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Resumo sobre a cogeração

Introdução

Por mais eficiente que seja um gerador termelétrico, a maior parte da energia contida no
combustível usado para seu acionamento é transformada em calor e perdida para o meio-ambiente. Trata-se
de uma limitação física que independe do tipo de combustível (diesel, gás natural, carvão, etc.) ou do motor
(a explosão, turbina a gás ou a vapor etc.). Por esta razão, no máximo 40% da energia do combustível do
diesel usado em um gerador podem ser transformados em energia elétrica.

Como muitas indústrias e prédios comerciais necessitam de calor (vapor ou água quente), foi
desenvolvida uma tecnologia denominada cogeração, em que o calor produzido na geração elétrica é usado
no processo produtivo sob a forma de vapor.

A eficiência máxima das usinas de geração termelétrica é da ordem de 55 a 60%, em ciclo


combinado. De qualquer modo, a única forma de aproveitar os restantes 40% da energia dos combustíveis é
usando-a na forma de calor, como realizado nas plantas de cogeraçao. Ja a cogeração tem de 75% a 85% de
eficiência. Este motivo aliado ao crescente valor dos combustíveis e a mudança das leis, explicam o
fantástico crescimento da cogeração no mundo na última década.

A vantagem desta solução é que o consumidor economiza o combustível que necessitaria para
produzir o calor do processo. A eficiência energética é, desta forma, bem mais elevada, por tornar útil até
85% da energia do combustível.

Configuração dos sistemas de cogeração

A aplicação da cogeração é convencionada de duas formas, em função da sequência relativa da


geração de energia eletromecânica para a térmica: geração anterior de energia eletromecânica (topping) e
geração posterior de energia eletromecânica (bottoming).

Topping: da energia disponibilizada pelo combustível, o primeiro aproveitamento se dá para a


geração de energia eletromecânica (altas temperaturas), e em seguida para o aproveitamento de calor útil. ƒ

Bottoming: quando, da energia disponibilizada pelo combustível, o primeiro aproveitamento se dá


para o aproveitamento de calor útil a elevadas temperaturas, e em seguida para a geração de energia
eletromecânica.

Sabendo que a temperatura de rejeição da geração termelétrica encontra-se mais elevada que a
temperatura encontrada nos processos industriais é racional que se pense num sistema de cogeração do
tipo topping, onde o calor utilizado pelo processo industrial é aproveitado do rejeito da geração elétrica. De
fato, esta é a tecnologia empregada na maioria das indústrias, considerando que grande parte dos processos
industriais demanda calor a baixas temperaturas.

Ciclos de cogeração
Existem nas aplicações industriais diversos ciclos diferentes usados em plantas de cogeração.

O ciclo a vapor gera vapor a alta pressão a partir de um combustível (bagaço e palha no nosso caso),
vapor este que aciona uma turbina produzindo energia mecânica, e utilizamos o vapor de escape da turbina
como fonte de calor para o processo.

O ciclo a gás utiliza, por exemplo, gás natural para acionar uma turbina do tipo aeronáutica,
produzindo energia mecânica. Os gases de combustão, ainda muito quentes, são enviados para uma caldeira
de recuperação de calor, que produz vapor a baixa pressão para o processo.

O ciclo combinado é uma variante otimizada dos ciclos anteriores. Os gases de combustão da turbina
a gás são usados para gerar vapor de pressão mais elevada, o qual é enviado para uma turbina de
contrapressão, e temos assim um ciclo a vapor na sequência do primeiro ciclo. Estamos assim “combinando”
dois ciclos de cogeração, que poderiam ser usados individualmente.

O ciclo a diesel usa, por exemplo, óleo diesel em um motor de combustão interna, produzindo
energia mecânica e o gás de combustão pode ser enviado para uma caldeira de recuperação ou para um
chiller por absorção.

A escolha do ciclo mais adequado é basicamente função da relação entre a energia mecânica e a
energia térmica requeridas na planta.

Setores com vocação à cogeração

Entre os setores com vocação à cogeração podemos citar o setor industrial, que utiliza o calor para
processo produtivo, como na indústria química e petroquímica, têxtil, de cerâmica, de bebidas e alimentos,
papel e celulose, entre outras. Sua utilização também é comum no setor de serviços que usa a energia
térmica para climatização, como em shopping centers, hotéis, hospitais, aeroportos e conjuntos
empresariais.

As aplicações típicas de cogeração podem ser resumidas em quatro grandes áreas distintas:

— Utilidades (District Heating): cogeração voltada para a produção de calor ou frio distrital para
condicionamento ambiental e aquecimento de água em centros urbanos (teatros, áreas de centros de
compra, residências) a temperaturas geralmente compreendidas entre 40 e 140°C.

— Industrial: cogeração voltada para indústrias com demandas de calor em alta temperatura iguais ou
superiores a 140°C (refinarias, siderúrgicas, indústrias de cimento, cerâmica e de vidro) ou mais baixas
temperaturas (celulose e papel, têxtil, sucro-alcooleira).

— Agrícola: cogeração destinada ao aquecimento agrícola de estufas, de explorações agrícolas e de


instalações semelhantes, a temperaturas geralmente compreendidas entre 15 e 40°C.

— Comercial: cogeração voltada para o atendimento a estabelecimentos comerciais como hospitais, hotéis,
frigoríficos, centros de compra, universidades.

Métodos de recuperação de energia


Existem basicamente cinco métodos de recuperação de energia para cogeração:

— Aquecimento direto: utiliza o calor de exaustão diretamente em um processo que consome calor. Ex.:
secagem e pré-aquecimento de ar de combustão.

— Aquecimento de fluidos: utiliza um trocador de calor para elevar a temperatura de um fluido de trabalho.
Ex.: aquecimento de água para processos industriais e uso residencial.

— Produção de vapor: utiliza o vapor gerado, saturado ou superaquecido, para processo. Ex.: vapor saturado
(corresponde à pressão e temperatura onde coexistem em equilíbrio as fases líquidas e gasosas) na
dessalinização e aquecimento de ambientes e vapor superaquecido (quando temperatura do vapor está
acima do ponto no qual se evaporou) usado em turbinas a vapor.

— Resfriamento por compressão mecânica: a elevação da pressão do refrigerante é conseguida por um


compressor que requer trabalho.

— Geração de frio, mediante os ciclos de absorção: O sistema de absorção usa a energia térmica de uma
fonte de calor (vapor, gases de combustão ou fontes residuais de calor) para produção de frio. O sistema de
absorção possui 4 componentes principais: absorvedor, gerador, condensador e evaporador. Como
acessórios tem-se uma bomba e válvulas de expansão. Há necessidade de dois fluidos: o fluido refrigerante e
fluido absorvente. O fluido refrigerante remove calor do meio desejado por evaporação e o fluido
absorvente absorve vapor do refrigerante.

Referencias Bibliográficas
LEÃO, R. P. S. Geração III. Fortaleza: DEE-UFC, 2015.

INEE – Instituto Nacional de Eficiência Energética. O que é Cogeração. Disponível em:


<http://www.inee.org.br/forum_co_geracao.asp> Acesso em 03/10/2017.

Procknor. Ciclos de Cogeração. Disponível em: <https://www.procknor.com.br/br/artigos/ciclos-de-


cogeracao> Acesso em 03/10/2017.

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