Você está na página 1de 15

MMPI – Inventário Multifásico de Personalidade do

Minnesota

Característi Constituído por 550 itens, distribuídos em cartões (na


cas: versão da aplicação individual), agrupados em 21
temas e distribuídos por diferentes categorias
nosológicas: Hipocondria, Depressão Melancólica,
Histeria de Conversão, Personalidade Psicopática,
Paranóia, Psicastenia, Neurose Obsessiva,
Esquizofrenia, Hipomania e por último Introversão
Social.
População Idade mínima de 16 anos e com escolaridade de pelo
menos 6 anos completos.
Material: Conjunto 550 Cartões (divididos em 4 ou 5 pilhas ao
acaso)
Uma folha com a palavra “VERDADEIRO”
Uma folha com a palavra “FALSO”

INSTRUÇÕES

“Estes cartões que tem á sua frente têm várias frases escritas. O que quero
que faça é que os leia, e conforme o que estiver escrito neles, seja para si
VERDADEIRO ou FALSO, que os coloque na folha correspondente; os que são
verdade para si, nesta folha que diz VERDADEIRO (indicar a folha) e os que
são falsos nesta Folha que diz FALSO (Indicar a folha). Compreendeu ?”

“Poderá haver alguma frase em que é descrita uma situação pela qual nunca
passou, por exemplo, existe um cartão cuja frase diz “Gosto de cozinhar”.
Poderia acontecer que nunca tenha cozinhado na vida mas, neste caso tente
colocar-se nessa situação e decidir se seria verdadeiro ou pelo contrário se
seria falso.

Da mesma forma, poderá ficar indeciso entre certas afirmações que são
verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. Peço-lhe então que tente, mesmo
assim, decidir para qual dos lados tende mais, se o VERDADEIRO, se o
FALSO, mesmo que seja apenas um pouco mais.

“Se tiver dúvida sobre o que os cartões querem dizer ou sobre o significado
de alguma palavra, diga-me que eu esclareço.”

IPAF – Setembro 2000 Pág. 1/15


Esta prova não tem limite de tempo, mas é importante que não se prenda
muito tempo a cada afirmação. Pode começar.

NORMAS DE COTAÇÃO
Terminada a prova, terão que se proceder aos seguintes passos:

Passo 1 – Separação dos cartões que têm os estímulos significativos


Os Cartões do MMPI possuem no canto inferior esquerdo ou direito um
pequenos corte que é essencial para a realização desta primeira tarefa. Esta,
consiste na separação dos cartões segundo o corte apresentado e efectua-se
de forma diferente consoante os cartões tenham sido colocados na folha
“Verdadeiro” ou na folha “Falso”. Desta forma temos:

• Cartões da folha “Verdadeiro” – Ao psicólogo interessarão apenas os


cartões com o corte do lado direito.
• Cartões da folha “Falso” - Ao psicólogo interessarão apenas os cartões
com o corte do lado esquerdo.

Os restantes cartões serão colocados de parte e baralhados para a próxima


aplicação, uma vez que já não serão necessário para a cotação do exame.

Passo 2 – transcrição dos cartões seleccionados para a grelha de


respostas
É na grelha de respostas que o psicólogo irá transcrever as letras e números
impressos em cada dos cartões separados.

Passo 3 – Grelha de contagem das escalas


Após a transcrição de todos os cartões seleccionados, o psicólogo irá servir-
se das grelhas de contagem das escalas (transparências) fazendo a
contagem dos itens que aparecem em cada uma delas.

Passo 4 – Transcrição dos totais das escalas para a folha de perfil


A transcrição dos totais compreende 4 passos fundamentais:

IPAF – Setembro 2000 Pág. 2/15


• Transcrever os resultados brutos obtidos em cada escala
• Adicionar os valores de K segundo cada uma das escalas recorrendo
ao quadro central
• Após adicionar os valores colocá-los no espaço reservado para o
efeito
• Transcrever os resultados finais para o quadro principal e
construção do perfil, unindo os vários pontos entre si, com
excepção das três primeiras escalas que apenas serão unidas entre
si.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 3/15


DESCRIÇÃO DO PERFIL
Os itens foram seleccionados com base na existência de diferenças
estatisticamente significativas entre pacientes psiquiátricos e sujeitos ditos
normais. A partir da média e do desvio padrão, baseados nos dados da
amostra normal, foram estabelecidas as pontuações T. A pontuação de cada
escala é convertida numa pontuação T=50 e o seu desvio padrão num
intervalo de pontuação T de 10 pontos.
A linha correspondente à pontuação T=70 representa um afastamento de
dois desvios padrão da média e é considerada um ponto crítico, pois todas
as pontuações acima de 70 são consideradas como indicativo de patologia.
O significado de uma pontuação T abaixo de 30 (dois desvios padrões abaixo
da média) não parece muito clara. O perfil do traçado entre estes dois
pontos será aparentemente normal.
A interpretação dos perfis tem de ser feita a partir das diferentes escalas,
isto é, nunca se deve interpretar um resultado de uma escala isoladamente,
nem limitar a interpretação à escala mais elevada.
Embora cada escala tenha a designação de uma perturbação patológica,
nenhuma escala é pura, isto é, pode diferenciar o grupo patológico do
normal mas não diferencia necessariamente os grupos patológicos uns dos
outros.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 4/15


CODIFICAÇÃO DOS RESULTADOS
O procedimento para a codificação, chamado Código Hathaway envolve os
seguintes passos:
1. Atribuir um número a cada escala clínica. Assim a escala Hs fica
designada como 1, a D como 2, até à Ma como 9, sendo a escala Si
identificada como 0.
2. Escrever o número da escala com pontuação T mais elevada por ordem
decrescente, cuja pontuação esteja acima de T=54;
3. Colocar um apóstrofe (‘) se T for maior que 70, as pontuações com valor
maior ou igual a T=80 com dois apóstrofes (‘’) e aqueles com valor maior
ou igual a 90 com três apóstrofes (‘’’). O apóstrofe é o código que
representa os pontos altos do perfil.
4. Sublinhar os números cuja pontuação seja igual ou apenas com diferença
de um ponto;
5. A pontuação T=54 a T=46 é a chamada zona normal que não aparece no
código. Colocar um traço (-) após o último número escrito, é o que vai
caracterizar a separação entre os pontos altos do perfil que ficam à
esquerda e os pontos baixos à direita;
6. Escrever o número da menor escala, entre os valores T abaixo de 46,
colocando-os por ordem crescente e repetir os passos anteriores;
7. À direita do código devem ser escritas as pontuações brutas de L, F e K,
nesta ordem e separados entre si por dois pontos ( : ). Se a pontuação
bruta de L for maior ou igual a 10 e se a pontuação de F for maior ou igual
a 16, regista-se um X, logo após o código das escalas clínicas, que é
indicador de possibilidade de o perfil não ser válido.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 5/15


DESCRIÇÃO DAS ESCALAS
Escala L – Pode assinalar um sujeito que consciente ou inconscientemente
apresenta uma visão ingenuamente perfeccionista de si mesmo. Os itens
desta escala referem-se a pontos fracos que as pessoas admitem que têm,
apesar de não serem positivos do ponto de vista sociocultural, como por
exemplo: “Ás vezes fico zangado”.
Responder com falso a estes itens poderá significar que o sujeito não admite
que poderá ter certas fraquezas, essa atitude tende a manter-se com os
outros itens, havendo assim um efeito supressor nas outras escalas.

Escala F – Mede uma diversidade de respostas inusitadas e atípicas


(sensações bizarras, ideias estranhas, experiências peculiares, etc.), bem
como certo tipo de crenças, expectativas e auto-descrições improváveis e
contraditórias. Um ponto alto nesta escala, poderá subentender uma forma
de pensamento confuso ou auto depreciação. Uma pontuação baixa
representa conformidade com os padrões do grupo normal.

Escala K – Explora o atitude do sujeito face aos seus sintomas,


possibilitando a identificação de factores subtis, mas eficazes, aumentando a
sensibilidade do instrumento e proporcionando um meio de correcção.

Configurações específicas das escalas de validade


Dependente da elevação das escalas e da conjugação delas na definição do
perfil específico, poderemos estar na presença de um esforço para dar uma
boa impressão de si, uma atitude defensiva ou uma grave perturbação do
comportamento.
Nesse sentido deverão ser analisadas as Hipóteses de Vicent por forma a
garantir a validade do Perfil.

Outros Indicadores de Validade


Índice F-K
É chamado o índice de dissimulação de Gough, resultando da diferença entre
as notas brutas de F e K. Aponta para a tendência a dar uma imagem
favorável (F baixo e K alto) ou desfavorável (F elevado e K baixo) de si.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 6/15


ESCALAS CLÍNICAS
Escala Hipocondria – Hs (1)
É considerada uma escala de sintoma, compreendendo basicamente
queixas, preocupações e sintomas relacionados com a saúde corporal.
Apresenta uma correlação muito elevada com a escala Hy.

Escala Depressão – D (2)


Desenvolvida para medir o sintoma clínico da depressão. É também
considerada uma escala de sintoma. Medida muito sensível da depressão,
proporcionando o melhor índice isolado do actual nível de satisfação,
conforto e segurança pessoal. Verificar a relação com as escalas 1 e 3 que
formam a tríade neurótica.

Escala Histeria – Hy (3)


Desenvolvida para avaliar pacientes que usavam mecanismos de defesa do
tipo conversivo. Incluí itens que se associam com a presença de queixas,
sintomas somáticos e com a habilidade social de negar tais sintomas. A sua
elevação parece associada a uma tendência a evitar a consciência de
conflitos internos, quer mantendo-os ao nível inconsciente, quer canalizando-
os através de sintomas somáticos, através da repressão.

Escala Psicopatia – Pd (4)


Destina-se a identificar um desajustamento social e transtornos de carácter
associados com déficit no controlo dos impulsos que levam à passagem ao
acto.

Escala Masculinidade/Feminilidade – Mf (5)


É também considerada uma escala de carácter, bastante complexa, porque
sofre a influência de factores psicológicos e demográficos, sendo que um
desvio extremo, pode reflectir “problemas” no processo de identificação que
se relaciona com o processo de interiorização de papeis sexuais.

Escala Paranoia – Pa (6)


Desenvolvida no sentido de diagnosticar o quadro clínico da paranóia. O
conteúdo de alguns itens é claramente psicótico, enquanto que outros
envolvem apenas preocupação com os motivos percebidos nas acções de
outras pessoas.

Escala Psicastenia – Pt (7)


Desenvolvida tendo em vista a avaliação do padrão neurótico, incluindo
aspectos fóbicos e obsessivos compulsivos, fadiga intelectual, dúvida,

IPAF – Setembro 2000 Pág. 7/15


indecisão, etc. É considerada uma escala de sintoma e é vulnerável a
flutuações em função de uma perturbação experiênciada.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 8/15


Escala Esquizofrenia – Sc (8)
Identifica sujeitos que se caracterizam pela presença de ideias e
comportamentos bizarros. É considerada uma escala fraca, apesar de ser a
mais numerosa, pelos itens que incluí, visto que a sintomatologia é muito
heterogénea e complexa. É classificada como uma escala de sintomas,
reflectindo distorções da realidade ou pensamentos bizarros, confusos e
esquizóides.

Escala Hipomania – Ma (9)


Desenvolvida para diagnóstico do estado hipomaníaco e casos leves de
mania, caracterizado por hiperactividade, excitação emocional e fuga de
ideias. Os itens envolvem sentimentos de grandiosidade, grau de excitação e
nível de actividade, abrangendo sintomas do estado hipomaníaco, assim
como questões morais, interacção social, familiar e temas somáticos.

Escala Introversão/Extroversão – Si (0)


Desenvolvida a partir de uma análise da introversão/extroversão, em termos
de traços de pensamento, participação e expressão emocional. Os itens
envolvem a falta de comodidade da pessoa em situações sociais e ao lidar
com os outros, sensibilidade, sentimentos de insegurança e preocupações.
Visa avaliar o ajustamento social, sendo que a sua elevação revela
desconforto nestas situações.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 9/15


O TRAÇADO E ANÁLISE DO PERFIL
Perfil do Tipo Neurótico
- O perfil é descendente (lado esquerdo é o mais elevado)
- Há a possibilidade de elevação secundária das escalas Pt e Sc.

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
? L F K Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si
Gráfico 1

Características das escalas de validade: Ficam nos limites da normalidade


sendo a escala F a que, em regra geral, se apresenta com menor elevação.
Na Neurose temos duas categorias, as que têm manifestações ansiosas
como sintoma dominante e as somáticas:
Perfil típico da Neurose Ansiosa ; D é a escala mais elevada na Tríade

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
? L F K Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si
Gráfico 2

Neurótica; Elevação das escalas Pt e Sc, sendo a primeira mais elevada.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 10/15


Perfil típico da Neurose Somática – Tríade Neurótica formando um V; as
escalas mais elevadas são a Hs e Hy.

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
? L F K Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si Gráfico 3

Perfil típico da Histeria de Conversão – Tríade Neurótica em forma de V; A


escala Hy tende a ser mais elevada que a Hs.

80
70
60
50
40
30
20
10
0
? L F K Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si
Gráfico 4

IPAF – Setembro 2000 Pág. 11/15


Perfil do Tipo Psicopático
- Elevação da Escala Pd;
- Pode haver elevação da escala Ma (o que significa passagem ao acto)
- Pode haver elevação nas escalas de validade (tentativa de falsificação no
sentido favorável ou desfavorável).
- Problemas na identificação sexual em psicopatas pode traduzir-se na
diminuição da escala Mf.

80
70
60
50
40
30
20
10
0
? L F K Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si Gráfico 5

Em situações particulares, e como indicador de grave desorganização


interna poderemos ter um perfil em que se regista uma elevação associada
das escalas Pd, Pa e Ma.

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
? L F K Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si Gráfico 6

IPAF – Setembro 2000 Pág. 12/15


Perfil do Tipo Psicótico
- Características gerais : traçado ascendente no sentido da esquerda para a
direita;
- Geralmente há elevação da escala de validade F que é proporcional à
forma de perturbação;
- A escala F é elevada, mas menos elevada que as escalas clínicas;
- Frequentemente acompanhado com elevação da escala L;

Perfil Psicótico Bifásico (elevação da Tríade Neurótica e elevação maior


da Tríade Psicótica), é comum que Pt seja a mais elevada da tríade. Outras
vezes é Sc a mais elevada (esquizofrénicos delirantes); A elevação da tríade
neurótica revela mecanismos de defesa que impedem a quebra do contacto

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
? L F K Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma Si
Gráfico 7

com o real, sendo que a elevação de D revela consciência do problema.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 13/15


Perfil Psicótico Monofásico, idêntico ao anterior mas a tríade neurótica
situa-se abaixo do T=70, significando ausência de mecanismos de defesa,

120
Característico o “V
100 paranóide” que
significa presença de
80 delírios paranóides.

60

40

Gráfico 8
20

0
? L F K Hs D Hy Pd Mf Pa Pt Sc Ma

indicador de maior gravidade da perturbação.


OS CÓDIGOS DE DOIS PONTOS
São aqui apresentados os códigos de dois pontos, considerando a
combinação das elevações de duas escalas. Muito úteis na elaboração dos
relatórios deste teste, complementam organizando sucintamente a
informação necessária e descritiva do tipo de funcionamento da
personalidade dos sujeitos.
A interpretação dos códigos de dois pontos é aplicado a casos clínicos, em
que a pontuação T é de 70 ou ultrapassa este valor, e as características
visam a descrição da psicopatologia.
Se as elevações se situarem na área moderada, as referências só podem ser
utilizadas de forma criteriosa.

RESUMO PARA INTERPRETAÇÃO


1) Seleccionar os cartões significativos
2) Utilização das grelhas de correcção para obtenção dos resultados brutos
3) Transcrição dos Resultados brutos para a folha do perfil, somatório de
escalas com K e construção do perfil
4) Codificação dos resultados segundo o método de Hathaway

IPAF – Setembro 2000 Pág. 14/15


5) Análise da validade do perfil
6) Análise das escalas clínicas e suas elevações
7) Análise do traçado do perfil
8) Análise dos códigos de dois pontos.

IPAF – Setembro 2000 Pág. 15/15

Você também pode gostar