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4ª edição
(revista e ampliada)
LIXO MUNICIPAL
MANUAL DE GERENCIAMENTO INTEGRADO
4ª edição
(revista e ampliada)
© 1995, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de © 1995, Compromisso Empresarial para Reciclagem –
São Paulo S.A. – IPT CEMPRE
Av. Prof. Almeida Prado, 532, Cidade Universitária “Ar- Rua Urussuí, 300, cj. 31, Itaim Bibi
mando de Salles Oliveira” 04542-050 – São Paulo-SP
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Impresso no Brasil.
Presidente
Victor Bicca
Diretor Executivo
André Vilhena
Conselho Editorial
Isabela Marchi, Luiz Gustavo Ortega, Venancio Forti
ASSOCIADOS DO CEMPRE
ADM do Brasil Ltda.
Ajinomoto do Brasil Ind. e Com. Ltda.
Ambev - Cia. de Bebidas das Américas
Arcor do Brasil Ltda.
Braskem S.A.
BRF - Brasil Foods S/A
Cargill Agrícola S.A.
Ceras Johnson Ltda.
Coca Cola Brasil
Colgate-Palmolive Industrial Ltda.
Companhia Brasileira de Distribuição – Grupo Pão
de Açúcar
Dan Vigor Ind. e Com. de Laticinios Ltda
Danone Ltda.
Femsa Brasil
Heineken - Cervejarias Kaiser Brasil S.A.
Hershey do Brasil Ltda
HP Brasil Ind. e Com. de Equip. Eletrônicos Ltda.
Klabin S.A.
MacDonald’s - Arcos Dourados Com. de Alimentos
Ltda.
Mondelez Brasil
Nestlé Brasil Ltda.
Nestlé Waters Brasil - Bebidas e Alimentos Ltda
Owens-Illinois do Brasil Ind. e Com. Ltda.
Pepsico do Brasil Ltda.
Saint-Goban Vidros S.A.
SIG Combibloc do Brasil Ltda.
Tetra Pak Ltda.
Unilever Brasil Ltda.
Publicação IPT – 1ª edição: 2163 – 2ª edição: 2622
1ª edição: 1995 – Tiragem: 7.700 exemplares
Reimpressão: 1996 – Tiragem: 2.000 exemplares
Reimpressão: 1998 – Tiragem: 1.500 exemplares
2ª edição: 2000 – Tiragem: 4.000 exemplares
Reimpressão: 2000 – Tiragem: 2.000 exemplares
Reimpressão especial corrigida: 2002 – Tiragem: 10.000 exemplares (miolo impresso em papel Reciclado – Cia. Suzano Bahia Sul)
Reimpressão: 2002– Tiragem: 3.000 exemplares (miolo impresso em papel Reciclado – Cia. Suzano Bahia Sul)
Publicação CEMPRE - 3ª edição: 2010 – Tiragem: 2.000 exemplares (miolo impresso em papel Reciclado – Cia. Suzano Bahia Sul)
Publicação CEMPRE - 4ª edição: 2018 – Versão eletrônica
APRESENTAÇÃO
A
obra “Lixo Municipal - Manual de Gerenciamento In-
tegrado” foi concebida e organizada por iniciativa e
responsabilidade própria do CEMPRE e do IPT, que
contaram com a colaboração indispensável e indisso-
ciável de diversos autores, cujas contribuições se fundiram dan-
do origem a uma criação autônoma e coletiva de extrema valia
como instrumento de gestão ambiental.
CAPÍTULO V – Tratamento
Introdução
Parte 1 – Segregação de Materiais 3.2 Plásticos
Christopher Wells - CEMPRE Armênio Gomes Pinto – IPT
Maria Luiza Otera D‘Almeida – IPT 3.3 Vidro
Dan Moche Schneider – Consultor Colin Graham Rouse – IPT
3.4 Metais
Parte 2 – Reciclagem da Matéria Orgânica – Compostagem Francisco Di Giorgi – IPT
Alexandre Ferraz Naumoff – IPT 3.5 Entulho
Clarita Schvartz Peres – IPT Luiz Hamassaki – IPT
Paulo Borges Teixeira Junior – IPT 3.6 Outros Materiais
Paulo Breno de Moraes Silveira – IPT Maria Luiza Otera D‘Almeida – IPT
Edmar José Kiehl – Consultor Oscar Terada – IPT
Renata Maggion Danilas – Colaboradora
Parte 3 – Reciclagem de Outros Componentes (Indústria João Maggion)
3.1 Papel
José Mangolini Neves – IPT Parte 4 – Incineração
Maria Luiza Otera D‘Almeida – IPT Gerson Barbosa – Consultor
ANEXO A – Legislação
Helvio Nicolau Moisés – CEPAM Silvia R.C. Salgado – CEPAM
Elizabeth Teixeira Lima – CEPAM Berenice Terezinha Mastro – CEPAM
Ana Rita Machado – CEPAM Roberto José Assumpção – CEPAM
Mariana Moreira – CEPAM Natália de Mello Araújo Ferreira – Consultora
ANEXO B – Normas
ANEXO C – Relação de Entidades/Associações
ÍNDICE REMISSIVO
LIXO MUNICIPAL – MANUAL DE GERENCIAMENTO INTEGRADO
2ª edição – 2000
CAPÍTULO I – O Gerenciamento Integrado
do Lixo Municipal
Niza Silva Jardim
Christopher Wells
Ângelo José Consoni – IPT
Regina Maria Bueno de Azevedo – IPT
Esta 3ª edição foi revista pelo CEMPRE, que basicamente atualizou dados estatísticos não
interferindo na estrutura dos textos. Não foram atualizadas normas técnicas e tampouco
incorporados textos referentes a desenvolvimentos ocorridos desde a 2ª edição.
Com esta 4ª edição, o CEMPRE pretende diminuir a defasagem dos dados estatísticos desde
a 2ª edição. Para continuar contribuindo com informações essenciais para o gerenciamento
integrado do lixo municipal, está prevista uma 5ª edição, totalmente revista e ampliada.
O IPT não teve participação nesta 4ª edição e cedeu os direitos autorais da mesma para o
CEMPRE. As modificações efetuadas nesta 4ª edição são de total responsabilidade do CEMPRE.
SUMÁRIO
CAPÍTULO I - GERENCIAMENTO INTEGRADO DO LIXO MUNICIPAL
1 INTRODUÇÃO 3
2 LIXO NO MUNDO ENO BRASIL 3
3 GERENCIAMENTO INTEGRADO DO LIXO MUNICIPAL: DESAFIOS 6
4 CONÇEPÇÃO DE UM MODELO DE GERENCIAMENTO DE LIXO MUNICIPAL 10
4.1 Diagnóstico da Situação 11
4.2 Plano Diretor de Gerenciamento Integrado do Lixo Municipal 22
4.3 Considerações Finais 25
BIBLIOGRAFIA 26
GERENCIAMENTO INTEGRADO
DO LIXO MUNICIPAL
1
L I X O M U N I C I P A L
2
C A P Í T U L O I
400
O conjunto de ações para o gerenciamento do
lixo deve ir ao encontro das metas estabelecidas para 300
Alemanha
Bélgica
Holanda
Suíça
Suécia
Dinamarca
Reino Unido
Itália
Espanha
Não se trata, portanto, de definir se a recupe- Fonte: Abrelpe,2015 e European Environment Agency (EEA),2013
ração de recicláveis, compostagem, incineração ou
aterro sanitário é a melhor técnica de gerenciamen- Figura 1 - Geração de resíduos urbanos
3
L I X O M U N I C I P A L
nos de 10%.4
34,9%
34,3%
30%
27%
4
C A P Í T U L O I
Em 2015, a coleta de lixo no Brasil, consideran- valores de 1990 (64%), de 1981 (49%) e de 2007
do-se apenas os domicílios urbanos, era de, apro- (83,3%). Estes dados globais, todavia, escondem
ximadamente, 90,8%5. Este percentual, ainda não grandes diferenças regionais, conforme mostram a
satisfatório, representa um avanço em relação aos Tabela 1 e a Figura 7.
Tabela 1 – Índice percentual (%) de coleta de domicílios com coleta de lixo no Brasil
5
L I X O M U N I C I P A L
Com relação ao destino do lixo, a Figura 5 mostra os dados oficiais mais recentes, de 2008.
92,9%
%
72,7%
63%
56,8%
55,8%
55,8%
53,2%
50,5%
49,5%
48,7%
37,2%
35,9%
35,7%
32,6%
31,8%
29,1%
28,2%
27,7%
26,4%
24,3%
24,8%
24,8%
25,9%
22,5%
22,3%
18,7%
13,6%
11,1%
9,3%
7,1%
Habitantes
Total Até 50.000 Até 50.000 Mais de 50.000 Mais de 50.000 Mais de 100.000 Mais de 100.000 Mais de 300.000 Mais de 500.000 Mais de 1.000.000
habitantes e habitantes e a 100.000 a 100.000 a 300.000 a 300.000 a 500.000 a 1.000.000 habitantes
densidade menor densidade maior habitantes e habitantes e habitantes e habitantes e habitantes habitantes
que 80 hab./km2 que 80 hab./km2 densidade menor densidade maior densidade menor densidade maior
que 80 hab./km2 que 80 hab./km2 que 80 hab./km2 que 80 hab./km2
Figura 5 - Percentual do número de munícipios, por tipo de destino final, segundo seus estratos populacionais
6
C A P Í T U L O I
9
América do Norte
8
Europa
América Latina e Caribe 7
POPULAÇÃO
África e Sub-Sahara 6
0
1950
1960
1970
1974
1980
1987
1990
1999
2000
2010
2013
2020
2028
2030
2040
2050
2054
Fonte: UNFPA, 1999 Bilhões 3 4 5 6 7 8 9
25.000.000
20.000.000
Número de habitantes
15.000.000
10.000.000
5.000.000
0
São Paulo/SP
Rio de Janeiro/RJ
Belo Horizonte/MG
RIDE - Brasília/DF
e Entorno
Porto Alegre/RS
Fortaleza/CE
Salvador/BA
Recife/PE
Curitiba/PR
Campinas/SP
Manaus/AM
Vale do Paraíba e
Litoral Norte SP
Goiânia/GO
Belém/PA
Vitória/ES
Sorocaba/SP
Baixada Santista SP
São Luiz/MA
Natal/RN
Piracicaba/SP
Norte/Nordeste
Catarinense SC
Maceió/AL
João Pessoa/PB
Teresina/PI
Florianópolis/SC
Londrina/PR
Fonte: IBGE, 2015. Diretoria de Pesquisas - DPE, Coordenação de População e Indicadores Sociais - COPIS9
Figura 8 - Regiões metropolitanas e população
7
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8
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Encontrar soluções para a relação água/lixo cortam as cidades brasileiras (sejam elas pequenas,
médias ou grandes) já se encontram poluídos.11
Pode parecer estranho num Manual sobre geren-
ciamento do lixo falar sobre água. Mas ela também é A urgência da adoção de ações para o lixo vem
um desafio, pois seu consumo no Brasil dobrou nos somar-se aos esforços atualmente desenvolvidos em
últimos vinte anos e, num futuro não muito distante, muitas localidades brasileiras no sentido de preser-
poderemos nos defrontar com sérios problemas de var a qualidade de seus recursos hídricos. Esses es-
disponibilidade de água potável e de elevação dos forços têm conseguido suporte na Política Nacional
custos para sua adução e tratamento, sendo plausí- de Recursos Hídricos14, que criou o Sistema Nacional
vel estimar que, se nada for feito, em 10 anos, o de- de Gerenciamento de Recursos Hídricos, definindo
sabastecimento poderá atingir grandes centros ur- que todas as iniciativas deverão ser tomadas a par-
banos, como São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Belo tir das bacias hidrográficas, que serão as unidades
Horizonte e a maioria das áreas metropolitanas do físico-territoriais de planejamento e gerenciamento
País em função da poluição e da queda de produção dos recursos hídricos. Um dos pontos mais impor-
de mananciais e dos conflitos do uso múltiplo não tantes desta lei é a previsão para o pagamento pela
planejado (irrigação, lazer, navegação, esgoto, etc.) captação (ou uso) da água, uma vez que, até agora,
só pagamos pelo seu tratamento e distribuição. Por-
Como outro exemplo dessa perspectiva, pode-se tanto, a água pode, no futuro, se tornar um produ-
citar o fato de a maioria dos riachos e córregos que to de venda.12
1 - Amazônica
2 - Paraná
3 - Tocantins-Araguaia
4 - São Francisco
5 - Paraguai
6 - Uruguai
7 - Nordeste
8 - Leste
9 - Sudeste
9
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10
C A P Í T U L O I
4ª)
Fazer campanhas e implantar programas
voltados à sensibilização e conscientização
da população no sentido de manter a lim-
peza da cidade;
11
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1. A Prefeitura sabe das responsabilidades quanto ao lixo, no âmbito municipal, estadual e federal
em sua cidade?
2. Existe um Plano Estadual de Resíduos Sólidos em seu Estado? Sim ___ Não ___. Em caso afirma-
tivo, como se enquadra o seu município?
3. Existe um Inventário Estadual de Resíduos Sólidos em seu Estado? Sim ___ Não ___. Em caso
afirmativo, como seu município está classificado?
4. Existe um Plano Diretor Regional de Resíduos Sólidos que abranja seu Município? Sim ___ Não
___. Em caso afirmativo, como as soluções definidas para seu município estão sendo cumpridas?
Caso não estejam sendo cumpridas, por quê?
5. Seu município tem um Plano Diretor? Sim ___ Não ___. Em caso afirmativo, como o lixo muni-
cipal está contemplado neste Plano?
6. Seu município tem um Plano Diretor Municipal de Resíduos Sólidos? Sim ___ Não ___. Em caso
afirmativo, ele está sendo cumprido? Caso não esteja sendo cumprido, por quê?
12
C A P Í T U L O I
1. Seu município já sofreu alguma sanção, por parte do Poder Público Estadual, sobre sua disposi-
ção de lixo? Em caso afirmativo, quais as medidas tomadas?
2. Quais os documentos necessários para aprovação, por parte da Secretaria Estadual de Meio Am-
biente, de um local onde será feito o novo Aterro Sanitário ou Usina de Tratamento?
1. O lixo, em seu município, está poluindo os recursos hídricos da região/bacia hidrográfica (rios,
lagos, lagoas, poços, nascentes e água subterrânea)? Sim ___ Não ___. Em caso afirmativo, como?
2. Existe uma Política Estadual de Recursos Hídricos em seu Estado? Sim ___ Não ___. Em caso afir-
mativo, seu Estado já foi dividido em UGRHIs – Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos?
Em que Bacia Hidrográfica seu município se localiza?
3. Já existem Comitês de Bacias formados em seu Estado? Sim ___ Não ___. Em caso positivo, seu
município já está representado em seu respectivo Comitê? Sim ___ Não ___.
13
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4. O município cobra pelo serviço de limpeza urbana e/ou coleta de lixo? Sim ___ Não ___.
Em caso positivo, qual a forma de cobrança?
Taxa específica _______________________ Tarifa por serviços especiais ____________
Taxa junto com o IPTU ________________ Outra ______________________________
5. Qual o porcentual do Orçamento Municipal destinado aos serviços de limpeza urbana e/ou
coleta de lixo? Até 5% ___________ Entre 5% e 10% ___________ Entre 10% e 15% ___________
Entre 15% e 20% ___________ Mais de 20% ___________
6. Quanto a Prefeitura gasta com os serviços de limpeza pública e/ou de coleta e transporte do
lixo domiciliar? ___________ /mês. Quanto a Prefeitura gasta com outros serviços de coleta e
transporte ___________ /mês? Total ___________ /mês.
14
C A P Í T U L O I
1. Existe varrição das vias públicas? ______________ Com que freqüência? __________ Qual é o
número de pessoas envolvidas no serviço? ____________________ Qual é o custo deste serviço?
__________________ /mês
2. Existe capina das vias públicas? ______________ Com que freqüência? ___________ Qual é o
número de pessoas envolvidas no serviço? ____________________ Qual é o custo deste serviço?
__________________ /mês
1. Onde se dá a destinação final do lixo municipal? (use o mapa do município para localizar esta(s)
área(s))
15
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4. Quem é(são) o(s) proprietário(s) da(s) área(s) utilizada(s) para a disposição final dos resíduos?
Prefeitura ______ Entidade prestadora do serviço ______ Particular ______ Outro ______
Dentro do perímetro urbano: próximo a residências ___ próximo a áreas de proteção ambierital ___
outras áreas ___
Fora do perímetro urbano: próximo a residências ___ próximo a áreas com atividade agrícola/pecu-
ária ___ próximo a áreas de proteção ambierital ___ outras áreas ___
6. Quanto a Prefeitura gasta com os serviços de destinação final do lixo (excluindo os serviços
de limpeza pública e/ou coleta e transporte)? ____________ /mês (incluir todos os custos, como
mão-de-obra, manutenção, operação, energia, combustíveis, etc.).
1. Existe coleta de entulho e de bens móveis. inservíveis? Sim _______ Não _______
16
C A P Í T U L O I
3. Deste total, quanto é coletado pela Prefeitura ___________ t/mês. Quanto é coletado por Empresas
Privadas? ___________ t/mês
4. Qual o destino do entulho? Mesmo local usado pela Prefeitura para o lixo municipal ___________
Estação de reciclagem __________ Outro ____________________________________________________
5. Existe fiscalização por parte da Prefeitura sobre o entulho coletado por Empresas Privadas?
Sim ______ Não ______
2. Em caso positivo, em que tipo de veículo? Em veículo destinado a coletar exclusivamente lixo das
unidades de saúde e hospitalares __________ Em veículo destinado a coletar lixo comum __________
Outro _____________ Qual? _______________________________________________________________
17
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1. A Prefeitura tem conhecimento sobre a presença de catadores na(s) unidade(s) de destino final
do lixo?
Sim _____ Total _____: Até 14 anos _____ Maior de 14 anos _____ Não _____
18
C A P Í T U L O I
2. Utilizando o mesmo mapa da questão anterior, identifique os locais de destino final do lixo
Nome do distrito/bairro:
Vazadouro a céu aberto S ___ N ___
Vazadouro em áreas alagadas S ___ N ___
Aterro controlado S ___ N ___
Estação de compostagem S ___ N ___
Estação de triagem para reciclagem S ___ N ___
Incinerador S ___ N ___
Despejo em local, não-convencional S ___ N ___
19
L I X O M U N I C I P A L
11. A coleta seletiva está tendo continuidade? Sim _____ Não _____
16. Houve campanha de esclarecimento/conscientização na coleta seletiva? Sim _____ Não _____
20
C A P Í T U L O I
17. Qual a participação da população na coleta seletiva? Boa ___ Regular ___ Com resistência ___
18. Existe participação de catadores na coleta seletiva? Em cooperativas ______ Isolados ______
Não existe participação ______
19. Qual o custo para Prefeitura da coleta seletiva _______________ /mês? (procure identificar
custo com pessoal/equipamentos/operação e manutenção).
20. A Prefeitura sabe quanto do lixo coletado seletivamente (em quilos ou toneladas por dia ou
mês) deixa de ir para o local de destinação final (lixão ou aterro)? ____________________________
Procure responder às perguntas deste questionário por escrito e da forma mais detalhada possível.
O resultado servirá como uma ferramenta para seu trabalho. Use o mapa do seu município para
localizar e identificar todas as ações que estão sendo implementadas.
As perguntas abaixo só deverão ser respondidas se o Município não tiver um Plano Diret6r Regional
ou Municipal de Resíduos Sólidos.
1 . Qual é a estimativa de crescimento do seu município para 5 anos? 10 anos? 15 anos? 20 anos?
(aumento de população, aumento de área urbana, aumento de industrialização, etc.)
2. Qual deverá ser a quantidade de lixo a ser gerada no município daqui a 5, 10, 15 e 20 anos (em
toneladas por dia, por mês e por ano)?
3. Quais são as principais metas do município para daqui a 5, 10, 15 e 20 anos com relação a:
21
L I X O M U N I C I P A L
4.2 Plano Diretor de Gerenciamento Integrado essas ações sejam vistas como metas a serem alcança-
do Lixo Municipal das a curto, médio e longo prazo, já que nem sempre
é possível alcançá-las a todas ao mesmo tempo.
O Plano de Gerenciamento integrado do Lixo
Municipal, também denominado Plano Diretor do Para cada Ação a ser realizada existe uma gama
Lixo Municipal e Plano de Gestão do Lixo Municipal, variada de Alternativas possíveis, tanto com re-
é um documento que aponta e descreve as ações re- lação a locais (de aterro, estações de transbordo,
lativas ao seu manejo, contemplando os aspectos re- usinas de tratamento, unidades de educação am-
ferentes a geração, segregação, acondicionamento, biental), como técnico-operacional (rotas de coleta,
coleta (convencional ou seletiva), armazenamento, sistema de coleta, sistema de triagem).
transporte, tratamento e disposição final, bem como
proteção à saúde pública.15 É bom lembrar que as ações regionalizadas am-
pliam os benefícios e reduzem os custos. Assim, par-
Ele deve ser iniciado com a definição das ações que cerias, consórcios ou qualquer outra forma de solu-
o município pretende realizar. É muito importante que ção conjunta é sempre bem-vinda.
22
C A P Í T U L O I
23
L I X O M U N I C I P A L
DEFINIÇÃO DE METAS
curto prazo – 2 anos
médio prazo – 7 anos
longo prazo – 15 anos
ESTABELECIMENTO DE
ALTERNATIVAS SELEÇÃO DAS
ALTERNATIVAS
Figura 10 – Roteiro para estabelecimento do Plano Diretor de Gerenciamento Integrado do Lixo Municipal
24
C A P Í T U L O I
Ampliar/otimizar o
sistema de coleta
tradicional do lixo Implementar ações
municipal para 100% para operação dos aterros
de atendimento de lixo em condições de
aterro sanitário
lixo domiciliar/comercial, entulho,
RSS, poda e varrição lixo domiciliar/comercial, entulho,
poda e varrição, RSS
Formular/revisar o
Implementar ações para
Plano Diretor de
recuperação de áreas
Lixo Municipal
objetivos, metas lixo domiciliar/comercial, degradadas pelo lixo
(curto, médio e longo entulho, RSS, poda e
prazo) cenário, forma varrição
de administração,
forma de participação
da população
25
L I X O M U N I C I P A L
BIBLIOGRAFIA
1. RELIS, P.; DOMINSKI, A. 1990. Beyond the crisis: integrated 13. ZINATO, M.C. 1999. Água pode se tornar produto raro. E-mail
waste management. Santa Barbara: Gildea Resource Center/ redacao@revistarural.com.br (dez.). (Entrevista à Revista Rural).
Community Environmental Council. 48 p.
14. Política Nacional de Recursos Hídricos. Lei nº 9.433, de 8 de
2. European Environment Agency (EEA) 2013 e Eurostat, 2014. janeiro de 1997.
3. CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem. 2008: 15. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria Executiva,
“Reciclagem ontem, hoje e sempre”. São Paulo. 146 p. Fundo nacional do Meio Ambiente. 2000. Fomento a projetos
de ordenamento da coleta e disposição final adequada de resíduos
4. European Environment Agency (EEA) 2013, US Environmental sólidos: manual para apresentação de propostas. Brasília: MMA.
Protection Agency (EPA) 2013, Planet Aid 2015, (Edital FNMA 02/2000).
Sustenta,Tipmse, Cempre 2013.
16. WHITE, P. R.; FRANKE, M.; HINDLE, P. 1999. Integrated solid
5. Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública waste management: a lifecycle inventory. Maryland: Aspen
e Resíduos Especiais). “Panorama dos Resíduos Sólidos no Publication Maryland.
Brasil”, 2007, 2013 e 2015.
17. FRANKE, M. 1998. Inventario de ciclo de vida: una herramientapara
6. IBGE, 2010 (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008). optimizar los produtorsy el manejo integral de los residuos sólidos.
7. IBGE, 2010 (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008). Seminario Internacional sobre Manejo Integral de Residuos
Sólidos. México. out. p. 21-30.
8. IBGE, Censo 2010.
18. CUNHA, M. et al. 1999. Metodologia para elaboração de plano
9. IBGE, 2015. Diretoria de Pesquisas - DPE, Coordenação de diretor regional de resíduos sólidos domiciliares. Seminário de
População e Indicadores Sociais - COPIS. Gestão Ambiental. São Paulo: FEA/FGV. nov.
10. UNESCO, 2016. Relatório Mundial das Nações Unidas sobre 19. CARTA de São Paulo sobre gestão e tecnologias de tratamento
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos 2016. de resíduos. 1992. I Encontro de Prefeitos de Metrópoles
11. COMO o mundo utiliza a sua água. Folha de S. Paulo, 2 jul. Latino-Americanas sobre Gestão de Resíduos, Documento
1999. Especial Ano 2000. Síntese. REMAI’91, p. 25-27, São Paulo. mai.
12. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e 20. UNRIC 2014 (Centro Regional de Informação das Nações
da Amazônia Legal. Recursos hídricos no Brasil. abr. Unidas).
26
CAPÍTULO II
ORIGEM E COMPOSIÇÃO
DO LIXO
27
L I X O M U N I C I P A L
28
C A P Í T U L O I I
Denomina-se lixo os restos das atividades huma- Aquele originado na vida diária das residências,
nas, considerados pelos geradores como inúteis, in- constituído por restos de alimentos (cascas de fru-
desejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresen- tas, verduras, sobras, etc.), produtos deteriorados,
tam-se sob estado sólido, semi-sólido ou semilíqui- jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral,
do (com conteúdo líquido insuficiente para que este papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande
possa fluir livremente)1. diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns
resíduos que podem ser tóxicos (ver item 6 deste
Embora lixo e resíduo sólido sejam a mesma coisa, Capítulo).
o termo lixo será adotado preferencialmente neste
Capítulo.
2.2 Comercial
Apresentam risco à saúde ou ao meio • limpeza de áreas de feiras livres, constituído por
ambiente, caracterizando-se por possuir restos vegetais diversos, embalagens, etc.
Classe I
uma ou mais das seguintes proprieda-
(Perigosos) des: inflamabilidade, corrosividade, re-
atividade, toxicidade e patogenicidade. 2.4 Serviços de Saúde e Hospitalar
Podem ter propriedades como: com- Constituem os resíduos sépticos, ou seja, aqueles
Classe II A bustibilidade, biodegradabilidade ou
que contêm ou potencialmente podem conter ger-
(Não-inertes) solubilidade, porém, não se enqua-
dram como resíduo I ou II B. mes patogênicos, oriundos de locais como: hospitais,
clínicas, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias,
Não têm constituinte algum solubi- postos de saúde, etc. Tratam-se de agulhas, seringas,
Classe II B gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos remo-
lizado em concentração superior ao
(Inertes) padrão de potabilidade de águas. vidos, meios de culturas e animais usados em testes,
Fonte: ABNT, 20041 sangue coagulado, luvas descartáveis, remédios com
prazo de validade vencido, instrumentos de resina
sintética, filmes fotográficos de raios X, etc.
Outra importante forma de classificação do lixo
Os resíduos assépticos destes locais, constituídos
é quanto à origem, ou seja, domiciliar, comercial,
por papéis, restos da preparação de alimentos, resí-
varrição e feiras livres, serviços de saúde e hospitalar,
duos de limpezas gerais (pós, cinzas, etc.) e outros
portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviá-
materiais, desde que coletados segregadamente e
rios, industriais, agrícolas e entulhos.
29
L I X O M U N I C I P A L
30
C A P Í T U L O I I
terísticas deste, pois vários fatores influenciam neste Os fatores de geração consistem, basicamente,
aspecto, tais como: na taxa de geração por habitante e no nível de aten-
• número de habitantes do município; dimento dos serviços públicos do município.
• poder aquisitivo da população; A composição física de lixo é obtida pela deter-
• condições climáticas; minação do porcentual de seus componentes mais
• hábitos e costumes da população; comuns, tais como vidro, plástico, metais, etc.
• nível educacional. Parâmetros físicos são expressos por caracterís-
A influência dos fatores citados é melhor expressa ticas como umidade, densidade e poder calorífico,
pela quantidade de lixo gerada, pela sua composição enquanto os parâmetros químicos, pelos teores dos
física e parâmetros físico-químicos, todos indispensáveis elementos químicos (carbono, enxofre, nitrogênio,
ao correto prognóstico de cenários futuros (Quadro 3). potássio e fósforo) presentes nos resíduos.
Composição física Refere-se às porcentagens das várias Ponto de partida para estudos de aproveitamento
frações do lixo, tais como papel, das diversas frações e para a compostagem.
papelão, madeira, trapo, couro, plástico
duro, plástico mole, matéria orgânica,
metal ferroso, metal não-ferroso, vidro,
borracha e outros.
Densidade aparente Relação entre a massa e o volume do Determina a capacidade volumétrica dos meios
lixo; é calculada para as diversas fases de coleta, transporte, tratamento e disposição
do gerenciamento do lixo. final.
Umidade Quantidade de água contida na massa Influencia a escolha da tecnologia de tratamento
de lixo e equipamentos de coleta. Tem influência notável
sobre o poder calorífico, densidade e velocidade
de decomposição biológica da massa de lixo.
Teor de materiais Quantidade de materiais que se prestam Juntamente com a umidade, informa, de
combustíveis e à incineração e de materiais inertes. maneira aproximada, sobre as propriedades de
incombustíveis combustibilidade dos resíduos.
Poder calorífico É a quantidade de calor gerada pela Avaliação para instalações de incineração.
combustão de 1 kg de lixo misto (e
não somente dos materiais facilmente
combustíveis).
Composição química Normalmente são analisados N, P, K, S, Definição da forma mais adequada de tratamento
C, relação C/N, pH e sólidos voláteis. (sobretudo compostagem) e disposição final.
Vários outros elementos que atuam como
inibidores/catalisadores nos diversos tipos de
tratamento também podem ser analisados.
Teor de matéria Quantidade de matéria orgânica Avaliação da utilização do processo de
orgânica contida no lixo. Inclui matéria orgânica compostagem. Avaliação do estágio de
não-putrescível (papel, papelão, etc.) e estabilização do lixo aterrado.
putrescível (verduras, alimentos, etc.)
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L I X O M U N I C I P A L
Estimativas:
• Geração atual: A x B x C0 (kg/dia);
• Geração futura: [A x (1 + D)n] x [B x (1 + E)n] x Ct (kg/dia)
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C A P Í T U L O I I
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1 2
3 4
pilha A Amostra 1
5 6 quartear ± 5 litros
Amostra 2
pilha B
Fonte: CETESB6
Figura 1 – Amostragem para análise da composição química e parâmetros físico-químicos
1 2
3 4
Amostra 3
Fonte: CETESB6
Figura 2 – Amostragem para análise da composição física
34
C A P Í T U L O I I
- Densidade aparente
5.2.2 Procedimentos para coleta de amostras A densidade aparente dos resíduos será obtida
para análise da composição física pela análise da Amostra 2 (Figura 1), portanto, ainda
1) descarregar o caminhão ou caminhões no lo- não submetida à secagem.
cal previamente escolhido (pátio pavimentado ou Encher um recipiente de volume conhecido com a
coberto por lona); amostra anteriormente preparada e pesar o material.
2) coletar quatro amostras de 100 litros cada (uti- A densidade pode então ser calculada:
lizar tambores), três na base e laterais e uma no topo
da pilha resultante da descarga. Antes da coleta, Densidade aparente (kg/m3) = peso da amostra (kg)
procede-se ao rompimento dos receptáculos (sacos volume do recipiente (m3)
plásticos, em geral) e homogeneiza-se, o máximo
possível, os resíduos nas partes a serem amostradas. - Composição física do lixo
Ainda, considerar os materiais rolados (latas, vidros,
A composição física do lixo será obtida pela análise
etc.). Caso a quantidade inicial de lixo seja pequena
da Amostra 3 (Figura 2), mediante a triagem, separan-
(menos que 1,5 t), recomenda-se que todo o mate-
do-se os materiais nas classes indicadas no Quadro 5.
rial seja utilizado como amostra;
3) pesar os resíduos coletados;
4) dispor os resíduos coletados sobre uma lona. Quadro 5 – Planilha para determinação da
Este material constitui a Amostra 3, a ser utilizada composição física do lixo municipal
para as análises da composição física dos resíduos.
Componente Peso (kg) Porcentagem (%)
Borracha
• Determinações
Couro
Neste item são descritas somente as metodolo- Madeira
gias de simples aplicação, facilmente executadas por Matéria orgânica
técnicos das próprias prefeituras interessadas, quan-
Metais ferrosos
do da caracterização do seu lixo. Os demais parâme-
Metais não-ferrosos
tros, tais como a determinação do poder calorífico e
a determinação de elementos químicos específicos, Papel
devem ser analisados em laboratórios especializados Papelão
e, portanto, não serão aqui discutidos. Plástico duro
- Teor de umidade e de material seco Plástico-filme
Trapos
O teor de umidade e o teor de material seco do
Vidro
lixo serão obtidos pela análise da Amostra 1 (Figura 1).
Outros materiais
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África Centro-Meridional 57 9 13 4 4 13
Ásia Oriental e Pacífico 62 10 13 3 2 10
Europa e Ásia Central 47 14 8 7 5 19
América Latina e Caribe 54 16 12 4 2 12
Oriente Médio e África Setentrional 61 14 9 3 3 10
OCDE (Europa Ocidental, América do 27 32 11 7 6 17
Norte, Oceania, Japão/Korea)*
Ásia Meridional 50 4 7 1 1 37
Global 46 17 10 5 4 18
* OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico, 29 países mais desenvolvidos)
Fonte: Banco Mundial, 2012. “What a Waste: A Global Review of Solid Waste Management”.8
Fonte: Banco Mundial, 2012. “What a Waste: A Global Review of Solid Waste Management”.8
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0,6% Alumínio
2,3% Aço
2,4% Vidro
13,5% Plástico
16,7% Outros
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BRASIL FLORIANÓPOLIS
Alumínio
Alumínio 0,8%
Metais 0,9% Metais
6,2% 4,8% Longa vida
Longa vida Plásticos 2,4%
Plásticos 2,8% 12,7%
15,6% Vidros Vidros
9,1% 11,9%
Diversos
1,6%
Rejeito
Rejeito 19,8%
17,4%
Papel e papelão Papel e papelão
45,9% 47,6%
Rejeito Diversos
16,8% 12%
Papel e papelão Papel e papelão
37,4% 45,9%
As substâncias perigosas no lixo domiciliar são consideradas um grande problema ambiental a ser
enfrentado pelas municipalidades no curto e médio prazos.
BIBLIOGRAFIA
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2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. 4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT.
Lixiviação de Resíduos - Procedimento; NBR 1005:2004. Amostragem de resíduos - Procedimento; NBR 1007:2004.
39
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São Paulo, 2012. Waste Management”.
6. CETESB. 1990. Resíduos sólidos urbanos e limpeza pública. São 9. TAVARES, R. C. Composição gravimétrica: uma ferramenta
Paulo: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. de planejamento e gerenciamento do resíduo urbano de
Curitiba e região metropolitana. Dissertação de mestrado. IEP
7. GOMES, J. A.; OGURA, S. K. 1993. Considerações sobre os LAC TEC. Curitiba, 2006.
componentes potencialmente perigosos do lixo domiciliar.
(Trabalho apresentado no Seminário “Componentes 10. CEMPRE. Pesquisa Ciclosoft, 2014 http://cempre.org.br/
Potencialmente Perigosos Presentes no Lixo Doméstico”, 13 ciclosoft/id/2.
de abril de 1993. São Paulo. IPT).
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CAPÍTULO III
ACONDICIONAMENTO
E COLETA DO LIXO
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Os coletores pequenos e médios podem ser fixos varrição de ruas e áreas públicas, podendo dispor de
ou móveis. Coletores pequenos devem ser colocados porta-vassouras e compartimento para conveniência
nas ruas, praças, praias, em posições e quantidades do varredor.
que facilitem seu uso. Podem ser constituídos de um
simples tambor, preferivelmente com alças, ou feitos Os coletores móveis de 80 a 390 litros são nor-
com um projeto elaborado, com tampa, sistema de malizados pelas normas BS-84013, 14, 15, 16, 17, 18 e pela
basculamento ou de descarga, com qualidade estéti- norma Z245.3019, quanto a dimensões, desenho bá-
ca e qualidade que pode ser verificada e normalizada. sico, requisitos de desempenho e testes.
O coletor pode ser esvaziado pela retirada do saco Coletores comunitários fixos são os que recebem
plástico que o reveste, com o lixo contido, ou por bas- o lixo de diversas unidades habitacionais (prédios,
culamento do lixo para um recipiente móvel maior. condomínios, favelas, etc.) e devem ficar próximos
a um ponto de passagem do caminhão coletor. De-
vem também permitir a retirada manual dos sacos
SAÍDA DE GASES ou ser movimentáveis mecanicamente para descar-
ga no caminhão. Geralmente, têm dimensões úteis
superiores a 2 m3. Os tipos mais simples são apenas
recipientes abertos, destinados a manter os sacos
longe do chão, evitando que sejam atacados por
animais. Não podem ter cantos ou saliências que
possam perfurar os sacos. Devem ser facilmente la-
váveis, bem como o chão onde se situam. Os tipos
mais elaborados, destinados à movimentação meca-
nizada, devem ter tampas ou aberturas de recebi-
mento do lixo e tampa de descarga. Não podem ser
feitos de material inflamável.
47
L I X O M U N I C I P A L
mortos e outros resíduos incompatíveis com o siste- 2.3.3 Coletores para coleta seletiva
ma de coleta. O ateamento de fogo ao lixo contido
por esses recipientes e a transformação do local em Há duas formas básicas de coleta seletiva: a sepa-
um pequeno lixão, com os resíduos sendo deposi- ração por grupos (secos/úmidos) e a separação de
tados ao seu redor, são problemas freqüentemente materiais (coleta multi-seletiva).
observados.
Na separação de materiais, em Postos de Entre-
Os coletores maiores são chamados de “caçam- ga Voluntária, pode-se dispor de coletores para: vi-
bas”. Tem sido usado também, inclusive em normas dro branco e vidro colorido, papéis, plásticos, alu-
da ABNT, o termo “contêiner, mas esta terminologia mínio, latas de aço, pilhas elétricas. Cada um deles
deve ser evitada por conflitar com outras normas da tem uma cor convencionada: verde claro para vidro
ABNT, mais antigas, que estabelecem o termo “con- branco, verde escuro para vidro colorido, azul para
têiner” apenas para o recipiente de carga normaliza- papéis, vermelho para plásticos, amarelo para latas,
do pela ISO, e o termo “contentor” para outros re- laranja para pilhas.
cipientes de carga (container, em inglês, é qualquer
recipiente, seja uma garrafa, um saco, uma caixa de
papelão ou uma caçamba para lixo).
48
C A P Í T U L O I I I
Esta forma de coleta seletiva é de custo muito de borda na faixa de 1,80 m, o que exige grande es-
alto, devido à dificuldade de separação no transpor- forço físico dos coletores para elevar o lixo e bascular
te e por não eliminar a necessidade de uma triagem os recipientes.
posterior. Por isso, a coleta por grupos vem sendo
preferida.
3.2 Carrocerias com Compactador
Como foi visto anteriormente sobre os sacos para
coleta seletiva, tem-se os seguintes grupos também Os veículos com carrocerias fechadas, contendo
para os coletores: dispositivos mecânicos ou hidráulicos que possibili-
tam a distribuição e compressão dos resíduos no inte-
a) o de resíduos alimentares, destinado à com- rior da carroceria, são denominados, pela norma NBR
postagem; 129803, Coletores Compactadores.
b) o de lixo sanitário doméstico, incluindo varri- O sistema de compactação pode ser contínuo
ção e dejetos de animais domésticos, destina- ou intermitente. O sistema de carregamento pode
do a aterros sanitários ou lixões; ser traseiro, lateral ou frontal. Nesses veículos, os sis-
temas de descarga são feitos sem nenhum contato
c) o de objetos, principalmente papéis e emba-
manual com a carga.
lagens, que podem ser reciclados, incinerados
ou receberem outro tratamento, destinado a Mais recentemente surgiu o veículo compacta-
uma operação de triagem dos materiais. dor com mecanismo para basculamento de reci-
piente estacionário, que pode proporcionar maior
Os coletores devem ter tampas ou aberturas que
eficiência na coleta, em particular em locais que
impeçam a retirada do material colocado, além da
apresentem grande concentração de resíduos gera-
tampa de descarga, só acionável pelo pessoal do ca-
dos, tais como edifícios, condomínios habitacionais,
minhão coletor. Os catadores de material reciclável
etc. Além de agilizar a coleta, e conseqüentemente
não devem ter nos recipientes coletores uma fonte
contribuir para a aumentar a produtividade dos veí-
de suprimento.
culos, tal recipiente evita acidentes no manuseio.
Um dos problemas da coleta é o do volume a ser
Os contentores estacionários já são utilizados na
armazenado. Por isso há coletores para latas, princi-
coleta domiciliar em diversos países e já começam a
palmente de alumínio, associados a compactadores.
ser adotados também em diversas cidades brasileiras.
Têm sido experimentados compactores para gar-
rafas de vidro, que as transformam em cacos, mas Há ainda o caminhão de carroceria aberta, com
criam dificuldades de separação das cores, necessá- um pequeno guindaste móvel, que pode ser utiliza-
ria para a reciclagem. do na remoção e no transporte de resíduos prove-
nientes de poda de árvore e também na coleta de
Postos de Entrega Voluntária (PEV). Um PEV consiste
3 VEÍCULOS COLETORES de um conjunto de quatro contentores de cores di-
Basicamente, existem dois tipos de carrocerias ferentes para a coleta seletiva, instalados em locais
montadas sobre chassi de veículos, descritos indivi- públicos e de fácil acesso.
dualmente a seguir.
3.3 Critérios para a Seleção dos Veículos
3.1 Carrocerias sem Compactador
Conforme mencionado anteriormente, o veículo
Pela NBR 12980 , os veículos com carrocerias fe-
3 coletor pode ser de tração animal ou mecânica, com
chadas e metálicas, construídas em forma de caixa carroceria convencional ou com compactador.
retangular, com tampas corrediças abauladas, são
A escolha por um destes está condicionada aos
denominados Coletores Convencionais Tipo Prefei-
seguintes fatores:
tura. Sua descarga se dá por basculamento. Um dos
inconvenientes nesse tipo de equipamento é a altura
49
L I X O M U N I C I P A L
• Quantidade de resíduos
Para cidades ou áreas urbanas com baixa con-
centração populacional, veículos sem compactador
podem transportar por viagem até 15 m3 ou 3,7 t,
considerando-se o peso específico médio do lixo sol-
to de 250 kg/m3. É o sistema adotado em muitas lo-
calidades de menor porte, onde a coleta é realizada
pelo próprio poder público e o veículo é aproveitado Figura 4a – Caminhão basculante utilizado no transporte de
entulho
para outros serviços, além da própria coleta domici-
liar. Neste caso, o percurso de coleta é limitado pela
jornada de trabalho da tripulação e não pela capaci-
dade do veículo.
4 DIMENSIONAMENTO DA COLETA
DOMICILIAR
O dimensionamento e a programação da cole-
ta estão relacionados à estimativa dos recursos ne-
cessários (tipos de veículo e equipamento a serem
utilizados, frota necessária, quantidade de pessoal)
e à definição de como o serviço será executado (fre-
qüências, horários, roteiros, itinerários, pontos de
Figura 4e – Veículo com guindaste para coleta em postos de
destinação). entrega voluntária ou coleta de podas
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C A P Í T U L O I I I
Figura 4f – Trator para coleta em locais de difícil acesso • monitoração da totalidade do serviço existente;
51
L I X O M U N I C I P A L
4.1.1 Monitoração do total de lixo coletado É preciso também determinar ou estimar o nú-
mero de habitantes, tanto de cada uma das áreas
Nessa estratégia, avalia-se a quantidade total de atendidas – por cada um dos roteiros que foram se-
lixo coletada diariamente, pela pesagem de todos os lecionados para monitoração – quanto das regiões
veículos carregados, no ponto de transbordo ou de homogêneas em que a cidade foi subdividida com a
destinação final do lixo. finalidade de expandir a coleta.
Essa pesagem possibilita a determinação da Os veículos dos roteiros selecionados devem ser
quantidade total de lixo coletada num único dia. pesados, considerando-se os procedimentos descri-
tos anteriormente, o que permite determinar índices
Cada um dos veículos deve ter sido previamente de geração de lixo domiciliar per capita para cada
pesado vazio (sem carga), de modo que esse valor um dos tipos de região, aos quais correspondem os
(tara) seja descontado do peso do veículo carregado, roteiros selecionados.
obtendo-se, assim, a quantidade total de lixo coletado.
Valem também, neste caso, as considerações já
Considerando-se a existência de variações nos apresentadas quanto à freqüência de coleta e à pes-
volumes gerados de dia para dia e as regiões atendi- quisa em datas diferentes, de forma a melhorar a
das a cada dia, esse procedimento deve ser repetido qualidade dos resultados obtidos.
em mais de um dia, de forma a se obter dados repre-
sentativos da realidade do município.
4.2 Definição das Freqüências da Coleta
Caso existam roteiros de coleta cuja freqüência Domiciliar
não seja diária (por exemplo, duas ou três vezes por
A freqüência da coleta de lixo domiciliar define
semana), a quantidade de lixo coletada nesse roteiro
o tempo decorrido entre duas coletas consecutivas
deve ser dividida pelo número de dias entre coletas
num mesmo local ou numa mesma zona. Por exem-
(por exemplo, dividir por dois caso a coleta seja em
plo, a freqüência de coleta pode ser diária, exceto
dias alternados), de forma a se obter a quantidade
nos domingos e feriados, ou em dias alternados,
de lixo gerada por dia.
com folga aos domingos.
Deve-se lembrar ainda que, mesmo a coleta ocor-
Em geral, a restrição econômica é um dos fatores
rendo diariamente, às segundas-feiras a quantidade
determinantes da freqüência da coleta de lixo do-
de lixo corresponde a dois dias, pois ela não é feita
miciliar. Quanto maior a freqüência, maior o custo
aos domingos.
total do serviço.
52
C A P Í T U L O I I I
Quase sempre, a folga ocorre nos domingos e fe- 4.3 Definições dos Horários da Coleta
riados. Esses dias podem não ser os mais adequados, Domiciliar
caso coincidam com elevada geração de lixo. Cida-
des litorâneas ou turísticas podem, ainda, requerer A coleta de lixo domiciliar pode ser realizada tan-
maior freqüência de coleta de lixo domiciliar em pe- to no período diurno quanto no período noturno. A
ríodos de temporada. programação da coleta em período noturno depen-
de de diversos fatores, entre os quais, o porte e as
Excepcionalmente, pode ser necessário coletar características de cada município.
o lixo diariamente, sem folgas ou interrupções aos
domingos e feriados. Nesses casos, deve ser conside- Os aspectos favoráveis e desfavoráveis da coleta
rado o adicional de custos incidentes sobre a mão- noturna são apresentados a seguir.
de-obra, em decorrência da legislação trabalhista vi-
gente, que assegura o repouso semanal remunerado 4.3.1 Coleta noturna – Aspectos favoráveis
(periodicamente concedido aos domingos).
• causa menor interferência em áreas de circu-
Em áreas residenciais com baixa densidade po- lação mais intensa de veículos e pedestres, tais
pulacional ou em que a geração de lixo per capita como: avenidas, ruas comerciais, vias princi-
seja baixa, a freqüência da coleta do lixo não ne- pais de acesso, vias com faixa exclusiva de
cessita ser diária, podendo ocorrer em dias alterna- ônibus ou corredores exclusivos;
dos (dia sim, dia não), inclusive em feriados, com
folga somente aos domingos ou apenas duas vezes • permite maior produtividade dos veículos
por semana. de coleta, pela maior velocidade média em
decorrência da menor interferência do trá-
Mais adiante, no item relativo à avaliação do fego em geral, especialmente em vias mais
desempenho operacional dos serviços de coleta de movimentadas;
lixo domiciliar, são apresentados indicadores que
possibilitam avaliar se a freqüência de coleta está ou • significa uma diminuição da frota de veículos
não adequada. coletores, em decorrência do melhor aprovei-
tamento dos veículos disponíveis, proporcio-
A participação da população é essencial para nada pelos dois turnos.
uma coleta bem sucedida. É fundamental que os
dias e horários de coleta de lixo domiciliar, definidos Na existência de dois turnos, torna-se importante
e informados, sejam cumpridos à risca, criando há- considerar, na definição dos horários dos turnos, os
bitos regulares na população. Medidas educativas, seguintes aspectos:
estimulando a participação da população, com o
intuito de assegurar que o lixo seja depositado na • assegurar intervalos entre o horário final de
via pública, em dia e horário próximo ao da coleta, um turno e o horário inicial do outro, visando
evitam sua acumulação indevida e todas suas conse- evitar que eventuais atrasos ou variações nos
qüências indesejáveis. horários de término da coleta de um turno in-
terfiram no processo de lavagem, lubrificação e
Adicionalmente, as campanhas devem estimu- rápida manutenção dos veículos ou acarretem
lar cuidados adicionais por parte da população, tais atraso no início da coleta no turno seguinte;
como o acondicionamento do lixo em sacos plásti- deve-se ressaltar que alguma variação no horá-
cos, fechados, para evitar o acesso de insetos e ro- rio de término da coleta é normal, dadas as va-
edores; colocar o lixo em locais fora de alcance dos riações diárias nas condições de tráfego e nas
animais, a fim de evitar o seu espalhamento na via quantidades de resíduos a serem coletados;
pública; acondicionar adequadamente vidros e ou-
tros objetos perfurocortantes, para evitar acidentes • em municípios de maior porte, os horários
durante o manuseio pelos coletores. de início e de término de turno devem con-
siderar a locomoção para os bairros onde
residem os trabalhadores envolvidos, pelo
transporte coletivo.
53
L I X O M U N I C I P A L
4.3.2 Coleta noturna – Aspectos desfavoráveis • o uso em dois turnos eleva o desgaste dos ve-
ículos e diminui a disponibilidade para manu-
• o ruído produzido em período noturno, em tenção preventiva, podendo acarretar redu-
especial pelo manuseio de recipientes metáli- ção da vida útil dos mesmos.
cos e pela compactação do lixo pelo veículo,
causa incômodo à população. Essa situação é
particularmente problemática em bairros com 4.4 Dimensionamento da Frota dos Serviços
alta densidade populacional ou predominan- de Coleta
temente residenciais;
O dimensionamento dos serviços de coleta de
• trajeto por vias estreitas, não-pavimentadas lixo domiciliar tem como objetivo determinar o nú-
ou com muitos buracos pode aumentar o ris- mero de veículos necessário aos serviços de coleta,
co de danos e acidentes com os veículos; bem como os demais elementos que possibilitem o
estabelecimento dos itinerários. Pode ocorrer tanto
• percursos ao longo de vias mal iluminadas em função da necessidade da ampliação dos servi-
podem contribuir para aumentar o risco de ços a uma parcela da população ainda não atendida,
acidentes com os coletores, bem como preju- quanto de um novo serviço ou da reformulação par-
dicar a visibilidade na ação da coleta de lixo; cial ou total do serviço de coleta.
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Em geral, o dimensionamento da coleta consiste A seguir, são apresentados os passos para o dimen-
em um processo interativo, uma vez que as decisões sionamento do serviço de coleta de lixo domiciliar.
vão sendo tomadas e os parâmetros adotados se-
qüencialmente, sem que se consiga avaliar, a cada
passo, as suas conseqüências e implicações. Essa 4.4.1 Levantamento e coleta de dados
avaliação é possível apenas ao término do processo.
Inicialmente, devem ser obtidos os seguintes da-
Os resultados podem sugerir a necessidade de dos e elementos:
revisão das hipóteses adotadas, sendo preciso, às
• mapa geral do município, cadastral ou semi-
vezes, repetir todo o processo. Em municípios de
cadastral (escala 1:5.000 ou 1:10.000);
maior porte, em que o problema torna-se mais com-
plexo, recomenda-se o dimensionamento dos servi- • veículos disponíveis da frota e respectivas ca-
ços, considerando-se mais de uma alternativa, prio- pacidades, quando não se tratar de dimensio-
rizando-se a mais adequada e econômica, segundo namento de um novo serviço.
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4.4.2 Localização de pontos importantes para tem ou impeçam a circulação dos veículos de uma
a coleta área para a outra.
56
C A P Í T U L O I I I
• velocidade média dos veículos nos percursos Em linhas gerais, a fórmula calcula uma estima-
entre a garagem e o setor e entre o setor e o tiva do tempo total necessário para a coleta, que é
ponto de descarga e vice-versa (Vt). Em geral, dividido pela duração útil da jornada (parcela 1/J),
deve ser medida em campo, podendo variar determinando o número, de roteiros de coleta. Por
entre 15 e 30 km/h, dependendo das condi- sua vez, o tempo total necessário é dado pela soma
ções locais de trânsito, do veículo estar ou não de três parcelas de tempo:
carregado, etc.
• o tempo total de percurso para coleta (L/Vc);
As distâncias a um setor de coleta (Dg, Dd) podem
• o tempo de percurso da garagem até o setor
ser estimadas considerando o centro geométrico do
de coleta e de retorno do veículo (2(Dg/Vt));
mesmo.
• o tempo total no percurso de ida e volta ao
4.4.7 Dimensionamento do número de local de destinação final para descarga dos ve-
roteiros de veículos necessários para cada ículos, que é dado pelo tempo de viagem ida
setor e volta (2(Dg/Vt)) multiplicado pelo número
de viagens necessárias pela descarga (Q/C).
O número de roteiros de veículos necessários
para a coleta em cada setor (N) pode ser estimado a
partir da seguinte fórmula: No dimensionamento da frota, é conveniente con-
siderar a geração de lixo de dias normais e coletar,
em horas extras, o eventual excesso gerado.
Ns = 1 L + 2 Dg + 2 Dd Q (1)
J Vc Vt Vt C
4.4.8 Cálculo da frota total necessária
onde: O objetivo é calcular a frota efetivamente necessá-
ria à operação do serviço de coleta de lixo domiciliar.
J: duração útil da jornada de trabalho da guarni-
ção (em horas), desde a saída da garagem até O dimensionamento da frota resultou na determi-
o seu retorno, excluindo intervalo para refei- nação da quantidade de veículos necessária à coleta
ções e outros tempos improdutivos; em cada setor. A frota total não é a soma das frotas ob-
tidas para os setores, uma vez que a coleta não ocorre
L: extensão total das vias (ruas e avenidas) do
em todos os setores nos mesmos dias e horários.
setor de coleta, em km;
A frota total corresponde ao maior número de
Vc: velocidade média de coleta, em km/h;
veículos que precisam operar simultaneamente, isto
Dg: distância entre a garagem e o setor de coleta, é, num mesmo dia e horário.
em km;
Por exemplo, caso existam apenas dois setores,
Dd: distância entre o setor de coleta e o ponto de um diurno e outro noturno, com freqüências diá-
descarga, em km; rias e frotas calculadas em cinco e quatro veículos,
respectivamente, a frota total necessária é o maior
Vt: velocidade média do veículo nos percursos de número dos dois valores, isto é, cinco veículos, uma
posicionamento e de transferência, em km/h; vez que quatro desses cinco veículos vão operar no
período noturno.
Q: quantidade total de lixo a ser coletada no se-
tor, em toneladas ou em m3; O cálculo da frota torna-se mais complexo quan-
do há muitos setores com freqüências e horários
C: capacidade dos veículos de coleta, em tone- distintos. Para facilitar esse cálculo, sugere-se a
ladas ou em m3; em geral, adota-se um valor elaboração de uma tabela por turno ou horário de
que corresponde de 70 a 80% da capacidade trabalho, onde é indicada, para cada setor, a frota
nominal, considerando-se a variabilidade da necessária por dia da semana, conforme exemplifi-
quantidade de lixo coletada a cada dia. cado na Tabela 1.
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preferencialmente ser percorridos no início do dem ser de duas naturezas distintas, levando a duas
percurso, quando o caminhão está mais vazio; categorias de modelos, conforme descritos a seguir.
• percurso contínuo: coleta nos dois lados da • Modelos baseados em algoritmos para o co-
rua; no entanto, o percurso deverá ser feito nhecido problema do carteiro chinês: as tare-
novamente nas ruas de trânsito intenso, evi- fas a serem cumpridas pelos veículos consis-
tando-se o cruzamento de vias pela guarnição. tem em trechos de ruas a serem percorridos,
como ocorre em problemas de coleta domici-
É usual se elaborar, para cada itinerário de cole-
liar ou de varrição; neste caso, não há pontos
ta, um roteiro gráfico da área, em mapa ou croqui,
ou locais específicos a serem atendidos; todos
indicando seu início e término, percurso, pontos de
os quarteirões e trechos de via necessitam ser
coleta manual (sem acesso ao veículo, sendo o lixo
percorridos para a coleta do lixo ou a varri-
coletado e carregado pelos coletores), trechos com
ção. Neste caso, a otimização está relaciona-
percurso morto e manobras especiais, tais como ré
da para assegurar a minimização do percurso
e retorno. Adicionalmente, deve-se elaborar um ro-
improdutivo dos veículos (que implica custo e
teiro descritivo do itinerário da coleta, em forma de
perda de tempo), decorrente da passagem do
tabela, indicando os nomes e os trechos das ruas na
veículo em algumas vias ou trechos de via por
seqüência definida pelo itinerário a ser seguido, bem
mais de uma vez, de forma a permitir atingir e
como o tipo de manobra ao final de cada trecho de
trafegar por outras vias, em função de proble-
rua (conversão à esquerda ou à direita, retorno, etc.).
mas de circulação (mãos e contramãos) e de
Deve-se considerar que o projeto da coleta é di- tráfego de veículo.
nâmico e deverá ser acompanhado periodicamente
• Modelos baseados em algoritmos para o pro-
visando observar se há variação da geração de resí-
blema do caixeiro viajante: as tarefas a serem
duos em cada setor, se novas ruas foram pavimenta-
realizadas durante os roteiros correspondem a
das, etc., para efeito de alteração ou ajustes nos ro-
pontos ou locais específicos que devem ser visi-
teiros originais ou, até mesmo, nos setores de coleta.
tados, como ocorre em problemas de coleta de
resíduos de saúde ou de lixo industrial, onde há
pontos específicos e bem localizados para co-
4.5.1 Softwares para a definição de roteiros de leta ou atendimento; neste caso, a otimização
coleta domiciliar está relacionada à melhor seqüência de visita
aos pontos, de forma a minimizar o percurso
Atualmente, já existem no mercado alguns sof-
total, atendendo às restrições de circulação de
twares para a elaboração de roteiros ou itinerários oti-
veículos e de horário de atendimento.
mizados de veículos de coleta de lixo e também de
circuitos de varrição de ruas. Sua utilização permite Em geral, os softwares disponíveis no mercado
definir um conjunto de roteiros que atendem a uma resolvem ou problemas do tipo carteiro chinês ou
região, assegurando percursos com o menor custo problemas do tipo caixeiro viajante; dificilmente dis-
(número de viagens, número de veículos e tempo to- põem de algoritmos que permitam resolver ambos
tal) e atendendo às restrições de circulação dos veícu- os problemas.
los nas ruas da cidade, de capacidade dos caminhões
e de duração da jornada de trabalho da guarnição. A obtenção de boas soluções por esses pacotes
depende não só do modelo matemático e algoritmo
Esses softwares, em geral, empregam sofisti- de solução, como também dos dados de entrada
cados modelos e algoritmos matemáticos para a para o modelo, em particular os dados que represen-
sua solução. tam o sistema viário e suas restrições de circulação
de veículos (mãos de direção, conversões permitidas
Um roteiro de um veículo pode ser definido como e proibidas, etc.). Em geral, os softwares são dotados
a ordem ou seqüência que um conjunto de serviços, de recursos de SIG – Sistema de Informações Geo
tarefas ou atendimentos é realizado. Dependendo do gráficas, que permitem representar, graficamente,
tipo e da natureza do problema de limpeza pública, por meio de mapas na tela do computador, os dados
as tarefas a serem realizadas ao longo do roteiro po- do sistema viário e dos pontos de atendimento.
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Antes de adquirir um software, é necessário verificar dade para transportar o equivalente a cerca de três
diversos aspectos, entre os quais se ele realmente aten- caminhões coletores até o local de destinação final
de às necessidades locais, os dados necessários para a (aterro). Deve-se destacar que em estações de trans-
sua utilização, a facilidade de obtenção e de atualiza- bordo não é realizado nenhum beneficiamento ou
ção desses dados, a facilidade de uso, o tipo de equi- tratamento do resíduo.
pamento necessário para a sua utilização, entre outros
fatores. Podem haver inúmeras restrições e peculiari- As estações de transbordo, se situadas em locais
dades locais, como, por exemplo, a restrição à coleta estratégicos da cidade, permitem que os caminhões
simultânea nos dois lados da rua em vias largas ou de coletores descarreguem rapidamente e retornem aos
grande volume de tráfego de veículos, ou frota hetero- roteiros de coleta, proporcionando maior velocidade
gênea de veículos, ou ainda, mais de um local de desti- de retirada do lixo das ruas. Por outro lado, cuidado
nação final, entre outras, que nem sempre podem ser especial deve-ser dado à sua localização, em função
considerados em alguns dos pacotes existentes. dos inconvenientes que um local de armazenagem
de lixo, mesmo que temporário, pode gerar para a
população vizinha em termos de ruídos, trânsito de
4.5.2 Estações de transferência ou transbordo veículos pesados, focos de contaminação, etc.
A migração do campo à cidade e o crescimento As estações de transferência podem ser classificadas:
vegetativo da população provocam uma expansão
acelerada da população urbana, o que dificulta a lo- • quanto ao meio de transporte (após transfe-
calização de áreas adequadas para o tratamento e rência): rodoviárias, ferroviárias ou hidroviárias;
destino final dos resíduos, tanto pela oposição da po-
• quanto ao modo de armazenagem: com fosso
pulação da vizinhança, como pelo custo dos terrenos.
e sem fosso de acumulação;
Em decorrência desse problema, muitas cidades • quanto ao tratamento físico prévio: com
estão buscando e adotando soluções conjuntas e sistema de redução de volume ou simples
integradas com municípios vizinhos para a destina- transferência.
ção final de seus resíduos. Em muitos casos, vários
municípios operam uma área comum de disposição Um dos inconvenientes que uma estação de trans-
(em geral, aterro sanitário), o que acaba ocasionan- ferência pode ocasionar é o fato de lixo ser compac-
do um aumento das distâncias a serem. percorridas tado durante a coleta e depois se tornar novamente
pelos veículos coletores provenientes dos diferen- lixo solto na descarga dos veículos coletores no local
tes municípios para descarga. Além do aumento do de transbordo. Toda a energia gasta na compactação
custo do transporte, as grandes distâncias ocasio- é perdida na transferência como lixo solto, reduzindo
nam uma diminuição da produtividade dos veícu- a produtividade das carretas, uma vez que a capa-
los, em função do tempo ocioso despendido para cidade volumétrica do veículo com lixo solto pode
descarga e retorno ao setor de coleta, o que pode ser atingida antes do peso máximo (a compactação
acarretar necessidade de aumento do número de pode até triplicar a densidade do lixo solto).
veículos de coleta.
Valores práticos indicam que pode haver viabi-
As grandes distâncias a serem vencidas até o pon- lidade econômica na implantação de estações de
to de destinação final dos resíduos recomendam o transferência, a partir de uma distância limite para
uso de estações de transferência ou transbordo que descarga de 6 km para caminhões convencionais e
limitem o percurso dos veículos coletores, gerando entre 12 e 25 km para caminhões compactadores.
maior economia e permitindo o transporte do lixo Estes valores são apenas indicativos, sendo necessá-
em veículos com capacidade entre 40 e 60 m3 com rio um estudo comparativo caso a caso que consi-
custos unitários de transporte reduzidos. dere os custos de implantação e operação de uma
estação e a economia gerada com a diminuição da
Em síntese, as estações de transferência ou trans- distância a ser percorrida pelos caminhões coletores.
bordo são pontos intermediários, onde o lixo cole
tado é passado de caminhões de médio porte (co- Deve-se assegurar que o tempo despendido na
letores) para carretas de maior porte, com capaci- descarga dos veículos coletores e no carregamento
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• Seleção e triagem
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Nesse caso, os coeficientes de depreciação para Vale a pena ressaltar que o cálculo pelo método
cada idade de veículo, calculados pelo método da da soma dos anos, por resultar em maior deprecia-
soma dos anos, são: ção no início da vida útil, é mais realista em termos
da curva real de perda de valor do veículo ao longo
0 a 1 ano: 0,2667
do tempo.
1 a 2 anos: 0,2133
2 a 3 anos: 0,1600
- Remuneração do capital relacionado com a frota
3 a 4 anos: 0,1067
A remuneração do capital visa estabelecer o re-
4 a 5 anos: 0,0533 torno ou remuneração do capital investido na frota.
mais de 5 anos: 0
Para o cálculo da remuneração anual do capital
A depreciação mensal de cada veículo, no ano, empregado nos veículos pelo método da soma dos
é obtida multiplicando-se o seu valor (sem pneus e dígitos, adota-se a taxa de 12,7% ao ano, equiva-
câmaras), quando novo, pelo coeficiente correspon- lente a 1% ao mês. O resultado obtido, dividido por
dente à sua idade e dividindo-se esse resultado por doze, fornece a remuneração mensal.
doze (número de meses).
Remunera-se o valor de cada veículo de acordo
A depreciação mensal da frota é obtida somando- com sua idade, deduzindo o que foi depreciado do
se os valores mensais de depreciação de cada veículo. seu valor, quando novo, de acordo com a seguinte
tabela de fatores multiplicativos:
A depreciação pelo método linear, por sua sim-
plicidade, é também muito utilizada. Apresenta a 0 a 1 ano: 1,0000
vantagem de não necessitar verificar a faixa etária de 1 a 2 anos: 0,7333
cada veículo para determinar o coeficiente de depre-
ciação correspondente, uma vez que o coeficiente é 2 a 3 anos: 0,5200
constante ao longo da vida útil do mesmo. 3 a 4 anos: 0,3600
O coeficiente de depreciação linear pode ser cal- 4 a 5 anos: 0,2533
culado pela seguinte expressão: mais de 5 anos: 0,2000
A remuneração mensal de cada veículo é obtida
Dep = 1 - VR/100 (2)
pelo método da soma dos dígitos, multiplicando-se o
VU seu valor (sem pneus e câmaras), quando novo, pelo
fator correspondente à sua idade e multiplicando-se
esse resultado por 0,01 (1%) que corresponde a uma
onde: taxa de juros ou custo de oportunidade de capital.
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midos por cada veículo, pelo número de quilôme- 5.1.2 Custos unitários
tros percorridos;
Os custos podem ser agregados de acordo com
• multiplica-se o consumo quilométrico pelo pre- a análise desejada. Dessa forma, pode-se prever o
ço de cada insumo; impacto de mudanças que ocorrem, ou alterações
introduzidas, sobre a empresa e, conseqüentemen-
• somam-se os custos quilométricos dos insumos te, sobre a remuneração dos serviços prestados. A
de todos os veículos. classificação, já indicada, permite uma estimativa
bastante precisa do custo decorrente de determi-
No caso dos pneus, deve-se levar em conta o nada alteração, como, por exemplo, a mudança de
custo do pneu novo, sua vida útil, as recapagens e locais de disposição final do lixo.
respectivas vidas úteis, conforme indicado a seguir:
Para a obtenção de uma estimativa rápida do
custo para se introduzir ou ampliar um serviço de
custo dos pneus por km = N CN + R(CR) (5) coleta, pode-se utilizar custos unitários dos serviços
VN + R(VR) já existentes. São exemplos de custos unitários, o
custo quilométrico, o custo médio por tonelada co-
onde: letada e o custo médio por pessoa atendida.
N = número de rodas do veículo; Esses três custos unitários estão também rela-
R = número de recapagens; cionados com a eficiência da empresa de coleta. É
possível ainda determinar a eficiência de um veícu-
VN = vida útil, em km, de um pneu novo;
lo, roteiro ou distrito de coleta, bastando agregar os
VR = vida útil, em km, de um pneu recapado; custos variáveis por veículo, roteiro ou distrito e rate-
ar o custo fixo pela quilometragem correspondente.
CN = custo de um pneu novo;
CR = custo de uma recapagem.
- Custo quilométrico
No caso das peças de reposição dos caminhões,os
O custo quilométrico é obtido dividindo-se o
valores totais gastos são divididos pelo número total
custo anual (mensal) total de coleta, incluindo-se os
de quilômetros percorridos.
custos fixos, e os variáveis, pela quilometragem total
percorrida em um ano (em um mês) pelos veículos.
• Custo por hora de operação dos veículos ($/h)
- Custo por tonelada
Nessa categoria enquadram-se, por exemplo,
lubrificantes, fluido hidráulico consumido pela ca- Da mesma forma, o custo médio por tonelada é
çamba e peças que foram substituídas. Esse custo é obtido dividindo-se o custo total de coleta, de um
obtido da seguinte forma: período, pela quantidade total de lixo coletado, em
toneladas.
• dividem-se as quantidades dos insumos con-
sumidos por cada veículo, pelo número de
horas de operação; - Custo por pessoa atendida
• multiplica-se o consumo horário pelo preço O custo médio por pessoa atendida é obtido di-
de cada insumo; vidindo-se o custo total de coleta, de um período,
pelo número de pessoas atendidas.
• somam-se os custos horários dos insumos de
todos os veículos.
5.1.2.1 Comparação com outras cidades
No caso das peças de reposição das caçambas,
dividem-se os valores totais gastos pelo número to- Ao se comparar custos e preços entre cidades,
tal de horas operadas. deve-se considerar que:
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• tonelagem coletada/(turno x coletor): consi- • tempo médio entre acidentes com pessoal:
derando-se turno de 8 horas, nota-se valores medida do grau de segurança da atividade de
entre 2 e 5 para a América Latina e 5 e 8 para coleta;
os EUA, onde a coleta possui um grau maior
de mecanização23; • roupas com sinalização adequada.
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de imposto predial, não havendo possibilidade de A limpeza das calçadas e das ruas não depende
cobrança por meio de tarifa, como ocorre com a apenas da atuação da Prefeitura, mas, principalmen-
água e a luz. te, da educação e conscientização da população.
Algumas entidades, como a Associação Brasi- Deve-se promover campanhas de educação jun-
leira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) to à comunidade para que o lixo seja colocado nos
e a Companhia de Tecnologia de Saneamento cestos de rua. Papéis, embalagens, palitos, cigarros
Ambiental de São Paulo (CETESB), ministram re- e outros objetos, comumente lançados nas calçadas,
gularmente cursos sobre limpeza urbana, especifi- podem ser facilmente colocados num cesto, man-
camente sobre coleta de lixo. Algumas universida- tendo a aparência limpa da rua e valorizando a ci-
des, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro dade como um todo. A limpeza das ruas é um fator
(UFRJ), a Universidade Estadual do Rio de Janeiro importante na atração de turistas, que reparam em
(UERJ), a Universidade de Campinas (UNICAMP) detalhes dos locais que visitam.
e a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
mantêm cursos de graduação e pós-graduação
nesta área.
8 OUTROS SERVIÇOS
8.1 Varrição
• setores da cidade e suas respectivas freqüên- No exterior, é comum as pessoas que jogam lixo
cias de varrição; fora do cesto receberem multas, inclusive, em es-
tradas interestaduais. Essas multas podem chegar a
• roteiro e número necessários de servidores e centenas de dólares.
equipamentos;
Além de valorizar a cidade, a aplicação de cam-
• produtividade esperada. panhas do tipo “mantenha a sua cidade limpa” re-
duz os custos de varrição, já que o lixo fica concen-
Limpar uma rua é diferente de manter uma rua trado nos cestos.
permanentemente limpa. Ruas limpas, cestinhos de
coleta implantados, campanhas permanentes de
educação e uma rigorosa fiscalização do cumpri-
mento das posturas municipais funcionam como
aspectos inibidores para as pessoas que estão acos-
tumadas a jogar lixo em qualquer lugar.
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8.4 Limpeza de Locais ou Ruas onde há Feiras nal de contato com a Prefeitura (por exemplo, um
Livres número de telefone específico) já que este tipo de
serviço é executado por demanda pontual.
A limpeza .das feiras livres deve ser feita imedia-
tamente após o seu encerramento, por pessoal mu-
nido de vassourões, pás e carrinhos de mão. A lava- 8.7 Pintura de Guias
gem, principalmente das áreas onde foram comer-
cializados peixes e carnes, deve ser complementada Usualmente, esse serviço é feito pelo departa-
com aplicação de desinfetantes ou desodorantes. mento responsável pela limpeza urbana como com-
Grandes recipientes podem ser utilizados quando plementação dos serviços de varrição, capina e lim-
houver grande volume de resíduos. peza de sarjetas.
A limpeza de bocas-de-lobo pode ser feita ma- 8.8 Coleta de Resíduos Volumosos e Entulho
nualmente por um ou dois trabalhadores munidos
de pás, picaretas e ganchos, ou mecanicamente por Diariamente, um dos persistentes problemas que
um conjunto de aspirador, motor e mangueira para as administrações municipais enfrentam é a remoção
jateamento de água, denominado eductor. de montes de resíduos, das mais diversas composi-
ções, que não são removidos pela coleta regular. Es-
Deve-se limpar regularmente todas as bocas-de- ses são descartados clandestinamente em todos os
lobo, priorizando locais de grande circulação de pe- tipos de área, como terrenos públicos e particulares,
destres, onde o serviço de varrição ainda não foi im- vias de tráfego, passeios e áreas verdes, propiciando a
plantado, e áreas sujeitas à inundação ou enchentes. proliferação de vetores, impedindo o tráfego de veí
culos e pedestres e deteriorando a paisagem urbana.
Na limpeza de galerias, é fundamental a existên-
cia de cadastro indicando o seu posicionamento.
A limpeza de córregos também deve ter uma A atuação da fiscalização de limpeza pública é fun-
programação assentada nos combates a enchen- damental na prevenção do descarte clandestino.
tes e à ausência de coletor de esgotos, o que cau- Deve orientar a população sobre áreas autorizadas
para o descarte de resíduos e autuar firmemente as
sa grande demanda por este serviço, em função do pessoas pegas em flagrante.
mal-cheiro e da infestação de insetos. A limpeza das
margens pode ser feita pela roçagem e coleta do lixo
acumulado. O leito do córrego pode ser limpo ma-
nualmente, por draga ou retroescavadeira. A coleta de resíduos volumosos é feita, geral-
mente, por caminhões basculantes ou de carroceria,
associados ou não a pás carregadeiras. Essa coleta
8.6 Remoção de Animais Mortos pode ser gerenciada de maneira a se otimizar a utili-
zação dos equipamentos da Prefeitura.
A remoção de animais de grande porte mortos
pode ser feita utilizando-se caminhões dotados de O sistema mais adotado, porém de menor ra-
carrocerias fechadas ou não, munidas com guincho. cionalidade técnica, é o que coleta os resíduos de
acordo com reclamações específicas, provenientes
É necessária, também, a divulgação de um ca- de diversos pontos da cidade.
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Outro sistema de coleta de resíduos volumosos é pela administração municipal, onde poderão ser
o de operações permanentes chamadas “bota-fora”, reciclados ou aterrados.
“cata-bagulho” ou “cata-tralha”, onde a administra-
ção municipal setoriza a cidade e programa a coleta, Nota-se a proliferação, em muitas cidades, de
informando previamente à população a data de coleta. empresas especializadas na coleta de entulho (resí-
duos volumosos provenientes da construção civil).
Esse tipo de coleta apresenta alguns inconvenien- Além da preocupação com o descarte, mencionada
tes, como a excessiva demora do retorno a um setor acima, o poder público deve regulamentar e fiscali-
já atendido, obrigando a população a permanecer zar a permanência das caçambas coletoras no leito
com os resíduos por longo tempo e a frota perma- carroçável das vias públicas, de modo a minimizar os
nentemente alocada na remoção de resíduos. riscos de acidentes com veículos, além dos transtor-
nos e obstruções que possam prejudicar a fluidez do
O sistema que pode ter uma racionalidade tráfego. A permanência máxima dessas caçambas
maior é aquele que inverte o conceito de coleta também deve ser verificada, de modo a evitar que
executada pela administração municipal, transfe- o acúmulo de lixo e o descarte indevido de lixo resi-
rindo a responsabilidade ao cidadão. Pode ser feito dencial nessas caçambas abertas e ao ar livre sejam
pela criação e divulgação em bairros de “estações vetores de proliferação de insetos e roedores.
entulho” e resíduos volumosos, à semelhança dos
“amenity sites” ingleses ou “décheteries” franceses. A coleta especial, por parte da administração me-
Ocupando pequenas áreas, preferencialmente já diante solicitação e pagamento do serviço pelo mu-
utilizadas para descarga clandestina, cercadas e nícipe, está prevista em diversos códigos municipais.
sob a coordenação de um servidor, podem funcio- No caso de haver outras prioridades na alocação da
nar como áreas de recebimento e armazenagem frota, é possível repassar este serviço a caminhonei-
temporária de resíduos trazidos pelo cidadão, não- ros particulares desde que cadastrados na Prefeitura
-coletados pela coleta regular. Esses resíduos, pos- e devidamente informados sobre as áreas e tipos de
teriormente, serão transferidos para áreas maiores resíduos permitidos para a descarga.
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73
L I X O M U N I C I P A L
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and/or comb lifting devices – dimensions and design; BS EN
840-3. London. 16 p. 21. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Resíduos de
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EN840-6. London. 6 p.
74
CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 1 – SEGREGAÇÃO DE MATERIAIS
75
L I X O M U N I C I P A L
76
C A P Í T U L O I V
77
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com a coleta normal. Os moradores colocam os reci- Atualmente, a participação dos catadores na coleta
cláveis nas calçadas, acondicionados em contêineres seletiva tem grande importância para o abastecimen-
distintos. O tipo e o número de contêineres variam to do mercado de materiais recicláveis e, consequen-
de acordo com o sistema implantado. temente, como suporte para a indústria recicladora.
Um programa de coleta seletiva deve contemplar
A coleta seletiva em PEV – Postos de Entrega Voluntá- o trabalho destes indivíduos, mesmo que não haja
ria ou em LEV – Locais de Entrega Voluntária utiliza nor- apoio direto a esta atividade. Este assunto será melhor
malmente contêineres ou pequenos depósitos, coloca- discorrido neste Capítulo no item 2.6 – Catadores.
dos em pontos fixos no município, onde o cidadão,
espontaneamente, deposita os recicláveis (Figura 1). A coleta seletiva normalmente exige a construção
de Galpões de Triagem1, onde os materiais recicláveis
Nos PEV ou LEV, cada material deve ser coloca- são recebidos, separados, caso estejam misturados,
do num recipiente específico, onde deve constar o prensados ou picados e enfardados ou embalados.
nome do reciclável. Normalmente, estes recipientes Em alguns casos, pode ser feito um pré-beneficia-
são coloridos e em cores que acompanham uma pa- mento, que irá agregar valor à sucata a ser comercia-
dronização já estabelecida, ou seja: lizada, como, por exemplo, no caso de plásticos, a
• verde para vidro; retirada de rótulos, lavagem, separação por cor, etc.
Fonte: CEMPRE1
Figura 1 – PEVs – Postos de Entrega Voluntária
78
C A P Í T U L O I V
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C A P Í T U L O I V
81
L I X O M U N I C I P A L
Porto Alegre (RS) 2.100 300 As Usinas de Triagem são usadas para a separação
dos materiais recicláveis do lixo proveniente da cole-
São José dos Campos (SP) 1.261 211 ta e transporte usual.
Santos (SP) 437 903
Conjuntamente com a Usina de Triagem, é co-
Londrina (PR) 1.049 598 mum existir a compostagem da fração orgânica do
lixo, uma vez que esta última requer uma separação
Santo André (SP) 320 422
prévia. A instalação de uma Usina de Triagem, sem a
Rio de Janeiro (RJ) 959 850 .compostagem da fração orgânica do lixo, pode vir
a ser um processo oneroso e sem grande retorno do
Fonte: CEMPRE - Pesquisa Ciclosoft 20143
ponto de vista ambiental.
82
C A P Í T U L O I V
Os pontos positivos de uma Usina de Triagem são: contaminação, na maioria das vezes, impede
• não requer alteração do sistema convencional sua reciclagem.
de coleta, apenas a mudança no destino do
caminhão que passa a parar em uma Usina de
3.1 Medição do Benefício de
Triagem, ao invés de seguir direto para o lixão
uma Usina de Triagem
ou aterro;
Como a meta principal de uma Usina de Triagem
• possibilita o aproveitamento da fração orgâni- é a redução do lixo aterrado, torna-se imprescindível
ca do lixo, pela sua compostagem. calcular o benefício desta operação. A taxa de desvio
Os pontos negativos de uma Usina de Triagem resultante dará uma indicação da eficácia da usina.
são:
Para se calcular esta taxa de desvio, deve-se con-
• investimento inicial em equipamentos que siderar a quantidade de lixo levada mensalmente ao
vão constituir a Usina (existem vários tipos de local para tratamento. Os componentes deste lixo
equipamentos de separação, e ainda há deba- terão um dos seguintes destinos:
tes sobre as melhores técnicas de operação);
a) será compostado;
• necessidade de técnicos capacitados para ope-
rar a Usina (investimento em treinamento); b) será segregado para reciclagem;
• a qualidade dos materiais separados da “fra- c) será levado ao aterro como rejeito.
ção orgânica” e potencialmente recicláveis
não é tão boa quanto da coleta seletiva, de- A taxa de desvio é a soma dos itens (a) e (b) divi-
vido à contaminação por outros componen- dida pela tonelagem de lixo que entrou na usina no
tes do lixo. No caso do papel, por exemplo, a mês. A Expressão 2 mostra o cálculo da taxa de desvio.
83
L I X O M U N I C I P A L
tonelada de lixo que foi para compostagem + tonelada de lixo segregado para reciclagem x 100 = % de material desviado do aterro
t/mês processado pela usina
Neste cálculo, não estão sendo computadas even- • organização de campanhas de doação de rou-
tuais perdas ocorridas por degradação e/ou evapora- pas e objetos a serem reutiliza.dos por pessoas
ção. Embora não existam estatísticas sobre a média necessitadas;
brasileira de desvio de lixo em Usina de Triagem/
Compostagem, dados mostram que usinas bem ge- • criação de espaços (galpões) propícios à troca
renciadas conseguem reduzir pela metade ou mais a de objetos e móveis que as pessoas não quei-
quantidade aterrada (ver Capítulo IV – Parte 2: Reci- ram mais. Os interessados poderão deixar as
clagem de Matéria Orgânica – Compostagem). peças em consignação, ficando a Prefeitura
somente com a incumbência da administração
do “mercado” ou terceirização dessa atividade;
4 MUNICÍPIOS NO INCENTIVO
À RECICLAGEM • redução de impostos para a implantação de in-
dústrias recicladoras não-poluentes no município;
A Prefeitura conta com três formas para alavancar
a reciclagem no seu município, podendo optar por • apoio à organização de uma bolsa de resíduos.
uma ou qualquer combinação das três. Assim, pode Embora a destinação de resíduos industriais
ser o agente: não seja competência direta da administração
pública local, é mais uma maneira de incenti-
• incentivador de ações para a reciclagem; var o setor privado a participar de programas
de coleta seletiva e reciclagem e também re-
• implementador de ações para a reciclagem
duzir o volume final de lixo disposto no muni-
(por coleta seletiva ou usina de triagem);
cípio. As bolsas de resíduos funcionam como
• consumidor de produtos reciclados. canais diretos entre uma fonte geradora, que
deseja se desfazer de seus resíduos, e uma em-
presa ou indústria para a qual aquele resíduo
4.1 Prefeitura como Agente Incentivador venha a se tornar matéria-prima.
84
C A P Í T U L O I V
4.3 Prefeitura como Agente Consumidor • filme plástico reciclado (saco para lixo, em ge-
ral, preto), para ser usado no próprio setor de
A Prefeitura pode usar em sua rotina materiais re- limpeza urbana (varrição de logradouros);
ciclados, tais como:
• escória de alto-forno de siderurgia, para ser
• papel reciclado, para ser usado nas reparti- usada na confecção de subleito na pavimen-
ções públicas, na, forma de blocos, cadernos tação de vias. Solução vantajosa aos municí-
em escolas-guias, etc.; pios que tenham indústria siderúrgica instala-
• entulho de obras, servindo de agregado na da nele ou em sua proximidade;
confecção de peças de mobiliário urbano e. • borracha de pneus velhos, para asfaltar estra-
habitação; das e contenção de encostas, entre outras;
• lixo orgânico transformado em adubo orgâ- • “madeira plástica” (ver Capítulo IV – Proces-
nico pelo processo da compostagem, para samento do Lixo – Parte 4: Reciclagem de
adubar praças, hortas comunitárias e áreas Plástico), para confecção de bancos de praça,
verdes; mourões de cerca, etc. (Figura 4).
Foto: André Vilhena
85
L I X O M U N I C I P A L
BIBLIOGRAFIA
1. CEMPRE. Guia da Coleta Seletiva de Lixo, 2014, 2ºEd. 4. CEMPRE. Pesquisa Ciclosoft, 2016.
2. MNCR – Movimento Nacional dos Catadores de Materiais 5. CEMPRE. Kit “Cooperar Reciclando, Reciclar Cooperando”,
Recicláveis, 2014. 2012, 2ºEd.
3. CEMPRE. Pesquisa Ciclosoft, 2014. http://cempre.org.br/
ciclosoft/id/2
86
CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 2 – RECICLAGEM DE MATÉRIA ORGÂNICA
(COMPOSTAGEM)
87
L I X O M U N I C I P A L
88
C A P Í T U L O I V
• economia de tratamento de efluentes. Para fins práticos, são dois os principais graus de
decomposição do material submetido ao processo
de compostagem: semicurado ou tecnicamente bio-
2 PROCESSO DE COMPOSTAGEM estabilizado e curado ou humificado. O primeiro in-
dica que o composto já pode ser empregado como
A compostagem é a decomposição aeróbia da fertilizante sem causar danos às plantas; o segundo
matéria orgânica que ocorre por ação de agentes indica que está completamente degradado e estabi-
biológicos microbianos na presença de oxigênio e, lizado, com qualidade apropriada para ser utilizado.
portanto, precisa de condições físicas e químicas A evolução da cura pode ser vista na Figura 1.
adequadas para levar à formação de um produto de
boa qualidade. Em laboratório, pode-se avaliar o grau de maturi-
dade do produto por determinações de carbono to-
O processo de compostagem pode ocorrer por tal (C) e oxidável, nitrogênio total (N) e amoniacal, e
dois métodos: cálculo da relação C/N. Relação C/N igual ou inferior
• método natural: a fração orgânica do lixo é a 18/1 indica que o composto está semicurado, e
levada para um pátio e disposta em pilhas de inferior a 12/1, curado.
formato variável. A aeração necessária para o
desenvolvimento do processo de decomposi- O tempo necessário para a compostagem de resí-
ção biológica é conseguida por revolvimen- duos orgânicos está associado aos vários fatores que
tos periódicos, com auxílio de equipamento influem no processo, ao método empregado e às
apropriado. O tempo para que o processo se técnicas operacionais. A compostagem natural leva
89
L I X O M U N I C I P A L
°C BIOESTABILlZAÇÃO HUMIFICAÇÃO
COMPOSTO
SEMICURADO
TEMPERATURA
60° COMPOSTO
FASE CURADO
40° TERMÓFILA
FASE
MESÓFILA
20°
TEMPO DE COMPOSTAGEM
Fonte: KIEHL1
Figura 1 – Evolução da cura do composto
Fonte: KIEHL1
Figura 2 – Teste da mão
90
C A P Í T U L O I V
UNIDADE (%)
Fonte: KIEHL1
Figura 3 – A umidade no processo de compostagem e no produto acabado
91
L I X O M U N I C I P A L
C.T.C. C.R.A.
DIAS DIAS
Fonte: KIEHL1
Figura 4 – Tendências de evolução das principais variáveis durante a compostagem (M.O. – Matéria Orgânica; N – Nitrogênio;
C.T.C. – Capacidade de Troca Catiônica; C.R.A. – Capacidade de Retenção de Água)
92
C A P Í T U L O I V
dois processos e a Figura 5 apresenta um esquema ples ou digitais, que fazem automaticamente
geral das instalações, apresentando o fluxo do lixo. o registro e o tratamento dos dados obtidos.
• Pátio de recepção – Para descarregar o lixo, os
3.1 Recepção e Expedição caminhões coletores necessitam de um pátio
para manobras e descarga. Esse pátio funcio-
Esse setor compreende as instalações e os equi- na, também, como “pulmão”, recebendo a
pamentos de controle dos fluxos de entrada (resí- descarga do lixo quando houver interrupção
duos, insumos, etc.) e saída (composto, recicláveis, temporária do funcionamento da usina. Vol-
rejeitos). Dependendo do porte e das características tando a funcionar, o lixo do pátio será levado
do projeto da usina, pode conter os equipamentos, para o fosso ou moega.
descritos a seguir, para permitir o manuseio inicial • Moega ou tremonha – Com capacidade de,
do lixo, antes da triagem: pelo menos, dois caminhões, construída em
• Balança rodoviária – Apesar de existirem usi- chapa de aço grossa, acabamento anticorro-
nas sem esse equipamento, é peça fundamen- sivo, ou em concreto revestido e sem cantos
tal para o acompanhamento da quantidade vivos. Equipada com chão movediço, metáli-
de lixo recebida e do composto expedido. co de taliscas serrilhadas, para que o lixo seja
Podem ser utilizadas balanças mecânicas sim- descarregado na esteira de triagem.
1 - Moega
2 - Esteira de seleção de recicláveis
3 - Esteira de carregamento
4 - Eletroímã
5 - Peneiramento do composto curado
6 - Composto curado
7 - Composto beneficiado
93
L I X O M U N I C I P A L
• Fosso com braço articulado ou ponte rolante • Fosso com chão movediço – Neste caso, o lixo
– Ambos se prestam para (por meio de sua é descarregado em fosso, no fundo do qual
caçamba hidráulica, provida de um pólipo) está instalado o equipamento denominado
apanhar o lixo do fosso e descarregar no equi- chão movediço. É constituído de uma estei-
pamento que vem a seguir. O braço articu- ra de chapas metálicas articuladas, as taliscas
lado é um equipamento mais simples, com (como a esteira de um trator) que, ao se mo-
capacidade de até 1 m3 de lixo bruto e tem vimentar, arrasta o lixo. Acompanha o equipa-
movimentos circulares, mas restritos. A ponte mento uma peça denominada guilhotina; lo-
rolante, ao contrário, coleta de cada vez maio- calizada na saída do fosso, de altura regulável,
res porções de lixo, podendo movimentar-se cuja finalidade é dosar a descarga do lixo para
em dois sentidos, atendendo, com isso, fossos o equipamento seguinte. É recomendável sua
separados de diversas linhas de processamen- utilização em usinas para mais de 300 t/dia.
to do lixo. É recomendável sua utilização em
Alguns desses equipamentos estão representados
usinas para até 200 t/dia.
nas Figuras 6 a 11.
94
C A P Í T U L O I V
95
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Fonte: IPT
Figura 9 – Guincho hidráulico com caçamba tipo pólipo
Fonte: IPT
Figura 10 – Moega de concreto com esteira metálica
96
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Fonte: IPT
Figura 11 – Esteira metálica com taliscas
3.2 Triagem
97
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C A P Í T U L O I V
Fonte: IPT
Figura 16 – Polia magnética
99
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100
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101
L I X O M U N I C I P A L
3.4 Beneficiamento e
Armazenagem
O beneficiamento do composto
curado consiste em peneirá-lo, reti-
rando-se materiais indesejáveis (ca-
cos de vidro, etc.), dando-lhe menor
granulometria e tornando-o manuse-
ável para o agricultor (Figura 21).
Fonte: IPT
Figura 21 – Peneira de beneficiamento do composto curado
102
C A P Í T U L O I V
ECONOMIA DE ATERRO
3.7 Outros Equipamentos
A usina de triagem e compostagem acarreta uma dimi-
nuição da ordem de 70% da tonelagem de lixo, com a Biodigestores ou bioestabilizadores são equipa-
conseqüente redução de custos e aumento da vida útil
da área do aterro. mentos que aceleram o processo de compostagem
por aeração forçada. Dessa maneira, a fase termó-
fila tem seu período de 15 a 30 dias reduzido para
3.6 Sistema de Tratamento de Efluentes 48 a 72 horas, diminuindo a área requerida para o
pátio de compostagem. É um equipamento impor-
O setor de tratamento de efluentes recebe e trata tante para o processamento de grandes quantida-
as águas residuárias da lavagem dos equipamentos des de resíduo.
103
L I X O M U N I C I P A L
3.8 Outras Instalações te, tem cerca de 50% de seu peso constituído de
matéria orgânica, contendo sobras de cozinha e
Além das instalações mencionadas, outras são restos de origem vegetal e animal, além de papel,
necessárias para permitir o funcionamento adequa- papelão e outros materiais passíveis de se decompo-
do da usina, como, por exemplo: rem biologicamente.
• instalação elétrica;
• instalação hidráulica, com depósito elevado
para limpeza e sistema contra incêndio; CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS DA
• portaria, para controle de entrada e saída de FRAÇÃO ORGÂNICA DO LIXO PARA O
pessoal, de veículos é materiais; PROCESSO DE COMPOSTAGEM
• refeitório, vestiário e sanitários; • pH – é tipicamente ácido. O ideal é estar próximo da
neutralidade;
• escritório administrativo; • teores de carbono (C) e nitrogênio (N) para que a
relação C/N seja da ordem de 30/1;
• oficina mecânica e almoxarifado;
• granulometria – o resíduo deve ter granulometria
• galpão, para beneficiamento e armazenamen- adequada para o processo, para garantir boa ae-
to de fardos de papel e papelão; ração das leiras. As dimensões de partícula devem
atingir 1,2 cm x 5 cm (1/2” x 2”). Excesso de finos
podem acarretar produção de chorume e formação
• baias descobertas, para os demais recicláveis. de torrões;
Outras instalações opcionais podem ainda ser in- • umidade – deve estar entre 40 e 60%, para possibili-
tar boa aeração;
cluídas, tais como viveiro de mudas, canteiro para
vermicompostagem e museu do lixo. Além disso é • materiais indesejáveis – deve-se evitar dois tipos de
material: o que pode prejudicar a qualidade do pro-
recomendável a inclusão de sala para reuniões com duto, como cacos de vidro e pilhas, e o que pode pre-
escolas e outros grupos. Caso proceda-se à incinera- judicar o processo, como o excesso de filme plástico.
ção dos resíduos dos serviços de saúde e/ou indus-
triais, estas dependências deverão ser isoladas das
instalações da usina. Deve-se atentar para os cuida-
dos de manuseio, de modo a evitar problemas de
higiene e segurança. O restante constitui-se de materiais que podem
ser reaproveitados – os recicláveis – como vidros,
plásticos, metais ferrosos e não-ferrosos (alumínio,
4 TIPOS DE LIXO QUE PODEM IR cobre, zinco), trapos e couros e, também, outros
PARA A USINA DE COMPOSTAGEM que podem não ter valor comercial, como louças,
madeiras, pedras, pneus, tijolos quebrados, etc.
O lixo municipal inclui resíduos domiciliares, co- Esses constituem o chamado refugo ou rejeito dos
merciais, de varrição, podas de jardins, etc. resíduos e devem, conforme sua separação, ser des-
tinados a um aterro sanitário ou de rejeitos.
A usina de compostagem só deve processar o lixo
domiciliar e comercial (restaurantes, lojas e centros O esquema da Figura 23 representa o fluxo dos
comerciais). Eventualmente, pode processar podas componentes dos resíduos domiciliares no proces-
de jardim, desde que devidamente trituradas. Não samento de uma usina de triagem e compostagem.
deve processar os resíduos da varrição, muito menos
os de serviços de saúde, sendo estes destinados ao
aterro e à incineração, respectivamente. 5 PROJETO DE UMA USINA DE
TRIAGEM E COMPOSTAGEM
O lixo domiciliar tem composição variável, con-
forme a estação do ano e as características diversas O projeto de uma usina de triagem e composta-
de cada localidade, em função dos aspectos socioe- gem deve ser executado considerando-se as carac-
conômicos e culturais da população. Genericamen- terísticas socioeconômicas e culturais da população
104
C A P Í T U L O I V
atendida. Deve-se sempre avaliar as diferentes fases • regime de trabalho (geralmente um turno –
do processo e comparar as alternativas, visando: 44 h semanais);
• economia de aterro; • dados sobre o crescimento populacional, pre-
• redução dos custos de implantação; vendo o atendimento da população para um
período de, no mínimo, 10 anos;
• menor custo operacional;
• maior rendimento na separação dos recicláveis; • paradas para manutenção e limpeza da usina
aos sábados;
• maior rendimento na produção do composto;
• maior qualidade do composto; • características do processo escolhido (rendi-
mentos, perdas, tempo de compostagem) e
• menor impacto ambiental. necessidade de área, necessidade de energia
elétrica, abastecimento de água;
Os principais fatores a serem considerados são:
• características dos equipamentos adquiridos
• características dos resíduos processados (ver (dimensões, materiais de construção).
Capítulo II – Origem e Composição do Lixo);
• mercado atual e potencial de composto e re- No Quadro 1, são apresentadas as principais re-
cicláveis na região de influência da usina; comendações de projeto, agrupadas por setor.
105
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Quadro 1 – Recomendações de projeto para uma usina de triagem e compostagem de lixo domiciliar
Setor Recomendações
Prever balança rodoviária.
Paredes de moegas e tremonhas devem ter inclinação mínima de 60 graus em relação à horizontal.
Fossos devem ter paredes verticais de um lado e inclinadas de outro, para favorecer o escoamento
do lixo.
Utilizar motores elétricos e componentes mecânicos à prova de pó e de água.
Triagem Esteira com largura útil de um metro e velocidade entre 6 e 12 m/min, com variador de velocidades,
dotada de eletroímã na sua extremidade final.
No processo acelerado, o tempo de residência no biodigestor deve ser da ordem de 4 dias, reduzindo
em cerca de 30 dias a permanência no pátio de compostagem.
Pátio de compostagem
Utilizar leiras com altura entre 1,2 e 1,8 m; ou maiores, desde que compatíveis com o equipamento
de revolvimento.
O pátio deve ser impermeabilizado e ter inclinação de cerca de 2/100, para drenagem de chorume
e águas pluviais, e captação de águas residuárias para o sistema de tratamento.
A área de beneficiamento deve conter peneiramento, secagem e armazenamento de composto curado.
Utilizar peneiras rotativas de seção hexagonal; pode-se prever duas malhas, para produzir dois tipos
de composto, uma de abertura grossa (20 mm) e outra fina (4 mm).
Beneficiamento Fardos devem ter peso máximo de 40 kg e ser guardados ao abrigo de chuva.
Aterros devem ter capacidade mínima para 10 anos de operação e estar a uma distância máxima
de 15 km da usina.
Fonte: IPT3
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C A P Í T U L O I V
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Quadro 2 – Recomendações de operação para uma usina de triagem e compostagem de lixo domiciliar
Setor Recomendações
Pesar caminhões cheios e vazios.
Processar exclusivamente resíduos domiciliares; não tratar varrição e material proveniente de
Recepção serviços de saúde.
Retirar materiais volumosos para evitar entupimento da moega.
Não deixar o lixo parado mais tempo que o mínimo necessário.
Executar a limpeza e manutenção semanal aos sábados.
O primeiro operador rasga os sacos de lixo fechados.
Catadores em lados opostos preferencialmente devem estar intercalados.
Não colocar dois operadores consecutivos selecionando o mesmo material.
Triagem
Treinar cada funcionário na seleção de mais de um material.
Caso haja funcionários em treinamento, usar velocidade baixa da esteira.
Garantir remoção de pilhas, metais e inertes.
Retirar o máximo possível de plástico filme.
Revirar as leiras com a periodicidade requerida, garantindo uma freqüência mínima de duas
vezes por semana, nos primeiros 15 dias de operação e posteriormente 1 vez por semana.
para uma usina que processa cerca de 100 t/dia, ratura, umidade, pH e aeração. A temperatura e o
com uma esteira dupla de 18 m de comprimento pH evoluem em função das outras variáveis sobre
cada uma: as quais pode-se atuar operacionalmente, como é
descrito a seguir.
Gerente 1
• Aeração – O processo de compostagem é ae-
Administrativos 3 róbio, devendo haver sempre oxigênio do ar
Técnicos de nível médio 1a2 presente nos vazios do· resíduo. No processo
Motoristas 2 natural não há monitoração do nível de aera-
Operadores de máquina 2a3 ção, pois esta ocorre apenas por difusão e con-
Mão-de-obra não-qualificada 40 a 50 vecção natural, sendo minimizados os proble-
mas de caminhos preferenciais e zonas anae-
róbias pelo revolvimento do resíduo, que deve
ser feito de acordo com a freqüência adequada
7.2 Monitoração ao longo do processo. No método acelerado,
onde existe insuflação de ar, deve ocorrer mo-
Conforme já exposto, os principais fatores que nitoração e, de preferência, registro contínuo
influem no processo de compostagem são: tempe- da aeração para garantir boas condições.
109
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• Umidade – Deve-se avaliar a umidade do ma- exercício de mais de uma função; explanação
terial em compostagem, no início e semanal- do processo para entendimento da importân-
mente, por tomadas de amostras para deter- cia de cada etapa para o resultado final e do
minação em laboratório (secagem em estufa). processo como um todo para a sociedade e o
Se a umidade for elevada, deve-se fazer leiras meio ambiente; noções de saúde e higiene;
mais baixas ou revolvê-las com maior freqüên- riscos e equipamentos de proteção individual;
cia; se for baixa, aspergir ou irrigar com água,
• motivação de funcionários: além do treinamen-
ao mesmo tempo que se procede ao revolvi-
to anterior, outras práticas podem ser instituí-
mento da leira, para sua homogeneização.
das para tornar o trabalho mais agradável e in-
• Temperatura e pH – Apesar de serem resulta- centivar o bom desempenho dos funcionários,
do das outras variáveis, o acompanhamento como: estabelecimento de metas de produtivi-
da temperatura e do pH é fundamental para dade e recompensas pelo seu atendimento; reu-
diagnosticar a existência de problemas opera- niões periódicas para discussão de resultados,
cionais ou indicar a fase na qual o processo se mecanismos incentivadores de sugestões para
encontra (bioestabilização ou humificação). melhoria de procedimentos e resultados;
A medida da temperatura deve ser feita com
• acompanhamento e desenvolvimento de
termômetro de haste longa que permita a lei-
mercados: atividades envolvendo acompa-
tura no mínimo a cerca de 40 cm da superfície
nhamento da evolução regional e, mais geral,
da leira; a do pH, em aparelho específico ou
de preços de compostos e recicláveis; conta-
utilizando-se papel indicador.
tos com compradores para avaliação do grau
O acompanhamento da temperatura é mais im- de satisfação com os produtos e sugestões so-
portante na fase termófila, quando deve ser reali- bre possíveis alterações que os tornem mais
zado diariamente. Na fase mesófila sugere-se, pelo atrativos; contatos com clientes potenciais
menos, duas medidas de temperatura por semana, para avaliação de perspectivas de expansão,
em cada leira. As medidas deverão ser feitas em vá- especificações e competitividade do mercado;
rios pontos de uma mesma leira, para se obter uma
• atividades promocionais: para divulgar/me-
média representativa.
lhorar a imagem da usina perante a popula-
ção, envolvendo campanhas de esclarecimen-
7.3 Gerenciamento da Usina to, vídeos, folhetos, revistas promocionais,
sobre aproveitamento do composto orgânico
O bom andamento das atividades de uma usina e dos recicláveis, bem como a utilização do
de triagem e compostagem depende de uma série composto orgânico pela Prefeitura em praças,
de atividades, desde o projeto até a operação. Ativi- jardins, viveiros de mudas; campanhas de in-
dades em todos os níveis influem na qualidade dos centivo à coleta seletiva; programas de visitas
produtos gerados e na produtividade da planta. de escolas e instituições, etc.
110
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área. Usinas para processar entre 200 e 300 t/dia de- ca de 90 dias em leiras revolvidas periodicamente.
verão ser objeto de avaliação técnico-econômica para No final, peneira-se o composto, para redução de
escolha da alternativa mais adequada. granulometria e remoção de materiais indesejáveis,
Pequenas comunidades, geradoras de menos de que seguem para o aterro de rejeitos.
25 t/dia, deverão procurar criar um consórcio com A mesma instalação pode servir para tratar o lixo
municípios vizinhos, instalando uma usina comum bruto ou o proveniente de coleta seletiva.
em uma localização estratégica de modo a torná-la
mais econômica para todos os envolvidos. 8.2 Usinas para Processamento
de Cerca de 50 t/dia
8.1 Usinas para Processamento de Até 25 t/dia
A Figura 24 apresenta um esquema ilustrativo de
Uma usina bem simples e pequena está esque- instalações para uma usina um pouco maior, que
matizada na Figura 5. Neste caso, descarrega-se o processa cerca de 50 t/dia. Neste caso, a recepção
lixo diretamente numa moega, que alimenta a es- consta de um fosso que serve como um pulmão que
teira de triagem de onde retiram-se os recicláveis. alimenta, por meio de um pólipo com braço articu-
Deve haver um dispositivo magnético no final da lado ou outro tipo de transportador, uma moega,
esteira para remover pilhas e outros metais ferrosos. que, por sua vez, alimenta a esteira de triagem.
O material não triado, rico em matéria orgânica, vai Os demais equipamentos são os mesmos da usi-
para o pátio de compostagem, onde permanece cer- na anterior, com maiores dimensões.
1- Pólipo
2 - Fosso
3 - Moega
4 - Esteira de seleção de recicláveis
5 - Esteira de carregamento
6 - Eletroímã
7 - Peneiramento do composto curado
111
L I X O M U N I C I P A L
Balança Rodoviária
1 - Pólipo
2 - Fosso
3 - Moega
4 - Esteira de seleção de recicláveis
5 - Esteira de seleção de recicláveis
6 - Esteira de carregamento
7 - Eletroímã
8 - Peneiramento do composto curado
rejeito a ser
efluentes enviado para
o aterro
composto peneirado
para comercialização
112
C A P Í T U L O I V
8.4 Usinas para Processamento Acelerado citados: mais de uma linha de tratamento de lixo,
grandes fossos e moegas com lixo movimentado
São usinas de compostagem acelerada, onde o por ponte rolante; separadores magnéticos, pneu-
procedimento difere da compostagem natural pela máticos e balísticos para remoção mecânica de re-
presença de um digestor ou reator, também deno- cicláveis ou de inertes; filtros biológicos para gases
minado bioestabilizador. Equipamentos com carac- e particulados; tratamento de águas residuárias e de
terísticas e metodologia especiais são encontrados chorume; possantes máquinas especiais para revol-
na usina de compostagem acelerada, podendo ser ver o composto do pátio (Figura 26).
1 - Chão movediço
2 - Transporte de lixo
3 - Correia de catação
4 - Separador magnético
5 - Transporte de sucata
6 - Bioestabilizador
7 - Transporte de saída do bioestabilizador
113
L I X O M U N I C I P A L
114
C A P Í T U L O I V
dentes nas amostras de composto orgânico. Con- tilizante mineral comercial, a equivalência de massas
siderando-se as relações entre os conteúdos destes média é de 17:1. Uma ilustração dessa equivalência
nutrientes presentes no composto orgânico e no fer- é mostrada na Figura 27.
115
L I X O M U N I C I P A L
Entretanto, a adoção do composto orgânico pelo brutos, pois fica quase eliminada a produção de cho-
agricultor, em substituição ao fertilizante mineral, rume. Daí decorre, portanto, certa redução do custo
precisa superar, ainda, as questões da aplicação no por tonelada aterrada, tanto na implantação quanto
solo de uma quantidade de material 17 vezes maior na operação, ou, no mínimo, uma solução ambien-
e a da confiança nas potencialidades de um produto talmente mais segura.
proveniente do lixo. A solução da primeira pode ser
tentada por uma política de preços bem formulada
e, a da segunda, através da garantia da qualidade do 11 SITUAÇÃO BRASILEIRA
produto e de marketing adequado, enfatizando-se as
vantagens da reposição da matéria orgânica no solo, Não existem atualmente no Brasil usinas de tria-
que diferencia o composto do fertilizante mineral. gem e compostagem. Elas tiveram sua operação in-
terrompida, foram desativadas ou sequer entraram
em operação pelos seguintes motivos:
10 BENEFÍCIOS DE UMA USINA DE • promoção mal planejada da instalação de usi-
TRIAGEM E COMPOSTAGEM nas, o que acarretou a disputa dos recursos
pelos construtores, cujas convicções técnicas
Em termos médios, entre 30 e 40% do peso do e mercadológicas nem sempre foram ao en-
material que entra nas usinas sai na forma de com- contro das necessidades dos municípios;
posto orgânico. Cerca de 20 a 30% representam
perda de gases e umidade por evaporação e/ou infil- • ausência de capacitação institucional e/ou ge-
tração e cerca de 5 a 15% é comercializado no mer- rencial e/ou operacional para condução das
cado de recicláveis. A parcela de rejeitos a ser des- atividades;
cartada situa-se entre 25 e 35% do total coletado, • entendimento equivocado das usinas como
evidenciando substancial redução do espaço físico capazes de “fazer desaparecer o lixo”, com a
para disposição final. As variações observadas nestes conseqüente ausência de previsão de espaço
percentuais, entre outros fatores, devem-se à varia- – e de capacitação operacional – para instala-
bilidade do material coletado, quanto ao cuidado na ção dos necessários aterros sanitários recepto-
triagem, à intensidade da demanda por recicláveis e res de rejeitos;
ao tempo de residência no pátio de cura. De modo
geral, numa usina operando em condições satisfa- • exploração do argumento sobre geração de
tórias, pode-se supor o seguinte balanço de massa: empregos (por exemplo, para absorver cata-
dores do lixão) como motivação social da op-
ção pelas usinas;
• ausência de integração orçamentária, institu-
Composto orgânico 35%
cional e operacional das usinas com o serviço
Recicláveis 10%
de limpeza pública local;
Perdas (água e CO2) 25%
• localização inadequada das usinas, acarretan-
Rejeito para aterro 30%
do problemas ambientais e a conseqüente re-
jeição ao seu funcionamento pela população
afetada;
• questões ligadas às disputas político-parti-
O potencial de contaminação de solos e águas dárias locais ou a preconceitos, chegando a
subterrâneas pelos materiais descartados pelas usi- acontecer a paralisação das atividades de uma
nas é consideravelmente menor que aquele dos re- usina recém-inaugurada devido, simplesmen-
síduos brutos devido ao fato de serem constituídos, te, à mudança de governo;
principalmente, por rejeitos inertes da triagem e re- • antevisão equivocada dos gestores municipais
jeitos inertes ou bioestabilizados do peneiramento da possibilidade de “lucro” operacional das
ao final do processo de compostagem. Dessa forma, usinas;
aterros desses materiais não requerem os mesmos
rigores de operação que os receptores de resíduos • incapacidade de obter produtos com as ca-
116
C A P Í T U L O I V
racterísticas de qualidade necessárias para uso homem, animais e plantas, assim como metais pe-
agrícola, em virtude da má operação da usina; sados, agentes poluentes, pragas e ervas daninhas”,
sem estabelecer limites toleráveis para sua aplicação
• má concepção de projetos, instalações incom-
no solo, onde podem ter efeito cumulativo.
pletas ou mal-dimensionadas, equipamentos
inadequados, alto custo de manutenção, falta Teores médios de metais pesados, encontrados
de recursos e dificuldades para colocar os pro- em amostras de composto de lixo do Estado de São
dutos no mercado. Paulo, apresentaram valores de: cobre (Cu) = 182
mg/kg, zinco (Zn) = 433 mg/kg, chumbo (Pb) = 188
A Legislação aplicável foi feita visando regula-
mg/kg, cromo (Cr) = 54 mg/kg, níquel (Ni) = 22
mentar o comércio de composto preparado a partir
mg/kg e cádmio (Cd) = 6 mg/L. Com base na litera-
de resíduos agrícolas, não sendo adequada para o
tura internacional, as amostras de composto referi-
produzido a partir da fração orgânica de lixo domi-
das podem ser aplicadas em solos da França, Áustria
ciliar. Este resíduo pode apresentar teores de matéria
e Itália, sendo proibidas na Suíça pela concentração
orgânica e nitrogênio que, após a sua composta-
de Cd e Pb, o que indica que, na grande maioria dos
gem, resultarão em· valores inferiores aos estabeleci-
casos, os metais pesados não representam problema
dos mesmo que seguidas de boas práticas de projeto
sério desde que adotadas práticas adequadas de co-
e de operação das instalações.
leta, triagem e operação da usina.
Análises efetuadas pelo IPT3 em amostras de
composto orgânico provenientes de 15 usinas loca-
lizadas no Estado de São Paulo, apresentaram, para 12 OUTRAS ALTERNATIVAS
os parâmetros considerados pela Legislação, valores
variando dentro das seguintes faixas:
12.1 Compostagem Conjunta de Lixo e Lodo
de Esgoto
pH entre 7,2 e 8,0 Essa técnica é utilizada em alguns países, visan-
matéria orgânica entre 8,2 e 30,4% do resolver o problema de dois resíduos simultanea-
umidade entre 27 e 55% mente. A mistura deve ser feita de modo a garantir
nitrogênio total entre 0,39 e 1,15 níveis de umidade, relação C/N e aeração adequa-
relação C/N entre 11 e 23 dos, mas o projeto e a operação ficam muito mais
complexos. No entanto, além dos obstáculos téc-
nicos, existe ainda a dificuldade de conciliar esse
tratamento simultâneo, uma vez que, geralmente,
Estes dados ilustram a inadequação já comen- o tratamento de esgoto urbano, existente apenas
tada. Com relação aos teores de macronutrientes em grandes comunidades, é operado pelo Governo
(NPK), o composto de lixo apresenta apenas o ni- Estadual, enquanto o lixo é de responsabilidade da
trogênio em quantidades mais significativas. Valores esfera municipal.
médios obtidos apresentam uma fórmula desses nu-
trientes (N, P2O5 e K2O) do tipo 1,1 - 0,33 - 0,25.
12.2 Compostagem ou Digestão Anaeróbia
Cabe acrescentar que a Legislação não aponta,
para o composto orgânico, especificações relativas Compostagem ou digestão anaeróbia é um pro-
à presença de metais pesados, questão preocupante cesso onde a matéria orgânica é degradada pela
quando se trata de resíduos urbanos domiciliares. Es- ação conjunta de microrganismos anaeróbios até
ses, comumente, contêm objetos que possuem me- a completa mineralização, ou seja, com formação
tais pesados, como baterias, lâmpadas opacas, cerâ- de uma mistura onde predominam gás carbônico
micas, vidros coloridos, tinta de impressão, couro, e metano (geralmente, chamada biogás), gerando
etc. A Portaria MA 84, de 29/3/82, diz somente que um resíduo sólido passível de uso para fins agrícolas.
“no requerimento de registro, o produto (fertilizan- Vários processos industriais, com efluentes orgâni-
te) deverá apresentar declaração expressa de ausên- cos, têm-se utilizado deste processo, com sucesso,
cia de agentes fitotóxicos, agentes patogênicos ao para saneamento ambiental.
117
L I X O M U N I C I P A L
Os primeiros trabalhos utilizando a fração orgâ- Os processos anaeróbios diferenciam-se dos ae-
nica de resíduos municipais remontam à década de róbios ou de compostagem comum, principalmente
70. Neles, utilizam-se reatores homogêneos, nos pelos seguintes fatores: praticam-se em recipientes
quais a fração orgânica, muito bem separada dos fechados os biodigestores; são menos eficientes na
demais componentes do lixo e com granulometria redução dos patógenos, principalmente quando se
reduzida, era misturada com água e lodo de esgoto, opera na faixa de temperatura mais baixa (até cerca
obtendo-se boa homogeneização e garantindo uma de 40°C); têm maior custo de investimento. Como
degradação adequada. geram o biogás (um combustível), têm sido conside-
rados como uma possível alternativa para a obten-
Posteriormente, desenvolveram-se estudos para ção de energia a partir do lixo.
trabalhar com o resíduo sem adição de água, visan-
do reduzir o alto custo de remoção de água, que Esses processos foram estudados em instalações-
geraram, na década de 80, os processos de fermen- piloto, principalmente nos Estados Unidos, França e
tação “a seco”, onde a alimentação do reator ou Bélgica, geralmente recomendando-se sua utilização
biodigestor é feita com teores de sólidos próximos para o tratamento de quantidades de lixo superiores
aos da fração orgânica do lixo. a 100 t/dia.
BIBLIOGRAFIA
1. KIEHL, E. J. 1985. Fertilizantes orgânicos. São Paulo: Ed. Ceres. 4. VEGA SOPAVE. 1994. Informações pessoais.
492 p.
5. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria de Serviços e Obras.
2. LINDENBERG, R. C. 1993. Informações pessoais. Departamento de Limpeza Urbana. [s.d.]. Composto
orgânico: Usina de Compostagem de São Matheus. 6 p.
3. IPT. 1993. Avaliação técnico-econômica de produção de
composto orgânico. São Paulo: Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo. 4 v. (IPT – Relatório,
31659).
118
CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 3 – RECICLAGEM DE PAPEL
119
L I X O M U N I C I P A L
120
C A P Í T U L O I V
1 INTRODUÇÃO
No ano 105 a.C., o chinês T’sai Lun inventou
o papel: folha de espessura fina, formada em mol-
des planos e porosos a partir de fibras vegetais das
mais diversas procedências. Para conseguir, estas
fibras, T’sai Lun deixava os vegetais de molho em
água e, em seguida, batia-os para que suas fibras
fossem liberadas e ficassem dispersas na água,
prontas, assim, para serem empregadas na fabri-
cação do papel.1
2 COMPOSIÇÃO DO PAPEL
Atualmente, a matéria-prima vegetal mais uti-
lizada na fabricação do papel é a madeira, embo-
ra outras também possam ser empregadas. Estas
matérias-primas são hoje processadas química
Papel
ou mecanicamente, ou por uma combinação
dos dois modos, gerando como produto o que
se denomina de pasta celulósica, que pode ainda
ser branqueada2, caso se deseje uma pasta de cor
branca. A pasta celulósica, branqueada ou não,
nada mais é do que as fibras celulósicas liberadas,
prontas para serem empregadas na fabricação do
papel3 (Figura 1).
121
L I X O M U N I C I P A L
A pasta celulósica também pode provir do pro- características desejadas para a finalidade a que se
cessamento do papel, ou seja, da reciclagem do pa- destina. Assim, de acordo com sua formulação espe-
pel. Neste caso, os papéis coletados para esse fim cífica, o papel pode:
recebem o nome de aparas. O termo apara surgiu
• conter aditivos (agentes de colagem, agentes
para designar as rebarbas do processamento do pa-
de retenção, branqueadores ópticos, pigmen-
pel em fábricas e em gráficas e passou a ter uma
tos minerais, etc.);
abrangência maior, designando, como já foi dito,
todos os papéis coletados para serem reciclados. • ser impregnado;
• ser revestido (com pigmentos minerais, filmes
Além de sua matéria-prima básica, fibras celu-
metálicos ou plásticos, parafina, silicone, etc.).
lósicas, o papel possui também outros componen-
tes, que, embora estejam presentes em proporções As Figuras 2 e 3 esquematizam a obtenção de
menores, são imprescindíveis, pois atribuem a este papel a partir de suas matérias-primas.
122
C A P Í T U L O I V
3 TIPOS DE PAPEL
Os papéis são normalmente classificados como: Outros
de impressão, de escrever, de embalagem, de fins Papel cartão 5%
6% Embalagens
sanitários, cartões e cartolinas e especiais. A Figura 53%
4 mostra a participação de cada um destes tipos na
Sanitários
produção total brasileira, e a Tabela 1, os papéis en-
11%
contrados em cada um deles.
Uma propriedade muito importante do papel é Imprensa
sua gramatura, que é a massa em gramas de uma 1%
área de um metro quadrado de papel. Dependendo
desta, o papel pode receber denominações como
cartão e papelão:
• cartão é o papel com gramatura elevada, nor-
malmente acima de 150 g/m2;
Imprimir e escrever
• papelão é um cartão de gramatura e rigidez
24%
elevadas, fabricados essencialmente com pasta
celulósica de alto rendimento (pasta provenien-
te basicamente do processamento mecânico da Fonte: IBÁ, 20155
madeira) (ver Figura 2) ou com fibras recicladas. Figura 4 - Produção brasileira de papéis por tipo, ano 2015
123
L I X O M U N I C I P A L
124
C A P Í T U L O I V
O cartão pode ser formado por uma única cama- 4.1 Origem das Aparas
da de fibras celulósicas ou pode ser multicamada,
ou seja, confeccionado de modo a ter mais de uma A maior parte das aparas é absorvida principal-
camada de fibras (comumente duas a três). Estas ca- mente para produção de papéis ondulados e kraft,
madas podem ter a mesma composição ou diferirem usados para caixas de papelão e outras embalagens
entre si, como: adequadas para o transporte de mercadorias. As
• cartão duplex (duas camadas), sendo, por aparas provêm principalmente de atividades comer-
exemplo, uma de fibras de eucalipto, obtidas ciais e industriais.
pelo processamento químico da madeira e
As aparas de papel podem ser recolhidas por um
branqueadas, e outra de fibras recicladas, ob-
sistema de coleta seletiva, ou por um sistema comer-
tidas pelo processamento de papéis velhos;
cial, utilizado há anos, que envolve o catador de pa-
• cartão triplex (três camadas), sendo, por pel e o aparista (ver Capítulo IV – Processamento do
exemplo, a primeira de fibras de eucalipto, Lixo – Parte I: Segregação de Materiais).
obtidas pelo processamento químico da ma-
deira e branqueadas, a segunda de fibras reci-
4.2 Classificação das Aparas
cladas, obtidas pelo processamento de papéis
velhos, e a terceira de fibras de pínus, obtidas A primeira classificação publicada para comercia-
pelo processamento mecânico da madeira. lização de aparas no Brasil foi elaborada em 1976,
pelas entidades:
Atualmente, os cartões multicamadas, com re-
vestimento de plástico e/ou de alumínio, são bas- • ANFPC – Associação Nacional dos Fabricantes
tante utilizados para embalagens de alimentos. Por de Papel e Celulose, substituída pela BRACEL-
exemplo, as embalagens cartonadas tipo longa vida, PA – Associação Brasileira dos Fabricantes de
muito utilizada para preservar por meses alimentos, Celulose e Papel, atual IBÁ (Indústria Brasileira
como leite e sucos. de Árvores);
• ANAP – Associação Nacional dos Aparistas de
Papel;
4 RECICLAGEM DE PAPEL
• IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Reciclagem de papel significa fazer papel empre- Estado de São Paulo.
gando como matéria-prima papéis, cartões, cartoli-
Um estudo realizado pelo IPT, em 19916, já acu-
nas e papelões, provenientes de:
sava que apenas 56% dos fabricantes de papel que
• rebarbas geradas durante os processos de fa- consumiam aparas utilizavam a referida classificação.
bricação destes materiais, ou de sua conversão O restante empregava classificação própria, baseada
em artefatos, ou ainda geradas em gráficas; na existente ou em classificações estrangeiras.
• artefatos destes materiais pré ou pós-consumo. • Atualmente, existe uma nova classificação
(ABNT), pois a antiga não contemplava certos tipos
Aparas de papel é a denominação genérica para de aparas que surgiram com o desenvolvimento da
essas matérias-primas. tecnologia (Tabela 2).
125
L I X O M U N I C I P A L
126
C A P Í T U L O I V
Aparas de embalagem de cartão para Aparas de embalagens usadas ou não de cartão Teor máximo de umidade: 15%
alimentos – Tipo longa vida (LPB – liquid fabricado com fibra longa e laminado com Teor máximo de impurezas: 3%
package board) polietileno e alumínio para alimentos. Teor máximo de materiais proibitivos: 1%
Aparas de tubetes e barricas de fibras virgem
ou reciclada, sem revestimento, não podendo
Teor máximo de umidade: 15%
conter metal, tampa ou batoque de plástico ou
Tubetes e barricas Teor máximo de impurezas: 3%
de madeira e resíduos. É permitida a presença de
Teor máximo de materiais proibitivos: 1%
etiquetas provenientes da própria embalagem,
podendo apresentar impressão.
Aparas, mantas e restos de bobinas de papel Teor máximo de umidade: 10%
Aparas de papel jornal I imprensa e jornal, sem impressão de espécie Teor máximo de impurezas: 0%
alguma, sem cola, sem revestimento. Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
Aparas de jornais, gerados em redações, encalhe Teor máximo de umidade: 12%
Aparas de papel jornal II de redação e retorno de banca, desde que livres Teor máximo de impurezas: 1%
de revistas e papéis coloridos, sem cola. Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
Aparas de jornais, gerados em redações, coleta de Teor máximo de umidade: 12%
Aparas de papel jornal III rua, com presença no máximo de 10% de revistas, Teor máximo de impurezas: 1%
periódicos ou outros papéis, com ou sem cola. Teor máximo de materiais proibitivos: 1%
Aparas de revistas novas, sem cola, em papel
Teor máximo de umidade: 12%
revestido ou não, branco ou colorido em massa,
Aparas de revista I Teor máximo de impurezas: 2%
isentas de capas duras, de etiquetas e de papel
Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
jornal.
Aparas de revistas, com ou sem revestimento, Teor máximo de umidade: 12%
Aparas de revista II cola, e com presença de até 10% de jornal e/ou Teor máximo de impurezas: 2%
papéis coloridos em massa. Teor máximo de materiais proibitivos: 1%
Mantas e refiles de papéis couché brancos (isentos
de pasta de alto rendimento) e cartões brancos Teor máximo de umidade: 10%
Aparas de papel branco revestido (todas as camadas brancas) sem impressão Teor máximo de impurezas: 1%
de qualquer espécie, sem cola, sem papel Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
autocopiativo.
Mantas e refiles de papéis brancos (isentos de
pasta de alto rendimento) e cartões brancos Teor máximo de umidade: 10%
Aparas de papel branco I (todas as camadas brancas) sem impressão de Teor máximo de impurezas: 0%
qualquer espécie, sem papel revestido, sem cola, Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
sem papel autocopiativo.
Aparas de papéis brancos, usados em escritório,
manuscritos, impressos, cadernos usados sem
Teor máximo de umidade: 10%
capas, sem cola, formulários contínuos, impressos,
Aparas de papel branco II Teor máximo de impurezas: 3%
papéis autocopiativos, sem carbono, com até
Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
10% de papel revestido, sem papel resistente à
umidade e sem adesivos insolúveis.
Aparas de papéis brancos, couché e/ou offset,
manuscritos, impressos em cores, cadernos
Teor máximo de umidade: 10%
usados sem capas, livros sem capa, sem cola,
Aparas de papel branco III Teor máximo de impurezas: 3%
formulários contínuos, impressos, papéis
Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
autocopiativos, sem carbono, sem papel resistente
à umidade e sem adesivos insolúveis.
Aparas de papéis brancos, couché e/ou offset,
manuscritos, impressos em cores, cadernos
Teor máximo de umidade: 10%
usados e livros com ou sem capa, com ou sem
Aparas de papel branco IV Teor máximo de impurezas: 4%
cola, formulários contínuos impressos, papéis
Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
autocopiativos, sem carbono, sem papel resistente
à umidade.
Teor máximo de umidade: 10%
Aparas de papel branco com grande quantidade
Aparas de papel branco V Teor máximo de impurezas: 2%
de impressão.
Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
Aparas de lista telefônica, novas ou usadas, sem Teor máximo de umidade: 12%
Aparas de lista telefônica limite no conteúdo de páginas coloridas, com ou Teor máximo de impurezas: 1%
sem cola, permitem refiles. Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
Teor máximo de umidade: 10%
Aparas de papel colorido na massa, de qualquer
Aparas de papel colorido Teor máximo de impurezas: 2%
procedência.
Teor máximo de materiais proibitivos: 0%
Fonte: ABNT NBR 15483:2007 (alterada pela ABNT NBR 15483:2009)4
127
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4.3 Papéis Não-Recicláveis Também são feitos com aparas de papel os ar-
tefatos de polpa moldada, que têm usos diversos,
Para alguns papéis, a reciclagem é economicamen- como, por exemplo, bandeja de ovos e suporte para
te inviável e, portanto, diz-se que não são recicláveis. o acondicionamento de legumes (bandejas) e de
frutas (como os das caixas de maçã).
Entre eles, tem-se:
• papel vegetal ou glassine; A Figura 5 apresenta o resultado do setor de apa-
ras no Brasil.
• papel impregnado com substâncias impermeá-
veis à umidade (resina sintética, betume, etc.);
• papel-carbono;
• papel sanitário usado, tais como papel higi-
ênico, papel-toalha, guardanapo e lenços de Produção 10.357
papel;
Vendas
• papel sujo, engordurado ou contaminado 5.446
domésticas
com produtos químicos nocivos à saúde;
• certos tipos de papéis revestidos (com parafi-
Exportações 2.058
na e silicone).
128
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Material
Redução de
Alumínio Aço Papel Vidro
(%) (%) (%) (%)
uso de água - 40 58 50
poluição do ar 95 85 74 20
poluição da água 97 76 35 -
Fonte: CORSON 7
129
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O princípio de reciclagem deste tipo de em- Além do processo acima, tem-se outras opções,
balagem consiste na hidratação das mesmas, em como a queima do resíduo alumínio-plástico, com
equipamento apropriado, ocorrendo a separação recuperação do alumínio e do plástico (tecnologia
das fibras celulósicas, do plástico com alumínio. de plasma).
Extrusão do plástico
com alumínio
Plástico com
alumínio
Embalagens A
cartonadas
Hidratação e
Fotos: Fernando Luiz Neves
Fibras celulósicas
130
C A P Í T U L O I V
O uso de fibras recicladas para a fabricação de Outro ponto a favor da reciclagem é a evolução
papel não é recente e teve sua origem devido a fato- dos processos tecnológicos de fabricação de papel
res econômicos. Países e fábricas que não dispunham a partir de aparas, permitindo a manufatura de pro-
de florestas próprias tinham nas aparas uma matéria- dutos de melhor qualidade e o processamento de
prima acessível, de preço relativamente baixo e que papéis antes não recicláveis e de matérias-primas
permitia fabricar produtos aceitáveis e competitivos. mais contaminadas (com maior teor de impurezas e
de materiais proibitivos). Os avanços que vêm ocor-
Hoje, a força que propulsiona a reciclagem de rendo nos sistemas de limpeza e fracionamento de
papel ainda é econômica, mas o fator ambiental tem fibras têm possibilitado, cada vez mais, a fabricação
servido também como alavanca. de papéis de alta qualidade a partir de aparas.
131
L I X O M U N I C I P A L
de mercado não podem ser resolvidas com sua em Paris, onde as metas de redução de emissões são
estocagem, uma vez que, além desta represen- definidas por cada país (desenvolvidos e em desenvol-
tar um custo, o papel degrada com o tempo. vimento), de acordo com suas possibilidades.
• Logística de transporte – No caso do Brasil, por Florestas em crescimento absorvem mais dióxido
exemplo, o custo do transporte pode inviabi- de carbono, um dos principais contribuintes para o
lizar o aproveitamento de aparas. efeito estufa, do que as florestas maduras ou em de-
• Fibras recicladas têm custo menor porém quali- clínio. Deste modo, um cenário onde a reciclagem
dade pior – O custo de investimento para uma de papel é menor, favorecendo novas plantações e
fábrica de pastas celulósicas de fibras virgens remoção de árvores crescidas, é benéfico para a re-
é bem maior que para pastas de fibras recicla- moção de dióxido de carbono11, 12. Uma plantação de
das.. Porém, a qualidade das fibras recicladas 200 mil hectares de pínus ou eucalipto poderia ab-
é inferior à das fibras virgens. Certos tipos de sorver cerca de cinco milhões de toneladas por ano15.
papel podem conter altas porcentagens de
fibras recicladas, porém outros perdem pro-
priedades importantes, até mesmo com uma 7 RECICLAGEM DE PAPEL NO BRASIL
pequena fração desse tipo de fibras.
O Brasil é o quarto produtor mundial de pasta
• A reciclagem favorece a liberação de dióxido de celulósica e o primeiro de celulose de eucalipto de
carbono – Segundo a FAO11, 12, a produção de papel (Tabela 4).
pastas de alto rendimento de madeira conso-
me mais energia elétrica do que a produção Tabela 4 – Produção de pasta celulósica
de pastas celulósicas de fibras secundárias. e papel no Brasil
Por outro lado, o processamento químico da Pasta celulósica Papel
madeira gera resíduos e licores que, ao serem País
(milhões/t) (milhões/t)
queimados, substituem os combustíveis fós- Brasil 15,1 10,4
seis. Como conseqüência, a expansão basea- EUA* 50,4 74,4
da em fibras recicladas leva à maior liberação
Mundial 167,8 400
de dióxido de carbono antropogênico. É im-
(*) Maior produtor mundial de pasta celulósica e segundo de papel.
portante diminuir este tipo de emissão para Fonte: IBÁ, 2013
evitar o aquecimento global.
O próprio perfil da produção brasileira de papel
– 53% de papéis para embalagem, material que favo-
DIÓXIDO DE CARBONO rece o uso de fibras secundárias – faz com que o País
BIOGÊNICO X ANTROPOGÊNICO tenha um índice alto de reciclagem. A Figura 9 mos-
tra um gráfico, onde pode-se verificar a recuperação
Nas emissões de dióxido de carbono, deve-se dife-
renciar o biogênico do antropogênico. O primeiro e o consumo de aparas no Brasil, de 1990 até 2007. A
origina-se da queima da biomassa e o segundo, da diferença entre as curvas de recuperação e consumo
combustão de fósseis. fica por conta da importação e exportação de aparas.
Teoricamente, a emissão de dióxido de carbono bio-
gênico não contribui para o aumento desse gás na
atmosfera, uma vez que a biomassa absorve a quan- 9.000 45,7%
tidade correspondente durante seu crescimento. 45%
7.500
O mesmo não ocorre com o dióxido de carbono an- 38,3%
toneladas
6.000
tropogênico.13 36,5%
4.500
34,6%
3.000
Em 1997, foi assinado em Kyoto, Japão, dentro da 1.500
0
convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Cli- 1990 1995 2000 2007 2012
máticas, o denominado Protocolo de Kyoto, no qual os
Consumo aparente de papel
países signatários se propõe a reduzir emissões de ga-
ses que provocam efeito estufa na atmosfera em níveis Recuperação de aparas em %
5,2% abaixo dos níveis existentes em 199014, 15. Um Fonte: IBÁ, 2013
novo acordo global foi aprovado em 2015, na COP21 Figura 9 – Recuperação de aparas no Brasil
132
C A P Í T U L O I V
O Brasil reciclou, no ano de 2012, 45,7% do aparas não representa uma saída para o “lixo pa-
papel existente (produção mais importação menos pel”, pois, pelo próprio caráter do empreendimen-
exportação). to, utiliza uma quantidade relativamente pequena
do total de papel descartado. Além disso, sob o
Considerando que nem todos os papéis existentes ponto de vista ambiental, a maioria das unidades
são recicláveis e que parte não está disponível para de fabricação de papel manual descartam seus re-
reciclagem (como os utilizados em livros e documen- jeitos sem critério e produzem muitos papéis que
tos), esta porcentagem aumenta significativamente. não podem ser reciclados novamente por terem
incorporados neles outros materiais, como folhas,
casca de plantas, fios, etc.
8 RECICLAGEM DE PAPEL
NO MUNICÍPIO A produção de papel manual a partir de apa-
ras deve ser vista como uma atividade artística
O Município, antes de incentivar a coleta de apa- ou social.
ras de papel, ou de efetuá-la, deve verificar se há na
região demanda por essa matéria-prima e se a quan- Exemplo deste último caso é a ADERE – Asso-
tidade que eventualmente irá coletar atenderá esta ciação para Desenvolvimento, Educação e Recu-
demanda, sem oscilações significativas. Também peração de Excepcional, situada na cidade de São
deve considerar todos os custos envolvidos, como Paulo, que tem uma linha de produtos de papéis
os de coleta, armazenamento e transporte. manuais, confeccionados por deficientes mentais.
Estes deficientes recebem pelo trabalho que execu-
Deve ser ressaltado que, a não ser em raras ex- tam e são, assim, inseridos de modo digno à socie-
ceções, a fabricação de papel manual a partir de dade (Figura 10 e 11).
133
L I X O M U N I C I P A L
BIBLIOGRAFIA
1. HUNTER, D. 1947. Papermaking: the history and technique 8. BUGAJER, S. 1976. O efeito de reciclagem de fibras secundárias
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segunda edição revista e ampliada). p. (Trabalho interno).
2. D’ALMEIDA. M. L. O. (Coord.). 1988. Celulose e papel: 9. FERGUSON, L. D. 1992. Effects of recycling on strength
tecnologia de fabricação da pasta celulósica. São Paulo: IPT. v. properties. Paper Technology, v. 33, n. 10, p. 14-20.
1. (IPT – Publicação, 1777).
10. ZUBEN, F.; NEVES, F. L. [s.d.]. Reciclagem de alumínio e
3. D’ALMEIDA. M. L. O. (Coord.). 1988. Celulose e papel: polietileno presentes nas embalagens cartonadas tetra pak.
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Publicação, 1777).
11. FAO. 1993. Wood industry branch. Recycled fibers: issues and
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12. FAO. 1994. Wood industry branch: paper recycling scenarios.
5. IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores, 2015. www.iba.org. [s.l.]. (FO:MISC/94/4).
6. D’ALMEIDA, M. L. O.; CAHEN, R. 1991. Considerações sobre o 13. D’ALMEIDA, M. L. O. 1995. Reciclar versus não reciclar. O
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7. CORSON, W. H. (Ed.). 1993. Manual global de ecologia: o
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Tradução de Alexandre Gomes Camaru. São Paulo: Editora Silvicultura, n. 75, maio/ago. p. 42-48.
Augustus. 413 p. (Título original: The global ecology
handbook).
134
CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 4 – RECICLAGEM DE PLÁSTICO
135
L I X O M U N I C I P A L
136
C A P Í T U L O I V
Embora represente somente cerca de 4 a 7% A Tabela 1 mostra que a produção no Brasil ainda
em massa, os plásticos ocupam de 15 a 20% do é baixa quando comparada com a de países mais
volume do lixo, o que contribui para que aumen- desenvolvidos. No entanto, com a estabilização da
tem os custos de coleta, transporte e disposição economia em relação à inflação e ao crescimento
final. Como ilustração: um caminhão, com capaci- econômico, o consumo de plástico descartável ten-
dade para transportar 12 toneladas de lixo comum, de a aumentar rapidamente, aproximando-se, por-
transportará apenas 6 a 7 toneladas de plástico tanto, dos países mais desenvolvidos, pois existe um
compactado, ou 2 toneladas sem compactação. espaço muito grande de demanda a ser preenchido.
Quando o lixo é depositado em lixões, os pro- Desta forma, desde já deve-se tomar medidas
blemas principais relacionados ao material plásti- preventivas para evitar o agravamento do problema,
co provêm da queima indevida e sem controle. pois a não degradabilidade dos plásticos, por um
Quando a disposição é feita em aterros, os plás- lado, os credencia como materiais muito úteis, por
ticos dificultam sua compactação e prejudicam a outro, após o uso, devem ser reciclados.
decomposição dos materiais biologicamente de-
gradáveis, pois criam camadas impermeáveis que Como será visto mais adiante, os plásticos, mes-
afetam as trocas de líquidos e gases gerados no mo depois de serem utilizados na aplicação a que fo-
processo de biodegradação da matéria orgânica. ram projetados, podem ainda ser muito úteis como
material reciclado ou reutilizado.
A queima indiscriminada de plásticos pode tra-
zer sérios prejuízos às pessoas e ao meio ambiente,
pois alguns tipos de plástico ao serem queimados 2 TIPOS DE PLÁSTICO
geram gases tóxicos. Como exemplo, pode ser ci-
tado o poli(cloreto de vinila) (PVC), o qual, ao ser Os plásticos são divididos em duas categorias im-
queimado, libera cloro, podendo originar a forma- portantes: termofixos e termoplásticos.
ção de ácido clorídrico (muito corrosivo) e de dioxi-
nas (substâncias altamente tóxicas e cancerígenas). Os termofixos, que representam cerca de 20%
do total consumido no país, são plásticos que, uma
Sendo assim, sua remoção, redução ou elimi- vez moldados por um dos processos usuais de trans-
nação do lixo são metas que devem ser persegui- formação, não podem mais sofrer novos ciclos de
das com todo o empenho. Os municípios brasilei- processamento pois não fundem novamente, o que
ros, que hoje já sentem os problemas advindos da impede nova moldagem. O exemplo mais clássico é
dificuldade em gerenciar adequadamente o lixo a “baquelite”.
137
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Fonte: MANO3
Figura 2 – Processos de transformação de plásticos
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Etapas Descrição
Separação Identificação dos plásticos PEBD, PEAD, PVC, PP, PS, PET, outros
Trituração
Lavagem
Secagem
Regeneração
Aglutinação
Extrusão
Granulação
Aditivação
Pós-tratamento
Peletização
1 – Mesa de triagem
2 – Moinho/triturador
3 – Tanque lavador
4 – Secador
5 – Aglutinador
6 – Extrusora
7 – Sistema de resfriamento
143
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Trituração
Lavagem
Secagem
Regeneração
Aglutinação
(Aditivação)
(Peletização)
Transformação Extrusão/Injeção/Prensagem
1 - Recepção do lixo
2 - Fosso
3 - Correia transportadora
4 - Mesa de triagem
5 - Moinho/triturador
6 - Tanque lavador/separador
7 - Lavador
8 - Lavador/transportador
9 - Secador
10 - Soprador
11 - Silo
12 - Aglutinador
13 - Extrusora
14 - Extrusora
15 - Tanque de resfriamento
16 - Granulador
17 - Ensacador
144
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145
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ternativas apresentadas depende, basicamente, das consumo dos plásticos reciclados, ajudando a com-
características da coleta, do tamanho do município, bater alguns dos tabus ainda existentes.
da disponibilidade de área, da localização de indús-
trias do setor próximas, enfim, de um conjunto de Embora haja, em certos casos algumas limitações
fatores que determinará a escolha mais adequada. e restrições para a utilização do plástico oriundo do
lixo urbano (embalagens de alimentos, produtos far-
macêuticos e hospitalares e alguns tipos de brinque-
13 SITUAÇÃO BRASILEIRA E dos), se adequadamente tratado, esta matéria-prima
PROJEÇÕES FUTURAS pode ser utilizada na fabricação de muitos produtos,
mantendo quase que as mesmas propriedades da-
Como já mostrado na Tabela 1, o Brasil ainda queles feitos com matéria-prima virgem. Portanto, o
consome pouco plástico, quando comparado aos preconceito ainda existente que impede um maior
países mais desenvolvidos. É de se supor, portan- uso desta matéria-prima reside na falta de informa-
to, que a demanda aumentará muito nos próximos ção e também na existência de alguns transforma-
anos e, se não houver bom planejamento para o dores que insistem na tese de que a competitivi-
perfeito gerenciamento dos resíduos plásticos, com dade só é alcançada quando se tem baixo preço,
certeza as conseqüências serão semelhantes àquelas não importando a qualidade do produto. Deve ser
já vividas por alguns países. ressaltado que existem normas técnicas e especifica-
ções que devem ser atendidas, não importando se a
A reciclagem/reutilização de materiais plásticos é matéria-prima é virgem ou reciclada.
uma condição essencial para a redução de resíduos,
pois significam em volume cerca de 20% de todo o A reciclagem dos plásticos tem contribuído efe-
lixo urbano, e sua eliminação contribuirá significati- tivamente para o desenvolvimento de artefatos de
vamente para o melhor aproveitamento dos recur- boa qualidade e de baixo custo, tornando possível
sos e consequente melhoria da qualidade de vida o seu acesso por uma boa parte da população de
dos cidadãos. As Prefeituras devem inclusive criar baixo poder aquisitivo, tais como: condutores elé-
incentivos (fiscais, estruturais, etc.) para motivar e tricos, mangueiras, sacos de lixo, utensílios domés-
conscientizar os cidadãos e as empresas a participa- ticos, etc., e de produtos industriais de alto desem-
rem ativamente do processo, bem como incentivar penho, tais como: pallets, tábuas, mourões e perfis
a utilização de produtos reciclados. Assim agindo, as de “madeira plástica”, e um sem número de outros
Prefeituras estarão dando exemplo e o aval para o produtos.
BIBLIOGRAFIA
1. ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico. 2. IPEA, 2010 in CEMPRE, 2014 “Guia da Coleta Seletiva de Lixo”.
Indústria Brasileira de Transformação de Material Plástico.
Perfil 2014. 3. MANO, E. B. 1986. Introdução a polímeros. [s.l.]: Edgar Blücher.
146
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CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 5 – RECICLAGEM DE VIDRO
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Dolomita Feldspato
2% 1%
Feldspato Aditivos Calcário
2% 1% 6%
Calcário Barrilha
10% 7%
Barrilha
15%
Areia (SiO2)
Areia (SiO2) 35%
70% Caco recuperado
50%
Fonte: MME, 20159. Fonte: ABIVIDRO, 19992
Figura 1 – Composição do vidro sem caco Figura 2 – Composição com caco de vidro
Vidro SiO2 Al2O3 Fe2O3 CaO MgO Na2O K2O SO3 Total
Embal.- branco 72,6 1,6 >0,1 11,0 0,1 13,7 0,5 0,2 99,1
Embal.- âmbar 72,7 196 0,2 10,0 0,0 13,8 1,0 0,0 99,7
Embal.- verde 72,0 1,1 1,0 8,4 2,1 15,1 0,0 0,0 99,7
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2652
1770
1422
1350
1230
1168 1297 1303
1293 1277 1292
1109
1034 1292
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2011 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2014
Investimento Exportações
(em milhões US$) (em milhões US$)
59
57 55 56
47
45
42 31
26
28 13 19
11
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2014
49%
40% 42% 43%
35%
25%
20%
15%
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Para os municípios localizados próximos às fá- Tendo em vista estudos realizados em 1991, a re-
bricas de vidro, a melhor forma encontrada para a ciclagem de vidro no Brasil só era viável nas regiões
reciclagem é quebrar os produtos de vidro (garrafas, sul e sudeste do Brasil, pois distâncias superiores a
potes, frascos, etc.) e vendê-los, em forma de cacos, 400 quilômetros encareciam o caco devido ao custo
diretamente a essas fábricas. de transporte.4, 5, 6
Para ser obtido um melhor preço de venda do A reciclagem no Brasil hoje atinge não somente
vidro reciclado, deve-se realizar a entrega desse vi- os estados do sul e sudeste (como em 1991). Se-
dro quebrado em forma de cacos, lavado (remoção gundo a Associação Técnica Brasileira das Indústrias
de sujeira e material inorgânico) e, de preferência, Automáticas de Vidro – ABIVIDRO, existem no Brasil
separado por cor às indústrias. dezenas de projetos ativos de reciclagem em vários
estados, entre eles Bahia, Pernambuco, Rio Grande
A Prefeitura que não dispõe de recursos para (ou do Norte, Distrito Federal e Ceará, além dos estados
que não queira) investir em uma usina de beneficia- do sul e sudeste.
158
C A P Í T U L O I V
BIBLIOGRAFIA
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Universidade Presbiteriana Mackenzie.
7. ANDELA TOOL & MACHINE INC. [s.d.]. Home page: <http://
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2015.
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1991. Revista Projeto Reciclagem, n. 5, jul. p. 16-17. 9. Ministério de Minas e Energia – MME: ”Anuário Estatístico do
Setor de Transformação de Não Metálicos”, 2015.
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custo e benefício. 1991. Revista Projeto Reciclagem, n. 6,
ago./set. p. 28-29.
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160
CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 6 – RECICLAGEM DE METAL
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METAL METAL
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
MINÉRIO SUCATA
FUSÃO CONFORMAÇÃO
CONFORMAÇÃO
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sendo este significativo em metais como alumínio, A sucata é matéria-prima das empresas produto-
chumbo, cobre e, particularmente, nos metais no- ras de aço que não contam com o processo de re-
bres: ouro, platina e prata. dução, e que são responsáveis por cerca de 20% da
produção nacional de aço. A sucata representa cerca
de 40% do total de aço consumido no país, valor
SUCATA DE METAIS próximo aos valores de outros países, como os Esta-
dos Unidos, onde atinge 50% do total da produção.
Os metais, na forma de sucata, têm grande importân-
cia na indústria metalúrgica brasileira. A quantidade de Ressalta-se que o Brasil exporta cerca de 40% da sua
metal recuperado corresponde a cerca de 50% da pro- produção de aço.
dução de chumbo, 25% de cobre, 14% de alumínio e
20% de aço. É importante, ainda, observar que a sucata
pode, sem maiores problemas, ser reciclada mesmo
quando enferrujada. Sua reciclagem é também fa-
cilitada pela sua simples identificação e separação,
3 METAIS NO LIXO DOMICILIAR principalmente no caso da sucata ferrosa, em que
se empregam eletroímãs, devido às suas proprieda-
A maior parte dos metais presentes no lixo do-
des magnéticas (Figura 2). Através deste processo é
miciliar é aquela proveniente de embalagens, prin-
possível retirar até 90% do metal ferroso existente
cipalmente as alimentícias – as tradicionais latas e
no lixo.2
algumas tampas de recipientes de vidro.
A reciclagem de metais, principalmente a de fer-
Em menor quantidade, encontram-se no lixo
rosos, apresenta também um papel socioeconômi-
urbano metais provenientes de utensílios e equipa-
co, uma vez que dela dependem inúmeras fundições
mentos descartados (panelas, esquadrias, peças de
de pequeno porte, instaladas nas áreas industriais
geladeira, fogão, etc.).
das cidades.
164
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LIXO ELETROÍMÃ
CORREIA
METAIS FERROSOS TRANSPORTADORA
5 RECICLACEM DE LATAS
COLETA DE METAIS
Redes complexas de coletas são estabele- As latas de folha-de-flandres (aço revestido com
cidas para a comercialização de sucata de estanho) dominam o setor de embalagem no Brasil,
metais. Não obstante, o destino final da principalmente para alimentos. São consumidas anu-
sucata (fundições ou grandes siderúrgicas),
em boa parte, começa pelo catador de rua.
almente no País cerca de 950 mil toneladas de folhas
Esse trabalho constitui a base da rede capilar de aço estanhado, cromado ou sem revestimento,
de coleta, estendendo-se aos “ferros velhos” para a fabricação de 30 bilhões de latas e componen-
e atingindo as indústrias transformadoras. tes. As latas de alumínio, entretanto, asseguraram para
Esse tipo de coleta capilar e a relativa facili-
dade de processamento, própria da sucata, si o mercado de bebidas carboidratadas. Em 2015, fo-
permite o seu reprocessamento em regiões ram produzidas 25 bilhões de latas de alumínio, re-
próximas às cidades ou mesmo em sua área presentando cerca de 19% do consumo total deste
industrial, o que não seria possível com as
grandes siderúrgicas que fabricam o mate- metal. Mais recentemente, nos países desenvolvidos,
rial primário. parte das latas de alumínio estão sendo substituídas
Já no lixo, embalagens metálicas e outros por latas de aço revestido por questões de custo e re-
artefatos de metal estão misturados com ciclabilidade (há limitações no processo de reciclagem
metais diversos. Se esse lixo for submetido do alumínio e, como já mencionado, é possível a sepa-
a uma separação magnética, como em geral ração de materiais ferrosos com eletroímã).3, 5
ocorre nas usinas de triagem ou na coleta
seletiva, a maioria dos metais (ou ligas) fer-
rosos serão facilmente separados do restante A reciclagem desses tipos de lata é extremamen-
do lixo. Depois de separado, o metal ferroso te importante para ambas indústrias de embalagens;
é compactado em prensas e, na forma de no caso do alumínio, a energia necessária para o
fardos, pode ser comercializado.
processamento do metal reciclado é apenas 5% da
energia utilizada para o metal primário; para o aço,
esta relação é de 3,7, sendo ainda considerável.
165
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1. CONSUMO
9. VENDA AO CONSUMIDOR
4. TRANSPORTE ATÉ
O TRANSFORMADOR
5. BRIQUETAGEM, REFUSÃO
E TRANSFORMAÇÃO EM
NOVO LINGOTE
6. FABRICAÇÃO DA CHAPA
DE ALUMÍNIO
166
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É importante notar que os gastos em energia são No Brasil, a lata de alumínio corresponde a cerca
os predominantes na produção de metais. Estes fa- de 1% dos resíduos urbanos. A folha-de-flandres é
tos explicam o interesse pela reciclagem por parte o material de embalagem mais facilmente coletado
dos fabricantes de metal, que são os grandes alia- junto ao lixo doméstico, uma vez que pode ser sepa-
dos e mesmo líderes das campanhas de reciclagem rado magneticamente em condições sanitárias ade-
de metais. Essa, no caso das embalagens de aço, já quadas. A importância da reciclagem da folha-de-
chega a 47%, e 82% no caso das latas de bebidas (2 -flandres vem sendo reconhecida e processos para
peças). Quanto às embalagens de alumínio, a reci- remoção do estanho têm sido objeto de pesquisas
clagem já é superior que 97%, valor que representa de desenvolvimento tecnológico.
a liderança mundial (Tabela 1).
Máquinas e equipamentos
5%
Outros
9%
Embalagens
30%
Construção civil
21%
Indústria elétrica
10%
Transportes
21% Bens de consumo
10%
Fonte: ABAL, 20106
Figura 4 – Consumo de alumínio no Brasil por segmento (%)
BIBLIOGRAFIA
1. GIOSA, J. R. 1994. Reciclagem de latas no Brasil. In: SEMINÁRIO 4. A EMBALAGEM E O MEIO AMBIENTE. 1992. Campinas, 1990.
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Anais… [s.l.]: ABAL. Não paginado.
5. ABRALATAS - Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de
2. IBS. 1994. Estatística de siderurgia. Rio de Janeiro: Instituto Alta Reciclabilidade, 2015.
Brasileiro de Siderurgia.
6. ABAL – Associação Brasileira do Alumínio, 2010-2015.
3. ABEAÇO – Associação Brasileira de Embalagem de Aço, 2012.
167
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168
CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 7 – RECICLAGEM DE ENTULHO
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Figura 1: Lançamento de entulho reciclável em equipamento de trituração (Aterro de Itatinga-SP, atualmente esgotado)
Nota: observar que, após a trituração, há um operário sobre a esteira de transporte do entulho reciclado, realizando ainda uma inspeção e retirada de
resíduos não-recicláveis.
Figura 2 - Montes de agregados reciclados de entulho. Ao fundo, à direita, equipamento de trituração e correias transportadoras
(Aterro de Itatinga-SP, atualmente esgotado)
173
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Em Belo Horizonte, a primeira usina de recicla- A usina custou à Prefeitura cerca 150 mil dólares,
gem de entulho, das quatro previstas para a cidade, incluindo equipamentos e obras civis.
começou a funcionar em novembro de 1995, pro- As figuras 4a e 4b mostram aspectos da recicla-
cessando em 1996 cerca de 100 t/dia de entulho. gem em Belo Horizonte.
Fotos: Tarcísio Pinto
Figura 4a - Equipamento para reciclagem (trituração) de entulho (Estação de Reciclagem de Entulho - Prefeitura de Belo
Horizonte-MG)
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Figura 5 - Entulho selecionado em obra de edificação predial para ser reciclado no próprio local
Figura 6 - Moinho de rodas triturando entulho gerado na própria obra, para ser usado em argamassa de alvenaria em
edificação predial
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• nos Estados Unidos, têm havido esforços para resumo, que o entulho deverá ser proveniente de
o isso de agregados reciclados por meio de demolição, que pode ser avaliada quanto à qualida-
britagem de concretos de demolição, para a de para a execução da reciclagem.
área de pavimentos rodoviários;
• na Holanda, há proposição de norma para
4 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA
produção de concreto simples, armado e pro-
tendido com uso de agregados obtidos pela
A RECICLAGEM
reciclagem de concreto misturados a agrega- A implantação de um sistema para uso/destino
dos originais, com quantidade acima de 20% racional, com ou sem reciclagem do entulho mu-
do total de agregados utilizados; nicipal, deve ser iniciada por um levantamento das
• no Japão, semelhantemente aos Estados Uni- informações, como, por exemplo: aspectos básicos
dos, detecta-se um encaminhamento na di- do município; origem dos materiais; geração dos
reção da normalização de agregados obtidos resíduos com análise do setor gerador; localização
por reciclagem de estruturas e pavimentos de geográfica; quantificação da geração; coleta e trans-
concreto demolidos; porte; disposição; composição11.
• em outros países europeus, como Alemanha, A consulta ao manual “Manejo e Gestão de Resí-
Rússia, Dinamarca e Inglaterra, já há início de duos da Construção Civil”, elaborado pelo Ministé-
discussões e estudos para a implantação de rio das Cidades, Ministério do Meio Ambiente e Cai-
normas para a reciclagem do entulho de de- xa, é um instrumento importante para o diagnóstico
molição; e planejamento das ações12.
• por outro lado, um dos poucos países a ter
experiências negativas com concreto de en- A avaliação do entulho municipal visa permitir,
tulho reciclado foi a Bélgica, em duas pontes em resumo, um gerenciamento adequado ante
que tiveram de ser demolidas. Há iniciativas os problemas ambientais e econômicos causados
de retomar o assunto, mas um dos grandes pela deposição irregular, assim como estabelecer
temores dos belgas é o desenvolvimento das em outro extremo todo o quadro inicial referente
reações álcali-agregado, um tipo de anomalia à origem dos materiais. É o caso, por exemplo, das
cujo resultado é a fragmentação do concreto. areias e pedras britadas, extraídas normalmente de
rios e pedreiras, que são também atividades de con-
Como exemplo de aplicação10, uma das rodovias flito ambiental.
mais antigas e movimentadas no estado de Michigan
tornou-se em 1983 a primeira rodovia de grande porte Um outro segmento, em seqüência aos fatos an-
nos Estados Unidos a reciclar concreto. Em uma exten- teriores, é a avaliação quanto à possibilidade de reci-
são de 5,7 milhas, de seção toda deteriorada, o pavi- clagem do entulho.
mento de concreto foi usado novamente como agre-
A esse respeito, uma série de questões iniciais
gado na construção do novo pavimento. Em 1984,
pode ser formulada, tais como:
outras 22 milhas foram da mesma forma recicladas.
• no planejamento global da reciclagem como
será eliminada ou minimizada a quantidade
3.2.3 Diferenças do entulho reciclado de deposições ilegais?
no Brasil e no exterior
• quanto representa o volume de material re-
A tendência nos países desenvolvidos é utilizar o ciclado na preservação das fontes naturais de
agregado reciclado em alguns tipos de peças estru- areia e pedra britada? E o alívio dos aterros
turais, misturado ou não com agregados naturais. oficiais?
Para que este objetivo seja alcançado, há necessida- • o produto da reciclagem tem qualidade ao
de do entulho reciclável ter boa qualidade (resistên- longo do tempo para uso previsto? Quais se-
cia, não estar contaminado por elementos deletérios rão os produtos? Qual será o mercado para
à estabilidade do concreto, etc.), o que significa, em estes produtos?
177
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178
C A P Í T U L O I V
tível) e mesmo vidro e metal podem ser recolhidos (SP)1 (SP)2 (RS)5
para reutilização ou reciclagem. Concreto e 33 59 53 37 15
argamassa
A composição do entulho sofre influência de vá- Solo e areia 32 – 22 15 20
rios fatores, como, por exemplo, as características Cerâmica 30 23 14 12 38
regionais (geológicas e morfológicas); hábitos e cos- Rochas – 18 5 – –
tumes da comunidade; nível econômico; etc. A Fi- Outros 5 – 6 36 23
gura 7 apresenta uma caracterização dos materiais
presentes nos RCC em obras no Brasil. 1 Brito Filho (1999 apud JOHN, 2000); 2 Zordan (1997); 3 Projeto
Entulho Bom (2001); 4 Xavier et al (2002); Bonfante, Mistura e Naime
(2002 apud BERNARDES, A. 2006)
Fonte: Adaptado de CARNEIRO (2005 p. 24)
179
L I X O M U N I C I P A L
Materiais Equipamento
Agregados Cuidados devem ser tomados para que a popula-
recicláveis de ção não tenha problemas ambientais com a instala-
reciclados
do entulho trituração
ção da usina. Em Belo Horizonte (MG), por exemplo,
• Área para • Existem • A granulometria foi executado tratamento acústico com mantas de
recepção do diversos do agregado será borracha e nebulizadorres, para evitar a formação
entulho bruto tipos de estabelecida na de nuvens de pó.3
• Equipamentos equipamentos trituração e no
e pessoal para de trituração: peneiramento.
separação elementos • A qualidade
dos resíduos
não-recicláveis
magnéticos
para separar o
do agregado
dependerá
7 PRODUTOS DA RECICLAGEM
(papel, solo, aço, correias basicamente da
vidro, matéria transportadoras, qualidade da 7.1 Restrição
orgânica, etc.) etc. composição do
entulho.
Na reciclagem do entulho de construção – mate-
riais cerâmicos, areia, brita, concretos e argamassas
Figura 8 – Requisitos básicos da instalação de reciclagem – deve-se considerar que a qualidade dos agregados
municipal obtidos pode ser muito variável e inferior aos agre-
gados convencionais.
180
C A P Í T U L O I V
• blocos de concreto de vedação; para ser implantada. É por isso que o conheci-
mento técnico qualitativo de agregado reciclado
• obras de pavimentação;
torna-se necessário para quem participa do final
• guias e sarjetas; do processo. Como exemplo, saber que a absorção
• regularização e cascalhamento de ruas de d’água do agregado de entulho reciclado pode ter
terra; valores bem acima do material usado normalmen-
te, como se observa a seguir: areia de rio (0,7%);
• obras de drenagem; bloco cerâmico (9,6%); tijolo (17,4%) e bloco de
• execução de contrapisos; concreto (5,6%).8
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NBR 15113. Rio de Janeiro: ABNT, 12 p.
182
CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 8 – RECICLAGEM DE OUTROS MATERIAIS
183
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184
C A P Í T U L O I V
185
L I X O M U N I C I P A L
mente a vulcanização, uma vez que em todos eles o • No asfalto modificado com borracha
material resultante apresenta características inferiores
O processo envolve a incorporação da borracha
às do composto original. Outro problema observa-
em pedaços ou em pó. Apesar do maior custo, a
do é que o material regenerado é resultado de uma
adição de pneus no pavimento pode até dobrar a
mistura dos componentes presentes no pneu, com
vida útil da estrada, porque a borracha confere ao
composição indefinida. Apesar de não ser consumi-
pavimento maiores propriedades de elasticidade
da para pneus radiais, a borracha regenerada é usa-
ante mudanças de temperatura. O uso da borracha
da em compostos destinados a produtos com menor
também reduz o ruído causado pelo contato dos
exigência quanto ao desempenho, tais como tapetes,
veículos com a estrada. Por causa destes benefícios,
protetores, soldados, pneus industriais e de bicicletas.
e também para reduzir o armazenamento de pneus
A moagem do pneu em partículas finas permite velhos, o governo americano requer que 5% do
o uso direto do resíduo de borracha em aplicações material usado para pavimentar estradas federais
similares às da borracha regenerada. seja de borracha moída. É o caso do Estado da Ca-
lifórnia, que pavimentou 25 estradas com 1,7 mi-
• Na geração de energia
lhões de pneus. Vale notar que nos estados do sul
O poder calorífico de raspas de pneu equivale ao dos Estados Unidos, onde o clima é bem parecido
do óleo combustível, ficando em torno de 40 MJ/kg. com o do Brasil, são os que mais observam as van-
O poder calorífico da madeira é por volta de 14 MJ/kg. tagens de elasticidade no uso de asfalto modificado
Os pneus podem ser queimados em fornos já com borracha5.
projetados para otimizar a queima. Em fábricas de Há longo tempo, a maioria dos países desenvolvi-
cimento, sua queima já é uma realidade em outros dos vêm se preocupando com o descarte de pneus,
países. A Associação Brasileira de Cimento Portland e muitos já têm soluções implantadas. A título de
(ABCP) informa que cerca de 100 milhões de carca- exemplo, a Figura 1 apresenta o destino das carca-
ças de pneus são queimadas anualmente nos Esta- ças de pneus no Brasil.
dos Unidos com esta finalidade, e que o Brasil já está
experimentando a mesma solução.
Lojas
Transporte Transporte
Pontos de Trituração
coleta
Fonte: Reciclanip6
Figura 1 – Ciclo de vida do pneu
186
C A P Í T U L O I V
No Brasil, há algumas iniciativas no sentido de Inservíveis, criado em 1999 pela Associação Nacional
encontrar soluções adequadas para dar uma desti- da Indústria Pneumática (ANIP). Fundada em março
nação ambientalmente adequada aos pneus. A Re- de 2007, a entidade conta hoje com mais de 1.000
solução do CONAMA estabeleceu que os fabricantes pontos de coleta e uma média de 90 caminhões tran-
e importadores de pneus deverão coletar e dar uma sitando diariamente. Esses pontos funcionam como
destinação adequada a pneus inservíveis, ou seja, centrais de recepção distribuídas em todos os Esta-
aqueles que não possam mais ser reformados. Isso dos e no Distrito Federal, e foram criados em parceria
deverá se dar de forma escalonada, conforme deter- com as prefeituras, que cedem os terrenos dentro das
minado pela Resolução a saber: normas específicas de segurança e higiene para rece-
ber os pneus inservíveis vindos de origens diversas.6
I – A partir de 1º de janeiro de 2002: para cada
quatro pneus novos fabricados no País ou Desde o início do Programa, a entidade encami-
pneus importados, inclusive aqueles que nhou para destinação final adequada 4,1 milhões de
acompanham os veículos importados, as em- toneladas de pneus, o que equivale a 821 milhões de
presas fabricantes e as importadoras deverão pneus de automóveis. Atuando em convênio com as
dar destinação final a um pneu inservível. prefeituras, que cedem os locais e a estrutura para
II – A partir de 1º de janeiro de 2003: para cada a instalação das centrais de recepção, a Reciclanip
dois pneus novos fabricados no País ou pneus é responsável pelo transporte de pneus a partir do
importados, inclusive aqueles que acompa- ponto de coleta até as empresas de trituração ou de
nham os veículos importados, as empresas reaproveitamento6.
fabricantes e as importadoras deverão dar
destinação final a um pneu inservível. Um dos usos mais comuns para os pneus inserví-
veis é como combustível alternativo para a indústria
III – A partir de 1º de janeiro de 2004: de cimento, chamado de co-processamento, devido
a) para cada um pneu novo fabricado no País seu alto calor líquido gerado por diferentes fontes de
ou pneu novo importado, inclusive aque- combustão. Outra boa parcela dos pneus são trans-
les que acompanham os veículos importa- formados em asfalto e borracha para diversos usos,
dos, as empresas fabricantes e as impor- como vedação, quadras poli-esportivas, pisos indus-
tadoras deverão dar destinação final a um triais, carpetes de carros e peças de reposição para a
pneu inservível; indústria automobilística. Por fim, os pneus não-ra-
diais são cortados em lâminas que são utilizados para
b) para cada quatro pneus reformados im- fazer solados de sapato, dutos de águas pluviais, etc.
portados, de qualquer tipo, as empresas
importadoras deverão dar destinação final O Programa Brasileiro de Reciclagem, do Ministé-
a cinco pneus inservíveis. rio do Desenvolvimento, Indústria e Comércio7, su-
IV - A partir de 1º de janeiro de 2005: geriu algumas ações prioritárias no caso dos pneus
descartados, que são basicamente:
a) para cada quatro pneus novos fabricados
no País ou pneus novos importados, inclu- - engajar e, se possível, liderar os estudos em
sive aqueles que acompanham os veículos andamento no Estado de São Paulo, visando o
importados, as empresas fabricantes e as equacionamento da reciclagem de pneus nes-
importadoras deverão dar destinação final te estado, estendendo-o para todo o Brasil no
a cinco pneus inservíveis; que for pertinente;
b) para cada três pneus reformados impor- - os experimentos em andamento para a reci-
tados, de qualquer tipo, as empresas im- clagem de pneus na indústria de cimento de-
portadoras deverão dar destinação final a vem ser fortemente apoiados;
quatro pneus inservíveis.
- desenvolver para todo o Brasil plano de loca-
A Reciclanip, entidade voltada para a coleta e des- lização estratégica para armazenamento de
tinação de pneus inservíveis, é uma consolidação do pneus, visando sua futura reciclagem, como
Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus sugerido pela ANIP;
187
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Ainda segundo essa Resolução, os fabricantes, os A Resolução nº 257/99 do CONAMA proíbe o lan-
importadores, a rede autorizada de assistência técnica çamento das pilhas e baterias a céu aberto, tanto em
e os comerciantes de pilhas e baterias ficam obriga- áreas urbanas como rurais, sua queima a céu aberto ou
dos, no prazo de doze meses contados a partir da em recipientes, instalações ou equipamentos não ade-
vigência desta Resolução, a implantar mecanismos quados e seu lançamento em cursos d’água, praias,
operacionais para a coleta, transporte e armazena- manguezais, terrenos baldios, poços, cavidades sub-
mento. No caso dos fabricantes e dos importadores terrâneas, redes de drenagem de águas pluviais, esgo-
de pilhas e baterias, a obrigatoriedade de implantar tos, etc. No entanto, as pilhas e baterias que atingirem
sistemas de reutilização, reciclagem, tratamento ou os limites estipulados a partir de 1º de janeiro do ano
disposição final, no prazo de vinte e quatro meses 2001 poderão ser dispostas juntamente com os resídu-
contados a partir da vigência da mesma Resolução. os domiciliares em aterros sanitários licenciados.
A Resolução nº 257/99 do CONAMA também impõe
metas a serem atingidas quanto aos limites de chumbo, DEFINIÇÕES CONSIDERADAS NA
cádmio e mercúrio nas pilhas e baterias, que são: RESOLUÇÃO Nº 257/99 DO CONAMA
(baseadas na norma da ABTN NBR 7039)
• A partir de 1º de janeiro de 2000, a fabricação,
a importação e a comercialização de pilhas e Acumulador elétrico: é um dispositivo eletroquímico,
baterias passam a atender aos seguintes limites: constituído de um elemento e caixa, que armazena,
sob forma de energia química, a energia elétrica que
- com até 0,025% em peso de mercúrio, lhe seja fornecida, e que a restitui quando ligado a um
quando forem dos tipos zinco-manganês consumidor.
e alcalina-manganês; Acumulador chumbo-ácido: é aquele cujo material ati-
vo das placas positivas é constituído por compostos
- com até 0,025% em peso de cádmio, de chumbo e os das placas negativas essencialmente
quando forem dos tipos zinco-manganês por chumbo, sendo o eletrólito uma solução de ácido
e alcalina-manganês; sulfúrico.
Pilha: é um gerador eletroquímico de energia elétrica,
- com até 0,400% em peso de chumbo, mediante conversão geralmente irreversível de energia
quando forem dos tipos zinco-manganês química.
e alcalina-manganês; Bateria: é um conjunto de pilhas ou acumuladores re-
- com até 25 mg de mercúrio por elemento, carregáveis interligados convenientemente.
quando forem dos tipos pilhas em minia- Pilhas e baterias portáteis: são aquelas utilizadas em
tura e botão. telefonia e equipamentos eletrônicos, tais como: jo-
gos, brinquedos, ferramentas elétricas portáteis, infor-
• A partir de 1º de janeiro de 2001, a fabricação, mática, lanternas, equipamentos fotográficos, rádios,
equipamentos de som, relógios, agendas eletrônicas,
a importação e a comercialização de pilhas e barbeadores, instrumentos de medição e aferição,
baterias passam a atender aos seguintes limites: equipamentos médicos e outros.
- com até 0,010% em peso de mercúrio, Pilhas e baterias de aplicação: são aquelas utilizadas em
quando forem dos tipos zinco-manganês aplicações específicas de caráter científico, médico ou
militar, e aquelas que sejam parte integrante de circui-
e alcalina-manganês; tos eletroeletrônicos para exercer funções que requeiram
energia elétrica ininterrupta em caso de fonte de energia
- com até 0,015% em peso de cádmio, primária sofrer alguma falha ou flutuação momentânea.
quando forem dos tipos zinco-manganês
Baterias industriais: são aquelas que se destinam a apli-
e alcalina-manganês; cações estacionárias, tais como: telecomunicações, usi-
- com até 0,200% em peso de chumbo, nas elétricas, sistemas ininterruptos de fornecimento
de energia, alarme de segurança, uso geral industrial e
quando forem dos tipos zinco-manganês para partidas de motores diesel, ou, ainda tracionárias,
e alcalina-manganês. tais como as utilizadas para movimentação de cargas
ou pessoas e carros elétricos.
A Resolução CONAMA nº 263/99 inclui um inci-
so de número IV no artigo 6º da Resolução 257/99 Baterias veiculares: são aquelas utilizadas para partidas de
sistemas propulsores e/ou como principal fonte de ener-
com a seguinte redação: gia em veículos automotores de locomoção em meio ter-
restre, aquático e aéreo, inclusive tratores, equipamentos
IV – com até 25 mg de mercúrio por elemento, de construção, cadeiras de roda e assemelhados.
quando forem do tipo pilhas miniaturas e botões.
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São incluídas nesta categoria as lâmpadas de va- No caso de se estocar lâmpadas fluorescentes
por de mercúrio, de vapor de sódio, de luz mista e para uma disposição futura, é recomendável que
também as lâmpadas fluorescentes. Esta última é a estas sejam armazenadas em local ventilado e pro-
mais difundida, sendo usada em fábricas, escritórios tegidas contra sua eventual ruptura por agentes me-
e até mesmo em domicílios9. cânicos. Lâmpadas quebradas devem ser separadas
das demais e acondicionadas em recipiente herméti-
As lâmpadas fluorescentes contêm substâncias co, como um tambor de aço com tampa e em boas
químicas nocivas ao meio ambiente, como metais condições. Existe um contêiner para armazenagem e
pesados, onde se sobressai o mercúrio metálico. transporte de lâmpadas. Sua construção exclui qua-
se por completo o risco de ruptura, além de dispor
Enquanto intactas, as lâmpadas fluorescentes de filtro de carvão ativado, para eventuais emana-
não oferecem riscos. Porém, ao serem descartadas ções de vapores de mercúrio9.
no lixo, seu vidro é triturado e o mercúrio liberado
se evapora. Quando chove, ele volta e contamina o
solo e os cursos d’água.
190
C A P Í T U L O I V
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192
CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 9 – TRATAMENTO TÉRMICO
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Os tratamentos térmicos podem ser classificados A Tabela 1 ilustra o percentual dos resíduos urba-
como sendo de alta ou de baixa temperatura. Os tra- nos destinado aos aterros, incineração e composta-
tamentos a alta temperatura normalmente ocorrem gem em diferentes países.
a temperaturas acima de 500°C e objetivam, princi-
palmente, a destruição ou remoção da fração orgâni- Os processos de decomposição térmica de re-
ca presente no resíduo, com redução significativa da síduos operam a temperaturas em torno de 600°C
sua massa (70%) e volume (90%), bem como a sua e ocorrem em reatores onde os teores de oxigênio
assepsia. A energia contida nos resíduos, nestes pro- ficam abaixo do estequiométrico (quantidade de
cessos, pode ser parcialmente aproveitada, podendo ar necessária para a combustão completa do resí-
gerar energia elétrica, água quente e vapor, ou com- duo). Dentre os processos de decomposição tér-
bustíveis alternativos, auxiliando na redução do custo mica existentes, destacam-se: pirólise, gaseificação
operacional do tratamento térmico. Os tratamentos e liquefação. Estes processos, no entanto, ainda se
a baixa temperatura ocorrem a temperaturas em tor- encontram em fase de desenvolvimento e não serão
no de 100°C e visam, principalmente, a assepsia do abordados neste Manual.
resíduo sólido, razão pela qual são empregados so-
mente para o tratamento de RSS. Nestes processos, a
massa dos resíduos e o conteúdo de matéria orgânica
praticamente não se alteram, mas pode-se obter uma Tabela 1 – Destino dos resíduos sólidos urbanos
redução significativa no seu volume.
Aterros Incineração
com Compostagem
País e/ou
lixões recuperação + reciclagem
2 TRATAMENTO TÉRMICO de energia
A ALTA TEMPERATURA Brasil 87% –– 13%
Bélgica 5% 36% 60%
No tratamento térmico a alta temperatura pode
República Tcheca 83% 13% 4%
ocorrer a combustão da fração orgânica dos resíduos,
gerando principalmente gás carbônico (CO2), água e Alemanha 1% 35% 65%
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2.1.1 Histórico
DESVANTAGENS DA INCINERAÇÃO
DE RESÍDUOS Desde os primórdios da civilização humana, a
incineração de resíduos vem sendo praticada e o
• custo elevado: a incineração apresenta custos ele-
vados de instalação e de operação; no entanto, este primeiro incinerador que se tem noticia foi constru-
custo, nas grandes metrópoles com baixa disponibi- ído na cidade de Nottingham, Inglaterra, em 1874.
lidade de áreas adequadas, está se aproximando do No Brasil, a primeira unidade foi instalada na cida-
custo de disposição em aterros sanitários;
de de Manaus, em 1896, vinte e dois anos depois
• exigência de mão-de-obra qualificada: os pro- da implantação da primeira unidade inglesa. Na ci-
cessos de incineração, independente do porte da
unidade, exigem pessoal qualificado para garantir a
dade de São Paulo, o primeiro incinerador de RSM
qualidade da operação; foi instalado no bairro de Araçá, hoje Sumaré2.Este
incinerador utilizava lenha para auxiliar a combus-
• presença de materiais nos resíduos que ge-
ram compostos tóxicos e corrosivos: alguns tão dos resíduos e a alimentação era feita manual-
materiais, como pilhas, plásticos, etc., liberam com- mente. Ele operou por 27 anos, até 1940, quando
postos tóxicos e ácidos que não podem ser elimi- foi desativado por sua capacidade ter ficado abaixo
nados por boas técnicas de combustão, exigindo a
instalação de sistemas de limpeza de gases. da necessária e por se encontrar próximo à regiões
residenciais. Em 1949, um novo incinerador foi ins-
talado em Pinheiros, na Rua do Sumidouro, e sua
alimentação era intermitente, ou seja, uma nova car-
ga somente era alimentada após o término da inci-
neração da carga anterior. Esta unidade operou até
1990, por 41 anos. Em 1959, foi instalado um inci-
nerador com capacidade total de 300 t/dia no Bom
VANTAGENS DA INCINERAÇÃO Retiro, na região central de São Paulo, e é do tipo de
DE RESÍDUOS SÓLIDOS grelha basculante. Unidade semelhante foi instalada
no Ipiranga, região sul de São Paulo, e entrou em
• redução drástica de massa e volume a ser des- operação em 1968.
cartado: a taxa de redução média em massa é de
70% e de volume, 90%, diminuindo o volume desti-
nado para aterro; Estes equipamentos foram empregados priori-
tariamente como incineradores de RSS, sem dispor
• recuperação de energia: parte da energia conti-
da nos resíduos pode ser recuperada para geração de sistemas de aproveitamento energético. Como
de energia elétrica e/ou vapor d’água o projeto destes incineradores foi obsoleto e ante-
• redução do impacto ambiental: com as novas rior às atuais legislações ambientais, os sistemas de
tecnologias de limpeza de gases de combustão, os limpeza de gases existentes nestas instalações eram
níveis de emissão de poluentes podem ficar abaixo muito elementares, restringindo-se a sistemas pri-
dos observados em processos de combustão con-
vencionais, bem como contribuir para a minimização mários de coleta de material particulado, sem ca-
do efeito estufa devido à combustão de materiais de pacidade de retenção de material particulado mais
fontes renováveis (papéis, restos de alimentos e de fino, gases ácidos e metais voláteis.
produtos de origem vegetal) e à redução na emissão
de gás metano e contaminação de lençóis freáticos
observado em aterros;
Inaugurado em 1968, o Incinerador Municipal
Vergueiro foi planejado para incinerar lixo domésti-
• esterilização dos resíduos: a incineração destrói
bactérias e vírus presente nos resíduos devido às ele-
co. Em 1977, a CETESB lacrou os incineradores que
vadas temperaturas atingidas no interior dos incine- funcionavam junto a hospitais na cidade de São Pulo
radores, sendo amplamente utilizada no tratamento por questões técnicas. Os resíduos desses hospitais
de RSS; foram encaminhados ao Incinerador de Pinheiros
• destoxicação: empregando boas técnicas de com- (ativo até 1990), ao Incinerador da Ponte Pequena
bustão, produtos orgânicos tóxicos, como óleo as- (ativo até 1997) e ao Incinerador Vergueiro (ativo
carel e produtos aromáticos, podem ser destruídos,
razão pela qual a incineração é amplamente utilizada até 2002). Ao longo dos anos foram desativados os
para o tratamento de resíduos industriais e descon- incineradores municipais no interior do Estado. Os
taminação de solos contendo produtos químicos or- municípios passaram a destinar os resíduos a aterros
gânicos e tóxicos.
e ao incinerador Vergueiro.
197
L I X O M U N I C I P A L
2.1.2 Planejamento de uma unidade Os resíduos sólidos tratados neste item de incine-
de incineração ração se restringem aos resíduos municipais (RSM) e
os resíduos de serviço de saúde (RSS).
Um planejamento estratégico a longo prazo é
essencial para se implantar uma usina de incinera-
ção com sucesso. Os responsáveis pelas decisões 2.1.3.1 Resíduos Sólidos Municipais (RSM)
precisam lidar com uma variedade muito grande de
questões de natureza política, econômica, técnica e A composição dos RSM apresenta uma grande
social, tais como: variação de acordo com o nível de desenvolvimento
do país, observando-se conteúdo energético maior
• encontrar um local para a instalação da uni- e umidade menor nos resíduos de países desenvolvi-
dade que fique próximo ao centro de geração dos. A influência do nível socioeconômico na com-
de resíduos e que conte com infraestrutura posição do RSM também se observa numa mesma
adequada. A proximidade de pólos industriais localidade, como constatado na pesquisa realizada
consumidores de vapor para aquecimento ou na cidade de São Paulo3. Observou-se que os re-
de redes de distribuição de energia elétrica é síduos domésticos de bairros com poder aquisiti-
interessante, pois a venda de utilidades gera- vo menor apresentam teores de material orgânico
das na unidade pode reduzir significativamen- maiores, constituído principalmente por restos de
te o custo de incineração; alimentos, de baixo conteúdo energético. Os bairros
• definir quem assume a propriedade e as res- com poder aquisitivo mais elevado apresentam por-
ponsabilidades decorrentes, incluindo os ris- centagens maiores de papéis e plásticos, de elevado
cos ligados à instalação. Nos EUA, muitas usi- conteúdo energético.
nas são de propriedade privada;
A determinação da composição e conteúdo ener-
• seleção e coordenação de um fornecedor do gético do resíduo a ser incinerado é de fundamen-
incinerador com longa experiência e que ofe- tal importância para o dimensionamento correto da
reça garantias operacionais; unidade de incineração e do sistema de limpeza de
• contrato para incineração de resíduos com a gases. Existem relatos de ocorrência de subdimensio-
Prefeitura, definindo claramente os aspectos namento de unidades nos EUA, provocado pela ele-
quanto à garantia de fornecimento, caracte- vação do conteúdo energético do RSM ao longo do
rísticas, pagamento, etc.; tempo. Desta forma, no projeto de novas unidades,
deve-se fazer, além de determinações as mais corretas
• contrato de longo prazo para venda de ener- possíveis do conteúdo energético dos resíduos, pro-
gia elétrica e/ou vapor d’água; jeções da evolução deste conteúdo ao longo do tem-
• obtenção de financiamento a taxas compatí- po de vida do equipamento, procurando-se, quando
veis; possível. levar em conta os programas de reciclagem.
• levar em conta programas futuros de recicla- Para uma caracterização do RSM mais próxima
gem de resíduos que podem influenciar no da realidade, deve-se realizar a coleta de uma amos-
volume de resíduos disponível, no seu conte- tra representativa do total de resíduo gerado, de
údo energético e, consequentemente, na ca- acordo com procedimentos normalizados para resí-
pacidade de geração da usina; duos heterogêneos, conforme os descritos na norma
NBR 100074.
198
C A P Í T U L O I V
Fonte: OROFINO6
Notas: 1 – Pronto-socorro, laboratório, administração, etc.
2 – Sólidos voláteis é a diferença entre o total e as cinzas.
199
L I X O M U N I C I P A L
200
C A P Í T U L O I V
Nos incineradores de RSM bruto, o material é ali- mento dos superaquecedores com ligas metálicas
mentado na forma em que chega à usina de incine- resistentes aos gases ácidos como o inconel7. Na sa-
ração. O RSM, depois de pesado, é descarregado em ída desta região, os gases ainda se encontram aque-
um fosso, onde o material inicialmente é revolvido cidos, a cerca de 400°C, e normalmente passam por
por garras suspensas em pontes rolantes para homo- mais uma seção de troca de calor, aquecendo o ar
geneização da carga. Este mesmo dispositivo carre- de combustão.
ga o silo de alimentação de onde o material é des-
carregado, por meio de êmbolos hidráulicos, para Os gases de combustão, então resfriados a cer-
dentro da câmara de combustão do incinerador. ca de 250°C, são enviados para os sistemas de tra-
tamento de gases para remoção de gases ácidos,
A grelha inclinada, do tipo basculante, desloca o material particulado, dioxinas e furanos e metais
resíduo através da câmara de combustão, provocan- pesados eventualmente presentes. Existem diversos
do o seu revolvimento e a sua exposição às regiões sistemas de limpeza de gases em escala comercial,
de alta temperatura. Durante este deslocamento, o alguns dos quais apresentando eficiência de remo-
material vai se aquecendo e passa por secagem, per- ção de poluentes bastante elevada, como descritos
da de compostos orgânicos voláteis, combustão do mais adiante.
resíduo carbonoso, e sai da câmara de combustão,
ao fim da grelha, com uma pequena quantidade Ao fim da grelha, a fração orgânica do RSM deve
de material orgânico ainda presente, na forma de estar quase totalmente consumida, restando uma
carvão. Este tipo de grelha pode operar com mate- fração predominantemente inorgânica, denomina-
riais com granulometrias bastante variadas, o que o da cinza de fundo. Na prática, uma pequena fração
torna bastante adequado à incineração de RSM em orgânica ainda sai com as cinzas na forma de carvão.
estado bruto. Estas cinzas são apagadas em um tanque de água e,
depois de desaguadas, são enviadas para disposição
Cerca de 60% do ar de combustão é introduzido final em aterros.
por baixo da grelha e o restante entra por sobre a car-
ga. O ar injetado, por baixo da grelha, normalmente Os sistemas de limpeza de gases geram um ma-
preaquecido, tem a função de resfriá-la e auxiliar na terial sólido fino, em geral com carga de material tó-
secagem e combustão de RSM. O ar introduzido por xico muito maior que as cinzas de fundo, e que po-
sobre a grelha é injetado em alta velocidade para dem, dependendo da concentração destes produtos
criar uma região de elevada turbulência e promover tóxicos, requerer a disposição em aterros especiais,
a sua mistura com os gases e vapores combustíveis para resíduos de Classe I (ver Capítulo II – Origem e
gerados durante a decomposição térmica do RSM. Composição do Lixo).
A temperatura na região sobre a grelha atinge cerca
de 1200°C, decompondo a maioria dos compostos O vapor gerado pode ser utilizado para geração
orgânicos a CO2 e água. exclusiva de energia elétrica ou energia elétrica e
vapor, este último normalmente empregado para
Os gases de combustão a alta temperatura, ao aquecimento de processos industriais. O sistema de
saírem desta região, trocam calor com as paredes geração simultânea de vapor e energia elétrica é co-
do incinerador e trocadores de calor, gerando vapor, nhecido por cogeração. No primeiro caso, o vapor
que pode ser utilizado para gerar energia elétrica ou gerado é expandido em uma turbina e ao sair é to-
para fins de aquecimento. talmente condensado. Na cogeração, a expansão de
vapor se dá até uma pressão intermediária (normal-
Na combustão de RSM, além do CO2 e água, mente 3 atm) e, ao sair da turbina, é enviado para a
também podem se formar gases extremamente cor- unidade consumidora deste vapor.
rosivos, como: ácido clorídrico, cloro, ácido fluorí-
drico, etc. Desta forma, as tubulações metálicas pró- O condensado gerado pela unidade é retornado
ximas às grelhas têm de ser revestidas com material à usina de incineração e o rendimento energético
refratário e as temperaturas de superaquecimento de uma usina operando em cogeração pode atin-
de vapor têm de se limitar a 420°C. Temperaturas gir 60%8. Este rendimento é bem maior que o de
maiores podem ser atingidas, exigindo o revesti- uma unidade com geração exclusiva de energia elé-
201
L I X O M U N I C I P A L
trica, que atinge cerca de 22%, gerando cerca de o preço de disposição de RSM fique em torno de
600 kWh/t de RSM bruto. Neste cálculo, partiu-se US$ 27,00/t, incluindo a remuneração do capital e
de um RSM com poder calorífico inferior (PCI) em o custo de disposição das cinzas geradas em aterros
torno de 10,5 MJ/kg. Países de clima frio também sanitários, a um custo de US$ 20,00/t. Se o PCI do
podem gerar água quente, no lugar de vapor, para RSM for maior de 7,2 MJ/kg, o custo de incineração
aquecimento residencial e industrial. cai para US$ 25,00/t. Estes valores são próximos do
custo de disposição de RSM via aterro sanitário.
Nos EUA tem se tornado frequente a incineração
de combustível derivado de RSM. Este resíduo, por No caso de se gerar vapor para aquecimento
apresentar dimensões menores e mais uniformes que industrial ou residencial ao invés de gerar energia
o RSM, não precisa ser revolvido para ser incinera- elétrica, o custo de incineração fica ainda menor, de-
do. Desta forma, o projeto da grelha e da câmara vido, principalmente, ao aumento de eficiência do
de combustão é mais simples e se assemelham aos aproveitamento energético e à redução no valor de
de caldeiras a carvão e biomassa, mas necessitam de investimento (não há investimento em sistema de
proteção adicional contra gases corrosivos da mesma geração de energia elétrica). O investimento inicial
forma que os incineradores de RSM na forma bruta. cai para cerca de US$ 73 milhões e, assumindo que
o preço de venda por tonelada de vapor gerado seja
de US$ 13,40/t (base de cálculo: óleo combustível
• Custos de incineração e investimentos em a US$ 192,50/t), o custo de incineração para RSM
incineradores a grelha com poder calorífico inferior (PCI) de 6,3 MJ/kg fica
em torno de US$ 12,40/t. Para o PCI maior, o custo
O investimento num incinerador a grelha com cai ainda mais, chegando a US$ 9,40/t, cerca de 2
geração de energia elétrica e sistema de limpeza de vezes menor que o custo em aterros sanitários.
gases varia de acordo com sua capacidade, segundo
o esquema do Quadro 1. O custo de incineração do Deve-se observar que a viabilidade da geração
RSM, por sua vez, além de depender da capacidade de vapor para fins de aquecimento depende da
do incinerador, depende também do preço da ener- existência de um consumidor localizado nas proxi-
gia elétrica e do poder calorífico do RSM. Quanto midades da usina de incineração, o que nem sem-
maior o preço de venda da energia elétrica e maior pre é viável. Nos países frios, onde existe o con-
o poder calorífico do RSM, menor é o seu custo de sumo tanto industrial como residencial de vapor e
incineração. água quente, esta alternativa certamente é a mais
imediata e interessante.
Quadro 1 – Investimentos em um incinerador
O poder calorífico do RSM nos EUA tem se eleva-
do ao longo do tempo, passando de 8,8 MJ/kg, em
Investimentos (faixas típicas)
1960, para 10,4 MJ/kg, em 1980, devendo atingir
12,9 MJ/kg em 20009. Este fato tem levado ao sub-
INICIAL (INSTALADO) = US$ 50 mil a 130 mil por tonelada/dia de capacidade dimensionamento de algumas unidades, uma vez
INCINERADORES MENORES
que a capacidade destas unidades é limitada pela
carga térmica. Com a elevação do poder calorífico,
INCINERADORES MAIORES
diminui-se o total de RSM incinerado, reduzindo o
faturamento com a incineração.
Para uma unidade de incineração com capacida- A situação futura do PCI do RSM americano não
de de 1800 t/dia de RSM na cidade de São Paulo, o está clara, pois, com a implantação de métodos de
que representa cerca de um décimo do total gera- gerenciamento de RSM, existe uma tendência de se
do por dia, com PCI em torno de 6,3 MJ/kg e ge- diminuir a quantidade de papéis, papelões e plásti-
rando energia elétrica a uma eficiência de cerca de cos, reduzindo o PCI. Por outro lado, também há a
18,5%, estima-se que o investimento direto seja cer- tendência de redução nos teores de metais e outros
ca de US$ 90 milhões. Para um preço de venda de inorgânicos, bem como resíduos de jardinagem, o
energia elétrica de US$ 50,00/MWh, calcula-se que que elevaria o PCI.
202
C A P Í T U L O I V
Fonte: USEPA10
Figura 2 – Desenho esquemático de um incinerador de câmeras múltiplas
A título de exemplo, pode-se citar o que ocorre a 200 t/dia. Elas são compostas geralmente por câ-
na cidade de São Paulo (SP), onde se observa no maras revestidas de refratário, como exemplificado
RSM o aumento da presença de certos itens, como, na Figura 2, e podem operar de forma contínua ou
por exemplo, plástico, e a diminuição de outros, descontínua. O RSM é alimentado à primeira câmara
como o de matéria orgânica. O PCI médio obtido por um êmbolo e a carga vai caminhando ao longo
em levantamento envolvendo 10 distritos da cidade de grelhas fixas auxiliado por outros êmbolos, so-
de São Paulo ficou em 8,3 MJ/kg, um pouco acima frendo quedas e revolvimento entre eles. Parte do ar
do PCI utilizado para o cálculo do custo de disposi- é introduzido por baixo das grelhas e a quantidade
ção de RSM apresentado anteriormente3. injetada normalmente fica bem abaixo do estequio-
métrico, sendo suficiente para manter temperaturas
• Prazo de implantação de uma unidade de cerca de 600°C na primeira câmara.
de incineração de grande porte
Esta técnica auxilia no controle da combustão e
O tempo necessário para implantar uma unidade minimiza a emissão de material particulado (arrasta
de incineração do porte de 1800 t/dia de RSM pode pouco material sólido da primeira câmara). O resí-
levar de 5 a 8 anos: 2 a 3 para a definição do local, duo sólido vai se consumindo e ao fim da primeira
obtenção da permissão e execução do projeto e 3 a câmara as cinzas são descarregadas e apagadas em
5 para a sua construção. tanques de água. Os gases não queimados vão para
a segunda câmara, onde são misturados com os ga-
2.1.4.2 Incineradores de câmaras múltiplas ses de um queimador auxiliar. Estes gases devem
entrar em alta velocidade para provocar turbulência
Os incineradores de câmaras múltiplas são pe- elevada na segunda câmara e, consequentemente,
quenas unidades de incineração de resíduos sólidos garantir uma boa mistura destes gases com os da
no estado bruto, com capacidade variando de 0,2 primeira câmara.
203
L I X O M U N I C I P A L
Os teores de oxigênio também devem ser eleva- incineradores de câmaras múltiplas sem sistemas de
dos para garantir a combustão dos compostos não limpeza de gases eficientes, mesmo quando operados
queimados na primeira câmara. Os excessos de ar com boas técnicas de combustão, têm ficado muito
ficam em torno de 100 a 200% e as temperaturas acima dos padrões de emissão, razão pela qual mui-
em torno de 1200°C. Ao final da segunda câmara tos deles ou têm sido reformados para a instalação de
pode-se colocar dispositivos de recuperação de ca- sistemas de limpeza de gases mais eficientes ou sim-
lor, sendo os mais comuns geradores de vapor e de plesmente colocados fora de operação. Deve-se lem-
água quente. Devido às baixas pressões de vapor ge- brar que, quando eles não são operados com boas
rados e aos custos elevados de unidades de geração técnicas de combustão, outros poluentes, além dos
de energia elétrica, estes tipos de equipamentos não citados, podem ser emitidos, como material particu-
são utilizados para geração de potência. lado, monóxido de carbono, dioxinas e furanos, etc.
As unidades de menor capacidade (até 1 t/dia)
operam em geral de forma descontínua, com ali- Os custos de incineração de resíduos nestes equi-
mentação manual, sobre uma grelha única, fixa. pamentos tendem a ser maiores do que os de inci-
Nestas unidades, em geral, não é feita a recupera- neradores de maior capacidade, apesar dos investi-
ção de energia e a descarga de cinza ocorre somente mentos iniciais serem bem menores.
após o término do ciclo de incineração, que dura
geralmente 10 horas. Devido à sua simplicidade de Prática comum em incineradores modernos pro-
construção e de operação, e sua pequena capaci- jetados para incinerar RSM e dotados de sistemas efi-
dade, estes incineradores foram amplamente utiliza- cientes de limpeza de gases têm sido incinerar RSS em
dos para a incineração de RSS em todo o mundo. conjunto com RSM. Testes realizados no Canadá indi-
No entanto, como explicado anteriormente, certos caram um ligeiro aumento nos níveis de emissão de
poluentes, como os gases ácidos (HCl, Cl2 e SO2) alguns poluentes nos gases, mas estes ainda perma-
e outros poluentes voláteis (mercúrio, cádmio, sais neceram dentro dos padrões de emissões locais. Esta
clorados de metais, etc.), não podem ser eliminados parece ser uma alternativa interessante à incineração
somente pela adoção de boas técnicas de combus- exclusiva de RSS, pois um dos itens que mais encarece
tão nestes incineradores. os sistemas de incineração de pequeno e médio porte
é o de limpeza de gases, já incorporado no projeto de
Desta forma, as emissões destes compostos nos grandes unidades de incineração de RSM11.
204
C A P Í T U L O I V
2.1.4.3 Incineradores de leito fluidizado podem estar na forma sólida ou gasosa, são queima-
dos na região superior do leito de areia, conhecido
Sistemas de combustão e gaseificação em leito como freeboard. Esta região funciona como um pós-
fluidizado vêm sendo empregados nos últimos 60 queimador, com função semelhante à da segunda
anos, tendo sido inicialmente desenvolvidos para a câmara do incinerador de múltiplas câmaras. Nesta
gaseificação de carvão mineral na Alemanha. Des- região injeta-se ar secundário com elevada turbulên-
de então, esta tecnologia vem sendo aplicada em cia para a combustão dos orgânicos não queimados,
indústrias petroquímicas, de geração de potência elevando a temperatura destes gases até cerca de
e, mais recentemente, para incineração de resíduos 900°C. A relação de ar secundário para ar primário
municipais e industriais, principalmente no Japão. geralmente é de 2/1. A temperatura no leito, a fim
de evitar problemas de fusão e aglomeração de par-
A capacidade destes incineradores se situa entre tículas de areia, é mantida em torno de 600°C. Os
o de grelha e o de câmaras múltiplas, com dimen- tempos de residência nestes equipamentos são bas-
sões variando de 3 a 15 metros de diâmetro e 10 a tante elevados, ficando em torno de 10 segundos.
15 metros de altura.
Os gases, após o freeboard, são enviados para os
Nestes equipamentos, conhecidos como leito sistemas de recuperação de energia e tratamento de
fluidizado borbulhante, um material fino inerte, nor- gases. Nestes equipamentos pode-se fazer ainda um
malmente areia, é mantido em suspensão por uma pré-tratamento dos gases pela adição de calcário ou
corrente de ar injetada na base do leito, chamado dolomita ao leito. Estes compostos reagem com boa
de ar de fluidização, como indicado no esquema da parte dos gases ácidos formados a partir da com-
Figura 3. Este leito se comporta como um líquido bustão de resíduos sólidos, formando sais, como o
e, no início de operação, ele é aquecido por quei- sulfato de cálcio e o cloreto de cálcio, que podem
madores auxiliares localizados acima do leito. Quan- ser removidos com os inertes do leito ou descargas
do a temperatura atinge cerca de 400°C, inicia-se de fundo. Esta adição alivia o sistema de limpeza de
a alimentação de resíduo sólido, que pode ser feita gases, mas a sua presença continua sendo necessária.
acima ou dentro do leito. A agitação no interior do
leito, por ser muito intensa, distribui o resíduo sóli- Estes incineradores também podem ser utilizados
do de maneira uniforme por todo o leito. As partí- para incinerar resíduos líquidos, pastosos e gasosos,
culas de resíduo sólido alimentadas trocam calor de razão pela qual têm sido muito utilizados para a in-
forma intensa com a areia, que constitui cerca de cineração de lodo de esgoto.
95% em massa do leito, e se aquece, seca e entra em
combustão rapidamente. Atingida a temperatura de Estas unidades apresentam algumas desvanta-
operação, em torno de 600°C, desliga- se os quei- gens, como a necessidade de um beneficiamento
madores auxiliares. A partir daí, a operação consiste prévio do resíduo, principalmente dimensional (par-
em alimentar continuamente o resíduo, retirando tículas de no máximo 2,5 cm), reposição constante
sempre a cinza gerada. de inertes, devido ao desgaste das partículas no lei-
to, e uma dificuldade operacional maior.
As cinzas do resíduo sólido são arrastadas e cole-
tadas nos sistemas de limpeza de gases ou são remo-
vidas pela base do leito, por descargas programadas. 2.1.5 Origem e formação dos poluentes
Materiais de elevada densidade como os metais ten- encontrados nos gases de combustão
dem a se acumular no fundo do leito, sendo removi- em um incinerador e seus efeitos
dos juntamente com descargas periódicas de fundo. à saúde
205
L I X O M U N I C I P A L
foram desenvolvidos, podem liberar ou formar com- Lama do sistema de tratamento de efluentes Sólida
ponentes poluentes em processo de incineração. Óxidos de enxofre (SO2 e SO3) Gasosa
Óxidos de nitrogênio (NOx) Gasosa
Gasosa
2.1.5.2 Processo de incineração e geração Metais tóxicos
e sólida
de poluentes Compostos orgânicos tóxicos Gasosa
Ácido clorídrico Gasosa
O processo de incineração ideal deveria gerar ape-
nas 3 produtos: dióxido de carbono (CO2), água e Ácido fluorídrico Gasosa
cinzas. Os dois primeiros são os produtos da combus- Cloro Gasosa
tão completa do material orgânico presente em resí-
duos sólidos com o oxigênio do ar, e o último é de-
corrente da presença de materiais não-combustíveis. 2.1.5.3 Formação dos poluentes em um
sistema de incineração
Porém, devido à presença de alguns elementos
nos resíduos sólidos, pode-se formar ou volatilizar • Poluentes no estado sólido e líquido
compostos, como óxidos de enxofre, óxidos de ni-
trogênio, ácido clorídrico, cloretos metálicos, etc., As unidades de incineração, em geral, geram três
que, se lançados diretamente para a atmosfera, cau- tipos de resíduos sólidos: cinzas de fundo ou de gre-
sam a poluição atmosférica. No caso de ocorrerem lha, cinzas volantes, também conhecidas como ma-
problemas operacionais no incinerador, podem-se terial particulado, e lamas da estação de tratamento
formar outros poluentes, como monóxido de carbo- das águas do sistema de limpeza dos gases.
no, fuligem, dioxinas, etc.
Estes resíduos sólidos gerados nas unidades de
O processo de incineração, em geral, apresenta incineração podem ser reaproveitados, antes do en-
cinco pontos de geração de poluentes: cinzas de vio à disposição final, reciclando-se parte dos com-
fundo, cinzas volantes que são arrastadas junto com postos contidos neles. Em algumas situações, por
os gases, água de limpeza dos gases, lamas do trata- exemplo, os metais contidos nas cinzas ou nas lamas
mento das águas e os próprios gases. Note-se que, podem ser recuperados e reutilizados como matéria-
ao se prevenir a poluição de um meio físico (ar, água -prima para outros processos.
e solo), sempre se estará transferindo esta poluição
Todos os resíduos sólidos gerados em unidades
para outro, ou seja, ao limpar os gases para prevenir
de incineração devem sempre ser caracterizados e
a poluição atmosférica, estar-se-á gerando efluentes
classificados quanto à sua periculosidade, conforme
líquidos e sólidos que, se não controlados, provo-
a norma NBR 1000413, antes de sua disposição final
cam a poluição das águas e do solo.
ou reaproveitamento. Cuidados adicionais devem
O Quadro 2 apresenta os principais poluentes ser tomados em unidades de incineração de RSM
gerados em uma unidade de incineração e a fase em com recuperação de energia, as quais normalmente
que normalmente se encontra. utilizam leitos de carvão ativado ou pulverizado para
o abatimento das emissões de compostos orgânicos
não queimados e metais voláteis. Estes leitos retêm
metais, dioxinas e furanos, eventualmente forma-
dos, e, desta forma, devem ser classificados como
resíduos perigosos e segregados, dispostos ou trata-
dos de forma adequada.
206
C A P Í T U L O I V
207
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c) Gases sulfurosos
e) Óxidos de nitrogênio (NO e NO2)
O enxofre (S) contido no resíduo sólido na for-
ma orgânica, normalmente presente em artefatos de Estes óxidos, que recebem a denominação geral
borracha, se converte a dióxido e trióxido de enxofre de NOx, são gases que têm participação significa-
(SO2 e SO3) na câmara de combustão. Estes gases, tiva na poluição atmosférica, sendo um dos princi-
em regiões de baixa temperatura, podem formar so- pais responsáveis pela formação de névoas escuras
luções ácidas com água, de forma semelhante ao que (smog) observadas no período de inverno sobre as
ocorre com o HCl, e provocar corrosão em superfícies grandes metrópoles, durante as inversões térmicas,
metálicas no interior do incinerador. Estes gases, uma e pela formação de ozônio ao nível do solo.
208
C A P Í T U L O I V
Estes compostos são formados principalmente por 2. Eles são formados durante o processo de in-
processos de combustão e a sua emissão aumenta cineração devido à presença, em resíduos só-
quanto maior o teor de nitrogênio presente no com- lidos, de compostos que são precursores de
bustível. Outro fator que interfere na formação destes dioxinas e furanos, tais como ascarel, PVC,
gases é a temperatura de combustão. Temperatu- etc.
ras elevadas, acima de 1000ºC, tendem a favorecer
a sua formação. Desta forma, uma condição para a 3. Eles podem ser formados a partir das reações
minimização de formação destes gases no interior de entre compostos contendo cloro, carbono e
equipamentos de combustão, baixas temperaturas, é oxigênio no interior do incinerador. Estas rea-
contraditória com a de outros poluentes, como o CO, ções são favorecidas pela presença de alguns
voláteis orgânicos não queimados e material particu- metais e normalmente ocorrem em tempera-
lado. Para estes últimos, em geral, quanto maior a turas entre 200 e 600°C.
temperatura, menores são as taxas de emissão.
Vários estudos têm sido conduzidos com o obje-
Os teores de nitrogênio presentes no resíduo só- tivo de clarear os mecanismos de formação das dio-
lido geralmente são baixos e a taxa de formação de xinas e furanos. Alguns deles têm demonstrado que
NOx, em incineradores, não tem sido maior que as as dioxinas e os furanos podem deixar o processo
observadas em equipamentos de combustão de com- de incineração com as cinzas volantes e nos gases
bustíveis fósseis. No entanto, os limites de emissão de chaminé. As quantidades de dioxinas e furanos
destes gases, nos países mais desenvolvidos, têm se formadas em processo de incineração, em geral,
tornado cada vez mais restritivos, obrigando a intro- são mínimas, da ordem de algumas partes por bi-
dução de sistemas de destruição destes gases, um de- lhão (ppb). Porém, dada a alta toxicidade destes
les conhecido como redução seletiva não catalítica. compostos, sua emissão, mesmo que em concen-
trações abaixo dos níveis legais, deve ser evitada.
Neste sistema injeta-se uma pequena quantidade A Tabela 3 apresenta os padrões de emissão de po-
de amônia (NH3) na corrente gasosa, antes do sis- luentes, entre os quais, dioxinas e furanos, exigi-
tema de limpeza de gases. convertendo o NOx em dos pela Companhia de Tecnologia e Saneamento
nitrogênio e água. Sistemas deste tipo apresentam Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) para
eficiência de redução na faixa de 40%7. No Brasil, incineradores de RSS.
equipamentos de combustão em geral, incluindo in-
cineradores de resíduo sólido, não têm um limite de Como pode ser visto na Tabela 3, os padrões de
emissão estabelecido para estes gases. emissão para dioxinas e furanos são extremamente
baixos, e para a sua determinação são utilizadas meto-
dologias e instrumentação extremamente sofisticadas.
f) Dioxinas e furanos
1. As dioxinas e os furanos já estão presentes no Neste Manual serão tratados somente os efeitos
resíduo e o processo de incineração, por pro- causados por alguns compostos gerados no pro-
blemas operacionais, como baixas temperatu- cesso de incineração de resíduos sólidos sobre o
ras (menores que 800°C), não os destroem. ser humano.
209
L I X O M U N I C I P A L
Tabela 3 – Padrões de emissão de poluentes para incineradores de RSS no Estado de São Paulo
Os principais efeitos adversos que os compostos A principal via de contaminação do ser humano
metálicos podem causar à saúde humana, quando por estes compostos é pela ingestão de alimentos
emitidos para a atmosfera acima de certos níveis ou contaminados.
dispostos de forma inadequada, se devem ao seu
potencial cancerígeno e sua toxicidade. O Quadro 3 A contaminação dos alimentos pode ocorrer de
apresenta a relação dos metais potencialmente can- várias formas, sendo a absorção das dioxinas e fura-
cerígenos e os tóxicos não-cancerígenos. nos pelas plantas a principal, que uma vez utilizadas
como alimento introduzem os poluentes na cadeia
alimentar.
Quadro 3 – Efeitos dos metais nos seres humanos No que se refere ao efeito das dioxinas e furanos
sobre a saúde pública, vários estudos têm sido fei-
Tóxico Não- tos em animais, com o objetivo de elucidar os seus
Elemento Cancerígeno
Cancerígeno efeitos toxicológicos, cancerígenos e reprodutivos;
Arsênio (Ar) Sim - porém, apesar de alguns trabalhos publicados pela
Cádmio (Cd) Sim - comunidade científica indicarem que os efeitos cau-
Cromo (Cr) Sim - sados nos animais são altamente prejudiciais, pes-
quisas mais detalhadas continuam sendo realizadas
Berílio (Be) Sim -
com a finalidade de delimitar estes efeitos nos seres
Antimônio (Sb) Não Sim
humanos.
Bário (Ba) Não Sim
Chumbo (Pb) Não Sim Do ponto de vista da saúde pública, apesar das
Mercúrio (Hg) Não Sim incertezas existentes sobre os efeitos destes compos-
Prata (Ag) Não Sim
tos nos seres humanos e sua intensidade, deve-se
assumir que tais compostos são altamente tóxicos e
Tálio (Tl) Não Sim
prejudiciais aos seres humanos.
Selênio (Se) Não Sim
Níquel (Ni) Não Sim
210
C A P Í T U L O I V
211
L I X O M U N I C I P A L
e reutilizados como matéria-prima em outros pro- res de temperatura e concentração de oxigênio nos
cessos (ver Capítulo IV – Processamento do Lixo – gases, os teores de compostos orgânicos voláteis nos
Parte 8: Reciclagem de Outros Materiais). gases são minimizados e a formação das dioxinas e
dos furanos é fortemente inibida, mesmo com a pre-
Outro material que pode levar à formação de sença de materiais que favoreçam a sua formação.
poluente, caso não sejam empregadas as boas prá-
ticas de combustão, são os plásticos com cloro em Uma terceira estratégia de controle de emissões,
sua composição, que geram ácido clorídrico (HCl) e e que deve ser utilizada em conjunto com as anterio-
gás cloro (Cl2) que, em conjunto com más práticas res, consiste na instalação de sistemas de limpeza de
de combustão, podem levar à geração de dioxinas gases, os quais reduzem as emissões dos poluentes
e furanos. gerados a níveis que atendam, no mínimo, os pa-
drões legais exigidos pelos órgãos ambientais.
Uma segunda estratégia de controle é a utiliza-
ção das boas práticas de combustão. A combustão Na Tabela 4 é apresentado um resumo dos efei-
completa de materiais combustíveis requer sistema tos das estratégias utilizadas para o controle de po-
de monitoração e controle de excesso do ar, do tem- luentes em processos de incineração.
po de residência do material e dos gases na câmara
de combustão, da temperatura de combustão, do
treinamento de operadores, da manutenção dos 2.1.6.1 Sistemas de limpeza de gases
equipamentos, etc.
Os sistemas de limpeza de gases ou de controle
A utilização de boas práticas de combustão leva à de poluição atmosférica utilizados em processo de
minimização na geração de alguns poluentes, prin- incineração de resíduos sólidos são compostos prin-
cipalmente dos provenientes da combustão incom- cipalmente por lavagem e filtragem.
pleta do material orgânico existente nos resíduos
sólidos, como fuligem, CO e compostos orgânicos Como exemplo de sistema de controle de polui-
voláteis. No entanto, a utilização de boas práticas de ção típico, pode-se citar um sistema onde os gases
combustão não tem nenhum efeito sobre a forma- que saem da câmara de combustão do incinerador
ção de poluentes como HCl, SO2, HF, sais de metais passam pelo lavador seco ou úmido para a retirada
pesados, etc. de gases ácidos como HCl, HF, SO2 e, em seguida,
por filtros de tecidos onde ficam retidas as partículas
Outro resultado da utilização de boas práticas finas e só então são lançados para a atmosfera pela
de combustão está na minimização da formação chaminé.
das dioxinas e dos furanos. Mantidas as condições
operacionais do incinerador em determinados valo- Além dos dispositivos de controle acima, atual-
Fonte: USEPA10
C = apresenta algum tipo de controle, porém não é projetado especificamente para controle deste tipo de poluente.
212
C A P Í T U L O I V
mente as plantas de incineração com recuperação temperatura dos gases “limpos” acima da tempe-
de energia utilizam um leito de carvão ativado ou ratura de vaporização da água. Esta vaporização é
pulverizado para a retenção das dioxinas e dos fura- necessária para que não haja entupimento dos filtros
nos, compostos orgânicos voláteis não queimados e de tecido por gotículas de água.
metais pesados.
213
L I X O M U N I C I P A L
ácidos, são colocadas substâncias químicas na água de gases ácidos e material particulado, estes necessi-
de lavagem, como hidróxido de sódio, carbonato de tam de grandes volumes de água, que demandam,
sódio ou cal/calcário, etc. que reagem com os gases por sua vez, algum tipo de tratamento antes de se-
ácidos. Normalmente, o produto desta reação fica rem lançados nos corpos d’água.
disperso na água e posteriormente é retirado na es-
tação de tratamento de efluentes líquidos.
• Lavadores secos e semiúmidos
Os lavadores do tipo torre de sprays também são
usados para o controle de material particulado e Os lavadores a seco são utilizados para a remoção
gases ácidos, mas apresentam baixa eficiência para de gases ácidos (SO2, HCl, HF, etc.) e alguns vapores
partículas muito finas. Devido a isto, estes lavadores de compostos orgânicos e metais. A principal dife-
são indicados como pré-coletores de material parti- rença com os lavadores úmidos está na quantidade
culado nos incineradores do tipo câmaras múltiplas, de água empregada.
que geram quantidades significativas de partículas
grandes. Normalmente, os lavadores a seco utilizam
substâncias químicas denominadas sorbentes nas
O abatimento das emissões dos gases ácidos pe- formas de pós finamente divididos ou de soluções
los lavadores tipo torre de sprays é feito da mesma aquosas, injetados na corrente gasosa na forma de
forma que nos lavadores Venturi, empregando-se spray. Estes compostos reagem com os gases áci-
também soluções aquosas de hidróxido de sódio, dos, neutralizando-os. O produto da reação entre
carbonato de sódio, cal/calcário, etc. o sorbente e os gases ácidos é um sólido seco que,
juntamente com o sorbente não-reagido, é capta-
É importante ressaltar que, apesar dos lavadores do nos dispositivos de controle de material particu-
de gases serem altamente eficientes para o controle lado (filtros).
214
C A P Í T U L O I V
215
L I X O M U N I C I P A L
vidro, nylon e poliéster. As características do gás de- A eficiência de captação de poluentes por um
finem o material a ser utilizado como elemento fil- filtro eletrostático pode ser superior a 99,95% e,
trante em função da sua resistência à temperatura, a desde que bem projetado e operado, não há limites
ataques químicos, à abrasão e custos. mínimos quanto ao tamanho das partículas a serem
coletadas.
No caso de incineração, onde os gases de exaus-
tão podem conter HCl ou outros gases ácidos, os Os filtros eletrostáticos também apresentam ou-
quais podem condensar na forma de solução aquo- tras vantagens, como baixo custo operacional, fácil
sa, o material do filtro também deve ser resistente ao manutenção, operam com gases a altas temperatu-
ataque de soluções ácidas. ras, vida útil longa, etc.
Uma vantagem adicional do uso de filtros de te- Como desvantagens, eles apresentam custo de
cido está na possibilidade do material depositado na investimento inicial alto, exigências de segurança,
superfície do elemento filtrante atuar como um leito devido à alta voltagem ou presença de gases com-
adicional de absorção de gases ácidos, aumentando bustíveis, quedas na eficiência quando o processo
a eficiência do sistema. sofre muitas variações operacionais. Além disso, al-
guns trabalhos científicos16 têm desaconselhado a
utilização dos filtros eletrostáticos em unidade de
• Filtros eletrostáticos incineração devido à possibilidade da formação de
dioxinas e furanos no seu interior quando da passa-
Os filtros eletrostáticos são equipamentos utiliza- gem dos gases.
dos para a captação de partículas sólidas e líquidas.
216
C A P Í T U L O I V
217
L I X O M U N I C I P A L
tarem na faixa de partes por milhão (ppm), alguns cado. Eles podem ser do tipo rotâmetros, placas de
analisadores descontínuos (aparelho de Orsat e Fyri- orifícios, hidrômetros, etc.
te) não são indicados para a monitoração de CO.
Como no caso da monitoração das pressões dos
lavadores, a vazão do líquido de lavagem não tem,
• Opacidade dos gases de combustão por parte dos órgãos ambientais, exigência legal,
porém é um indicador de eficiência do sistema de
A monitoração da opacidade dos gases de com- limpeza e de eventuais problemas na unidade.
bustão também é um indicativo da eficiência do
processo de combustão ou, no caso de existir siste-
ma de limpeza de gases, da eficiência destes. • Temperatura na entrada do filtro de tecidos
Para a medição da opacidade são utilizados ins- Em unidades que possuem sistema de filtragem
trumentos conhecidos como opacímetros, cujas de gases que utilizam tecidos como meio filtrante, a
leituras estão relacionadas com a quantidade de monitoração e o controle da temperatura dos gases
material existente nos gases emitidos. Este tipo de na entrada do sistema é fundamental para a preser-
instrumento é de custo elevado e a sua utilização vação do material do tecido, tanto contra tempe-
requer cuidados especiais na sua instalação e manu- raturas elevadas como contra temperaturas muito
tenção, o que restringe a sua utilização. baixas, que podem favorecer a condensação de
umidade e gases.
Do ponto de vista legal, independente do porte
das instalações, os órgãos ambientais não têm exigi- Este parâmetro é monitorado visando apenas as
do ainda a monitoração deste parâmetro. condições operacionais do equipamento, pois não
há exigência legal por parte dos órgãos ambientais.
A vazão do líquido de lavagem pode ser medida A Constituição promulgada em 5/10/88, em seu
por meio de vários instrumentos disponíveis no mer- artigo 23, atribui competências comuns à União, Es-
218
C A P Í T U L O I V
tados, Distrito Federal e Municípios para proteger o atividade de acordo com as especificações constan-
meio ambiente e controlar a poluição entre outras tes dos planos, programas e projetos aprovados,
matérias, cabendo à União estabelecer normas gerais incluindo as medidas de controle ambiental e de-
e aos Estados, normas suplementares ou, ainda, ela- mais condicionantes da qual constituem o motivo
borar normas inexistentes em nível Federal. No que determinante”.
se refere aos Municípios, estes poderão complemen-
tar normas Federais e Estaduais ou elaborar normas
adicionais desde que a matéria seja de interesse local • Licença de Operação (LO)
(Art. 30 da Constituição). Na existência de conflitos
entre as normas Federais, Estaduais e Municipais, pre- “Autoriza a operação da atividade ou empreen-
valecerá aquela que for a mais restritiva, não impor- dimento, após a verificação do efetivo cumprimento
tando a instância governamental que a editou. do que consta das licenças anteriores, com as medi-
das de controle ambiental e condicionantes deter-
Para o caso da instalação de unidade de incine- minados para a operação”.
ração de resíduos, a Resolução CONAMA 237/97,
no seu artigo 3º, parágrafo único, atribui ao órgão No caso de incineração, a licença de operação
ambiental competente a decisão sobre a exigência está condicionada à realização de um teste de quei-
ou não do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório ma. Neste teste, a operação do equipamento é mo-
de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) ou outros estu- nitorada por um período determinado e acompa-
dos ambientais pertinentes. A definição pelo órgão nhada por técnicos do órgão ambiental local para
ambiental da necessidade ou não da realização de a verificação do atendimento às exigências legais ou
um EIA/RIMA é fundamentada na análise do local às exigências impostas pelo órgão ambiental compe-
onde o empreendimento será construído, do porte tente, que constem das licenças anteriores (LP e LI).
do empreendimento, da tecnologia que será utili- Previamente ao teste de queima, o interessado deve
zada, etc. preparar um plano do teste para ser apresentado ao
órgão ambiental competente para a sua aprovação.
A dispensa ou a obrigatoriedade da apresentação
de um EIA/RIMA de um empreendimento não de- O plano do teste de queima é uma descrição de-
sobriga o empreendedor da obtenção das licenças talhada do conjunto de operações que serão exe-
ambientais disciplinadas pela Lei Federal 6.938, de cutadas durante o teste onde devem constar, por
31/8/81, e alterada pela Lei 7.804/89 e regulamen- exemplo, o tipo de resíduo que será incinerado, as
tada pelo Decreto Federal 99.274/90 e pela Resolu- condições operacionais do equipamento durante o
ção CONAMA 237/97. teste, quais e quantas coletas de amostras de po-
luentes e de resíduo serão realizadas, etc.
A Resolução CONAMA 237/97 institui a obriga-
toriedade da obtenção de três licenças ambientais No Estado de São Paulo, a Companhia de Tec-
descritas a seguir. nologia de Saneamento Ambiental (CETESB) possui
uma instrução normativa, nº E 15011 de fevereiro
de 199717, que fixa as condições mínimas exigíveis
• Licença Prévia (LP) para a aceitação de um sistema de incineração de
RSS. Esta instrução normativa auxilia na elaboração
“Concedida na fase preliminar do planejamento do plano de queima para este tipo de resíduo. Ainda
de empreendimento ou atividade aprovando sua lo- no Estado de São Paulo, a Resolução de Diretoria da
calização e concepção, atestando a viabilidade am- CETESB nº 007/97/P, de 6/2/9718, fixa padrões de
biental e estabelecendo requisitos básicos e condi- emissão para unidades de incineração de RSS.
cionantes a serem atendidos nas próximas fases de
sua implementação”. Para o caso de incineração de resíduos perigosos,
a norma NBR 1117519 fixa as condições exigíveis de
desempenho do incinerador. Esta norma exclui os
• Licença de Instalação (LI) resíduos classificados como perigosos devido à pato-
genicidade e inflamabilidade.
“Autoriza a instalação do empreendimento ou
219
L I X O M U N I C I P A L
Nestes processos, os RSS, antes da etapa de Existem outros processos de desinfecção de RSS,
aquecimento, passam por um processo de picagem cujos agentes não são térmicos como a desinfecção
para redução de dimensão e de volume e são ume- química, em que se utiliza uma solução química de-
decidos previamente até cerca de 10% em massa. As sinfetante (hipoclorito de sódio), a esterilização por
ondas eletromagnéticas, quer sejam microondas ou gases (óxido de etileno), que por apresentar riscos
de rádio de baixa frequência, aquecem as moléculas elevados, não é muito empregada, e por radiações
de água, que, por sua vez, aquecem toda a massa ionizantes (raio gama e ultravioleta). O raio gama é
de resíduos a temperaturas em torno de 100°C por muito empregado na esterilização de alimentos e o
um tempo determinado, suficiente para desinfetar o ultravioleta, no tratamento de águas residuais.
RSS. Estas unidades são muito compactas, e todos os
gases e ar que entram em contato com os resíduos,
desde o pátio de recepção, passam por processos de 4 ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE
filtragem para eliminação de organismos patogêni- OS PROCESSOS DE TRATAMENTO
cos antes de serem descarregados na atmosfera. O TÉRMICO DE RESÍDUOS
nível de automação é grande, minimizando o conta-
4.1 Tratamento Térmico de RSM
to de operadores com os resíduos.
Diversos processos de tratamento térmico de
O custo de disposição de RSS via estes processos
RSM têm surgido nos últimos anos, envolvendo a
não pode ser levantado, mas por se utilizar de ener-
aplicação de incineração, plasma, pirólise e gaseifi-
gia elétrica como meio de aquecimento, pode-se in-
cação. Destes, somente a incineração se encontra
ferir que o custo operacional seja elevado. O custo
disponível em escala comercial. Os demais processos
de investimento tem ficado em torno de US$ 100
ainda se encontram em fase experimental.
mil/t/dia de RSS.
Os custos de disposição em aterros sanitários
Existem quatro unidades de desinfecção a micro-
tendem a se elevar com o tempo, principalmente
ondas em operação no Brasil, com capacidades va-
nas grandes metrópoles brasileiras, o que provavel-
220
C A P Í T U L O I V
mente tornará a incineração com geração elétrica blemas de disponibilidade de áreas adequadas para
ou vapor d’água em unidades de grande porte eco- aterro sanitário e que estão localizadas majoritaria-
nomicamente mais atraente que o aterro sanitário mente na costa leste americana. Política semelhante
nestes locais. Mundialmente, já se observa uma forte poderia ser adotada no Brasil para incentivar a im-
tendência neste sentido. plantação de incineradores em grandes metrópoles
com problemas de disposição em aterros sanitários.
Outro fator relevante é o quadro atual de gera-
ção de energia elétrica no país, com perspectiva de Em municípios com pequena geração de RSM,
falta de fornecimento provocada pela interrupção aparentemente, a disposição em aterros ainda é a
de investimento governamental no setor. A instala- opção economicamente mais interessante, uma vez
ção de incineradores com geração de energia elé- que o custo de incineração aumenta com a redu-
trica ajudaria a amenizar o quadro apresentado. No ção da capacidade do incinerador. Em certos casos,
caso de geração de vapor d’água, a incineração de porém, como a de municípios limítrofes com eleva-
resíduos reduziria diretamente o consumo de deriva- da densidade populacional, o estabelecimento de
dos de petróleo, item ainda significativo na pauta de consórcio para a construção e operação conjunta de
importações, melhorando o balanço de pagamentos uma unidade de incineração de grande porte pode
do país. se tornar mais interessante que a disposição em ater-
ros sanitários.
Com relação às emissões de poluentes em uni-
dades de incineração, a implantação de sistemas de
controle de emissão mais eficientes e o aumento da 4.2 Tratamento Térmico de RSS
compreensão de como estes poluentes se formam
no interior dos incineradores reduziram significativa- Uma forma imediata de minimizar os problemas
mente os riscos de contaminação do meio ambien- de disposição de RSS é a implantação de programas
te, a ponto das emissões de unidades mais recentes de gerenciamento nas unidades geradoras. Parcela
estarem atingindo níveis de emissão menores do significativa deste material é constituída por resíduos
que unidades de combustão empregando combus- gerados em setores administrativos, de apoio, etc.,
tíveis convencionais. que não apresentam patogenicidade e que pode-
riam ser dispostos como resíduo inerte, reduzindo
Ainda no plano ambiental, partindo do pressu- significativamente a quantidade de RSS gerado e os
posto que as novas unidades de incineração tenham custos de disposição.
incorporado no seu projeto sistemas de limpeza de
gases eficientes, estas tendem a amenizar o proble- Devido ao RSS apresentar teores mais elevados
ma do aquecimento global, conhecido como efeito de metais pesados e produtos clorados do que o
estufa, uma vez que boa parte da fração orgânica do RSM, a geração de poluentes em equipamentos de
RSM, constituído principalmente por restos de ali- incineração também é maior. Por isto, estas unida-
mentos, papéis e restos de plantas, são renováveis, des devem contar com um sistema eficiente de con-
não contribuindo para o aumento da concentração trole de emissão de poluentes, o que torna o custo
de CO2 na atmosfera. Os plásticos, por serem deriva- de disposição via incineração, em geral, maior do
dos de combustíveis fósseis, continuarão contribuin- que o custo via aterros sanitários ou valas sépticas,
do para este aumento. mesmo quando há recuperação de energia.
A implantação de incineradores com geração de O custo de incineração cai com a elevação da ca-
energia elétrica nos EUA teve um grande avanço na pacidade do incinerador, o que pode tornar interes-
década de 80 graças à adoção de política de subsídio sante o estabelecimento de consórcio entre municí-
ao setor, que terminou em 1986 e que possibilitou a pios ou mesmo hospitais próximos para a construção
participação da iniciativa privada na exploração des- e operação conjunta de uma unidade de porte maior,
te mercado. Atualmente, somente nos EUA, existem com recuperação de energia na forma de vapor
centenas de unidades de incineração de RSM geran- d’água ou água quente. Este modo de operação tam-
do energia elétrica (grande parte propriedade pri- bém diminuiria a necessidade de mão-de-obra, que,
vada), a maioria concentrada em regiões com pro- por ser qualificada, é de difícil contratação.
221
L I X O M U N I C I P A L
Outras formas de tratamento do RSS têm sur- tem reduzido significativamente o seu custo de dis-
gido, principalmente a baixas temperaturas, que posição. Como o PCI do RSS é maior do que o PCI do
eliminam o problema de patogenicidade destes re- RSM, a quantidade total de resíduo incinerado tem
síduos, reduzindo simultaneamente o seu volume. de ser diminuída, uma vez que a potência alimenta-
São equipamentos compactos, fáceis de operar, da ao incinerador tem de ser mantida constante. Se
mas apresentam custos de investimento e operacio- esta regra não é obedecida, observa-se um desgaste
nais elevados. acelerado dos componentes internos do incinerador.
Em unidades de incineração que não disponham de
Nas localidades que têm incineradores com siste- sistemas de limpeza eficientes, não se aconselha esta
ma eficiente de limpeza de gases, a tendência tem substituição, uma vez que a emissão de poluentes
sido a incineração conjunta de RSS com RSM, o que pode aumentar significativamente.
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CAPÍTULO IV
PROCESSAMENTO DO LIXO
PARTE 10 – RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE
225
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227
L I X O M U N I C I P A L
Fonte: OROFINO2
228
C A P Í T U L O I V
ença microbiana, estudiosos do assunto não negam dos comuns, mas, em alguns municípios, efetuam
que, em alguns casos, possa existir risco de trans- também a coleta e a disposição dos resíduos dos
missão de enfermidades relacionado a uma possível serviços de saúde. No entanto, são poucos os mu-
relação entre uma pequena parcela do lixo hospita- nicípios brasileiros nos quais observa-se a coleta di-
lar, classificado como infectante, e doença microbia- ferenciada e um gerenciamento satisfatório desses
na. Isto deve-se à possibilidade desta parcela do lixo resíduos, mesmo existindo documentos normativos
abrigar microorganismos patogênicos, tornando-a propondo formas adequadas ao seu gerenciamento.
potencialmente perigosa no caso de contato direto
pelo ser humano. Na prática, verifica-se que não é fácil combinar
ações internas de gerenciamento de resíduos dos es-
A presença temporária de elementos patógenos tabelecimentos geradores com ações municipais de
primários vivos não significa, necessariamente, que disposição final de modo a ter resultados efetivos.
esses resíduos possam transmiti-los, uma vez que o Mesmo dentre aqueles que apresentam coletas di-
acesso ao hospedeiro depende de uma via de trans- ferenciadas do resíduo, segundo tipos e categorias,
missão e de uma porta de entrada, as quais ficam limi- observa-se que a maioria direciona os seus trabalhos
tadas ao contato com lesões cutâneas3. Consequente- apenas a hospitais e centros de saúde da rede pública.
mente, quando os resíduos cortantes ou perfurantes,
especialmente aqueles que contenham sangue, são Em função da inexistência de uma responsabili-
separados das demais frações do lixo hospitalar, a dade legal explícita dos municípios em relação ao
possibilidade de transmissão de agentes infectantes gerenciamento dos resíduos sólidos de saúde e o
deste para o hospedeiro é praticamente nula. desconhecimento dos riscos potenciais, associados
principalmente aos infectantes e aos especiais, na
Resíduos semelhantes aos domésticos também grande maioria dos municípios brasileiros, esses re-
são gerados nas mais variadas unidades de serviços síduos não recebem nenhum tipo de tratamento es-
de saúde, sendo necessário separá-los entre perigo- pecial. Em geral, são coletados juntamente com os
sos e não perigosos, tendo como critérios o risco à resíduos domiciliares e têm o mesmo destino final.
saúde, os pontos de geração, os tipos de tratamento Mesmo aqueles que apresentam propostas e meto-
ou a disposição final que se deve dar a eles. dologias de coleta diferenciada, geralmente direcio-
nam seus trabalhos apenas a hospitais e centros da
rede pública4.
4 GERENCIAMENTO
Quanto ao gerenciamento interno dos resíduos,
Define-se gerenciamento como a escolha de al- este é de responsabilidade de cada estabelecimen-
ternativas em situações que envolvem múltiplas to gerador, sendo controlado pelo setor de saúde.
opções. O gerenciamento dos resíduos dos serviços Porém, este tipo de gerenciamento ainda não é prá-
de saúde é uma atividade complexa, pois envolve tica comum em hospitais, clínicas particulares, far-
tanto o manejo interno dos resíduos pelos estabe- mácias, etc., mesmo sendo esta uma atividade de
lecimentos geradores, como o externo, que é reali- responsabilidade de cada estabelecimento gerador.
zado pelos serviços de limpeza pública municipais. Na maioria dos hospitais, escolas de medicina e ou-
Esta atividade dá-se em função de escolhas de alter- tros produtores de resíduos de saúde, ainda não se
nativas possíveis e/ou mais convenientes de coleta, observam definições precisas, classificação, quanti-
acondicionamento, tratamento, transporte e dis- ficação e análise do potencial de contaminação dos
posição pelos estabelecimentos de saúde e/ou em- resíduos gerados, resultando em um gerenciamento
presas responsáveis pela sua destinação final. Além inadequado. Alguns hospitais têm organizado inter-
dos aspectos de ordem técnico-operacional, outros namente a coleta, porém encontram dificuldades
elementos importantes que precisam ser observados a partir da disposição para a coleta pública, que é
neste gerenciamento são as responsabilidades den- efetuada pelos serviços de limpeza pública de forma
tro do sistema e as formas de controle e avaliação. não diferenciada, na maioria dos casos.
229
L I X O M U N I C I P A L
também alcançar a minimização de resíduos desde mente por todos os funcionários, têm a vantagem
o ponto de origem, que elevaria também a quali- de despertar a consciência das pessoas sobre a pro-
dade e a eficiência dos serviços que proporciona o blemática dos resíduos sólidos8.
estabelecimento de saúde. Um sistema de manejo
organizado desses resíduos, tanto interna como ex- Consiste na coleta diferenciada dos resíduos nos
ternamente aos estabelecimentos de saúde, permi- centros cirúrgicos, unidades de internação, quartos
tirá controlar e reduzir os riscos à saúde associados de pacientes, setor administrativo e cozinha, e a se-
aos resíduos sólidos. paração rigorosa dos resíduos não infectados daque-
les considerados infectantes ou químicos perigosos.
Ênfase especial será dada às tecnologias de trata- • reciclar diretamente alguns resíduos que não
mento, empregadas internamente nos hospitais ou requerem tratamento nem acondicionamen-
externamente, e às várias alternativas de disposição tos prévios.
final existentes para os resíduos sólidos de saúde, de-
A coleta consiste em transferir os resíduos de for-
pendendo da sua classificação. Embora existam tec-
ma segura e rápida das fontes de geração até o lo-
nologias apropriadas para o manejo interno desses
cal destinado para seu armazenamento temporário.
resíduos, estas não vêm sendo adotadas na maioria
Dentro do estabelecimento, essa coleta compreende
dos hospitais do País.
duas etapas: a interna e a externa.
Um dos pré-requisitos ao manejo eficiente, eco-
A coleta interna é aquela realizada dentro da uni-
nômico e seguro dos resíduos de saúde é a classifi-
dade, que consiste no recolhimento do lixo das lixei-
cação adequada dos resíduos, segundo o seu grau
ras ou receptáculos, no fechamento do saco, quan-
de periculosidade, pelo próprio estabelecimento
do for o caso, e no seu transporte até um ponto de
gerador, uma vez que tal procedimento facilitará a
acumulação ou sala de lixo apropriado.
coleta, manuseio e acondicionamento interno do
material5, 6. A coleta externa consiste no recolhimento do lixo
armazenado nos pontos de acumulação internos e
o seu transporte até o local definido para armaze-
5.1 Coleta e Segregação na Origem
namento externo, a partir do qual os resíduos terão
Segregação é uma das operações fundamentais tratamento prévio ou serão diretamente apresenta-
para permitir o cumprimento dos objetivos de um dos à coleta municipal. Alguns resíduos perigosos ou
sistema eficiente de manuseio de resíduos e consiste que apresentam risco elevado demandam um servi-
em separá-los ou selecioná-los apropriadamente se- ço de coleta especial, que geralmente é feito pelas
gundo a classificação adotada. Essa operação deve prefeituras municipais mediante a cobrança de taxas
ser realizada na fonte de geração, condicionada à específicas. Dentre esses resíduos, destacam-se: lotes
prévia capacitação do pessoal de serviço7. A deter- de medicamentos vencidos, produtos químicos, ex-
minação de responsáveis e os procedimentos de plosivos ou inflamáveis, material radioativo, material
separação na origem, a serem seguidos obrigatoria- biológico concentrado, etc.
230
C A P Í T U L O I V
40%
No caso do resíduo especial, a embalagem de-
30%
pende das suas características físico-químicas e pe-
20%
riculosidade.
10%
0%
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
O resíduo comum não contaminado deve ser
embalado em sacos plásticos pretos ou, no caso de
Em vazadouro, em Sob controle, em aterro Outra serem reciclados internamente, materiais como vi-
conjunto com os de terceiros específico
demais resíduos para resíduos especiais dros, plásticos, papel, papelão, metais, etc. podem
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indica-
ser acondicionados em embalagens diferenciadas,
dores Sociais, Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, pág.64. conforme o tipo de material.
Nota: O município pode ter mais de um local para disposição dos re-
síduos sólidos de serviços de saúde sépticos. O acondicionamento adequado dos resíduos na
Figura 1 - Proporção de municípios, por destinação final dos origem possibilita controlar os riscos impostos à saú-
resíduos sólidos de serviços de saúde, segundo as Grandes de e facilitar as operações de coleta, armazenamen-
Regiões - 2008 to externo e transporte, sem prejudicar as operações
normais das atividades do estabelecimento (ver Capí-
tulo III – Acondicionamento e Coleta do Lixo).
Todos os materiais descartados por médicos, en-
fermeiros, técnicos de laboratório, auxiliares, etc.
nas unidades de serviços especializados devem ser 5.3 Armazenamento Interno
classificados e separados em recipientes para cada
tipo de resíduo. Para uma segregação eficiente, O armazenamento interno consiste em selecionar
sugere-se contar com três recipientes distintos de um ambiente apropriado, onde será centralizado o
acondicionamento, um para cada tipo de resíduo acúmulo de resíduos que deverão ser transportados
gerado. Esses recipientes devem ser fáceis de trans- ao local de tratamento, reciclagem ou disposição final.
portar e de limpar e precisam ser herméticos para
evitar exposições desnecessárias. Recomenda-se que Os sacos plásticos brancos que contêm resíduos
sejam sempre complementados com o uso de sacos infectantes devem ser armazenados em locais fecha-
plásticos para efetuar uma embalagem apropriada dos, de preferência em locais distantes da passagem
dos resíduos. de pedestres. Na prática, no entanto, verifica-se que
231
L I X O M U N I C I P A L
em muitos hospitais esses sacos são armazenados no plo de tratamento de resíduos na origem7.
mesmo espaço físico que os sacos que contêm lixo
comum (ver Capítulo III – Acondicionamento e Co- Em caso de interesse, o CEMPRE dispõe de in-
leta do Lixo). formações sobre fornecedores de tecnologias para
tratamento de resíduos de serviços de saúde.
5.4 Transporte
• Tratamento por microondas
O transporte é uma operação que se realiza ge-
ralmente fora do estabelecimento de saúde por en- Corresponde a uma tecnologia de desinfecção
tidades ou empresas especializadas no tratamento em que os resíduos são colocados num contêiner
e disposição final dos resíduos sólidos de saúde. No de carga e descarregados por meio de um guincho
entanto, devido à sua complexidade e magnitude, automático numa tremonha localizada no topo do
alguns estabelecimentos ou hospitais contam com equipamento de desinfecção. Durante a descarga
sistemas de tratamento dentro de suas próprias dos resíduos, o ar interior da tremonha é tratado
instalações. Quando este tratamento é feito inter- com vapor a alta temperatura que, em seguida, é
namente, procedimentos de transporte adequados aspirado e filtrado num hepafiltro com o objetivo
dos resíduos até o local de esterilização e deste até o de eliminar potenciais germes patogênicos. A tre-
local de armazenamento (abrigo externo) devem ser monha dá acesso a um triturador, onde ampolas,
adotados, incluindo treinamento de pessoal, defini- seringas, agulhas hipodérmicas, tubos plásticos e
ção de horários, uso de carros especiais, etc. Da mes- demais materiais são transformados em pequenas
ma forma, devem ser estabelecidos acordos com o partículas irreconhecíveis. O material triturado é
serviço de limpeza pública e/ou privados que efe- automaticamente encaminhado a uma câmara de
tuam a disposição final do resíduo esterilizado para tratamento onde é umedecido com vapor a alta
que a sua coleta seja regular e este não permaneça temperatura e movimentado por uma rosca-sem-
muito tempo no local de armazenamento à espera fim enquanto é submetido a diversas fontes emisso-
de destinação final (ver Capítulo III – Acondiciona- ras de microondas. Com a trituração, sua massa se
mento e Coleta do Lixo). mantém, mas o volume diminui em cerca de 80%.
As microondas desinfetam o material por aqueci-
mento em temperaturas entre 95 e 100°C por cer-
5.5 Tratamento ca de 30 minutos. Atualmente, este sistema de tra-
tamento é fabricado em duas versões – para 100 e
Neste item será dada ênfase especial às tecnolo- 200 kg/h. Esta opção nem sempre é bem vista pela
gias de tratamento e às iniciativas promissoras en- população porque os resíduos, depois de desinfe-
volvendo a utilização de algumas dessas tecnologias tados, são dispostos em aterros sanitários. Sempre
no País (ver Capítulo IV – Processamento do Lixo – pairam dúvidas se elementos viróticos que resistem
Parte 9: Tratamento Térmico). a temperaturas superiores a 100°C não poderão ge-
rar problemas futuros à população.
5.5.1 Tecnologias disponíveis
• Autoclavagem
São várias as tecnologias disponíveis no merca-
do, porém praticamente todas apresentam alguns Refere-se a uma tecnologia já difundida em pa-
inconvenientes, tanto do ponto de vista sanitário/ íses do primeiro mundo e no Brasil, mas que ain-
ambiental quanto do ponto de vista econômico. São da apresenta custos de instalação e de operação
poucos os estabelecimentos de saúde que dispõem elevados. Consiste na aplicação de vapor saturado
de tecnologia para tratar resíduos infectantes ou es- sob pressão superior à atmosférica, com a finalida-
peciais. No entanto, esta prática poderá se genera- de de se obter esterilização. Pode ser efetuada em
lizar à medida que esses estabelecimentos incorpo- autoclave convencional, de exaustão do ar por gra-
rem o gerenciamento interno dos seus resíduos. A vidade, ou em autoclave de alto vácuo, sendo co-
esterilização de amostras infecciosas analisadas nos mumente utilizada para esterilização de materiais,
laboratórios de análises clínicas constitui um exem- tais como: vidrarias, instrumentos cirúrgicos, meios
232
C A P Í T U L O I V
233
L I X O M U N I C I P A L
5.6 Disposição dos Resíduos Sólidos devem sempre ser submetidos a um tratamento pré-
vio correto antes de sua disposição final, para dimi-
A questão da disposição final dos resíduos sólidos nuição dos seus riscos potenciais à saúde humana e
dos serviços de saúde merece destaque prioritário no ao meio ambiente.
que se refere ao saneamento básico. Hospitais e servi-
ços de saúde em geral geram uma enorme quantida- Todo equipamento médico deverá ser descarta-
de de resíduos que requerem disposição adequada. do de acordo com as legislações estaduais e federais
Uma parcela deste resíduo oferece riscos ao ser hu- em vigor.
mano, devendo, portanto, ser armazenada e disposta
de maneira apropriada para proteger tanto as pessoas A disposição de materiais radioativos é extrema-
que a manuseia quanto o meio ambiente. mente controlada e limitada, devendo obedecer às
legislações estaduais e federais em vigor e fiscaliza-
O que geralmente acontece é uma despreocu- ção pela Comissão Nacional de Engenharia Nuclear
pação na disposição de resíduos dessa natureza, (CNEN).
motivada pela falta de informação da população e,
principalmente, dos profissionais que atuam na área Todo despejo biológico radioativo deverá ser ma-
de saúde pública, aumentando, dessa maneira, os nuseado primeiramente como material radioativo.
impactos ambientais, o risco à saúde dos trabalha- Após a realização de testes para verificação de seu
dores envolvidos nesse tipo de serviço e à população potencial de radioatividade, caso não seja enquadra-
que venha a ter contato com esse tipo de resíduo. do como material radioativo, poderá ser manuseado
como resíduo biológico.
A disposição dos resíduos dos serviços de saúde
de forma indiscriminada em lixões a céu aberto, ou Recomenda-se que os resíduos classificados de
próximo a cursos d’água, proporciona a contamina- genéricos e biomédicos sejam dispostos em aterros
ção de mananciais de água potável e a proliferação sanitários controlados, após tratamento prévio, com
de doenças por intermédio de vetores que, ao uti- adicional cuidado em relação aos resíduos de qui-
lizarem os lixões como fonte de alimento, multipli- mioterapia, patológicos e pontiagudos, culturas e
cam-se rapidamente. estoques de agentes infectantes, que são dispostos
de maneira diferenciada. Todo resíduo biomédico
Os catadores constituem um outro grave proble- deve ser segregado dos demais tipos de resíduos no
ma sanitário, pois além de apresentarem um risco seu ponto de origem.
direto à sua própria saúde, os alimentos e os ma-
teriais encontrados por eles podem ser comerciali- Resíduos pontiagudos devem ser dispostos so-
zados como matéria-prima para diversas atividades. mente em recipientes apropriados e corretamente
Em Recife, os moradores da favela próximo ao Li- identificados14.
xão de Peixinhos, denominação dada ao aterro de 5
hectares onde foram depositados cerca de 300 tone- Resíduos de quimioterapia, patológicos, culturas
ladas diárias de lixo pela Prefeitura de Olinda, che- e estoques de agentes infectantes também devem
garam a comer carne humana proveniente de lixo ser dispostos em recipientes apropriados, correta-
hospitalar para atenuar a fome. O lixo hospitalar era mente identificados, seguindo-se as mesmas reco-
depositado a céu aberto junto com o lixo comum. mendações feitas anteriormente para resíduos pon-
tiagudos. A seguir são relacionados os principais
Os resíduos de serviços de saúde transformam-se métodos de disposição para os resíduos provenien-
em lixo comum após passarem por um processo de tes de serviços de saúde existentes no Brasil9.
tratamento adequado, devendo ser identificados e
considerados como tal, não necessitando a sua em-
balagem em sacos plásticos brancos (lixo hospitalar 5.6.1 Céu aberto ou lixões
infectado)13. No entanto, cuidado especial deve ser
Infelizmente, apesar de proporcionar a poluição
dado aos resíduos perfurantes com a finalidade de
e a contaminação de rios e outros reservatórios de
evitar acidentes.
água destinada ao consumo humano e possibilitar a
Os resíduos provenientes dos serviços de saúde proliferação de doenças veiculadas por vetores, este
234
C A P Í T U L O I V
ainda é o método mais utilizado pelos municípios caso alcance mananciais ou fontes de água potável
para disposição dos resíduos de saúde, com o agra- destinadas ao consumo humano. Por esta razão,
vante de que, na maioria das vezes, esses resíduos este método é condenável para a disposição de lixo
são dispostos junto com o lixo comum. de um modo geral.
235
L I X O M U N I C I P A L
• isolar e tornar indevassável o aterro e evitar posição final dos resíduos de serviços de saúde na
incômodos às áreas próximas; ausência de processos de tratamento prévios e ine-
xistência de aterro sanitário próximo. Sua utilização
• manter vias de acesso externas e internas com dependerá da apresentação de fundamentos sólidos
condições de tráfego normal em épocas de justificando essa opção de disposição. Consiste no
chuva; aterramento de resíduos de serviços de saúde não
tratados em valas escavadas no solo, construídas em
• proteger águas superficiais e subterrâneas de local isolado e de acesso limitado, em solo de baixa
contaminações oriundas do aterro; permeabilidade, com lençol freático situado, aproxi-
madamente, a 5 m abaixo da superfície.
• controlar e tratar gases e líquidos resultantes
do processo; Deve-se observar as seguintes precauções e re-
comendações que devem ser tomadas para o em-
• drenar águas de chuva.
prego de valas sépticas como alternativa de disposi-
As normas para disposição de resíduos de servi- ção de resíduos de serviços de saúde em pequenos
ços de saúde em aterros sanitários na cidade de Lima municípios9:
(Peru) sugerem áreas de segurança para distribuição
• dimensionamento de valas apropriadas para
ordenada dos resíduos contaminados e especiais.
receber o volume produzido;
Nesse caso, os resíduos são enterrados diariamen-
te na forma de células acondicionadas com mate- • escolha da área para depósito de acordo com
rial impermeabilizante (argila) com a finalidade de as seguintes características físicas: aspecto ur-
confiná-los. Essas células também possuem drenos banístico, condições hidrográficas, hidrogeo-
para evacuar os líquidos percolados, estando prote- lógicas, climáticas e topográficas, e vegetação;
gidas por cercas de tal forma que não permitam a
presença de pessoal estranho no local18. • distribuição ordenada e compactação dos re-
síduos no interior da vala por equipamento
Os aterros sanitários são a melhor forma de dis- especial com a finalidade de reduzir o volu-
posição para os resíduos de serviços de saúde, uma me inicial, idêntica à metodologia empregada
vez que, segundo eles, esse tipo de resíduo, quan- em aterros sanitários com formação de células
do submetido a um processo de tratamento prévio uniformes;
apropriado, torna-se resíduo comum, devendo ser
processado de acordo com as normas de disposição • após a cobertura do solo, aplicar óxido de cál-
para resíduos urbanos13, 19. cio (CaO – cal virgem) para formação de uma
camada selante e protetora de espessura igual
O ideal seria que os resíduos contaminados e a 1 cm;
especiais, provenientes dos resíduos de serviços de
saúde, fossem dispostos em células de segurança • profundidade do lençol freático superior a 3 m
localizadas no interior do aterro sanitário, somente do fundo da vala durante o período de chuvas;
após o seu correto tratamento, sob rígido controle
e precauções. • impermeabilização do fundo da vala com ar-
gila ou, quando possível, geotêxteis do tipo
No entanto, os aterros sanitários não são indicados usado em aterros sanitários para evitar riscos
como a melhor escolha para a disposição dos resíduos de contaminação do lençol freático;
de serviços de saúde, exceto para resíduos isentos de
qualquer possibilidade de infecção e contaminação20. • afastamento de edifícios, escolas e estabeleci-
mentos de saúde, e isolamento da área com
cercas que possibilitem acesso único de entra-
5.6.5 Valas sépticas da e saída;
Este é um método que, apesar de pouco utiliza- • executar sistema de drenagem de águas su-
do, apresenta-se como uma alternativa para a dis- perficiais no entorno da vala para impedir o
236
C A P Í T U L O I V
contato das águas na massa dos resíduos de- sição com os custos adicionais de coleta e transporte
positados; de lixo, considerando-se as soluções individuais e
regionalizadas.
• controle de erosão e águas de chuva (declivi-
dade da cobertura e vala drenante ao redor);
5.7 Disposição dos Efluentes Líquidos
• monitoração anual por meio de poços para
águas subterrâneas e amostras tomadas nos Os efluentes líquidos dos serviços de saúde cor-
cursos d’água próximos. respondem a materiais e produtos líquidos e pasto-
sos, como sangue, pus, secreções, etc.
237
L I X O M U N I C I P A L
Entretanto, vale ressaltar que a proposição de Os processos de tratamento mais utilizados para
uma solução única para o tratamento desses efluen- redução da elevada carga orgânica e número de mi-
tes é incorreta e praticamente impossível em decor- croorganismos patogênicos presentes nesses efluen-
rência da grande variação de volume e concentração tes aos padrões de emissão estabelecidos pelas le-
de matéria orgânica, agentes infectantes e patogê- gislações estadual e federal são os físico-químicos e
nicos, e outros produtos que causam risco à saúde biológicos ou, ainda, uma combinação desses dois
humana. Em virtude das inúmeras variáveis envolvi- processos.
das, a melhor alternativa é a análise de cada caso,
isoladamente. Dentre os processos físico-químicos pode-se citar
coagulação química e eletrólise, enquanto para os
biológicos destacam-se lagoas de estabilização, la-
A caracterização e a quantificação dos efluentes
goas aeradas, lodos ativados e variações, digestores
líquidos dos serviços de saúde geralmente com-
anaeróbios (RALF – Reator Anaeróbio de Leito Flui-
põem a primeira ação a ser tomada para solucionar
dizado, RAFA – Reator Anaeróbio de Fluxo Ascen-
os problemas relacionados ao seu lançamento, pois
dente, etc.) e decanto-digestores seguidos de filtros
os resultados obtidos servirão de parâmetros para
anaeróbios.
o dimensionamento de projetos menos onerosos
e de comprovada eficiência de estações de trata- O Quadro 2 apresenta uma comparação entre
mento e para adoção de medidas mitigadoras de as diferentes alternativas de tratamento aplicáveis a
impacto ambiental. esses efluentes.
238
C A P Í T U L O I V
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CETESB.
240
CAPÍTULO V
241
L I X O M U N I C I P A L
242
C A P Í T U L O V
1.1 Lixão
1.2 Aterro Controlado
É uma forma inadequada de disposição final de
resíduos sólidos municipais, que se caracteriza pela É uma técnica de disposição de resíduos sólidos
simples descarga sobre o solo, sem medidas de municipais no solo sem causar danos ou riscos à saú-
proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. O de pública e à sua segurança, minimizando os im-
mesmo que descarga de resíduos a céu aberto ou pactos ambientais. Esse método utiliza alguns princí-
vazadouro (Figura 1). pios de engenharia para confinar os resíduos sólidos,
cobrindo-os com uma camada de material inerte na
Os resíduos assim lançados acarretam problemas conclusão de cada jornada de trabalho.
à saúde pública, como proliferação de vetores de do-
enças (moscas, mosquitos, baratas, ratos, etc.), gera- Esta forma de disposição produz poluição, porém
ção de maus odores e, principalmente, poluição do localizada, pois, similarmente ao aterro sanitário, a
Foto: Ivo Milani
Figura 1 – Lixão
243
L I X O M U N I C I P A L
área de disposição é minimizada. Geralmente, não te, geralmente solo, segundo normas operacionais
dispõe de impermeabilização de base (comprome- específicas de modo a evitar danos ou riscos à saú-
tendo a qualidade das águas subterrâneas) nem de de pública e à segurança, minimizando os impactos
sistemas de tratamento do percolado (termo empre- ambientais.
gado para caracterizar a mistura entre o chorume,
produzido pela decomposição do lixo, e a água de Neste Manual, a solução proposta para a disposi-
chuva que percola o aterro) ou do biogás gerado. ção final do lixo é o Aterro Sanitário.
244
C A P Í T U L O V
245
L I X O M U N I C I P A L
Projeto de
Avaliação do O local poderá encerramento e
atual local de continuar sendo remediação
NÃO
disposição de lixo utilizado como área
do município de disposição?
Existe
SIM projeto para
encerramento Projeto de Aterro
do local? Sanitário e investimento
em outras soluções
A vida útil do economicamente viáveis
local se encerra
em menos de SIM SIM
3 anos?
NÃO
Há possibilidade
Identificou-se
de obter
área adequada?
novo local no
Prosseguir operação O local pode
município?
e investir em outras ser considerado um
formas de tratamento aterro sanitário
SIM (NBR-8419/84)?
economicamente viáveis
NÃO NÃO
NÃO
Projeto de adequação
do local de disposição Negociar com outros
e investimentos municípios e investir
em outras soluções em outras soluções
economicamente viáveis economicamente viáveis
ENCERRAMENTO / REMEDIAÇÃO
2.3 Alocação de Recursos
Compreende o processo que objetiva reduzir, o má-
ximo possível, os impactos ambientais negativos cau-
sados pela deposição (ou por término da vida útil do Deve-se ter em mente que todas as alternativas
local) do lixo municipal, considerando-se a decisão de mencionadas no item 2.2 exigirão alocação de re-
encerrar a operação no local, estabilizar e destiná-lo a cursos, tanto para investimentos em estudos de pro-
uma utilização adequada no futuro.
jeto e construção das instalações como para a manu-
tenção das condições projetadas.
ADEQUAÇÃO DE ATERRO EXISTENTE
Assim, na fase de implantação haverão gastos
Trata-se de processo que visa o aperfeiçoamento pro- com estudos preliminares, diagnóstico, inventário,
gressivo de área de disposição de lixo, habilitando-a
à condição mais próxima possível das de um aterro
projetos, instalações e obras de infraestrutura, aqui-
sanitário ao longo de sua vida útil. sição de equipamentos e treinamento de recursos
humanos.
246
Quadro 1 – Critérios utilizados para cálculo do índice de qualidade de aterros de resíduos – IQR
ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS DE RESÍDUOS – IQR
CARACTERÍSTICAS DO LOCAL INFRAESTRUTURA IMPLANTADA CONDIÇÕES OPERACIONAIS
SUBITEM AVALIAÇÃO PESO VALOR SUBITEM AVALIAÇÃO PESO VALOR SUBITEM AVALIAÇÃO PESO VALOR
Capacidade de Adequada 5 Sim 2 Bom 4
Cercamento da área Aspecto geral
suporte de solo Inadequada 0 Não 0 Ruim 0
Proximidade de Longe > 500 m 5 Sim 2 Ocorrência de lixo Não 4
Portaria/Guarita
núcleos habitacionais Próximo 0 Não 0 descoberto Sim 0
Proximidade de Longe > 200 m 3 Impermeabilização de Sim/Desneces. 5 Adequado 4
corpos d’água Próximo 0 base do aterro Não 0 Recobrimento de lixo Inadequado 1
>3m 4 Suficiente 5 Inexistente 0
Profundidade do Drenagem de
1a3m 2 Insuficiente 1 Presença de urubus ou Não 1
lençol freático chorume
0a1m 0 Inexistente 0 gaivotas Sim 0
Baixa 5 Suficiente 4 Presença de moscas em Não 2
Permeabilidade do Drenagem de águas grande quantidade
Média 2 Insuficiente 2 Sim 0
solo pluviais (definitiva)
Alta 0 Inexistente 0 Não 3
Presença de catadores
Suficiente 4 Suficiente 2 Sim 0
Disponibilidade Drenagem de águas
de material para Insuficiente 2 Insuficiente 1 Criação de animais (porcos, Não 3
pluviais (provisória)
recobrimento bois, etc.)
Nenhuma 0 Inexistente 0 Sim 0
Qualidade do material Boa 2 Permanente 5 Descarga de resíduos de Não 3
para recobrimento Trator de esteiras ou serviço de saúde
Ruim 0 Periodicamente 2 Sim 0
compatível
Boas 3 Inexistente 0 Descarga de resíduos Não/Adeq. 4
Condições do sistema
247
viário, trânsito e Regulares 2 Sim 1 industriais Não/Inadeq. 0
Outros equipamentos,
C A P Í T U L O
Funcionamento da
Isolamento visual da Bom 4 Sistema de tratamento Suficiente 5 Regular 1
drenagem pluvial definitiva
vizinhança Ruim 0 do chorume Insuf./Inexist. 0 Inexistente 0
DISPOSIÇÃO FINAL DO LIXO
248
C A P Í T U L O V
4.2 Sequência de Atividades para Adequação Visa a regularização mecânica do material dispos-
do Aterro de Resíduos to, de acordo com a especificação do projeto.
249
L I X O M U N I C I P A L
local, ou importado de outras áreas, e mesmo, em É fundamental que se defina uma frente de traba-
nível emergencial, o lixo já estabilizado como mate- lho pequena e que se adotem medidas para que ela
rial de cobertura. seja obedecida, evitando-se o espalhamento lateral
do lixo.
250
C A P Í T U L O V
251
L I X O M U N I C I P A L
252
C A P Í T U L O V
LIXO COMPACTADO
ESTAÇÃO DE
TRATAMENTO
DE LÍQUIDOS
Figura 8 – Cinturão verde em torno da área de disposição
para evitar a entrada de animais e de pessoas estra- resíduos deverão ser pesados, utilizando-se outra ba-
nhas ao empreendimento (catadores, por exemplo). lança rodoviária disponível no município.
É importante ressaltar que não há oposição à ati- É também conveniente que o resíduo seja inspe-
vidade de recuperação de materiais recicláveis. O en- cionado na entrada do aterro com o objetivo de se
tendimento, porém, é de que isto não deva ocorrer na evitar a entrada de materiais incompatíveis com o
área do aterro, muito menos em sua frente de opera- aterro sanitário (tais como resíduos perigosos, que
ção. Podem ser projetados locais ou programas mini- devem ser dispostos para aterros industriais, mais
mamente estruturados para tais atividades caso haja complexos; ou resíduos inertes, que podem ser dis-
alguma intenção mais consequente a esse respeito. postos em aterros de inertes, mais simplificados).
Outro objetivo desta operação é a determinação da
A frente de trabalho, na área de descarga, deve composição física do lixo recebido.
ser a mínima necessária, devendo receber cobertura
diária de fina camada de solo (não superior a 0,20
m, de modo a não prejudicar a vida útil do aterro). 4.3 Elaboração de Projeto de Adequação
O método de manejo deverá ser definido em pro- Para a consecução dos objetivos descritos nos itens
jeto, em função da área, dos equipamentos disponí- anteriores, é necessária a execução de projetos técni-
veis e do volume diário de resíduos a ser manuseado. cos, dos quais devem constar os critérios estabeleci-
dos para a adequação da área do aterro de resíduos.
Para o controle da disposição, o projeto deve
prever a instalação de balança rodoviária na entrada No item 6 deste Capítulo é discutida a elabo-
do aterro. Onde não for viável esta possibilidade, os ração de projeto de aterros em áreas novas, sendo
253
L I X O M U N I C I P A L
aqui aplicáveis aquelas considerações, porém, com • projeto do tanque de armazenamento de per-
algumas adaptações técnicas e operacionais. colados e sistemas de tratamento associados;
É desejável que se detalhe o projeto de adequa- • projeto de recuperação e/ou queima de biogás;
ção do aterro de resíduos de modo a contemplar os • projeto de monitorização geotécnica e am-
seguintes aspectos: biental, incluindo piezometria, poços de amos-
• projeto de infraestrutura de acesso e circulação; tragem, inclinômetros, marcos superficiais e
controle de vazão de percolado (Figura 10);
• projeto geométrico de conformação das cé-
lulas de lixo com respectivos sistemas de dre- • projeto de obras complementares, incluindo
nagem de biogás, percolados e águas superfi- edificações (escritório, refeitório, vestiário,
ciais; etc.), balança, cercas, defensas e guaritas.
254
C A P Í T U L O V
O recebimento deve ser realizado na portaria do mente, trator com rodas compactadoras). Logo que
aterro sanitário. se tenha concluído a célula e/ou o dia de serviço,
o lixo deverá ser coberto com solo apropriado. O
O caminhão deve ser pesado em balança rodovi- solo para as coberturas (diária, intermediária e final)
ária localizada antes e depois da descarga para se ter pode provir da área de empréstimo ou do material
controle do volume diário/mensal disposto no aterro excedente das operações de corte/escavação das va-
sanitário. las ou rampas, dependendo do método operacional
utilizado no manejo do lixo e das especificações de
A seguir, o caminhão deve ser vistoriado por téc- projeto. A finalidade das coberturas é a de impedir
nico devidamente treinado para inspecionar, classifi- o arraste de materiais pela ação dos ventos, evitar
car o resíduo e direcioná-lo para o local onde deverá catação, evitar proliferação de moscas, roedores e
ser disposto de acordo com o zoneamento definido outros vetores de doença, evitar o aspecto anties-
para o aterro sanitário (Figura 11). tético do lixo exposto, facilitar a movimentação das
máquinas e veículos sobre o aterro, e propiciar o es-
Recomenda-se manter uma área destinada à des-
coamento superficial, dificultando a infiltração das
carga emergencial para épocas de chuvas excessivas
águas precipitadas sobre o aterro.
ou quando, por qualquer motivo, a frente de tra-
balho estiver impedida de ser operada ou acessada.
A execução e manutenção das obras comple-
Na frente em operação, o resíduo deve ser regu- mentares (sistema de drenagem, acessos e outros) e
larizado e compactado por equipamento apropriado a leitura dos instrumentos que compõem o sistema
para o trabalho (trator de esteira ou, preferencial- de monitorização devem ser realizadas de modo a
255
L I X O M U N I C I P A L
se obter o perfeito controle do comportamento do • erosão nas camadas de cobertura de solo (di-
aterro sanitário, a qualquer momento, encaminhan- ária, intermediária e final);
do as manutenções e correções necessárias.
• migração de biogás e percolado para áreas vi-
A manutenção das características de aterro sa- zinhas;
nitário requer estreita obediência às especificações
técnicas do projeto. Adequações ante situações • instabilização de taludes de solo, naturais e/
imprevistas e de manutenção esporádicas não são ou construídos;
raras. Dentre as situações emergenciais possíveis de
ocorrer e que exigirão decisões imediatas podem ser • ocorrência de trincas e deformações excessi-
citadas: vas nas regiões com cobertura final;
256
C A P Í T U L O V
timentos em equipamentos e formação de equipe riscos ao meio ambiente e à saúde pública, mas,
técnica) ou por terceirização dos serviços (com in- fundamentalmente, significa menores gastos com
vestimentos para formação de uma equipe de fisca- preparo, operação e encerramento do aterro. Deste
lização e acompanhamento). modo, escolhendo uma boa área, a Prefeitura estará
prevenindo-se contra os efeitos da poluição dos so-
Independentemente do método operacional los e das águas subterrâneas do seu município, além
adotado, contudo, a frente de trabalho em opera- de eventuais transtornos decorrentes de oposição
ção deve ser a mínima possível, de forma que o lixo popular e elevados custos futuros para operação e
não fique espalhado, prejudicando a compactação, encerramento do local.
o acesso e a cobertura.
Os trabalhos de viabilização exigem, assim, a
O planejamento da execução do aterro deve con- compatibilização de vários fatores, buscando-se o
siderar a construção das drenagens de águas superfi- equilíbrio entre aspectos sociais, alterações no meio
ciais, águas subterrâneas, do percolado e do biogás, ambiente e custos decorrentes das opções anteriores
concomitante à formação das células e camadas. e as inerentes ao empreendimento.
É ideal que seja implementado um sistema de zo- Parte-se de estudos gerais, identificando-se as
neamento na disposição dos diferentes tipos de re- várias áreas potenciais, sendo priorizadas as mais
síduos recebidos no aterro sanitário, especialmente promissoras para estudos de detalhe. São necessá-
quando houver recepção de resíduos de particulares rias, fundamentalmente. três etapas: levantamento
(codisposição). de dados gerais, pré-seleção (escala regional) e es-
tudos para a viabilização de áreas pré-selecionadas
Os efluentes líquidos e gasosos, provenientes da (escala local).
decomposição dos resíduos, devem ser coletados e
submetidos a processos de tratamento adequados às Três aspectos devem ser destacados, antes da dis-
condições do corpo d’água que receberá as emissões. cussão das atividades de viabilização de área e ela-
boração de projeto do aterro sanitário.
As atividades relativas ao encerramento do aterro
sanitário foram discutidas no item 3 deste Capítulo. O primeiro é o caráter não-dissociado das ativida-
des de viabilização de área e de elaboração de pro-
jeto do aterro sanitário. Na metodologia proposta,
5 AVALIAÇÃO DE ÁREAS PARA esta estreita inter-relação estará sempre presente.
INSTALAÇÃO DE ATERROS
SANITÁRIOS Um segundo aspecto é a importância da manu-
tenção da comunicação entre a municipalidade, o
Os estudos para a viabilização compreendem Órgão Estadual de Controle da Poluição Ambiental
uma sequência de atividades para a identificação e a (OECPA) e a população. Mesmo que o município
análise da aptidão de áreas para instalação de ater- tenha segurança dos passos a serem seguidos, isto
ros sanitários. deve acontecer desde as fases iniciais do trabalho
para que, futuramente, não seja necessária a refor-
Muitas vezes, porém, a Prefeitura já dispõe de mulação dos trabalhos efetuados, com consequente
algumas áreas cuja aptidão deseja avaliar (visando aumento de custo e atrasos de cronograma. É essen-
minimizar custos e evitar demoras com desapro- cial que o município se utilize da experiência do OE-
priação, por exemplo). Tratam-se de áreas de sua CPA, agilizando os procedimentos e obtendo uma
propriedade, de áreas de interesse para recuperação solução satisfatória para ambos. Da mesma forma,
(cavas de mineração, áreas de empréstimo, etc.) ou é importante que sejam abertos canais de participa-
locais indicados por estudos anteriores. ção efetiva da população, sobretudo colocando-se o
problema na ótica de planejamento de longo prazo,
Nessa fase, deve-se ter sempre em vista a impor-
evitando-se abordagens particularizadoras.
tância das características dos meios físico, biótico
e socioeconômico da área para instalação do ater- Finalmente, a execução do procedimento descri-
ro sanitário. Uma área adequada significa menores to a seguir não elimina a necessidade de proceder
257
L I X O M U N I C I P A L
13,5% Plástico
2,9% Metais
Fonte: CEMPRE Review 20156
Figura 12 – Composição dos resíduos urbanos
258
C A P Í T U L O V
v v 3
h=3 l=b=2 = p.v A = b 2 + 2bhp
p2 h
sendo:
h = altura da célula (m); �
� �
V = volume de resíduos da célula (m3), igual à geração de lixo (t/dia) dividida pela densidade do lixo compactado
(com valores médios de g em torno de 0,7 t/m3);
p = talude da rampa de trabalho (p = 3);
l = profundidade da célula (m);
b = frente de operação (m);
A = área a ser coberta com terra (m2).
Exemplo de Cálculo
Quantidade de lixo gerada (t/dia)
5,0 10,0 20,0 40,0 80,0 100,0 200,0 300,0
g (t/m ) 3
0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7
P 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0
V (m /dia)
3
7,1 14,3 28,6 57,1 114,3 142,9 285,7 428,6
h (m) 0,9 1,2 1,5 1,9 2,3 2,5 3,2 3,6
b = l (m) 2,8 3,5 4,4 5,6 7,0 7,5 9,5 10,9
A (m2/dia) 23,1 36,7 58,3 92,6 147,0 170,5 270,7 354,7
259
L I X O M U N I C I P A L
São informações sobre as características e ocor- São informações sobre as características e distri-
rência de materiais que compõem o substrato dos buição dos solos na região estudada (Figura 15). Os
terrenos (Figura 14). Os principais aspectos de in- principais aspectos de interesse são os tipos de solo
teresse são: tipos de rocha que ocorrem na região que ocorrem na região e suas características como
(as menos permeáveis são preferíveis), distribuição material de empréstimo (argilas para impermeabi-
das unidades geológico-geotécnicas que compõem lização basal e cobertura final, solos silto-argilosos
o terreno e características estruturais (xistosidade, para cobertura diária e intermediária, areia, etc.).
falhas e fraturas).
Argilito
Arenito
Granito
Xisto
Falha Geológica
Xistosidade
Contato Geológico
Figura 14 – Mapa geológico Escala 1 : 250.000
Latossolo vermelho
Textura argilosa
Solos hidromórficos
Figura 15 – Mapa pedológico Escala 1 : 250.000
260
C A P Í T U L O V
Relevo plano
Planície aluvial
Relevo ondulado
Colinas amplas
Relevo ondulado
Morrotes alongados
Cursos d’água
Rio
261
L I X O M U N I C I P A L
Dizem respeito às informações sobre chuvas, Referem-se às informações sobre as leis ambien-
temperaturas e ventos, de interesse para as es- tais federais, estaduais e municipais e outros condi-
timativas de geração de percolado, dimensiona- cionantes do ponto de vista da legislação (ver Capí-
mento dos sistemas de águas pluviais e dispersão tulo VII – Legislação e Licenciamento Ambiental). No
de gases, poeira, ruído e odores (Figura 18). Os caso de aterros sanitários, os principais aspectos de
principais aspectos de interesse são: regime de interesse são: delimitação das áreas de proteção am-
chuvas e precipitação pluviométrica histórica, biental, áreas de proteção de mananciais, parques,
direção e intensidade dos ventos, evaporação e reservas e áreas tombadas e zoneamento urbano do
evapotranspiração. município (Figura 19).
– média anual –
–– 1300 ––
Curva de isoieta
( = pluviometria)
(mm)
262
C A P Í T U L O V
Estes dados referem-se às informações de cunho A ponderação dos diversos dados considerados e
social e econômico que podem ser traduzidas em a análise integrada destes permitem a identificação
condicionantes para as decisões técnico-políticas de das zonas mais propícias a recepcionar o empreen-
escolha de áreas para instalação de aterros sanitá- dimento, nas quais, por meio de vistorias de campo,
rios. São de interesse aspectos como: uso e ocupa- serão individualizadas as áreas candidatas à instala-
ção dos terrenos (Figura 20), valor da terra, distân- ção do aterro.
cias em relação aos centros atendidos, integração à As informações sobre as áreas pré-selecionadas po-
malha viária, infraestrutura básica e aceitabilidade dem ser dispostas de forma similar à proposta no Qua-
da população e de suas entidades organizadas. dro 2. Estas informações são então comparadas com
Área urbanizada
Loteamento desocupado
Distrito industrial
Chácaras
Reflorestamento
Hortifrutigranjeiros
Movimento de terra
Figura 20 – Mapa de uso e ocupação do solo Escala 1 : 250.000
Quadro 2 – Dados para avaliação de áreas para instalação de aterros sanitários (fase de pré-seleção de áreas)
ÁREAS DISPONÍVEIS
DADOS NECESSÁRIOS
Área 1 Área 2 Área 3
Vida útil
Distância ao centro atendido
Zoneamento ambiental
Zoneamento urbano
Densidade populacional
Uso e ocupação do terreno
Valor da terra
Declive do terreno
Distância aos cursos d’água (córregos, nascentes, etc.)
263
L I X O M U N I C I P A L
aquelas apresentadas no Quadro 3 de modo que se Se, ao contrário, todas as áreas disponíveis forem
possa classificá-las em uma das seguintes categorias: avaliadas como inviáveis, o processo deverá ser re-
visto e re-executado, até que áreas adequadas sejam
- Recomendada: quando a área poderá ser utiliza- obtidas.
da nas condições em que se encontra, atenden-
do às normas vigentes com baixo investimento. Nesta fase, é importante o contato formal com
o OECPA para a avaliação dos resultados prelimina-
- Recomendada com restrições: quando a área po- res e obtenção de orientações específicas quanto à
derá ser utilizada, mas necessita medidas com- instalação do aterro sanitário. Dependendo do con-
plementares de projeto de médio investimento. texto, e a critério do OECPA, poderá ser procedida
investigação detalhada em apenas um local dentre
- Não recomendada: quando não se recomenda as áreas pré-selecionadas.
a utilização da área em função da necessida-
de de medidas complementares de projeto de
alto investimento e/ou devido a restrições am- 5.3 Viabilização das Áreas Pré-Selecionadas
bientais severas.
Nesta fase, são fundamentais os trabalhos de
Caso várias áreas sejam classificadas como Reco- campo, com o detalhamento do levantamento de
mendada ou Recomendada com restrições, sugere- dados do meio físico, com observações de superfície
se sua priorização, sendo executada a próxima etapa e investigações de subsuperfície. Informações dos
em apenas três delas, tendo em vista os custos da- meios biótico e socioeconômico também deverão
queles trabalhos. ser consubstanciadas.
Zoneamento ambiental Áreas sem restrições no zoneamento ambiental Unidades de conservação e correlatas
Vetor de crescimento
Zoneamento urbano Vetor de crescimento mínimo Vetor de crescimento principal
intermediário
Densidade populacional Baixa Média Alta
Uso e ocupação das terras Áreas devolutas ou pouco utilizadas Ocupação intensa
Valor da terra Baixo Médio Alto
Aceitação da população e
de entidades ambientais não Boa Razoável Oposição severa
governamentais
Declive do terreno (%) 3 £ declividade £ 20 20 £ declividade £ 30 Declividade < 3 ou declividade > 30
264
C A P Í T U L O V
As técnicas de investigação do meio físico utili- das existentes no acervo da Prefeitura, outros órgãos
zadas são aquelas tradicionais na Geologia de Enge- e também obtidos de obras executadas nos arredo-
nharia, definidas dentre as seguintes: res, tais como dados de poços tubulares profundos,
dados de sondagens em construções, rodovias, etc.
a) técnicas indiretas: interpretação de fotografias
aéreas e utilização de métodos geofísicos (sís-
Na sequência, é executado o detalhamento de
mica, sondagem elétrica vertical, etc.);
campo, combinando as técnicas de investigação
b) técnicas diretas: execução de sondagens ma- descritas anteriormente de modo a compor o con-
nuais (trados e percussão) ou mecânicas (ro- junto de dados relacionados a seguir.
tativa), ensaios in situ (ensaios de bombea-
mento, de infiltração, etc.) ou em laboratório
(análises físico-químicas da água, granulo- • Dados de infraestrutura
metria, limites de Atterberg, permeabilidade,
compactação dos solos, etc.), vistorias, perfis,
Compreendem as informações sobre a localiza-
contagens, etc.
ção e as condições de acesso das áreas pré-selecio-
O primeiro passo é o levantamento detalhado nadas na etapa anterior em relação ao centro aten-
dos dados de interesse sobre as áreas pré-seleciona- dido (Figura 21).
Cidade
Estrada estadual
pavimentada
Estradas municipais
não pavimentadas
Limite de município
Rio, córrego
Áreas pré-selecionadas
Escala 1 : 200.000
265
L I X O M U N I C I P A L
• Dados geológico-geotécnicos
solo, avaliadas a capacidade de carga e deformabi-
Referem-se à determinação dos parâmetros re- lidade do terreno de fundação, as condições de es-
lacionados ao meio físico (solo e rochas) que per- tabilidade do maciço e adjacências, a suscetibilidade
mitam identificar a melhor área para instalação do do terreno à erosão, e efetuada a caracterização dos
aterro. São efetuadas determinações do perfil geoló- materiais de empréstimo (cobertura e impermeabi-
gico-geotécnico (Figura 22) e da permeabilidade do lização de base).
266
C A P Í T U L O V
• Dados hidrogeológicos
a profundidade do lençol freático, padrão de fluxo
Referem-se à determinação dos parâmetros re- subterrâneo, gradientes hidráulicos subterrâneos
lacionados ao comportamento da água subterrâ- e parâmetros hidráulicos do aquífero, assim como
nea (Figura 23), que permitem subsidiar a escolha a avaliação de amplitude da variação regional do
da área para o aterro sanitário e auxiliar na redu- lençol freático de acordo com as estações do ano,
ção das interferências sobre as águas subterrâneas. qualidade das águas subterrâneas e riscos de conta-
Desse levantamento são obtidos dados referentes minação do aquífero.
267
L I X O M U N I C I P A L
São detalhados os aspectos de uso do solo nos É aconselhável, ainda, que ao final destes pro-
entornos, custos intrínsecos à opção locacional (de- cedimentos se execute uma retroanálise, ou seja,
sapropriação, transporte de lixo e insumos, neces- uma checagem completa para confirmar se a área
sidades de projeto, vida útil, etc.) e analisadas em indicada atende aos critérios propostos (e de outros
detalhe as possíveis repercussões e implicações da que possam ser apresentados dentro do contexto
potencial instalação do empreendimento. ambiental e legal) ou, em caso negativo, se é tecni-
camente possível (por técnicas comprovadas e acei-
tas) e economicamente factível (ao empreendedor)
• Resultados dos estudos para a viabilização a adoção de medidas de projeto para eliminar suas
das áreas pré-selecionadas eventuais deficiências.
A análise e a interpretação das informações cole- Caso nenhuma área satisfaça estas condições, o
tadas determinarão qual das áreas é a tecnicamente processo de seleção deverá ser revisto e re-executado
mais indicada para a instalação do aterro sanitário, até que áreas passíveis de utilização sejam obtidas.
considerando-se os aspectos de legislação, ambien-
tais e financeiros. Definido o local, o Poder Público Municipal po-
derá dar prosseguimento aos procedimentos para o
Basicamente, o que se deseja é identificar, den-
licenciamento ambiental do empreendimento (ver
tre as áreas pré-selecionadas, aquela que melhor
Capítulo VII – Legislação e Licenciamento Ambiental).
possibilite:
a) menor potencial para geração de impactos
ambientais: 6 PROJETO DE ATERRO SANITÁRIO
- estar fora de áreas de restrição ambiental;
EM ÁREAS NOVAS
- aquíferos menos permeáveis; 6.1 Concepção Técnica
- solos mais espessos e menos sujeitos aos pro- O conceito de aterro sanitário deve ser entendido
cessos da dinâmica superficial (erosão, escor- como o local onde o lixo deve ser purificado, mini-
regamentos, colapsos, etc.); mizando o impacto negativo ao meio ambiente. Esta
- declividade apropriada; concepção moderna de aterros sanitários decorre de
aspectos como não-disponibilidade de áreas, aumen-
- menor influência com fauna e flora; to dos volumes e preocupação ambiental crescente.
- menor influência com vizinhança;
Cresce também, sobretudo nos países desenvol-
- distante de habitações, cursos d’água e rede vidos, a tendência de disposição somente do que
de alta tensão. se chama “resíduo último”, ou seja, para os aterros
268
C A P Í T U L O V
sanitários só deverão seguir aqueles resíduos que já 6.1.2 Tratamento por digestão aeróbia
tiveram esgotada sua possibilidade de tratamento,
aproveitamento e reciclagem. A alternativa da digestão aeróbia tem sido apon-
tada como a que traz as maiores vantagens para a
Estas idéias afastam-se da tradicional cobertura decomposição do lixo. Apenas não é usada de uma
do lixo e sua longa digestão anaeróbia, eventual- maneira generalizada devido a seus maiores custos
mente secular, constituindo-se em fonte contínua de diretos, comparada com a anaeróbia.
poluição. Deseja-se tirar do lixo algum proveito, ace-
A desvantagem do processo aeróbio reside na
lerando a sua inertização, minimizando e recuperan-
necessidade de injetar ar no lixo, operando-se sis-
do as áreas de disposição. Assim, busca-se quebrar
temas de controle e bombeamento, com elevados
o ciclo unicamente acumulativo do lixo, que polui o
custos diretos e indiretos.
solo, a água e o ar, e impede o uso futuro mais nobre
das áreas dos aterros sanitários. As vantagens do processo aeróbio sobre o pro-
cesso anaeróbio são ilustradas no Quadro 4.
A concepção do aterro sanitário como local de tra-
tamento requer a avaliação das alternativas e sistemas
disponíveis. Nesse aspecto, pode-se distinguir quatro 6.1.3 Tratamento biológico
linhas principais de tratamento nos aterros sanitários:
digestão anaeróbia, digestão aeróbia, tratamento O tratamento biológico do lixo como forma de
biológico e digestão semianaeróbia (Figura 24). aceleração do processo de decomposição da maté-
ria orgânica tem sido objeto de estudos teóricos e
acadêmicos. Esta alternativa demanda tecnologia de
6.1.1 Tratamento por digestão anaeróbia processo relativamente complexa e controle rigoro-
so em todas as suas fases, necessitando equipe espe-
A digestão anaeróbia pura e simples é conside- cializada para operação.
rada apenas uma forma sanitária de tratamento, já
que a inertização do lixo (término das reações or- O tratamento acelerado do lixo mediante de-
gânicas, alcançando-se o estágio de mineralização) composição biológica em células-reatoras transfor-
poderá demorar dezenas de anos. Esta concepção ma a fração orgânica sólida do material alterado em
tem sido aplicada no Brasil e nos Estados Unidos. líquidos e gases que devem ser coletados e tratados.
269
L I X O M U N I C I P A L
Fatores Vantagens
Percolado Menores níveis de DBO* e DQO**, facilitando tratamentos finais destes líquidos
Formação de gases Não-formação de biogás (CH4)
Estabilização Decomposição mais rápida do lixo
Drenagem de líquidos e gases Melhores condições de drenagem com benefícios para a estabilidade mecânica do aterro
*Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): medida da quantidade de oxigênio consumida pelos microorganismos durante a
oxidação da matéria orgânica presente na água residuária (percolado, no caso). Quanto maior o grau de contaminação, maior a DBO.
**Demanda Química de Oxigênio (DQO): medida da quantidade de oxigênio consumida durante a oxidação química da matéria
orgânica presente na água ou água residuária (percolado, no caso). Em geral, a DQO é maior que a DBO e nem sempre é possível
correlacioná-las.
Ao final, há a possibilidade de reabertura das células como no tratamento biológico. Entretanto, deve-
de lixo, segregação dos compostos orgânicos e des- se estar alerta para a grande diferença de materiais
tinação final dos resíduos (inertes). Assim, o aterro aterrados nesse país (com predomínio de cinzas de
sanitário transforma-se em um local para tratamen- incineração) em relação aos do Brasil. As condições
to, podendo ter, inclusive, seu volume de resíduos de DBO dos nossos percolados podem ensejar col-
minimizados mediante técnicas de separação de re- matação (entupimento por deposição de materiais)
cicláveis e disposição dos inertes em local específico. dos sistemas de drenagem submetidos a entrada de
ar, devendo ser previstas soluções de projeto.
Essa técnica tem sido aplicada na América do
Norte e em alguns países da Europa. No Brasil, os Definindo-se a concepção de tratamento mais
primeiros experimentos em dimensões e condições adequada ao caso em análise (e, obviamente, em
reais de operação foram iniciados na última década acordo com as orientações do OECPA), procede-se
(os resultados destes, porém, não foram positivos). à elaboração do projeto do aterro sanitário para o
local escolhido, definindo-se as diversas instalações,
sistemas e esquemas de operação necessários.
6.1.4 Tratamento por digestão semiaeróbia
Qualquer que seja a concepção adotada, deve-se
Como alternativa às dificuldades apresentadas incluir medidas de proteção ambiental e monitoriza-
pelo processo aeróbio, existe uma corrente tecnoló- ção de maneira a garantir-se as condições da obra
gica que apresenta a concepção de digestão semia- durante as três fases do empreendimento: implanta-
eróbia. Essa concepção procura eliminar as desvan- ção, operação e fechamento.
tagens de implantação e de operação de sistemas
forçados de insufladores de ar no lixo, adotando
diretrizes preventivas de projeto, privilegiando siste- 6.2 Dimensionamento do Aterro Sanitário
mas de drenagem de biogás e de percolados, e a
aeração natural por convecção. O dimensionamento do aterro sanitário depende de:
270
C A P Í T U L O V
A projeção dos volumes futuros deve ser cuida- a construção de aterros, mesmo utilizando-se
dosamente realizada. As pesagens periódicas são a impermeabilizações complementares.
melhor forma de se conhecer as quantidades de lixo
geradas, bem como as suas flutuações decorrentes São características desejáveis para o solo, a ser
das características específicas de cada comunidade. utilizado como camada de impermeabilização de
base do aterro, possuir limite de liquidez (LL) igual
Os resíduos a serem dispostos devem ser de ori- ou superior a 30% e índice de plasticidade igualou
gem predominantemente domiciliar e/ou rejeitos superior a 15%4.
oriundos de tratamento de usina de triagem/com-
postagem.
• Uso futuro da área a aterrar
Os resíduos dos serviços de saúde devem ser in-
No projeto de aterro sanitário deve ser previsto
cinerados (ou tratado por outro processo tecnológi-
o uso futuro da área que será aterrada com resíduos
co aprovado pelo OECPA). Caso tais condições não
sólidos, o qual dependerá da concepção de aterro
existam, poderá ser avaliada, com o OECPA, a alter-
sanitário adotada. As alternativas pobres em trata-
nativa de disposição em valas especialmente proje-
mento, ou com a simples disposição do lixo, defini-
tadas para este fim, instaladas em porção específica
rão comportamentos mecânicos diferenciados para
da área de domínio do aterro sanitário.
as massas de lixo ali depositadas, por longos perío-
dos (em média, de dez a vinte anos após o término
• Características fisiográficas e ambientais da disposição de resíduos no local). Nas situações
em que a degradação é acelerada ou o tratamento
A caracterização fisiográfica e ambiental da área do lixo foi privilegiado, a área disponível estará em
selecionada para disposição é um fator básico para um menor intervalo de tempo e o uso poderá ser
o dimensionamento do aterro sanitário, principal- mais diversificado ou com menores restrições.
mente porque este fator influi diretamente na im-
plantação e no desempenho da operação do em- 6.3 Componentes do Projeto
preendimento. O conteúdo destes estudos foram
apresentados no item 5 deste Capítulo. Os estudos devem ser orientados de maneira a de-
talhar os seguintes itens do projeto: concepção do tra-
Em relação às características geológico-geotécni- tamento dos resíduos, sistema de operação do aterro,
cas, o local onde será implantado o aterro sanitário drenagem de fundação, impermeabilização da base
deverá apresentar solo homogêneo, impermeável e do aterro, cobertura final, drenagem de águas plu-
profundidade do lençol freático tal que não cause viais, drenagem de líquidos percolados, drenagem de
danos ambientais ao meio. A norma NBR 138963 es- biogás, análise de estabilidade dos maciços de terra e
tabelece que: lixo, sistema de tratamento de percolados, sistema de
- idealmente, o local deverá apresentar manto de monitorização e fechamento do aterro.
solo homogêneo de 3,0 m de espessura com
coeficiente de permeabilidade K = 10-6 cm/s; A Figura 25 apresenta os principais constituintes
de um aterro sanitário em rampa.
- poderá ser considerada aceitável uma distân-
cia mínima, entre a base do aterro e a cota
máxima do aquífero freático, igual a 1,5 m, 6.3.1 Sistema de tratamento dos
para um coeficiente de permeabilidade K = resíduos a serem dispostos
5 x 10-5cm/s. Nesse caso, ainda a critério do
OECPA, poderá ser exigida uma impermeabi- O sistema tem a função de orientar a concepção
lização suplementar, visando maior proteção de projeto do aterro sanitário, incorporando alter-
ao aquífero freático; nativas tecnológicas adequadas ao tratamento dos
resíduos sólidos de modo a cumprir sua função sani-
- em áreas com predominância de solos com tária e ambiental. Esse sistema deverá garantir a ma-
coeficiente de permeabilidade menores ou nutenção da qualidade de vida no entorno do aterro
iguais a K = 10-4 cm/s, não é recomendada com mínimas influências para o meio ambiente.
271
L I X O M U N I C I P A L
272
C A P Í T U L O V
Método da vala
Método da rampa
Método da área
273
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274
C A P Í T U L O V
Entre outras características, o sistema de cober- É necessário prever a manutenção desse sistema
tura deverá ser resistente a processos erosivos e ade- de cobertura mesmo após a vida útil do aterro, ga-
quado à futura utilização da área. rantindo suas características de projeto.
A cobertura diária ou intermitente deve ser rea- No caso dos aterros em valas, o material utiliza-
lizada após o término de cada jornada de trabalho, do na cobertura final poderá ser o mesmo material
com uma camada de cerca de 0,20 m de solo. proveniente da escavação das valas (desde que este
atenda aos requisitos técnicos especificados).
A cobertura intermediária é necessária naqueles
locais em que a superfície de disposição ficará inati-
va por períodos mais prolongados (± 1 mês), aguar- 6.3.6 Sistema de drenagem de águas pluviais
dando, por exemplo, a conclusão de um patamar
para início do seguinte. Esse sistema tem a finalidade de interceptar e
desviar o escoamento superficial das águas pluviais
No caso da cobertura final (Figura 27), o uso de durante e após a vida útil do aterro, evitando sua
proteção vegetal é recomendado, procurando-se in- infiltração na massa de resíduo.
tegrar o empreendimento ao meio ambiente local.
A instalação de vegetação sobre a camada de cober- O dimensionamento da rede de drenagem é de-
tura final é ainda importante por aumentar a eva- pendente, principalmente, da vazão a ser drenada. A
potranspiração, diminuindo a quantidade de chuva metodologia utilizada segue a prática usual de dre-
que se infiltra e, consequentemente, a quantidade nagem urbana. Em se tratando de bacias de peque-
de percolado gerada. na área de contribuição (geralmente inferiores a 50
Camada Superficial
Camada de Proteção
Camada Drenante
Camada Impermeável
Camada Coletora de Gás e/ou
Camada de Fundação
275
L I X O M U N I C I P A L
ha), pode ser utilizado o Método Racional, expresso As drenagens definitivas são constituídas pelas
pela equação: canaletas que permanecerão ativas mesmo após o
encerramento das atividades do aterro, devendo
Q=CxixA proteger o aterro durante o tempo necessário para
que a obra seja reincorporada ao ambiente local.
sendo:
276
C A P Í T U L O V
6.3.8 Sistema de drenagem de biogás Os drenos de biogás nos aterros sanitários são
normalmente constituídos por linhas de tubos per-
O sistema de drenagem de biogás (Figura 28) tem a
furados, sobrepostos e envoltos por uma camisa de
função de drenar os gases provenientes da decomposi-
brita (de espessura igual ao diâmetro do tubo utiliza-
ção da matéria orgânica, evitando sua migração através
do), atravessando verticalmente a massa de resídu-
dos meios porosos que constituem o subsolo, podendo
os aterrados, desde a base até a superfície superior,
se acumular em redes de esgoto, fossas, poços e sob
constituindo uma chaminé.
edificações (internas e externas ao aterro sanitário).
A migração do biogás deve ser controlada pela O dimensionamento desses drenos depende da
execução de rede de drenagem adequada, coloca- vazão de biogás a ser drenada; porém, como não
da em pontos determinados do aterro. Esses drenos existem modelos de cálculos comprovados, normal-
atravessam todo o aterro no sentido vertical, desde mente os drenos são construídos de forma empírica,
o sistema de impermeabilização de base até acima prevalecendo o bom senso do projetista.
do topo da camada de cobertura.
No caso de aterros em valas, quando as dimen-
Associados aos drenos verticais, projetam-se dre- sões destas forem significativas, poderão ser exe-
nos horizontais e subverticais que facilitem a drena- cutados drenos centrais e laterais, possibilitando a
gem mais eficiente da massa de lixo. Esses drenos exaustão dos gases. Se as dimensões da vala são pe-
podem ser interligados ao sistema de drenagem de quenas, poderá ser dispensada, a critério do OECPA,
percolados, dependendo da alternativa de solução a construção de sistemas especiais para drenagem
de tratamento adotada para o aterro sanitário. do biogás.
Foto: Arquivo CEMPRE
277
L I X O M U N I C I P A L
A análise da estabilidade dos maciços de terra da Os esforços iniciais devem ser focalizados no sen-
fundação e da massa de lixo disposta no aterro deve tido de evitar a formação de líquidos percolados,
ser efetuada a partir de parâmetros específicos e uti- desde a escolha da área e concepção do projeto até
lizando-se métodos de análise adequados ao tipo e a própria operação do aterro. Entretanto, em função
às condições do local em consideração. Tais estudos de fatores externos, a formação desses líquidos ten-
devem ser conduzidos por técnicos especializados. de a ser inevitável. Deste modo, deverá sempre ser
previsto um sistema de coleta e tratamento dos lí-
A finalidade dessa análise é a obtenção do modelo quidos percolados, não sendo admissível sua descar-
de ruptura desses maciços para se definir a geome- ga em cursos d’água fora dos padrões normalizados.
tria estável do aterro e de seus entornos, adotando-
se critérios de segurança adequados para obras civis. Os processos de tratamento atualmente empre-
São considerados os seguintes aspectos: resistência gados são:
ao cisalhamento, compressibilidade do solo de fun-
• recirculação ou irrigação: consiste na aspersão
dação local (conformação geológico-geotécnica do
e infiltração dos líquidos percolados, visando
solo local), comportamento geomecânico do maci-
a atenuação do seu poder contaminante pe-
ço de lixo (coesão (c), ângulo de atrito interno (j) e
los organismos presentes na massa de lixo;
peso específico do lixo (g), os quais definirão as pro-
priedades de resistência e compressibilidade do lixo • tratamento em lagoas de estabilização: esse
ao longo do tempo), projeto geométrico das células sistema tem fundamento teórico na biodegra-
(altura de lixo e inclinação dos taludes), nível de per- dação da matéria orgânica do percolado pela
colado (estado de saturação) e sua flutuação den- ação de bactérias aeróbias e anaeróbias (Figu-
tro da massa de lixo (pressão neutra e condições de ra 29);
drenagem de biogás e percolado), e composição da • tratamentos químicos: os líquidos de aterros
cobertura final e sua resistência à erosão. Os critérios podem ser tratados por processos envolvendo
de segurança usuais são os mesmos empregados em reações químicas como, por exemplo, neutra-
obras civis (1,0 < fator de segurança £ 1,5). lização, precipitação e oxidação;
Os trabalhos de campo incluem inspeções, pros- • tratamento por filtros biológicos: consiste na
pecções e instrumentação. Com os dados obtidos, descarga contínua ou intermitente de despe-
efetua-se a análise, empregando-se modelos mate- jos poluídos através de um meio biológico ati-
máticos e simulações computacionais. Os métodos vado. Os filtros biológicos podem ser aeróbios
da fatia e da cunha transacional, considerando-se e anaeróbios;
uma falha potencial no equilíbrio limite, têm sido os
• tratamento em estações de tratamento de esgo-
mais empregados atualmente para essa finalidade.
to: os líquidos percolados são encaminhados
Os riscos diretos de ruptura dos taludes de lixo para tratamento juntamente com os esgotos
do aterro sanitário podem vitimar operários e afetar domésticos.
máquinas e equipamentos. Os riscos ambientais as-
Deve ser cuidadosamente avaliada a capacidade da
sociados referem-se à exposição dos resíduos, com
ETE envolvida, tendo-se em conta a elevada DBO do
consequências sanitárias e de poluição localizada.
percolado, comparativamente à do esgoto doméstico.
Análises de estabilidade podem ser efetuadas
utilizando-se métodos convencionais. Entretanto, é O melhor processo e o seu dimensionamento depen-
necessário conceber um projeto conservador, tendo de das características do percolado, e este, da alterna-
em conta o intervalo de variação das propriedades tiva de tratamento dos resíduos adotada para o aterro
sanitário analisado.
do lixo municipal.
278
C A P Í T U L O V
6.3.11 Sistema de tratamento dos gases tante é a necessidade de eliminação das impurezas
corrosivas presentes no biogás, o que muitas vezes
O sistema de tratamento mais usual tem sido a torna o processo economicamente inviável.
queima do biogás proveniente do aterro nos pró-
prios drenos coletores de gases. Porém, esse é um
sistema que ainda requer futuro aporte tecnológico 6.3.12 Sistema de monitorização
para sanar os problemas ambientais que gera, sobre-
tudo em aterros sanitários de médio e grande portes. A monitorização pressupõe o acompanhamento
da evolução de um determinado processo, obtendo-
Muitos projetos visando a exploração do metano se subsídios para a realização de alterações neste. O
de aterros sanitários vêm sendo estabelecidos nas sistema de monitorização tem a função de permitir
últimas décadas em todo o mundo. Os principais a detecção, em estágio inicial, dos impactos am-
problemas nessa área estão relacionados à real ca- bientais negativos causados pelo empreendimento,
pacidade de produção e recuperação, à impossibili- permitindo a implementação de medidas mitigado-
dade de um perfeito controle de parâmetros como ras antes que estes assumam grandes proporções e,
umidade, pH, potencial redox, temperatura, teor de dessa forma, torne-se mais difícil sua correção.
sólidos voláteis, e à presença de substâncias inibido-
ras do processo biológico na massa de lixo, além de O principal sistema de controle ambiental refere-
outros de menor importância. Outro aspecto impor- se ao acompanhamento dos líquidos percolados,
279
L I X O M U N I C I P A L
O sistema de monitorização ambiental consiste em: A menos que o uso futuro esteja em condições de
• controle da qualidade das águas subterrâneas; ser implementado, o local deverá permanecer fecha-
do, com sinalização informando sobre o fechamento
• controle da qualidade das águas superficiais; e fornecendo o endereço do novo local de disposição.
280
C A P Í T U L O V
O uso futuro de locais de aterros sanitários en- - plantas e detalhes do sistema de monitorização;
cerrados deverá harmonizar-se com a ocupação nos
- planta, detalhes e especificações técnicas do
entornos. Grandes construções, sobretudo para mo-
sistema de fechamento.
radias, deverão ser evitadas, utilizando-se o local,
preferivelmente, para áreas de recreação comunitá-
rias (parques e campos para práticas esportivas). • Especificações técnicas
Tal utilização somente deverá ser implementada, As especificações técnicas podem ser considera-
no entanto, se os riscos de colapsos do solo, produ- das como as prescrições para o controle tecnológico
ção de biogás e demais fatores restritivos estiverem na execução dos elementos constituintes do projeto.
definitivamente reduzidos a níveis aceitáveis. Essa A conformidade da execução às especificações téc-
definição deve ser avaliada cuidadosamente. nicas garantirá o desempenho desejado e projetado
para o aterro sanitário.
6.4 Projeto Básico
• Cronograma e planilha de custos
O projeto básico de um aterro sanitário é com-
posto de desenhos e plantas, especificações técni- Deve ser apresentado um cronograma de avanço
cas, custos e cronogramas, memoriais descritivo e dos trabalhos, no qual todas as fases da execução
de cálculo, conforme listados a seguir. estejam evidenciadas. Deve-se proceder da mesma
forma com os custos, que precisam ser apresenta-
dos detalhadamente, considerando-se os custos de
6.4.1 Desenhos e plantas
implantação, operação, manutenção, materiais e
O projeto básico de um aterro sanitário varia de outros custos eventuais.
um local para outro, dependendo das características
intrínsecas destes. No entanto, geralmente, são ne-
• Memoriais descritivo e de cálculo
cessárias as seguintes plantas:
- planta da situação e locação; Apresentam detalhadamente a concepção do
projeto e os cálculos de dimensionamento das di-
- planta baixa (ou vista superior); versas partes das obras, devidamente justificados e
- planta de locação das investigações, ensaios e documentados.
pontos de amostragem;
- planta e detalhes do sistema de drenagem su- 6.5 Orientação para licitação
perficial;
- planta e detalhes do sistema de drenagem de A Prefeitura tem, em geral, duas alternativas bá-
biogás; sicas para a implantação e operação do aterro sani-
tário.
- planta e detalhes do sistema de drenagem de
água subterrânea; Uma primeira abordagem é avaliar se o muni-
cípio dispõe de condições técnicas e recursos eco-
- planta e detalhes do sistema de drenagem de
nômicos, financeiros e humanos que satisfaçam às
percolado;
exigências do projeto de modo que se tenha uma
- planta e detalhes das lagoas de tratamento, adequada operação do sistema de disposição.
tanques, etc.;
Outra alternativa é terceirizar a implantação e
- detalhes da execução das células de lixo; operação do aterro sanitário mediante concorrência
- perfis longitudinais e transversais; pública. A operação de um aterro sanitário deve ser
entendida como a execução de uma obra civil com
- detalhes da área de emergência;
projeto técnico definido e não como atividade de
- detalhes da área administrativa, balança, etc.; prestação de serviços de limpeza pública. No entan-
281
L I X O M U N I C I P A L
BIBLIOGRAFIA
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básicos. São Paulo: Companhia de Tecnologia de Saneamento ABTN. 1997a. Construção de poços de monitoramento e
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13896. São Paulo. 12 p.
282
CAPÍTULO VI
283
L I X O M U N I C I P A L
284
C A P Í T U L O V I
285
L I X O M U N I C I P A L
tanto, o problema do chorume pode começar desde mais rápido o início de operação do aterro,
o transporte, que deve ter mecanismos de coleta e maior o tempo para o início de produção sig-
armazenamento deste líquido para posteriormente nificativa de chorume;
destiná-lo adequadamente.
• quantidade de água infiltrada: quanto maior
Embora o fato acima mereça atenção, os maiores a quantidade de água que se infiltra nas célu-
problemas com a geração descontrolada do choru- las do aterro, menor o tempo para o início de
me manifestam-se no local de sua disposição final. produção significativa de chorume.
Conforme já mencionado no Capítulo V – Dispo- Pode-se dizer que a célula de um aterro funcio-
sição Final do Lixo, quando disposto em um aterro na como um reservatório de líquido, que, enquan-
sanitário, o lixo é confinado em células onde se busca to tiver capacidade de reter umidade, não liberará
minimizar o contato com fontes externas de água. o líquido para as camadas inferiores. A este limite
Mas, mesmo com todo esforço, a produção de cho- superior de água que uma camada de lixo pode
rume é inevitável, pois não é possível o controle total reter, dá-se o nome de capacidade de campo. Esta
sobres todas as fontes de umidade que interagem denominação é derivada daquela que se utiliza
com o resíduo sólido. Estas fontes podem ser: para descrever a capacidade de armazenamento de
água no solo.
• a própria umidade inicial do lixo;
Nenhum ou muito pouco chorume escoa da
• a água gerada no processo de decomposição
massa de resíduo confinada na célula do aterro até
biológica;
que se atinja a capacidade de campo. Esta pequena
• a água da chuva que percola pela camada de produção, anterior à saturação do meio, é principal-
cobertura. mente devida à liberação da umidade inicial do lixo
sujeito à compressão na célula confinada.
Destas três fontes, indubitavelmente o volume
correspondente à última supera em relevância às de- Já aterrada, acentua-se na massa de resíduo a
mais a despeito da camada de cobertura, que deve ação de microorganismos que degradam bioquimi-
ser relativamente impermeável, e do sistema de dre- camente sua parcela orgânica.
nagem superficial, que deve afastar o escoamento
superficial das áreas adjacentes. A decomposição biológica do lixo, por sua vez,
governará a produção de gás e a composição do cho-
A produção do chorume em um aterro sanitário rume, que dependerão, fundamentalmente, da fase
não aparece imediatamente após a disposição do re- em que o processo de decomposição se encontra.
síduo, manifestando-se após um dado período do
início da disposição das primeiras células. De forma geral, o processo de decomposição
do lixo em aterros dá-se em três fases: a primeira
Em estudos realizados em lisímetros (estruturas denomina-se fase aeróbia. Em seguida, vem a fase
constituídas de um reservatório de solo, providas de acetogênica e, por último, a fase metanogênica. Du-
sistema de monitoração de entrada e saída de umi- rante essas fases, a suscetibilidade ao carreamento
dade), que simulavam aterros sanitários2, verificou- ou arraste de substâncias químicas pelo líquido que
-se que este tempo de retardamento dependia de escoa se modifica drasticamente. Este processo de
alguns fatores, tais como: carreamento denomina-se lixiviação. Por meio des-
• umidade inicial do lixo disposto e dos outros se processo, os compostos arrastados do interior da
componentes do aterro: quanto menor o teor massa de resíduo dão origem a chorume com com-
de umidade inicial, maior o tempo para o iní- posição diversa. Ou seja, as reações bioquímicas que
cio de produção significativa de chorume; ocorrem no interior da massa de lixo em decompo-
sição modificam as substâncias, tornando-as mais
• densidade do aterro: quanto maior a densida-
ou menos suscetíveis ao arraste pelo líquido que
de do aterro, maior o tempo para o início de
percola pelo resíduo. Dessa forma, a composição do
produção significativa de chorume;
chorume se altera, dependendo bastante da fase em
• velocidade de utilização do aterro: quanto que se encontra o processo.
286
C A P Í T U L O V I
Logo após a cobertura do aterro, ainda há a pre- Nesta fase dá-se, também, grande formação de
sença de ar e, portanto, de oxigênio, aprisionado no gás carbônico (CO2) e hidrogênio, particularmente
interior da célula confinada. Os microorganismos ae- se a umidade no interior da massa de lixo for baixa.
róbios, ou seja, aqueles que utilizam oxigênio na de-
composição da matéria orgânica, dão inicio à primei- Após a diminuição da quantidade de oxigênio, co-
ra das fases do processo de decomposição do lixo. meçam a predominar microorganismos anaeróbios
facultativos, ou seja, aqueles que preferencialmente
A decomposição aeróbia é relativamente curta. não usam oxigênio na decomposição da matéria or-
Em média, tem a duração de aproximadamente um gânica, podendo, porém, utilizá-lo. Esses microorga-
mês, consumindo rapidamente a quantidade limita- nismos são chamados de bactérias acetogênicas.
da de oxigênio presente.
Estas bactérias primeiramente convertem o ma-
Em aterros rasos, com profundidades inferiores a terial orgânico particulado, como a celulose e outros
3 m, ou quando se garante um suprimento extra de materiais putrescíveis, em compostos dissolvidos
oxigênio, esta fase pode perdurar um tempo maior. num processo denominado hidrólise ou liquefação.
Segue-se a fermentação, que se caracteriza por ser
No decorrer da fase aeróbia, ocorre uma grande li- um processo bioquímico pelo qual as bactérias ob-
beração de calor. A temperatura do aterro sobe acima têm energia pela transformação da matéria orgânica
daquela encontrada no ambiente. O chorume produ- hidrolisada, contudo sem mineralizá-la.
zido nesta fase apresentará elevadas concentrações de
sais de alta solubilidade dissolvidos no líquido resul- Durante esta segunda fase, que pode perdurar
tante. Observa-se, entre outros (QASIM & CHIANG, por alguns anos, são produzidas quantidades con-
1994), a presença do cloreto de sódio (NaCl). sideráveis de compostos orgânicos simples e de alta
solubilidade, principalmente ácidos graxos voláteis,
A elevação da temperatura pode ocasionar, tam- como o ácido acético, e também grandes quanti-
bém, a formação de sais contendo metais, pois mui- dades de nitrogênio amoniacal. Estes ácidos se mis-
tos íons são solúveis em água em temperaturas ele- turam com o líquido que percola pela massa de
vadas. O chumbo (Pb2+), por exemplo, é solúvel em resíduo sólido, fazendo com que seu pH caia para
água quente na forma de cloretos, ao contrário da valores entre 4 e 6. O caráter ácido desta mistura
prata (Ag +) e do mercúrio (Hg +). ajuda na solubilização de materiais inorgânicos, po-
dendo apresentar altas concentrações de ferro, man-
Existem outros íons que podem ser arrastados ganês, zinco, cálcio e magnésio.
pelo líquido que percola pela massa de lixo. Pode-se
exemplificar alguns íons e suas possíveis fontes: Os valores baixos de pH favorecem, também, o
aparecimento de maus odores, com a liberação de
gás sulfídrico (H2S), amônia (NH3) e outros gases
Na+, K+, Ca2+, Mg2+ - Material orgânico, entulhos de causadores de maus odores6.
construção e cascas de ovos
PO43-, NO3-, CO32- - Material orgânico O chorume produzido nesta fase apresenta gran-
Cu , Fe , Sn
2+ 2+ 2+
- Material eletrônico, latas e tampas de quantidade de matéria orgânica. Tem, portanto,
de garrafas alta demanda bioquímica de oxigênio (DBO), valor
Hg2+, Mn2+ - pilhas comuns e alcalinas e lâmpadas usado para indicar a concentração de matéria orgâ-
fluorescentes nica em um dado volume líquido. O chorume, nesta
Ni2+, Cd2+, Pb2+ - Baterias recarregáveis (celular, fase, tem valores de DBO superiores a 10 g/L.
telefone sem fio e automóveis)
Al3+ - Latas descartáveis, utensílios Um outro indicador da quantidade de compos-
domésticos, cosméticos e embalagens tos orgânicos em um líquido é a demanda química
laminadas em geral
de oxigênio (DQO). Dividindo-se o valor da DBO do
Cl-, Br-, Ag+ - Tubos de PVC, negativos de filmes chorume pelo valor da DQO do mesmo, obtêm-se
e raio X
valores relativamente altos, usualmente superiores a
As3+, Sb3+, Crx+ - Embalagens de tintas, vernizes e 0,7. Esses valores denotam que o chorume é relati-
solventes orgânicos
vamente biodegradável.
287
L I X O M U N I C I P A L
Fonte: CHIAN & DEWALLE (1976, 1977) citados por QASIM & CHIANG1
(a) Todos os valores em mg/L, exceto condutividade, que é expressa em
microhm por centímetro, e pH, que não tem unidade.
NOTA: Consultar Lista de Siglas e Abreviaturas.
288
C A P Í T U L O V I
(a) Todos os valores em mg/L, exceto pH e DBO/DQO, que não têm unidade.
Fonte: CHRISTENSEN et al.7
NOTA: Consultar Lista de Siglas e Abreviaturas.
289
L I X O M U N I C I P A L
290
C A P Í T U L O V I
chorume. Nota-se que quando o aterro é compacta- de chorume, pode ser encaminhada para a rede de
do com tratores de esteira, a produção de chorume drenagem de águas pluviais. Logo, o escoamento
varia de 25 a 50% da precipitação. Quando o aterro superficial sobre o solo saturado deve ser a primeira
é compactado com tratores tipo pé de carneiro, a parcela a ser subtraída do total precipitado.
porcentagem de precipitação que se transforma em
A parcela da precipitação que forma o escoamen-
chorume cai para valores entre 15 e 25%.
to superficial pode ser calculada utilizando-se vários
métodos, sendo o mais comum o método racional.
5 ESTIMATIVA DA QUANTIDADE Este método é largamente utilizado em projetos de
DE CHORUME PRODUZIDO sistemas de drenagem urbana. Embora frequente-
UTILIZANDO O BALANÇO HÍDRICO mente criticado, para bacias pequenas e de modera-
da complexidade, este método apresenta resultados
A forma mais adequada de estimar a produção bastante satisfatórios.
de chorume em um aterro sanitário e que deve ser
obrigatoriamente utilizada quando o projeto for de A parcela de água que infiltrou no solo sofre a
maior porte é aquela que se baseia no balanço hídri- ação de forças capilares e da gravidade, prosseguin-
co. Este consiste na soma das parcelas de água que do seu caminho para as camadas inferiores e atin-
entram e na subtração das parcelas que deixam a gindo a massa de resíduo aterrado, umedecendo-a
célula do aterro mensalmente. de cima para baixo, modificando gradativamente o
perfil de umidade no interior da célula.
Como já mencionado anteriormente, dentre as
fontes de umidade que interagem com o lixo, a No tocante ao movimento da água através da
água que entra pela face superior através da percola- massa de resíduo aterrado, pode-se considerar o lixo
ção pela camada de cobertura corresponde à parce- como sendo um solo com características particulares,
la mais relevante. Portanto, conhecer o regime das onde é possível adotar alguns conceitos aplicáveis
chuvas do local de implantação do aterro é condição aos solos. A capacidade de campo, anteriormente
primordial para se iniciar o cálculo do balanço hídri- citada, se constitui num bom exemplo de conceito
co. Preferencialmente, deve-se utilizar dados histó- originado do estudo da infiltração em solos.
ricos mensais da pluviometria obtidos em estações
meteorológicas mais próximas possíveis do local de Cessada a precipitação, o aporte de água na su-
instalação do aterro. perfície pára, findando o processo de infiltração. Po-
rém, isso não implica que a movimentação da água
A precipitação atmosférica no Brasil se dá princi- no interior da célula deixe de existir. O fluxo descen-
palmente em sua forma mais comum, a chuva. Cain- dente de água continua em função da força gravita-
do sobre o solo, a água precipitada segue diferentes cional ou da pressão que a coluna de água infiltrada
caminhos. Como a camada de cobertura é um meio impõe. A este movimento do líquido no interior da
poroso, há infiltração da água que inicialmente atin- célula após o fim da precipitação dá-se o nome de
ge o solo, até o momento que as suas camadas supe- redistribuição interna.
riores se saturem, ou seja, não consigam mais admitir
a entrada de água. A partir deste momento, o exces- Parte da umidade presente no solo de cobertura
so não infiltrado começa a escoar pela superfície. é transferida para a atmosfera por evaporação direta
ou por transpiração dos vegetais. O crescimento de
O escoamento superficial sobre o solo satura- vegetais sobre a cobertura final da célula promove
do é formado inicialmente por pequenos filetes de uma perda de água para a atmosfera por evapo-
água que, por meio da gravidade, escoam para os transpiração (somatória das perdas por evaporação
pontos mais baixos, onde devem ser instalados sis- do solo e por transpiração das plantas) que é supe-
temas de coleta. A água que escoa na superfície rior àquela que se perderia do solo sem cobertura
pode infiltrar novamente se encontrar uma superfí- vegetal. Considerando que é desejável minimizar
cie de solo não saturado. a quantidade de água que se infiltra, recomenda-
se prover as células com uma fina camada de terra
A água que não entrou em contato com o lixo fértil sobre a cobertura final, onde algumas espécies
e, portanto, não se constituiu em fonte formadora vegetais possam se desenvolver.
291
L I X O M U N I C I P A L
Há na literatura várias formulações empíricas e no solo ou, eventualmente, encaminhado para redes
semiempíricas para a estimativa desta parcela que é coletoras de esgoto.
transferida para a atmosfera. Estas equações foram
estabelecidas com base em ajustes das variáveis en- Conforme exposto em item anterior, o pH do
volvidas para algumas regiões e condições específi- chorume varia segundo a fase de decomposição pre-
cas3 e, portanto, devem ser empregadas com bas- dominante. Altas concentrações de DBO e DQO são
tante critério. comuns, e a presença de produtos químicos tóxicos
também. Em virtude de características particulares e
Sempre que possível, deve-se dar preferência a das diferentes idades de deposição dos resíduos sóli-
dados obtidos por medições diretas. Algumas esta- dos, a concentração das diversas substâncias presen-
ções meteorológicas contam com instrumental ade- tes na sua composição varia para cada tipo de aterro
quado para a estimativa da evaporação (tanques de bem como, dentro de um mesmo aterro, para cada
evaporação) ou da evapotranspiração (lisímetros). conjunto de células envolvidas.
Esta parcela de água que vai para a atmosfera na A combinação de vários fatores, que vão desde as
forma de vapor deve ser subtraída da água que infil- altas concentrações de DBO e DQO, superiores 200
trou, mês a mês, pois não resultará na formação de vezes às encontradas em esgotos sanitários, até as
chorume. Esta subtração nem sempre resulta em valor consideráveis variações de vazão em decorrência dos
positivo. Valores negativos são possíveis e significam diferentes índices pluviométricos de cada ano exigem
que em um determinado mês a célula perdeu umida- projetos de tratamento de chorume bastante especí-
de e uma parcela menor de chorume será coletado. ficos. Ou seja, a peculiaridade de cada aterro sanitário
deverá ser cuidadosamente levada em conta.
Porém, se este valor for positivo haverá uma re-
carga desta umidade repondo o que foi perdido nos Não só o projeto e a construção exigem cuida-
períodos mais secos. Persistindo esta situação,como, dos: também a operação dos sistemas de tratamen-
por exemplo, durante a época de chuvas mais inten- to deverá contar com recursos humanos adequados
sas, a capacidade de campo da massa de resíduos às variações próprias de determinado aterro. Infe-
pode ser atingida, momento em que qualquer acrés- lizmente, observa-se, na realidade brasileira, que a
cimo na quantidade de líquido no interior da célula
resultará em aumento da geração de chorume.
Precipitação
Evapotranspiração
Portanto, a metodologia do balanço hídrico para Escoamento
estimativa da produção de chorume é, resumida- superficial
mente, o cômputo, mês a mês, das parcelas apre-
sentadas na figura 1. Camada Infiltração
de cobertura
Armazenamento no solo
Há, no mercado, programas computacionais do-
tados de banco de dados meteorológicos que per-
mitem o cálculo do balanço hídrico. Porém, como Infiltração
esses programas são importados, a aplicação deles
à realidade brasileira fica comprometida face à pro-
vável ausência de dados aplicáveis a essa realidade.
LIXO
6 TRATAMENTO DO CHORUME Armazenamento no lixo
292
C A P Í T U L O V I
293
L I X O M U N I C I P A L
A exemplo do que ocorre com a fase sólida, a O sistema de lodos ativados é capaz de converter
biodegradação do chorume também pode ser fei- a matéria orgânica biodegradável presente no choru-
ta por bactérias aeróbias (necessitam de oxigênio), me em formas inorgânicas mais estáveis ou em massa
bem como por bactérias anaeróbias (não necessitam celular. Esse processo é aeróbio, necessitando de oxi-
de oxigênio). Portanto, no tratamento biológico do gênio que é fornecido por equipamentos que promo-
chorume têm-se dois tipos de processos relativos à vem a aeração do líquido sob tratamento (Figura 2).
presença ou à ausência de oxigênio: aeróbio e ana-
Em sistemas de lodos ativados tradicionais, após
eróbio.
a unidade de sedimentação primária, a maioria do
No processo aeróbio, a matéria orgânica é de- material orgânico em estado coloidal e solúvel é me-
composta gradativamente em produtos mais sim- tabolizado por diversos grupos de microorganismos
ples até chegar ao gás carbônico e à água. Já nos nos tanques de aeração. Esse processo gera, como
processos anaeróbios, os produtos finais da degra- produtos finais, dióxido de carbono, água e nitra-
dação fermentativa são o metano e o gás carbônico. tos, caso haja previsão para nitrificação. Simultane-
amente, uma fração considerável é convertida em
No entanto, o tratamento biológico não provoca massa celular e separada da fase líquida por ação
alterações nem destruição de compostos inorgânicos. da gravidade em decantadores secundários. Grande
Esses compostos podem ser parcialmente removidos parte dessa massa retorna ao tanque de aeração, au-
Decantador
secundário
Tanque de aeração
294
C A P Í T U L O V I
295
L I X O M U N I C I P A L
As lagoas aeradas aeróbias são aquelas em que cargas orgânicas quanto de vazões liquidas;
o nível de potência instalada é suficientemente alto
para introduzir o oxigênio necessário em toda a la- • sedimentação, permitindo que sólidos sedimen-
goa e, também, para impedir a sedimentação dos táveis sejam depositados no fundo da lagoa;
sólidos em suspensão na lagoa.
• estabilização da matéria orgânica presente no
Dependendo do tempo de detenção, o efluente esgoto por bactérias aeróbias na presença de
das lagoas pode conter de 1/3 a 1/4 do valor da oxigênio e por bactérias anaeróbias na ausên-
DBO afluente na forma de material celular, o que cia de oxigênio.
faz com que a eficiência da lagoa aerada aeróbia iso-
ladamente seja baixa. A maior parte destes sólidos Lagoas de estabilização são geralmente classifi-
deve ser removida antes do lançamento final, neces- cadas de acordo com a predominância do processo,
sitando-se de uma unidade de separação de sólidos. seja aeróbio e/ou anaeróbio, pelo qual o material or-
gânico, geralmente expresso em termos do valor da
As lagoas aeradas facultativas são aquelas em DBO, é removido.
que o nível de potência instalada é suficiente para
introduzir na massa líquida o oxigênio necessário ao Lagoas anaeróbias operam com altas cargas or-
processo, porém não é suficiente para impedir a se- gânicas, atuam como uma unidade primária em um
dimentação de boa parcela dos sólidos em suspen- sistema de lagoas e baseiam-se na digestão anae-
são. Em consequência disto, parte dos sólidos em róbia para degradar matéria orgânica. Já nas lago-
suspensão afluentes e parte dos novos sólidos em as facultativas ocorrem os processos anaeróbios e
suspensão produzidos na lagoa pela utilização da aeróbios. As lagoas facultativas operam com cargas
matéria orgânica tendem a se sedimentar nas áreas orgânicas mais baixas que as utilizadas em lagoas
de menor turbulência. Esses sólidos que se sedimen- anaeróbias, permitindo que algas se desenvolvam
taram passam a sofrer digestão anaeróbia no fundo nas camadas mais superficiais, realizando atividade
da lagoa. fotossintética.
Assim sendo, tem-se na lagoa atividade biológica As lagoas de maturação são predominantemen-
em condições anaeróbias em parte dela, e em condi- te aeróbias em virtude da remoção da maior parte
ções aeróbias na sua outra parte. Em vista disso, essas da carga orgânica afluente ao sistema ser efetuada
lagoas recebem o nome de lagoas aeradas facultativas. pelas unidades precedentes que, normalmente, são
lagoas anaeróbia e/ou facultativa. Sua principal fun-
ção é a destruição de organismos patogênicos.
6.3.3 Lagoas de estabilização
Existe um quarto tipo de lagoa, denominada de
A definição mais frequentemente utilizada para alta taxa de degradação. Essas lagoas possuem pe-
lagoas de estabilização é a de que são grandes re- quenas profundidades, que geralmente não ultra-
servatórios de pequena profundidade delimitados passam 0,50 m e são projetadas para tratar esgoto
por diques de terra, nos quais o material orgânico, decantado. Sua principal utilidade é a cultura e a alta
presente nas águas residuárias, é estabilizado por produção de algas.
processos biológicos, portanto naturais, envolvendo
principalmente algas e bactérias. Além de apresen- As lagoas anaeróbias são projetadas para fun-
tarem custo muito baixo e empregarem tecnologia cionar como tratamento primário para chorume ou
muito simples, possuem uma eficiência elevada no outros tipos de águas residuárias com elevadas con-
tratamento de águas residuárias (COSTA, 1992). centrações de matéria orgânica biodegradável e alto
teor de sólidos. A completa falta de oxigênio dissol-
Os mais importantes processos que atuam no vido deve-se às elevadas cargas orgânicas.
tratamento de águas residuárias por lagoas de esta-
bilização são: Estudos mostram que a eficiência do tratamento
de chorume está diretamente ligada à temperatura
• o efeito reservatório que dá à lagoa capaci- do meio líquido. Remoções maiores de 90% da car-
dade para absorver fortes variações tanto de ga orgânica, medida em termos de DBO ou DQO,
296
C A P Í T U L O V I
foram verificadas em chorume detido em condições tração dos raios solares à camada superior da massa
anaeróbias por cerca de 10 a 12 dias com tempe- líquida não permite que as algas se desenvolvam ao
raturas na faixa de 23 a 30° C. Nesse caso, a carga longo de toda a coluna d’água, contribuindo, desse
orgânica era de 1050 g DQO/m3.dia. A remoção de modo, para a predominância de condições anaeró-
matéria orgânica reduziu-se bastante com a tempe- bias nas camadas mais próximas ao fundo.
ratura situada na faixa de 11 a 23° C. Nesse caso,
com uma carga orgânica de 670 g DQO/m3.dia, a Ao longo do dia também é observada uma ele-
eficiência de remoção caiu de 87% à temperatura vação nos valores de pH em uma lagoa, provocada
de 23° C para 22% à temperatura de 11° C, com por uma demanda elevada de dióxido de carbono
períodos de retenção de 12,5 dias. pelas algas durante os períodos de intensa atividade
fotossintética. Dióxido de carbono dissolvido é reti-
Como orientação básica, deve-se considerar que rado da massa líquida na quantidade necessária para
as temperaturas na faixa de 15 a 19° C são consi- o processo.
deradas mínimas para o funcionamento do proces-
so, sendo que, abaixo dessa faixa, a digestão não As lagoas de maturação são geralmente utilizadas
apresentará desempenho satisfatório. Nesses casos, como estágio posterior a lagoas facultativas e têm,
as lagoas atuam mais como simples tanques de sedi- como principal função, a destruição de microorga-
mentação e acumulação de lodos. nismos patogênicos.
Estudos sobre os sistemas de tratamento e veri- Bactérias de origem fecal e vírus morrem rapi-
ficações sobre projetos de tratamento de águas re- damente no que é, para eles, um meio ambiente
siduárias permitem concluir que “o pré-tratamento inóspito. De fato, as lagoas de maturação devem ser
anaeróbio é tão vantajoso que a primeira considera- projetadas principalmente para realizar a remoção
ção em projetos de séries de lagoas deveria sempre de bactérias de origem fecal e vírus uma vez que a
incluir a possibilidade de pré-tratamento anaeróbio”. maior parte da DBO já foi removida nas unidades
precedentes (lagoas facultativas e anaeróbias). Além
Em lagoas facultativas, é possível distinguir zonas disso, as lagoas podem ser projetadas para algumas
de anaerobiose e aerobiose, ou seja, zonas sem a das finalidades descritas abaixo:
presença do oxigênio e zonas com a presença do
gás, respectivamente. As condições de aerobiose • diminuir a concentração de material orgânico
são principalmente mantidas por algas nas camadas biodegradável;
superiores da lagoa. Essas algas se estabelecem nas
lagoas por intermédio de um relacionamento sim- • oxidar a amônia remanescente para nitrato;
biótico entre bactérias aeróbias e facultativas. Este
• diminuir a concentração de sólidos suspensos;
relacionamento é, de fato, um sistema cíclico de
trocas, no qual as bactérias metabolizam a matéria • diminuir a concentração de nutrientes solúveis.
orgânica presente nas águas residuárias, produzin-
do, entre outros compostos, dióxido de carbono, Diversas explicações para sua eficiência na remo-
amônia e fosfatos. As algas utilizam esses compostos ção de patogênicos já foram sugeridas, tais como
inorgânicos para a formação da nova massa celular, a presença de agentes bactericidas, bacteriófagos,
produzida por meio de fotossíntese, liberando oxi- predadores como rotíferos e vários protozoários, ele-
gênio ao final do processo, o qual atua como agente vados valores de pH, deficiência de nutrientes, com-
oxidante, e é utilizado por bactérias aeróbias e fa- petição entre as diversas espécies de organismos,
cultativas na degradação de mais matéria orgânica, variação de temperatura e ação da luz solar.
completando o ciclo.
As lagoas de maturação são geralmente rasas,
As condições de anaerobiose em lagoas facultati- com profundidades variando na faixa de 1,2 a 1,5
vas são mantidas, em parte, pela camada de lodo for- m para manter suas condições aeróbias, mas com a
mada no fundo das lagoas, devido à sedimentação vantagem adicional que a remoção de vírus é indiscu-
de uma parcela da DBO afluente. A profundidade é tivelmente melhor nas lagoas mais rasas do que nas
outro fator de relevância, pois a limitação da pene- lagoas mais profundas. Lagoas de maturação são pre-
297
L I X O M U N I C I P A L
• como são menos turvas que outras lagoas, a 6.3.4 Reator ou digestor anaeróbio
luz solar pode penetrar até o fundo das lago- de fluxo ascendente (RAFA)
as, favorecendo o desenvolvimento de algas e
bactérias cianofíceas que, por meio de ativida- O reator anaeróbio de fluxo ascendente é um sis-
de fotossintética, produzem oxigênio; tema de tratamento anaeróbio de grande potencial
de aplicação no tratamento de chorume. Dezenas
• suas cargas orgânicas são mais baixas que de sistemas em escala real estão em operação no
aquelas aplicadas às lagoas facultativas; por- tratamento de efluentes com alta carga orgânica.
tanto, menos oxigênio é requerido para a de- Dessa forma, a aplicabilidade ao tratamento de cho-
gradação aeróbia da matéria orgânica. rume apresenta-se como alternativa privilegiada,
principalmente devido à pequena área requerida, ao
O número de lagoas de estabilização em série é baixo custo de implantação e à relativa simplicidade
geralmente determinado pelo grau de tratamento de- de operação.
sejado e pelas soluções alternativas de tempos de de-
tenção que permitem ao projetista definir as mais ade- Em termos de processo, o dispositivo mais ca-
quadas combinações quanto ao número de lagoas. racterístico do RAFA é o separador de fases. Este é
colocado no reator e o divide em uma parte inferior
Uma lagoa anaeróbia, seguida de uma facultativa ou zona de digestão, onde há um leito ou, como se
e um número N de lagoas de maturação, tem se costuma designar, uma manta de lodo responsável
tornado a configuração mais usual em projetos de pela digestão anaeróbia, e uma parte superior ou
sistemas de lagoas em série. zona de sedimentação. A água residuária entra pelo
fundo do reator anaeróbio e segue uma trajetória as-
Estudos concluíram que o efluente final de uma
cendente, passando pela zona de digestão, atraves-
série de lagoas apresentava melhor qualidade do
sando uma abertura existente no separador de fases
que um sistema representado por uma única lagoa
e entrando para a zona de sedimentação. Quando a
de mesma área, em virtude de uma série de lagoas
água residuária entra no reator, ocorre a mistura do
se aproximar, no conjunto, a um reator de carga não
material orgânico nela presente com o lodo anaeró-
dispersa, que é comprovadamente mais eficiente do
bio presente na zona de digestão, propiciando então
que um reator de carga totalmente dispersa13.
a digestão anaeróbia, o que resulta na produção de
A possibilidade de combinação de diferentes ti- biogás e no crescimento de lodo.
pos de lagoas permite observar melhor o compor-
O líquido escoa no sentido ascendente e passa
tamento de cada uma em relação ao conjunto, per-
pelas aberturas que existem no separador de fases
mitindo delinear seus campos de atuação com mais
para a parte superior do reator. Devido à forma do
perfeição. Tal arranjo proporciona um aumento na
separador de fases, a área disponível para o esco-
eficiência do conjunto quando comparado a uma
amento ascensional do líquido, na parte superior,
única unidade, principalmente na remoção de orga-
aumenta à medida que o liquido se aproxima da su-
nismos patogênicos existentes nas águas residuárias.
perfície de água. Em consequência, a velocidade do
Essa particularidade torna-se de suma impor- líquido diminui. Desse modo, flocos de lodo, que são
tância, principalmente se for levado em conta o arrastados e passam pelas aberturas no separador de
destino que deve ser dado ao efluente final, e os fases para a parte superior do reator, encontrarão
problemas que esse lançamento poderão acarretar uma zona tranquila. Nessa zona é possível que a ve-
ao corpo receptor. locidade de sedimentação de uma partícula se tor-
298
C A P Í T U L O V I
ne maior que a velocidade de arraste pelo líquido O processo anaeróbio por RAFAs de manta de
numa determinada altura. Nessas condições, a par- lodo apresenta inúmeras vantagens em relação aos
tícula acabará sendo depositada sobre a superfície processos aeróbios convencionais, principalmente
inclinada do separador de fases. Quando uma massa quando aplicado em locais de clima quente, como é
suficientemente grande de sólidos for acumulada, o o caso da maioria dos municípios brasileiros. Nessas
peso aparente desses sólidos se tornará maior que situações, pode-se esperar um sistema com as se-
a força de atrito, de modo que os sólidos deslizam, guintes características principais:
entrando novamente na zona de digestão na parte
• sistema compacto, com baixa demanda de
inferior do reator. Dessa maneira, a presença de uma
área;
zona de sedimentação acima do separador de fases
resulta na retenção do lodo, permitindo a presença • baixo custo de implantação e de operação;
de uma grande massa na zona de digestão, enquan- • baixa produção de lodo;
to se descarrega um efluente substancialmente livre
de sólidos sedimentáveis. • baixo consumo de energia (apenas para a ele-
vatória de chegada quando for o caso);
As bolhas de biogás que se formam na zona de
• eficiência satisfatória de remoção de DBO/
digestão sobem na fase líquida até encontrarem
DQO;
uma interface líquido-gás presente abaixo do se-
parador de fases. Nesta interface, as bolhas se des- • possibilidade de rápido reinício mesmo após
prendem, formando uma fase gasosa. Flocos de longas paralisações;
lodo, eventual- mente aderidos às bolhas, podem
• elevada concentração do lodo excedente;
subir até a interface, mas, após o desprendimento
do gás, tenderão a decantar para novamente fazer • boa capacidade de desidratação do lodo.
parte da massa de lodo na zona de digestão. As
bolhas de gás que se formam em posições situadas Embora os reatores anaeróbios incluam amplas
na projeção vertical abaixo das aberturas do sepa- vantagens, principalmente no que diz respeito a
rador de fases (necessárias para o escoamento da requisitos de área, simplicidade e baixos custos de
fase líquida para a parte superior do reator) pre- projeto, operação e manutenção, algumas desvan-
cisam ser desviadas para evitar que passem pelas tagens ainda são atribuídas aos mesmos:
mesmas aberturas, criando turbulência na zona de
• possibilidade de emanação de maus odores;
sedimentação. Para tanto, são colocados obstácu-
los que funcionam como defletores de gás abaixo • baixa capacidade do sistema em tolerar car-
das aberturas. gas tóxicas;
No caso do esgoto doméstico, os RAFAs de alta • elevado intervalo de tempo necessário para a
taxa são projetados com volumes bem mais reduzi- partida do sistema;
dos que os RAFAs convencionais, razão pela qual a
entrada de sólidos não biodegradáveis no sistema • necessidade de uma etapa de pós-tratamento.
traz prejuízo ao processo de tratamento. A acumula-
ção desse material no reator leva à formação de zo- Quando bem projetado, construído e operado,
nas mortas e de caminhos preferenciais, diminuindo o sistema não deve apresentar problemas de mau
significativamente o volume de biomassa no sistema cheiro e de falhas devido à presença de elementos
e a eficiência do processo de tratamento. tóxicos e/ou inibidores.
Dessa forma, o tratamento de esgotos por rea- Como não se dispõem de dados relativos à par-
tores de alta taxa só é possível caso o fluxograma tida de reatores anaeróbios de fluxo ascendente no
da estação de tratamento incorpore unidades de tra- tratamento de chorume, pode-se considerar válidas,
tamento preliminar (gradeamento e caixa de areia) preliminarmente, as observações referentes ao re-
destinadas à remoção dos sólidos grosseiros e dos ator quando trata esgoto doméstico. A partida do
sólidos inorgânicos sedimentáveis. Esta observação sistema pode ser realmente lenta (4 a 6 meses), mas
também se revela verdadeira no caso de chorume. apenas em situações em que não são utilizados inó-
299
L I X O M U N I C I P A L
culos, ou seja, material orgânico em processo de na decomposição dos resíduos sólidos no interior do
decomposição anaeróbia por bactérias. Nos últimos aterro, uma forma de reduzir essas concentrações é
anos, com a utilização de metodologias de partida o aumento da produção de metano por meio de me-
bem fundamentadas e com o estabelecimento de lhorias nas condições operacionais de recirculação.
rotinas operacionais adequadas, foram consegui-
dos avanços significativos no sentido de diminuir A recirculação do chorume proporciona o rápi-
o período de partida dos sistemas e de minimizar do desenvolvimento de uma população de bactérias
os problemas operacionais nessa fase. Em situações anaeróbias ativas produtoras de metano18.
já relatadas14, quando foram utilizadas pequenas
quantidades de inóculo (inferior a 4% do volume A irrigação na forma de spray sobre o aterro pode
do reator), o período de partida foi reduzido a duas proporcionar uma parcial evaporação do líquido re-
ou três semanas. De qualquer forma, a qualidade da circulado. Outros métodos utilizados para dispersão
biomassa a ser desenvolvida no sistema dependerá desse líquido são: lançamento na superfície e infiltra-
de uma rotina operacional adequada e, por conse- ção no interior do aterro.
guinte, da estabilidade e da eficiência do processo
Além de promover uma redução na concentra-
de tratamento15.
ção de DQO presente no chorume, a recirculação
Apesar das grandes vantagens dos sistemas ana- também favorece a diminuição das concentrações
eróbios, os mesmos têm dificuldades em produzir de DBO, COT (carbono orgânico total), ácidos vo-
um efluente que se enquadre nos padrões estabele- láteis, fosfatos, nitrogênio amoniacal e sólidos totais
cidos pela legislação ambiental. Tal aspecto ganha dissolvidos. No entanto, apresenta baixa eficiência
relevância na medida em que os órgãos ambientais na redução de nitrogênio e fósforo, que geralmente
estaduais têm intensificado sua fiscalização e atuado apresentam altas concentrações remanescentes no
efetivamente no licenciamento ambiental de novos líquido recirculado.
empreendimentos no setor de saneamento.
Dentre as vantagens apresentadas pela recircula-
ção do chorume, destacam-se1:
6.4 Recirculação do Chorume • aceleração da estabilização do aterro sanitário;
Uma técnica atual e bastante inovadora no trata- • redução assegurada dos compostos orgânicos
mento de chorume é a recirculação do líquido para presentes no chorume;
o interior do aterro sanitário de maneira que ele pos- • possível diminuição de volume devido à eva-
sa percolar através da massa de sólidos disposta em potranspiração;
camadas, reduzindo consideravelmente a demanda
sobre as estações de tratamento, visto que esse pré- • redução nos custos envolvidos no tratamento
tratamento interno diminuirá as concentrações de de chorume.
DBO e DQO.
No entanto, as possíveis vantagens apresentadas
Essa técnica combina o pré-tratamento anaeró- pela recirculação são acompanhadas das seguintes
bio no interior do aterro, que atua como um reator desvantagens e riscos à saúde humana:
de leito fixo, com a evaporação que ocorre a cada
• risco de poluição do solo e de águas subterrâ-
recirculação. Ela utiliza o aterro como um reator ana-
neas pela infiltração do excesso de chorume recir-
eróbio, produzindo um eficiente tratamento anaeró-
culado, no caso de inexistência ou dano da camada
bio, que é capaz de reduzir a elevada carga orgânica
impermeabilizante da parte inferior do aterro;
presente nesse tipo de efluente, de concentrações
da ordem de 20.000 mg/L para 1.000 mg/L, após o • os múltiplos arrastes de substâncias ocorridos
período de um ano de coleta e reaplicação do cho- no líquido recirculado podem resultar em altas con-
rume no aterro sanitário1. centrações de sais e metais pesados no chorume;
Uma vez que as elevadas concentrações de DBO • custos elevados referentes à implantação e ma-
e DQO são causadas pelos ácidos orgânicos gerados nutenção de sistemas de recirculação;
300
C A P Í T U L O V I
301
L I X O M U N I C I P A L
Metais pesados, ânions tóxicos e outros minerais pós-tratamento para remoção de traços de contami-
podem ser removidos do chorume pelo emprego nantes em outros. Seu uso requer instalações espe-
de técnicas especiais, às vezes financeiramente cus- ciais, onde o oxidante é adicionado e misturado len-
tosas, como a troca iônica, osmose reversa e ultra- tamente. Há liberação de calor, de forma que pode
filtração. Na troca iônica, o chorume previamente ser necessário o resfriamento posterior quando da
condicionado é passado por um leito contendo, via oxidação de soluções concentradas. O uso de oxi-
de regra, resinas especiais que retêm determinadas dação direta é indicado para remoção de hidrocar-
espécies químicas solúveis, como, por exemplo, al- bonetos clorados e pesticidas em soluções diluídas.
guns metais pesados e ânions tóxicos, substituindo-
os por íons não-tóxicos, mantendo o equilíbrio iôni- Em alguns casos, o efluente líquido pode ser
co do chorume. concentrado pela evaporação direta ou forçada. A
evaporação direta pode ser realizada em locais de
A osmose reversa é um processo de desminera- alta insolação. O material é disposto em lagoas e
lização, onde o líquido, previamente condicionado, concentrado pela ação do calor ambiente. Devem
é permeado através de uma membrana especial, ser tomados cuidados visando evitar a poluição e a
semipermeável, que permite a passagem de deter- contaminação do solo e do lençol freático a exemplo
minados íons e moléculas (como, por exemplo, as do que ocorre com as lagoas de estabilização.
moléculas de água) em um processo regido pelo fe-
nômeno da pressão osmótica que é mecanicamente No caso de resíduos perigosos, pode ser utiliza-
revertida. As membranas mais comuns são de ace- da a evaporação forçada (vaporização). O efluente é
tato de celulose ou de poliamidas. São empregados submetido à evaporação em tanques. Como resul-
módulos especiais pressurizáveis, contendo estas tado, obtem-se uma corrente líquida, formada por
membranas. A ultrafiltração, similarmente à osmo- uma solução diluída de materiais voláteis (amônia,
se reversa, utiliza módulos especiais pressurizáveis, organoclorado), e uma polpa com os resíduos sóli-
contendo membranas adequadas para reter deter- dos originalmente presentes no efluente. O processo
minados íons ou moléculas, enquanto permite a de vaporização gera incrustações, espuma e pode
passagem de outros. Estas três operações são, em provocar corrosão.
geral, custosas financeiramente, sendo aplicadas
apenas em polimentos finais ou casos especiais. A remoção de materiais voláteis pode ser obtida
por lavagem do efluente líquido com ar. Este, em
A oxidação direta de cianetos, fenóis, diversos grande quantidade, é borbulhado através do efluen-
compostos orgânicos e alguns íons metálicos é re- te e arrasta materiais como amônia e matéria orgâ-
alizada pelas reações de oxidorredução, promovida nica volátil. Este processo, conhecido como air strip-
na maioria das vezes por oxidantes, como oxigênio ping, pode ter eficiência de até 90% na remoção de
puro, ozônio, cloro, peróxido de hidrogênio ou per- voláteis. Quando a lavagem é realizada em equipa-
manganato de potássio. A oxidação direta pode ser mentos fechados, os voláteis podem ser recuperados
usada como pré-tratamento de alguns processos e da corrente gasosa.
BIBLIOGRAFIA
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no Seminário sobre Recuperação de Rejeitos da Indústria
12. CEPIS/GTZ. 1992. Plantas de evacuación y tratamiento Metalúrgica, ABM, São Paulo, 20 a 22 de novembro.
de lixiviados. Traducción interna del proyecto Cepis/GTZ:
Fortalecimiento Tecnico de Cepis. San Jose, Costa Rica. (PN. 17. ALLI, R.C.P., URENHA, L.C., KIM, H.S. 1991. Remoção de metais
88.2065.6-03.100). pesados de efluentes industriais por biomassa microbiana: uma
revisão da literatura. Apresentado no IX Simpósio Nacional de
13. COSTA, A.J.M.P. 1992. Avaliação do desempenho de uma Fermentações, Santos (SP), 22 a 26 de setembro.
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orgânica e coliformes fecais, tratando esgotos domésticos no 18. LECKIE, J.O., PACEY, J.G., HALVADAKIS, C. 1979. Landfill
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14. CHERNICHARO, C.A.L., BORGES, J.M. 1996. Metodologia
utilizada durante a partida de um reator UASB de 477 m3
303
L I X O M U N I C I P A L
304
CAPÍTULO VII
LEGISLAÇÃO E
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
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L I X O M U N I C I P A L
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C A P Í T U L O V I I
1 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
ESTRUTURA DO SISNAMA
1.1 Introdução (Sistema Nacional do Meio Ambiente)
A legislação ambiental brasileira sofreu conside-
rável avanço nas últimas décadas. Hoje, existe, no I – Órgão Superior
cenário nacional, um amplo aparato normativo que
Conselho do governo
demonstra a tutela jurídica do meio ambiente em
nosso País. Entre os destaques está a Lei Nacional Sua função é auxiliar o Presidente da República na
formulação da política nacional do meio ambiente.
de Saneamento Básico, aprovada em 2007, estabe-
lecendo diretrizes para o saneamento, incluindo o II – Órgão Consultivo e deliberativo
tratamento do lixo, e considera a triagem e a reci- CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
clagem do lixo como parte do serviço de limpeza
Sua finalidade é estudar e propor diretrizes e po-
urbana, reconhecendo os catadores como agentes líticas governamentais para o meio ambiente e
desse processo. deliberar, no âmbito de sua competência, sobre
normas, padrões e critérios de controle ambien-
Tramitou desde 1991 no Congresso Nacional o tal. O CONAMA assim procede por intermédio de
projeto de lei que estabeleceu a Política Nacional suas resoluções.
de Resíduos Sólidos, aprovada em 02 de agosto de III – Órgão Central
2010 (Lei nº 12.305), e regulamentada em 23 de
Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos
dezembro do mesmo ano (Decreto nº 7.404). A Hídricos e da Amazônia Legal
nova legislação aprovada estabelece a responsabi-
Encarregado de planejar, coordenar e supervisio-
lidade compartilhada e inclui pontos importantes, nar as ações relativas à política nacional do meio
como o princípio da logística reversa, que estimula o ambiente. Como órgão federal, implementa os
reaproveitamento dos resíduos ao prever o retorno acordos internacionais na área ambiental.
dos produtos já utilizados para um novo ciclo produ-
IV – Órgão Executor
tivo. Outro aspecto fundamental é a consagração do
viés social da reciclagem, com participação formal IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
dos catadores organizados em cooperativas.4, 5
Entidade autárquica, dotada de personalidade
O aspecto institucional circunscreve-se, de cer- jurídica de direito público e autonomia adminis-
trativa, é a encarregada da execução da política
ta forma, à atuação integrada do Sistema Nacional nacional para o meio ambiente e sua fiscalização.
do Meio Ambiente – SISNAMA, criado com a Lei nº
6.938/81, que representa um conjunto articulado V – Órgãos Seccionais
de órgãos, entidades, regras e práticas da União, do São as entidades estaduais responsáveis pela
Distrito Federal, dos estados e dos municípios, res- execução de programas e projetos de controle
ponsáveis pela proteção da qualidade ambiental. e fiscalização das atividades potencialmente po-
luidoras (Secretarias Estaduais de Meio Ambiente
e entidades supervisionadas, como a Companhia
A questão central é posicionar os municípios em de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CE-
relação à legislação ambiental vigente e quanto a TESB, no Estado de São Paulo, e a Fundação Esta-
sua participação no SISNAMA. A grande maioria dual de Engenharia do Meio Ambiente – FEEMA,
no Estado do Rio de Janeiro).
dos prefeitos e vereadores brasileiros ignora o fato
de todo município ser um integrante do SISNAMA. VI – Órgãos Locais
Desconhece, também, as atribuições e possibilida-
Entidades ou Órgãos Municipais
des que resultam dessa participação formal.
São órgãos ou entidades municipais voltados para
A Constituição de 1988, em seu artigo 23, incisos o meio ambiente responsáveis por avaliar e esta-
belecer normas, critérios e padrões relativos ao
III, IV, VI e VII, confere aos municípios a competên- controle e à manutenção da qualidade do meio
cia para a proteção ambiental, em comum com a ambiente com vistas ao uso racional de seus re-
União e os estados. Apesar da competência outorga- cursos, supletivamente ao Estado e à União.
da, os municípios têm permanecido mais no âmbi-
307
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C A P Í T U L O V I I
• É o meio legal de estabelecer zonas específicas para • instituição de taxa diferenciada de limpeza pública
a instalação de área para o destino final dos resíduos para aqueles que aderirem a programas de coleta
sólidos e para o tratamento de esgoto, entre outras. seletiva;
• Poderá prever a avaliação de EIA/RIMA ou laudos • cobrança de contribuição de melhoria ambiental ou
técnicos para empreendimentos públicos e privados sobre uso particular de recursos naturais com fins
de grande porte que possam degradar a qualidade econômicos.
do meio ambiente. ATENÇÃO!
• Poderá prever sanções administrativas (multas e re- O município que não dispõe de seu próprio Código
cuperação da área degradada) no caso de descum- Tributário poderá se utilizar dos princípios e regras da
primento da lei. Constituição Federal, do Código Tributário Nacional e
de legislação municipal específica.
LEI DE PARCELAMENTO DO SOLO URBANO
É um instrumento legal capaz de ordenar a divisão do
solo para fins urbanos, definindo tamanho de lote e
porcentual de áreas públicas. CÓDIGO DE OBRAS
ATENÇÃO! É um instrumento de limitação administrativa que dis-
ciplina as edificações, com o fim de preservar suas con-
• A Lei Federal nº 6.766/79 dispõe sobre as normas gerais. dições de higiene, saúde e segurança.
• A lei municipal é que dá diretrizes urbanísticas aos CONTEÚDO
loteamentos, conforme o interesse local.
• Esta lei não deverá permitir o parcelamento do solo, Este instrumento, dentre outras exigências, pode:
em terrenos que possam ser nocivos à saúde pública, • exigir equipamento para o tratamento prévio de
a exemplo de áreas de antigos aterros ou lixões não esgoto e/ou aplicação de métodos adequados de
estabilizados. controle e tratamento de efluentes antes de serem
• O parcelamento do solo rural é competência da lançados nos cursos d’água.
União nos termos do Decreto-Lei nº 57/66. ATENÇÃO!
• O município que não dispõe de seu próprio Código de
LEI ORÇAMENTÁRIA Obras poderá se utilizar do Código Estadual Sanitário.
É o instrumento legal que estima a receita e fixa as
despesas anuais do município.
CONTEÚDO
Dentre outras disposições, pode: CÓDIGO DE POSTURAS
• prever as despesas do Serviço de Limpeza Pública, É o instrumento legal que visa regular a utilização de
considerando-se as componentes de varrição, cole- espaços púbicos ou de uso coletivo.
ta (tradicional, diferenciada e seletiva), transporte, CONTEÚDO
tratamentos (triagem, compostagem, incineração e
reciclagem) e disposição final, conforme o caso es- Este instrumento poderá prever disposições para:
pecífico do município;
• exigir a limpeza e o cercamento de terrenos urbanos
• fixar os custos de obras, projetos, equipamentos, vazios, para assim evitar o surgimento de áreas de
treinadores de pessoal, etc.; descarga clandestinas;
• fixar os gastos com a formação e manutenção do • implantar com a ajuda da população, a coleta seleti-
Consórcio Intermunicipal e/ou convênios. va do lixo urbano;
ATENÇÃO! • disciplinar e fiscalizar (com a previsão de multas) a
colocação do lixo e outros sólidos ou líquidos nas
• A formação de Consórcio Intermunicipal depende calçadas e vias públicas.
de previsão na Lei Orçamentária.
309
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310
C A P Í T U L O V I I
311
L I X O M U N I C I P A L
Um marco decisivo para o que atualmente se Assim, por se constituir em atividade tipicamen-
conhece por gerenciamento ambiental no País de- te modificadora da qualidade ambiental, os diver-
correu da Lei Federal nº 6.938, de 31/8/81, que sos empreendimentos para tratamento e disposição
dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambien- final de resíduos sólidos municipais enquadram-se
te e, dentre outros aspectos, instituiu a sistemática na exigência da Lei nº 6.938/81, sendo necessária a
de Avaliação de Impacto Ambiental para atividades obtenção das seguintes licenças:
modificadoras ou potencialmente modificadoras da a) licença Prévia – LP
qualidade ambiental e criou o Conselho Nacional de Solicitada ainda na fase de concepção do
Meio Ambiente – CONAMA. empreendimento, esta licença geralmente re-
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), instru- quer apresentação do Estudo de Impacto Am-
mento da Política Nacional de Meio Ambiente, é for- biental (EIA), o qual deverá conter as alterna-
mada por um conjunto de procedimentos capazes tivas tecnológicas e locacionais consideradas
de assegurar que se faça um exame sistemático dos e a análise da viabilidade ambiental do em-
potenciais impactos ambientais de uma atividade preendimento. As conclusões do EIA devem
proposta e de suas alternativas bem como assegurar ser apresentadas no Relatório de Impacto Am-
que seus resultados sejam apresentados de forma biental (RIMA). Caso necessário, nesta etapa
adequada para a consideração do público em geral do licenciamento, o Órgão Estadual de Con-
e dos responsáveis pela tomada de decisão. Além trole da Poluição Ambiental (OECPA) poderá
disso, tais procedimentos devem garantir que, no formular recomendações e exigências ao em-
caso de decisão favorável à implantação do projeto, preendedor, vinculando-as à concessão da LP.
as medidas determinadas para a proteção ao meio Conforme o porte do empreendimento (e ou-
ambiente sejam efetivamente adotadas1. tras condições específicas da obra), poderá ha-
Em termos gerais, a AIA tem por objetivos: ver dispensa de EIA/RIMA a critério do OECPA.
Por outro lado, a LP deverá ser também solici-
• identificar e estimar a importância dos impac-
tada quando houver necessidade de expansão
tos potenciais (positivos e negativos) de uma
da área do empreendimento (MINAS GERAIS,
determinada intervenção (empreendimento,
1995) ou de mudanças significativas nos pro-
projeto, política, etc.) sobre os meios biológi-
cessos/procedimentos utilizados previamente.
co, físico, socioeconômico e cultural;
b) Licença de Implantação – LI
• avaliar a conveniência de se realizar o proje-
to, considerando-se as vantagens e desvanta- Uma vez demonstrada a viabilidade ambien-
gens técnicas, econômico-sociais e ambien- tal do empreendimento (o que ocorre com
tais detectadas; obtenção da LP), a LI permitirá ao empreen-
dedor iniciar a implantação das obras. Para a
• no caso de decisão favorável à ação proposta,
emissão dessa licença, deverá ser apresentada
propor alternativas menos impactantes para a
documentação técnica e demais autorizações
implementação do empreendimento.
que comprovem o cumprimento de todas as
Ainda no âmbito da Lei nº 6.938/81, também foi exigências estabelecidas na fase de LP (MAR-
inserida a figura das licenças a serem obtidas ao longo QUES et al., 1999).
312
C A P Í T U L O V I I
313
Inviável
Reprova Parecer
Empreendimento AP PT/TR EIA AP Parecer
CONSEMA
DAIA
Sim Viável
É
Parecer
Necessário RAP Exige EIA? LP LI LO
Sim DAIA Não
RAP?
Não
314
apresentação de RAP e/ou EIA/RIMA conforme tipo e porte do empreendimento.
Início da implantação do Implementação das especificações constantes do projeto executivo e, quando for o caso, das
LI
empreendimento prescrições do RAP e/ou EIA/RIMA e exigências da licença prévia.
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e/ou EIA/RIMA.
Figura 1 – Fluxograma de atividades para avaliação de impacto ambiental no Estado de São Paulo
C A P Í T U L O V I I
Deste modo, fica evidente que a avaliação de g) uma unidade dedicada aos funcionários da
impacto ambiental é um instrumento de planeja- CTRSM (banheiros, vestiários, refeitório, la-
mento que permite associar precauções ambientais zer, etc.);
às estratégias do desenvolvimento socioeconômico,
h) uma unidade de almoxarifado geral (peças de
podendo minimizar os danos ambientais de um de-
reposição, material de consumo, etc.).
terminado projeto, os quais poderiam reduzir (e às
vezes anular) os benefícios inicialmente previstos. Os potenciais impactos ambientais são decorren-
tes dos processos tecnológicos predominantes em
As entidades estaduais com atribuições sobre
cada etapa do empreendimento CTRSM. O conjun-
os processos de licenciamento em nível federal são
to apresentado a seguir, no entanto, deve ser enca-
apresentadas no Anexo B.
rado apenas como ilustrativo, pois sua definição não
esteve vinculada a um meio ambiente específico.
2.2 Principais Impactos Ambientais
Negativos a Serem Abordados em Tampouco considerou-se, a fundo, interferência
Estudos Ambientais para Empreendimentos de aspectos específicos de dimensionamento do pro-
de Gerenciamento do Lixo Municipal jeto. Deste modo, os impactos relacionados podem
estar superestimados, subestimados, ausentes ou não
Complementando as informações anteriores, previstos quando se avalia um determinado caso real.
neste item serão discutidos, de forma breve, os im-
pactos negativos potenciais que podem ser espe- • Principais Impactos Potenciais na
rados em decorrência de empreendimentos para o Fase de Implantação da CTRSM
gerenciamento de resíduos sólidos municipais.
- geração de gases, material particulado e ruído
Na exposição a seguir foi adotada uma simplifi- (a partir de equipamentos);
cação, discutindo-se a implantação de um empre- - alteração do escoamento superficial;
endimento hipotético que reúna algumas tarefas
necessárias ao setor, sendo aqui denominado de - erosão pela água;
Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Munici- - assoreamento de corpo d’água;
pais – CTRSM.
- mortes/incômodos à fauna;
A CTRSM agruparia e coordenaria as funções de:
- remoção/degradação de cobertura vegetal;
(a) tratamento de resíduos (triagem, composta-
- poluição do solo com óleos e graxas;
gem, incineração); (b) tratamento de efluentes; (c)
gerenciamento de recicláveis do sistema. Para cumprir - incômodos devidos à desapropriação de imóvel;
tais tarefas, a CTRSM estaria fisicamente instalada em
- poluição de solo e águas pela disposição de
uma unidade composta pelas seguintes instalações:
águas residuárias;
a) uma unidade de administração central e con- - alteração da percepção da paisagem;
trole (escritório, guarita, balança);
- intensificação do trânsito em vias de acesso;
b) uma unidade para garagem de veículos de
- degradação de áreas de empréstimo de solo/
transporte e demais equipamentos móveis;
descarte de solo excedente;
c) uma unidade para oficina de equipamentos
- geração de resíduos sólidos (domiciliares: nas
(fixos e móveis) e veículos da CTRSM;
edificações diversas; e não inertes e/ou peri-
d) uma unidade de incineração de resíduos de gosos: na estação de tratamento de efluentes
serviços de saúde; e nas oficinas da CTRSM).
e) uma unidade de aterro de resíduos sólidos • Principais Impactos Potenciais
municipais; na Fase de Operação
f) uma unidade de tratamento de afluentes ge- - saída de material esvoaçante (a partir de veí
rados na CTRSM; culos transportadores de lixo e da frente de
315
L I X O M U N I C I P A L
BIBLIOGRAFIA
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URBANOS – TURB 99, 3, 1999, São Paulo. Anais… São Paulo:
ABGE/CBT/IE. p. 41-48.
316
ANEXO A
NORMAS TÉCNICAS
317
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318
A N E X O A
NORMAS TÉCNICAS
319
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Normas Nacionais
Normas de Grupos
Normas Institucionais
320
ANEXO B
RELAÇÃO DE ENTIDADES
E ASSOCIAÇÕES
321
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322
A N E X O B
Esta relação é iniciada com informações sobre as Av. Prof. Almeida Prado, 532, Cidade Universitária
duas instituições responsáveis pela elaboração deste “Armando de Salles Oliveira”
Manual: o Instituto de Pesquisas Tecnológicas 05508-901 – São Paulo-SP
do Estado de São Paulo S.A. – IPT e o Compro-
misso Empresarial para Reciclagem – CEMPRE. SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente
Telefones:
Logo a seguir são relacionadas as entidades go- São Paulo: (11) 3767-4456/4091/4744
vernamentais nos âmbitos federal e estadual, e as Franca: (16) 3720-1033
não governamentais, ligadas aos assuntos tratados São José dos Campos: (12) 3905-3354
nesta publicação. E-mail: sac@ipt.br
ipt@ipt.br
INSTITUTO DE PESQUISAS
TECNOLÓGICAS DO ESTADO COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA
DE SÃO PAULO S.A. – IPT RECICLAGEM – CEMPRE
O IPT é uma entidade centenária, que iniciou
O CEMPRE é uma associação sem fins lucrativos
suas atividades em 24 de junho de 1899 como um
que se dedica à promoção da reciclagem inserida no
laboratório de ensino agregado à Escola Politécnica
conceito de gerenciamento integrado do lixo. Fun-
de São Paulo e denominado Gabinete de Resistên-
dado em 1992, o CEMPRE é mantido por empresas
cia dos Materiais. Este Gabinete, que tinha como
privadas de diversos setores que têm compromisso
destino uma missão muito mais ampla, passou, em
direto com o correto gerenciamento de resíduos só-
1926, a ser conhecido como Laboratório de Ensaios
lidos no Brasil.
de Materiais – LEM, recebendo, em 1934, seu nome
definitivo – Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT. Os associados do CEMPRE são:
Ao longo de sua existência, o IPT tem contribuído • ADM do Brasil Ltda.
de forma importante para o desenvolvimento tecno- • Ajinomoto do Brasil Ind. e Com. Ltda.
lógico do País, podendo ser facilmente destacados
• Ambev - Cia. de Bebidas das Américas
exemplos relacionados com a produção industrial,
obras de infraestrutura, habitação, questões energé- • Arcor do Brasil Ltda.
ticas, ambientais e de uso e ocupação do solo. • Braskem S.A.
Atualmente, o IPT é formado por oito Divisões • BRF - Brasil Foods S/A
Técnicas (Economia e Engenharia de Sistemas, Enge- • Cargill Agrícola S.A.
nharia Civil, Geologia, Mecânica e Eletricidade, Me- • Ceras Johnson Ltda.
talurgia, Produtos Florestais, Química, Tecnologia de
• Coca Cola Brasil
Transportes) e cinco Centros (Tecnológico de Couros
e Calçados, Informática e Telecomunicações, Apro- • Colgate-Palmolive Industrial Ltda.
vações Técnicas e Serviços, Informação Tecnológica, • Companhia Brasileira de Distribuição –
Aperfeiçoamento Tecnológico), e possui um total de Grupo Pão de Açúcar
76 laboratórios devidamente equipados para servir • Dan Vigor Ind. e Com. de Laticinios Ltda
em suas áreas específicas. É um órgão do Governo • Danone Ltda.
do Estado de São Paulo, vinculado à Secretaria da
Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico. • Femsa Brasil
• Heineken - Cervejarias Kaiser Brasil S.A.
Os interessados em obter informações sobre o
IPT ou suas diversas áreas de atendimento devem se • Hershey do Brasil Ltda
dirigir ao seguinte endereço: • HP Brasil Ind. e Com. de Equip. Eletrônicos Ltda.
323
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ENTIDADES GOVERNAMENTAIS
324
A N E X O B
ESTADUAL
Acre Alagoas
Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Instituto do Meio Ambiente (Ima)
Naturais (Sema) Telefone: (82) 3315-1732/1737
Telefone: (68) 3224-3990 / 3224-8786 www.ima.al.gov.br
www.sema.ac.gov.br
Ceará
Amapá Superintendência Estadual do Meio
Secretaria de Estado do Meio Ambiente Ambiente (Semace)
(Sema) Telefone: (85) 3101-5580
Telefone: (96) 4009-9450 www.semace.ce.gov.br
www.sema.ap.gov.br
Bahia
Amazonas Instituto do Meio Ambiente e Recursos
Instituto de Proteção Ambiental do Hídricos (Inema)
Amazonas (Ipaam) Telefone: (71) 3118-4267
Telefone: (92) 2123-6700 www.ima.ba.gov.br
www.ipaam.br
Sistema Estadual de Informações Ambientais
Pará e Recursos Hídricos
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Telefone: 0800 071 1400
Sustentabilidade (Semas) www.seia.ba.gov.br
Telefone: (91) 3184-3330
www.semas.pa.gov.br Maranhão
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Rondônia Recursos Naturais
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Telefone: (98) 3194-8900
Ambiental (Sedam) www.sema.ma.gov.br
Telefone: (69) 3216-1047
www.rondonia.ro.gov.br/sedam Paraíba
Superintendência do Meio Ambiente
Roraima (Sudema)
Fundação Estadual do Meio Ambiente e Telefone: (84) 3218-5606/5586
Recursos Hídricos (Femarh) www.sudema.pb.gov.br
Telefone: (95) 2121-9152 / 2121-9191
www.femarh.rr.gov.br Pernambuco
Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH)
Tocantins Telefone: (81) 3182-8800
Instituto Natureza do Estado do Tocantins www.cprh.pe.gov.br
(Naturatins)
Telefone: (63) 3218-2600 Piauí
www.naturatins.to.gov.br Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (Semar)
Telefone: (86) 3216-2038
www.semar.pi.gov.br
325
L I X O M U N I C I P A L
326
A N E X O B
Santa Catarina
Fundação do Meio Ambiente (Fatma)
Telefone: (48) 3665-4190
www.fatma.sc.gov.br
327
L I X O M U N I C I P A L
328
A N E X O B
329
L I X O M U N I C I P A L
330
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
331
L I X O M U N I C I P A L
332
L I S T A D E I L U S T R A Ç Õ E S
Tabelas
Quadro
Tabela 1 – Composição dos Resíduos Sólidos (em
Quadro 1 – Situação do lixo
porcentagem)
Tabela 2 – Dados de Geração de Resíduos Sólidos
Tabelas Municipais por Regiões do Globo
Tabela 1 – Índice percentual (%) de coleta de Tabela 3 – Disposição Final (milhões de
domicílios com coleta de lixo no Brasil toneladas/ano)
Tabela 2 – Distritos-sede com serviço de coleta
de lixo residencial, por frequência de CAPÍTULO III – ACONDICIONAMENTO E
atendimento, segundo as Grandes COLETA DO LIXO
Regiões
Tabela 3 – Principais regiões metropolitanas e Figuras
respectivos números de municípios
Figura 1 – Tipos de cestos estacionários
Figura 2 – Recipiente móvel basculante
CAPÍTULO II – ORIGEM E COMPOSIÇÃO
Figura 3 – Exemplos de coletores rígidos para
DO LIXO
grandes volumes
Figura 4a – Caminhão basculante utilizado no
Figuras transporte de entulho
Figura 1 – Amostragem para análise da Figura 4b – Caminhão compactador para lixo
composição química e parâmetros domiciliar
físico-químicos
333
L I X O M U N I C I P A L
334
L I S T A D E I L U S T R A Ç Õ E S
335
L I X O M U N I C I P A L
Figuras
Parte 7 – Reciclagem de Entulho
Figura 1 – Esquema de usina de incineração de
resíduos sólidos com recuperação de
Figuras energia
Figura 1 – Lançamento de entulho reciclável em Figura 2 – Desenho esquemático de um
equipamento de trituração (Aterro de incinerador e câmaras múltiplas
Itatinga-SP, atualmente esgotado)
Figura 3 – Esquema de um incinerador de leito
Figura 2 - Montes de agregados reciclados fluidizado
de entulho. Ao fundo, à direita,
Figura 4 – Desenho esquemático de um sistema
equipamento de trituração e correias
de controle de poluentes
transportadoras (Aterro de Itatinga-SP,
atualmente esgotado) Figura 5 – Sistema de absorção de gases
utilizando processo semiúmido
Figura 3 – Aspecto do agregado reciclado a ser
destinado para obras de pavimentação Figura 6 – Desenho esquemático de sistema de
absorção seco para gases ácidos
Figura 4a – Equipamento para reciclagem
(trituração) e entulho (Estação de
Reciclagem de Entulho do Estoril – Quadros
Prefeitura de Belo Horizonte-MG) Quadro 1 – Investimentos em um incinerador
Figura 4b – Material triturado pronto para ser Quadro 2 – Fase dos principais poluentes gerados
reutilizado (Estação de Reciclagem de em unidades de incineração
Entulho do Estoril – Prefeitura de Belo Quadro 3 – Efeitos dos metais nos seres humanos
Horizonte-MG)
Quadro 4 – Principais efeitos dos poluentes
Figura 5 – Entulho selecionado em obra de adversos à saúde humana
edificação predial para ser reciclado no
próprio local
Figura 6 – Moinho de rodas triturando entulho Tabelas
gerado na própria obra para ser Tabela 1 – Destino dos resíduos sólidos urbanos
usado em argamassa de alvenaria em Tabela 2 – Caracterização química qualitativa e
edificação predial quantitativa dos resíduos de serviços
Figura 7 – Composição média do entulho de de saúde
obras no Brasil (em %) Tabela 3 – Padrões de emissão de poluentes para
Figura 8 – Requisitos básicos da instalação de incineradores de RSS no Estado de São
reciclagem municipal Paulo
336
L I S T A D E I L U S T R A Ç Õ E S
337
L I X O M U N I C I P A L
Figura
Figura 1 – Fluxograma de atividades para
avaliação de impacto ambiental no
Estado de São Paulo
338
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
339
L I X O M U N I C I P A L
340
L I S T A D E S I G L A S E A B R E V I A T U R A S
A B
ABAL – Associação Brasileira do Alumínio BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland
BRACELPA – Associação Brasileira dos Fabricantes de Ce-
ABEQ – Associação Brasileira de Engenharia Química lulose e Papel
ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Am- BSI – British Standards Institution
biental
ABGE – Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
e Ambiental C
ABINEE – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Ele-
trônica CBT – Comitê Brasileiro de Túneis
ABIPLAST – Associação Brasileira da Indústria do Plástico CDR – Combustível Derivado de Resíduos
ABIVIDRO – Associação Técnica Brasileira das Indústrias CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem
Automáticas de Vidro
CEN – Comunidade Européia
ABLP – Associação Brasileira de Limpeza Pública
CENWIN – Controle Eletrônico de Normas (para Windo-
ABM – Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais ws)
ABMS – Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e En- CEPAL – Comissão Econômica para América Latina e Ca-
genharia Geotécnica ribe
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CEPAM – Centro de Estudos e Pesquisas de Administração
ABPO – Associação Brasileira de Papel Ondulado Municipal – Fundação Prefeito Faria Lima (SP)
ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel CIRS – Centro de Informação sobre Resíduos Sólidos
ADERE – Associação para Desenvolvimento, Educação e CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
Recuperação de Excepcional CMN – Comitê Mercosul de Normalização
AIA – Avaliação de Impacto Ambiental CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear
AINSI – American National Standards Institute COHISI – Coordenação Técnica de Higiene, Segurança In-
ANAP – Associação Nacional dos Aparistas de Papel dustrial e Controle da Poluição (SESI)
ANFPC – Associação Nacional dos Fabricantes de Papel e CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
Celulose CONSEMA – Conselho Estadual de Meio Ambiente (SP)
ANIP – Associação Nacional da Indústria Pneumática CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito
AP – Audiência Pública COOPAMARE – Cooperativa dos Catadores Autônomos de
APA – Área de Proteção Ambiental Materiais Recicláveis
ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico COPANT – Comitê Pan-Americano de Normas Técnicas
ASMARE – Associação dos Catadores de Papel, Papelão e CRA – Capacidade de Retenção de Água
Materiais Reaproveitáveis (Belo Horizonte-MG) CTC – Capacidade de Troca Catiônica
ASTM – American Society for Testing and Materiais CTRSM – Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Mu-
ATBIAV – Associação Técnica Brasileira das Indústrias Auto- nicipais
máticas de Vidro
341
L I X O M U N I C I P A L
D I
DAIA – Departamento de Avaliação de Impactos Ambien- IAEG – International Association for Engineering Geology and
tais (SP) the Enviroment
DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio IAP –·Instituto Ambiental do Paraná
DNAEE – Departamento Nacional de Águas e Energia Elé- IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal
trica
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-
DNPM – Departamento Nacional da Produção Mineral cursos Naturais Renováveis
DOU – Diário Oficial da União IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
DQO – Demanda Química de Oxigênio IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto
E IBS – Instituto Brasileiro de Siderurgia
IE – Instituto de Engenharia
EDUSP – Editora da Universidade de São Paulo IMESP – Imprensa Oficial do Estado de São Paulo
EIA – Estudo de Impacto Ambiental IPAAM – Instituto de Proteção Ambiental do Estado do
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Amazonas
EPA – ver USEPA IPES – Instituto de Promoción de la Economía Social
EPI – Equipamento de Proteção Individual IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo S.A.
EPU – Editora Pedagógica Universitária
IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano
EPUSP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Auto-
ETE – Estação de Tratamento de Esgoto motores
ETSU – Energy Technology Support Unit (United Kingdom De- IQR – Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos
partment of Trade and Industry)
ISO – International Organization for Standardization
EVA – Poli(Acetato de Etileno Vinil)
ISSMGE – International Society for Soil Mechanics and Geo-
technical Engineering
F ISWA – International Solid Waste Association
ITAL – Instituto de Tecnologia de Alimentos (Campinas-SP)
FAO – Food and Agriculture Organization JICA – Japan International Cooperation Agency
FAS – Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social
FATMA – Fundação do Meio Ambiente (SC)
L
FEA – Faculdade de Economia e Administração (Universi-
dade de São Paulo)
LATASA – Latas de Alumínio S.A.
FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Am-
biente (RJ) LEM – Laboratório de Ensaios de Materiais
FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental (RS) LEMA – Legislação de Meio Ambiente
FGV – Fundação Getúlio Vargas LEV – Local de Entrega Voluntária
FINSOClAL – Fundo de Investimento Social LF – Licença de Funcionamento
FNMA – Fundo Nacional do Meio Ambiente LI – Licença de Implantação
L1MPURB – Departamento de Limpeza Urbana (Prefeitura
do Município de São Paulo)
H LO – Licença de Operação
LP – Licença Prévia
HDPE – High Density Polyethylene (polietileno de alta den-
sidade)
342
L I S T A D E S I G L A S E A B R E V I A T U R A S
M PU – Poliuretano
PVC – Poli(Cloreto de Vinila)
MO – Matéria Orgânica
MMA – Ministério do Meio Ambiente R
MSW – Municipal and Industrial Solid Waste Division (USEPA)
RAFA – Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente
O
S
OAF – Organização de Auxílio Fraterno
SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado
OECPA – Órgão Estadual de Controle da Poluição Ambiental de São Paulo
OIT – Organização Internacional do Trabalho SDT – Sólidos Dissolvidos Totais
OMS – Organização Mundial da Saúde SEMAR – Secretaria de Recursos Hídricos e Habitação (GO)
ONG – Organização Não Governamental SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde SEPLANTEC – Secretaria do Planejamento, Ciência e Tec-
nologia da Bahia
SEPURB – Secretaria de Políticas Urbanas
P
SESI – Serviço Social da Indústria
PBR – Programa Brasileiro de Reciclagem SIG – Sistema de Informações Geográficas
PCB – Polychlorinated Biphenyls (bifenilas policloradas) SIGIL – Sistema Gerencial Integrado da LIMPURB (Prefeitu-
ra do Município de São Paulo)
PCI – Poder Calorífico Inferior
SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente
PCPV – Plano de Controle da Poluição por Veículos em Uso
SST – Sólidos Suspensos Totais
PEAD – Polietileno de Alta Densidade
SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus
PEBD – Polietileno de Baixa Densidade
PET – Poli(Tereftalato de Etileno)
PEV – Posto de Entrega Voluntária T
pH – Potencial Hidrogeniônico
TEC – Tarifa Externa Comum
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
TFA – Taxa de Fiscalização Ambiental
PP – Polipropileno
TR – Termo de Referência
PROCONVE – Programa de Controle da Poluição do Ar por
Veículos Automotores TSA – Taxa de Serviços Administrativos
343
L I X O M U N I C I P A L
W
WEC – World Environment Center
344
ÍNDICE DE ASSUNTOS
345
L I X O M U N I C I P A L
346
Í N D I C E D E A S S U N T O S
347
L I X O M U N I C I P A L
348
Í N D I C E D E A S S U N T O S
349
L I X O M U N I C I P A L
Tratamento térmico
definição, 195
a alta temperatura, 195
350