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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº. : 0004124-09.2016.8.05.0274


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : CAIXA DE ASSISTENCIA DOS FUNCIONARIOS DO
BANCO DO BRASIL

Recorrido(s) : RITA CASSIA CACAU DE CASTRO

Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS- VIT. DA


CONQUISTA
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PLANO DE SAÚDE. NECESSIDADE DE


REALIZAÇÃO PROCEDIMENTO DE URGÊNCIA. PUNÇÃO BIOPSIA
PERCUTÂNEA POR AGULHA GROSSA DE NÓDULO MAMÁRIO . MÁ
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. OFENSA AO PRINCÍPIO BÁSICO DA
RELAÇÃO DE CONSUMO. FALTA DE TRANSPARÊNCIA.. VANTAGEM
EXAGERADA AO FORNECEDOR EM DETRIMENTO AO CONSUMIDOR.
REVISÃO DO CONTRATO PARA AFASTAR A RESTRIÇÃO DE
COBERTURA. DANOS MORAIS CONFIGURADOS.QUANTUM
ARBITRADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS DA RAZOABILIDADE
E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA.

1..A parte recorrente insurge-se contra sentença que julgou


improcedente o pedido formulado na exordial, nestes termos: “ A parte acionada
desincumbiu-se, portanto, de comprovar fato extintivo do direito da parte autora, visto que
demonstrou que a utilização do cartão de que ora se trata é restrita à utilização da senha e à
posse do cartão. Assim, pelos elementos de informação existentes nos autos, verifica-se que
eventual dano decorreu de falha na guarda do cartão, não na prestação de serviço da

empresa Requerida, evidenciando-se uma das excludentes de responsabilidade. ;”

Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com


indenização por danos morais movida pela parte autora em razão da negativa
da Ré em autorizar a realização do procedimento consistente em “ PUNÇÃO
BIOPSIA PERCUTÂNEA POR AGULHA GROSSA DE NÓDULO MAMÁRIO”.

1. No mérito, conforme se verifica dos fatos narrados na


exordial e dos documentos trazidos aos autos, bem como da contestação, foi
plenamente configurada a prática abusiva consistente na negativa de
cobertura para atendimento médico para o qual existe previsão contratual, não
subsistindo o argumento utilizado pelo plano réu para a negativa, de que o
plano Cassi antigo não previa tal procedimento dentre aqueles disponíveis pelo
plano. Patente o desequilíbrio contratual entre as partes, e ante a
hipossuficiência da consumidora, agiu com acerto o magistrado sentenciante
ao reconhecer o seu direito à realização do procedimento requerido.

2. No caso, verifica-se negativa de cobertura que viola direitos


consagrados pela Lei Maior, como à vida, à saúde e a sadia qualidade de vida
do consumidor. A jurisprudência em uníssono já entende que não há que se falar
em inaplicabilidade do quanto disposto na lei 9656/98, diante da prevalência dos
princípios , direitos e garantias fundamentais atinentes ao direito constitucional à
saúde, dvendo, portanto, os particulares que prestam serviços de saúde atuar no
mercado pautado por padrões éticos, tendo em vista a relevância dos bens
jurídicos objeto da sua prestação.

3. Desse modo, não se justifica a recusa da recorrente em autorizar o


quanto requerido pela acionante, em face da necessidade de realização do
procedimento cirúrgico para salvaguardar direito fundamental à saúde.
4. Não se tem dúvida que quando se formula contrato de assistência
privada à saúde as partes entabulam um contrato no qual vêm previstas as
situações que compreendem as coberturas do plano de assistência a saúde, no
que, aliás, deve atender ao que dispõe a Lei geral sobre os planos e seguros
privados de assistência á saúde, que é a Lei nº 9.656/98 a qual, por sua vez,
atende aos princípios e garantias constitucionais relativos à saúde e à sua
assistência.

5. O conjunto probatório demonstrou cabalmente a ocorrência do dano


moral que muito mais que aborrecimento e contratempo, resultou em
situação que por certo lhe trouxe intranqüilidade e sofrimento,
configurando o dano moral, em razão exclusivamente da conduta do
recorrente.
6. O valor da indenização fixado pelo juiz sentenciante, a
título de danos morais, guarda compatibilidade com o comportamento do
recorrente e com a repercussão do fato na esfera pessoal da vítima e,
ainda, está em harmonia com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, devendo ser mantida.
7. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO
E NEGO-LHE PROVIMENTO, para manter a sentença objurgada pelos
próprios fundamentos. Custas processuais e honorários advocatícios
pelo recorrente, que arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, 24 de Novembro de 2016.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo nº. : 0004124-09.2016.8.05.0274


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : CAIXA DE ASSISTENCIA DOS FUNCIONARIOS DO
BANCO DO BRASIL

Recorrido(s) : RITA CASSIA CACAU DE CASTRO

Origem : 1ª VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS- VIT. DA


CONQUISTA
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
1. Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da
Bahia, CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente,
MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA
DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte decisão: RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO . UNÂNIME, de acordo com a ata do
julgamento. Custas processuais e honorários advocatícios pelo
recorrente, que arbitro em 20% sobre o valor da condenação.

Salvador, Sala das Sessões, 24 de Novembro de 2016.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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