Você está na página 1de 9

A CENTRAL DA CONTRAVERDADE

A história autêntica das civilizações é proibida. Conspirações poderosas velam para que seja
estritamente observada uma versão alterada, a única que é permitido exprimir.
Homens que se creem emancipados de qualquer preconceito, por serem livres-pensadores,
anarquistas ou franco-mações, estão na realidade profundamente enfeudados a psicoses, ou subme-
tidos a um poder ditatorial que condiciona as suas atividades e comportamento.
A nossa história social e religiosa é deturpada desde há milênios… desde que os Egípcios, es-
quecendo ou querendo esquecer as verdades transmitidas pelos antepassados, se outorgaram o título
de iniciadores primeiros e de primeiros homens do nosso planeta.
Os Gregos, por sua vez, esqueceram-se de citar as suas fontes, de prestar homenagens aos an-
tepassados celtas e egípcios, e fizeram da sua pátria o berço da humanidade.
Depois vieram os Hebreus. Foi o golpe de misericórdia.
A empresa só podia ter êxito se fosse mantida pela força de dogmas imperativos de caráter re-
ligioso. Assim foram lançados e impostos novos mitos e religiões cuja função foi a de hipnotizar as
massas e desviá-las das verdades originais.
Dois mil milhões de seres humanos, nos nossos dias, têm uma formação intelectual e psíquica
moldada nos arquétipos bíblicos. Podem ter livre arbítrio sobre uma grande quantidade de assuntos,
como, por exemplo, ciência, comércio, indústria; mas recusam-se a tomar atitudes racionais sempre
que se trata de gênese, pré-história, história e religião.
Para permitir a libertação e o despertar desses espíritos hipnotizados é necessário encontrar e
apresentar provas:
1. Da existência de conjuras de contraverdade;
2. Que a história ensinada é ao contrário da realidade dos fatos.
É o que vamos tentar fazer.

As palavras que é proibido pronunciar

A palavra «anjo» é de tal modo perigosa 1 que os rabis a baniram do rito e os cristãos, no Con-
cílio de Laodiceia, em 366, proibiram que «se designassem os anjos pelo seu nome»!
Desde há 2000 anos, um outro nome aterroriza os historiadores encarregados de ressuscitar a
história fenícia e assírio-babilônica, o nome do planeta mais brilhante do céu: Vênus.
Os redatores da Bíblia e os exegetas evitam, igualmente perturbados, escrever ou deixar su-
bentender o nome execrado!
Por quê? Porque essa palavra, intimamente ligada à palavra «anjos», é a chave da gênese dos

1 Ler a este respeito a obra do mesmo autor O Livro dos Segredos Traídos (Le Livre des Secrets Trahis na edição original), que bre-
vemente será incluída nesta coleção. A importância deste livro na bibliografia de Robert Charroux pode aquilatar-se pelo número de referên-
cias que aqui lhe são feitas. (N. do E.)
homens, da verdadeira gênese, aquela que precisamente a conjura tem a missão de fazer esquecer.
Em resumo, há 5000 anos, os deuses da humanidade eram estrangeiros vindos do espaço.
Eram mortais e foram eles os civilizadores dos nossos antepassados, como provaremos neste livro.
Esta revelação, evidentemente, opõe-se à História tal como querem fazer no-la crer.
A designação de Vênus como pátria original dos deuses explica-se facilmente pelo fato de que
há 5000 anos este planeta de brilho particular veio intercalar-se no nosso sistema solar entre a Terra
e Mercúrio. Antes, ele não existia no nosso universo visível.
A história da Ásia Menor é dirigida por Vênus, ao qual se identificam os deuses principais:
Baal, Astarte, Istar, Marduc, Bel, Achur…
As civilizações das três Américas — Planície do Norte, Peru, México-Iucatão — estão sob o
mesmo signo, tendo como deuses respectivos a Estrela da Manhã ou «Grande Estrela», Orejona, Vi-
racocha, Quetzalcoatl e Kukulkan.
Podemos, portanto, dizer que todas as civilizações do globo posteriores ao ano 3000 antes da
nossa era são tipicamente venusianas, com iniciadores ou homens deificados, que passavam, com
verdade ou não, por serem originários de Vênus e terem vindo numa máquina voadora.
Inculcou-se o princípio do mito solar a uma humanidade hipnotizada para que ela não pudesse
imaginar que os «anjos» eram homens, o que afastava a ideia da viagem sideral e das civilizações
desaparecidas, verdades que iriam destruir a extravagante lenda construída pelas conjuras egípcias,
gregas, hebraicas e cristãs, desejosas de provar a sua anterioridade sobre os outros povos.
Nos nossos dias, a psicose subsiste: os livros escolares, as mitologias gerais e os dicionários
escondem a verdade e só apresentam a versão clássica e obrigatória.

Nós vivemos na Ásia

É curioso estudar como o continente Europa tomou este nome, em contradição com os dados
etimológicos mais naturais.
Esta palavra deriva do hebreu oreb ou ereb = noite, crepúsculo, ou do grego europê = lugar
sombrio.
Portanto, seria adequado para os países do Oriente, mas falso para a América, que nos situa
em pleno sol-nascente.
Moisés chamava à Europa «a Ilha das Nações», e os escritores sagrados chamavam-lhe Jape-
tia. A palavra é empregada pela primeira vez num hino homérico dedicado a Apolo, onde se opõe a
Europa do crepúsculo às ilhas gregas e ao Peloponeso.
Seja como for, a etimologia da palavra «Ásia» interessa-nos muito mais porque está na linha
das nossas tradições mais antigas.
Ásia viria do fenício asir, que significa: central, derivado do escandinavo ase = deus.
Esta raiz é a mais segura, porque os Fenícios descendiam dos Pelasgos, «antepassados vindos
dos mares do norte», cujos deuses eram chamados Ases.
Isto é de tal forma provável que os povos fenícios, frígios e assírio-babilônicos davam aos
seus deuses e deusas nomes onde se encontrava a raiz celto-escandinava: Astarte, Astaroth, Asmo-
deu, Ascherá.
Quando falam de Osíris, os Egípcios dizem foneticamente o deus Asar!
O que é também o nome (Asari) do grande deus dos Babilônios: Marduc.
Será bom lembrarmo-nos também que no Livro de Enoch o anjo-cosmonauta que iniciou os
homens tinha por nome Azazel.
O que seria justo era que a Europa, da Gália ao Cáucaso, fosse chamada Ásia.
Segundo Estrabão e Ptolomeu, o povo dos Ases habitava junto do Cáucaso, na região do mar
de Azov e de Astracã, primeira pátria da raça branca quando desceu do planalto do Irão depois do
Dilúvio.
Os povos dos Ases não têm nada a ver com a raça amarela.
Nos velhos poemas escandinavos e na mitologia do Ocidente a terra sagrada onde habitam os
deuses é Asgard ou Asaland.

Os antigos deuses dos Franceses

Desde os seus inícios, a História partiu portanto de bases falsas, visto que o branco se tornou
amarelo, o bom foi substituído pelo mau e vice-versa.
Por razões religiosas muito louváveis, dada a natureza dos tempos, os Hebreus, desejosos de
impor o deus único, tiveram de satanizar os deuses ancestrais.
Ora, uma vez que a raça branca tinha feito surgir a sua civilização mais antiga entre os Celtas,
os deuses dos nossos antepassados foram particularmente visados.
Esses deuses ou Ases eram Cernuno, Eso, Teutates, Tor, mas na época em que ia exercer-se a
segregação o inimigo mais temido era o Baal dos Fenícios, ao mesmo tempo deus do planeta Vênus
e senhor do Norte, visto que este nome lhe tinha sido dado em homenagem aos deuses celtas Bel,
Belin, Belenus e Belinus, sem esquecer a deusa Belísama, «semelhante à chama»2.
O segundo adversário era, evidentemente, Astarte (o próprio planeta Vênus), assim chamada
em homenagem aos Ases, muito provavelmente vindos do céu, porque foram também raiz da pala-
vra «astro»: aster, astrum = estrela, quer dizer, Vênus.
Na Antiguidade, o astro não era estrela nem qualquer outra coisa, mas simplesmente Vênus.

Os antigos deuses dos Hebreus

Nesse tempo, os Hebreus, que Moisés queria converter, adoravam portanto Baal e Belenus,
deuses dos seus antepassados arianos.
De resto, é do que se lamenta Oseias no Antigo Testamento: o Senhor acusa as esposas dos
Hebreus de serem adúlteras.
«Levantai-vos contra a vossa mãe», diz ele, «que as suas fornicações não voltem a transpare-
cer no seu rosto, nem os seus adultérios entre os seus seios…» (Oseias, II-2.)
«Vingar-me-ei dela pelos dias que consagrou a Baal… nesse dia, ela chamar-me-á esposo e
não me chamará já Baali…» (11-16.)
Falando dos homens, o Senhor acrescenta:
«Eles sacrificam no alto das montanhas… assim como3 sob os carvalhos, sob os plátanos e
sob os pinheiros…» (Oseias, IV-13.)
Sacrificar sob os carvalhos… eis uma alusão clara à fogueira celta, druídica, tal como a ex-
pressão deve ser interpretada.
Por isso se torna fácil compreender por que razão os nossos demônios, os nossos diabos, têm
nomes que começam por As, Az Bal ou Bel.
É o caso de Azazel, demônio misterioso que os Hebreus transformaram em bode expiatório,
Astarte, Astaroth, ávidos de sacrifícios humanos, Asima, semelhante ao burro ou ao bode… e Baal,
identificado a Moloch, devorador de crianças, Belial, demônio da pederastia, Belfegor, deus fálico,
Belzebu, príncipe dos demônios, Baaltis, demônio dos amores licenciosos e deusa da prostituição.
Como poderemos agora fazer crer que todos estes deuses vilipendiados foram vítimas inocen-
tes? Como poderemos reformar a História?

2 Belísama, semelhante à chama, é o planeta Vênus «de crina de fogo», como diziam os Antigos, que o viram vir sob forma de come-
ta. Belísama, deusa celta, é, portanto, muito mais recente que Belinus, Eso ou Teutates, o deus único.
3 Estas palavras estão sublinhadas na Bíblia.
Os Hebreus são arianos puros

Não é um paradoxo: os Hebreus são arianos puros, quer dizer, brancos provindos do planalto
do Irão, donde se dispersou a nossa raça depois do Dilúvio.
O berço ancestral deslocou-se em seguida para a antiga Céltia — a necessidade atávica dos
primeiros homens de regressarem à origem atlante —, depois desenvolveu-se na Europa e na Ásia4.
A mais jovem das nações ocidentais, visto que só data de 1500 a. C., é a dos Hebreus.
Anteriormente, este povo era formado por tribos de fenícios, babilônicos, frígios, caldeus, as-
sírios e árabes.
A julgar pelos seus costumes, escrita e religião eram na maioria de origem fenícia.
Os Fenícios descendem, diz a tradição, dos «filhos do vento», que eram sem dúvida os Pelas-
gos, mas sabemos que veneravam um deus venusiano com nome celta: Baal, cujo culto se celebra-
va, não num templo, mas num bosque de carvalhos, segundo diz Oseias.
Tinham mesmo dado à estrela de Baal e de Astarte oito raios em memória do número 8, sa-
grado entre os Druidas e os Celtas, onde floresceu a primeira cavalaria do mundo.
O cavalo, símbolo do Poseidon dos mares, era de tal forma considerado entre os Gauleses que
não era permitido utilizá-lo senão para trabalhos nobres, entre os quais a guerra.
Quando Vercingétorix se rendeu a César, lançou aos seus pés as armas e o escudo, mas não
entregou o cavalo, que considerava como fazendo parte do seu próprio corpo.
Mais tarde, os Templários, herdeiros da bravura e da lealdade célticas, conservarão o caráter
sagrado do número 8.
Quanto aos Frígios, eram pelasgos puros, portanto escandinavos, francos.
Ollivier de la Marche, cronista do século XV, escreveu nas suas Memórias que Francio, filho
de Heitor, exilado e expulso de Troia, depois da tomada da cidade pelos Gregos, veio para uma terra
do Ocidente chamada hoje França, e fixou-se em Lutécia, a que chamou Paris, do nome do seu tio
Páris de Troia.
Esta relação está longe de ser tão fantasista como se possa pensar.
Segundo Claude Fouchet, nas suas Antiquités Gauloises, os Druidas garantiam que a popula-
ção da Gália era constituída, em parte, por homens que tinham fugido aos Gregos depois da destrui-
ção de Troia.
Além disso, é curioso notar que o lírio dos pântanos, a nossa flor-de-lis, insígnia da realeza,
depois de ter sido a da raça franca dos pântanos de Yssel (Francos-Salianos), foi também antecessor
do barrete frígio, símbolo da liberdade, que adotaram misteriosamente os revolucionários de 1789.
O historiador Laurence Talbot, que recorda estas tradições5, acrescenta que os Frígios, ao vi-
rem fixar-se no Norte e Oeste da Europa, não faziam mais que executar um regresso às suas terras
ancestrais.
Quanto à palavra Israel, a sua raiz está ligada aos deuses Ases, visto que as e is se permutam
facilmente, o que explica os nomes da cidade de Ys, de Yssel, de Isere, etc., assim como da deusa
Ísis, irmã e esposa de Asar (Osíris).
Estes dados permitirão compreender por que razão Stanislas de Gaita escrevia a Péladan:
«Afirmo que Saint Yves d’Alvèdre (na Mission des Juifs) estabeleceu duma forma irrefutável,
inegável, a origem comum e procéltica dos Semitas, dos Arianos e dos Celtas da Europa.
Os Semitas são originariamente arianos… de resto, o sábio filólogo Eugène Burnouf classifica
os Semitas entre os Indo-Europeus.»6
Os historiadores pré-históricos procuram em vão encontrar-nos um antepassado símio donde
teriam provindo todas as raças. É de uma desfaçatez tão grande como querer operar uma discrimina-
4 Foi entre os Druidas, herdeiros das tradições mais sábias, que Pitágoras foi encontrar a iniciação.
5 Les Paladins du Monde Occidental, de Laurence Talbot.
6 O puro tipo judeu representado por Jesus e pela casta dos Asquenazes tem os olhos azuis e os cabelos louros ou ruivos.
ção, e portanto uma segregação, na raça branca, o que automaticamente conduz aos terríveis exces-
sos que se conhecem.
O fato de a História ter sido deturpada outrora, desde os deuses até às raças, deve ser atribuído
a quem?
Aos Hebreus? Não! Mas a uma conjura de iniciados, dos quais faziam parte Moisés e o faraó
Akhenaton, que, no intuito de evitar calamidades, lançaram a operação «Deus Único».
Não podemos saber se evitaram calamidades, mas talvez possamos acusar esse Deus, no fim
de contas responsável por tantas desgraças e cuja história, tal como no-la contam, é muito sujeita a
caução.

No princípio Deus criou o Mundo

A primeira linha da Bíblia (Cap. I, vers. 1) constitui sem dúvida o versículo mais conhecido
do mundo e o dogma mais absoluto:

No princípio Deus criou o Céu e a Terra.

São estes os primórdios; Deus é o criador dum universo que teve um começo, o que parece ra-
zoável.
No entanto, parece haver um triste quiproquó na primeira frase do grande livro sagrado, ou
talvez um erro de tradução e de interpretação.
O hebraísta J. M. Vaschalde imputa este erro ao «complexo divino» que até hoje tem afetado
os tradutores da Bíblia, e apresenta uma versão que submetemos aos exegetas.

Traduz-se geralmente esta primeira frase por «No princípio, Deus criou os céus e a Terra.»
Ora, «no princípio» é uma palavra composta que pode ter dois sentidos (como é hábito na pri-
meira palavra de muitos dos textos herméticos ou para iniciados). Decompondo-a, obtemos com
efeito a partícula e o substantivo, que significa «princípio».
Mas a partícula pode significar «em» ou «com», o que se pode traduzir ou «no tempo do prin-
cípio» (tradução usual), ou «com o que restava de outrora» (tradução mais próxima duma verdade
histórica).
A terceira palavra, «Elohim», traduz-se «Deus».
É curioso que, para um povo monoteísta, o nome de ELOHIM esteja no plural, enquanto todos
os outros nomes de Deus estão no singular. Não se trata portanto de Deus, mas mais propriamente
de «seres divinos».
Deve-se notar também que os Elohim são construtores de universos, deuses operários, criado-
res, ao passo que o deus encolerizado e vingador tem sempre o nome de IHWH, que os Judeus nunca
pronunciam e que na maior parte dos thoroth se encontra escrito, não em aramaico, mas em fenício,
tal é o terror que inspira o nome sagrado.
Restabeleçamos agora o primeiro versículo da Bíblia, na sua segunda tradução gramatical-
mente possível, e obteremos:
«Utilizando o que restava (depois do cataclismo?), seres do céu (re)criaram os Céus e a Ter-
ra.»
E assim tudo se altera!
A Gênese (Cap. I, vers. 1) só conta uma fase recente — com apenas alguns milênios — da re-
criação do mundo por seres celestes ou vindos do céu (os Elohim), que não se devem confundir com
Deus (IHWH).
A recriação fez-se provavelmente depois dum cataclismo, visto que foi com «o que restava de
outrora», quer dizer, com os vestígios dum mundo anterior, que tinha sido destruído.

Elohim em máquinas voadoras

J. M. Vaschalde, continuando a sua tradução, nota que se faz alusão, dois versículos a seguir,
«ao sopro dos reatores das máquinas intergalácticas utilizadas pelos Elohim».
Traduz-se habitualmente esse versículo por: «e o espírito de Deus pairava à superfície das
águas», passagem pouco inteligível, visto que as mesmas palavras significam também:

e o sopro dos seres divinos


agitava a superfície das águas,

O que é menos de admirar quando se fala de físicos ou de cosmonautas.


Não podemos a partir daqui acreditar no fenômeno conhecido nos nossos dias sob o nome por
vezes abusivo de «discos voadores», mas todas as mitologias e os textos sagrados levar-nos-ão ine-
lutavelmente a estudar o mistério destes engenhos que serviram de «nuvens», de «carros», de «dis-
cos alados», em suma, de veículos voadores, aos anjos e aos deuses, quer dizer aos Senhores do
Mundo.

Até se escondia que a Terra era redonda!

Durante os primeiros mil anos da era cristã, os escribas empenharam-se em fazer desaparecer
todas as obras de história autêntica.
Foi nessa época que os antigos deuses benfeitores tomaram a reputação de diabólicos, cruéis e
pornográficos.
As massas não esclarecidas não tinham nem meios intelectuais nem o direito de reagir, mas o
fenômeno mais espantoso foi o silêncio inqualificável das castas cultivadas: sábios, clérigos, escri-
tores e padres.
Os manuais de História enfeudados aos conjurados fizeram crer ao homem que a Terra era
plana.
Ainda nos nossos dias, alguns «historiadores» asseguram que, contrariamente às crenças da
época, Cristóvão Colombo, em 1492, sabia que a Terra era redonda!
Da mesma forma, todos se tomam de piedade diante do infeliz Galileu, obrigado a proclamar,
de acordo com as declarações da Bíblia, que a Terra não se movia!7
A verdade histórica é muito diferente. No século XV, todo o mundo culto, em todas as latitu-
des do globo, sabia que o planeta Terra era redondo, tanto Cristóvão Colombo como a rainha da
corte de Espanha!
Igualmente no tempo de Galileu, sabia-se que a Terra girava em volta do Sol. Sabiam-no mes-
mo desde há dois ou três mil anos, mas todos se calavam, por ordem, por medo, por cobardia.
7 Sabe-se que Galileu em 1633 teve de abjurar de joelhos diante dos inquisidores o sistema de Copérnico, que provava que a Terra

girava à volta do Sol. Foi nesta ocasião que ele pronunciou as célebres palavras: Eppur si muove! (E no entanto ela move-se!)
O historiador grego Museu, que viveu por volta de 1400 a. C. (há portanto trinta e três sécu-
los), foi autor dum tratado — que não chegou aos nossos dias — intitulado A Esfera.
Museu, que foi um grande sacerdote dos Mistérios de Elêusis, era um grande iniciado e os es-
píritos da época não compreendiam que tivesse escrito uma tese sobre a esfera sem saber que a Ter -
ra era redonda.
Três séculos antes da nossa era, o poeta grego Arato, autor dum tratado de astronomia intitula-
do Os Fenômenos, tinha descrito as esferas com precisão bastante para concluirmos que ele não ti-
nha qualquer dúvida sobre a esfericidade da Terra e sobre a gravitação universal.
Arato não era um desconhecido; era, pelo contrário, uma personagem célebre. Viveu na corte
de Ptolomeu Filadelfo, rei do Egito, que mandou traduzir para o grego a Bíblia hebraica (versão dos
setenta).
Arato foi comentado ou traduzido por Eratóstenes, Hiparco, Cícero, César, Ovídio, etc.
Vários séculos antes, os Hindus8, os Mexicanos e os Incas tinham provado que possuíam ex-
celentes noções de cosmografia e, duzentos anos antes de Arato, os filósofos Pitágoras e Platão ti-
nham ensinado a esfericidade e a rotação terrestres9.
O escritor árabe Maçoudi, no século X, escrevia no seu livro As Planícies de Ouro:
«A esfera executa a sua rotação à volta de dois eixos ou dois polos, que se podem comparar às
ferramentas do carpinteiro ou do torneiro que fabricam bolas, malgas e outros objetos de madei-
ra…»
No ano 1000, o papa mais sábio de toda a cristandade, Silvestre II (de nome Gerbert, nascido
em Cahors, Lot), demonstrava experimentalmente, com o auxílio de três esferas por ele inventadas,
que a Terra era redonda e girava à volta do Sol.
Copérnico, por volta de 1500, Tycho Brahé e Kepler, no século XVI, tinham publicado obras
e enunciado leis que sem dúvida fizeram escândalo, mas que se sabia serem baseadas numa verdade
científica.
Como podiam os prelados que julgaram Cristóvão Colombo e Galileu ignorar estes fatos?
Incontestavelmente, a casta culta tinha esses conhecimentos elementares de cosmografia, mas,
durante séculos e séculos, o mundo inteiro calou-se, e tudo se passava como se ninguém o soubesse,
como se todos estivessem de boa-fé!
Que poder prodigioso tinham pois as conjuras para impor esta hipnose?

Moisés não escreveu o «Gênese»

O Gênese, segundo a tradição, foi revelada por Deus e escrita pelos patriarcas hebreus; diz-se
que também por Moisés.
Esta explicação escapa a toda a crítica racional e é provável que o Livro I da Bíblia se tivesse
inspirado na História Fenícia, escrita por Sanconíaton muito antes de os Hebreus serem conhecidos
e terem escrito o Antigo Testamento.
Evidentemente, seria muito vantajoso para alguns negar a grande antiguidade deste livro tão
precioso para a história humana, ainda que ele deite por terra alegações consideradas como sagra-

8 O matemático e astrônomo hindu Aryabhatta, que viveu no início da nossa era, conhecia as verdadeiras causas dos eclipses, o mo -

vimento diurno da Terra em volta do seu eixo e a duração do ano, afirmando que a luz estelar e lunar provinha do Sol. Mas os Vedas 2000
anos antes de Aryabhatta tinham enunciado estes dados, assim como os livros sagrados da maior parte das antigas civilizações. Os Druidas
ensinavam uma cosmografia muito precisa e diziam que o Universo tinha sido formado por uma onda vibratória primordial (representada
pela serpente pairando sobre as águas). Segundo Estrabão, «eles (os Druidas) pretendiam sondar os mistérios da Natureza e predizer as revo -
luções que o Universo vai sofrer ainda». Só os povos negros de África ignoravam a gravitação universal e a esfericidade da Terra. Os ateus,
não sem humor, tinham concluído daí que só os deuses negros, Jeová e Jesus, eram ignorantes no panteão dos deuses terrestres. Sabemos no
entanto que os rabis iniciados tinham todos os conhecimentos de Aryabhatta e de Copérnico, mas ocultavam-nos ciosamente.
9 Por volta de 450 a. C., Pitágoras ensinou aos sábios do Egito «que a Terra executava rotações sobre si própria e à volta do Sol», o

que é relatado por Ovídio no último capítulo das Metamorfoses.


das.
Se o Gênese é um documento falso, ou uma cópia, a Bíblia não tem qualquer valor, os He-
breus não passam de amáveis inventores de lendas e o Senhor é um fantasma ao qual é inútil invo-
car, orar ou temer.
Por aí se vê o interesse capital que tiveram os crentes de alegar que o livro de Sanconíaton era
ou uma pura invenção literária ou uma obra mais recente que a Bíblia.
Como se tornava perigoso provocar um debate público sobre este enigma, a melhor política
foi a de mergulhar o livro no esquecimento. Foi o que se fez.
Já tínheis ouvido falar de Sanconíaton?
A ordem para que ele fosse esquecido foi bem seguida! Os ateus, muitas vezes pouco versa-
dos em conhecimentos históricos, negligenciaram o autor fenício, e os historiadores cultos que pu-
dessem falar dele tomaram precauções para não terem de enfrentar a implacabilidade da justiça cris-
tã.
A História Fenícia não chegou até nós. Foi traduzida no século I por Fílon de Biblo, tradução
que desapareceu misteriosamente, como misteriosamente desapareceram durante os primeiros sécu-
los da nossa era todos os livros de História autêntica que pudessem ser contrários à História segun-
do o Antigo e o Novo Testamento.
Nada teria ficado da obra de Sanconíaton se, no século III, uma controvérsia célebre não ti-
vesse oposto o sábio filósofo grego Porfírio (de origem síria) a Eusébio, bispo de Cesareia.
Um deles, Porfírio, baseando-se na tradução de Fílon (que ainda existia), declarava que Moi-
sés tinha copiado da História Fenícia o essencial dos textos da Gênese.
O outro, Eusébio, refutava Porfírio, reproduzindo as principais passagens do livro10.
Em quem acreditar, naquele que, formalmente, acusava Moisés de plágio, ou naquele que afir-
mava que a Gênese era o fruto duma revelação divina concedida ao grande patriarca?
Eusébio, para destruir os argumentos de Porfírio, publicou primeiro textos da História Fení-
cia, depois assegurou que Sanconíaton nunca tinha existido, e que o livro tinha sido escrito por Fí-
lon para combater o cristianismo. De repente, a querela mudava de tom: o bispo de Cesareia, impli-
citamente, reconhecia portanto que um fragmento do texto fenício era idêntico à Gênese da Bíblia,
mas alegava que Fílon era um falsificador.
Foi uma tática desastrosa, porque vários autores antigos tinham falado do historiador fenício
e, referindo-se às suas citações, o gramático Suídas pôde mesmo revelar os títulos de três das suas
obras, das quais uma parte foi recolhida nos Fragmenta Historicorum Graecorum, de C. Müller.
Eusébio não manteve a sua acusação e contentou-se em baralhar as cartas para semear a dúvi-
da.
«De resto — citamos o historiador Ernest Renan —, Porfírio não era um falsificador, mas um
bibliófilo erudito.
O seu caráter, tanto quanto se pode julgar pelos próprios escritos, foi o de um polígrafo cons-
ciencioso… começando por nos surpreender o seu tom de boa-fé… Expõe com simplicidade o dese-
jo que tinha de conhecer a verdade, os trabalhos por que passou para o conseguir, a grande quanti-
dade de livros que leu, as dúvidas que lhe causaram divergências de certos testemunhos…»
Entre o honesto Porfírio e o piedoso Eusébio, há que escolher!
Para complemento de informação, devemos assinalar que Eusébio, ainda que seja o precioso
escritor da História Eclesiástica, tem uma reputação extremamente duvidosa no que se refere aos
fatos que relata.
O historiador inglês Eduardo Gibbon censura-o por não ter passado do papel de cortesão do
imperador pagão Constantino e por ter dado provas constantes de falta de boa-fé na exposição dos
acontecimentos que relata.
Segundo Gibbon, Eusébio estende-se com complacência sobre tudo o que pode manter a hon-
ra do cristianismo e suprime sistematicamente tudo quanto for de natureza a comprometê-lo.
A parcialidade de Eusébio em relação a Constantino é efetivamente notória11.
Por outro lado, um capítulo da sua Demonstração Evangélica tem um título sobre o qual o
menos que se pode dizer é que é curioso: Até que ponto é permitido empregar a mentira como re-
médio para aqueles que este método pode converter!
Não queremos fazer o processo da fraude piedosa, mas torna-se agora fácil escolher entre o
honesto Fílon e o bispo de Cesareia.
Apesar de tudo, tentemos ser justos: Eusébio era um bom homem, que, embora cego pela sua
fé, nos merece uma imensa gratidão porque foi através dele que nos foi transmitido o único frag-
mento da história autêntica da nossa civilização.
Ousamos crer que o leitor reticente, mas de boa-fé, depois desta exposição, ficará um tanto ou
quanto abalado quanto à existência positiva duma central de contraverdade.

11 Contrariamente à lenda transmitida, o imperador Constantino (séculos III e IV) era pagão. Só protegeu os cristãos e só reconheceu
o cristianismo por razões de Estado. Converteu-se apenas quando estava prestes a morrer. Na altura da sua luta contra o rival Maxêncio, teria
visto no céu uma cruz luminosa com esta inscrição: In hoc signo vinces (Com este sinal vencerás). O prodígio só foi contado por… Eusébio.

Você também pode gostar