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GRANDE DO SUL
Ijuí / RS
2016
SAINARA CRISTINA MOKAN
Primeiramente agradeço aos meus pais e familiares que durante toda essa caminhada
estiveram ao meu lado, me apoiando a estudar e ir em busca de meus objetivos e
compreendendo, principalmente os momentos de estres e os que não pude me fazer presente,
e também por todo amor, carinho e paciência. Com muito esforço e dedicação me ensinaram
as coisas mais importantes da vida, e hoje devo essa conquista a vocês. Agradeço a Deus, pela
oportunidade de viver e conviver perto de pessoas maravilhosas.
Não poderia esquecer de agradecer os meus amigos, que em momentos bons e ruis
sempre estiveram comigo, aguentam meus dias de mau humor e dando muitas risadas, esse
momento quero comemorar com vocês.
Agradeço aos professores, mestres que me ensinaram a importância desta profissão,
que me transmitiram todo o conhecimento que sabiam, me incentivando sempre a ir além, em
especial gostaria de agradecer a mestre Euselia Paveglio Vieira, minha orientadora, por toda
sua atenção, paciência e dedicação, além de professora se tornou amiga, com seus conselhos
de vida, conselhos profissionais e acadêmicos.
“É muito melhor lançar-se em busca de conquistas grandiosas, mesmo expondo-se ao fracasso, do que alinhar-
se com os pobres de espirito, que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem numa penumbra cinzenta,
onde não conhecem nem vitória, nem derrota.”
(Theodore Roosevelt)
RESUMO
O presente estudo buscou aplicar um sistema de custeio em uma indústria de moveis sob
medida, a empresa é situada no município de Ijuí, noroeste do Estado do Rio Grande do Sul,
com o objetivo de auxiliar os gestores da organização na tomada de decisão, bem como na
formação e analise do preço de venda. Para isso foi utilizado dois produtos e a partir deles
elaborado um conjunto de planilhas em excel, onde as mesmas são interligadas e trazem
informações pertinentes para a formação de um orçamento confiável. As planilhas levam em
conta os custos diretos e indiretos, o preço dos concorrentes, o preço desejado pela empresa
em estudo, o preço atual praticado e o preço orientativo, além dos indicadores gerenciais
importantes para a gestão. A pesquisa se classifica como aplicada, qualitativa e descritiva,
quanto aos procedimentos técnicos é uma pesquisa bibliográfica, documental, um estudo de
caso e levantamento, e utilizou como método de coleta de dados a observância e a entrevista
não estruturada. Posteriormente realizou-se a aplicação do sistema de custeio o qual tornou
possível a apuração dos custos por absorção e variável e uma formação e analise do preço de
venda mais real, como resultado a empresa julgou pertinente a implementação do sistema,
sendo que este facilita a elaboração dos orçamentos e a negociação com os clientes, além de
trazer dados gerenciais e indicadores de margem de contribuição, ponto de equilíbrio, margem
de segurança operacional, assim como dos resultados em cada forma de precificação.
RESUMO.................................................................................................................... 4
LISTA DE QUADROS .............................................................................................. 5
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ 6
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................ 7
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................................. 12
1.2 ÁREA DO CONHECIMENTO CONTEMPLADA ................................................. 12
1.3 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO .......................................................... 12
1.4 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ......................................................................... 13
1.5 OBJETIVOS .............................................................................................................. 15
1.5.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 15
1.5.2 Objetivos específicos ................................................................................................ 15
1.6 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 15
2 REFERENCIAL TEORICO .................................................................................. 17
2.1 CONTABILIDADE .................................................................................................. 17
2.2 CONTABILIDADE DE CUSTOS ............................................................................ 18
2.2.1 Classificação dos custos ........................................................................................... 19
2.2.2 Custos com mão de obra ......................................................................................... 22
2.2.3 Custos com depreciação .......................................................................................... 24
2.3 SISTEMA DE PRODUÇÃO POR ORDEM ............................................................ 25
2.4 METODOS DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO E VARIAVEL ............................... 28
2.5 ANÁLISE DO CUSTO VOLUME E RESULTADO ............................................... 31
2.5.1 Formação do preço de venda .................................................................................. 31
2.5.2 Margem de contribuição ......................................................................................... 34
2.5.3 Ponto de equilíbrio Contábil, Econômico e financeiro ......................................... 35
2.5.4 Margem de segurança operacional ........................................................................ 38
2.6 INFORMAÇÕES GERENCIAIS DE CUSTOS ....................................................... 38
3 METODOLOGIA DO ESTUDO ........................................................................... 40
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................... 40
3.1.1 Quanto a sua natureza ............................................................................................ 40
3.1.2 Quanto à forma de abordagem do problema ........................................................ 41
3.1.3 Quanto ao objetivo .................................................................................................. 41
3.1.4 Quanto aos procedimentos técnicos ....................................................................... 42
3.2 COLETA DE DADOS .............................................................................................. 43
3.2.1 Instrumentos de coleta de dados ............................................................................ 43
3.3 ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ..................................................... 44
4 ANALISE DOS RESULTADOS ............................................................................ 45
4.1 MAPEAMENTO DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO ......................................... 45
4.2 LEVANTAMENTO DOS CUSTOS DIRETOS DE PRODUÇÃO ......................... 47
4.2.1 Custos com matéria-prima ..................................................................................... 47
4.2.2 Custos com mão-de-obra direta ............................................................................. 49
4.3 APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS ....................................................... 51
4.4 APURAÇÃO DO CUSTO TOTAL .......................................................................... 54
4.4.1 Custo total pelo método de custeio absorção ........................................................ 54
4.4.2 Custeio total pelo método variável ......................................................................... 56
4.5 ANALISE DO CUSTO, VOLUME, RESULTADO ................................................ 58
4.5.1 Formação do preço de venda orientativo .............................................................. 59
4.5.2 Margem de contribuição ......................................................................................... 61
4.5.3 Ponto de equilíbrio .................................................................................................. 63
4.5.4 Margem de segurança operacional ........................................................................ 65
4.5.5 Resultados ................................................................................................................ 66
4.6 ANÁLISE DO SISTEMA PROPOSTO .................................................................... 67
CONCLUSÃO.......................................................................................................... 69
REFERÊNCIAIS ..................................................................................................... 71
1 INTRODUÇÃO
Os sistemas de custeio aplicados à indústria de moveis sob medida são essenciais para
a apuração do custo, realização dos orçamentos, formação de preços, com o intuito de
melhorar a capacidade dos gestores na tomada de decisão.
Nesta linha, apresenta-se no capitulo 1 a área de estudo contempla na realização deste
trabalho de conclusão de curso, envolvendo a caracterização da organização, a problemática
apresentada, os objetivos que se dividem em geral e específicos e a justificativa.
A contabilidade é uma ciência social, cujo objeto é o patrimônio, sendo assim o seu
campo de atuação se torna bem amplo, tendo a contabilidade de custos com um destes
campos.
Segundo Leone (2008, p.21) a contabilidade de custos “é uma atividade que se
assemelha a um centro processador de informações, que recebe (ou obtém) dados, acumula-os
de forma organizada, analisa-os e interpreta-os, produzindo informações de custos para os
diversos níveis gerenciais”.
Neste sentido, a contabilidade de custos aplicada a produção por ordem segundo
Prates (2005, p.47) tem as seguintes características:
A atuação da empresa completa sete anos nesta região. Em 2013 mudou-se para novas
instalações, o motivo foi o alto crescimento da demanda, necessitando assim de uma sede
maior.
O empreendimento é formado por três sócios, são atualmente cinco funcionários,
sendo estes quatro destinados à produção é um a atendimento ao cliente e elaboração de
projetos e orçamentos. O organograma apresenta-se da seguinte maneira:
Gerenciamento Gerenciamento de
Financeiro Produção e Vendas
Vendas
Operacional
Baseado nesse conceito, a empresa estudada atualmente leva em conta para a formação
e análise do preço de venda o orçamento do produto que contempla o valor da matéria prima,
a mão de obra e preço de venda praticado pelo mercado, sendo realizado um orçamento único
para cada cliente, que é feito por um dos sócios de forma simplificada, não levando em
consideração nenhum método. Isto faz com que os gestores tenham a incerteza se o preço
apurado está trazendo para a empresa o resultado esperado, além do custo, se efetivamente
está sendo gasto um valor real, se não está se desperdiçando tempo e material. Também é
preciso levar em conta que a indústria ainda não possui um sistema de controle de perdas,
15
despesas, custos e receitas que estão sendo geradas nem mesmo coletivamente como
separadamente por processo produtivo.
Com base na necessidade identificada na empresa, questiona-se: Qual a contribuição
da aplicação de um sistema de custeio em uma indústria de moveis sob medida na geração de
informações que possa instrumentalizar os gestores no que se refere aos custos de produção e
a análise dos resultados?
1.5 OBJETIVOS
Para a realização deste estudo se fez necessário à definição do objetivo geral, assim
como, os específicos, que relatam os caminhos que devem ser percorridos para a busca das
respostas á problemática apresentada.
1.6 JUSTIFICATIVA
Para a realização deste estudo, se faz necessário um embasamento teórico dos temas
abordados, com base na pesquisa bibliográfica, visando à compreensão e análise da
problemática proposta pelo trabalho.
Portanto foram abordados os conceitos de contabilidade, contabilidade de custos,
sistema de produção por ordem, métodos de custeio, análise do custo, volume e resultado e
informações gerenciais de custos, sendo esses importantes para o desenvolvimento do estudo.
2.1 CONTABILIDADE
Feedback
Fonte: Leone (2008, p.21)
controlar operações de rotina e também para uso em decisões não rotineiras e na formulação
dos principais planos e políticas, e por fim fornecer relatórios para acionistas, governo e
outros interessados. Neste sentido tem-se que a contabilidade de custos auxilia os fins internos
e externos, Costa; Ferreira; Saraiva JR. (2010). Ainda para os autores:
Quando se trata da classificação dos custos eles podem ser divididos de duas formas,
sendo uma delas pelo objetivo que abrange os custos diretos e indiretos e quanto ao volume
podendo ser fixo ou variável.
Neste sentido Padoveze (2003, p.39) diz que “A necessidade de informações para uma
adequada gestão de custos, recursos, processos, produtos e serviços exige um estudo
pormenorizado de todos os gastos que ocorrem na empresa, classificando-os segundo suas
principais naturezas e objetivos”.
Ainda para Padoveze (2003, p.39):
Custos diretos são aqueles que podem ser fisicamente identificados para um
segmento particular em consideração. Assim, se o que está em consideração é uma
linha de produtos, então os materiais e a mão-de-obra envolvidos na sua manufatura
serias custos diretos. Dessa forma, relacionando-os com os produtos finais, os custos
diretos são os gastos industriais que podem ser alocados direta e objetivamente aos
produtos.
20
Os custos diretos são de fácil percepção para os responsáveis, não necessitando assim
de métodos para identifica-los, já os custos indiretos precisam de métodos de rateio, não
podendo dar-se um valor totalmente correto aos custos de cada produto, Berti (2009).
Na figura 3 observa-se melhor a forma de atribuição dos custos para a produção:
Objetivo Subjetivo
Produto
Desta forma se torna fácil o entendimento dos critérios utilizados para a classificação
dos custos diretos e indiretos.
A classificação quando ao volume Berti (2009, p.65) diz que: “Custo fixo é aquele
custo que ocorre na empresa independente de essa estar ou não, em atividades, estar
operando; o custo ocorre e a organização tem que se responsabilizar pelo mesmo”.
Para Fontoura (2013, p.23) custos fixos “são custos ou despesas que não variam dentro
de uma capacidade instalada, entretanto o custo unitário varia de acordo com o volume da
produção ou serviço”.
Souza; Clemente (2011, p. 30) conceituam custos fixos como “todos os custos que
periodicamente oneram a empresa independentemente do nível de atividade”. A figura 4
ilustra o comportamento dos custos fixos:
21
Nível de Atividade
Para Berti (2009, p. 65) “Custo variável é o custo que ocorre em função de uma
referência (produção, serviço etc.) Quanto maior o volume de atividades, maior será o custo
variável, ou seja, é diretamente proporcional ao volume de operações (normalmente
produção)”.
Para Fontoura (2013, p. 23) custos variáveis “são aqueles que variam de acordo com o
volume da produção ou serviço, entretanto tem como característica de ser fixo em se tratando
de custo unitário”.
Souza; Clemente (2011, p. 29) trazem que “custos variáveis são todos os custos que
varia, proporcionalmente ao nível de atividade. Esses custos dependem do nível de atividade
(volume produzido ou volume vendido) por período”. A figura 5 ilustra o comportamento dos
custos variáveis:
Nível de Atividade
Com base nestes conceitos constata-se que custos diretos são todos aqueles que têm
ligação direta com a produção, com a mão de obra, a matéria-prima, as embalagens entre
outros, já os custos indiretos são os que apresentam ligação com a produção, mas não
diretamente, necessitando assim de um critério de rateio para mensuração de seu valor para
cada produto. Quanto à classificação pelo volume é correto dizer que os custos fixos são os
que ocorrem independentemente da quantidade produzida, e o variável é ligado diretamente
com a quantidade produzida.
Os custos com mão de obra são todos aqueles relacionados com os funcionários e
prestadores de serviços, estando eles ligados diretamente com a produção ou não. Desta forma
eles podem ser classificados como mão de obra direta (MOD) ou mão de obra indireta (MOI).
Segundo Vieira (2013, p. 32) “A mão de obra é o elemento humano utilizado para a
transformação dos materiais diretos em um produto, e as horas necessárias do pessoal ou da
quantidade de funcionários diretos, utilizados no processo de fabricação é que determinam o
custo com mão de obra.”.
Quando se trata da classificação a MOD é toda a mão de obra ligada diretamente com
o processo produtivo e de fácil identificação quanto aos produtos, já a MOI são os gastos
pelos quais não se tem clara identificação em relação aos produtos, não sendo está ligada
diretamente a produção de um determinado bem e sim dos vários tipos em elaboração.
A MOD segundo Martins (2008, p. 133):
Corresponde aos esforços produtivos das equipes relacionadas à produção dos bens
comercializados ou dos serviços prestados. Refere-se apenas ao pessoal que trabalha
diretamente sobre os produtos em elaboração, desde que seja possível a mensuração
do tempo despendido e a identificação de quem executou o trabalho, sem
necessidade de qualquer apropriação indireta ou rateio.
Para se chegar ao custo total da mão de obra, Vieira (2013) apresenta o seguinte
quadro:
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A partir do Quadro 1 pode-se observar que o custo total com mão de obra é derivado
do salário base, mais adicionais, insalubridade e/ou periculosidade, tendo assim um subtotal,
que somado com as férias, 13° salário, FGTS, previdência e demais provisões se obtém o
custo total com a MOD.
Dentro dos custos com mão de obra tem-se também o tempo improdutivo, conhecido
como ociosidade.
Para Martins (2008, p. 140):
Caso a ociosidade seja normal e o operário esteja sendo mantido parado, o mais
comum é a acumulação desse tempo como Tempo Improdutivo dentro dos Custos
Indiretos para rateio à produção geral. Quando houver paradas apenas em
determinadas épocas do ano, deverá a empresa utilizar um sistema de
provisionamento para rateio desses Custos Indiretos a todos os produtos feitos no
ano, e não somente aos elaborados no mês ou nos poucos meses em que houve o
tempo não utilizado da Mão de Obra Direta. (“Tempo Não Produtivo” ou
“Improdutivo” não são boas expressões, pois não significam tempo necessariamente
parado, podendo dizer respeito a tempo utilizado em outras funções que não a Mão
de Obra Direta).
Assim sendo, entende-se que MOD é todo trabalho humano ligado diretamente com a
produção de um determinado produto ou de vários produtos, não necessitando de nenhum
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Nas indústrias que produzem sob encomenda o sistema de produção é por ordem,
neste sentido, Martins (2008, p. 144) diz que “se produz atendendo a encomenda do cliente”.
Padoveze (2010, p. 326) traz que esse sistema é “aplicado basicamente a bens fabricados sob
encomenda, produção não padronizada ou não repetitiva”.
Para Leone (2000, p.235) “O Sistema de Custeamento por Ordem de Produção é o
sistema de custos que acumula e registra dados de operações das fábricas que trabalham sob o
regime de encomenda”.
Lins; Silva (2010, p. 79) caracterizam a produção por ordem ou OP como nomeiam:
(...) por apresentar custos específicos e devidamente identificados para cada unidade
produzida e não um custo médio, como acontece de maneira geral com o sistema de
produção continua. Neste sentido, a OP é mais adequada quando a empresa tem um
processo produtivo não repetitivo e onde cada produto ou grupo de produtos
apresenta de alguma forma, diferentes características e peculiaridades entre si.
A partir dos conceitos pode-se compreender que o sistema de custeio por ordem
apresenta algumas vantagens, como por exemplo, a compra de insumos somente no volume
necessário para a produção das ordens, necessidade de menor capital de giro, levando em
consideração que não precisam de estoques, maior controle dos gastos dos empregados e a
obrigatoriedade de se manter em vantagens competitivas. Porém, também existe algumas
desvantagens, sendo estas o real custo de produção só ser reconhecido no final da ordem,
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maior tempo e controle na elaboração de orçamentos, pois cada ordem requer um novo
cálculo e custos elevados com manutenção de equipamentos, (BERTI, 2009).
Para Costa; Ferreira; Saraiva Jr (2010, p. 60):
Na produção por ordem, os custos são acumulados numa conta especifica para cada
ordem ou encomenda. Essa conta só para de receber custos quando a ordem estiver
encerrada. Se terminar um período contábil e o produto estiver ainda em
processamento, não há encerramento, permanecendo os custos até então incorridos
na forma de bens em elaboração, no ativo; quando a ordem for encerrada, será
transferida para estoque de produtos acabados ou para custos dos produtos vendidos,
conforme a situação.
No sistema de produção por ordem Vieira (2013, p. 3) diz que “cada ordem recebe um
número ou código. Quando são incorridos custos de material ou mão-de-obra, relacionados
com a ordem, eles são registrados na conta produção em andamento do razão contábil que
registra os custos de cada ordem”. No quadro 3, tem-se uma ilustração de uma ordem de
produção:
Ordem Número:_______________________________________________________________________
Descrição: ___________________________________________________________________________
Data do Início: _______________________Data do Termino: __________________________________
Especificações: _______________________________________________________________________
Lista de Materiais: ____________________________________________________________________
MOD Custo
Datas Materiais Diretos
(Horas/R$) indireto
Orçadas
Executadas
Berti (2009, p.27) ressalta que “No sistema de custeamento por ordem de produção
todos os gastos com insumos (matéria-prima, material secundário, mão-de-obra direta etc.)
são alocados direto na ordem de produção correspondentes aos produtos que estão sendo
industrializados”. Na figura 6 tem-se um fluxo do sistema de produção por ordem:
Observa-se na figura 6 que a produção por ordem inicia-se com o pedido de venda,
elaborado com base na emissão de uma ordem de produção, assim sendo tem-se a alocação
dos custos de requisição de materiais, tempo de mão de obra e taxas pré-determinadas e CIFs,
que são alocados no controle da ordem de produção, chegando-se a determinação do custo dos
produtos vendidos.
Para Lins e Silva (2010, p. 80):
No que se trata a contabilização do sistema por ordem Padoveze (2010, p. 327) diz
que:
Os custos de mão de obra são lançados às ordens através de apontamentos das horas
(esforços) trabalhados em cada ordem. Os materiais e serviços específicos dos
produtos de cada ordem de fabricação são acumulados às ordens através das
requisições de materiais e serviços exclusivos da ordem.
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O autor ainda traz que a dificuldade desta forma de custeio está na alocação dos custos
não identificados, como a depreciação e demais gastos das fabricas, mas que normalmente é
utilizado uma taxa previamente determinada, sendo que esta é proporcional a mão de obra
utilizada na ordem, Padoveze (2010).
Pode-se dizer que o sistema de produção por ordem tem como função auxiliar os
gestores nas tomadas de decisões futuras, levando em conta que só se tem os custos totais no
final da produção. Esse sistema permite com que os gestores tenham controle das perdas
ocorridas no processo produtivo e da diferença dos custos orçados e executados, tomando os
mesmo por base para próximos orçamentos, auxiliam a gestão a chegar aos resultados
esperados.
Para Berti (2009, p. 60) “O método de custeio por absorção consiste em apurar o custo
de bens, atribuindo-se integralmente a cada unidade produzida os custos diretos e indiretos,
fixos ou variáveis ocorridos no processo de produção. Nele os custos diretos são atribuídos
aos produtos por meio das quantidades efetivamente consumida de recursos”.
Segundo Martins (2008, p. 37)
Custos
Diretos
Produtos
Custos Centros de
R R
Indiretos Custos
Na figura 7 observa-se que os custos diretos são alocados diretamente aos produtos e
os custos indiretos passam por um processo de rateio para serem alocados aos produtos. As
principais vantagens do custeio por absorção é de ser permitido pela legislação fiscal, permite
a apuração do custo por centro de custos e custo total de cada produto. Sendo esse método
aceito pela legislação é o mais utilizado pelas empresas, mas apresenta também algumas
desvantagens, a principal se apresenta na utilização dos rateios para distribuir os custos,
podem ocorrer distorções no resultado, Wernke (2001).
Segundo Bornia (2010, p. 53)
Para Leone (2008, p. 390) “O custeamento variável é um critério usado para acumular
os custos de qualquer objeto ou segmento da Empresa”.
Na figura 8 é demonstrado os comportamentos dos custos em relação aos produtos na
forma de custeio variável:
Custeio Direto
Custos e
Produtos
Despesas
Variáveis
Custos
Fixos Despesas do Período
Robles JR (2009, p.91) ressalta que “a decisão do preço depende de como os clientes
avaliam o produto, das estratégias de preço dos competidores e dos custos”. Desta forma tem-
se que vários fatores interferem na formação do preço de venda, Sartori (2004, p. 67) traz que:
Nas decisões de preços, a empresa defronta com fatores internos e externos que
interferem na formulação de suas políticas de preços. Os fatores internos são
normalmente sujeitos a seu controle, enquanto os fatores externos compõem o
ambiente dentro do qual seu produto, com todos os seus atributos, incluindo o preço,
devem atuar.
Para Warren, Reeve, Fess (2001, p. 318) no momento de estabelecer o preço de venda:
32
A análise diferencia pode ser útil na decisão de abaixar os preços de venda para a
tomada de decisões especiais de curto prazo. Nesses casos, o preço mínimo, a curto
prazo, é fixado o mais alto possível para cobrir todos os custos variáveis. Qualquer
preço acima desse preço mínimo melhorar os lucros a curto prazo. A longo prazo,
entretanto, o preço normal de venda deve ser fixado o mais alto possível para cobrir
todos os custos e despesas (fixos variáveis) e propiciar um lucro razoável.
Padoveze (2003) ressalta que são três os modelos de decisão de preço de venda, o
modelo orientado pela teoria econômica sendo que as empresas procuram maximizar seus
lucros com conhecimento da curva de demanda de mercado e de seus custos, o orientado
pelos custos sendo este baseado no cálculo de custos e adição de uma margem de lucro
pretendida e orientado pelo mercado levando em consideração a demanda, o preço da
concorrência e o valor percebido pelos clientes. Para Robles JR. (2009, p. 90):
A formação do preço de venda segundo Bruni e Famá (2004) tem que ter capacidade
de atender a qualidade do produto em relação ao esperado pelo cliente, bem como o mercado
onde a empresa atua, a existência de produtos substitutos, os impostos do governo, ter
controle do nível de produção e das despesas e custos de fabricação, administração e
comercialização.
Levando-se em conta que o objetivo do trabalho em questão é a implementação de um
sistema de custos para auxiliar na formação do preço de venda e na gestão da empresa para se
chegar aos resultados pretendidos, necessita-se entender o método de precificação orientado
pelos custos que traz para a organização um preço de venda sugestivo capaz de cobrir seus
custos e obter o lucro desejado, bem como se esse preço é suportado pelo mercado, e a
percepção dos clientes.
No método orientado pelos custos se faz uso do mark-up que para Souza; Clemente
(2011, p. 256) “é uma pratica muito comum e muito simples de determinação de preço:
consiste em adicionar ao custo unitário as porcentagens relativas aos itens a serem incluídos
no preço”. O mesmo autor traz que esses itens a serem incluídos no preço são os impostos, as
despesas variáveis, as despesas fixas, os custos fixos e o lucro. O mark-up pode ser
multiplicador ou divisor, sendo que ambos chegaram ao mesmo preço de venda. A diferença
segue na figura 9:
33
Mark-up multiplicador
Mark-up divisor
Mark-up = 100 – Soma das taxas percentuais
100
Onde: Soma das taxas percentuais = soma dos valores expressos em percentuais que influenciam no
processo de formação de preços, como percentual de lucro desejado, taxa percentual de despesas
diversas, etc.
Benefícios
Extras
Lucro
(...) a empresa deve tentar definir o maior preço de venda para o seu produto,
sabendo que seu cliente está disposto a pagar por este preço, pois a utilidade do
produto para o cliente é suficiente para deixa-lo tranquilo no ato da compra. Dessa
maneira, a fixação do preço de venda através do valor percebido pelo consumidor é
a criação do valor de mercado do produto ou serviço.
No que tange a precificação a partir do mercado Padoveze (2010, p. 428) traz que “a
teoria econômica indica que quem faz o preço de venda dos produtos é o mercado,
basicamente através da oferta e procura, fazendo as devidas considerações para situações de
monopólio, oligopólio, mercados cativos e situações similares”.
Com base no contexto pode-se dizer que para a formação do preço de venda não basta
somente calcular os custos, e sim analisar o mercado, a concorrência e qual a percepção dos
clientes em relação ao produto, atribuindo valores a ele, no entanto o cálculo de custos se
torna indispensável para que se saiba os resultados, bem como se os preços de venda estão
cobrindo os custos alocados aos produtos.
O ponto de equilíbrio é a quantidade que deve ser vendida de cada produto para que a
empresa não gere lucro e nem prejuízo, ou seja, tenha um resultado nulo. Para Berti (2009,
p.65) “Ponto de equilíbrio é o momento em que os custos e despesas são iguais a receita total,
ou seja, o lucro é zero ou nulo. A empresa operando acima desse nível passa a operar com
lucro, abaixo com prejuízo”.
Wernke (2007, p. 120) traz que “na literatura são encontradas diversas modalidades de
Ponto de Equilíbrio que permitem suprir a necessidade de informações dos administradores
em vários aspectos”.
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Margem de
Contribuição
Analisando a figura 12, pode-se dizer que os custos fixos se manterão constantes, ou
seja, não sofreram interferência do volume de venda. O ponto em que as receitas e custos
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totais se encontram é chamado de ponto de equilíbrio, sendo que qualquer ponto abaixo deste
é considerado um prejuízo e qualquer ponto acima lucro.
O ponto de equilíbrio pode ainda se dividir de três formas: ponto de equilíbrio
contábil, econômico e financeiro.
Vieira (2015, p. 60) traz as seguintes formulas para cálculo dos pontos de equilíbrio.
Bruni, Famá (2004, p.254) traz que o ponto de equilíbrio contábil é a “representação
do volume (em unidades ou em $) de vendas necessário para cobrir todos os custos e no qual
o lucro é nulo”.
Para Wernke (2001) o ponto de equilíbrio econômico é utilizado para calcular qual a
quantidade que deve ser vendida para se atingir o lucro desejado, desta forma na sua formula
a variável “Lucros Desejados”.
No ponto de equilíbrio financeiro segundo Wernke (2001, p. 52) “calcula-se o nível de
atividade (quer em unidade, quer em valor monetário) suficiente para pagar os custos e
despesas variáveis, os custos fixos (exceto a depreciação) e outras dividas que a empresa
tenha que saldar no período como empréstimos e financiamentos bancários”. Wernke (2001,
p. 55) diz que:
Diante do contexto tem-se que quanto maior a margem de segurança maior o lucro
alcançado pela empresa, sendo esse um importante indicador gerencial para as organizações
que buscam informações constantes.
Com base nessas informações, pode-se dizer que um bom sistema gerencial de custos
e um bom pessoal para fazê-lo funcionar, que processe corretamente os dados recebidos,
possibilitará para a organização um resultado satisfatório e o alcance dos lucros desejados.
3 METODOLOGIA DO ESTUDO
A pesquisa pode se classificar de várias formas, de acordo com o aspecto dado, como
ressalta Zamberlan et al. (2014, p. 93), “A Classificação por tipo de pesquisa pode assumir
diferentes possibilidades, que geralmente variam de acordo com o enfoque proposto pelos
próprios estudiosos e pesquisadores e/ou pretensões a que se orientam e necessitam para
compreender uma realidade”.
Assim sendo, Gil (2010, p.25) diz que:
Quanto à natureza a classificação pode ser dada de duas formas, como pesquisa básica
ou pesquisa aplicada. Assim sendo, a presente pesquisa é aplicada porque tem como ponto de
partida a teoria, e seu objetivo é a sua comprovação, de forma a trazer benefícios, Ruiz (2014,
p.50). Para Gil (2010, p.27) a mesma se conceitua como “Pesquisas voltadas a aquisição de
conhecimentos com vistas à aplicação numa situação específica”.
Portanto, o estudo se classifica como uma pesquisa aplicada, porque buscou a
utilização da contabilidade de custos na apuração do custo do produto, na formação e análise
41
Referente aos procedimentos técnicos Zamberlan et al. (2014, p.98) diz que “nunca se
utiliza apenas um procedimento metodológico e nem somente aqueles que se conhece, mas
todo que forem necessários ou apropriados para determinado caso”.
Deste modo o estudo se clássica como uma pesquisa bibliográfica, documental, estudo
de caso e levantamento.
Para Marconi; Lakatos (2003, p.158) “A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral
sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de
fornecer dados atuais e relevantes relacionados ao tema”.
A pesquisa documental é muito semelhante à pesquisa bibliográfica, a documental se
diferencia da bibliográfica quando ela se classifica como uso interno da empresa e tem
diversas finalidades, e a bibliográfica é encontrada em banco de dados para públicos
específicos, conforme Gil (2010).
Segundo Beuren et al. (2004, p. 84) “a pesquisa do tipo estudo de caso caracteriza-se
principalmente pelo estudo concentrado de um único caso. Esse estudo é preferido pelos
pesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito de determinando caso
especifico”.
Quanto à pesquisa do tipo levantamento Gil (2010, p.35) descreve que “pesquisas
deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja
conhecer. Basicamente, procede-se a solicitação de informações a um grupo significativo de
pessoas acerca do problema estudado”.
A partir destes conceitos, classifica-se o estudo como pesquisa bibliográfica, quando
se fez uso de livros, revistas, artigos como base, documental no momento em que os
documentos de uso interno dos gestores da empresa foram liberados, utilizados e analisados e
por fim, o estudo de caso por se tratar de um estudo realizado em uma única empresa, fazendo
os levantamentos dos custos para o desenvolvimento do sistema de custeio com a respectiva
formação e análise de preços, volume e resultados, além das informações para a gestão.
43
Para a realização deste estudo, foram selecionados dois produtos da linha de produção,
sendo estes uma cozinha e um dormitório completo. Para a escolha foi considerado os
produtos com mais saída nos últimos meses na organização. É importante ressaltar que todos
os moveis passam pelo mesmo processo de orçamento, venda e por último a produção, o que
varia de um produto para o outro são os tempos em que cada um requer.
Solicitação do Cliente
Não
Fim
Aceitação do
orçamento
Elaboração do Projeto pelo cliente
Sim
Assinatura do
Aprovação pedido de
do projeto Orçamento
produção
pelo cliente
De acordo com a figura 13, que representa o fluxograma de venda antes do produto ir
para a produção, observa-se que o processo se inicia com a solicitação do cliente.
Posteriormente é identificada a necessidade do cliente e daí passa para a elaboração de um
46
projeto, buscando suprir essa necessidade o qual é aprovado ou não pelo cliente, em caso de
não aprovação ocorre modificações de acordo com o solicitado pelo cliente ou finalização do
processo. Em caso de aprovação ocorre a escolha dos materiais que serão utilizados, cores e
fornecedores das chapas de MDF, corrediças, puxadores entre outros detalhes que vão compor
os custos. Após a escolha tem-se a elaboração do orçamento passando para a aceitação do
cliente, em caso afirmativo se faz a assinatura do pedido de produção e o projeto vai para a
área produtiva.
Análise do
projeto Fim
Peças do móvel
cabem no veículo
da empresa
Plano de corte Recolhimento das
ferramentas
Não
Corte
Desmontagem Sim
Contatar freteiro Limpeza do local
Laminação das
peças Pré-montagem na Carregamento Limpeza do
empresa móvel
alumínio com 5,93%, da fita de borda com 4,99%, da lixeira c/ trilo dupla com 4,33%, das
ponteiras de puxador de alumínio com 3,59%, e da corrediça normal 45kg com 3,40%, em
seguida tem-se o frete, a madeira, o porta latas cromada, o divisor de talher 50 cm, o porta
pano de prato e o pistão 50N/60N/80N basculante com menos de 3% cada.
Para a apuração dos custos com mão-de-obra direta foi necessário verificar os valores
dos salários e dos encargos com funcionários nos últimos doze meses e fazer uma média, por
meio deste cálculo chegou-se nos valores representados no quadro.
Após esta apuração se fez necessário à análise do custo da mão-de-obra por minuto.
Observa-se que em alguns processos não se faz necessário que os dois funcionários
atuem, sendo assim é computado somente o valor da MOD do funcionário atuante no
processo, no caso em que os dois funcionários se fazem necessário foi somado os custos da
MOD por minuto de cada um deles. Assim sendo, para a apuração do custo total com MOD
do dormitório pegou-se o tempo em minutos de cada processo e multiplicou-se pelo custo da
MOD por minuto, resultando no custo que cada processo gera nesta produção. Chegou-se em
um valor total de mão-de obra direta de R$ 847,47.
No quadro 10 são representados os tempos de cada processo produtivo para a
fabricação do produto cozinha e os mesmos interligados com seus relativos custos de mão-de-
obra direta:
Analisa-se que na produção da cozinha o que altera são os tempos necessários em cada
processo, sendo que esta necessita de mais tempo resultando assim em uma MOD maior,
totalizando um valor de R$ 923,70.
Os custos indiretos são os demais gastos que a empresa necessita para seu
funcionamento, não podem ser apropriados diretamente a cada produto no momento de sua
ocorrência, sendo que estes não são facilmente alocados aos produtos, necessitando de um
critério de rateio previamente determinado. Tem-se como um custo indireto a mão-de-obra
indireta.
52
Com base no quadro 11, analisa-se que o custo total que a organização tem com mão-
de-obra direta é de R$ 9.087,86. Neste valor estão incluso os pró-labores dos três sócios,
levando em conta que ambos realizam atividades na empresa. Este valor será agrupado com
os demais custos indiretos.
Dentro do setor de produção existem matérias que não são alocados diretamente a um
produto, esses são denominados como outros materiais indiretos.
Quadro 13 - Depreciação
Bens Valor do Bem Vida Útil % Valor Residual Depreciação Mensal
Automóvel 22.000,00 5 anos 20% 10.000,00 200,00
Maquinhas e Equipamentos 250.000,00 10 anos 10% 80.000,00 1.416,67
Fonte: Dados conforme pesquisa (2016)
53
No que tange os custos indiretos variáveis o custo mais representativo se encontra nos
materiais indiretos com 63,04%, seguido dos gastos com gasolina com 15,57% e da energia
com 12,34%. Com um percentual não tão significativo tem-se a manutenção com 3,89%, o
telefone com 3,23% e a água com 1,93%.
Para ratear os custos indiretos foi utilizado uma média de faturamento mensal que
resultou em um valor de R$ 81.000,00. Posteriormente foi utilizado o preço de venda dos
produtos em estudo e qual o percentual que eles representavam do total do faturamento,
resultando assim em um custo indireto fixo de R$ 3.872,83 que rateado entre os dois produtos
conforme o percentual de representatividade do seu preço de venda atualmente praticado o
dormitório ficou com R$ 2.444,83 deste valor e o restante R$ 1.427,99 são os custos indiretos
fixos alocados a cozinha. Já os custos indiretos variáveis resultaram num montante de R$
1.457,71 deste R$ 920,22 foram alocados ao dormitório e R$ 537,49 a cozinha.
Para o cálculo do custo total foram utilizados dois métodos, o custeio por absorção e o
custeio variável.
8% 8%
22%
62%
Mão-de-obra direta Matéria Prima Custos Indiretos Fixos Custos Indiretos Variáveis
No gráfico 1 pode-se observar a divisão dos custos totais, sendo que a matéria-prima é
o custo mais significativo representando 62%, depois tem-se os custos indiretos fixos com
22% e os custos indiretos variáveis com 8%, a mão-de-obra direta tem menor
representatividade com 8%. Portanto, o custo direto total do dormitório soma 70% e os custos
indiretos fixos e variáveis 30%.
O custo total da cozinha levando-se em consideração os valores apresentado nos
quadros anteriores.
O custo total de acordo com o quadro 16 pelo método de custeio por absorção da
cozinha representa um montante de R$ 6.899,69, sendo composto pela mão-de-obra direta a
matéria-prima e os custos indiretos fixos e variáveis.
56
8% 13%
21%
58%
Mão-de-obra direta Matéria Prima Custos Indiretos Fixos Custos Indiretos Variáveis
O método de custeio variável não é aceito pela legislação, porém é utilizado para o
gerenciamento, o que o difere do método absorção é que este só utiliza os custos que variam
de acordo com a produção. Deste modo o quadro 17 representa os custos totais com o
dormitório.
57
Esses são os valores que representam o custo total pelo método variável do produto
dormitório, sendo que totalizou um montante de R$ 8.704,19, decorrentes dos custos com
mão-de-obra direta, matéria-prima e custos indiretos variáveis representados no gráfico 3.
10% 10%
80%
10%
17%
73%
Neste item apresenta-se a formação inicial do preço de venda com base no mark-up,
bem como uma análise comparativa com os preços dos concorrentes e o preço atualmente
praticado pela empresa de estudo. Posteriormente apresenta-se os cálculos dos indicadores
59
Para a formação do preço de venda orientativo foram utilizados os custos totais pelo
método absorção e a técnica do mark-up, levando-se em consideração o lucro determinado
pela empresa. Posteriormente o preço desejado pelo mark-up foi comparado com o preço já
praticado pela organização. A seguir a composição do mark-up divisor utilizado para calcular
os preços de venda.
No quadro 19, tem-se que o valor da venda é de 100%, subtraído do valor da comissão
dos funcionários que totaliza 6%, levando-se em consideração que a projetista ganha 2%
sobre o projeto vendido, e os dois funcionários da produção 2% sobre o produto produzido. O
lucro desejado pela empresa é de 20%, a média de despesas é de 2% e os 8,04% de impostos
conforme tabela vigente do Simples Nacional, obtém-se um valor de mark-up divisor de
0,6396. Utilizando-se esse mark-up, foi calculado o preço de venda orientativo para a empresa
analisar com o preço dos concorrentes e verificar as possibilidades de negociação com o
cliente.
Com base nos custos totais e de um mark-up de 0,63 pode-se chegar a um preço de
venda conforme apresentado no quadro 19, sendo que este é de R$ 17.431,24 para o
dormitório e de R$ 10.787,50 para a cozinha.
60
Posteriormente a formação do preço de venda pelo mark-up com base nos custos e
lucros desejados pela empresa, pode-se fazer um comparativo com os preços dos
concorrentes, deste modo foi coletado o preço destes.
O concorrente 1 é uma empresa de grande porte situada na mesma região que a
organização de estudo, porem possuem mais filiais em outras localidades, além de trabalhar
com outros produtos além dos moveis sob medida. O concorrente 2 é uma indústria de moveis
com aproximadamente o mesmo porte da empresa estudada também situada na região.
Assim sendo, tem-se o comparativo de preços dos concorrentes, com os preços de
venda pelo mark-up e o preço de venda praticado atualmente pela empresa.
Analisou-se com base nos dados apurados, que os preços apresentam uma grande
variação, bem como as formas de passar os orçamentos. Notou-se também que todos os
preços apresentados estão abaixo do preço de venda estimado pelo mark-up, que foi calculado
com base nos custos e margem de lucros desejados pela empresa de estudo que era de 20%, e
também é preciso destacar que a empresa apresenta o menor preço de venda atualmente
praticado. Desta forma foi tomada a decisão de que os preços de venda da empresa podem ser
aumentados, porem para o produto dormitório a margem de lucro de 20% é muito elevada,
aconselhando assim baixar a margem de lucro para 12%, obtendo um mark-up divisor de 0,71
e um preço de venda de R$ 15.493,36, sendo que este preço representa um valor de R$ 990,36
maior do que o preço atualmente praticado pela organização, e ainda assim, coloca a empresa
em um nível de competitividade no mercado aonde atua.
No que tange ao produto cozinha as mesmas decisões são tomadas, acredita-se que o
preço de venda praticado pode ser aumentado, porem a margem de lucro de 20% é muito alta,
levando-se em consideração que o preço calculado pelo mark-up está muito acima do preço
praticado pelos concorrentes, deste modo aconselha-se a empresa a baixar a margem de lucro
desejada para 10%, obtendo um mark-up de 0,73 e respectivamente um preço de venda de R$
9.328,94, sendo este R$ 857,94 maior que o preço atualmente praticado.
Considerando os dois produtos em estudo, nota-se que não podem ser precificados de
forma igualitária, para que estejam em níveis competitivos no mercado é necessário avaliar o
preço percebido pelos clientes em relação aos demais concorrentes, levando-se em conta que
os produtos são exclusivos e buscam atender as necessidades especificas dos clientes, deste
modo tomou-se como base um preço orientativo entre o concorrente 1 que é uma empresa de
maior porte e que não trabalha somente com moveis sob medida e o concorrente 2 que é uma
empresa do mesmo porte da organização estudada o que permite que a empresa tenha
resultados maiores e ainda assim se torne competitiva.
7.000,00
6.000,00
5.000,00
4.000,00
3.000,00
2.000,00
1.000,00
-
Dormitório Cozinha
Preço de Venda Desejado 5.931,08 3.585,49
Preço de Venda Orientativo 4.304,04 2.360,89
Preço de Venda Praticado 3.472,53 1.640,56
Concorrente 1 4.888,93 2.596,86
Concorrente 2 3.889,81 1.664,91
4.5.5 Resultados
Com base na apuração dos custos torna-se possível a apuração dos resultados em cada
um dos preços já vistos, conforme demonstrado no quadro 23.
Quadro 23 – Resultados
Resultados
Dormitório
PV PV PV PV
PV Mark-up % % % % %
Orientativo Praticado Concorrente 1 Concorrente 2
Preço de Venda 17.431,24 100% 15.493,36 100% 14.503,00 100% 16.190,00 100% 15.000,00 100%
(-) Custo Variavel 8.704,19 50% 8.704,19 56% 8.704,19 60% 8.704,19 54% 8.704,19 58%
(-) Despesa Variavel 2.795,97 16% 2.485,14 16% 2.326,28 16% 2.596,88 16% 2.406,00 16%
(=) Margem de Contribuição 5.931,08 34% 4.304,04 28% 3.472,53 24% 4.888,93 30% 3.889,81 26%
(-) Custos Fixos 2.444,83 14% 2.444,83 16% 2.444,83 17% 2.444,83 15% 2.444,83 16%
(=) Resultado Liquido 3.486,25 20% 1.859,20 12% 1.027,69 7% 2.444,10 15% 1.444,98 10%
Cozinha
Preço de Venda 10.787,50 100% 9.328,94 100% 8.471,00 100% 9.610,00 100% 8.500,00 100%
(-) Custo Variavel 5.471,69 51% 5.471,69 59% 5.471,69 65% 5.471,69 57% 5.471,69 64%
(-) Despesa Variavel 1.730,32 16% 1.496,36 16% 1.358,75 16% 1.541,44 16% 1.363,40 16%
(=) Margem de Contribuição 3.585,49 33% 2.360,89 25% 1.640,56 19% 2.596,86 27% 1.664,91 20%
(-) Custos Fixos 1.427,99 13% 1.427,99 15% 1.427,99 17% 1.427,99 15% 1.427,99 17%
(=) Resultado Liquido 2.157,50 20% 932,89 10% 212,56 3% 1.168,87 12% 236,91 3%
Fonte: Dados conforme pesquisa (2016)
O preço de venda praticado atualmente pela empresa traz um resultado líquido de 7%,
fazendo com que os custos variáveis representem um percentual de 60% e os custos fixos de
17%. O resultado líquido do concorrente 1 é de 15% sobre o preço de venda, os custos
variáveis 54% e os custos fixos 15%. Já o concorrente 2 tem um resultado líquido de 10%
sobre o preço de venda, seus custos variáveis representam 58% e os custos fixos 16%.
Nota-se também que o valor dos custos variáveis e dos custos fixos se mantem
inalterados, independentemente do preço de venda praticado, o que apresenta variação são as
despesas variáveis, isso ocorre devido ao fato delas representarem um percentual de 16%
sobre o preço de venda, esse percentual é composto por 8,04% de impostos, 2% de uma média
de despesas e 6% de comissões pagas aos funcionários.
Referente ao produto cozinha o preço de venda desejado traz um resultado líquido de
20%, os custos variáveis representam 51% e os custos fixos 13%. No preço de venda
orientativo o resultado liquido cai para 10%, enquanto os custos variáveis aumentam para
59% e os custos fixos para 15%. O preço de venda atualmente praticado está trazendo para a
empresa um resultado líquido de 3%, o que resulta em um custo variável de 65% sobre o
preço de venda, e um custo fixo de 17%. No concorrente 1 tem-se um resultado de 12%,
trazendo um custo variável de 57% e custo fixo de 15%. O concorrente 2, apresenta um
resultado de 3%, sendo que seus custos variáveis são de 64% sobre o preço de venda e os
custos fixos de 17%.
Observa-se que a empresa de estudo pode aumentar o resultado do produto dormitório
em 5% praticando o preço de venda orientativo, no que se refere ao produto cozinha o
resultado pode ser elevado em 7%. Comparando a representatividade dos custos em relação
aos produtos nota-se que o dormitório apresenta um custo variável menor em relação à
cozinha, porem apresenta um custo fixo maior.
O objetivo deste estudo era de demonstrar como um sistema de custeio pode apurar os
custos de produção, analisar os preços atualmente praticados pela empresa com o de seus
concorrentes e também identificar o valor percebido pelos seus clientes, avaliando os
resultados, os indicadores e as contribuições destes para a gestão.
Deste modo foi produzido um sistema de orçamento que abrange todos os custos,
sendo estes a mão-de-obra direta, a matéria-prima, a mão-de-obra indireta, os outros materiais
utilizados na produção e demais custos indiretos, tais como aluguel, água, luz, propaganda,
68
depreciações entre outros, posteriormente a apuração destes custos o sistema aplica o mark-
up, gerando assim um preço de venda para a produção.
Com base no sistema proposto é possível avaliar os indicadores gerenciais, que são
apresentados pela margem de contribuição, ponto de equilíbrio e a margem de segurança
operacional, essas informações tornam a tomada de decisão mais fácil e precisa, além de
auxiliar os gestores no momento de avaliar os reais resultados trazidos pelos produtos.
Pode-se ressaltar que os mesmo indicadores auxiliam a gestão no momento de avaliar
possíveis descontos ou contrapropostas de clientes, onde se avalia se se tal preço é viável e
também se dá cobertura a todos os custos, sem resultar em futuros prejuízos.
Foi possível observar durante a sistematização dos dados que em alguns casos o lucro
desejado não pode ser aplicado no mark-up, essa conclusão foi tomada no momento em que
notou-se que o preço de venda desejado foi muito superior aos preços praticados pelos
concorrentes, e também do preço atual praticado pela empresa, deste modo caso o preço
desejado fosse aplicado a organização deixaria de ter preços competitivos.
Outra importante observação foi feita no que tange ao preço praticado, a empresa
pratica um preço abaixo dos concorrentes, podendo esse ser elevado levando em consideração
que os produtos apresentam a mesma qualidade. Se o preço de venda orientado for praticado o
lucro do produto dormitório passa de 7% para 12% e o da cozinha de 3% para 10%, e a
empresa continuará em nível competitivo.
CONCLUSÃO
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