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Foda-se a motivação, o que você precisa é


disciplina – PapodeHomem
WisdominationTrabalho e negócios, Mente e atitude, Melhor do PdH [+]Traduções
7-9 minutos

Para fazer qualquer coisa, há basicamente duas formas de se colocar


numa situação em que aquilo efetivamente vai ser feito.
A primeira opção, mais popular e devastadoramente errônea, é tentar se
automotivar.
A segunda, uma escolha um tanto impopular e completamente correta, é
cultivar a disciplina.
Trata-se de uma daquelas situações onde adotar uma perspectiva diversa
redunda em resultados superiores imediatamente. Poucos usos do termo
“mudança de paradigma” são realmente legítimos, mas aqui temos um
deles. É como acender a lâmpada em cima da cabeça.
Qual é a diferença?
A motivação, falando de modo geral, opera sob a presunção errônea
de que é necessário um estado mental ou emocional particular para
que uma tarefa seja realizada.
Isso está completamente invertido.
A disciplina, em vez disso, separa o funcionamento externo dos
sentimentos e mudanças de humor, e assim ironicamente, ao
melhorar as emoções de modo consistente, evita o problema.
As implicações disso são enormes.
Levar as tarefas a cabo efetivamente causa os estados interiores que
procrastinadores crônicos acreditam que precisam para iniciar as tarefas
em primeiro lugar.
Colocando de forma mais simples, não se deve esperar até se estar em
boa forma para começar a treinar. Treina-se para se chegar à boa
forma.
Quando a ação se condiciona pelas emoções, esperar um estado de
humor ideal se torna uma forma particularmente insidiosa de
procrastinação. Conheço isso muito bem, e gostaria que alguém tivesse
me apontado isso vinte, quinze ou dez anos antes de eu acabar
aprendendo a diferença ralando na vida.

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Quem espera até ter vontade de fazer as coisas para fazê-las, está fodido.
É exatamente disso que surge o temido círculo vicioso de procrastinação.

O ciclo da procrastinação
Mais tarde eu faço! -> Droga, não tô fazendo nada. -> Talvez eu deva
considerar começar essa tarefa... -> ... mas não estou disposto o suficiente
para fazê-la bem. (repete)
A essência de correr atrás da motivação é a insistência na fantasia infantil
de que só devemos fazer as coisas que estamos a fim de fazer. O
problema então se coloca da seguinte forma: “Como eu chego ao ponto de
estar a fim de fazer o que eu racionalmente decidi fazer?” Isso é ruim
demais.
A pergunta certa seria “Como deixo meu humor de lado e faço as coisas
que conscientemente quero fazer, sem frescura?”
O ponto é cortar a ligação entre os sentimentos e as ações, e fazer a coisa
de qualquer jeito. Você vai se sentir bem, energético e excitado depois de
agir.
A motivação inverte tudo isso. Estou 100% convencido de que esta
perspectiva defeituosa é o principal motor da epidemia de “sentar de
cuecas jogando videogame e batendo punheta” que atualmente ataca os
países desenvolvidos.
Também há problemas psicológicos na dependência da motivação.
A vida e o mundo reais algumas vezes exigem que se faça coisas com que
ninguém em sã consciência conseguiria se entusiasmar, e assim a
“motivação” se depara com o obstáculo insuperável de tentar produzir
entusiasmo por aquilo que objetivamente jamais o mereceria. Fora a
preguiça, a única solução é acabar com a sanidade das pessoas. Esse é
um dilema horrível, e felizmente falacioso.
Tentar martelar o entusiasmo por atividades fundamentalmente chatas e
miseráveis é literalmente uma forma de automutilação psicológica

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deliberada, uma insanidade voluntária: “GOSTO TANTO DESSAS


PLANILHAS, MAL POSSO ESPERAR PARA PREENCHER A EQUAÇÃO
PARA O VALOR FUTURO DA ANUIDADE, AMO TAAAAANTO MEU
TRABALHO!”
Não considero episódios autoinfligidos de hipomania os melhores
impulsionadores da atividade humana. É inevitável que ocorra algum tipo
de compensação tímica com episódios de depressão, uma vez que o
cérebro humano não tolera o abuso por tempo indeterminado. Estão
presentes travas e válvulas de segurança. Ocorrem ressacas hormonais.
A pior coisa que pode acontecer é ser bem sucedido na coisa errada –
temporariamente. Um cenário muito superior é reter a sanidade, o que
infelizmente tende a ser confundido com fracasso moral: “Eu ainda não
amo meu trabalho fútil de tirar um papel daqui e colocar ali, devo estar
fazendo algo errado.” “Ainda prefiro comer bolo, e não brócolis, e assim
não consigo perder peso, talvez eu seja fraco mesmo.” “Eu devia comprar
outro livro sobre motivação.” Besteira. O erro crucial aqui é encarar essas
questões em termos de presença ou ausência de motivação. A resposta é
a disciplina, não a motivação.
Há outro problema prático com a motivação. Tem validade restrita, precisa
ser constantemente revigorada.
A motivação é como dar corda manualmente numa manivela pesada para
através disso obter uma grande força instantânea. No melhor dos casos,
ela armazena e converte a energia para uma finalidade particular. Há
situações onde ela é a atitude correta, exceções em que ficar
superanimado e armazenar um montão de energia mental de antemão é o
melhor a fazer. Corridas olímpicas ou fugas de prisões seriam casos
assim. Mas fora esses casos limítrofes, ela é uma base terrível para o
funcionamento regular cotidiano, e para qualquer coisa que exija
resultados consistentes em longo prazo.
Em contraste a isso, a disciplina é como uma máquina que uma vez
colocada em funcionamento, na verdade passa a fornecer energia ao
sistema.
A produtividade não exige nenhum estado mental. Para resultados
consistentes em longo prazo, a disciplina supera em muito a motivação, de
fato a disciplina acaba correndo ao redor, humilhando a motivação.
Em resumo, a motivação é tentar encontrar aquela vontade de fazer as
coisas. Disciplina é fazer mesmo se não se tem vontade.
Você se sente bem depois.
A disciplina, enfim, é um sistema que funciona, já a motivação é
semelhante aos objetivos em si. Há uma simetria. A disciplina mais ou
menos se autoperpetua e é constante, já a motivação é uma coisa meio
aos solavancos.
Como se cultiva disciplina? Construindo hábitos – começando com coisas
bem pequenas, com que se consegue lidar, coisas até mesmo
microscópicas, e assim ganhando impulso, reinveste-se nela em
mudanças cada vez maiores na rotina, dessa forma construindo um círculo
virtuoso de retroalimentação positiva.

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A motivação é uma atitude contraproducente. O que conta é a disciplina.


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Nota: Este texto foi originalmente publicado no Wisdomination.com.
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publicado em 07 de Fevereiro de 2015, 15:56

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