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OLIVEIRA VIANNA
INTRODUÇÃO
Com isto temos, doravante, uma realidade diferente onde o Estado não é mais visto
como agindo em função do Mercado, mas como instituição autônoma que pode e deve ser
entendida em sua forma específica de atuação. Não obstante, discordo das teses de Lamounier
na medida em que identifico nestes autores algo além de “ideologia de estado”. Explico:
apesar de concordar com a tese de que não é o mercado – e as classes que o formam – que
determina a ação do Estado considero forçoso interpretar isso – o pensamento autoritário –
como sendo uma manifestação do Estado no sentido de legitimação. Até porque, mesmo
Plínio Salgado, o mais engajado politicamente no projeto de renovação da sociedade brasileira
via Integralismo foi contra o Golpe de Outubro – Oliveira Vianna manteve-se isento,
Francisco Campos, e Alceu Amoroso Lima tiveram uma postura de critica ao golpe por
considerarem este movimento uma afronta ao regime legal que defendiam. Ou seja, todos a
princípio não escrevem para legitimar o estado, mas antes o Estado serve-se deles para seu
projeto político – vale apena como exemplo a implementação das ideias de Oliveira Vianna e
Francisco Campos quando estiveram como consultor da justiça do trabalho e do Ministério da
educação respectivamente.
Como forma de corroborar esta visão, Boris Fausto apresenta a concepção do caráter
do Estado, dada por um dos mais importantes formuladores da concepção autoritária de
Estado no Brasil – Azevedo Amaral assim: “o Estado autoritário baseia-se na demarcação
nítida entre aquilo que a coletividade social tem o direito de impor ao indivíduo, pela pressão
da maquinaria estatal, e o que forma a esfera intangível de prerrogativas inalienáveis de cada
ser humano” (2001, p. 10)
Entender o pensamento autoritário e a sua emergência no início do século XX obriga-
me a falar brevemente do contexto social do mundo e principalmente do Brasil. Após a
Primeira Guerra Mundial o mundo, e também o Brasil, passam por um período de
instabilidade, na medida em que algumas questões não têm respostas1. Assim, serve de
terreno fértil para o surgimento, ou afirmação de ideais novos e até certo ponto
1
Seria o liberalismo a melhor forma de se pensar a sociedade e a economia? Haja vista os problemas enfrentados
no entre guerras.
revolucionários. Contudo, olhando para o Brasil, perceber-se-á que estas ideologias, ora
revolucionárias – marxismo –, ora reacionárias – fascismo –, chegam principalmente como
crítica ao liberalismo – “associado às práticas oligárquicas, que pressupunham fraude
eleitoral, a escassa participação política da população e o controle do país pelos grandes
estados, enfraquecendo o poder da União” (FAUSTO, op.cit. p. 14).
Sobre essas direitas que começam a se difundir pelo Brasil e formam a base do
pensamento nacionalista autoritário no Brasil, é bom que se tenha em mente que neste
momento não há somente um tipo de ideologia de direita, sendo melhor a utilização do termos
‘direitas’. Sobre isso Frederico Costa assim se expressa: “Os autores citados representam
‘autoritarismos’, diferentes. O que interessa... é a percepção de que no começo do século XX
no Brasil, a opção por pratica políticas autoritárias era predominante em relação a quaisquer
outras” (2005, p. 51).
Devido às divergências dentro do próprio seio do pensamento – haja vista ele não ser
um, mas vários – sua base era bem diversificada: bebiam desde Darwin, passando pelo
positivismo comtiano, chegando à psicanálise freudiana – deixando de lado, é claro, os
teóricos da evolução das raças. Outro componente que influenciou esta ideologia é exposto
por Bolívar Lamounier “A formação da ideologia de Estado no caso brasileiro é inseparável
da assimilação pelas elites intelectuais do conjunto de ideias sociológicas que se
convencionou chamar de protofascistas” (1977, p. 361).
Como um ponto comum entre esses autores era a percepção de que as ações políticas
no Brasil deveriam ser pensadas tomando-se em como princípio o passado do país, agindo em
conformidade com nossas possibilidades de desenvolvimento. Há uma iniciativa destes
autores de explicar o Brasil de acordo com nossas experiências históricas únicas e indeléveis.
Segundo essa interpretação Oliveira Vianna assim se manifesta
Para estes autores o grande problema que a sociedade brasileira incorria era a
existência – ou inexistência – de uma nação. O Estado formou a nação. Povo nós tínhamos,
mas a nação, formadora de laços de identidade e solidariedade tão importantes no Estado
liberal não foi constituída. Para eles, a forma de nós conseguirmos sanar essas dificuldades
era através do Estado. O Estado é visto como o promotor das reformas necessárias para a
efetivamente democratização do povo. Desse modo, o autoritarismo constitui-se apenas em
um meio de se alcançar os objetivos propostos. Ainda nesta perspectiva Wanderley
Guilherme dos Santos afirma:
Desde a independência que o problema teórico e prático predominante e de
alta visibilidade das elites políticas e intelectuais brasileiras tem sido
fundamentalmente este: de que modo implantar e garantir o eficiente
funcionamento da ordem liberal burguesa (apud LAMOUNIER, 1977, P.
354).
1.2. O Positivismo
1.2.1. O Positivismo na Origem
Para que se possa esboçar o contexto histórico da Primeira República faz-se necessário
uma breve apresentação da corrente filosófica positivista e sua atividade política. Como
doutrina filosófica surge no século XIX, tendo como seu grande propagador August Comte e
inserida neste século é herdeira da racionalização que está sendo difundida por todo o
Ocidente, sendo assim, um dos pressupostos básicos de sua concepção filosófica é a
ordenação da realidade através de fatos que podem ser observados e estudados por meio de
um método científico próprio. Sem embargo, a doutrina desenvolvida a partir do pensamento
de Comte é múltipla – num sentido bem restrito – ou seja, possui não apenas uma, mas
algumas facetas, que necessariamente não se contradizem ou desacreditam-se, mas trazem
novos olhares sobre diferentes objetos. Para fins de melhor entendimento procurarei
desenvolver pontos sobre alguns dos aspectos de sua teoria ao longo deste subtítulo e ao final
farei algumas observações sobre como o Positivismo chegou ao Brasil e sua repercussão na
prática aqui.
Em uma das obras mais importantes, August Comte afirma:
O Curso de filosofia positiva... representa uma notável sistematização dos
progressos realizados pela ciência moderna ao longo do século XVIII e nas
primeiras décadas do século XIX. É unânime o reconhecimento de que
Comte era um grande expositor (CORREA, 1997, p. 19).
2
“Na visão de Comte, o evento decorreria do comprometimento do que se poderia chamar de comunidade
científica para usar uma expressão contemporânea com aquilo que ele caracterizou como estado metafísico. Essa
constatação equivalia a uma outra; o estado positivo não seria plasmado historicamente de modo espontâneo. Era
preciso o que Marx chamou de o “parteiro da História”. Do mesmo modo que Marx, Comte também voltou-se
para o proletariado. Certamente os dois não tinham entendimento idêntico quanto a camada social que
efetivamente mereceria a denominação. Em Comte é certamente não é a classe operária, ou pelo menos não
apenas esta. É provável que tivesse em mente o que no século XVIII chamou-se de ‘terceiro estado” (CORREA,
1997, p. 30-31).
filosófico, uma doutrina universal, abrangendo o homem e todas as suas
relações, uma doutrina completa e uma fácil lhes foi organizarem-se em
escola, agremiarem-se em igreja, e assim unidos fazerem uma
evangelização. (apud JUNQUEIRA, op.cit. p.20)
Isto posto, na medida em que no Brasil não se tinha instituições organizadas de forma
coerente era de se esperar que esta filosofia política tão bem ordenada – segundo Veríssimo –
tivesse ampla aceitação na sociedade brasileira.
Segundo Antônio Paim,
A filosofia política de inspiração positivista constitui um fenômeno
estudado insuficientemente, em decorrência talvez da consideração do
movimento positivista segundo o ponto de vista da história das idéias na
França e do correlato menosprezo pela circunstância brasileira, vigente
durante largo período. Do ângulo do historiador francês, é provável que se
possa considerar satisfatória a divisão clássica dos positivistas em ortodoxos
e dissidentes. Em nosso caso, entretanto... verificar-se-á... que, sem dúvida,
eles pretenderam implantar uma nova religião, uma filosofia das ciências e
uma filosofia política... Como se vê, o esquema simplista adotado no
passado (a divisão entre ortodoxos e dissidentes) servia apenas para
obscurecer a complexidade e amplitude desse movimento. (apud
JUNQUEIRA, op.cit. p. 9)
Essa leitura é bem heterodoxa, pois Comte não concebe as classes liberais o papel de
transformadoras da sociedade, este, por sua vez, caberia ao proletariado, o patriciado e as
mulheres. A ênfase em um dos grupos variou durante os acontecimentos na Europa. O ponto
central da discussão das concepções de Comte esta na adequação feita por Lemos à realidade
brasileira, como afirma Carvalho.
Lemos percebia que no Brasil o proletariado rural não existia politicamente
e o urbano apenas começava a formar-se. Percebia também que os
conservadores estavam presos socialmente à escravidão... As mulheres
constituíam um elemento acessível, mas o trabalho entre elas só poderia ser
de longa duração... Restavam-lhes, então, as classes médias. (op.cit. 137)
Está aí uma das contradições no pensamento de Lemos, pois esse grupo a quem ele
atribui a responsabilidade de transformação – classes médias, mais especificamente o setor
técnico científico – estava mais próximo do littréismo do que do comtismo, pois esta contra-
elite baseada no cientificismo visava a homogeneidade e a disciplina, gerando conflitos
internos e o afastamento de grandes nomes do movimento como Benjamin Constant e Silva
Jardim. Mas as polêmicas não se restringiam a questões teóricas. Lemos iniciou uma série
posicionamentos dos membros da Sociedade Positivista, sendo uma delas a questão dos
cargos públicos. Mesmo não tendo Comte deixado isso muito bem claro em seus escritos,
Miguel Lemos não aceitava que membros do movimento assumissem cargos públicos, pois
“Num país em que a visibilidade do governo era grande... não aceitar posições de poder era
quase um ato de heroísmo cívico, era a rejeição de uma prática universal embora muito
criticada. Era grande a autoridade moral daí resultante” (CARVALHO, op.cit. p. 138).
Dessa forma, os ortodoxos devem ser vistos mais como um grupo político com
objetivos próprios, idéias definidas e como realizá-las do que um bando de fanáticos
religiosos. Somando a visão comtista com a estratégia dos ortodoxos temos a configuração de
teoria e prática, ou seja, o conteúdo simbológico e a estratégia que impulsionava a ação dos
sectários. Para isso, fizeram uso de textos, artigos e livros publicados e como meio de
convencimento a simbologia, muito utilizada pelos ortodoxos para persuadir mulheres e o
proletariado.
Pensando sobre os projetos de atividades dos positivistas tanto a filosofia das ciências
quanto a Religião da Humanidade não deram muito certo, ficando relegados a alguns locais
específicos da sociedade. No entanto, a filosofia política deu certo e tem no Rio Grande do
Sul, mais especificamente no Castilhismo sua maior marca. Segundo Antônio Paim,
A filosofia política de inspiração positivista corresponde, em sua primeira
fase, ao castilhismo, assim chamado por ter sido obra de Júlio de Castilhos3
(1860-1903) que, além de tê-la formulado teoricamente, introduziu a sua
prática no Rio Grande do Sul a partir de 1893. (JUNQUEIRA, 1979, p. 10).
Já se sabe quem foi Júlio de Castilhos, mas e de sua obra? O principal fruto do
pensamento de Júlio de Castilhos é sem dúvida a Constituição Republicana Rio-grandense de
1981. Tida por muitos como positivista, não se pode deixar de notar seu caráter de afirmação
3
Júlio de Castilhos nascido em 1860 elegeu-se deputado Federal e pertenceu à Constituinte de 1891. Foi o
primeiro governador do Rio Grande do Sul (julho de 1891), sendo o responsável pela constituição este estado.
Renunciou seis meses depois de assumir o poder, sob pressão de crise política agravada pela dissolução do
Congresso por Deodoro da Fonseca em novembro de 1891. Regressou ao poder em 1892 e governou até 1897,
quando transmitiu o poder a Borges de Medeiros. (op.cit, 1979, p. 8)
4
Um dos mais importantes políticos riograndenses foi um dos líderes do movimento conhecido como “Aliança
Renovadora”, movimento este caracterizado pela crítica ao castilhismo e à constituição que tinha caracteres
positivistas que iam contra os ideais liberais de parte da elite riograndense. Crítico voraz de Castilhos, Assim
Brasil foi o representante da ala liberal da elite riograndense no acordo firmado entre as partes conflitantes,
coordenadas pelo Poder Federal para por fim ao confronto, assinando o chamado Tratado de Paz de Pedras Altas,
onde se estabelece algumas garantias às minorias e principalmente o fim da reeleição para presidente do estado.
de um poder central, que firmado na autoridade, estabelece regras para o desenvolvimento
social.
Apesar de todas estas atribuições uma das mais importantes e que demonstram o perfil
de positivista desta Constituição é o fato de o Presidente poder se eleger indefinidamente
desde que tenha o “sufrágio de três quartas partes do eleitorado” (JUNQUEIRA, op.cit. p. 31).
Importante também é o papel da Assembléia neste governo: “(Art. 46 – Compete
privativamente à Assembléia: 1°) Fixar a despesa e orçar a receita do Estado, reclamando para
esse fim do Presidente todos os dados e esclarecimentos de que carecer” (JUNQUEIRA,
op.cit. p. 38). Ainda para que se possa ter uma visão do caráter do governo instituído por
Castilhos, é importante perceber que até os magistrados são indicados pelo Presidente do
Estado.Se por um lado vemos o reforço do poder do Presidente, do outro vemos garantias
dadas pela constituição como o direito ao ensino livre e gratuito, liberdade de culto religioso,
liberdade de livre associação, liberdade de imprensa.
Apesar de não ser o foco deste trabalho, não posso deixar de citar as relações políticas
na Primeira República brasileira. O perigo ora existente, e sempre que se empreende uma
pesquisa ele manifesta-se é o de não ser fiel aos conceitos, pois estes usualmente são criados e
desenvolvidos para contextos específicos. Para isso, recorro a José Murilo de Carvalho para
desenvolver sobre os conceitos de mandonismo, clientelismo e coronelismo e também ao
texto de Lincoln de Abreu Penna sobre o pacto oligárquico de Campos Sales.
Partindo do conceito mais amplo e que pode ser aplicado a muitos contextos, haja
vista sua característica de ser maleável temos o conceito de mandonismo. Segundo José
Murilo de Carvalho:
De modo geral, indica um tipo de relação entre atores políticos que envolve
concessão de benefícios públicos, na forma de empregos, vantagens fiscais,
isenções, em troca de apoio político, sobretudo na forma de voto. Este é um
dos sentidos em que o conceito é usado na literatura internacional
(Kaufman, 1977). Clientelismo seria um atributo variável de grandes
sistemas políticos. Tais sistemas podem conter maior ou menor dose de
clientelismo nas relações entre atores políticos. (1998, p. 134)
Baseado em Victor Nunes Leal, José Murilo de Carvalho assim expõe o conceito de
coronelismo:
o coronelismo é um sistema político, uma complexa rede de relações que
vai desde o coronel até o presidente da República, envolvendo
compromissos recíprocos... alem disso é datado historicamente... surge na
confluência de um fato político com uma conjuntura econômica. O fato
político é o federalismo5implantado pela república em substituição ao
centralismo imperial. O federalismo criou um novo ator político com
amplos poderes, o governador de Estado... A conjuntura econômica... era a
decadência econômica dos fazendeiros. Esta decadência acarretava
enfraquecimento político do poder político dos coronéis em face de seus
dependentes e rivais. A manutenção desse poder passava então, a exigir a
presença do Estado, que expandia sua influência na proporção em que
diminuía a dos donos da terra. O coronelismo era fruto da alteração na
relação de forças entre os proprietários rurais e o governo, e significava o
fortalecimento do poder do Estado antes que o predomínio do coronel. O
momento histórico em que se deu essa transformação foi a Primeira
República, que durou de 1889 até 1930. O conceito de coronelismo
expressa um conjunto de práticas que vigoraram no Brasil no início
do século XX e esteve embasado, segundo Carvalho (1998) em uma
conjuntura política e uma econômica. (CARVALHO, op.cit. p.131-2)
5
De caráter positivista, principalmente o do Rio Grande do Sul. No entanto, a da federação também possuía
vínculo com o positivismo cf. capítulo 1.
obra de autores como Azevedo Amaral e Oliveira Vianna são exemplificadas via Primeira
República. Então se pode ter uma idéia do quão importante é o esboço deste contexto para a
compreensão deste pensamento.
6
Alusão ao movimento conhecido como Aliança Nacional Libertadora, encabeçada por setores dos estados do
Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraíba e outros, também conhecidos na Primeira Republica
como “eixo alternativo do poder” que sob a liderança de Getúlio Vargas derrubaram a República Velha em
Outubro de 1930. cf. cap. 1.
futuro da democracia depende do futuro da autoridade. Reprimir os excessos da democracia
pelo desenvolvimento da autoridade será o papel político de numerosas gerações”. Pode
parecer um equívoco interpretativo conceber Francisco Campos como um defensor da ordem
e da legalidade se este mesmo ajuda na articulação da Revolução (ou Golpe), mas o ponto
principal nisto tudo é o conceito de “Revolução por cima”, ou seja, busca-se a reforma ou
mesmo alteração de algumas estruturas societais vigentes, no entanto, esta reforma ou mesmo
alteração manifesta-se na esfera de cima da sociedade, entre os detentores do status quo em
vigor. Como bem nos mostra Medeiros
Colocado dentro de uma estrutura de poder então vigente, nela trabalhava
não certamente para solapar suas bases sociais – e nisto qualifica-se como
um conservador – mas sim para substituir e reconstituir do alto as suas
instituições políticas e burocráticas modernizando-as. (MEDEIROS, 1978, p.
12).
O pensador que ora apresento esteve participante durante muitos anos dos movimentos
sociais católicos no Brasil. Influenciado por idéias como de Bergson e Péguy e Leon Bloy
Alceu Amoroso este atuante contra o comunismo por meio de sua inserção nos movimentos
religiosos católicos. Por isso mesmo justifica-se apresentá-lo neste trabalho: o pensamento
nacionalista autoritário do início do século XX no Brasil foi um movimento que esteve
presente nas mais diferentes classes sociais de formas diversas. Assim temos, por exemplo,
Azevedo Amaral querendo a inserção do Brasil no processo de industrialização e,
consequentemente, no universo capitalista, ao passo que Alceu Amoroso Lima está mais
preocupado como resgate de alguns valores tradicionais que foram perdidos com o tempo.
Esse autor inicia suas discussões políticas com a entrada no movimento católico como
Jarbas Medeiros nos apresenta “Foi precisamente depois de meu encontro com a Igreja... que
passei a me preocupar pelos problemas políticos... A minha participação nos acontecimentos,
meu juízo dos acontecimentos, está mais ligado á ação católica do que a ação política ou a
ação social” (apud MEDEIROS, 1978, p. 226). Além disso, muito do que Alceu Amoroso
compreendia de mundo adveio da influencia de autores como Maritain, Jackson de Figueiredo
entre outros que estiveram ligados de alguma forma com a Action Française e os princípios
do renouveau catholique. Então:
desenvolveu uma longa correspondência epistolar com Jackson de Figueiredo
– reconhecidamente a influencia determinante e decisiva na sua conversão ao
catolicismo. então, sob a influencia conjunta destes intelectuais cristãos,
Amoroso Lima busca ‘a superação das coisas efêmeras, passageiras, fluidas,
pelas coisas estáveis, sólidas, permanentes, sem prejuízo das outras... na
filosofia do realismo integral terminaria por encontrar respostas àquelas
indagações. (MEDEIROS, op.cit. p. 221)
Após apresentar as bases de seu pensamento discutirei alguns aspectos que julgo
importante para esse trabalho. Já em seus primeiros textos onde Amoroso Lima faz críticas ao
liberalismo e o comunismo. Desse modo temos
de um lado a causa do erro e do outro a causa da verdade... De um lado a
regeneração pela idéia revolucionária, do outro a regeneração pela idéia
religiosa... a causa do Cristo e a causa do anticristo... O século XX vai ser
ora um diálogo, ora um duelo, entre o Vaticano e o Kremlin. (apud
MEDEIROS, 1978. p. 233)
Diante desta nova realidade que deveria ser construída, Alceu Lima apresenta o Estado
como sendo o responsável pela organização. Então é a partir da autoridade do mesmo que
ocorreriam as mudanças necessárias. Segundo Medeiros:
partindo do conceito neotomista de autoridade... e considerando-se este
último como objetivo final da política, a ‘unidade social’ era colocada como
condição básica e essencial para o ‘bem comum’. Autoridade, in concreto,
era o Estado, organismo privilegiado na hierarquia política tomista, ao lado
da Igreja, da família, da escola e das corporações. O Estado era, afinal, o
agente principal e o promotor destacado da ‘unidade nacional’. A
autoridade estatal não poderia ser colocada em risco ou, contestada, a não
ser em casos excepcionais e assim mesmo por outras autoridades
constituídas. Objetivamente, portanto, o pensamento político católico entre
nós, tal como formulado por Amoroso Lima, propunha-se, de fato, à
manutenção da ‘unidade nacional como forma de manutenção da autoridade
do estado burguês... [afirma ele] o ‘bem comum’ são ‘ a ordem e a paz que
só podem ser obtidas pela restauração do sentido cristão da autoridade tanto
no Estado, como nos grupos naturais da sociedade, pela sobrenaturalização
da vida individual e coletiva’ e quando reclama a ‘defesa da Autoridade
forte que organiza o Estado’. (1978, p. 358)
A segunda era uma nova forma de relação entre os setores produtivos da sociedade, de
modo que, segundo Amoroso Lima era
assim, o estado ético-corporativo – ‘formado pela imortalidade dos
princípios do cristianismo’ – única alternativa válida para o Estado
individualista de um lado, e o Estado coletivista, do outro. Fora de seu
modelo ideal de Estado teríamos, ou o Estado técnico neo-burguês (EUA) ou
então o Estado técnico proletário (Rússia)” (MEDEIROS, op.cit. p. 266)
Toda esta discussão está fundamentada nos textos até a década de 1940, pois daí em
diante Alceu Amoroso Lima começará a se converter em um defensor da democracia liberal,
ligada a sua concepção de democracia cristã.7. O texto seguir nos diz muito sobre essa
mudança
muitos da nossa geração rejeitamos, em tempo, a democracia por ser ela ou
pelo menos ter se tornado exclusivamente o setor político da burguesia, a
máscara da hipocrisia política de que ela se revestia para ‘fazer crer ao povo
que ele governa’... é em Maritain que vamos procurar os fundamentos
metafísicos indispensáveis para uma restauração da dignidade da
democracia, que deixa assim de ser, quando bem entendida e aplicada, a
defesa de uma classe moribunda, para se tornar a garantia dos próprios
direitos do homem, contra toda a opressão econômica e política, na
sociedade’ lembrando aqui a ‘ sentença bergsoniana’ de que ‘a democracia é
de essência evangélica. (apud MEDEIROS, 1978, p. 304)
Apesar de toda essa mudança, advertindo que não era a favor do liberalismo clássico,
então afirmava: “Não queremos voltar ao liberalismo clássico, já definitivamente
‘ultrapassado’ – o caminho seria a ‘terceira solução’, o ‘humanismo político’, o ‘socialismo
democrático’ ou a ‘democracia social’” (MEDEIROS, 1978, p. 312). Mais adiante apresenta o
que seria a ‘democracia social’: “ a democracia social, que se baseia na liberdade e na justiça
e não apenas na liberdade” (MEDEIROS, op.cit. p. 312).
7
Uma das explicações para essa mudança na sua idiossincrasia deva-se ao contexto de abertura e de retorno da
democracia – lembremo-nos que é exatamente neste contexto que Getúlio Vargas deixa o poder e põe fim a
Estado Novo.
desses momentos tomarei principalmente o momento compreendido entre 1930-40. Apesar
disso é provável que em certos momentos eu recorra a textos de outros períodos – isso porque
a obra de Plínio Salgado não passa por grandes transformações que contradiga um período
anterior.
Como já se foi dito, justifica-se esse breve esboço da obra deste autor haja vista sua
participação na articulação do golpe de Outubro, liderando a Ação Integralista Brasileira –
AIB – e escrevendo durante muitos anos sobre a realidade do Brasil e as soluções para nossos
problemas. O que se segue é um esboço de seu pensamento, e desde já aviso ao leitor que o
que darei prioridade é o pensamento político, dessa forma não darei grande atenção aos outros
aspectos de seu pensamento.
Um dos grandes problemas apontados por Plínio Salgado, que deveria ser resolvido o
mais rápido possível, com prejuízo a toda a nação caso não fosse, é o da urbanização.
Compreendia que, pelo fato de o país está se desenvolvendo rumo á industrialização,
estaríamos perdendo muito de nossas raízes tradicionais, que traziam consigo um série de
valores tão importantes para nossas vidas em sociedade. Assim nos afirma:
do nosso Hinterland, é que deveriam comandar e dirigir o nosso processo
de urbanização e de desenvolvimento capitalista. Este ‘espírito’ e esta
‘mentalidade’ se resumem, afinal, no paternalismo coronelista, no
assistencialismo e no autoritarismo ‘benfazejo’ das classes patronais, sobre
o conjunto das classes e setores médios que lhe ficam abaixo. (apud
MEDEIROS, 1978, p. 530)
Ainda nessa perspectiva, Plínio Salgado continua apresentando a sua concepção das
características sócio-políticas ideais para o Brasil:
o desenvolvimento da nossa vida urbana não pode efetivar-se numa
progressão maior do que a do crescimento de nossas forças do interior. A
fascinação das cidades é a fonte das discórdias sociais. A luta nela é mais
violenta... Não é possível o sentimento da Pátria onde se sofre mais
influencia do século do que a influencia da terra A tendência das cidades é
para a desnacionalização. (apud MEDEIROS, op.cit. p. 398)
Isso porque compreendia que além dos males da perda deste sentimento das regiões do
interior o homem poderia se apegar a ideias estrangeiras que prejudicariam muito ao Brasil.
Desse modo, “a sacola do imigrante pode trazer para a sociedade germes mais perigosos do
que a lagarta rosada8” (MEDEIROS, 1978, p. 396). Tem-se assim, formado um escopo de
nacionalismo – que nesse sentido equivale à solução dos problemas do país na medida em que
8
Atente-se para o risco que a realidade apontava: com imigrantes desembarcando cada vez em maior quantidade
no Brasil era extremamente perigoso não se atentar para as ideologias que também chegam – principalmente o
comunismo. Este é um ponto importante na visão de Plínio Salgado, e de modo geral no pensamento nacionalista
autoritário: o risco de que outras idéias mudem “quem somos”, ou seja, transformem nossa realidade – que no
caso de Plínio Salgado é o Hinterland.
se compreende que as nossas relações políticas e sociais devem estar pautadas na realidade de
nossa história e não nos pressupostos de outros países – que estará presente em toda a sua
obra refinando sua percepção dos problemas do país e suas soluções.
É importante ter-se em mente a forma específica como pensava Plínio Salgado a
modernidade: via-a não com olhos muito bons, porque compreendia que ela acarretaria
problemas grandes para o país e dado o passado e a tradição histórico-sociológica de nossa
nação dizia que “O arbítrio mental não pode sobrepor-se às fatalidades cósmicas, étnicas,
sociais ou religiosas... País sem preconceitos, podemos destruir as nossas bibliotecas.. sem a
menor conseqüência no metabolismo funcional dos órgãos vitais da Nação” (apud
MEDEIROS, 1978, p. 406). Conclamava então o país para se reorganizasse visando o
restabelecimento da ‘ordem’ que se havia perdido – a saber, os valores do Hinterland.
Na outra ponta dessa corda há as críticas à liberal-democracia e ao capitalismo –
apontado por Salgado como o “verdadeiro bolchevique”. Isso, pois entendia que o capitalismo
e a democracia – em menor escala – haviam deturpado os sentimentos nacionais substituindo-
os por esse gosto deletério que é o do internacionalismo. Desse modo:
A Terra e a Raça seriam os fatores declarados destas ‘verdades essenciais’,
Tudo o que era adventício’ e ‘alienígena’, era ‘reacionário’... O projeto
assentava-se no ‘Estado forte’: ‘Por que o Estado forte? Para garantia do
indivíduo e da família, e não para sua anulação. O indivíduo precedeu o
Estado’... O indivíduo como força moral é o centro da família, como força
econômica é a razão de ser da classe... Em razão da valorização, por igual,
de cada homem, decorreria a valorização, por igual, de cada classe... ‘As
classes devem ser organizadas... E só um Estado forte poderá sobrepor-se
para fixar e garantir direitos’. (MEDEIROS, op.cit. p. 427)
É interessante perceber essa última frase de Plínio Salgado e a semelhança entre ela e a
de Francisco Campos: “E só um Estado forte poderá sobrepor-se para fixar e garantir direitos”
– de Plínio Salgado – e “Só o Estado forte poderá promover a arbitragem justa” de Francisco
Campos. Sobre essa semelhança dá para percebermos como há um corpo, uma estrutura de
pensamento que perpassa as obras: nesse caso a idéia de que é o Estado quem garantirá aos
cidadãos os direitos e a garantia de que não haverá usurpação de poder.
Ao leitor, pode parecer sem propósito a utilização destes caracteres, no entanto faço
uso destes para lhes apresentar a base do pensamento político de Plínio Salgado – entenda-se
sua opção pelo nacionalismo autoritário. Sobre esse Estado afirma Plínio Salgado:
O Estado seria corporativista: ‘... organizar as classes, ordenando todas as
forças produtoras da Nação... Todas essas classes devem ser organizadas.
Todas devem representar uma força nacional’ garantindo-se-lhes uma
‘representação federal... para que se acabe, de uma vez para sempre, a luta
entre os estados, que é dissolvente e desagregadora’(apud MEDEIROS,
op.cit. p. 440)
E em contraponto a essa visão da sociedade brasileira Plínio Salgado reconhece
que a crise fundamental dos dias atuais tem sua origem imediata no fator
moral do desfalecimento da autoridade e da perda de todo o senso dos
deveres que trouxeram desequilíbrio das forças sociais e econômicas no
panorama internacional e na paisagem nacional. A restauração da autoridade
é o passo preliminar no rumo de um possível entendimento entre os povos. A
objetivação de um ideal democrático tem de renunciar ao imediatismo
democrático (apud MEDEIROS, 1978, p. 450)
É interessante perceber como há uma ligação entre este autor e os outros. Tanto Plínio
Salgado quanto Azevedo Amaral – e Oliveira Vianna, que será analisado no próximo capítulo
– estão pensando no modelo corporativista como sendo o melhor para o Brasil. Para esses
autores é o corporativismo que garantirá a verdadeira entrada do país no mundo democrático,
pois todas as classes teriam representação nos órgãos respectivos. Assim, tanto Plínio Salgado
quanto Azevedo Amaral elaboram o termo “Estado orgânico” que expressa sua noção de
integralidade e legitimidade na medida em que os grupos sociais estariam bem representados,
ou seja, haveria uma relação de organicidade entre os representados e os representantes pois
os que governam estariam agindo especificamente em prol dos que a eles lhes dedicaram
confiança. A democracia corporativa e o Estado orgânico são dois conceitos que se nos
apresentam como dois pilares do novo Estado surgido da revolução por dentro pensada por
estes autores.
Ainda no que se refere à economia podemos perceber a semelhança entre Azevedo
Amaral e Plínio Salgado no concernente ao conceito de “economia dirigida/equilibrada” –
apesar dos conceitos serem diferentes penso podermos colocá-los em posição de semelhança
pois o princípio da articulação Estado-mercado é presente. Estes dois autores compreendem
que a economia não poderia ficar a mercê do livre mercado. Deste modo, há que se ter a
presença do Estado garantindo a boa circulação e desenvolvimento do mercado, de forma que
não venha a explorar a nenhuma das partes envolvidas nas negociações.
Outra ligação que podemos fazer entre os autores refere-se ao apelo à autoridade
presente em todos. De modos diferentes eles elaboram uma série de teorias que vão ao
encontro umas das outras em quase todos os aspectos. Podemos perceber que o apelo que
Francisco Campos faz ao reforço da autoridade é seguido de perto pelo de Plínio Salgado,
pois compreendem que as massas são incapazes de pensar e responder a estímulos como a
democracia exige. Assim, recorrem a uma muito refinada análise sócio-histórica identificando
nossos maiores problemas e elaborando soluções.
Assim temos que há um esforço muito grande deste autor identificar os fundamentos
teóricos, ou seja, aqueles princípios que servem de estrutura formal para a implementação da
política, que embasam uma determinada sociedade e um determinado modus operandi de um
povo – para isso lança mão sobre o passado europeu, principalmente o inglês, para identificar
os princípios que baseados na experiência deste povo norteou sua história.
Noutro lado temos que existe a análise, muito bem sucedida do ponto de vista teórico,
muito bem sucedida de uma realidade histórica própria dos povos. Assim, Oliveira Vianna
compreendia que os países europeus, principalmente a Inglaterra e na América olhando para
os Estados Unidos tinha, devido á sua história de autogoverno, fundado na township, ou seja,
no autogoverno das províncias ou pequenas aldeias. Note-se que ele entende que uma coisa
complementa a outra, ou seja, cada país possui os seus fundamentos institucionais e noutra
mão possuem uma história. Isso se reflete na adequação ou não destes fundamentos à
realidade de determinada nação.
Então temos possibilidade de começar a responder a primeira questão colocada no
tópico 3.1 sobre contra que surge esse pensamento político autoritário.
Nascido no último quartel do século XIX Oliveira Vianna está atento aos problemas
que têm nos afligidos, a saber, o regime instituído na Carta constitucional de 1891, liberal em
sua essência e com algumas características positivistas. Percebe todo o mandonismo e o
chamado coronelismo (discutido no tópico 1.3) do regime político da Primeira República,
com seus vícios e defeitos. No entanto, sua crítica vai muito além disso, porque se usarmos o
método que de Quartim de Moraes da análise dos princípios e realidades de uma sociedade
veremos que Oliveira Vianna vai além: percebe a incoerência entre a política oficial e a
política real.
Temos que
O problema da nossa salvação tem que ser resolvido com outros critérios,
que não os critérios até agora dominantes. Devemos doravante jogar com os
fatos, e não com hipóteses, com realidades, e não com ficções e, por um
esforço de vontade heróica, renovar nossas ideias, refazer nossa cultura,
reeducar nosso caráter... obra de organização e construção... só assim, no
contato forçado com esses grandes povos que estão invadindo e
senhoreando o globo poderemos, pelo, reforço previdente das nossas linhas
de menor resistência, conservar intactas, no choque inevitável a nossa
personalidade e a nossa soberania. (apud MEDEIROS, 1978, p. 157)
Para que se sanassem essas deficiências presentes na realidade do Brasil era necessário
que se empreendesse uma obra baseada em três pilares, segundo Jarbas Medeiros “a unidade
nacional – compreendida aqui em sua dimensão territorial, política, social e econômica – a
partir da qual deve ser entendido o seu nacionalismo; b) a modernização institucional – que
ele tinha como sinônimo do corporativismo, sobretudo administrativo; c) a conciliação das
classes” (1978, p. 159). Ainda na caracterização dos princípios norteadores do pensamento
político de Oliveira Vianna Nilo Odália elege três pontos, a saber:
Após esta apresentação poder-se-ia perguntar para qual o objetivo desta obra
reformadora que toca toda a sociedade. Existem na tradição das ciências Sociais três
interpretações para essa resposta. Segundo Ricardo Silva:
Com a justa preocupação em distinguir entre as diferentes modalidades do
pensamento autoritário, as quais circulavam naquela década politicamente
turbulenta e intelectualmente criativa, Santos observa que, além do
autoritarismo justificado com argumentos éticos e naturalistas (como o dos
integralistas) e do autoritarismo justificado por razões de ordem histórico-
estrutural (Azevedo Amaral e Francisco Campos, por exemplo), havia uma
terceira corrente de pensadores autoritários que, diferentemente das duas
primeiras, via no “sistema político autoritário” apenas um meio para se
chegar a uma “sociedade liberal” (2008. p. 241)
Neste contexto pode-se também entender o que Oliveira Vianna compreendia como
sendo sua “democracia social”. Esse conceito expressa a ideia de que a democracia
verdadeira, aquela que surtiria efeito no Brasil e que era trazia em si o que melhor poderia
existir era a democracia corporativa.
Neste sentido, o sociólogo fluminense estava preocupado com a representação e a
participação de todas as camadas sociais na política. Por certo, como já deixei claro acima, ele
compreendia que existia uma elite social que deveria controlar e dirigir a obra política do país.
Não obstante, isso não significava que as classes baixas não teriam nenhum tipo de
representatividade. Assim, “A realização de um grande ideal nunca é obra coletiva da massa,
mas sim de uma elite, de um grupo, de uma classe, que com ele se identifica, que por ele
peleja que, quanto vitoriosa, lhe dá realidade e lhe assegura a execução...” (apud MEDEIROS,
op.cit. p. 193). E segundo Medeiros:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COMTE, A. Curso de Filosofia Positiva. São Paulo: Nova Cultural. 1988 (Os Pensadores).
COHN, Gabriel (org.). Max Weber: sociologia. 2º ed. São Paulo: Ática, 1982. (grandes
cientistas sociais, 13)
JUNQUEIRA, Celina (org.). A filosofia política positivista. v. I e II. Rio de janeiro: Ed.
Documentário, 1979. (textos didáticos do pensamento brasileiro; (14)
ODÁLIA, Nilo. Oliveira Vianna: a teoria do Estado. In: BASTOS, E. R.; QUARTIM DE
MORAES, J. (orgs.). O pensamento de Oliveira Vianna. Campinas: Ed. Unicamp, 1993.