Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
esferas são, pois, caminhos que se convergem, haja vista que as três propostas buscam
revelar a melhor qualidade possível do ensino, tendo, ainda, como objetivo central o
produto da escola, isto é, a construção do conhecimento pelo aluno. É preciso que todos
aqueles envolvidos verdadeiramente com o processo educacional, interesse pelo que o
aluno aprende e o que pode realmente aprender. Para que isso possa acontecer é
necessário que estes profissionais da educação procurem melhorar as condições externas
do ambiente de aprendizagem a fim de que o educando desabroche as suas condições
internas, desenvolvendo sua subjetividade.
Ao se falar em renovação e mesmo revolução no ambiente escolar e na
educação, somos remetidos a conceitos e termos usados no mundo externo à educação.
Deparamo-nos, então, com o termo “Gestão de Qualidade”, usado continuamente nas
empresas modernas e, novidade, na educação. Em Educação o que deve pesar é a
eficiência e a eficácia da escola, a gestão de qualidade, e procurar obter o conhecimento
do e para o aluno, o quanto diversos este for. Para estes é que a escola, ao atentar para
seus integrantes, direcionará energia e esforços para suprir suas necessidades, realizando
ações, que com certeza elevarão os resultados organizacionais e acadêmicos. Desta
maneira, a gestão da qualidade tem como foco a melhoria e evolução dos processos
existentes no âmbito administrativo e pedagógico, com atuação efetiva de todas as áreas
envolvidas. Esse conhecimento será o grande diferencial de competição no século XXI.
A capacidade de aprender com rapidez e bem, será o ponto chave do mundo
globalizado, que exigirá condições de equilíbrio emocional, flexibilidade de raciocínio,
aquisição direta de novos conhecimentos, a chamada, outro termo inicialmente externo
à escola, educação continuada, onde o domínio de idiomas, do aprender a aprender, e
principalmente, da informática é primordial, pois é pelo computador que o profissional
vai interagir com o mundo. Peters (2204, p. 34-35) focando a educação à distância como
um dos pilares do ensino continuado e o interesse e demanda crescente para a mesma,
afirma que “governos, empresas comerciais, universidades, igrejas e empresas
supranacionais se encontram ansiosas para introduzi-la (EAD) e implementa-la”.
Santos (2001) considera que a evolução da sociedade e o mercado de trabalho
exigem uma mudança dos perfis de competências dos graduados. Fazendo referência a
um conjunto de estudos sobre esta problemática, aponta o que se espera de um
diplomado pelo ensino superior, ou seja: 1 – atributos pessoais, que incluem o intelecto,
3
É relevante destacar e deixar bem claro que a escola precisa refletir sobre o papel
do sujeito que aprende. O que precisa ser defendido por todas aquelas pessoas
envolvidas no contexto da educação é um indivíduo ativo, responsável pela sua própria
aprendizagem e não ter uma postura em que o aluno seja um receptor passivo de
informações. Assim sendo, não será a mera entrada da informática que alterará o curso
do processo de ensino-aprendizagem. Sua utilização, como uma nova mídia
educacional, servirá como ferramenta dentro de um ambiente que valorize o prazer do
aprendiz em construir seu processo de aprendizagem, através da integração de
conteúdos programáticos significativos, não estanques. Comumente, estes são
deformados para se adaptarem ao currículo obrigatório da Escola.
Neste sentido, dissertando sobre a escolha e o uso de softwares educativos nas
escolas portuguesas, Fino (2003, p. 693) afirma:
se envolver no trabalho; outros aceitam bem o trabalho, mas este é independente das
atividades curriculares. Há momentos que acontece uma pequena integração, tendo
algumas atividades de informática educativa servindo de reforço ao que é trabalhado em
sala de aula. Percebe-se que alguns professores, mesmo não sendo responsáveis
diretamente pelas aulas em laboratório de informática, procuram entrar, conhecer o
trabalho, tentando ao máximo integrar os objetivos que pretende alcançar. Há ainda o
professor que da sala de aula conduz seus alunos aos computadores e desenvolve com
eles atividades, inseridas em projetos, dando, assim, continuidade às atividades
curriculares já iniciadas.
Há que se deixar claro que a informática educativa utiliza-se de ferramentas, que
variam radicalmente em conteúdo e apresentação, entendendo como software o
programa de computador que serve como veículo de comunicação entre o homem e a
máquina.
Segundo Valente (1993, p. 12) há duas categorias básicas no uso do computador
em Educação, a saber: “o computador como máquina de ensinar e o computador como
ferramenta”.
Esta classificação, no nosso critério, é a mais significativa, não descartando
tentativas de classificação baseadas essencialmente no tipo do software (simulação,
autoria, programação, jogos, etc.) ou forma de apresentação (CD, Internet, etc.), muito
utilizadas, mas sem compromisso, afinal, com o uso que o professor ou escola façam
destes.
A concepção do computador como ferramenta educacional é aquela em que o
computador funciona como um poderoso recurso para o aluno usar no seu processo de
aprendizagem formal e informal. Com este objetivo, utilizam-se os aplicativos, como,
por exemplo, editores de textos e de gráficos, planilhas, banco de dados, calculadores
numéricos, ou ainda, linguagens de programação, com a finalidade de usá-los em
diferentes tipos de resolução de problemas, nas mais variadas áreas do conhecimento,
permitindo ao aluno construir e organizar seu próprio raciocínio lógico, ampliando e
refletindo sobre sua aprendizagem. Enfatizamos que, qualquer software, dito educativo
ou não, pode atender o objetivo de ampliar os horizontes da aprendizagem dos alunos, e
tudo depende da prática proposta pelo professor.
11
informações que a Internet nos oferece, e não ver a escola utilizá-las e transformá-las
em conhecimento, é situarmo-nos fora da realidade do mundo atual.
Sobre esta inserção da informática na cultura universal, Lévy (1999, p. 119)
comenta que todas as mensagens e informações encontram-se “mergulhadas em um
banho comunicacional fervilhante” e que “a interconexão generalizada, utopia mínima e
motor primário do crescimento da Internet, emerge como uma nova forma de saber
universal”. O que chama de “ciberespaço” abrange a cultura universal não somente
porque de fato está em toda parte, mas, principalmente porque este “ciberespaço” torna-
se uma forma de revolucionar a comunicação humana e implica em um “direito o
conjunto dos seres humanos”. Como podemos imaginar que a escola possa passar a
largo deste mundo e ainda continuar viva?
No mundo da escola, exemplos de bons usos existem: no próprio colégio de
ensino fundamental associado à faculdade há uma área muito ativa de informática
educativa. Pretto e Alves (1999, p. 29-32) destacam que no discurso dos jovens
“percebe-se ainda uma clareza em relação as características marcantes da cultura
tecnológica” implicando no “rompimento da noção de tempo e espaço e o aumento da
velocidade de transmissão de mensagens por intermédio dos novos meios de
comunicação, favorecendo a ubiqüidade”.
Há casos de alunos com baixo rendimento na escola, que ao trabalhar com o
computador, mostram-se mais participativos e interessados. Mara Noel (1995, p. 198-
200), estudiosa das possibilidades de aprendizagem de portadores de deficiência,
comenta que em relação a portadores de Síndrome de Down, o projeto desenvolvido por
sua equipe, com início em 1992, teve como objetivo principal analisar se, através do
ambiente computacional, os limites do portador de deficiência, seu auto-estímulo e
enriquecimento cognitivo atingiram o seu potencial máximo, ampliando assim seus
limites de aprendizagem. Com base em estudos por esta relatados, obteve-se resultados
amplamente positivos. Pode-se perceber que a utilização do computador na construção
do conhecimento é um fator de grande relevância. Alunos considerados hiperativos na
sala de aula, comportaram-se com mais tranqüilidade na “aula” de informática, e há
também situações opostas, com incidentes de súbita agressividade com a máquina, ou
dificuldades específicas que se revelam e/ou intensificam a partir dessa experiência.
13
Referências
FINO, Carlos Nogueira. Avaliar Software “Educativo”. In: Paulo Dias e Varela de Freitas (Coord.) Actas
da III Conferência de Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação – Centro de Competência
Nónio Século XXI da Universidade do Minho (CD-rom), 2003
LÉVY, Pierre. Educação e Cybercultura: a nova relação com o saber. Disponível em:
http://empresa.portoweb.com.br/pierrelevy/educacyber.html . Consultado em 12/04/08.
MACHADO, Maria José. A Internet como um meio facilitador da formação de professores ao longo da
vida. In Paulo Dias e Varela Freitas (coord.). Actas da III Conferência de Tecnologias de Informação e
Comunicação na Educação. Centro de Competência Nônio Século XXI da Universidade do Minho – (CD-
rom), 2003.
MORAN, José Manuel; BEHRENS, Marilda Aparecida e MASETTO, Marcos. Novas tecnologias e
mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000 (Coleção Papirus Educação).
NOEL, Mara Carneiro de S. Autismo: a descoberta para um novo mundo através do Computador. In:
Actas do VII Congresso Internacional Logo. Petrópolis, RJ: UCP, 1995.
15
PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo, RS: UNISINOS, 2002.
PRETTO, Nelson e ALVES, Lynn Rosalina Gama. Escola: um espaço de aprendizagem sem fazer? In:
Comunicação e Educação, número 16, ano VI, 1999.
VALENTE, José Armando. Diferentes usos do computador na Educação. In: Em Aberto. Brasília, ano 12,
(57), jan./mar., 1993.
WEISS, Alba Maria Lemme e CRUZ, Mara Lúcia da. A informática e os problemas escolares de
Aprendizagem. 3. ed., Rio de Janeiro: DP e A, 2001.