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Jueves 14 de Marzo de 2019


22:52 hs.

PARALISAÇÃO 22M CONTRA REFORMA PREVIDÊNCIA

Paralisação efetiva no 22M: é mentira que a


reforma da previdência "ataca os ricos e protege
os pobres"
Redação

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Bolsonaro anunciou que "atacaria os ricos e protegeria os pobres" quando lançou sua proposta
de reforma da Previdência, algumas semanas atrás. A Rede Globo, que busca aparentar uma
"semi-oposição" a Bolsonaro, utiliza o mesmo argumento do presidente: a reforma "reduziria as
desigualdades", segundo essa mídia golpista.

Bolsonaro e a Globo mentem. A reforma da previdência não "ataca os ricos". Ela protege os
ricos. Uma informação importante que Bolsonaro e Paulo Guedes não dizem: as grandes
empresas e grandes bancos, que lucram com diversos privilégios, devem atualmente mais de
R$450 bilhões para a Previdência Social, segundo relatório da CPI da previdência de 2017.

Segundo o mesmo estudo oficial, a previdência social não é deficitária, mas foi alvo de desvios
de seus recursos por parte do governo para projetos que atendiam os interesses capitalistas,
enquanto protegia empresas devedoras. Gerado esse rombo, essas empresas seguiram sendo
beneficiadas por descontos e benefícios fiscais, enquanto eram aprovadas formas de reduzir
gastos públicos cortando direitos trabalhistas.

Como dado concreto: o Bradesco deve R$ 465 milhões à Previdência; a Vale deve R$ 275
milhões; a JBS, da Friboi, deve R$ 1,8 bilhão. Nada disso será cobrado dessas riquíssimas
empresas e bancos. Pior: o banco Santander e o Itáu, que devem respectivamente R$338
milhões e R$25 bilhões à Receita Federal, tiveram suas dívidas perdoadas (em outras palavras,
deram calote no Tesouro público, com a conivência dos governos, inclusive o de Jair Bolsonaro,
que repetiu diversas vezes que "tornaria o Brasil um paraíso para os empresários"). Por que não
se cobram estes bilhões dos ricos?

Fica claro que a reforma da previdência de Jair Bolsonaro protegerá os ricos. Permite que deem
calote na Previdência, e que demitam em massa (como faz a Ford no ABC paulista, fechando
uma fábrica e colocando na rua mais de 3000 famílias). Todos os bancos acima citados
continuarão recebendo seus benefícios luxuosos, e os especuladores nacionais e estrangeiros
seguirão recebendo religiosamente o pagamento da ilegal, ilegítima e fraudulenta dívida pública,
um mecanismo de dependência permanente do país ao capital estrangeiro.

E a outra parte? A que se refere a "proteger os pobres"? Uma mentira deslavada. A reforma da
previdência de Bolsonaro/Guedes aprofundará a desigualdade, fazendo com que os
trabalhadores e a população pobre pague o preço dos calotes das grandes empresas e dos
grandes bancos.

Bolsonaro concorda com Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados: as pessoas
podem hoje trabalhar até os 80 anos. É um enorme ataque ao povo trabalhador e pobre: vamos
trabalhar até morrer. Com 20 anos de contribuição, o trabalhador terá direito a receber somente
60% do valor do benefício. A cada ano, se acrescentará 2% até o limite de 100%. Para receber
aposentadoria integralmente será preciso contribuir por 40 anos, uma afronta a milhões de
trabalhadores que em distintas partes do país não alcançam esse patamar, pela carga de
superexploração, pelo desemprego de massas imposto pelos patrões, e pela média de idade
nas regiões mais pobres do país.

A idade mínima de aposentadoria será de 65 anos para homens e 62 anos para as mulheres, o
que sequer garante aposentadoria integral, porque precisa ser combinada com 40 anos de
contribuição. Os políticos dos capitalistas, os magistrados e juízes do judiciário, o alto escalão
dos militares e o próprio presidente podem e seguirão podendo se aposentar muito antes, com
dezenas de milhares de reais de salário vitalício.

A reforma da previdência de Bolsonaro/Guedes impedirá, em primeiro lugar, que o


trabalhador rural se aposente. Alterará a idade mínima para a obtenção do Benefício de
Prestação Continuada (BPC), que recai sobre os aposentados mais vulneráveis, obrigando a
que seja alcançado apenas aos 70 anos (não mais aos 65). Antes disso, o valor a ser obtido é
uma humilhação: R$400, menos da metade do salário mínimo. Isso tira o dinheiro dos mais
pobres.

Os servidores públicos serão um dos setores mais afetados. A contribuição previdenciária deve
aumentar dos 11% cobrados do salário hoje para 14%, com direito a uma taxa extraordinária de
até 8% a mais. Isso poderia fazer com que 22% do salário de um servidor seja destinado à
contribuição para a previdência.

Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, assim como Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre (presidente do
Senado), todos mentem descaradamente aos trabalhadores e ao povo pobre. Bolsonaro
protege os banqueiros e empresários milionários. Os ricos serão protegidos, e os pobres vão
pagar com as próprias vidas a reforma da previdência.

Existe uma jornada convocada pelas centrais sindicais contra a Reforma da Previdência, para o
dia 22 de março. Sem dúvida deveria ser uma paralisação contundente da classe trabalhadora.
Entretanto, as centrais sindicais, com seu método consagrado de convocar jornadas e não
organizar absolutamente nada para que seja efetiva e real nas estruturas, fingem que ela não
existe. Nem sequer na capa do site da CUT, dirigida pelo PT, há notícia sobre isso. Há setores
do PT que adotam a falsidade da ideia de Bolsonaro, de uma reforma que "ataca os privilégios".
A consigna da Força Sindical, em seu site, é justamente essa, "Reforma da Previdência: justa e
sem privilégios". A UGT já há muito quer a reforma de Bolsonaro, nua e crua. Um escândalo.

Ao invés de mandar os trabalhadores para casa, como a CUT fez com os trabalhadores da Ford
depois da multinacional anunciar o fechamento da fábrica de São Bernardo, por que não
organizam assembleias em todas as categorias que dirige para que os trabalhadores organizem
a paralisação do 22M? Metalúrgicos, professores, carteiros, junto a outras categorias
estratégicas dos serviços e transportes, poderiam dar uma mostra de força contra Bolsonaro, se
atuarem unificadamente.

Nós do MRT e do Movimento Nossa Classe, em todas as estruturas onde atuamos,


colocaremos nossas forças a serviço de uma paralisação ativa, e exigimos das centrais que
tenham um plano de luta efetivo, começando pelo dia 22M, para barrar qualquer tipo de reforma
da previdência.
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