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AVALIAÇÃO

FUNCIONAL DA
VISÃO
Para que o professor atinja seus objetivos instrucionais na educação do
aluno com baixa visão é necessário:

 Identificar as competências visuais com e sem auxílios ópticos


 Identificar tarefas visuais que devem ser apreendidas
 Obter informações do aluno e de outros profissionais da equipe sobre o
uso da visão
 Identificar as preferências ambientais do aluno
 Ajudar o aluno a encontrar meios de aliviar a fadiga ou o desconforto
visual

O professor deve observar o aluno em diferentes ambientes como classe de


aula; ginásios, ambientes não acadêmicos, em atividades extra curriculares,
em atividades sociais.

O professor antes de iniciar sua avaliação deve obter o máximo possível de


informações sobre as avaliações médicas da clínica de baixa visão, sobre o
desenvolvimento geral da criança e outros comprometimentos associados,
além da etiologia do comprometimento visual, seu início e prognóstico. Estas
informações são cruciais para planejar a avaliação funcional. Assim, se o aluno
tem uma restrição de campo visual o professor deve observar a capacidade do
aluno escanear o meio. Se o aluno tem uma perda visual que é progressiva é
importante observar se durante o processo educativo há modificações nas
habilidades visuais em relação á primeira avaliação.

Estrutura dos olhos e reflexos. Observar e relatar a aparência dos olhos.


Por exemplo, notar que um olho consistentemente desvia para dentro, ou para
fora. Observar manchas no olho, irregularidade da pupila e íris, desvio em um
dos olhos, anormalidades das pálpebras; vermelhidão, lacrimejamento. O
professor pode observar também o reflexo pupilar à luz (lanterna ou em
diferentes níveis de iluminação dos ambientes), ou o reflexo de piscar a
aproximação de um objeto visualizado. Estes reflexos podem indicar a
presença de ou ausência de visão (exceto para comprometimentos corticais da
visão) e dar informações se ambos os olhos respondem de maneira similar.

Visão de perto. Embora geralmente relacionada à leitura, é importante incluir


nesta avaliação a realização de outras atividades de perto, como diferentes
tipos de trabalhos manuais, desenhos, jogos, etc. Os materiais de leitura
devem variar nos tamanhos e estilos dos tipos, no formato das figuras, no
contraste, na densidade e espaçamento. Dessa forma é possível avaliar
aqueles que dão mais interesse e conforto.
É necessário avaliar a velocidade da leitura em diferentes condições:
usando material ampliado; usando auxílio óptico. Em geral, pensa-se que toda
a criança com baixa visão necessita usar texto ampliado. Mas, às vezes isto é
mais dispendioso e menos acessível do que o uso de um auxílio óptico e,
muitas vezes, de acordo com o nível de visão da criança e o material escolar,
ela pode ter uma boa eficiência visual apenas com a ampliação fornecida pela
aproximação ao material.

É importante também avaliar a capacidade do aluno em manter uma


leitura. Alguns podem ler eficientemente apenas por curtos períodos, pois, sua
velocidade e eficiência diminui após cinco ou dez minutos. Para a criança que
fadiga rapidamente ás vezes é necessário combinar leitura com outros
recursos, auditivos ou mesmo o Braille.

As habilidades de escritas podem ser especialmente difíceis para o aluno com


baixa visão devido à uma coordenação olho-mão imprecisa e à própria postura.
Muitos podem escrever legivelmente, mas, tem dificuldade de ler o que
escreveram. Daí, a importância de observar essas situações. A velocidade da
escrita deve ser também avaliada, porque pode ser muito mais lenta do que
seus pares com visão normal, além de cansativa, exigindo alternativas, como
ter uma parte do material já pronto, uso de computador, redução na quantidade
de tarefas, etc. O aluno deve se encorajado a escolher os materiais de escrita e
o papel, e o professor deve explorar a eficiência dessas opções.

Visão de longe. As atividades devem variar e refletir os interesses e


capacidades do aluno. A avaliar deve incluir atividades na sala de aula, como
leitura na lousa, assim como atividades fora da classe, ler um cartaz, pegar
uma bola na aula de educação física, identificar o ônibus.

Campo de visão. Movimentos compensatórios da cabeça, escaneamento com


os olhos para procurar um objeto perdido, ou encontrar algum específico em
uma série deles, pode indicar na visão de perto reduções do campo visual.
Mantendo a cabeça parada na procura de peças de um quebra-cabeça pode
também indicar se há áreas sem visão.

Andando no pátio o professor pergunta ao aluno qual o lado onde é mais


fácil ver um colega se aproximando. Desta forma tem-se uma idéia se há
restrição do campo. Outra característica do comportamento visual a ser
observado é a necessidade de manter uma posição de cabeça, o que muitas
vezes indica uma restrição no campo visual na direção da posição. Quando
existe um campo visual restrito o aluno deve ser instruído a escanear de um
lado ao outro, de cima para baixo o ambiente ou o material que está usando,
uma atividade que parece como montar um quebra-cabeça mentalmente.
Muitas vezes o aluno de baixa visão tem um olho de preferência. É
possível avaliar pedindo ao aluno que olhe através de um tubo. Alguns podem
usar um olho para atividades de longe e outro para perto.

Visão de cores. Ver cores é uma dificuldade muito comum em alunos com
baixa visão. Atividades de pareamento podem ser feitas por proximidades de
intensidades e tons e não necessariamente porque o aluno viu as cores. Uma
sugestão seria uso de cartões com diferentes cores diferentes e em diferentes
intensidades e observar como ele as agrupa.

Motilidade. A capacidade de acompanhar precisamente um objeto


(movimentos lentos) deve ser observada em atividades como: ver um carro
passando; bolas ou balões jogados no chão ou no ar; um desenho movendo
em um vídeo game. Alguns podem ter os movimentos imprecisos; ou mesmo
perder o objeto na linha média. Pode ainda usar movimentos compensatórios
da cabeça.

Deve-se observar também como são os movimentos rápidos oculares,


de mudança de olhar entre um objeto e outro. Se é capaz de fazer somente
com os olhos, se usa a cabeça, se o movimento é preciso, ou se tem que
realizar ajustes na posição. Estes movimentos podem ser avaliados nas
mudanças de fixação entre letras espaçadas, no papel, ou mesmo numa tela
de computador, ou na lousa. Pode-se observar ainda os movimentos rápidos
usando alguns objetos, em diferentes distâncias, pedindo para o aluno que olhe
para cada um de acordo com o comando. A capacidade de realizar os
movimentos rápidos está intimamente ligada com os movimentos oculares
necessários na leitura. Eles são precisamente avaliados através de registros
em laboratório que podem observar a qualidade dos movimentos rápidos de
pequena amplitude.

Outras respostas visuais. Os alunos com baixa visão podem demonstrar


diferentes níveis de necessidade de iluminação para uma melhor performance
visual, de acordo com a patologia que apresenta. Em geral, alterações da
retina requerem alta iluminação. Catarata e opacidades dos meios requerem
iluminação moderada. Enquanto alunos que apresentam patologias como
albinismo, acromatopsia e anirídia em razão da intensa fotofobia, necessitam
uso de lentes filtrantes em ambientes externos, e, tem melhor performance
visual em baixa iluminação.
Adaptações. Pode recomendar modificações no meio para facilitar o uso da
visão. Estas modificações podem incluir variações na luz, cor, contrate,
distancia.

Estratégias compensatórias e instrucionais. O pofessor a partir da avaliação


pode recomendar as instruções necessárias a e ajuda ou guia para atividades,
específicas; uso de equipamentos ou auxílios ópticos; ou uso de atividades
compensatórias (como áudios, Braille).

Adaptações ambientais. A fim de maximizar o uso da visão o professor


necessita realizar mudanças no ambiente de aprendizagem. Embora o
professor seja o guia das adaptações, o objetivo principal é que o aluno possa
reconhecer as dificuldades no ambiente, e aprenda a requerer ajuda. De
acordo com Ann Corn (1983) os atributos dos objetos que podem torná-los
mais visíveis referem-se:

(1) cor: tom, saturação, brilho;

(2) contraste: criado pelas cores e a quantidade de luz incidindo em várias


partes de um objeto, ou dois, ou mais;

(3) tempo: freqüência, duração e velocidade da apresentação;

(4) espaço: tamanho, quantidade de informações, formato, distancia, relação


objeto-objeto, dimensões, contornos, detalhes interiores;

(5) iluminação: quantidade e tipo de luz entrando nos olhos e a refletida dos
objetos.

Habilidades visuais. Inclui melhora na habilidade de localização e fixação do


estímulo visual; perseguição, de mudança de atenção visual entre diferentes
estímulos, de escaneamento e alcance (pegar) o estímulo visual.

Integração da visão em atividades. Uso da visão em atividades que


realmente são necessárias ao aluno em relação aos seus objetivos
educacionais, de maneira que o aluno possa também realizar de maneira mais
eficiente suas atividades escolares ou de vida diária.

Instrução nesta área enfatiza uma abordagem ecológica, identificando


primariamente as atividades que o aluno deve realizar para obter sucesso na
sala de aula e em outros ambientes.

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