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“Aonde quer que fores, irei eu”

1, 2. (a) Descreva a viagem de Rute e Noemi e a dor que elas sentiam. (b) Em
que sentido as jornadas de Rute e Noemi eram diferentes?

RUTE estava andando ao lado de Noemi numa estrada que se


estendia pelos áridos planaltos de Moabe. Não havia mais
ninguém além das duas no meio daquela imensa paisagem. Já era
quase noite, e Rute olhava para sua sogra, talvez se perguntando
se não seria melhor procurar um lugar para dormir.

2
As duas levavam no coração uma grande dor. Noemi era viúva já
por muitos anos, mas agora chorava a morte de seus dois filhos,
Quiliom e Malom. Rute também estava de luto. Malom era seu
marido. Ela e Noemi iam para o mesmo lugar, a cidade de Belém,
em Israel. Mas, de certa forma, suas jornadas eram diferentes.
Noemi estava voltando para casa, ao passo que Rute estava
partindo para o desconhecido, deixando para trás sua família,
bem como sua terra natal com todos os seus costumes, incluindo
seus deuses. — Leia Rute 1:3-6.

3. A resposta a que perguntas nos ajudará a imitar a fé de Rute?


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Por que uma jovem mulher faria uma mudança tão drástica?
Onde Rute encontraria forças para recomeçar a vida e cuidar de
Noemi? A resposta a essas perguntas destacará vários aspectos da
fé de Rute que podemos imitar. (Veja também o quadro “ Uma
obra-prima em miniatura”.) Primeiro, vejamos o que levou essas
duas mulheres a iniciar aquela longa viagem para Belém.

Uma família dilacerada pela tragédia


4, 5. (a) Por que a família de Noemi se mudou para Moabe? (b) Que desafios
Noemi enfrentou em Moabe?
4
Rute cresceu em Moabe, um pequeno país ao leste do
mar Morto. A região era composta basicamente de planaltos
pouco arborizados, cortados por vales profundos. Os “campos de
Moabe” em geral eram férteis, mesmo quando a fome
assolava Israel. De fato, foi por isso que Rute conheceu Malom e
sua família. — Rute 1:1.

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Por causa de uma fome em Israel, o marido de Noemi,
Elimeleque, tinha decidido sair de sua terra com a família. Foram
morar em Moabe como estrangeiros. Essa mudança deve ter sido
desafiadora para a fé de cada um deles, pois os israelitas
precisavam adorar regularmente no lugar sagrado escolhido por
Senhor (Deut. 16:16, 17) Noemi conseguiu manter viva sua fé,
mas sofreu muito com a morte de seu marido. — Rute 1:2, 3.

6, 7. (a) Por que Noemi talvez tenha ficado preocupada quando seus filhos se
casaram com moabitas? (b) Por que é elogiável o modo como Noemi tratava
suas noras?

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Noemi também deve ter sofrido quando seus filhos se casaram
com mulheres moabitas. (Rute 1:4) Ela sabia que Abraão,
antepassado de Israel, não havia medido esforços para procurar
entre seu povo alguém que adorasse a Jeová para se casar com
seu filho, Isaque. (Gên. 24:3, 4) Mais tarde, a Lei mosaica deixou
claro que os israelitas não deviam permitir que seus filhos e filhas
se casassem com estrangeiros, para que o povo de Deus não se
desviasse para a idolatria. — Deut. 7:3, 4.

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Ainda assim, Malom e Quiliom se casaram com moabitas. Mesmo
que Noemi tenha ficado preocupada ou decepcionada, pelo visto
ela fez de tudo para mostrar bondade e amor às suas noras, Rute
e Orpa. Talvez esperasse que um dia elas também se tornassem
adoradoras de Deus . De qualquer modo, tanto Rute como Orpa
gostavam muito de Noemi, e esse bom relacionamento foi de
grande ajuda quando a família foi atingida por uma tragédia.
Antes que tivessem filhos, as duas jovens mulheres ficaram viúvas.
— Rute 1:5.

8. O que talvez tenha atraído Rute a Jeová?


8
Será que a formação religiosa de Rute a tinha preparado para
uma tragédia dessas? Dificilmente. Os moabitas adoravam vários
deuses, sendo Quemós o principal. (Núm. 21:29) Parece que a
religião moabita também recorria à brutalidade e aos horrores tão
comuns naquela época, incluindo o sacrifício de crianças. Isso com
certeza era muito diferente de tudo o que Rute havia aprendido
com Malom ou Noemi sobre o amoroso e misericordioso Deus de
Israel, Jeová. Ele governa por meio do amor, não do
terror. (Leia Deuteronômio 6:5.) Com sua trágica perda, Rute
deve ter se apegado ainda mais a Noemi e escutado com
interesse o que essa mulher idosa tinha a dizer sobre o
Deus todo-poderoso, suas obras maravilhosas e seu modo
amoroso e misericordioso de lidar com seu povo.

Rute sabiamente se apegou a Noemi num período de perda e


pesar

9-11. (a) Que decisão Noemi, Rute e Orpa tomaram? (b) O que podemos
aprender das tragédias que Noemi, Rute e Orpa sofreram?

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Noemi, por sua vez, estava ansiosa para ter notícias de sua terra.
Certo dia, ela ouviu, talvez de um comerciante viajante, que a
fome em Israel havia acabado. Senhor tinha voltado sua atenção
para seu povo. Belém novamente fazia jus a seu nome, que
significa “casa de pão”. Por isso, Noemi decidiu voltar. — Rute 1:6.

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O que Rute e Orpa fariam? (Rute 1:7) Durante suas aflições, elas
haviam se achegado muito a Noemi. Parece que Rute, em
especial, havia se afeiçoado a Noemi por causa de sua bondade e
forte fé em Deus As três viúvas partiram juntas rumo a Judá.

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O relato de Rute nos lembra que tragédias e perdas acontecem
tanto a pessoas boas e honestas como a pessoas más. (Ecl. 9:2, 11)
Mostra também que, diante de uma perda difícil de suportar, é
bom recorrer ao consolo de outros — especialmente dos que se
refugiam em Jeová, o Deus de Noemi. — Pro. 17:17.
O amor leal de Rute
12, 13. Por que Noemi queria que Rute e Orpa voltassem para casa em vez de
acompanhá-la, e qual foi a reação inicial das duas jovens mulheres?

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Depois de muitos quilômetros de caminhada, Noemi começou a
ter outra preocupação. Ficou pensando naquelas duas jovens e no
amor que haviam mostrado por ela e por seus filhos. Noemi não
suportava a ideia de agora ser mais um fardo para elas. Se
deixassem sua terra natal e a acompanhassem até Belém, o que
Noemi poderia fazer por elas?

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Por fim, Noemi disse: “Ide, voltai, cada uma à casa de sua mãe.
Que Deus use de benevolência para convosco assim como vós
usastes de benevolência para com os homens agora já mortos e
para comigo.” Ela também expressou a esperança de que Deus as
recompensaria com outros maridos e uma vida nova. O relato
continua: “Então as beijou, e elas começaram a levantar as suas
vozes e a chorar.” Não é difícil ver por que Rute e Orpa sentiam
tanta afeição por essa mulher altruísta e de bom coração. As duas
insistiam: “Não, mas voltaremos contigo ao teu povo.” — Rute
1:8-10.

14, 15. (a) Orpa voltou para o quê? (b) Como Noemi tentou convencer Rute a
voltar?

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No entanto, Noemi não se deixou convencer facilmente.
Argumentou com insistência que não podia fazer muito pelas
duas em Israel. Ela não tinha marido para sustentá-la nem filhos
com quem elas pudessem se casar, e não havia nenhuma
perspectiva de isso mudar. Daí, disse que sua incapacidade de
cuidar delas era um motivo de amargura. Para Orpa, as palavras
de Noemi faziam sentido. Sua família, sua mãe e sua casa estavam
em Moabe, esperando por ela. Realmente parecia mais prático
permanecer em Moabe. Assim, com grande tristeza, ela beijou
Noemi e foi embora. — Rute 1:11-14.
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O que dizer de Rute? Os argumentos de Noemi também valiam
para ela. Mas o relato diz: “Quanto a Rute, apegou-se a ela.”
Noemi talvez já tivesse retomado a viagem quando percebeu que
Rute a estava seguindo. Então disse: “Eis que a tua cunhada
enviuvada voltou ao seu povo e aos seus deuses. Volta com a tua
cunhada enviuvada.” (Rute 1:15) As palavras de Noemi revelam
um detalhe importante. Orpa tinha voltado não só para seu povo,
mas também para “seus deuses”. Ela não se importava de
continuar a adorar Quemós e outros deuses falsos. E Rute? Será
que também pensava assim?

16-18. (a) Como Rute demonstrou amor leal? (b) O que o exemplo de Rute nos
ensina sobre o amor leal? (Veja também a gravura das duas mulheres.)
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Vendo Noemi naquela estrada deserta, Rute não tinha dúvida
do que sentia. Seu coração transbordava de amor por Noemi — e
pelo Deus a quem ela servia. Assim, Rute disse: “Não instes
comigo para te abandonar, para recuar de te acompanhar; pois,
aonde quer que fores, irei eu, e onde quer que pernoitares,
pernoitarei eu. Teu povo será o meu povo, e teu Deus, o meu
Deus. Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei enterrada.
Assim me faça Deus e assim lhe acrescente mais, se outra coisa
senão a morte fizer separação entre mim e ti.” — Rute 1:16, 17.

“Teu povo será o meu povo, e teu Deus, o meu Deus”


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As palavras de Rute são notáveis. Tanto é que ficaram para a
História, resistindo até os nossos dias — 3 mil anos depois. Elas
expressam de modo perfeito uma qualidade preciosa, o amor leal.
O amor de Rute era tão forte, tão leal, que ela iria com Noemi
para onde quer que ela fosse. Apenas a morte poderia separá-las.
O povo de Noemi se tornaria seu próprio povo, pois Rute estava
disposta a deixar para trás tudo que conhecia em Moabe —
incluindo os deuses moabitas. Ao contrário de Orpa, Rute podia
dizer com toda a sinceridade que queria que o Deus de Noemi,
Jeová, também fosse seu Deus.*
Então as duas, agora sozinhas, continuaram a longa viagem para
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Belém. Segundo uma estimativa, essa viagem pode ter levado


uma semana. Mas, com certeza, elas encontraram na companhia
uma da outra certa medida de consolo para seu pesar.

19. Como podemos imitar o amor leal de Rute na família, entre amigos e na
congregação?

19
O mundo está repleto de sofrimento e pesar. Em nossos dias,
que a Bíblia chama de “tempos críticos, difíceis de manejar”,
enfrentamos todo tipo de perda e dor. (2 Tim. 3:1) Portanto, a
qualidade demonstrada por Rute é agora mais importante do que
nunca. O amor leal — o amor que se apega a algo e
simplesmente se recusa a largá-lo — é uma força poderosa para o
bem neste mundo cada vez mais em escuridão. Precisamos dele
no casamento, no relacionamento com nossos parentes e amigos,
bem como na congregação cristã. (Leia 1 João 4:7, 8, 20.) Por
cultivarmos esse tipo de amor, imitamos o excelente exemplo de
Rute.

Rute e Noemi em Belém


20-22. (a) Que efeito os anos que Noemi passou em Moabe tiveram sobre ela?
(b) Que ponto de vista errado Noemi tinha sobre suas dificuldades? (Veja
também Tiago 1:13.)

20
Naturalmente, uma coisa é falar de amor leal; outra bem
diferente é colocá-lo em prática. Rute tinha diante de si a
oportunidade de mostrar seu amor leal não só por Noemi, mas
também pelo Deus a quem escolheu adorar, Deus

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As duas por fim chegaram a Belém, uma pequena cidade uns
10 quilômetros ao sul de Jerusalém. Parece que Noemi e sua
família haviam tido algum destaque no passado, pois todos
estavam falando sobre seu retorno. As mulheres olhavam para ela
e diziam: “É esta Noemi?” Pelo visto, ela estava bem diferente de
quando partiu de Belém; os anos de dificuldades e sofrimento em
Moabe haviam deixado marcas em seu semblante e em seu corpo.
— Rute 1:19.

22
Noemi disse a essas mulheres como sua vida tinha se tornado
amarga. Ela até achava que seu nome devia ser mudado de
Noemi, que significa “minha agradabilidade”, para Mara, que
significa “amarga”. Pobre Noemi! Assim como Jó, que viveu antes
dela, Noemi achava que tinha sido Jeová Deus que havia causado
suas dificuldades. — Rute 1:20, 21; Jó 2:10; 13:24-26.

23. Em que Rute começou a pensar, e que provisão a Lei mosaica tinha para os
pobres? (Veja também a nota.)
23
Quando as duas se estabeleceram em Belém, Rute começou a
pensar em qual seria o melhor modo de cuidar de si mesma e de
Noemi. Ela soube que a Lei que Israel havia recebido de Deus
incluía uma provisão amorosa para os pobres. Eles tinham
permissão de entrar nos campos na época da colheita e seguir os
ceifeiros, respigando o que fosse deixado para trás e o que crescia
nas beiradas dos campos.* — Lev. 19:9, 10; Deut. 24:19-21.

24, 25. O que Rute fez quando chegou aos campos de Boaz, e como era
respigar nesses campos?
24
Era a época da colheita da cevada, provavelmente abril em
nosso calendário atual, e Rute foi aos campos para ver quem a
deixaria respigar. Ela foi parar nos campos de Boaz, um rico
proprietário de terras e parente de Elimeleque, falecido marido de
Noemi. Embora a Lei lhe desse o direito de respigar, ela achou
melhor pedir permissão ao rapaz responsável pelos ceifeiros.
Então, Rute começou o trabalho imediatamente. — Rute 1:22–
2:3, 7.

25
Imagine Rute seguindo os ceifeiros. À medida que eles cortavam
a cevada com suas foices de pedra, ela se abaixava para pegar o
que caía ou o que eles deixavam para trás. Depois, amarrava as
hastes em feixes e os carregava para um lugar onde mais tarde
pudesse debulhar os grãos. Era um trabalho lento e cansativo que
ficava cada vez mais difícil com o passar do dia. Mas Rute
continuava a trabalhar, parando apenas para enxugar o suor do
rosto e tomar uma refeição simples “na casa”, talvez um abrigo
que provia sombra para os trabalhadores.

Rute estava disposta a trabalhar arduamente num serviço humilde


para sustentar a si mesma e a Noemi

26, 27. Que tipo de pessoa era Boaz, e como ele tratou Rute?

26
Rute provavelmente não esperava ser notada, mas foi. Boaz a
viu e perguntou ao jovem encarregado quem era ela. Boaz, um
notável homem de fé, cumprimentava todos os seus
trabalhadores — talvez incluindo os de um dia ou até os
estrangeiros. Ele dizia: “Senhor seja convosco.” E eles respondiam
da mesma maneira. Esse homem mais velho, de mentalidade
espiritual, mostrou um interesse paternal em Rute. — Rute 2:4-7.

27
Chamando Rute de “filha”, Boaz a aconselhou a continuar
respigando em seus campos e a permanecer perto das moças de
sua casa para que nenhum trabalhador a importunasse. Boaz se
certificou de que ela tivesse o que comer na hora do
almoço. (Leia Rute 2:8, 9,14.) Mas acima de tudo ele a elogiou e
encorajou. Como?

28, 29. (a) Qual era a reputação de Rute? (b) Assim como Rute, como você pode
se refugiar em Jeová?

28
Quando Rute perguntou a Boaz o que ela, uma estrangeira,
havia feito para merecer aquele gesto de bondade, ele respondeu
que tinha ouvido falar de tudo o que ela havia feito por sua sogra.
É provável que Noemi tenha falado bem de sua querida nora para
as mulheres de Belém e que isso tenha chegado aos ouvidos de
Boaz. Ele também sabia que Rute tinha aceitado a adoração de
Jeová, pois disse: “Senhor recompense teu modo de agir e haja
para ti um salário perfeito da parte de Jeová, o Deus de Israel,
debaixo de cujas asas vieste refugiar-te.” — Rute 2:12.

29
Como essas palavras devem ter encorajado Rute! Ela realmente
tinha decidido se refugiar debaixo das asas de Jeová Deus, como
um passarinho se aconchega no ninho sob a proteção de sua
mãe. Rute agradeceu a Boaz por suas palavras tranquilizadoras.
Daí, continuou trabalhando até anoitecer. — Rute 2:13, 17.

30, 31. O que o exemplo de Rute nos ensina sobre hábitos de trabalho, gratidão
e amor leal?

30
A fé demonstrada por Rute é um excelente exemplo para todos
os que lutam pelo sustento nesta época de dificuldades
econômicas. Ela não se achava no direito de exigir nada dos
outros e, por isso, era grata por tudo que faziam por ela. Não
sentia vergonha de trabalhar arduamente por várias horas para
cuidar de quem amava, mesmo que fosse num serviço humilde.
Com apreço, aceitou e aplicou conselhos sábios sobre como
trabalhar com segurança e em boa companhia. O mais importante
é que nunca perdeu de vista onde estava seu verdadeiro refúgio
— sob a proteção de seu Pai, Senhor Deus.

Se mostrarmos amor leal como Rute e seguirmos seu exemplo


31

de humildade, diligência e gratidão, nossa fé também será um


bom exemplo para outros. Mas como Senhor cuidou de Rute e
Noemi? Isso será considerado no próximo capítulo.
“Uma mulher de bem”
1, 2. (a) Que tipo de trabalho Rute estava fazendo? (b) Rute ficou sabendo de
que aspectos positivos sobre a Lei de Deus e seu povo?

RUTE se ajoelhou perto da pilha de cevada que ajuntou durante o


dia. A noite caía nos campos ao redor de Belém, e muitos
trabalhadores já se dirigiam ao portão da pequena cidade situada
no topo de uma serra ali perto. Rute estava com os músculos
doloridos depois de um longo dia de trabalho, que tinha
começado bem cedo. Ainda assim, ela continuou trabalhando,
batendo nas hastes com uma pequena vara para soltar os grãos.
Apesar de tudo, o dia tinha sido bom — muito melhor do que ela
esperava.

2
Será que as coisas finalmente melhorariam para essa jovem
viúva? Como vimos no capítulo anterior, ela tinha se apegado a
Noemi, sua sogra, jurando que ficaria com ela e que se tornaria
adoradora de Jeová, o Deus de Noemi. As duas viúvas tinham
saído de Moabe e ido para Belém, e Rute, que era moabita, logo
ficou sabendo que a Lei de Senhor fazia provisões práticas e
dignas para os pobres em Israel, incluindo os estrangeiros. Agora
ela podia observar alguns dos servos de Senhor que seguiam a
Lei e eram treinados por ela, agirem de um modo que revelava
espiritualidade e bondade. Isso tocou seu coração tão sofrido.

3, 4. (a) Como Boaz encorajou Rute? (b) Como o exemplo de Rute pode nos
ajudar nesta época de grandes dificuldades econômicas?

3
Um desses servos foi Boaz, um homem rico, de mais idade. Era
nos campos dele que Rute respigava. Naquele dia, ele havia
reparado em Rute e sentido um carinho paternal por ela. Com
certeza, ela ficou contente no seu íntimo ao pensar nas palavras
bondosas dele, elogiando-a por cuidar da idosa Noemi e por
buscar proteção sob as asas do Deus verdadeiro, Senhor . —
Leia Rute 2:11-14.
4
Mesmo assim, Rute talvez se preocupasse com seu futuro. Visto
que era estrangeira, pobre e não tinha marido nem filhos, como
ela sustentaria a si mesma e à sua sogra nos anos à frente? Será
que respigar seria suficiente? E quem cuidaria dela quando
envelhecesse? Seria natural que ela se preocupasse com isso.
Muitos têm ansiedades similares nesta época de grandes
dificuldades econômicas. Ao analisarmos como a fé de Rute a
ajudou a enfrentar esses desafios, veremos muitas coisas que
podemos imitar.

O que é uma família?


5, 6. (a) O que Rute conseguiu no primeiro dia de respiga no campo de Boaz?
(b) Qual foi a reação de Noemi ao ver Rute?

5
Quando acabou de bater os grãos e ajuntá-los, Rute viu que
havia respigado aproximadamente 1 efa de cevada, ou 22 litros.
Pode ser que sua carga pesasse uns 14 quilos. Rute talvez tenha
embrulhado tudo num pano, colocado sobre a cabeça e partido
para Belém ao anoitecer. — Rute 2:17.

6
Noemi ficou feliz de ver sua querida nora e talvez tenha ficado
surpresa ao notar a pesada carga de cevada que Rute trazia. Visto
que Rute também havia trazido sobras dos alimentos que Boaz
tinha providenciado para os trabalhadores, as duas tomaram uma
refeição simples. Noemi perguntou: “Onde respigaste hoje e onde
trabalhaste? Torne-se bendito aquele que reparou em ti.” (Rute
2:19) Noemi estava atenta — a grande quantidade de provisões
que Rute havia conseguido mostrava que alguém tinha reparado
na jovem viúva e a tinha tratado com bondade.

7, 8. (a) Noemi encarou a bondade de Boaz como vinda de quem, e por quê?
(b) De que outro modo Rute demonstrou amor leal à sua sogra?
7
As duas começaram a conversar, e Rute disse a Noemi como
Boaz tinha sido bondoso. Comovida, Noemi exclamou: “Bendito
seja ele por Senhor que não abandonou a sua benevolência para
com os vivos e os mortos.” (Rute 2:20) Ela encarou a bondade de
Boaz como vinda de Senhor , que move seus servos a ser
generosos e promete recompensá-los por sua bondade.* —
Leia Provérbios 19:17.
8
Noemi incentivou Rute a aceitar a oferta de Boaz de continuar
respigando em seus campos e de ficar perto das moças da casa
dele, para não ser importunada pelos ceifeiros. Rute aceitou esse
conselho. Ela também continuou a ‘morar com a sua sogra’. (Rute
2:22, 23) Vemos aqui de novo a qualidade mais notável de Rute —
o amor leal. Seu exemplo pode nos fazer refletir: será
que prezamos nossos laços familiares, apoiando lealmente as
pessoas que amamos e ajudando-as quando necessário? Esse
amor leal nunca passa despercebido de Jeová.
O exemplo de Rute e Noemi nos motiva a dar valor à
nossa família

9. O que o exemplo de Rute e Noemi nos ensina sobre a família?

9
Será que podemos dizer que Rute e Noemi formavam uma
família? Para alguns, uma família só é considerada família no
pleno sentido quando todos os papéis são preenchidos —
marido, esposa, filhos, avós e assim por diante. Mas o exemplo de
Rute e Noemi mostra que até mesmo duas pessoas podem ser
consideradas uma família se demonstrarem carinho, bondade e
amor entre si. Seja qual for o seu caso, você dá valor à sua família?
Jesus lembrou a seus seguidores que a congregação cristã pode
se tornar uma família para quem não tem nenhuma. — Mar.
10:29, 30.

Rute e Noemi ajudaram e animaram uma à outra

“Ele é um dos nossos resgatadores”


10. De que maneira Noemi queria ajudar Rute?
10
Rute continuou a respigar nos campos de Boaz desde a colheita
da cevada, em abril, até a colheita do trigo, em junho. À medida
que as semanas passavam, Noemi sem dúvida pensava cada vez
mais no que poderia fazer por sua nora. Quando ainda estavam
em Moabe, Noemi achava que jamais poderia ajudar Rute a
encontrar outro marido. (Rute 1:11-13) Mas agora começava a
pensar de outra forma. Ela disse a Rute: “Minha filha, não devia eu
procurar-te um lugar de descanso?” (Rute 3:1) Naquele tempo, era
costume os pais procurarem um cônjuge para os filhos, e Rute de
fato havia se tornado como uma filha para Noemi. Ela queria
achar “um lugar de descanso” para Rute — referindo-se à
segurança e proteção que um lar e um marido proporcionariam.
Mas o que Noemi poderia fazer?

11, 12. (a) Quando Noemi disse que Boaz era um “resgatador”, a que provisão
da Lei de Deus ela se referia? (b) Qual foi a reação de Rute ao conselho de sua
sogra?
11
Quando Rute falou de Boaz pela primeira vez, Noemi disse: “O
homem é aparentado conosco. Ele é um dos nossos
resgatadores.” (Rute 2:20) O que isso significava? A Lei de Deus
para Israel incluía provisões amorosas para as famílias que
passassem por dificuldades devido a pobreza ou luto. Se uma
mulher ficasse viúva sem ter filhos, ela se sentiria ainda mais aflita
porque isso impediria que a descendência e o nome de seu
marido continuassem nas gerações futuras. Mas a Lei de Deus
permitia que o irmão do marido se casasse com a viúva. Assim ela
poderia dar à luz um herdeiro que desse continuidade ao nome
do falecido e cuidasse dos bens da família.*— Deut. 25:5-7.

12
Noemi pensou num plano e contou a Rute. Podemos imaginar o
olhar surpreso de Rute ao passo que sua sogra falava. A Lei de
Israel ainda era algo novo para Rute, e muitos dos costumes eram
um pouco estranhos para ela. No entanto, sua consideração por
Noemi era tão grande que ela ouviu atentamente cada palavra. O
que Noemi aconselhou Rute a fazer talvez tenha parecido
estranho ou embaraçoso, até mesmo humilhante, mas ela escutou
o conselho e humildemente disse: “Farei tudo o que me disseres.”
— Rute 3:5.

13. O que o exemplo de Rute nos ensina sobre aceitar conselhos dos mais
velhos? (Veja também Jó 12:12.)

13
Às vezes é difícil para os jovens ouvir os conselhos dos mais
velhos e experientes. É fácil achar que os mais velhos não
conseguem realmente entender os problemas e desafios que os
jovens enfrentam. O exemplo de humildade de Rute nos lembra
que ouvir a sabedoria de pessoas mais velhas que nos amam e
querem o nosso melhor pode ser muito
recompensador. (Leia Salmo 71:17, 18.) Mas qual foi o conselho
de Noemi, e será que Rute foi mesmo recompensada por aplicá-
lo?

Rute na eira
14. O que era uma eira, e o que se fazia ali?

14
Naquele dia, ao anoitecer, Rute foi até a eira — uma área plana
de terra batida onde os lavradores levavam os grãos para ser
debulhados e joeirados. Normalmente, se escolhia um lugar numa
encosta ou no alto de uma colina, onde as brisas eram mais fortes
no fim da tarde e começo da noite. Para separar os grãos do
restolho e da palha, usavam-se grandes forquilhas ou pás.
A mistura era lançada para o alto de modo que o vento levava
embora a palha, que era mais leve, e os grãos caíam no chão.

15, 16. (a) Descreva o que aconteceu depois que Boaz terminou o trabalho.
(b) Como Boaz descobriu que Rute estava deitada aos seus pés?

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Rute ficou observando discretamente à medida que o serviço
era concluído. Boaz supervisionou o trabalho de joeirar os grãos,
que eram amontoados em grande quantidade. Depois de uma
boa refeição, ele se deitou perto do monte de cereal. Pelo visto,
naquela época era costume fazer isso, talvez para proteger a
preciosa colheita contra ladrões ou saqueadores. Rute viu Boaz se
deitar; era o momento de pôr o plano de Noemi em ação.

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Com o coração acelerado, Rute se aproximou lentamente. Dava
para ver que Boaz estava num sono profundo. Assim, conforme
Noemi tinha dito, ela descobriu os pés dele e se deitou ali perto.
Depois aguardou. O tempo foi passando, mas para Rute deve ter
parecido uma eternidade. Por fim, perto da meia-noite, Boaz
começou a se mexer. Tremendo de frio, ele se esticou para cobrir
os pés. Então, percebeu que havia alguém ali. Conforme o relato
diz, “havia uma mulher deitada aos seus pés!” — Rute 3:8.

17. De que dois detalhes se esquecem os que dão a entender que havia algo
impróprio nas ações de Rute?

17
“Quem és tu?”, perguntou ele. Rute respondeu, talvez com a voz
trêmula: “Sou Rute, tua escrava, e tens de estender a tua aba
sobre a tua escrava, visto que és resgatador.” (Rute 3:9) Alguns
comentaristas bíblicos dão a entender que as ações e as palavras
de Rute tinham certa conotação sexual. Mas eles se esquecem de
dois detalhes. Primeiro, Rute estava agindo de acordo com os
costumes da época, muitos dos quais se perderam no tempo.
Assim, seria um erro comparar as ações dela com os baixos
padrões morais de nossos dias. Segundo, Boaz respondeu de uma
maneira que deixa claro que ele encarava a conduta de Rute
moralmente casta e muito elogiável.

A motivação de Rute ao procurar Boaz era pura e altruísta

18. O que Boaz disse para acalmar Rute, e a que duas expressões da
benevolência dela ele se referia?

18
Sem dúvida, o tom gentil e suave de Boaz acalmou Rute. Ele
disse: “Que Jeová te abençoe, minha filha. Expressaste a tua
benevolência melhor no último caso do que no primeiro, não indo
atrás dos jovens, quer o de condição humilde, quer o rico.” (Rute
3:10) A expressão “no primeiro [caso]” referia-se ao amor leal de
Rute em acompanhar Noemi de volta para Israel e cuidar dela. Já
a expressão “no último caso” tinha a ver com o que estava
acontecendo naquela ocasião. Boaz notou que uma jovem mulher
como Rute poderia facilmente ter procurado um marido entre os
homens bem mais novos, quer fossem ricos, quer pobres. Em vez
disso, ela procurou o bem não só de Noemi, mas também do
marido falecido de Noemi, por dar continuidade ao nome da
família na terra dele. Não é difícil ver por que Boaz ficou tão
impressionado com o altruísmo dessa jovem mulher.

19, 20. (a) Por que Boaz não quis se casar com Rute imediatamente? (b) De que
maneiras Boaz foi bondoso e sensível com Rute e mostrou que se preocupava
com a reputação dela?
19
Boaz continuou: “E agora, minha filha, não tenhas medo. Farei
para ti tudo o que disseres, pois todos no portão do meu povo se
apercebem de que és uma mulher de bem.” (Rute 3:11) Ele gostou
da ideia de se casar com Rute; talvez até certo ponto esperasse
que ela pedisse que ele fosse o resgatador dela. Mas Boaz era um
homem correto e não queria fazer as coisas simplesmente
segundo suas preferências. Ele disse a Rute que havia outro
resgatador, um parente mais próximo da família do marido
falecido de Noemi. Boaz falaria primeiro com esse homem para
lhe dar a oportunidade de se tornar marido de Rute.
Por tratar outros com bondade e respeito, Rute
conquistou uma excelente reputação
20
Boaz sugeriu que Rute se deitasse de novo e descansasse até
pouco antes do amanhecer; então ela poderia ir embora
discretamente. Ele queria proteger tanto a reputação dela como a
dele, visto que as pessoas poderiam pensar que algo imoral havia
acontecido. Rute se deitou de novo aos pés de Boaz, talvez agora
mais tranquila após ouvir uma resposta tão bondosa ao seu
pedido. Depois, enquanto ainda estava escuro, ela se levantou.
Boaz encheu a manta de Rute com uma porção generosa de
cevada, e ela voltou a Belém. — Leia Rute 3:13-15.
21. O que fez com que Rute fosse conhecida como “uma mulher de bem”, e
como podemos imitar seu exemplo?

21
Deve ter sido muito bom para Rute pensar no que Boaz tinha
dito — que ela era “uma mulher de bem”. Sem dúvida, essa
reputação se devia em boa parte à vontade que ela tinha de
conhecer a Jeová e servi-lo. Ela também havia mostrado grande
bondade e sensibilidade com Noemi e seu povo, por estar
disposta a adaptar-se a costumes que para ela certamente eram
desconhecidos. Se imitarmos a fé de Rute, nos esforçaremos em
respeitar as pessoas e seus costumes. Assim, também poderemos
criar uma excelente reputação.

Um lugar de descanso para Rute


22, 23. (a) O que talvez significasse a porção que Boaz deu a Rute? (Veja
também a nota.) (b) Que conselho Noemi deu a Rute?
22
“Quem és, minha filha?”, perguntou Noemi quando Rute
chegou. Ela talvez tenha perguntado isso porque estava escuro.
Mas Noemi também queria saber se Rute ainda estava na mesma
situação de viúva descompromissada ou se agora havia a
possibilidade de um casamento. Rute logo contou a Noemi sobre
sua conversa com Boaz. Também mostrou a porção generosa que
Boaz tinha lhe pedido para entregar a Noemi.* — Rute 3:16, 17.
23
Noemi sabiamente aconselhou Rute a ficar em casa em vez de
sair para respigar nos campos. Ela garantiu a Rute: “O homem não
terá sossego a menos que leve o assunto ainda hoje a término.”
— Rute 3:18.

24, 25. (a) Como Boaz mostrou que era um homem correto e altruísta? (b) De
que maneiras Rute foi abençoada?

24
Noemi tinha razão. Boaz foi ao portão da cidade, onde os
anciãos costumavam se reunir, e esperou que aquele parente mais
próximo passasse. Perante testemunhas, Boaz lhe deu a
oportunidade de atuar como resgatador por se casar com Rute.
Mas o homem recusou, alegando que isso prejudicaria sua própria
herança. Assim, perante as testemunhas no portão da cidade,
Boaz declarou que agiria como resgatador, comprando tudo que
pertencia a Elimeleque, marido de Noemi, e casando-se com Rute,
viúva de Malom, filho de Elimeleque. Boaz disse que com isso ele
esperava ‘fazer que se levantasse o nome do morto sobre a sua
herança’. (Rute 4:1-10) Boaz era mesmo um homem correto e
altruísta.

25
Boaz se casou com Rute. Então o relato diz: “Jeová concedeu-lhe
conceber e ela deu à luz um filho.” As mulheres de Belém
abençoaram Noemi e elogiaram Rute. Disseram que ela era para
Noemi “melhor do que sete filhos”. O relato mostra que o filho de
Rute se tornou ancestral do grande Rei Davi. (Rute 4:11-22) Davi,
por sua vez, foi ancestral de Jesus Cristo. — Mat. 1:1.*

Jeová abençoou Rute com o privilégio de ser ancestral do Messias

26. O exemplo de Rute e Noemi nos lembra de quê?

26
Rute realmente foi abençoada, assim como Noemi, que ajudou a
cuidar da criança como se fosse seu filho. A vida dessas duas
mulheres é um belo lembrete de que Jeová Deus nota o esforço
de quem trabalha de modo humilde para cuidar de sua família e o
serve lealmente com seu povo escolhido. Jeová sempre
recompensa pessoas fiéis como Boaz, Noemi e Rute.

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