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4) Qual o futuro da charge no Brasil? E que lugar ela ocupa nesse cenário de crise do
jornalismo? O humor ainda tem espaço como crítica na sociedade contemporânea?
(Penso no que aconteceu, por exemplo, com o Charlie Hebdo?
R - Mais do que nunca, charges e cartuns são (e continuarão sendo) de extrema valia
como meio de expressão alternativo que permite pontuações críticas sobre fatos que
afetam o cotidiano das pessoas e as aspirações da coletividade. Com extraordinária
capacidade de síntese e espírito insubmisso, os melhores chargistas e cartunistas
põem na alça de mira arranjos e idiossincrasias do poder e denunciam interesses
econômicos gananciosos, preconceitos, discriminações e imposturas. Não raro, eles
trazem à luz situações que os poderosos desejariam a todo custo ocultar. O
entendimento de Henfil sobre o lugar crítico reservado ao humor está bem resumido
nesta afirmação: “Acho que quem está a fim de fazer humor para popularizar o
sistema deveria ser bancário. Atrapalharia menos. O humor que vale para mim é
aquele que dá um soco no fígado de quem oprime.”
5) Em determinado trecho do livro, você diz que Henfil definiu a provocação como raiz
das situações humorísticas. O que ele fazia ainda é possível no Brasil de hoje, numa
sociedade preocupada com o politicamente correto?
6) Você fala, em um trecho, que ficar indiferente era a única postura inadmissível em
1968. E hoje, qual a única postura inadmissível?
R – Não ser solidário às lutas pela emancipação social e pelos direitos da cidadania,
em oposição ao quadro calamitoso em que se encontra nosso país.