, do tamanho e das disparidades do Brasil e por entender que
circo, leis de incentivo, produção cultural de alguns estados boa parte do acesso a atividades culturais (shows, teatro,
e cidades, projetos educativos, desenvolvimento de público, museu, concertos de música clássica, festas populares etc.)
formação de profissionais para a área da cultura, entre se dá no âmbito local.
outros. Em comum, esses estudos tiveram a preocupação de
organizar informações e gerar dados que pudessem ser úteis Fizemos trabalhos desse tipo na cidade do Rio de Janeiro
para quem trabalha com arte, cultura ou entretenimento. em 2013 e 2015 e, em 2014, em 21 municípios de São Paulo
(capital, inclusive), em Belo Horizonte, Salvador, Ponta
Em 2010, em parceria com o instituto Datafolha, realizamos Grossa, Campo Grande, Niterói, Duque de Caxias, Nova
no estado de São Paulo nossa primeira pesquisa que deixou Iguaçu e Barra Mansa.
de lado a produção para dar maior atenção ao público.
Procuramos seguir uma tradição de estudos originada O presente estudo segue nessa direção, mas busca ampliar
na França, na segunda metade do século passado, e que a abrangência geográfica, destacando cidades de todas as
ganhou fôlego a partir da virada do milênio. As pesquisas que regiões do país. Nesta pesquisa, aproveitamos a experiência
procuram acompanhar o acesso da população a atividades de outros estudos similares realizados no Brasil e coletamos
culturais são feitas hoje, em diferentes periodicidades, sugestões de perguntas junto a diversos agentes culturais.
na Espanha, na Alemanha, no Reino Unido, no Chile, na
Argentina e em algumas cidades dos Estados Unidos. A O objetivo foi (e continuará sendo) aprimorar os instrumentos
própria União Europeia inclui regularmente as atividades de escuta para tentar captar a diversidade daquele sem o qual a
culturais nos estudos que faz em todos os países do bloco. produção cultural perde sentido: o público.
João Leiva
Diretor da JLeiva Cultura & Esporte
como
Grupo CCR, contribui para promover o desenvolvimento de Vida; Educação e Cidadania; Cultura e Esporte; Meio
socioeconômico e ambiental das regiões em que a Ambiente e Segurança Viária. Entre tantas ações, um dos
A cultura
companhia atua. Ao ajudar a viabilizar a pesquisa sobre programas de destaque é o Caminhos para a Cidadania,
hábitos culturais nas capitais, cujos resultados serão maior projeto privado do Brasil sobre educação no trânsito.
como
comprometimento com a geração de legados que vão O patrocínio a esta pesquisa poderá servir de subsídio
além dos negócios relacionados às unidades da CCR, uma fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas e
cidadania
das maiores empresas de concessão de infraestrutura da privadas no setor cultural, bem como oferecer ao conjunto
América Latina. da sociedade, de forma aberta e gratuita, informações sobre
cidadania
e esportivas. Em diversas regiões do país, são patrocinadas sustentável, além de reforçar o conceito de que ampliar o
ações culturais para levar de forma gratuita o melhor da acesso da população à cultura é fortalecer o exercício da
produção artística brasileira a comunidades que de outra cidadania!
maneira muitas vezes não teriam esse tipo de acesso.
Francisco Bulhões
Vale destacar que a sustentabilidade é prioridade na CCR, Diretor de Comunicação e Sustentabilidade do Grupo CCR e
signatária do Pacto Global da ONU desde 2011 e eleita em presidente do Instituto CCR
2013, pelo Guia Exame de Sustentabilidade, a empresa
mais sustentável no setor de infraestrutura. A companhia
também segue, pelo sétimo ano consecutivo, na carteira do
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3.
transformador
contribuímos com iniciativas que promovam de fato o
desenvolvimento humano.
das pessoas do plástico que melhorem a vida das pessoas. Se por meio da
fabricação de nossos produtos contribuímos para a criação
de soluções em segmentos como moradia, alimentação,
medicina, agricultura e mobilidade, entre outros, nossas
ações de responsabilidade corporativa visam também
fortalecer a sustentabilidade e a educação no país.
BRASKEM
Como o livro
Três capítulos introdutórios antecedem os dois eixos: um Isso é tudo?
explicando como a pesquisa foi feita, outro indicando a Não. Nem todas as perguntas do questionário foram
forma pela qual as pessoas usam o tempo livre, e um terceiro tratadas neste livro e nem todas aparecem com a riqueza de
está dividido?
apresentando os números gerais sobre acesso e exclusão às recortes e detalhes que a pesquisa possibilita.
catorze atividades culturais e de lazer selecionadas. Os interessados em obter informações adicionais
podem acessar os sites www.jleiva.com.br ou
Além disso, dois temas transversais complementam os www.culturanascapitais.com.br, onde os resultados
eixos: o impacto das novas tecnologias na cultura e de que foram disponibilizados em uma base interativa, que permite
Quais as manifestações culturais mais acessadas? Há as variáveis socioeconômicas e demográficas: você maneira as pesquisas podem ser úteis para o poder público um volume de cruzamento de dados bem superior aos
diferença entre a vida cultural de homens e mulheres? E encontrará informações sobre como a educação, a classe levar a produção a um contingente maior de cidadãos. limites físicos desta publicação.
de homossexuais e heterossexuais? Os jovens vão a um econômica, o gênero, a orientação sexual, a idade, a cor Ao final, apresentamos resumidamente os principais
número maior de atividades culturais do que o restante da e a religião influenciam o acesso à cultura. Sempre que resultados de cada uma das doze capitais. Além do levantamento quantitativo, o projeto incluiu a
sociedade? Quais são os estilos musicais mais ouvidos? Em possível, cruzamos essas variáveis, no esforço de aprimorar realização de oito grupos focais, quatro em São Paulo e
que plataformas as pessoas preferem escutar música? O a análise. Os dados referentes às diversas atividades culturais E os capítulos? quatro no Rio de Janeiro. O objetivo foi detalhar alguns
que aproxima e o que afasta a população dos museus? E dos aparecem em conjunto e sob a ótica do tema em questão. O início dos capítulos traz um texto introdutório pontos da pesquisa sobre artes visuais (tema de dois desses
teatros? Qual o percentual de pessoas que dependem da Assim, no capítulo sobre gênero, é possível verificar o sintético sobre o tópico abordado, com esclarecimentos grupos), mulheres (dois grupos) e membros da geração dos
programação gratuita para ver produções culturais? percentual de homens e de mulheres que vão a cinemas, metodológicos. Sugerimos começar a leitura por essa millenials (quatro grupos). O relatório dessas conversas
teatros, museus, concertos, bibliotecas etc. Recomendamos parte, pois traz informações que ajudam a entender também está disponível no site.
O livro “Cultura nas Capitais” busca responder a essas e apenas uma passagem pelo capítulo “Metodologia”, em que algumas escolhas que fizemos e estabelecem limites para
outras tantas perguntas a partir de 10.630 entrevistas, apresentamos informações básicas do estudo, úteis para a interpretação dos dados. Essa introdução é seguida por Para quem faz pesquisa, vê-la guardada na gaveta é uma
realizadas em doze capitais brasileiras, com um questionário facilitar uma boa compreensão dos dados. uma série de infográficos e por um pequeno ensaio, feito frustração. Por isso a opção de apresentar os dados em
de 55 perguntas, que exploram sob diferentes ângulos os por jornalistas, pesquisadores e produtores culturais várias configurações: para que possam ser acessíveis não
modos como os moradores dessas cidades se relacionam A situação se inverte no bloco seguinte. No segundo eixo, o convidados a participar do projeto — em alguns casos, apenas a pesquisadores, mas também a artistas, produtores,
(ou não) com as catorze atividades culturais e de lazer foco passa a ser setores específicos da cultura: audiovisual, os artigos são complementados por análises estatísticas agentes culturais, representantes do poder público e a
selecionadas. Uma vez que não há grande volume de artes cênicas, artes visuais e música. Ao longo dos quatro que permitem uma leitura mais precisa das questões todos aqueles que queiram conhecer um pouco melhor as
pesquisas sobre hábitos culturais, privilegiou-se uma capítulos, busca-se entender qual é o perfil do público que apresentadas. dinâmicas de acesso e exclusão que marcam a vida cultural
abordagem panorâmica, ainda que isso limitasse o acessa essas manifestações, qual o interesse por elas, qual a de alguns dos municípios mais populosos do Brasil.
aprofundamento em um ou outro assunto. proporção de pessoas que já praticaram atividades ligadas As exceções são o capítulo sobre o uso do tempo livre,
a elas e também quais são as principais razões pelas quais os o capítulo que sintetiza as catorze atividades — ambos João Leiva
As principais conclusões estão organizadas de maneira moradores das capitais frequentam ou deixam de frequentar funcionam como uma rápida introdução para a análise Ricardo Meirelles
sintética, em capítulos que podem ser lidos separadamente. teatro, museu, show de música e cinema (sobre este, dos hábitos culturais — e o de fechamento do livro, o
Eles estão divididos em dois eixos. O primeiro enfatiza perguntamos apenas os motivos para ir). qual apresenta as principais diferenças e semelhanças
entre as capitais. Nesses casos, temos apenas um
texto introdutório (que aponta tendências gerais sem
mergulhar no assunto) e os infográficos.
Como foi
O estudo sobre os hábitos culturais da população jovem °° distribuição geográfica dos pontos, com objetivo de
e adulta de doze capitais brasileiras está baseado em uma abranger diferentes segmentos socioculturais ou
pesquisa quantitativa, realizada entre 14 de junho e 27 socioeconômicos existentes na cidade;
feita a
de julho de 2017, que envolveu uma amostra de 10.630 °° tratamento dos diferentes perfis e segmentos de modo
entrevistas com indivíduos de doze anos de idade ou mais. proporcional à participação da população, de acordo
com os dados disponíveis sobre o universo em questão.
As pessoas foram abordadas em pontos de fluxo
Nº de respondentes
os pesos populacionais de cada capital. A ponderação conflitante. O arredondamento gera situações em que uma das manifestações. Eles estimam o efeito das
Acesso a diferentes tipos de eventos culturais (doze meses) características dos respondentes na probabilidade de
consiste em criar um “peso” para cada questionário, de duas cidades onde 32% dos moradores foram ao teatro, 1500
1.611 1.573
que eles tenham ido àquela manifestação específica ao
forma a igualar a distribuição da amostra com a distribuição por exemplo, apresentem uma diferença entre elas de um 1.448 menos uma vez nos últimos doze meses. Isso permitiu
conhecida do universo. ponto percentual. Isso pode acontecer se o resultado, com 1.350 avaliar o impacto das variáveis em cada tipo de evento,
e mostrar, por exemplo, que evangélicos não pente-
decimais, for de 31,6% para uma delas e de 32,4% para a outra, 1.140 costais se comportam como os católicos em relação a
Margem de erro: toda amostra tem um erro associado — pois a diferença entre elas será de 0,8 ponto percentual, que 1000 1.021 frequência a museus e exposições, mas como evangé-
a margem de erro, que deve sempre ser levada em conta na arredondamos para 1. 866
licos pentecostais quando se trata de festas populares.
leitura dos dados. Quanto maior a amostra, mais próxima
ela estará do universo pesquisado e menor será a margem Há também alguns casos em que as pessoas podiam dar mais 603
de erro. Para o total da amostra das doze capitais, a margem de uma resposta, o que faz com que a soma das alternativas Diego Vega
500 Pesquisador de política comparada e metodologia no
de erro máxima da pesquisa é de um ponto percentual, para supere os 100%. Na pergunta sobre o que o entrevistado 427
programa de PhD em ciência política da Universidade
mais ou para menos, considerando um nível de confiança prefere fazer durante seu tempo livre, por exemplo, quem do Texas em Austin (EUA). Graduado em jornalismo
e ciências sociais, mestre em relações internacionais
de 95%. Nos resultados de cada município, a margem varia disse que vê TV, vai ao cinema e faz compras teve as três 200
na London School of Economics. Como jornalista,
entre dois e quatro pontos (veja os índices na página 18). respostas contabilizadas separadamente. 70 trabalhou na Rádio CBN, e chegou a editor-executivo
0
na RedeTV!, onde também participou da investigação
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 global Panama Papers
Nº de tipos de eventos frequentados
FUNDAMENTAL
21% Analfabeto
CIDADES CONCENTRAM 20% DA POPULAÇÃO da amostra? 18% 16 a 24 anos
+ Fundamental incompleto
FAIXA ETÁRIA
ESCOLARIDADE
10.630 entrevistados 606 entrevistados 619 entrevistados
GÊNERO
990 pontos de fluxo** 44 pontos de fluxo 54 pontos de fluxo
MÉDIO
1pp de margem de erro*** 4pp de margem de erro 4pp de margem de erro
18% 35 a 44 anos
32% Médio completo
SUPERIOR
59 pontos de fluxo
4pp de margem de erro 11% 60 a 70 anos 11% Superior completo
Fortaleza
2.170.531 de habitantes 4% 71 anos ou mais 4% Pós-graduação
613 entrevistados
46 pontos de fluxo
4pp de margem de erro 6% A
Recife
1.368.028 de habitantes
614 entrevistados 32% B 38% Até R$ 1.874
CLASSE ECONÔMICA
ESTADO CONJUGAL
RENDA FAMILIAR
OCUPAÇÃO
20% de R$ 1.875 até R$ 2.811
Salvador
2.480.330 de habitantes 47% C
607 entrevistados
Brasília 47 pontos de fluxo 19% de R$ 2.812 até R$ 4.685
40% Casado
2.473.597 de habitantes 4pp de margem de erro
606 entrevistados
50 pontos de fluxo 11% de R$ 4.686 até R$ 9.370
4pp de margem de erro 32% NÃO PEA
Belo Horizonte
2.155.609 de habitantes 5% Mais de R$ 9.371 7% Divorciado
15% D/E
609 entrevistados 7% Não sabe + Recusa 5% Viúvo
55 pontos de fluxo
Rio de Janeiro 4pp de margem de erro
5.541.445 de habitantes
1.522 entrevistados
128 pontos de fluxo 16% Evangélica não pentecostal
3pp de margem de erro
42% Tem filho com mais
de 12 anos
45% Parda
Porto Alegre São Paulo 19% Evangélica pentecostal
TEM
1.269.650 de habitantes 10.147.544 de habitantes
621 entrevistados 3.004 entrevistados
PRESENÇA DE FILHOS**
ORIENTAÇÃO SEXUAL**
51 pontos de fluxo 343 pontos de fluxo
4pp de margem de erro 2pp de margem de erro
COR E RAÇA
90% Heterossexual
RELIGIÃO
28% Tem filho de até 12 anos
NÃO TEM
5% Espírita
39% Não tem filho
3% Afro-brasileiras
19% Preta
14% Não tem /
3% Homossexual
Não acredita em Deus
3% Bissexual
3% Amarela
Não tem relação / Não respondeu
2% Indígena 2% Outras 4%
* Estimativa da população com doze anos ou mais em 2017, segundo projeções a partir de dados do IBGE, para todas as cidades.
** Pontos de fluxo: número de locais em que foram realizadas as entrevistas em cada cidade. *PEA (População Economicamente Ativa).
***Margem de erro máxima em pontos percentuais, para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%. **Pergunta foi feita apenas para pessoas com dezesseis anos ou mais. Soma supera os 100%
porque algumas pessoas têm filhos tanto com mais quanto com menos de doze anos.
O que as pessoas
As pessoas usam seu tempo livre de diferentes formas. Os dados também sugerem que as mulheres praticam
Ficam em casa descansando, encontram parentes e amigos, menos atividades físicas do que os homens e ficam mais
passeiam ao ar livre, praticam esportes, vão a igreja, bares em casa. Isso se reflete no maior percentual de uso das
fazem quando
ou restaurantes. Ir a alguma atração cultural é apenas uma mídias, de hábito da leitura e, principalmente, de tarefas
das possibilidades à disposição de quem vive nas grandes domésticas.
cidades. Pode ser algo prioritário em sua vida ou não.
Da maneira como foi formulada (“O que você mais costuma
trabalhando nem
atividades e práticas culturais. mais frequência. Ou seja, se alguém respondeu que prefere
andar de bicicleta, não significa que não vá ao cinema
Tomar a decisão de ir ao teatro, ao museu ou ao cinema ou a shows de música, mas sim que tais opções não são
estudando?
não depende apenas da qualidade da programação e das prioritárias.
condições de acesso, como preço, local do evento, horário
etc. Existem outras necessidades e alternativas que também A pergunta era aberta: permitia que as pessoas
influenciam essa escolha, e que são relacionadas com a mencionassem livremente o que fazem durante o seu
renda, a escolaridade, a idade e o gênero. tempo livre. Os resultados foram consolidados nas
categorias apresentadas nas páginas a seguir.
A pesquisa mostra, por exemplo, que pessoas com ensino
superior e das classes A e B citam com mais frequência Como a pesquisa tem foco em doze capitais, os dados
eventos e espaços culturais. Já as atividades de mídia, apresentam um panorama do que ocorre nos ambientes
como ver TV, são mais fortes entre os menos escolarizados urbanos. As respostas podem ser diferentes se o mesmo
e os das classes C e D/E. Os mais velhos dão mais espaço tipo de pergunta for feito em cidades pequenas e afastadas
às atividades religiosas do que os jovens, enquanto estes dos grandes centros.
praticam mais esportes que seus pais e avós.
leitura
descansa
pratica A pergunta era aberta —
os entrevistados podiam
anda/corre
música passeia família serviços shopping
filmes faz
exercíciopraia domésticos
amigosjogos centro bebe/
celular parques religioso atividade come viaja
eletrônicos manual bares
revistasartes cênicas família música restaurantes
jornais praças
brinca
jogos baladas
de salão lê a Bíblia dança
computador artes visuais esportes radicais namora animais
outros jogos cozinha ir ao artes
vê jogos churrasco
lutas clubes jardinagem mercado visuais
senta
eventos culturais sítio/chácara na rua manutenção da casa escreve turismo
dirige visita pessoas serviços técnicos reza
centros rio/cachoeira casa terceira idade cuida dos filhos banco fuma ecológico
culturais piscina problemas pessoais prega
palestras pôr do sol festas excursão
cavalo brechó colecionismo
acampa
29% 27% 19% 15% 11% 10% 7% 6% 6% 6% 5% 4% 2% 2%
ATIVIDADES ATIVIDADES ATIVIDADES PASSEAR DESCANSAR ATIVIDADES BRINCAR/ ATIVIDADES ATIVIDADES FAZER PRÁTICAS BARES E BEBER, FUMAR, TURISMO
DE MÍDIA CULTURAIS FÍSICAS SOCIAIS JOGAR DOMÉSTICAS RELIGIOSAS COMPRAS CULTURAIS RESTAURANTES COMER
Quais atividades
Definir quais atividades e práticas “culturais” seriam Foram incluídas também práticas mais relacionadas com o
objeto deste estudo foi um dos pontos mais críticos do lazer, como jogos eletrônicos e blocos de carnaval, em razão
trabalho. Não é tarefa simples: a cultura abarca um espectro do espaço que elas vêm ganhando na agenda dos cidadãos e
culturais as
amplo, da arte ao entretenimento, dos pequenos hábitos por sua interseção com outras atividades culturais, tanto do
cotidianos a crenças religiosas, passando por práticas de ponto de vista da produção como da fruição.
lazer, moda e gastronomia. A essa complexidade junta-se
a necessidade de administrar o tempo de aplicação do Algumas categorias foram mantidas mesmo sob risco
frequentam?
manifestações ganharam nos últimos anos e o aumento de
A listagem final contemplou catorze atividades culturais e sua presença nos debates culturais justificavam a inclusão.
de lazer: leitura de livros não didáticos, jogos eletrônicos, No caso de saraus, a opção foi apresentar um nome mais
bibliotecas, shows de música, concertos de música clássica, descritivo: “saraus de poesia, literários ou musicais”. Em
espetáculos de dança, cinema, artes visuais (museus e festas populares, foi feita uma pergunta adicional, a partir
exposições), teatros, circo, festas populares, feiras de da qual os entrevistados puderam especificar a quais festas
artesanato, saraus e blocos de carnaval. populares costumam ir — estratégia que permite entender
qual tipo de evento vem à cabeça das pessoas quando
Para evitar que os múltiplos tipos de algumas dessas atividades escutam esse termo. Por fim, trabalhamos com “feiras de
gerassem dúvidas nos entrevistados, sempre que necessário artesanato e antiguidades”, pois é comum que aconteçam
ampliamos a descrição das categorias no questionário. nos mesmos espaços e simultaneamente.
Assim, a pergunta relativa a teatro engloba “teatro, stand-up
e musicais”. No caso do circo, agregamos “apresentações Ainda assim, muitas atividades importantes ficaram de
circenses”, pois muitas delas ocorrem na rua ou em salas de fora, como ópera, festivais literários, grafite e visitas a
teatro, fora da lona tradicional. Para as artes visuais, a pergunta locais históricos não diretamente associados a museus.
era se os entrevistados foram a “museus ou exposições”, a fim Também foi necessário abrir mão de eventos de rua, que
de contemplar mostras em galerias, centros culturais, ruas, vêm ganhando espaço como alternativa de lazer e acesso
estações de metrô, bares ou restaurantes. As festas populares a manifestações artísticas fora dos espaços tradicionais.
foram apresentadas de maneira mais ampla, acrescentando A maior dificuldade foi o fato de esses eventos não terem
os termos “folclóricas” e “típicas”, uma vez que não há uma uma descrição padronizada, que possa ser reconhecida
definição-padrão dessas manifestações. Em determinadas com facilidade pelos entrevistados. A ideia de apresentar
situações, como a da música, optou-se por trabalhar com duas uma definição genérica e dar exemplos foi descartada pelo
categorias: “shows de música e apresentações musicais” e risco de induzir o entrevistado a restringir sua leitura ao
“concertos de música clássica”. exemplo apresentado.
68
64
Cerca de
um terço da
55 população
foi a teatros e Cerca de um terço
46 museus foi a no máximo
42
Apenas 12% duas atividades
40
39 acessaram nove ou
mais atividades no 12%
34 MUITO ALTA
31 31
último ano 2% 1%
3% 11 12 9%
19 32%
BAIXA
17 7% 11%
8 1
11
8%
24%
ALTA
7
DIVERSIDADE
LIVROS CINEMA JOGOS SHOW DE
ELETRÔNICOS MÚSICA
FESTAS FEIRAS DE
POPULARES ARTESANATO BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO BLOCOS DE
CARNAVAL CIRCO SARAUS CONCERTOS Número de atividades 11%
diferentes acessadas 2
Cerca de um quinto dos O “índice de diversidade” O cálculo leva em consideração Os resultados foram
entrevistados nunca foi 48 mostra o número de doze das catorze atividades agrupados nas seguintes
a uma biblioteca atividades culturais diferentes pesquisadas: ler livro, ir a categorias de diversidade:
acessadas no último ano cinema, teatro, museus, shows muito alta (reúne quem
58
Maioria nunca (doze meses anteriores à de música, festas populares, acessou entre 9 e 12 atividades);
foi a saraus e pesquisa) pelos entrevistados, feiras de artesanato, circo, alta (6 a 8 atividades); média
concertos 66 independentemente de quais dança, saraus, concertos de (3 a 5 atividades); baixa (0 a 2
sejam elas música clássica e bibliotecas atividades)
70 70
69
68% 6969
68
67
68 68 Capitais apresentam percentuais
67
66 66 variados de acesso à cultura
64%
64 64
63 63
PROPORÇÃO DE PESSOAS QUE QUE FORAM NOS ÚLTIMOS DOZE
MESES A ALGUMAS ATIVIDADES PESQUISADAS (EM %)
62 62
61 Com melhor número de salas por x%
habitante, Porto Alegre é a capital MÉDIA
DE TODA
58
onde mais pessoas foram ao cinema A AMOSTRA
56 Belo Horizonte
55
54 tem melhores
54
53 índices para
53
52 52 São Luís tem a museus, teatros
maior frequência e concertos de
a festas populares música clássica
48 49 48 e a segunda maior
48
46% a espetáculos de
46 46 46
46 dança
46 45
45
44
42% 43 43
42 41 42 41 41 41 41
41 40% 41 40
40
40 40 39%
39 39 39 39 39
39 39 38
BELÉM
MANAUS
FORTALEZA
RECIFE
SALVADOR
SÃO LUÍS
BRASÍLIA
BELO HORIZONTE
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
CURITIBA
PORTO ALEGRE
BELÉM
MANAUS
FORTALEZA
RECIFE
SALVADOR
SÃO LUÍS
BRASÍLIA
BELO HORIZONTE
RIO DE JANEIRO
SÃO PAULO
CURITIBA
PORTO ALEGRE
38 38
38
37 37 37 37
36
36 36 36
36 36 36 35 36 35
35
35
34 34
34% 33
32 32 31% 32
32 32 31% 32
31
30 30
30
29
29
LIVROS CINEMA SHOWS DE MÚSICA FESTAS POPULARES FEIRAS DE ARTESANATO BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO SARAUS CONCERTOS
27
26
25 25
24 24
24 24 24
23
22
22
21 21
21
19% 20 20
19 19
18 18 18
18 17%
17 17
17 16
16 16 16
15 15 15
14
14
13 13 13
11% 12
12
11 11
Algumas bolas aparecem com o mesmo número,
mas em altura ligeiramente diferente na página. Essas 10
9
diferenças refletem variações nas casas decimais.
8
7
LIVROS 53 33 14
ALTO INTERESSE* MÉDIO INTERESSE BAIXO INTERESSE
SHOWS DE MÚSICA 64 24 12
6 24 70
CINEMA
FESTAS POPULARES 48 33 18 VÍDEO
FOTOGRAFIA
36 26 38
5 33 61
BIBLIOTECAS 43 39 19 ARTESANATO
24 33 43
4 27 69
DANÇA
DANÇA 50 34 17 BALÉ
20 23 57
ARTES PLÁSTICAS 3 25 72
MUSEUS 56 32 12 GRAFITE
PINTURA
DESENHO 26 30 44
2 28 70
TEATRO 58 29 14 TEATRO
26 28 46
1 25 75
BLOCOS DE CARNAVAL 27 23 50 CAPOEIRA
15 24 61
1 9 90
CIRCO 41 38 21 CIRCO
16 29 55
SARAUS 37 40 23
*A pesquisa pediu que os entrevistados dessem notas de zero a dez para o seu interesse em cada
CONCERTOS 34 35 30 uma das atividades culturais e de lazer, e também para o seu interesse em praticar algumas delas.
Nos dois casos, as respostas foram agregadas da seguinte forma: baixo interesse (notas 0 a 2), médio
interesse (3 a 7) e alto interesse (8 a 10).
Qual a
Nos primeiros estudos sobre os hábitos culturais, em meados Para captar a escolaridade, os pesquisadores perguntaram
dos anos 1960, a educação e a renda já apareciam como dois até que ano da escola o entrevistado estudou. A resposta
dos principais condicionantes de acesso a livros, músicas, era então encaixada em oito grupos — que, para gerar
importância da
filmes, peças de teatro e museus. A tendência continua a se leituras mais facilmente comunicáveis, foram unidos em
manifestar nos estudos da área: é evidente em nações em três categorias: fundamental (em que entram desde o
desenvolvimento e desiguais, como o Brasil, mas ocorre analfabeto até o que completou esse nível de ensino),
mesmo nos países desenvolvidos, onde as diferenças de médio (incompleto ou completo) e superior (incompleto,
e da condição
fácil separar o peso de cada um no interesse por atividades educação para explicar a distância entre parte da população
culturais. Nas próximas páginas, detalharemos alguns dos e a produção artística. Como diversas atividades culturais
principais resultados da pesquisa feita pela JLeiva, primeiro são pagas, elas são menos acessíveis para pessoas com
econômica?
pelo recorte do nível de escolaridade, depois por classe rendimentos menores.
econômica e renda e, por fim, faremos a análise cruzada,
que compara o efeito das variáveis isoladamente. Os resultados da pesquisa confirmam a tendência e podem
ser lidos a partir de dois critérios: o de classe econômica e
A educação aparece na pesquisa como fator determinante o de renda familiar. O primeiro segue a Classificação Brasil.
para um maior acesso à cultura. O percentual de pessoas A partir de informações como quantidade de bens (como
que foram às atividades culturais nos doze meses carro, máquina de lavar louças, geladeira e banheiros na
anteriores cresce à medida que os anos de estudo casa) e escolaridade do chefe da família, as pessoas foram
aumentam — isso vale para todas as manifestações, de identificadas como pertencentes às classes A, B, C ou D/E.
festas populares e blocos de carnaval a museus e concertos
de música clássica. Consequentemente, o contrário Com relação ao segundo critério, exclusivamente
ocorre com a exclusão: entre os que estudaram menos, é financeiro, é importante ressaltar que ele está sujeito a
maior a proporção dos que nunca foram a manifestações desvios: algumas pessoas podem declarar uma renda
culturais. Por exemplo, apenas 11% dos entrevistados com inferior à real, enquanto outras fazem o oposto. Ainda
nível universitário nunca foram a uma peça de teatro, assim, os resultados confirmam a associação entre maiores
contra 58% no grupo que chegou no máximo ao ensino níveis de renda e mais acesso à cultura.
fundamental. A relação entre os indicadores pode ser mais
ou menos acentuada, mas está sempre presente. O impacto da renda sobre a vida cultural dos entrevistados
pode ser visto de forma ainda mais clara nas respostas
sobre o tipo de atividade frequentada: apenas gratuitas,
mais gratuitas do que pagas, mais pagas do que gratuitas
ou apenas pagas.
86
84
29 29
27 27 27 27
26
24
FUNDAMENTAL
10 9
SUPERIOR
SUPERIOR
7
MÉDIO
MÉDIO
LIVROS CINEMA SHOWS DE MÚSICA FESTAS POPULARES FEIRAS DE ARTESANATO BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO SARAUS CONCERTOS
26 26
30 29
31
32
35
38 37
41 42 42
44
46
49
52
58 59
70
75
79
Nº DE ATIVIDADES DIFERENTES
ACESSADAS EM DOZE MESES:
76
MUITO ALTA - 9 A 12
ALTA - 6 A 8
18 MÉDIA - 3 A 5
5 31 9 10 68
BAIXA - 0 A 2
13
31 25
22 61
FUNDAMENTAL 53 MÉDIO SUPERIOR 27
29 63 53
38 38 49
48 47
45
43
41
36
32 32
27
25
22 21
18 19
17
Quem tem ensino superior assiste 15
NUNCA PRATICOU
menos à TV e lê mais livros 45
12 11
JÁ PRATICOU
PRATICA
5
DURANTE O TEMPO LIVRE (EM %)
CINEMA SHOWS DE MÚSICA FEIRAS DE ATESANATO DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO CONCERTOS
32
30
Quem trabalha com educação
tem maior contato com cultura
84
25 25 PERCENTUAL DE QUEM FOI NOS ÚLTIMOS DOZE MESES
76
23
65
19 62 62
19 58 58
55 55
51 51 51
15 15
44
40
37 36
32 33
10 31
28 28
25
ATIVIDADE CULTURAL
ATIVIDADES DE MÍDIA
LIVROS CINEMA JOGOS SHOWS FESTAS FEIRAS DE BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO CARNAVAL CIRCO SARAUS CONCERTOS
FUNDAMENTAL MÉDIO SUPERIOR POPULARES ARTESANATO
FÁBIO TAKAHASHI
de Jornalismo de Dados). É fundador
e vice-presidente da Associação de
Jornalistas de Educação (Jeduca). No
período 2016-2017, foi pesquisador na
Universidade Columbia (EUA), por meio
do programa Spencer Fellowship in
Education Reporting
Os brasileiros vão usufruir mais da cultura se tiverem uma Se soubéssemos definir claramente o que priorizar, pode- Ademais, a pesquisa sobre hábitos culturais feita pela Uma pergunta que pode surgir diante da diferença de
educação melhor? Ou, ao contrário, uma educação melhor ríamos otimizar o uso de recursos e energia: promover JLeiva mostra que, quanto melhor a escolaridade, maior acesso à cultura entre os níveis educacionais é se essa
depende de os brasileiros terem mais acesso à cultura? melhorias na educação resultaria em um avanço automático a tendência de a pessoa ter acesso aos recursos culturais. discrepância não está ligada, na verdade, à desigualdade
na cultura ou vice-versa. O duro é que questões complexas Dito de outra forma, o acesso à escola está intimamente econômica: quem tem menos estudo não teria menos
A questão é pertinente se pensarmos que os recursos públi- dificilmente têm respostas simples, ainda mais na área social. ligado ao acesso à cultura. acesso à cultura por ser mais pobre?
cos e privados são limitados e ficaram ainda mais escassos
no país após a última recessão, o que obriga as instituições a Analisando as pesquisas sobre melhorias da educação, Entre a população que chegou ao ensino superior, 84% A pesquisa indica que essa possibilidade não tem tanto peso.
fazerem escolhas para aplicar o seu dinheiro e a sua energia. fica claro que a escola sozinha tem um alcance limitado no foram ao menos uma vez ao cinema nos doze meses Quando questionados por que não vão a museus, 22% dos
fomento da aprendizagem. Estudos apontam que o ambiente anteriores à pesquisa. O percentual cai para 42% entre os entrevistados com ensino fundamental citam razões econô-
Os problemas na educação e na cultura são abundantes. escolar responde por algo em torno de 15% do desempenho que cursaram no máximo o ensino fundamental. Se 27% dos micas. Entre os com diploma universitário, essa é a resposta
Apenas 7% dos estudantes brasileiros terminam o ensino do estudante nas provas, como mostra, por exemplo, o que têm ensino superior foram a saraus de poesia, literários de 21%. A alternativa “não tem perto de casa” é mencionada
médio com o conhecimento adequado em matemática, trabalho “O efeito escola sobre o desempenho dos alunos nas ou musicais no mesmo período, essas atividades só atraíram por 5% do primeiro grupo e 8% do segundo.
conforme levantamento da ONG Todos pela Educação. Em regiões metropolitanas”, de pesquisadores do Departamento 10% das pessoas com ensino fundamental.
língua portuguesa, são 28%. de Economia da Universidade Federal da Bahia. No caso do teatro, é a elite educacional quem mais reclama
O nível educacional também influencia na autonomia para da falta de condições financeiras para frequentar os espe-
Nem mesmo a nossa elite apresenta bom desempenho. Os O restante do desempenho está relacionado basicamente escolher a atividade a ser usufruída. Quase 60% da popula- táculos: 32%, ante 25% na faixa com escolaridade mais baixa.
alunos de escolas privadas de ponta têm o equivalente a com o nível socioeconômico e cultural das famílias. Ou seja, ção que cursou até o fundamental afirma que outra pessoa Em shows e apresentações musicais, a distância é ainda
um ano a menos de aprendizagem se comparados com os um bom desenvolvimento escolar depende muito do que escolhe seu programa cultural sempre ou na maioria das maior: 37% e 27%.
estudantes das classes mais altas nos países desenvolvidos, o aluno vê e vive fora da escola. Se o estudante tem acesso vezes. Entre os que possuem ao menos ensino superior
de acordo com o Pisa — principal avaliação internacional a livros em casa, se tem o exemplo de pais ou responsáveis incompleto, o percentual cai à metade. Se a questão principal não é a falta de dinheiro ou de oferta
de ensino, feita pela Organização para a Cooperação e o leitores e se vai a exposições, ele terá uma bagagem que o de serviços perto de casa, por que as pessoas não vão a
Desenvolvimento Econômico (OCDE). ajudará nos estudos. O quadro fica um pouco mais dramático se analisarmos a esses lugares? A resposta mais frequente é simples e direta:
distribuição da população brasileira entre as faixas de esco- “porque não gosto” é a opção mencionada por 37% dos
No âmbito cultural, 21% nunca entraram numa biblioteca e Uma leitura simplista poderia sugerir que fossem deixa- larização. Cerca de metade das pessoas acima de 25 anos entrevistados com ensino fundamental que não vão ao
69% não foram a um museu ou exposição nos doze meses dos em segundo plano os vultuosos investimentos em completou apenas o ensino fundamental, e somente 14% teatro. Percentual semelhante aparece na explicação do
anteriores à pesquisa, conforme revela este levantamento educação, e priorizadas as atividades extra-escolares. chegaram a terminar o ensino superior, aponta a Pesquisa porquê não ir a museus (34%) ou shows (35%), conside-
da JLeiva feito com pessoas de doze anos ou mais em doze Provavelmente seria um erro. Além dos 15% que cabem à Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), feita pelo rando a mesma faixa de escolaridade. Parece haver boa
capitais. escola no desempenho do aluno não serem desprezíveis, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso margem para ampliar o acesso à cultura apenas seduzindo
eles estão concentrados num espaço mais controlado. É significa que 50% dos brasileiros estão na faixa de escolari- as pessoas para essas atividades.
mais fácil intervir em um colégio do que no ambiente difuso dade que tende a ser mais excluída das atividades culturais.
que perpassa o entorno social e cultural de uma pessoa. O Brasil tem menos adultos com ensino superior — faixa
com mais acesso a cultura — do que países vizinhos como
Argentina (21%) e Colômbia (22%). A média nos países
desenvolvidos é de 36%.
Um pouco de otimismo que o acesso à cultura também parece crescer, ainda que Metade das pessoas com ensino fundamental
Até aqui, os dados apontam para um quadro desolador. No maior não apenas faz lentamente. Em 2014, a JLeiva fez na cidade de São Paulo
http://bit.ly/OGlobo-Pnad2015
88
84
79
77
72
65
62 62
60 60 60
57 58
50 50 51 51
48
43 44
43
41
39
35 35 36
31
28 28 28
26 25 26
24 25 24
21 21 22
D/E
A
A
B
B
C
C
LIVROS CINEMA SHOW DE MÚSICA FESTAS POPULARES FEIRAS DE ARTESANATO BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO SARAUS CONCERTOS
54 55 56
62 61
71
75
82
NÃO PEA
84 1. DONA DE CASA
2. APOSENTADO 6% das mulheres disseram ser
3. DESEMPREGADO
(NÃO PROCURA EMPREGO) donas de casa. Nenhum homem
78 4. ESTUDANTE
76 declarou ter essa ocupação.
74 PEA - POPULAÇÃO
ECONOMICAMENTE ATIVA
5.ASSALARIADO REGISTRADO
66 66
6.ASSALARIADO SEM REGISTRO
7. FUNCIONÁRIO PÚBLICO
Desempregados que procuram
8. AUTÔNOMO REGULAR
63 9. FREELANCE/ BICO emprego somam 10%. Que não
61 10. EMPRESÁRIO
11. DESEMPREGADO procuram, 12%.
(PROCURA EMPREGO)
57
54 54
51 52 52
49 50 50
48 47
46
44 44
42
40 40
37 36 37 36 36 37
36 35 35
34 34
31 30
30
27 28
24 24 25 24 25
23 23 24 23 23 23 22
21 22 22
20 19 19
17 18
15 16
13 13
9
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
CINEMA SHOW DE MÚSICA DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO
Um terço da população só vai a atividades gratuitas Baixa renda limita diversidade no acesso
PERCENTUAL É DE APENAS 9% NA CLASSE A, MAS VAI A 56% NA CLASSE D/E PERCENTUAL DE QUEM FOI A ATÉ DUAS ATIVIDADES É DE 7% NA CLASSE A, Nº DE ATIVIDADES
ACESSADAS NO ÚLTIMO ANO:
MAS VAI A 52% NA CLASSE D/E
9 A 12 - MUITO ALTA
6 A 8 - ALTA
8 8 6 8 10 SOMENTE PAGAS 3 A 5 - MÉDIA
0 A 2 - BAIXA
MAIS PAGAS
21 17 11 DO QUE GRATUITAS
27
40
MAIS GRATUITAS
23 DO QUE PAGAS 14
40 39 8 17 28 8 4
18 10
27
48 20 36
22
A 50 B C D/E 60
43
56 SOMENTE GRATUITAS 33 26
32
32 36 70
43 36
19
9
TOTAL A B C D/E
DA AMOSTRA
RAFAEL OLIVA
Administração pública
e governo (FGV-SP)
Agora realizada em doze capitais do país, a pesquisa de tempo livre, ou seja, quando não estão trabalhando nem Diversidade das atividades culturais doze meses anteriores à pesquisa, a porcentagem sobe para
hábitos culturais da JLeiva traz um conjunto ampliado de estudando. Os resultados mostram, em primeiro lugar, que a e classes socioeconômicas 30%. Já para a classe D/E, tem-se um retrato inverso: 51%
dados sobre a vida cultural no Brasil. Permite, entre outras fruição de bens e programas culturais diversos — reunidos Uma das perguntas centrais da pesquisa procura aferir a se encaixam no tipo “excluído cultural”, ao passo que não
coisas, observar o interesse, a frequência e a intensidade sob a designação “atividades culturais” — se destaca nas frequência com que os consultados realizam catorze ativida- mais que 19% realizaram mais de seis atividades ao longo do
das práticas culturais dos brasileiros segundo seu perfil decisões de uso do tempo livre dos entrevistados, tendo des culturais.1 O conjunto das respostas permite observar a mesmo período.
socioeconômico, especificado por faixa de renda e de classe sido apontada como hábito costumeiro por 27% deles, atrás diversidade das práticas por grupo socioeconômico.
social. O que se procura fazer neste capítulo é destacar apenas de “atividades de mídia” (29%). A disponibilidade ou indisponibilidade de recursos é
alguns dos seus principais resultados, observando possíveis Para a amostra como um todo, revela-se um padrão mar- certamente importante, mas não deve ser vista como o
articulações entre condição econômica e práticas culturais. Em segundo lugar, os dados demonstram que o espaço cado por um grau relativamente modesto de diversificação único fator que explica a existência de níveis distintos de
das atividades culturais na ocupação do tempo livre é das atividades. Vê-se que 25% dos entrevistados realizaram diversificação por classe.
Desde já, vale ressaltar o caráter exploratório da análise. maior nos grupos de melhor condição socioeconômica. de zero a duas atividades distintas no último ano, 31% entre
Sem qualquer dúvida, a condição econômica afeta de várias Por exemplo, 40% dos entrevistados da classe A e 33% dos três e cinco atividades e 26% entre seis e oito. Dos respon- As respostas dadas à pergunta sobre o motivo de “nunca ter
maneiras as preferências e escolhas no âmbito das ativida- da classe B costumam praticar atividades culturais no seu dentes, 19% declararam ter realizado mais de nove atividades ido ou não ir com mais frequência” a apresentações musi-
des culturais. Diretamente, ao viabilizar ou inibir o acesso a tempo livre, ao passo que isso ocorre para apenas 25% da nos doze meses anteriores ao levantamento. cais, espetáculos teatrais/stand-ups e museus/exposições
certas experiências em razão dos custos envolvidos (ingres- classe C e 17% da classe D/E. mostram que não se deve ver uma relação mecânica entre
sos, preços de equipamentos e bens, deslocamentos etc.); Quase 60% dos entrevistados situam-se, portanto, nas duas condição econômica e práticas culturais. As razões de natu-
indiretamente, por ampliar ou restringir a aquisição de refe- Fica claro que há uma forte relação entre condição econô- faixas inferiores (até cinco atividades), sendo que, para o reza econômica tiveram peso diferente por classe de renda
rências ou competências que estimulem a atividade cultural mica e hábitos culturais. No entanto, das respostas oferecidas conjunto da amostra, as atividades mais realizadas são: (1) apenas para museus e exposições — sendo mais relevantes,
— o que se dá, sobretudo, nos processos de escolarização. pela pesquisa, não é possível concluir com segurança quais ler livros não didáticos; (2) ir ao cinema; (3) jogar videogame nesse caso, para a classe D/E (26% mencionaram essa bar-
são as articulações subjacentes a essa associação — isto é, ou jogos de computador, celular ou tablet; (4) ir a shows de reira, contra 22% na classe C, 18% na classe B e 8% na A).
Sabe-se também, porém, que as práticas culturais são o quanto a condição econômica, de um lado, e processos de música ou apresentações musicais; (5) ir a festas folclóricas,
atravessadas por fatores de outra natureza. Como já reco- socialização e construção de identidades, de outro, explicam populares e típicas. Já para shows de música/apresentação musical e teatro/
nhecido pela literatura especializada, o consumo de cultura a alocação do tempo livre em atividades culturais. stand-up, sua influência desestimuladora foi muito seme-
funciona como mecanismo de construção e afirmação de Os números aqui também evidenciam que a desigualdade lhante — cerca de 30% dos entrevistados, independen-
identidades, revelando características próprias aos pro- Outros efeitos também poderiam ser considerados para de condições socioeconômicas se reflete na apropriação temente da classe, declararam não ir com mais frequência
cessos de socialização de cada indivíduo. Assim, ainda que uma compreensão mais aprofundada desse resultado. Por desigual de atividades culturais. Na classe A, por exemplo, a shows de música por razões econômicas; para teatro, as
variáveis econômicas tenham papel relevante ao condicio- exemplo, a hipótese de que a condição econômica afeta a a participação de “excluídos culturais” — ou seja, indiví- cifras ficam em torno de 25%.
nar possibilidades de experimentação cultural, não se deve própria disponibilidade de tempo livre, influenciando sua duos que experimentaram até duas atividades no ano — é
atribuir a elas o peso absoluto das escolhas, que são sempre forma de utilização — aspecto que poderia ser explorado reduzida: limita-se a 5% dos entrevistados. No polo oposto,
expressão do entrecruzamento entre capital econômico e em uma nova edição da pesquisa. Chama a atenção, por o das pessoas que realizam nove ou mais atividades nos
capital cultural. exemplo, que a proporção de pessoas que dizem apenas
1
As atividades culturais listadas na pergunta aos entrevistados foram as seguintes: (i) ir ao cinema;
“descansar” nessas ocasiões diminui conforme aumenta (ii) ir a shows de música ou apresentações musicais; (iii) ir ao teatro, stand-up ou musicais; (iv) ir a
Uso do tempo livre em atividades culturais a renda — a porcentagem é de 16% na classe D/E, 12% na museus ou exposições; (v) ler livros não didáticos (sem considerar de escolas ou cursos); (vi) ir a
espetáculos ou apresentações de dança; (vii) ir a feiras de artesanato ou antiguidades; (viii) ir a festas
A indagação inicial da pesquisa procurou identificar quais classe C, 8% na B e 6% na A. folclóricas, populares ou típicas; (ix) ir a bibliotecas; (x) ir ao circo ou apresentações circenses; (xi) ir a
saraus de poesia, literários ou musicais; (xii) ir a concertos de música clássica; (xiii) jogar videogames
atividades os entrevistados mais costumam realizar em seu ou jogos de computador, celular ou tablet; (xiv) participar de blocos de carnaval de rua.
*PERCENTUAL DE PESSOAS QUE DERAM NOTA DE OITO A DEZ PARA SEU INTERESSE EM CADA ATIVIDADE.
**PERCENTUAL DE PESSOAS QUE FORAM A CADA ATIVIDADE NOS DOZE MESES ANTERIORES À PESQUISA.
x
PERCENTUAL MÉDIO
DE ACESSO EM
CADA CLASSE
ECONÔMICA
87 Quem é da classe C e tem
86
84 ensino superior lê mais e
82 80 vai mais a cinemas, museus
A educação 78
78
79
e teatros do que pessoas
78
das classes A/B com ensino
73
fundamental ou médio
renda no acesso
64
61 60 61
58
à cultura? 50 50
47
50
49
47
51
49
45
Um modo de compreender como educação e renda se O nível de escolaridade influencia até no acesso de 44
articulam para determinar um maior ou menor acesso às pessoas com maior poder aquisitivo, que em tese não 41
manifestações culturais é comparar pessoas de uma mesma teriam restrições financeiras para ir ao cinema, ao teatro
37
classe econômica, mas com níveis de escolaridade distintos. ou a shows musicais. Os entrevistados das classes A e 35 36
B que têm ensino superior frequentam mais atividades
O gráfico da página a seguir apresenta os dados de acesso culturais do que a parcela desse mesmo segmento 31 31
a algumas atividades culturais, de acordo com a classe econômico que só completou o fundamental. Mais
econômica e com a escolaridade, simultaneamente. ainda: em muitos casos, quem é da classe C e cursou 25 25 25
24
Pode-se verificar que, entre os entrevistados da classe universidade vai mais a atividades culturais do que os da 23
C, o percentual dos que foram ao teatro e a museus, por classe A e B com ensino médio. Apesar de a renda maior
exemplo, cresce conforme aumentam os anos de estudo. facilitar o acesso, a baixa escolaridade continua afastando
17 16
O mesmo acontece nas classes A e B e na D/E. Ou seja, a as pessoas das atividades culturais. 15
14
educação é importante em todas as classes econômicas. 12 13
11 10
FUNDAMENTAL
FUNDAMENTAL
FUNDAMENTAL
SUPERIOR
SUPERIOR
SUPERIOR
MÉDIO
MÉDIO
MÉDIO
D/E C A/B D/E C A/B D/E C A/B D/E C A/B
LIVROS CINEMA MUSEUS TEATRO
Os dados sobre acesso a atividades culturais em cada classe econômica, É interessante notar ainda como o efeito da educação cresce con-
de acesso a atividades culturais do que uma ascensão da classe D para a classe 1 desta página, um com foco em festas populares, outro em cinema.
6 Efeitos da Educação por Classes Sociais B1/A Efeitos de Classe por Nível Educacional: Cinema
C2, ou da classe C1 para a B2. Os gráficos à direita demonstram esse efeito. Em ambos fica claro que a educação tem impacto maior do que a renda,
No primeiro gráfico, o eixo vertical mostra o número médio de tipos B2 mas para festas populares essa diferença é ainda maior. Avançar um nível na
de atividades culturais (teatro, cinema, sarau etc.) a que os entrevistados C1
escala educacional aumenta a probabilidade de acesso a festas populares em
foram nos doze meses que antecederam a pesquisa; o eixo horizontal in- 0.75 média quatro vezes mais do que avançar um nível na escala de classes. A pequena
dica as diferentes classes econômicas, segundo a nova divisão em cinco C2 inclinação nas linhas do gráfico mostra como subir de uma classe para outra
4
níveis. Cada uma das linhas corresponde a um nível de anos de estudo. D/E altera pouco o acesso a esse tipo de atividade. Além disso, as linhas são pratica-
Pode-se ver que a variação de uma classe para a outra tem um impacto menor mente paralelas, indicando que o efeito de classe é uniforme ao longo da escala
do que a mudança de um nível educacional para outro: saltar para a linha de cima 0.50
educacional. Ou seja, passar da classe C1 para a classe B2 tem efeito semelhante
leva a um aumento no acesso a eventos culturais maior do que se deslocar para o tanto para pessoas com baixa escolaridade quanto para as com alta escolaridade.
próximo ponto no eixo horizontal. Isso vale para todas as combinações entre clas- Já no cinema, a educação e a situação econômica têm impactos bem mais pró-
ses sociais e níveis educacionais — tanto é que uma linha nunca cruza com a outra. 2 ximos: o efeito da educação é apenas 30% maior. Por isso o gráfico tem linhas mais
Outro modo de observar esse efeito é tomar como referência inicial o 0.25
inclinadas. No entanto, o efeito da ascensão econômica não é uniforme, diminui
ponto X, que representa um entrevistado da classe C2 no segundo nível de conforme se sobe na escala educacional. As linhas no topo do gráfico, que indicam
educação (de quatro a oito anos de estudo): ele foi, em média, a duas atividades grupos com maior escolaridade, são bem menos inclinadas do que as inferiores. Ou
culturais. Se essa pessoa permanecer na classe C2, mas conseguir alcançar o seja, entre as pessoas com mais acesso à educação o fator econômico pesa menos.
nível máximo de escolaridade (mais de dezesseis anos de estudo), irá em média 0 0.00
DIEGO VEGA
0-3 4-8 9-12 13-16 >16 D+E C2 C1 B2 B1+A
a 4,5 atividades culturais por ano (ponto Y). Por outro lado, se ela permanecer
educação (em anos) classe social
com o mesmo nível de escolaridade, mas ascender para a classe mais rica
(B2+A), o número de atividades acessadas é pouco superior a três (ponto Z).
1
No nível 1, de zero a três anos de estudos (sem escolaridade ou com a primeira fase incompleta do
fundamental); no nível 2, de quatro a oito (primeira fase completa ou segunda fase incompleta do
fundamental); no nível 3, nove a doze (fundamental completo, médio incompleto ou completo), no
nível 4, treze a dezesseis anos (superior incompleto ou completo); no nível 5, mais de dezesseis anos
de estudo (pós-graduação).
Homens
O gênero de uma pessoa influencia sua vida cultural? O casamento parece ter pouca influência, pois a
Uma análise das respostas sobre acesso a atividades nos desigualdade de acesso à cultura entre os casados é
doze meses que antecederam a pesquisa mostra que pequena quando comparamos homens e mulheres. O
e mulheres
as entrevistadas leem mais livros e vão mais a feiras de quadro muda entre os que têm filhos, sobretudo com
artesanato e espetáculos de dança do que os entrevistados. até doze anos. Virar mãe reduz mais o acesso a atividades
Nas outras onze áreas, são os homens que lideram. culturais do que se tornar pai.
culturais
se olha o interesse em participar da vida cultural, o fosso questão era: “Em relação à orientação sexual, você diria que
fica evidente. Com exceção de jogos eletrônicos e blocos é”. As opções eram: heterossexual, homossexual, bissexual e
de carnaval, é sempre mais alto o percentual de mulheres não tem atração/relações sexuais. Pouco mais de 1% indicou
diferentes?
que deram notas entre oito e dez para seu desejo de ir a a última alternativa; pouco mais de 3% se recusaram a
atividades culturais — e sempre com ao menos quatro responder a essa pergunta.
pontos de vantagem em relação aos homens. Porém,
apesar de as mulheres demonstrarem maior interesse por Os resultados evidenciam que as pessoas que se declaram
atividades culturais, o seu acesso é quase sempre inferior. bissexuais ou homossexuais acessam mais atividades
culturais do que quem se declara heterossexual. Por
O resultado parece ter relação com o papel atribuído às quê? Aqui as análises cruzadas perdem em precisão, pois
mulheres, o preconceito e a desigualdade de gênero. A a parcela de homo ou bissexuais é pequena na amostra:
responsabilidade pela casa e pelos filhos pode resultar em pouco acima de 3% dos entrevistados nos dois casos.
menos tempo livre para atividades culturais, e as diferenças Tomados como um único grupo, eles são 7% — e têm
salariais reduzem as condições de ir a teatros, cinemas e escolaridade maior (41% cursaram pelo menos até o ensino
shows de música. superior, contra 26% dos heterossexuais) e estão em
maior proporção nas classes A e B (43%, ante 38% entre
A leitura cruzada dos dados não é 100% conclusiva, mas os heterossexuais). É possível que esses fatores que têm
dá pistas adicionais. Ir à escola parece ter mais impacto grande impacto na frequência a atividades culturais, como
sobre elas do que sobre eles: comparando homens e se viu no capítulo anterior, ajudem a explicar o resultado.
mulheres, as diferenças de acesso caem conforme aumenta
a escolaridade — caem, mas não desaparecem. Algo Não se pode descartar, porém, que também influencie
semelhante ocorre com a inserção no mercado de trabalho: o fato de as artes e a cultura abrirem espaço para novas
as disparidades são menores entre as pessoas que integram tendências, novas ideias, novos comportamentos, para
a população economicamente ativa (PEA). o questionamento das tradições e para a crítica de
preconceitos.
LIVROS CINEMA SHOWS DE MÚSICA FESTAS POPULARES FEIRAS DE ARTESANATO BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO SARAUS CONCERTOS
71
69
66 66
66
62 62 62
60
59
58
56
52 52
51
50
46 47
45
43
44
42 42 42
41
40 40
39 38
38 37
37 37
35
34 33 32
32 31
30
29
As mulheres declaram um interesse por cultura superior ao dos homens. Apesar de as mulheres 13
Os círculos vazios estão sempre acima dos quadrados vazios. declararem um interesse por
10
museus 8 pontos percentuais
Apesar de declarar um desejo maior, o acesso das mulheres é inferior ao maior que o dos homens,
dos homens. Com exceção de leitura, feiras de artesanato e dança, o acesso delas é 4 pontos
os quadrados cheios estão acima dos círculos cheios. percentuais menor que o deles
CINEMA SHOWS DE MÚSICA DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO CINEMA SHOWS DE MÚSICA DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO
77
76
74
Os casados vão menos Filhos menores fazem
71
que os solteiros a 68
o acesso cair para
atividades culturais, mas a homens e mulheres,
diferença é parecida para 63 mas o efeito é bem
homens e mulheres. Em Os percentuais maior sobre elas.
59 59
dança, a discrepância é para casados 59 O circo é a exceção
56
praticamente igual e solteiros são 56
52
iguais para
50
homens e
45 mulheres
41 41
40
39 39 40
37 38
37 37 37
35 35 35
33 34
32 32
30 30 30
29 28
27 27
25 25
MULHERES SEM FILHOS 24
MULHERES CASADAS 21 HOMENS SEM FILHOS
Elas veem mais TV A pesquisa também coletou respostas de homens Grupo dos que têm filhos com treze anos ou Diversidade de acesso é um pouco
e leem mais do que eles e mulheres viúvos ou divorciados. Entre os mais é o que menos acessa atividades culturais, maior entre os homens
desquitados dos dois sexos (7% da amostra), mas aparentemente a razão não são os filhos e sim
DURANTE O TEMPO LIVRE (EM %) os percentuais são um pouco inferiores aos dos o fato de serem pessoas mais velhas SEGUNDO O Nº DE ATIVIDADES
ACESSADAS NOS ÚLTIMOS DOZE MESES (EM%):
solteiros, com exceção dos shows de música, em 9 A 12 - MUITO ALTA
que a diferença é maior Entre quem tem crianças maiores, a diferença 6 A 8 - ALTA
21
entre homens e mulheres é menor do que no 3 A 5 - MÉDIA
0 A 2 - BAIXA
Viúvos e viúvas (5% dos entrevistados) grupo que tem filhos de até doze anos
18
17 formam o grupo de menor acesso a atividades
culturais, e as diferenças são ligeiramente 33 11 13
13 favoráveis às mulheres 38 30
33
22
25
8
32
MULHERES
33
HOMENS
58
57 57
57 57
55
54
52
50
48
LIVROS CINEMA SHOWS DE MÚSICA FESTAS POPULARES FEIRAS DE ARTESANATO BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO SARAUS CONCERTOS
44 44
40
33
30
29
28
28
27
26
25 26
25
24
23
22
22
20 21
18 18
13 11
No ensino superior, elas também frequentam mais
MULHERES COM
espetáculos de dança, teatro e saraus ENSINO FUNDAMENTAL
9
HOMENS COM
ENSINO FUNDAMENTAL 7
Entre os pós-graduados, elas ainda superam os MULHERES COM
ENSINO SUPERIOR 6
homens no acesso a cinema e museus HOMENS COM
ENSINO SUPERIOR
75 76
67
63 62
56 56
53 53 53
51 51 50
46
44
42 41
36
33
30 30 31
24
22
20
18
HOMOSSEXUAIS OU BISSEXUAIS
HOMOSSEXUAIS OU BISSEXUAIS
16
11
HETEROSSEXUAIS
HETEROSSEXUAIS
LIVROS CINEMA JOGOS ELETRÔNICOS SHOWS DE MÚSICA FESTAS POPULARES FEIRAS DE ARTESANATO BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO BLOCOS DE CARNAVAL CIRCO SARAUS CONCERTOS
... e trabalha com mais frequência Jovens e quem tem ensino superior
nas áreas de cultura e educação se declaram mais homo ou bissexuais
Média na amostra foi de 7%
PERCENTUAL DE ENTREVISTADOS QUE DISSERAM ATUAR NESSES SETORES Pouco mais de 3% dos VALORES EM %
entrevistados com mais de
COM CULTURA
TRABALHA SÓ
HOMOSSEXUAIS OU BISSEXUAIS 17
dezesseis anos se declararam 16 A 24 12
HETEROSSEXUAIS 8 homossexuais e pouco mais de
3% afirmaram ser bissexuais. 25 A 34 9
FAIXA ETÁRIA
Pergunta não foi feita a pessoas 35 A 44 5
COM EDUCAÇÃO
TRABALHA SÓ
10 FUNDAMENTAL 4
ESCOLARIDADE
4 MÉDIO 6
SUPERIOR 10
Ao pensarmos em acesso à cultura e lazer a partir de um viés As pesquisas em gênero e sexualidade ainda não se debruça- Configurações familiares, jornada de trabalho Outro dado da pesquisa JLeiva reforça esse desequilíbrio.
de gênero e sexualidade, algumas distinções nos ocorrem: ram com tanto afinco sobre alguns aspectos relacionados e papéis de gênero Homens e mulheres, na mesma proporção, citam “levar as
espaços públicos vs. privados, esferas de produção social ao acesso dos diferentes públicos à cultura, tema para o qual Considerando o estado conjugal, na maioria das situações os crianças” como principal motivo para ir a atividades culturais.
vs. de reprodução social, mercado de trabalho vs. família, este texto traz uma contribuição pontual e localizada com homens têm mais acesso à cultura do que as mulheres. Entre No entanto, quando se questiona com quem efetivamente
entre outras. As teorias feministas, LGBT e de gênero hege- base na pesquisa da JLeiva, realizada pelo Datafolha em doze as pessoas que não têm filhos, a participação em atividades vão a esses programas (especificamente teatro e museus), é
mônicas geralmente relacionam esses pares à dicotomia capitais brasileiras. culturais é equilibrada em todas as classes, exceto na D/E, mais comum que as mulheres relatem ir com elas.
homem/mulher: os primeiros polos seriam domínios social em que é levemente desvantajosa para as mulheres. Já entre
e historicamente vistos como masculinos, e os segundos, Renda e escolaridade Mais mulheres do que homens apontaram a questão
quem tem filhos, a participação é equilibrada apenas na classe
femininos. Tal arranjo corresponde à chamada “divisão Segundo a pesquisa, a participação feminina e masculina em A, e a desvantagem feminina aumenta conforme a renda financeira como principal motivo para não participarem
sexual do trabalho”, segundo a qual o “trabalho produtivo” atividades culturais não é tão discrepante, mas as mulheres ficam diminui. A constatação é que ter filhos impacta de maneira de atividades culturais. Em pesquisa qualitativa comple-
caberia aos homens e o “reprodutivo”, às mulheres. para trás na maioria dos cenários, apesar de relatarem maior inte- diferente o acesso à cultura de acordo com o gênero, sobre- mentar ao levantamento de campo, elas disseram que sua
resse por essas atividades. Para compreender essa discrepância, tudo nas classes mais baixas. programação contempla as crianças — de modo que a
Tais associações, em que pesem as particularidades dos é preciso observar as variáveis de renda/classe e escolaridade, renda pode ser um limitador: um passeio cultural envolve os
contextos locais e sociais, seriam socialmente traçadas que tradicionalmente aparecem em pesquisas como condicio- A partir de dados de outras pesquisas, é possível com- custos de todos com transporte, alimentação e ingressos,
a partir de uma perspectiva heteronormativa: o modelo nantes diretamente proporcionais ao acesso à cultura. preender melhor. De acordo com o estudo Retrato das entre outros. Como já visto, tais custos têm maior impacto
heterossexual orientaria os arranjos familiares, o acesso ao Desigualdades de Gênero e Raça, realizado pelo Ipea em conforme se avança para grupos de menor renda, reduzindo
mercado de trabalho, à cultura, ao lazer etc. A cultura seria, Nos dados coletados, nota-se que, entre as pessoas da parceria com a ONU Mulheres, 90% das mulheres e 50% dos a participação cultural.
nesse modelo, parte dos domínios entendidos como “dos classe A, as mulheres relatam menor participação do que os homens declararam realizar atividades domésticas, percen-
homens” e da heterossexualidade, sobretudo as expressões homens em quatro das catorze atividades culturais pes- tuais que ficaram estáveis entre 1995 e 2015. As mulheres Segundo o Ipea, 40% dos lares brasileiros eram chefiados
culturais de maior prestígio. quisadas. No entanto, essa situação muda a partir da classe dedicam ao trabalho doméstico, em média, 7,5 horas por por mulheres em 2015, dos quais apenas um terço tinha a
B, aumentando a vantagem dos homens à medida que se semana a mais do que os homens. O estudo aponta ainda presença do cônjuge — ou seja, a maioria era composta
Os estudos produzidos por tais teorias demonstraram avança para a classe D/E. A renda, assim, acentua as desigual- que o tempo empregue no lar cai de maneira expressiva, só por mãe e filhos. Em pesquisa anterior, de 2007, o Ipea
como, historicamente, as mulheres tiveram maior dificul- dades de gênero no acesso à cultura: quanto menor ela for tanto para homens como para mulheres, à medida que apontava que famílias chefiadas por homens consomem, em
dade de acesso às linguagens e aprendizagens culturais maior será a desvantagem das mulheres. Só se encontra cresce a renda. Isso decorre da maior contratação de traba- média, o triplo de cultura se comparadas às comandadas por
— sobretudo as mais prestigiadas — que lhes dariam algum equilíbrio entre os gêneros na classe A. lhadoras domésticas pelas classes mais altas, que também mulheres. A análise conjunta desses dois resultados permite
ferramentas para produzir cultura. As poucas mulheres que têm mais acesso a eletrodomésticos. cogitar que a maioria das famílias chefiadas por homens con-
conseguiram entrar nesse mundo amargaram uma invisibi- Quando observados os dados referentes à escolaridade, o tam com cônjuges, que seriam as responsáveis pelo trabalho
lidade que contrasta com a sobrerrepresentação feminina cenário é semelhante. Os homens predominam na participa- Segundo a pesquisa do Ipea, cerca de 60% das mulheres doméstico. Além disso, ter dois adultos contribuindo para as
nas obras artísticas. As mulheres seriam, assim, mais “objeto” ção cultural entre pessoas com ensino fundamental e médio, estão no mercado de trabalho, índice estável desde a década finanças do lar significaria uma maior renda e, portanto, uma
do que “sujeito” cultural. e apenas no grupo com ensino superior há uma aproxima- de 1980. No caso dos homens, eram 78% em 2015. Os maior participação cultural.
ção dos números. A escolaridade, portanto, também afeta a percentuais são baixos, quando comparados aos de outros
igualdade entre homens e mulheres no acesso à cultura. países, e refletem a persistência da ideia de que a mulher
deve cuidar do lar, dos filhos e de pais idosos. No caso das
mulheres que trabalham fora de casa, a crença costuma
resultar em dupla jornada e sobrecarga.
Nº de eventos
com os filhos seja visto como um “complemento obrigató- questão dos filhos. Ao pensar sobre gênero, tais variáveis A maior carga de trabalho doméstico grupos têm praticamente a mesma 5
Efeitos de Educação por Sexo e Filhos
imposta às mulheres, em especial diversidade de hábitos culturais, inde-
rio” de suas atividades. representam, de modo geral, modelos de família e de divisão
no cuidado com filhos pequenos, pendentemente de nível educacional.
de trabalho baseados em pressupostos heteronormativos interfere de algum modo sobre seus Entre os que têm crianças menores, no
Como destaca Dedecca, o tema do uso do tempo no Brasil e, portanto, com forte teor sexista. Mas como tais variáveis hábitos culturais, em comparação ao entanto, a diferença aparece. Homens 4
está incorporado aos estudos de gênero desde os anos 1970. afetariam pessoas não heterossexuais e qual o impacto em que acontece com os homens? Para estão representados pela linha ponti-
responder a essa pergunta, usamos um lhada, muito acima da linha branca, que
A questão da dupla jornada é abordada a partir da contradi- sua participação cultural? Esses questionamentos são bons modelo estatístico de regressão que indica o acesso a eventos culturais de
ção entre o tempo econômico e o tempo para a reprodução pontos de partida para novos estudos. busca isolar o efeito de outras variáveis. mulheres com filhos de até doze anos.
3
social (associado aos cuidados domésticos e familiares). Os cálculos consideraram apenas Mais uma vez, a tendência se mantém
atividades culturais realizadas fora de nos vários patamares de escolaridade.
Desde então, a defesa deste último como fonte geradora de Vale destacar que a produção cultural e de lazer voltada para
casa (como cinema, museu, concerto
valor para a sociedade tem sido sistemática, visando reverter o público LGBT é bastante forte no país e abarca diversas e festas populares) e pessoas com Escolaridade
sua histórica desvalorização, o que se mostra necessário áreas: turismo, festas, exposições de arte, mostras de cinema, crianças com doze anos ou menos. O O cálculo de regressão também ajuda a 2
também para ampliar o acesso à cultura. eventos de militância política, entre outras. Fala-se, inclusive, pressuposto era de que, tendo de cuidar analisar se a educação afeta igualmente
de meninos ou meninas que ainda não homens e mulheres. Os infográficos des-
em “cultura LGBT” ou, de forma mais segmentada, em “cul- podem ficar sozinhos, haveria maior te capítulo deixam claro que mulheres 0
Orientação sexual e acesso à cultura tura gay”, “cultura lésbica” etc. Um dos maiores eventos do probabilidade de os pais não saírem. têm maior interesse por cultura do que
0-3 4-8 9-12 13-16 >16
educação (em anos)
A orientação sexual também foi considerada pela pesquisa. país em termos de público segue sendo a Parada do Orgulho O resultado mostra que ter filhos homens, mas um acesso ligeiramente
Nº de eventos
naquela faixa etária eleva a chance de os inferior. Também está evidente que a
Aproximadamente 90% das pessoas se declararam heteros- LGBT, que ocorre anualmente em São Paulo. Considerada a 5
Efeitos de Educação por Sexo
homens irem a diferentes eventos. Com educação é determinante para uma vida
sexuais. Entre os demais, 3% disseram ser homossexuais, 3% maior do mundo, ela mobilizou 3 milhões de pessoas em 2017, as mulheres, acontece o contrário. Os cultural mais intensa. Então, o que acon-
bissexuais e outros 4% preferiram não responder. Cabe des- segundo os organizadores. Ao destacar isso, o intuito não homens parecem continuar fazendo o tece quando se comparam homens e
tacar a dificuldade de mensuração estatística da orientação é o de supor que bissexuais e homossexuais só frequentem que faziam e ainda incorporam algumas mulheres de mesmo nível educacional? 4
atividades culturais para levar os filhos, Depende. No grupo de menor
sexual, seja pela fluidez identitária que a questão acarreta, atividades de nicho, mas chamar a atenção para a existência ao passo que às mulheres cabe cuidar escolaridade, elas têm menor acesso
seja pelo preconceito que leva muitas pessoas com práticas de toda uma rede cultural voltada para esse grupo. das crianças em casa. Elas também a eventos do que eles. Mas depois de
homoafetivas a não se declararem bi ou homossexuais. são estimuladas a ir a alguns espaços cerca de doze anos de estudo (equi-
Referências bibliográficas culturais por causa dos filhos, mas valentes ao ensino médio completo), 3
2016. Disponível em: < http://bit.ly/Prolivro-2016>. Acesso em: 08 de janeiro uma variedade similar de atividades. número médio de atividades culturais educação (em anos)
de 2018. Essas tendências podem ser vistas acessadas pelos dois grupos (as duas
Fazer recortes adicionais requer cautela, pois se passa a no gráfico à direita, acima. Ele mostra linhas são ascendentes), mas o impacto
trabalhar com amostrar menores, mas aparentemente esse como a escolaridade aumenta o acesso da educação sobre as mulheres é
cenário é o mesmo para todas as classes socioeconômi- a eventos culturais em ambos os sexos, maior: a distância entre as curvas
com ou sem filhos de doze anos ou vai se reduzindo até que a situação
cas. Já sob um recorte de escolaridade, os heterossexuais menos. As linhas pretas e cinzas repre- se iguala por volta dos doze anos de
relataram uma participação cultural maior ou igual à dos sentam, respectivamente, mulheres estudo e se inverte a partir daí.
homossexuais e bissexuais apenas em algumas situações: e homens sem filhos. Elas ficam bem DIEGO VEGA
Cultura tem
No Brasil, parece que sim. Conforme aumentam os anos A educação exerce ainda uma influência positiva sobre
de vida, diminui o acesso a atividades culturais e cresce o os jovens, o que acentua o abismo geracional. Como o
percentual de pessoas que nunca foram a museus, teatros número de universitários se expande de forma significativa
idade?
e cinemas, por exemplo. Ao contrário do que acontece desde o final da década de 1990, o percentual de pessoas
em países desenvolvidos, onde a queda começa a ser mais entre dezesseis e 24 anos que disseram ter ido a cinemas,
significativa depois dos sessenta anos, no Brasil o processo teatros, museus e shows nos doze meses anteriores
é bem mais precoce: na maioria dos casos, ocorre já por à pesquisa recebe um combustível fundamental para
volta dos quarenta. Em algumas atividades, até antes disso. despertar o interesse pela cultura: a escola.
A ideia de que pessoas de mais idade teriam tempo, Essa mudança de perfil na sociedade deve refletir
dinheiro e ainda o benefício de ingressos mais baratos positivamente sobre as atividades culturais nos próximos
para usufruir de uma vida cultural mais intensa está muito anos, acompanhando o envelhecimento dessas gerações
distante da realidade de boa parte dos brasileiros. O que que tiveram maior acesso à educação.
parece fazer diferença, aqui, é a escolaridade. Diversas
gerações cresceram longe das escolas, o que reduziu não As próximas páginas mostram como a desigualdade
apenas sua capacidade de conseguir bons salários, mas geracional se manifesta de acordo com a atividade cultural
também seu interesse pela cultura. e o nível de escolaridade.
74
LIVROS
75 e jogos eletrônicos 73 SHOWS 73
FEIRAS DE ARTESANATO
BIBLIOTECAS
SARAUS
CONCERTOS
73 72
67 68
65 68 66 JOGOS ELETRÔNICOS
65
BIBLIOTECAS
64
61 62
TEATRO
58 62 59
57 58 57
56 56
55 MUSEUS
55 54
57 54 55
53 DANÇA 53 52
53 51
SHOWS 50 53 52 50 50
48 LIVROS 49 49
48 48
49 49
44 45 45 47
43 43 44 BIBLIOTECAS 44
DANÇA 42 46 42 44
42 CIRCO 41 44 41
40 39 43 FESTAS POPULARES
43
FESTAS POPULARES
38 37 40 38 38
40 37 FEIRAS DE ARTESANATO 37
TEATRO 38 38
35 33
SARAUS 36
33 35 35 35 35 36
34 MUSEUS 31 CARNAVAL 34
30 31
29 32 29 32
FEIRAS DE ARTESANATO CARNAVAL 30 31 30 27
28 CIRCO 25 28
24 27 23 24 CONCERTOS 26
22 21
21 20 Tendência se inverte em
21 18 22
SARAUS 17 17 17
16 16 concertos, festas populares
14
12 12 12 e feiras de artesanato:
10 11 11
9 12 interesse sobe com a idade
CONCERTOS 10
9
12 A 15 ANOS 16 A 24 25 A 34 35 A 44 45 A 59 60 + 12 A 15 ANOS 16 A 24 25 A 34 35 A 44 45 A 59 60 +
49
FUNDAMENTAL REALIZA APENAS 42
36 ATIVIDADES 38 35
25 CULTURAIS 26 26 29
GRATUITAS
11 13
12 A 15 ANOS 16 A 24 25 A 34 35 A 44 45 A 59 60 + 12 A 15 ANOS 16 A 24 25 A 34 35 A 44 45 A 59 60 +
1 1 3 FUNDAMENTAL SUPERIOR
9
9
14 12 93
26
Em dança, diferença de
85 acesso entre jovens e idosos
21
21 cai de dezoito pontos
55 NUNCA
22 21 (ensino fundamental)
71 para três (ensino superior)
66
25 63 63
21 59
54 55 55
52 53
48 48
43 43
42
19 40
20 ACESSA POUCO
70 32 32
30
63 64
49 22
20
TODOS OS DIAS, MAS NÃO
19 18 18 18 18
12 ESTÁ SEMPRE CONECTADO 16
15 15
31 11 10
9
4 4
16 A 24
35 A 44
16 A 24
35 A 44
16 A 24
35 A 44
16 A 24
35 A 44
12 TODOS OS DIAS,
ESTÁ SEMPRE CONECTADO
60 +
60 +
60 +
60 +
12 A 15 ANOS 16 A 24 25 A 34 35 A 44 45 A 59 60 + CINEMA SHOWS DE MÚSICA DANÇA MUSEUS TEATRO CONCERTOS
No tempo livre, adolescentes trocam TV pelo celular Com exceção de artesanato, prática diminui com a idade
e praticam mais atividades físicas PERCENTUAL DE QUEM JÁ FEZ OU ESTÁ FAZENDO ALGUMAS ATIVIDADES CULTURAIS
VALORES EM %
46 45
43 43
43 40
40 39 39
41
39
25 x 34 35
34 34
24 MÉDIA
DE TODA 33
A AMOSTRA
31 28 28
19 19
ARTESANATO CINEMA
MÚSICA ARTES PLÁSTICAS 25
23 24
DANÇA/BALÉ CAPOEIRA 22
13 TEATRO CIRCO 22
12 21
11 11 18
9 9
7 14 14 16
13
12 A 15 ANOS
4 11
10
2 2 7
7
60 +
1 6
ASSISTE À TV FICA AO CELULAR NAVEGA NA INTERNET LÊ LIVROS PRATICA ESPORTE 12 A 15 ANOS 16 A 24 25 A 34 35 A 44 45 A 59 60 +
O sociólogo francês Pierre Bourdieu fez várias pesquisas Assim, uma análise das práticas culturais por faixa etária, As condições físicas dos adolescentes e jovens, assim como (37%, contra 22% entre adolescentes e jovens), a pesquisa
sobre práticas sociais. Simplificadamente, pode-se dizer como a que se fará aqui, não deve desconsiderar outras sua abertura para transitar em territórios mais amplos, revela a característica “adultocêntrica” de nossa sociedade,
que ele destaca que tais práticas (inclusive as culturais) são variáveis, como capitais cultural, econômico e simbólico, ajudam a explicar por que um em cada quatro deles é identifi- na qual as faixas etárias mais novas e as mais velhas têm
influenciadas pelo que chama de habitus e pelo modo como centrais para formar e desenvolver o hábito nessa área, cado como um usuário diversificado de cultura (nos últimos menor poder de decisão que as faixas adultas.
os indivíduos se inserem nos diferentes campos sociais — ou conforme atesta a pesquisa da JLeiva. doze meses, fez ao menos nove das catorze atividades
seja, nos espaços onde se adquire e se utiliza um capital espe- pesquisadas). Entre os maiores de sessenta anos, menos de O menor acesso dos idosos às práticas culturais não ocorre
cífico (econômico, mas também cultural, social, simbólico...). De forma geral, as pessoas jovens, de alta escolaridade, com um em cada dez encontra-se nessa condição. Os dados dos apenas nas atividades feitas em espaços públicos. A leitura
maior renda, residentes no centro-sul do Brasil e do sexo idosos sem acesso ao mundo cultural são assustadores: 51% de livros não didáticos — prática mais usual para todas as
Todo campo é marcado por relações de forças em que sujei- masculino exercitam mais práticas culturais, considerando o realizaram, no máximo, duas das catorze atividades. De cada faixas etárias — é realizada por 55% dos maiores de sessenta
tos e instituições buscam, por meio do que Bourdieu classifica universo selecionado para o estudo. cinco idosos, um não realizou nenhuma. Pode-se ver, assim, anos e 76% dos adolescentes e jovens. Em tese, não há
de estratégias de reprodução, preservar ou melhorar suas uma relação direta entre o aumento da idade e a diminuição fatores inibidores para essa atividade, embora se deva levar
posições nos campos em que atuam. Nesse sentido, hábitos Os dados revelam que os adolescentes e jovens (entre da prática de atividades culturais. em conta que o analfabetismo e a falta de hábito de leitura
e práticas culturais não são expressões espontâneas, autôno- doze e 24 anos) superam os idosos (sessenta anos ou mais) no Brasil sejam maiores nas gerações mais velhas.
mas, posto que estão ligados a condições sociais específicas. em todas as atividades listadas, exceto feiras de artesana- Socialização e autonomia
tos e de antiguidades — mesmo assim, por uma pequena Uma questão relevante na pesquisa diz respeito a quem Por outro lado, enquanto quase 90% das faixas etárias mais
Quando há adequação entre o habitus e o campo, as estra- margem: 32% ante 37%. Fica claro que os adolescentes e acompanha os entrevistados nas atividades culturais e jovens praticam jogos virtuais, 16% dos idosos têm esse
tégias funcionam sem reflexão explícita, sem depender da jovens têm maior acesso ao conjunto da cidade e às ativi- quem define a programação que será feita. Como seria de hobby — um percentual bem menor que o dos mais novos,
consciência. Mas o que “cai bem” num determinado espaço dades que ela oferece. Já os idosos circulam pouco pelos se esperar, 42% dos adolescentes e jovens vão a eventos e mas maior, curiosamente, do que o das pessoas de sessenta
social pode não funcionar num campo onde são exigidas espaços públicos, em geral territórios onde não se sentem espaços culturais com amigos, dado que revela a valorização anos ou mais que frequentam concertos de música clássica,
disposições diferentes. Assim, um indivíduo que construiu suficientemente à vontade. A representação dos espaços da socialização para essas faixas etárias. Entre os idosos, o saraus ou circo. O dado parece assinalar que a possibilidade
seu habitus num campo, quando atuar em outro é obrigado urbanos como hostis aos mais velhos e os limites concre- percentual se reduz a 26% — a mesma proporção dos que de exercer uma atividade de forma autônoma e doméstica,
a dominar a prática do novo campo no plano da consciência. tos que lhes são impostos — dificuldade de mobilidade, fazem esses programas em casal ( item, por sua vez, assina- sem depender de outra pessoa ou grupo, estimula os idosos.
Precisa formular estratégias deliberadas. garantia de segurança, excesso de pessoas — impedem lado por apenas 12% dos jovens). Um dado relevante é que
que os idosos se movimentem de forma plena. cerca de 30% do total de entrevistados desenvolvem suas Interesses e desafios
Para os grupos que detêm menos capital, conquistar novas práticas culturais em família. Em suma, a ida a um espaço Os adolescentes e jovens deixam claro que, a depender
posições em seu próprio campo ou atuar em outro requer Os jovens, por sua vez, consideradas suas diferenças, são cultural é uma experiência sobretudo coletiva. deles, o cinema não deixará de ser relevante. Frequentá-lo
investir a longo prazo no acúmulo de algum capital — nas o grupo etário que mais circula pelos territórios — físicos é a atividade que mais interessa a essa faixa etária: 85% dão
sociedades urbanas, o mais disponível é o cultural, oferecido e sociais — da cidade. Eles rompem com mais facilidade Na escolha da programação, jovens e idosos se aproximam. nota de oito a dez para seu interesse nessa prática, e apenas
pela escola; no entanto, adotar esse tipo de estratégia só faz os limites socioeconômicos e culturais da pólis. De fato, é Nos dois grupos, 51% dos entrevistados nas duas faixas etá- 3% dão nota de zero a dois. Em contrapartida, ir a blocos de
sentido para aqueles que têm alguma perspectiva de futuro. mais fácil um jovem de classe média e outro que mora numa rias afirmaram que sempre ou na maioria das vezes é outra carnaval de rua, a concertos de música clássica e a saraus são
favela se encontrarem num mesmo espaço — seja um bloco pessoa quem escolhe a atividade que será realizada. Ainda as atividades menos atraentes para eles (o porcentual de
de carnaval, um show musical ou uma experiência de sarau que seja maior entre os mais velhos a proporção dos que baixo interesse foi de 37%, 30% e 20%, respectivamente).
— do que pessoas mais velhas pertencentes a diferentes responderam que sempre são eles próprios que escolhem
classes socioeconômicas e culturais.
Qual é o papel da
A religião aparece de forma mais ou menos explícita em se apontassem o primeiro, o segundo e o terceiro ritmo
diferentes momentos do estudo. Na pergunta sobre o que preferido. No resultado agregado (soma dos percentuais das
os entrevistados preferem fazer quando não estão nem três respostas), o gospel aparece em terceiro lugar, atrás do
religiosidade?
trabalhando nem estudando, “ir à igreja” e “ler a Bíblia” sertanejo e da MPB. Na pergunta que leva em conta apenas o
foram duas respostas recorrentes. As atividades religiosas gênero preferido, o gospel é o segundo mais citado.
em geral foram citadas por 6% dos moradores das capitais.
Quando indagados sobre o tema dos sites e blogs que mais Classificação
frequentam, 19% disseram “religião”. Em todas as cidades o Para classificar a religião dos entrevistados, a pesquisa
A pesquisa da JLeiva incorpora, além das variáveis levantamento ouviu, na questão sobre a frequência às festas apresentou um quadro e pediu que eles mostrassem com
sociodemográficas normalmente mais destacadas — populares, diversas menções a eventos de origem religiosa qual categoria se identificavam (ver quadro abaixo).
como idade, renda e escolaridade — , a leitura por — desde manifestações que hoje extrapolam essa dimensão
preferência religiosa. Haveria algum tipo de relação entre e têm grande importância turística e comercial, como as Durante o processamento dos dados, para poder trabalhar
a fé de uma pessoa e seus hábitos culturais? O fato de tradicionais festas juninas, até uma série de festividades de com partes maiores da amostra, algumas categorias foram
alguém ser católico, evangélico, praticante de alguma menor porte, como homenagens à Iemanjá e Folia de Reis. reunidas. Os evangélicos foram divididos em dois grupos:
religião afro-brasileira, espírita ou de não acreditar em pentecostais (que inclui pentecostais e neopentecostais)
Deus pode levar a uma maior ou menor propensão a ir a Outro indicativo da importância da religião captado pela e não pentecostais (evangélicos, evangélicos protestantes
teatros, museus, cinemas e shows de música, por exemplo? pesquisa é a força com que o gospel aparece entre os e outros evangélicos). Os de fé judaica foram incluídos em
Pode influenciar seu gosto musical? Os protestos contra a ritmos musicais mais escutados. O questionário pedia que “Outras religiões”.
exposição Queermuseu, no segundo semestre de 2017, ou
a presença constante de livros de fundo religioso nas listas
de best-sellers seriam fenômenos pontuais ou mostrariam CATEGORIAS USADAS NO QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
que, sim, as crenças têm peso nas práticas culturais? Evangélica: Batista, Batista Renovada Missão da Fé/Coluna de Fogo Renovado, Outras Evangélicas: ABA - Aliança Bíblica do Avivamento, Comunidade
Casa da Oração, Igreja da Paz, Luterana, Metodista, Presbiteriana Cristã Videira, El Shadai, Igreja do Senhor Jesus Cristo, Igreja Reformada
Siloé, Ministério Crescendo a Palavra, Ministério IDE, Ministério
Evangélica Protestante: Adventista, Igreja dos Mórmons, Protestante, Internacional Nova Dimensão, Mundial Cristã, Tabernáculo da Fé
Testemunha de Jeová
Umbanda, Candomblé ou outras religiões afro-brasileiras:
Evangélica Pentecostal: Assembleia de Deus, Brasil para Cristo, Casa da Xangô, Batuque, Mina, Omoloco, Catimbó
Bênção, Chama Divina Pentecostal, Comunidade Cristã, Congregacional Cristã Espírita Kardecista, espiritualista
do Brasil, Deus é Amor, Evangelho Pleno, Evangelho Quadrangular, Igreja de
Católica
Cristo, Jerusalém Avivamento, Maranata, Nova Jerusalém, O Senhor é Nossa
Justiça, Pentecostal, Rei da Glória, Restauração Plena, Reviver em Cristo, Rocha Judaica
Viva, Santas Missões, Só Senhor é Deus, Verbo da Vida, Viver em Cristo Outras religiões: Seisho-No-Iê, Perfeita Liberdade, Budista, Santo Daime,
Muçulmano
Evangélica Neopentecostal: Água Viva, Cristã Renovada, Igreja Internacional
da Graça, Igreja Mundial do Poder de Deus, Igreja Socorris ta, Renascer em Não tem religião / Agnóstico
Cristo, S.O.S Jesus, Sara Nossa Terra, Igreja Universal do Reino de Deus Ateu/ não acredita em Deus
54
52
49 50 50
47 46 46 46 Circo tem a menor
46
44 44 44 44
42
43 variação de acesso
41
40 40 entre as diferentes
religiões
35
34 34
33
32 32
29 29 29 29
29
27 27
25
23 23
22 22
EVANGÉLICA NÃO PENTECOSTAL
20
EVANGÉLICA PENTECOSTAL
EVANGÉLICA PENTECOSTAL
19
AFRO-BRASILEIRAS
13 13
11
9 9
CATÓLICA
CATÓLICA
NÃO TEM
NÃO TEM
ESPÍRITA
ESPÍRITA
CINEMA SHOWS DE MÚSICA FESTAS POPULARES BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO SARAUS CONCERTOS
gratuitas
25
7 10 10 MAIS GRATUITAS 34
18 VALORES EM % DO QUE PAGAS 40 38
31 34 21
32 54 46
18 41 35 57
48
21 23
EVANGÉLICA EVANGÉLICA
CATÓLICA
48 NÃO TEM
PENTECOSTAL NÃO PENTECOSTAL
29
32 40
REALIZA APENAS ATIVIDADES 34 33
35 36 CULTURAIS GRATUITAS
32 19 23
18 16
EVANGÉLICA EVANGÉLICA CATÓLICA ESPÍRITA AFRO-BRASILEIRAS OUTRA NÃO TEM
NÃO PENTECOSTAL PENTECOSTAL
38 38
ESTATÍSTICA
37
37
35 36
34 34
32 32 33
31 31 31 31
30 30 crença diferenciasse os indivíduos — por serem praticamente idênticos aos evangélicos não pentecostais permane-
29 29
28 tudo o mais, renda, escolaridade, sexo católicos. Nota-se que em todos os cem no mesmo nível de católicos, e os
27 etc., seria idêntico (leia mais detalhes casos a frequência cresce conforme au- pentecostais aparecem com um acesso
27 26
25 Até que ponto os percentuais de no capítulo de Metodologia). Todos menta a educação: as linhas são sempre bem inferior. A diferença se sobressai
23 acesso à cultura são influenciados pela os credos foram levados em conside- ascendentes. A posição delas, porém, em shows de música e, principalmente,
22 21 religião? É possível que o resultado ração. Os católicos, mais numerosos, deixa claro que existem diferenças. festas populares e blocos de carnaval.
seja apenas reflexo de outras variáveis. foram usados como base de compa- Os evangélicos não pentecostais Os dois gráficos abaixo, com foco
Se determinada religião tem muitos ração com as demais confissões. (linha branca cheia) e pentecostais apenas em católicos, evangélicos
seguidores nos grupos sociais mais Num primeiro exercício, traba- (linha branca tracejada) estão sempre não pentecostais e pentecostais,
vulneráveis, por exemplo,a frequência lhou-se com o número de atividades abaixo dos católicos (linha cinza) — ou destacam dois casos (museus e festas
menor a atividades culturais pode culturais a que os entrevistados foram seja, têm um acesso a eventos culturais populares). O eixo vertical aparece
EVANGÉLICA NÃO PENTECOSTAL
estar sendo causada pela baixa nos doze meses que antecederam a menos variado. Acima dos católicos, com uma escala de 0 a 1, que indica
EVANGÉLICA PENTECOSTAL
escolaridade, não por suas crenças. pesquisa; a educação foi usada como estão os espíritas (linha preta cheia) uma menor ou maior probabilidade de
Para entender melhor o peso variável de referência. O primeiro e os seguidores de religiões os grupos religiosos terem acessado
AFRO-BRASILEIRAS
específico da religião, usamos gráfico abaixo resume os resultados. afro-brasileiras (linha preta tracejada). a atividade cultural retratada.
modelos de regressão estatística. Ele mostra as estimativas de acesso a Uma hipótese para a menor O primeiro é específico sobre
CATÓLICA
Resumidamente, esse modelo atividades culturais por escolaridade, diversidade de acesso dos evangélicos a frequência a museus e exposições.
NÃO TEM
ESPÍRITA
permite estimar qual seria a influência para cada religião — ateus e seguidores eventos culturais é o fato de reservarem Praticamente não há diferença entre
da religião num cenário em que só a de outras religiões foram excluídos seu tempo livre para atividades religiosas católicos (linha cinza) e evangélicos
MÚSICA TEATRO AUDIOVISUAL ARTES VISUAIS CAPOEIRA com mais frequência: os pentecostais não pentecostais (branca), mas os
(16%) fazem isso em proporção muito pentecostais (branca traceja-
número de eventos
6 Efeitos da Educação por Religião maior que a média dos entrevistados da) estão sempre abaixo.
(6%) e que os católicos (2%). Já no segundo gráfico, sobre
Apesar de, em geral, evangélicos festas populares, pentecostais e não
pentecostais e não pentecostais pentecostais estão próximos entre si, e
4
terem um acesso menor, uma análise bem distantes dos católicos em todos
de cada atividade mostra resultados os grupos de educação. É possível que
não homogêneos. Em cinema, saraus essa diferença ocorra pelo fato de boa
Percentual de evangélicos e pessoas 2 e concertos, por exemplo, o resultado parte das festas populares no Brasil
sem religião cresce entre jovens é igual ao dos católicos — mesmo
se isolando as outras características
ser ligada a santos da Igreja Católica.
DIEGO VEGA
socioeconômicas. Em teatro e museus,
0 0-3 4-8 9-12 13-16 >16
educação (em anos)
59
Efeitos da Educação por Religião (Museus) Efeitos da Educação por Religião (Festas Populares)
CATÓLICA
50
0.6
45 0.6
35 36
NÃO TEM
29 0.4
0.4
24 23
21 20 21 20
18 19
17 17 17
15 13
11 13 11
0.2 0.2
8 6
0 0-3
12 A 15 ANOS 16 A 24 25 A 34 35 A 44 45 A 59 60 + 0 0-3 4-8 9-12 13-16 >16 4-8 9-12 13-16 >16
educação (em anos) educação (em anos)
No passado, talvez fizesse pouco sentido indagar sobre a Tais tendências apontadas pelo Censo de 2010 não des- Já em Porto Alegre, as religiões afro-brasileiras não criaram A ascensão evangélica
influência do pertencimento religioso nos hábitos culturais toam desta pesquisa da JLeiva com o Datafolha — embora a mesma relação simbiótica com o catolicismo popular. A Mas, ainda assim, é preciso indagar por que, como e onde a
dos brasileiros. “Ser brasileiro” e “ser católico” parecia uma haja diferenças na maneira de classificar as religiões. Neste adesão às religiões de matriz afro-brasileira se faz por vias religião faz diferença. Ao analisar as relações entre católicos
equação natural. levantamento, 42% dos entrevistados se declaram católicos diferentes e com maior probabilidade de declaração pública, e evangélicos, percebe-se um conjunto de vivências diferen-
e 35%, evangélicos (sendo 16% não pentecostais e 19% pen- envolvendo mais a classe média. ciadas de lazer e uso do tempo livre.
É verdade que no “maior país católico do mundo” sempre tecostais). Espíritas são 5%; adeptos de religiões de matriz
existiram várias religiões. Porém, o catolicismo — absoluta- africana, 3%; de outras religiões, 1%; judeus, 0,2%; 12% não Além disso, é importante registrar o que acontece no Como se sabe, os herdeiros da Reforma do século XVI
mente majoritário em todas as classes sociais — forneceu têm religião e apenas 2% se declaram ateus. interior de coletivos e movimentos voltados para a questão (batistas, presbiterianos, luteranos, metodistas etc.) chega-
seus símbolos e rituais para delimitar (e nomear) territórios racial. Entre jovens negros universitários, a afirmação da ram aos poucos ao Brasil colonial, tinham pouca visibilidade,
rurais e aglomerados urbanos. Como sempre, chama a atenção o pequeno número “ancestralidade” se dá também pela adesão às religiões cresciam vagarosamente e, com isso, não ameaçavam, não
de entrevistados das religiões de matriz afro-brasileira de matriz afro-brasileira — uma escolha que questiona o ultrapassavam a situação de “minoria religiosa”.
Nesse percurso, os termos “cultura brasileira” e “cultura (umbanda, candomblé, xangô, batuque, mina, omoloco, “duplo pertencimento” e possivelmente elimina ou reduz as
católica brasileira” tornaram-se quase sinônimos. Sem catimbó etc.), que historicamente foram combatidas, menções ao catolicismo em pesquisas desse tipo. No entanto, os “crentes pentecostais” começaram a
dúvida, o catolicismo foi crucial para estruturar o calendário ignoradas e ocultadas. Contudo, Nossa Senhora e Vovó ganhar espaço no começo do século XX, com suas ofertas
oficial do país. Os dias santos e as festas católicas determina- Maria Conga sempre conviveram muito bem, produzindo As observações acima talvez ajudem a entender por que, no de êxtase religioso e ativismo proselitista. Sua expansão
ram os feriados, definiram ocasiões de lazer, criaram espaços o que os estudiosos chamam de “duplo pertencimento” — levantamento da JLeiva, os entrevistados que se declararam ocorreu, sobretudo, na base da pirâmide onde até então
de entretenimento e incrementaram o turismo. questão que dificulta as estatísticas, pois não há ainda como vinculados às religiões afro tenham mais escolaridade, mais os católicos repousavam em “berço esplêndido”. Décadas
quantificar quantos brasileiros que se declaram católicos renda e participem de um maior número de atividades cultu- depois, centenas de denominações pentecostais espa-
Contudo, no decorrer do tempo, o catolicismo foi perdendo também frequentam cultos de matriz afro-brasileira (prática rais quando comparados aos católicos e evangélicos. lham-se pelo país.
seu lugar hegemônico. Segundo os últimos censos do IBGE, igualmente comum no espiritismo kardecista).
os brasileiros que se declaravam católicos somavam 89% em Ao mesmo tempo, os resultados mostram que os sem Segundo o IBGE, alavancados pelos pentecostais, os evan-
1980, 83,3% em 1991, 73,6% em 2000 e 64,6% em 2010. Neste cenário, contudo, diferenças regionais contam. religião e os espíritas acessam mais atividades culturais do gélicos somavam 6,6% da população em 1980, 9% em 1991,
Por exemplo, como compreender que a pesquisa tenha que católicos e evangélicos — ambos, com apenas ensino 15,4% em 2000 e 22,2% em 2010. Para esse crescimento,
Tal diminuição foi acompanhada de duas tendências até registrado menos adeptos das religiões afro-brasileiras fundamental e renda menor, são os mais “culturalmente contribuíram as concessões de rádio e TV, outorgadas
certo ponto contraditórias. Por um lado, templos evan- em Salvador (2%) do que em Porto Alegre (10%)? Sem excluídos”. É óbvio que, entre os católicos, há grandes dife- durante a ditadura militar. Tais veículos favoreceram a che-
gélicos pentecostais se espalham pelo país, convertendo, dúvida, a capital baiana ilustra o caso clássico de predomi- renças. Espalhado por todas as classes sociais, o catolicismo gada de vozes pentecostais aos lares católicos, contribuindo
desejando exclusividade, filiando e fixando seus adeptos. Por nância do “duplo pertencimento”: há notícias de famosas reproduz a profunda desigualdade que caracteriza o Brasil. para mudanças no perfil religioso.
outro, verificam-se desfiliações, mais diversidade e menos “mães de Santo” que se declaram (e se sentem), em Seu índice de “exclusão cultural” corresponde, portanto, ao
exclusivismo. A maior fluidez nos modos de pertencimento primeiro lugar, católicas e, depois, do candomblé (“sou tamanho da base da pirâmide social brasileira. Hoje, essas mudanças podem ser observadas a olho nu. Nos
religioso também se traduz no aparecimento de “outras reli- católica e do povo de santo”). centros urbanos, muitas salas de cinema foram transforma-
giões” e pela presença crescente dos “sem religião” — que, das em templos. Nas periferias, inúmeras pequenas igrejas
não se reconhecendo como ateus ou agnósticos, encon- pontuam uma paisagem marcada por situações de violência
tram novas formas de expressar suas crenças. e pela falta de equipamentos culturais. E elas fazem diferença
na vida dos jovens.
Como a
Eliminar o preconceito racial/de cor e reforçar a diversidade A maioria dos entrevistados se declarou parda (45%). Em
são preocupações que vêm ganhando espaço nos debates seguida apareceram brancos (31%), pretos (19%), amarelos
contemporâneos por todo o mundo, inclusive no Brasil, (3%) e indígenas (2%). Os percentuais, porém, variam muito
desigualdade
onde o mito do “racismo cordial” explica e esconde as entre as capitais. A proporção de brancos, por exemplo,
desigualdades do país. Quais seriam, então, os reflexos da é bem menor em Salvador (3%), em São Luís (10%) e nas
cor de uma pessoa em seus hábitos culturais? cidades do Norte (11% em Manaus e 12% em Belém) do que
no Sul (58% em Curitiba e 64% em Porto Alegre). Já o de
em desigualdade
entrevistado declare a sua cor e também a dos demais A leitura dos resultados requer atenção. Como as pessoas
integrantes da família). Foram apresentadas as opções preta, que se declaram pretas e pardas têm, em média, menos
parda, branca, amarela e indígena, deixando espaço para escolaridade e renda menor — e como o acesso à cultura é
de acesso à
outras respostas. As pessoas que se declararam morenas, determinado principalmente por essas variáveis — , seria
mestiças ou mulatas foram contabilizadas no grupo “parda”; razoável esperar que esse grupo fosse o mais excluído.
as que se disseram caucasianas, em “branca”. De fato, é. A relação, porém, não é linear. Em alguns casos,
quem se declarou preto teve um acesso à cultura superior
70 70
68 69
68 67
65
63 63
61
50
47 48 Proporcionalmente,
45 44
45 a maior diferença
43 43 43
42 42
41 41
entre brancos, pretos e
40 39 40
38 37
38 38 pardos acontece
37 37
34 34
35 em concertos de
34
32 música clássica
31 32 31
29 28 28
27
24 24 24
22
20
18 18
17 17
16
INDÍGENA
AMARELA
AMARELA
BRANCA
BRANCA
PARDA
PARDA
PRETA
PRETA
LIVROS CINEMA SHOWS DE MÚSICA FESTAS POPULARES FEIRAS DE ARTESANATO BIBLIOTECAS DANÇA MUSEUS TEATRO CIRCO SARAUS CONCERTOS
Maioria diz apoiar políticas para valorização Percentual de quem se declara preto
da cultura de povos afrodescendentes e indígenas é maior entre os mais jovens
Percentual de notas 10
VALORES EM % foi de 63% entre pretos,
Mais da metade afirmou 54% entre pardos e de 51%
Percentual de concordar totalmente com a entre brancos 41
indígenas e afrodescendentes”.
PRETA
MPB
ROCK
GOSPEL
POP
PAGODE
FORRÓ
SAMBA
FUNK
MÚSICA CLÁSSICA
SERTANEJO
MPB
ROCK
GOSPEL
POP
PAGODE
FORRÓ
SAMBA
FUNK
RAP
SERTANEJO
MPB
ROCK
GOSPEL
POP
PAGODE
FORRÓ
SAMBA
FUNK
RAP
dições fossem as mesmas dos brancos, regressão para diferentes tipos de é quase sempre pago, apresentam DIEGO VEGA
Nº de eventos
0.50
INTERESSE PRÁTICA
41 0
0-3 4-8 9-12 13-14 +15
0
0-3 4-8 9-12 13-14 +15
0.25 0.25
11 INTERESSE
PERCENTUAL DE
QUEM DEU NOTAS
BRANCA
BRANCA
PRETA
SEU DESEJO DE 0 0
FASER CURSO NAS 0-3 4-8 9-12 13-14 +15 0-3 4-8 9-12 13-14 +15
ÁREAS CITADAS educação (em anos) educação (em anos)
MÚSICA DANÇA/BALÉ CAPOEIRA TEATRO CINEMA MÚSICA DANÇA/BALÉ CAPOEIRA TEATRO CINEMA
É tarefa nada simples analisar os hábitos culturais dos de estudo e entrada na universidade, fruto das políticas de diferentes atividades, mas não sobre o número de vezes em Em tempos de crise, desemprego alto e renda depreciada,
brasileiros a partir da identidade racial. Não convém imaginar ações afirmativas da última década e meia. Até a recessão que ele foi a elas. Essa informação explicitaria, por exemplo, a entretenimentos pagos tendem a ser abandonados ou
brancos, pretos, pardos, indígenas como grupos homogê- aguda do período 2014-2016, a distribuição de renda melho- desigualdade de renda, e poderia revelar algo sobre caracte- secundarizados. Nos anos de recessão, a prioridade das famí-
neos. Há diferenças em renda, escolaridade, gênero, origem rava na esteira do crescimento econômico. rísticas étnico-raciais. Um entrevistado de renda média ou lias brasileiras foram as necessidades básicas — alimentação,
geográfica, nível de informação, engajamento. Nesse con- alta, autodeclarado branco, que foi ao cinema duas vezes por moradia, transporte; em muitos casos, o pagamento de
texto, os resultados da pesquisa da JLeiva com o Datafolha Salário e escolaridade são comumente correlacionados ao mês será contabilizado da mesma forma que o espectador dívidas. Nos lares mais pobres, por óbvio, é ainda mais difícil
mais provocam do que sentenciam. acesso à cultura na produção acadêmica. Assim, negros que negro ou indígena que só foi uma. A métrica de frequência cultivar hábitos não gratuitos. Preço no Brasil é, certamente,
ascenderam às classes média e alta consumiriam literatura ajudaria a estimar com precisão a demanda por hábitos barreira ao acesso à arte e à cultura.
Pela lente do senso comum de quem conhece, convive ou e iriam tanto quanto seus pares de outros tons de pele a culturais e seu potencial de crescimento.
experimenta a desigualdade brasileira, era de se esperar shows, cinema, teatro. São hipóteses que ajudam a explicar Oferta desigual
que os autodeclarados brancos tivessem participação bem o acesso à cultura sob a ótica racial, embora as distâncias Desejo versus presença A oferta de equipamentos culturais também deve ser levada
maior que a de negros e indígenas nas atividades culturais tampouco sejam expressivas quando se comparam níveis O hiato aumenta quando a frequência é comparada ao em consideração. A edição 2014 da pesquisa Perfil dos
listadas. Não é o que acontece. Ao todo, 70% dos brancos, básico e superior de educação. interesse. A distância entre desejo e presença é menor entre Municípios Brasileiros (IBGE) apresentou às prefeituras um
68% dos indígenas e 66% dos pretos e pardos (grupos a os brancos. Cinema, por exemplo, foi programa cobiçado questionário suplementar sobre espaços de cultura. É outro
que chamaremos também de negros) declararam ter lido A diferença na proporção entre brancos e negros que leram por brancos — 69% deram nota entre oito e dez ao interesse indicador de desigualdade. Cinemas existem em todas as
livros nos doze meses que antecederam a consulta. Shows e livro nos doze meses anteriores à pesquisa, por exemplo, é pela atividade. E proporção idêntica efetivamente assistiu a capitais pesquisadas, bem como livrarias, videolocadoras,
apresentações musicais foram frequentados por 47%, 48% e de dois pontos percentuais (51% e 49%, respectivamente) um filme nos doze meses que precederam a pesquisa. Entre lojas de discos, galerias de arte. São Paulo tem 54 bibliotecas
45%, respectivamente. Os percentuais também pouco varia- entre os que estudaram até o nível fundamental. Tanto entre os negros, o mesmo percentual se declarou interessado. públicas, São Luís, uma só. O Rio de Janeiro tem doze teatros
ram nas respostas sobre idas a festas folclóricas, espetáculos
os que galgaram o ensino médio (69% e 68%) quanto o Contudo, 62% estiveram numa sala no último ano. Ou seja, sob gestão municipal; São Paulo, onze; Porto Alegre, oito;
de dança ou blocos de carnaval. superior (86% e 85%), a distância fica em apenas um ponto sete de cada cem pretos e pardos, mesmo querendo, por Fortaleza, três; Belo Horizonte, dois; Salvador, um. Dá para
percentual. Já a porcentagem de brancos que foram a shows alguma razão não foram ao cinema. imaginar que alguns indivíduos, qualquer que seja a cor da
Cabe lembrar que os grupos raciais neste levantamento não e apresentações musicais é um pouco inferior à de negros pele, podem não ter assistido a nenhuma peça por falta de
reproduzem as proporções aferidas pelo Instituto Brasileiro nas três faixas: 27% a 29% (fundamental), 44% a 46% (médio) No teatro, bem como em shows, o gap é maior, tanto na teatro na cidade onde vivem ou pela distância física entre os
de Geografia e Estatística (IBGE). Há barreiras de ordens e 66% a 68% (superior), respectivamente. comparação entre brancos e negros quanto dentro dos espaços e os locais de moradia. Aí cabe uma reflexão sobre
temporal e geográfica. O último censo demográfico é de grupos. Dos brancos, 35% foram a uma peça, enquanto 59% mobilidade urbana e concentração dos pontos de cultura.
2010 e a pesquisa de Hábitos Culturais, de 2017. A Pesquisa Vez ou outra, a disparidade se amplia. Em museus e concer- manifestaram muito interesse — diferença de 24 pontos Tanto a gestão pública quanto o setor privado privilegiam
Nacional por Amostra de Domicílios, que o IBGE realiza todo tos de música clássica, a frequência de brancos e negros é percentuais. Entre os negros, a distância é de 28 pontos: 29% as áreas centrais (ou nobres) nas decisões de investimento.
ano, cobre estados e regiões metropolitanas, mas não chega baixa entre os de menor escolaridade (6% e 7%), mas sobe a 57%. Em apresentações musicais, 65% dos brancos e 64% Faltam cinemas, teatros, galerias, livrarias, bibliotecas,
a todas as capitais investigadas. para quem chegou à faculdade (24% e 19%). De novo, mais dos pretos e pardos querem ir. A proporção dos que efetiva- museus nas periferias, nas bordas das metrópoles.
provocações do que sentenças. mente vão é de 47% e 45%, respectivamente. Uma hipótese
Na pesquisa da JLeiva/Datafolha, há presença robusta para explicar o abismo é o preço. Cinema é mais barato que
de indivíduos com níveis mais altos de educação e renda, Há outro ponto relevante: a pesquisa não investiga a teatro. Também por isso, atrai mais gente. Shows podem ter
mesmo entre pretos, pardos e indígenas. É inegável o avanço frequência com que os entrevistados participam das ativi- mais ou menos público, dependendo do valor dos ingressos.
da população negra, principalmente de jovens, em anos dades culturais. Pergunta-se se o entrevistado esteve nas
temente negros — têm nas dificuldades de deslocamento Contudo, segundo a pesquisa, 68% dos pretos e pardos funk do que os pardos, O funk tem a preferência de 10% dos brancos, 14% dos
outro obstáculo ao acesso à cultura. nunca estiveram num concerto, contra 60% dos autode-
clarados brancos; 34% e 21% nunca entraram num museu, que, por sua vez, ouvem pardos e 17% dos pretos. O movimento surgiu nas favelas
cariocas retratando, principalmente, o cotidiano de bruta-
Espaços de elite
Há barreiras objetivas e subjetivas às atividades culturais
respectivamente. A democratização da cultura, em todas as
suas manifestações, depende da desconstrução de este-
mais esses ritmos do que lidade e violação de direitos nos territórios dominados por
grupos civis armados em disputa entre si ou confrontos com
nas grandes cidades brasileiras. Tratamos de interesse, reótipos que separam a arte entre ricos e pobres, pretos e os brancos a polícia . Na última década, explodiu na capital fluminense
frequência, preço, localização. Faltou falar de racismo e do brancos, centro e periferia. em apresentações e festas no asfalto. Artistas foram içados à
quanto essa mazela estrutural da sociedade brasileira afeta o constelação dos grandes cachês. Em anos recentes, expan-
imaginário da população afrodescendente. Preferências musicais Diferenças regionais e distribuição racial da população, diu-se também em São Paulo.
Eixo fundamental da pesquisa é o que se debruça sobre as como no rock, ajudam a explicar as preferências pelos ritmos
Há espaços considerados de elite nos quais negras e preferências musicais dos brasileiros nas doze megacidades. sertanejo e forró. O primeiro — encravado nas áreas rurais Baixo, o percentual de citações esconde a efervescência
negros ainda hoje, 130 anos depois da Abolição, evitam ir A população foi consultada sobre os gêneros que mais ouve. de São Paulo, no Sul e no Centro-Oeste — está no rol de do gênero no mercado musical. Além da concentração
por sentimento de inadequação, falta de pertencimento e Uma profusão de ritmos e estilos foi citada, com caracterís- favoritismo de 40% dos brancos e 36% dos pretos e pardos. geográfica no eixo Rio-São Paulo, o perfil etário da amostra
medo de discriminação. ticas étnico-raciais marcantes. Rock, por exemplo, foi a esco- O segundo, intensamente relacionado ao Nordeste, alcança explica. O funk tem mais penetração no público adolescente
lha de 29% dos brancos e de 15% dos negros. Levantamento 18% de preferência entre os negros e 10% entre os brancos. e jovem. Na pesquisa, 71% dos entrevistados que ouvem esse
A prova é a reação à visita de jovens negros da periferia divulgado no início de 2018 pelo jornal “Folha de S.Paulo” estilo têm de doze a 24 anos.
aos shoppings da classe média-alta de São Paulo e do Rio. analisou 134 bilhões de execuções de canções no YouTube A marcação racial é intensa no samba, no pagode, no gospel
Anos atrás, os “rolezinhos” foram tratados como caso de para mapear estilos e artistas mais ouvidos no Brasil. O rock e no funk. O gospel lidera entre os negros (24%) — são nove Há características étnico-raciais marcantes na pesquisa
polícia, evidência de que determinados consumidores é popular no Sudeste e no Sul, duas regiões com alta propor- pontos percentuais acima das citações dos brancos (15%). É JLeiva/Datafolha no que diz respeito a estilos musicais
não são bem-vindos em espaços públicos ditos nobres. ção de população autodeclarada branca. Na pesquisa JLeiva/ tendência que acompanha o avanço dos cultos evangélicos preferidos, interesse e frequência nas atividades culturais.
Recentemente, reportagens trataram da surpresa com a Datafolha, a Música Popular Brasileira (MPB) é preferida por e neopentecostais em periferias, favelas e subúrbios das Contudo, a população preta e parda, como a branca, não se
presença maciça de negros nas salas de cinema para assistir um terço dos brancos e 25% dos negros. No pop deu 21% a grandes cidades. Nessas áreas, que concentram população esgota em condições de vida nem em perfil unidimensional.
a “Pantera negra”, blockbuster americano sobre o herói dos 14%, na música erudita, 12% a 8%. negra, as igrejas são espaços de fé, mas também de relações Há influências de educação, renda, local de moradia, gênero,
quadrinhos, que teve roteiro, direção e elenco formados por comunitárias e atividades culturais, quase sempre gratuitas. idade e até religião envolvidas. Expandir fronteiras das análi-
ses, diversificando-as, é tão necessário quanto urgente.
De que forma o
Não teria como — nem seria conveniente — a cultura ficar frequenta menos eventos culturais, essencialmente
imune às ondas de mudanças deflagradas pelo tsunami da off-line? Em outras palavras: navegar na internet rouba
internet. Seu impacto tem sido maior em alguns setores tempo das atividades culturais?
acesso à internet
do que em outros: enquanto o streaming revoluciona a
distribuição de músicas e das produções audiovisuais, o Um segundo objetivo foi entender como os internautas
e-book engatinha e os blocos de carnaval de rua mantêm- utilizam a rede. O resultado desse levantamento demonstra
se como atividades deliciosamente off-line. Ainda assim, a relevância da internet na divulgação de eventos culturais.
cultural?
A pesquisa da JLeiva, por ter foco no acesso a bens culturais,
aborda essas influências sob o ponto de vista do usuário, O estudo também buscou averiguar quais as áreas de
do espectador. O impacto do mundo digital na produção interesse dos entrevistados no universo digital — isto é,
artística, por vezes tão forte quanto no consumo, exigiria o que as pessoas leem em sites, blogs e nas redes sociais.
um estudo de outro tipo, com público e metodologias Para medir o peso da cultura, o questionário incluiu temas
diferentes. Aqui, foram dois os objetivos principais. concorrentes, como esporte, religião, segurança, economia,
saúde e tecnologia.
Um, mapear a disponibilidade de bens e serviços
necessários para utilizar as novas tecnologias — Dada a sua importância, as redes sociais ganharam questões
especificamente smartphones, tablets e a própria internet exclusivas. A pesquisa levantou quais as plataformas mais
— e a frequência com que os usuários navegam. Isso acessadas e como os usuários interagem com o conteúdo
permite tanto traçar um retrato das pessoas excluídas do cultural em serviços como o Facebook e o Instagram
universo digital como verificar o percentual de heavy users, (Curtem? Compartilham? Postam?).
ou seja, daqueles que estão “sempre ou quase sempre”
conectados. Cruzando-se esses dados com os dos hábitos O uso da tecnologia em atividades específicas — como
culturais, é possível analisar suas inter-relações e responder para ouvir música ou assistir a filmes e séries — será
a questões como: quem passa mais tempo conectado abordado nos próximos capítulos.
MÉDIA 48 19 17 16
TODOS OS DIAS,
ESTÁ SEMPRE CONECTADO
TODOS OS DIAS, MAS NÃO
ESTÁ SEMPRE CONECTADO ACESSA POUCO NUNCA ACESSA 57
MÚSICA
MULHERES 48 18 17 17
44
FILMES
HOMENS 48 20 18 14 E SÉRIES
12
CRIANÇAS E FILHOS
12 A 15 ANOS 63 22 14 1
16 A 24 ANOS 69 21 9 1
32
11 ESPORTE
12 AUTOMOBILISMO
CELEBRIDADES
25 A 34 ANOS 64 21 12 3 33
SAÚDE
E BEM-ESTAR
35 A 44 ANOS 49 21 21 9 16
LIGADOS A
ESTUDO E 8
TRABALHO DECORAÇÃO
45 A 59 ANOS 31 19 25 26
24
VIAGEM
E LAZER 28
4
60 + ANOS 12 12 20 55 CONTEÚDO GASTRONOMIA
ADULTO
19 26
RELIGIÃO ARTE
FUNDAMENTAL 28 14 21 37 E CULTURA
MÉDIO 51 21 19 9 19 23
GAMES MODA
E BELEZA
SUPERIOR 65 23 9 3
26
POLÍTICA,
19 ECONOMIA E
TECNOLOGIA ATUALIDADE
A/B 62 22 11 5
C 44 19 20 17
D/E 27 13 22 38
5
47 11 8
3
44 6
9 7
19 25
38
32
46
9
26 Percentual é de 14%
na faixa de doze a 8
12 7
6 10 7
30 28
5
3 8 6
2
10 8
4 3
TV REDES SOCIAIS BOCA A BOCA INTERNET JORNAIS RÁDIO OUTDOOR E ESCOLA / REVISTAS CRÍTICA APLICATIVOS WHATSAPP FACEBOOK YOUTUBE GOOGLE+ INSTAGRAM TWITTER SNAPCHAT LINKEDIN TELEGRAM
CARTAZES UNIVERSIDADE
DALTON MARTINS
do Programa de Pós-graduação em
Comunicação da Universidade Federal
de Goiás (UFG).Coordena o projeto
de pesquisa Tainacan (software livre
para a construção social de repositórios
digitais), uma parceria entre o
Ministério da Cultura e o Instituto
Brasileiro de Museus
A tecnologia é geralmente percebida como uma fer- amplia nas capitais. A Pesquisa Brasileira de Mídia de 20161, por Acesso à cultura e uso do tempo livre O mesmo padrão se observa em relação às atividades
ramenta à mão para resolver um problema ou acessar exemplo, apontava que 66% dos brasileiros estavam conecta- Um dos achados mais importantes da pesquisa tem rele- realizadas no tempo livre. A prática de atividades culturais,
determinado recurso: o avião que se pega para visitar os dos, e a TIC Domicílios de 20162, do Comitê Gestor da Internet, vantes implicações para os estudos culturais que envolvem de maneira geral, é mencionada por 29% dos que acessam a
amigos ou o serviço de internet que permite assistir aos indicava que 54% dos domicílios tinham acesso à rede. o uso de tecnologia em rede, e diz respeito às formas internet, contra 15% dos que não têm acesso. Já assistir à TV
capítulos de uma série. No entanto, o que é mais difícil de uso do tempo livre e ao acesso a atividades culturais. é um hábito citado por 17% dos que navegam pela internet,
de perceber é que as formas como esses recursos são Na pesquisa da JLeiva, a cidade com maior taxa de acesso à Desmistificando análises anteriores e diversas inferências de em contraste com 28% dos não conectados.
utilizados e, mais ainda, os níveis de acesso a eles são muito internet é Manaus (89%) e a que tem a menor, Recife (74%). analistas de tecnologia, educação e cultura, o levantamento
variados. Pode-se dizer, portanto, que ao observar os A capital pernambucana está, ainda assim, mais conectada revela que quem acessa a internet — sobretudo todos os O que esses dados revelam é que o acesso à tecnologia em
diferentes processos sociais de apropriação da tecnolo- do que a média do país, indicando uma relação entre a urba- dias — não realiza menos outros tipos de atividades cultu- rede não pode ser compreendido como um vetor cultural
gia é possível perceber os efeitos e as características das nização e o acesso aos serviços e tecnologias de rede, ainda rais; pelo contrário, essa prática é significativamente maior. com dinâmica social própria, isolado de outras práticas.
práticas culturais que demonstram como essa tecnologia fortemente concentrado nas cidades com maior densidade Por exemplo, a leitura de livros não didáticos é hábito de 68% É, sim, um elemento de socialização e estratificação que
é utilizada, como é socializada e como se torna cultura. A populacional e importância política, como as capitais. dos entrevistados como um todo, mas a proporção cresce indica a presença de seu usuário em grupos sociais com
tecnologia é também reflexo da diversidade e da desigual- para 73% entre os que têm algum acesso a internet e para maior tendência de compartilhar práticas culturais em
dade da sociedade. A desigualdade também é percebida quando se observa 75% entre os usuários que estão sempre conectados. Outro diferentes linguagens e formatos. A tecnologia, assim, reflete
a renda familiar. Das famílias que possuem renda de até exemplo com fortes implicações em análise de hábitos de dinâmicas sociais complexas, entrelaçadas com outras for-
Os dados da pesquisa da JLeiva e do Datafolha permitem R$ 1.874, 23% não têm acesso à internet. Esse número cai uso da rede é o acesso a bibliotecas. Considerando todos os ças mais expressivas, como a renda familiar e os processos
compreender como diferentes tecnologias, sobretudo para 14% quando a faixa de renda familiar se encontra entre entrevistados, 39% frequentam esses espaços, percentual de urbanização mencionados no início deste texto.
aquelas que articulam a vida social em rede, ocupam R$ 1.874 e R$ 2.811, e continua diminuindo conforme se que sobe para 43% entre quem acessa a internet e 47% para
espaços cada vez mais relevantes na mediação das práticas avança na pirâmide de renda. Ou seja, a apropriação social os usuários mais conectados. Diversos outros exemplos As redes sociais
sociais. Funcionam ora como serviços que redistribuem da tecnologia em rede é ainda fortemente segmentada confirmam essa tendência. As redes sociais têm despertado interesse e imaginários
conteúdos digitais e servem de interface de escolha e e dependente de um nível de renda que garanta o acesso em diversas áreas. Tornaram-se, a partir do fenômeno do
consumo de cultura, ora como interface de promoção de a essa rede de dados. Estar minimamente conectado e O ponto de destaque que é preciso mencionar explicita- big data, uma das mais importantes fontes para a leitura da
certo tipo de engajamento social em torno de conteúdos socializar no mundo digital também significa pertencer a um mente nesses resultados é que o acesso à internet não sociedade nos tempos atuais. Temas como participação
e modos de conversação que reorganizam as dinâmicas estrato que garanta acesso, voz e presença. É fundamental ocupa o lugar de outras práticas culturais. Nesse sentido, social, democracia digital e novas formas de socialização
cotidianas do relacionamento social. qualificar, por meio de análises sobre o uso das tecnologias não produziria distanciamento ou mesmo isolamento da despertam paixões e estimulam idealizações sobre como as
como meios de participação social, os impactos dessa estra- socialização, não reduziria a realização de outras práticas, redes sociais poderiam preencher as demandas por novas
As forças da desigualdade tificação nas novas dinâmicas de socialização em rede. como ir a biblioteca, assistir a um espetáculo, ir ao museu, forças políticas e de produção de sentido.
Chama atenção o fato de, segundo o levantamento, 84% dos 1 ao cinema, ao contrário do que levam a crer evidências
http://bit.ly/PBM-2016, página 33
moradores das capitais pesquisadas terem algum tipo de 2
http://bit.ly/TICDomicilios-2016, página 26. nessa direção na literatura especializada da área. A intensi-
acesso à internet, ainda que às vezes com pouca frequência. dade de uso da internet é um indicador de maior acesso a
Trabalhos anteriores abrangendo o país como um todo todas as atividades culturais citadas. Não só não há substi-
trazem números menores, o que evidencia que o acesso se tuição de práticas como há evidências de que elas podem
se reforçar mutuamente.
Quais os
A música está entre as expressões culturais mais impactadas Um terceiro bloco identifica como as pessoas ouvem
pela revolução digital das últimas décadas. As plataformas música, indicando as seguintes opções: rádio; CD; TV
de distribuição de conteúdo não param de se multiplicar, (canais de música e videoclipes); sites de rádio; YouTube e
estilos mais
e discos e CDs perderam espaço. Como então mapear a Vimeo; aplicativos ou serviços de streaming; download no
relação das pessoas com a música, se ela pode estar presente computador; download para celular, tablet ou iPod; DVD de
em múltiplas formas? Este estudo explora quatro eixos. shows e concertos; discos de vinil e pen drive.
capitais?
clássica” nos doze meses que antecederam a pesquisa. A de preferência, os dois suportes que ele mais usa — apesar
música ao vivo de certa forma também aparece em “saraus de todas as novidades tecnológicas, o rádio continua
de poesia, literários ou musicais”, “festas folclóricas, sendo o meio predileto. A quem respondeu que ouvia
populares e típicas” e em “blocos de carnaval de rua”. Para em aplicativos, a pesquisa perguntou quais eram essas
todas essas categorias, foi perguntado também o grau de ferramentas.
interesse dos entrevistados.
Por fim, um quarto eixo levantou os gêneros preferidos
Outro eixo aborda a prática de atividades musicais e o dos entrevistados. Como a maioria das pessoas não
interesse por ela. Verificou-se se os moradores das capitais se limita a apenas um estilo, a pesquisa pediu que
já aprenderam música, canto ou participaram de algum apontassem os três gêneros que mais ouvem, em ordem
grupo musical, e se estavam praticando alguma dessas de preferência. Na análise das respostas, privilegiou-se a
manifestações naquela época. Também foi pedido que soma dos resultados, pois ela reflete de forma mais precisa
dessem notas de zero a dez para o seu interesse na prática a diversidade de ritmos.
musical. A ideia era mensurar quantos entrevistados
se relacionavam com a música não apenas como Os gráficos sobre o tema mostram agrupamentos feitos a
espectadores, mas também como forma de expressão partir das repostas dos entrevistados. Não é raro, porém,
pessoal, mesmo que por hobby. que elas não indiquem com clareza um tipo preciso
de música — por exemplo, “Internacional”. As tabelas
disponíveis no site da pesquisa trazem as respostas originais
e permitem fazer outros agrupamentos.
1% 5%
CHARME
13% INTERNACIONAL
RAP
27%
MPB 4% Dança de Rua
Música Brasileira BREGA 13% Hip Hop
16%
FUNK
FORRÓ
2%
Baião 17%
Forró Universitário BLACK POP
Vaquejada
Xote
MUSIC
K-Pop
2%
JAZZ
6%
REGGAE 9%
Afroreggae ROMÂNTICA 2%
2%
Ragga Balada BLUES
21% Reggaeton Romântica Internacional
ARROCHA GOSPEL Afoxé Romântica Nacional 1% 1%
NOSTALGIA
37% Alternativa
Anos 60
COUNTRY
Hino do Brasil
SERTANEJO Anos 70 Hinos
1% Anos 80 Hits do Momento
MÚSICA
GAÚCHA
Caipira
Modão
Anos 90
Baiana
Indígena
1% 7%
Infantil
Sertanejo Universitário
Sofrência
Baile da Saudade
Balanço
Inglesa
BOLERO ELETRÔNICA /
Bandinhas
Jovem Guarda
Kizomba
DANCE
Bossa Nova Kuduro Eletrônica
Capoeira Lambada House
Lenta 21% Techno
32% Lundu ROCK Trance
Maracatu
OUTRAS Meditação e Hardcore
1%
Relaxamento Heavy Metal INSTRUMENTAL
Carimbó Melody Indie
Carnaval Merengue Pop Rock
Chorinho Mid Back Punk
Cigana Música Contemporânea Rock Alternativo
Congado
14% Cúmbia
Música de Protesto Rock Clássico
Rock Contemporâneo
SAMBA 17% Dançante
Música de Raiz
Música Regional Rock Nacional
Danças de Salão
Partido Alto 3%
PAGODE Discoteca
New Age Rock Progressivo
Rockabilly
10%
Nordestina
Samba Canção
Samba de Roda AXÉ
Eróticas
Flamenca
Pagan Soft Rock MÚSICA CLÁSSICA
Popular Surf Music
Samba Enredo Folclórica Cânticos
Repente Coral
Folk Retrô
Fox Trote Música Clássica
Rítmica Música Lírica
Francesa Ritmo
Frevo Dominicano
Gótico
Guaracha
Interesse por
samba e música
clássica aumenta
FUNK com a idade
39 39
39
SERTANEJO
36
SERTANEJO
33
32
31 MPB
32
30
POP
28 28
RAP
26
25 25
23 SAMBA
ROCK 23 21
20 GOSPEL
20 19
19
19 19
18 18 17
MÚSICA CLÁSSICA
GOSPEL 17 17
ROMÂNTICA
17 PAGODE 15 15 15
14 14
14 FORRÓ
ELETRÔNICA
12
13 MPB 13 ROCK
11
11
10
FORRÓ PAGODE
8
8 8
7 POP
7
SAMBA 6 6
5 5 5
6 INTERNACIONAL 5
INTERNACIONAL
5 BREGA
4 MÚSICA CLÁSSICA
4 4 4
4
3 3 2
2
BREGA 2 FUNK
2
ROMÂNTICA 1 RAP 1
1 ELETRÔNICA
0
12 A 15 ANOS 16 A 24 25 A 34 35 A 44 45 A 59 60 +
Música clássica 41 41
Rock só não está entre
ganha destaque em os dez mais em Salvador,
Belo Horizonte, única capital em que o
Porto Alegre e Curitiba axé e o arrocha têm
37 destaque
36 36
BELÉM BELO HORIZONTE BRASÍLIA CURITIBA FORTALEZA MANAUS PORTO ALEGRE RECIFE RIO DE JANEIRO SALVADOR SÃO LUÍS SÃO PAULO
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
FORRÓ
FUNK
ROMÂNTICA
BREGA
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
SAMBA
FUNK
RAP
MÚSICA CLÁSSICA
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
FORRÓ
FUNK
RAP
ELETRÔNICA
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
FUNK
ROMÂNTICA
MÚSICA CLÁSSICA
RAP
ELETRÔNICA
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
FORRÓ
FUNK
ROMÂNTICA
BREGA
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
FORRÓ
RAP
ROMÂNTICA
ELETRÔNICA
SERTANEJO
MPB
POP
ROCK
PAGODE
SAMBA
FUNK
MÚSICA CLÁSSICA
RAP
MÚSICA GAÚCHA
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
FORRÓ
FUNK
ROMÂNTICA
BREGA
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
FORRÓ
SAMBA
FUNK
RAP
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
PAGODE
FORRÓ
SAMBA
ROMÂNTICA
AXÉ
REGGAE
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
FORRÓ
FUNK
ROMÂNTICA
REGGAE
SERTANEJO
MPB
POP
GOSPEL
ROCK
PAGODE
FORRÓ
SAMBA
FUNK
RAP
34
32 32
30
29 29
28 28 28 28 28
27 27
26 26 26 26 26
25
25 25
23 23 23 23 23
22 22
22 21 21
21 21 21 21 21
20 20 20 20 20 20 20
19
19
18 18 18 18 18
18 18
17 17 17 17 17
16 16 16 16 16 16
15 15
15
14 14 14 14 14 14
14
13 13 13 13 13 13
12 12 12 12 12
12 12
11 11 11 11 11 11 11
11 11 11
10 10
10 10 10 10 10 10
10 10 10
9
8 8 8
MÚSICA CLÁSSICA
61
9 10 9 59
9 59
ROMÂNTICA
SERTANEJO
SERTANEJO
SERTANEJO
56
15
PAGODE
PAGODE
PAGODE
GOSPEL
GOSPEL
GOSPEL
SAMBA
SAMBA
SAMBA
FORRÓ
FORRÓ
FORRÓ
PAGO
ROCK
ROCK
ROCK
FUNK
FUNK
51
MPB
MPB
MPB
POP
POP
RAP
RAP
RAP
49
FUNDAMENTAL MÉDIO SUPERIOR
43
26
PAGO 13
PAGO
no ensino superior,
85
em que cresce a GRATUITO
RÁDIO YOUTUBE CD PEN DRIVE DOWNLOAD TV DVD APLICATIVOS DOWNLOAD SITE DE RÁDIO VINIL
E VIMEO MOBILE DESKTOP
39
38
35 35
31
Plataformas preferidas mudam segundo a idade
29 23
24 23
22 PESQUISA PERGUNTOU SOBRE O MEIO MAIS UTILIZADO EM 1º E 2º LUGAR
19 17 18 PARA OUVIR MÚSICA E SOMOU OS RESULTADOS (EM %)
17 16
14 14 14 13 14 14 13 15
12 12 12 12
9 9 9
Tecnologias refletem
M. CLÁSSICA
ROMÂNTICA
SERTANEJO
SERTANEJO
SERTANEJO
YOUTUBE 64
“conflito de gerações”:
PAGODE
PAGODE
PAGODE
GOSPEL
GOSPEL
GOSPEL
SAMBA
SAMBA
SAMBA
FORRÓ
FORRÓ
12 A 24 ANOS
BREGA
ROCK
ROCK
ROCK
FUNK
FUNK
FUNK
MPB
MPB
MPB
POP
POP
41
RAP
RAP
DOWNLOAD
jovens preferem YouTube (64)
A/B C D/E
RÁDIO 64 e download no celular (41);
60+
quem tem mais de sessenta,
CD 44
Música clássica rádio (64) e CD (44).
só tem peso nas
classes A e B
11
FOI NOS
22 ÚLTIMOS 12 MESES
NUNCA
FOI
35
ME DIVERTIR
46
FOI NOS 23 20
FOI HÁ
SHOWS ÚLTIMOS
12 MESES CONCERTOS + DE 1 ANO MÚSICOS OU BANDA
6
SHOWS ME
66 INTERESSAM
NUNCA FOI 6
POR GOSTAR
32 DE MÚSICA
FOI HÁ
+ DE 1 ANO 6
ENCONTRAR
AMIGOS
4
SABER DAS
NOVIDADES
1
1
PELA
LEVAR
CRIANÇAS … e razões para não ir
1 POR SER CULTURA
MÚSICO
1 PASSAR O
PELO TEMPO
ESPAÇO MOTIVOS ECONÔMICOS SÃO
A PRINCIPAL BARREIRA (EM%)
1 1
FILA
FAMILIAR 1 1
MOBILIDADE PELA 1
NÃO ME 1
IDADE
SINTO BEM FILHO 1
PEQUENO POR SER 2
CHEIO FALTA 2
OPORTU- FALTAM 2
NIDADE OPÇÕES FALTA 3
INFORMAÇÃO NÃO TENHO
COSTUME 4
FALTA 4
COMPANHIA POR SER
LONGE
5
FALTA DE
SEGURANÇA
23
FALTA TEMPO
29
NÃO GOSTO
31
MOTIVOS ECONÔMICOS
Definir qual é “a” música brasileira tem sido objeto de intensoEm quase todos os recortes (por sexo, faixa etária, renda), musicais dos anos 1960 (Bossa Nova e Tropicália), sua Outro estilo que mostra diferença significativa entre
debate entre criadores, produtores, historiadores e críticos o gênero que unifica os ouvidos brasileiros é o sertanejo escolha pela faixa superior de escolaridade não deixa de ser homens e mulheres é o rock, citado como preferido por 25%
desde, pelo menos, os anos 1940. Se o Brasil tem um ouvido — essa música de origem vagamente caipira, reinventada significativa. Ligada, em sua origem, a discussões culturais dos entrevistados do sexo masculino e por apenas 15% das
musical, como diz o verso de Caetano Veloso em “Love, Love, nos anos 1980-1990 pelo mercado fonográfico, e que hoje de vanguarda, a música brasileira identificada como MPB mulheres. A discrepância entres as faixas de escolaridade
Love”, ele se voltou para um certo interior. Nem o samba, se desdobra em vários subgêneros. No geral, 37% declaram permanece associada a uma ideia de qualidade superior. Não e as classes socioeconômicas também é grande. O rock é
consagrado numa operação estético-ideológica desde a preferir o sertanejo, numa lista que resultou em 105 estilos se pode deixar de observar que esse é o gênero que mais o gênero mais ouvido por 9% dos que têm ensino funda-
década de 1940 como “a música brasileira por excelência”, citados. Essa preferência atravessa os grupos sociais, com atrai o olhar da imprensa, da crítica e dos estudiosos. mental, 18% entre os entrevistados com ensino médio e
nem a nossa própria MPB, acrônimo criado nos anos 1960 para poucas variações: ela é apontada por 35% dos entrevista- 37% no grupo com superior completo. Índices semelhantes
denominar um gênero com pés fincados no samba, são os dos das classes A/B e D/E, subindo para 39% na classe C. Mesmo que o sertanejo domine no quadro geral, há são observados em relação à classe socioeconômica: é
O gênero é mais ouvido por mulheres (41%) do que por
estilos prediletos dos brasileiros. O sertanejo tomou esse lugar. diferenças regionais que merecem ser mencionadas. Em o preferido de 29% da classe A/B, 16% da classe C e 9% da
homens (33%) e mais citado por entrevistados com menor cidades com cenas musicais próprias e relevantes, como D/E. Considerando que o rock, ao lado do pop, ainda é dos
A partir dos anos 1990, quando a estabilidade econômica escolaridade (42%). Aparece também como segundo e ter- Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza, Recife, Belém e São gêneros que recebem maior atenção da indústria de entre-
permitiu o acesso a bens de consumo como rádios e ceiro gêneros que os entrevistados mais ouvem no ranking Luís, o sertanejo não chega ao primeiro lugar, ainda que tenimento de modo geral (o que restou da indústria fono-
televisores para grande parte da população até então alijada geral, com, respectivamente, 12% e 8%. esteja sempre entre os quatro mais citados. No Rio e em gráfica, trilhas sonoras de filmes, turnês internacionais), seria
dessas possibilidades, modificou-se o panorama do que se Salvador, é suplantado pela MPB; em Fortaleza e no Recife, interessante a realização de novos estudos que ajudassem a
entendia como o gosto musical brasileiro. Os chamados As exceções à hegemonia do sertanejo oferecem pistas pelo forró; em São Luís, pelo reggae; e em Belém, curiosa- entender essas diferenças.
gêneros populares — o trio axé, pagode e sertanejo — pas- interessantes para serem desenvolvidas por outros estudos. mente, pelo gospel.
saram a atrair os recursos da indústria fonográfica e a ocupar Ele perde o posto de preferido do Brasil na faixa etária mais Entre os dez primeiros gêneros citados como os mais
os espaços na programação de rádios e TVs. Vinte anos jovem, entre doze e quinze anos, na qual 55% dos entrevis- O gospel aparece em terceiro lugar na classificação geral, ouvidos e preferidos, sete são de produção exclusivamente
depois, pode-se dizer que, entre os três estilos que recebe- tados declaram o funk como seu estilo predileto. Uma das apontado por 21% dos entrevistados como seu estilo nacional: sertanejo, MPB, gospel, pagode, forró, samba e
ram os últimos suspiros de investimentos mais pesados do possíveis explicações seria porque o funk, mais do que um musical favorito — atrás apenas de MPB e sertanejo, e na funk. Entre os três que não podem ser classificados como
mercado fonográfico, foi o sertanejo que se firmou como o estilo musical, está ligado a todo um universo cultural pró- frente de rock, pop, pagode, forró e samba. É mais ouvido exclusivamente brasileiros (pop, rock e romântica), há
gênero mais popular no Brasil. prio dessa faixa etária, sobretudo nas periferias das grandes pelas mulheres do que pelos homens (26% ante 16%) e tem também a presença de artistas locais. Isso vai ao encontro de
cidades: os bailes, os rolezinhos, uma maneira de se vestir mais difusão entre os mais velhos (17% da faixa entre 12 e 24 outros estudos que mostram a força da música brasileira na
Na pesquisa da JLeiva, foram os próprios entrevistados que e de se comportar. Talvez o fato de a maioria das estrelas anos elege o gospel como predileto, contra 24% e 25% nas cultura nacional.
designaram os três tipos de música que mais ouvem, dando do funk também ser muito jovem ajude a explicar a maior duas faixas etárias seguintes). O estilo também se destaca
origem a uma lista de mais de cem gêneros. Essa facilidade identificação com esse gênero. entre os menos escolarizados: 13% dos que têm superior A pesquisa sugere ainda que há um verdadeiro abismo entre o
de nomear os estilos pode sugerir uma espécie de intimi- completo o citam como preferido, contra 25% dos entrevis- que a crítica especializada elege como significativo em termos
dade grande com a música, a ponto de os entrevistados A preferência pelo sertanejo também cai significativamente tados com apenas o fundamental e 23% dos que concluíram culturais e o que, de fato, corresponde ao gosto das pessoas.
saberem distinguir, precisar e classificar suas preferências. conforme aumenta a escolaridade: nas duas faixas com mais o ensino médio. Sua penetração está, muito provavelmente, O rap — gênero que recebe bastante atenção por parte da
Mesmo que se considere que parte da música que se ouve anos de estudo — superior completo e pós-graduação —, refletindo o crescimento das populações evangélicas em crítica —, por exemplo, aparece em décimo segundo lugar na
já vem categorizada pelas emissoras de rádio, meio pelo o gênero citado como o mais ouvido é a MPB, por 51% e 63% todo o Brasil: o que mais importa na música gospel são os preferência da população, perdendo para a música erudita.
qual mais se escuta música de acordo com o estudo, não dos entrevistados, respectivamente. Ainda que a MPB seja conteúdos religiosos das letras.
deixa de ser um dado interessante observar a quantidade e menos um estilo definido do que a designação de uma série
a diversidade de gêneros citados. de artistas de linhagem comum, herdeira dos movimentos
Como se ouve música? coibir a pirataria, continua sendo muito fácil encontrar
28
A permanência do rádio como meio predileto pode ser expli- música gratuita na rede. Quem ouve música digital ainda está NUNCA
18
FOI
cada tanto pelo baixo custo do equipamento como pelo fato pouco disposto a pagar por ela: pouco mais de um quarto BAIXO
de que ouvir música, ao contrário da maioria das atividades (26%) dos que usam aplicativos de streaming como Spotify, 42
sondadas pela pesquisa, pode ser ação simultânea a outras Deezer e Google Play Music declaram pagar pelo serviço. FOI NOS
ÚLTIMOS 12 MESES
atividades, inclusive fora do tempo livre. Escuta-se música No caso do download, o índice é ainda mais baixo: 15% para 48
trabalhando, fazendo o serviço doméstico, estudando e no quem baixa arquivo para celular, tablet e reprodutores de FESTAS FOLCLÓRICAS, ALTO
transporte público ou privado. MP3 e 13% para quem o faz para o computador. POPULARES E TÍPICAS
dispositivos eletrônicos portáteis (22%). frequentado por 64% dos entrevistados. Considerando as DESSA ATIVIDADE (EM %)
dificuldades envolvidas na operação de ir a um show (preço,
Ainda que meios analógicos mantenham sua força, como disponibilidade de ingresso, deslocamento etc.), o fato de 48 BLOCOS DE
50
demonstra a preferência pelo rádio, a música digital ganha essa atividade aparecer em segundo lugar reforça o grande NUNCA
FOI BAIXO CARNAVAL DE RUA
espaço. Dos meios citados, a maioria é digital (sites de rádio, interesse da população pela música.
YouTube e Vimeo, aplicativos ou serviços de streaming,
downloads e música armazenada no pen drive). No caso da música erudita, porém, o interesse cai e muito. 23
MÉDIO
Enquanto apenas 22% dos entrevistados declararam
Além da portabilidade, o fato de que a música digital é (ou nunca ter ido a um show ou apresentação musical, 66% 26
FOI HÁ
parece ser) gratuita pode ser uma explicação para essa nunca foram a um concerto de música clássica. Entre + DE 1 ANO
A parte de fora do círculo mostra a frequência a
penetração. Além de plataformas de fato gratuitas, como o quem já foi, apenas 11% o fez nos doze meses que antece- blocos de carnaval de rua e festas populares;
YouTube, a maioria dos aplicativos e serviços de streaming deram a pesquisa. a parte de dentro, a nota dos entrevistados
sobre seu interesse em fazer essas atividades:
oferece versões de acesso livre. E, apesar dos esforços para zero a dois (baixo interesse), três a sete (médio)
e oito a dez (alto)
Quem vai,
Em várias partes do mundo, as artes visuais vêm passando (esta foi a expressão usada no questionário), que já são
por um grande processo de renovação, motivado pela responsáveis por um amplo e diversificado volume de
necessidade de aproximar-se mais do público — inclusive, expressões artísticas, históricas e culturais.
ir a museus e
paisagem de praticamente todas as grandes cidades.
Pela primeira vez na série de pesquisas da JLeiva,
Dar conta de como todo esse universo é percebido pela introduziu-se uma pergunta de caráter exploratório,
exposições?
população é uma tarefa complexa. Estudos mais específicos para saber de qual museu ou exposição visitada
sobre o tema costumam separar galerias de arte, recentemente os entrevistados mais gostaram. Era
prédios históricos e sítios arqueológicos, além de dividir uma questão aberta — as pessoas podiam citar o que
museus e exposições por categorias (de arte moderna, quisessem. Isso possibilitou captar uma espécie de top
contemporânea, clássica ou de ciências; exposições de of mind da área, mas também verificar que nem sempre
quadros, fotos, esculturas etc.). Por não ser este o foco museus e exposições significam, para o público em geral,
desta pesquisa, optamos por medir o acesso dos moradores o mesmo que significam para quem trabalha na área.
de doze capitais brasileiras a “museus e exposições”
1 S 1
31
56 FOI NOS M
ALTO ÚLTIMOS 12 MESES 4 3
F F
S 11 9 M
35 A 44
ACESSO 25 A 34
5
X ESCOLARIDADE:
F - FUNDAMENTAL
32
INTERESSE* M - MÉDIO
S - SUPERIOR
6
9
S
MÉDIO M 45 A 59
10 2
16 A 24
F
0 2
*A faixa interna dos gráficos mostra o percentual F 50 M
2
de pessoas que deram as seguintes notas a seu M MULHERES
interesse pelas atividades: de 8 a 10 (alto), 3 a 7 6
60 + S 3
(médio) ou 0 a 2 (baixo)
2 F 4
12 A 15
39 4 5 S 2
FOI HÁ 3 F 12 A 15 60 +
+ DE 1 ANO
M
1
1
M 50 F
F HOMENS 1
1
3 11 9 S
PRATICA 16 A 24 45 A 59
4
M
7
M
9
Apenas 3% afirmam fazer 25
JÁ PRATICOU
12
25 A 34
35 A 44
F
3
44 PRÁTICA 5
E MULHERES, MAS INTERESSE É MAIOR BAIXO
X são das classes A e B e 38% 3
1
ENTRE ELAS INTERESSE* são brancos, mas no conjunto 7
ou curso de desenho, 11 46 37 6
pintura, grafite ou artes
72
plásticas é o dobro da NUNCA PRATICOU 38 39 17 3 2
média entre os que têm
BRANCA PARDA PRETA AMARELA INDÍGENA
de 12 a 15 anos (6%)
44
PELO CONHECIMENTO
13
EXPOSIÇÕES ME INTERESSAM
COM AMIGO(S)
EM GRUPO
SOZINHO
CASAL
10
11
18
26
30
7
ME DIVERTIR
9
SABER DAS NOVIDADES
1
ESTAR EM
OUTRAS
RESPOSTAS … e razões para não ir
1
1 NAMORAR FAMÍLIA
PARA PAQUERAR
TRABALHO FALTA DE TEMPO E NÃO GOSTAR DA
DA ESCOLA
EXPERIÊNCIA SÃO AS PRINCIPAIS BARREIRAS
1 1
NÃO 1
SEI OUTRAS 1
RESPOSTAS PREGUIÇA NÃO ME 1
SINTO 1
BEM MOBILIDADE FALTA 1
SEGURANÇA FALTAM 3
OPÇÕES FALTA 3
INFORMAÇÃO FALTA 4
OPORTUNIDADE NÃO TENHO
COSTUME 6
FALTA COMPANHIA
6
POR SER LONGE
22
MOTIVOS ECONÔMICOS
29
NÃO GOSTO
33
FALTA DE TEMPO
MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI 34 TEATRO AMAZONAS 9 MUSEU NACIONAL DA REPÚBLICA 12 CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL - CCBB/BH 13
BOSQUE RODRIGUES ALVES 6 FANTÁSTICO CORPO HUMANO 7 CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL - CCBB/DF 9 MUSEU DA PAMPULHA 5
CASA DAS ONZE JANELAS 3 PINACOTECA DO AMAZONAS 7 MEMORIAL JK 5 PRAÇA DA LIBERDADE 5
FEIRA DO LIVRO 3 EXPOSIÇÃO SOBRE OS ÍNDIOS 5 EXPOSIÇÃO DO ARTESANATO 2 PALÁCIO DAS ARTES 4
MUSEU DE ARTES SACRAS 3 CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GUERRA NA SELVA / CIGS 4 CATETINHO 2 INHOTIM 3
MUSEU DO AMANHÃ 2 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISA DA AMAZÔNIA INPA 4 CAIXA CULTURAL - DF 2 MUSEU DE ARTES E OFÍCIOS 3
THEATRO DA PAZ 2 MUSEU DA AMAZÔNIA 3 MUSEU DO AMANHÃ 2 OURO PRETO 2
BELÉM 2 MUSEU DE NUMISMÁTICA DO AMAZONAS 3 MUSEU DE PLANALTINA 2 MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO 2
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MUSEU DO CEARÁ 12 CENTRO HISTÓRICO 6 MUSEU DO AMANHÃ 21 MUSEU DO IPIRANGA 11
CENTRO DRAGÃO DO MAR 12 CONVENTO DAS MERCÊS 5 CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL - CCBB/RJ 13 MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO - MASP 10
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ - UNIFOR 9 MUSEU HISTÓRICO E ARTÍSTICO DO MARANHÃO 4 MUSEU NACIONAL 7 PINACOTECA DE SÃO PAULO 7
MUSEU DA CACHAÇA 6 PROJETO REVIVER 4 MUSEU IMPERIAL 5 CATAVENTO CULTURAL 6
MUSEU DA FOTOGRAFIA 4 MUSEU DE ARTES SACRAS 3 MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO - MAM/SP 4 MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA 3
CASA DE JOSÉ DE ALENCAR 3 CASA DO MARANHÃO 3 MUSEU DE ARTE DO RIO DE JANEIRO - MAR 4 MUSEU DA IMAGEM E DO SOM - MIS/SP 2
MUSEU DA INDÚSTRIA 2 TEATRO ARTHUR AZEVEDO 2 MUSEU AEROESPECIAL 2 MUSEU DO FUTEBOL 2
MUSEU DE ARTE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC 2 TEATRO ODYLO COSTA FILHO 2 MUSEU DA MARINHA 1 CASTELO RÁ-TIM-BUM 2
O segmento de museus e exposições transformou-se móveis, dentro de uma garagem, virtuais, não museus. As 12% composto por pessoas que nunca tinham visitado um O que aconteceu em Belo Horizonte pode acontecer em
radicalmente após a inauguração do Guggenheim em definições de museu se dilataram de tal modo1 que museu espaço desse tipo)3 contribuiu significativamente para a outras capitais. De uma forma geral, a pesquisa aponta para
Bilbao, em 1997 — um museu que, em seus primeiros três virou tudo aquilo que decidirmos chamar de museu. inclusão cultural? Em que medida o conteúdo das exposi- um potencial de crescimento de público. Observa-se que
anos, atraiu 4 milhões de turistas para essa comunidade ções ou os projetos educativos refletem a diversidade da 66% dos entrevistados indicaram um grau de interesse de
autônoma do País Basco e gerou cerca de 500 milhões A mudança acompanha a transformação radical do público comunidade — diversidade etária, de renda e étnica? Que sete a dez em ir a museus e exposições (numa escala de
de dólares em lucros, um retorno para a economia local dessas instituições, que saiu da condição de consumidor tipo de causa os museus defendem? 0 a 10). A proporção é ainda maior para São Paulo (69%)
seis vezes maior do que o valor investido na construção. de informação, bens e opinião para de produtor, emissor e Rio de Janeiro (72%) — ambas com boas opções nessa
Desde então, os principais museus na Europa e nos Estados e ativista — impulsionado por novas tecnologias e novos Os resultados da pesquisa da JLeiva mostram que museus área. Mas também para Belém (72%). Em sua maioria, esse
Unidos foram ampliados para atender a nova demanda canais de expressão. e exposições receberam, em média, a visita de 31% dos público com interesse elevado é composto por mulheres,
de visitantes e centenas de instituições foram criadas em entrevistados nos doze meses anteriores à pesquisa. Os pessoas da classe C com ensino médio. Vale questionar se,
todo o mundo, inclusive no Brasil. Em meio a tantas reviravoltas, os museus puseram-se a maiores números estão em Belo Horizonte e Curitiba (38%), de alguma maneira, há reciprocidade: boa parte do público
refletir profundamente sobre seu papel na sociedade e e o menor em Salvador (19%). Vale observar que a capital se interessa por museus; os museus se interessam pelo
A particularidade mais visível dessa transformação, que sobre como ser relevante para audiências que em geral os mineira tem 41 museus, enquanto Curitiba e Salvador têm público? Há uma latente vontade de comer. Falta, talvez, o
chamamos de Efeito Bilbao, foi a alteração na fisionomia dos entendem como instituições elitistas — ainda que, no Brasil, cerca de setenta cada uma, segundo dados do Instituto estímulo certo ao apetite.
museus: da estrutura clássica, passou-se aos prédios con- muitos deles sejam públicos, gratuitos ou tenham preço Brasileiro de Museus de 20104.
temporâneos, assinados por superarquitetos. O processo, acessível. Geralmente localizados em regiões centrais (o que E os museus nem precisam ir longe para conquistar novas
contudo, foi bem além das aparências — literalmente. significa longe das periferias), esses espaços precisam lan- Podem-se levantar algumas hipóteses sobre o bom desem- audiências. Os dados da pesquisa da JLeiva indicam que o
çar-se à tarefa de repensar como criar usos que respondam penho dos museus de Belo Horizonte, que apresentaram potencial de crescimento está nas suas próprias comuni-
Essas instituições assumiram outros papéis, não se restrin- ao desejo de setores tradicionalmente excluídos. um crescimento de catorze pontos percentuais em relação dades. Perguntada sobre qual evento ou local histórico ou
gindo à missão original de abrigar coleções: tornaram-se à pesquisa Cultura em BH, realizada pela JLeiva em 20145. cultural mais gostaria de conhecer, a maior parte dos entre-
âncoras de projetos de renovação urbana, ferramentas Diante do espelho Uma delas é a projeção do Inhotim, sede de um dos mais vistados (18%) indicou museus e exposições — mais do que
estratégicas de posicionamento geopolítico (em países A pesquisa da JLeiva traz uma boa oportunidade para veri- importantes acervos de arte contemporânea do Brasil. monumentos como o Cristo Redentor ou eventos como
como a China e os Emirados Árabes Unidos), espaços ficar como está o segmento de museus no Brasil, vinte anos Outra, o fortalecimento do Circuito Liberdade, que chegou o Carnaval do Rio. Entre dezenas de menções diferentes, o
de experiência identitária, de representação, ponto de depois do Guggenheim Bilbao. Em que medida os museus a dezessete espaços culturais com a inauguração do CCBB “objeto do desejo” dos paulistanos é o Museu do Ipiranga;
encontro e engajamento de comunidades (como o Museu estão realmente engajados na ideia de aumentar suas em agosto de 2013 e a abertura da Casa Fiat de Cultura, o dos curitibanos, o Museu Oscar Niemeyer (MON). Em
Palestino em Birzeit, na Cisjordânia, ou o Museu Nacional da audiências? Até que ponto o boom de exposições em junho de 2014 — ou seja, combinou-se uma oferta Belo Horizonte, a preferência é pelo Inhotim. O ponto fora
História e Cultura Afro-americana, em Washington). blockbusters (como as do CCBB do Rio de Janeiro, que variada e concentrada num espaço de passagem, a Praça da curva é o Museu do Amanhã, que lidera o interesse não
estão entre as mais visitadas do mundo2) e de novos museus da Liberdade, historicamente palco de diversas manifesta- apenas entre cariocas (12%), mas também entre moradores
Com efeito, atualmente diversos museus sequer possuem (como o Museu do Amanhã, recordista de visitação com ções políticas. de Brasília (2%), Manaus (2%) e Recife (1%).
uma coleção, e isso não é um problema. A ampliação das tipo- público de 2,5 milhões em dois anos de atividade, sendo 3
http://bit.ly/MuseuAmanha-2anos
logias abriu espaço para museus de território, sem território, 4
http://www.museus.gov.br/museus-em-numeros
1 5
ecomuseus, museus queer, de narrativas, de empatia, museus (...)A definição adotada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) é esta “Consideram-se museus
as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e
http://bit.ly/JLeiva-BH2014
expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos
e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural,
abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento.”
2
http://bit.ly/AgenciaBrasil-CCBB
Como captar
A revolução digital ampliou de maneira significativa as A pesquisa aqui apresentada abordou o teatro, o circo e a
possibilidades de se ouvir música ou assistir a filmes, por dança — das formas de expressão mais tradicionais, ficou
meio das plataformas de streaming que transformaram de fora a ópera, menos popular. As perguntas buscaram
o público das
esses mercados. No campo das artes cênicas, porém, o contemplar algumas variações dessas atividades, ainda que
palco continua sendo o centro absoluto das atenções — as nem todo o espectro tenha sido coberto. A questão sobre
mudanças trazidas pelas novas tecnologias não tiveram teatro, por exemplo, mencionava “apresentações de teatro,
papel tão disruptivo nem na produção nem na distribuição. stand-up ou musicais”. O objetivo foi abarcar um maior leque
linguagens
espetáculos ou nas tradicionais lonas. No entanto, que, para muitos, têm denominação própria.
não passaram ilesos pelo mundo digital nem pelas
transformações sociais. Para atrair um público com cada A mesma lógica fez com que fosse usado o termo “ir ao
cênicas?
vez mais acesso a entretenimento dentro de casa, nos circo ou a apresentações circenses”, uma forma de tentar
computadores e celulares, os artistas estão ocupando ruas, incluir nas respostas os espetáculos de circo realizados
parques, hospitais, presídios e outros espaços urbanos, na rua ou em salas de teatro. No caso da dança, usou-se
além de mesclarem linguagens em busca de novas formas “apresentações ou espetáculos de dança”.
de contato com o espectador.
No bloco sobre teatro, a pesquisa investigou as razões
para ir (entre as pessoas que foram) e para não ir (entre as
que não foram).
1
F HOMENS F 1
1
2 11 8
PRATICA 16 A 24 45 A 59 S
M
4
7
9 M
F
3
alguma atividade teatral 26
ALTO F
Classes A e B 4 S 2
participação dos
solteiros
Outros 28% já tiveram 28
alguma experiência prática MÉDIO A B C D/E
33
ME DIVERTIR
18
FAMÍLIA COM CRIANÇAS
FAMÍLIA SEM CRIANÇAS
PEÇA ME INTERESSA
COM AMIGO(S)
EM GRUPO
SOZINHO
CASAL
10
20
25
30
6
13
PELO CONHECIMENTO
7
SABER DAS NOVIDADES
Pergunta sobre com quem A pergunta sobre as razões para ir a teatros foi feita apenas para
costuma ir ao teatro foi feita os 31% que disseram ter ido a uma peça nos últimos doze meses.
Para os demais, foi perguntado por que nunca foram ou não
para os 31% que disseram ter 4 vão com maior frequência. Nos dois casos, a pergunta foi aberta
ATOR(ES) e múltipla, ou seja, os entrevistados podiam responder o que
visto ao menos uma peça nos 4 quisessem e também dar mais de uma resposta.
ENCONTRAR
últimos doze meses AMIGOS
2
LEVAR
CRIANÇAS
2
RELAXAR
2
VER ATORES
2 AO VIVO
PELA
2
PASSAR O
TEMPO
CULTURA
… e razões para não ir
2
OUTRAS
1 RESPOSTAS
GOSTO DE NÃO GOSTAR DE TEATRO, NÃO TER TEMPO E MOTIVAÇÕES
1 TEATRO
1
PELO
ESPAÇO
ECONÔMICAS SÃO AS PRINCIPAIS BARREIRAS
NAMORAR
1 PAQUERAR
1 CURIOSIDADE
AMOR PELA
ARTE
1 1
PREGUIÇA NÃO 1 1
SEI OUTRAS NÃO ME
RESPOSTAS SINTO BEM 1 1
MOBILIDADE FALTA 2
SEGURANÇA FALTAM 3
OPÇÕES FALTA 4
INFORMAÇÃO FALTA 4
OPORTUNIDADE NÃO TENHO 5
COSTUME FALTA
COMPANHIA
6
POR SER LONGE
28
MOTIVOS ECONÔMICOS
28
FALTA TEMPO
30
NÃO GOSTO
homens (39%) 12 S
25 A 34 2
8
ACESSO 9
X ESCOLARIDADE: M 35 A 44 F
4
INTERESSE* F - FUNDAMENTAL
M - MÉDIO
S - SUPERIOR 12 M
16 A 24
1
34 F
MÉDIO 2 9
*A faixa interna dos gráficos mostra o percentual M 54 45 A 59
S
4
de pessoas que deram as seguintes notas a seu MULHERES
interesse pelas atividades: de 8 a 10 (alto), 3 a 7 6
(médio) ou 0 a 2 (baixo) 3 F 12 A 15
F 2
6 M 2
32 4 60 +
F
FOI HÁ 3 12 A 15
+ DE 1 ANO
S
1
M 46 4
2
F HOMENS 60 + S
1 1
4 M
11
PRATICA 16 A 24 1
F
8
M
45 A 59 1
S
8
3
Cerca de um terço já fez ou 20 27
12
25 A 34
7
35 A 44 M
INTERESSE* F - FUNDAMENTAL
M - MÉDIO
3
S - SUPERIOR 10 M
1 16 A 24
F 7 2
2 45 A 59 S
*A faixa interna dos gráficos mostra o percentual
M
50 1
38
MÉDIO
de pessoas que deram as seguintes notas a seu MULHERES F
interesse pelas atividades: de 8 a 10 (alto), 3 a 7 4 F 6 1
(médio) ou 0 a 2 (baixo) 12 A 15 4 M
60 +
S 1
55 3 S 1
FOI HÁ 60 +
+ DE 1 ANO 6 M
F 12 A 15 1
F
4 1
50
M
HOMENS 8
45 A 59
S
2
1 1 F
PRATICA 9 10 M
JÁ PRATICOU 1 16 A 24 3
9 F
M 35 A 44
M 2
F
MAIS DA METADE DOS ENTREVISTADOS NÃO 2 F
M 4
TEM INTERESSE EM FAZER AULAS NA ÁREA PRÁTICA 1
S
55 X 7
2
BAIXO
INTERESSE* Maior fatia do público do 5
29
MÉDIO
circo é composta por pessoas
Percentual dos que afirmaram da classe C e que têm filhos
ter grande interesse por aulas
de circo é maior na faixa de 12 A B C D/E
*A pergunta só foi feita para quem tinha dezesseis anos ou mais. O público de doze a quinze anos foi considerado sem filhos.
Que o teatro é importante para a formação do cidadão, o que queria da vida e onde jogaria todas as minhas energias. E por que pensar em teatro diante de tamanho holocausto? Pelos dados dos espectadores de cinema podemos tirar
creio que todos concordem. Sobre o tablado ou no escu- Mas eram outros tempos, lá se vão trinta anos. Daquele dia O poeta e crítico de arte Ferreira Gullar pode responder por uma conclusão aproximada dos efeitos desse quadro.
rinho das poltronas, é uma arte construída em parceria — até hoje, em oficinas e cursos que ministrei, principalmente nós: “Arte existe porque a vida não basta”. O teatro faz pen- Enquanto 64% dos entrevistados nas doze capitais pes-
feita para partilhar, viver junto, incomodar, divertir, refletir, pelas cidades da região Norte, observei (como ratifica a pes- sar, e pensar é perigoso. O diretor polonês Jerzy Grotowski quisadas foram ao cinema (certamente a maioria aos de
agir. O teatro vive em crise e deve ser assim. Para verdadeiros quisa) o quanto o desejo pelo teatro é latente — sobretudo dizia que a essência do teatro é um poderoso encontro shoppings, pois os de rua rarearam a quase zero em todo o
teatreiros, a zona de conforto nunca foi uma opção, e por entre os jovens em idade produtiva: estão ávidos pelo fazer consigo, desde os instintos, o inconsciente, até a lucidez. Brasil), somente 31% foram a museus, exposições ou teatro,
isso vivemos refletindo e nos reinventando. Não nos damos teatral, seja como ator, aquele que age, seja como um espec- stand-up e musicais, e os números caem para 11% nos con-
ao direito de estarmos longe de nosso público, pois o teatro tador ativo, aquele que assiste, reflete e age na sociedade. O teatro é uma arma muito eficiente, como dizia Augusto certos de música clássica.
é, conceitualmente, feito para dançar a dois. Boal. Eles, os poderosos, sabem, historicamente sabem.
No entanto, o material levantado pela JLeiva e pelo Em tempos em que o caráter, os escrúpulos, as condutas Já as festas populares continuam mostrando fôlego. Nos
A base em que sempre acreditei e com a qual sempre Datafolha também aponta por que quem faz teatro deve entram em declínio, só a arte para rasgar a carne hipócrita de doze meses anteriores à pesquisa, 42% frequentaram
trabalhei no palco não é dissociada da realidade. Assim, esta pensar em reinvenções. Os dados demonstram que é neces- uma sociedade falida. Por isso, somos perseguidos e postos eventos com manifestações típicas ou folclóricas. Sabemos
pesquisa da JLeiva nos alimenta. Bem mais que o retrato três sário encontrar mecanismos para chegar ao público. E não naquela nuvem de tabus e conceitos errôneos — desde ser que muito desse número se deve a comunidades afetivas
por quatro do espectador de teatro, ela serve para repensar- estou falando somente do ponto de vista estético, mas de chamado de vagabundo até ser associado a consumidor de (familiares, parentes e amigos dos brincantes). Aqui há,
mos nossa arte e, principalmente, discutirmos sobre do que lutas para que os acessos e os investimentos financeiros real- drogas. Cabe a nós derrubar alguns mitos e tabus que foram talvez, uma dica aos teatreiros para se reencontrarem com
devemos lançar mão para nos aproximar de nosso público. mente sejam democratizados e, assim, os artistas possam se erguidos exatamente para nos distanciar de nosso público. seu público: voltar às origens. Enquanto no teatro amador
debruçar sobre o que escolheram fazer: arte para cidadãos. Os tiranos querem reinar em paz. ainda se discute formação de plateia, as festas populares
Refletindo sobre os dados, me pus a pensar que, em um país (como quadrilha junina, bois etc.) lotam. Uma coisa é certa: o
que investe tão pouco em educação e cultura, linguagens De cima para baixo A atriz Fernanda Montenegro, em entrevista nos anos 1980, público não vai aonde não é chamado. Vemos hoje uma nova
artísticas como o teatro correm o risco de se tornarem Se o Brasil é um país de contrastes, a Amazônia, de onde dizia que a casa teatral fazia parte da identidade das cidades. geração que recebeu educação falha, cresceu acreditando
sagradas — mas sagradas no sentido de intocáveis, distantes falo, é uma região totalmente de cabeça para baixo. Temos Erigir uma casa de espetáculos dava ao município o status não ter direito de acesso a casas de espetáculos.
do público. Seria um risco desastroso: como se verá pará- a maior bacia hidrográfica do mundo, mas soçobramos de local com cidadãos pensantes e consumidores de arte.
grafos abaixo, embora uma grande parcela das pessoas não de fome nas esquinas. Resumimos, praticamente, a fauna Hoje, o mercado e o consumismo criaram a ilusão de que Segundo a pesquisa da JLeiva, os entrevistados que vão ao
assista aos espetáculos, uma proporção importante gostaria e a flora do Brasil, mas somos uma terra a ser explorada. isso pode ser dado pelos shoppings centers. Paralelamente, teatro buscam principalmente diversão, entretenimento —
de fazer isso — e há também um porcentual relevante que se Abastecemos o mundo com minérios, mas temos os piores os edifícios teatrais foram sendo sucateados e até mesmo é a razão apontada por 33%, seguida pelo interesse em uma
mostra disposto a fazer oficinas e cursos teatrais. Índices de Desenvolvimento Humano do país, assistimos desaparecendo em algumas cidades. peça específica (18%) e refletir e adquirir conhecimento
impassíveis às nossas etnias indígenas se suicidarem ao (13%). Olhando-se alguns recortes possíveis, vê-se que
Por isso, também pensei no momento exato em que o teatro serem expulsas de suas terras e perderem sua cultura. quanto mais alta a escolaridade maior a proporção dos que
entrou na minha vida. Eu, estudante de colégio público, de mencionam este último motivo: começa com 9% entre os
classe baixa, com pouco acesso a tudo, certo dia, nem sei o Somos isto: um país que está perdendo sua cultura, sua analfabetos e os que têm ensino fundamental incompleto,
porquê, me sentei em uma poltrona e assisti a Cacá Carvalho saúde, suas crianças, seu presente. A questão é: quem se até bater nos 16% entre os que cursaram pós-graduação.
se transformar em uma onça bem diante dos meus olhos, importa? Digo isso porque não existe o fazer artístico dis-
sem truque algum. A peça era “Meu tio o Iauaretê”, texto de sociado de uma leitura e pesquisa socioeconômica sobre o
Guimarães Rosa. Fui tomado de tal maneira por aquilo que país — por isso o teatro é tão importante, difícil e necessário.
não conseguia mais pensar em outra coisa. Estava decidido
As novas
Em todos os países, os levantamentos sobre hábitos Mas o acesso a conteúdos audiovisuais já não está restrito
culturais são unânimes em apontar o cinema como a ao cinema. Filmes e séries podem ser vistos na TV — aberta
atividade mais praticada fora de casa. O mesmo resultado ou fechada — , no computador, em tablets e celulares.
plataformas
foi encontrado nas doze capitais pesquisadas neste estudo, Como essas plataformas têm características próprias —
com exceção de São Luís, e em praticamente todos os podem ser acessadas a qualquer momento, de qualquer
estratos sociodemográficos. O percentual de pessoas que lugar e transmitem diferentes conteúdos, muitos deles sem
disseram ter ido ao cinema nos doze meses anteriores à relação com cultura ou arte —, não é possível comparar
cinema?
entrevistados têm interesse, novamente o cinema aparece entrevistado fez nos últimos doze meses.
no topo.
O questionário pediu que as pessoas identificassem qual
Além da frequência e do grau de interesse, a pesquisa plataforma elas mais utilizam para assistir a filmes e séries, em
também buscou saber com quem os entrevistados primeiro e segundo lugar. As alternativas apresentadas foram
costumam ir às salas de exibição dos filmes e quais as suas “vídeo, DVD ou Blu-Ray”, “TV aberta”, “TV por assinatura”,
principais motivações ao procurá-las. “Sob demanda” e “Baixados e/ou exibidos pela internet”. A
multiplicidade de opções para acessar os conteúdos talvez
seja hoje o maior desafio para mapear como a produção
audiovisual é absorvida pela população.
13 S
21 25 A 34 2
MÉDIO
27 ACESSO 8 9 F
FOI HÁ
+ DE 1 ANO X ESCOLARIDADE:
F - FUNDAMENTAL M
35 A 44
4
INTERESSE* M - MÉDIO
S - SUPERIOR M
12
16 A 24
1
Percentual de quem está F 9 3
69
ALTO
64
FOI NOS praticando alguma atividade 2
M
52 45 A 59 S
ÚLTIMOS 12 MESES
de fotografia, vídeo ou cinema MULHERES
5 F
1
é maior entre adolescentes 3 F 12 A 15
2
M
HOMENS F
1
F 7 1
45 A 59
6 1 S
12
PRATICA 16 A 24 3
M
M 8
35 A 44 3
F
8
13
25 A 34
S 2
38 36 24
Prática de atividades BAIXO ALTO JÁ PRATICOU S
F M 3
audiovisuais é inferior 3 M
S
F
ao interesse PRÁTICA 1 4
2
X 7
VALORES EM % INTERESSE* 48% dos frequentadores 5
de cinema são das classes
A e B;destes mais da metade
é de pessoas solteiras
A B C D/E
26
MÉDIO 8 40 44 8
70
NUNCA PRATICOU
*
A faixa interna dos gráficos mostra o percentual 55 36 6 3
de pessoas que deram as seguintes notas a seu
SOLTEIRO CASADO DIVORCIADO VIÚVO
interesse pelas atividades: de 8 a 10 (alto), 3 a 7
(médio) ou 0 a 2 (baixo)
COM AMIGO(S)
EM GRUPO
SOZINHO
CASAL
17
24
29
29
3
ASSISTIR A UM LANÇAMENTO
7
LEVAR CRIANÇAS
5
ENCONTRAR
AMIGOS
1
GOSTO
DE CINEMA
VALORES EM %
ESTAR EM TV POR ASSINATURA
1 FAMÍLIA
TV ABERTA
FILME EM
1 3D OU 4D BAIXADOS/EXIBIDOS NA INTERNET
1 ATOR(ES)
OUTRAS VÍDEO, DVD OU BLU-RAY
33 34 34
Pesquisa perguntou sobre as formas 32 31 31 31 32
30
preferidas para assistir a séries e 29 29 28
VÍDEO, DVD OU BLU-RAY
17 27 27
filmes em primeiro e segundo lugar.
TV POR ASSINATURA
25 24
23
O gráfico ao lado mostra a soma das 22
SOB DEMANDA
20 20 20 20 20
TV ABERTA
13
RIO DE PORTO BELO
12
JANEIRO ALEGRE BRASÍLIA SÃO PAULO HORIZONTE CURITIBA SÃO LUÍS BELÉM RECIFE MANAUS SALVADOR FORTALEZA
O acesso à cultura tem sofrido alterações cada vez mais Cultura cinéfila Rio-São Paulo desde os anos 2000 e, por isso, também criou redor de uma fogueira (o ponto de luz, neste caso, seria a
frequentes por meio das novas tecnologias. Ligada por É sintomático que Porto Alegre se firme como a capital onde uma cultura cinéfila. No entanto, tem um IDH bem inferior tela de cinema). Não que isso não se mantenha, mas o que a
natureza a dispositivos tecnológicos, a experiência de ir ao mais pessoas (70%) responderam ter ido ao cinema nos ao de municípios como Porto Alegre, Brasília, Curitiba, Belo indústria cinematográfica oferece hoje para atrair massas às
cinema já foi afetada de diversas formas por essa alteração de doze meses que antecederam a pesquisa e onde é menor Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, o que não deixa de redes multiplex não está ligado exatamente ao ritual em si ou
rota. Desde a introdução do som, passando por experiências o percentual de moradores que nunca foram (apenas 3%). ter influência no acesso às salas de cinema — que, como em à qualidade narrativa de seus filmes, mas sim a um universo
bem e malsucedidas de 3D, até o estágio atual, com a Sintomático porque essa ligação da cidade com o cinema quase todas as grandes cidades do país, concentra-se em de produtos e publicidade gratuita que orbita em torno dos
migração da rua para shoppings e redes multiplex, a maneira não existe no vácuo: foi construída uma cultura cinéfila na espaços privados e elitistas. A capital pernambucana é uma longas-metragens: o copo de pipoca estampado com os
como vivemos a sala de cinema e, muito particularmente, o capital gaúcha. As chamadas salas de rua — fora dos grandes das que exibem menor percentual de pessoas que foram heróis do lançamento e a hashtag com o nome dos filmes
modo como vemos filmes (sim, uma coisa não é igual à outra) centros comerciais e da lógica do combo ingresso-pipo- ao cinema nos doze meses que antecederam a pesquisa: mais recentes em postagens espontâneas de redes sociais
vêm sendo transformados vertiginosamente. ca-estacionamento — fazem do ritual de ir ao cinema algo 55%, número que só não está abaixo dos de Belém (53%) e alimentam aquilo que as novas gerações conhecem como
formador da própria identidade da cidade. Fortaleza (54%). A capital cearense registra o maior índice “síndrome do Fomo”. Acrônimo para fear of missing out, ela
Quando nos deparamos com uma pesquisa do porte de pessoas que afirmam nunca ter ido ao cinema, 19%. A denomina o medo de não estar “por dentro” do léxico cultu-
desta da JLeiva, perceber quem vai ao cinema, e por que Leonardo Bomfim, programador da Cinemateca Capitólio pesquisa não abrange este recorte, mas é preciso pontuar ral do momento, que ainda é criado e alimentado pelos filmes.
vai, é de suma importância para entender não apenas — sala no centro da cidade que funcionou entre 1928 e 1994 que Fortaleza, como quase todas as metrópoles do Brasil,
como o mercado funciona, mas principalmente como e foi restaurada nos anos 2000 — considera que a existência concentra seus cinemas em shopping centers distantes da Falando em novas gerações, quando se observa a faixa etária
ele pode antever, driblar ou se adaptar às várias transfor- de muitos espaços, com programações diversificadas, for- periferia. que mais frequenta as salas de cinema, fica evidente com
mações pelas quais o ato de ir ao cinema vem passando. talece a cultura cinéfila em Porto Alegre. “Acaba formando quem a indústria quer se comunicar prioritariamente: os
O que se fará aqui não é, portanto, apenas uma leitura do um circuito. A pessoa pode ir a três cinemas diferentes num Mas talvez a pergunta da pesquisa que melhor permite jovens de dezesseis a 24 anos. É justamente para esse público
que a pesquisa “Cultura nas Capitais” revela, mas uma aná- mesmo dia. Você abre o jornal e certamente há clássicos, entender como as cidades respondem ao mercado, que é direcionada boa parte dos filmes de super-heróis e
lise de como esses dados se cruzam com algo que ainda há filmes contemporâneos ‘fora do padrão’, há mostras particularmente àquele dedicado a vender somas franquias infindáveis que se regeneram como a epiderme de
vai demorar um pouco a ser mensurado: o impacto de especiais”, afirma. Bomfim lembra ainda que o histórico volumosas de ingressos, é a que levanta o motivo pelo Wolverine.
tecnologias de vídeo on demand (VOD), como a Netflix, cinéfilo da cidade vem de longa data. O Clube de Cinema, qual as pessoas vão ao cinema. Divertir-se e passear — ou
sobre esse gesto tão constituinte da vida cultural das por exemplo, completa setenta anos em 2018, mantendo seja, razões não atreladas à existência de um filme x ou E como a maior parte das pessoas gosta de ir ao cinema?
grandes cidades que é sentar no escuro de uma sala para suas sessões matutinas. “Como programador, sinto que o y — são as principais motivações. A exceção está em Belo Acompanhadas da família (37%), em casal (29%) ou com
entrar num processo de imersão em uma tela retangular. público aumenta a partir do momento em que percebe que Horizonte, onde a maior parte dos entrevistados afirmou amigos/grupos (27%). Dificilmente vão sozinhas — ou seja,
o cinema pode oferecer experiências inesperadas. Confiar ter interesse em ver um filme específico (não necessa- é o público ideal para qualquer distribuidora e rede exibidora.
Mas é importante começar pelos dados mais positivos: num espaço que exibe tanto um clássico consagrado como riamente novo), e em Manaus, onde 35% das pessoas
cinema, já diria o slogan de uma famosa rede exibidora, “é a um filme desconhecido de algum país com menos tradição buscam o cinema por causa dos lançamentos. Se considerarmos que a faixa etária mais jovem continu-
maior diversão”. Ou, pelo menos, a segunda maior: segundo cinematográfica é algo que desperta uma faísca.” ará frequentando o cinema quando envelhecer e que essa
a pesquisa, entre as atividades listadas, só perde para a Um resultado que mostra como atrativo principal para ir ao atividade está entre as que mais despertam o interesse
leitura de livros não didáticos. No entanto, se considerar- Naturalmente, além do fator histórico e da promoção da cinema o fato de ele ser visto como entretenimento poderia das pessoas, seria de se esperar que esse fosse um mer-
mos que ir ao cinema requer deslocamento físico, diferen- cultura cinéfila, há uma relação direta entre o Índice de ser lido com olhos românticos, possivelmente puristas. cado em expansão. Mas aqui, para aprimorar o debate, é
temente de ler um livro, essa pode ser considerada a prática Desenvolvimento Humano (IDH) das capitais pesquisadas Olhos de quem acredita que a própria experiência de estar preciso cruzar os dados de quem vai ao cinema com os
cultural que mais leva os brasileiros a saírem de casa. e o acesso a bens culturais. Recife, por exemplo, é uma das ali perpetua um ritual coletivo fundamental que atravessa números levantados sobre as plataformas usadas para
cidades que mais têm produzido cinema fora do circuito gerações, desde que as pessoas começaram a se juntar ao assistir a filmes em casa.
Como as
Nos últimos anos, tem crescido a tendência à adoção de Ainda assim, o questionário que pautou a pesquisa incluiu
políticas públicas “baseadas em evidências”. Parte dos alguns pontos mais diretamente relacionados com temas
economistas, gestores e sociólogos acredita que mensurar críticos para a gestão cultural. Um deles foi abordado no
pesquisas
o impacto das ações adotadas pelos governos — avaliando capítulo sobre cor da pele, e trata do grau de prioridade
o que funciona e o que não funciona — permitiria aplicar os que os governos devem dar à valorização das culturas
recursos da sociedade com mais eficiência. indígena e de matriz africana. Na pesquisa também foram
feitas duas perguntas sobre um dos principais programas
na gestão
expressões de subjetividades, nem tudo pode ser medido do programa.
pela régua da estatística. Porém, ao agrupar os resultados
das entrevistas feitas com 10.630 pessoas em doze capitais, Outra questão abordada diz respeito a uma possibilidade
cultural?
este trabalho lança luz sobre gargalos, desigualdades, de financiamento que talvez possa ser mais explorada
oportunidades e desafios do setor cultural. no Brasil: averiguamos se os entrevistados já fizeram ou
fariam doações a projetos ou instituições culturais. Para
Nosso entendimento é de que os temas, os resultados e as captar melhor a prioridade dada ao setor cultural, entre as
análises presentes neste livro podem suscitar questões e alternativas de resposta havia também a opção de doar a
apontar rumos para quem atua nos setores público e privado. projetos e instituições sociais.
Esse é um dos principais papéis das pesquisas de hábitos
culturais, como mostra o artigo das próximas páginas.
POLÍTICAS CULTURAIS
Letras e bacharel em
Música pela Universidade
Federal do Rio Grande
Meus anos iniciais na gestão pública da cultura, lá pela selecionava os projetos por meio de editais. Da experiência, (Estado cujo poder, lembremos, sempre emana do povo)? especificamente obras controversas) mais familiares para
virada do milênio, foram dedicados à produção e à cura- duas constatações se impuseram. Primeiro, a qualidade Queremos mesmo alcançar as pessoas que não frequentam crianças e adolescentes, como a educação artística.3
doria de espetáculos musicais. Foi nesse ambiente, a partir dos projetos locais me convenceu de que a ação direta do nossos espaços e eventos, não leem livros nem conhecem
das práticas ali realizadas e dos debates com colegas, que Estado como produtor cultural era cada vez menos neces- os artistas locais? Então antes é necessário admitir que Definindo prioridades
comecei a refletir criticamente sobre o papel do Estado. sária. Porto Alegre demandava um espetáculo, um festival, pouco sabemos sobre elas. Considerada a grande variação nos percentuais de “não
Um dos primeiros objetos de discussão eram os critérios uma rádio web, um documentário ou uma exposição? Havia público” dos diversos tipos de atividades, cabe perguntar se
de curadoria para nossa programação. A missão era levar gente preparada e disposta a realizar, contanto que rece- Algo que sabemos é que elas são numerosas. Conforme os as políticas culturais deveriam priorizar o apoio às atividades
música ao público pagante de impostos, não havia dúvidas. besse apoio financeiro e espaços com as mínimas condi- dados desta pesquisa (que reforça os de outras), esse “não menos frequentadas (como concertos ou saraus), em detri-
Mas qual música? Quais gêneros, artistas, grupos? Em quais ções. Em segundo lugar, havia um fosso entre a qualidade público” — vamos chamar assim a parcela da população que mento das mais populares (como o cinema). Dito de outra
lugares, dias e horários? Cabia a nós, em nome do Estado, dos projetos viabilizados com recursos públicos e o seu nunca frequentou certos espaços ou atividades culturais — maneira: uma maior equidade na distribuição dos públicos
fazer essas escolhas, nem sempre fáceis, agradáveis ou consumo pelo público em geral, que os patrocinava com varia de 9% (cinema) a 66% (concertos de música clássica). entre as diferentes linguagens artísticas é um objetivo das
justas — ainda que legais. seus impostos. As exceções — projetos que alcançavam Quando lhes perguntamos os motivos para não frequenta- políticas culturais? Sabemos que o cinema, cujo público tem
grande visibilidade — apenas confirmavam a regra. rem esses lugares, algumas pessoas citam a falta de tempo aumentado nos últimos anos (com exceção de 2017), é a
Naquela época, a Secretaria Municipal da Cultura de Porto e dinheiro ou a distância até os espaços — justificativas única área com apoio de uma agência federal.4 Essa diferença
Alegre havia se tornado protagonista da produção cultural, O desafio da demanda previsíveis, mas que ainda assim constituem informação de tratamento justifica-se pelo interesse público, uma vez
e seu apoio a artistas locais provavelmente ajudou a ampliar Zakaras e Lowell, debruçando-se sobre o caso americano, útil para gestores interessados em ampliar os públicos da que o cinema atrai grandes plateias e é uma indústria com
e dinamizar o mercado de música, que até então não era constataram que, “apesar de décadas de esforços para cultura. Há, porém, uma resposta que desafia os gestores: a relevância econômica e geradora de empregos? Ou, ao
objeto de ações sistemáticas do Estado. Coincidentemente tornar acessíveis obras de arte de alta qualidade a todos [...], falta de gosto ou de interesse, declarada por cerca de 30% contrário, o Estado deveria reduzir sua participação no setor,
(ou não), na pesquisa feita pela JLeiva a capital gaúcha a demanda pelas artes não tem acompanhado a oferta”.1 dos que disseram não ir a museus, exposições ou shows. priorizando linguagens menos sustentáveis economica-
aparece entre as de menor parcela de pessoas que nunca A partir da leitura dessas autoras, passei a compreender e Como desenvolver, nessa parcela da população, a habilidade mente, já que os recursos públicos são limitados?
estiveram em espetáculos musicais (16%) e tem a segunda defender a necessidade de uma maior atenção à demanda e os conhecimentos necessários para lhe proporcionar “um
maior proporção dos que foram pelo menos uma vez a tais pelas artes, até então negligenciada. Se a produção atingiu encontro [com a obra de arte] rico o suficiente para que Mesmo sendo uma das artes mais populares do país, é no
espetáculos nos doze meses que antecederam a pesquisa um bom nível, às vezes excelente, não deveríamos focar retorne em busca de mais”?2 cinema que se encontra a maior diferença de hábitos entre
(52%). Não é possível provar que esses dados, mesmo em nossos esforços em promover seu encontro com o público as classes econômicas. O percentual de excluídos dessa
mínima proporção, sejam resultado daquelas políticas — o ausente dos eventos, o “não público”? Além de aumentar a procura pela programação cultural, atividade na classe D/E (24%) é doze vezes maior do que na
que desde logo ilustra como é enormemente difícil fazer uma estratégia inclusiva poderia reduzir a intolerância a classe A (2%). Cabe-nos perguntar, diante dessas evidên-
da política cultural uma “esfera transformadora” (e não Aonde pretendo chegar com essas reminiscências, e como certas obras artísticas. Em 2017, por exemplo, vimos uma cias, que espécie de políticas culturais, dignas desse nome,
meramente reprodutora) da ordem social, de acordo com a elas se relacionam com os dados da pesquisa aqui apresen- onda de protestos pelo país provocar o fechamento de uma seriam capazes de ignorá-las sem confessar sua completa
concepção de Miller e Yúdice, a qual adoto. tada? Precisamos nos perguntar com franqueza: pretende- exposição, sob frágeis alegações de desrespeito a símbolos falta de propósito.
mos mesmo “encontrar” esse público, essa gente de carne e religiosos e incentivo a práticas sexuais ilícitas. Ao analisar
Numa segunda etapa da minha carreira na Secretaria osso que, segundo “nós” — os que acreditamos nos poderes polêmica semelhante provocada em 1999 pela exposição 3
Partindo de um aparente paradoxo, a saber, que pessoas diferentes atribuem valores culturais
de Cultura, trabalhei com o Fundo Municipal de Apoio a transformadores ou civilizadores das artes — pode ser Sensation, do Museu do Brooklyn, em Nova York, Arthur distintos — positivos ou negativos — a um mesmo evento, Brooks analisou dados de uma enquete
telefônica realizada durante a exposição, que perguntou: a) se o museu tinha o direito de exibir a
Projetos Artístico-Culturais, o Fumproarte, que chegou mais feliz, alcançar momentos de epifania, ficar um pouco Brooks sugeriu que tais controvérsias, ainda que inevitáveis, mostra; b) se o governo podia proibi-la; e c) se o governo podia negar patrocínio ao museu por causa
a patrocinar mais de cinquenta iniciativas por ano. Não mais culta ou obter qualquer outro efeito alegado pelos poderiam ser amenizadas por meio de políticas direcionadas dessa exposição. As respostas evidenciaram que as reações mais favoráveis à exposição tinham
relação com certas características dos entrevistados, como o fato de ter visitado exposições ou
menos difíceis, as decisões ali tinham a vantagem de serem agentes do Estado para justificar seus investimentos na área à demanda que tornassem as artes plásticas em geral (e não museus
4
no último ano.
Segundo o informe de 2017 do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, a frequência
compartilhadas por uma comissão — formada majorita- aumentou de 112 milhões em 2009 para 184 milhões em 2016 (alta de 64%), e recuou a 181 milhões
em 2017. Os dados disponíveis, porém, não permitem avaliar se houve a inclusão de público que
riamente por representantes eleitos pela sociedade — que 1
Zakaras, L; Lowell, J. Cultivating demand for the arts: Arts learning, arts engagement, and State arts 2
Idem, ibidem. antes não ia ao cinema ou se pessoas que já costumavam ir aumentaram a frequência.
policy. Santa Monica, Rand Corp, 2008. p. xiii.
19
CULTURA É
PRIORIDADE
Mas as disparidades na distribuição do consumo cultural Mesmo nos primórdios da internet, além da informação 14
entre níveis de renda e escolaridade são preocupantes sobre quanto poderia gastar, praticamente só se encontra- PARA CULTURA
29
também para outras atividades. Apenas um em cada três vam sobre sua mesa os jornais locais, com a repercussão PRETENDE
DOAR
entrevistados (31%) visitou algum museu ou exposição nos da programação, e talvez alguns suplementos de cultura de
doze meses anteriores à pesquisa — e o mais chocante é jornais ou revistas do centro do país. Sabemos que ban-
observar que esse percentual é o dobro na classe A (62%) cos e órgãos culturais têm objetivos bem distintos, mas a 10 53 47
e cai a menos da metade (12%) na classe D/E. A diferença de comparação não é de todo descabida, já que informações
CULTURA NÃO É
PRIORIDADE NUNCA JÁ DOOU
DOOU 33
acesso entre pessoas com formação superior (57%) e com são ferramentas essenciais para a tomada de decisões em PARA
OUTRAS
apenas o ensino fundamental (17%) também é enorme. Os qualquer organização. ÁREAS
ções sobre os clientes e o mercado, que serviam para planejar THROSBY, David. The economics of Cultural Policy. Cambridge, Cambridge
University, 2010.
ações em busca dos resultados esperados — e cobrados — ZAKARAS, Laura; Lowell, Julia F. Cultivating demand for the arts: Arts
pelas instâncias superiores. learning, arts engagement, and State arts policy. Santa Monica CA, Rand
Corp, 2008. http://www.rand.org
Quais as diferenças
No caso dos cinemas, por exemplo, a oferta de salas parece O gráfico maior (de bolas) mostra o percentual de
ter peso importante. As três capitais com maior percentual moradores que foram às diversas atividades nos doze meses
de acesso (Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro) aparecem, anteriores à pesquisa, e a diferença entre esse número e o
no acesso à cultura
respectivamente, em primeiro, segundo e quarto lugares do total da amostra (em alguns casos, a diferença expressa
no ranking de salas por habitante, de acordo com dados da em pontos percentuais pode não bater com o resultado de
Ancine e do IBGE. Fortaleza e Belém, onde foram registrados uma subtração simples; isso acontece porque os dados de
os percentuais mais baixos de pessoas que foram ao cinema, acesso às atividades estão arredondados).
2
OUTROS EVENTOS CULTURAIS
FESTAS DE RUA/ARTESANATO
66
64
5
FESTA JUNINA/ARRAIAL
EVENTOS MUSICAIS 2
EVENTOS POPULARES/
FESTAS EM GERAL 2
FESTAS RELIGIOSAS
FOLCLÓRICOS 26
9
1.452.275 de habitantes
CARNAVAL
LIVROS
-4s 619 entrevistados
4pp de margem de erro
Belém
53
Festa junina é a preferida
Entre os moradores de Belém que
52
CARIMBÓ
BOI-BUMBÁ
MARUJADA
FESTAS E DANÇAS FOLCLÓRICAS (SEM ESPECIFICAR)
RODA DE CAPOEIRA
FESTA DO BOTO
BOI
BOI DE PARINTINS
FOLCLORE EM SOURE
FESTA LENDA DA IARA
FESTA DO SACI
CÍRIO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
SEMANA SANTA/ PAIXÃO DE CRISTO/ PÁSCOA
BRINQUEDO DE MIRITI
FESTA DE SÃO BENEDITO
FESTA DE CANDOMBLÉ
FESTIVAIS DE DANÇA
FESTIVAL DO LIVRO
FESTA DA APARELHAGEM
BREGA
XOTE
FORRÓ
FESTA DE RUA (SEM ESPECIFICAR)
FEIRA DE ARTESANATO
FEIRA DA BEIRA-MAR
FESTAS DO BAIRRO
FESTA DE ESCOLA
FESTA DA COMUNIDADE
FESTIVAL DO CAMARÃO
FESTA DO PEIXE
FESTIVAL DO AÇAÍ
FESTAS DO ÍNDIO
frequentam festas populares, 62%
costumam ir a eventos juninos ou
50
arraiais de São João — o do Pavulagem
CINEMA
foi o mais lembrado (7%). O carimbó
-10s FESTAS foi a dança popular mais mencionada
POPULARES (16%), seguida pelo boi-bumbá (7%).
46
JOGOS +10i
-5s
33
populares e blocos de carnaval nos -1s MUSEUS
+4i
doze meses anteriores à pesquisa.
Nº PORCENTAGEM
29 CARNAVAL
+7i
DE ACESSO TEATRO
-2s
�
76% já foram à
Estação das Docas
Museu
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ATIVIDADE
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VARIAÇÃO EM RELAÇÃO
À MÉDIA NACIONAL
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47
ACESSADAS NO ÚLTIMO ANO:
SÓ GRATUITOS 9 A 12 - MUITO ALTA
MAIS GRATUITOS DO QUE PAGOS 6 A 8 - ALTA
Espaço São José Liberto (inclui Museu Gemas do Pará, MAIS PAGOS DO QUE GRATUITOS 3 A 5 - MÉDIA
Estação das Docas Casa do Artesão, Memorial e Anfiteatro)
(inclui o Teatro Maria Sylvia Nunes) 96 76 31 62 SÓ PAGOS 0 A 2 - BAIXA
FESTAS DE RUA/ARTESANATO
56
63
FESTA JUNINA/ARRAIAL
FESTAS RELIGIOSAS 2
4
EVENTOS POPULARES/
3
3
EVENTOS MUSICAIS
62
FOLCLÓRICOS 45
FESTAS REGIONAIS
FESTAS EM GERAL
12CARNAVAL
LIVROS
-4s CINEMA
56
-2s
FESTIVAL DE PARINTINS
BOI-BUMBÁ
FESTAS E DANÇAS FOLCLÓRICAS (SEM ESPECIFICAR)
CIRANDA DE RODA
FESTIVAL FOLCLÓRICO DO CSU PARQUE DEZ (CSU)
FESTA DO BOI
FESTA DO CANGAÇO
MARACATU
BUMBA MEU BOI
FESTIVAL CIRANDA DE MANACAPURU
BOI DE MANAUS
FREVO
FESTIVAL FOLCLÓRICO MARQUESIANO
FESTIVAL FOLCLÓRICO DE SAIRÉ
FESTIVAL DO BOIZINHO BRILHANTE
RODA DE CAPOEIRA
SAIRÉ EM SANTARÉM
SHOWS
FESTIVAL DA CANÇÃO DE ITACOATIRA
FORRÓ
FESTIVAIS DE MÚSICA
FESTIVAL DE MÚSICA CLÁSSICA
FESTAS DE PEÃO BOIADEIRO
FESTAS TÍPICAS (SEM ESPECIFICAR)
FESTA DO BLOCO OS BOLEIROS
FESTIVAIS DE DANÇA
FESTIVAL DE ÓPERA DE CINEMA
VIRADA CULTURAL
SARAUS (SEM ESPECIFICAR)
CÍRIO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
FESTA DE RUA (SEM ESPECIFICAR)
FESTAS DO ÍNDIO
EWARE - FESTIVAL DE MÚSICA E CULTURA INDÍGENA
FESTA DO CUPUAÇU
FESTA DO PEIXE
+1i destacam-se as festas do boi, que,
2.130.264 de habitantes juntas, somam 17% (27% se for somado
Manaus
606 entrevistados o Festival de Parintins). Dessas, a mais
citada foi a do boi-bumbá (11%). O
4pp de margem de erro
carnaval também foi lembrado por
faixa expressiva dos moradores (12%).
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Teatro Amazonas é conhecido
por quase toda a população
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EVENTOS POPULARES/
63
2
FESTAS RELIGIOSAS
EVENTOS MUSICAIS
FESTAS EM GERAL
FOLCLÓRICOS 6
17CARNAVAL
LIVROS
-4s
Fortaleza
Nas festas religiosas, folia de reis é
mencionada com mais frequência (2%).
42 41 39
24% vão ao circo, maior taxa
entre as capitais
Junto com Brasília, capital do Ceará
é a que tem maior proporção de
moradores que foram a apresentações
SHOWS
-4s
FESTAS
POPULARES
-1s FEIRA DE
ARTESANATO
37 36
-1s BIBLIOTECAS
circenses nos doze meses que -2s DANÇA
antecederam a pesquisa. Nas outras +1i
atividades (com exceção de dança),
Fortaleza registra resultado inferior ao
da média das capitais. A frequência a
29
24
museus é a menor da amostra. TEATRO
23
-2s
2.627.482 de habitantes
613 entrevistados
22 CARNAVAL
CIRCO
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Theatro José de Alencar é
o mais conhecido, mas
não o mais visitado
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MAIS GRATUITOS DO QUE PAGOS
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21
DIVERSIDADE
DE ACESSO EM %
11
-3s
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37
SEGUNDO O Nº DE ATIVIDADES
ACESSADAS NO ÚLTIMO ANO:
37% vão a no máximo dois
tipos de atividades culturais
9 A 12 - MUITO ALTA
6 A 8 - ALTA
3 A 5 - MÉDIA
0 A 2 - BAIXA
15
SARAUS
-2s
CONCERTOS
-2s
10
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6
68
66
FESTAS DE NAÇÕES/PAÍSES
FESTA JUNINA/ARRAIAL
3
2
EVENTOS POPULARES/
64
FESTAS RELIGIOSAS
EVENTOS MUSICAIS
FOLCLÓRICOS 33
24
CARNAVAL
LIVROS
-2s FESTAS
POPULARES
58
+22i
1.091.868 habitantes
607 entrevistados Festas do boi atraem 30% dos moradores
4pp de margem de erro
CINEMA Eventos juninos são os mais acessados,
São Luís48
cia a festas como bumba meu boi (11%).
Cacuriá (10%) também foi bastante ci-
tado entre danças e eventos populares.
JOGOS
Capital é, disparada, -6s
a com mais acesso a
festas populares
Quase dois terços dos moradores
41 41 40
foram a esses festejos nos doze meses SHOWS BIBLIOTECAS
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Maioria dos moradores já foi
ao Memorial Maria Aragão
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Muse 74 SEGUNDO O Nº DE ATIVIDADES
83 ACESSADAS NO ÚLTIMO ANO:
42
SÓ GRATUITOS 9 A 12 - MUITO ALTA
MAIS GRATUITOS DO QUE PAGOS 6 A 8 - ALTA
CONHECE MAIS PAGOS DO QUE GRATUITOS 3 A 5 - MÉDIA
Centro de Cultura Popular
Teatro Arthur Azevedo 97 66 19 53 Domingos Vieira Filho (Casa da FÉsta) JÁ FOI SÓ PAGOS 0 A 2 - BAIXA
DATAS COMEMORATIVAS
FESTA JUNINA/ARRAIAL
FESTAS RELIGIOSAS 2
EVENTOS MUSICAIS 2
EVENTOS POPULARES/
56 55
FOLCLÓRICOS 12
47
CARNAVAL
52
LIVROS
-11s CINEMA
-9s
41
POPULARES citados, como nas outras cidades,
Recife
0= +4i foram os juninos, com maior destaque
para o arraial de São João (52%). Entre
as diversas festas folclóricas, as mais
MARACATU
COCO DE RODA
FREVO
FESTA CABOCLO DE LANÇA (NAZARÉ DA MATA)
FESTA DO CABOCLO
FESTA DA LAVADEIRA
RODA DE CAPOEIRA
VAQUEJADA
CAVALO MARINHO
FESTIVAL DE PARINTINS
FESTAS E DANÇAS FOLCLÓRICAS (SEM ESPECIFICAR)
NATAL
RÉVEILLON
ANIVERSÁRIO DA CIDADE
SEMANA SANTA/ PAIXÃO DE CRISTO/ PÁSCOA
FOLIA DE REIS
FESTA DO PADROEIRO (SEM ESPECIFICAR)
PROCISSÃO
DANÇA CLÁSSICA/ BALÉ (SEM ESPECIFICAR)
FESTIVAIS DE TEATRO
FESTIVAIS DE DANÇA
FORRÓ
FESTIVAIS DE MÚSICA
AFROXÉ
AXÉ
NOITE DOS TAMBORES SILENCIOSOS
CONSCIÊNCIA NEGRA
CTG - CENTRO DE TRADIÇÕES GAÚCHAS
FESTA DE CAMPINA GRANDE
FESTIVAIS DE INVERNO
FESTA EM SERRA NEGRA
FESTA DA COMUNIDADE
FESTA DA TERCEIRA IDADE
FENEARTE
FESTAS DO BAIRRO
FEIRA DE lembradas pelos entrevistados foram o
36
ARTESANATO maracatu (6%), o coco de roda e o frevo.
Blocos de carnaval +1i
mobilizam recifenses
Percentual de pessoas que disseram
BIBLIOTECAS
ir a blocos é quase o dobro da média
das capitais e nove pontos percentuais
acima da segunda cidade com maior
-3s
31
índice, o Rio (36%). Acesso a festas DANÇA
populares foi o quarto maior do país. Já
os índices de quem foi a cinemas, teatros
e museus ficaram abaixo da média. No 1.633.697 de habitantes
-3s
26 25
MUSEUS
caso da leitura e espetáculos de dança, 613 entrevistados -5s
20
TEATRO
a capital pernambucana apresentou os 4pp de margem de erro -6s
piores resultados da amostra..
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Maioria já foi ao Cinema São Luiz
e à Casa de Cultura
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Dependência de eventos
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FESTAS DE RUA/ARTESANATO
3
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DATAS COMEMORATIVAS
EVENTOS MUSICAIS 2
EVENTOS POPULARES/
72
FESTAS EM GERAL 2
FESTAS RELIGIOSAS
FOLCLÓRICOS 6
22CARNAVAL
LIVROS
+4i
55
FESTA DO BONFIM
FESTA DE IEMANJÁ
FESTA DE SÃO PEDRO
LAVAGEM
SEMANA SANTA/ PAIXÃO DE CRISTO/ PÁSCOA
FESTA DE SANTO ANTÔNIO
FESTA DE NOSSA SENHORA DA BOA MORTE
FESTA DE CANDOMBLÉ
FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO/FESTA DO ROSÁRIO
2 DE JULHO - INDEPENDÊNCIA DA BAHIA
NATAL
RÉVEILLON
7 DE SETEMBRO
ANIVERSÁRIO DA CIDADE
FESTAS E DANÇAS FOLCLÓRICAS (SEM ESPECIFICAR)
RODA DE CAPOEIRA
BUMBA MEU BOI
BOI DE JANEIRO
FESTA DO CABOCLO
FESTA DO SACI
FESTIVAIS DE DANÇA
VIRADA CULTURAL
FESTIVAL DO LIVRO
PELOURINHO
DANÇA AFRO
CONSCIÊNCIA NEGRA
RODA DE SAMBA OU PAGODE
SHOWS
APRESENTAÇÃO DE BANDA (SEM ESPECIFICAR)
FANFARRA
FESTA DE ESCOLA
FESTAS DO BAIRRO
FEIRA DE ARTESANATO
FEIRA DOS CAXIXIS
FESTAS NORDESTINAS (SEM ESPECIFICAR)
CINEMA mais citada entre aqueles que foram
-3s a festas populares. Entre as festas
religiosas, as do Bonfim (6%) e a de
Iemanjá tiveram mais citações. O 2
JOGOS de julho, que marca a independência
+1i 2.953.986 de habitantes da Bahia, foi a data comemorativa
Salvador
607 entrevistados mais lembrada pelos entrevistados.
25
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FEIRA DE -3s
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Teatro Castro Alves já foi visitado
pela maioria da população
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CONHECE MAIS PAGOS DO QUE GRATUITOS 3 A 5 - MÉDIA
Teatro Castro Alves
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2
79
DATAS COMEMORATIVAS
FESTA JUNINA/ARRAIAL
3
EVENTOS POPULARES/
68
FESTAS EM GERAL 2
FESTAS RELIGIOSAS
EVENTOS MUSICAIS
FESTAS REGIONAIS
FOLCLÓRICOS 6
6
CARNAVAL
62
LIVROS
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CINEMA
-2s 58 Brasilienses são os que mais vão a festas juninas
Eventos juninos foram mencionados
FOLIA DE REIS
FESTA DO DIVINO
FESTA DE NOSSA SENHORA DA ABADIA
FESTA DE CANDOMBLÉ
FESTA DE NOSSA SENHORA APARECIDA
FESTA DA PADROEIRA DE SÃO PAULO
POUSO DA FOLIA
ROMARIA PARA TRINDADE
FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO/FESTA DO ROSÁRIO
BUMBA MEU BOI
FESTAS E DANÇAS FOLCLÓRICAS (SEM ESPECIFICAR)
TAMBOR DE CRIOULA
CAVALGADA
SEU ESTRELO E O FUÁ DO TERREIRO
CAVALHADA
CIRANDA DE RODA
FESTA DO BOI
COCO DE RODA
EXPOTCHÊ
FESTAS DE PEÃO BOIADEIRO
SARAUS (SEM ESPECIFICAR)
FESTIVAIS DE TEATRO
RODA DE SAMBA OU PAGODE
SHOWS
FESTA DA COMUNIDADE
NATAL
DIA DOS NAMORADOS
RÉVEILLON
FEIRA HIPPIE
FEIRAS DE ANTIGUIDADES
FESTA DO MILHO
FESTAS DO ÍNDIO
por quase 80% dos que vão a festas
JOGOS
populares — a maior porcentagem da
+3i
Brasília
amostra. Ao mesmo tempo, a capital
48
federal registrou, junto com Curitiba, o
48
menor índice de pessoas que disseram
acompanhar o carnaval. Entre as
45
festas folclóricas, foram mencionados
DF tem maiores porcentagens SHOWS BIBLIOTECAS
o bumba meu boi e a cavalgada.
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41% da população já visitou
o Museu Nacional
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26 DIVERSIDADE
20
CARNAVAL
11
DE ACESSO EM %
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SEGUNDO O Nº DE ATIVIDADES
ACESSADAS NO ÚLTIMO ANO:
CIRCO
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3 A 5 - MÉDIA
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FESTAS DE NAÇÕES/PAÍSES
3
FESTA JUNINA/ARRAIAL
70
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EVENTOS POPULARES/
5
FESTAS RELIGIOSAS
EVENTOS MUSICAIS
FESTAS REGIONAIS
FOLCLÓRICOS 9
18
66
CARNAVAL
LIVROS
+3i
CINEMA
+2i Festa junina é mais lembrada
CONGADO
FESTAS E DANÇAS FOLCLÓRICAS (SEM ESPECIFICAR)
CARIMBÓ
BUMBA MEU BOI
FESTIVAL DE PARINTINS
FOLIA DE REIS
FESTA DO DIVINO
SEMANA SANTA/ PAIXÃO DE CRISTO/ PÁSCOA
FESTA DA SINHÁ DA CONCEIÇÃO DE NHÁ XICA
FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO/FESTA DO ROSÁRIO
QUEIMA DE JUDAS
UMBANDA
FESTAS DE PEÃO BOIADEIRO
FESTA GAÚCHA
CENTRO DE TRADIÇÕES NORDESTINAS/ CTN
ITALIANA
PORTUGUESA
FRANCESA
JAPONESA
ESPANHOLA
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CONCERTO NO PARQUE
VIRADA CULTURAL
7 DE SETEMBRO
RÉVEILLON
CORPUS CHRISTI
FESTIVAL DA JABUTICABA
FESTIVAL DO ORA-PRO-NÓBIS
FESTA DA CACHAÇA (PARATY)
FESTA DO CARNEIRO
FESTA DE RUA (SEM ESPECIFICAR)
FEIRA DO MINEIRINHO
FEIRA HIPPIE
CONSCIÊNCIA NEGRA
54
carnaval foi a segunda festa popular
54
mais citada pelos moradores de
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Palácio das Artes
e Pampulha são conhecidos
e visitados pela maioria
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DIVERSIDADE
DE ACESSO EM %
CARNAVAL
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SEGUNDO O Nº DE ATIVIDADES
ACESSADAS NO ÚLTIMO ANO:
18
CIRCO
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3 A 5 - MÉDIA
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CONCERTOS
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76
DATAS COMEMORATIVAS
69
FESTAS AGROPECUÁRIAS
10
FESTA JUNINA/ARRAIAL
EVENTOS MUSICAIS 2
68
EVENTOS POPULARES/
FESTAS EM GERAL 2
FESTAS RELIGIOSAS
FESTAS REGIONAIS
FOLCLÓRICOS 5
21
CARNAVAL
LIVROS
+1i CINEMA
+4i Museus e cinema se destacam
Percentual de quem foi a essas
Rio de Janeiro
atividades em doze meses é de seis e Carnaval perde para festa junina
quatro pontos percentuais acima da Apesar de os desfiles de escola de samba
média, respectivamente. Shows de
54 música e teatro também tiveram bons imagem do Rio, as festas juninas foram
mais lembradas pela população. Os
resultados. Para essas quatro atividades
eventos regionais, com destaque para a
o Rio registrou o terceiro melhor Feira de São Cristóvão (7%), os eventos
JOGOS percentual entre as doze capitais. folclóricos e os religiosos também fo-
0=
49 ram mencionados pelos entrevistados.
44
SHOWS
+3i
FESTAS
POPULARES
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MAIS GRATUITOS DO QUE PAGOS
MAIS PAGOS DO QUE GRATUITOS
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DIVERSIDADE
DE ACESSO EM %
33
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SEGUNDO O Nº DE ATIVIDADES
ACESSADAS NO ÚLTIMO ANO:
9 A 12 - MUITO ALTA
6 A 8 - ALTA
3 A 5 - MÉDIA
0 A 2 - BAIXA
18 CIRCO
-1s
Menos da metade da
população foi a pelo menos
seis atividades culturais
diferentes no último ano
16
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CONCERTOS
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OUTROS EVENTOS CULTURAIS
8
FESTAS DE RUA/ARTESANATO
DATAS COMEMORATIVAS 2
74
FESTAS DE NAÇÕES/PAÍSES
69
FESTA JUNINA/ARRAIAL
EVENTOS POPULARES/
3
FESTAS RELIGIOSAS
FESTAS REGIONAIS
67
FESTAS EM GERAL
FOLCLÓRICOS 5
14
CARNAVAL
LIVROS
+1i
CINEMA
+3i
ITALIANA
FESTA DAS NAÇÕES
JAPONESA
BROOKLINFEST
FESTA DOS IMIGRANTES/ FESTA DE VÁRIAS CULTURAS
PORTUGUESA
ASIÁTICA / ORIENTAL (SEM ESPECIFICAR)
ANO-NOVO CHINÊS
FESTA ALEMÃ
FESTA DE NOSSA SENHORA DE ACHIROPITA
FOLIA DE REIS
FESTA DE SAN GENARO
FESTA DO DIVINO
FESTA DE SÃO VITO
FESTAS E DANÇAS FOLCLÓRICAS (SEM ESPECIFICAR)
BUMBA MEU BOI
FESTA DO BOI
MARACATU
FESTIVAL DE PARINTINS
FESTAS DE PEÃO BOIADEIRO
FESTAS NORDESTINAS (SEM ESPECIFICAR)
CENTRO DE TRADIÇÕES NORDESTINAS/ CTN
FESTA GAÚCHA
VIRADA CULTURAL
HALLOWEEN
PARADAS GAYS
FESTA DE ESCOLA
BAILES
NATAL
RÉVEILLON
FESTAS DO BAIRRO
FESTA DE RUA (SEM ESPECIFICAR)
RODA DE SAMBA OU PAGODE
EVENTOS GASTRONÔMICOS
FESTAS DO ÍNDIO
JOGOS outras capitais, com o carnaval vindo
+2i a seguir entre as festas populares mais
frequentadas. As festas de nações e
as religiosas aparecem na sequência,
São Paulo
nos dois casos com destaque para
12.106.920 de habitantes eventos ligados à forte presença
3.004 entrevistados da imigração italiana na cidade.
40
0=
Maior cidade do país é a segunda em
acesso a peças de teatro e a quarta
em cinema. Apesar do crescimento
nos últimos anos, o percentual de
FESTAS
POPULARES
39 39
FEIRA DE
34
-2s BIBLIOTECAS
quem foi a blocos de carnaval ainda ARTESANATO
0=
32 32
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é bastante inferior à média das
demais capitais.
Municipal e Masp
já foram visitados por
40% dos moradores
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JÁ FOI
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75
28
EVENTO PAGO
47
MUSEUS
OU GRATUITO?
+1i
21
SÓ GRATUITOS
MAIS GRATUITOS DO QUE PAGOS
MAIS PAGOS DO QUE GRATUITOS
SÓ PAGOS
TEATRO
+3i
35
23
20
CARNAVAL
12
-5s
DIVERSIDADE
DE ACESSO EM %
34
31
SEGUNDO O Nº DE ATIVIDADES
ACESSADAS NO ÚLTIMO ANO:
18
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6 A 8 - ALTA
3 A 5 - MÉDIA
0 A 2 - BAIXA
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CONCERTOS
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12
189
10
4
5
68
FESTAS DE NAÇÕES/PAÍSES
68
DATAS COMEMORATIVAS
FESTAS AGROPECUÁRIAS
7
FESTA JUNINA/ARRAIAL
5
EVENTOS POPULARES/
67
FESTAS RELIGIOSAS
FESTAS REGIONAIS
FOLCLÓRICOS 6
6 CARNAVAL
CINEMA
LIVROS +4i
-1s
POLONESA
ITALIANA
JAPONESA
FESTIVAIS ÉTNICOS (SEM ESPECIFICAR)
FESTA DOS IMIGRANTES/ FESTA DE VÁRIAS CULTURAS
OKTOBERFEST
MATSUDA
BOLIVIANA
UCRANIANA
HOLANDESA
FESTA DO DIVINO
FOLIA DE REIS
FESTA DE SÃO PEDRO
CÍRIO DE NOSSA SENHORA DE NAZARÉ
FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROCIO
FESTAS E DANÇAS FOLCLÓRICAS (SEM ESPECIFICAR)
MARACATU
FESTA DA TAINHA
FESTA DO VINHO
FESTA DA UVA
FESTA DO PINHÃO
CAMINHO DO VINHO
FESTA DO CARANGUEJO
FESTA GAÚCHA
SEMANA FARROUPILHA
CTG - CENTRO DE TRADIÇÕES GAÚCHAS
FESTAS DE PEÃO BOIADEIRO
ANIVERSÁRIO DA CIDADE
7 DE SETEMBRO
CORPUS CHRISTI
NATAL
RÉVEILLON
DIA DAS CRIANÇAS
FORRÓ
FESTA DE ZUMBI
em todas as capitais, os eventos que
celebram a chegada de poloneses, italia-
nos, japoneses, alemães, ucranianos, bo-
JOGOS
Curitiba 46
-1s livianos e holandeses foram os de maior
destaque. A seguir vieram as festas reli-
giosas. O carnaval, segunda festa popu-
41
lar mais mencionada nas doze capitais,
FEIRA DE teve em Curitiba o seu pior resultado.
ARTESANATO
Junto com BH,
curitibanos são os que 38 36
+6i
BIBLIOTECAS 38
34
mais vão a museus +3i
Percentual de quem foi a cinema SHOWS MUSEUS
30
-8s FESTAS +7i
nos últimos doze meses também POPULARES
se destaca: é o segundo maior -6s DANÇA
0=
da amostra. Índice de acesso a
feiras de artesanato também é TEATRO
-1s
alto. A capital paranaense teve
os piores resultados da amostra
para festas populares, saraus e
21
blocos de carnaval. CIRCO
1.908.359 de habitantes +2i
13
� 60% da população
já foi ao Teatro Guaíra
602 entrevistados
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17
CONHECE MAIS PAGOS DO QUE GRATUITOS 3 A 5 - MÉDIA
Teatro Guaira (inclui Guairão, Guairinha, Mini Guaira) 98 60 7 30 Capela Santa Maria Espaço Cultural JÁ FOI SÓ PAGOS 0 A 2 - BAIXA
FESTAS DE NAÇÕES/PAÍSES
69 70
DATAS COMEMORATIVAS
FESTAS AGROPECUÁRIAS
28
FESTA JUNINA/ARRAIAL
2
EVENTOS MUSICAIS
FESTAS REGIONAIS
12
Acesso à cultura fica acima
CARNAVAL
LIVROS CINEMA da média das capitais
+1i +6i
Percentual de quem foi a dez atividades
culturais supera a média registrada nas
doze cidades. A cidade gaúcha tem os Festa gaúcha atrai moradores
melhores índices de acesso a cinema Depois das festas juninas, a Semana
Porto Alegre
(70%) e a saraus (21%) em doze meses.
SEMANA FARROUPILHA
FESTA GAÚCHA
CTG - CENTRO DE TRADIÇÕES GAÚCHAS
PIQUETE
RODA DE VIOLA CAIPIRA
FESTAS DE PEÃO BOIADEIRO
FESTAS REGIONAIS (SEM ESPECIFICAR)
HARMONIA
EXPOINTER
FENADOCE
FESTA DA UVA
ANIVERSÁRIO DA CIDADE
7 DE SETEMBRO
NATAL LUZ
NATAL
DIA DAS CRIANÇAS
RODA DE SAMBA OU PAGODE
FESTIVAIS DE MÚSICA
FESTIVAIS DE DANÇA
FESTIVAL DO LIVRO
SARAUS (SEM ESPECIFICAR)
GALPÃO CRIOULO
FESTA ALEMÃ
TURCA
GREGA
OKTOBERFEST
ITALIANA
FESTA DO PADROEIRO DE SANTO ANTÔNIO
FESTA DE SÃO PEDRO
FESTIVAL DE PARINTINS
VAQUEJADA
CONSCIÊNCIA NEGRA
Farroupilha (25%) foi a festa popular
Os resultados para jogos eletrônicos e mais citada pelos moradores de Porto
Alegre. As celebrações juninas, as mais
circo são os mais baixos da pesquisa.
lembradas em todas as capitais (média
SHOWS
48
46 +6i
FEIRA DE
ARTESANATO
41
+8i
JOGOS
39
-9s
BIBLIOTECAS
35
+3i
35
FESTAS
POPULARES
-3s
DANÇA
+1i
MUSEUS
+3i
32
TEATRO
1.484.941 de habitantes +1i
621 entrevistados
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Dependência de eventos
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à das capitais do Sudeste
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MAIS GRATUITOS DO QUE PAGOS 6 A 8 - ALTA
MAIS PAGOS DO QUE GRATUITOS 3 A 5 - MÉDIA
Centro Cultural MARGS - Museu de Arte do
Usina do Gasômetro ou Usina 97 88 32 61 Rio Grande do Sul Ado Malagoli SÓ PAGOS 0 A 2 - BAIXA
Editores
João Leiva e Ricardo Meirelles
Revisão
Carolina Chagas, Thalita Ramalho
e Gisele Lobato
Pesquisa de campo
Instituto Datafolha
Pesquisa e produção
JLeiva Cultura & Esporte: Felipe Mitsuo,
Carina Shimizu, Caio Pereira,
Camilla Martin e Thais Yamaga
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