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FATORES DE TEXTUALIDADE Uma seqüência só se apresenta coesa e coerente quando a

ordem dos enunciados estiver de acordo com aquilo que


sabemos ser possível de ocorrer no universo a que o texto se
A coesão, ou conectividade seqüencial, é a ligação, o nexo refere, ou no qual o texto se insere. Se essa ordenação
que se estabelece entre as partes de um texto, mesmo que não temporal não satisfizer essas condições, o texto apresentará
seja aparente. A coesão lexical é obtida pelas relações de problemas no seu sentido. A coesão temporal é assegurada
sinônimos, antônimos, hiperônimos, nomes genéricos, pelo emprego adequado dos tempos verbais, obedecendo a
repetições e formas elididas. Já a coesão gramatical é uma seqüência plausível, ao uso de advérbios que ajudam a
conseguida a partir do emprego adequado de artigo, pronome, situar o leitor no tempo (são, de certa forma, os conectores
adjetivo, determinados advérbios e expressões adverbiais, temporais). Exemplos:
conjunções, verbos, preposições, numerais e mecanismos Quando ela acordou já ele tinha saído de casa.
sintáticos (subordinação, coordenação, ordem dos vocábulos Só começarei a estudar amanhã; agora estou a jogar PSP.
e orações). É um dos mecanismos responsáveis pela Choveu durante todo o dia. Estive a ler até às oito horas.
interdependência semântica que se instaura entre os
elementos constituintes de um texto. Coesão Referencial

Este tipo de coesão refere-se a um conjunto de


termos/expressões que remetem para a mesma entidade
presente no texto. Assim, a coesão referencial realiza-se
através de:
 Anáfora (gramatical) - Elemento que se interpreta
em relação a um elemento lexical aparecido
anteriormente no discurso – antecedente.
Ex.: A Rosa faltou hoje à aula, mas ela nunca falta!

 Catáfora - Designa um tipo particular de anáfora,


em que o termo anafórico precede o antecedente. O
elemento que antecede a anáfora e com o qual ela
se referencia é chamado antecedente referencial.
Coesão Gramatical
A anáfora gramatical realiza-se com elementos tipicamente
Faz-se por meio das concordâncias nominais e verbais, da
gramaticais:
ordem dos vocábulos, dos conectores, dos pronomes pessoais  pronomes pessoais de 3.ª pessoa (ele, ela, lhe…);
de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes possessivos,  determinantes e pronomes possessivos de 3.ª pessoa
demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, (seu, sua, suas…);
diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos  morfemas verbais de 3.ª pessoa – ele cantou, ela
definidos, de expressões de valor temporal. cantava, ele tinha cantado, ela cantaria);
 advérbios;
Coesão Frásica
 pronome relativo que, que pela sua natureza sintática
Este tipo de coesão estabelece uma ligação significativa entre de referência a um antecedente é também anafórico.
os componentes da frase, com base na concordância entre o
nome e seus determinantes, entre o sujeito e o verbo, entre o N. B. O anafórico vincula-se à terceira pessoa gramatical; os
sujeito e seus predicadores, na ordem dos vocábulos na deíticos vinculam-se à primeira e segunda pessoas e aparecem
oração, na regência nominal e verbal. Exemplos: em textos dialogados e em situação de conversa face a face.
N. B. A anáfora pode ser gramatical ou lexical. Enquanto a
O Pico é a ilha mais bonita do arquipélago açoriano. gramatical respeita à coesão referencial, a anáfora lexical
respeita à coesão lexical.
Elas trouxeram camisolas amarelas. Exemplo:
O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas
O homem admirava a bailarina que dançava com um olhar
escadas. A correria foi tanta que o pequenito não viu o
lânguido.
último degrau que tinha água e ele caiu.
O homem, com um olhar lânguido, admirava a bailarina que
Neste enunciado há seis elementos claramente anafóricos.
dançava.
Uns são gramaticais; outros lexicais.
O homem admirava a bailarina que, com um olhar lânguido,
O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas
dançava.
escadas. A correria foi tanta que o pequenito não viu o
Coesão Interfrásica último degrau que tinha água e ele caiu.
•Anáforas gramaticais:
Designa os variados tipos de interdependência semântica
existente entre as frases na superfície textual. Essas relações - o possessivo seu de “seu avô”, cuja interpretação leva
são expressas pelos conectores ou operadores discursivos. directamente ao grupo nominal antecedente “o menino”;
É necessário, portanto, usar o conector adequado à relação - o pronome relativo que, cujo antecedente é o nome
que queremos expressar. “degrau”;
- o pronome pessoal ele que substitui os antecedentes lexicais
Coesão Temporal “o menino”, “o pequenito”.
O menino quando viu o seu avô começou a correr pelas Ex.: Ele comprou um carro veloz e seguro. A velocidade e a
escadas. A correria foi tanta que o pequenito não viu o segurança entusiasmaram-no.
último degrau que tinha água e ele caiu.
•Anáforas lexicais: N. B. A anáfora por nominalização consiste, neste caso, na
transformação de adjetivos (veloz/seguro) em nomes
- o grupo nominal o pequenito que entra numa relação de (velocidade/segurança).
sinonímia com o seu antecedente “O menino”;
- o grupo nominal A correria que se interpreta em relação ao A coesão lexical realiza-se, ainda, através de:
antecedente verbal “correr”;
Elipse
- o grupo nominal o último degrau que está associado ao nome
antecedente “escadas”. Ex.: A Joana comprou o vestido azul e ø deu o ø amarelo.
Coesão Lexical
=
Neste tipo de coesão, usamos termos que retomam vocábulos
ou expressões que já ocorreram, porque existem entre eles Ex.: A Joana comprou o vestido azul e ela deu o vestido
traços semânticos semelhantes, até mesmo opostos. Dentro da amarelo.
coesão lexical, podemos distinguir a reiteração e a
substituição.

Por reiteração entendemos a repetição de expressões


lingüísticas; neste caso, existe identidade de traços
semânticos. Este recurso é, em geral, bastante usado nas
propagandas, com o objetivo de fazer o ouvinte/leitor reter o
nome e as qualidades do que é anunciado.

Ex: Ele comprou um carro. O carro atinge 180 km por hora.


Sinonímia
Ex:. Aconselhei o rapaz. Mas o adolescente não me ouviu.
N.B. Por vezes, as relações de sinonímia dependem dos
saberes compartilhados pelos falantes ou
escreventes/leitores.
O Benfica venceu o campeonato.
A equipa da Luz venceu o campeonato.
A equipa da Águia venceu o campeonato.

Hiperonímia e Hiponímia

Por hiperonímia temos o caso em que a primeira expressão


mantém com a segunda uma relação de todo-parte ou classe-
elemento. Por hiponímia designamos o caso inverso: a
primeira expressão mantém com a segunda uma relação de
parte-todo ou elemento-classe. Em outras palavras, essas
substituições ocorrem quando um termo mais geral - o
hiperônimo - é substituído por um termo menos geral - o
hipônimo, ou vice-versa.

Tão grande quanto as baleias é a sua discrição. Nunca um ser


humano presenciou uma cópula de jubartes, mas sabe-se que
seu intercurso é muito rápido, dura apenas alguns segundos.
(Revis Revista VEJA, no 30, julho/97)

Hiperonímia

Ex.: Ele comprou um carro. O veículo é muito rápido.

Hiponímia

Ex.: Um veículo agrícola atravessou-se na estrada. O trator


era conduzido por um inexperiente.

Nominalização

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