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Direito Processual Penal O que é “Quebra da Cadeia de Custódia”?

Dr. Pedro Coelho 
Defensor Público Federal

O que é “Quebra da Cadeia de Custódia”?
Entenda  o  assunto  que  foi  cobrado  na  última  prova  oral  do  TRF  5ª  Região  e  tende  a  despencar  nos  próximos
certames públicos!

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Olá pessoal, tudo bem?

O post de hoje é especialmente relevante, pois se trata de uma das minhas “apostas” de temas centrais que serão
questionados  em  fases  mais  avançadas  de  concursos  públicos  na  matéria  do  direito  processual  penal!  Se,  desde
2014, a audiência de custódia era o “tema do momento”, a minha principal aposta (e já venho trabalhando isso
com os nossos alunos) é exatamente a QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA.  Conversando  com  um  amigo
aprovado  no  último  exame  oral  para  a  magistratura  federal  do  TRF  5ª  Região,  ele  me  relatou  que  a  parte
significativa dos candidatos não sabia do que se tratava quando foram arguidos!

Se você também não sabe, sem problemas! Vamos tentar compreender esse importantíssimo tema que, desde já é
bom ressaltar, nada tem a ver com a audiência de custódia!

Cadeia de Custódia é o processo de documentar a história cronológica da evidência, esse processo visa a garantir
o rastreamento das evidências utilizadas em processos judiciais, registrar quem teve acesso ou realizou o manuseio
desta  evidência.  No  que  diz  respeito  à  preservação  das  informações  coletadas  a  cadeia  de  custódia  possibilita
documentar a cronologia das evidências, quem foram os responsáveis por seu manuseio, garantir a inviolabilidade
do  material,  lacrar  as  evidências,  restringir  acesso,  tudo  isso  visando  à  perda  da  confiança  do  elemento
(com)probatório, seja em qual área for.
No processo penal, como não poderia deixar de ser, por envolver instrumento processual que pode culminar com a
restrição  da  liberdade  de  locomoção  do  cidadão,  o  tema  preservação  das  fontes  de  prova  ganha  ainda  maior
importância  e,  nesse  contexto,  a  preservação  da  cadeia  de  custódia  probatória  segue  mesma  sorte.  A  sua
preservação, em verdade, é erigida a verdadeira “condição de validade da prova”.

É  fato  que  o  Brasil  não  ostenta  uma  regulamentação  normativa  acerca  da  manutenção  da  cadeia  de  custódia
probatória, mas nem por isso podemos afastar o dever e imprescindibilidade de sua higidez. A cadeia de custódia
exige o estabelecimento de um procedimento regrado e estruturado previamente, documentando toda a cronologia
existencial de determinada prova, viabilizando a diferida validação judicial.

Um dos principais expoentes doutrinários do processo penal, Geraldo Prado é, sem dúvidas, o ponto de destaque na
vanguarda da análise da (quebra da) cadeia de custódia probatória dentro da persecução penal. O desembargador
carioca  aponta  que  o  “rastreamento  das  fontes  de  prova  será  uma  tarefa  impossível  se  parcela  dos  elementos
probatórios colhidos de forma encadeada vier a ser destruída.  Sem  esse  rastreamento,  a  identificação  do  vínculo
eventualmente existente entre uma prova aparentemente lícita e outra, anterior, ilícita, de que a primeira é derivada,
dificilmente será revelado. Os suportes técnicos, pois, têm uma importância para o processo penal que transcende a
simples condição de ferramentas de apoio à polícia para execução de ordens judiciais”[1].

Tudo bem, Pedro! Deu para entender que se trata de um tema doutrinário interessante e moderno. Mas isso
não tem relevância em âmbito jurisprudencial nos Tribunais pátrios, correto? Não, ERRADO!

Esse tema é relevante para concurso público (tanto que foi cobrado na recente prova oral da  Magistratura Federal
do TRF 5ª Região) exatamente porque já ostenta reflexos precisos e importantes em julgados do Superior Tribunal
de Justiça! Vamos entender o problema versado no HC 160.662/RJ, julgado pela 6ª Turma do STJ em 18 de
fevereiro de 2014, cuja relatoria foi atribuída à Ministra Assusete Magalhães!

No  referido  caso  concreto,  houve  decretação  judicial  e  legal  de  interceptação  das  comunicações  telemáticas.
Posteriormente, fora franqueado o acesso aos autos para a defesa, mas, no que tange às provas obtidas a partir da
interceptação  autorizada  pelo  juízo  competente,  parcela  delas  teria  sido  extraviada,  inviabilizando  o  acesso  à
integralidade  dos  áudios  captados,  perfazendo  registros  descontínuos  das  conversas,  além  da  omissão  de
determinados áudios.

Com  base  na  evidente  quebra  da  cadeia  de  custódia  verificada,  algumas  conclusões  podem  ser  extraídas  do
excelente voto da Ministra Relatora! Tomei o cuidado de selecionar e esquematizar as principais. Vejamos abaixo:

(a) Apesar de ter sido franqueado o acesso aos autos, parte das provas obtidas a partir da interceptação telemática
foi extraviada, ainda na Polícia, e o conteúdo dos áudios telefônicos não foi disponibilizado da forma como
captado, havendo descontinuidade nas conversas e na sua ordem, com omissão de alguns áudios.

(b)  A  prova  produzida  durante  a  interceptação  não  pode  servir  apenas  aos  interesses  do  órgão  acusador,  sendo
imprescindível a preservação da sua integralidade, sem a qual se mostra inviabilizado o exercício da ampla
defesa.

(c)  Mostra­se  lesiva  ao  direito  à  prova,  corolário  da  ampla  defesa  e  do  contraditório  –  constitucionalmente
garantidos ­, a ausência da salvaguarda da integralidade do material colhido na investigação, repercutindo
no próprio dever de garantia da paridade de armas das partes adversas.

(d)  É  certo  que  todo  o  material  obtido  por  meio  da  interceptação  telefônica  deve  ser  dirigido  à  autoridade
judiciária,  a  qual,  juntamente  com  a  acusação  e  a  defesa,  deve  selecionar  tudo  o  que  interesse  à  prova,
descartando­se, mediante o procedimento previsto no art. 9º, parágrafo único, da Lei 9.296/96, o que se mostrar
impertinente  ao  objeto  da  interceptação,  pelo  que  constitui  constrangimento  ilegal  a  seleção  do  material
produzido nas interceptações autorizadas, realizada pela Polícia Judiciária, tal como ocorreu, subtraindo­se,
do Juízo e das partes, o exame da pertinência das provas colhidas.

(e)  Decorre  da  garantia  da  ampla  defesa  o  direito  do  acusado  à  disponibilização  da  integralidade  de  mídia,
contendo o inteiro teor dos áudios e diálogos interceptados.

Como bem assinalaram os professores Aury Lopes Jr e Alexandre de Morais da Rosa, o zelo e a justa ponderação e
condicionamento de validação das provas e fontes de prova em face da higidez da cadeia de custódia se justifica
para impedir a (triste, porém existente) manipulação indevida do arcabouço de convencimento, visando sempre à
melhor  decisão  judicial.  Avançando,  afirmam  ainda  que  “não  se  limita  a  perquirir  a  boa  ou  má­fé  dos  agentes
policiais/estatais  que  manusearam  a  prova.  Não  se  trata  nem  de  presumir  a  boa­fé,  nem  a  má­fé,  mas  sim  de
objetivamente definir um procedimento que garanta e acredite a prova independente da problemática em torno do
elemento  subjetivo  do  agente.  A  discussão  acerca  da  subjetividade  deve  dar  lugar  a  critérios  objetivos,
empiricamente comprováveis, que independam da prova de má­fé ou ‘bondade e lisura’ do agente estatal”[2].

O  tema  é  novo,  um  pouco  “carregado  de  doutrina”,  mas  é  extremamente  importante  e,  não  tenham  dúvidas,  é  o
tema da moda no processo penal! Se não tiverem entendido, releiam, pois isso vai cair na sua prova!

Quaisquer dúvidas, estou à disposição através das redes sociais da Escola e da minha página no Facebook!

Vamos em frente! Grande abraço!

Pedro Coelho – Defensor Público Federal

https://www.facebook.com/Profpedrocoelho/

[1] PRADO, Geraldo. Prova penal e sistema de controle epistêmicos: a quebra da cadeia de custódia das provas
obtidas por métodos ocultos. São Paulo. 2014, p.79;

[2] http://www.conjur.com.br/2015­jan­16/limite­penal­importancia­cadeia­custodia­prova­penal

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Publicado em 18/08/16 às 18:21 por Dr. Pedro Coelho

3 Comments Sort by  Oldest

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Manoel Bernardino
Professor, ontem eu vibrei quando ­ assistindo ao seriado The Night Of da HBO ­ a defesa apresentou a
tese da “Quebra da Cadeia de Custódia” e eu sabia do que se tratava. Obrigado pelo excelente post.
Like · Reply · Aug 22, 2016 8:52am

Sergio Pontes · Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Obrigado pelo artigo !
Like · Reply · Sep 7, 2016 5:18pm

Ciro Gaertner · Advogado at Superintendencia Jurídica da CORSAN
Muito bom!!!
Like · Reply · Sep 11, 2016 5:01pm

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