Você está na página 1de 12

O Poder Legislativo na democracia

contemporânea
A função de controle político dos Parlamentos na
democracia contemporânea

José Levi Mello do Amaral Júnior

Sumário
Introdução. 1. Democracia antiga. 2. Evolu-
ção dos Parlamentos e função de controle.
3. Vontade geral e controle popular direto.
4. Mídia e função de controle. 5. Função de con-
trole do Congresso Nacional. 5.1. Sustação de
atos normativos do Poder Executivo. 5.2. Con-
vocação de ministros e pedido de informações.
5.3. Tribunal de Contas da União. 5.4. Comis-
sões parlamentares de inquérito. 5.5. Orçamen-
to e conversão em lei de medida provisória.
5.6. Impeachment. Conclusão.

Introdução

A presente exposição pretende destacar


uma das mais antigas e marcantes funções
dos Parlamentos em geral e do Congresso
Nacional brasileiro em particular: a de con-
trole político, isto é, quando o Parlamento
serve “(...) de canal de comunicação entre os
detentores do poder político e os governa-
dos e de orientação política do governo”.
(CAGGIANO, 2004, p. 30). Nesse contexto,
“(...) o Parlamento assume o papel de fiscal,
de vigilante sobre a atividade governamen-
tal”. (CAGGIANO, 2004, p .30).
A função em causa não é nova. Surgiu
no século XI, ainda nos primórdios dos Par-
lamentos modernos. Passa, hoje, por um
evidente revigoramento.
José Levi Mello do Amaral Júnior é Doutor
em Direito do Estado pela USP, Procurador da Não se pretende, com isso, desmerecer
Fazenda Nacional, Professor do Mestrado em funções outras dos Parlamentos, como, por
Direito do UniCEUB/DF e Assessor da Lide- exemplo, a legislativa. De toda sorte, não
rança do PSDB na Câmara dos Deputados. obstante a crescente participação dos gover-
Brasília a. 42 n. 168 out./dez. 2005 7
nos na produção legislativa, a função de da adoção de mecanismos de limitação e de
controle político dos Parlamentos a esses controle político do poder real. Os Parlamen-
garante efetiva participação na condução tos surgem para limitar e controlar o poder
política do governo. É possível que o forta- do rei.
lecimento da função de controle político seja, Em 1215, João Sem Terra foi obrigado a
justamente, uma reação à crescente importân- outorgar a Magna Carta Libertatum aos seus
cia dos atos de governo (COTA, 2000, p. 885- barões, documento que afirmava que, se o
886), aí incluídos os de natureza legislativa. rei desejasse tributos excedentes aos pactu-
ados, deveria obter o consentimento do Mag-
1. Democracia antiga num Concilium, formado pelos altos feuda-
tários laicos e eclesiásticos. Também eram
Os gregos antigos conceberam um regi-
convidados representantes dos condados e
me de governo exercido diretamente pelos
das cidades para assegurar que os tributos
cidadãos da polis. Em discurso proferido em
aprovados pela assembléia seriam efetiva-
431 a.C., primeiro ano da Guerra do Pelopo-
mente suportados por todos os cidadãos li-
neso, Péricles registrou que o nome desse
vres. Em 1265, um poderoso feudatário,
regime, “(...) como tudo depende não de pou-
Simon de Monfort, reuniu o Parlamento con-
cos, mas da maioria, é democracia”.
tra a vontade do rei Henrique III e convo-
Desde então, a História registra proces-
cou, também, dois cavaleiros de cada con-
sos sociais que têm redefinido continuamen-
dado e dois burgueses de cada cidade (em
te o significado de democracia. Ao longo do
razão do que é chamado “pai da Câmara
tempo, a democracia passa por ciclos ou por
dos Comuns”). O rei Eduardo I, em 1295,
“ondas”, para usar a expressão de John
consolidou o procedimento, utilizando con-
Markoff (1996, p. 18). Durante cada “onda”,
vocações diretas para os nobres e clérigos e
discute-se o verdadeiro significado de de-
convocações por meio de representantes
mocracia.
para o terceiro estado (“Parlamento mode-
Após a democracia grega e a república
lo”). Nas primeiras décadas do século XIV,
romana (eram bastante similares, tanto que
começou a tomar forma o bicameralismo no
carece de base histórica a distinção feita por
Parlamento inglês. Foi somente a partir do
James Madison, no Federalista n 10 – a de-
o
século XV que começou a se configurar a
mocracia seria direta e a república represen-
competência legislativa do Parlamento in-
tativa – porque Roma não chegou a adaptar
glês (RUFFÌA, 2000, p. 193-194). Com as
as suas instituições à expansão de seus do-
revoluções liberais, a função legislativa
mínios) (DAHL, 2001, p. 26-27), o governo
foi, aí, sim, arrebatada dos reis pelos Par-
democrático quase que desapareceu (DAHL,
lamentos.
2001, p. 25-26). Há, no entanto, registros de
Característica fundamental da demo-
participação popular em governos locais.
cracia parlamentar é que dela tomam par-
Por exemplo, as assembléias de vikings li-
te representantes dos “comuns”, mas não
vres guardavam a idéia de igualdade, como
o povo diretamente. A esse propósito, é
demonstra a resposta dada por alguns de-
eloqüente a lição de Montesquieu (1995,
les quando perguntados: “Qual é o nome de
p. 120):
vosso senhor? Nenhum. Somos todos
“Já que, num Estado livre, todo
iguais”. (DAHL, 2001, p. 29).
homem que supõe ter uma alma livre
deve governar a si próprio, é necessá-
2. Evolução dos Parlamentos rio que o povo, no seu conjunto, pos-
e função de controle sua o poder legislativo. Mas como isso
A democracia parlamentar começa a to- é impossível nos grandes Estados, e
mar forma na Idade Média. Evolui por meio sendo sujeito a muitos inconvenien-

8 Revista de Informação Legislativa


tes nos pequenos, é preciso que o povo, 3. Vontade geral e controle
por intermédio de seus representan- popular direto
tes, faça tudo o que não pode fazer por
si mesmo.” Foi exposto, há pouco, que a maioria dos
Logo adiante Montesquieu (1995, p. 120) liberais clássicos desconfiava da democracia.
arremata: Entre os liberais clássicos entusiastas da de-
“A grande vantagem dos repre- mocracia estava Jean-Jacques Rousseau.
sentantes é que são capazes de discu- Rousseau (2003, p. 20) afirma – em co-
tir os negócios públicos. O povo não nhecida passagem – que “o homem nasceu
é, de modo algum, capaz disso, fato livre e por toda parte ele está agrilhoado.
que constitui um dos graves inconve- Aquele que se crê senhor dos outros não
nientes da democracia.” deixa de ser mais escravo que eles”. Então
É interessante destacar a desconfiança pergunta: “Como se deu essa mudança? Ig-
que Montesquieu nutria em relação à demo- noro-o. O que pode legitimá-la? Creio que
cracia direta: o povo não seria capaz de dis- pode resolver esta questão”.
cutir os negócios públicos, o que “constitui Rousseau (2003, p. 47) resolve a questão
um dos graves inconvenientes da democra- pela subordinação do homem à lei, lei essa
cia”, desconfiança essa que é comum à mai- que ele compreende como derivada da “von-
oria dos liberais clássicos. tade geral”.
Além de não recomendar a deliberação Rousseau (2003, p. 37-38) explica o que
popular direta, Montesquieu (1995, p. 121) entende por vontade geral diferindo-a da
apregoava a escolha dos representantes por vontade de todos: essa se refere ao interesse
meio do voto censitário: privado; aquela ao interesse comum:
“Todos os cidadãos, nos diversos “Se, quando o povo suficientemen-
distritos, devem ter direito a dar seu te informado delibera, os cidadãos não
voto para escolher o representante, tivessem nenhuma comunicação en-
exceto os que estão em tal estado de tre si, do grande número de pequenas
baixeza que são considerados sem diferenças haveria de resultar sempre
vontade própria.” a vontade geral, e a deliberação seria
Foi somente nos séculos XIX e XX, com a sempre boa. Mas, quando se estabele-
universalização do voto, que a democracia cem facções, associações parciais a
moderna recuperou elemento essencial ao expensas da grande, a vontade de
espírito e ao conceito da democracia anti- cada uma dessas associações se faz
ga, qual seja, o direito de voto sem distin- geral em relação aos seus membros, e
ção de classe e patrimônio. (BOVERO, particular em relação ao Estado; pode-
2002, p. 30). se, então, dizer que já não há tantos
Voltando ao século XVIII: Montesquieu votantes quantos são os homens, mas
(1995, p. 121) reconhece a função legislati- apenas tantos quantas são as associ-
va do Parlamento, mas também destaca a ações. As diferenças tornam-se menos
sua tarefa de controle: numerosas e dão um resultado menos
“O corpo representante também geral. E, por fim, quando uma dessas
não deve ser escolhido para tomar associações é tão grande que sobre-
qualquer resolução ativa, coisa que puja todas as demais, já não se tem
não executaria bem, mas, sim, para por resultado uma soma de pequenas
fazer leis ou para ver se as que fez são diferenças, senão uma diferença úni-
bem executadas, coisa que pode reali- ca; então, já não há vontade geral, e a
zar muito bem, e que ninguém pode opinião vencedora não passa de uma
fazer melhor do que ele.” opinião particular.”

Brasília a. 42 n. 168 out./dez. 2005 9


Manoel Gonçalves Ferreira Filho (2002, mento: “tinha pressa, era homogênea, mas
p. 48) explica o que Rousseau quer dizer: a totalitária, não tinha nem instituições, nem
vontade geral “só se manifesta se os homens procedimentos, era instável, emotiva e, por-
deliberarem sem comunicação entre si, com tanto, extremista e manipulável...”
suficiente informação, ou, como se poderia Ora, vale lembrar, o próprio Kelsen (1993,
dizer em termos modernos, sem a influên- p. 78) defendia a democracia parlamentar
cia dos partidos ou dos grupos de interes- (com voto universal), entre outros motivos,
se”. justamente para evitar o enfrentamento de
Vale destacar um exemplo curioso: é pro- classes nas ruas, ao seu tempo apregoado
vável que Rousseau não considerasse de- pelos adeptos do marxismo:
mocrática a deliberação – em referendo – dos “(...) a democracia é o ponto de
franceses sobre o Tratado que estabelece (ou equilíbrio para o qual sempre deverá
que estabeleceria?) uma Constituição para voltar o pêndulo político, que oscila
a União Européia. Ao que consta, o eleitora- para a direita e para a esquerda. E se,
do francês não deliberou desinteressada- como sustenta a crítica feroz que o
mente. Votou “não” ao Tratado como forma marxismo faz à democracia burgue-
de protesto contra o governo francês do dia sa, o elemento decisivo é representa-
(com o que a União Européia não tem – ou do pelas relações reais das forças so-
pouco tem – parte), ou para evitar a perda, ciais, então a forma democrática par-
atual ou futura, de postos de trabalho para lamentar, com seu princípio majoritá-
os novos membros da União Européia (com rio-minoritário que constitui uma di-
isso a União Européia tem, sim, parte, mas, visão essencial em dois campos, será
ora, trata-se de uma razão de votar eviden- a expressão ‘verdadeira’ da socieda-
temente interessada...). de hoje dividida em duas classes es-
A concepção de Rousseau encanta. A sua senciais. E, se há uma forma política
dificuldade é que requer democracia direta. que ofereça a possibilidade de resol-
Ora, aí se impõe a crítica de Montesquieu ver pacificamente esse conflito de clas-
(1995, p. 120): é impossível que o próprio ses, deplorável mas inegável, sem
povo, no seu conjunto, possua o poder le- levá-lo a uma catástrofe pela via cru-
gislativo nos grandes Estados. Mas há, nela, enta da revolução, essa forma só pode
elementos que se mantêm atuais e que são ser a da democracia parlamentar, cuja
essenciais ao efetivo controle político. Cabe ideologia é, sim, a liberdade não al-
destacar, aqui, um: o povo deve deliberar cançável na realidade social, mas cuja
“suficientemente informado”. realidade é a paz.”
A deliberação popular direta pode, com O grande drama da democracia direta –
alguma facilidade, sofrer manipulações e, além do problema quantitativo havido nos
no limite, corromper-se em violência de rua. grandes Estados – é, portanto, fazer com que
Hans Kelsen (1993, p. 107) menciona o povo delibere “suficientemente informado”,
como símbolo – ainda que trágico – da o que é essencial ao modelo de Rousseau e
democracia o episódio da vida de Jesus sem o que não há vontade geral. Por outro
em que um plebiscito volta-se contra Ele, lado, em um modelo de democracia repre-
o Filho de Deus, e opta por Barrabás, um sentativa, um povo suficientemente informa-
ladrão. do também é essencial para que existam ca-
Por outro lado, Gustavo Zagrebelsky nais sociais efetivos de controle do poder.
(1995, p. 118-119) mostra que a multidão que Na medida em que tais canais sociais de
gritava “crucifica-o!” era exatamente o con- controle são efetivos, maior é a chance de o
trário do que pressupõe uma democracia controle político do Parlamento também ser
fundada na razão, no diálogo e no entendi- efetivo.

10 Revista de Informação Legislativa


4. Mídia e função de controle para os rumos da política, do governo, até
porque, com freqüência, a televisão se exibe
Elemento essencial à efetividade dos ca- como porta-voz de uma opinião pública que
nais sociais de controle do poder é a mídia. é, na realidade, o eco de retorno da própria
A liberdade de expressão é inerente à voz (SARTORI, 1999, p. 46).
democracia, não só enquanto direito de ser Assim, tem razão Michelangelo Bovero
ouvido, mas, também, enquanto direito de (2002, p. 157): em uma sociedade complexa,
ouvir o que os outros têm a dizer. Somente o processo político decisório é também ele
assim é possível adquirir uma “compreen- necessariamente complexo. É ilusório pre-
são esclarecida” sobre os negócios públicos tender melhorar a qualidade democrática,
para, a seguir, sobre eles opinar e influir. simplificando o processo decisório, isto é,
(DAHL, 2001, p. 110). tornando-o direto ou menos indireto. Em
Os meios de comunicação contribuem verdade, “(...) talvez seja necessário torná-
para com a informação do cidadão e, em lo ainda mais complexo, acrescentando-lhe
conseqüência, para com o processo demo- mecanismos corretivos, de controle e de ga-
crático, difundindo opiniões. rantia (...)”.
Ainda assim, algumas advertências de- Essencial também é a existência de fon-
vem ser feitas em benefício da própria de- tes alternativas e independentes de infor-
mocracia. mação (DAHL, 2001, p. 111). Com efeito, “(...)
Primeiro. Há o risco de formação de “fá- uma das necessidades imperativas dos
bricas midiáticas de consenso”, isto é, um países democráticos é melhorar a capaci-
poder concentrado econômico e ideológico dade do cidadão de se envolver de modo
pode vir a condicionar, controlar, ou, até inteligente na vida política”. (DAHL,
mesmo, conquistar diretamente o governo. 2001, p. 207).
Isso pode originar uma telecracia política, em Os Parlamentos são, assim, indispensá-
que o eleitor, em vez de escolher, será es- veis enquanto espaços democráticos de de-
colhido, criado, moldado por aquele que bate e esclarecimento dos cidadãos, aptos a
está elegendo, em um mero rito de legiti- decantar, ao menos em parte, as deficiênci-
mação exterior. (BOVERO, 2002, p. 154- as e distorções inerentes ao debate, justa-
159). mente porque operados por atores que de-
Segundo. A mídia mais comum, ainda las têm plena consciência. Observa-se, nis-
hoje, é a televisão. Nela prevalece a imagem. so, uma outra – e muito importante – faceta
O ser humano é dito homo sapiens em razão do controle político levado a efeito pelos
da sua capacidade simbólica, da sua capa- Parlamentos.
cidade de abstração decorrente da lingua-
gem (SARTORI, 1999, p. 5-7). Com a televi- 5. Função de controle do
são, há uma ampliação dos contatos e das Congresso Nacional
trocas. No entanto, como a televisão se fun-
da, sobretudo, na imagem, há um claro em- A Constituição de 1988 confere, com ên-
pobrecimento do entender, da compreensão fase, a função de controle político ao Con-
(SARTORI, 1999, p. 20). Enquanto a capaci- gresso Nacional.
dade simbólica distancia o homo sapiens do Em seu art. 49, X, dispõe:
animal, o ver o avizinha da sua capacidade “É da competência exclusiva do
ancestral (SARTORI, 1999, p. 8). O crescer Congresso Nacional: (...) fiscalizar e
vendo sem entender origina um novo tipo controlar, diretamente, ou por qual-
de ser humano, o homo videns (SARTORI, quer de suas Casas, os atos do Poder
1999, p. 14). A influência da televisão sobre Executivo, incluídos os da adminis-
a opinião pública pode ser determinante tração indireta”.

Brasília a. 42 n. 168 out./dez. 2005 11


Diversos são os mecanismos de controle 5.2. Convocação de ministros e
político constantes da Constituição. Vale pedido de informações
destacar alguns deles.
O constitucionalismo brasileiro pratica,
5.1. Sustação de atos normativos ainda, outras formas de controle político do
do Poder Executivo poder, como, por exemplo, a convocação de
Ministros de Estado ou quaisquer titulares
A Constituição permite ao Congresso
de órgãos diretamente subordinados à Pre-
Nacional, em seu art. 49, V, sustar – por meio
sidência da República para prestarem, pes-
de decreto legislativo – atos normativos do
soalmente, informações sobre assunto pre-
Poder Executivo que exorbitem do poder re-
viamente determinado, importando crime de
gulamentar ou dos limites de delegação le-
responsabilidade a ausência sem justifica-
gislativa.
ção adequada2, bem assim a eles encami-
No entanto, trata-se de instrumento de
nhar pedidos escritos de informações 3.
pouquíssima prática. Foi utilizado – ou
melhor, o seu correlato estadual foi utiliza- 5.3. Tribunal de Contas da União
do – pela Assembléia Legislativa do Estado
Vale lembrar, também, o importante pa-
do Rio Grande do Sul para sustar Decreto
pel do Tribunal de Contas da União. A teor
do então Governador Alceu Collares que
dos arts. 70 e 71 da Constituição de 1988, a
instituía o chamado “calendário rotativo”.
fiscalização contábil, financeira, orçamen-
De toda sorte, o Supremo Tribunal Federal
tária, operacional e patrimonial da União e
declarou inconstitucional a sustação alu-
das entidades da administração direta e in-
dida ao entendimento de que o Decreto
direta, quanto à legalidade, legitimidade,
sustado ajustava-se aos limites do poder
economicidade, aplicação das subvenções
regulamentar do Poder Executivo estadu-
e renúncia de receitas, será exercida pelo
al 1.
Congresso Nacional, mediante controle ex-
Portanto, ainda que se trate de um con-
terno que será exercido com o auxílio do
trole político, a sustação somente pode ser
Tribunal de Contas da União.
levada a efeito quando houver “(...) o des-
O Tribunal de Contas da União pode,
bordamento, pelo Executivo, do poder regu-
por exemplo, aplicar as sanções previstas
lamentar ou dos limites da delegação legis-
em lei4 e sustar a execução do ato impugna-
lativa”. (FERRAZ, 1994, p. 62).
do quando o órgão ou entidade responsá-
Recentemente, tramitou no Senado
vel não adotar, no prazo assinalado, as pro-
Federal o Projeto de Decreto Legislativo no
vidências necessárias ao exato cumprimen-
139, de 30 de março de 2005, que “susta a
to da lei5.
aplicação dos incisos V e VI do art. 2o do
Decreto no 5.392, de 10 de março de 2005, 5.4. Comissões parlamentares de inquérito
que ‘declara estado de calamidade pública
no setor hospitalar do Sistema Único de Saú- As comissões parlamentares de inquéri-
de no Município do Rio de Janeiro, e dá ou- to, previstas no § 3 o do art. 58 da Constitui-
tras providências’, do Poder Executivo”. No ção de 1988, em muito ajudam a tornar efeti-
entanto, antes de aprovado o projeto, o Su- va a função de controle político do Poder
premo Tribunal Federal declarou inconsti- Legislativo pátrio.
tucional o Decreto presidencial referido, im- A teor da Constituição, as comissões
pugnado que foi no Mandado de Seguran- parlamentares de inquérito têm poderes de
ça n o 25.295-2/DF, Relator o Ministro Joa- investigação próprios das autoridades ju-
quim Barbosa, julgado em 20 de abril de diciais, são criadas por uma ou por ambas
2005, o que tornou desnecessário o projeto as Casas congressuais6, mediante requeri-
aludido. mento de um terço de seus membros, para a

12 Revista de Informação Legislativa


apuração de fato determinado e por prazo (6) a elas não cabe cuidar do cumprimen-
certo. Se for o caso, suas conclusões são en- to de pena ou de prisão cautelar, sem preju-
caminhadas ao Ministério Público, “para ízo de – quando a testemunha cala a verda-
que promova a responsabilidade civil ou de, agrava a comissão com gestos indecen-
criminal dos infratores”. tes ou, até mesmo, a desacata – tomar ade-
O Supremo Tribunal Federal, no Habeas quadas e imediatas providências, sem em-
Corpus n o 71.039-5/RJ, Relator o Ministro bargo da ulterior remessa dos autos ao Mi-
Paulo Brossard, julgado em 7 de abril de nistério Público para os fins de direito;
1994, fixou os elementos principais que, até (7) se a pessoa é ouvida como indiciada,
hoje, orientam a jurisprudência da Corte em o será “nos termos e na forma da lei”, isto é,
matéria de comissões parlamentares de in- terá o direito de permanecer calado (art. 186
quérito. do Código de Processo Penal) para não se
Vale registrá-los: auto-incriminar.
(1) destinam-se a apurar fatos relaciona- No entanto, em se tratando de testemu-
dos com a administração pública para co- nha, adverte o Ministro Paulo Brossard, o
nhecer situações que requeiram disciplina Poder Judiciário deve ser prudente “(...) para
legal, bem assim verificar os efeitos de certa evitar que a pessoa venha a obter HC para
legislação, sua excelência, inocuidade ou calar a verdade, o que é modalidade de fal-
nocividade; so testemunho”. Com efeito, com muita fre-
(2) não se destinam a apurar crimes nem qüência, os implicados nas investigações de
a puni-los. No entanto, se no curso de uma uma comissão parlamentar de inquérito
investigação, constatam possível crime, dele impetram habeas corpus no Supremo Tribu-
darão ciência ao Ministério Público, para nal Federal para comparecerem perante ela
os fins de direito, como qualquer autorida- na condição de investigados, não de teste-
de, e mesmo como qualquer do povo; munhas.
(3) podem fazer uso dos meios instru- Os poderes das comissões parlamenta-
mentais necessários a tornar efetivos os seus res de inquérito são a elas inerentes e decor-
poderes investigatórios, poderes esses que rem do seu próprio fundamento constituci-
prestam auxílio necessário ao poder de le- onal. Para exercê-los, não dependem do Exe-
gislar; cutivo ou do Judiciário, ainda que façam uso,
(4) têm poderes limitados a fatos deter- por exemplo, da Polícia Federal, do Banco
minados, mas fatos outros, inicialmente Central do Brasil e de outros órgãos e enti-
imprevistos, podem ser aditados aos objeti- dades para a realização de determinadas
vos da comissão já em ação; diligências (aí incluídas quebras de sigilos
(5) podem “(...) colher depoimentos, ou- bancário, telefônico e fiscal). Mas o fazem
vir indiciados, inquirir testemunhas, notifi- por seu próprio poder. Não precisam de or-
cando-as a comparecer perante ela e a de- dem judicial. Do contrário, conforme ensi-
por; a este poder corresponde o dever de, na – com precisão – o Ministro Paulo Bros-
comparecendo a pessoa perante a comissão, sard, uma comissão parlamentar de inqué-
prestar-lhe depoimento, não podendo calar rito “não poderia funcionar senão amparada
a verdade. Comete crime a testemunha que nas muletas que lhe fornecesse outro Poder, o
o fizer. (...) Também pode requisitar docu- que contraria a lógica das instituições”.
mentos e buscar todos os meios de provas Outrossim, a teor da jurisprudência do
legalmente admitidos”. Por outro lado, a tes- Supremo Tribunal Federal, a instalação de
temunha pode invocar sigilo profissional, uma comissão parlamentar de inquérito é
que “tem alcance geral e se aplica a qual- direito das minorias que não pode ser obsta-
quer juízo, cível, criminal, administrativo ou culizado se acaso alcançado o terço constitu-
parlamentar”; cional requerido para a criação da comissão7.

Brasília a. 42 n. 168 out./dez. 2005 13


Se acaso não fosse assim, fazer oposição são do projeto de lei orçamentária e da con-
seria mera ilusão e a minoria parlamentar versão em lei de medida provisória.
não teria razão de ser, o que vai de encontro A repetição anual da discussão do orça-
à própria democracia. No limite, com o do- mento é um momento importante da função
mínio indefinido da maioria sobre a mino- de controle político, “(...) pois submete à vi-
ria, essa acabaria se retirando, cedo ou tar- gilância parlamentar a realidade global do
de, do jogo parlamentar. programa anual do Governo e oferece oca-
Daí a sempre atual lição de Hans Kelsen sião para um debate geral acerca das finali-
(1993, p. 69-70): dades da ação do Executivo”. (COTA, 2000,
“(...) Uma ditadura da maioria so- p. 886).
bre a minoria não é possível, a longo A conversão em lei da medida provisó-
prazo, pelo simples fato de que uma ria é, também, momento em que o Congres-
minoria, condenada a não exercer so Nacional exerce estreito controle político
absolutamente influência alguma, sobre a decretação de urgência adotada pelo
acabará por renunciar à participação Presidente da República. Diversos são os
– apenas formal e por isso, para ela, significados da conversão em lei (AMARAL
sem valor e até danosa – na formação JÚNIOR, 2004, p. 293-300), alguns dos quais
da vontade geral, privando, com isso, configuram nítido controle político do Po-
a maioria – que, por definição, não é der Legislativo sobre o Poder Executivo:
possível sem a minoria – de seu pró- (1) a lei de conversão da medida provi-
prio caráter de maioria. (...)” sória – ao transformar o ato legislativo do
Portanto, as comissões parlamentares de governo em um do Parlamento – recupera,
inquérito atuam, também, como efetivo meio ao menos em parte, um dos ideais de
de controle político do governo do dia por Montesquieu (1995, p. 119), qual seja, a lei
parte da minoria, da oposição, o que é im- não pode ser aplicada pela mesma autori-
prescindível à democracia. dade ou órgão que a fez;
Enfim, surge, aqui, uma vez mais, como (2) integra diferentes grupos parlamen-
fator de controle e de estímulo aos trabalhos tares na formação definitiva da vontade le-
das comissões parlamentares de inquérito, gislativa do Estado, o que ganha ainda mais
a mídia. Não raro, a mídia toma a frente dos importância em um sistema de governo pre-
trabalhos, antecipando e pautando os tra- sidencialista (em que não se presume o apoio
balhos das comissões. É verdade que há ris- de uma maioria parlamentar ao governo do
cos nisso. No entanto, o acompanhamento dia);
da mídia é natural e inerente à democracia e (3) demonstra que a Constituição confe-
constrange soluções heterodoxas8. Faz par- re a potestade de legislar, com primazia, ao
te do amadurecimento de uma cultura de- Poder Legislativo, porque a esse e à lei não
mocrática. Ademais, a experiência brasilei- são opostos os requisitos de relevância e
ra em comissões parlamentares de inquéri- urgência (exigidos que são da medida pro-
to registra saldo positivo9 que, talvez, não visória e do Presidente da República), bem
houvesse sido obtido sem a cobertura de assim militam contra a medida provisória
mídia. as cautelas que cercam o processo de con-
versão em lei;
5.5. Orçamento e conversão em (4) rejeitada a medida provisória, é dado
lei de medida provisória ao Congresso Nacional dispor sobre os seus
Há momentos em que a atividade legis- efeitos por meio de decreto legislativo10.
lativa do Congresso Nacional adquire níti- A rejeição da medida provisória é, em si
da conotação de controle político do Poder mesma, um controle político. É verdade que
Executivo. É o caso, por exemplo, da discus- não implica a queda do governo do dia.

14 Revista de Informação Legislativa


Mesmo em sistemas parlamentaristas, como impeachment, “(...) tal como foi gizado pelo
o italiano, a rejeição do decreto-legge não gera constituinte [americano – nota nossa], pa-
a automática queda do Conselho de Minis- rece ter sido surpreendido numa posição in
tros italiano (VIESTI, 1967, p. 208-209), em fieri, situado entre o que era e o que viria a
que pese minar a força e a credibilidade do ser. (...) A solução americana, enclausurada
governo (PALADIN, 1998, p. 399), poden- pela codificação, fixa um instante da evolu-
do, até mesmo, em alguns casos, prenunci- ção institucional britânica, que prosseguiu
ar a sua queda. Foi o que experimentou – em e foi além da fórmula legislada”. (PINTO,
novembro e dezembro de 1958 – o Gabinete 1992, p. 32-33).
Fanfani, que caiu após a rejeição de três O constituinte americano “fotografou”
decreti-legge relativos à tributação da gasoli- um específico momento evolutivo das insti-
na e do gás liquefeito (RUFFÌA, 1965, p. 500). tuições inglesas, qual seja, a tripartição de
A teor do art. 94, IV, da Constituição italiana poderes, aí incluído o impeachment11. Esse
de 1947, “o voto contrário de uma ou de am- conjunto foi copiado pela Constituição bra-
bas as Câmaras sobre uma proposta do Go- sileira de 1891. Por fatores que escapam aos
verno não importa obrigação de demissão”. limites do presente estudo, o constituciona-
lismo americano não acompanhou a evolu-
5.6. Impeachment ção subseqüente das instituições inglesas,
No sistema de governo presidencialista, aquela em que a responsabilidade política
o mais drástico controle político confiado do governo perante o Parlamento – muito
ao Parlamento contra o Poder Executivo é o mais rápida e menos traumática – tornou
impeachment do Presidente da República. obsoleto o impeachment12. No caso do consti-
O instituto tem origem no Direito inglês, tucionalismo brasileiro, não houve falta de
nos séculos XIII e XIV, e a ele estavam sujei- evolução, mas, sim, retrocesso, porque, ao
tos todos os súditos do reino, exceto a Coroa menos no II Império, a prática institucional
(PINTO, 1992, p. 24). A Câmara dos Lordes pátria já conhecia a responsabilidade do
julgava “(...) a acusação dos Comuns com governo perante o Parlamento...13
jurisdição plena, impondo livremente toda
sorte de penas, até a pena capital (...)”. Conclusão
(PINTO, 1992, p. 26).
Apoiado na lição de Jean Vilbois, Paulo A função de controle político dos Parla-
Brossard de Souza Pinto (1992, p. 26) regis- mentos vem desde os primórdios das insti-
tra que, a partir da vitória do Parlamento tuições parlamentares. Foi ofuscada, é ver-
inglês sobre o poder real em 1688, até a con- dade, pela função legislativa. No entanto,
solidação da prática do governo de Gabine- posteriormente, com a progressiva partici-
te, o impeachment perdeu, paulatinamente, pação dos governos na potestade de legis-
utilidade e, enfim, foi substituído pela respon- lar, essa também ficou esmaecida no âmbito
sabilidade política que constitui a essência parlamentar.
do governo parlamentar. “E quando, em 1848, Por outro lado, a paulatina dependên-
foi intentado contra Lord Palmerston, Robert cia dos governos em relação aos Parlamen-
Peel pôde dizer aos Comuns que ‘the days of tos, mormente nos sistemas de governo par-
impeachment are gone’, e esta é a conclusão lamentaristas, propiciou um nítido revigo-
da generalidade dos autores.” (PINTO, ramento da função parlamentar de controle
1992, p. 30). político.
A Constituição brasileira de 1891 inspi- Com efeito, tal como havida nos siste-
rou-se na Constituição americana de 1787 mas de governo parlamentaristas, a respon-
que, por sua vez, tomou como modelo a prá- sabilidade política do governo perante o
tica e a experiência inglesas. No entanto, o Parlamento é o mais vigoroso mecanismo

Brasília a. 42 n. 168 out./dez. 2005 15


de controle político desse contra aquele. O 10
§ 3o do art. 62 da Constituição de 1988,
governo assume postura pró-ativa, inclusi- acrescentado pela Emenda Constitucional no 32,
de 2001.
ve legislativa, e o Parlamento lhe confere le- 11
Montesquieu (1995, p. 123) assim descrevia
gitimidade e o fiscaliza, controla. Em situa- o impeachment inglês: “Poderia ainda ocorrer que
ções limites de conflito entre os dois, “(...) a algum cidadão, nos negócios públicos, violasse os
negação de confiança é a forma mais drásti- direitos do povo, cometendo crimes que os magis-
ca de ação do Parlamento sobre o Gover- trados estabelecidos não saberiam ou não poderi-
am punir. Porém, em geral, o poder legislativo não
no”. (COTA, 2000, p. 886). pode julgar e o pode ainda menos neste caso espe-
No caso brasileiro, não obstante o siste- cífico, em que representa a parte interessada que é
ma de governo presidencialista, a função de o povo. Assim, o poder legislativo só pode ser acu-
controle político tem sido o grande alento sador. Mas diante de que ele acusaria? Rebaixar-
do Congresso Nacional. Muitos resultados se-ia diante dos tribunais da lei que lhe são inferio-
res e compostos, além disso, de pessoas que, sendo
positivos já foram colhidos do seu exercício povo como ele, seriam impressionadas pela autori-
em favor da democracia. No entanto, somen- dade de tão poderoso acusador? Não; para conser-
te com uma profunda reengenharia do sis- var a dignidade do povo e a segurança do indiví-
tema de governo pátrio será possível ampli- duo, é mister que a parte legislativa do povo faça
ar em efetividade o controle político do Con- suas acusações diante da parte legislativa dos no-
bres, a qual não possui nem os mesmos interesses
gresso. Em outras palavras: somente com a que ele, nem as mesmas paixões.” Montesquieu
submissão do governo ao Congresso, fazen- exerceu evidente influência sobre os “pais funda-
do aquele politicamente responsável peran- dores” norte-americanos. É expressamente citado
te esse, haverá verdadeiro aprimoramento e no Federalista (nos 9, 43, 47 e 78). No Federalista no
fortalecimento da função de controle políti- 47, Montesquieu é referido como “oráculo” da or-
ganização dos poderes.
co das Casas legislativas brasileiras. 12
A propósito, Dahl (2003, p. 45-52).
Perdendo o governo a confiança do Par- 13
“Trazendo de países distantes nossas formas
lamento, aquele cai, sem os traumas alon- de convívio, nossas instituições, nossas idéias, e
gados no tempo próprios do impeachment. timbrando em manter tudo isso em ambiente mui-
Se acaso houver, no processo de conflito tas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje
uns desterrados em nossa terra.” (HOLANDA,
entre o governo e o Parlamento, antecipa- 1995, p. 31).
ção de eleições, como é próprio do parla-
mentarismo, melhor ainda: quanto mais fre-
qüentes são as eleições, maior é o controle
dos cidadãos sobre os funcionários eleitos. Referências
(DAHL, 2001, p. 110).
AMARAL JÚNIOR, José Levi Mello do. Medida pro-
visória e a sua conversão em lei. São Paulo: Revista dos
Notas Tribunais, 2004.
BOVERO, Michelangelo. Contra o governo dos piores:
1
STF, ADI no 748-3/RS, Tribunal Pleno, Rel.: uma gramática da democracia. Rio de Janeiro:
Min. Celso de Mello, DJ de 6.11.1992. Campus, 2002.
2
Art. 50, caput, da Constituição de 1988.
CAGGIANO, Mônica Herman Salem. Direito par-
3
Art. 50, § 2o, da Constituição de 1988.
lamentar e direito eleitoral. São Paulo: Manole,
4
Art. 71, VIII.
2004.
5
Art. 71, IX e X.
6
“CPIs mistas” ou, conforme o jargão parla- COTA, Maurizio. Verbete Parlamento. In: BOBBIO,
mentar, CPMIs. N. Dicionário de política. 5. ed. Brasília: Editora da
7
STF, Mandado de Segurança no 24.831-9/DF, UnB; São Paulo: Imprensa Oficial, 2000. v. 2.
Tribunal Pleno, Relator o Ministro Celso de Mello,
julgado em 22 de junho de 2005. DAHL, Robert. Quanto è democratica la Costituzione
8
As chamadas “pizzas”. americana?. Laterza: Roma-Bari, 2003.
9
Vejam-se os casos Paulo César Farias, Anões ______. Sobre a democracia. Brasília: UnB, 2001.
do Orçamento, etc.

16 Revista de Informação Legislativa


FERRAZ, Anna Cândida da Cunha. Conflito entre PINTO, Paulo Brossard de Souza. O impeachment:
poderes: o poder congressual de sustar atos norma- aspectos da responsabilidade política do presiden-
tivos do poder executivo. São Paulo: Revista dos te da república. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1992.
Tribunais, 1994.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social: prin-
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Do processo cípios do direito político. São Paulo: Martins Fon-
legislativo. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. tes, 2003.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. RUFFÌA, Paolo Biscaretti di. Diritto costituzionale.
26. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 7. ed. Nápoles: Jovene, 1965.
KELSEN, Hans. Essência e valor da democracia. ______. Introducción al derecho constitucional compa-
In: ______. A democracia. São Paulo: Martins Fon- rado. México: Fondo de Cultura Económica, 2000.
tes, 1993.
SARTORI, Giovanni. Homo videns. Roma-Bari: La-
MARKOFF, John. Olas de democracia: movimientos terza, 1999.
sociales e cambio político. Tecnos: Madrid, 1996.
VIESTI, Giuseppe. Il decreto-legge. Nápoles: Jovene,
MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondat, Ba- 1967.
ron de la Brède et de. O espírito das leis. Tradução de
ZAGREBELSKY, Gustavo. Il “Crucifige!” e la demo-
Fernando Henrique Cardoso e Leôncio Martins Ro-
crazia. Turim: Einaudi, 1995.
drigues. Brasília: Editora da UnB, 1995.
PALADIN, Livio. Diritto costituzionale. 3. ed. Pado-
va: CEDAM, 1998.

Brasília a. 42 n. 168 out./dez. 2005 17


18 Revista de Informação Legislativa

Você também pode gostar