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Melhoria do Desempenho da Proteção de Distância
via Correção dos Transitórios de Baixa Frequência
de Transformadores de Potencial Capacitivos
E. P. Machado, Non-Member, IEEE, D. Fernandes Jr., Member, IEEE, W. L. A. Neves, Member, IEEE,
Resumo – Este trabalho apresenta um novo método de correção
dos transitórios de baixa frequência dos Transformadores de
Potencial Capacitivos (TPCs) para melhorar o desempenho da
velocidade, da confiabilidade e da segurança da proteção de
distância de Linhas de Transmissão (LTs). O método proposto é
baseado em um filtro digital simples que recupera a forma do si-
nal do primário, cujas frequências estão compreendidas entre 10 e
60 Hz, a partir de amostras da tensão secundária. Diferentemente
das técnicas reportadas na literatura, o método não depende da
topologia do TPC nem de caracterı́sticas operacionais do sistema
protegido, pois, apenas a resposta em frequência do TPC é
utilizada como dado de entrada. Os resultados obtidos a partir de
simulações digitais mostram que o método proposto pode trazer
melhorias para o desempenho da proteção de distância.
Palavras chave – Transformadores de potencial capacitivos, res-
posta em frequência, correção numérica, proteção de distância.
I. I NTRODUÇ ÃO
S transformadores de potencial comumente utilizados no
O Sistema Elétrico de Potência (SEP) são do tipo indutivo
(TPI) ou capacitivo (TPC). Geralmente a escolha entre um e
outro leva em consideração dois fatores principais: o custo
do transformador e a necessidade de utilização de dispositivos
de acoplamento para sistema de onda portadora (carrier) para
transmissão e recebimento de dados pela LT. A redução dos
nı́veis de tensão dos sistemas √ de alta e extra alta tensão para
os valores de 115 V ou 115/ 3 V, em que os instrumentos
são designados para operar, geralmente requer um número
elevado de espiras do enrolamento primário do TPI tornando-
o muito caro, pesado e ficando construtivamente proibitivo
devido à classe de isolação requerida, isto é, o equipamento
torna-se muito grande. Nesse sentido, sistemas com tensões
superiores a 138 kV normalmente utilizam TPCs para fornecer
a tensão aos instrumentos de medição, proteção e controle.
Não obstante, a tensão secundária dos TPCs pode apresentar
transitórios que afetam o desempenho da proteção numérica
de distância de atuação rápida [1]–[3]. Isso porque essa
proteção utiliza filtros de estimação de fasores cuja precisão
e velocidade de convergência dependem das componentes de
frequência presentes no sinal secundário do TPC.
A utilização de TPCs para suprir os sinais de tensão
aos relés eletromecânicos tem sido realizado há décadas. O
E. P. Machado é professor do Colegiado de Engenharia Elétrica da
Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Av. Antônio
Carlos Magalhães, 510 – Santo Antônio, 48.902-300, Juazeiro, Bahia, Brazil,
(e-mail: eubis.machado@univasf.edu.br).
D. Fernandes Jr. e W. L. A. Neves são professores do Departamento de
Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG),
(e-mails: damasio@dee.ufcg.edu.br, waneves@dee.ufcg.edu.br).
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primeiro trabalho acerca dos efeitos da resposta transitória da
tensão secundária de TPCs sobre os relés eletromecânicos foi
publicado na década de 1950 [4]. Com a evolução da tecno-
logia de estado sólido, eclodiram na década de 1960 os relés
estáticos com altas sensibilidade e velocidade de operação.
Acompanhado esse desenvolvimento surgiram questões sobre
os problemas associados a infidelidade da tensão secundária
de TPCs quando o SEP encontra-se sob condições de falha
[5]. Com o desenvolvimento dos relés microprocessados para
utilização na proteção de sistemas elétricos de potência, sur-
gem a partir da década de 1990 os primeiros algoritmos para
correção, via software, dos transitórios da tensão secundária de
TPCs. Dentre as técnicas observam-se o uso de filtros digitais
[6]–[9], métodos que utilizam Redes Neurais Artificias (RNA)
para a tarefa de reconhecimento de formas de onda padrão
[10]–[12] e variações da técnica dos quadrados mı́nimos para
estimação de fasores [13]–[15]. Apesar do esforço, as técnicas
requerem o conhecimento da topologia do TPC e de uma
metodologia para obtenção dos parâmetros do modelo. Além
disso, as metodologias empregadas em [10]–[15] dependem do
SEP avaliado, devendo ser utilizadas apenas em aplicações de-
dicadas. Nesse sentido, é eminente o desafio da proposição de
um novo algoritmo que seja imune as caracterı́sticas do SEP,
ao modelo de TPC e não dependa da obtenção dos parâmetros
do modelo, haja vista que existem diversas topologias de TPCs
e não se conhece ao certo os valores dos seus parâmetros.
Neste trabalho, é proposto um Filtro Corretor de Tensão
(FCT) que apresenta concepção e implementação simples,
demandando dados de entrada de fácil consecução para res-
tabelecer uma réplica autêntica da tensão primária de TPCs a
partir de amostras da tensão secundária, independentemente da
topologia desse transdutor e das caracterı́sticas operacionais do
SEP, o que constituem caracterı́sticas essenciais a aplicações
práticas em tempo real. A fim de avaliar o FCT na correção
da tensão secundária de TPCs, apresenta-se o desempenho
da velocidade e da confiabilidade da proteção numérica de
distância de um SEP de 230 kV quando da utilização do
algoritmo proposto. Para tanto, um TPC de 230 kV [16] foi
utilizado para suprir os sinais de tensão a função de distância
de um relé numérico equipado com o FCT. Os registros
oscilográficos das faltas foram gerados utilizando-se o ATP
(Alternative Transients Program) [17], ao passo que o software
MATLAB foi empregado para emular o relé numérico.
II. C ARACTERIZAÇ ÃO DO P ROBLEMA
Nos primeiros instantes da ocorrência de uma falha no
SEP, quando a tensão do primário sofre uma mudança abrupta
ISSN 2177-6164
 2

de estado, a tensão secundária do TPC pode não representar
fielmente uma réplica do primário, pois, como qualquer dis-
positivo analógico, apresenta uma resposta transitória que é
função dos parâmetros R, L e C do equipamento, das condições
iniciais destes elementos e das caracterı́sticas do sinal de
excitação da entrada. Não obstante, a intensidade da mudança
de estado da tensão primária e, por consequência, os fatores
externos que a proporcionam como a localização da falta, o
ponto de inicialização sob o sinal de tensão do primário e
o SIR (System Impedance Ratio) do sistema são fatores que
afetam a severidade dos transitórios dos TPCs.
Na Fig. 1 são apresentados os transitórios da tensão se-
cundária de um TPC quando da ocorrência de uma falha
letividade, esses filtros apresentam uma resposta em frequência
que os aproximam de filtros ideais, sobretudo no caso de
filtros de ordem mais elevada. Por outro lado, esses sistemas
apresentam uma resposta dinâmica ruim, pois, considerando os
sinais de tensão exibidos na Fig. 1(a), apresenta-se na Fig. 3
o comportamento da amplitude e da fase dos fasores obtidos
a partir de amostras, a saber: de uma réplica da tensão do
primário (Vb ), de amostras da tensão secundária (Vs ) e de
amostras da tensão secundária processadas pelo filtro passa-
faixa do tipo Butterworth (VButter ).
0 3
-20 2

Ganho (dB)

Fase (rad)
-40 1
nas proximidades do terminal primário. Diferentemente das -60 0

correntes transitórias dos Transformadores de Corrente (TCs) -80 -1

-100 -2
que possuem além da componente fundamental e da compo- -120 -3
nente unidirecional, componentes harmônicas bem definidas, 0 50 100 150 200
Frequência (Hz)
250 300 0 50 100 150 200
Frequência (Hz)
250 300

tais como segunda e terceira harmônicas [18], as tensões tran- (a) (b)
sitórias dos TPCs tais quais as apresentadas na Fig. 1, possuem
componentes inter-harmônicas próximas à fundamental que Fig. 2. Resposta em frequência de um filtro Butterworth com frequências de
não são facilmente eliminadas pelas técnicas tradicionais de corte 55 e 65 Hz e frequência central 60 Hz. (a) Ganho. (b) Fase.
filtragem e, portanto, introduzem erros na amplitude e na
fase do fasor da componente fundamental computada pelos
V V V
filtros de estimação de fasores. De fato, a partir do estudo 2
b s Butter
10
Módulo (V)

100
30 1
20 10
10
50 0
Tensão (V)

-10
50 60 70 80 90 100 110 120 0
0 10
200
-50
Fase (graus)

100
TPC IDEAL TPC REAL
-100 0
40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (ms) -100
(a) -200
140 160 180 200 220 240
100 10 Tempo (ms)
5
0
50 -5
Fig. 3. Comportamento da amplitude e da fase do fasor da componente
Tensão (V)

-10
-15
50 60 70 80 90 100 110 120 fundamental presente na tensão exibida na Figura 1(a).
0

-50
TPC IDEAL
-100
40 50 60 70 80 90
Tempo (ms)
(b)
Fig. 1. Tensão secundária de um TPC durante uma falta na LT monitorada.
(a) Tensão para uma falta com ângulo de incidência de 0◦ . (b) Tensão para
uma falta com ângulo de incidência de 90◦ .
da resposta em frequência dos filtros de estimação de fasores
comumente utilizados nos relés numéricos comerciais, que é
o caso dos filtros de Fourier [19], verifica-se que os mesmos
não conseguem eliminar componentes harmônicas de ordem
par, como é o caso do filtro Fourier de meio ciclo, bem como
inter-harmônicas que é o caso deste último e do filtro um ciclo.
Sendo o interesse na componente fundamental, uma solução
simples seria filtrar os distúrbios da tensão secundária de TPCs
através de filtros passa-faixa com alto fator de qualidade, tal
qual o apresentado na Fig. 2. Observa-se que, pela ótica da se-
Com base nas caracterı́sticas dos fasores de referência,
TPC REAL
aqueles obtidos a partir de amostras de uma réplica da tensão
100 110 120
do primário ou tensão da barra, os sinais espúrios presentes
na tensão secundária do TPC provocam erros na estimação da
amplitude e da fase, o que pode comprometer a velocidade, a
confiabilidade e a segurança da proteção. De modo qualitativo,
os erros de amplitude provocam o sobrealcance enquanto os
erros de fase proporcionam a perda de direcionalidade da
proteção numérica de distância.
III. M ÉTODO P ROPOSTO
O algoritmo proposto para correção da resposta transitória
de TPCs parte da definição de transmissão sem distorção [20].
Sob aspecto de medição, diz-se que um sinal x(t) é transmitido
através de um sistema sem sofrer distorções se o sinal de saı́da
y(t) puder ser expresso na forma:
y(t) = Kx(t − t0 ). (1)

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Sendo K uma constante responsável por uma mudança na
amplitude no sinal de entrada e t0 é um retardo na transmissão
do sinal. Aplicando a transformada de Fourier e usando
a propriedade de deslocamento no tempo da transformada,
obtém-se:
Y (jω) = KX(jω)e−jωt0 . (2)
Portanto, a resposta em frequência de um sistema sem
distorções pode ser expressa por:
Y (jω)
H(jω) = = Ke−jωt0 = K∠ − ωt0 . (3)
X(jω)
Isto é, possui módulo constante e fase linear para todas as
frequências de interesse.
A partir da medição da resposta em frequência de TPCs
[21], estes podem ser considerados sistemas que apresentam
distorções de amplitude e de fase. Essas distorções devem-
se ao fato de que as componentes de frequência presentes
na tensão do primário de um TPC serem transmitidas ao
secundário com ganhos e atrasos diferentes. A fim de corrigir
os componentes de frequência que estão dentro de uma largura
de banda de interesse, pode-se projetar um compensador tal
que as respostas de módulo e de fase do sinal de saı́da se
aproxime de H(jω), dentro dos limites de banda prescritos.
Apesar de (1) evidenciar que um sistema sem distorção não
altera a dinâmica do sinal de entrada, não há uma correlação
quantitativa entre (1) e o comportamento dinâmico de um
sistema sem distorção sob limites de banda pré-estabelecidos.
Para determinar uma relação entre a largura de banda,
definida neste contexto por Bω , com um dos ı́ndices de desem-
penho da resposta transitória para uma entrada do tipo degrau,
a saber: tempo de subida Tr , foram utilizados filtros passa-
baixa do tipo Butterworth e elı́ptico. Estes filtros apresentam
um ganho de resposta em frequência semelhante ao de um
sistema sem distorção com largura de banda restrita, pois,
a largura de banda é equivalente a sua frequência de corte.
Na Fig. 4 apresenta-se a relação obtida entre Bω e o tempo
de subida da reposta transitória dos filtros. Observam-se que
2
10
10
1 Prova 1 O teorema enuncia que componentes diferentes da
T (ms)
r
0
10
Elíptico
-1
Butterworth
10
1 2
10 10
B (Hz)
w afeta o desempenho dos algoritmos de estimação fasores.
Fig. 4. Relação entre a largura de banda e o tempo de subida para um filtro
passa-baixa de 5a ordem do tipo elı́ptico e Butterworth.
as curvas Tr × Bω apresentam-se linearizadas quando da
aplicação da escala logarı́tmica. Portanto, a equação não linear
que rege a relação entre a largura de banda e o tempo de subida
pode ser escrita na forma:
Tr = δBωλ .
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3
Em que os parâmetros λ e δ são, respectivamente:
log10 (Trmax ) − log10 (Trmin )
λ= [P U ], (5)
log10 (Bwmin ) − log (B max )
10 w
Tr
δ = λ , ∀ Bω , Tr [ms · Hz −λ ]. (6)
Bω
Para os filtros em exemplo, isto é, o Butterworth e o elı́ptico
tem-se, respectivamente:
Tr = 800Bω−1,00 ,
(7)
Tr = 1720Bω−1,00 . (8)
Uma vez que o tempo de subida e a largura de banda do
sistema apresentam uma relação inversa, a resposta do sistema
a entradas arbitrárias pode tornar-se mais rápida através do
aumento da largura de banda. Em contrapartida, o sistema
torna-se menos seletivo no domı́nio da frequência.
A. Sı́ntese do Compensador
De maneira análoga aos filtros elı́ptico e Butterworth, a
relação entre a largura de banda e os ı́ndices de desempenho
da resposta transitória pode ser estendida a sistemas mais
complexos. Nesse sentido, o método aqui proposto utiliza o
domı́nio da frequência para projetar um compensador simples,
cujo objetivo é compensar uma largura de banda mı́nima
dos TPCs e, no domı́nio do tempo, corrigir os distúrbios de
baixa frequência presentes na resposta transitória da tensão
secundária. A sı́ntese do compensador ou Filtro Corretor de
Tensão (FCT) é função apenas da resposta em frequência do
ganho e da fase do TPC, mais especificamente, de uma largura
de banda cujos limites superior e inferior são, respectivamente,
a componente fundamental e a subharmônica que antecede a
primeira ressonância do TPC. Como resultado da definição
precedente, é proposto o seguinte teorema:
Teorema 1 Sob a ótica da proteção de distância, a frequência
de cruzamento de ganho unitário e a fundamental constituem
a largura de banda ótima para transmissão sem distorção.
fundamental não devem ser amplificados. A utilização de
um limite superior menor provoca distorções no sinal da
fundamental e um limite superior maior ou um limite inferior
menor facilitam a introdução de ruı́dos aos sinais processados
pela estimação fasorial. Em virtude de ganhos maiores que a
unidade, um limite inferior maior permite a amplificação de
3
10 sinais com frequências próximas à fundamental e, portanto,
O presente método consiste em um melhoramento das
técnicas reportadas em [6]–[9] e, de caráter inovador, permite
obter compensadores que são independentes do modelo de
TPC, dos parâmetros do modelo, bem como das condições
operativas e topológicas da rede elétrica, pois apenas uma
banda reduzida da resposta em frequência do TPC é utilizada.
Por se tratar de um filtro a ser implementado via software, o
(4) FCT é modelado por uma função racional. Logo, o processo de
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 4

determinação dos coeficientes pode ser formalizado como um denominada comparador cosseno, pode ser utilizada para
problema de otimização, cujo objetivo é minimizar a função: representar a área interna e externa da caracterı́stica mho, a
saber:
∑
npt
2
F (x) = |(αv + jβv ) − Ha (γv , x)| (9) • P > 0 - Caracteriza a região de operação;
v=1 • P = 0 - Caracteriza o limiar de operação;

que quantifica a similaridade entre a resposta de referência • P < 0 - Caracteriza a região de restrição.

(αv + jβv ) e a resposta do modelo computacional do FCT: Normalizando o comparador cosseno:

( )
a0 + a1 γv + . . . + an γvn P
Ha (γv , x) = . (10) Pnorm = . (15)
1 + b1 γv + . . . + bm γvm |P | + ϵ ϵ→0+
Sendo, γv = jωv para identificação na frequência analógica e Observa-se que o comparador normalizado assume os nı́veis
γv = z −1 = e−jΩv para identificação na frequência discreta. ±1. Atribuindo o nı́vel lógico 0 quando Pnorm = −1, tem-se:
Realizando a identificação no domı́nio z, a representação do
• Pnorm = 1 Comando de trip;
FCT no domı́nio do tempo discreto é direta. Contudo, quando
• Pnorm = 0 Comando de bloqueio.
a identificação ocorre no domı́nio s = jω, faz-se necessário
utilizar uma técnica de mapeamento entre os planos s e z. As técnicas de polarização comumente usadas no desenvol-
Indiferentemente do domı́nio da identificação, o FCT pode vimento das funções de fase e de terra da caracterı́stica mho
ser expresso na seguinte forma de seções de segunda ordem: são [24], [25]:
• Autopolarizada;
∏p
1 + ci1 z −1 + ci2 z −2
Hd (z) = k0 . (11) • Quadratura ou Cruzada;

i=1
1 + di1 z −1 + di2 z −2 • Memória de tensão.

Em que, p ∈ {1, 2, 3} é o número de seções de segunda ordem Na Tabela I apresentam-se as unidades de medição, a tensão
e k0 a constante de escalamento do FCT. de entrada e o sinal de polarização utilizados na emulação
das caracterı́sticas autopolarizada e em quadratura. As carac-
IV. R EL É COMO E LEMENTO C OMPARADOR terı́sticas e denominações dos relés encontram-se na Tabela II.
Independentemente do relé ser eletromecânico, estático ou Tabela I
microprocessado, a teoria dos comparadores é indispensável U NIDADES DE MEDIÇ ÃO ,
TENS ÕES DE ENTRADA E SINAIS POLARIZAÇ ÃO
DAS CARACTER ÍSTICAS MHO AUTOPOLARIZADA E EM QUADRATURA .
para compreender como as diversas caracterı́sticas de operação
podem ser definidas [22]. Por requerer apenas um comparador
bpol
S
para representar uma unidade de medição do relé de distância e
possuir alcance bem definido com fácil ajuste, a caracterı́stica Unidade de medição Tensão de entrada Autopol. Quadratura
mho será empregada para investigar o impacto do FCT no ZAT Vba Vba j Vbbc
desempenho da proteção de distância. A representação da ZBT Vbb Vbb j Vbca
caracterı́stica mho por um elemento comparador pode ser ZCT Vbc Vbc j Vbab
obtida a partir da relação entre as magnitudes ou entre as ZAB Vbab Vbab −j Vbc
Vbbc Vbbc −j Vba
fases dos fasores Sbop e Sbpol , denominados sinal de operação ZBC
ZCA Vbca Vbca −j Vbb
e de polarização, respectivamente. Nos relés de distância, Sbop
geralmente corresponde a queda de tensão sobre a réplica da
Tabela II
impedância de alcance do relé, isto é, C LASSIFICAÇ ÃO E PAR ÂMETROS DOS REL ÉS IMPLEMENTADOS .
Sbop = (VbR − ZA IbR ). (12)
Estimação de fasor Tipo de polarização
Sendo, ′ Relé Fourier Fourier Autopol. Quadratura
hLT ZL1 de um ciclo de meio ciclo
ZA = (13)
cos(θ − θR ) R01 X — X —
R02 X — — X
a impedância de alcance do relé [23] e R03 — X X —
bR - Tensão de entrada da unidade de medição;
• V R04 — X — X
b
• IR - Corrente de entrada da unidade de medição;
′
• ZL1 - Réplica, em Ohms, da impedância de sequência
positiva da LT;
V. D ESEMPENHO DA P ROTEÇ ÃO DE D IST ÂNCIA DE LT S
• hLT - Alcance, em por unidade, da unidade de distância;
• θ - Ângulo da impedância de sequência positiva da LT; O SEP utilizado para avaliar o desempenho da proteção de
• θR - Ângulo caracterı́stico (nos relés eletromecânicos distância, frente aos distúrbios da tensão secundário do TPC
corresponde ao ângulo de máximo conjugado) do relé. de 230 kV, é apresentado na Fig. 5. Sob cada terminal das
A partir do princı́pio de funcionamento de um relé eletro- LTs encontram-se instalados os modelos de TCs e TPCs, cujos
mecânico de indução, [24] mostraram que a grandeza: fornecem os sinais de corrente e tensão, respectivamente, ao
( ) relé numérico. Os TCs foram considerados ideais, ao passo que
P = Real Sbop Sbpol
∗
(14) o modelo do TPC foi reportado em [16]. O sistema é composto

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Tabela III
PAR ÂMETROS DAS LINHAS DE TRANSMISS ÃO ANALISADAS .

Sequência zero Sequência positiva

Tensão da LT R0 X0 Y0 R1 X1 Y1 Comp.
(kV ) (Ω/km) (Ω/km) (µf/km) (Ω/km) (Ω/km) (µf/km) (km)
230 0,4366 1,5034 3,3489 0,0494 0,2750 6,2656 80

BUSA01 BUSA02 BUSA03 BUSA04

do sistema de proteção. Seja a Redução do Tempo de Detecção
Carga Carga
Zf1
52
LT1
52
LT2
52
LT3
52
Zf2 de Falha (RTDF) definida por:
52 52

Êf1 Êf2
RT DF = ts − tsc [ms]. (16)

21 21 21 21 21 21 Em que,
Canal de Canal de Canal de
Comunicação Comunicação Comunicação
SIR(PU) • ts - Tempo de detecção da falha sem o FCT;
11,0 2,0 • tsc - Tempo de detecção da falha com o FCT.
10,0 Sentido do Trip 3,0
9,0 Sentido do Trip 4,0 A Fig. 6 exibe a RTDF obtida a partir das respostas dos relés
SIR(PU)
R01 -R04 instalados na barra BUSA02, quando da ocorrência
de falhas na primeira zona da proteção de LT2. Nota-se que,
Fig. 5. Sistema elétrico utilizado para simulação de faltas. a depender do tipo de falha, da localização e do algoritmo de
estimação de fasores implementado pelo relé, a utilização do
FCT é capaz de proporcionar uma RTDF da ordem de um ciclo
por quatro barras e três LTs de mesmo comprimento fı́sico,
da fundamental, nos casos dos relés R01 e R03 e 14 de ciclo
cujos parâmetros utilizados são apresentados nas Tabelas III
nos casos dos relés R02 e R04 . Portanto, sendo um indicativo
– VI. As LTs foram consideradas transpostas e apresentam
que o FCT pode ser utilizado como uma ferramenta para tornar
parâmetros distribuı́dos com independência da frequência. Por
os algoritmos da proteção de distância mais rápidos.
outro lado, vale salientar que LTs sem ciclo de transposição
podem proporcionar erros de sobrealcance de primeira zona
da ordem de 7,5% [25]. Apesar disso, este tipo de erro é Falha AT Falha AB Falha ABT Falha ABC

naturalmente contornado, pois um ajuste da primeira zona 20 4

entre 80% e 90% já apresenta uma margem de segurança

RTDF(ms)
RTDF(ms)

suficiente para acomodar os erros da não transposição.

10 2

Tabela IV
R EATOR DE LINHA REPRESENTADO COMO IMPED ÂNCIA CONSTANTE . 0 0
0.2 0.4 0.6 0.2 0.4 0.6
Localização da Falha (p.u.) Localização da Falha (p.u.)
Tensão da LT (kV) Vbase (kV) Potência (Mvar) Impedância (Ω) (a) (b)
230 230 17,6 3000 20
6
RTDF(ms)
RTDF(ms)

15 4

Tabela V 2
C ARGAS REPRESENTADAS COMO IMPED ÂNCIAS CONSTANTES . 10 0
0.2 0.4 0.6 0.2 0.4 0.6
Localização da Falha (p.u.) Localização da Falha (p.u.)
Tensão da LT (kV) Vbase (kV) Potência (MVA)
(c) (d)
230 230 —
Fig. 6. Redução do tempo de detecção de falhas devido a correção da tensão
secundária do TPC de 230 kV. (a) R01 . (b) R02 . (c) R03 . (d) R04 .
Tabela VI
T ENS ÃO DAS FONTES . A estratégia de compensação proposta também pode reduzir
os erros do processo de classificação de faltas, quando as
Fonte Módulo (p.u.) Fase (graus)
unidades de distância são concebidas a partir da polarização
1 1,0 20 em quadratura. Conforme Fig. 7, as unidades de terra do relé
2 0,95 0
R02 quando processam sinais de tensão sem correção numérica
dos transitórios podem ser sensibilizadas indevidamente, pois,
os distúrbios da tensão secundária do TPC causam erros de
A. Resultados e Análises amplitude e invertem a fase do sinal de polarização desta
A detecção é o evento que inicia o processo de eliminação unidade, fazendo-a operar indevidamente pela geração do trip.
de uma falha sendo, portanto, essencial para rápida operação

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 6

100
Overreach,” in Annual Conference for Protective Relay Engineers,
vol. 53, Ontario Canada, April 2000.
80
Tensão de Entrada(V)

[2] F. B. Ajaei, M. Sanaye-Pasand, M. Davarpanah, A. Rezaei-Zare, and

Unidade Z CT com V b R. Iravani, “Mitigating the Impacts of CCVT Subsidence Transients on
60
Unidade Z CT com V s
the Distance Relay,” IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 27,
no. 2, pp. 497 –505, April 2012.
40 Unidade Z CT com V sc
[3] E. P. Machado, D. Fernandes Jr., and W. L. A. Neves, “Investigação
dos Distúrbios da Tensão Secundária de Transformadores de Potencial
20
Capacitivos no Desempenho da Proteção de Distância de Linhas de
Transmissão,” XIX Congresso Brasileiro de Automática-CBA, Campina
0
Grande - PB, Setembro 2012.
Trip b [4] AIEE Committee Report, “Effects of Coupling Capacitor Potential
Trip s
Device Transients on Protective Relay Operation,” AIEE Transactions,
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Fase (graus)

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0 [10]
-100
-200
140 150 160 170 180 190 200 210
Tempo (ms)
(b)
Fig. 7. Falha do tipo AB a 37,5 km da barra BUSA03 no sentido a
jusante. (a) Comportamento do trip da unidade ZCT do relé local R02 . (b)
Comportamento do ganho e da fase do sinal de polarização da unidade ZCT .
VI. C ONCLUS ÕES
A partir do conceito de transmissão sem distorção, um novo
método para correção dos transitórios de baixa frequência pre-
sentes na tensão secundária de TPCs foi proposto. O método
permitiu obter filtros corretores que são independentes da to-
pologia dos TPCs, do conhecimento dos seus parâmetros, bem
como das condições operativas e topológicas da rede elétrica,
pois apenas a resposta em frequência do TPC é utilizada. Por
utilizar uma pequena largura de banda, o FCT é um sistema
de baixa ordem e pequena complexidade computacional para
processamento em tempo real, podendo ser implementado em
um dispositivo dedicado para correção do sinal secundário dos
TPCs, tal como um DSP, ou, por outro lado, pode se tornar
uma função adicional a ser incorporada aos IEDs.
Os resultados mostram que, a depender do tipo de
polarização e do algoritmo de estimação de fasores empre-
gados no relé, o FCT pode proporcionar uma RTDF superior
a um ciclo da fundamental. Aliado a isso, pode reduzir os erros
associados ao processo de classificação de faltas e mitigar a
ocorrência de aberturas e religamentos monopolares indevidos.
R EFER ÊNCIAS
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Anais do V Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos, Foz do Iguaçu – PR, Brasil. 22-25/04/2014 ISSN 2177-6164