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Resumo: O presente artigo trata da questão da violência como uma prática corrente desde a
antiguidade, e faz uma abordagem sobre o papel do Serviço Social frente ao fenômeno da
violência. Inicialmente, apresenta-se o conceito de violência e suas implicações no contexto
social. Os referenciais utilizados para a elaboração deste estudo são Iamamoto (2003),
Maldonado (1997), Arendt (2004), Odalia (2004) e o Relatório Mundial sobre Violência e
Saúde (2002), da Organização Mundial da Saúde (OMS) para discutir as distintas expressões
da violência que exigem respostas urgentes e efetivas e de acordo com a complexidade da sua
manifestação. Essas reflexões adquirem maior relevância no atual contexto sócio-histórico
em que presenciamos o aumento dos episódios de violência, exigindo dos profissionais,
especialmente os Assistentes Sociais, ações competentes voltadas à construção de uma
sociedade não-violenta e em que imperem o respeito e a solidariedade.
1 INTRODUÇÃO
Desde os tempos em que o homem não pode datar, a violência está presente, na
inveja de um irmão pelo outro que o levou a cometer um homicídio e, por conseguinte a
cólera divina recaída sob aquele homicida invejoso.
E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei;
sou eu guardador do meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do
sangue do teu irmão clama a mim desde a terra. E agora maldito és tu desde
a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.
Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo
serás na terra. Então disse Caim ao SENHOR: É maior a minha maldade que
a que possa ser perdoada. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua
face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo
aquele que me achar, me matará. O SENHOR, porém, disse-lhe: Portanto
qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o SENHOR um
sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse. (GÊNESIS,
CAP. 4, Vers. 9-15).
Depreende-se que naquele período histórico, todo e qualquer ato violento
poderia ser combatido ou refreado, com a promessa de outro ato mais violento, ou seja, a paz
a ordem e a harmonia da e na sociedade era mantida somente através do medo.
Assim sendo, far-se-á uma exposição sucinta sobre cada um desses aspectos,
de forma a identificar e delimitar os problemas a eles relacionados, bem como a contribuição
que deles se pode extrair para o estudo da violência.
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Descrição da condenação de Demiens em 02 de Março de 1757.
1.1 VIOLÊNCIA: CONCEITOS
É arriscado dar uma conceituação definida e objetiva, pois ela pode ter vários
sentidos, tais como: ataque físico, sentido geral de uso da força física, ameaça ou até mesmo
um comportamento não usual.
Raymond Williams (2007, p. 407) destaca que “[...] se trata de uma palavra que
necessita de definição específica inicial, se não quisermos cometer uma violência contra ela.”
Outro autor que trata desta conceituação é Michaud (1989, p. 119) que tenta defini-la como:
4
Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/> Acesso: Ago/2012.
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idem
[...] há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores
agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, acusando danos a
uma ou várias pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física,
seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações
simbólicas e culturais. (MICHAUD, 1989, p. 119).
Por conseguinte, muitas são as formas e naturezas das violências apontadas por
vários estudiosos, incluindo sociólogos, juristas, filósofos, psicólogos, dentre outros
profissionais, além de alguns organismos internacionais e nacionais, como a Organização
Mundial de Saúde (OMS), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério da
Saúde, a Secretaria de Direitos Humanos. Destacam-se: Física; Psicológica; Sexual;
Negligência/abandono dentre outras.
Nesse prisma, Plácido e Silva conceitua violência como "o ato de força, a
impetuosidade, a brutalidade, a veemência. Em regra, a violência resulta da ação ou da força
irresistível, praticadas na intenção de um objetivo que não se teria sem ela". (2009, p. 498.)
Nessa seara de ideias, a violência real ou efetiva distingue-se em violência
física ou moral, sendo certo que a primeira
é o meio físico aplicado sobre a pessoa da vítima para cercear sua liberdade
externa ou sua faculdade de agir (ou não agir) segundo sua vontade, e a
segunda, compreende a ameaça grave capaz de neutralizar o dissenso e a
resistência da ofendida; consiste na inevitabilidade e natureza gravosa do
mal prometido (...), tão grave que, por si só, determine a absoluta ineficácia
de qualquer reação da vitima. (MASTIERI, 2001, p. 76).
Assim, a vítima nada tem a fazer quando tomada por uma arma de fogo que
extingue toda sua resistência (violência física), enquanto, impedida pela ameaça de um mal
abstrato (violência moral), escolhe pela consumação da violência física ou da expectativa da
ocorrência de um mal presumido.
O Serviço Social é uma profissão de nível superior e tem por objetivo intervir
no sentido de viabilizar os direitos sócio-assistenciaisconforme preceitua o projeto ético
político da categoria profissional, bem como, a Constituição brasileira de 1988 a todos
aqueles que por si só, não conseguem suprir as suas necessidades fundamentais.
Desta forma, intervir nas expressões da desigualdade social, tais como fome,
miséria, violência, desemprego, ou violações de direitos é a prática do profissional do
assistente Social. Para tanto, o Assistente Social necessita de conhecimento teórico-
metodológico, ético-político e técnico-instrumental, para intervir nas expressões da questão
social, conforme esclarece Iamamoto:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAL TEÓRICO
MASTIERI, João. Do delito de estupro. 10ª ed. São Paulo: RT, 2001.