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da redação
A iniciativa do Governo Bolsonaro de apresentar, por meio do Ministério da Justiça, um
projeto de lei para o combate mais eficaz ao crime e para assegurar o fim da impunidade
merece ser saudada e elogiada. É a primeira vez em décadas que o governo federal toma a
decisão acertada, e ansiada pela maioria dos brasileiros, de tornar mais rigorosa a legislação
que venha a dar um fim à espiral crescente da criminalidade instalada no País durante o
período dos governos tucano e petistas.
A consultoria jurídica de nosso portal fez uma análise cuidadosa do anteprojeto e identificou
falhas técnicas enormes e gritantes na redação do projeto e que, se aprovadas, poderão
resultar no efeito oposto ao desejado: dificultar ou tornar na prática impossível a prisão após
condenação em segunda instância.
O próprio presidente Jair Bolsonaro, já bem antes da campanha eleitoral, criticava essas
audiências e assumiu o compromisso de extingui-las. Portanto, não faz sentido o Ministério
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11/02/2019 Análise do Anteprojeto de Lei Anticrime | Critica Nacional
A análise técnica detalhada dos artigos do Anteprojeto de Lei Anticrime está apresentada
mais abaixo. Nela, destacamos os artigos referentes à prisão em segunda instância e o uso de
recursos em tribunais superiores, apontando as inúmeras e gritantes falhas de redação do
projeto. Em breve traremos um novo artigo tratando das audiências de custódia e de outros
pontos igualmente falhos desse projeto elaborado pela equipe do Ministério da Justiça.
#CriticaNacional #TrueNews #RealNews
O verbo “determinará” traduz uma imposição aos tribunais, que não poderão mais deixar de
ordenar a execução provisória da pena cominada, seja ela privativa de liberdade (sanção
corporal) ou restritiva de direitos ou, ainda, pecuniária. A execução passa a ser decorrência
do acórdão condenatório, que confirmar a sentença de primeiro grau ou a reformar, no
todo ou em parte. O legislador age com acerto, não deixando margem a que essa
determinação não ocorra, como emanação imediata do julgamento pelo colegiado, ocorrido
em qualquer tribunal da Federação ou nos tribunais superiores.
Ocorrem dois equívocos nestes parágrafos, que restringem e anulam a intenção do caput. Ao
se facultar ao tribunal (“poderá”) a não autorização para a execução provisória “se houver
uma questão constitucional ou legal relevante”, o legislador fulmina de morte o disposto no
caput do artigo, pois traz o julgamento a um campo extremamente subjetivo, no qual muito
dificilmente não haverá questões ou legais (infraconstitucionais) ou constitucionais
“relevantes”.
Explico: caso a parte tenha interposto recurso especial ou extraordinário acerca dos
respectivos assuntos – legal ou constitucional –, isso já bastará como tese a ser levantada
pela defesa para barrar a execução provisória da pena. Em última análise, chega-se a um
cenário absurdo, no qual, em sendo apenas interpostos os recursos especial e/ou
extraordinário, isso bastará, tão somente, para que o julgador colegiado deixe de
determinar a execução provisória da pena.
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Assim sendo, a situação ficará muito pior que é hoje, pois os recursos de natureza
extraordinária (especial e extraordinário) não suspendem a execução da pena, mas
passarão a ter o malfadado efeito suspensivo, hoje atribuído, apenas, à apelação.
Para que o § 1º não impeça que o caput do artigo tenha efetiva eficácia e tenha razão de ser,
honrando a jurisprudência expressa no precedente jurisprudencial ocorrido no julgamento
do Habeas Corpus 126292/SP, conforme indicado nessa referência aqui de 17/2/2016, é
melhor que se retire do texto todo o parágrafo, sob pena de gerar grave insegurança jurídica.
Este parágrafo trata de norma procedimental. A boa técnica legislativa prescinde desse tipo
de pormenor desnecessário, pois não influencia o conteúdo expresso no caput do
artigo. Esse tipo de procedimento, por natureza, deve ser tratado por meio de
regulamentação administrativa em cada tribunal. O parágrafo, portanto, deve, igualmente,
ser retirado do texto normativo.
O disposto no caput desse artigo repete o que determina o caput do art, 995 do novo Código
de Processo Civil, aplicável também aos processos de natureza penal. Cito os arts. 994 e 995
do NCPC, para melhor explicar a questão:
§ 1º do art. 637
Caput: § 1º Excepcionalmente, poderão o Supremo Tribunal Federal e o Superior
Tribunal de Justiça atribuir efeito suspensivo ao recurso extraordinário e ao recurso
especial […].
Este parágrafo é totalmente desnecessário e, nos mesmos moldes do art. 617-A, “trava” e se
contradiz com o disposto no caput. A função dos parágrafos num texto legal é especificar,
nunca contradizer o que diz o principal da norma, que está contido no caput (que quer dizer
“cabeça”, em latim).
Novamente, o Anteprojeto traz exceção que macula a regra, ou seja, permite que o julgador
atribua o tal efeito suspensivo aos recursos dirigidos ao STJ (especial) e STF
(extraordinário). Desta vez, restringe mais tal permissão excepcional, ao dizer: “quando
verificado cumulativamente que o recurso: […]
Incisos
O regramento é cumulativo, ou seja, exige que dois requisitos, juntos, estejam presentes para
que o efeito suspensivo seja atribuído aos recursos, que são:
Esse inciso é totalmente incongruente com o regramento do Código de Processo Penal, uma
vez que nenhum recurso especial ou extraordinário possui essa natureza protelatória, uma
vez que há um crivo severo, imposto ao operador do Direito pela norma, que obriga que haja
um juízo prévio de admissibilidade para que efetivamente cheguem a ser julgados.
Os recursos que têm natureza protelatória, em geral, são os agravos regimentais sucessivos
ou os embargos de declaração também opostos de forma repetida pelos advogados que
pretendem apenas protelar a decisão final, o que não é o caso.
Esse inciso deve ser retirado do texto, por não fazer sentido e ser inócuo, do ponto de vista
jurídico.
II – levanta (:)
uma questão de direito federal ou constitucional relevante, com repercussão geral e
que pode resultar em absolvição, anulação da sentença, substituição da pena privativa
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Ora, em tese, todas as questões submetidas à análise dos Tribunais Superiores, seja em
recurso especial (“questão de direito federal”), seja em recurso extraordinário (“questão
constitucional relevante”) têm a possibilidade de resultar em absolvição, anulação da
sentença ou substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos ou, ainda,
gerar mudança do regime de cumprimento de pena para o aberto, dependendo do objeto da
ação e do cumprimento dos requisitos necessários à análise do mérito, já delineadas pelas
jurisprudências do STJ e do STF.
A dosimetria da pena e eventuais nulidades são revistos, em regra, quando da análise de tais
recursos. Por tal motivo, insistimos que praticamente todos os recursos poderão obstaculizar
a execução das penas após o julgamento do recurso de apelação e seus consectários
(embargos de declaração, embargos de divergência ou embargos infringentes), pelo Tribunal
de origem. Isso contraria e contradiz o caput do artigo. Não faz sentido!
Toda essa confusão legislativa faz com que o efeito suspensivo passe a ser regra e não
exceção, tornando a situação da execução provisória das penas verdadeiramente inexistente!
Além disso, não faz sentido e é contrário à boa técnica legislativa e ao princípio da igualdade
constitucional distinguir o recurso especial do recurso extraordinário, no ponto, obrigando o
respeito a um requisito como a repercussão geral, no caso do extraordinário, e não impor o
mesmo parâmetro para a atribuição de efeito suspensivo ao recurso especial, pois, no STJ,
há, paralelamente, a possibilidade de se arguir o mesmo tipo de paradigma aos chamados
recursos repetitivos, aos quais o legislador sequer fez menção.
Nem um nem outro deveriam ser requisitos obrigatórios, pois levarão a um acúmulo
inevitável de pedidos judiciais de repercussão geral, no STF, e, caso se inclua o recurso
repetitivo, no STJ, desnecessariamente.
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Não há objeção a fazer. Ao contrário, este dispositivo é elogiável, pois traz para o texto
normativo, regulamentando e sanando quaisquer dúvidas a respeito da competência para
decidir sobre esse tipo de pedido. Além disso, obriga o advogado a ser diligente, acostando
ao pedido tais cópias, absolutamente necessárias ao exame dos recursos de natureza
extraordinária. Isso evita delongas processuais oriundas de ausência de comprovação de
tempestividade, por exemplo, e de falta de contrarrazões, que geram postergação do
julgamento.
Este artigo também foi muito bem concebido. Ele trará um “desafogamento” de atribuições
aos tribunais de justiça e TRFs, levando o juízo de admissibilidade do recurso especial ao
próprio STJ e do extraordinário ao STF. Tanto STJ quanto STF terão mais atribuições e
julgarão ainda mais recursos, mas, de todo modo, faz mais sentido que esse juízo seja feito
por quem entende melhor dos recursos e faz a jurisprudência aplicável a eles. Há muito
tempo, os juristas cogitavam em fazer essa mudança, que vem em boa hora.
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de prisão cautelar
ou em virtude de condenação criminal transitada em julgado ou exarada por órgão
colegiado.
Esse artigo repete o inciso LXI do art. 5º da Constituição Federal, que transcrevemos:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.
No nosso entender, o texto deveria fazer menção ao inciso LXI do art. 5º da CF, mantendo a
redação, apenas, da parte em que especifica a natureza das prisões e destacando a prisão na
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hipótese de execução provisória da pena, para que não haja margem para interpretações
extensivas. Propomos a seguinte redação:
Redação sugerida ao Art. 283. A prisão a que se refere o inciso LXI do art. 5º da
Constituição Federal somente poderá decorrer de ordem de prisão cautelar ou
condenação criminal transitada em julgado ou, ainda, exarada por órgão colegiado,
na hipótese de execução provisória.
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