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Linked: a nova ciência dos networks

Lászlo Barabási - 2009

Através da contribuição dos dados e das descobertas de ​Watts (2009)​, porém,


observando a questão dos mundos pequenos por meio de outra perspectiva, o físico húngaro
Lászlo Barabási interessou-se em descobrir como essa rede funcionava e como as conexões
entre elas ocorriam, ou seja, direcionou suas observações para além dos mundos pequenos.
Barabási compreendeu a necessidade de entender as redes, interpretando sua estrutura e sua
dinâmica de ação. Isso se mostrou relevante porque nenhum elemento que compõe esta rede
age sozinho, não estão isolados, pois a rede depende da interação entre eles. Daí advém a
necessidade de compreender como esses elementos interagem mutuamente. Segundo
Barabási (2009, p. 6-16), os elementos que formam a rede se conectam como um “complexo
quebra-cabeça”, onde vários mundos pequenos se encadeiam, uns aos outros. Na sociedade,
por exemplo, o físico percebeu que todos nós participamos de um aglomerado, do qual
ninguém é excluído.
No entanto, Barabási (2009, p. 30-31) necessitava de uma rede que pudesse mapear e
interpretar. Ele então passou a observar a ​Web​, uma rede de páginas e ​links com potencial
crescimento e que a cada dia tornava-se mais popular. Suas investigações partiram
basicamente da questão: “apesar dos bilhões de nós, poderia a ​Web ser um ‘mundo
pequeno’?”. O físico percebeu que a internet tratava-se de um mundo pequeno, porque apesar
de contemplar bilhões de nós, estes estão conectados a uma distância média de 19​links​. Além
disso, uma das principais características da rede na internet, bem como das redes sociais, é
que estas não são estáticas, pois a cada dia são acrescentados milhares de novas páginas e
novos ​links,​ assim como são excluídos outros.
Contudo, ao mapear a internet, Barabási (2009, p. 30-36) esperava encontrar uma rede
de conexão aleatória, onde as distribuições de ​links seguiriam a estrutura de um sino, com
alguns sites contendo poucos ​links ​a mais que os outros. No entanto, o que Barabási (2009)
descobriu, ao interpretar os dados que seu robô mapeou na internet, foi que algumas páginas
possuíam milhares de ​links​, enquanto outras tinham uma pequena quantidade. O físico
percebeu que havia uma discrepância entre poucas páginas muito conectadas e muitas
páginas pouco conectadas. Assim, nomeou de ​hubs as páginas que continham um alto grau de
conectividade. Para Barabási (2009, p. 146), a “​Web é uma rede sem escala, dominada
por​hubs e nós com grandes quantidades de ​links”​ . Poderíamos afirmar que o estudo de
Barabási (2009) previu que alguns poucos sites se destacariam dentre os bilhões de nós
existentes na internet, o que atualmente pode ser exemplificado através de sites como o
Google, a Amazon e o Facebook.
Em suas análises, Barabási (2009, p. 77-79, grifo do autor) compreendeu que os sites
mais conectados tendem a aumentar sua conectividade, à medida que a rede aumenta. Os
hubs são os nós preferidos dos internautas, assim, “quanto mais conhecidos são, mais ​links os
referenciam”. Tal fato nos auxilia a compreender que uma conexão nunca é aleatória, pois a
“popularidade é atrativa”. Neste caso, as redes reais são governadas basicamente por duas
leis: a de crescimento e de ​conexão preferencial​. Ao observar a internet, o pesquisador
percebeu que ela cresce exponencialmente, adicionando novos nós e novos ​links à rede.
Esses novos nós, por sua vez, preferem conectar-se aos nós mais conectados. Desta forma,
quanto mais nós um ​link​ tiver, maiores as chances de ele conquistar novas conexões.
Compreendemos então, que os ​hubs s​ ão os elementos essenciais das redes, pois
quando um deles é excluído desta, “grandes blocos de nós” desprendem-se da rede e
desconectam-se “do aglomerado principal”. Sendo assim, para atingir uma rede, “não
precisamos remover grande número de nós para alcançar um ponto crítico. Basta inabilitar
poucos ​hubs ​para que uma rede sem escala se desintegre em pouco tempo”. Independente do
tipo de rede avaliada, a retirada de ​hubs ​“desintegrará qualquer sistema” (BARABÁSI, 2009, p.
104-109).
Em suma, Barabási (2009, p. 160-197) afirma que é preciso “pensar em redes”, é
preciso “entender a complexidade”, pois as redes são apenas a estrutura da complexidade, as
vias dos diversos processos que fazem nosso mundo vibrar. Para descrever a sociedade,
​ a rede social com interações dinâmicas reais intersubjetivas. Para
precisamos revestir os ​links d
entender a vida, devemos passar a observar a dinâmica reativa que se dá ao longo dos ​links d ​ a
rede metabólica. Para entender a internet, devemos adicionar tráfego a seus emaranhados
links.

Barabási (2009) compreendeu que a dinâmica das redes pode ser percebida em
elementos como as células, as proteínas, a sociedade, a ​Web,​ o ecossistema, as doenças, os
chips de computador, Hollywood, entre tantos outros campos. Além disso, toda a teia de redes
tem os seus ​hubs. ​A partir disso, percebemos que a ciência das redes e sua complexidade é a
ciência do século XXI porque todos os campos que são formados por diversos elementos,
assim como os negócios ou as redes sociais, interagem e organizam-se seguindo a mesma
dinâmica: uma rede que possui nós e ​links​, onde alguns nós destacam-se consideravelmente
dos demais, onde alguns aglomerados, ou mundos pequenos, conectam-se entre si, e o mais
relevante, onde não há nenhum elemento isolado dessa conexão.

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