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br
CADERNO
INFORMATIVO DE
PREVENÇÃO
DE ACIDENTES

Agosto 2015 _ Ano 36


Nº 431 _ R$15

Disponível

DESDE 1978

ENTREVISTA
MÔNICA MESSENBERG,
DIRETORA DA CNI

BRASEG
FEIRA APRESENTA NOVIDADES PARA
A PREVENÇÃO DE ACIDENTES

CONFORTÁVEIS,
BONITOS
E SEGUROS
INDÚSTRIA INVESTE EM DESIGN E TECNOLOGIA PARA MELHORAR
A ESTÉTICA E A FUNCIONALIDADE DOS CALÇADOS DE SEGURANÇA,
MAS SEM PERDER O FOCO NA PROTEÇÃO
junho_2015
21
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Formulado de acordo com as normas da nova
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RDC 30/12 da ANVISA
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Proteção UVA superior à 1/3 do UVB;
• Fórm
Fórmula hipoalergênica;
• Possui Aloe Vera e Vitamina E, componentes que conferem
Protetor Bluecare hidratação e proteção da pele contra o envelhecimento precoce;
Solar Professional FPS 30 • Protege a pele das agressões causadas pelo sol, vento,
diferenças climáticas;
Loção cremosa não oleosa com • Não comedogênico;
alto grau de proteção UVA + UVB, • Não contém oxibenzona;
indicado para trabalhadores de campo, • Oilfree e PABA free;
construção civil, manutenção rodoviária • Muita resistência à água e ao suor;
e consumidores em geral. • Disponível em frascos com 140 mL, galões com
1 L e 4 L com válvula dosadora e em sachês com 10 mL.

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DESDE 1978
EDITORIAL
AÇÕES
REVISTA CIPA - ANO XXXVI - Nº 431 - agosto de 2015 é uma publicação mensal da Cipa Fiera Milano
Publicações e Eventos Ltda. Publicação específica para as áreas de Higiene, Segurança e Infortunística Laboral,
destinada à Segurança Total do Homem, do Trabalho e da Empresa.
INTEGRADAS
As matérias assinadas são de inteira responsabilidade dos autores e não expressam, necessariamente, a
opinião da Revista CIPA. As matérias publicadas poderão ser reproduzidas, desde que autorizadas por escrito
pela Cipa FM Publicações e Eventos Ltda., sujeitando os infratores às penalidades legais.
De acordo a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), realizada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), em parceria
CIPA FIERA MILANO PUBLICAÇÕES E EVENTOS LTDA
ADMINISTRAÇÃO, CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS, MARKETING E PUBLICIDADE com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), cerca de cinco milhões
ENDEREÇO Av. Angélica, 2491 - 20º andar - São Paulo (SP)
de trabalhadores brasileiros se acidentaram entre 2012 e 2013.
FONE (11) 5585-4355 FAX (11) 5585-4355 PORTAL: www.fieramilano.com.br
O número exorbitante é mais de seis vezes maior do que os
DIRETOR-GERAL Marco Antonio Mastrandonakis
DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Graziano Messana
718 mil divulgados pelas estatísticas oficiais da Previdência, que
DIRETOR-COMERCIAL E VENDAS Rimantas Ladeia Sipas (rimantas.sipas@fieramilano.com.br) contemplam apenas trabalhadores com carteira assinada.
PUBLICIDADE Fone (11) 5585-4355 comercial@fieramilano.com.br
Apesar de não chegarem a ser surpreendentes, os indicadores
SECRETÁRIA Sueli Ferreira (sueli.ferreira@fieramilano.com.br) trazidos à tona pela pesquisa revelam que a situação de
ASSISTENTE DE VENDAS INTERNACIONAIS: Caique Ferraz (carlos.ferraz@fieramilano.com.br)
ASSINATURAS Jessica Silva (jessica.silva@fieramilano.com.br) insegurança à qual estão submetidos os trabalhadores brasileiros
é bem maior do que a “enxergada”, até então, pelos órgãos
REALIZAÇÃO
oficiais. É possível inferir, assim, a possibilidade de que os
esforços preventivos levados a cabo pelos governos estejam, eles
também, subdimensionados.
Rua Félix de Souza, 305 – Vila Congonhas
Ao menos no aspecto normativo, entretanto, a inferência parece
CEP 04612-080 – São Paulo – SP não condizer com a realidade. Como o leitor poderá conferir na
Tel.: (11) 5095-0096
www.brasilmediacommunications.com
entrevista desta edição, com a diretora de Relações Institucionais
da CNI (Confederação Nacional da Indústria), e também na
DIRETOR DE REDAÇÃO Marcelo Couto
DIRETOR DE ARTE Roberto Gomes matéria sobre os dois anos da NR 36, é senso comum entre
empresários que há demasiado rigor governamental na
REDAÇÃO-REPÓRTERES/REDATORES Bruno Ribeiro (bruno.ribeiro@bmcomm.com.br); Clarisse
Souza (clarisse@bmcomm.com.br) e Débora Luz (debora.luz@bmcomm.com.br). elaboração e revisão das normas regulamentadoras; e, entre os
ASSISTENTES DE ARTE Jessica Guedes
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Adriana Couto Lapetina, Adriane do Vale, Aguinaldo Bizzo de
trabalhadores, que as normas são boas e suficientes, desde que
Almeida, Conceição Freitas, Fabiana Basso, Jaques Sherique, Luis Carlos Vendrame, Remigio Todeschini, sejam cumpridas à risca.
Sergio Ussan
CAPA SHUTTERSTOCK A insuficiência parece, então, estar em outra(s) instância(s). E
IMPRESSÃO Gráfica Grass
o próprio PNS nos dá dicas: uma delas é o número muitíssimo
TIRAGEM 17.000 exemplares superior de acidentados no Norte e Nordeste do Brasil, em
CIPA® Registrada no Ministério da Indústria e Comércio, Tiragem auditada
discrepância com os números apresentados pelas demais
Secretaria de Tecnologia Industrial, Instituto Nacional regiões. Outra é o grande número de acidentes de trajeto, que
da Propriedade Industrial em 25.8.79, sob o número
1231/0697.261, e no 5º Ofício de Títulos e Documentos em 8 chegam a 1,4 milhão, aproximadamente, ou 30% do total.
de janeiro de 1987, no Livro A, sob matrícula nº 5.815.
Enquanto os primeiros dados podem revelar um desequilíbrio de
ações fiscalizatórias, sugerindo a necessidade de maior empenho
do MTE nas regiões cuja incidência de acidentes é mais elevada;
serviços
a segunda parece indicar descaso com a infraestrutura de
ATENDIMENTO
Edições anteriores, promoções, preços e alteração de dados cadastrais
proteção urbana e, principalmente, com a disseminação de uma
(endereço, número de telefone, forma de pagamento etc.). cultura prevencionista, da qual os frutos seriam um maior nível
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Sumário E ntrevista 22
MÔNICA
MESSENBERG
DIRETORA
CONFEDERAÇÃO
NACIONAL DA

26
INDÚSTRIA

CALÇADOS DE Colunas
SEGURANÇA Construir com Segurança................................... 46

40
BRASEG
Dicas de Prevenção............................................ 88

Previdência e Prevenção................................. 100

Abresst em Ação........................................... 108


2015

50
Artigos
Comportamento................................................ 64
NR-36 Periculosidade................................................... 78

56
VISÃO:
Seções
8
Tá na Rede............................................................

Cipa Notícias..................................................... 12
OLHO SECO

72
Fique Sabendo.................................................. 18

Repercussão...................................................... 20

Lançamento.................................................. 104
POSTURA Talento da Segurança..................................... 110

90
Legislação..................................................... 112

Vitrine........................................................... 114

TRABALHO Agenda......................................................... 116

DE TURNO Leitor em Alerta............................................. 118


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Projeto de
aposentadoria
Técnico em segurança do especial para garis
trabalho é o curso mais aguarda votação
procurado no Sisutec Aguarda inclusão na pauta do Plenário
Com 72.238 inscrições, o curso de técnico em do Senado um projeto que concede aposentadoria
segurança do trabalho foi o mais procurado pelos especial para trabalhadores que exercem a atividade
estudantes que se cadastraram no Sisutec (Sistema de coleta de lixo, seleção de material para reciclagem
de Seleção Unificada da Educação Profissional e ou varrição de vias públicas. O texto aprovado na CAS
Tecnológica). A edição de 2015 do Sisutec ofereceu (Comissão de Assuntos Sociais) determina que esses
83.641 vagas em 515 municípios de todos os trabalhadores terão direito ao adicional de insalubridade
Estados e no Distrito Federal. São responsáveis pela equivalente a 40% da remuneração (descontados
oferta de cursos os institutos federais de educação, outros adicionais e gratificações). Apesar dessas
ciência e tecnologia, as redes públicas estaduais, as atividades serem nocivas à saúde, não são oficialmente
instituições particulares habilitadas pelo Pronatec consideradas insalubres; e o direito à aposentadoria aos
(Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e 25 anos de serviço não é reconhecido pelo INSS. Assim,
Emprego) e os serviços nacionais de aprendizagem os garis têm de recorrer à Justiça e precisam apresentar
do Sistema S. Confira o número de inscrições por laudo da empresa para comprovar a efetiva exposição ao
região no site da revista Cipa, seção “Notícias”. risco. Confira a matéria completa e o texto do projeto na
íntegra no site da revista Cipa, seção “Legislação”.

Cuidados com a coluna no ambiente de trabalho


A SBN (Sociedade Brasileira de Neurocirurgia), organização não governamental sem fins lucrativos, alerta sobre os riscos e consequências
das dores na coluna para a saúde do trabalhador. Nacionalmente, a principal razão para a dor na coluna é a hérnia de disco vertebral,
que tem como consequências dores nas costas. Dores de origem muscular são secundárias à fadiga dos músculos das regiões lombar,
dorsal e do pescoço. Os sintomas dolorosos são semelhantes entre si e se diferem devido às causas, denominadas etiologias das
doenças. O que determina se a dor é aguda ou crônica é o período de tempo da sensação de incômodo. Leia a matéria completa no
portal na revista Cipa na internet, “Notícias”, confira as dicas preventivas e saiba como agir em caso de acidente de trabalho.

Três em cada 20 acidentes de trabalho


acontecem no percurso entre a empresa e a
residência
O portal da revista Cipa divulgou, em sua seção “Notícias”, um dado alarmante:
três em cada 20 acidentes de trabalho acontecem no percurso entre a empresa e a
residência. Mais de 111 mil trabalhadores no Brasil sofreram acidentes de percurso no
trajeto de ida e volta entre a residência e a empresa, segundo dados último Anuário
Estatístico divulgado pela Previdência Social, correspondente ao ano de 2013. O número
corresponde a 15% por cento do total de acidentes de trabalho. De acordo com a
matéria, o número de acidentes de trajeto está crescendo no Brasil, principalmente
devido a dois fatores: a distância cada vez maior entre os trabalhadores e seus locais de
trabalho, e a utilização de motos como meio de transporte.

8 www.revistacipa.com.br
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Dia Nacional de Prevenção de
Acidentes de Trabalho

N o dia 27 de julho foi celebrado o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho. A data é símbolo da luta
dos trabalhadores brasileiros por melhorias nas condições de saúde e segurança no trabalho.
O Brasil foi o primeiro país a ter um serviço obrigatório de Segurança e Medicina do Trabalho em empresas com mais
de 100 funcionários. Este ato aconteceu no dia 27 de julho de 1972 com a publicação de duas Portarias (nº 3236 e
3237) que regulamentavam a formação técnica em Segurança e Medicina do Trabalho. Por isto, a data foi escolhida
para ser o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho.
Nesse sentido, o então ministro do Trabalho, Júlio Barata, além de assumir as implementações das portarias, atuali-
zou o artigo 164 da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), que discorre sobre as condições internas de uma em-
presa, em relação à saúde e a segurança, mas precisamente sobre a atuação e formação da Cipa (Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes.

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abril_2015
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Escola da Movimentação inicia Ato público
atividades em São Paulo por trabalho
A Escola da Movimentação, projeto encabeçado pela
Rigging Brasil, entrou em atividade e passou a ofe-
recer treinamentos periódicos para qualificação e aperfei-
seguro
çoamento dos profissionais envolvidos em processos de
movimentação, amarração e elevação de cargas. Os cur-
sos serão ministrados na sede da empresa em São Pau-
N o dia 27 de julho, Dia Na-
cional de Prevenção de
Acidentes de Trabalho, as me-
lo e há possibilidade da realização in company para gru- dalhistas olímpicas do vôlei de
pos a partir de cinco participantes. De acordo com novas praia Adriana Behar e Shelda
demandas, a Escola de Movimentação poderá realizar cursos em outros Estados do País. Bede, falaram para operários
Entre os treinamentos realizados estão: Sinaleiro/Amarrador de Cargas; Movimentação do Plano de Legado dos Jogos
de Cargas, com duração de 8 horas; Amarração de Cargas, com módulos de 8 a 16 ho- Olímpicos e Paralímpicos Rio
ras; Inspeção de Materiais, com duração de 8 a 16 horas; Supervisor de Rigging, com du- 2016 sobre a importância da
ração de 32 horas; e Rigger, com duração de 40 horas, entre outros. Em todos os cursos prevenção a acidentes de tra-
será feita a relação das principais normas vigentes no mercado. Para mais informações ou balho. A mensagem foi trans-
inscrições, os interessados podem enviar e-mail para treinamentos@riggingbrasil.com.br. mitida por meio de um vídeo,
produzido pelo TRT/RJ (Tribu-

Médico plantonista receberá


nal Regional do Trabalho) da
1ª Região e lançado através

adicional de periculosidade
de Ato Público, em frente ao
canteiro de obras do Museu
do Amanhã - projeto do Porto

U m hospital de clínicas da cidade de Porto Alegre (RS) foi condenado a paga adicional de
periculosidade a um médico plantonista de sua UTI, onde ficava habitualmente exposto
à radiação ionizante decorrente dos exames radiológicos realizados nos leitos. O hospital re-
Maravilha, que integra o Plano
de Legado.
No vídeo, de 30 segundos, as
correu da condenação, mas a Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu atletas alertam sobre a impor-
do recurso. Com base em prova pericial, foi constatado que o médico, em seus plantões na tância do uso dos EPIs (Equipa-
UTI, poderia permanecer na sala sem a devida proteção, realizando procedimentos em seus mentos de Proteção Individual),
pacientes que não podiam ser interrompidos. Por prova testemunhal, soube-se que o proce- tais como capacetes e botas.
dimento era realizado com frequência, expondo o profissional de forma habitual e intermi- A produção audiovisual é uma
tente à radiação, sem equipamento de proteção. ação do Programa Trabalho Se-
guro no âmbito da Justiça do

Higiexpo 2015 Trabalho do Rio de Janeiro. Pro-


movido pelo TST (Tribunal Su-
perior do Trabalho) e pelo CSJT
(Conselho Superior da Justiça
do Trabalho), o projeto visa a
formulação e execução de pla-
nos e ações nacionais voltados

D e 4 a 6 de agosto aconteceu a 24a Higiexpo, feira destinada à limpeza profissio-


nal que reúne fabricantes e distribuidores de máquinas, equipamentos, químicos,
descartáveis, acessórios e prestadores de serviços especializados. A feira é bienal e or-
à prevenção de acidentes de
trabalho e ao fortalecimen-
to da Política Nacional de Se-
ganizada pela Abralimp (Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional). gurança e Saúde no Trabalho.
Paralelamente à feira, ocorreu o Congresso Higicon, cujo tema “Juntos na limpeza, na No TRT/RJ, o Programa Traba-
saúde e no bem-estar” permitiu o intercâmbio e troca de informações entre palestran- lho Seguro tem como gestores
tes e congressistas. O conteúdo das palestras e debates repercutiram as práticas reais regionais a presidente do TRT/
das organizações, assim como os desafios diários de seus gestores. Os cursos compac- RJ, desembargadora Maria das
tos gratuitos, uma das principais atrações, trataram de técnicas de limpeza, qualidade Graças Cabral Viegas Paranhos,
total, 10 S na limpeza profissional, circuito de limpeza profissional, higienização hospi- e a juíza do Trabalho Substituta
talar e lideranças de limpeza e tratamento de pisos. Elisa Torres Sanvicente.

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Necessidade de políticas públicas
no setor sucroalcooleiro
A s mortes e os casos de adoecimento entre trabalhadores do corte da cana-de-
-açúcar são determinados pelo desgaste físico precoce e intensivo provocado pe-
la atividade de trabalho. O sistema de remuneração por produção, utilizado no setor,
é associado a bônus e premiações por superação de metas. Nesse cenário, a mecani-
zação do processo tem sido apontada como a solução para o desgaste causado pe-
lo corte manual. O que gera a necessidade de políticas públicas compensatórias pa-
ra aqueles que perderão o seu emprego.
Essa foi uma das conclusões do professor do Departamento de Engenharia de Produ-
ção da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), Francisco Alves, na aula inaugu-
ral da disciplina “Políticas Públicas em Saúde e Segurança do Trabalho”, do Programa
de Pós-Graduação “Trabalho, Saúde e Ambiente”, da Fundacentro, no início de junho.
Alves aponta que o corte de cana mecânico já atinge 72% da produção no Estado
de São Paulo, o que levou a uma redução de 200 mil para 150 mil trabalhadores. No
3M adquire
entanto, 20% da área plantada por cana não poderá ter a atividade mecanizada por-
que as máquinas não podem ser utilizadas nesses locais.
Capital
Safety
A 3M entrou em acordo
definitivo para adquirir
a Capital Safety da KKR, por
um valor total de $2.5 bilhões
líquidos, incluindo a quantia
de aproximadamente $0.7 bi-
lhões de débitos. A Capital Sa-
fety é líder global no forneci-
mento de equipamento de
proteção contra queda, uma
das categorias de maior cres-
cimento no mercado de equi-
pamento de segurança pesso-
al. A indústria de equipamento
Software monitora cerca de 12 mil de proteção pessoal é priori-
dade estratégica para a 3M,
trabalhadores do campo devido a crescente demanda
por equipamento de proteção

I nédito no Brasil, o software “sobrecarga térmica”, desenvolvido no período de 2009


a 2011 pelos engenheiros Paulo Alves Maia e Álvaro César Ruas da Fundacentro em
Campinas (SP), monitora mensalmente cerca de 12 mil trabalhadores do campo. De acor-
e de foco regulatório cada vez
maior na segurança dos traba-
lhadores, tanto em países de-
do com os engenheiros, 700 pessoas, entre técnicos, engenheiros, médicos do trabalho senvolvidos como em países
e juízes, estimam mensalmente o IBUTG (Índice de Bulbo Úmido-Termômetro de Globo) em desenvolvimento. Os ne-
para avaliar a sobrecarga dos trabalhadores. O software possui relevada importância pa- gócios de Segurança Pessoal
ra garantir o trabalho seguro e saudável no campo e em áreas urbanas abertas forne- da 3M, parte do Grupo de Se-
cendo às empresas uma ferramenta gratuita de gestão para monitorarem as condições gurança e Gráficos da 3M, vol-
térmicas de seus funcionários, evitando o adoecimento dos trabalhadores e as perdas tado para soluções de prote-
econômicas decorrentes destes infortúnios. Além do desenvolvimento do software pa- ção respiratória e auditiva que
ra os sistemas Android, Apple e Windows, está prevista para 2015 a ampliação do seu ajudam a melhorar a seguran-
uso como instrumento de pesquisa para estudos retrospectivos de impactos sobre a saú- ça dos trabalhadores.
de de trabalhadores rurais.

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abril_2015
17
NR-35

Prazo para consulta pública é prorrogado


Foi publicada no dia 20 de julho a Portaria SIT (Secretaria de Inspeção do Trabalho) nº 500/2015, que prorroga por 30 dias
o prazo estabelecido na Portaria SIT nº 490/2015 para a consulta pública o texto técnico básico de revisão do item 35.5 –
Equipamentos de Proteção Individual, Acessórios e Sistemas de Ancoragem – e de criação do Anexo II – Sistemas de An-
coragem da (NR) Norma Regulamentadora nº 35 – Trabalho em Altura.

Prorrogação de validade

Credenciais dos Agentes de Higiene e Segurança


no Trabalho
Foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) no dia 14 de julho, a Portaria da SIT nº 499, que dispõe sobre o novo prazo
de utilização das credenciais dos Agentes de Higiene e Segurança no Trabalho, emitidas conforme a Portaria SIT nº 131/09.
A validade foi prorrogada para 31 de agosto de 2015.

MOTORISTAS PROFISSIONAIS

Condições de segurança e saúde


em locais de descanso

No dia 9 de julho, o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) publicou no DOU a Portaria Nº 944, estabelecendo as condições
de segurança, sanitárias e de conforto nos locais de espera, repouso e de descanso dos motoristas profissionais de transpor-
te rodoviário de passageiros e de cargas. O texto complementa e retifica as regras já definidas na Portaria n° 510, de 17 de
abril deste ano, revogada a partir desta data. Entre as normas estabelecidas, a Portaria determina que os locais de espera,
repouso e descanso – já existentes na data da publicação – têm prazo de um ano, a partir de 8 de julho, para se adequar à
distância máxima das instalações sanitárias e à necessidade de pavimentação ou calçamento da área de circulação de veículos.

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AVIAÇÃO

Projeto ampliará direitos trabalhistas de aeronautas


A Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados aprovou proposta que regulamenta
o exercício da profissão de tripulante de aeronave ou aeronauta – o que inclui pilotos, co-
pilotos, comissários e mecânicos de voo. Atualmente, a profissão é regulamentada pela
Lei 7.183/84. O texto aprovado na comissão é um substitutivo que altera em diver-
sos pontos o Projeto de Lei 8.255/14, do Senado.
Pesquisa da Abrapac (Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil) mos-
trou que, a cada 146 horas de voo, um piloto comete um erro. O estudo ana-
lisou mais de 155 mil horas de voo (em um total de seis meses) em 2012 com
1.370 pesquisas entre comandantes e copilotos. No período, foram registrados
1.065 erros dos pilotos, 50% entre 0h e 6h. Segundo estatísticas da Agência de
Segurança nos Transportes dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês), a fadiga
humana contribui para aproximadamente 20% dos incidentes e acidentes aéreos.
O substitutivo estabelece novos parâmetros de limites de horas de voo; cria li-
mites de voo específicos para as empresas que aderirem ou não ao Programa
de Gerenciamento de Risco da Fadiga Humana, de acordo com conceitos reco-
mendados pela Organização de Aviação Civil Internacional; também gerencia o
risco da fadiga, dentre outras ações.

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“O uso do protetor solar é recomendado


em todas as atividades”

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Loção cremosa não oleosa com alto grau de proteção UVA + UVB, indicado para trabalhadores de
campo, construção civil, manutenção rodoviária e consumidores em geral.

• Proteção UVA superior à 1/3 do UVB*; • Oilfree e PABA free;


• Fórmula hipoalergênica; • Protege a pele das agressões causadas pelo
• Não comedogênico; sol, vento, diferenças climáticas;
• Não contém oxibenzona; • Muita resistência à água e ao suor.
• Possui Aloe Vera e Vitamina E, componentes • Disponível em frascos com 140 mL, galões com
que conferem hidratação e proteção da pele 1 L e 4 L com válvula dosadora e em sachês
contra o envelhecimento precoce; com 10 mL.

Formulado de acordo com as normas da nova RDC 30/12 da ANVISA

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abril_2015
19
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Doença resultante de
atividade profissional
Brasil está entre os cinco lhadores perderam a vida em indústrias gera dano moral
países com mais acidentes de estabelecidas no município. Segundo a A doença desenvolvida por cau-
trabalho no mundo Previdência Social, o número de aciden- sa de atividade profissional atin-
Apesar dos avanços nas normas que di- tes de trabalho em Rondonópolis aumen- ge os direitos da personalidade do
zem respeito à segurança dos emprega- tou de 1.006 casos, em 2012, para 1.033 trabalhador e fere seu patrimônio
dos, o Brasil continua entre os cinco países casos, em 2013. Contabilizando os casos imaterial, gerando o direito à re-
que registram mais acidentes de trabalho com carteira de trabalho registrada, os paração. Assim entendeu o juiz Ri-
no mundo. A constatação foi feita pelo acidentes de trabalho em empresas do cardo Machado Lourenço Filho ao
presidente da Comissão de Direitos Hu- município cresceram de 809 registros em condenar uma rede de clínicas mé-
manos e Legislação Participativa do Sena- 2012 para 899 registros em 2013. O le- dicas a indenizar por danos mo-
do (CDH), Paulo Paim (PT-RS), no dia 16 vantamento detalha que, entre os profis- rais e materiais uma trabalhadora
de julho, durante audiência pública sobre sionais com carteira de trabalho registra- que desenvolveu problemas oste-
segurança no trabalho. Segundo o parla- da, foram contabilizados 636 acidentes omusculares devido à intensidade
mentar, números mostram em 2013 uma típicos, isto é, em decorrência da ativida- e à repetição dos movimentos fei-
a taxa de mortalidade de 6,53 por 100 de profissional, em 2013. No Mato Gros- tos durante a execução de suas ta-
mil segurados. Um ponto de vista unâni- so, Estado com índices preocupantes de refas. Ela receberá R$ 20 mil de in-
me defendido no debate foi que a culpa acidentes de trabalho, foram 13.920 ca- denização por danos morais e R$
por um acidente de trabalho não pode sos desse tipo de ocorrência no ano re- 1 mil de pensão mensal vitalícia,
ser atribuída exclusivamente ao funcio- trasado, com 111 óbitos ao todo. A cida- que deve ser contabilizada a par-
nário, ainda que ele não tenha utiliza- de de Cuiabá registrou o maior número tir de novembro de 2012, incluin-
do equipamentos de proteção individual de acidentes de trabalho em 2013, tota- do os 13º salários.
(EPI). Antes desse uso, há medidas cole- lizando 3.010 casos. Depois vem Rondo- Fonte: Consultor Jurídico
tivas a serem tomadas pelo empregador nópolis e, na terceira posição, a cidade
para sanar ou reduzir os perigos existen- de Várzea Grande, com 938 casos nes- taurada e está investigando as causas do
tes no ambiente de trabalho. se mesmo ano. acidente. A empresa disse, em nota, que
Informações da Agência Senado Fonte: A Tribuna Mato Grosso a “Transpetro está prestando toda a as-
sistência necessária à empresa terceiriza-
Acidentes de trabalho em Operários morrem em da”. Segundo o Sindicato dos Petroleiros
Rondonópolis acidente em terminal da do Espírito Santo (Sindipetro-ES), os pro-
Dados do Anuário Estatístico de Aci- Petrobras no ES fissionais faziam a montagem de um an-
dentes do Trabalho 2013, da Previdên- Dois trabalhadores da empresa Espiral En- daime na ponta leste do píer, sobre o mar,
cia Social, último levantamento realiza- genharia, que faziam a manutenção do quando o concreto cedeu e o andaime foi
do, evidenciam um aumento de 2,7% Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, parar dentro da água, levando junto os
em acidentes de trabalho no município morreram em um acidente no dia 7 de trabalhadores, que estavam presos à es-
de Rondonópolis (MT) entre 2012 e 2013. julho. A empresa presta serviços para a trutura pelo cinto de segurança.
Somente nos últimos meses, três traba- Petrobras. Uma comissão interna foi ins- Fonte: G1/Espírito Santo

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junho_2015
21
entrevista por Bruno Ribeiro

MÔNICA MESSENBERG

SEGURANÇA COM
COMPETITIVIDADE
Diretora da CNI defende normas exequíveis e
disseminação de uma cultura de prevenção
22 www.revistacipa.com.br
A PROMOÇÃO DE UM AMBIENTE
DE TRABALHO SEGURO É FATOR DE
COMPETITIVIDADE PARA A INDÚSTRIA

A
CNI (Confederação Nacional da Indústria) tem suas tarefas com segurança e eficiência. Isso tem reflexo direto
sido uma voz relevante no âmbito das discus- na produtividade do trabalho e, consequentemente, na receita
sões sobre segurança e saúde do trabalho. Par- da empresa. É uma equação em que todos ganham.
ticipando ativamente dos processos tripartites
que dão origem a novas normas regulamenta- O Sesi é um importante instrumento de promoção da
doras ou a atualizações da legislação vigente, a entidade defen- segurança no trabalho na indústria. Quais as principais
de melhorias na infraestrutura de proteção ao trabalhador, mas ações, cursos e campanhas realizadas pela entidade?
sempre prezando pela manutenção da viabilidade econômica e As ações da CNI, por meio do Sesi, são a promoção e disse-
competitividade da indústria nacional. minação um modelo de gestão de SST e o apoio às empresas
Por meio do Sesi (Serviço Social da Indústria), mantém duas para que cumpram exigências legais e desenvolvam ações edu-
páginas sobre SST na internet: uma para a indústria em geral (ht- cativas para seus empregados. De modo geral, as ações do Sesi
tp://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canal/segurancaesau- ajudam as empresas a adotarem um modelo de gestão voltado
denotrabalho/) e outra específica para a indústria da constru- a ações preventivas, de modo que o próprio empregado passe
ção (http://www.portaldaindustria.com.br/sesi/canal/pnsstic/). a agir proativamente, caso identifique indícios de qualquer pro-
Além disso, oferece serviços diversos na área, tais como cursos, blema. Hoje, o Sesi conta com mais de 2,8 mil profissionais em
diagnósticos, programas legais e consultoria, por meio de um mais de 1,3 mil unidades fixas e móveis para dar apoio à indús-
programa próprio, o Sesi Indústria Saudável. tria e ao trabalhador. Entre as ações em curso, podemos desta-
Atualmente, a Confederação trava discussões acaloradas com car a coletânea de vídeos “100% Seguro”, com orientações so-
as bancadas governamental e dos trabalhadores acerca da NR- bre saúde e segurança. São 100 vídeos voltados à construção
12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, por civil que foram divulgados pela Organização Mundial da Saú-
acreditar que o texto traz exigências que seriam cabíveis apenas a de (OMS) em 14 países.
fabricantes de máquinas e demanda investimentos tão vultuosos
que arriscam sucatear boa parte do parque industrial nacional. A nova versão da NR 12 tem gerado polêmica. Em que
Para esclarecer dúvidas sobre esses e outros assuntos relacio- estágio se encontra sua implementação e quais as
nados à atuação da CNI na área de saúde e segurança no tra- principais contestações da indústria?
balho, Cipa entrevistou Mônica Messenberg, diretora de Rela- A norma está vigente desde 2010 e sofreu ajustes pontuais
ções Institucionais da entidade desde 2010. no início de julho. A CNI entende que as mudanças na NR 12
Graduada em Ciências Econômicas e mestre em Economia In- foram positivas, mas ressalta que não foram suficientes para so-
ternacional pela Universidade de Brasília (UnB), trabalhou, du- lucionar alguns problemas para o setor produtivo, apesar de ser
rante mais de 15 anos, no desenvolvimento, implementação e um primeiro passo em direção ao um texto adequado. Nós con-
administração nas áreas de planejamento e controle de progra- tinuamos a trabalhar para que a norma seja exequível técnica
mas do Governo Federal, ocupando cargos no primeiro esca- e financeiramente para as empresas do país, sem abrir mão da
lão administrativo. necessária proteção e segurança do trabalhador. A solução pa-
ra os problemas decorrentes da NR 12 passa, necessariamente,
Qual a importância do estabelecimento de políticas de pela revisão integral do texto, considerando premissas como a
SST para a indústria nacional? da linha de corte temporal e a separação das obrigações para
A saúde e segurança do trabalhador é algo irrenunciável e a fabricantes e usuários.
promoção de um ambiente de trabalho seguro é fator de com-
petitividade para a indústria. No dia a dia, a redução de riscos A que a senhora credita o impasse envolvendo a
de doenças e acidentes de trabalho é importante, não apenas implementação da norma?
pelo aspecto humano, por razões óbvias, mas como forma de Apesar de ter as normas da União Europeia como referên-
assegurar condições adequadas para que o trabalhador realize cia, o texto da NR-12 extrapolou seu paradigma e o novo mar-

agosto_2015
23
entrevista
co legal brasileiro foi consolidado com excessivo detalhismo e A indústria nacional tem sido eficiente na redução dos
rigor. A norma ainda desconsidera o princípio da irretroativida- acidentes e doenças do trabalho?
de normativa, obrigando as empresas a adequar maquinários De forma geral, o setor produtivo brasileiro tem apresentado
usados, mesmo tendo sido adquiridos em total conformidade uma melhora sensível na incidência de acidentes e doenças do
com a legislação vigente à época de sua fabricação. Para a in- trabalho. Em 1978, ano de criação das normas regulamentadoras,
dústria, a proteção do trabalhador é irrenunciável e mecanis- para se ter uma ideia, 9,32% dos trabalhadores formais sofreram
mos e instrumentos de prevenção de acidentes devem sempre algum tipo de acidente do trabalho. Em 2013, de acordo com
ser perseguidos. Mas, ressalta-se, não é razoável obrigar as em- o último relatório da Previdência Social, essa proporção foi de
presas a fazerem um investimento em novas máquinas e equi- 1,47% da força de trabalho formal. Apenas nos últimos seis
pamentos quando essas foram fabricadas e adquiridas obser- anos houve uma redução real de 23,4% no índice de acidentes
vando-se todas as normas de segurança em vigência à época e a indústria tem sido a mola propulsora nessa melhora, uma
da compra ou, ainda, quando ela possui mecanismos de segu- vez que esses indicadores têm peso grande do setor. Mas,
rança eficazes e eficientes. claro, há sempre espaço para melhora. O grande desafio
é que a promoção do bem-estar, da segurança e da saúde
No âmbito dos processos tripartites, como tem sido a dos empregados deve ser fruto da parceria entre empresas,
relação da CNI com o Governo e os trabalhadores? governo e os próprios trabalhadores. Tão importante quanto
A relação da CNI com o setor governamental e os sindicatos fiscalizar e criar novas regras é estimular ações que maximizem os
dos trabalhadores sempre foi de bom e transparente diálogo. resultados dos recursos destinados à proteção dos trabalhadores.
É normal que haja dissenso no decorrer das discussões,
mas isso faz parte do diálogo social e da construção de A senhora acredita que o Brasil conta com uma
normas que assegurem a devida proteção do trabalhador legislação de SST adequada?
e a sustentabilidade do setor produtivo. Esse processo de O Brasil conta com uma vasta legislação de SST e o seu foco é
harmonização das diferentes posições deve ser valorizado. a segurança e a saúde do trabalhador. Mas, muito mais impor-
tante do que legislar, é preciso incentivar e disseminar a cultu-
Em sua opinião, a atuação governamental na ra da prevenção. Os números de acidentes de trabalho dos últi-
elaboração e revisão das normas tem contribuído para mos mostram que há uma evolução nesse sentido, com queda
garantir o desenvolvimento do setor industrial com constante nas ocorrências, de forma geral.
segurança para os trabalhadores?
Apesar de o diálogo tripartite vigorar, a proliferação de revi- Em sua opinião, quais os caminhos para o crescimento
sões e criação de NRs, em curto espaço de tempo, tem afetado industrial com segurança no trabalho?
a aplicação das normas e algumas não têm alcançado o resul- As normas de saúde e segurança do trabalho devem assegu-
tado desejado. Em alguns casos, as normas têm imposto obri- rar a devida proteção ao trabalhador, ao mesmo tempo em que
gações excessivas e complexas ao setor produtivo, comprome- devem ser razoáveis, exequíveis e simples para a adoção do se-
tendo o devido equilíbrio entre sua eficácia e razoabilidade e tor produtivo. Essa conjunção de fatores contribui para normas
seus impactos econômicos e sociais. Não se questiona a neces- que se mostrarão eficazes. Além disso, a participação de todos
sidade do aprimoramento das normas, tampouco da seguran- – trabalhadores, empresas e poder público – é fundamental
ça do trabalhador, mas não se pode prescindir de uma detalha- para disseminar uma cultura de prevenção que trará benefícios
da análise dos problemas existentes, assim como dos efeitos da para a saúde da força de trabalho e ganhos de competitivida-
aplicação de um novo marco legal. de para as empresas. n

(...) O NOVO MARCO LEGAL


BRASILEIRO FOI CONSOLIDADO COM
EXCESSIVO DETALHISMO E RIGOR
24 www.revistacipa.com.br
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䠀伀刀䤀娀伀一吀䔀匀⸀

agosto_2015
25
Calçados de segurança por Adriane do Vale

INDÚSTRIA INVESTE
EM INOVAÇÃO
O design foi
a grande
revolução dos
últimos anos,
mas a proteção
continua sendo
o foco principal

A
legislação brasileira na
área de segurança e saú-
de do trabalho é uma das
mais avançadas do mun-
do. São várias as normas
regulamentadoras que estabelecem pro-
cedimentos para garantir a integridade fí-
sica dos trabalhadores e gerar melhores
condições de trabalho. Uma das princi-
pais é a NR-6, que determina a obrigato-
riedade do fornecimento dos EPIs (Equipa-
mentos de Proteção Individual) por parte
dos empregadores aos empregados, de
acordo com o risco aos quais estão ex-
postos. E dentre os muitos, hoje, dispo-
níveis no mercado, os calçados de segu-
rança são os mais comercializados, afinal
são exigidos para a proteção dos pés em
uma gama bastante grande de ativida-
des econômicas.
Os calçados de segurança detêm 37%
da fatia de mercado de EPIs no Brasil. Se-
gundo Dados da Animaseg (Associação
Nacional da Indústria de Material de Segu-
rança e Proteção ao Trabalho), atualmen-
te, são fabricados 50 milhões de pares por
ano no País, por aproximadamente 130
fabricantes nacionais, que faturam em
torno de R$ 1,7 bilhão. Se também fo-
rem contabilizados os números das bo-
tas de PVC, de borracha e de combate a

26 www.revistacipa.com.br
incêndio, que não deixam de ser calça-
dos de segurança, a quantidade de pa-
res produzidos sobe para 60 milhões e o
faturamento fica próximo a R$ 2 bilhões.
Os calçados de segurança são fabrica-
dos para serem resistentes a água, tinta,
derivados do petróleo, minérios, produtos
químicos, dentre outros, e protegerem os
pés dos trabalhadores contra queda de
objetos, choques elétricos, perfurações,
agentes térmicos, cortantes e químicos.
Pelas últimas estatísticas divulgadas pe-
lo Ministério da Previdência e Assistência
Social, referentes ao ano de 2013, ocor-
reram no Brasil 42.367 acidentes com os
pés de trabalhadores, sendo uma das par-
tes do corpo mais acidentadas.
A confecção dos calçados ocorre a par-
tir de diferentes materiais e os fabricantes
estão atentos ao desenvolvimento de no-
vos produtos, sempre visando à maior du-
rabilidade, ao conforto e à segurança dos
trabalhadores, com base nas funções e ris-
cos aos quais estão expostos e às exigên-
cias dos próprios locais de trabalho, que
são bastante variáveis, indo, por exemplo,
de altas a baixas temperaturas ou então
de ambientes com sujidades até aqueles
em que a higiene deve ser total.
A tecnologia tem sido uma grande alia-
da no desenvolvimento dos calçados de
segurança, permitindo inovações em ca-
da uma de suas partes, seja no cabedal,
seja no solado, na palmilha, na biqueira
e nas demais, possibilitando uma prote-
ção total. Sem falar no design, que tem
se aproximado bastante dos calçados so-
ciais e esportivos. Hoje, quando muitos
modelos são apresentados, é difícil acre-
ditar que se trata de um calçado de se-
gurança, o que estimula o uso.
Segundo o diretor-executivo da Anima-
seg, Raul Casanova, a indústria brasileira
de calçados de segurança tem condições
de fabricar produtos de nível internacio-
nal, não deixando a desejar aos italianos
ou alemães. Inclusive, menciona que al-
guns fabricantes nacionais exportam o ca-
bedal para esses países.
Apesar de o Brasil dispor de toda a tec-

agosto_2015
27
Calçados de segurança

Raul Casanova,
diretor-executivo da
Animaseg
foto: Osíris Bernardino

nologia, o merca-
do ainda não de-
manda calçados
de segurança mui-

foto: Divulgação
to sofisticados. Como a legislação brasi-
leira obriga o fornecimento gratuito por
parte das empresas, a média de preço dos
produtos comercializados, de acordo com
Casanova, gira em torno de R$ 35 e R$
40, sendo que, nos Estados Unidos e na
Europa, onde em vários países são os pró-
prios trabalhadores que adquirem os cal-
çados, eles chegam a investir R$ 300, R$
400 ou até mais por um par.
Conforme Casanova, há fabricação de O SEGMENTO ESTÁ AMADURECIDO
calçados de segurança a custos maiores
no Brasil, mas para nichos muito específi-
E POSSUI RIGOR NAS NORMAS
cos. No entanto, independentemente do mas já conseguimos avanços importan- que trabalha oito horas por dia, associado
tipo de calçado que o mercado nacional tes em qualidade, performance e solu- a materiais como microfibras, que possibi-
demanda, os fabricantes acompanham o ções. O segmento tem amadurecido, ga- litam processos novos, automáticos, mais
que há de melhor no mundo para produ- nhado competitividade, rigor nas normas eficazes e com menor custo de produção.
zir calçados com qualidade e segurança. regulamentadoras, entidades mais repre- E essa evolução foi possível graças à
sentativas, marcas reconhecidas e produ- abertura do mercado nacional, afinal
Evolução tos de alto valor agregado”, avalia Galvão. permitiu a modernização do parque fa-
O calçado de segurança, produzido há Segurança para os pés, em atendimen- bril calçadista, a busca por novas tecno-
20, 30, 40 anos, cumpria o seu papel com to à legislação, era o que as empresas exi- logias, maior poder de competição e,
os recursos disponíveis na época, de acor- giam, a boa aparência dos calçados não também, uma exigência maior tanto dos
do com Edson Galvão, diretor industrial e era levada em consideração, conta Marco consumidores quanto dos profissionais
responsável pela área de Pesquisa e De- Antônio Ferreira, diretor-técnico da Mar- responsáveis pela segurança dos traba-
senvolvimento da BSB. Tratava-se de um luvas. Por isso, os calçados eram fabrica- lhadores nas organizações.
produto pesado e pouco flexível, que não dos com solado de pneu e PVC, o que Somada aos avanços que dão aos cal-
oferecia conforto e o visual não era nada os tornavam pesados e sem o conforto. çados maior segurança e proteção, o co-
atrativo, o que gerava uma grande resis- Mas hoje as coisas mudaram e as exigên- ordenador de Marketing da Safetline, Pe-
tência no uso. Mas, ao longo das últimas cias vão da atratividade visual aos preços dro Paulo Engler, cita a evolução radical
décadas, o setor deu um salto qualitativo. competitivos, por ser um item obrigatório no processo de modelagem, conforto e
Foram realizados investimentos em na segurança do trabalhador e distribuído design, a ponto de, hoje, muitos calçados
pesquisas, desenvolvimento, design, gratuitamente pelas empresas. de segurança serem comparados aos es-
matérias-primas, tecnologia, processos Para Ferreira, os avanços ocorreram portivos de alta performance. “Tudo isso
e profissionalização das empresas. “Se principalmente em relação às tecnologias ajudou a melhorar o calçado de prote-
compararmos o mercado nacional aos aplicadas nos processos de produção e às ção no Brasil, e um exemplo é a biqueira
padrões europeus, matérias-primas, em que o uso de mate- de composite, que
especialmente ao riais não naturais e com melhores carac- diminui o peso do
alemão, ainda há terísticas fazem a diferença nos quesitos calçado; assim co-
muito a evoluir, conforto e durabilidade. Além da introdu-
ção do conceito de solado em poliureta- Pedro Paulo Engler,
coordenador de
Edson Galvão, diretor no bidensidade, bicomponente, que evi- Marketing da
industrial da BSB
ta o estresse na musculatura do usuário Safetline

28 www.revistacipa.com.br
agosto_2015
29
Calçados de segurança

Marco Antônio
Ferreira, diretor-
técnico da Marluvas

mo o tratamen-
to dado ao couro,
que ampliou a res-
piração dos pés; e
o TPU (Poliuretano Termoplástico), uma
evolução dos solados bidensidade, que
dá maior segurança, prevenindo escorre-
gões, desgaste excessivo e oferece mais
conforto, durabilidade e melhor perfor-
mance em baixas temperaturas, evitan-
do o congelamento do solado.”
Mas o marco na evolução dos calça-
dos de uso profissional, na opinião de Jo-
sé Luiz Hurmann, responsável técnico e de
segurança do trabalho da Bompel, ocor- A ADOÇÃO DAS NORMAS ISO TROUXE
reu em 2009, com a adoção das normas
de padrão internacional ISO, que trouxe
MODERNIZAÇÃO TECNOLÓGICA
modernização tecnológica e tendências
mundiais em toda a cadeia produtiva, au- cada vez mais leves e, consequentemen- liado como na Europa, podendo atingir o
mentando o nível de competitividade das te, confortáveis, mesmo aqueles que pre- nível máximo de aderência, algo que re-
indústrias e, consequentemente, melho- cisam de um nível maior de proteção. Ou- mete a um tipo de acidente bastante co-
ria na qualidade, conforto e segurança tra diferença está relacionada à qualidade mum nos ambientes de trabalho.
dos produtos, tanto para mercado inter- e segurança, que, em função da exigência Já na visão de Deivis Fabiano Gonçal-
no quanto para o externo. das normas atuais, demandam um maior ves, gerente de P&D e Qualidade da Ar-
Ao comparar os calçados do passado número de ensaios e resultados mais ex- teflex, o mercado de calçados de segu-
com os atuais, Hurmann comenta que a pressivos e seguros.” rança brasileiro, nos últimos dez anos, se
primeira percepção que se tem é a visu- “A normatização permitiu a indústria comparado aos demais, teve uma evolu-
al, pois o calçado que era um “sapatão construir calçados com mais tecnologia e ção tecnológica lenta. “Ainda hoje 70%
de trabalho”, hoje, possui design moder- empregar novos materiais”, enfatizar Cas- das vendas são de botina de elástico em
no com característica e materiais diferen- siano Pavelski, gestor da Viposa, que tam- preto relax. Design e materiais de alta per-
ciados e diversos tipos e modelos confor- bém destaca o design moderno como um formance são pouco representativos no
me a necessidade de proteção. “Todas dos maiores avanços dos calçados nacio- cenário atual.”
as tecnologias incorporadas aos materiais nais, acompanhando um movimento que Isso ocorre, segundo Gonçalves, devido
e acessórios, que compõem a confecção já existe na Europa há anos, e que supriu à concorrência desleal, à cultura do País e
dos calçados, contribuíram para ficarem um débito que o mercado tinha com os ao fato de alguns empresários pensarem
trabalhadores brasileiros. “Tivemos, em que o EPI ainda é despesa e não um inves-
A Linha Miura, da
Safetline, alia design,
particular, uma evolução nas linhas femi- timento na saúde e segurança do colabo-
conforto e tecnologia ninas, com formas específicas, desenvolvi- rador. Além do conservadorismo extremo
das para o formato dos pés das mulheres, da maioria dos fabricantes de calçados, li-
lhes permitindo uma melhor apresenta- mitados aos paradigmas técnicos de dez
ção nos postos de trabalho.” anos atrás. “Hoje
Do ponto de vista da evolução dos são poucos os fa-
campos de risco, ou seja, que vão bricantes que se
efetivamente proteger os traba- diferenciam nesse
lhadores, Pavelski menciona o
índice de deslizamento dos so- Cassiano Pavelski,
lados que, hoje, no Brasil, é ava- gestor da Viposa

30 www.revistacipa.com.br
Julho/2015
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31
Calçados de segurança

Deivis Fabiano
(Poliuretano), também injetado, em bi- Gonçalves, gerente
densidade. O couro, ainda bastante utili- de P&D e Qualidade
da Arteflex
zado, tem duas opções: vaqueta ou ras-
pa e a montagem dos calçados se dá por um quilo, mencio-
meio do processo Strobel, de fixação da na o diretor indus-
palmilha ao cabedal, que reduziu custos trial da BSB. Já nas
e modernizou a produção. Já as pal- atividades com ex-
milhas deixaram de ser em couro posição a altas temperaturas, por exem-
e passaram a ser sintéticas, per- plo, eram confeccionados em madeira,
mitindo a costura e maior velo- sem qualquer conforto e flexibilidade
cidade na produção. Mas, atualmente, existe uma variedade
Calçado de segurança/Gel SRC, da Viposa, Martineli salienta que, hoje, de soluções em materiais. Nos solados, há
com amortecedor em gel no calcanhar é para cada tipo de trabalho, há um maior utilização de borracha nitrílica, lá-
indicado para atividades para atividades com
caminhada intensiva modelo de calçado específico, por exem- tex natural e PU (Poliuretano), que apre-
plo, na coleta de lixo e para prestadores sentam ótima resistência mecânica, leve-
mercado. Os que fazem a diferença es- de serviços de limpeza em geral, são uti- za, estabilidade, conforto e versatilidade.
tão utilizando cores mais vivas, materiais lizados os sapatênis, leves e com solado Por todas essas características, o PU tam-
sintéticos e têxteis no cabedal, além de li- anabela costurado; nas atividades de fun- bém já é uma realidade em vários países
nhas um pouco mais modernas”, afirma. dição, são usados solados em bicompo- como matéria-prima para botas imperme-
nente PU e borracha nitrílica; e, na vigi- áveis e, no Brasil, sua aceitação tem sido
Materiais lância patrimonial e transportadores de cada vez maior pelo valor agregado.
Antigamente, conforme explica Luís Ar- valores, botinas militares e sapatos mo- Quanto aos cabedais, Galvão cita a mi-
naldo Martineli, diretor da Eurofoot, ba- delo semissocial, enquanto que, no pas- crofibra, que surge como alternativa ao
sicamente os materiais utilizados na con- sado, o solado de pneu era usado em to- couro, assim como outros tecidos de fi-
fecção dos calçados de segurança eram das as áreas de trabalho. bras naturais ou sintéticas. Já as biqueiras
o couro no cabedal, pneus nos solados, Até meados da década de 1970, a de aço estão sendo substituídas pelas de
pregos para fixação e palmilhas em couro maioria dos calçados de segurança, com composite e, recentemente, a BSB lançou
batido. Depois vieram os solados de PVC solados de pneu ou couro, ao adicionar a no mercado brasileiro a biqueira de alumí-
injetado e, atualmente, os solados em PU biqueira de aço, chegava a pesar mais de nio, propiciando proteção, leveza e con-
forto ao usuário.
Os materiais utilizados na fabricação
dos calçados de hoje buscam, segun-
do Hurmann, na sua maioria, melhorar
o resultado dos ensaios, aumentando
a resistência e diminuindo o peso pa-
ra atender aos objetivos de segurança e
conforto, e detalha:
As biqueiras em material composi-
te conseguem re-
sultados de en-
saios superiores à

Luís Arnaldo
Martineli, diretor da
Eurofoot

A NORMATIZAÇÃO PERMITIU CONSTRUIR CALÇADOS COM


MAIS TECNOLOGIA E EMPREGAR NOVOS MATERIAIS
32 www.revistacipa.com.br
agosto_2015
33
Calçados de segurança

como propriedades antiestáticas, antimi- Hurmann,


responsável técnico
cróbicas e, ainda, melhoraram as carac- e de segurança do
terísticas de respirabilidade, resistência à trabalho da Bompel
fricção e absorção. conforto, que, de-
As palmilhas de conforto e as de mon- pendendo do adi-
tagem são confeccionadas de muitos tivo utilizado, pode
materiais, os quais garantem diversas mudar suas carac-
vantagens quanto à permeabilidade, fle- terísticas de desempenho.
Sapato de segurança Turim, da Eurofoot xibilidade, conforto térmico e outras resis- A busca por novos materiais com vistas
tências requeridas. a tornar os calçados mais leves e confor-
de aço, com menos peso e consequen- O cabedal dos calçados, que tinha o táveis é uma das metas da indústria, pois
temente mais conforto. couro como principal matéria-prima, pos- é uma necessidade dos trabalhadores. No
As palmilhas antiperfuro, feitas com fi- sui hoje materiais similares, como a mi- entanto, o gestor da Viposa ressalta que
bras especiais com várias camadas, con- crofibra, que consegue resultados expres- um calçado de segurança tem um peso
seguem muitas vantagens em relação à sivos nos ensaios laboratoriais e é uma específico, devido às características esta-
tradicional palmilha de aço, pois são mais tendência do mercado. belecidas em norma. “Densidade e dure-
leves, mais flexíveis, possuem isolamento Os solados, além dos designs mais bo- za da sola, absorção de impacto, forração,
térmico e elétrico, além de serem mais se- nitos e com uma performance melhor no espessura de palmilha de construção, ma-
guras que as de aço, protegem 100% da escorregamento (grip), também podem teriais do cabedal com resistência ao corte
área da sola do pé, enquanto as de aço ser confeccionados em diversos mate- e ao rasgamento e resistência à passagem
protegem 85%. riais, dependo da aplicação desejada: iso- de corrente elétrica, impactam o peso do
Hoje a maioria dos forros, utilizados lante, antiestático, condutivo, resistente a EPI e visam proteger a coluna e a estrutu-
nas partes internas dos calçados, é con- óleo combustível, resistente ao calor de ra do corpo do usuário, de maneira geral.
feccionada em materiais não tecidos, que contato, resistente ao frio, maior absor- Sendo assim, o calçado de segurança tem
possuem pouca gramatura (leves), com ção de energia, entre outras característi- um peso mínimo limite a ser atingido.”
diferentes tecnologias de produção, con- cas. No entanto, o material mais utilizado Em relação a substituição do couro, Pa-
seguindo atender a diversos requisitos é o poliuretano pela resistência mecânica e velski acredita que, para as indústrias he-
avy duty não existe nada que substitua
o couro. E esse fato pode ser balizado
pelo mercado europeu, onde as microfi-
bras permeiam as indústrias alimentícias,
de saúde e limpas em geral, no entanto,
nos ambientes abrasivos e pesados co-
mo florestal, óleo e gás, fundição, side-
rurgia, mineração, elétrico e de combate
a incêndios, mantém a utilização do cou-
ro, pois esse artigo chega a ser quatro ve-
zes mais resistente que a microfibra, con-
forme testes de laboratório.
Mas para ambientes como os de frigo-
ríficos, em que os usuários lavam o calça-
do em barreiras sanitárias, várias vezes ao
dia, ou em áreas de saúde, onde o calça-
do não pode cau-
sar contaminação e
também é higieni-

ATUALMENTE, EXISTE UMA VARIEDADE Alexandre Coenza,

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Fortline

34 www.revistacipa.com.br
teção individual - Calçado ocupacional), quadrados no anexo I da NR-6.
que foram publicadas como ABNT NBR Devido à unificação ABNT NBR ISO,
ISSO, em 15 de setembro de 2008, após o coordenador de marketing da Safetli-
processo de normalização nacional, ne acredita que os fabricantes nacionais
o que garantiu a abertura de mer- tiveram o desafio de agregar em seus
cado e de novos produtos. processos de produção o fator inovação
Em 25 de maio de 2015, foi pu- aliado às tendências em tecnologias in-
blicada a segunda edição das nor- ternacionais, o que ajudou muito na evo-
Botina em Nobuck, da Fortline, com palmilha mas ABNT NBR ISO 20344, 20345 e lução dos calçados de segurança. “Hoje,
antiperfuro, bico de composite, solado em 20347:2015, sendo que a 20346 ainda a Safetline, a fim de atender às expec-
poliuretanos bidensidade, injetado diretamente
está em processo de revisão. Hurmann tativas dos usuários, vem inovando e in-
zado constantemente, o uso das microfi- ainda lembra que a portaria nº 452, de vestindo em novas tecnologias. É o caso
bras é inquestionável. 20 de novembro de 2014, do Ministério da nova geração do bidensidade, o TPU,
do Trabalho e Emprego, estabeleceu as lançado simultaneamente na Alemanha
Normas normas técnicas de ensaios e os requisi- e no Brasil. E, para o segundo semestre
As normas possuem papel importante tos obrigatórios aplicáveis aos EPIs, en- de 2015, está previsto o lançamento do
em todo o processo evolutivo dos calça-
dos de segurança no Brasil, assim como
no de qualquer outro equipamento. De
acordo com o responsável técnico e de
segurança do trabalho da Bompel, com
a criação do Comitê Brasileiro de Equipa-
mentos de Proteção Individual - CB 32,
em 17 de dezembro de 1996, aprovado
pelo Conselho Deliberativo da Associa-
ção Brasileira de Normas Técnicas, com
o objetivo de elaborar e revisar as nor-
mas técnicas de cada EPI, foram forma-
das Comissões de Estudos específicas, en-
tre as quais a de calçados de segurança,
que conta com a participação de profis-
sionais de várias áreas, comprometidos
com a evolução.
Segundo Hurmann, a Comissão de Es-
tudo 32.005.01, que trata dos calçados
de uso profissional, chegou a trabalhar
na elaboração de um projeto de nor-
ma nacional, mas, em 2004, com a pu-
blicação das normas ISO na comunida-
de europeia, o CB-32 resolveu adotá-las,
pois percebeu os benefícios que pode-
riam trazer ao mercado brasileiro. Após
várias reuniões, o comitê iniciou a tradu-
ção das normas ISO 20344 (Equipamen-
tos de proteção individual - Métodos de
ensaio para calçados), 20345 (Equipa-
mento de proteção individual - Calçado
de segurança), 20346 (Equipamento de
proteção individual - Calçado de prote-
ção) e 20347:2004 (Equipamento de pro-

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Calçados de segurança

único solado bidensidade em borracha de no mínimo 15 kN; forto sem perder o principal foco, que é
no Brasil, que vai atender industrias si- Calçados de Proteção - montados com a segurança do usuário. Com base nes-
derúrgicas e militar”, menciona Engler. biqueiras destinadas a oferecer proteção se propósito, os calçados são confeccio-
Para Marco Antônio Ferreira, da Mar- contra impacto no nível de energia de 100 nados para garantir a proteção necessá-
luvas, as normas proporcionaram a flexi- J e contra a carga de compressão de no ria aos riscos aos quais os trabalhadores,
bilização no uso de materiais e designs mínimo 10 kN; e dos vários segmentos econômicos, estão
mais arrojados, trazendo além da segu- Calçados Ocupacionais – não possuem expostos, o que leva ao desenvolvimen-
rança uma satisfação maior aos usuários. biqueiras de proteção. to de linhas específicas de acordo com
Por sua vez, Gonçalves, da Arteflex, Os calçados também são classifica- as demandas setoriais, inclusive, levando
não considera os índices estabelecidos dos como: em consideração os índices de acidentes.
pelas normas de calçados de seguran- Classe I – São os calçados de couro e Coenza cita, por exemplo, os calçados
ça muito exigentes. No entanto, desta- outros materiais, excluindo o inteiro de mais aderentes ao piso e com palmilhas
ca a importância da norma de conforto borracha ou inteiro polimérico; e antiperfuro, indicados para construção
ABNT NBR 14834:2015, que estabelece Classe II – São os calçados inteiros civil, onde o índice de queda e perfura-
os métodos de ensaio e os requisitos pa- de borracha (inteiramente vulcaniza- ção é altíssimo. Além dos calçados com
ra determinação do índice de conforto e dos) ou inteiros poliméricos (inteira- sola em borracha nitrílica para proteção
contribuição dos componentes para con- mente moldado). do calor, usados nos altos fornos das si-
forto em calçados, bem como define as Além da classe, os calçados devem derúrgicas, calçados não condutivos pa-
características para a seleção de mode- atender aos desenhos: ra uso onde existe o risco de eletricida-
los de calce. ◗ Calçado baixo; de, calçados moldados em PVC para uso
◗ Botina; em serviços de limpeza, (umidade), as-
Tipos e modelos ◗ Bota meio cano; sim como tanto outros.
São diversos os tipos e modelos de cal- ◗ Bota cano longo; Para Ferreira, todos os segmentos exi-
çados oferecidos atualmente no merca- ◗ Bota de cano extralongo. gem atenção em cumprimento das nor-
do, os quais podem ser descritos como: E, dentro dessas especificações técni- mas, mas existem alguns em específico
Calçados de Segurança – montados cas, a indústria tem por objetivo, segundo que exigem mais, como os que utilizam
com biqueiras destinadas a oferecer pro- Alexandre Coenza, gerente comercial da botas para câmaras frigoríficas, onde os
teção contra impacto no nível de energia Fortline, produzir produtos com maior va- fabricantes devem se preocupar em cons-
de 200 J e contra a carga de compressão lor agregado, melhor design e maior con- truir calçados que atendam ao requisito
de isolamento térmico e tenham a capa-
cidade de resistência a escorregões.
O mesmo vale para algumas funções,
como a de eletricista. O diretor-técni-
co da Marluvas lembra que os calça-
dos não podem possuir componentes
metálicos, por isso a empresa desen-
volveu um calçado com reforço espe-
cial na parte do enfranque, visando dar
ao usuário maior conforto e resistência
quando estiver em operação com me-
lhor distribuição de seu peso.
Como cada segmento tem seus ris-
cos, cada um deles, na visão de Engler,
tem uma solução diferente. Dessa for-
ma, a Safetline produz calçados volta-
dos para siderúrgicas, por exemplo, que
precisam suportar altas temperaturas,
SÃO DIVERSOS OS TIPOS E MODELOS DE confeccionados em borracha bidensida-
de (borracha + borracha) injetado dire-
CALÇADOS OFERECIDOS NO MERCADO tamente no cabedal.

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Calçados de segurança

Elenita Elias,
diretora-comercial
da H3E

dutos construídos
dentro do proces-
so da biomecâni-
ca, gerando solu-
ções anatômicas, com maior conforto
e design com forte atratividade visu-
Calçados de segurança para visitantes al, devido às opções de cores propor-
A inovação tecnológica em calçados de segurança não é só para os cionadas. Mas faz uma ressalva: “O
trabalhadores, mas também para os visitantes de áreas fabris. Essa é a proposta empresariado brasileiro ainda não es-
da fabricante canadense Wilkuro®, que comercializa seus produtos no Brasil. tá preparado para essa inovação, prin-
Todas as empresas ao receberem visitantes precisam protegê-los, pois cipalmente porque o momento eco-
também ficam expostos aos riscos inerentes aos processos de produção, nômico de nosso País não permite
principalmente de quedas de objetos e escorregões. Mas como sempre esse avanço. A grande maioria busca
estarão acompanhados e orientados por profissionais da empresa produtos de baixo custo apenas pa-
visitada, não há necessidade de impor um calçado de segurança total. ra atender à legislação. Mas, indepen-
Dessa forma, a Wilkuro desenvolveu os calçados de sobrepor. Segundo dentemente do foco maior em preços,
Elenita Elias, diretora-comercial da H3E, representante exclusiva da marca buscamos inovar e trazer todos esses C

no Brasil, eles são fabricados em PVC, unissex, antiderrapantes, confortáveis componentes para um produto mais
M

e têm biqueira de aço. Podem ser calçados e retirados com uma só mão competitivo”, ressalta Ferreira.
e permitem que o visitante permaneça com os seus próprios sapatos, Apesar do fraco desempenho da in- Y

evitando constrangimentos, basta sobrepor o solado protetor da Wilkuro. dústria nos últimos meses, na opinião CM

Os solados são classificados por cores e numeração, o que facilita de Engler, o setor deve continuar evo- MY

o armazenamento e a identificação. Possuem flexibilidade e luindo e enveredar para outros segui- CY

maior durabilidade, além de serem higiênicos e bastante práticos. mentos, os quais também necessitam CMY

de proteção, para tanto, a Safetline es-


K

tá desenvolvendo produtos que aten-


O calçado de segurança é um equi- (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e dam a outros nichos de mercado. E
pamento de proteção individual de su- é no Satra, instituto tido como referên- a tendência deve continuar nos calça-
ma importância e seu uso adequado ao cia internacional em pesquisas, testes, dos que utilizam borracha bidensida-
ambiente de trabalho é essencial pa- consultorias e certificações. de, TPU e microfibra.
ra evitar os mais variados tipos de aci- Cosenza também acredita que o
dentes. Por isso, segundo o diretor in- Tendências mercado continuará investindo na
dustrial da BSB, novas tecnologias são O calçado de uso profissional tem substituição das matérias-primas uti-
constantemente pesquisadas e desen- acompanhado a evolução tecnológica lizadas na fabricação dos calçados,
volvidas para atender e aumentar o ní- e comportamental. Isso se reflete em portanto, o couro pelos materiais sin-
vel de proteção, conforto e bem-estar mais segurança, ergonomia, resistên- téticos e não tecido, as palmilhas e bi-
aos trabalhadores, incentivando o uso cia, durabilidade e modernização dos queiras em aço por produtos mais le-
e ampliando o nível de conscientização. modelos em termos de materiais, so- ves, não condutores de eletricidade e
Essa visão levou a empresa a contar luções e design. E o mercado se pre- com o mesmo poder de segurança exi-
com um departamento de pesquisa e para cada vez mais para essa nova re- gido pelas normas.
desenvolvimento próprio, que mapeia alidade, segundo Galvão, ou seja, unir Em relação a novos nichos econômi-
as exigências e necessidades para ofe- proteção, conforto e estilo para aten- cos, Hurmann considera que, em fun-
recer soluções adequadas aos mais va- der trabalhadores nas diversas frentes ção do mau momento da economia,
riados segmentos de mercado. Tam- de atuação. o segmento deve continuar focando
bém mantém parceria com o IBTeC O diretor-técnico da Marluvas apos- nos setores de maior atenção, como
(Instituto Brasileiro de Tecnologia do ta na tecnologia embarcada, que ele o de alimentos, construção civil, ener-
Couro, Calçado e Artefatos), com o IPT explica ser o acesso dos usuários a pro- gia, petróleo e gás.n

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Feira por Bruno Ribeiro

AS NOVIDADES
DO SETOR
DE PREVENÇÃO
Profissionais de segurança no
trabalho têm encontro marcado
em Belo Horizonte

D
e 19 a 21 de agosto o Expominas, em Belo Ho-
rizonte (MG), recebe a 10a edição da Braseg
- Feira Brasileira de Segurança e Saúde no Tra-
balho e Proteção Contra Incêndios, promovi-
da pelo Grupo Fiera Milano, em parceria co-
ma Associação Brasileira dos Distribuidores e Importadores de
Equipamentos e Produtos de Segurança e Proteção ao Traba-
lho (Abraseg), a Associação Nacional da Indústria de Material
de Segurança e Proteção ao Trabalho (Animaseg) e o Sindica-
to da Indústria de Material de Segurança (Sindiseg).
Coligada à Fisp - Feira Internacional de Segurança e Prote-
ção (considerado o maior trade show do segmento na Amé-
rica Latina, realizado nos anos pares, em São Paulo), a Bra-
seg é realizada a cada dois anos, com o objetivo demonstrar o

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Feira

ORGANIZAÇÃO DO EVENTO ESPERA RECEBER NOVE MIL


VISTANTES E CERCA DE 6O EXPOSITORES

que há de novo no mercado de proteção nais de enfermagem, médicos, psicó- mentos de trabalho em altura. Novas tec-
ao trabalhador, bem como impulsionar logos, fonoaudiólogos, engenheiros e nologias para detecção e prevenção de
a realização de negócios e oferecer uma técnicos de segurança do trabalho, ins- incêndio; mangueiras de incêndio e espu-
oportunidade de atualização aos profis- petores de risco, segurança patrimonial, ma; extintores portáteis, automotivos e
sionais do setor. cipeiros e bombeiros, além de gerentes, pó químico; manômetros, válvulas e aces-
O diretor geral do Grupo Fiera Mila- diretores, compradores e distribuidores sórios para extintores também estão en-
no no Brasil, Marco Antonio Mastran- de diversos setores. tre os destaques.
donakis, ressaltou a importância da re-
alização de eventos direcionados à Destaques Consin
preservação da vida. “Para os distribui- O evento deverá reunir cerca de 60 ex- Com o objetivo em difundir cada vez
dores e importadores de equipamentos positores, que trarão as últimas novidades mais o conceito prevencionista, será rea-
de segurança e proteção no trabalho, o em produtos, serviços e equipamentos lizado, paralelamente à feira, o XIX CON-
evento representa uma ocasião única de relacionados ao segmento prevencionis- SIN - Congresso Nacional de Segurança
negócios, mas também, trata-se de uma ta, tais como soluções para a prevenção Integral, que promove a qualificação e a
oportunidade de atualização profissional de acidentes e novidades para trabalho capacitação profissional por meio de am-
sobre novas tecnologias para proteção e com risco de queda, risco elétrico, risco de pla grade de palestras e cursos ministra-
prevenção de acidentes. A disseminação corte e em local confinado, entre outros. dos por especialistas de diversas áreas.
da cultura de segurança é fundamental A feira apresenta também linhas de Realizado pela Associação Mineira de
para evitar o aumento de doenças e aci- vestimentas especiais antichama e de Engenheiros de Segurança (Ames), pela
dentes decorrentes do trabalho, preven- equipamentos de proteção auditiva e NN Eventos e pelo Conselho Regional de
ção não é custo e sim investimento”, co- facial, cintas ergonômicas, capacetes e Engenharia e Agronomia de Minas Gerais
mentou. óculos, proteção respiratória, calçados (CREA-MG), o congresso terá como te-
Para essa edição, são esperados mais de segurança, creme de proteção, luvas ma principal: “Os desafios do gerencia-
de nove mil visitantes, entre profissio- de segurança e impermeáveis e equipa- mento de riscos no trabalho”.

Confira alguns produtos e soluções apresentados na feira

Medicina ocupacional
Há 35 anos no mercado, a Meditron é uma empresa especializada em medicina ocupacional e aparelhos para diagnóstico e solução
de distúrbios do sono. Na Braseg, a empresa destaca o eletroencefalógrafo Vertex SC 823, indicado para a realização do exame
eletroencefalograma, primordial para o controle de riscos e acidentes, descrito e solicitado em diversas NRs. De dimensões reduzidas,
pode ser facilmente utilizado em canteiros de obras, cais/portos, plataformas submarinas, indústria, campo etc. Apresenta funcionamento
e alimentação por meio de conexão USB2, imunidade a interferências , 23 canais, 16 bits de resolução e 512 amostras por segundo/canal.
www.meditron.com.br

Calçados de sobrepor
A H3E, empresa que participa dos eventos Fisp e Braseg desde 2010, é responsável pelo fornecimento dos Calçados de sobrepor WILKURO Safety Toes
para todo Brasil. Os produtos são fabricados no Canadá pela Wilkuro. “Temos pronta entrega em São Paulo Capital e estamos presentes
em diversos segmentos com excelente aprovação: alimentício, higiene, laboratórios, metalúrgicas, siderúrgicas, petroleiras, montadoras,
embalagens, logísticas, automotivas etc.”, diz Helenita Elias, diretora da empresa. Os calçados de sobrepor Wilkuro são
indicados para ambientes com riscos de danos acidentais nas pontas dos pés. Usados por engenheiros, executivos,
trabalhadores temporários e até mesmo visitantes do local de risco, oferecem conforto, praticidade, higiene e
segurança. www.wilkuro.com.br

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Feira

Ergonomia
Especializada em produtos ergonômicos, a
Digitador Ergonomics, há 23 anos no mercado,
ostenta certificação ISO 9001, bem como está em
consonância com a NR 17 e com a ABNT. Na Braseg
2015, a empresa apresenta novidades para o setor
alimentício, com cadeiras em inox (foto) e tapetes
antifadiga, indicados para o trabalho em frigoríficos,
auxiliando no cumprimento dos requisitos da
NR36. Para o setor de eletroeletrônicos,
a empresa destaca os tapetes antifadiga
injetados em poliuretano com material
Prevenção e combate a incêndio
ESD. www.digitador.com.br
Empresa mineira com cinco anos de mercado, a Total Seg oferece ao
mercado soluções em prevenção e combate a incêndio. Empresa de
prestação de serviços de formação, reciclagem, locação de mão de obra de Acústica e vibração
Bombeiro profissional civil, assessoria, consultoria, projetos de incêndio, A 01 dB, empresa do grupo Acoem, apresenta na Braseg
perícias técnicas, palestras e treinamentos legais. Na Braseg, destaca a fase uma série de novidades, tais como o WED, dosímetro
final de implantação do seu centro de treinamentos no município de São acústico que, associado ao software dBLEXD, constitui
José da Lapa, região metropolitana de Belo Horizonte, com área de 5 mil m2. a solução em conformidade com a diretiva europeia
www.totalsegmg.com.br 2003/10/CE e várias normas internacionais. O dosímetro
atende os requisitos da norma NF EN 61252 e consiste
em uma caixa ergonômica e de pequenas dimensões
Calçados de proteção na qual se integram aquisição e tratamento de sinal,
Com sede em Estância Velha (RS), a Conforto dedica-se, há 30 anos, armazenamento e transferência de dados. O usuário pode
à fabricação de calçados e luvas de proteção. Em um momento de controlar cinco dosímetros WED simultaneamente, a partir
ampliação e verticalização de processos, a empresa conta hoje com uma de um tablet PC ou computador equipado do software
área de 6 mil m2 e produção de aproximadamente 130 mil pares de itens dBWED. A tecnologia sem fio Bluetooth oferece ao usuário a
por mês, entre eles os calçados da linha Nobuck, com forração especial e possibilidade de analisar o posto de trabalho a distância, sem interferir no
um novo sistema de amortecimento, proporcionando trabalho do operador nem no procedimento de medição.
maior conforto, firmeza e estabilidade durante o www.acoemgroup.com.br
caminhar. O produto é um dos destaques da
empresa na Braseg, onde está presente Serviços
com um estande de 30 m2. Há mais de 10 anos no
www.conforto.com.br mercado, a Total Safety realiza
uma série de serviços na área
de saúde ocupacional, tais
como calibração, manutenção
e ensaios. Na Braseg, em seu
estande de 8 m2, destaque
para a calibração acreditada
pelo Inmetro de medidores de
vibração ocupacionais, incluindo
Placas de sinalização as ponderações Wh, Wd e Wk da ISO 8041, em atendimento às normas NHO9
Produtos fabricados pela empresa e NHO10 da Fundacentro. www.totalsafety.com.br
mineira W&N, há 20 anos no
mercado de sinalização de
Proteção solar
segurança do trabalho. Entre eles,
A ALG BRASIL estará presente na Braseg em um estande de 12 m2,
destaque para a linha de sinalização especial
no qual apresentará, entre outros produtos, a linha de proteção
para bloqueios de energias perigosas. Segundo a empresa, por
solar hipoalergênica Alg Sun enriquecida com vitamina E, que
serem nacionais, esses produtos são comercializados a valores bem mais
oferece 12 horas de fotoproteção. Destaque também para dois
baixos que os similares importados. Destaque também para os quadros
lançamentos: as linhas Alg Sun Multi com repelente contra
de avisos, campanhas de qualidade e certificação, além de placas,
mosquitos da dengue e malária e Alg Sun Maxi com Aloe vera
barreiras para isolamento de áreas, totens, plaquetas e painéis para
e vitaminas E e A. www.algbrasil.com
identificação e adequação a NR-10 e NR-12. www.wnbh.com.br

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Óculos de Riscos ocupacionais
proteção A Faster, especializada em instrumentação para
A empresa Delta Plus Brasil está identificação de riscos ocupacionais, é distribuidora
presente na Braseg, em um estande autorizada no Brasil das marcas SKC, Mesalabs,
de 16 m2. A empresa lança na feira os Gastec e Gas Clip. A empresa oferece desde indicação
“Óculos Saba com sistema de ajuste rotor”. A armação é de PVC da solução ideal até treinamento e capacitação
flexível, material suave que, em contato com o rosto, provê vedação para operação e aplicação. Este ano, além das
total, fazendo com que a toda a região dos olhos fique protegida de soluções para coleta de agentes químicos e
possíveis contaminantes provenientes das atividades laborais. Possui detecção de gases, a empresa inclui no seu portfólio
ventilação indireta, o que evita a condensação, entrada de líquidos de produtos itens da marca Cirrus, renomada fabricante
ou poeiras na região dos olhos. O produto é dotado ainda de lentes inglesa de áudio-dosímetros, medidores de pressão sonora e medidores de
com tratamento antiembaçante e antirrisco, formando um conjunto vibração, apresentados na Braseg. Destaque também para os detectores digitais
indicado para proteção contra projeções de partículas multidirecionais de gases para trabalhos em espaços confinados e para as novas bombas de
e contra respingos de produtos químicos. www.prosafety.com.br amostragem com exclusivo sistema touch screen. www.fasteronline.com.br

Luvas antivibração
Entre os detaques da Jobe Luv na Braseg estão as luvas antivibração com bolhas de ar Vibro-air , indicadas para a realização de
atividades que envolvem risco de aparecimento de lesões como síndrome do túnel do carpo e síndrome da vibração de mãos e
braços, entre outras. Confeccionada em vaqueta, possui polímero com células individuais de ar aplicado internamente em toda
face palmar até a ponta dos dedos. Com mais de 40 anos no mercado, a Jobe Luv está presente em um estande de 12m2 na
Braseg, apresentando ainda produtos como vestimentas contra produtos químicos, vestimentas para riscos elétricos e vestimentas
para combate a incêndio. www.jobeluv.com.br

A Fortline conquistA
mais um importante espaço.

Vendas: 31 3357-5309

www.fortlinecalcados.com.br

Além da qualidade e da excelência na logística, a Fortline conquistou recentimente o direito de


comercializar seus produtos de segurança também nas grandes Mineradoras do País.
Com esta regulamentação, agora podemos nos orgulhar de sermos uma empresa completa em
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soluções de segurança. Aproveite a oportunidade e conheça nossa linha de produtos.
Coluna
Construir com segurança
Sérgio Ussan,
Engenheiro civil e de segurança do trabalho

Análise de risco
Uma questão de educação

E sta coluna aborda uma ferramenta de larga im-


portância quando tratamos de segurança do tra-
balho, mas que é pouco utilizada em toda sua exten-
bilidade de um profissional legalmente habilitado no
segmento de segurança do trabalho, ou seja, enge-
nheiro ou técnico de segurança do trabalho.
são: a Análise de Risco, popularmente denomina AR.
Vamos tratar de uma AR simples, mas que se apre- EXECUÇÃO TÉCNICA
senta completa em sua finalidade. Ela deve ser com- Nessa coluna, será descrita a técnica com que
posta de três colunas: Execução Técnica, Riscos e o serviço analisado será executado e cuja res-
Medidas Preventivas, nomes apresentados por este ponsabilidade fica a cargo do responsável técni-
colunista e que podem sofrer sugestões de alteração. co pelas ações executivas. Quanto mais detalhes
A elaboração de uma AR será sempre de responsa- ali constarem, melhor será a continuidade da AR

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Coluna
por parte do responsável por sua elaboração. ria de estar enganado, mas que a infelizmente prá-
tica alicerça.
RISCOS Após este esclarecimento é possível apresentar, para-
Nessa coluna, o responsável pela elaboração da AR lelamente, uma situação que merece discussão de to-
elencará, de forma detalhada, os riscos aos quais os dos os leitores: a necessidade dos técnicos, depois de
trabalhadores envolvidos na tarefa estarão expostos, formados, ampliarem seus conhecimentos por meio
sempre tomando por base o determinado nas Nor- da contínua busca de informações complementares.
mas Regulamentadoras editadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego. RESPONSABILIDADES
Com este raciocínio, podemos passar para um pon-
MEDIDAS PREVENTIVAS to de relevante importância: a reponsabilidade na ela-
Nessa coluna o responsável pela elaboração da AR boração de uma Análise de Risco.
fará a descrição das medidas a serem tomadas, visan- Ampliando o raciocínio, a AR é um documento im-
do elidir os riscos determinados na coluna anterior. portante que deverá vir assinado por profissional que
Mesmo as três colunas sendo importantes, essa é assuma as consequências por tudo o que nela cons-
a que merece especial atenção do profissional pre- tar, o que o levará a se preparar a fundo (além dos
vencionista por ela responsável, considerando que as conhecimentos aprendidos em seu curso) para as ati-
medidas ali indicadas serão levadas ao conhecimento vidades que constarão do documento.
dos trabalhadores envolvidos na tarefa e ao comando Da mesma forma, o responsável pela produção de-
responsável pelo andamento dos serviços. São elas verá seguir o determinado na AR, evitando assim to-
que realmente, indicarão as medidas de segurança a mar decisões que possam colocar em risco sua res-
serem executadas e cumpridas por todos. ponsabilidade pessoal na tarefa como um todo.
Colocado o tema para discussão nas bases descri-
AUSÊNCIA DE AR tas é possível delinearmos a seguinte situação: A AR
Aparentemente, o leitor pode achar que o até aqui será um documento elaborado por responsáveis pe-
descrito é óbvio, mas também deve questionar o mo- la execução de determinada tarefa (primeira coluna)
tivo pelo qual a AR não está presente em todas as e pela indicação de medidas de proteção dos traba-
obras, para todas as tarefas ali executadas. lhadores nela envolvidos (terceira coluna). Teremos,
Essa ausência pode decorrer, entre outros moti- então, um documento legal, rígido, que valerá para
vos, da ideia que haverá uma enormidade de ARs demostrar a ausência de negligência dos entes envol-
para cada obra (pode ser verdade, mas não justifica vidos em um empreendimento, cada um assumindo
a sua ausência) ou tomará muito tempo do profis- sua responsabilidade.
sional responsável por sua elaboração (considerando O responsável pela produção deverá considerar o
que o tempo é usado para prevenção e busca de re- que estiver descrito na AR como uma determinação
sultados que impeçam uma série de problemas fu- a seguir rigorosamente, e jamais deve tomar decisões
turos, nunca será prejudicial). próprias contrárias ao nela determinado.
No entanto, cabe analisar outro fator que preju-
dica a implantação de ARs: a falta de conhecimen- CONSIDERAÇÕES FINAIS
to de profissionais prevencionistas, principalmente Em síntese, este texto visa a valorização da Análi-
de alguns técnicos de segurança do trabalho, sobre se de Risco, obrigatória para as tarefas desenvolvidas
o que é apresentado na primeira coluna da AR. Ou em uma obra de construção. A AR deverá ser vista
seja, quem irá elaborar a AR não tem conhecimento pelos setores de produção, segurança do trabalho e
das atividades voltadas para a execução técnica da fiscalização como documento válido legalmente nas
tarefa que ele irá analisar. três etapas por ela abordada.
Observação: sei que haverá desgosto por parte da Cabe salientar que esta ideia merece ser discutida
categoria dos técnicos de segurança do trabalho com em todos os níveis voltados à segurança do trabalho,
essa afirmação sobre a qual eu, com ênfase, gosta- com o contraditório sempre bem vindo. n

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NR-36 por Bruno Ribeiro

NORMA AINDA NÃO É


INTEGRALMENTE
APLICADA
Patrões e empregados concordam que
frigoríficos não se adequaram totalmente,
mas divergem em relação aos motivos

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P
Artur Bueno:
ublicada em abril de 2013, resistência de moer carnes enquanto fazia a repara-
por meio da Portaria no empresários ção da máquina. Esse tipo de aciden-
explica casos de
55, a NR-36 - Segurança descumprimento da te é inaceitável.”
e Saúde no Trabalho em norma Cássio Braga, presidente do Sindus-
Empresas de Abate de carne (Sindicato Intermunicipal das In-
Processamento de Carne e Derivados que, apenas um dústrias de Carne e Derivados e do
tem como objetivo estabelecer requi- mês após a pu- frio de Minas Gerais), corrobora a vi-
sitos mínimos para avaliação, contro- blicação da NR-36, o patronal apre- são de Camargo: “Pelas informações
le e monitoramento dos riscos existen- sentou, no dia 22 de maio de 2013, referentes a segurança do trabalho
tes nas atividades desenvolvidas nessa na Comissão de Trabalho, de Admi- que recebo, não consegui visualizar
indústria, tais como intoxicação por nistração e Serviço Público da Câma- alguma mudança em relação aos aci-
amônia, lesões por movimentos repe- ra dos Deputados, o Projeto de Lei n0 dentes, pois os grandes frigoríficos,
titivos, lesões ósseas ou musculares em 2363/11, de autoria do deputado Sil- os quais possuem produção em série,
função do longo período de tempo em vio Costa (PTB-PE), que altera o arti- divulgam acidentes constantes. Além
pé e da movimentação de cargas, cor- go 253 da CLT, limitando a concessão disso, há autuações do Ministério do
tes e doenças por elevada exposição de pausas para recuperação térmica Trabalho e Emprego em função da so-
a baixas temperaturas, entre outros. e ao adicional de insalubridade “ex- brecarga de trabalho e não cumpri-
Após dois anos de vigência da re- clusivamente” em frigoríficos. O do- mento de alguns itens das NRs.”
gulamentação, entretanto, melhorias cumento vai contra a Súmula 438 do Braga ressalta, porém, que o prazo
efetivas no ambiente laboral do setor TST (Tribunal Superior do Trabalho), final para as últimas adequações das
ainda não puderam ser observadas. Es- editada em setembro de 2012, e é vis- empresas para o cumprimento da nor-
sa é a avaliação de Artur Bueno de ta pelos trabalhadores como resistên- ma terminou em abril deste ano e, co-
Camargo, presidente da CNTA Afins cia patronal”, fundamenta. mo as estatísticas da Previdência So-
(Confederação Nacional dos Trabalha- O presidente da Confederação afir- cial são divulgadas a cada dois anos,
dores nas Indústrias de Alimentação e ma ainda que continua grande o nú- só em 2017 será possível avaliar com
Afins). Para ele, os grandes frigorífi- mero de acidentes, cortes, quedas e mais clareza os resultados práticos da
cos ainda estão resistentes em cum- até de mortes de trabalhadores em aplicação da NR-36.
prir exigências importantes da norma, frigoríficos em função de intoxicação
tais como a concessão de pausas tér- por amônia e esmagamento. “Recen- Dificuldades
micas, que diminuem a exposição dos temente, em Lins (SP), um trabalha- Para o presidente do Sinduscarne,
trabalhadores ao frio. “Prova disso foi dor foi triturado em uma máquina de uma das dificuldades das empresas,

junho_2015
51
NR-36

principalmente as pequenas e médias, Cassio Braga: rigor vidade das empresas: “Não é possível
em cumprir os requisitos na NR-36 vem excessivo da norma ainda mensurar seus efeitos, com re-
inviabiliza pequenas
de uma falha técnica no texto da nor- e médias empresas ferência ao utópico objetivo de cons-
ma: “Mesmo tendo sido elaborada por truir ambiente de trabalho absoluta-
uma comissão tripartite, a NR-36 não mente confortável e seguro, mas com
levou em consideração que empresas formas os peque- certeza já colhemos uma crise econô-
pequenas e médias, em sua grande nos empresários, mica sem precedentes, com inflação,
maioria, não possuem produção em que mais usam mão de obra.” recessão e desinvestimentos. Por ou-
série e que nelas o próprio funcioná- Braga avalia que, a médio prazo, nor- tros erros, também, mas fortemente
rio administra seu ritmo de trabalho. mas novas como a NR-36, combinadas influenciada pelo excessivo interven-
A norma utilizou como parâmetro as à revisão de normas antigas, extrema- cionismo governamental nas relações
grandes empresas e sua aplicação não mente exigentes, levarão a um inevitá- do meio produtivo.”
faz diferenciação de porte, todas as vel e acelerado processo de automa-
empresas têm que se adequar. Por esse ção da empresas industriais de maior Para os trabalhadores
motivo, é necessária a revisão. As em- poder aquisitivo e à quebra e fecha- Artur Camargo afirma que a NR-36
presas pequenas e médias foram ex- mento de empresas pequenas e mé- surgiu apenas após inédita manifes-
tremamente sacrificadas para imple- dias menos capitalizadas, concentrando tação nacional na sede da CNI (Con-
mentar a norma, impactadas pelo altos o setor e fechando milhares de postos federação Nacional da Indústria), em
custos envolvidos na redução de jor- de trabalho. “Esse processo já esta em setembro de 2011, e que representa
nada de trabalho imposta pelas pau- marcha e pode ser facilmente visualiza- uma importante conquista dos tra-
sas, sem a respectiva redução salarial.” do no setor de carnes”, complementa. balhadores. No entanto, acredita que
Em função disso, Braga revela que, O presidente do Sinduscarne acre- sua efetiva aplicação depende de es-
no âmbito da comissão tripartite for- dita ainda que as NRs novas e revisa- forços para a ampliação das ações de
mada para elaboração da NR-36, há das aumentaram significativamente o fiscalização.
conflitos evidentes entre representan- custo Brasil e diminuíram a competiti- Com esse objetivo, a CNTA Afins
tes das indústrias e do governo: “Em
nenhum momento os governos se
preocuparam com o impacto econô-
mico e o custo para implantação das
mudanças, deixando a conta astronô-
mica para as empresas, que não con-
seguiram se adequar. Agora, mais
recentemente, vem fiscalizando rigo-
rosamente e aplicando multas milio-
nárias, principalmente no Sul do pa-
ís. As pausas significaram aumento de
custo e também significativa queda da
produtividade dos trabalhadores, dimi-
nuindo a competitividade das peque-
nas e médias empresas em relação às
grandes, por terem linhas e processos
menos automatizados e serem utili-
zadoras mais intensivas de mão obra
(mais trabalhadores para a mesma ati-
vidade, mais custo por hora parada).
Em resumo, sacrificaram-se de todas as

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tem investido em forças-tarefa com


o Ministério do Trabalho e sindica-
tos locais, iniciadas no Rio Grande do
Sul. Além disso, uma fisioterapeuta
especialista no campo foi contratada
pela entidade para assessorar as visi-
tas técnicas junto aos trabalhadores
e dirigentes sindicais. “Essa iniciati-
va tem resultado em multas milioná-
rias e interdições em todo o Estado.
A ideia é expandirmos essa ação aos
demais Estados, principalmente, aos
que concentram os maiores números
de trabalhadores, como São Paulo e
Paraná.”
Outra iniciativa da Confederação
foi o lançamento da Cartilha dos Fri-
goríficos, que consiste em um mate-
rial de bolso para consulta dos tra-
balhadores e dirigentes sindicais.
“Tivemos a preocupação de incluir
nessa ferramenta uma enquete so-
CNTA AFINS APONTA
bre a avaliação do trabalhador sobre DESCUMPRIMENTO DA NORMA NAS
as mudanças previstas na NR, além de
disponibilizarmos telefones de todos
GRANDES EMPRESAS
os sindicatos da categoria no Brasil mora na divulgação dos acidentes e Ainda de acordo com Camargo,
para que esses possam fazer denún- da falta de transparência da empre- entretanto, nada pode ser resolvido
cias e contribuir com a fiscalização sas: “Em 2014 a CNTA Afins protoco- sem fiscalização. Nesse sentido, além
do cumprimento da norma”, explica. lou ofício contestando a lentidão e a de cobrar constantemente o cumpri-
Apesar dos esforços, o presiden- falta de transparência desses dados, mento da norma, o presidente da CN-
te da CNTA Afins diz que ainda há já que não há levantamentos por no- TA Afins afirma que a entidade tam-
muitas dificuldades de aplicação da mes de empresas de peso. O traba- bém tem pressionado as indústrias,
norma, principalmente por parte das lhador tem pressa e precisa saber on- principalmente as com empréstimos
grandes indústrias, nas quais, segun- de deve intensificar as ações.” do BNDES e incentivos fiscais locais.
do ele, jornadas excessivas de tra- “Entendemos que essas, mais ainda,
balho e desrespeito ao banco de ho- Soluções devem garantir a contrapartida social
ras, que também contribuem para a Para a resolução dos impasses, Ca- aos trabalhadores, garantindo seus
ocorrência de doenças e acidentes, margo acredita seria necessário mais empregos e boas condições de traba-
são muito comuns. “Os frigoríficos diálogo entre os membros da Comis- lho, saúde e segurança. No entanto, o
menores estão procurando cumprir, são Tripartite. Esse diálogo, entretan- que vemos é demissão em massa, fe-
mas os maiores estão buscando sub- to, não vem ocorrendo a contento, chamento de fábricas, adoecimento,
terfúgios para fugir da aplicação da segundo ele, principalmente em fun- acidentes e salários precários.”
norma. Os empresários não querem ção do que considera uma falta de Já Cássio Braga afirma que em ou-
nem participar da discussão para di- compromisso da bancada patronal: tubro do ano passado foi realizada
zer as dificuldades que estão tendo “Nas audiências públicas que partici- a mais recente reunião entre as par-
para aplicar a norma. Temos de ir pa- pamos no Congresso Nacional, o pa- tes para acompanhamento da NR-36
ra a ofensiva. O diálogo, a busca do tronal não esteve presente, afirman- que, na visão dele, precisa de revisão.
entendimento, tudo isso temos fei- do, assim, seu descompromisso com Esclarece, no entanto, que não há
to”, avalia. o cumprimento da NR-36 e as condi- qualquer previsão de que isso ocorra
Camargo reclama também da de- ções de trabalho no setor”, explica. em um futuro breve. n

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junho_2015
55
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Visão por Débora Luz

SÍNDROMES DO
OLHO SECO
Profissionais que trabalham
frequentemente utilizando o
computador ou em ambientes com ar
condicionado são os mais afetados

A
rdor ocular, olhos ver- mologista do Hospital San Paolo, exis-
melhos e com sensação tem dois casos para a decorrência do
de areia, e coceira são problema: a diminuição da produção
alguns dos sintomas da ou a evaporação da lágrima.
Síndrome do Olho Seco Entre esses dois fatores, um deles
que consiste na deficiência do filme la- pode ser evitado com mudanças de
crimal ou lágrima. A doença é mais co- hábitos do próprio indivíduo. “É pos-
mum quando há pouca umidade no ar sível diminuir a evaporação da lágri-
e atinge de 15 a 20% dos pacientes que ma, que geralmente está associada
procuram o consultório oftalmológico. ao uso do computador, tablets, ele-
Profissionais que trabalham frequen- trônicos em geral e leitura prolonga-
temente utilizando o computador ou da”, afirma o médico.
em ambientes com ar condicionado são Cerca de 20 a 30 milhões de pesso-
os mais afetados com a Síndrome do as nos Estados Unidos sofrem de olhos
Olho Seco. secos em um grau leve e nove milhões
Segundo Alexandre K. Misawa, oftal- têm a doença na forma moderada a

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julho_2015
57
Visão

Alexandre K. Misawa,
severa. Não há dados precisos sobre pia (cansaço ocular), secura nos olhos, oftalmologista do
a incidência da doença do olho seco diplopia (visão dupla) e dificuldade em Hospital San Paolo
na população brasileira em decorrência refocar os olhos. Tais sintomas podem
principalmente da ausência de méto- ser agravados ainda mais por condi-
do bem definido de diagnóstico clíni- ções impróprias no ambiente de tra- do para um moni-
co para olho seco, porém estimativas balho por meio da iluminação, como tor, tal taxa chega
da APOS (Associação Brasileira de Por- excesso de luz, ou por ar movendo- a cair para seis a
tadores de Olho Seco) destacam que -se nos olhos, como um ventilador di- oito piscadas por minuto, o que leva
10% da população geral, ou seja, cer- recionado para o rosto. ao ressecamento dos olhos.
ca de 18 milhões de pessoas sofrem De acordo com o National Institute Ainda, o esforço de focalizar tão
com a doença no Brasil. for Occupational Safety and Health, dos próximo durante tanto tempo exi-
Estados Unidos, a CVS afeta cerca de ge grande esforço dos músculos dos
Síndrome da Visão de Computador 90% das pessoas que passam três ho- olhos, o que leva a uma sensação de
A Síndrome da Visão de Computador ras ou mais no computador. cansaço dos olhos após muitas horas
(também conhecida como CVS, do in- A CVS é causada pela diminuição de trabalho. Algumas pessoas apresen-
glês Computer Vision Syndrome) é uma do reflexo de piscar os olhos enquan- tam incapacidade de focar em objetos
das causas da Síndrome do Olho Seco. to se trabalha durante longos períodos próximos durante um curto período de
É uma condição temporária resultante com o foco dos olhos em um monitor tempo. Isto pode ser constatado em
do foco dos olhos em um monitor de ví- de computador. A frequência de piscar pessoas com 30 a 40 anos de idade,
deo por períodos prolongados e ininter- os olhos em seres humanos é, normal- levando a um decréscimo do mecanis-
ruptos de tempo. Entre os sintomas da mente, de 16 a 20 vezes por minuto. mo de acomodação focal do olho, o
CVS incluem-se cefaleias, visão emba- Estudos demonstraram que, em pes- que pode causar uma presbiopia pre-
çada, dores no pescoço, fadiga, asteno- soas trabalhando continuamente olhan- matura. Conhecida como “vista can-

CERCA DE 18 MILHÕES DE PESSOAS SOFREM


COM A DOENÇA NO BRASIL

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Visão

A FREQUÊNCIA DE PISCAR OS OLHOS EM SERES HUMANOS


É, NORMALMENTE, DE 16 A 20 VEZES POR MINUTO

sada”, a presbiopia é a anormalidade tervalos regulares. afirma o oftalmologista Virgílio Centu-


da visão que ocorre com o envelheci- “Quando a causa é a diminuição da rion, diretor do IMO (Instituto de Mo-
mento da pessoa. produção da lágrima, o importante é léstias Oculares).
investigar a etiologia e tratar a doença Segundo os autores dessa nova
Diagnóstico e tratamento de base. No início, podem ser usadas lá- pesquisa, os pacientes com olhos se-
De acordo com Misawa, o diagnós- grimas artificiais e, em casos mais avan- cos que podem se beneficiar dos plu-
tico é feito por meio de um exame of- çados, é recomendado o uso de poma- gues são aqueles que já fizeram uso de
talmológico da superfície ocular com o das lubrificantes que possuem poder colírios e géis, mas ainda tem coceira,
teste da fluoresceína que cora células de lubrificação maior e até casos cirúr- olhos vermelhos, dor nos olhos, visão
mortas, exame de Rosa Bengala que gicos para preservar a lágrima no olho. embaçada e sensação de corpo estra-
cora células desvitalizadas e pelo teste Em alguns casos, é necessário até cirur- nho nos olhos.
de Schirmer que quantifica a lágrima gias para preservar parte da lágrima do “Os estudos têm demonstrado que
presente na superfície. 
 olho”, comenta o médico. o olho seco diminui significativamente
O tratamento, no caso da evaporação a qualidade de vida dos pacientes im-
da lágrima, que geralmente está asso- Plugues pactados. Se não for tratada, os casos
ciada ao uso do computador, tablets, De acordo com uma nova meta-aná- mais graves podem resultar em perda
eletrônicos em geral e leitura prolon- lise, publicada no jornal científico Oph- de visão devido à cicatrização da cór-
gada, é recomendada a utilização de thalmology, plugues inseridos no canal nea”, afirma a oftalmologista Sandra
lubrificante artificial. O medico ainda lacrimal podem tratar com segurança Alice Falvo, que integra o corpo clíni-
aconselha adaptar o ambiente de tra- os efeitos irritantes e prejudiciais dos co do IMO.
balho para proporcionar conforto visu- olhos cronicamente secos. A meta-análise
al ao usuário do computador realizan- “Plugues oculares são geralmente
do pausas regulares durante o uso do bem tolerados. Em geral, o grau de alí-
computador, diminuição do brilho do vio oferecido por esse tipo de dispositi-
Virgílio Centurion,
monitor, ingestão de muito líquido e vo depende tanto do tipo de olho seco, diretor do IMO
permanência de olhos fechados em in- quanto do tipo de plugue implantado”,

60 www.revistacipa.com.br
Visão

Sandra Alice Falvo,


oftalmologista nos pontos lacrimais ou que faziam uso “Os plugues ajudaram a aliviar os
de plugues absorvíveis. Os poucos estu- sintomas de olho seco em pelo menos
dos sobre plugues absorvíveis relataram 50% das vezes, também contribuíram
analisou dados de diminuições temporárias dos sintomas”, para a melhoria da saúde da superfí-
plugues punctais informa Sandra Alice Falvo. cie ocular, para a redução do uso de
(que são coloca- Os plugues são desenvolvidos pa- lágrimas artificiais e para um maior
dos no canal lacri- ra retardar a drenagem das lágrimas conforto durante o uso de lentes de
mal), plugues intracanaliculares (inseri- longe da superfície do olho. “Por is- contato”, informa a médica, dizendo
dos mais profundamente no canal do so mesmo, se o corpo não está pro- ainda que de uma maneira geral, a re-
duto no olho) e plugues absorvíveis. Os duzindo lágrima suficiente, ou se es- visão mostrou a eficácia e a segurança
plugues punctais são normalmente fei- ta lágrima não for de boa qualidade relativa de plugues, mas são necessá-
tos a partir de silicone ou um polímero ou se existe um excesso de evapora- rios mais estudos controlados.
acrílico, enquanto os tampões absorví- ção da lágrima, podemos pelo menos Sandra Falvo destaca que “os olhos
veis são feitos a partir de colágeno ou tentar maximizar o efeito de hidrata- secos são mais comuns com a idade
material sintético. ção da lágrima que o paciente pro- e em mulheres. Além dos plugues,
“Segundo os dados dos pesquisado- duz”, explica a oftalmologista. os pacientes podem usar compressas
res, ambos os tipos de plugues semi- Dos 27 estudos observacionais ana- quentes sobre o olho para aliviar os
-permanentes ofereceram melhoras, a lisados pelos pesquisadores, 15 apon- sintomas e devem aumentar o cuida-
longo prazo, para os olhos secos, ape- taram melhorias dos sintomas do olho do com a higiene palpebral. A ciclos-
sar de uma maior percentagem de pes- seco, da superfície ocular, no uso de porina tópica é outra opção. Os me-
soas, nos estudos sobre os plugues in- lágrimas artificiais, no conforto ao lhores candidatos ao uso de plugues
tracanaliculares, apresentarem mais usar lentes de contato e no tempo de são aqueles com estilo de vida agita-
infecções perto do canto interno da pál- ruptura lacrimal e 25 estudos relata- do, que têm pouco tempo para fazer
pebra do que as pessoas com plugues ram a segurança do uso dos plugues. uso dos colírios”. n

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Limpe e
Senso
Se odis
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t
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n

Saúde
Senso de

V ocê pode, caro leitor, pensar que é possível a implemen-


tação e manutenção do 5S dissociando-o da prevenção
de acidentes e da ergonomia. Você está certo em ter esse ti-
de 90 dias do trabalho. O acidente ocorreu no dia seguinte,
após o setor em que ele trabalhava ter passado por uma re-
organização para atender uma “auditoria do 5S”.
po de pensamento, é o que mais se vê por aí. Acontece na Mas, antes de conhecermos os detalhes sobre esse acidente,
maioria das empresas. Podemos até dizer, sem medo de er- vamos dar uma paradinha e relembrar, para quem já conhe-
rar, que é prática recorrente. Mas está errado! Trata-se de ce, ou apresentar, para quem ainda não conhece, o progra-
um grande equívoco! ma 5S. Faremos um breve histórico sobre sua origem, seus
Vou lhes contar o exemplo de uma empresa de grande porte conceitos e as ações que compõe esse programa.
(multinacional), que possui certificação integrada, ISO 9001
(Qualidade); 14001 (Meio Ambiente) e 18001 (Segurança). Origem do 5S
Tive acesso a investigação de um acidente de trabalho, com O programa 5S surgiu no Japão após o término da 2ª guerra
gravidade, que afastou o trabalhador (Mecânico) por mais mundial. Esse país estava totalmente devastado, principalmen-

64 www.revistacipa.com.br
junho_2015
65
Artigo

te as cidades de Hiroshima e Nagasaki, que em 1945 foram to- tear comportamentos para tornar um ambiente agradável,
talmente destruídas por bombas atômicas. Diante desse qua- saudável e padronizado de modo que proporcione bem es-
dro desolador, apocalíptico, de baixa autoestima de seu povo tar a todos bem como qualidade nos serviços prestados.
foi definida e implementada uma política nacional, com a ajuda A nomenclatura 5S dada ao programa, originou-se em cin-
dos americanos, para reerguer o País. A começar pelas indús- co palavras japonesas que se iniciam com a letra “S”, a sa-
trias, que de maneira geral encontavam-se totalmente desor- ber: Seiri, Seiton, Seisou, Seiketsu e Shitsuke.
ganizadas, desestruturadas, e seus produtos, naquele momen- Como a tradução de cada palavra do programa para o por-
to, eram vistos como cópias mal feitas de outros paises, com tuguês ficaria sem sentido prático e objetivando manter os
baixíssima qualidade. “s” nas iniciais, conforme sua origem, foi acrescido o termo
Inegável que a injeção do capital americano em investimentos “senso de” às palavras, como pode ser observado abaixo.
para a reconstrução do país foi fundamental, mas seria impos-
sível obter resultados tão rápidos e eficientes se não fosse o Após essa rápida explanação sobre o programa 5S, na tabela
engajamento do povo japonês, com sua cultura diferenciada da página ao lado, vamos voltar ao tema do acidente que fala-
e tradicional, sua consciência e responsabilidade para trans- mos no início. A seguir, descrição e dados:
formar o ambiente de trabalho em algo agradável e seguro. ◆ Características da empresa:
Dentre as ações surgiram vários métodos de gestão, o que os Empresa Metalúrgica – Multinacional
americanos faziam bem foi aperfeiçoado no Japão, formando- Quadro de 400 (quatrocentos) funcionários
-se o que ficou conhecido como Qualidade no Estilo Japonês, Certificação Integrada: ISO 9001, 14001 e OHSAS 18001
ou Total Quality Control (TQC - Controle da Qualidade Total), Identificação do Acidentado
em cuja base está o 5S, que funciona como um facilitador do Função: Mecânico
aprendizado e prática de conceitos e ferramentas para a qua- Tempo na Função: 10 anos
lidade. Isso inclui cuidar dos ambientes, equipamentos, mate- Acidente com afastamento 90 dias
riais, métodos, medidas, e, especialmente, pessoas. Acidentes anteriores: 01 sem afastamento
A ênfase dada nas empresas japonesas foi de assegurar a qua- Para análise e coleta de dados foram observados
lidade de seus produtos e serviços, através de métodos padro- Narrativa dos fatos, visita ao local, verificação dos registros fo-
nizados e altas doses de disciplina. O Japão passou a investir no tográficos, entrevista com o acidentado e funcionários do setor
desenvolvimento industrial e tecnológico tornando-se na déca- (incluindo pessoas que presenciaram o acidente) e supervisão.
da de 1970 numa grande potência econômica. ◆ Descrição do Acidente
Esse modelo de Gestão deu tão certo nesse país asiático que Uma estante, com altura de 2m, do setor de almoxarifado da
foi difundido nos demais continentes, inclusive na América La- oficina mecânica (local do acidente), tombou sobre o funcio-
tina em específico no Brasil, por vol-
SIGNIFICADO DE CADA PALAVRA “SENSO DE”
ta da década de 90, através da Fun- Japonês Tradução
O termo ‘Senso de’ significa “exercitar a capacidade de apreciar,
dação Cristiano Ottoni (MG). 1- Seiri Senso de Utilização julgar e entender”. Significa ainda a “aplicação correta da razão
2- Seiton Senso de Organização para julgar ou raciocinar em cada caso particular” (Lapa,1998).
Conceito sobre 5S e o significado 3- Seisou Senso de Limpeza Cada senso visa delinear técnicas eficientes e eficazes voltadas à
O Programa 5S é um conjunto de 4- Seiketou Senso de Saúde redução de custos, otimização de recursos materiais, tecnológicos
(cinco) conceitos que objetivam nor- 5- Shitsuke Senso de Autodisciplina e humanos e combate de desperdícios (Gomiero, 2007).

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Ações de cada “Senso” do programa
SENSO COMO SE DÁ A PRÁTICA CONCEITOS
DE CADA SENSO São mais de 50 mil m2
com a melhor infraestrutura
1-Senso de Selecionar apenas o que é “Utilizar os recursos disponíveis, com bom sen- da América do Sul para
Utilização necessário para o ambiente so e equilíbrio, evitando ociosidade e carências” treinamentos prático e teórico.
ou tarefa. Em toda e qualquer (Silva, 1996). Cursos disponíveis
• Brigada de Incêndio - NR 23
situação. • Trabalho em Altura - NR-35
• Primeiros Socorros (com DEA)
2-Senso de Organizar os itens necessários O importante, neste senso, diz respeito à
• Emergência Química
Arrumação à realização das atividades e a organização pessoal, onde todos devem reservar • Trabalho em Espaço Confinado - NR 33
disposição no ambiente. um tempo para planejar o dia de trabalho, anotar • Abandono de Área - NBR 15219/2005 -
Plano de Emergência / IT16
compromissos na agenda e consultá-la sempre • Simulador de incêndio em Veículo
que preciso e, também priorizar os mesmos por • Simulador de Fogo na Mata
• Simulador Subestação - Transformador
ordem de importância, para otimizar tempo (Lapa • Proteção Respiratória
1998). • Segurança e Saúde no Trabalho
com Inflamáveis e Combustíveis - NR 20
Esse senso, além de propiciar uma melhor
• DEA - Desfibrilador Externo Automático
condição de trabalho, também favorece tomada
de ações em caráter de urgência/emergência, ao
facilitar a comunicação visual e o acesso ao local
da demanda (Vida, 2012).

3-Senso de Realizar a limpeza e eliminar as Este senso não é, apenas, o ato de limpar, mas e,
Limpeza fontes de sua origem. principalmente, o ato de não sujar (Lapa, 1998).

4-Senso de
Saúde
Estabelecer boas condições de
ambiente de trabalho de mo-
A Organização Mundial da Saúde - OMS define
saúde como “o completo estado de bem-estar
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o aspecto físico e mental. Com
ênfase também nas boas rela-
ções interpessoais.

5-Senso de Ter a disciplina de cumprir to- Ter todas as pessoas comprometidas com o cum-
Autodisciplina dos os requisitos definidos nos primento dos padrões técnicos e éticos e com a
sensos anteriores. melhoria contínua em nível pessoal e organiza-
cional (Silva, 1996).

nário, que se encontrava sobre uma escada retirando uma peça na parte superior da
referida estante. Sem apoio, o funcionário caiu de uma altura de 1,80m sendo atin-
gido na cabeça com partes da estante causando-lhe contusões, na cabeça, bem co-
mo fraturas na perna e punho esquerdos.
Fatos que antecederam ao acidente:
No dia anterior ao acidente, o setor havia passado por uma “reorganização” geral,
pois na semana seguinte passaria pela avaliação de auditores do 5S, conforme pro-
grama pré definido (periodicidade semestral).
Durante todo o processo de arrumação, organização, limpeza e descarte foram feitos
registros fotográficos. Para os funcionários, o setor “estava dentro dos padrões 5S”,
no entanto, por outro lado a percepção de riscos e perigos faziam-se imperceptíveis
a todos daquele setor. Só após a ocorrência do acidente é que foram identificados os
riscos e perigos existentes naquele local.

Proposta pedagógica para assimilar melhor a abrangência do 5S


Nosso objetivo aqui é focar com um novo olhar analítico, ou seja, se estamos prati-
cando o 5S e concomitantemente estamos sendo efetivos em fazê-lo observando as

junho_2015
67
Artigo
boas práticas de prevenção de acidentes e doenças ocupacio- Sabemos que toda investigação e análise de acidente deve
nais. Dessa forma apresentamos uma nova proposta pedagógi- ser feita com base na árvore de causas, conforme definido
ca como um dos meios que ajudará o trabalhador a incorporar na NR-5. Porém para facilitar o entendimento da nossa pro-
a filosofia do 5S. Fazendo-o compreender, desse modo que a posta montamos um quadro, que consideramos ser auto ex-
prática desse programa vai muito além dos sensos de utiliza- plicativo para o que queremos demonstrar, que é a fragili-
ção, arrumação e limpeza, propriamente ditos. dade do sistema 5S implementado na empresa em questão:

Riscos e Perigos identificados no acidente ocorrido com o Mecânico


ASPECTOS ( RISCOS E PERIGOS) SENSOS DO 5S QUE DEIXARAM O QUE FAZER PARA EVITAR A REPETIÇÃO DA
IDENTIFICADOS DE SER CUMPRIDOS ANOMALIA ASSOCIADA À FILOSOFIA DE CADA
SENSO DO 5S
01-Antes de iniciar a tarefa,não foi realizada a Senso de Arrumação Instituir a prática de se fazer “Análise Preliminar de Riscos”
Análise Preliminar de risco antes. O importante, neste senso, diz respeito à or- (APR), evidenciando cada “senso de” do 5S nessa anáilise.
Motivo da falha: ganização pessoal, onde todos devem reser- Necessário que todos do setor participem da elaboração
Desde que foi implantado o Sistema de Gestão var um tempo para planejar o dia de trabalho, e conteúdo da APR conduzido pela liderança (supervisão
Integrado nunca houve essa prática, pois essas anotar compromissos na agenda e consultá- da área).
tarefas (organização/limpeza) eram considera- -la sempre que preciso e, também priorizar os
das muito simples e rotineiras. mesmos por ordem de importância, para oti-
mizar tempo, (Lapa,1998).
02- A Estante foi transferida de local e não foi Senso de Autodisciplina Supervisão da área junto aos funcionários envolvidos na ta-
fixada na estrutura da parede (como era antes). Ter todas as pessoas comprometidas com o refa, instituírem e aplicarem um check list após aplicação
Motivo da falha: cumprimento dos padrões do 5S no ambiente.
Posteriormente à arrumação não foi checado técnicos e éticos e com a melhoria contínua Identificamos ser necessário promover o crescimento huma-
esse item, pois consideraram que tudo havia si- em nível pessoal e organizacional. no, sendo trabalhos em equipe uma boa ferramenta. Essa
do feito corretamente. Não tinham como prá- (Silva,1996). iniciativa estimulará cada um dos funcionários a contribuir,
tica checar o ambiente de forma mais detalha- com criatividade, na obtenção de um ambiente cada vez me-
da. Aparentemente tudo estava arrumado após lhor (melhoria contínua).
a aplicação do 5S.

03- O gancho de sustentação da escada havia


se perdido, portanto a escada estava sem a de-
vida fixação ou apoio.
Motivo da falha:
Posteriormente a arrumação não foi checado
por considerarem que tudo havia permaneci-
do como antes.
04- As peças de uso mais frequente haviam si- Senso de Utilização
do mudadas de local, encontrando-se (errada- Para que este senso tenha êxito, é preciso de-
mente) na parte mais alta da estante, obrigan- finir claramente o que é, ou não, útil no lo-
do os funcionários a usarem a escada (apoiada cal de trabalho, ou que se tenha previsão de
na estante) para poder acessá-las.. uso em breve (Nakata, 2000).
Motivo da falha:
Nem todas as prateleiras da estante, estavam Senso de Arrumação
devidamente identificadas com o limite de pe- Esse senso, além de propiciar uma melhor
so, porque as plaquinhas usadas para esse fim condição de trabalho, também favorece to-
tinham sido danificadas e não havia reservas mada de ações em caráter de urgência/emer-
para pronta substituição. Porém as peças ti- gência, ao facilitar a comunicação visual e
nham que ser repostas na estante conforme o acesso ao local da demanda (Vida, 2012).
havia sido determinado.
05- Momento antes da ocorrência do acidente, Senso de Saúde A supervisão da área deverá identificar as causas e definir
havia necessidade urgente de se pegar a pe- Estabelecer boas condições de ambiente de medidas corretivas para evitar dificuldades de seu fun-
ça que estava na estante do almoxarifado da trabalho de modo a eliminar ou atenuar cionário na realização de sua tarefa.Para tanto, é neces-
oficina mecânica riscos de acidentes e doenças desde o aspec- sária que haja entre liderança e funcionários o vínculo de
Motivo da falha : to físico e mental. confiança( ele providenciar a correção da dificuldade num
Funcionário estava sob pressão da supervisão Com ênfase também nas boas relações in- espaço de tempo menor possível) e bom relacionamento.
para atender à manutenção da máquina que se terpessoais.
encontrava parada perdendo produção.

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junho_2015
69
Artigo
06- O funcionário que sofreu o acidente, estava Senso de Autodisciplina Caberá à empresa criar métodos e proporcionar meios pa-
cansado. Havia durante cinco dias feito 2 horas Ter todas as pessoas comprometidas com o ra manter o 5S operando de forma permanente, fazendo
extras por dia para atender essa demanda do 5S. cumprimento dos padrões parte da rotina de trabalho. Nossa sugestão é que se ins-
Motivo da Falha: técnicos e éticos e com a melhoria contí- titua a realização das auditorias na modalidade “surpre-
Como prática, todas as vezes que se aproxima- nua em nível pessoal e organizacional (Sil- sa”, que pode ser por área ou setor (dependendo da quan-
vam das auditorias (cada seis meses), todos fa- va, 1996). tidade desses), com frequência bimensal.
ziam a reorganização do setor, pois alegavam
que há dificuldade no dia a dia de se manter den-
tro dos requisitos exigidos pelo 5S.
Um dos objetivos é ter bom conceito no 5S.
07- A nova localização da estante, obstruiu par- Senso de Saúde Supervisão deverá possibilitar meios para correção de ris-
cialmente a iluminação do local, gerando di- Estabelecer boas condições de ambiente de cos de forma imediata.
ficuldade visual para realização da tarefa fa- trabalho de modo a eliminar ou atenuar
zendo com que o funcionário se esticasse para riscos de acidentes e doenças desde o aspec- Instituída a aplicação do check list - pós 5S, será necessá-
melhor identificar a peça desejada. to físico e mental. rio assegurar que todos os funcionários do setor partici-
Motivo da Falha: Com ênfase também nas boas relações in- pem e exponham suas dificuldades.
Funcionários não consideravam problema a terpessoais.
redução da luminosidade existente no local.
08- Data da última reciclagem prevista sobre Senso de Autodisciplina Caberá ao gestor de cada área:
5S para os funcionários estava com atraso de Ter todas as pessoas comprometidas com o 1- Assegurar que todos os funcionários sejam treinados ou
dois anos (inclusive o acidentado). cumprimento dos padrões reciclados no programa 5S, estipulando a frequência (ao
Motivo da Falha: técnicos e éticos e com a melhoria contí- menos anual) em procedimento padronizado.
Sistema de controle de treinamento apresen- nua em nível pessoal e organizacional (Sil- 2- Ampliar os conceitos de cada “S”.
tou falhas operacionais. va, 1996). 3- Instituir a planilha que apresentamos como proposta
O conhecimento dos funcionários sobre o 5S pedagógica para divulgar ocorrência de acidentes e “qua-
limitava-se aos sensos de utilização, arruma- se acidentes” cocatenados aos “S” que deixaram de ser
ção e limpeza.

s e g u r a n ç a

Por quê rever conceitos sobre Gestão em SSO? sultados demonstram que o 5S não foi bem assimilado, fi-
Nas auditorias de 5S dessa empresa metalúrgica, ao ob- cando impossível pensar em melhoria contínua (está mais
servarmos os dados de avaliação (percentuais de quanto para o que chamamos de estilo “serrote”); e a segunda é
estavam praticando de 5S), relativos aos quatro últimos que não tivemos controle sobre o (possível) aumento de
semestres, constatamos que alguns setores apresenta- riscos de acidentes, pois os resultados pioraram!
vam resultados de 80%, 50%, 60%, 50%, ou seja, re- Fica evidente, portanto, que há necessidade de rever nos-
dução substancial nas notas, enquanto que outros ob- sos conceitos. É preciso inserir e associar à nossa gestão
tinham ao redor de 100% de forma mais linear, porém de prevenção de acidentes e ergonomia ao programa 5S
apresentavam registros de acidentes com e sem afasta- ao implementá-lo na empresa.
mentos e doenças ocupacionais com índice maior devi-
do aos riscos ergonômicos.
Diante desse quadro podemos tirar duas conclusões: a pri- Conceição Freitas, consultora em Gestão SSO, especialista
meira é que a variação muito grande, e para pior, nos re- Direito do Trabalho e Ergonomia e professora de pós-graduação

70 www.revistacipa.com.br
Aderência

alavra do programa para o português ficaria sem sentido


prático e objetivando manter os “s” nas iniciais, confor-
Destreza
me sua origem, foi acrescido o termo “senso de” às pa-
lavras, como pode ser observado abaixo.
»
Agora, após essa rápida explanação sobre o programa 5S,
vamos voltar ao tema do acidente que falamos no início.
A seguir, descrição e dados:
◆ Características da empresa:
Proteção Empresa Metalúrgica – Multinacional
Quadro de 400 (quatrocentos) funcionários
Certificação Integrada: ISO 9001, 14001 e OHSAS
Conforto
18001
Identificação do Acidentado
Função: Mecânico
Tempo na Função: 10 anos
Acidente com afastamento 90 dias
Acidentes anteriores: 01 sem afastamento
Para análise e coleta de dados foram observados
Narrativa dos fatos, visita ao local, verificação dos regis-

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junho_2015
71
Postura por Redação

DORES NA
COLUNA
Ritmo de vida moderna e
descuido com a postura
são gatilhos para esses
problemas que podem afastar
profissionais do trabalho

72 www.revistacipa.com.br
S
egundo dados do IBGE das pessoas garantiram fazer tratamen- res na coluna.
(Instituto Brasileiro de to e 40% desse grupo usa medicamen- De acordo com o ortopedista Wilson
Geografia e Estatística), tos ou injeções, enquanto 18,9% pra- Dratcu, o estilo de vida moderno pode
as dores na coluna são a ticam algum tipo de exercício físico ou ser um gatilho para doenças da colu-
terceira causa de aposen- fazem fisioterapia. O resultado indicou na. “Um dia você sente uma dorzinha
tadoria e a segunda de licença no tra- ainda que a prevalência foi menor na nas costas e não dá muita importân-
balho no Brasil. Já a Pesquisa Nacio- área urbana do que na rural, com per- cia. Depois de um tempo - que muitas
nal da Saúde, realizada pelo Ministério centuais de 18% e 21,3%, respecti- vezes nem é tão longo assim - ela vol-
da Saúde em parceria com o IBGE, re- vamente. A região Sul foi identificada ta. Os dias passam e a vida continua. A
velou que 27 milhões de adultos no como a que possui os maiores índices correria do dia a dia te impede de ir ao
País são acometidos por doença crô- de problemas de coluna, com 23,3% médico verificar o motivo da dor. Deve
nica na coluna, o que corresponde a da população. ser má postura, você pensa. Até que o
18,5% da população adulta brasileira. É difícil encontrar alguém que pos- incômodo se torna constante. Sem no-
Os problemas lombares são os mais co- sa afirmar que nunca, em algum mo- tar, você desenvolve um problema de
muns, com prevalência maior em 21% mento de sua vida, já sofreu alguma coluna”, informa o ortopedista.
das mulheres contra 15% dos homens. dor nas costas. Nunca se sofreu tan- A partir daí está dada a largada pa-
O levantamento mostra que a do- to com problemas na coluna vertebral ra uma das maiores causas de afasta-
ença crônica de coluna atinge 8,7% em todo o mundo, e segundo a OMS mento do trabalho, segundo o IBGE.
dos jovens de 18 a 29 anos e 26,6% (Organização Mundial da Saúde), cer- As dores na coluna não atingem so-
das pessoas acima de 60 anos. Um dos ca de 80% da população mundial so- mente idosos, jovens também sofrem
destaques está no fato de que 53,6% fre, já sofreu ou ainda vai sofrer de do- com o problema.

agosto_2015
73
Postura

Wilson Dratcu,
Longas horas na frente do compu- ortopedista Grupo de Cirurgia de Coluna Minima-
tador ou teclando no celular, falta de mente Invasiva do Hospital S. José da
atividades físicas, obesidade, descuido Beneficência Portuguesa de São Paulo.
no jeito de sentar na cadeira, no sofá, O médico explica que há uma frequ-
de abaixar para pegar coisas, de dor- ência e tipo de salto menos prejudicial
mir. Tudo isso junto é uma agressão à nadas ao envelhe- à coluna da mulher, principalmente as
coluna. Mas afinal de contas o que é cimento, como a que precisam usar o calçado mais social
pior: a falta de movimento ou a postu- osteoporose”. para trabalhar. “No dia a dia, o ideal é
ra incorreta? “As duas situações”, ex- três a cinco centímetros. Saltos maio-
plica o médico, que complementa: “O Mulheres, desçam do salto! res devem ser reservados aos eventos e,
sedentarismo, consequência da vida ur- A origem é controversa, mas a fama mesmo assim, a mulher deve estar pre-
bana moderna interfere no metabolis- é conhecida. Amplamente utilizado por parada para ter dores nas costas e nos
mo do disco invertebral, que precisa de Luís XIV, no século 17, o salto alto difun- pés”, garante Pil Sun Choi. A dor ocor-
movimento para manter o equilíbrio vi- diu-se e tornou-se amigo número 1 das re por que os saltos altos
tal das células. Já no caso da postura mulheres. No entanto, o uso constante deslocam o centro
incorreta o que ocorre é uma sobre- desse tipo de sapato pode ter uma con- de gravidade pa-
carga das estruturas vertebrais, o que sequência nada agradável: a dor nas ra frente, causan-
provoca dores, e ao longo do tempo costas. Juntamente com a má postura do um desequi-
determina retrações musculares e pos- e o sedentarismo, o salto alto compõe
turas viciosas”. a tríade de vilões da coluna.
Em longo prazo, o descuido pode ser Muitas vezes aquela dor localiza-
decisivo no futuro do jovem trabalha- da, depois de horas com o calça-
dor. “Além de facilitar o aparecimento do, é o primeiro aviso de que algo
de deformidades pela sobrecarga que não vai bem. “É muito comum re-
causa nas estruturas vertebrais, os ví- cebermos mulheres com dores nas
cios posturais podem antecipar lesões costas, após uma festa na qual elas
discais e até artrose da coluna num pra- usaram saltos altos”, afirma o orto-
zo mais distante”, afirma Wilson Dra- pedista Pil Sun Choi, coordenador do
tcu. Aquela dor no pescoço, conside-
rada sutil, por exemplo, pode indicar
problemas na coluna. Mas também po-
de ser apenas uma tensão, um sinal de
distúrbios na tireoide, na ATM (que li-
ga o maxilar ao crânio), entre outros.
Segundo o especialista, homens e
mulheres podem apresentar proble-
mas diferentes. “No caso dos homens,
é mais comum que eles exercitem ati-
vidades braçais e desenvolvam proble-
mas como hérnia de disco; já as mulhe-
res, por sua maior longevidade e pelos
esforços feitos nas atividades domésti-
cas, podem desenvolver dores relacio-

EM LONGO PRAZO, O DESCUIDO PODE SER


DECISIVO NO FUTURO DO JOVEM TRABALHADOR
74 www.revistacipa.com.br
Pil Sun Choi,
líbrio. Para compensar a desproporção, ortopedista e por vários motivos: muitas vezes geram
as mulheres tendem a naturalmente so- coordenador do ansiedade e expectativas no paciente
Grupo de Cirurgia de
brecarregar as estruturas das vértebras, Coluna Minimamente - o que dificulta o tratamento - e po-
causando lordose lombar, uma curva- Invasiva dem exigir afastamento do trabalho e
tura excessiva da coluna para dentro. repouso, algumas vezes, por períodos
No entanto, quem quer fugir do pro- das dores, e para longos. “Além disso, nem todos os pa-
blema usando sandálias rasteirinhas, o médico ortope- cientes podem tomar qualquer medica-
deve pensar duas vezes: elas também dista Wilson Dratcu, o diagnóstico po- mento”, elucida Dratcu.
podem fazer mal, justamente por dei- de ser difícil. “Nem toda dor lombar A mudança dos hábitos diários tam-
xar os pés muito à vontade. A falta de ou cervical é consequência de proble- bém é importante, uma vez que erros
apoio pode gerar lesões por sobrecar- mas na coluna”, diz. Segundo ele, pro- de postura podem aumentar o desgas-
regar outras partes do corpo. “Para evi- blemas abdominais como cálculo renal te das estruturas da coluna, provocan-
tar problemas mais sérios de coluna o ou na vesícula e até dores ginecológicas do problemas mais sérios.
recomendado é usar calçados que te- podem provocar dores na região. “Por É importante também que quem so-
nham plataformas, pois o importante isso uma avaliação médica tem que fre de dores na coluna pratique exercí-
é a diferença entre a parte anterior e compreender a investigação da histó- cios físicos (conforme suas limitações,
posterior do pé”, orienta o ortopedis- ria das dores e um bom exame clíni- indicadas por um especialista médi-
ta Pil Sun Choi. co, complementado pelos exames de co); alongue os músculos ao fazer uma
imagens, quando necessário”, detalha. mesma atividade por muito tempo, e
Tratamento Além de difíceis de diagnosticar, tais corrija a má postura, antes que ela vi-
O ideal é sempre investigar as causas dores podem ser complicadas de tratar re um vício. n
Artigo Periculosidade
por Aguinaldo Bizzo de Almeida

ATIVIDADES E OPERAÇÕES
COM ENERGIA ELÉTRICA
O anexo IV da NR-16 ainda suscita dúvidas
relacionadas à concessão do benefício

O Anexo IV - Atividades e operações perigosas com energia


elétrica - da NR-16 provocou profundas mudanças nos cri-
térios de análise para enquadramento do adicional de pericu-
te eletricidade.
Primeiramente, devemos considerar que o princípio do paga-
mento do adicional de periculosidade pela exposição a riscos
losidade aos profissionais da área elétrica, comparado à legis- elétricos é direcionado a profissionais que, no desempenho de
lação anterior (Lei n0 7369/1985), pois incluiu os profissionais suas atividades laborais, ficam expostos a riscos elétricos intrín-
que trabalham em instalações elétricas no SEC (Sistema Elétri- secos que possam causar danos a sua integridade física. Dessa
co de Consumo), sendo que, anteriormente, somente estavam forma, são adotados critérios técnicos específicos pela Porta-
contemplados profissionais que atuavam no SEP (Sistema Elétri- ria n0 1.078/2014, que vincula o direito à percepção do adicio-
co de Potência), salvo decisões judiciais que estenderam o be- nal de periculosidade.
nefício a outros segmentos produtivos. E ele ainda estende a Ainda, o Anexo IV considera que têm direito ao adicional de
possibilidade de enquadramento de profissionais que não são periculosidade pessoas cujas atividades não são relacionadas
da área elétrica, mas que, devido a condições precárias de ins- diretamente à manutenção de instalações elétricas, sendo que
talações, possam estar sujeitos a riscos elétricos. isso somente é possível quando, no exercício de suas atividades
O objetivo deste artigo é esclarecer o disposto no Anexo IV, laborais, ficar caracterizado que também estão expostos dire-
uniformizando conceitos mínimos necessários para a correta tamente a riscos elétricos devido ao não atendimento de re-
interpretação dos quesitos estabelecidos para possível enqua- quisitos mínimos pela Portaria n0 1.078/2014, especificamen-
dramento ao direito da periculosidade em função do agen- te quanto à característica construtiva das instalações elétricas,

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agosto_2015
79
© 2 0 1 5 Te n C a t e P r o t e c t i v e F a b r i c s . Te n C a t e é m a r c a r e g i s t r a d a d e R o y a l Te n C a t e . Te c a s a f e é m a r c a r e g i s t r a d a d a Te n C a t e P r o t e c t i v e F a b r i c s o u d e s u a s f i l i a i s .
Artigo
face ao disposto nas Normas Técnicas Nacionais (na ausência
dessas, utilizam-se as normas Internacionais cabíveis).
Assim, para a correta interpretação e aplicação das premissas
estabelecidas pelo anexo IV da NR-16, é necessário o conhe-
cimento de normas técnicas que definem parâmetros referen-
tes a medidas de controle existentes nas instalações elétricas
ao risco de choque elétrico, especialmente as a NBR 5410 –
Instalações Elétricas de Baixa Tensão e NBR14039 – Instalações
Elétricas de Media Tensão.
Também são necessários conhecimentos sobre exposição e
medidas de controle para o risco de arco elétrico, sendo que
não temos ainda no Brasil legislação técnica específica sobre
o assunto, e , dessa forma, é necessário recorrermos às nor-
mas técnicas internacionais.
Neste artigo, abordaremos a aplicabilidade do Anexo IV- NR-
16, apresentado (de forma sintetizada) a interface do anexo Fig. 1 - Operação de equipamento AT em SE
com as normas técnicas da ABNT, de forma a subsidiar as em-
presas e os profissionais habilitados responsáveis por Laudos
Técnicos, na correta interpretação e aplicação da legislação. mediante procedimentos de trabalho específicos que contem-
plem as medidas de controle necessárias para preservação da
Premissa básica integridade física desses profissionais.
A premissa básica da proteção a riscos elétricos é que partes vi- As normas NBR5410 - BT e NBR14039 – MT, entre outras in-
vas perigosas de instalações não devem estar expostas de for- fluencias externas (variáveis que devem ser consideradas na de-
ma que possam ser alcançadas acidentalmente pelas pesso- finição e seleção de medidas de proteção para segurança das
as, salvo em situações laborais por profissionais autorizados, pessoas e desempenho dos componentes da instalação elétri-

Tabela 1 – Competência de Pessoas estabelecida pelas NBR5410 e NBR14039

CÓDIGO CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES E EXEMPLOS

BA1 Comuns Pessoas inadvertidas -

BA2 Crianças Crianças em locais a elas destinados1) Creches e escolas

BA3 Incapacitadas Pessoas que não dispõem de completa capacidade física ou Casas de repouso, unidades
intelectual (idosos, doentes) de saúde

BA4 Advertidas Pessoas suficientemente informadas ou supervisionada por Locais de serviço elétrico
pessoas qualificadas, de tal forma que lhes permite evitar
os perigos da eletricidade (pessoal de manutenção e/ou
operação)

BA5 Qualificadas Pessoas com conhecimento técnico ou experiência tal que Locais de serviço elétrico
lhes permite evitar os perigos da eletricidade (engenheiros fechados
e técnicos)
1)
Esta classificação não se aplica necessariamente a locais de habitação

80 www.revistacipa.com.br
ca), definem, no quesito Condições de Utilização, a Compe- periculosidade às seguintes variáveis:
tência de Pessoas (vide tabela 1) considerando-se a exposição ◗ Sistema em que o trabalhador atua: no Sistema Elétrico de
ao agente eletricidade. Potência - SEP ou no Sistema Elétrico de Consumo – SEC;
Considerando-se as competências descritas na tabela, é funda- ◗ Tipo de tensão envolvida na Atividade: em Alta Tensão (AT)
mental entender que medidas de controle para exposição aos ou em Baixa Tensão (BT);
riscos elétricos são tratadas de forma diferenciada pelas nor- ◗ Equipamentos ou instalações energizados ou desenergizados.
mas técnicas, ou seja, quando se tratar de pessoas BA1, so- De acordo com a NR-10, o SEP é o “conjunto das instalações e
mente é admitido a proteção total (determinada pela caracte- equipamentos destinados à geração, transmissão e distribui-
rística construtiva da instalação elétrica), não sendo admitido ção de energia elétrica até a medição, inclusive”. Assim, por
que esse tipo de pessoa possa acessar acidentalmente partes exclusão, o SEC envolve os equipamentos e instalações que
vivas da instalação elétrica. Já para profissionais BA4 e BA5, utilizam a energia gerada, transmitida e distribuída pelo SEP.
admite-se a proteção parcial (caracterizada pelo conhecimen- A definição da abrangência do SEP é uma das principais dú-
to, procedimentos, capacitação, uso de EPI etc.), ou seja, esses vidas, principalmente em indústrias alimentadas em alta ten-
profissionais, conforme já mencionado, podem ter acesso às são (acima de 100 volts), nas quais esse quesito é considera-
partes vivas da instalação elétrica em suas atividades laborais, do, de forma errônea, condição intrínseca à caracterização do
desde que sejam adotadas medidas de controle adequadas. SEP. Considerando-se os quesitos estabelecidos pelo Anexo IV,
Essas considerações são importantes para o entendimento cor- a questão do adicional de periculosidade foi resolvida nessa si-
reto do princípio do pagamento do adicional de periculosida- tuação, uma vez que, diferente da legislação anterior, o SEC
de pelo agente eletricidade, ou seja, direcionado somente pa- também foi contemplado.
ra profissionais da área elétrica. Considerando-se as atividades executadas em equipamentos
ou instalações no SEP, basicamente foram mantidos os mes-
Critérios de caracterização mos critérios anteriormente descritos no Decreto 93412 de 14
São adotados critérios técnicos específicos pela Portaria de outubro de 1986, que regulamenta a Lei n0 7369/1985,
1.078/2014, que vincula o direito à percepção do adicional de ou seja: foi mantido o conceito de atividades e áreas de risco

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Artigo
descritos no Quadro I do anexo, da mesma forma que na le-
gislação anterior.
A Portaria n0 1.078/2014 define que o direito ao adicional de
periculosidade para profissionais que atuam no SEP encontra-
-se expressamente definido no item 1, alínea d.
Têm direito ao adicional de periculosidade os trabalhadores:
(...) d) das empresas que operam em instalações ou equi-
pamentos integrantes do sistema elétrico de potência -
SEP, bem como suas contratadas, em conformidade com
as atividades e respectivas áreas de risco descritas no qua-
dro I do anexo.
Ressalta-se que a caracterização do SEP pode ocorrer, além
de concessionárias de Geração, Transmissão e Distribuição de
Energia Elétrica, também para indústrias. Portanto, é funda-
mental que um laudo técnico evidencie com clareza os cená- Fig. 2 - Atividade de manobra de gavetas BT
rios elétricos existentes caracterizados como SEP, sendo que o
referido enquadramento abrange também trabalhadores ter- dores do SEC, quando realizam atividades em Alta Tensão
ceirizados, desde que nas mesmas condições laborais citadas. em equipamentos ou instalações energizados (ver figura
Assim, as atividades e as respectivas áreas de risco desenvolvi- 1), também têm direito à periculosidade.
das no SEP que ensejam a percepção do adicional de pericu- Nota – A média tensão estabelecida pela NBR14039 – Ins-
losidade se encontram listadas em rol taxativo nos itens 4.1 e talações Elétricas de Media Tensão 1- 36,2kv, é caracteri-
4.2, bem como no Quadro I da Portaria 1.078/2014, onde se zada como alta tensão pela NR-10.
ressalta que o direito à periculosidade ocorre para aos traba- Para os profissionais que executam atividades no SEC, em
lhadores que executam atividades no SEP em alta tensão ou circuitos elétricos energizados em BT, também é caracte-
baixa tensão, em equipamentos ou instalações energizadas e rizado o direito ao recebimento de periculosidade o tra-
desenergizadas, mas com a possibilidade de energização aci- balho realizado em instalações ou equipamentos energi-
dental ou por falha operacional. zados e que não observem o disposto no item 10.2.8 da
NR-10, nos termos do item 1, alínea c.
AT e BT 1. Têm direito ao adicional de periculosidade os traba-
Outro quesito considerado é o nível de tensão. A NR-10 clas- lhadores: (...)
sifica a tensão elétrica, distinguindo a Alta Tensão, que é ten- c) que realizam atividades ou operações em instalações
são superior a 1000 volts em corrente alternada ou 1500 volts ou equipamentos elétricos energizados em baixa tensão
em corrente contínua, da Baixa Tensão, que é a tensão supe- no sistema elétrico de consumo - SEC, no caso de descum-
rior a 50 volts em corrente alternada ou 120 volts em corrente primento do item 10.2.8 e seus subitens da NR10 - Segu-
contínua e igual ou inferior a 1000 volts em corrente alterna- rança em Instalações e Serviços em Eletricidade;
da ou 1500 volts em corrente contínua. A extra baixa tensão O atendimento ao item 10.2.8 da NR-10, que estabelece as me-
(conhecida como tensão de segurança), aquela abaixo dos li- didas de proteção coletiva a serem adotadas nos serviços em
mites da baixa tensão, é desconsiderada pela NR-10. instalações elétricas, é condição intrínseca para possível desca-
De uma forma geral, os trabalhadores que executam ativida- racterização do direito ao adicional de periculosidade em BT no
des em Alta Tensão em equipamentos ou instalações energi- SEC, devendo ser observadas as premissas estabelecidas pela
zados tem caracterizado o direito ao adicional de periculosida- NR10, no item 10.2.8.2.
de, conforme item 1, alínea a: As medidas de proteção coletiva compreendem, prioritariamen-
Têm direito ao adicional de periculosidade os traba- te, a desenergização elétrica, conforme estabelece esta NR, e,
lhadores: que executam atividades ou operações em na sua impossibilidade, o emprego de tensão de segurança.
instalações ou equipamentos elétricos energizados Item 10.2.8.2.1: Na impossibilidade de implementação do es-
em alta tensão; tabelecido no subitem 10.2.8.2., devem ser utilizadas outras
Dessa forma, por força do disposto nesse item, os trabalha- medidas de proteção coletiva, tais como: isolação das par-

82 www.revistacipa.com.br
do adicional de periculosidade.
Ressalta-se que a condição intrínseca para a descaracteri-
zação de zona de risco, conforme definida na NR-10, consi-
derando-se somente o risco de choque elétrico por contato
direto, está diretamente relacionado com as características
físicas quanto ao Grau de Proteção IP existente, que deve
ser no mínimo IP2X, conforme NBR5410 – Instalações Elé-
tricas de Baixa Tensão.
Ocorre que a garantia do Grau de Proteção IP mínimo exigido
pelas normas técnicas não garante a proteção ao risco de arco
elétrico, sendo essa uma condição de risco intrínseca em ati-
vidades de operação e manutenção elétrica de baixa tensão,
com cenários caracterizados como risco grave para os profis-
sionais que executam essas atividades, visto que predominam
Fig. 3 - Atividade de termografia em painel elétrico de MT – 13,8 KV medidas de controle para exposição ao risco de arco elétrico
pelo uso de EPI- Vestimentas FR, ou seja, não são priorizadas
tes vivas, obstáculos, barreiras, sinalização, sistema de sec- medidas coletivas de engenharia.
cionamento automático de alimentação, bloqueio do reli- Dessa forma, várias atividades rotineiras em indústrias, em cir-
gamento automático. cuitos elétricos de baixa tensão, suscitam dúvidas quanto ao
Dessa forma, as características construtivas das instalações elé- enquadramento do adicional de periculosidade, sendo neces-
tricas quanto à exposição dos trabalhadores a riscos elétricos sária uma avaliação criteriosa quanto à real exposição a riscos
é condição intrínseca de análise. As medidas de controle evi- elétricos, como por exemplo, extração de gavetas em BT, em
denciadas no item 10.2.8.2 da NR10 estão contempladas em circuitos elétricos segregados (figura 2).
Normas Técnicas da ABNT, especialmente a NBR5410 – Instala-
ções Elétricas de Baixa Tensão e NBR 6146 - Invólucros de Pro- Trabalho em proximidade
teção, alem de outras Normas Técnicas especificas e aplicáveis. Outro quesito considerado pela Portaria 1.078/2014 como pos-
A realização de atividades de manutenção em instalações sível enquadramento ao recebimento de adicional de pericu-
elétricas de baixa tensão nas indústrias é condição comum, losidade refere-se a aos trabalhadores que realizem trabalho
inclusive em circuitos energizados, nos quais são executa- em proximidade:
das atividades em contato direto, ou seja, dentro da zona 1. Têm direito ao adicional de periculosidade os trabalhadores:
de risco, com risco intrínseco de choque elétrico e arco elé- (...)
trico e, dessa forma, fica caracterizado o enquadramento b) que realizam atividades ou operações com trabalho

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83
Artigo
em proximidade, conforme estabelece a NR-10; sar da realização de atividades em instalações elétricas, não ca-
Dessa forma, é necessário o correto entendimento do termo racterizam o direito ao adicional de periculosidade.
proximidade definido na NR10. Atualmente, predominam aná- De acordo com o Anexo IV da NR16, trabalhadores que exe-
lises equivocadas pela interpretação incorreta desse termo. cutam atividades ou operações em instalações e equipamen-
O trabalho em proximidade é definido na NR-10 como sen- tos que operam com Extra-Baixa Tensão, os quais por defini-
do o trabalho durante o qual o trabalhador pode entrar na zo- ção não são sujeitos à NR-10, não têm direito ao adicional de
na controlada, ainda que seja com uma parte do seu corpo periculosidade, conforme expresso no item 2, alínea b da Por-
ou com extensões condutoras, representadas por materiais, taria 1.078/2014:
ferramentas ou equipamentos que manipule. Dessa forma, o
termo proximidade esta diretamente relacionado com a exis-
Tabela 2 – Valores da tensão de contato limite UL (V)
tência de zona controlada e zona de risco, caracterizadas so-
mente em instalações elétricas sem segregação, independen- NATUREZA DA SITUAÇÃO 1 SITUAÇÃO 2 SITUAÇÃO3
te do nível de tensão. CORRENTE

Dessa forma, o adicional de periculosidade caracterizado pelo Alternada, 15 50 25 12


quesito proximidade em atividades realizadas em alta tensão Hz – 1000 Hz
ocorrerá em atividades rotineiras em indústrias, por exemplo: Continuada 120 60 30
termografia em painéis elétricos de MT, quando necessário des- sem ondulção 1)

compartimentar o invólucro, conforme a figura 3. 1)


uma tensão contínua “sem ondulação” é convencionalmen-
Já para baixa tensão, a caracterização do adicional de pericu- te definida como apresentando uma taxa de ondulação não
losidade pelo quesito proximidade, se consideradas atividades superior a 10% em valor eficaz; o valor de crista máximo não
rotineiras de manutenção elétrica, ocorrerá em circuitos elétri- deve ultrapassar 140 V, para um sistema em corrente contínua
cos sem segregação, onde mesmo com anteparos não propi- sem ondulação com 120 V nominais, ou 70 V para um siste-
ciem Grau de Proteção IP adequado, além da exposição intrín- ma em corrente contínua sem ondulação com 60 V nominais.
seca ao risco de arco elétrico.
CONDIÇÃO DE INFLUÊNCIA EXTERNA SITUAÇÃO
É importante entender que a condição de exposição a riscos
BB1, BB2 1
elétricos pelo quesito proximidade é intrínseco às características
BC 1, BC 2, BC 3 1
físicas das instalações elétricas, e, dessa forma, não se restrin- BB3 2
ge somente a profissionais da área elétrica, ou seja, é condição BC4 2
comum nas empresas a existência de instalações elétricas sem BB4 3
segregação em áreas de operação industrial, expondo pessoas
BA4 e Pessoas BA1 a riscos elétricos, também passiveis de ca- 2. Não é devido o pagamento do adicional nas seguintes si-
racterização do adicional de periculosidade, conforme figura 3. tuações:
Uma situação que merece destaque é o entendimento errôneo (...)
predominante que considera somente risco de choque elétrico b) nas atividades ou operações em instalações ou equi-
como condição de risco intrínseco para caracterização do adi- pamentos elétricos alimentados por extra-baixa tensão;
cional de periculosidade, visto que a Portaria 1.078/2014 não É importante entender que a condição de tensão de seguran-
evidencia de forma clara quesitos específicos relacionados a ti- ça preconizada pela NR10 para instalações elétricas alimenta-
pologia dos riscos elétricos, mencionando níveis de tensão. En- das por extra baixa tensão deve ser ratificada como medida
tretanto, os profissionais que executam atividades de operação de controle eficaz quando atendido corretamente o disposto
e manutenção de instalações elétricas , conforme menciona- no Anexo C da NBR5410, ou seja: Deve se avaliar as influên-
do anteriormente, estão expostos de forma habitual ao risco cias externas intrínsecas quanto aos parâmetros BA – compe-
de arco elétrico, em determinadas situações que comprome- tência de pessoas, BB – resistência rlétrica do corpo humano,
tem a integridade física dos mesmos, podendo inclusive levar e BC – contato com potência de terra, e, dessa forma definir
à morte. Dessa forma, não podem ser ignoradas na análise do os valores de tensão de contato limite vide tabela 2, que retra-
enquadramento do adicional de periculosidade, visto que essa ta o estabelecido pela Tabela C.2 NBR5410. Outra condição
condição e tratada de forma intrínseca na NR10. que descaracteriza o pagamento do adicional de periculo-
A Portaria 1.078/2014 também define os cenários os quais, ape- sidade ocorre para atividades em circuitos desenergizados, em

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consumo em instalações ou equipamentos elétricos de-
senergizados e liberados para o trabalho, sem possi-
bilidade de energização acidental, conforme estabe-
lece a NR-10;
A definição de desenergizado esta descrito na NR 10, itens
10.5.1 Somente serão consideradas desenergizadas as insta-
lações elétricas liberadas para trabalho, mediante os proce-
dimentos apropriados, obedecida a seqüência abaixo:
a) seccionamento;
b) impedimento de reenergização;
c) constatação da ausência de tensão;
d) instalação de aterramento temporário com equipo-
tencialização dos condutores dos circuitos;
e) proteção dos elementos energizados existentes na
zona controlada (Anexo I);
Fig. 3 - Painel elétrico BT sem segregação em área industrial comum
f) instalação da sinalização de impedimento de ree-
nergização.
relação aos quais a Portaria 1.078/2014 estabelece restrição ao Ressalta-se a necessidade do entendimento correto do con-
SEC, ao definir que as instalações ou equipamentos elétricos ceito de desenergizacao uma vez que no SEC, em instalações
desenergizados, sem a possibilidade de energização acidental, elétricas de BT, a aplicação total dos requisitos estabeleci-
conforme a NR-10, não conferem o direito à periculosidade. dos no item 10.5.1 da NR-10, normalmente não adotados,
2. Não é devido o pagamento do adicional nas seguin- especialmente o item d) instalação de aterramento tempo-
tes situações: rário com equipotencialização dos condutores dos circuitos.
a) nas atividades ou operações no sistema elétrico de A Portaria n0 1.078/2014 se refere às atividades realizadas

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Artigo
racterização ao direito do adicional de periculosidade para
determinados profissionais que não são da área elétrica, mas
que, devido a possíveis condições inadequadas das instala-
ções elétricas, estarão expostos a riscos que poderão levar ao
enquadramento ao adicional de periculosidade, sendo essas
situações rotineiras nas indústrias, principalmente para ope-
radores de processo que, para as atividades de liga- desliga
em BT, necessitam abrir painéis elétricos que não possuem
segregação adequada das partes vivas, conforme figura 4.
Assim, ratifica-se a necessidade de instalações elétricas ade-
quadas e seguras, como condição intrínseca ao não en-
quadramento do adicional de periculosidade definido pela
Portaria 1.078/2014 para atividades elementares de liga–
desliga em BT.
Fig. 4 - Atividade em processo liga- desliga em área de processo em
painéis elétricos descompartimentados Considerações finais
A Portaria n0 1.078/2014 define no item 3 que o trabalho
em Baixa Tensão que não dão direito ao recebimento de pe- intermitente é equiparado à exposição permanente para fins
riculosidade nos seguintes termos: de pagamento integral do adicional de periculosidade nos
O pagamento do adicional de periculosidade não é devido meses em que houver exposição, excluída a exposição even-
nas situações seguintes: tual, assim considerado o caso fortuito ou que não faça par-
(...) te da rotina. Dessa forma, e fundamental que seja definido
c) nas atividades ou operações elementares realiza- com clareza o limite de abrangência dos profissionais que
das em baixa tensão, tais como o uso de equipamen- realizam atividades de operação e manutenção de instala-
tos elétricos energizados e os procedimentos de ligar ções elétricas, bem como os limites de atuação de pesso-
e desligar circuitos elétricos, desde que os materiais e as que realizam atividades não relacionadas em instalações
equipamentos elétricos estejam em conformidade com elétricas na proximidades de circuitos elétricos energizados,
as normas técnicas oficiais estabelecidas pelos órgãos sob pena de se ter situações onerosas para as empresas de-
competentes e, na ausência ou omissão destas, as nor- vido o enquadramento ao adicional de periculosidade pe-
mas internacionais cabíveis. la existência de instalações elétricas que não oferecem se-
Essa condição de exclusão está em consonância com a NR- gurança a riscos elétricos de choque elétrico e arco elétrico.
10, que define, no item 10.6.1.2 que as operações elemen- Ainda, são elaborados laudos técnicos ambientais “Genéri-
tares como ligar e desligar circuitos elétricos, realizadas em cos “ e “Vulneráveis” que expõem as empresas a passivos
baixa tensão, com materiais e equipamentos elétricos em trabalhistas, uma vez que é considerado de forma correta
perfeito estado de conservação, adequados para operação, o disposto na Portaria n0 1.078/2014, sendo que as empre-
podem ser realizadas por qualquer pessoa não advertida. sas devem considerar o principio básico preconizado pela
Ou seja, atividades rotineiras em equipamentos elétricos, NR-10 para proteção dos trabalhadores e pessoas expostas
incluindo painéis elétricos, feitas por pessoas BA1 ou BA4, a riscos elétricos, ou seja, a priorização da adoção de me-
como por exemplo operadores de processo de uma manei- didas de engenharia, de forma a garantir a segurança e a
ra geral, em dispositivos de comando, ou mesmo dispositi- saúde dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, inte-
vos de potência, desde que construídos de forma adequa- rajam em instalações elétricas e serviços com eletricidade. n
da e que não ofereçam riscos às pessoas que desenvolvam
atividades de liga–desliga, não serão enquadradas no pa-
gamento do adicional de periculosidade.
Ressalta-se novamente a necessidade de uma avaliação cri-
Aguinaldo Bizzo de Almeida, engenheiro eletricista e
teriosa quanto à característica construtiva das instalações de segurança no trabalho e consultor técnico da bancada dos
elétricas, pois a mesma é condição intrínseca à possível ca- trabalhadores no anexo IV da NR-16

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Coluna
Dicas de Prevenção
Jaques Sherique
Engenheiro mecânico e de segurança do trabalho. Presidente da Academia Brasileira de
Engenharia de Segurança do Trabalho, sócio diretor da empresa Sherique Consultoria

A ergonomia e você
Um passo a passo para garantir a postura correta e
o bem estar físico no trabalho
Em continuação à coluna anteriror, fornecere- fatores ambientais sobre o trabalhador.
mos dicas para uma análise ergonômica: Sequência útil para uma análise ergonômica: 1
◗ Avaliação de fatores ocultos, tais como: siste- - Identifique o problema; 2 - Descreva a tarefa
ma de trabalho, método de trabalho, horas ex- feita pelo trabalhador; 3 - Descreva os passos,
tras e satisfação com o trabalho; a sequência de ações técnicas executadas pelo
◗ Análise de fatores intervenientes, tais como: trabalhador; 4 - Identifique os possíveis riscos
risco físicos, químicos e biológicos; ergonômicos de cada um dos passos da tarefa;
◗ Avaliação de fatores anti-ergonômicos presen- 5 - Realize uma análise ergonômica comple-
tes no ambiente de trabalho; mentar mais profunda, concluindo quanto ao ris-
◗ Identificação e correção de fatores do trabalho co ergonômico da tarefa, dentro dos limites do
que podem causar fadiga; conhecimento técnico sobre o assunto; 6 - Dis-
◗ Avaliar o uso de ferramentas adequadas pa- cuta, analise e chegue a um consenso sobre as
ra o trabalho; soluções ergonômicas e 7 - Desenvolva junto a
◗ Avaliar a relação entre o trabalhador, a máqui- chefia responsável, o respectivo plano de ação.
na e o local de trabalho; É importante ressaltar que, antes de qual-
◗ Analisar a quantidade de peças retrabalhadas; quer análise, seja ela ergonômica ou não, de-
◗ Verificar o projeto e o leiaute dos painéis de ve-se fazer um plano de ação incluindo as se-
controle e verificar se equipamentos de medição guintes etapas:
fora da direção ou da visão do trabalhador; e 1 - o que fazer; 2 – por que fazer; 3 - quem
◗ Considerar os efeitos físicos e mentais causados vai fazer; 4 - quando irá fazer; 5 - onde irá fa-
pela ação do barulho, da iluminação e de outros zer; 6 - como irá fazer; e 7 - quanto vai custar.

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Soluções sária a agilidade dos serviços. Essa posição evita a
Existem quatro categorias ou tipos de soluções fadiga nos músculos da panturrilha, pois muda-se
mais comunmente utilizadas para as dificuldades o eixo de apoio dos membros inferiores, passan-
ergonômicas encontradas: do o apoio a ser distribuído entre os membros in-
1) Solução simples: pequenas melhorias, tais co- feriores e as nádegas.
mo: ajuste de cadeiras e mesas, Cócoras:
2) Solução administrativa: rodízios, pausas, trei- A posição de cócoras é indicada a depender do
namentos e seleção de pessoal, tempo, peso e da movimentação requerida, quan-
3) Solução clara: quando se olha e se percebe do o indivíduo tem que tocar no nível do chão, com
o que tem que ser feito, mas que depende de ver- as mãos, permanecendo por muito tempo naquela
ba ou pequeno detalhamento e posição, no mesmo local. Esta posição favorece o
4) Solução Profunda: quando a melhoria depen- equilíbrio e o alongamento dos músculos do dorso,
de de um estudo mais profundo, e de projeto en- diminuindo a incidência de dores lombares e dorsais.
volvendo outras pessoas e verbas. A grande contraindicação está em se movimentar
nesta postura, o que pode acarretar ruptura dos li-
Adequação postural gamentos colaterais do joelho.
Em pé: Braços:
As atividades em pé são a melhor alternativa As posturas inadequadas dos ombros superiores,
quando o posto de trabalho não tem espaço para com o braço fletido ou abduzido causará tendini-
acomodar as pernas do trabalhador e quando há te de ombro. Já o antebraço fletido sobre o braço e
necessidade de manusear objetoa de peso maior membro superior elevado em posição estática trará
que 3 kg. Também é indicada quando se tem que tendência a tendinite
fazer esforço para baixo para empacotar ou usar pá, Carregando peso:
quando há necessidade de se deslocar para frente Também é importante mencionar que, durante o
e para os lados simultaneamente, como nos ser- transporte de cargas, é necessário limitar o peso ao
viços de pintura, e quando há movimentação fre- máximo de 23 kg (para carregar) e 18 kg (para le-
quente entre os postos de trabalho. vantar do chão). Levar em consideração a frequên-
Essa posição apresenta como inconveniente a cia e a distância a ser percorrida, procurando apro-
fadiga dos músculos da panturrilha e o risco de ximar a carga do corpo, ou o corpo à carga. Não
aparecimento de varizes. fletir e torcer o corpo simultaneamente enquanto
Sentado: pegar a carga.
Trabalhar sentado traz conforto, porém, pode oca-
sionar problemas na coluna vertical. A posição é in- Conclusão
dicada nos serviços de escrita ou digitação, quando Os DORTs (Distúrbios Osteomusculares Relaciona-
não se manuseia pesos excessivos, quando o traba- das ao trabalho - e as LERs (Lesões por Esforços Re-
lho não envolve a necessidade de se desencostar ou petitivos) podem ser evitados por meio da redução
de se movimentar o tronco e quando a tarefa exi- da força empregada na execução da tarefa, reveza-
ge montagem com movimentos finos frequentes. mentos, enriquecimento dos ciclos, ajustes no pos-
Alternada: to de trabalho, de forma a melhorar a postura; se-
A postura alternada (em pé – sentado) é a me- leção médica e controle do número de movimentos.
lhor que existe, pois preserva a movimentação pe- Em caso de acidente ou doença, o trabalhador
riódica do corpo, evita a fadiga da posição de pé e deve retornar o mais rápido possível a suas ativida-
também as dores lombares. des. Dependendo do caso, deve ser readaptado pa-
Semissentada: ra outro tipo de serviço, para se evitar a repetição
A postura semi-sentada é indicada quando se da lesão/acidente. Deve-se também acompanhar
quer evitar a fadiga gerada por trabalhar em pé de perto do trabalhador e ficar atento às suas con-
um grande número de horas ou quando é neces- dições psicológicas. n

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Qualidade do sono por Débora Luz

CRONOBIOLOGIA
DO TRABALHO
EM TURNOS
O
Os impactos do trabalho em turno é aquele em que grupos de trabalhadores se suce-
dem nos mesmos locais de trabalho, cumprindo horários que permi-
sono na saúde tam o funcionamento ininterrupto da empresa.

do trabalhador Desta forma, considera-se que um trabalhador desenvolve suas ati-


vidades em turnos ininterruptos de revezamento quando sua jornada
de trabalho abrange o dia e noite, ou seja, devido à escala de serviço, ora é realizada na
parte da manhã, ora na parte da tarde e ora na parte da noite.
A configuração dos turnos ininterruptos de revezamento tem haver tanto como a
forma de serviço da empresa, que deve ser ininterrupta, quanto com a jornada de ser-
viço do empregado, que deve abranger tanto o dia, quanto a noite.
Nesse sentido, a cronobiologia com foco nos trabalhadores com jornadas de turnos
entra como um fator importante. A cronobiologia é a ciência que estuda os ritmos bioló-
gicos. A relevância dos ritmos biológicos para o bom funcionamento do organismo fica
evidente a partir dos problemas causados pelo trabalho em turnos, em boa parte decor-
rentes justamente da falta de sincronia entre vários desses ritmos e os ciclos ambientais.
Para a bióloga e pequisadora da Fundacentro Érica Lui Reinhardt, a dessincronização
é diretamente responsável pela perda de vigor de diversos desses ritmos; alterações de
fase, resultando em que os eventos biológicos deixam de ocorrer em um determina-
do horário e passam a ocorrer em outro, muitas vezes sem surtir os efeitos desejados;

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e desalinhamento interno dos diferentes exercício e má alimentação ter maior impacto negativo sobre a vida
ritmos entre si. O estudo foi realizado com 657 homens social e muitas vezes são mais rejeitados
“Tudo isso ocorre porque o trabalha- entre 25 e 64 anos de idade sem histórico pelos trabalhadores.
dor de turnos tem constantes alterações de ataque cardíaco ou diabetes, que fo-
de horário de trabalho e de descanso. Is- ram analisados utilizando a Escala de So- Qualidade do sono
so vale também para o trabalhador em nolência Jerkins. A qualidade do sono de Um sono considerado de qualidade é
turnos noturnos fixos, pois nas folgas ele todos os voluntários foi avaliada durante aquele de quantidade suficiente, o que va-
volta a dormir à noite e ser ativo durante 14 anos. Depois que o estudo foi finaliza- ria muito de pessoa a pessoa. Usualmente
o dia aproveitando o tempo com a famí- do, os pesquisadores revelaram que 63% considera-se que a quantidade ideal este-
lia e os amigos. Este trabalhador, então, dos participantes que tiveram um ataque ja entre seis a 10 horas de sono por dia,
também acaba tendo mudanças contínu- cardíaco nesse período também tinham mas há pessoas que precisam de menos
as de horário de atividade e repouso”, ex- distúrbio de sono. ou mais e não tem problemas com isso.
plica a especialista. Tanto os trabalhos de turnos fixos quan- Para a pesquisadora da Fundacentro,
Um estudo divulgado pela OMS (Orga- to os alternantes, especialmente quando um outro exemplo de sono de qualida-
nização Mundial de Saúde) revelou que incluem turnos noturnos, são prejudiciais de é aquele restaurador, caracterizado
uma noite mal dormida pode ser tão pre- em todos esses aspectos. Tanto esquemas por nenhuma ou poucas interrupções e
judicial à saúde quanto fumar. Para a OMS, fixos ou alternantes associam-se a impacto que apresente a arquitetura adequada,
dormir pouco aumenta chances de infar- negativo sobre o sono, mas há indicações com todas as fases do sono presentes nas
to e morte súbita tanto quanto o cigarro. de que os turnos noturnos fixos tenham quantidades apropriadas, como pessoas
Para os pesquisadores, um sono de má maior impacto sobre a saúde, a sonolên- com apneia obstrutiva do sono, que so-
qualidade deve ser considerado um fator cia, o alerta e o desempenho no trabalho. frem frequentes interrupções do mesmo,
de risco assim como o tabagismo, falta de Por outro lado, turnos alternantes podem fazendo com que o sono perca qualidade,

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Qualidade do sono

problemas gastrintestinais, devido a alte-


rações nos ritmos biológicos relacionados
com o metabolismo e a digestão.
A pesquisadora da Fundacentro escla-
rece que, basicamente, pessoas que tra-
balham em turnos desenvolvem uma des-
sincronização crônica que afeta todos os
sistemas fisiológicos em maior ou menor
grau. “Esta dessincronização nada mais
é senão a falta de harmonia entre os rit-
mos biológicos da pessoa e os ciclos am-
bientais, como o ciclo claro/escuro, ati-
vidade/repouso, alimentação/saciedade,
etc”. Érica ainda conta que a dessincro-
nização pode ser mais ou menos intensa
dependendo de fatores inerentes ao indi-
víduo e também de fatores externos, co-
mo a exposição à luz ou a administração
de melatonina exógena.“Isso significa que
UMA NOITE MAL DORMIDA PODE SER é possível amenizar esta dessincronização
com tratamento e acompanhamento ade-
TÃO PREJUDICIAL QUANTO FUMAR quados”, enfatiza.
Entre os problemas físicos mais comuns
acarretando diversos problemas. podem estar prejudicados durante o tra- incluem-se problemas com o sono e so-
“Dormir no melhor horário segundo os balho à noite. “Isto ocorre porque tam- nolência, gastrintestinais, inclusive com
ritmos biológicos é uma condição prévia bém o raciocínio e a atenção são rítmicos maior risco de desenvolvimento de úlce-
para que se atinja um sono em quantida- e, como o trabalhador normalmente não ra e obesidade. “Há evidências que suge-
de e qualidade adequadas. Como há uma tem seus ritmos bem ajustados ao traba- rem maior risco para doenças cardiovas-
variação normal nos ritmos de um indiví- lho noturno, provavelmente estas variá- culares, diabetes e câncer, principalmente
duo a outro, então também é esperado veis estarão nos níveis mais baixo justa- de mama. Entre os psicológicos encon-
que o melhor horário de ir para a cama mente enquanto ele trabalha”. tram-se: ansiedade e irritabilidade e há
varie. Assim é que há pessoas matutinas, Segundo a especialista, somente a pri- alguma evidência de associação com de-
que preferem dormir cedo; indiferentes, vação parcial do sono já pode acarretar pressão”, destaca Érica.
para as quais o horário de dormir não é hipertensão, ativação do sistema simpá-
tão importante; e vespertinas, que prefe- tico, problemas no metabolismo da glico- Tese
rem dormir mais tarde. Há alguma evidên- se e ativação de processos inflamatórios, A pesquisadora Érica Lui Reinhardt, de-
cia mostrando que pessoas matutinas tem podendo ao final contribuir com aumen- fendeu uma tese de doutorado pela FSP
maior dificuldade em alterar o horário de to da mortalidade, doenças cardiovascu- (Faculdade de Saúde Pública) da USP (Uni-
dormir e que tem mais problemas com o lares e diabetes. versidade de São Paulo), quando foram
trabalho em turnos”, comenta Érica. “É muito difícil isolar os efeitos da pri- estudados trabalhadores de uma fábrica
vação do sono daqueles da alternância de de metais sanitários que trabalhavam em
Biorítmos naturais x saúde horários, pois esta última invariavelmen- turnos noturnos fixos, sendo que trabalha-
dos trabalhadores te está associada ao primeiro e é por isso dores do turno diurno da mesma empre-
Um trabalhador que dorme pouco ou que os problemas associados com a falta sa constituíram a população de controle.
praticamente não dorme devido ao traba- de sono são tão semelhantes aos de se tra- Foram avaliadas a produção de melatoni-
lho em turno pode estar suscetível ao erro balhar em turnos”, elucida. Assim sendo, na, cortisol e três citocinas inflamatórias na
ou a algum acidente de trabalho. Segun- os problemas associados à falta de sono saliva em três momentos ao longo do dia,
do Érica Lui Reinhardt, além disso, mes- também acabam relacionados à alternân- além da quantidade e qualidade do sono,
mo que o trabalhador noturno não esteja cia de horários. Adicionalmente a estes, a sonolência e fadiga no trabalho.
privado de sono, seu raciocínio e atenção alternância de horários também acarreta “Observou-se que os ritmos da mela-

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Qualidade do sono

Érica Lui Reinhardt,


pequisadora da exemplo, sistemas de turnos que cubram ca. A empresa deve também adaptar seu
Fundacentro apenas parte das 24 horas do dia. Caso PCMSO (Programa de Controle Médico
tonina e do cortisol os sistemas sejam absolutamente neces- de Saúde Ocupacional) para prever aten-
e os padrões de va- sários então a empresa deve observar o dimento e exames específicos para esses
riação das citocinas disposto no Decreto 5.005/2004, que ra- trabalhadores, buscando atuar na preven-
estavam alterados, tifica a Convenção 171 da OIT (Organiza- ção dos problemas de saúde.
sendo que estas al- ção Internacional do Trabalho)”, comenta. Ainda, sabe-se que o suporte que a em-
terações eram mais importantes em um Neste Decreto está previsto que, antes presa oferece aos trabalhadores de turnos,
subgrupo dos trabalhadores noturnos, de qualquer trabalhador começar a tra- como serviços de alimentação e transpor-
considerados menos ajustados ao traba- balhar em turnos, ele deverá ser avaliado te diferenciados, e o apoio social são fun-
lho neste horário”, disse Érica, que com- pela empresa quanto a sua real possibi- damentais para a boa aceitação destes es-
plementa: “Em relação ao sono, encon- lidade, dada por suas condições de saú- quemas de trabalho e para a prevenção de
trou-se que o subgrupo de trabalhadores de, de trabalhar em horários não usuais. problemas. Por isso, o Decreto também
noturnos parcialmente ajustado ao traba- “Isto porque existem algumas condições prevê que a empresa deverá possuir ser-
lho noturno dormia mais, mesmo durante de saúde que contraindicam que a pessoa viços sociais específicos e que os esque-
o dia e mesmo em comparação ao grupo trabalhe em turnos. Além disso, o Decre- mas de turnos, antes de serem implanta-
controle: isto porque estes trabalhadores to também prevê que a empresa orien- dos, devem ser debatidos e negociados
diurnos eram obrigados a acordar muito te o trabalhador quanto às principais me- com os representantes dos trabalhadores.
cedo para ir trabalhar. Assim, percebe-se didas que o ajudarão a atenuar ou evitar Procurados pela redação da revista Ci-
que também é importante verificar os ho- problemas devido ao trabalho em turnos, pa, dois trabalhadores de turnos contam
rários de início e término da jornada diá- aí incluída a higiene do sono”, elucida Éri- sobre suas rotinas e a influência que inci-
ria, sendo preferível evitar que esta se ini-
cie muito cedo no dia, por exemplo entre
as 5 e as 7 horas da manhã (no caso do
meu estudo, a jornada tinha início às 7h)”.
Quem trabalha no período noturno
e precisa descansar durante o dia dor-
me menos e pior. Além disto, os hormô-
nios melatonina e cortisol, bem como
as citocinas inflamatórias salivares so-
frem uma desregulação em sua produ-
ção. A mudança no ciclo da melatonina
tem sido relacionada com surgimento
do câncer de mama em mulheres e de
próstata em homens.

Adaptação de rotina e apoio


Érica fala que para um trabalhador de
turno adaptar sua rotina visando não so-
frer com sono de má qualidade e suas con-
sequentes reações biológicas, em primeiro
lugar, é preciso a empresa avaliar se real-
mente deve implantar esquemas de tur-
nos. “Às vezes é mais vantajoso financei-
ramente não fazê-lo, ou implantar, por

QUEM TRABALHA NO PERÍODO NOTURNO E PRECISA


DESCANSAR DURANTE O DIA DORME MENOS E PIOR
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Qualidade do sono

de no lado profissional e pessoal: Elisan- porcionando segurança no trajeto, além pode melhorar com medidas de higiene
gela Gonzaga de Santana, 41 anos, vigi- de alimentação no local. Ele diz estar sa- de sono. “É possível estabelecer um regi-
lante feminina há 12 anos, trabalha 12 tisfeito com sua jornada, todavia mencio- me específico de aplicação de luz brilhan-
por 36 horas em uma universidade pú- na que tem dificuldade de dormir duran- te que propicie maior ajuste dos trabalha-
blica estadual de São Paulo (SP) durante te o dia quando o ambiente muitas vezes dores ao trabalho noturno, além de maior
a semana e também escala SDF, ou seja, se torna barulhento e às vezes nas noites, alerta e melhor desempenho à noite. Es-
sábado, domingo e feriado entram como pelo relógio biológico estar meio confuso tes regimes, que podem incluir a utilização
hora extra. Devido a segurança do local com as mudanças de horários constantes. de óculos escuros no trajeto casa-traba-
ter a necessidade de ser 24h por dia, o Quanto à atenção para exercer o trabalho lho e trabalho-casa, também melhoram o
serviço é dividido em uma equipe de três ele diz que nas manhãs e nas tardes não sono diurno”, disse Reinhardt, que com-
vigilantes por plantão, onde fazem ron- sente diferença, porém durante as noites, plementa: “Em outros países é possível
das, orientam pessoas perdidas, e fazem mesmo quando dorme bem de dia, sen- administrar melatonina exógena para au-
o monitoramento por meio de câmeras te dor de cabeça e sonolência. Como for- xiliar no ajuste ao trabalho em turnos, mas
tanto na parte interna como externa, en- ma de auxiliar seu ritmo de horários, Pér- não sei se no Brasil é possível usar este tra-
trada e saída dos funcionários, anotação sio conta que, com a ajuda da família, e tamento. Podem ser instituídos também
de placa de veículos e a própria seguran- com um pouco de disciplina, tenta dor- períodos de cochilo durante o turno no-
ça do patrimônio. mir sempre nos mesmos horários e evi- turno, o que ajuda a melhorar o alerta”.
Elisangela tem três filhos e disse que ta de marcar compromissos quando está A pesquisadora sugere ainda que a
nem sempre consegue adaptar seus ho- trabalhando à noite, para conseguir des- alimentação deve ser balanceada, evi-
rários, “mas consigo dormir ou marcar al- cansar. Mesmo praticando futebol e tênis tando-se alimentos mais gordurosos e a
gum compromisso quando as crianças uma vez por semana, bem como alimen- tendência a fazer vários pequenos lan-
estão na escola, caso contrário não dur- tando-se sempre de frutas e saladas, ele ches com maior conteúdo calórico e po-
mo, cochilo”. Ela conta que não consegue revela sofrer de problemas estomacais e bres em vitaminas e minerais. “Em casa,
manter uma alimentação saudável por ter de coluna. o trabalhador deve estabelecer horários
muita ansiedade, fato potencializado pe- definidos para ir para a cama, buscando
lo café que toma para amenizar o sono, Recomendações fazer com que o quarto fique o mais es-
bem como os horários serem todos dife- Há uma série de recomendações ergo- curo possível e sem ruído. A família deve
rentes, “às vezes estou jantando às 2 da nômicas para que o sistema de turnos seja evitar interromper o sono diurno e é reco-
madrugada”. menos impactante para os trabalhadores. mendável um pequeno cochilo ao final da
Já o técnico operacional de refinaria, Do ponto de vista da saúde e da segu- tarde, antes de ir para o trabalho à noite”,
Pérsio Lopes dos Santos, 35 anos, que tra- rança são preferíveis os esquemas alter- explana. O trabalhador também deve es-
balha desde 2009 em uma refinaria de pe- nantes, acumulando no máximo três dias tar atento ao fato de que, quanto maior a
tróleo no Estado de São Paulo, tem a jor- seguidos de turnos noturnos. Devem ser idade, menor a tolerância ao trabalho em
nada de sete dias de trabalho por quatro evitados dias de folga isolados e devem turnos. Além disso, que o trabalho em tur-
dias de folga. Segundo ele, o trabalho de ser previstos pelo menos dois dias de fol- nos é bastante perturbador da vida social
turno é necessário para manter a conti- ga após turnos noturnos. Os dias de fol- e que não é possível evitar completamen-
nuidade operacional do processo de pro- ga preferencialmente devem ocorrer nos te prejuízos à saúde, que podem ocorrer
dução de derivados. “Temos de produzir finais de semana. Os esquemas devem no curto, médio ou longo prazos, mes-
derivados, principalmente gasolina, diesel prever no máximo sete dias de trabalho mo com as melhores condições possíveis.
e GLP. Sou responsável pela rotina opera- consecutivos e com a alternância de tur- “Por isso, idealmente as pessoas deve-
cional, amostragem, controle de processo nos no sentido horário, isto é, manhã-tar- riam procurar planejar suas vidas profissio-
e preparação de equipamentos para ma- de-noite. Os turnos matutinos não devem nais de forma a trabalhar em turnos ape-
nutenção.” Para Pérsio, a vantagem de tra- ser iniciados muito cedo e, quanto antes nas por alguns anos, talvez de cinco a 10
balhar em turno é devido as quatro folgas iniciados os turnos noturnos, melhor. De- anos e expondo-se o menor tempo possí-
que muitas vezes ocorrem em dias da se- vem ser evitadas longas jornadas diárias, vel a este tipo de esquema, já que não só
mana, podendo descansar e resolver di- acima de oito horas, sendo que é preferí- não é possível evitar completamente seus
versos problemas que a maioria das pesso- vel que os turnos sejam de seis horas. De- efeitos negativos, mas também não é pos-
as só consegue fazer nos finais de semana. ve haver no mínimo 11 horas de interjor- sível antecipar quem realmente terá um
A empresa oferece transporte por vans da nada entre um turno e outro. agravo mais importante à saúde devido a
porta de casa até a porta da empresa, pro- O sono dos trabalhadores por turnos esta exposição”, conclui Érica. n

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Qualidade do sono

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Coluna
Previdência e Prevenção
REMÍGIO TODESCHIN
Doutor em psicologia Social, do Trabalho e das Organizações e diretor-executivo
do Instituto de Previdência de Santo André (SP)

Reabilitação Profissional
Histórico e desafios
da reintegração
A RP (Reabilitação Profissional) desenvolveu-se durante as duas
grandes guerras mundiais, verdadeiras “catástrofes” humanas
em pleno século XX, que mutilaram milhões de soldados e civis em
ao trabalho diversos países. Havia necessidade reabilitá-los para a produção de
equipamentos de guerra e produção de alimentos. Nesse mesmo pe-
ríodo, frente às pressões e revoluções sociais, a OIT editou normas e
recomendações para fazer frente às mutilações decorrentes dos aci-
dentes e doenças. Em sua resolução 22, de 1925, a organização tra-
tou da questão da reabilitação profissional e da necessidade de re-
dução dos acidentes industriais.
Atualmente, em uma época em que existem 470 milhões de de-
ficientes em idade de trabalho no mundo, segundo a OIT, a grande
novidade internacional é edição da Resolução 61/106 de 13/12/2006,
das Nações Unidas: Convenção de Direitos de Pessoas com Defici-
ência, que trata da inclusão dos deficientes no mercado de traba-
lho mediante orientação e reabilitação profissional (O’REILLY, 2007).
Esse período de quase 100 anos (1914 – 2014) foi, portanto, um

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Coluna
Tabela 1 – Reabilitação Profissional – 2011 a 2013
ANO REGISTRADOS RETORNO TRABALHO A/B (%) INELEGÍVEIS ELEGÍVEIS REABILITADOS A/E(%)
2011 52.107 3.863 7,41 10.446 30.754 17.434 33,45
2012 52.030 3.593 6,90 10.802 31.401 17.387 33,41
2013 53.843 3.984 7,39 11.492 34.642 16.711 31,03
FONTE: ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – 2013- CAP. 28

divisor de águas, pois, além da reparação e inde- ram entrevistados empresários, trabalhadores, mé-
nização, reforçou-se a visão de inserção afirmati- dicos peritos e profissionais que atuavam no cam-
va no mercado de trabalho, conforme documen- po da RP. Os resultados mostraram três principais
tos da ONU e OIT. eixos de dificuldades na RP:
O primeiro é o inconformismo com o resultado
RP no Brasil do Programa de RP, no qual predomina a cultura
O Processo de Reabilitação Profissional no Brasil da indenização/compensação, querendo os segu-
só ocorreu nos anos de 1940, com a criação dos rados manter a qualquer custo o recebimento do
Institutos e Pensões por categoria profissional. O auxílio doença, frente à incerteza da manutenção
processo de RP na Previdência Social foi intenso nos de seus empregos e o retorno nas mesmas condi-
anos de 1950 e 1960 e declinante com a unificação ções anteriores sem mudanças ou melhorias no lo-
dos institutos e com a tentativa de privatização da cal de trabalho;
previdência nos anos de 1990 (TAKAHASHI, 2006; O segundo eixo abrange as situações de demo-
TODESCHINI;ALCÂNTARA MELO; LINO, 2008). ra no atendimento ou na conclusão do programa
A Reabilitação Profissional da Previdência (con- de reabilitação do INSS por razões estruturais do
forme Tabela 1) apresentou, em 2013, 53.843 se- programa, como falta de convênios e de recursos
gurados registrados nos programas em nível nacio- financeiros, humanos ou materiais; pouca agiliza-
nal do INSS, sendo que somente 3.984 segurados ção logística (processos licitatórios demorados) na
naquele ano puderam retornar ao trabalho, ou se- efetivação do fornecimento de próteses e/ou aqui-
ja, somente 7,39% do total. Do total geral dos re- sição de treinamentos. A demora no atendimento,
gistrados, cerca de 30% são decorrentes de aci- quer seja de assistência médica e requalificação, re-
dentes e doenças profissionais. força a cultura de indenização/compensação, que-
A Tabela 1 demonstra a passiva cultura da in- bra a confiança do segurado em sua relação com
denização/compensação, em vez da proativa in- a empresa e o próprio INSS.
serção no mercado de trabalho. Os 50 mil se- O terceiro eixo decorre da conflitualidade de en-
gurados em processo de reabilitação, por não tendimentos entre o INSS e as empresas quanto ao
estarem inseridos no mercado de trabalho, re- foco da prevenção: uma grande empresa considera
cebem R$683 milhões anuais (2015) em benefí- que os esforços de prevenção na área da ergono-
cios. Se estivessem inseridos no mercado produ- mia do trabalho (com controle do uniforme/equi-
tivo, esses mesmos segurados inverteriam essa pamento e do nível de esforço e carga suportável)
conta: além de elevar a satisfação e autoestima, já são medidas suficientes para oferecer condições
contribuiriam com R$ 191 milhões anuais (con- para o retorno ao trabalho. Entretanto, as empresas
tribuição patronal e do segurado). deveriam ficar atentas também para as questões
subjetivas do trabalho, como relacionamento com
Causas da ineficiência chefias e colegas; para a interpretação de normas
Pesquisa e estudo sobre RP realizado pelas pro- e procedimentos; percepção de riscos e riscos re-
fessoras e pesquisadoras da UNB-Brasília Ione Vas- ais; importância atribuída ao trabalho; satisfação no
ques-Menezes e Ângela Almeida buscou as repos- trabalho; e demais aspectos que envolvem a rela-
tas para os baixos índices de retorno ao trabalho ção do sujeito trabalhador com o seu trabalho. Ou
no Brasil. A pesquisa foi concluída em 2010, junto seja, a não observância desses itens reforçam a con-
ao INSS em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Fo- tinuação do adoecimento de seus funcionários. n

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Automação sem fio e
gerenciamento de iluminação
O Grupo Legrand, especialista mundial em sistemas elétri-
cos e digitais para infraestruturas prediais, lança o pro-
duto Wi Connect, voltado para automação sem fio. A em-
automação de persianas, áudio e vídeo, ar-condicionado,
entre outros e a criação de cenários. Ele possui controle lo-
cal e acesso remoto e seu gerenciamento é feito por meio
presa ainda apresenta as linhas de automação MyHOME, de smartphone e tablet com aplicativos. Seu acabamento é
Vantage e NuVo. compatível com a linha de acabamento New LivingLight, nos
Os produtos podem ser utilizados em diferentes aplicações, formatos redondos e quadrados, que possui diferentes possi-
possibilitando a personalização de ambientes e projetos, co- bilidades, conforme a decoração do ambiente.
mo automação residencial e aplicações voltadas ao setor ter-
ciário, como rede de hotéis. MyHOME: o sistema
Segundo Celeste Silva, coordenadora de marketing da Le- oferece soluções de au-
grand, uma das principais características do Wi Connect es- tomação para as funções
tá em ter automação sem mudanças estruturais. “Para ser elétricas e integração de
instalado, o Wi Connect não demanda intervenções estrutu- sistemas de áudio e vídeo
rais de grande porte. Pensamos em facilitar ainda mais a vida e segurança de forma fá-
de nossos usuários e quem deseja ter automação. Instalando cil e intuitiva. A funciona-
os módulos sem fio da linha, os dispositivos são facilmente lidade e o conforto que os
integrados à infraestrutura de um sistema elétrico tradicio- ambientes ganham com as
nal, sem a necessidade de nenhum cabeamento adicional”. configurações do sistema
Certificado pela Anatel, o Wi Connect possui parte de seus também podem ser acessados via internet, por smartpho-
produtos fabricados no Brasil (atuadores e controladora) e é ne e tablet. Completo e elegante, MyHOME se adapta facil-
baseado em uma rede de dispositivos que se comunicam uti- mente a qualquer projeto arquitetônico.
lizando um sinal de rádio com frequência de 2,4GHz,
definidos pela norma internacional IEEE 802-15 4.
Este modo de transmissão garante alta confiabili-
dade e eficiência.
Outro destaque está na linha de gerenciamento de
iluminação. “São sensores que funcionam na pre-
sença/ocupação e/ou movimento, permitindo pro-
gramação que pode dimerizar a iluminação, de acordo com Vantage: com uma interface sofisticada e intuitiva, permite
a intensidade da luz mais adequada. Com um display medi- o controle completo de todo o sistema incluindo iluminação,
dor, pode-se monitorar os ambientes e o consumo, poden- climatização e áudio e vídeo, como equipamentos de piscina
do proporcionar economia de energia”, acrescentou Celes- e spa, cortinas e blackout, home theaters e outros.
te. Com o sistema, é possível ter economia de consumo de
energia, redução de custos, estar em conformidade com as NuVo: o sistema é uma solução integrável de automação
normas, além de possibilitar a aplicação em edificações sus- residencial que permite o controle de áudio nos ambien-
tentáveis e certificadas. tes, satisfazendo uma vasta gama de estilos e orçamen-
tos, adequados às necessidades de cada cliente. Essa é
Conheça os lançamentos: uma tecnologia robusta e confiável que possibilita integrar
Wi Connect: oferece a possibilida- produtos eletrônicos como sistema de iluminação, vigilân-
de de criar sistemas elétricos cia remota, áudio
avançados de fácil geren- e vídeo, automa-
ciamento como ilumi- ção de persianas,
nação (On/Off e dim- por meio da linha
mer), permitindo o MyHOME, Vanta-
controle das luzes de ge e Wi Connect.
forma local ou remota; www.legran.com.br n

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Artigo Exposição ao risco
por Antonio Carlos Vendrame

EXAGEROS NAS PERÍCIAS DE


PERICULOSIDADE
Dicas e princípios de segurança de acordo com a nova versão da norma

T enho participado de várias perícias envolvendo pedidos de


periculosidade, na condição de assistente técnico de empre-
sas. Na maioria dos casos percebo que o pleito não se trata de
opera no posto, mas sim, usuário deste. É verdade que duran-
te o abastecimento, o motorista permanece no interior do ve-
ículo e, por conseguinte está na área de risco prevista na letra
exposição ao perigo, mas sim, risco comum e ordinário. É ne- “q” do item da NR-16. No entanto, seu ingresso no posto tem
cessário esclarecer que perigo é o risco fora de controle. Perigo por objetivo a simples condução do veículo para abastecimen-
é o risco acentuado. to e, não realizar qualquer operação dentro da área de risco.
Uma recente caracterização que me deixou bastante inquie- Situação distinta seria no caso do próprio condutor abaste-
to foi o caso de um executivo de vendas, que visitava clientes cer o veículo, como nos postos self service, quando então o di-
diariamente. Para realizar tais visitas utilizava seu próprio veí- reito à periculosidade não se discute. A jurisprudência predo-
culo e periodicamente o abastecia em postos de combustíveis minante aponta no sentido do não pagamento do adicional
comuns. Foi caracterizada a periculosidade pelo fato do recla- de periculosidade, por exemplo, a motoristas que permane-
mante ingressar em área de risco durante o abastecimento do cem no interior do veículo e, consequente na área de risco du-
veículo, ou seja, ele permanecia no interior do veículo durante rante o abastecimento.
o procedimento de abastecimento. A jurisprudência entende que a NR-16 refere-se apenas a tra-
Inicialmente é preciso lembrar que nos termos da letra “m” balhador que opera bomba ou trabalha na área em que há in-
do quadro 3 da NR-16 fazem jus ao adicionar o operador de flamáveis e combustíveis. A norma alcança, apenas, os empre-
bomba e trabalhadores que operam na área de risco. Assim, é gados de postos de combustíveis, e não o empregado que, por
devido o adicional para o frentista que abastece o veículo, bem exemplo, exerce a função de motorista.
como outros trabalhadores que atuam na área de risco, a exem- A função de condutor que ingressa em postos para o abas-
plo do lubrificador, lavador, atendente de loja de conveniência, tecimento do veículo não se encontra definida como tarefa ex-
vigia, zelador, gerente de posto e chefe de pista. posta a agente perigoso, ainda que se constate que o moto-
Ressalte-se também que o consumidor, aquele que conduz rista permaneça dentro do veículo durante o abastecimento.
o veículo até o posto de combustível, não é trabalhador que Dessa forma, não há como reconhecer área de risco, para pa-

106 www.revistacipa.com.br
gamento de adicional de periculosidade, a mera condução do Assim, o enquadramento em periculosidade por inflamáveis
veículo para abastecimento, pois o simples ingresso no local para aqueles que simplesmente utilizam um veículo como meio
não é suficiente para garantir o pagamento do benefício, ex- de transporte e ferramenta de trabalho e, ingressam num pos-
plana a jurisprudência. to de combustível para abastecimento abre um enorme e peri-
Se a função do motorista é excluída da periculosidade, tam- goso precedente, tão perigoso quanto foi a instituição da peri-
bém seria de outros profissionais que utilizam veículos no seu culosidade para os motociclistas.
dia a dia a exemplo de vendedores externos, gerentes, direto- Infelizmente o perigo não se encontra no fato de ser
res e tantos outros empregados. No mundo moderno, a par- motociclista, mas sim, no comportamento do emprega-
tir de certo grau de hierarquia, os empregados de uma empre- do ao conduzir uma motocicleta, daí as elevadas estatís-
sa utilizam veículo de propriedade desta ou até mesmo de sua ticas de acidentes com motocicletas.
propriedade para desempenharem sua função. Ainda poderia argumentar sobre as estatísticas de acidentes
Ademais, outro forte argumento é o tempo de exposição ao em postos de combustíveis, que é praticamente nula. Os gran-
risco daqueles que levam o veículo para abastecer em um pos- des acidentes em postos de combustíveis estão ligadas à ques-
to de combustível. Com raras exceções, um abastecimento du- tão ambiental. Não ocorrem, ou ocorrem com frequência muito
ra menos que cinco minutos, o que se traduz em tempo extre- baixa, acidentes envolvendo incêndio em postos de combustí-
mamente reduzido de exposição. Nos termos da Súmula 364 veis e, a justificativa é simples: um posto é bem arejado, quando
do TST (Tribunal Superior do Trabalho) é excluída a periculosida- não praticamente à céu aberto e, qualquer formação de vapo-
de quando o contato dá-se de forma eventual, assim considera- res inflamáveis é facilmente dissolvida com a grande ventilação
do o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extre- natural existente no local. n
mamente reduzido. Ainda que ocorra o abastecimento todos os
Antonio Carlos Vendrame, engenheiro de segurança
dias, de forma habitual, não cabe o enquadramento em pericu- do trabalho e diretor da Vendrame Consultores Associa-
losidade em razão do curto tempo de exposição. dos Ltda

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107
Coluna
Abresst em ação
Adriana Couto Lapetina,
Vice presidente da ABRESST

Atravessando a crise
Fusões e aquisições
podem impactar É desnecessário dizer que, neste momento econômico e político
que vivemos, o segredo é a reinvenção.
Desde que me entendo como gente, ouço falar em crises como
a qualidade
a da gasolina. Depois de filas quilométricas e demoradíssimas, che-
gava-se às bombas para o frentista informar que a gasolina havia
acabado. Crises como a originada pela quebra do banco americano
Lehman, quando o dólar, que estava perto dos R$ 1,60, subiu para
uns R$ 2,40. E outras tantas mais.
Por curiosidade, fiz uma pesquisa no Google sobre “crises no Bra-
sil”. E o susto foi grande: As crises são tantas que estão em ordem al-
fabética! As iniciadas por “E” ganham em número e repercussão, pois
estão caracterizadas como Escândalos. Escândalo disto e daquilo....
Como nos sentimos, e somos, impotentes diante desse monstro que
foi criado, temos que tomar providências para nossa sobrevivência.

108 www.revistacipa.com.br
Mudanças a todo momento, reinvenção, reaná- seguir manter a mesma gestão e o mesmo nível de
lise dos conceitos e formatos. Literalmente “sair atendimento. Então, os clientes deixam de contar
da caixa”. E é o que as empresas sobreviventes es- com um diferencial e tornam-se apenas um núme-
tão fazendo. ro que tem que pagar as faturas no final do mês.
As mudanças que estão ocorrendo apontam para Essas empresas têm como resultado um retro-
a percepção de que a economia está sofrendo for- cesso e consequente retorno dos clientes para as
te retração, implicando rescisões contratuais, ina- pequenas e médias.
dimplência, que até então não eram tão astronô- E o ciclo recomeça, não sem uma perda signifi-
micas, bem como grandes cortes de funcionários, cativa de acreditação na qualidade das empresas
folhas e benefícios. prestadoras de serviços, que ficam balizadas pe-
las demais como empresas sem qualidade, o que
SOLUÇÕES não é verdade, pois as empresas que têm conse-
Buscar soluções para este cenário é a palavra guido sobreviver a esse “tsunami” possuem acre-
de ordem: processos, fusões, aquisições, joint ditação e gestores de valor, que as tem orques-
ventures e parcerias são as grandes oportunida- trado como podem.
des do momento. A Abresst (Associação Brasileira das Empresas
Porém, estas mudanças têm causado muita pre- de Saúde e Segurança no Trabalho), tem acompa-
ocupação, pois as empresas grandes que vêm sur- nhado este cenário e para fortalecimento do seg-
gindo pelas fusões (mesma atividade fim) ou pe- mento, está capacitando funcionários das empre-
las joint ventures (segmentos diferentes ou afins) sas associadas, criou e começa a implantar o Selo
nem sempre têm a expertise do negócio e o que de Qualidade.
se tem de resultado é exatamente o contrário do Quer saber mais? Visite nosso site:
intento: começam a perder clientes por não con- www.abresst.org.br n
TALENTO DA SEGURANÇA por Bruno Ribeiro

Nome completo: Jair Felício


Formação: Engenheiro eletricista e de segurança no trabalho
Ocupação: Higienista ocupacional
Local: Jundiaí(SP)

A
o se analisar o currículo do higienista ocupacional Jair Felício, não restam dúvidas: a
busca por qualificação e atualização profissional está no seu DNA. Além de engenhei-
ro, Felício é mestre em engenharia, pós-graduado em engenharia de segurança no tra-
balho e em telecomunicações e especialista em saúde do trabalhador e ecologia hu-
mana. Além disso, são inúmeras participações em cursos, congressos, seminários e workshops
voltados à área de saúde ocupacional. Não é sem conhecimento de causa que ele afirma: “O
sucesso vem da aceitação de desafios, da dedicação, da persistência. Além disso, como compe-
tências adicionais, é importante manter articulação, intercâmbio com outros profissionais, em-
presas, universidades e entidades de pesquisa para atualização constante e permanente nos as-
suntos pertinentes, necessários ao desempenho adequado das atividades.”
E o sucesso veio cedo para Felício, logo em seu primeiro emprego, em 1985, na área de higiene
ocupacional da antiga Telesp (Telecomunicações de São Paulo). Alocado no setor de planejamento
e estudos especiais, pesquisou e estudou o risco da exposição dos empregados e técnicos à radia-
ção não ionizante “laser”. Daí em diante, foram inúmeros trabalhos e pesquisas inéditas no Brasil,
tais como: “Avaliação de radiações não ionizantes em torres/antenas de transmissão de VHF, HUF,
SHF e microondas”; “Avaliação de radiações não ionizantes em instalações de ERB – Estações Rá-
dio Base, de telefonia celular”; “Avaliações de níveis de pressão sonora em fones de ouvido (he-
adphones e headsets) utilizados por telefonistas, atendentes de serviço e em Call Centers” etc.
Subsidiado por vasta bagagem teórica e por capacitações e treinamentos realizados pa-
ra a utilização de modernos equipamentos de medição em higiene ocupacional, Felício desen-
volveu diversas metodologias, estratégias de amos-
tragem e critérios de avaliação para a Telesp, que

“O segredo é estudar, passou, então, a prestar consultorias para as várias


empresas do sistema Telebrás.

estudar, estudar! Já na década de 90, respaldado pela experiência


e expertise acumulados, empenhou-se pela disse-

Pois somos eternos


minação dos conhecimentos e pelo desenvolvimen-
to da profissão de higienista ocupacional, fundando,
em 1994, junto a outro colegas, a ABHO (Associa-
aprendizes” ção Brasileira de Higiene Ocupacional), cujo traba-
lho culminou no reconhecimento da profissão pelo
Ministério do Trabalho e Emprego: “A grande notí-
cia foi o recente reconhecimento da atuação dos higienistas por parte do MTE, que passou a in-
cluir a atividade na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), desde de janeiro de 2015.”
Tanta dedicação e estudo renderam diversas láureas a Felício, tais como o título de Comen-
dador, conferido pela Associação Nacional da Indústria de Material de Segurança e Proteção ao
Trabalho (Animaseg), em 2014, e a participação como especialista e representante da ABHO na
audiência pública sobre o tema “Campos magnéticos de linhas de transmissão de energia elétri-
ca”, convocada pelo Ministro José Antonio Dias Toffoli e realizada em Brasília, em 2013.
Desde setembro de 2011, Felício é engenheiro de segurança do trabalho concursado da Prefei-
tura do Município de Jundiaí (SP), nomeado como Autoridade Sanitária e atuando na Vigilância
em Saúde do Trabalhador (Visat) do Centro em Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), da
Secretaria Municipal da Saúde. n

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abril_2015
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Artigo Legislação
por Fabiana Machado Gomes Basso

PEC DAS DOMÉSTICAS


Nova lei pacifica relações trabalhistas no lar

A pós dois anos de debates no Congresso, foi sancionada


a lei que regula os direitos dos trabalhadores domésticos.
A medida instituiu, entre outros direitos, um regime unificado
so. O intervalo para almoço será de 1 a 2 horas, com a possi-
bilidade de redução para 30 minutos por acordo escrito entre
empregador e empregado.
de pagamento de tributos, de contribuições e dos demais en- Caso o trabalho exceda 44 horas semanais, será compensa-
cargos do empregador doméstico, o Simples Doméstico, que do com folgas ou através do pagamento de horas extras, mas
deverá ser regulamentado no prazo de 120 dias a contar da pu- as 40 primeiras horas extras terão que ser remuneradas. Essas
blicação da lei (junho de 2015). horas suplementares deverão ser compensadas no prazo má-
A PEC já havia sido promulgada pelo Congresso em 2013, mas ximo de um ano.
alguns benefícios ainda careciam de regulamentação para en- Em caso de viagens com a família do empregador, as horas de
trar em vigor, quais sejam: obrigatoriedade do recolhimento do trabalho excedidas poderão ser compensadas após o término
FGTS por parte do empregador, adicional noturno, seguro-de- da viagem. A remuneração será acrescida em 25% e o empre-
semprego, salário-família, seguro contra acidentes de trabalho gador não poderá descontar dela despesas com alimentação,
e indenização em caso de demissão sem justa causa. transporte e hospedagem.
O período de 30 dias de férias poderá ser dividido em dois pe-
Direitos e deveres ríodos ao longo de um ano, sendo que um dos períodos deve-
Assim, ficou definido que empregado doméstico é aquele rá ser de, no mínimo, 14 dias.
que trabalha acima de dois dias na semana em uma mes- O trabalhador doméstico ainda terá direito ao salário-família,
ma residência. A jornada de trabalho será de 8 horas diárias valor pago para cada filho até a idade de 14 anos e para os in-
e 44 horas semanais, mas o empregador poderá optar pelo válidos de qualquer idade. Segundo a legislação do salário fa-
regime de 12 horas de trabalho seguidas por 36 de descan- mília, o empregador deve pagar diretamente ao empregado e

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descontar de sua parte da contribuição social todo mês. Justiça do Trabalho
O empregador pagará mensalmente 20% de alíquota inciden- A PEC traz também importantes mudanças do ponto de vista
te sobre o salário pago (8% de FGTS + 8% de INSS + 0,8% de da saúde e segurança do trabalhador doméstico, como a rea-
seguro contra acidente + 3,2% relativos à rescisão contratual). lização de exames admissionais. Embora facultativos, são im-
O contrato de trabalho poderá ser rescindido a qualquer tem- portantes, não só por verificar a capacidade do empregado
po, por ambas as partes, desde que pago o aviso prévio na for- para o trabalho desenvolvido no lar, como também para pre-
ma que prevê a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O con- servar sua saúde. Isso porque o empregador pode ser respon-
trato de experiência poderá ter prazo inferior a 45 dias, sendo sabilizado pelo agravamento da doença anteriormente existen-
vedada a contratação de menor de 18 anos para fins de tra- te de seu empregado.
balho doméstico. Dependendo de cada caso, se ficar provado que o emprega-
Em caso de dispensa imotivada, haverá a necessidade de paga- dor agiu com dolo ou culpa ele poderá ser condenado a inde-
mento da multa de 40%, mas esta será custeada por alíquo- nizar o trabalhador por danos morais e materiais. E isso tam-
ta mensal de 3,2% do salário, recolhida pelo empregador em bém vale para os casos de acidentes ocorridos dentro do lar.
um fundo separado ao do FGTS. Essa multa poderá ser saca- O empregador poderá ser fiscalizado, sendo que as visitas do au-
da quando o empregado for demitido, mas nas demissões por ditor-fiscal do trabalho serão previamente agendadas, mediante
justa causa, licença, morte ou aposentadoria, o valor será re- entendimento entre a fiscalização e o empregador.
vertido para o empregador. Portanto, diante das alterações substanciais na legislação, é de
Será criado o Super Simples para o doméstico no prazo de 120 suma importância que o empregador esteja atento para evitar
dias após a sanção da lei. Por meio desle, todas as contribuições autuações e condenações em demandas trabalhistas. n
serão pagas em um único boleto bancário, a ser retirado pela
Fabiana Machado Gomes Basso, especialista e
internet. O Ministério do Trabalho e Emprego publicará porta- pós-graduada em Direito do Trabalho e sócia do NELM
ria sistematizando seu pagamento. Advogados.

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113
SecureFit
Desenvolvido com tecnologia exclusiva 3M, o produto distribui a pressão
das hastes nas têmporas de maneira uniforme em qualquer tipo de rosto,
garantindo conforto extremo e estabilidade durante todo o tempo de
uso dos óculos de segurança. O modelo tem ainda como característica
o amplo campo visual, que oferece vedação e cobertura para o globo
ocular e, ainda, são leves e resistentes. Para conseguir chegar a uma
haste flexível com tamanho grau de segurança e conforto, a empresa
realizou várias pesquisas e um mapeamento de mais de 600 pontos
críticos de tensão no rosto do usuário. www.mmm.com.br

Mav Pintura
É um creme protetor especialmente desenvolvido para setores
da pintura, em suas mais diferentes formas. Protetor grupo
3 - pintura resistente, protege a pele contra diversos agentes
químicos agressores, normalmente utilizados no processo de
pintura, tais como: tinta base água, tinta base solvente, verniz,
massa corrida, tinta esmalte e seladora, tinta automotiva, água
raz, thinner, entre outros. Possui uma textura cremos, fácil de
espalhar na pele, proporcionando maciez sem deixá-la oleosa.
Ao remover o creme a pele ficará altamente hidratada, pois Dosímetro DOS-600
o produto tem duas importantes funções: proteção contra Possui também a função de decibelímetro num
agentes químicos e hidratação intensa da pele. único aparelho. Ainda oferece oito configurações
www.mavaro.com.br de medição de dose padrão (OSHA, MSHA,
DOD, ACGIH, ISO 85 e ISO 90) e tem capacidade
de armazenar até 50 registros separadamente.
Segurança para Possibilita download de configurações do PC
motociclistas para o medidor, travamento de teclado que
Feitas sob medida para quem trabalha e protege o equipamento contra operações
gera renda sobre duas rodas, as botas da acidentais, e temporizadores de dosimetria
marca Motosafe, da BSB (Brazilian Safety para suportar pré-seleção de tempo, duração
Brands), apresentam design arrojado, são da medição e pausa. Em modo decibelímetro, o
impermeáveis (com alto teor nitrílico), DOS-600 indica a média equivalente, pico e nível
antiderrapantes e flexíveis. Entre os de exposição sonora. Tempos de amostragem
opcionais, fita de sinalização podem ser especificados entre 1 segundo e 1
refletiva no calcanhar, biqueira hora, com armazenamento de 120.000 pontos e dados. Tem
contra impactos, sobrepalmilha interface de comunicação USB; função Datalogger; realiza
exclusiva com maior microclima cálculo automático de dose projetada, medição e armazenagem
interno, descalçador, reforço projetado para evitar desgastes de até 5 valores de LN específicos (nível de ruído estático).
do produto na troca de marcha e solado em diferentes cores. www.instrutherm.com.br
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Dräger X-zone 5500


Trata-se de um sistema de detecção de gás para monitoramento flexível de área. É usado em conjunto com o X-am
5000, 5100 ou 5600 – instrumentos portáteis para detecção de gás da Dräger. Possibilita a medição de até seis gases
simultaneamente e estende a tecnologia de detecção de gás portátil para um sistema único com várias aplicações. Com
alça de transporte e pesando cerca de 10kg, o equipamento pode ser facilmente posicionado em qualquer lugar, inclusive
em Zona 0 (onde o perigo de gás é constante). Uma vez identificada a presença de gás tóxico, inflamável ou ainda falta de
oxigênio, a cor do LED muda de verde para vermelho, e é emitido um alerta sonoro alto de evacuação. Para a segurança
em áreas maiores, é possível interligar até 25 Dräger X-zone 5500, formando uma barreira sem fios. Quando um deles
detecta o gás, transmite sinal de alarme para as unidades interconectadas. Sua bateria oferece até 120 horas de operação
contínua; ou seja, uma semana inteira em funcionamento. O acessório X-zone Com GSM permite ter acesso a dados
importantes, como horário, local e concentração de gás, remotamente. Os dados são enviados para um e-mail, para um
celular via mensagem de texto ou para um serviço de nuvem. www.draeger.com.br

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AGENDA 2 0 1 5 Junho e Julho

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AGENDA 2 0 1 5
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Telefone: (11) 4666-4046 Realização: NN Eventos info@aisohmex.net
rochacara@rochacara.ecofire. Informações: 6 A 8 DE OUTUBRO aisohmexbr@yahoo.com
com.br nneventos@nneventos.com.br Wire South America – Feira (Brasil)
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117 www.revistacipa.com.br abril_2015


117
Esta é uma seção especial da Revista Cipa para publicar fotos, encaminhadas por
leitores, de situações de riscos e de ambientes inapropriados a que trabalhadores
possam estar expostos. Ao se deparar com um flagrante dessa natureza, envie sua foto
e comentários. As imagens serão publicadas mediante informação, no envelope ou no
correio eletrônico, do nome completo, endereço, e-mail, RG e profissão do leitor.

Sou técnico em segurança na ci-


dade de Jundiaí (SP), e acabei
captando essas imagens de um
trabalhador realizando um re-
paro no telhado de um imó-
vel. É incrível que, nos dias
de hoje, ainda tenhamos
situações como essas:
trabalhadores correndo
risco, sem nenhum
equipamento de
proteção.

As fotos e informações foram encaminhadas pelo técnico em


segurança no trabalho Tiago Costa, de Jundiaí (SP).
tloc@ig.com.br

*CORRESPONDÊNCIA PARA A SEÇÃO LEITOR EM ALERTA


R. Felix de Souza, 305/307 - V. Congonhas - CEP 04612-080 - São Paulo (SP) debora.luz@bmcomm.com.br

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