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Livro Métodos Clássicos em EDP PDF
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EM
EM
Richard Feymman
(Prêmio Nobel de Fı́sica)
PREFÁCIO
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂ 2 u
(1) − ; + ; − ,
∂y 2 ∂x2 ∂y 2 ∂x2 ∂y ∂x2
são reencontrados por meio do estudo geral do operador diferencial parcial linear, de
segunda ordem, no plano R2 , isto é:
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(2) a + 2b + c ,
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
sendo a(x, y), b(x, y), c(x, y) funções reais definidas em um aberto Ω do plano R2 .
Quando os operadores diferenciais (1) são realizados, representando problemas
da Fı́sica a variável y é o tempo denotado por t. Retornando ao citado livro da LTC, os
operadores (1) seriam, da esquerda para a direita, o de vibrações transversais de uma
corda elástica (d′ Alembert 1717-1783); o operador do potencial (Laplace 1749-1827) e
o operador do calor (Fourier 1768-1830). Em dimensões do espaço superiores a dois,
modelam uma grande variedade de problemas da Ciência em geral. No presente texto
eles aparecem como formas canônicas das equações hiperbólicas, elı́ticas e parabólicas.
x
∂ 2u ∂ 2 u
y + 2,
∂x2 ∂y
SUMÁRIO
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(1) Lu = a(x, y) + 2b(x, y) + c(x, y) ,
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
sendo a(x, y), b(x, y), c(x, y) funções reais definidas e regulares em Ω. O domı́nio de L é o
espaço vetorial real C 2 (Ω) de todas as funções reais em Ω e aı́ duas vezes continuamente
diferenciáveis. Tem-se que L é um operador linear, isto é, para todo par de funções
u, v ∈ C 2 (Ω) e todo par de números reais α, β ∈ R, tem-se:
Definição 2. Denomina-se solução de (3) a uma função u(x, y), de classe C 2 (Ω), tal
que a igualdade (3) seja verificada pontualmente em Ω.
2
γ : x = ϕ(t) y = ψ(t) 0 ≤ t ≤ 1.
dU dV ∂ 2u
Portanto, são conhecidas as derivadas e . Assim, as derivadas segundas ,
dt dt ∂x2
∂ 2u ∂ 2u
e são determinadas, sobre γ, por meio do sistema:
∂x∂y ∂y 2
dU ∂2u ◦ ∂ 2u ◦
= ϕ + ψ
dt ∂x2 ∂x∂y
∂V ∂ 2u ◦ ∂ 2u ◦
(5) = ϕ+ 2 ψ
∂t ∂x∂y ∂y
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
a
∂x2 + 2b ∂x∂y + c ∂y 2 = F x, y, u ∂x , ∂y
Observe, uma vez mais, que (5) está sendo considerado sobre a curva γ, isto é, para
x = ϕ(t), y = ψ(t).
A matriz do sistema (5) é:
◦ ◦
ϕ ψ 0
◦
◦
0 ϕ ψ
a 2b c
Definição 3.
i) Denomina-se curva caracterı́stica para a equação Lu = F , a curva γ sobre a
qual δ = 0, isto é,
◦ ◦◦ ◦
(6) cϕ2 − 2bϕψ + aψ 2 = 0.
Proposição 1.
i) Se a 6= 0 sobre γ, as curvas caracterı́sticas de L são as soluções da equação
diferencial ordinária:
2
dy dy
(7) a − 2b + c = 0.
dx dx
Demonstração:
i) De fato, suponha que γ seja uma curva caracterı́stica para a equação Lu = F ,
◦
e a(ϕ(t), ψ(t)) 6= 0 em t0 . Esta hipótese implica em ϕ(t) 6= 0 em uma vizinhança de t0 .
Realmente, sendo γ caracterı́stica para Lu = F , obtém-se:
◦ ◦◦ ◦
(9) cϕ2 − 2bϕψ + aψ 2 = 0 sobre γ.
5
◦ ◦
Seja ϕ(t) = 0 em uma vizinhança de t0 . Da equação (9) deduz-se que ψ(t) = 0 nesta
◦ ◦
vizinhança, contrariando a hipótese feita sobre γ de ser ϕ2 + ψ 2 > 0 em 0 ≤ t ≤ 1.
◦
Logo ϕ(t) 6= 0 em todo ponto t onde γ é definida. Sendo o coeficiente angular da reta
◦
ψ(t)
tangente a γ dado por ◦ , deduz-se que γ não possui tangente vertical em cada um
ϕ(t)
de seus pontos. Resulta, daı́, que γ é definida por uma função y = f (x) e suas equações
paramétricas podem ser escritas sob a forma seguinte:
γ : x = x, y = f (x),
◦◦
(10) 2bϕψ = 0 sobre γ.
Deve-se ter b 6= 0, pois se assim não fôsse, não existiria o problema a estudar, isto é, L
seria o operador nulo. Logo, de (10), conclui-se que as caracterı́sticas de Lu = F são
x = cst e y = cst.
Exemplos
1. Considere o operador
∂ 2u ∂ 2u
Lu = − ·
∂y 2 ∂x2
Tem-se a = −1, b = 0, c = 1.
6
2
dy
− +1 =0
dx
ou y = x + k, y = −x + k.
Note que o operador deste exemplo aparece no estudo das vibrações transversais de uma
corda elástica.
2. Considere o operador
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
Lu = + 2 + ·
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
2
dy dy
porque a = b = c = 1. Este operador fatora-se em −1 = 0, obtendo-se =1
dx dx
cuja solução são as retas y = x + k.
∂ 2u ∂ 2u
Lu = + 2·
∂x2 ∂y
As caracterı́sticas de Lu = F , são
2
dy
+ 1 = 0,
dx
7
porque a = c = 1 e b = 0. As soluções desta equação não são reais. Elas são dadas por
y = ix, y = −ix, sendo i2 = −1.
∂ 2u
4. Considere o operador Lu = , no qual a = 1, b = c = 0. As caracterı́sticas
∂x2
de Lu = F são soluções da equação
2
dy
= 0,
dx
isto é, a famı́lia de retas y = k, sendo k um número real. O operador L aparece nos
problemas unidimensionais de transferência de calor.
y = −x + k.
∂u ∂ 2 u
β) Lu = − = F , possui uma única famı́lia de caracterı́sticas, y = k.
∂y ∂x2
∂ 2u ∂ 2u
γ) Lu = + 2 = F não possui caracterı́sticas reais.
∂x2 ∂y
R2 . Antes, porém, será feita uma classificação das equações diferenciais parciais de
segunda ordem, semelhante a feita para as formas quadráticas no plano R2 .
Considere-se uma forma quadrática no R2 , dada por:
Q(ξ, η) = a ξ 2 + 2b ξη + cη 2 ,
cujo discriminante é b2 − ac. Diz-se que a forma é uma hipérbole quando b2 − ac > 0,
uma parábola quando b2 − ac = 0 e uma elipse se b2 − ac < 0. Será adotada para as
equações diferenciais parciais uma análoga classificação. Note-se que classifica-se nos
tipos a equação Lu = F ou simplesmente o operador L.
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
Lu = a(x, y) 2 + 2b(x, y) + c(x, y) 2 = F x, y, u, , .
∂x ∂x∂y ∂y ∂x ∂y
No que se segue, por meio da classificação em tipos obtida por meio da Definição
4 e da noção de caracterı́stica, reduz-se a equação Lu = F , da Definição 4, a uma das
9
∂ϕ ∂ϕ
∂x ∂y
J(ξ, η) = det
∂ψ
6= 0 em Ω.
∂ψ
∂x ∂y
Note-se que, no cálculo, considera-se ϕ, ψ ou ξ, η, assim: ξ(x, y), η(x, y). Isto facilita a
notação.
O objetivo é obter Lu, dado nas coordenadas x, y, nas novas coordenadas ξ, η
dadas por τ .
Nas novas coordenadas, obtém-se:
∂u ∂u ∂ξ ∂u ∂η ∂u ∂u ∂ξ ∂u ∂η
= + ; = + ·
∂x ∂ξ ∂x ∂η ∂x ∂y ∂ξ ∂y ∂η ∂y
∂u ∂u ∂u
Sendo J(ξ, η) 6= 0 em Ω, calcula-se, pelas regras de Cramer, , em função de ,
∂ξ ∂η ∂x
∂u
.
∂y
10
2 2
2 2
∂ 2 u ∂ξ ∂η ∂ 2 u ∂η
• ∂ u = ∂ u ∂ξ +2 + +
∂x2 ∂ξ 2 ∂x ∂ξ∂η ∂x ∂x ∂η 2 ∂x
∂u ∂ 2 ξ ∂u ∂ 2 η
+ +
∂ξ ∂x2 ∂η ∂x2
2 2
∂ 2u ∂ 2 u ∂ξ ∂ 2 u ∂ξ ∂η ∂ 2 u ∂η
• = +2 + 2 +
∂y 2 ∂ξ 2 ∂y ∂ξ∂η ∂y ∂y ∂η ∂y
(11)
2 2
+ ∂u ∂ ξ + ∂u ∂ η
∂ξ ∂y 2 ∂η ∂y 2
∂2 ∂ 2 u ∂ξ ∂ξ ∂ 2 u ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η
• = + + +
∂x∂y ∂ξ 2 ∂x ∂y ∂ξ∂η ∂y ∂x ∂x ∂y
2 2 2
+ ∂ u ∂η ∂η + ∂u ∂ ξ + ∂u ∂ η
∂η 2 ∂x ∂y ∂ξ ∂x∂y ∂η ∂x∂y
2 2
• A = a ∂ξ + 2b
∂ξ ∂ξ
+c
∂ξ
∂x ∂x ∂y ∂y
∂ξ ∂η ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η
(12) • B=a +b + +c
∂x ∂x ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y ∂y
2 2
• C = a ∂η + 2b
∂η ∂η
+c
∂η
∂x ∂x ∂y ∂y
B 2 − AC = −(b2 − ac),
∨
provando que a equação (13) Lu = G, transformada de Lu = F pela τ , possui o mesmo
tipo que Lu = F nas coordenadas x, y.
X = ξ + η, Y = ξ − η,
12
∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
(15) − = H X, Y, u, ,
∂X 2 ∂Y 2 ∂X ∂Y
dita forma canônica das equações hiperbólicas. Chamar-se-á, forma canônica (14) e
(15).
De fato, suponha-se o caso hiperbólico com a 6= 0. Resulta, Proposição 1, que
as duas famı́lias independentes de caracterı́sticas são obtidas por meio da equação or-
dinária:
2
dy dy
(16) a − 2b + c = 0.
dx dx
ϕ(x, y) = ξ , ψ(x, y) = η ,
∂ϕ ∂ϕ dy
(17) + = 0.
∂x ∂y dx
2 2
∂ψ ∂ψ ∂ψ ∂ψ
a + 2b +c =0 em Ω
∂x ∂x ∂y ∂y
provando que C = 0 em Ω.
Portanto, no caso hiperbólico, por meio das curvas caracterı́sticas como sistema
de coordenadas, a equação transformada (13) reduz-se à forma:
∂ 2u ∂u ∂u
= H ξ, η, u, ,
∂ξ, ∂η ∂ξ ∂η
que é a (14).
Fazendo-se, nesta equação,
X = ξ + η, Y = ξ − η,
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
2 + 5 + 3 = 0.
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
5 1
Tem-se a = 2, b = − , c = 3, obtendo-se b2 − ac = > 0 a equação hiperbólica. As
2 4
famı́lias de curvas caracterı́sticas são as soluções de
2
dy dy
2 −5 +3=0
dx dx
14
ou
dy dy 3
=1 e = ·
dx dx 2
As famı́lias caracterı́sticas são:
ϕ(x, y) = x − y = k; ψ(x, y) = 3x − 2y = k.
ξ = x − y; η = 3x − 2y.
∂ 2u
= 0.
∂ξ∂η
dy
A equação da caracterı́stica ϕ(x, y) = k, permite calcular a derivada por meio da
dx
equação
∂ϕ ∂ϕ dy ∂ϕ
(19) + =0 em Ω 6= 0.
∂x ∂y dx ∂y
dy
Resolvendo (19) em e substituindo em (18), sendo b2 = ac em Ω, conclui-se que o
dx
coeficiente A = 0.
Para o cálculo de B no caso parabólico, note-se que sendo b2 = ac, o B fatora-se
sob a forma:
∂ξ b ∂ξ ∂η b ∂η
(20) B=a + + .
∂x a ∂y ∂x a ∂y
dy b
Sendo ϕ(x, y) = k1 , caracterı́stica da equação parabólica, obtém-se = o que
dx a
implica, teorema das funções implı́citas:
∂ϕ b ∂ϕ
+ = 0.
∂x a ∂y
∂ξ ∂ϕ ∂ξ ∂ϕ
Sendo, = , = , resulta de (20) que B = 0 em Ω.
∂x ∂x ∂y ∂y
Para analisar a função C(x, y), tem-se, por definição:
2 2
∂ψ ∂ψ ∂ψ ∂ψ
(21) C=a + 2b +c ,
∂x ∂x ∂y ∂y
com a 6= 0. Note que η = ψ(x, y) é escolhida de modo que J(ξ, η) 6= 0, isto é, funcional-
mente independente da caracterı́stica ξ = ϕ(x, y).
Sendo a 6= 0 e b2 = ac, deduz-se que a C, dada por (21), fatora-se do modo
seguinte:
2
1 ∂ψ ∂ψ
C= a +b ,
a ∂x ∂y
16
∂ψ ∂ψ
(22) a +b =0 em Ω,
∂x ∂y
dy b
obtém-se de (19) e = , caso parabólico, que
dx a
∂ϕ ∂ϕ
(23) a +b =0 em Ω.
∂x ∂y
Sendo o determinante do sistema linear (22), (23) não nulo em Ω, pois ϕ e ψ são
independentes, conclui-se que a = 0, contradição.
Conclui-se que no caso parabólico, isto é, b2 = ac em Ω, obtém-se A = B = 0 e
C 6= 0. Resulta que a equação Lu = F reduz-se, pela τ , à FORMA CANÔNICA:
∂ 2u ∂u ∂u
= H ξ, η, u, , .
∂η 2 ∂ξ ∂η
∂ 2u ∂ 2u 2
2 ∂ u
x2 + 2xy + y =0
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
dy y y
= obtendo-se ϕ(x., y) = = k,
dx x x
17
y
ξ = ϕ(x, y) = e η = ψ(x, y) = y.
x
∂ 2u ∂ 2u
η =0 ou = 0.
∂η 2 ∂η 2
Caso Elı́tico. Para fazer o estudo do caso elı́tico, isto é, b2 − ac < 0, supõe-se
que os coeficientes a, b, c sejam funções analı́ticas em Ω. Isto significa dizer que em
cada ponto de Ω estas funções são representadas por séries de potências convergentes
na vizinhança deste ponto. Portanto a equação caracterı́stica, a 6= 0,
2
dy dy
(24) a − 2b + c = 0 em Ω
dx dx
2 2
∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
(26) a + 2b +c = 0 em Ω.
∂x ∂x ∂y ∂y
18
∂ϕ ∂ϕ2 ∂ϕ2
implicando em =− +i . Das equações de Cauchy-Riemann obtém-se:
∂y ∂x ∂y
2 2 2
∂ϕ2 ∂ϕ2 ∂ϕ
J(ξ, η) = + = 6= 0.
∂x ∂y ∂y
2 2 2 2
∂ξ ∂ξ ∂ξ ∂ξ ∂η ∂η ∂η ∂η
a + 2b +c =a + 2b +c
∂x ∂x ∂y ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y
e
∂ξ ∂ξ ∂ξ ∂η ∂ξ ∂η ∂η ∂η
a +b + +c = 0.
∂x ∂y ∂x ∂y ∂y ∂x ∂x ∂y
19
2 2
∂ξ ∂ξ ∂ξ ∂ξ
A=a + 2b +c
∂x ∂x ∂y ∂y
∂ξ
sendo b2 − ac < 0. Logo, a forma quadrática A é nula somente no vetor nulo =
∂x
∂ξ ∂η ∂η ∂ϕ ∂ϕ
= 0. Analogamente, C = 0 somente quando = = 0. Sendo e
∂y ∂x ∂y ∂x ∂y
∂ξ ∂ξ ∂η ∂η
diferentes de zero em Ω não acontecerá que = = = = 0, identicamente
∂x ∂y ∂x ∂y
em Ω. Logo A e C não são nulos. Resulta que no caso elı́tico, a FORMA CANÔNICA
da equação Lu = F é:
∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
+ 2 = H ξ, η, u, , .
∂ξ 2 ∂η ∂ξ ∂η
∂ 2u 2
2 ∂ u
+ x = 0, x > 0, y > 0.
∂x2 ∂y 2
Tem-se
a = 1, b=0 e c = x2 ,
2
dy
+ x2 = 0,
dx
isto é,
dy dy
= i x, = −i x.
dx dx
20
Obtém-se as caracterı́sticas:
2y − ix2 = c1 , 2y + ix2 = c2 .
Tem-se
2y − ix2 = ϕ1 + i ϕ2 e 2y + ix2 = ϕ1 − i ϕ2 ,
ξ = 2y, η = −x2 .
A equação transformada é
∂ 2u ∂ 2u 1 ∂u
+ =
∂ξ 2 ∂η 2 2η ∂η
OPERADOR DE TRICOMI
Considere-se o operador
∂ 2u ∂ 2u
Lu = y + 2,
∂x2 ∂y
a = y, b = 0, c = 1.
2
dy
y + 1 = 0.
dx
4 3
(x − k)2 + y = 0.
9
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
1. Considere a equação:
∂ 2u ∂ 2u
y + x = 0.
∂x2 ∂y 2
SOLUÇÃO:
(i) Tem-se:
a(x, y) = y; b(x, y) = 0; c(x, y) = x.
Então
a equação é hiperbólica se xy < 0
a equação é elı́tica se xy > 0
a equação é parabólica se x = 0 ou y = 0
2
dy
y + x = 0,
dx
Então
23
∂ 2u 2 ∂ 2u 2
2
2 ∂ u
+ 4(x + 1) + (x + 1) = 0.
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
SOLUÇÃO:
Observa-se que:
a(x, y) = 1
b(x, y) = 2(x2 + 1)
2
dy dy
− 4(x2 + 1) + (x2 + 1)2 = 0
dx dx
ou seja
dy √ √
= (2 ± 3)x2 + (2 ± 3).
dx
24
Tem-se:
1 √ √ 1 √ √
(2 − 3)x3 + (2 − 3)x − y = c e (2 + 3)x3 + (2 + 3)x − y = c.
3 3
3. Seja a equação
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂u
+ 5 + 4 + 7 = sen x + cos x.
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂y
SOLUÇÃO:
∂u
a(x, y) = 1; b(x, y) = 5; c(x, y) = 4 e F = sen x + cos x − 7 ·
∂y
2
dy dy
−5 +4 =0
dx dx
ou seja:
y−x=c e y − 4x = c
ξ =y−x e η = y − 4x.
então:
9 ξ−η ξ−η ∂u ∂u
B=− e G = sen + cos −7 + ·
2 3 3 ∂ξ ∂η
∂ 2u 7 ∂u ∂u 1 ξ−η ξ−η
= + − sen + cos ·
∂ξ∂η 9 ∂ξ ∂η 9 3 3
SOLUÇÃO:
∂u
a(x, y) = 1; b(x, y) = −3; c(x, y) = 9; F = −6 ·
∂y
26
que é y + 3x = c.
Considerando-se as coordenadas: ξ = y + 3x e η = η(x, ) qualquer função, desde que
J(ξ, η) 6= 0, segue-se que a equação é reduzida à forma canônica
∂ 2u
C =G
∂η 2
onde C e G são dados por (12) e (13). Note que pode-se escolher η = y. Assim, como
∂η ∂η
=0e = 1, encontra-se C = 9. Como
∂x ∂y
∂ξ ∂η ∂ 2ξ ∂ 2ξ ∂ 2ξ
= 1; = 1; = = =0
∂y ∂y ∂x2 ∂y 2 ∂x∂y
e
∂ 2η ∂ 2η ∂ 2η
= = = 0,
∂x2 ∂y 2 ∂x∂y
então
∂u ∂u
G = −6 + .
∂ξ ∂η
y − x + i(−2x) = c1
y − x + i(2x) = c2 .
∂ 2u ∂ 2u 5 ∂u 5 ∂u
+ = − + ·
∂ξ 2 ∂η 2 2 ∂ξ 2 ∂η
∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
2
− y +x +y +u=0
∂x ∂x∂y ∂x ∂y
SOLUÇÃO:
7 ∂u ∂u
Observa-se que a = 1. b=− ; c = 0 e F = −x −y − u.
2 ∂x ∂y
y2
Como b2 − ac = ,
4
a equação é parabólica se y = 0
e hiperbólica se y 6= 0.
28
∂ 2u ∂u
2
= −x −u
∂x ∂x
2
dy dy
+y =0
dx dx
ou seja: x = Lny e η = y.
Tem-se que:
y ∂u 1 du du
B(x, y) = − e G = −(ξ − Lnη) −η + − u.
2 ∂ξ η dξ dη
∂ 2u
Então, a forma canônica dada por 2B = G nos dá
∂ξ∂η
∂ 2u 1 + ξ − Lnη ∂u ∂u 1
= + + u.
∂ξ∂η η ∂ξ ∂η η
SOLUÇÃO:
∂ 2u
= 0.
∂ξ∂η
isto é: x + 2x = c.
A transformação de coordenadas ξ = y + 2x e η = y reduz a equação à forma canônica
∂ 2u
= 0.
∂η 2
Tem-se u(ξ, η) = f (ξ)η + g(ξ).
Logo, a solução geral é dada por:
∂ 2u ∂ 2u
+ 2 = 0.
∂x2 ∂y
30
SOLUÇÃO:
Resolve-se a equação:
∂ 2u ∂ 2u
α2 − 2 =0
∂x2 ∂y
onde α é constante.
A mudança ξ = x + αy e η = x − αy transforma a equação na forma
∂ 2u
= 0.
∂ξ∂η
Então,
u(ξ, η) = f (ξ) + g(η)
ou seja
u(x, y) = f (x + αy) + g(x − αy).
√
Considerando-se em particular α = i, i = −1, tem-se a equação que se quer resolver
e a solução será:
u(x, y) = f (x + iy) + g(x − iy).
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
2 2
+ 5 + 3 2
+2 +3 =3
∂x ∂x∂y ∂y ∂x ∂x
SOLUÇÃO:
Tem-se que:
5 ∂u ∂u
a = 2; b= , c=3 e F =3−2 −3 ·
2 ∂x ∂y
31
1
Logo b2 − ac = > 0 e a equação é hiperbólica.
4
As curvas caracterı́sticas são as soluções da equação
2
dy dy
2 −5 + 3 = 0,
dx dx
3
isto é y − x = c e y− x = c.
2
3
Mediante a mudança ξ = y − x e η = y − x, obtém-se a forma canônica
2
9 ∂ 2u ∂u
− + = 3.
2 ∂ξ∂η ∂ξ
∂u
Se v = , obtém-se
∂ξ
∂v 2 2
− v+ =0
∂η 9 3
Tem-se então
u(ξ, η) = 3ξ + f (ξ)e(2/9)η + g(η)
2 3 3
u(x, y) = 3(y − x) + f (y − x)e 9 (y− 2 x) + g y − x .
2
9. Reduzir a equação
∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
2
− 2 +3 −2 +u=0
∂x ∂y ∂x ∂y
32
∂ 2v
à forma = cv, onde c é constante, introduzindo a nova variável v = u e−(aξ+bη) ,
∂ξ∂η
onde a e b são coeficientes a determinar.
SOLUÇÃO:
∂ 2u ∂u ∂u
4 +5 + + u = 0.
∂ξ∂η ∂ξ ∂η
Se v = u e−(aξ+bη) , obtém-se
∂2v ∂v ∂v
4 + (4b + 5) + (4a + 1) + (4ab + 5a + b + 1)v = 0.
∂ξ∂η ∂ξ ∂η
5 1
Considerando: b = − e a = − , obtém-se a forma
4 4
∂ 2v 1
= v.
∂ξ∂η 16
∂2u 2
2 ∂ u ∂u
x2 2
− x 2
+ 4x + 2u = 0, x 6= 0.
∂x ∂y ∂x
SOLUÇÃO:
∂ 2v ∂ 2v
Faz-se a mudança v = x2 u, obtém-se a forma − = 0, cuja solução é
∂x2 ∂y 2
v(x, y) = f (x − y) + g(x + y). Portanto
1 1
u(x, y) = 2
f (x − y) + 2 g(x + y).
x x
33
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
∂ 2u ∂ 2u ∂2u ∂ 2u ∂2u ∂ 2u
(i) + + 3 (ii) + 4 + 4
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂x2 ∂x∂y ∂y 2
∂ 2u ∂ 2u ∂2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(iii) + 5 + (iv) + 6 − 7
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂x2 ∂x∂y ∂y 2
Respostas:
√ 1 √ 1
(i) 6 ∃ caracterı́sticas, ξ = y − x; η = 2x; uξξ + uηη = − uξ − 2 2 uη − u +
2 2
B
√
e 2
·
2
3
(ii) y + x = c; ξ = y + x; η = y; uηη = − u.
2
(iii) 6 ∃ caracterı́sticas, ξ = y; η = x; a equação está na forma canônica.
y y
(v) x = c; x − = c; ξ = x; η = x − ; uξη = 18 uξ + 17 uη − 4.
2 2
∂ 2u ∂ 2u
a) x + 2 = x2
∂x2 ∂y
∂ 2u ∂2u ∂u
b) x2 2
+ (y 2
− 1) 2
=
∂x ∂y ∂x
∂ 2u ∂2u 2
2 ∂ u
c) x2 − 2xy + y = ex
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
∂2u 2
3y ∂ u ∂u
d) e2x 2
+ e 2
= +u
∂x ∂y ∂y
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
e) sen2 x + sen 2x + cos2
x =x
∂y 2 ∂x∂y ∂x2
∂ 2u ∂ 2 u ∂u ∂u
f) (x2 − 4) + (y 2
− 1) + + = ex + 1
∂x2 ∂y 2 ∂x ∂y
∂ 2u ∂2u 2
2 ∂ u ∂u ∂u
g) (1 − x2 ) 2
− 2xy − (1 + y ) 2
− 2x − 2y =0
∂x ∂x∂y ∂y ∂x ∂y
Respostas:
4
∂ 2u 1 ξ−η 1 1 ∂u ∂u
a) Se x < 0, é hiperbólica e = − =
∂ξ∂η 4 4 2 (ξ − η) ∂ξ ∂η
∂ 2u ∂ 2u η4 1 ∂u
Se x < 0, é elı́tica e 2
+ 2
= +
∂ξ ∂η 16 η ∂η
∂ 2u 2ξ ∂u 1 ξ
c) É parabólica sempre e 2
= 2 + 2 eη
∂η η ∂ξ η
35
∂ 2u 1 −1 η−ξ ∂u
e) É parabólica sempre e 2
= sen e − .
∂η 1 − e2(η−ξ) ∂ξ
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(i) + 8 + 7 =0 (ii) 3 + 4 − 4 =0
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂x2 ∂x∂y ∂y 2
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(iii) + 6 + 9 =0 (iv) 3 +4 2 =0
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂x∂y ∂y
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(v) 4 + 2 =0 (vi) 3 + 5 =0
∂x2 ∂y ∂x2 ∂y 2
Respostas:
∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
a) 2
− 2 +2 −2 =8
∂x ∂y ∂x ∂y
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2 u ∂u ∂u
b) 4 + 5 + + + =2
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂x ∂y
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2 u ∂u ∂u
c) + − 2 + + 2 =0
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂x ∂y
Resposta:
e 31 (y−x)
8 x 1 x
b) u(x, y) = y− + g y− + f (y − x).
3 4 3 4
∂2u ∂ 2u ∂ 2u ∂ 4u ∂ 4u ∂ 4u
(i) + 2 + 5 =0 (ii) + 2 + =0
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂x4 ∂x2 ∂y 2 ∂y 4
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
(iii) 2 − + 3 =0
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
Respostas:
(i) u(x, y) = f (y − x + 2ix) + g(y − x − 2ix)
(ii) u(x, y) = (x − iy)f1 (x + iy) + f2 (x + iy) + (x + iy)f3 (x − iy) + f4 (x − iy)
Respostas:
y y −y
(i) u(x, y) = f +g e
x x
37
1 1
(ii) u(y, x) = f (y + αx) + g(y − αx).
y y
vξη = αv α = constante,
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u ∂u ∂u
(i) 2 2
+ 6 + 2
+4 +6 +u=0
∂x ∂x∂y ∂y ∂y ∂x
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2 u ∂u
(ii) 3 + 7 + 2 + +u =0
∂x2 ∂x∂y ∂y 2 ∂y
∂2u ∂ 2 u ∂u ∂u
(iii) + 2 + + + 3u = 0
∂x∂y ∂y ∂x ∂y
Resposta:
84
(ii) vξη = v.
625
38
39
2. EQUAÇÕES HIPERBÓLICAS
∂ 2u ∂u ∂u
(1) + a(x, y) + b(x, y) + c(x, y)u = f (x, y)
∂x∂y ∂u ∂y
(2) x = c, y = c,
isto é, as duas famı́lias de retas paralelas dos eixos coordenados. O operador no primeiro
membro de (1) será representado por Lu, tendo-se:
∂ 2u ∂u ∂u
Lu = + a(x, y) + b(x, y) + c(x, y)u.
∂x∂y ∂x ∂y
40
PROBLEMA DE CAUCHY
Fig. 1
41
∂u
Observação 1: Com os dados de (3) calcula-se, facilmente, o valor de sobre Γ. De
∂x
fato, tem-se u(x, y) = ϕ(x), quando y = g(x). Derivando-se em relação a x, obtém-se:
∂u ∂u ′
= − g (x) + ϕ′ (x)
∂x Γ ∂y Γ
ou
∂u
= ϕ′ (x) − ψ(x)g ′ (x) = ζ(x)
∂x Γ
O problema de Cauchy (3) para Lu, com coeficientes a(x, y), b(x, y), c(x, y) e
membro da direita f (x, y) regulares em Ω, possui uma única solução. A demonstração
é feita pelo método de aproximações sucessivas de Picard. A metodologia, como de
hábito, consiste em transformar (3) em um sistema de equações diferenciais parciais e
este em um sistema de equações integrais, equivalente, ao qual aplica-se o método de
Picard. Será feita a transformação para um sistema a seguir.
Considere-se a mudança de variáveis:
∂u ∂u
v= e w=
∂x ∂y
42
em Lu = f , transformando-o no sistema:
∂v
∂y = f (x, y) − av − bw − cu
∂w
(4)
∂x = f (x, y) − av − bw − cu
∂u
∂y = w
Demonstra-se que (4) e (5) são equivalentes a (6). Aplica-se ao (6) o método de Picard
obtendo-se a solução. Prova-se a unicidade.
Não será feita a demonstração de existência de (6) para o problema de Cauchy.
Preferiu-se formular o problema de Goursat e resolvê-lo pelo mesmo processo men-
cionado de aproximações sucessivas. O leitor pode repetir, sem dificuldade, o método
para o sistema (6).
43
PROBLEMA DE GOURSAT
Fig. 2
Será demonstrado que o problema de Goursat (7) possui uma única solução, pelo
método de aproximações sucessivas. A metodologia é semelhante à descrita anterior-
mente, para o problema de Cauchy.
Considera-se a mudança de variáveis
∂u ∂u
v= e w= ·
∂x ∂y
As novas variáveis serão u, v, w, obtendo-se o sistema (4) que será reescrito:
∂v
∂y = f (x, y) − av − bw − cu
∂w
(4) bis
∂x = f (x, y) − av − bw − cu
∂u
∂y = w
para n = 1, 2, . . . .
Ω = {(x, y) ∈ R2 ; x0 ≤ x ≤ x0 + a, y0 ≤ y ≤ y0 + b}.
Daı́, resulta:
Z y
|v1 − v0 | ≤ [ |f (x, y)| + |a| + |b| + |c| |v0 | + |w0 | + |u0 | ] dy.
y0
Representando-se por M = max |a|, |b|, |c| no retângulo e K = max(1, 3M ),
obtém-se:
Z y
|v1 − v0 | ≤ K |f | + |v0 | + |w0 | + |u0 | dy ≤ K N (y − y0 ) ,
y0
46
|v1 − v0 | ≤ K N b ≤ K A.
Analogamente,
|w1 − w0 | ≤ K A e |u1 − u0 | < K A.
Daı́ calcula-se:
Z y
3 3 (x − x0 + y − y0 )2 (x − x0 )2
|v3 − v2 | ≤ A K (x − x0 + y − y0 ) dy = A K − .
y0 2 2
Portanto, resulta:
(x − x0 + y − y0 )2
|v3 − v2 | ≤ A K 3 ·
2!
Procedendo-se indutivamente encontra-se:
(x − x0 + y − y0 )n−1
|vn − vn−1 | ≤ A K n ·
(n − 1)!
Demonstra-se, por indução finita, que esta desigualdade vale para todo n. As mesmas
desigualdades são válidas para wn e un , obtendo-se:
n−1
|vn − vn−1 | ≤ A K n (x − x0 + y − y0 )
(n − 1)!
(x − x0 + y − y0 )n−1
(13) |wn − wn−1 | ≤ A K n
(n − 1)!
n−1
|un − un−1 | ≤ A K n (x − x0 + y − y0 )
(n − 1)!
47
para n = 1, 2, . . . .
Considere-se as séries de funções:
∞
X
v0 + (vn − vn−1 )
n=1
∞
w + X (w − w
(14) 0 n n−1 )
n=1
X∞
u0 + (un − un−1 )
n=1
∞
X (x − x0 + y − y0 )n−1
(15) A + AK K n−1 ·
n=1
(n − 1)!
Ω = {(x, y) ∈ R2 ; x0 ≤ x ≤ x0 + a, y0 ≤ y ≤ y0 + b}
para uma função contı́nua v(x, y). Sendo as somas parciais da série (14)1 iguais ao termo
vn , para todo n, conclui-se que a sucessão (vn ) de aproximações sucessivas converge
absoluta e uniformemente no retângulo Ω para a função contı́nua v(x, y).
48
Unicidade - Suponha-se que existam duas soluções (v, w, u) e (v̂, ŵ, û) do sis-
tema (9). Considerando-se U = u − û, V = v − v̂ e W − w − ŵ, são soluções
Z y
V (x, y) = − (aV + bW + cU ) dy
y0
Z x
(15) W (x, y) = − (aV + bW + cU ) dx
x0
Z y
U (x, y) = − W (x, y) dy
y0
(16) |U (x, y)| < α, |V (x, y)| < α, |W (x, y)| < α
ou
(x − x0 + y − y0 )
(17) |V (x, y)| ≤ K α(y − y0 ) ≤ K α ·
1!
De modo análogo obtém-se:
(x − x0 + y − y0 )
(18) |W (x, y)| ≤ K α ·
1!
(x − x0 + y − y0 )
(19) |U (x, y)| ≤ ·
1!
49
(x − x0 + y − y0 )2
(20) |V (x, y)| ≤ α K 2 .
2!
Por um processo análogo, empregando (18) e (19) obtém-se:
(x − x0 + y − y0 )2
(21) |W (x, y)| ≤ α K 2
2!
(x − x0 + y − y0 )2
(22) |U (x, y)| ≤ α K 2
2!
De modo indutivo, encontra-se:
(x − x0 + y − y0 )n
|V (x, y)| ≤ α K n
n!
(x − x0 + y − y0 )n
(23) |W (x, y)| ≤ α K n
n!
(x − x0 + y − y0 )n
|U (x, y)| ≤ α K n
n!
para n = 1, 2, . . . .
Observando-se as estimativas (23), conclui-se que V , W e U são dominadas, em
valor absoluto, pelo termo geral da série (15), que é convergente em valor absoluto e
uniformemente no retângulo. Logo seu termo geral converge para zero, o que implica:
MÉTODO DE RIEMANN
∂ 2u ∂u ∂u
Lu = +a +b + cu,
∂x∂y ∂x ∂y
50
com coeficientes regulares. Segue-se, como foi visto, que Lu é do tipo hiperbólico com
as duas famı́lias de caracterı́sticas dadas por
x=c e y = c.
Lu = f em Ω
(24)
u = ϕ, ∂u = ψ
γ ∂x γ
(25) v Lu,
sendo v(x, y) uma função real C 1 (Ω), sob a forma de uma divergência para, a seguir,
aplicar o lema de Gauss ou a fórmula de Riemann-Green. De modo preciso, determina-se
∂u ∂u
duas funções M e N , de classe C 1 (Ω), lineares em u, , tais que
∂x ∂y
∂M ∂N
(26) v Lu = + em Ω.
∂x ∂y
∂u ∂u
M =β + γu e N = α + δu,
∂y ∂x
∂α ∂β
(29) α + β = v, γ+ = av, δ+ = bv
∂y ∂x
∂γ ∂β
(30) + = cv
∂x ∂y
Considerando-se, em particular
v
(31) α=β=
2
conclui-se de (29):
1 ∂v 1 ∂v
(32) γ = av − e δ = bv − ·
2 ∂y 2 ∂x
Para que γ e δ dados por (32) satisfaçam à condição (30), deve-se ter:
∂ 1 ∂v ∂ 1 ∂v
(33) av − + bu − = cv
∂x 2 ∂y ∂y 2 ∂x
52
Fig. 3
Se u for a solução do problema de Cauchy (35), com f = 0, integrando-se sobre
Ω obtém-se:
Z
∂M ∂N
(36) + dxdy = 0.
Ω ∂x ∂y
R
Observação 2: Se f não for zero, a (36) será igual a Ω
vf dxdy.
R
Representa-se por Ω
a integral dupla sobre Ω. Aplicando-se em (36) a fórmula
de Riemann-Green, obtém-se:
Z Z
(37) M νx dΓ + N νy dΓ = 0,
Γ Γ
sendo νx = cos(ν, x) e νy = cos(ν, y), sendo ν a normal externa a Γ fora dos pontos
angulosos, veja Fig. 3.
54
Observe que tem-se sobre Γ: cos(ν, x)dΓ = dy e cos(ν, y)dΓ = dx. Em face dos cálculos
sobre BC, CA e AB, reduz-se a (38) à forma:
Z Z Z Z
(39) M dy − N dx − N dx + M dy = 0.
BC BC AB CA
∂u ∂u
Sobre o arco CB são conhecidas u, , obtidas pelos dados de Cauchy ϕ e ψ.
∂x ∂y
Assim, a (39) será simplificada se a solução particular v da equação adjunta L∗ v = 0
anular as integrais nos membros da direita de (40) e (41), respectivamente. Para que
tal aconteça, é suficiente que sobre o segmento AB da equação y = y0 se tenha:
∂v
(42) b(x, y0 )v(x, y0 ) − (x, y0 ) = 0
∂x
55
ou
Z x
v(x, y0 ) = exp b(s, y0 ) ds .
x0
∂v
(43) a(x0 , y)v(x0 , y) − (x0 , y) = 0
∂y
ou
Z y
v(x0 , y) = exp a(x0 , s) ds .
y0
EQUAÇÃO DO TELÉGRAFO
∂ 2V ∂ 2V ∂V
2
− 2
= −2 , −∞ < x < +∞, t > 0,
∂t ∂x ∂t
57
∂ 2V ∂ 2V ∂V
LV = − e F = −2
∂t2 ∂x2 ∂t
2
∂ V ∂ 2V ∂V
− + 2 = 0 em t > 0, −∞ < x < +∞
∂t 2 ∂x 2 ∂t
(49)
∂V
V (x, 0) = χ(x) e (x, 0) = ψ(x) em − ∞ < x < +∞
∂t
∂ 2U ∂ 2U
(51) − = U.
∂t2 ∂x2
∂U
(52) U (x, 0) = χ(x), (x, 0) = χ(x) + ψ(x).
∂t
58
(53) 2X = x + t, 2Y = x − t.
∂ 2u
(54 .) +u=0
∂X∂Y
Para saber como mudam os dados iniciais, observe-se que a reta t = 0 do plano
(x, t) é transformada, por (53), na bissetriz Y = X do plano X, Y . Portanto, o problema
de Cauchy para (54) tem seus dados sobre a curva γ que é a bissetriz Y = X. Tem-se:
1 ∂u ∂u
(55) u(X, X) = χ(2X), (X, X) − (X, X) = ψ(2X) + χ(2X).
2 ∂X ∂Y
Fig. 4
59
∂ 2v
(56) + v = 0.
∂X∂Y
A função de Riemann será tal que v é solução de (56) com v = 1 em A, veja Fig. 4. Note
que A é a interseção das caracterı́sticas X = X0 e Y = Y0 . O problema de Goursat
para (56) tem dados v = 1 em AB e v = 1 em CA, veja (44) para o cálculo da função
de Riemann. Considere-se o produto
(57) λ = (X − X0 )(Y − Y0 ),
d2 ϕ dϕ
(59) λ + + ϕ(λ) = 0,
dλ2 dλ
(60) ϕ(0) = 1.
(61) ϕ(λ) = 1 + a1 λ + a2 λ2 + · · · + an λn + . . .
cujos coeficientes são determinados de modo que (61) seja solução de (59). Substituindo-
se em (59), obtém-se a relação de recorrência:
ou
n2 an + an−1 = 0.
λ λ2 λ3 n λ
n
ϕ(λ) = 1 − + − + · · · + (−1) +...
12 (1.2)2 (1.2.3)2 (n!)2
porque a = b = 0 e dX = dY em BC.
Tem-se
∂R dϕ ∂R dϕ
(63) R = ϕ(λ), = (Y − Y0 ) e = (X − X0 ),
∂X dλ ∂Y dλ
R = 1 em B e C.
Logo, encontra-se de (62):
Z Z
1 1 ∂u ∂u Y0 − X 0
uA = (uB + uC ) + ϕ(λ) − dX + χ(X)ϕ′ (λ) dX
2 2 BC ∂X ∂Y 2 BC
CORDAS VIBRANTES
∂ 2u 2
2∂ u
− k = 0, t ≥ 0, −∞ < x < +∞.
∂t2 ∂x2
γ = {(x, t) ∈ R2+ ; t = 0}
τ : (x, t) → (X, Y )
62
sendo
(65) X = x + kt e Y = x − kt.
O k que aparece em (64)1 é uma constante positiva. Por meio de (65) a equação (64)1
transforma-se em
∂ 2u
(66) =0
∂X∂Y
que é uma equação hiperbólica, cujas caracterı́sticas são as retas X = c, Y = c.
A reta t = 0 transforma-se, por (65), na bissetriz Y = X do primeiro quadrante
do plano R2 com coordenadas (X, Y ). Veja Fig. 5.
Fig. 5
∂ 2u
(69) Lu = ,
∂X∂Y
∂2v
(70) L∗ v = ·
∂X∂Y
Resta conhecer a função de Riemann que vai caracterizar a solução v da equação adjunta,
logo ficam conhecidas M e N sobre BC.
Para calcular a função de Riemann do problema de Cauchy (68), observe que no
presente caso a = b = 0, logo a solução R do problema de Goursat (44) é R(x, y, x0, y0 ) =
1 em todo ponto, isto é, a função de Riemann é a identidade. Logo, (72) reduz-se a
1
(73) N −M =+ ψ(X).
2k
Z Y
1 1
u(X, Y ) = ϕ(X) + ϕ(Y ) + ψ(λ) dλ.
2 2k X
Z x+kt
1 1
(75) u(x, t) = ϕ(x + kt) + ϕ(x − kt) + ψ(λ) dλ
2 2k x−kt
2 2
∂ u 2 ∂ u
− k = 0 em − ∞ < x < +∞, t > 0
∂t2 ∂x2
(76)
∂u
u(x, 0) = ϕ(x), (x, 0) = 0, −∞ < x < +∞,
∂x
1
(77) u(x, t) = ϕ(x + kt) + ϕ(x − kt) .
2
Note-se que ϕ(x − kt) obtida de ϕ(x) por meio de uma translação kt na direção positiva
do eixo dos x. Analogamente, ϕ(x + kt) é obtida de ϕ(x) após uma translação −kt
na direção negativa do eixo dos x. Portanto ϕ(x − kt) é onda de configuração inicial
ϕ(x) que se propaga na direção positiva do eixo x, com velocidade de propagação k. Ela
denomina-se onda progressiva. Semelhantemente, ϕ(x+kt) é a onda ϕ(n) se propagando
65
Fig. 6
1
u(x, t) = [ρ(x + kt) + ρ(x − kt)].
2
66
Ter-se-ia:
1
exp − se − 1 < x + kt < +1
1 − (x + kt)2
ρ(x + kt) =
0 se |x + kt| ≥ 1
1
exp − se − 1 < x − kt < +1
1 − (x − kt)2
ρ(x − kt) =
0 se |x − kt| ≥ 1
n
Será analisado para os instantes de tempo tn = , n = 0, 1, 2, 3.
2k
• Se n = 0, t = 0 e a solução
1
u(x, 0) = [ρ(x) + ρ(x)] = ρ(x)
2
1 1 3
exp − 2 se − <x<+
1
2 2
1 1− x− 2
ρ x− =
2
1
0 se |x − | ≥ 1
2
67
Fig. 7
1
• n = 2, t2 = e x ± kt = x ± 1
k
Obtém-se:
1
exp − se −2 <x <0
1 − (x + 1)2
ρ(x + 1) =
0 se |x + 1| ≥ 1
1
exp se 0 < x < +2
1 − (x − 1)2
ρ(x − 1) =
0 se |x − 1| ≥ 1
68
Fig. 8
3 3
• n = 3, t3 = e x ± kt = x ± 2
2a
Resulta:
1 5 1
exp − 2 se − <x<+
3
2 2
3 1− x+ 2
ρ x+ =
2
3
0 se |x + | ≥ 1
2
1 1 5
exp − 2 se + <x<+
3
2 2
3 1− x− 2
ρ x− =
2
3
0 se |x − | ≥ 1
2
69
Fig. 9
PRINCÍPIO DE DUHAMEL
∂ 2u 2
2 ∂ u
Lu(x, t) = − k ·
∂t2 ∂x2
Lu(x, t) = h(x, t), −∞ < x < +∞, t ≥ 0
(78)
u(x, 0) = 0 e ∂u (x, 0) = 0 em − ∞ < x < +∞.
∂t
Note-se que sendo L um operador linear, sem perda de generalidade, considera-se com
condições iniciais nulas.
O problema de Cauchy (*) será resolvido por meio do princı́pio de Duhamel,
o qual é análogo ao método de Lagrange de variação dos parâmetros empregado no
estudo de equações diferenciais ordinárias lineares dotadas de segundo membro. Ele será
70
v(x, t, s) = w(x, t + s, s)
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
2
∂ u 2
∂x∂y = 0 em R
(*) u(t, 2 − t) = 3t 0≤t≤2
∂u
(t, 2 − t) = t + 2
∂x
SOLUÇÃO:
x=t
γ: 0≤t≤2
y =2−t
t−1 t+2
M= , N= ·
2 2
Logo,
Z Z 2−y0
1 1
M dy − N dx = (t − 1)(−1) − (t + 2) · 1 dt
BC x0 2 2
(ii) 2
x0 x0 (2 − y0 )2 2 − y0
= + − +
2 2 2 2
x20 (2 − y0 )2
u(x0 , y0 ) = − + 2x0 − y0 + 2 é a solução.
2 2
Como (x0 , y0 ) é arbitrário, vem que
x2 (2 − y)2
u(x, y) = − + 2x − y + 2.
2 2
SOLUÇÃO:
Considerando (*) na forma dada em (24), observa-se que os coeficientes do op-
erador L, são a = b = c = 0 e que a curva γ é dada por
x=t
γ: 0≤t≤1
y = 1 − t2
p Z
1
u(x0 , y0 ) = u(x0 , 1 − x20 ) + u( 1 − y0 , y0 ) + M dy − N dx.
2 BC
3 t
De (34.1), observa-se que em BC, curva contida em γ, tem-se M = − eN= ·
4 2
Então:
Z Z √
1−y0
3t t 1 − y0 x2
M dy − N dx = − dt = − 0·
BC x0 2 2 2 2
1 1 − y0 x2 x2 3 3
u(x0 , y0 ) = 2x20 + 2(1 − y0 ) + − 0 = 0 − y0 + ·
2 2 2 2 2 2
x2 3y 2
u(x, y) = − + ·
2 2 3
74
onde
π
x = sen t 0≤t≤ 2 , ϕ(t) = cos t
γ:
y = cos t ψ(t) = 2 sen t
SOLUÇÃO:
1
M= + cos t, N = sen t.
2
e
Z Z √
arc sen 1−y02
1
(ii) M dy − N dx = sen t − 2 sen t cos t dt =
−
BC arc sen x0 2
q
y0 1
= x20 + y02 − 1 + − 1 − x20 .
2 2
De (i) e (ii), a solução é:
u(x, y) = x2 + y 2 + y − 1.
SOLUÇÃO:
Considerando (*) na forma dada em (24) observa-se que os coeficientes do oper-
ador L são: a = 2, b = c = 0 e que a curva γ é dada por:
x=1
γ: 0 ≤ t ≤ 3.
y =3−t
Logo, a função de Riemann v é solução do problema
2
∂ v ∂v
∂x∂y − 2 ∂x =0
Ry
v = e y0 2dS em AB
v = 1 em AC
v = 1 em A
76
Então:
v(x, y) = e2(y−y0 ) .
2t + 3 2(3−t−y0 )
M = 2(t + 1)e2(3−t−y0 ) e N= e
2
Z
5 3(3 − y0 ) 5 2(3−x0 −y0 ) 3x0 2(3−x0 −y0 )
M dy − N dx = + − e − e .
BC 2 2 2 2
Z
1
u(x0 , y0 ) = (uv)B + (uv)C + M dy − N dx =
2 BC
1 2(3−x0 −y0 )
= (x0 + 1)e + 4 − y0 +
2
5 3(3 − y0 ) 5 2(3−x0 −y0 ) 3x0 2(3−x0 −y0 )
+ + − e − e =
2 2 2 2
= −x0 e2(3−x0 −y0 ) − 2 e2(3−x0 −y0 ) − 2y0 + 9.
2
∂ u ∂ 2u
∂x2 − ∂y 2 = 0
u(t, 4 − 2t) = t 0≤t≤2
∂u
(t, 4 − 2t) = 2t + 1
∂x
77
SOLUÇÃO:
Fazendo a mudança: ξ = x − y e η = x + y, o problema transforma-se em:
2
∂ u
=0
∂ξ∂η
(*) u(3t − 4, 4 − t) = t
∂u ∂u
− (3t − 4, 4 − t) + (3t − 4, 4 − t) = 2t + 1
∂ξ ∂η
x=t
γ:
y = 4 − 2t 0 ≤ t ≤ 2,
é transformada em
ξ = 3t − 4
Γ:
η =4−t 0≤t≤2
∂u ∂u ∂u
e que =− + ·
∂x ∂ξ ∂η
Logo, a função de Riemann v associada a (*) como nos problemas 1, 2, e 3, é
dada por v(ξ, η) = 1
E:
8 − ξ0
uB = − +4
3
uC = −η0 + 4
1 ∂u
M=
2 ∂η
1 ∂u
N=
2 ∂ξ
78
Então:
Z
1
u(ξ0 , η0 ) = (uB + uC ) + M dη − N dξ.
2 BC
Mas,
Z Z 8−3η0
3
M dη − N dξ = −(3t + 2) − (t + 1) dt
BC ξ0 2
9 9 7 7
= − (8 − 3η0 )2 + ξ02 − (8 − 3η0 ) + ξ0 .
4 4 2 2
Logo:
1 8 − ξ0 9 9 7 7
u(ξ0 , η0 ) = − + 4 − η0 + 4 − (8 − 3η0 )2 + ξ02 − (8 − 3η0 ) + ξ0 =
2 3 4 4 2 2
9 9 11ξ0 76
= (8 − 3η0 )2 + ξ02 + 10η0 + − ·
4 4 3 3
Então:
9 2 9 11 76
u(x, y) = − 8 − 3(x + y) + (x − y)2 + 10(x + y) + (x − y) − ·
4 4 3 3
6. Sem fazer uso do método de Riemann, deduzir a fórmula de D’Alembert para re-
solver o problema:
2
∂ u 2
2 ∂ u
− K = 0 em − ∞ < x < +∞, t > 0
∂t2 ∂x2
u(x, 0) = ϕ(x) em − ∞ < x < +∞
∂u
(x, 0) = ϕ(x)
∂t
79
SOLUÇÃO:
Fazendo a mudança ξ = x + Kt η = x − Kt transforma-se o problema à forma
∂ 2u
canônica = 0 o qual tem solução geral
∂ξ∂η
u(ξ, η) = f (ξ) + g(η)
ou seja
E de (i), tem-se
Z x+Kt
1 1
u(x, t) = ϕ(x + Kt) + ϕ(x − Kt) + g(s) ds.
2 2K x−Kt
SOLUÇÃO:
Integrando na equação, tem-se:
Z x Z y
(i) u(x, y) = f (r, s) dsdr + g(x) + h(y).
0 0
SOLUÇÃO:
Z x Z y
2 2
(i) u(x, y) = x + y + r dsdr =
0 0
x2
= x2 + y 2 + ·y
2
Z x Z y
u(x, y) = (2x + 1) + (y − 1) − 1 + +1 dsdr =
0 0
xy 2
= 2x + y − 1 + + xy.
2
2
∂ u ∂u
+α = f (x, y) α = constante
∂x∂y ∂y
u(x, 0) = ψ(x)
u(0, y) = ϕ(y)
SOLUÇÃO:
Pode-se escrever a equação na forma:
∂ ∂u
+ αu = f (x, y).
∂y ∂x
Integrando em y
Z y
∂u
+ αu = f (x, s) ds + g̃(x).
∂x 0
82
Z y
∂u
(u eαx ) = eαx f (x, s) ds + eαx g̃(x).
∂x 0
Integrando em x:
Z x Z y Z x
αx αr
ue = e f (r, s) dsdr + eαr g̃(r)dr + h(y).
0 0 0
Logo,
Z x Z y
−αx
(i) u(x, y) = e eαr f (r, s) dsdr + g(x) + e−αx h(y).
0 0
De (ii) e (iii),
(iv) g(x) + e−αx h(y) = ψ(x) + e−αx ϕ(y) − e−αx h(0) − e−αx g(0).
Mas de (iii):
e−αx h(0) + e−αx g(0) = e−αx ϕ(0).
Então,
(v) g(x) + e−αx h(y) = ψ(x) + e−αx ϕ(y) − ϕ(0) .
83
Z x Z y
−αx
u(x, y) = e , eαr f (r, s) dsdr + ψ(x) + e−αx ϕ(y) − ϕ(0) .
0 0
2 2
∂ u 2 ∂ u
− K =0
∂t2 ∂x2
u(x, t) = ϕ(x) quando x + Kt = 0
u(x, t) = ψ(x) quando x − Kt = 0
SOLUÇÃO:
Observa-se que a solução geral da equação:
∂ 2u 2
2 ∂ u
−K =0
∂t2 ∂x2
é dada por
De (ii), vem:
x − Kt
g(x − Kt) = ϕ − f (0).
2
x + Kt
De (iii), substituindo x por , vem:
2
x + Kt
f (x + Kt) = ψ − g(0).
2
x − Kt x + Kt
f (x + Kt) + g(x − Kt) = ϕ +ψ − ϕ(0).
2 2
De (i), vem:
x − Kt x + Kt
u(x, t) = ϕ +ψ − ϕ(0).
2 2
∂ 2u 2
3 ∂ u ∂u
x − x − =0 x 6= 0
∂x2 ∂y 2 ∂x
x2
u(x, y) = ϕ(y) em y − =0 0≤y≤2
2
x2
u(x, y) = ψ(y) em y + =4 2≤y≤4
2
SOLUÇÃO:
Observa-se que a mudança de coordenadas
x2 x2
ξ=y− e η=y+
2 2
reduz a equação à sua forma canônica:
∂ 2u
=0
∂ξ∂η
x2
Mas y + = 2y. Então:
2
(ii) ϕ(y) = f (0) + g(2y).
Analogamente:
x2 x2
Logo, substituindo 2y por y + e 2y − 4 por y − , tem-se:
2 2
x2 x2 1 x2 1 x2
(iv) f y − +g y+ =ϕ y+ − f (0) + y− + 4 − g(4).
2 2 2 2 2 2
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
2 2
∂ u 2
∂ u 2
∂x∂y = 0 em R ∂x∂y = 0 em R
(i) u(t, 1 − t) = t + 2 0 ≤ t ≤ 1 (ii) u(t, 4 − t2 ) = t2 0 ≤ t ≤ 2
∂u ∂u
(t, 1 − t) = 3t + 5 (t, 4 − t2 ) = 4t
∂x ∂x
2 2
∂ u ∂u 2
∂ u ∂u 2
∂x∂y + 3 ∂x = 0 em R ∂x∂y + ∂y = 0 em R
(i) u(t, 2 − t) = 2t + 1 0 ≤ t ≤ 2 (ii) u(t, 5 − t) = 2t 0 ≤ t ≤ 5
∂u ∂u
(t, 2 − t) = 3t − 1 (t, 5 − t) = t − 1
∂x ∂x
2 2
∂ u
∂ 2u ∂ u
∂ 2u
∂x2 − 4 =0 ∂x2 − 9 =0
∂y 2 ∂y 2
(i) u(t, 1 − t) = 2t 0 ≤ t ≤ 1 (ii) u(t, 2 − t) = 3t
∂u ∂u
(t, 1 − t) = 3t + 1 (t, 2 − t) = 2t + 1
∂x ∂x
87
Resposta: (ii)
79 85 67 4 2 4
u(x, y) = − + (y + 3x) + (y − 3x) + 6 − 2(y + 3x) − (y − 3x)2 .
4 12 24 3 3
Respostas:
1
(i) u(x, t) = cos x cos t + sen 4x sen 4t
4
(ii) u(x, t) = 3x + sen x sen 2t
2 2
∂ u ∂ u
3
∂x∂y
= 2x + 3y ∂x∂y = x y
(iii) y (iv) u(0, y) = sen 2y
u(0, y) = 2 e
u(x, 0) = 3 ex − 1 u(x, 0) = x2 + x
Respostas:
3xy 2
(iii) u(x, y) = 3ex + 2ey + x2 y + −3
2
x4 y 2
(iv) u(x, y) = x2 + x + sen 2y +
8
2
∂ u ∂u
+β = f (x, y) β = constante
∂x∂y ∂x
u(x, 0) = ψ(x)
u(0, y) = ϕ(y)
Resposta:
Z y Z x
−βy
u(x, y) = e eβr f (r, s) dsdr + ϕ(y) + e−βy (ψ(x) − ψ(0)).
0 0
Resposta: (iii)
2
2 x − 3t x+3t
u(x, t) = cos +e 2 − 1.
2
2 ∂ 2 u ∂ 2 u ∂u
y
∂x2 − ∂y 2 + ∂y = 0 y 6= 0
y2
u(x, y) = ϕ(x) sobre x+ =4 2≤x≤4
2
y2
u(x, y) = ψ(x) sobre x− =0 0≤x≤2
2
Resposta:
x y2 x y2
u(x, y) = f − +2 +g + = f (2).
2 4 2 4
90
91
3. EQUAÇÕES ELÍTICAS
∂ 2u ∂ 2u
Lu = + 2 = f (x, y).
∂x2 ∂y
Elas guardam ı́ntima relação com as funções de variáveis complexas, razão porque
será feita uma breve revisão sobre as funções holomorfas.
O plano R2 possui uma estrutura de espaço vetorial obtida por meio das opera-
ções:
Igualdade − (x, y) = (x′ , y ′ ) se x = x′ e y = y ′
(1) Adição − (x, y) + (x′ , y ′ ) = (x + x′ , y + y ′ )
Multiplicação por Escalar − λ(x, y) = (λx, λy), λ ∈ R
Represente-se por i o par (0, 1) e identifique-se (1, 0) ao número real 1. Logo, todo
objeto de C escreve-se sob a forma:
Note-se que i2 = (0, 1) · (0, 1) = (−1, 0) e identificando-se (−1, 0) ao número real −1,
obtém-se i2 = −1. O número complexo i denomina-se unidade imaginária. Portanto,
todo objeto do corpo C tem a representação:
(x, y) = x + iy
(4)
i2 = −1
x = ρ cos θ e y = ρ sen θ.
Demonstra-se que
eiθ = cos θ + i sen θ,
∂ 2u ∂ 2u
(8) + 2 =0 em Ω, aberto do R2 ,
∂x2 ∂y
w = f (z)
(9) ou
w = u(x, y) + iv(x, y)
94
f (z) − f (z0 )
(10) lim ·
z→z0 z − z0
z6=z0
∂u ∂v
(12) f ′ (z0 ) = +i no ponto (x0 , y0 )
∂x ∂x
∂u ∂v
(13) f ′ (z0 ) = −i + no ponto (x0 , y0 ).
∂y ∂y
∂u ∂v ∂u ∂v
(14) = e =−
∂x ∂y ∂y ∂x
95
como uma condição necessária para a existência do limite (11). As equações (14) são
denominadas equações de Cauchy-Riemann para w = f (z). Se w = f (z) for continua-
mente derivável em Ω vem que u e v são soluções das equações (14).
Uma condição suficiente para que w = f (z) seja derivável em Ω é que u e v
sejam continuamente diferenciáveis e satisfaçam às equações de Cauchy-Riemann (14)
em Ω. Quando uma função w = f (z) é continuamente derivável em Ω ela é denominada
holomorfa em Ω. Do estudo das funções holomorfas, pode-se derivar (14) mais uma vez,
obtendo-se de (14):
∂ 2u ∂ 2u ∂ 2v ∂ 2v
(15) + 2 =0 e + = 0 em Ω
∂x2 ∂y ∂x2 ∂y 2
não depende de γ e apenas de (x, y) pois (x0 , y0 ) é suposto fixo. Logo, fica bem definida
96
a função:
Z
∂u ∂u
(16) v(x, y) = − dx + dx
γ ∂y ∂x
Considere-se γ a poligonal de vértices em (x0 , y0 ), (x, y0 ), (x, y). Logo, como a integral
não depende do caminho γ e Ω é conexo, resulta:
Z x Z y
∂u ∂u
v(x, y) = − (ξ, y0) dξ + (x, η) dη.
x0 ∂y y0 ∂x
Obtém-se:
∂v ∂u ∂v ∂u
(17) =− e = ·
∂x ∂y ∂y ∂x
FÓRMULAS DE GREEN
∂ ∂v ∂ ∂v
(18) u + u = ∇u · ∇v + u∆v
∂x ∂x ∂y ∂y
97
∂ϕ ∂ϕ
sendo ∇ϕ, gradiente de ϕ, o vetor , . Se Γ for a fronteira regular de Ω e ν o
∂x ∂y
vetor unitário da normal externa a Γ, a derivada de v na direção da normal ν é dada
por:
∂v ∂v ∂v
(19) = νx + νy ,
∂ν ∂x ∂y
Integrando em r, obtém-se:
Z R Z 2π
d
dr u(r cos θ, r sen θ) dθ = 0.
0 0 dr
v = grad ϕ.
Serão estudados movimentos cujo vetor velocidade é sempre paralelo a um plano fixo.
Assim, limita-se o estudo ao movimento em um plano, que escolhe-se para plano de
coordenadas (x, y). O vetor velocidade possui duas componentes v1 na direção x e v2
na direção y. Assim,
∂ϕ ∂ϕ
v = grad ϕ ou v1 = e v2 = ·
∂x ∂y
Suponha que o fluido seja incompressı́vel, isto é, div v = 0 em cada ponto do fluido.
Representando o fluido por um aberto Ω do plano R2 com coordenadas (x, y), tem-se
div v = 0 é a equação:
∂v1 ∂v2
+ = 0 em Ω.
∂x ∂y
∂2ϕ ∂2ϕ
+ =0 em Ω,
∂x2 ∂y 2
que:
∆ϕ = 0 em Ω
(25)
ϕ = g e Γ
O problema de Dirichlet será aqui estudado pelo método de Green. Ele consiste
em determinar uma função associada a Ω, denominada Função de Green do domı́nio
Ω, de modo que se obtém a solução explicitamente no interior de Ω por meio de uma
integral curvilı́nea ao longo da fronteira Γ de Ω, do produto de g pela derivada na
direção da normal a Γ da função de Green de Ω.
Foi visto que se w = f (z) for holomorfa em Ω então sua parte real é harmônica
em Ω. Tem-se que log(z − z0 ) é holomorfa em Ω, sendo
1
Seja γ a circunferência de Cε e Ω′ = Ω − Cε . Em Ω′ a função log é harmônica. A
r
fronteira de Ω′ é Γ + γ. Da segunda fórmula de Green (23) com u = ϕ solução de (25)
1
e v = log , obtém-se:
r
Z
∂ log r1 1 ∂ϕ
ϕ − log dΓ = 0
Γ+γ ∂ν r ∂ν
ou
Z Z
∂ log 1r 1 ∂ϕ ∂ log 1r 1 ∂ϕ
(26) − ϕ − log dΓ = ϕ − log dΓ.
γ ∂ν r ∂ν Γ ∂ν r ∂ν
Z 2π
(27) lim Iε = − ϕ(x0 , y0 ) dθ = −2π ϕ(x0 , y0 ).
ε→0 0
∂ϕ
Note que de (23) sabe-se que ϕ = g em Γ mas se desconhece sobre Γ. Aqui tem-se
∂ν
uma situação semelhante a encontrada quando se analisou a função de Riemann no
método de Riemann na seção 2. De fato, seja h ∈ C 2 (Ω) ∩ C 1 (Ω) harmônica em Ω.
Tomando-se h e ϕ obtém-se da segunda identidade de Green:
Z
1 ∂h ∂ϕ
(29) 0=− ϕ −h dΓ.
2π Γ ∂ν ∂ν
Em (30) procede-se como no caso da função de Riemann acima lembrado. Para libertar
∂ϕ
(28) da derivada normal , é suficiente determinar a função harmônica h tal que
∂ν
1
h + log =0 em Γ.
r
104
Z
1 ∂G
(31) ϕ(x0 , y0 ) = − g dΓ.
2π Γ ∂ν
OP × OP ′ = R2 .
105
rP = M P, rP ′ = M P ′ , r = OP, r ′ = OP ′ .
1 R 1
(32) GP (M ) = log − log ,
rP r rP ′
sendo O o centro do cı́rculo, isto é, (0, 0) e M um ponto de coordenadas (x, y) no cı́rculo.
R 1
Tem-se h(x, y) = − log − log é definida em Ω − {P } o mesmo acontecendo
r rP ′
1
com log · Portanto GP definida por (32) satisfaz à condição (i) da definição de função
rP
de Green.
Antes de verificar a condição (ii) obtém-se que GP dada por (32) satisfaz a (iii).
Para verificar a (iii), suponha M sobre a circunferência γ de Ω e considere-
se os triângulos OM P e OM P ′ . Sendo P ′ o inverso de P em relação a γ tem-se
OP × OP ′ = R2 . Logo, os triângulos possuem um ângulo igual em O compreendido
entre lados proporcionais, sendo, por este motivo, semelhantes. Daı́ obtém-se:
rP r 1 R 1
= ou = ·
rP ′ R rP r rP ′
Daı́ resulta que GP = 0 sobre γ, verificando a condição (iii). Assim GP é uma função
de Green no cı́rculo Ω.
A seguir calcula-se (31) no caso do cı́rculo Ω sendo a função de Green dada por
1 R 1
GP (M ) = log − log ·
rP r rP ′
106
Deve-se calcular ϕ(P ). Para tal, considere-se um sistema de coordenadas polares com
pólo no centro O de Ω, com eixo polar o suporte de OP . Sejam (ρ, α) as coordenadas
polares de M neste sistema. Do triângulo OM P obtém-se:
e do triângulo OM P ′ resulta
Sendo OP × OP ′ = R2 ou rr ′ = R2 , obtém-se:
R4 R2
rP2 ′ = ρ2 + − 2ρ cos α.
r2 r
∂ 1 drP ρ − r cos α
log rP = =
∂ρ rP dρ rP2
2
∂ ρ − Rr cos α
log rP ′ = ·
∂ρ rP2 ′
∂GP
Daı́, obtém-se para , em γ:
∂ν
2
∂GP R − r cos α r 2 R − Rr cos α
=− + 2
∂ν γ rP2 R rP2
∂G −R2 + r 2 1
= ·
∂ν γ R R2 + r 2 − 2Rr cos α
107
∂ 2 ϕ 1 ∂ϕ 1 ∂ 2ϕ
∆ϕ(r, θ) = + + ·
∂r 2 r ∂r r 2 ∂θ 2
108
Obtém-se a solução de (38) por meio da fórmula de Poisson (33), isto é:
Z 2π
R(R2 − r 2 ) h(α)dα
(39) ψ(r, θ) = ·
2π 0 R2 + r 2 − 2Rr cos α
Z 2π
R
ψ(0, θ) = h(α) dα = 0
2π 0
Z r
ψ(ρ, θ)
(40) ϕ(r, θ) = dρ + c
0 ρ
∂ϕ ∂ϕ v(r, θ) v(r, θ) Rh(α)
= = = = = h(α).
∂ν γ ∂r r=R r r=R R R
Para salientar uma vez mais a relação entre as funções harmônicas no plano
R2 e as funções holomorfas em C, dar-se-á mais um método geral para o cálculo da
função de Green, no caso de um aberto limitado conexo Ω do R2 . Representa-se por
Γ sua fronteira regular. Foi visto anteriormente que resolver o problema de Dirichlet
(25) em Ω consiste em conhecer uma função de Green em Ω. Pensa-se em Ω como um
110
aberto de plano complexo C. Demonstra-se que existe uma função holomorfa w = f (z)
transformando, de modo biunı́voco e conforme, Ω em uma cı́rculo unitário C1 com
centro na origem, de modo que um ponto zP de Ω se transforma no centro de C1 e Γ
na circunferência γ de C1 . [Consulte-se L.A. Medeiros, Funções Complexas, McGraw
Hill do Brasil, 1972].
Interpreta-se geometricamente w = f (z) como uma transformação de um plano cuja
variável é z = x+iy em outro cuja variável é w = u(x, y)+iv(x, y), como vem salientado
na figura.
f (z) = (z − zP )F (z),
implicando em F (zP ) 6= 0.
A função
GP (x, y) = − log |f (z)|
111
1
GP (x, y) = log + h(x, y).
|z − zP |
bP )
f (z) = e−(GP +iG
bP (x,y)
f (z) = e−iG logo |f (z)| = 1.
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
df
(1) =f em C
dz
e
f (z) = ex , para z ∈ R.
SOLUÇÃO:
∂u
De fato, seja f (z) = u(x, y) + iv(x, y), holomorfa em C. Tem-se f ′ (z) = +
∂x
∂v
i · Logo sendo solução de (1), resulta:
∂x
∂u ∂v
+i = u + iv.
∂x ∂x
Obtém-se, daı́,
∂u ∂v
=u e =v para (x, y) ∈ R2 .
∂x ∂x
Da primeira equação obtém-se
∂v
notando-se que = v, obtém-se
∂x
dh(y)
(4) v = ex ·
dy
∂u ∂v
= ,
∂x ∂y
a e b constantes.
Portanto escreve-se:
u(x, y) = ex h(y) = ex (a cos y + b sen y)
(5)
v(x, y) = ex h′ (y) = ex (a sen y − b cos y)
para todo z ∈ C.
Verifica-se que f dada por (7) é solução da equação funcional f (z1 + z2 ) =
f (z1 ) + f (z2 ) para par z1 , z2 ∈ C. Representa-se a função exponencial dada por (7) por
f (z)ez , z = x + iy. portanto,
e quando x = 0, obtém-se:
eiy = cos y + i sen y
SOLUÇÃO:
Bastaria provar que f é holomorfa em todo C, para isso será suficiente provar
que g(z) = z n é holomorfa pois a combinação linear de funções holomorfas é holomorfa.
Como
= n z0n−1 .
3. Determine duas funções u(x, y) e v(x, y) que sejam polinômios de grau 4 e harmô-
nicas em R2 .
115
SOLUÇÃO:
Pelo exercı́cio 2, f (z) = z 4 tem parte real e imaginária harmônicas. Tem-se:
Pode-se considerar
SOLUÇÃO:
= ex (cos y + i sen y)
= ex cos y + i ex sen y.
Logo,
u(x, y) = ex cos y e v(x, y) = ex sen y.
Logo,
u(x, y) = x3 − 3xy 3 + 2x e v(x, y) = 3x2 y − y 3 + 2y
116
Logo,
SOLUÇÃO:
Como as equações de Cauchy-Riemann devem verificar, tem-se
∂v ∂u
(i) =− = 2y
∂x ∂y
∂v ∂u
(ii) = = 2x + 4
∂y ∂x
Z Z
2 ∂u
2 u|∇u| dxdy = u2 dΓ.
Ω Γ ∂γ
117
SOLUÇÃO:
Considere u e v como u2 e u respectivamente na primeira fórmula de Green (21).
SOLUÇÃO:
Considere u e v como ∆u e ∆v respectivamente na segunda fórmula de Green
(23).
γP γ
8. No gráfico abaixo, tem-se γγ ′ = R2 . Usando vetores, provar que = ·
γP ′ R
SOLUÇÃO:
Sejam ~u e ~v os vetores unitários
→ →
OM OP
~u = → e ~v = → ·
||OM|| ||OP ||
Então:
~γP = R ~u − γ~v e ~γP ′ = R~u − γ ′~v .
118
Logo:
Donde
γ 2 γR2
γP2 − γ ′ = R 2
+ γ 2
− − γγ ′ = 0 pois γ − γ ′ = R2
γ′ P γ′
ou seja:
γP2 γ γ γ2
2 = ′ ou = ·
γP ′ γ γ′ R2
γP γ
Então: = como querı́amos provar.
γP ′ R
9. Seja u(x, y) = x2 − y 2 .
(i) Verifique que u é solução do problema
∆u(x, y) = 0 em Ω
u(x, y) = 2x2 − 1 em ∂Ω
onde
Ω = (x, y) ∈ R2 ; x2 + y 2 < 1 .
Z 2π Z 2π
cos 2α dα cos 2α dα 2π
(a) = 0. (b) −
0 3 − 2 cos α − 2 sen α 0 5 − 4 cos α 3
119
SOLUÇÃO:
(i) É trivial.
(ii) Como u é solução do problema de Dirichlet no cı́rculo, pela fórmula (33) tem-se
Z 2π
2 1 − (x2 + y 2 )
2 cos 2α dα
x −y = ·
2π 0 1+ x2 + y2 − 2x cos α − 2y sen α
1
(a) Considerando x = y = na fórmula anterior, tem-se
2
Z 2π
cos 2α dα
= 0.
0 3 − 2 cos α − 2 sen α
1
(b) Considerando x = e y = 0 na fórmula anterior, tem-se
2
Z 2π
cos 2α dα 2π
= ·
0 5 − 4 cos α 3
120
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Respostas:
Z Z
n−1 2 ∂u
nu |∇u| dxdy = un dΓ.
Ω Γ ∂γ
Z 2π
sen 2α dα
= π.
0 3 − 2 cos α − 2 sen α
4. EQUAÇÕES PARABÓLICAS
∂u ∂ 2 u
(1) Lu = − = f (x, y).
∂t ∂x2
Fio de Comprimento Finito - Sejam L > 0 e u0 (x) uma função real contı́nua e
limitada em 0 < x < L. T é um número real positivo. Encontrar u(x, t), função real,
definida em 0 < x < L, 0 < t < T , satisfazendo às condições:
ut = uxx , 0 < x < L, 0 < t < T
(2) u(x, 0) = u0 (x), 0<x≤L
u(0, t) = u(L, t) = 0, 0 ≤ t ≤ T
Y ′ (t) X ′′ (x)
= = −λ2 para todo x e t.
Y (t) X(x)
Daı́ obtém-se:
Y ′ (t) + λ2 Y (t) = 0,
X ′′ (x) + λ2 X(x) = 0,
X(0) = X(L) = 0,
nπ
A=0 e λn = , n = 1, 2, . . . .
L
125
nπx
un (x, t) = Bn e−λn t sen , n = 1, . . . .
L
Sendo linear o problema (2), conclui-se que as somas finitas também são soluções, isto
é:
n
X nπx
Bn e−λn t sen ,
ν=1
L
é uma solução.
A solução geral seria o limite quando n → ∞. Para tal, supõe-se que u0 (x)
foi estendida de forma ı́mpar ao intervalo ] − L, L[ e aı́ possui uma série de Fourier
convergente. Com esta hipótese calcula-se por meio de u0 (x) os coeficientes Bn , isto é,
Z L
2 nπx
(4) Bn = u0 (x) sen dx.
L 0 L
∞
X nπx
(5) u(x, t) = Bn e−λn t sen
n=1
L
−∞ < x < +∞, ou seja, um fio infinito) ou da transformada de Laplace (no caso em
que 0 < x < +∞, que se denomina fio semi-infinito, para distinguı́-lo do caso anterior),
ao invés da série de Fourier. Do ponto de vista filosófico, tudo resulta do fato que o
d2
espectro do operador derivada não é mais enumerável no caso de comprimento não
dx2
finito. Para uma compreensão deste ponto, necessário seria o estudo da teoria espectral
dos operadores, o que será feito posteriormente.
Retornando ao caso de comprimento não finito, procede-se de modo puramente
formal com a hipótese de que as operações de integração a serem feitas sejam per-
missı́veis. Multiplica-se, então, ambos os membros da equação em (3) por e−iσx e
integra-se em −∞ < x < +∞, obtendo-se
Z +∞ Z +∞
−iσx
(6) e ut (x, t) dx = e−iσx uxx (x, t) dx.
−∞ −∞
Tem-se
Z +∞ Z +∞
−iσx ∂
(7) e ut (x, t) dx = e−iσx u(x, t) dx = vt (σ, t),
−∞ ∂t −∞
representando-se por
Z +∞
(8) v(σ, t) = e−iσx u(x, t) dx,
−∞
denominada a Transformada de Fourier da função u(x, t), denotada por F [u(x, t)].
Demonstra-se que
Z +∞
v(σ, 0) = e−iσx u(x, 0) dx = F [u0 (x)].
−∞
Logo, fazendo-se
Z +∞
(11) v0 (σ) = v(σ, 0) = F [u0 (x)] = e−iσx u0 (x) dx
−∞
2
v(σ, t) = e−σ t v0 (σ).
Logo,
1 2
− x4t
(13) v(σ, t) = F √ e · F [u0 (σ)].
4πt
Z +∞
1 −(x−ξ)2
(15) u(x, t) = √ e 4t u0 (ξ) dξ
4πt −∞
Z ∞ −ξ2
e 4t
|u(x, t)| ≤ M √ dξ = M.
−∞ 4πt
129
Com efeito, seja δ > 0. Suponha |(x, t) − (x0 , 0)| < δ, com t > 0. Da continuidade de
u0 , resulta que, para cada ε > 0 existe δ1 > 0 tal que
ε
(16) |u0 (x) − u0 (x0 )| < , para todo |x − x0 | < δ1 .
2
ε
(17) |u(x, t) − u0 (x0 )| ≤ |u(x, t) − u0 (x)| + ·
2
Z +∞ −ξ2 Z +∞ −(x−ξ)2
e 4t e 4t
(18) √ dξ = √ dξ = 1,
−∞ 4πt −∞ 4πt
tem-se
Z ∞ −y 2
e 4t
(19) |u(x, t) − u0 (x)| ≤ √ |u0 (x − y) − u0 (x)| dy.
−∞ 4πt
Z −y 2 Z −y 2
e 4t ε e 4t
|u(x, t) − u0 (x)| ≤ √ |u0 (x − y) − u0 (y)| dy + √ dy.
|y|≥η 4πt 4 |y|<η 4πt
Z −y 2
e 4t ε
(20) |u(x, t) − u0 (x)| ≤ 2M √ dy + ·
|y|≥η 4πt 4
130
R∞ 2
Efetuando mudança de variável conveniente e lembrando que a integral −∞
e−s ds
converge, tem-se
Z −y 2 Z 2 √
e 4t e−s ε 2π
√ dy = √ dx ≤
|y|≥η 4πt |s|≥ n
√ π 8M
2 t
|u(x, t) − u0 (x0 )| ≤ ε, para todo (x, t) tal que |(x, t) − x0 , 0)| ≤ δ, t > 0,
Z +∞
1 −(x−ξ)2
√ e 4t u0 (ξ) dξ, se x ∈ R, t > 0
(21) u(x, t) = 4πt −∞
u (x), se x ∈ R, t = 0
0
do problema:
ut = uxx + h, −∞ < x < +∞, t > 0
u(x, 0) = u (x), −∞ < x < +∞
(22) 0
u ∈ C 2 (R × (0, ∞)) ∩ C 0 (R × [0, ∞))
Princı́pio de Duhamel: Seja h ∈ C(R × [0, +∞)), h limitada. Se, para cada
s > 0, z(x, t, s) é solução do problema
zt = zxx , −∞ < x < +∞, t > 0
z(x, 0, s) = h(x, s), −∞ < x < +∞
(24)
z ∈ C 2 (R × (0, ∞)) ∩ C 0 (R × [0, ∞))
Rt
então w(x, t) = 0
z(x, t − s, s) ds é solução de (23).
Leibniz, tem-se
Z t
dz
wt (x, t) = z(x, 0, t) + (x, t − s, s) ds.
0 ∂t
Z t
wt (x, t) = h(x, t) + zxx (x, t − s, s) ds = h(x, t) + wxx (x, t), em R × (0, ∞).
0
Z tZ (x−ξ)2
+∞
e− 4(t−s)
(25) w(x, t) = p h(ξ, s) dξ ds.
0 −∞ 4π(t − x)
ut = uxx , 0 < x < ∞, t>0
(26) u(x, 0) = u0 (x), x ≥ 0
u(0, t) = h(t), t ≥ 0
ut = uxx , 0 < x < ∞, t>0
(27) u(x, 0) = 0, x ≥ 0
u(0, t) = h(t), t ≥ 0
Uxx (x, s) − sU (x, s) = 0
(28) U (0, s) = H(s)
|U (x, s)| ≤ K(s), ∀ x ≥ 0
Verifica-se que
√
−x s x −x2
e =L √ e 4t .
4πt3
134
Rt
Por outro lado, sendo (u ∗ v)(t) = 0
u(t − y)v(y) dy, obtém-se L(u ∗ v) = L(u) · L(v).
Utilizando estas observações em (29), obtém-se, finalmente
Z t
1 x −x2
u(x, t) = √ p e 4(t−ξ) h(ξ) dξ.
4π 0 (t − ξ)3
Observe que, combinando as soluções dos dois problemas, um com u0 (x) = 0 e outro
com h(t) = 0, pode-se resolver o problema mais geral (26).
Da continuidade de v segue-se que existe (x0 , t0 ) ∈ [a, b] × [0, T ] onde v atinge seu
máximo. Suponha, por contradição, que (x0 , t0 ) ∈ (a, b) × (0, T ). Como v ∈ C 2 ((a, b) ×
135
∂ 2v
vt (x0 , t0 ) ≥ 0 e (x0 , t0 ) ≤ 0,
∂x2
de onde, comparando com (30), novamente se chega a 2εα2 ≤ 0, concluindo então que
o máximo de v ocorre em Γ = {(a, t) ∪ (b, t), t ∈ [0, T ]} ∪ {(x, 0), x ∈ (a, b)}. Por outro
lado, da definição de v,
Teorema 3. Sejam u0 ∈ C[0, L], f, g ∈ C[0, ∞), com u0 (0) = f (0) e u0 (L) = g(0).
Seja g ∈ C 1 ((0, L) × (0, ∞)). Então existe no máximo uma solução para o problema
u ∈ C 2 ((0, L) × (0, ∞)) ∩ C([0, L] × [0, ∞))
u = α2 u + g, 0 < x < L, t > 0
t xx
(31)
u(x, 0) = u0 (x), x ∈ [0, L]
u(0, t) = f (t) u(L, t) = g(t), t ≥ 0
136
Teorema 4. Sejam g ∈ C(R × (0, ∞)) e u0 ∈ C(R) limitadas. Então existe no máximo
uma solução u ∈ C 2 (R × (0, ∞)) ∩ C(R × [0, ∞)), u limitada, do problema
ut = α2 uxx + g, em R × (0, ∞)
(32)
u(x, 0) = u (x), x ∈ R
0
Seja M > 0 tal que |w(x, t)| ≤ M para cada (x, t) ∈ R × [0, ∞) e T > 0 e α > 0, com
Ω = {x ∈ R, |x| < a}.
Defina v: R × [0, ∞) → R por:
M 2 2M α2 t
v(x, t) = w(x, t) − x − ·
a2 a2
137
Tem-se, então, v ∈ C 2 (Ω × (0, T ]) ∩ C(Ω × [0, T ]). De (33) segue-se que vt = α2 vxx em
Ω × (0, T ], então, do Teorema 2, segue-se
M a2 2M α2 t −2M α2 t
v(x, t) ≤ M − − = ≤0
a2 a2 a2
e, em Γ2 ,
M x2 −M x2
v(x, 0) = w(x, 0) − = ≤ 0,
a2 a2
M 2 2M α2 t
w(x, t) ≤ x + ,
a2 a2
Tomando agora
M 2 2M α2 t
ṽ(x, t) = −w(x, t) − x −
a2 a2
e utilizando raciocı́nio análogo, encontra-se
OBSERVAÇÃO FINAL
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
SOLUÇÃO:
O problema que se deseja resolver é:
Procura-se solução da forma u(x, t) = v(x, t) + ū(x), onde ū(x) é a solução estacionária
(de equilı́brio), a qual satisfaz a equação e as condições de fronteira, isto é,
′′
ū (x) = 0, 0<x<L
ū(0) = u1 , ū(L) = u2
vt = vxx , 0 < x < L, 0 < t < ∞
v(x, 0) = u0 − ū(x), 0 ≤ x ≤ L
v(0, t) = v(L, t) = 0, t > 0
140
∞
X Z L
− nπt nπx 2 nπx
v(x, t) = Bn e L sen onde Bn = [u0 − ū(x)] sen dx.
n=1
L L 0 L
∞
x X 2 nπt nπx
u(x, t) = u1 + (u2 − u1 ) + (−1)n (u2 − u0 ) − (u1 − u0 ) e− L sen .
L n=1 nπ L
SOLUÇÃO:
Aplicando a transformada de Laplace com relação à variável t e denotando
U (x, s) = L(u(x, t)), encontra-se
πx
Uxx (x, s) − s U (x, s) = −1 − sen
L
U (0, s) = U (L, s) + 1
s
1 1 πx
U (x, s) = + sen
s s + π 2 /L2 L
141
3. Seja Ω aberto de R2 , a(x, t) > 0 em Ω e Lu(x, t) = a(x, t)uxx + b(x, t)ux + c(x, t)ut ,
com Lu > 0 em Ω, onde as funções a, b e c são regulares.
(a) Se u ∈ C 2 (Ω), mostre que u não tem máximo local em Ω.
(b) Se u ∈ C 2 (Ω) ∩ C(Ω), mostre que u atinge seu máximo em ∂Ω (a fronteira de Ω).
SOLUÇÃO:
(a) Suponha, por absurdo, que u atinge um máximo local em (x0 , t0 ) ∈ Ω. Então
∇u(x0 , t0 ) = 0. Além disso, como a função x → u(x, t0 ) tem também um máximo local
∂ 2u
em (x0 , t0 ), segue-se que (x0 , t0 ) ≤ 0. Nesse caso,
∂x2
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1. Considere o problema
u = u , 0 < x < L, t > 0
t xx
u(x, 0) = u0 (x), 0 ≤ x ≤ L
u (0, t) = u (L, t) = 0, t ≥ 0
x x
(a) Use o método de separação de variáveis e série de Fourier para obter uma candi-
data a solução do problema.
(b) Dê condições sobre u0 (x) para que a expressão encontrada no item (a) seja real-
mente solução do problema, u ∈ C 2 ([0, L] × (0, ∞)) ∩ C 0 ([0, L] × [0, ∞)), e u
satisfaz as condições inicial e de fronteira.
(c) Mostre que a solução obtida converge para uma solução de equilı́brio (indepen-
dente de t), quando t → ∞.
∞
a0 P n2 π 2 t nπx
Resposta: u(x, t) = + an e− L2 cos , onde
2 n=1 L
Z L
2 nπx
an = u0 (x) cos dx, n = 0, 1, 2, . . .
L 0 L
Resposta:
2
− 4πL t 2πx
u(x, t) = 1 + e cos .
L
143
Resposta:
αt Z +∞
e (x−ξ)2
− 4t
√ u 0 (ξ)e dξ, x ∈ R, t>0
u(x, t) = 4πt −∞
u (x), x ∈ R, t = 0
0
ut = α2 uxx − h2 u, x, t > 0
u(x, 0) = 0, x ≥ 0
u(0, t) = β, lim u(x, t) = 0, t≥0
x→∞
Resposta:
Z t 2
βx e−h r − x2 2
u(x, t) = √ e 4τ α dτ.
2α π 0 τ 3/2
5. SOLUÇÕES ANALÍTICAS
Tendo em vista ser Sofia Kowalewsky uma representante, famosa, do belo sexo,
que aparece no presente texto, considera-se educativo dizer algo sobre sua vida. Das
fotografias conhecidas, deduz-se ter sido ela uma charmosa e linda mulher. Filha de um
general de artilharia do exército russo, descendente do rei da Hungria. Contam seus
biógrafos, que sua paixão pela matemática surgiu ao ler as notas de aula dos cursos de
matemática que seu pai fez na escola de artilharia em Moscou. Casou-se com um estu-
dante russo de sobrenome Kowalewsky e a seguir, ambos, foram completar seus estudos
em Berlim. Ele em geologia e ela, evidentemente, em matemática, tendo como orien-
tador de trabalho o jovem matemático Weierstrass. Sob esta orientação deu profundas
contribuições às equações diferenciais parciais e às integrais Abelianas, cf. J. Hadamard
op. cit. . Posteriormente viajou para Paris onde teve oportunidade de conhecer grandes
146
mestres. Nesta ocasião, fez significativas contribuições à Fı́sica Matemática, tendo sido
homenageada com prêmio da Academia de Ciências. Por intermédio de Weierstrass foi
convidada por Mittag Lefler para ocupar uma posição permanente na Universidade de
Estocolmo, onde trabalhou até sua morte. Dizem seus biógrafos que fez igualmente
substanciais contribuições literárias, como acontecia às pessoas cultas da época.
Retornando ao estudo das soluções analı́ticas, inicia-se com a análise de uma
única equação ordinária servindo de modelo para a compreensão do criativo método de
Cauchy.
∞
X
f (x, y) = aij (x − x0 )i (y − y0 )j
i,j=1
1 ∂ i+j f
sendo aij = , calculadas em (x0 , y0 ).
i!j! ∂xi ∂y j
Denomina-se solução analı́tica do problema de Cauchy (1) a uma função y = y(x)
analı́tica em uma vizinhança do ponto x0 , satisfazendo a (1)1 pontualmente e a condição
147
(1)2 . O resultado fundamental de Cauchy, diz que se f for analı́tica em uma vizinhança
de (x0 , y0 ) então o problema (1) possui uma solução analı́tica. Todo o trabalho deste
parágrafo consiste em demonstrar este resultado.
Para simplificar os cálculos, supõe-se x0 = 0 e y0 = 0, isto é, a origem. O
problema de Cauchy toma a forma:
dy
dx = f (x, y) em uma vizinhança de (0, 0)
(2)
y(0) = 0
∞
X
(3) y(x) = b k xk ,
k=0
1 dk y
(4) bk = , calculados em x = 0.
k! dxk
Portanto os coeficientes do desenvolvimento (3) são conhecidos, devido às relações (5),
por meio dos coeficientes do desenvolvimento de f (x, y) em série de potências, em uma
148
∞
X
(6) f (x, y) = aij xi y j
i,j=1
sendo
1 ∂ i+j f
(7) aij = .
i!j! ∂xi ∂y j
x=0
y=0
d2 y d3 y
Portanto, fazendo-se x = y = 0 em (5) obtém-se , , . . . que darão
dx2 x=0 dx3 x=0
os coeficientes bk do desenvolvimento (3) de y(x), por meio dos coeficientes aij do
desenvolvimento (6) de f (x, y).
Portanto de (5) obtém-se os coeficientes bk de (3) em função dos aij . De modo preciso
os bk são obtidos por meio de polinômios em aij com coeficientes inteiros não negativos.
Dois são os problemas a resolver:
i) A convergência de (3) com os coeficientes bk dados por (5).
ii) É esta série solução de (2) ?
Admitindo-se a (i) demonstra-se a (ii). De fato, substituindo-se y = y(x) dada
por (3) com coeficientes (4) calculados por (5) na equação obtém-se a função ϕ(x) =
y ′ (x) − f (x, y(x)) definida em uma vizinhança de x = 0, nula com todas as derivadas em
uma vizinhança do zero onde a série converge. Logo ϕ é a função nula nesta vizinhança
provando o ii).
Resta demonstrar a convergência da série (3). Esta convergência será obtida
por meio do método de funções majorantes que Cauchy denominou método dos limites.
Considere-se uma função F (x, u) analı́tica em (0, 0), isto é,
∞
X
(8) F (x, u) = Aij xi uj
i,j=1
149
convergente em |x| < r, |u| < ρ, cujos coeficientes não negativos são tais que:
Diz-se que a função analı́tica F (x, u) é uma majorante da função analı́tica f (x, y):
formula-se com F o problema de Cauchy majorante
du
dx = F (x, u)
(10)
u(0) = 0
(11) u(x) = c0 + c1 x + c2 x2 + . . .
1 dk u
(12) ck = .
k! dxk x=0
Por um processo análogo ao desenvolvido para obter (5), calcula-se os ck em função dos
coeficientes Aij de (8). Tem-se que os ck são obtidos como polinômios em Aik , com
coeficientes inteiros não negativos. Portanto ck = P (Aij ) e bk = P (aij ). Tem-se por
(9):
para todo k = 0, 1, 2, . . .
Logo, (13) afirma que se (10) possuir solução analı́tica convergente em uma vi-
zinhança de zero, então ela é majorante da função y(x) dada por (3). Logo, a série (3)
é convergente em uma vizinhança da origem, como desejava-se provar. Resta, apenas
provar que (10) possui solução analı́tica. O sucesso do método consiste em escolher
150
∞
X
aij ai bj
i,j=0
M
|aij | ≤ i, j = 0, 1, 2, . . . .
ai bj
Logo,
∞
X ∞
X i j
i j x y
aij x y ≤ M ( .
i,j=0 i,j=1
a b
M
F (x, y) =
x y
1− a 1− b
e a série da esquerda é a função f (x, y) do problema (2). Logo, F (x, y) é uma função
analı́tica majorante de f (x, y) na vizinhança da origem {(x, y) ∈ R2 ; |x| < a, |y| < b}.
Portanto natural é escolher F (x, u), |x| < a, |u| < b para compor o problema majorante
auxiliar (10). Obtém-se o problema auxiliar majorante:
du M
= x
em |x| < a, |u| < b
dx 1 − 1 − u
(14) a
u(0) = 0
151
A equação
u du M
(15) 1− =
b dx 1 − xa
Toma-se log 1 = 0, resultando que u(0) = 0. Esta função u é analı́tica numa vizinhança
da origem. Realmente, a função sob o radical é analı́tica no interior do intervalo |x| < a
e se anula para
b
− 2aM
(18) x=ρ=a 1−e .
Conclui-se que u dada por (17) possui uma representação em séries de potências
convergente em Cρ e majorante de (3). Logo (3) converge em Cρ .
A solução dada por (3) com os coeficientes dados por (5) é a série com coeficientes nulos,
logo z é a função nula em Cρ ou y = ŷ.
Note-se que Gij (ξ, η), i, j = 1, 2, é uma função real definida em um aberto Ω
do R2 , continuamente diferenciável. Com ui (x, y), i = 1, 2, representa-se uma função
definida em um aberto do R2 , continuamente diferenciável, tal que para todo par (x, y)
tem-se (u1 (x, y), u2(x, y)) pertence a Ω. A função φi (y), i = 1, 2, é o dado de Cauchy
conhecido sobre a reta x = 0 do plano R2 . Supõe-se continuamente derivável.
153
∞
X
(19) Gij (u1 , u2 ) = bij r s
rs u1 u2 ,
r,s=1
sendo
1 ∂ r+s Gij
(20) bij
rs =
r!s! ∂ur1 ∂us2
calculadas em x = 0, y = 0.
A série de Taylor do dado inicial em uma vizinhança da origem do eixo dos y, é
dada por:
∞
X
(21) φi (y) = aiℓ y ℓ ,
ℓ=1
sendo:
1 dℓ φi (y)
(22) aiℓ = , em y = 0.
ℓ! dy ℓ
Deve provar que (18) possui uma solução analı́tica em uma vizinhança da origem (0, 0)
do R2 .
De modo preciso, tem-se como objetivo principal, provar o problema de Cauchy
(18), com estas hipóteses, possui uma solução do tipo:
∞
X
(23) ui (x, y) = ciαβ xα y β , i = 1, 2
α,β=1
1 ∂ α+β ui (x, y)
(24) ciαβ = , para x = 0, y = 0,
α!β! ∂xα ∂y β
com i = 1, 2.
Para uma clara compreensão do método dos limites de Cauchy, calcula-se, a
seguir, os coeficientes ciαβ de (23) em função dos coeficienes bij i
rs e aℓ dados por (20) e
(22), respectivamente, supondo-se que (23) com coeficientes (24) seja solução de (18).
por hipótese
∂ui ∂ui
(0, y) = φ′i (y) e (0, 0) = φ′i (0).
∂y ∂y
155
Resulta de (20), que Gij u1 (0, 0), u2(0, 0) = Gij (0, 0) = bij
00 .
Daı́, obtém-se:
ci10 = bi1 ′ i2 i
00 φi (0) + b00 φ2 (0), i = 1, 2.
Tem-se, igualmente,
∂ui
ci01 = (0, 0) = φ′i (0), i = 1, 2
∂y
mas,
dφi (y)
φ′i (0) = ai1 .
dy y=0
Em resumo, obteve-se:
ci = bi1 ai + bi2 ai
10 00 1 00 2
(25)
i
c01 = ai1
X 2
∂ 2 ui ∂Gij ∂u1 ∂Gij ∂uj ∂u ∂ 2 uj
= + + Gij (u1 , u2 ) 2 .
∂y∂x j=1 ∂u1 ∂y ∂uj ∂y ∂y ∂y
Cálculo em x = 0, y = 0
De (20), obtém-se:
∂Gij ∂Gij
= bij
10 e = bij
01 ,
∂u1 ∂u2
X2
ij i ij i 1 ij i
(26) ci11 = b10 a1 + b01 a2 + b00 a2
j=1
2
para i = 1, 2.
Por este processo, vão sendo obtidos os coeficientes ciαβ da série (23), hipotética
solução de (18). Examinando-se (25) e (26), deduz-se que estes coeficientes ciαβ serão
obtidos por meio de polinômios em bij i
rs e aℓ , com coeficientes números inteiros não
e φi (y) em séries de potências numa vizinhança da origem, (19), (20), (21), (22).
Considere-se a série (23) com os coeficientes (24) calculados por (25), (26), etc,
por meio de polinômios em bij i
rs e aℓ , com coeficientes inteiros não negativos. Suponha,
por enquanto, que ela seja convergente em uma vizinhança v(0, 0) da origem do plano
R2 . Considere-se a função
X2
∂ui ∂uj
Φi (x, y) = (x, y) − Gij u1 (x, y), u2(x, y) (x, y) i = 1, 2,
∂x j=1
∂y
definida na vizinhança de convergência v(0, 0). Por repetição do processo de cálculo dos
coeficientes acima desenvolvido, conclui-se que Φi (x, y) = 0 em (0, 0) com todas as suas
derivadas. Resulta que Φi (x, y) é a função identicametne nula em v(0, 0), provando que
se a série (23), com coeficientes (25), (26), etc, for convergente, sua soma será solução
do problema de Cauchy (18). Portanto, resta provar a convergência de (23) com os
coeficientes dados por (25), (26), etc.
∞
X
ij r s
(27) Hij (u1 , u2 ) = Brs u1 u2
r,s=0
(28) |bij ij
rs | < Brs , para todos os ı́ndices
∞
X
(29) ψi (y) = Aiℓ y ℓ
ℓ=1
∂V 2
i X ∂Vj
= Hij (V1 , V2 )
∂x ∂y
j=1
(31)
Vi (0, y) = ψi (y)
i = 1, 2
Pelo mesmo processo para construir a solução (23) com coeficientes (24), obtidos
por (25), (26) e por meio de poliômios em bij i
rs , aℓ com coeficientes inteiros não negativos,
∞
X
i
(32) Vi (x, y) = Cαβ xα y β ,
α,β=1
ij ij
sendo os coeficientes Cαβ obtidos, neste caso, por meio de polinômios em Brs e Aiℓ com
coeficientes inteiros não negativos.
ij
De (28) e (30) deduz-se que os Cαβ coeficientes de (32) majoram os cij
αβ coefi-
(33) |cij
αβ | ≤ P |b ij
rs |, |a i
ℓ | ij
≤ P (Brs .Aiℓ ) = ciαβ j
provando que a série (32) majora a série (23) na vizinhança da origem (0, 0) onde
convergem. Sendo (32) convergente conclui-se que (23) é convergente, logo (18) possui
uma solução analı́tica.
M
(34) |aiν | <
ρν
M M (r + s)!
(35) |bij
rs | < r+s
≤ r+s ·
R R r!s!
Definindo-se
M M (r + s)!
Aiν = e ij
Brs =
ρν Rr+s r!s!
obtém-se:
∞
X ∞ ν
X y
(36) ψi (y) = Aiν ν
y =M
ν=1 ν=1
ρ
ou
X∞ r s
V1 V2 (r + s)!
(37) Hij (V1 , V2 ) = M
r,s=0
R R r!s!
∞ X
X k r s
M (r + s)! V1 V2
(38) V1 +V2
= ,
1− R r+s=0
r!s! R R
k=0
160
M
(39) Hij (V1 , V2 ) = V1 +V2
,
1− R
My
(40) ψi (y) = ,
ρ−y
Sendo Hij (u1 , u2 ) e ψi (y) independentes de i, j, natural seria procurar soluções de (41)
da mesma natureza, isto é,
a(V )
(44) V (x, y) = φ y − x
b(V )
2 ∂V ∂V
1− V − 2M =0
R ∂x ∂y
(45)
V (0, y) = φ(y)
com
My
φ(y) = , |y| < ρ.
ρ−y
a(V )
V (x, y) = φ y − x ,
b(V )
com
2
a(V ) = 1 − V, b(V ) = −2M.
R
Mz
Substituindo-se em φ(z) = , efetuando-se o cálculo algébrico, obtém-se a equação
ρ−z
do segundo grau para o cálculo de V
2 2
(46) ρV 1 − V = (V + M ) 1 − V y + 2M x .
R R
162
2
V (0, 0) 1 − V (0, 0) = 0, R>0
R
obtendo-se
R
V1 (0, 0) = 0 e V2 (0, 0) = ·
2
Das duas soluções a que interessa ao problema (45) é a V1 (x, y). Sendo R > 0, as duas
soluções são diferentes em (0, 0), logo o discriminante δ(x, y) da equação do segundo
grau (46) é maior que zero em (0, 0). Sendo δ(x, y) uma função contı́nua, existe uma
vizinhança da origem (0, 0) onde δ(x, y) é estritamente positivo. Logo, nesta vizinhança
a raiz V1 (x, y) da equação (46), obtida explicitamente, é uma função analı́tica. Assim,
(45) possui uma solução analı́tica.
BIBLIOGRAFIA