Você está na página 1de 8

Eletrólise

Uma das experiências mais interessantes apresentadas em trabalhos


escolares, e que também serve para ilustrar a ação da eletricidade nas
reações químicas, é a eletrólise. Nas versões tradicionais são usadas pilhas
como fontes de energia, porém estas apresentam o terrível defeito de se es-
gotarem rapidamente, e no preço que estão ... Para eliminar este proble-
ma e fazer uma eletrólise numa versão mais moderna, apresentamos uma
fonte de baixa tensão com limitação de corrente.

A eletrólise nada mais é do que a drogênio da água ex iste um método


decomposição da água em seus ele- que faz uso da corrente elétrica e é
mentos formadores, ou seja, o hi- denominado " e letrólise".
drogênio e o oxigênio. Na eletrólise da água ocorre uma
Conforme sabemos da química, reação de decompo sição que pode
a fórmula H 2 0 indica que a água é ser escrita como:
formada por duas partes de hidro-
gênio e uma parte de oxigênio, ou
2H , O - -- 2H , + O,
seja, estes gases entram na propor- Na prática, é muito simples fazer
ção de 2 para 1 . a eletró lise da águ a, confo rme mo s-
Para " extrair" o ox igênio e o hj.. t ra a f ig ura 1.

0, ' H,

P IL HAS

f igu ra 1
la
Numa cu ba de vidro (qua lquer positivo. No fio negativo as bolhas
recipiente serve) co locamos água, são de hidrogênio e no fio positivo
de preferência pura, isto é ,destila- as bolhas são de oxigênio.
da, já que a água de torneira ou de
poço contém muitos sais minerais
dissolvidos que prejudicariam a GÁS
experiência.
Como a água pura é isolante da ."
eletricidade, temos de dissolver algo ..
que a torne condu tora , mas que não •
entre na reação, atrapalhando-a. o 80 LHAS
Este algo é o ácido su lfúrico
I H, 50 4 ) que pode perfeitamente
.

PONTA 00 ''0
DESCASCA OA
ser usado na proporção de 1: 20, ou
seja, uma parte de ácido para cada
20 de ág ua que for empregada . I-I

Depois, nesta cuba são colocados figura 2


dois fios elétricos desencapados
com suas pontas voltadas para cima, A quantidade de gás que se des-
nas q ua is prendemos do is tubos de prende é função da intensidade da
ensaio (tubos de laboratório, que corrente e pode perfeitamente ser
podem ser adquiridos em farmácias) prevista através de fórmulas.
invertido s e cheios de água inicial- Assim, pelas leis de Faraday,
mente. temos que uma carga elétrica de
Ligamos nos fios uma fonte de 96500 Coulombs libera um equi·
energia elétrica contínua qualquer, valente químico de determinada
como por exemplo alg umas pilhas. substância, onde este equivalente
A corrente começará a circu lar pe- qUlmico é definido como peso atô-
los fios e pela solução (água + áci- nico de um elemento dividido por
do) tendo então inIcio a reação. sua valência.
O leitor verá então que das pon- Para o caso do hidrogênio, pode-
tas dos fios se desprendem minús- mos raciocinar do seguinte modo:
culas bolhas de gás que sobem e fi- Um Coulomb representa a carga
cam retidas dentro dos tubos, con- transportada por uma corrente de 1
forme mostra a figura 2. ampere em cada segundo. Como a
O hidrogênio tem uma " tendên- massa atômica deste elemento é 1 e
cia" positiva, enquanto o oxigênio sua valência também, temos que,
tem uma "tendência" negativa, o em cada segundo, a corrente de
que quer dizer que enquanto o pri- 1 ampere liberará uma massa de:
meiro é atraído para o pólo negati- m = 1/96500
vo o outro é atraído para o pó lo m = 1,036 x 10 - 5 g
19
. Ou, se quisermos saber, por ho- como um meio de forçar esta cor-
ra, basta multiplica r por 3600: rente, em função das dimensões dos
m = O,037g eletrodos usados, trabalhando·se em
Mas, vamos ao que interessa: o geral com tensões baixas.
nosso aparelho. No nosso caso, a tensão poderá

UMA FONTE PARA


ser variada entre O e 12V, aproxi -
madam ente, e em oondições nor-
i
ELETROUSES mais a corrente chegará até 1A, o
que é bem mais do que o obtido de •
Conforme o leitor deve ter per- pilhas comuns.
cebido, o impor1ante numa eletró- Na figura 3 temos a estrutura de
lise é a intensidade da oorrente. nossa fonte .
Sendo assim, a tensão atua apenas

TRANSFORMADOR RETlFICACÃO FILTRAGEM CONTROLE SAioA

figura 3

Começamos pelo transformador espécie de "torneira", deixando


que abaixa a tensão da rede para os passar apenas a corrente que é ajus-
12V sob corrente de até 1 A, isolan- tada pelo potenciômetro. Em vista
do também a cuba onde é rea lizada desta ação, este componente tende
a experiência, com muito mais se- a se aquecer, devendo por isso ser
gurança para o experimentador. montado num radiador de metal.
Como a eletró lise deve ser f/C lta Na saída temos um limitador de
com corrente contínua, devemos re- corrente que consiste num resistor
tificá-Ia, o que é conseguido com a e também um instrumento que
ajuda de dois diodos. permite avaliar com boa precisão
Após o diodo temos, em primei- qual é a corrente que está passando
ro lugar, uma pequena filtragem , pela cuba.
feita por um capacitor eletrolítico, O instrumento é do tipo de bo-
e depois uma etapa de contro le que bina móve l usado em aparelhos de
utiliza um transistor de potência e som como VU-meter, sendo por
um potênciômetro comum . E: neste isso de baixo custo e fácil obtenção.
potenciômetro que ajustaremos a Os leitores que não sejam propri-
corrente para cada experiência. amente ligados à eletrônica e os
O transistor funciona como uma menos exper ientes não terão difi-
20
cu ldades em montar esta fonte de figura 4, pode ser usada para alOjar
eletrólise, po is daremos todas as ex- todos os compo nentes.
plicações pormenorizada mente. Esta caixa poderá ser d e metal ,
plástico ou mesmo de madeira .
A MONTAGEM O circuito completo da fonte
para eletrólise é mostrado na fi -
Uma caixa, conforme mostra a gura 5.

l Scm

~
lOcm

figura 4

0' 0'
lN4002 TIl=' 31

51
R'
>oW
>00

1 10VI 02
220V lN4002

P>
Cl 11(
lOOO"F

figura 5
21
22
Usaremos co mo "chassi", para Este comp':mente é ligado Com três
\I
soldar os compo nentes menores, pedaços de fios, cujo comprimento
uma ponte de ter minais que será fi- deve ser verif icado d e acordo com a
xada na própria ca ixa (se não for de sua posição na caixa. Cuidado para
metal) ou numa base de madeira, não inverter a ord em de ligação des·
tudo conforme mostra a figura 6. tes fios.
Nesta figura temos então a ma- f ) O segundo componente ex -
neira exata como devem ser solda- t er no que ligamo s é o instrumento
dos todos os co mponentes. Sugeri- M1 , para O qual usamos dois peda-
mos que os le itores sigam a sequên- ços de fio flex íve l. Este compo-
cia abaixo para não cometerem nente já poderá estar fixado na
nenhum erro . caixa. A polaridade da ligação deve
a) Solde em primei ro lugar o ser seguida. Se no instrumento que
transistor na ponte de terminais, for usado não houver marcação de
tendo o cuidado de fixar ante s o polaridade, inicialmente faça qual-
seu radiador de calor que consiste qu er ligação, depois, no teste, se
numa chapinha de metal dobrada. houver deflexão ao contrário, é só
Se puder, ajude a fixação do tran- inverter os fios.
sistor com a colocação adicional g) Na ligação do transformador
de um parafuso no dissipador de devemos apenas tomar cuidado para
calor que o prenda à base. não trocar os enrolamentos. Os fios
b) Os próximos componentes a vermelho, marrom e preto corres-
serem soldados são os diodos, pondem ao primário que va i a Sl e
01 e 02. Devemos observar bem ao cabo de a limentação. Se sua rede
sua posição, segu indo a posição das for de 110V use os fios marrom e
faixas nos desenhos, pois se houver preto, e ser for de 220V use os fios
inversão eles poderão queimar. preto e vermel ho . O secundário
c) Para so ldar Cl, que é o capa- t em a tomada central de cor dife-
citar eletrolítico, devemos também rente dos extremos.
observa r a sua polaridade, ou seja, a h) A ligação do cabo de alimen-
posição do sinal (+) o u (- ) que tação e interruptor geral Sl é sim-
vier marcado em seu invólucro. ples, não havendo nenhuma obser-
d) Para soldar os resi stores R 1 e vação especial a ser feita. Apenas dê
R 2 é só preciso observar as cores um nó no fio no ponto de entrada
das faixas que indicam seus valores. na caixa para evitar que um puxão
Para R3, que é de fio , não é preciso, mais forte cause seu rompimento.
pois a marcação é direta . i) Complete a montagem com a
e) O leitor poderá ago ra fazer as ligação dos bornes positivo e nega-
ligações dos componentes externos, tivo de saída. Será conveniente usar
começando pela potenciômetro que um borne vermelho para o pólo
controla a corrente de eletr6lise. positivo e um preto para o negativo.
23
CHEIOS DE ÁGUA

2cm DE FI O "'" TUBO OE


~ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _, DE SCASCA DO " ' NSA'O
/

'/ ÂGUA+
ÂCIOO

figura 7

Se o potenciômetro atuar ao oxigênio do ar formando novamen-


contrário, inverta seus fios ext re- te água.
mos. Se o ponteiro atuar ao contrá- Se o leitor aproximar um fósforo
rio, inverta os fios do medidor. com a ponta em brasa do tudo de
Se o trans istor se aquecer em oxigênio , a chama se reativará, pois
excesso, verifique novame nte a sUa o oxigênio é comburente.
montagem . Experiências de galvanoplastia
também poderão ser feitas com esta
A E LETROLlSE fonte,
Terminada a montagem, será fá -
Na figura 7 mostramos a maneira c il fazer um teste de funcionamen ·
de se usar O aparelho numa eletró- to, mesmo sem material para a ele·
lise simples. Na introdução demos trólise.
os elementos para que o leitor a
realize. TESTE
Observamos que o hidrogênio
produzido é um gás explosivo . Se, Ligue o cabo de alimentação à to -
depois de recolher uma pequena mada , depois de conferir toda a
quantidade deste no tubo de ensaio, montagem.
o leitor aproximar um fósforo aceso Acione S 1 e observe se nenhum
vai ouvir um "pac" que representa componente se aquece. Esta:ldo tu -
uma pequena explosão. Nesta ex- do em ordem, ligue nos bornes de
plosão ocorre a combustão do h i- saída (+ ) e (-) um resistor de 100
drogênio que se combina com o ohms x 5W de fio, ou então uma
24
lâmpada de 12V x 500 mA ou me- deve reg istrar este fato, e se for
no s co rr ente. usado resistor na sa íd a, seu aqu ec i-
Girando o potenciômetro Pl no mento será notado. No caso da lâm-
sentido de aumentar a corrente de pada notaremos um aumento de sua
saída , o po nt eiro do instrumento lum inosidade.

LISTA DE MATERIAL
Q1 - transisto r TIP31 ou equiva lente, com dissipador de calor
01 , 02 - 1 N4002 ou BY127 - diodos de silício
Cl - 1 OOOI'F x 16Vou mais - capacitar eletro lítico
Pl - 1 k - potenciômetro simples
Ml - VU-meter de 200l'A
R 1 - 330 ohms x 1/2W - resistor (laranja, laranja, marrom)
R2 - 47k x 1 /8W - resisto r (amarelo, violeta, laranja)
R3 - 10 o hms x 10W - resistor de fio
Tl - transformad or com primário de acordo com a rede loca l e secundário
de 12 + 12V x 1 A.
S1 - interruptor simples
Diversos: ponte de terminais, base de montagem, caixa para montagem,
bornes isolado s, botão para o potenciômetro , fio s, cabo de alimentação ,
solda, etc.

,
"

25

Você também pode gostar