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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE VIGAS PAREDE.


VERIFICACAO DA SEGURANÇA

Índice Temático

1. Definição de vigas parede (REBAP - Artº 128º) ................................. 1


2. Definição do Vão Teórico e Espessura mínima (Artº 129º – REBAP) .. 2
3. Dimensionamento em relação ao momento-flector e esforço
transverso .............................................................................................. 3
3.1. Calculo da armadura principal (Artº 130º – REBAP) ....................... 4
3.2. Calculo da armadura de esforço transverso (Artº 131º – REBAP) .... 5
4. Disposições de armaduras em vigas parede ..................................... 7
4.1. Distribuição da armadura principal (Artº 132 – REBAP) ................. 7
4.2. Armadura de alma (Artº 133 – REBAP) ........................................... 9
4.3. Armadura de suspensão e apoios indirectos (Artº 134 – REBAP) ... 10
4.4. Exemplos de armaduras em vigas parede ..................................... 11
Exemplo 1 ......................................................................................... 12
Exemplo 2 ......................................................................................... 12
Exemplo 3 ......................................................................................... 12

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Apontamentos Betão Armado II

1. Definição de vigas parede (REBAP - Artº 128º)

São peças laminares em betão armado cujo comportamento pode ser


assemelhado ao de uma viga, ou seja tem a geometria de uma parede mas o
funcionamento aproximado de uma viga.

Conforme visto oportunamente, as peças laminares são elementos planos


submetidos a cargas perpendiculares ao seu plano médio. Por outro lado, as
chapas ou vigas paredes são também estruturas planas só que com
carregamento na direcção de seu plano médio, em geral, dispostas com tal
plano na vertical.

Encontramos vigas paredes nos reservatórios, paredes resistentes de


edifícios alem de outras situações bastante conhecidas na engenharia civil,
como por exemplo em fachadas e elementos pré-moldados.

Um dos grandes problemas das vigas-parede é a sua estabilidade lateral, por


isso, é comum o uso de reforços (alargamentos) nas secções de apoio. Para
as vigas parede não é possível aplicar as hipóteses básicas da flexão em
elementos lineares esbeltos, isto é, não é válida a hipótese de Bernoulli. As
esbeltezas convencionadas (relação entre o vão teórico, L, e a altura, h) para
definir viga paredes são as seguintes:

a) Vigas-parede simplesmente apoiadas

b) Vigas continuas: Le = vão extremo; Li = vão intermédio)

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c) Vigas em consola

Como foi mencionado anteriormente, a hipótese de Bernoulli-Navier não


pode ser aplicada para este tipo de estruturas, pois elas apresentam grandes
deformações. Assim a grandeza εx não é proporcional a distancia à linha
neutra, por isso a tensão σx também não varia linearmente.

Fig. 1 - Tensões nas vigas parede

2. Definição do Vão Teórico e Espessura mínima (Artº 129º – REBAP)

O vão teórico a considerar no dimensionamento das vigas-parede deve ser


definido pelo menor dos valores seguintes:

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− A distancia entre eixos de apoio

− O vão livre aumentado de 15%

Fig. 2 - Vão teórico no caso de vigas parede

A espessura das vigas-parede não deve ser inferior a 10cm, sem prejuízo do
valor que vier a ser condicionado pelo dimensionamento em relação ao
esforço transverso.

Como recomendação mais geral e com o objectivo de obstar à eventual


instabilidade do banzo comprimido sugere-se, nos casos em que não
existam nervuras que lhe confiram rigidez transversal adequada, a
l
utilização de uma largura b ≥
20

3. Dimensionamento em relação ao momento-flector e esforço


transverso

A necessidade de distinção entre vigas esbeltas e vigas parede resulta de


que, para estas ultimas deixa de ser valida a Hipótese de Bernoulli-Navier
pelo que, mesmo para um material elástico, as tensões não variam
linearmente.

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Em termos práticos, para o dimensionamento de vigas parede é suficiente o


conhecimento aproximado das tensões em fase não fendilhada.

Quanto ao dimensionamento da armadura serão utilizadas regras empíricas


e disposições ditadas pelos resultados de numerosos ensaios levados até à
rotura.

3.1. Calculo da armadura principal (Artº 130º – REBAP)

Para a determinação da armadura principal considere-se em geral suficiente


uma determinação dos momentos flectores como se tratasse de uma viga de
geometria usual, com as mesmas condições de apoio e sujeita as mesmas
acções.

A armadura principal pode ser obtida pela seguinte expressão:

M
A = sd
s f ×z
syd

Em que:

Msd – valor de calculo do momento flector actuante

fsyd – valor de calculo da tensão de cedência do aço

z – braço do binário das forcas interiores

os valores a adoptar para z são os seguintes:

a) Vigas simplesmente apoiadas

L
z = 0 ,15( L + 3h ) se 1 ≤ ≤2
h
L
z = 0 ,6 L se ≤1
h

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b) Vigas contínuas

− Vãos extremos e apoios adjacentes:

L
z = 0 ,1( 2 L + 2 ,5h ) se 1 ≤ ≤ 2 ,5
h
L
z = 0 , 45L se ≤1
h

− Vãos intermédios e apoios não adjacentes aos vãos extremos:

L
z = 0 ,15( L + 2 h ) se 1 ≤ ≤ 30
h
L
z = 0 , 45L se ≤1
h

c) Vigas em consola
L
z = 0 ,15( 2 L + 3h ) se 0,5 ≤ ≤ 1 ,0
h
L
z = 1,2 L se ≤ 0 ,5
h

3.2. Calculo da armadura de esforço transverso (Artº 131º – REBAP)

No caso das vigas parede não se pode falar propriamente de uma verificação
ao esforço transverso, este é utilizado como garantia de segurança para as
bielas comprimidas do betão.

Para isso, considera-se assegurada desde que se verifique a seguinte


condição:

1
Vsd ≤ τ 2 bh
3

Em que:

Vsd – valor de calculo do esforço transverso actuante

b – espessura da viga parede

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h – altura da viga parede (se h≥L, devera tomar-se h=L)

τ2 – tensão que toma os valores indicados no artº 53º do REBAP

Também no caso de apoios directos deve-se verificar que a reacção de apoio

não exceda os seguintes valores (visando esta condicionante as tensões nas

bielas comprimidas de betao, particularmente as que descarregam nas

zonas de apoio da peca):

− Apoios extremos: R ≤ 0,8.fcd.b.a b - espessura da viga

− Apoios intermédios: R ≤ 1,2.fcd.b.a a – largura do apoio

De notar que a largura do apoio “a” não devera ser considerada superior 1/5
de qualquer dos vãos adjacentes ao apoio.

Esta verificação (reacção nos apoios) pode ser dispensada, no caso do


elemento de apoio se prolongar por toda a altura da viga parede e tiver
espessura superior àquela.

Fig. 3 - Tensões de compressão no inicio das bielas inclinadas

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4. Disposições de armaduras em vigas parede


4.1. Distribuição da armadura principal (Artº 132 – REBAP)

a) Vigas parede simplesmente apoiadas

A armadura principal deve ser constante ao longo do vão, e a sua amarração


deve ser feita a partir das faces interiores dos apoios e dimensionada para
uma forca de tracção cerca de 80% da forca de tracção máxima no vão.

Esta armadura deve ser distribuída por uma altura hs:

As, amarrada a partir da secção S, para F≥0,8Fmax

h = 0 ,25.h − 0 ,05.L se h ≤ L
s
h = 0 ,2 L se h ≥ L
s

Fig. 4 – Representação de armadura principal numa viga-parede


simplesmente apoiada

Na realização desta armadura devem utilizar-se varões de pequeno


diâmetro, o que limita a abertura de fendas e torna mais fácil a amarração
nos apoios. Uma forma eficaz de realizar esta amarração é a utilização de
ganchos em laco, conforme se representa na figura acima.

b) Vigas parede contínua

A disposição da armadura longitudinal pode ser feita da seguinte maneira:

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− Metade da armadura, exigida sobre o apoio deve ser estendida a toda


a extensão dos vãos adjacentes;
− A outra metade pode ser interrompida a uma certa distancia dos
apoios igual à menor dimensão apresentada na figura

A distribuição da armadura sobre os apoios deverá ter em atenção a


distribuição das tensões normais de tracção segundo a teoria da
elasticidade.

Fig. 5 – Representação de armadura longitudinal sobre o apoio numa viga-


parede continua

b.1) caso de L > h b.2) caso de L < h

As = armadura total sobre o apoio

As1= 0,5.(L/h – 1). As


As2 = As - As1

c) Vigas parede em consola

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A armadura principal deve ter secção constante ao longo de todo vão e ser
distribuída numa banda horizontal cujo limite inferior se situa a uma
distancia 0,8L do bordo inferior e cuja altura é igual:

h – 0,8L se: 0,5< L/h ≤ 1,0


1,2L se: L/h ≤0,5

4.2. Armadura de alma (Artº 133 – REBAP)

Esta armadura é disposta de modo a formar uma malha de varões verticais


e horizontais, com espaçamentos iguais e com o mínimo afastamento de:

Sv = sh ≤ b
Sv = sh ≤ 0,30 m

Como se vê na figura, a armadura vertical constituem estribos que envolvem


a armadura a armadura principal e a esta armadura horizontal cinta os
varões verticais extremos.

Fig. 6 – Armadura de alma em viga-parede (valores mínimos)

A percentagem da armadura em cada face nao deve ser inferior a:

As,min = ρ . b,
sendo ρ = As,min / b
As,v ou As,h
0,10.b
A 235
(m2/m2)
A 400 0,05.b

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(m2/m2)
0,05.b
A 500
(m2/m2)

Nas zonas dos apoios deve-se reforçar as armaduras de alma, para melhorar
a cintagem das bielas comprimidas. O REBAP recomenda que esse reforço
se faca através da colocação de varões suplementares.

Fig. 7 – Reforço da Armadura de alma em viga-parede na zona do apoio

4.3. Armadura de suspensão e apoios indirectos (Artº 134 – REBAP)

Quando existem cargas aplicadas a zona inferior da viga parede (cargas


suspensas) e de intersecção de vigas parede (apoios indirectos), devem se
dispor de armaduras de suspensão nas vigas principais, devidamente
distribuídas e amarradas, dimensionadas para absorver a totalidade das
vigas secundarias.

Nas zonas de apoio indirecto, a armadura de alma das vigas secundárias


deve ser dimensionada para absorver, quer na vertical quer na horizontal,
uma forca igual a 80% do valor de cálculo das suas reacções de apoio.

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Os varões desta armadura devem ser dispostos na zona inferior da viga,


estendendo-se na direcção horizontal de um comprimento, medido a partir
da face do apoio, não inferior ao menor dos seguintes valores: 0,4h e 0,3L.

Na direcção vertical, os varões devem constituir estribos abraçando a uma


armadura principal inferior, cujos ramos tenham um comprimento não
inferior ao menor dos seguintes valores: 0,5h e 0,5L.

4.4. Exemplos de armaduras em vigas parede

Traçados de armaduras em vigas parede com apoios directos e carregamento


superior, englobando as armaduras principais (para momentos positivos e
negativos), as armaduras de alma e os varões suplementares na zona dos
apoios.

a) Viga simplesmente apoiada:

b) Viga continua de três ramos, simétrica (h<L):

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Exemplo 1

Dados:
A400, fsyd = 348MPa
B25, fcd = 13,3MPa
Lb = 10m
Lo = 10-2.(0,6/2) = 9,4m
h = 5m
a = 0,6m
P = 1000kN (não majorar no
calculo)
Exemplo 2

Dados:
P = 1500kN
L = 10m, h=4m (1ª tentativa)
Dimensões do apoio: 50x50cm2
A500
B25

Exemplo 3

Dimensione e pormenorize as vigas parede apresentadas, para as piores


hipóteses de carga.

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