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O que mudou no novo Código Civil

Robson Sant‘Ana*

O novo Código Civil, aprovado recentemente pelo Congresso Nacional


(lei 10.406/2002), merece uma grande atenção, tendo em vista as
profundas modificações existentes no corpo do seu texto.

No código de 1916 a maioridade civil configura-se aos 21 anos. Com


advento do novo Código Civil esta maioridade foi reduzida para os 18,
equiparando-se àquela instituída pela lei penal.

Também ficou estabelecida nesta nova legislação que os ébrios


habituais, os viciados em tóxicos e os que, por deficiência mental,
tenham o discernimento reduzido, mas não suprimidos, são
relativamente capazes. Deste modo, seus atos deveram ser assistidos
pelos seus pais, tutores ou curadores.

No que se refere ao direito de família, que goza de especial posição


por despertar maior interesse por parte do Estado, destaca-se a figura
do casamento que deixou de ser a única base para a constituição da
sociedade familiar. O artigo 1273 do novo Código Civil reconhece
também a União Estável como entidade familiar. Outrossim, admite-se
a possibilidade da união estável entre as pessoas ainda vinculadas pelo
matrimônio, desde que separadas judicialmente ou de fato (art. 1273 e
ss).

Foi extinta a discriminação feita aos filhos legítimos, legitimados,


ilegítimos e adotivos. Desapareceu também a adoção civil e
estatutária, incluindo duas novas espécies: a adoção por brasileiros
(regulado pelo novo Código Civil), e a adoção por estrangeiros
(disciplinada pela lei 8069/90).

A expressão pátrio poder, que estampava referência ao poder do pai,


prevista no Código Civil de 1916, foi retirada pelo novo Código Civil.
Agora a nova legislação utiliza o enunciado: poder familiar, ou seja,
agora há uma equiparação do poder da mãe e do pai.

A maior alteração feita pelo novo Código Civil no âmbito do direito de


família, entretanto, é a possibilidade de alteração do regime de bens
na constância do casamento, mediante autorização judicial,
ressalvados os direitos de terceiros. No Código Civil anterior este
regime era imutável (princípio da imutabilidade). Agora, desde quando
feito por pedido motivado de ambos os cônjuges, o regime de bens
(separação total, comunhão parcial, comunhão universal e dotal)
poderá ser alterado.

Destaca-se também a substituição do regime dotal, previsto no código


de 1916, pelo regime de participação final nos aquestros (arts. 1672 a
1686 do novo Código Civil). Neste regime, apenas os bens adquiridos a
título oneroso, por ambos os cônjuges, serão partilhados, ao fim da
sociedade familiar. No entanto, todos os outros bens que cada cônjuge
possuía antes de casar ou aqueles por ele adquiridos em seu nome, no
curso do casamento, permanecerão em seu patrimônio pessoal.

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