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6.2 - CHAVETAS E ESTRIAS

- Chavetas e estrias são elementos utilizados para transmitir momento de torção de


um eixo para um acoplamento; para uma engrenagem; para um polia; para uma luva
deslizante ou qualquer componente de um equipamento ou vice-versa.
- A lógica de uma estria, é que a mesma na verdade equivale a “várias chavetas”,
portanto, uma estria com dimensões semelhantes pode transmitir um torque bem mais
elevado que uma chaveta.
- Os acoplamentos, como as chavetas e as estrias, na verdade transmitem potência.

6.2.1 - Chavetas

- Têm-se diversos tipos de chavetas, abaixo estão indicados alguns:


• Chavetas paralelas
• Chavetas cônicas quadradas e retangulares
• Chavetas Woodruff
• Chavetas cilíndricas

- Na figura abaixo estão mostrados alguns tipos de chavetas.

Figura 6.34
Chaveta Woodruff

Figura 6.35
Chavetas métricas cônicas – quadradas e retangulares
Retirada do livro: Machinery’s Handbook – E. Oberg et al
141

Figura 6.36
Chavetas métricas paralelas – quadradas e retangulares
Retirada do livro: Machinery’s Handbook – E. Oberg et al

Figura 6.37
Chaveta cilíndrica

- As chavetas e os rasgos nos eixos e nos cubos são padronizados: dimensões/


tolerâncias/ tamanho da chaveta x Ø eixo.
- Vamos analisar nesse item chavetas métricas paralelas retangulares – para os demais
tipos de chavetas o procedimento para cálculo, naturalmente é semelhante.
- Tem-se uma recomendação que os materiais das chavetas métricas paralelas, devam
apresentar uma σ r ≥ 55 Kgf / mm 2 mas, é importante utilizar o material da chaveta
sempre inferior ao do eixo e do cubo.

- Dimensionamento de chavetas paralelas métricas retangulares:


- abaixo se tem uma ilustração de montagem de uma chaveta métrica paralela

Figura 6.38

- A seguir nas tabelas 6.3 a 6.4, tem-se informações a respeito de rasgos e chavetas
métricas planas retiradas do livro “Machinery’s Handbook – Autores: Erik Oberg; F.D.
Jones; H.L. Horton”.
142

Tabela 6.3
Chaveteiros métricos paralelos retangulares
Retirada do livro: Machinery’s Handbook – E. Oberg et al
143

Tabela 6.3 - continuação


Chaveteiros métricos paralelos retangulares
Retirada do livro: Machinery’s Handbook – E. Oberg et al
144

A) Força atuante:

Figura 6.39

- O torque transmitido do eixo para o cubo é efetuado através da chaveta.


- Considera-se que a força gerada na chaveta ocorra no raio do eixo, de tal forma que se
tem:

2T
F=
d

B) Tensões atuantes:

- Vamos ver o que ocorre com a chaveta


- Seja o sentido de rotação o indicado na figura 6.39, e que o eixo é que transmite o
torque ao cubo. Vamos considerar que o material da chaveta, em relação à resistência
mecânica, seja inferior aos materiais do cubo e do eixo.
- O modelo que segue é o adotado para o cálculo de uma chaveta.

Figura 6.40
145

- O eixo “empurra” a chaveta pela parte inferior (altura t).


F
σ comp = (6.18)
l.t

- A chaveta “empurra” o cubo pela parte superior (altura h-t).


F
σ comp = (6.19)
l.(h − t )

- A seção plana da chaveta, vide figura 6.40, sofre um cisalhamento na região indicada
com hachura ondulada, tendo uma tensão cisalhante de:
F
τ = (6.20)
b.l

- Para dimensionamento da chaveta no caso de torque constante, compare as tensões


calculadas pelas expressões indicadas de (6.18) a (6.20) com as tensões admissíveis
σ Adm e τ Adm .
σe
σ Adm = e,
FS
τe
τ Adm =
FS

- Utilize FS = 1,5 a 2

- Para carga variável é muito comum o projetista utilizar a maior tensão atuante,
aumentando o fator de segurança para FS = 2,5 a 4.
- Sendo mais rigoroso, utilize a equação (4.9) de Soderberg, sendo que deve ser
utilizado o fator de concentração de tensões k = 1 e um FS = 1,5 a 2.

C) Comprimento das chavetas:

- Um valor comumente utilizado para o comprimento da chaveta está indicado na


expressão abaixo:
1,25 d ≤ Lefet ≤ 2d (6.21)
- Onde Lefet é o comprimento de trabalho da chaveta.
- Observe bem! Isso é uma recomendação e não uma obrigação.

Aplicação 1:

- A engrenagem indicada na figura 6.41 transmite um toque de 70kgf.m ao eixo,


considerando torque constante, dimensione uma chaveta para essa aplicação:
146

Figura 6.41

A) Determinação da força:
2T 2 x70000
F= =
d 40
F = 3500 Kgf

B) Determinação da chaveta:
Vide tabela 6.3
Ø 40 → tamanho b x h = 12 x 8
- Nas chavetas métricas, o valor de t1 = t2 = h / 2 , logo → t1 = 4mm .

C) Tensões admissíveis:
- Vamos escolher um material com características inferiores ao material do cubo e do
eixo.
Material ABNT 1020:
σ e = 34 Kgf / mm 2
τ e = 0,5σ e = 17 Kgf / mm 2
Considerando F.S. = 2,0
σ Adm = 17 Kgf / mm 2
τ Adm = 8,5Kgf / mm 2

D) Verificando compressão:
F 3500
σ Adm = 17 = = ⇒ l1 = 51mm
l1 (h − t1 ) l1 4

E) Verificando cisalhamento:
F 3500
τ Adm = 8,5 = = ⇒ l2 = 34mm
l2b l212
147

- A pior situação naturalmente é devido ao esforço de compressão, nesse caso:


Lef . = l1 = 51mm
L = l1 + 2 R = 51 + 12 = 63mm

Lef . = l1 = 51mm

Figura 6.42

Verificando com a faixa citada em (6.21).


1,25 d ≤ Lefet ≤ 2d → 50 ≤ 51≤ 80

Conclusão:
• Chaveta 12 x 8 x 63 comp.
• Material: 1020
• Espessura da engrenagem > 51 mm

Aplicação 2:

- Um eixo com diâmetro de 75 mm transmite torque para um acoplamento através da


chaveta quadrada de 20 x 20 x 125mm de comprimento.
- Utilizando F.S. = 2 e sabendo-se que o material apresenta σ e = 34 Kgf / mm 2

Figura 6.43

1) Determine o máximo de torque que pode ser transmitido

Resposta T = 80kgf.m
148

Aplicação 3:

- Calcule a chaveta conforme utilizado para aplicação 1, mas com torque variando de 70
a 100 kgfm.
- Considere F.S. = utilizado na aplicação 1.
- Considere k = 1

A) Torque médio e variável:


Tm = 85m.Kgf ;
Tv = 15m.Kgf

B) Tensão média e variável:


- Na aplicação 1 a solicitação a compressão foi bem superior ao cisalhamento, dessa
forma verificaremos essa situação.
Área = l.4;
Raio = 20;
85000
σm =
l.4.20
15000
σv =
l.4.20

C) Tensão de fadiga
- Observando a tabela 4.1:
σ n − axial = 0,8 xσ n − flexão
- Considerando como aço forjado
σ n − axial = 0,8 x0,5 x54 = 21,6 Kgf / mm 2 ← sem correção

C.1) Determinando os fatores de correção (figuras 4.18 e 4.19):


• Superfície:
- Chaveta usinada e σ r = 54 Kgf / mm 2 → c1= 0,85

• Tamanho:
- Veja bem! A tabela é para barras circulares, como é esforço de compressão, faremos
por equivalência de áreas
- Vamos arbitrar inicialmente um comprimento de chaveta para termos a área do
retângulo solicitado à compressão. Com essa área retangular calculamos um diâmetro
com a mesma área.
- Arbitrando l = 80 mm, daí:
A = 4 x80 = 320mm 2 ⇒ d ≈ 20mm → c2 = 0,9

C.2) Tensão de fadiga corrigida:


σ n − axial − corrigida = 0,85 x0,9 x 21,6 = 16,5 Kgf / mm 2

D) Cálculo do comprimento:
Reescrevendo a equação (4.12)
149

σe Kσ e 1 σ K
= σm + σv → = m+ σv
FS σn FS σ e σ n

Substituindo valores:

1 85000 15000
= + ⇒ l = 85mm
2 80lx34 80lx16,5

- Verifica-se que o valor arbitrado para o comprimento está bem próximo do calculado,
não há portanto necessidade de se rever o fator de correção de tamanho.

Lef = 85mm

E) Cálculo simplificado:
- Calculando de outra maneira (menos precisa) apenas para comparação:
- Outra maneira é utilizando o torque máximo e fator de segurança mais elevado, como
citado anteriormente.
A = 4l
34
σ Adm =
FS
Utilizando os valores de FS entre 2,5 a 4, teríamos o seguinte intervalo para a tensão
admissível.
σ Adm = 8,5 @13,6 , como:
T 100000
σ Adm = = ⇒ o comprimento efetivo da chaveta irá variar de 92 a
4 xlx 20 80l
148mm.

- A título de exercício, verifique o comprimento da chaveta para uma carga com


reversão total de 100m.Kgf utilizando carga variável e compare com os resultados
obtidos nesse item E.
150

6.2.2 – Estrias

- Um eixo estriado na verdade é um conjunto de várias chavetas, que se encaixa num


cubo também ranhurado.
- As estrias são manufaturadas no próprio eixo naturalmente, sem necessidade de rasgos
para encaixes como ocorre com as chavetas. Os rasgos nos eixos reduzem a capacidade
do eixo de transmitir potência.
- Quando há um movimento relativo entre o cubo e o eixo, ou seja, um deslizamento
entre cubo e eixo, utiliza-se normalmente estrias conforme mostrado na figura 6.44. Não
se utiliza chavetas quando ocorre movimento relativo entre cubo e eixo.

Figura 6.44
Sistema sincronizador de uma caixa de mudanças veicular

- Nas figuras a seguir três tipos de perfis muito utilizados em estrias: com flancos retos
paralelos, evolvental e perfil por entalhe.

Figura 6.45
Perfil com reto – DIN 5461 a 5464
151

Figura 6.46
Perfil por evolventes – DIN 5482

Figura 6.47
Perfil por entalhe – DIN 5481

A seguir cópia do capitulo do livro: “Órgãos de máquinas –


dimensionamento” Autor: J.R. de Carvalho - Paulo Moraes, que trata de estrias c/
perfil de lados paralelos e com perfil evolvental.
Da página 152 até a página 158, as numerações de figuras, tabelas e fórmulas
estão conforme original citado, não seguindo portanto as numerações dessa apostila.
152
153
154
155
156
157
158
159

6.3 – ANÉIS DE FIXAÇÃO

- Anel de fixação tem por objetivo tornar um eixo solidário a um cubo, para que
ambos trabalhem, dentro da capacidade do anel, sem deslizamento.
- A lógica de um anel de fixação é a utilização de sistema de cunha. Utilizaremos
um tipo de anel de fixação, mostrado na figura abaixo, para explicação do
funcionamento básico de um sistema utilizando anel de fixação. Vejamos então:.
- O aperto dos parafusos acarreta uma aproximação dos flanges (anéis inteiriços
de 360º).
- Essa aproximação empurra o anel externo, na verdade nesse modelo mostrado na
figura é um anel bi-partido composto de 2 anéis (semicírculos) de 180º cada, no sentido
de aumentar o diâmetro D. Naturalmente que essas duas partes são soltas.
- Da mesma maneira ocorrerá no anel bi-partido interno, a redução do diâmetro
interno d.
- Com torques aplicados aos parafusos, ocorrerá uma pressão entre o anel externo
e o cubo, e logicamente uma pressão entre anel interno e o eixo.
- Essa pressão gera um atrito, que naturalmente acarreta um torque de transmissão
nesse sistema.

Figura 6.48
Anel de fixação
IMETEX – RFN 7012

Vejamos as forças que ocorrem devido ao aperto de um parafuso:


F – aperto do parafuso;
N – Normal entre anéis e o cubo e eixo;
- essas duas forças estão indicadas no conjunto do anel de fixação indicado na figura
6.49.
- Isolando as partes envolvidas teremos as forças indicadas na figura 6.50, dessa forma
tem-se:

No flange:
∑ Fx = 0
F − 2 µN1. cos α − 2 N1.senα = 0
160

F
N1 = (6.22)
2µ . cos α + 2.senα

No anel:
∑ Fy = 0
− N − 2 µ.N1.senα + 2 N1. cos α = 0
N
N1 = (6.23)
2 cos α − 2µ.senα

Igualando (6.22) e (6.23) chegamos a:

1 − µ.tgα
N=F (6.24)
µ + tgα

Figura 6.49

Figura 6.50
161

- Observe que essa força N que ocorre entre anel externo e cubo e também entre anel
interno e eixo, é devido a um parafuso. Caso tenhamos um sistema de anel de fixação
com 8 parafusos, conforme a configuração mostrada na figuras 6.51, onde os anéis bi-
partidos estão mostrados em hachura negra, teríamos o modelo indicado na figura 6.52.

Figura 6.51

Figura 6.52
Forças no eixo

- Naturalmente é gerada uma pressão nas faces de contato dos anéis, mas podemos
utilizar esse modelo de força pontual que nos levará aos mesmos resultados
logicamente.

A seguir cópia tirada do catálogo no 2 da IMETEX de parte referente aos


anéis de fixação modelo RFN 7012.
Da página 162 até a página 165 as numerações de figuras, tabelas e fórmulas
estão conforme original citado, não seguindo portanto as numerações dessa apostila.
162
163
164
165
166

- É importante frisar que por trabalhar em regime dinâmico, devido à rotação, ocorrem
vibrações que podem afrouxar os parafusos e reduzir naturalmente o torque de
transmissão. A utilização de uma trava química reduz essa possibilidade.
- A título de verificação do formulário desenvolvido, será verificado na aplicação 1, um
anel de fixação comercial.

Aplicação 1:

Verifique, utilizando a equação 6.24, o torque que pode ser transmitido através do anel
de fixação RFN 7012 - 85x125.

No catálogo está indicado que:


• O anel utiliza 16 parafusos M10
• Torque de aperto dos parafusos: 70 Nm

Considerações:
• Utilizaremos atrito aço/aço µ = 0,1 (varia de 0,1 a 0,15 à temperatura ambiente)
• Utilizaremos a equação (6.16), roscas sem lubrificação, para determinação de F.
• Consideraremos o ângulo α = 15º
As duas primeiras considerações são conservativas.

Vejamos então:
- Conforme (6.16):
T = 0,2.d .Fi
10
70 = 0,2. F ⇒ F = 35000 N
1000

Substituindo esse valor em (6.24):

1 − µ .tgα
N=F ⇒ N = 92573N
µ + tgα
Essa força acarreta um atrito no raio de 42,5 mm, então o torque de transmissão por
parafuso tem o seguinte valor:
42,5
TTransmissão / parafuso = µN . = 393,5 Nm , como são 16 parafusos, o torque de
1000
transmissão será:

TTransmissão = 393,5 x16 = 6295 Nm


- que representa praticamente o mesmo valor indicado na tabela do fabricante.
167

6.4 - PINOS E ANÉIS

6.4.1 – Pinos
- Há diversos tipos de pinos utilizados na indústria, vamos dar alguns tipos e
algumas aplicações usuais.

A - Pino cilíndrico:

- Têm-se vários tipos padronizados de pinos. Como exemplo, nos pinos que seguem a
norma ISO 2338, mostrado na figura 6.54, os diâmetros apresentam tolerâncias de
ajuste m6; h8 e h11, sendo que cada tolerância é definida pela forma das extremidades
dos pinos.
- Uma utilização comum para os pinos cilíndricos, é na união de peças onde é
necessário posicionamento com precisão, ou seja, os pinos são utilizados como guias.
- Na figura 6.53 é mostrada uma tampa, que após ajustada no local de trabalho, sofre
duas furações (com tolerâncias).
- Primeiro monta-se à tampa na base; faz-se o ajuste; fixa-se a tampa através dos apertos
dos parafusos e finalmente executa-se as furações em conjunto da tampa e da base.
- Com a colocação dos pinos, garante-se que após uma desmontagem, a tampa seja
novamente montada no lugar ajustado previamente.
- Geralmente nesse tipo de montagem, o pino fica travado (ajuste forçado ou trava
anaeróbica) na base e com ajuste deslizante na tampa.
- Geralmente nesse tipo específico de montagem (tampas) são utilizados dois pinos.

Figura 6.53
168

Figura 6.54
Pinos cilíndricos normalizados

B - Pino elástico

- O pino elástico é manufaturado em aço mola beneficiado.


- O pino usualmente é utilizado para união de duas peças. Essas peças são furadas com
Ø nominal igual a do pino e com tolerância H11 (furo broca). Apesar da recomendação
169

de alguns fabricantes de se utilizar à tolerância H12, a tolerância H11 é obtida através


de furação efetuada através de brocas.
- O diâmetro do pino naturalmente é maior que o diâmetro do furo.
- Devido ao efeito mola, e ao rasgo longitudinal no pino, o mesmo (por ter um diâmetro
maior que o furo) fica comprimido contra as paredes do furo quando montado,
acarretando uma pressão entre a superfície externa do pino e a parede do furo. A
retirada desse tipo de pino do furo é feita através de impactos longitudinais (martelo e
ponteira).
O pino elástico por ser manufaturado em aço mola, apresenta uma alta resistência ao
cisalhamento. Nas aplicações usuais, esse tipo de pino é utilizado para trabalhar ao
cisalhamento.
- Na figura 6.55 tem-se as dimensões de pinos elásticos entre os diâmetros 1e 50 mm,
onde estão indicados diâmetros nominais (furos); diâmetros e tolerâncias dos pinos e a
capacidade de resistência ao cisalhamento.

Figura 6.55
Pinos elásticos pesados
Retirada e adaptada do catálogo Brooklin perfuração e fixação Ltda

C – Outros pinos
Outros tipos de pinos são mostrados nas figuras 6.56 e 6.57 (pinos cônicos;
pinos de posicionamento; pinos cilíndricos com rosca; pinos entalhados).
170

Figura 6.56
Pinos entalhados
Retirada do catálogo Brooklin perfuração e fixação Ltda
171

Figura 6.57
Retirada de manual da EMAQ Unidade Industrial
172

6.4.1.1 – Pressão entre corpos cilíndricos

- Quando se tem um contato entre corpos cilíndricos, a pressão de contato depende da


posição e do ângulo de apoio.
- Vide a figura 6.58 para o desenvolvimento da formulação.

Figura 6.58
Retirada livro: Dinâmica das máquinas – Olavo P. e Albuquerque

- Pela teoria da elasticidade, quando uma força concentrada atua pontualmente num eixo
como indicado, a pressão em cada geratriz da interface eixo/mancal, tem o seguinte
valor:
p = k . cos β (6.25)
Sendo que para cada valor de F, tem-se um valor de k.
- Vamos desenvolver as equações de equilíbrio:
∑ FZ =0
β1
− F + ∫−2β 1 p.L.rdβ . cos β = 0
2
β1
− F + ∫−2β 1 k .L.r.(cos β ) 2 .dβ = 0
2
β1
F = k .L.r ∫−2β 1 (cos β ) 2 .dβ
2
1
F = k .L.r (β1 + senβ1 ) (6.26)
2
2F
k= (6.27)
L.r (β1 + senβ1 )

Substituindo (6.27) em (6.25) temos:


2 F cos β
p= (6.28)
L.r (β1 + senβ1 )

No caso específico, onde β1 = 180o = π , teremos:


173

F
p = 0,64 cos β (6.29)
Lr
- Observe então que naturalmente a pressão máxima ocorre para β = 0 , desta forma:
F
pmax = 0,64 (6.30)
Lr

- É muito comum em projeto utilizar outro modelo, no qual dividi-se a força pela área
projetada, que no caso daria o seguinte valor de p:
F F
p= = 0,5
Ld Lr

Veja bem! Utilizando-se a área projetada, obtêm-se um valor de pressão superficial 21%
inferior ao calculado pela expressão (6.28) na tensão máxima de compressão superficial
(pressão).
- À proporção que o ângulo de apoio do mancal reduz, a relação entre a pressão
calculada utilizando a área projetada e a calculada utilizando a teoria da elasticidade
também reduz como indica a tabela 5.

Valor de β1 p AP
Relação
pTE
180º 0,79
120º 0,85
90º 0,91
60º 0,96
Tabela 6.4

Aplicação 1:

- Uma articulação conforme mostrado na figura é fixado por um pino cilíndrico com
entalhe conforme indicado.
- Determine as tensões atuantes no pino.

Figura 6.59
174

1) Pressão média na união com a peça espessura de 20 mm (compressão superficial)


- Utilizando a expressão (6.30) em vez de área projetada.
1000 1000
σ = 1,28 = 1,28
φIino xL arg .Chapa 25 x 20
σ Sup = 2,6kGF / mm 2

2) Pressão na união com a peça espessura de 50 mm (compressão superficial)


- Utilizando a expressão (6.30) em vez de área projetada.
2000 2000
σ = 1,28 = 1,28
φIino xL arg .Chapa 25 x50
σ Sup = 2,0kGF / mm 2

3) Cisalhamento
- Quando o pino está bem ajustado no furo (sem folga radial), o que realmente ocorre é
o cisalhamento.
πd 2
A= = 491mm 2
4
1000
τ = = 2 Kgf / mm 2
491

4) Flexão:

- Considerando o pino folgado no furo.


- Considerando as forças de 1000 Kgf atuando nas partes centrais das chapas de 20 mm,
e a força de 2000 Kgf atuando na região central da chapa de 50 mm. Essa é uma análise
conservativa.
- Dessa forma temos um modelo de carregamento conforme mostrado:

Figura 6.60
M Max = 1000 x35 = 35000 Kgf .mm
M 35000
σ = = 3 = 11,4 Kgf / mm 2
w πd / 16

- Sendo extremamente conservativo, consideraríamos as forças de 1000 Kgf atuando nas


extremidades das chapas de 20 mm, e a força de 2000 Kgf atuando na região central da
chapa de 50 mm, dessa forma o vão passaria de 70 para 90 mm.
- É importante analisar todas as formas de possíveis carregamentos.
175

Conclusão:
Utilizaremos a maior tensão, no caso = 11,4 kgf/mm² para compararmos com a tensão
admissível a ser utilizada para o pino.

Aplicação 2:

- Um eixo com diâmetro 50 é fixado a uma polia através de um pino;


- O torque é transmitido pelo eixo para a polia;
- A tensão de cisalhamento máxima no eixo, devido à torção e fora da região onde
encontra-se o pino, não deve ultrapassar a 2kgf/mm².
- Sabendo-se que a pressão superficial admissível média no pino = 4kgf/mm²;
- Utilizando-se um diâmetro de pino compatível com a área transversal utilizada por
uma chaveta métrica;
Determine se a largura de 50 mm da polia é suficiente.

(c)

Figura 6.61

Bem! O eixo “empurra” o pino pressionando sua parte inferior, e o pino por sua vez
“empurra” a polia pela sua metade superior.
- Com a tensão de cisalhamento máximo admissível no eixo, temos condição de
determinar o torque máximo.
T .R 16T
τ max = = 3
JP πd
16T
τ max = 2 = ⇒ T = 49087 Kgfmm
π 503
T = 49 Kgfm
176

- Força transmitida através do pino:


T 49047
F= = = 1962 Kgf
d / 2 50 / 2

Para eixo com diâmetro 50 mm, a tabela recomenda uma chaveta 14 x 9 →


4
φ equivalente = x14 x9 = 12,7 mm
π
- Conforme explicitado no item 6.4.1.1. sobre a pressão entre corpos cilíndricos, a
pressão tem um valor máximo no ponto até o valor nulo no ponto C, conforme
mostrado na figura 6.61.c.
- Utilizando o cálculo supracitado têm-se:

90 o
F=∫ p.L.rdβ . cos β = 0
0
90 o
F=∫ k .L.r.(cos β ) 2 .dβ = 0
0
90 o
F = k .L.r ∫ (cos β ) 2 .dβ
0

1 sen2 β π / 2
F= k .L.r.( β + )]0
2 2
1 π
F = k .L.r.
2 2
π
F = k .L.r.
4
substituindo k pelo valor indicado na equação (6.25);
p = k . cos β , sendo que a pressão máxima ocorre para β = 0 (ponto A);
p A = k , substituindo na expressão acima,
F F
pA = = 1,27
π L.r
L.r.
4

- Utilizando a pressão máxima de compressão, têm-se:

1962
p A = 4 = 1,27 x ⇒ L = 98,1
Lx12,7 / 2

Vemos portanto que o comprimento de 50 mm é insuficiente.


177

6.4.2 – Anéis:

- Os anéis de retenção são utilizados para eixos e furos, abaixo temos uma figura que
mostra esses dois tipos de anéis.

Figura 6.62

- Na figura mostrada, os dois anéis utilizados no eixo assim como os dois anéis
utilizados na caixa, posicionam o rolamento.
- Os anéis são manufaturados em aço mola e padronizados, assim como as ranhuras,
para diversos diâmetros.
- Os valores de esforços axiais suportados pelos anéis, seguindo as dimensões de
ranhuras especificadas, são padronizadas e indicadas pelos fabricantes.
- A figura 6.63 apresenta um tipo de anel muito utilizado industrialmente.
178

Figura 6.63

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