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Caro leitor
Prepare-se para o que está nas próximas páginas. São pensamentos que podem po-
dem chocar àqueles já anestesiados pela ditadura do “Politicamente Correto”: velhas
ideologias e conceitos embrulhados numa embalagem moderna e sedutora.
Nas aulas sobre o barroco mineiro, em breve não poderemos mais citar o Aleijadin-
ho. Diremos o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades es-
peciais... Não dá. O “Politicamente Correto” também gera a morte do apelido, essa
tradição fabulosa do Brasil. Daqui a pouco só chamaremos o anão - o popular pintor
de roda-pé ou leão de chácara de baile infantil — de “deficiente vertical”. O crioulo
— vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) — só poderá ser chamado
de afrodescendente. O branquelo — o famoso branco azedo ou Omo total — pas-
sará a ser um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente. A mul-
her feia — aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilhar-
ia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno — tornar-se-á
dona de um “padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade”. O
gordo — outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia
assassina e bujão — é o cidadão que “está fora do peso ideal”. O magricela não pode
ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito. O careca não é mais
o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho, pouca telha.
Qualquer pessoa com mais de 30 anos deve recordar daqueles cigarros de chocolate
que as crianças adoravam no passado. Isso seria impensável hoje em dia. Chocolate,
e ainda por cima em forma de cigarro? Seria “politicamente incorreto” demais para o
mundo moderno. Diriam que as crianças vulneráveis seriam fumantes compulsivas,
tal como acusam os filmes e jogos violentos pela violência.
Pensar na possibilidade de que os próprios pais devem educar seus filhos, impondo
limites e dizendo “não”, parece algo estranho demais para os engenheiros sociais da
atualidade. As “crianças mimadas”, os adultos modernos, preferem delegar a função
ao governo, que será responsável pela “pureza” das propagandas. E é aí que mora o
perigo: quem precisa de liberdade de escolha quando se tem o governo para con-
trolar nossas vidas?!
Este trabalho não tem pretensão de limitar a dez os falsos deuses do “Politicamente
Correto”, infelizmente há outros mais. Porém, se o texto conseguir abrir os seus olhos
para o que se esconde por detrás desse falsos deuses, já estará ótimo.
Boa leitura!
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SUMÁRIO
Introdução
Conclusão
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AS ORIGENS DO “POLITICAMENTE CORRETO”
Os modelos filosóficos que inspiraram o “Politicamente Cor-
reto” são numerosos: a República de Platão, Shangri-lá,
Xanadu, a Utopia de More, a Cidade do Sol de Campanella
são alguns exemplos. Jean Jacques Rousseau, o filósofo ilu-
minista (que, na verdade, não passava de um doente men-
tal crente na existência de uma operação continental para
destruí-lo) sonhava com um Estado não apenas autoritário,
mas também totalitário, regulando todos os aspectos da
atividade humana, inclusive o pensamento. Submetido ao
contrato social, o indivíduo seria obrigado a “alienar-se de si,
juntamente com todos os seus direitos, em prol do conjunto
da comunidade” .
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OS TEÓRICOS
Dois teóricos Marxistas, Antonio Gramsci, na Itália, e Georg
Lukacs, na Hungria, chegaram a uma mesma resposta, de
forma independente. Eles afirmavam que na cultura oci-
dental, a religião Cristã havia “cegado” os trabalhadores
para os verdadeiros interesses da classe (o marxismo), e
que era impossível o estabelecimento do Comunismo no
Ocidente antes que a cultura tradicional e o Cristianismo
fossem destruídos. Isso mesmo, Osama Bin Laden não foi o
pioneiro em sua causa.
A ESCOLA DE FRANKFURT
Lukacs tornou-se uma proeminente influência do pensa-
mento marxista estabelecido na Universidade alemã de
Frankfurt: o Instituto de Pesquisa Social, mais conhecido
como Escola de Frankfurt. Quando Max Horkheimer tor-
nou-se o diretor da Escola de Frankfurt, em 1930, contratou
os serviços de Lukacs para transpor os conceitos da teoria
marxista da economia para a cultura.
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Para a Escola de Frankfurt, a chave do Em 1933, com a ascensão do partido
sucesso desse trabalho estava no cru- nazista, os teóricos da Escola de Frank-
zamento da teoria marxista com Freud. furt trataram de salvar a própria pele.
Postularam que se sob o capitalismo to- Fugiram deixando o povo alemão
dos vivem sob um estado de opressão, largado à própria sorte, mudando-se
então toda a cultura ocidental também para a cidade de Nova York. Tal qual os
vive sob repressão psicológica. terroristas do 11/09, se aproveitaram
das benesses da “opressora sociedade
Utilizando a psicologia, eles desenvolv- ocidental” para tramarem seus planos
eram técnicas de condicionamento, de destruição. Lá publicaram a chama-
destinadas “libertar” o ser humano dos da “Teoria Crítica”, em 1937, preconi-
limites éticos e morais impostos pela zando a crítica constante e destrutiva
sociedade. Foram técnicas eficazes e das instituições sociais tradicionais,
inovadoras, continuamente aperfeiçoa- começando com a família.
das ao longo do tempo, hoje perfeita- Programação da TV:
peça-chave na “reeducação”
mente adaptadas às novas mídias. Quer O influente livro de Theodor W. Ador- moral da sociedade
tornar o homossexualismo algo “nor- no. “A personalidade Autoritária” (Au-
mal” para a sociedade? Então vamos thoritarian Personality - Studies in Prej-
“reeducá-la”, coloquem na programação udice), de 1950, rotulava os defensores
televisiva cada vez mais personagens da cultura tradicional como “fascistas”
homossexuais. e “mentalmente doentes”.
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I - DIVERSIDADE
Não foram poucos os juízes do Supremo que justificaram o seus votos a favor da ação, afirmando
que a união homossexual já era um fato na sociedade. Estavam eles apenas formalizando a sua
existência — como se todos os vícios e práticas criminosas milenares da espécie humana fossem
também merecedoras do amparo do Estado, pelo simples fato de existirem.
Na mídia, um ativista homossexual declarou que a “decisão unânime do STF era o reconhecimento
oficial da diversidade”. Paradoxalmente, ninguém insiste tanto na conformidade como aqueles que
advogam “Diversidade” e a “modernidade”. Sob o manto de um discurso progressista, jaz muitas
vezes um autoritarismo típico de pessoas que gostariam, no fundo, de um mundo uniforme, onde
todos rezam o mesmo credo. Mas o que é exatamente a Diversidade ?
“A Constituição brasileira é
inconstitucional”
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A promoção da Diversidade tornou-se uma obsessão no
mundo ocidental. Não importa onde você estiver, a “Diver-
sidade” influencia o seu modo de pensar e agir.
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II - RACISMO
Até o momento, o grande feito do sistema de cotas na UNB foi provocar o efeito
oposto ao desejado: a discriminação racial , pois termina por discriminar os es-
tudantes “negros” que ingressaram pelos próprios méritos e os “brancos” que
ficaram de fora, mesmo com avaliação melhor no processo seletivo.
Seguindo a sua linha “Politicamente Correta”, o STF negou uma liminar impe-
trada pelo DEM contra o sistema de cotas da UnB, alegando que o sistema é Seminário sobre racismo na UnB: a uni-
aplicada em outras 31 instituições de ensino superior públicas no Brasil. Como versidade como agente da “Justiça So-
na aprovação da união estável dos homossexuais, uma vez mais o STF lançou cial”
mão do mesmo argumento: ” Se tanta gente faz, é porque deve ser bom”.
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No Brasil republicano não há racismo. Nunca houve. Basta
observar os instantâneos de alunos e professoras negras
do final do começa da República (quando a profissão de
professora era valorizada) presentes no álbum “A Cor da
Escola”, da pedagoga Maria Lúcia Rodrigues. Depois disso,
pelas fotos da Força Expedicionária Brasileira, na II Guerra
Mundial. Enquanto os demais exércitos segregavam as
diferentes raças e etnias, em regimentos separados, o
Exército Brasileiro, miscigenado, dava o exemplo para o
mundo.
Falar em “discriminação racial” também configura um ex-
agero. No Brasil, o maior discriminado sempre foi o pobre,
Professora carioca em sala de aula, no tenha ele olhos azuis ou cabelo encarapinhado.
começo do século
Além do quê, se discriminar alguém significa ressaltar
pejorativamente uma características pessoal, teríamos
um grande problema. Seriam rotuladas como discrimi-
natórias, por exemplo, as piadas sobre todo aquele cuja
aparência esteja fora dos padrões ditados pela moda:
obesos, baixinhos, carecas, idosos ou feios, por exemplo.
Um programa humorístico como “Os Trapalhões”, exibido
na TV nas décadas de 70/80, onde seus protagonistas usa-
Alunos e professores da Escola Rodrigues Alves, vam expressões como: “crioulo”, “urubu”, “azulão”, “ceará”,
RJ , em1914: miscigenação incômoda para os “paraíba”, “rapaz alegre”, seria hoje retirado imediatamente
racialistas
do ar pelas hostes da correção política.
Hoje estamos à mercê dos eufemismos, com a linguagem
sendo obliterada para proteger os mais “sensíveis”. To-
dos são “especiais”, o mesmo que dizer que ninguém o é.
Chamar um velho amigo de “negão” na pelada de final de
semana — ao invés de afrodescendente — pode nos cu-
star a liberdade, com direito à prisão sem direito a fiança,
se um terceiro se sentir incomodado. E quando os “bran-
quelos” exigirem serem chamados de “caucasianos”? Da
mesma forma, os gorduchos, magrelos, baixinhos, carecas
e cabeludos vão logo entrar no rol “Politicamente Correto”.
Pelotão do Exército Brasileiro na IIGM: exemplo Que digam aqueles de idade avançada, que passaram a
ínédito de miscigenação racial no campo de ser tratados de velhos para idosos, de idosos para a “ter-
batalha ceira idade”, e de “terceira idade” para “melhor idade”.
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O CAMPEÃO
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O MEC IDEOLOGIZADO
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V - LAICISMO
O Estado Laico, isento da interferência da religião nas de- militar com uma série de ferimentos, alegando ter sofrido
cisões de governo, é um avanço da Democracia moderna. uma queda. Depois, mudou a versão para atropelamento.
Entretanto, o “Politicamente Correto” quer mais. Ele usa o Desconfiado, o Comando investigou e descobriu que, na
Laicismo como doutrina para a imposição do ateísmo de Es- verdade, ele havia sido espancado pelo não pagamento
O “Politicamente Correto” é puro marxismo cultural disfarçado. Logicamente, a cultura difundida pelo cinema e pela televisão
não sairia ilesa das suas garras.
CINEMA
O “Politicamente Correto” adora inverter a lógica da sociedade nas produções cinematográficas. O bandido, o traficante, o viciado
e a prostituta precisam ser mitificados. Afinal de contas, eles não passam de “vítimas” da sociedade capitalista.
Desde o final dos anos 70, a produção cinematográfica de cunho político tentou reescrever a história do Brasil à sua maneira, pro-
duzindo filmes que alçavam à categoria de “mártires da democracia”, grupos terroristas que pegaram em armas contra o Regime
Militar. Para a tristeza dos seus idealizadores, seus filmes foram um fiasco de público.
Como se não bastasse, em 2007 José Padilha lançou o filme Tropa de Elite — odiado pela crítica esquerdista que o chamou de
“fascista”, apenas por colocar as coisas em seu lugar: criminoso como criminoso, polícia como polícia, e o usuário de drogas como
financiador do crime organizado. O filme estourou nas bilheterias, apesar da intensa pirataria, tendo um público de quase 3 mil-
hões de espectadores.
Em 2009, a sua continuação: Tropa de Elite tornou-se o maior sucesso de bilheteria e publico no cinema nacional em todos os
tempos, com 11 milhões de espectadores. Conclusão: o povo brasileiro não se engana pela cantilena marxista. Se somarmos o
público de todos os filmes com retórica esquerdista, em 30 anos de cinema nacional, ele não chegam a 10% (o coturno do capitão
Nascimento) do público de Tropa de Elite 1 e 2.
30 anos de propaganda esquerdista no cinema: soma de público não chega a 10% dos espectadores de Tropa de Elite
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Alguns podem até não admitir, mas todo o diretor de cinema sonha em
receber o Oscar de melhor filme algum dia. O cinema brasileiro teve chances
reais quando indicou o excelente Central do Brasil, mas deu azar: teve pela
frente nada menos que o fantástico A Vida é Bela. Outra chance real veio
em 2008, mas tomando uma decisão “Politicamente Correta”, o Ministério
da Cultura esnobou Tropa de Elite, mesmo após o filme ter recebido o Urso
de Ouro no Festival de Berlim — a maior premiação do cinema europeu.
Em seu lugar, indicou o fraco e adocicado O Ano em que Meus Pais Sairam
de Férias como representante brasileiro no Oscar: obra que não ganhou um
único prêmio de relevância internacional, ficando limitado a “indicações”. O
Motivo? “O Ano” retrata o surradíssimo tema da “resistência à ditadura”. O
resultado não podia ser outro: fracasso em Hollywood, não ficando sequer
entre os cinco finalistas.
TELEVISÃO
Por sua vez, a televisão é vital para a promoção do “Politicamente Cor-
reto”, pois o alcance da mídia televisiva faz chegar ao interior dos lares
a sua mensagem, independente do nível cultural, social e de idade dos
espectadores. Nesse papel de “reeducação cultural”, a Rede Globo de
Televisão está na linha de frente. Seu maior tesouro: as novelas, estão im-
pregnadas de personagens homosssexuais. Quando indagados porque
incluem tantos personagens gays, os novelistas dizem que a trama ape-
nas “reflete a sociedade atual”. Mentira. Um levantamento preliminar do
censo 2010, feito pelo IBGE, revelou que há cerca de 60.000 “casais” ho-
mossexuais no Brasil, dentre um total de 190 milhões de habitantes. Ou
seja: cerca de 0,063% da população. Como falso exemplo dessa tal “so-
ciedade refletida nas novelas”, a novela “Insensato Coração” , teve nada
menos de 6 personagens gays, numa trama onde não havia mais de 12,
entre personagens principais e secundários: 50% do elenco.
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Agora, nas novelas globais, o beijo gay vai acontecer, induzin- MÚSICA TEMA DA NOVELA CAMA DE GATO
do esse comportamento aos jovens e adolescentes, induzindo
legisladores a criarem leis que abonem tal comportamento. No “Vamos deixar que entrem Que invadam o seu lar
mesmo BBB 10, uma das participantes declarou-se lésbica e
Pedir que quebrem Que acabem com seu bem-estar
com essa declaração todas as demais mulheres do programa
se aproximaram dela, protagonizando o selinho lésbico no Vamos pedir que quebrem O que eu construi pra mim
programa que todos os demais apoiaram sob o manto sagrado
do não preconceito. Que joguem lixo Que destruam o meu jardim
Na novela Viver a Vida o tema principal mostrado de forma en- Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a
graçada e aceitável é a da traição e do adultério. A Globo leva falta de futuro
ao telespectador ao absurdo de torcer para que um irmão traia
Eu quero a mesma humilhação - a falta de futuro
o outro ficando com sua namorada. A traição nessa novela é
a mola mestra da máquina, todos os personagens se traem, e Vamos deixar que entrem Que invadam o meu quintal
isso é mostrado de forma comum, simples, corriqueiro.
Que sujem a casa E rasguem as roupas no varal
Mas talvez, a investida mais evidente e absurda está na novela
das 18h, Cama de Gato. A Globo superou todos os limites nessa Vamos pedir que quebrem Sua sala de jantar
novela ao colocar como tema uma música do grupo Titãs. Na
Que quebrem os móveis E queimem tudo o que restar
música, nenhuma linha de sua letra se consegue tirar algo de
poético, de aconselhável pra vida ou de apoio. A letra da músi- Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a
ca faz menção discarada do Inimigo de nossas almas que dese- falta de futuro
ja entrar em nossa casa (coração) e destruir tudo, tirarem tudo
do lugar (destruir a célula familiar e nossa fé). A música chega Eu quero a mesma humilhação - a falta de futuro
ao absurdo de dizer que devemos voltar à mesma prisão, a Eu quero o mesmo inferno A mesma cela de prisão - a
mesma vida de morte que vivíamos. falta de futuro O mesmo desespero
Fica aqui o alerta. Às vezes nem nos damos conta do real Vamos deixar que entrem Como uma interrogação
propósito de uma novela, de um programa, de uma música, e
de como o “Politicamente Correto” chega à nossa casa. Até os inocentes Aqui já não tem perdão
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VII - ANTIAMERICANISMO
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ONU
OS “CAPITALISTAS ECOLÓGICOS”
James Cameron e Sogourney Weaver protes-
tam contra Belo Monte, em favor dos “povos
Os ativistas do Ecossocialismo não tem um consenso formado a respeito dos
da floresta”: grandes interesses em jogo
“capitalistas ecológicos”. Alguns os acham “esclarecidos”, a meio caminho de vi-
rarem a casaca. Outros os vêem como “imperialistas” prestes a tomar a Amazô-
nia brasileira. Al Gore é um político em situação interessante: aparece ora como
“capitalista esclarecido”, ora como “capitalista imperialista”.
O respeitado jornal norte-americano The New York Times, trouxe em sua edição
de 18/05/08, um artigo com o título sugestivo: “De Quem é a Amazônia Afinal?”
afirmando que “Um coro de líderes internacionais têm declarado cada vez mais
abertamente que a Amazônia faz parte de um patrimônio mais amplo do que
os das nações que dividem o seu território”, citando o ex-presidente do EUA, Al
Gore, que em 1989 teria afirmado: ”Ao contrário do que os brasileiros pensam, a
Amazônia não pertencem a eles, ela pertence e todos nós”.
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Fazenda Aqui Florestas Lá: Código Florestal Brasileiro: a base legal da
precisa explicar? transformação do Brasil em um Quênia sul-americano
O artigo “A Amazônia e o Interesse Nacional” faz uma excelente Ambientalismo no olho dos outros é refresco. Nos olhos
reflexão sobre a paranóia antiamericana da “invasão da Amazô- dos outros, ressalte-se. As grandes corporações da Europa
nia”: “Um dos alicerces do pensamento tradicional sobre a e dos EUA descobriram que o financiamento das ONG era
Amazônia é a suposição de que haveria planos, complôs e o melhor jeito de se livrarem dos ecochatos. Isso desde que
estratégias em curso para uma ocupação militar e política da essas ONG atuassem no exterior, é claro, de preferência no
Amazônia brasileira por potências estrangeiras ou organismos Terceiro Mundo. Assim, centenas de ONG financiadas pela
internacionais. indústria “capitalista” norte-americana fazem a festa por
aqui. E o mais interessante é que eles são recebidos de bra-
Não há uma lógica racional para a tese da ameaça de interna- ços abertos pelos ecossocialistas brazucas ingênuos, que
cionalização da Amazônia. Se por um lado a região é rica em re- acreditam piamente no idealismo dos estrangeiros.
cursos globalmente escassos e valiosos, os interesses comerci-
ais não precisam de amparo bélico para acessar esses recursos. A publicação Farms here, Forests there (Fazendas aqui,
O acesso aos minerais e petróleo por empresas multinacionais, Florestas lá), publicado nos Estados Unidos, em maio de
por exemplo, já ocorre em todo o território brasileiro, amparado 2010, dá uma boa idéia do que as grandes corporações
pela legislação vigente. O mesmo ocorre quanto à água min- e ONG realmente imaginam sobre essa questão. Trata-se
eral, biodiversidade etc. de um estudo patrocinado pela Associação Nacional de
Fazendeiros (National Farmers Union) e pela organização
Não devemos esquecer que a telefonia e outros serviços de não governamental Avoided Deforestation Partners, “Par-
interesse nacional também têm grande participação de multi- ceiros contra o Desmatamento”. A publicação mereceu um
nacionais... Não vai aqui nenhum juízo de valor se isto é apro- artigo, de autoria do Deputado Federal Aldo Rebelo (curio-
priado ou não. O fato é que não se justifica o custo e o ônus samente do PC do B) transcrito a seguir.
de uma ocupação militar para garantir o acesso aos recursos
naturais da Amazônia. Este acesso já ocorre, é previsto em lei “A autora principal do relatório é Shari Friedman, ex-fun-
e é economicamente vantajoso para o capital internacional. O cionária do governo Clinton, quando trabalhou na Agência
custo da insegurança e risco para estes empreendimentos se- de Proteção Ambiental (Environmental Protetion Agency –
riam maiores numa ocupação militar do que o custo atual de EPA), analisando políticas domésticas de mudanças climáti-
impostos e o cumprimento da legislação vigente no Brasil. Para cas e competitividade internacional. Também fez parte da
multinacionais com projetos de longo prazo, existem muitas equipe norte-americana de negociações para o Protocolo
vantagens ao atuar num ambiente de normalidade institucio- de Kyoto, que os Estados Unidos se negaram a assinar.
nal de estado de direito.
O tema do relatório é a perda de competitividade da agro-
Portanto, é tempo de não basear o pensamento estratégico indústria norte-americana frente aos países tropicais, prin-
brasileiro na tese da existência de uma conspiração em curso cipalmente o Brasil. A tese principal do estudo é que a úni-
com o objetivo de internacionalizar a Amazônia. A lógica é ca forma de conter essa perda de competitividade é reduzir
simples: os alegados interesses econômicos de outros países o aumento da oferta mundial de produtos agropecuários,
sobre os recursos naturais da Amazônia não precisam de tro- restringindo a expansão da área agrícola nos países tropic-
pas ou domínio militar estrangeiro para usufruir das riquezas ais, por meio da promoção de políticas ambientais interna-
da região.“ cionais mais duras.
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O estudo avalia que “acabar com o desmatamento por meio
de incentivos nos Estados Unidos e da ação internacional so-
bre o clima pode aumentar a renda agrícola americana de US$
190 a US$ 270 bilhões entre 2012 e 2030”.
V ocê alguma vez já se perguntou porque nos nos eventos promovidos por or-
ganizações de esquerda, direcionados ao público jovem, nas inevitáveis bar-
racas de souvenirs há tantas camisetas com a face de Bob Marley estampada? Pois
bem, se você nunca havia reparado, isso acontece de verdade. Mas o que tem a ver
Bob Marley com o “Politicamente Correto”? O que a sua figura representa?
Bob Marley é o ícone dos que defendem a liberação da drogas. Sua imagem de
“mito, defensor dos pobres e oprimidos”, foi bastante difundida pelo marxismo
cultural, pródigo em alçar à categoria dos gênios artistas e intelectuais medianos.
Ele pregava o “poder curativo” ilimitado da maconha para todas as doenças. Não
era da boca para fora. Devido a um ferimento originado em uma partida de fute-
bol (alguns dizem que foi no Brasil, com Chico Buarque), descobriu que tinha um
cãncer de pele maligno, debaixo da unha do dedão do pé. Os médicos recomenda-
ram amputar o dedo, para evitar que a doença se alastrasse. Ele se negou fazer
o procedimento cirúrgico, alegando que a maconha iria curá-lo, que os médicos “O que importa se você tem
enganavam as pessoas inocentes e que a sua religião — o Rastafári — não permitia olhos verdes... se o vermelho
cortar sequer as tranças do cabelo. Faleceu com o alastramento da doença, em um dos meus refletem o verde da
natureza...”
hospital de Miami, aos 36 anos.
Bob Marley
Os congressos estudantis da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundar-
istas), ANDES (Associação Nacional dos Estudantes Secundaristas e UNE
(União Nacional dos Estudantes), historiamente dirigidas e controladas por
partidos de orientação esquerdista radical, promovem a figura de Bob Mar-
ley à exaustão. Ele só perde em popularidade para Che Guevara. Hoje usar
uma camiseta estampada com a face de Bob Marley, ou o gorro colorido que
ele popularizou, para os ingênuos significa uma “prova de amor” ao Reggae.
Para o jovem, esses adereços passam uma mensagem clara: sou maconheiro.
Ser maconheiro, ou usuário de outra droga qualquer, significa romper com a socie-
dade e os preceitos da vida cristã: justamente os objetivos principais do marxismo
cultural. No discurso “Politicamente Correto”, quando alguém se droga não é por
fraqueza ou falta de vergonha na cara, mas porque é “vítima da sociedade capi-
Bob Marley e Che Guevara: explo-
talista”. Na internet, em um site que faz a apologia das drogas, aparece o seguinte ração da imagem junto aos jovens
texto: “A verdade é que existe uma corrente religiosa muito forte que se estabelece
e encontra forças preconceituosas na cabeça fechada de cada membro da nossa
sociedade cristã.” Mais explícito, impossível.
“Robert Nesta Marley, o grande Bob Marley, foi um cara muito ir-
reverente, um dos mais conhecidos cantores de Reggae do mundo.
Ele defendia os pobres e oprimidos de seu país em suas músicas.
Gostava de usar drogas, assunto que muitas vezes apareceu em
suas canções. Era muito religioso, pois fazia parte do rastafarian-
ismo, uma religião africana que acredita que Hailê Selassiê I, im-
perador da Etiópia, foi representação terrena de Jah (Deus).”
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A LÓGICA CABRALINA
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A EXPERIÊNCIA FRACASSADA DE AMSTERDÃ
O “Politicamente Correto” volta e meia afirma: “Ah, mas em Amsterdã fizeram isso, e lá fun-
ciona”. A simples comparação de países tão distintos como a Holanda e o Brasil, desmonta
o argumento logo de cara, mas vamos analisar o caso. Em junho de 2009, estimou-se que a
população de Amsterdã em 761.262 habitantes, em São Paulo, a estimativa era de 11.037.593
de habitantes e na cidade do Rio de janeiro, de 6.186.710. Se por um milagre, toda a nossa
população tivesse amanhã a mesma taxa de escolaridade média e ainda ganhasse a mesma
média salarial do amesterdanês, talvez essa teoria pudesse ter algum fundamento.
Vale lembrar que em Amsterdã o consumo de drogas leves é liberado apenas em cafés e
prostibulos, no centro da cidade. Mas esse “paraíso” tem outra face: entre os holandeses o
consumo das drogas diminuíu, mas criou problemas graves de criminalidade entre os mais
pobres e os turistas. A cidade virou um templo mundial do consumo de heroína, cocaína e
maconha. O número de viciados, que dependem do apoio do governo holandês, cresceu
imensamente, fazendo com que os recursos de outras áreas tivessem que ser direcionados
ao tratamento de drogados.
O tráfico também não será reduzido, pois o vagabundo vai sempre preferir comprar a ma-
conha na mão do traficante, pois sai mais barato do que comprar um maço de cigarro indus-
trializado pela Souza Cruz. Mas cocaína o governo não vende? A boca-de-fumo vende. Então,
onde se consegue uma erva, será fácil de se adquirir um papelote de pó ou de pedrinhas
de crack (a nova sensação entre os doidões). Liberar as drogas é banalizar algo muito mais
sério que a “fumadinha inocente” do filhinho de papai depois da escola. Até porque se esse
filhinho tiver a tendência ao vício, o cigarrinho será o primeiro passo que o levará a vender
até sua privada ou a sua namorada a um traficante, ou irá até o fundo do poço, roubando e
matando para obter mais drogas.
“Como fugir dos pais que querem saber se você usa drogas”
“É muito comum encontrar em sites de velhos conservadores tópicos que visam ajudar os pais curiosos a investigar a vida
dos filhos para saber se eles usam drogas. Me sentindo uma vítima desse tipo de site, resolvi desenvolver um passo-a-passo
para que você, jovem drogado comum, consiga escapar dos atentos olhos dos pais. A verdade é que existe uma corrente
religiosa muito forte que se estabelece e encontra forças preconceituosas na cabeça fechada de cada membro da nossa so-
ciedade cristã. Eu acredito que o fim dessa cadeia não ocorrerá por conta dos drogados, pois entre esses também é possível
encontrar muitos conservadores, ignorantes e/ou presos à dogmas e doutrinas católicas.”
3. O cheiro da bagana
Todos sabem que a bagana, além de ser uma ótima refeição para aqueles que não têm mais Magic Power guardado, é uma
ótima exaladora de barrunfos insanos. A onda que a bagana te dá é proporcional ao cheiro sem noção que ela libera, por
isso, esconda-a em qualquer lugar fora do seu guarda roupa. Se você preferir o risco, arrume pelo menos uma caixinha que
fique bem fechada como aquelas de vitamina C. Além de tirar a pala de drogado, você ainda se sai como um rapaz saudável.
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X - INDIGENISMO
O “Politicamente Correto” reza que o índio dever isolado do contato com a “maléfica civiliza-
ção ocidental”. Para colocar em prática tal pensamento, montaram base na selva amazônica
centenas de ONG estrangeiras (cerca de 350), ONG nacionais e religiosos do CIMI (Conselho Indi-
genista Missionário), pastoral da Igreja Católica adepta da Teologia da Libertação.
Muitas dessas ONG dominam postos que controlam o acesso às reservas indígenas, administ-
rando-as como feudos. O CIR (Conselho Indígena de Roraima), vinculado ao CIMI, por exemplo,
proíbe o casamento inter-racial, desestimula os jovens a prestarem o Serviço Militar, proíbindo
que os índios recebam serviço médico, odontológico ou mesmo que permitam a construção de
escolas.
O que inspira tais grupos a se isolarem no meio da selva? Para responder a essa pergunta, não fal-
José de Alencar: imagem
tam slogans “Politicamente Corretos”, como a “proteção aos fracos e indefesos indígenas, livran-
romântica do indígena
do-os da escravidão e do vício da civilização”. A CNBB costuma redigir notas, exigindo a demarca-
ção das terras indígenas: “Nós, Bispos do Brasil, não podemos deixar de reagir de forma solidária
e comprometida, diante da grave situação que se encontram tantos desses nossos irmãos.”
A força que leva os religiosos para esses locais ermos é a mesma que levou centenas de jovens
para as florestas de Xambioá, Caparaó e do Vale do Ribeira: a fé cega na ideologia marxista. Essa
ideologia tem como inspiração a visão romântica e idealista do “bom selvagem” criada por Rous-
seau — justo ele que jamais saiu do conforto parisiense para ver o “bom selvagem” em estado
natural — afirmando que o índio em seu estado natual é um “ser puro”, e que em contato com a
civilização se degradará.
Foi nessa linha de pensamento que o escritor romântico José de Alencar baseou seu repertório
literário, com Ubirajara, Guarani e Iracema. Em seus romances, Alencar construiu a imagem nobre
do primitivo. A figura idelaizada do índio Peri é caracterizada pela força, coragem e virtude mo-
rais, sendo comparado pelo próprio escritor a um cavaleiro da Idade Média. José de Alencar era
um escritor nacionalista, disposto a revelar a grandiosidade das riquezas naturais e culturais da
jovem pátria perante a Europa e a ex-metrópole, mas a sua obra não passa de ficção romântica.
Nada de novo no modus operandi do “Politicamente Correto Indigenista”, que fecha seus olhos
para o que lhe é inconveniente: seja o infanticídio — quando crianças são enterradas vivas por
terem alguma deficiência ou simplesmente nascido com sexo diferente do desejado; seja o estu-
pro de meninas ou a situação servil da mulher índia.
Como uma missão jesuítica do século XVIII às avessas, os religiosos não estão na selva para cate-
quizar os índios. Nem mesmo estão dispostos a levar-lhes a palavra de Deus, pois interessa man-
tê-los em seu estado natural. Na cultura indígena não há dinheiro e os bens são comunitários,
por isso, a igreja esquerdista a vê a como antítese ao capitalismo, enxergando nas comunidades
indígenas brasileiras — ainda na idade da Pedra — o modelo ideal de sociedade para o Séc XXI.
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Hakani é um filme que
denuncia o infanticídio:
prática comum na cultura
indígena, onde os filhos
indesejados são enterra-
dos vivos
Recentemente, a ONG Survival International, a fim de promover um documentário, colocou na mídia fotos aéreas de índios, supos-
tamente isolados, na fronteira Brasil-Peru. Gillian Anderson: a agente Scully, do seriado Arquivo - X , e narradora do documentário,
declarou: “Espero que eles possam ser deixados em paz. Mas isso não acontecerá enquanto os madeireiros ilegais não forem ex-
pulsos”. O filme foi feito pela BBC com a colaboração da FUNAI, e a foto usada na divulgação, revela uma indiazinha portando um
facão metálico: uma farsa bisonha.
O principal argumento dos indigenistas para o isolamento das tribos e a consequente demarcação de reservas gigantescas — al-
gumas do tamanho de vários países europeus juntos — é o “massacre perpetrado por 500 anos de dominação branca”. Leandro
Narloch, em sua “História Politicamente Incorreta da História do Brasil”, comenta esse “massacre”.
“Uma das concepções mais erradas sobre a colonização do Brasil é acreditar que os portugueses fizeram tudo sozinhos. Na ver-
dade, eles precisavam de índios amigos para arranjar comida, entrar no mato à procura de ouro, defender-se de tribos hostis e até
mesmo para estabelecer acampamentos na costa.
Descer do navio era o primeiro problema. Os comandantes das naus europeias costumavam escolher bem o lugar onde desem-
barcar, para não correr o risco de serem atacados por índios nervosos e nuvens de flechas venenosas. Tanto temor se baseava
na experiência. Depois de meses de viagem nas caravelas, os navegadores ficavam mal nutridos, doentes, fracos, famintos e vul-
neráveis. Chegavam a lugares desconhecidos e frequentemente tinham azar: levavam uma surra e precisavam sair às pressas das
terras que achavam ter conquistado. Acontecia até de terem que mendigar para arranjar comida, como na primeira viagem de
Vasco da Gama à Índia, em 1498.
O tratamento foi diferente no Brasil, mas nem tanto. Os portugueses não eram seres onipotentes que faziam o que quisessem
nas praias brasileiras. Imagine só. Você viaja para o lugar mais desconhecido do mundo, que só algumas dúzias de pessoas do seu
país visitaram. Há sobre o lugar relatos tenebrosos de selvagens guerreiros que falam uma língua estranha, andam nus e devoram
seus inimigos – ao chegar, você percebe que isso é verdade. Seu grupo está em vinte ou trinta pessoas; eles, em milhares. Mesmo
com espadas e arcabuzes, sua munição é limitada, o carregamento é demorado e não contém os milhares de flechas que eles
possuem. Numa condição dessas, é provável que você sentisse medo ou pelo menos que preferisse evitar conflitos. Faria algumas
concessões para que aquela multidão de pessoas estranhas não se irritasse.
Para deixar os índios felizes, não bastava aos portugueses entregar-lhes espelhos, ferramentas ou roupas. Eles de fato ficaram
impressionados com essas coisas (veja mais adiante) , mas foi um pouco mais difícil conquistar o apoio indígena. Por mais revolu-
cionários que fossem as roupas e os objetos de ferro europeus, os índios não viam sentido em acumular bens: logo se cansavam
de facas, anzóis e machados. Para permanecerem instalados, os recém-chegados tiveram que soprar a brasa dos caciques estabel-
ecendo alianças militares com eles. Dando e recebendo presentes, os índios acreditavam selar acordos de paz e de apoio quando
houvesse alguma guerra. E o que sabiam fazer muito bem era se meter em guerras.
O massacre começou muito antes de os portugueses chegarem. As hipóteses arqueológicas mais consolidadas sugerem que os ín-
dios da família linguística tupi-guarani, originários da Amazônia, se expandiam lentamente pelo Brasil. Depois de um crescimento
populacional na floresta amazônica, teriam enfrentado alguma adversidade ambiental, como uma grande seca, que os empurrou
para o Sul. À medida que se expandiram, afugentaram tribos então donas da casa. Por volta da virada do primeiro milênio, en-
quanto as legiões romanas avançavam pelas planícies da Gália, os tupis-guaranis conquistavam territórios ao sul da Amazônia, ex-
terminando ou expulsando inimigos. Índios caingangues, cariris, caiapós e outros da família linguística jê tiveram que abandonar
terras do litoral e migrar para planaltos acima da serra do Mar.”
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“Em 1500, quando os portugueses apareceram na praia, a nação tupi se espalhava de
São Paulo ao Nordeste e à Amazônia, dividida em diversas tribos, como os tupiniquins
e os tupinambás, que disputavam espaço travando guerras constantes entre si e com
índios de outras famílias linguísticas. Não se sabe exatamente quantas pessoas viviam
no atual território brasileiro – as estimativas variam muito, de 1 milhão a 3,5 milhões
de pessoas, divididas em mais de duzentas culturas. Ainda demoraria alguns séculos
para essas tribos se reconhecerem na identidade única de índios, um conceito criado
pelos europeus. Naquela época, um tupinambá achava um botocudo tão estrangeiro
quanto um português. Guerreava contra um tupiniquim com o mesmo gosto com
que devorava um jesuíta. Entre todos esses povos, a guerra não era só comum – tam-
bém fazia parte do calendário das tribos, como um ritual que uma hora ou outra tinha
de acontecer. Sobretudo os índios tupis eram obcecados pela guerra. Os homens só
ganhavam permissão para casar ou ter mais esposas quando capturassem um inimi- “Naquela época, um tupinambá
go dos grandes. Outros grupos acreditavam assumir os poderes e a perspectiva do achava um botocudo tão estrangeiro
quanto um português. Guerreava
morto, passando a controlar seu espírito, como uma espécie de bicho de estimação. contra um tupiniquim com o mesmo
Entre canibais, como os tupinambás , prisioneiros eram devorados numa festa que gosto com que devorava um jesuíta.”
reunia toda a tribo e convidados da vizinhança.
Com a vinda dos europeus, que também gostavam de uma guerra, esse potencial
bélico se multiplicou. Os índios travaram entre si guerras duríssimas na disputa pela
aliança com os recém-chegados. Passaram a capturar muito mais inimigos para trocar
por mercadorias. Se antes valia mais a qualidade, a posição social do inimigo captu-
rado, a partir da conquista a quantidade de mortes e prisões ganhou importância.
Por todo o século 16, quando uma caravela se aproximava da costa, índios de todas
as partes vinham correndo com prisioneiros – alguns até do interior, a dezenas de
quilômetros. Os portugueses, interessados em escravos, compravam os presos com o
pretexto de que, se não fizessem isso, eles seriam mortos ou devorados pelos índios.
Em 1605, o padre Jerônimo Rodrigues, quando viajou ao litoral de Santa Catarina,
ficou estarrecido com o interesse dos índios em trocar gente, até da própria família,
por roupas e ferramentas:
Tanto que chegam os correios ao sertão, de haver navio na barra, logo mandam Rondon: uma vida dedicada à integra-
recado pelas aldeias para virem ao resgate. E para isso trazem a mais desobrigada ção do índio à sociedade
gente que podem, scilicet , moços e moças órfãs, algumas sobrinhas, e parentes, que
não querem estar com eles ou que os não querem servir, não lhe tendo essa obriga-
ção; a outros trazem enganados, dizendo que lhe farão e acontecerão e que levarão
muitas coisas [...]. Outro moço vindo aqui onde estávamos, vestido em uma camisa,
perguntando-lhe quem lha dera, respondeu que vindo pelo navio dera por ela e por
alguma ferramenta um seu irmão; outros venderam as próprias madrastas, que os
criaram, e mais estando os pais vivos.”
Acreditar que em pleno século XXI é possível manter qualquer grupo social longe
da civilizalção é utopia. Não há barreira suficientemente forte que impeça o contato
entre índios e civilizados. O Marechal Cãndido Mariano da Silva Rondon, ele próprio
descendente dos índios Terena e Bororo do Mato Grosso (era filho de mãe índia), fun-
dou o SPI - Serviço de Proteção ao Indio, e com eles conviveu toda a sua vida. Sempre
os protegendo, queria que fossem gradativamente integrados à sociedade, para exer-
cerem a sua verdadeira soberania. O Marechal foi indicado duas vezes para o Prêmio
Nobel da Paz, uma delas por carta de Albert Einstein. Há quase 100 anos, Rondon Áreas indígenas na Amazônia: graças
estava convicto da necessidade de proteger o índio, integrando-o pacificamente à aos indigenistas, um gigantesco Quê-
nia sul-americano
sociedade, algo que os seus esclarecidos descendentes não enxergam (ou não que-
rem enxergar).
“
do e pefumado. de trincheiras” segundo a cartilha de Antonio Gramsci (anexo), tal qual ele
previu há quase um século. Suas táticas são lentas, mas progressivas. Agindo
feito uma hera venenosa, entorpece os sentidos da sociedade com sua doce
flagrância. Depois, como uma jibóia, enreda-se à sociedade em seus órgãos
vitais, particularmente na imprensa, na Igreja Católica, no Executivo, Legis-
lativo e Judiciário.
As forças políticas que podem resistir ao seu avanço vivem em crise moral
e ideológica. Nossa oposição é uma piada. Uma piada sem graça. Enquanto
no mundo civilizado esquerda e direita debatem suas idéias, no Brasil, ser
de “direita”, parece ser motivo de vergonha. Os partidos políticos, mesmo os
conservadores, se auto-definem: “de centro”. Enquanto isso, o “Politicamente
Correto” usa o Partido dos Trabalhadores como vanguarda política.
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UNANIMIDADE
Assim como não faz sentido alguém ir ao médico e sair do hospital com a
doença diagnosticada, sem receber orientação para tratá-la, também não
faz sentido terminar esse trabalho sem indicar os antídotos para o “Politi-
camente “Correto”. O antídoto para a defesa é aprender a reconhecer as
múltiplas faces da hidra, abrindo suas entranhas e fazendo cair suas dife-
rentes máscaras, difundindo esse texto aos amigos e colegas. Mais do que
nunca, o conhecimento é uma arma.
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CARTILHA DE ANTONIO GRAMSCI
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