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A IMPORTÂNCIA DA BOA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO

INFANTIL
Boa parte das igrejas evangélicas não dá o devido valor às crianças, por isso não as
tratam como uma prioridade. Spurgeon afirmou que “Uma criança de cinco anos, se
ensinada adequadamente, pode crer para a salvação tanto quanto um adulto. Estou
convencido de que os convertidos de nossa igreja que se decidiram quando crianças
são os melhores crentes. Julgo que são mais numerosos e genuínos do que qualquer
outro grupo, são mais constantes,e, ao longo da vida, os mais firmes”1.
D.L. Moody que também fora obreiro da Escola Bíblica Dominical disse que “Há muita
desconfiança na igreja de hoje quanto a conversão de crianças. Poucos crêem que elas
podem ser salvas; mas, louvado seja o Senhor, esta mentalidade já está modificando –
uma luz começa a brilhar2.“ Um ministério eficiente com crianças exige um
entendimento adequado das necessidades de cada faixa etária.

1. O Propósito do ensino
O propósito do ensino é levar os cristãos a maturidade espiritual. Então, o ensino da
Palavra de Deus para as crianças tem como objetivo o indivíduo, pois sem alunos o
mestre não pode desenvolver o seu ministério. Diz o pastor Antônio Gilberto que o
aluno é a matéria prima da Escola Dominical; e mais: se o professor, quiser ter êxito
deve estudar não só a lição, mas também o aluno3.

2. O alvo do ensino
Porque o ensino deve ter alvos? O alvo cria a ponte entre a aprendizagem do aluno e
o que é ensinado na aula. O que é um alvo?
1. Um alvo indica em termos gerais o que o aluno deve aprender.
2. Um alvo explica o que deve acontecer no aluno.
3. Um alvo indica que mudança deve acontecer na vida do aluno.
4. Ao fixar um alvo deve ter em mente o que quer que os alunos:
 Saibam
 Sintam
 Façam
É melhor ter um alvo apenas e se for preciso ensiná-lo de dez maneiras diferentes do
que tentar estabelecer 3 ou 4 alvos ao mesmo tempo. É impraticável ensinar muitas
verdades numa mesma lição.

3. A preparação do professor de crianças


O termo “mestre” (Gr. didaskalos) se refere a aqueles que são aptos para ensinar, que
com o auxilio do Espírito Santo, ensinam aos crentes em suas reuniões (1 Co 12.28; Ef
4.11; At 13.1). É evidente que o mestre eficiente nunca vai deixar de ser aluno, porque
quanto mais aprende na Palavra de Deus, mais profundo será o seu ensino.
O ensino requer dom de Deus (Rm 12.6,7; 1Co 12.28; Ef 4.11). A pessoa não é
mestre simplesmente por habilidade ou inclinação natural, mas acima de tudo porque
recebeu o dom, o mestre é uma dádiva de Cristo à sua Igreja. A aula torna-se
realmente marcante no coração do aluno se for ministrada na unção do Espírito Santo.
1 Citado por Claudionor C. de Andrade – Manual do Superintendente da Escola Dominical, pág. 28-29
2 Ibid, pág. 29
3 Manual da Escola Bíblica Dominical, pág. 220
Somente na dependência total do Espírito de Deus em oração e comunhão com o
Senhor é que o professor receberá autoridade do alto para ensinar com eficiência a
Palavra de Deus.
a) O professor precisa conhecer o que vai ensinar
Quando a Bíblia é ensinada de forma superficial as pessoas, inclusive as crianças, não
ficam achando que o professor é monótono, mas que Deus é monótono. Rick Warren
disse que “Jesus ensinou verdades profundas de forma simples. Hoje ensinamos
verdades simples de uma forma profunda.4”
O bom professor é aquele que almeja a excelência do ensino e se empenha em
alcançá-la. Tem que ser como o apóstolo Paulo exortou: "...o que ensina, esmere-se no
fazê-lo" (Rm 12.7). Paulo recomenda àquele que ensina a dedicação total nesse
ministério. Dedicação que resultará num progresso constante do professor, quer seja
em relação à habilidade no ensino e crescimento espiritual de seus alunos; quer seja
em relação a sua própria vida cristã.

b) O professor da escola dominical deve viver o que ensina.


A classe nunca deve ser subestimada (muito menos a dos pequeninos). Ela saberá se
o professor está sendo sincero no que diz. Saberá também se o professor está
preparado adequadamente para a aula.
Fazer pesquisas de última hora e preparar a aula às pressas nunca dá certo. Quando o
professor não se esforça para fazer o melhor, ele não apenas desrespeita seus alunos
como peca contra Deus.

c) O professor da escola dominical deve conhecer seus alunos


Ele nunca deve acreditar que basta, por exemplo, pegar a revista e ensinar o que
está ali, por melhor que seja o seu trabalho de pesquisa. O professor da escola
dominical deve conhecer a sua classe, cada um de seus alunos. É importante que o
professor conheça seus alunos, até mesmo para uma transmissão mais natural e eficaz
de sua aula. Para ser um professor eficiente, não basta dominarmos o conteúdo a ser
ministrado. Precisamos também conhecer aqueles a quem iremos ensinar.

d) O professor da escola dominical deve avaliar o desempenho dos seus


alunos
A maneira como os alunos aprendem deve determinar a maneira como ensinamos.
Não se avalia a nossa eficiência pelo que fazemos, mas pelo que nossos alunos fazem.
O ensino bíblico é revolucionário e leva professor e aluno ao processo contínuo do
crescimento. Interessante é notar que até Jesus cresceu, o que incentiva professor e
aluno a desenvolver-se e crescer espiritualmente. Lucas apresenta como se deu o
processo de crescimento na pessoa de Cristo. “E crescia Jesus em sabedoria, estatura
e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2.52). O Senhor Jesus cresceu em quatro
áreas:
a) Em sabedoria – crescimento intelectual;
b) Em Estatura – crescimento físico;
c) Em graça diante de Deus - Desenvolvimento espiritual;
d) Em graça diante dos homens – Desenvolvimento social e emocional.

4 Uma igreja com propósitos, pág. 282


e) O professor da escola dominical deve saber se comunicar com o aluno
Para que haja comunicação e necessário que se estabeleçam pontes de ligação
entre o comunicador e o receptor. A linguagem usada no ensino precisa ser comum ao
professor e ao aluno. Ensino é atividade centralizada no professor, isto é, a transmissão
da matéria. Aprendizagem é centralizada no aluno, isto é, a retenção da lição. Ensino e
Aprendizagem é a comunicação entre aluno e professor. Entre receptor e emissor.
A grande tarefa do professor é derrubar barreiras existentes na comunicação. Se o
receptor não entendeu a comunicação, a culpa não é do receptor, e sim do emissor. Se
o aluno não entendeu determinado assunto a culpa é do professor. Mas e se ele não
estava prestando atenção? A culpa continua sendo professor: ele tem que conseguir
prender a atenção do aluno.
Precisamos eliminar os fatores que provocam desconcentração. Fazer com que nos
digam o que está aprendendo e como podem aplicar a lição em suas vidas.

4. As necessidades da criança
Um professor preparado para sua tarefa educativa não deve perder de vista as
caracreristicas da criança. E como são estas crianças a quem o professor deverá
ministrar? Charles Colson referindo-se a educação moderna diz que “a rejeição da visão
bíblica da queda tem levado a métodos educacionais irreais e inexecutáveis que não se
sensibilizam as necessidades de nossas crianças quanto a direção moral... Se a
compreensão errônea da queda enfraqueceu a educação, o que dizer dos efeitos de
uma doutrina errônea acerca da redenção?” 5. John Milton, o autor de “O Paraíso
Perdido” disse que a meta do aprendizado é “reconstruir as ruínas de nossos primeiros
pais.6” Além destas características e necessidades especificas, as crianças têm
necessidades gerais, que o professor da Escola Bíblica Dominical deve visar quando
ensina a Palavra de Deus:
a) A criança precisa de amor – De atenção a criança, ouça-a quando ela falar. Fique
sempre ao nível de visão da criança. Mantenha a criança motivada. Abrace, toque a
criança para demonstrar amor. As crianças devem entender o amor incondicional de
Deus, exemplificado pelos pais, igreja e professores.
b) A criança precisa de segurança – Seja coerente com a criança, oriente-a ao
cuidado providencial do Senhor
c) A criança precisa de aceitação – Aceite a criança mesmo que muitas vezes você
não aceite o seu comportamento. Seja sempre o modelo do comportamento que você
espera de suas crianças.
d) A criança precisa de disciplina – Elogie e incentive os seus alunos, mas imponha
limites, permitindo que as crianças experimentem as conseqüências do mau
comportamento.
d) A criança precisa ser valorizada - Nunca dê apelidos às crianças. Lide com o mau
comportamento sempre em particular e nunca na frente da classe.
e) O ensino para as crianças deve ter propósitos definidos - Apresentar as
crianças a Bíblia Sagrada como a Palavra de Deus. É muito importante lançar os
fundamentos para o entendimento das doutrinas bíblicas fundamentais ao nível
intelectual e espiritual das crianças, e com isso levá-las a Cristo. Pais e professores

5 E agora, como viveremos?, pág. 397


6 E agora, como viveremos?, pág. 398
precisam avaliar o ensino ministrado, atentando para seus pontos fracos e fortes com
vistas ao seu aperfeiçoamento constante.
Avaliando o ministério infantil
O ministério infantil pode ser fascinante e recompensador a medida que o professor ver
seus pequeninos envolvidos com a Palavra de Deus. Abaixo alistamos algumas
perguntas que podem ser úteis ao professor que deseja honestamente avaliar seu
trabalho
 Minha aula foi interessante, motivou a criança?
 As necessidades dos alunos foram satisfeitas?
 Fui amável em minhas respostas as crianças?
 Busquei e consegui o melhor dos alunos na aula de hoje?

Paulo André Barbosa, pastor vice-presidente da AD Guaíba/RS, professor de Teologia


Bíblica e Sistemática do Instituto Bíblico Esperança, Porto Alegre/RS, escritor e
conferencista.

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