Você está na página 1de 17

Olá pessoal.

Antes de mais nada, gostaria de agradecer todos os elogios


pelo artigo de “Variações Patrimoniais” que recebi. Muitas
pessoas me perguntaram também sobre o livro de Contabilidade
Pública, o qual deverá ser lançado nesta semana ou, no início da
semana que vem, aqui no site (e-book). No livro são abordados
todos os tópicos do concurso para Analista de Finanças e
Controle da STN (incluindo LRF, resumos dos Manuais de
Elaboração dos Demonstrativos da LRF e Portarias) além de todo
o conteúdo da disciplina exigido em outros concursos e mais de
200 exercícios resolvidos de concursos.

Nesta aula será abordado um assunto que tem sido muito


cobrado nas provas recentes de concursos da disciplina
Contabilidade Pública: O Plano de Contas e os Sistemas de
Contas.

O entendimento do Plano de Contas muitas vezes é


dificultado porque o aluno não consegue diferenciar as
classificações orçamentárias de receitas e despesas das
classificações do Plano de Contas. E também, encontra
problemas para diferenciar a classificação das Demonstrações e
a do Plano de Contas.

O objetivo desta aula é facilitar a compreensão do Plano de


Contas e sua sistemática de forma clara e objetiva, abordando a
relação de contas, sistemas de contas, tabelas auxiliares,
indicadores contábeis e contas-correntes (1ª parte) e a lógica e
estrutura da Tabela de Eventos (2ª parte).

Até a próxima!!

Leonardo

cpublicaconcursos@yahoo.com.br

1
PLANO DE CONTAS E SISTEMAS DE CONTAS – 1ª PARTE
Por Leonardo Silveira do Nascimento
cpublicaconcursos@yahoo.com.br

Introdução

A Execução contábil, relativa aos atos e fatos de gestão financeira,


orçamentária e patrimonial, por parte dos Órgãos e Entidades da Administração
Pública Federal, obedece ao Plano de Contas elaborado e mantido de acordo com
os padrões estabelecidos, tendo como parte integrante a Relação de Contas, a
Tabela de Eventos (adendo A) e a Tabela de Conta-corrente Contábil (adendo B).

A Conta é o título representativo da composição, variação e estado do


patrimônio, bem como de bens, direitos, obrigações e situações nele não
compreendidas, mas que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá-lo, exigindo
por isso o controle contábil específico. A Contabilidade para manter a sua
confiabilidade deverá sempre ser estruturada em contas e documentos
(eletrônicos ou não) que representam os fenômenos contábeis (devidamente
comprovados por papéis).

Para que serve um Plano de Contas?

O Plano de Contas serve para padronizar os registros contábeis. No


conceito de Contabilidade Geral, o Plano de Contas é uma ferramenta de que se
utiliza o responsável pelo registro dos fatos contábeis para, em uma determinada
relação de contas, identificá-las e registrá-las sob o “método das partidas
dobradas”. As contas têm a função de gerar informação e/ou refletir, nos
demonstrativos de saída do sistema de informações contábeis, a situação
patrimonial relativa aos bens, direitos e obrigações.

Considere o seguinte exemplo:

Uma determinada unidade adquiriu material de consumo – 1000 unidades


de lápis preto nº 2.

Se não houver uma padronização das contas a serem contabilizadas, cada


entidade ou até mesmo cada pessoa responsável pela escrituração, inexistindo
uma relação de contas a observar, poderia registrar o fato em contas diferentes,
causando distorções nas informações e nas demonstrações contábeis.

No exemplo, um funcionário da Contabilidade poderia lançar a débito uma


conta denominada “material de consumo” e outro funcionário, numa outra
aquisição, poderia registrar como “material de escritório”. Dessa forma, iriam

2
constar 2 contas de ativo, refletindo os mesmos itens patrimoniais (lápis preto nº
2). Essas distorções poderiam ocorrer também no registro das despesas.

No caso da Administração Pública Federal, este problema geraria uma


grande dificuldade na consolidação das contas públicas nas 3 esferas de Governo,
incluindo a Administração Direta e Indireta da União, Estados e Municípios.
Portanto, devido à quantidade de Entidades e Unidades, a padronização dos
registros contábeis torna-se ainda mais importante no âmbito da Contabilidade
Governamental.

O gestor de posse do documento comprobatório do fenômeno (fato


contábil) ocorrido, deverá verificar no Plano de Contas (Relação de Contas) quais
as contas contábeis que deverão sofrer registros a débito ou a crédito tendo em
vista os princípios e as práticas contábeis vigentes.

O conceito de Plano de Contas na Administração Pública Federal é mais


abrangente do que o conceito observado para a Contabilidade Geral, pois, além
de ser uma simples relação de contas, possui adendos que complementam essa
relação. Tais como a Tabela de Contas-correntes contábeis e a Tabela de
Eventos.

Nesta primeira parte, estudaremos a Relação de Contas e a Tabela de


Contas-correntes contábeis (Adendo B). A Tabela de Eventos (Adendo A) será
abordada na segunda parte.

Relação de Contas

A Relação de Contas é a “coluna vertebral” do Plano de Contas, pois


estabelece uma estrutura vertical na qual são estruturados os demonstrativos, os
contas-correntes contábeis e os eventos.

Segundo o Manual SIAFI, a estrutura do Plano de Contas atual objetiva,


principalmente:

• Realçar o estado patrimonial e suas variações, concentrando as contas


típicas de controle nos grupos de compensação de forma a propiciar o
conhecimento adequado da situação econômico-financeira da gestão
administrativa;

• Padronizar o nível de informações dos órgãos e entidades da


administração direta e indireta com a finalidade de auxiliar o processo de
tomada de decisão, ampliando o leque de alternativas gerenciais, e facilitar
a elaboração do Balanço Geral da União;

3
• Permitir, por meio da relação de contas e da tabela de conta-corrente, a
manutenção de um sistema integrado de informações orçamentárias,
financeiras e patrimoniais na Administração Pública Federal, com a
extração de relatórios necessários à análise gerencial, incluindo balanços e
demais demonstrações contábeis, capazes de atender aos aspectos legais
e fiscais.

Desdobramento da Conta

A Relação de Contas está disponível no SIAFI, podendo ser consultada por


meio da transação CONCONTA. As contas compreendem sete níveis de
desdobramento mais o conta-corrente, classificados e codificados de acordo com
a seguinte estrutura:

X X X X X XX XX Código Variável

1º nível - Classe

2º nível - Grupo

3º nível - Subgrupo

4º nível - Elemento

5º nível - Subelemento

6º nível - Item

7º nível - Subitem

Conta Corrente

Considerações sobre a Estrutura do Plano de Contas

A codificação das contas de ativo e passivo no Plano de Contas segue a


ordenação dos demonstrativos de saída, mais especificamente, o Balanço
Patrimonial. Já as contas de despesa e receita (de resultado) guardam relação
com a classificação determinada pela Secretaria de Orçamento Federal - SOF,
mais especificamente, a classificação das despesas quanto à natureza.

4
A estrutura básica do Plano de Contas em nível de classe e grupo consiste
na seguinte disposição:

1 ATIVO 2 PASSIVO
1.1 CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE
1.2 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 2.2 EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
2.3 RESULTADO DE EXERCÍCIOS
FUTUROS
1.4 PERMANENTE 2.4 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
1.9 COMPENSADO 2.9 COMPENSADO
3 DESPESA 4 RECEITA
3.3 DESPESAS CORRENTES 4.1 RECEITAS CORRENTES
3.4 DESPESAS DE CAPITAL 4.2 RECEITAS DE CAPITAL
4.9 * DEDUÇÕES DA RECEITA
5 RESULTADO DIMINUTIVO DO 6 RESULTADO AUMENTATIVO DO
EXERCÍCIO EXERCÍCIO
5.1 RESULTADO ORÇAMENTÁRIO 6.1 RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
5.2 RESULT. EXTRA-ORÇAMENTÁRIO 6.2 RESULT.EXTRA-ORÇAMENTÁRIO
6.3 RESULTADO APURADO

O primeiro nível representa a classificação máxima na agregação das


contas nas seguintes classes:

• Ativo – inclui as contas correspondentes dos bens e direitos,


demonstrando aplicação dos recursos;
• Passivo – compreende as contas relativas às obrigações, evidenciando
as origens dos recursos aplicados;
• Despesa – inclui as contas representativas dos recursos despendidos na
gestão, a serem computados na apuração do resultado do exercício;
• Receita – inclui as contas representativas dos recursos auferidos na
gestão, a serem computadas na apuração do resultado do exercício;
• Resultado Diminutivo do Exercício – inclui as contas representativas das
variações negativas da situação líquida do patrimônio e da apuração do
resultado respectivo;
• Resultado Aumentativo do Exercício – inclui as contas representativas
das variações positivas da situação líquida do patrimônio e da apuração do
resultado respectivo.

O segundo nível de desdobramento do Plano de Contas atual compreende


os seguintes grupos de contas para o Ativo:
• Ativo Circulante – compreende as disponibilidades de numerário, bem
como outros bens e direitos pendentes ou em circulação, realizáveis até o
término do exercício seguinte;
• Ativo Realizável a Longo Prazo – compreende os direitos realizáveis
após o término do exercício seguinte;

5
• Ativo Permanente – representa os investimentos de caráter permanente,
as imobilizações, bem como despesas diferidas que contribuirão para a
formação do resultado de mais de um exercício;
• Ativo Compensado – compreende as contas com função precípua de
controle, relacionadas à situações não compreendidas no patrimônio mas
que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá-lo, inclusive as que dizem
respeito a atos e fatos ligados à execução orçamentária e financeira.

O Passivo é representado pelos seguintes grupos de contas:

• Passivo Circulante – compreende as obrigações pendentes ou em


circulação, exigíveis até o término do exercício seguinte;
• Passivo Exigível a Longo Prazo – compreende as obrigações exigíveis
após o término do exercício seguinte;
• Resultado de Exercícios Futuros – compreende as contas
representativas de receitas de exercícios futuros, deduzidas dos custos e
despesas correspondentes ou contrapostos a tais receitas;
• Patrimônio Líquido – representa o capital, as reservas e os resultados
acumulados;
• Passivo Compensado – compreende as contas com função precípua de
controle, relacionadas à situações não compreendidas no patrimônio mas
que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá-lo, inclusive as que dizem
respeito a atos e fatos ligados à execução orçamentária e financeira.

A Despesa é desdobrada nas seguintes categorias econômicas:

• Despesas Correntes – compreendem as contas, desdobradas em


transferências e aplicações diretas, de despesas com pessoal e encargos
sociais, juros e encargos das dívidas interna e externa e outras despesas
correntes, observadas as conceituações legais e normativas pertinentes;
• Despesas de Capital – correspondem às contas, desdobradas em
transferências e aplicações diretas, de despesas de investimentos,
inversões financeiras, amortizações das dívidas interna e externa e outras
despesas de capital, observadas as conceituações legais e normativas
pertinentes.

A Receita é desdobrada nas seguintes categorias econômicas:

• Receitas Correntes – compreendem as tributárias, de contribuições,


patrimoniais agropecuárias, industriais, de serviços e outras receitas
correntes, bem como provenientes de transferências correntes, observadas
as conceituações legais e normativas pertinentes;
• Receitas de Capital – correspondem às operações de crédito,
alienações de bens, amortizações e outras receitas de capital, bem como
as provenientes de transferências de capital, observadas as conceituações
legais e normativas pertinentes.

6
O Resultado do Exercício contém os seguintes grupos (os grupos de
contas de resultado orçamentário e extra-orçamentário são estruturados de forma
a distinguir as variações diminutivas e aumentativas da situação líquida do
patrimônio):
• Resultado Orçamentário relativo à diminuição da situação líquida do
patrimônio – corresponde às despesas orçamentárias, interferências
passivas e às mutações passivas, resultantes da execução orçamentária;
• Resultado Orçamentário relativo ao aumento da situação líquida do
patrimônio – inclui as contas representativas da receita orçamentária,
interferências ativas e mutações ativas, resultantes da execução
orçamentária;
• Resultado Extra-Orçamentário relativo à diminuição da situação
líquida do patrimônio – inclui as contas representativas das despesas extra-
orçamentárias, interferências passivas e mutações passivas, independentes
da execução orçamentária;
• Resultado Extra-Orçamentário relativo ao aumento da situação
líquida do patrimônio – inclui as contas representativas das receitas extra-
orçamentárias, interferências ativas e mutações ativas, independentes da
execução orçamentária;
• Resultado Apurado – conta utilizada no encerramento do exercício
para demonstrar a apuração do resultado do exercício.

IMPORTANTE: A consolidação das contas nos balanços é realizada no 3º


nível (subgrupo), de acordo com a seguinte estrutura:

1 ATIVO 2 PASSIVO

1.1 Ativo Circulante 2.1 Passivo Circulante


1.1.1 Disponível 2.1.1Depósitos
1.1.2 Créditos em Circulação 2.1.2Obrigações em Circulação
1.1.3 Bens e Valores em Circulação 2.1.3Empréstimos e Financiamentos em
Circulação
1.1.4 Valores Pendentes a Curto 2.1.4 Valores Pendentes a Curto Prazo
Prazo

1.2 Ativo Realizável a Longo Prazo 2.2 Passivo Exigível a Longo Prazo
1.2.1 Depósitos Realizáveis e Longo 2.2.1 Depósitos Exigíveis a Longo Prazo
Prazo
1.2.2 Créditos Realizáveis a Longo 2.2.2 Obrigações Exigíveis a Longo
Prazo Prazo
2.2.3 Outras Exigibilidades

2.3 Resultado de Exercícios Futuros


2.3.1 Receitas de Exercícios Futuros
2.3.2 Custos e Despesas de Exercícios
Futuros

7
1.4 Ativo Permanente 2.4 Patrimônio Líquido
1.4.1 Investimentos 2.4.1 Patrimônio/Capital
1.4.2 Imobilizado 2.4.2 Reservas
1.4.3 Diferido 2.4.3 Resultado Acumulado
2.4.4 Ajuste do Patrimônio/Capital

1.9 Ativo Compensado 2.9 Passivo Compensado


1.9.1 Execução Orçamentária da 2.9.1 Previsão Orçamentária da Receita
Receita
1.9.2 Fixação Orçamentária da 2.9.2 Execução Orçamentária da
Despesa Despesa
1.9.3 Execução da Programação 2.9.3 Execução da Programação
Financeira Financeira
1.9.4 Despesas e Dívidas dos Estados 2.9.4 Despesas e Dívidas dos Estados e
e Municípios Municípios
1.9.5 Execução de Restos a Pagar 2.9.5 Execução de Restos a Pagar
1.9.9 Compensações Ativas Diversas 2.9.9 Compensações Passivas Diversas

3 DESPESA 4 RECEITA
3.3 Despesas Correntes 4.1 Receitas Correntes
3.4 Despesas de Capital 4.2 Receitas de Capital
4.9 * Deduções da Receita
5 RESULTADO DIMINUTIVO DO 6 RESULTADO AUMENTATIVO DO
EXERCÍCIO EXERCÍCIO

5.1 Resultado Orçamentário 6.1 Resultado Orçamentário


5.1.1 Despesa Orçamentária 6.1.1 Receita Orçamentária
5.1.2 Interferências Passivas 6.1.2 Interferências Ativas
5.1.3 Mutações Passivas 6.1.3 Mutações Ativas

5.2 Resultado Extra-Orçamentário 6.2 Resultado Extra-Orçamentário


5.2.1 Despesa Extra-Orçamentária 6.2.1 Receita Extra-Orçamentária
5.2.2 Interferências Passivas Extra-orç 6.2.2 Interferências Ativas Extra-orç.
5.2.3 Decréscimos Patrimoniais 6.2.3 Acréscimos Patrimoniais

6.3 Resultado Apurado

A Relação de Contas apresenta desdobramento no nível mais detalhado e


possui as seguintes características:

• O sinal = (igual) antes da intitulação de determinadas contas


contábeis, identifica a necessidade de tratamento a nível individualizado (conta
corrente), peculiar a cada item, cujo objetivo é proporcionar maior flexibilidade no
gerenciamento dos dados desejados. Trata-se de uma informação “agregada” à

8
estrutura vertical da relação das contas. Por exemplo, a conta contábil
“Fornecedores do Exercício” possui o conta-corrente anexado que identifica o
CNPJ, CPF do credor ou o código de Unidade Gestora credora. É uma subdivisão
da conta contábil constante da relação de contas.

Como exemplo, vamos demonstrar uma tela do SIAFI que mostra o razão
de uma conta, que demonstra seus saldos individualizados por credor.

__ SIAFI200X-CONTABIL-DEMONSTRA-CONRAZAO (CONSULTA RAZAO POR C. CONTABIL)_____


XX/XX/XX HH:MM USUARIO :
PAGINA : 1
UG EMITENTE : XXXXXX – UNIDADE GESTORA
GESTAO EMITENTE : 00001 - TESOURO NACIONAL
POSICAO : MARCO
CONTA CONTABIL : 212110100 – FORNECEDORES DO EXERCICIO

CONTA CORRENTE SALDO EM R$


1111111000183 - FARMACIA ABC LTDA 62,40 C
2222222000100 – ABC PRODUTOS MEDICO HOSPITALARES 30,11 C
3333333000138 – FULANO DE TAL 998,00 C
4444444000103 – HOSPITAL CBA 910,99 C
5555555000167 - XYZ INDÚSTRIA LTDA 932,00 C
6666666000112 - DENTARIA RST LTDA 111,10 C

TOTAL ===> 3.044,60 C

• As contas redutoras ou retificadoras são identificadas pelo sinal (*)


(asterisco), colocado antes da intitulação da conta contábil retificada. As contas
retificadoras possuem a função de ajustar o saldo de uma determinada conta de
modo que a mesma reflita a situação patrimonial mais adequada e próxima à
realidade. Um exemplo de conta retificadora clássico é representado pelas contas
de depreciação (mais utilizadas na Contabilidade Privada) que ajustam o valor do
ativo (custo histórico) pelo valor referente à perda de valor decorrente de
desgaste, perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência.

Classificação do Plano de Contas x Classificação Orçamentária

Uma das limitações encontradas no Plano de Contas atual reside na total


vinculação ao Orçamento, afastando-se, assim, das normatizações e tendências
mundiais de classificação contábil. Além disso, qualquer alteração pela Secretaria
de Orçamento Federal – SOF/MPOG das classificações de receitas e despesas
exigem que o Plano de Contas seja alterado.

9
Muitos estudantes de Contabilidade Pública enfrentam dificuldades na
diferenciação entre a classificação orçamentária e a classificação contábil no
Plano de Contas (mais especificamente em relação às contas de receita e
despesa). Na verdade, há um acréscimo de dígitos na classificação orçamentária
das receitas e despesas de modo a adaptá-la ao Plano de Contas.

Tomemos como exemplo a conta 3.3.3.9.0.30.01 – Despesas Correntes -


Combustíveis e Lubrificantes Automotivos, no Plano de Contas atual, possui a
seguinte estrutura:

Codificação do plano de contas atual


DÍGITO DESDOBRAMENTO DESCRIÇÃO
1º dígito Classe (3) Despesa

2º dígito Grupo (3) Despesas Correntes

3º dígito Sub-grupo (3) Outras Despesas Correntes

4º dígito Elemento (9) Aplicações Diretas

5º dígito Sub-elemento (0) -

6º e 7º dígitos Item (30) Material de Consumo

8º e 9º dígitos Sub-item (01) Combustíveis e Lubrificantes


Automotivos

A classificação orçamentária segundo a natureza de despesa serviu de


base para a estrutura acima. No orçamento, a Classificação Econômica (ou
quanto à natureza) das despesas é definida pelo código 3.3.90.30
(correspondente aos 2º, 3º, 4º (combinado com o 5º), 6º e 7º dígitos do código da
conta), sendo que:

Codificação da classificação orçamentária (econômica)


DÍGITO DESDOBRAMENTO DESCRIÇÃO
1º dígito Categoria Econômica (3) Despesa Corrente

2º dígito Grupo de Despesa (3) Outras Despesas


Correntes
3º e 4º Modalidade de Aplicação (90) Aplicações Diretas
dígitos

5º e 6º Elemento de Despesa (30) Material de Consumo


dígitos

10
Pode-se notar que, na estrutura da conta sob o código 3.3.3.9.0.30.01, o 5º
dígito (Sub-elemento) não possui nenhuma descrição ou desdobramento
associado a ele (representado pelo valor “0”). A causa desta “lacuna” na estrutura
da conta é que, na classificação orçamentária, o desdobramento “Aplicações
Diretas” é representado por dois dígitos (90).

Classificação do Plano de Contas x Classificação das Contas nas


Demonstrações da Lei 4.320/1964

Um outro fato que muitos questionam, é o de a classificação utilizada no


Plano de Contas diferir da classificação dada às contas pela Lei 4.320/1964 em
seu artigo 105:

“Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará:

I - O Ativo Financeiro;

II - O Ativo Permanente;

III - O Passivo Financeiro;

IV - O Passivo Permanente;

V - O Saldo Patrimonial;

VI - As Contas de Compensação.”

Podemos verificar que a classificação utilizada pelo Plano de Contas atual


difere da classificação dada pela Lei 4.320/1964 para o Balanço Patrimonial.
Enquanto que no Plano de Contas temos o Ativo Circulante, a Demonstração da
Lei 4.320 refere-se a Ativo Financeiro, por exemplo.

Para entender melhor esta diferença, devemos ter em mente que a Lei
4.320/1964 refere-se à informação de saída da Contabilidade, ou seja, aos
demonstrativos contábeis. O Plano de Contas não precisa seguir a estrutura
dos demonstrativos de “saída” da informação contábil como já foi falado,
pois deve tratar a entrada da informação no sistema contábil e não a saída.
Tendo um plano de contas bem estruturado, ele pode permitir a confecção de
qualquer demonstrativo (informação de saída) que venha a ser exigido pela
legislação, aprimorando, desta forma, o papel da Contabilidade Pública.

Para entender melhor o que seja informação de “entrada” e de “saída”,


observemos a seguinte figura:

11
Tabela de Contas-correntes Contábeis (adendo B)

O código de conta-corrente permite o tratamento de informações conforme


a individualização exigida pela conta objeto do detalhamento, de acordo com a
tabela própria estruturada e cadastrada para permitir maior flexibilidade no
gerenciamento dos dados necessários.

O código conta-corrente é anexado à conta contábil (constante da relação


das contas) permitindo um maior detalhamento por parte das Unidades Gestoras.
Por exemplo, a conta de passivo 21211.01.00 – Fornecedores do Exercício possui
um conta-corrente “anexado” a esta conta contábil que é o CPF, CNPJ ou UG, que
identificará o credor daquele passivo e permitindo, dessa forma, um maior controle
e transparência da informação contábil. Vide exemplo exposto anteriormente.

A seguir, apresentamos a listagem atual dos contas-correntes utilizados no


Plano de Contas (atualizados até 23/02/2005):

Obs: Não se deve ter a pretensão de “decorar” todos estes códigos, mas eles constam aqui a título
ilustrativo.

00 NAO EXIGE
01 BANCO+AGENCIA+CONTA BANCARIA
02 CNPJ, CPF, UG, IG OU 999
03 UG+FR
04 EXERCICIO + CNPJ, CPF, UG, IG OU 999
06 ORDEM BANCARIA
07 SUBITEM DO ELEMENTO DE DESPESA
08 INDIVIDUALIZACAO DE IMOVEIS
09 INDIVIDUALIZACAO DE MARCAS E PATENTES
10 INDIVIDUALIZACAO DE PROJETOS
11 CODIGO DE DESTINACAO DA RECEITA
12 FONTE DE RECURSOS
13 NUMERO DE DOCUMENTO HABIL PARA PAGAMENTO
14 CELULA DA RECEITA (NATUREZA RECEITA + FTE REC)
15 CONTRATO DE PROGRAMAS DE REPASSE
16 CELULA DA DESPESA (EO+PTRES+FR+ND+UGR+ PI)
17 LIMITE PARA EXECUCAO FINANCEIRA
18 CLASSIFICACAO INSTITUCIONAL DA RECEITA PREVISTA
19 INDIVIDUALIZACAO DO INCENTIVO FISCAL
20 NATUREZA DA RECEITA
21 FINALIDADE DE TRANSFERENCIA
22 CODIGO DE TRIBUTO
23 CLASSIFICACAO DE ENCARGOS (PI + BANCO)
24 CATEGORIA DE GASTO + ANO + MES
25 ORDENS DE PRODUCAO
26 NOTA DE EMPENHO
27 CNPJ
28 FONTE SOF

12
29 NUMERO DA OBRIGACAO
30 NUMERO DE CADASTRO DE CONVENIO
31 CELULA DA DESPESA COM ND DETALHADA
32 UG+CEL.FINANCEIRA(FONTE SOF+CAT.GASTOS)+ANO+MES
33 CELULA SOF(EO+PTRES+IDOC+ND+FR)
34 CONTROLE DE VALORES
35 NUMERO DE AUXILIO, SUBVENCOES OU CONTRIBUICOES
36 NUMERO DO CONVENIO + NUMERO DA PARCELA
37 CLASSIFICACAO INSTITUCIONAL RECEITA ARRECADADA
38 NUMERO RIP DE IMOVEL
39 SIGLA DA UF
40 UG + GESTAO + NUMERO DO PRE-EMPENHO
41 UGR + CLASSIFICACAO DA DESPESA
42 UG+FONTE(4)+CATEGORIA DE GASTO
43 ORGAO + FONTE (4) + CATEGORIA DE GASTO (1)
44 (CNPJ, CPF, UG, PF OU EX) + PC OU RC
45 VINCULACAO DE PAGAMENTO FONTE+COD.VINCULACAO)
46 UG + FONTE RECURSOS + VINCULACAO
47 CENTRO DE CUSTOS
48 CODIGO DE CONTRIBUICAO DA PREVIDENCIA SOCIAL
49 CODIGO DE TRIBUTO ESTADUAL/MUNICIPAL
50 UG/FONTE/CATEGORIA/RECURSOS/VINCULACAO/MES
51 UGR + CELULA DA DESPESA DETALHADA
52 FONTE/VINCULACAO PAGAMENTO/TIPO DOCUMENTO/MES
53 ORGAO SUPERIOR + FONTE + VINCULACAO
54 ORGAO SUPERIOR
55 CEL.DESP.C/ ND DETAL.(SEM PI)+IG OU OBRIGACAO
56 UNIDADE GESTORA
57 CODIGO DE SALARIO EDUCACAO
58 UGR + UO + PROGRAMA + ACAO + MES
59 CODIGO DE RECOLHIMENTO FGTS
60 CODIGO DE PAGAMENTO
61 CENTRO DE CUSTO (UGR+CENTRO CUSTO + CLASSIF1)
62 NUMERO DA OBRIGACAO + DATA
63 FONTE RECURSOS (10) + CATEGORIA DE GASTO (1)
64 CODIGO DE RECOLHIMENTO
65 CODIGO DE DESTINACAO DE RECOLHIMENTO
66 BANCO + DATA
67 UG + FONTE RECURSOS + CATEGORIA DE GASTO
68 CODIGO MUNICíPIO + CODIGO TRIBUTO
69 NUMERO DE REFERENCIA DA GRU
70 CELULA DA DESPESA-PROJETO DE LEI ORCAMENTARIA
71 NUMERO DA RA (REGISTRO DE ARRECADACAO)
72 CLASSIFICACAO RECEITA REALIZADA (TIPO ARRECAD.)
73 CELULA DA DESPESA (FONTE+ESF+PTRES+GD+MES+ANO)
74 CELULA DA DESPESA (ESF+PTRES+FONTE+ND+MES+ANO)

Indicadores Contábeis

Os Indicadores são utilizados para definir o uso das contas pelas UG


(Unidades Gestoras) de acordo com restrições legais, fiscais e normativas. Um
destes indicadores contábeis é o conta-corrente, que vimos anteriormente. São
parâmetros para que o Gestor contabilize as contas corretamente, sem infringir
nenhuma norma. Não se trata de um dos adendos do Plano de Contas, mas
de uma Tabela Auxiliar. Exemplo de indicadores contábeis que podem ser
consultados através da transação CONINDCONT (Consulta Indicadores
Contábeis) no SIAFI:

Obs: Não se deve ter a pretensão de “decorar” todos estes códigos, mas eles constam aqui a título
ilustrativo.

INDICADOR: 50 - ENCERRAMENTO - Indica a condição de permanência do saldo em uma conta, conforme sua
natureza
INDICADOR: 51 - CONTA-CORRENTE - Indica o código correspondente ao desdobramento exigido pela conta e
que possibilita o tratamento de informações no menor nível de detalhe permitido pelo Sistema.
INDICADOR: 52 - INVERSÃO DE SALDO - Indica se a conta permitirá a inversão de saldo em virtude da
necessidade de registros especiais e eventuais, para algum tipo de ajuste e acerto.

13
INDICADOR: 53 - SISTEMA CONTABIL – Indica a qual sistema pertence a conta, sistema este que deverá se
manter equilibrado, devendo, portanto, esta conta se relacionar somente com outras pertencentes ao mesmo
sistema que o seu.
INDICADOR: 54 - USO DO SAFEM - Indica se a conta poderá ser utilizada pelos Estados e Municípios no
âmbito da Administração Financeira dos Estados e Municípios – SAFEM.
INDICADOR: 55 - LANCAMENTO POR ORGAO – indica a quais órgãos é permitido fazer lançamentos na conta.
INDICADOR: 56 - TIPO DE SALDO – Indica o tipo de saldo da conta, de acordo com a sua natureza, com a
finalidade de manter a distinção lógica entre saldos credores e devedores, o que servirá de base para o método
das “partidas dobradas” (débito e crédito)
INDICADOR: 57 - INTEGRACAO DE BALANCO – Indica se a conta permite integração de balanços de unidades
da administração indireta e de Estados e Municípios.
INDICADOR: 58 - LANCAMENTO ATRAVES DE NSSALDO – Indica se a conta, de acordo com a sua natureza,
permite a transferência, incorporação ou extinção de saldos em virtude da descontinuidade da Unidade por fusão,
incorporação, cisão ou extinção.
INDICADOR: 59 - CONTA DE SALDOS TRANSITORIOS – Indica se o saldo da conta é de natureza transitória,
devendo o mesmo, em caso afirmativo, ser regularizado, ou seja, transferido para a conta com saldo de natureza
constante em que ficará registrado, no prazo de 30 dias.
INDICADOR: 60 - RESTRICAO PARA REGISTRO DE CONVENIO – Permite controlar a natureza de despesa
quando da emissão de empenho e sua utilização para registro de convênios de forma que restrinja a sua
transferência em mais de um convênio, a exceção daqueles que, por suas características peculiares, possam
constar em um ou mais convênios.
INDICADOR: 61 - EMPENHO PARA PAGAMENTO CONTRA ENTREGA – Indicador para especificar a natureza
de despesa permitida para registro de empenhos para pagamento contra-entrega.
INDICADOR: 62 - COMPOE RESULTADO PRIMARIO – Indica se as contas de receita e despesa compõem o
resultado primário (conceito de Finanças Públicas).

Sistemas de Contas

Na Contabilidade privada utilizamos dois sistemas de contas: Patrimoniais e de


Resultado e podemos registrar em uma só partida contas patrimoniais e contas de
resultado.

O mesmo não ocorre na Contabilidade Pública que trabalha com quatro


sistemas distintos: o Financeiro, o Patrimonial, o de Compensação e o Orçamentário.
Para cada sistema de contas pode ser elaborado um balancete de verificação. Dessa
forma, um lançamento a débito, por exemplo, do sistema patrimonial tem como
contrapartida, necessariamente, um crédito no mesmo sistema. Não podemos
nunca, na Contabilidade Pública, lançar a débito uma conta de um sistema e a
crédito em uma conta de outro sistema.

Os quatro sistemas são:

- Sistema Orçamentário;

- Sistema Financeiro;

- Sistema Patrimonial;

- Sistema de Compensação.

14
Sistema Financeiro

Registra pagamentos e recebimentos de despesas e receitas orçamentárias e


extra-orçamentárias. É fácil saber se uma conta é do sistema financeiro ou não.
Todas as contas que tenham como contrapartida a conta “caixa” ou “bancos”
(sendo pagamento ou recebimento) são do sistema financeiro. Assim, fazem
parte do sistema financeiro as seguintes contas:

- Banco ou Caixa (bens representados por dinheiro)

- Direitos a Receber (financeiros)

- Obrigações a Pagar (financeiros)

- Receitas Orçamentárias

- Despesas Orçamentárias

- Ingressos Extra-Orçamentários

- Desembolsos Extra-Orçamentários

- Etc.

Sistema Patrimonial

Registra bens, direitos e obrigações que não estejam relacionados à


movimentação financeira. Exemplo:

- Bens (não financeiros)

- Direitos (não financeiros)

- Obrigações (Ex: provisões)

- Mutações Ativas e Passivas

- Transferências

- Etc.

15
Sistema de Compensação

Tem como função principal o controle dos atos administrativos. São os bens,
direitos e obrigações potenciais. Quando se faz um contrato, por exemplo, registra-se
uma conta do sistema compensado e credita-se em outra conta do mesmo sistema.
Quando o contrato é executado, faz-se o lançamento inverso. Assim, essas contas
fazem contrapartida consigo mesma. Não alteram a situação líquida patrimonial.
Exemplo de contas de compensação:

- Contratos

- Fiança

- Aval

- Convênios

- Etc.

Sistema Orçamentário

Tem o objetivo de efetuar o controle da execução do orçamento público. Tem


as mesmas características do sistema compensado por efetuarem controle também.
Não geram alteração na situação líquida patrimonial. Exemplo:

- Dotação Inicial

- Dotação Adicional

- Emissão de Empenho

- Receita a Realizar

- Receita Realizada

- Etc.

Sistemática do Plano de Contas

Um único fato contábil pode gerar, simultaneamente, lançamentos em


contas de diversos sistemas, mas a contrapartida de cada uma das contas deverá
ser, necessariamente, em uma conta do mesmo sistema.

Atualmente, com a implantação do Sistema Integrado de Administração


Financeira do Governo Federal – SIAFI em 1986 e a posterior criação da Tabela

16
de Eventos (adendo A do Plano de Contas) estes lançamentos são feitos
automaticamente em cada conta, cabendo ao gestor, apenas, a escolha do
evento. Com a Tabela de Eventos, os lançamentos contábeis individuais (em que
o gestor escolhe as contas a debitar e a creditar) foram praticamente extintos. A
Tabela de Eventos será tema da segunda parte desta aula.

Para fixar os conceitos, examine o Plano de Contas da Administração


Pública Federal (Relação de Contas) na página do Tesouro Nacional:

http://www.tesouro.fazenda.gov.br/contabilidade_governamental/planejamento_execucao.asp

Até a próxima!

Qualquer dúvida, estou à disposição no e-mail:

cpublicaconcursos@yahoo.com.br

17

Você também pode gostar