Você está na página 1de 19

metaverso

e o direito
índice:
O que é Metaverso?
Conceito de Metaverso
O Metaverso de hoje

antes do metaverso:
Web 3.0
Descentralização
Confiança direta
Inteligência artificial e machine learning
Desafios da Web 3.0
Diferenças para a Web 2.0

Entendendo o que são NFTs :


Conceito de NFTs
Os primeiros passos dos NFTs

Direito e metaverso:
Propriedade Intelectual
Direito Autoral
Proteção de Dados
Direitos da Personalidade
Direito Penal
O que é metaverso?
A palavra metaverso pode ser dividida em dois

termos:
1. Meta, que significa além;
2. Verso, de universo.

Sendo assim, metaverso significa, na etimologia

da palavra, o universo que vai além. Em outras

palavras, ele pode ser interpretado como um

mundo virtual que terá referências e aplicações

no mundo real. De acordo com Álvaro Machado

Dias, professor de neurociências da

Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e

integrante do painel global de inovação

tecnológica do MIT (Instituto de Tecnologia de

Massachusetts), o metaverso é uma criação que

vai proporcionar aos humanos uma integração

entre o mundo virtual e real de uma maneira

realista e, em alguns casos, até difícil de

distinguir um do outro.

A principal ideia do metaverso é que ele seja

um tipo de internet com realidade aumentada

que coexistirá com tudo que é real e está à

nossa volta. Nesse lugar, comunicação, diversão

e negócios acontecerão ao mesmo tempo e de

uma forma totalmente imersiva.


A grande questão é que esse universo está em

constituição “planeta por planeta” e sua

integração se dará ao longo do tempo. Muitas

empresas, nacionais e internacionais, novas

startups e ambientes descentralizados de

desenvolvimento, já estão trabalhando para que

essa realidade mude em pouco tempo.

Mesmo que o termo metaverso só tenha

ganhado visibilidade nos últimos meses, a sua

ideia vem sendo discutida na literatura

cyberpunk desde a década de 80. Sua primeira


aparição se deu em um livro de 1992, chamado

“Snow Crash” e escrito por Neal Stephenson.

Nesse livro, Stephenson descreve um universo

virtual contínuo onde os usuários têm

interações uns com os outros através de

avatares digitais. Essas interações são feitas de

maneira online e não precisam ficar restritas

apenas à interação social, pois também

funcionam para jogos, trabalhos e muito mais.

Além da aparição na literatura, jogos do início

dos anos 2000 exploraram um pouco do que o

metaverso se propõe. Um dos precursores foi o

Second Life, citado na introdução deste e-book.

Hollywood não ficou para trás, também aderiu e

trouxe boas referências de como esse novo

mundo se comportaria, como no filme “Jogador

n° 1” (2008) e em “Matrix” (1999), por exemplo.


No filme “Jogador n° 1”, dirigido por Steven

Spielberg, a história se passa em 2045 e tem

como foco principal a plataforma virtual OASIS.

Nessa plataforma, o personagem Wade Watts

sai em busca de um tesouro deixado para trás

pelo falecido criador do OASIS – e tudo isso

acontece enquanto o mundo real em que

Watts habita está se transformando em ruínas.

Já em “Matrix”, principal referência do cinema

quando o assunto é a relação da realidade

virtual e real, uma batalha entre máquinas e

humanos está em andamento. Com o

desenrolar da trama, as máquinas se

desenvolvem tanto que chegam a ter

consciência própria e utilizam os seres

humanos como se fossem suas baterias.

Apesar dessas duas obras trazerem boas

referências ao metaverso, o seu conceito é

muito mais complexo do que foi abordado e

não está necessariamente associado a algo

caótico como retratado, onde o virtual substitui

o real. Fato é, nem fóruns de debate, nem livros

e nem a indústria cinematográfica explorou

todas as possibilidades que a realidade está nos

mostrando poder prover.


E o grande ator que trouxe a “fagulha que

faltava para o fogo começar” foi a

criptoeconomia, com o advento dos tokens não

fungíveis - NFTs, esta inovação muda tudo, e

torna tudo possível.

antes do metaverso:
A Web 2.0 e Web 3.0 referem-se a iterações

sucessivas da web, em comparação com a Web

1.0 original dos anos 1990 e início dos anos 2000.

Web 3.0
A Web 3.0 representa a próxima fase da

evolução da web/internet e potencialmente

pode ser muito inovadora ao representar uma

mudança de paradigma tão grande quanto a

versão atual (Web 2.0). A versão 3.0 é construída

sobre os conceitos centrais de descentralização,

abertura e maior atuação do usuário.

Descentralização
Este é um princípio central da Web 3.0. Na Web

2.0, os computadores usam HTTP na forma de

endereços exclusivos para encontrar

informações, que são armazenadas em um local

fixo, geralmente em um único servidor.


Na Web 3.0, como a informação seria

encontrada com base em seu conteúdo, ela

poderia ser armazenada em vários locais

simultaneamente e, portanto, ser

descentralizada.

Isso quebraria os enormes bancos de dados

atualmente mantidos por gigantes da internet

como Facebook (agora Meta) e Google,

impedindo seu enriquecimento ao manter um

maior controle sobre os usuários e seus dados.

Com a Web 3.0, os dados são gerados por

recursos de computação diferentes e cada vez

mais poderosos, incluindo smartphones,

desktops, aparelhos, veículos e sensores. Os

exemplos serão vendidos pelos usuários por

meio de redes de dados descentralizadas. Essa

ação garante aos usuários a manutenção do

controle de propriedade.

Confiança direta
Além da descentralização e de ser baseada em

software de código aberto, a Web 3.0 também

será baseada em “confiança direta”, ou seja, a

rede permitirá que os participantes interajam

diretamente sem passar por um intermediário

“confiável” mas que faz monitoração e controle

de dados sobre interações.


Como resultado, os aplicativos da Web 3.0 serão

executados em blockchains, redes peer-to-peer

descentralizadas, ou uma combinação delas —

os aplicativos descentralizados são chamados

de dApps.

Inteligência artificial e machine learning


Os computadores serão capazes de

compreender as informações de forma

semelhante aos humanos, por meio de

tecnologias baseadas em conceitos da web

semântica (linguagem Web) e processamento

de linguagem natural.

A Web 3.0 também usará o machine learning,

que é um ramo da inteligência artificial (IA) que

trabalha dados junto com algoritmos para

imitar como os humanos aprendem,


melhorando gradualmente sua precisão.

Os recursos permitirão que os computadores

produzam resultados mais rápidos e relevantes

em uma série de áreas, como desenvolvimento

de medicamentos e novos materiais,

ultrapassando a mera publicidade direcionada

que constitui a maior parte dos uso atual.


Desafios da Web 3.0
A versão tem o potencial de fornecer muito

mais utilidade e autonomia aos usuários, indo

muito além das mídias sociais, streaming e

compras online que compreendem a maioria

dos aplicativos da Web 2.0 usados pelos

consumidores.

Recursos como a web semântica, IA e machine

learning que estão no centro da Web 3.0 têm o

potencial de aumentar muito a aplicação em

novas áreas e melhorar a interação do usuário.

Os principais recursos da versão, como

descentralização e sistemas menos

manipuláveis, também darão aos usuários um

controle muito maior sobre seus dados

pessoais.

No entanto, a descentralização também traz

consigo riscos legais e regulatórios

significativos. Os crimes cibernéticos, discurso


de ódio e desinformação já são difíceis de

controlar e se tornarão ainda mais em uma

estrutura descentralizada por causa da falta de

monitoramento.
Uma rede descentralizada também dificultaria

a regulamentação e a fiscalização. A título de

exemplo, quais leis se aplicariam a um site

específico com o conteúdo hospedado em

vários países do mundo? Encontrar culpados e

acioná-los juridicamente será muito difícil. É

preciso pensar a questão com atenção

suficiente

Diferenças para a Web 2.0


A Web 2.0 é a que a maioria está acostumada a

utilizar, pelo menos desde 2004. O crescimento

exponencial dela foi impulsionado por

inovações importantes, como acesso à Internet

móvel e redes sociais, bem como a quase

onipresença de dispositivos móveis de maior

robustez, como iPhones e dispositivos com

Android.

A Web 2.0 também foi drástica em mudanças

para certos setores que não conseguiram se

adaptar ao novo modelo de negócios centrado

na web ou demoraram a alcançar. Por exemplo,

o varejo, o entretenimento, a mídia e a


publicidade foram os mais atingidos no início.
Podemos dizer que a Web 2.0 foi o criador e

difusor da portabilidade e alcance da internet

para o maior número de pessoas, mas ainda

existem grupos controlando e manipulando o

ambiente. A principal diferença para a Web 3.0

é que esta consolida a mobilidade, mas com

maior controle sobre privacidade, por parte do

usuário, e menor controle de grupos ou

autoridades ao reduzir o uso de intermediários

para interações.

Atualmente, estamos mais próximos da

fronteira que divide os dois formatos de web —

as criptomoedas e os NFTs, já começam a

mostrar o potencial da evolução —, mas saber o

que é a Web 3.0 pode ser uma boa preparação

para se antecipar às mudanças

Entendendo o que são NFTs


Os NFTs são um tipo de tokens criptográficos

que representam algo único no mundo e que

não possuem um valor predefinido, mas sim

subjetivo. Diante disso, esses tokens não podem

ser trocados como as criptomoedas, mas

comprados e vendidos a partir de “lances” ou

ofertas de valor percebido.


Para que um token seja classificado como não

fungível, seu criador gera-o sob um protocolo

onde o registro é detalhado de sua propriedade

e histórico (transações). Assim, sua

diferenciação, origem e demais aspectos ficam

registrados no blockchain. Sabendo que um

NFT é um ativo que apresenta características

únicas, não há como existir dois NFTs iguais no

mundo, uma vez que cada um possui um hash

digital próprio.

Esse hash nada mais é que uma função capaz

de converter letras e números numa frase

criptográfica.

Os primeiros passos dos NFTs


Os NFTs começaram a ser mais conhecidos e

discutidos há pouco tempo – no entanto, eles

também não são novos. O lançamento do

primeiro NFT foi em 2012, a partir da

apresentação das Coloured Coins (ou Bitcoin

2.0), criadas na rede Bitcoin. Todavia, o exemplo

mais comum de NFT é o padrão que opera na

rede Ethereum, o ERC-721 (protocolo). Hoje em

dia, os NFTs são mundialmente conhecidos por

proporcionarem a compra de artes virtuais, mas

essa foi apenas a primeira aplicação, pois as

possibilidades para outras utilizações são

infindáveis.
Na verdade, os tokens não fungíveis vão ser

capazes de dar aos usuários um acesso

controlado a diversas plataformas e ativos

criados em metaversos, funcionando como

uma chave de ingresso e/ou aquisição. Além

disso, os NFTs irão proporcionar a posse total de

bens digitais, que podem ser roupas, músicas,

terrenos e muito mais. Com eles, um usuário

poderá comprovar que é proprietário de um

determinado ativo dentro do metaverso, vendê-

lo ou trocá-lo, como na época do escambo.

Será por meio desse tipo de token (e outros que

possivelmente surgirão) que o proprietário de

um ativo específico conseguirá reproduzir em

um mundo virtual o que já está acostumado a

ter no mundo real. Alguns modelos de negócios

baseados em NFTs já estão rodando, como é o

caso dos jogos Axie Infinity, Decentraland e The

Sandbox.

Mas, além destes, que estão pautados no

mundo dos games, há ainda plataformas

comercializando tênis para avatares como a

RTFKT, adquirida recentemente pela Nike, e

várias outras envolvendo roupas para avatares,


exposições de arte, música, shows, etc.
DIREITO E METAVERSO
O metaverso representa mudanças em diversas

profissões. Nas mais tradicionais, como o

Direito, a perspectiva é que surjam novos nichos

de mercado enquanto outros se tornam

obsoletos. Os hábitos de consumo também

passarão por profundas transformações,

chamando atenção para as discussões acerca

do futuro do direito do consumidor no mundo

digital.

A pandemia do Covid-19 apresentou-se como

fator acelerador desse salto tecnológico, pois o

crescimento da demanda por encontros virtuais

abre caminho para o metaverso. Em 2020,

dezenas de países se adaptaram para a

prestação do serviço jurisdicional pelo modo

remoto, e as facilidades geradas indicam que o

modelo de trabalho será definitivo.

A realidade tecnológica proposta pelo

metaverso e o Direito já está posta e será

aplicada em futuro muito próximo. Portanto,

cabe aos profissionais e estudantes do curso de

Direito acompanhar as mudanças e se preparar

para atuar dentro dessa nova realidade.


Se o desafio colocado pela internet 2.0 foi a

presença das empresas e escritórios de

advocacia nas redes sociais, como Instagram,

LinkedIn e YouTube, na internet 3.0 o diferencial

será conseguir espaço no metaverso.

No entanto, marcar presença no metaverso não

deve ser o único horizonte dos profissionais do

Direito. Saber aproveitar as oportunidades que

esse novo universo atribui ao meio jurídico é

uma outra questão que deve estar presente

nesse contexto.

implicações
Muitas discussões jurídicas são fruto das

interações dos seres humanos no metaverso

com seus avatares. Questões relacionadas com

a competência territorial, conflito de normas

internacionais, relações trabalhistas e crimes

virtuais deverão ser analisadas sob a ótica das

transformações causadas pelo metaverso.

As implicações jurídicas do que precisará ser

repensado englobam muitas matérias do curso

de Direito. A criação desta “realidade paralela”

traz consigo alguns questionamentos.


Saiba quais são eles a seguir!
Propriedade Intelectual
O Tribunal Distrital da Virgínia, nos Estados

Unidos, considerou que um sistema de

Inteligência Artificial (IA) não pode ser

registrado como o inventor de uma patente.

Mas ao contrário da lei de patentes, a lei de

Direitos autorais dos EUA não tem uma

exigência clara de autoria humana.

Os tribunais dos Estados Unidos e o Escritório

de Direitos Autorais têm operado com base

nesse requisito para negar registros de obras

não criadas por humanos. Materiais produzidos

exclusivamente pela natureza, por plantas ou

por animais não estão aptos a patentes.

A criação de produtos dentro da plataforma,

como figuras, emblemas e estilo dos avatares,

pertencerá a quem? O Metaverso terá criações

virtuais de avatares e aspectos de IA acoplados

a eles. Se tais criações forem consideradas

criações de IA e não criações humanas, podem

não ser permitidos certos tipos de proteção de

propriedade intelectual.
Direito Autoral
O Metaverso também pode dificultar a

identificação de situações de violação de

direitos autorais. Isso porque o Direito de usar o

conteúdo licenciado no Metaverso também

deve ser examinado com cautela, uma vez que

muitos contratos de licença podem não ter

considerado o uso do conteúdo licenciado em

tais plataformas.

Proteção de Dados
O Facebook (Meta), que já coleta um imenso

volume de dados dos seus usuários, terá acesso

e armazenará uma quantidade infinitamente

maior de informações pessoais com a

popularização do metaverso. Nesse sentido, é

preciso traçar quais serão os limites legais para

o uso dessas informações, levando em conta a

capacidade que a plataforma terá em coletar

registros de linguagem corporal e até mesmo

respostas fisiológicas.

Qual será o limite legal que definirá o

tratamento e compartilhamento desses dados?

Os dados coletados de avatares e suas

interações, serão considerados “dados

pessoais”?
Direitos da Personalidade
O usuário precisará de um avatar para interagir

na plataforma Metaverso. Ou seja, precisará de

uma autorrepresentação virtual.

A honra, imagem e privacidade são direitos da

personalidade, então como vão ser tratados os

casos de interações indesejadas ou não

consentidas entre avatares? A intimidade dos

usuários, na representação de seu avatar,

também é inviolável?

A título de exemplo, vale citar relatos de assédio

por parte de usuários do metaverso. Como é o

caso da empresária britânica, Nina Jane Patel,

que contou ter tido o seu Avatar “tocado e

apalpado” sem consentimento, por outros

quatro avatares masculinos.

Direito Penal
Ainda sob a perspectiva de crimes cometidos

através de uma representação virtual, vamos

supor, por exemplo, uma conduta

discriminatória contra um avatar que tenha

características afrodescendentes. O ocorrido

poderia ser configurado como crime de injúria

racial ou racismo?
Existem também muitos questionamentos a

respeito da abordagem jurídica de casos que

configurem injúria, calúnia e difamação contra

os “avatares”.

Ainda temos muito o que abordar para falar

sobre o metaverso e para entrarmos a fundo

nesse tema, eu te convido para participar do

METAHUB, um treinamento para advogados

sobre o metaverso. Do dia 25 a 31 de julho online

e gratuito.

metahub
T R E I N A M E N T O O N L I N E

DE 25 A 31 DE JULHO

ONLINE E GRATUITO

Você também pode gostar