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As atividades educacionais no cristianismo são antigas, mas sob o nome de Escola Dominical o
movimento surgiu na Inglaterra, com o propósito de evangelizar crianças que ficavam sem atividade
durante os serviços de domingo. Atualmente, esta atividade envolve os membros da congregação,
em todas as faixas etárias e acontece em horário diverso ao serviço religioso. No Brasil, a maioria
das comunidades adota a Escola Dominical matinal e os serviços religiosos vespertinos. A Escola
Dominical, como criação de cristãos evangélicos, tem sido reclamada a sua criação para diversas
pessoas, muitas delas metodistas, devido a própria visão social que o Grande Despertamento fazia
revelar-se nos líderes avivalistas.
Na década de 1770, o Ministro Unitariano Theophilus Lindsey proveu lições bíblicas dominicais em
sua igreja, a Capela da Rua Essex, em Londres. O Rev. J. M. Moffatt,, Ministro Independente de
Nailsworth, passou a lecionar estudos bíblicos dominicais já em 1774. Em Ephata, Pennsylvania,
em Washington, no Estado de Connecticut, no início de 1780 já se usavam o Catecismo de
Westminster e a Bíblia em estudos bíblicos dominicais das igrejas presbiterianas. Howard J. Harris
declarou que, em 1780, estudos bíblicos dominicais eram feitos em cidades de Gloucester e em
vilas da Inglaterra, como Painswick e Dursley. E um ministro metodista de Charleston, Carolina do
Sul, em 1787, chamado George Daughaday, administrou estudos bíblicos dominicais a crianças
negras americanas. Mas o Movimento de Escola Dominical, propriamente dito, teve como
criador Robert Raikes.
Raikes se interessava pela reforma prisional inglesa, por causas das condições terríveis a que os
presos eram submetidos. Certo dia, procurando um jardineiro na Rua Saint Catherine, no bairro de
Sooty Alley, ele encontrou um grupo de crianças maltrapilhas brincando na rua. A esposa do
jardineiro disse, então, que aos domingos a situação era pior, pois as crianças que trabalhavam nas
fábricas, de segunda a sábado, durante horas muito longas, ficavam desocupadas nesse dia, quase
abandonadas, passando o tempo brincando, brigando e aprendendo toda espécie de vícios. Elas
extravasavam toda sorte de violência nesse dia. Essas crianças, constatou Raikes, estavam a um
passo do mundo do crime e ele chegou a ver o destino de muitas delas, ao visitar as prisões de
Gloucester.
Raikes resolveu estabelecer uma escola gratuita para esses meninos de rua. Então, Raikes
contratou uma equipe de quatro mulheres no bairro para lecionar, recebendo um xelim e seis pence,
cada uma. Com a ajuda do Rev. Thomas Stock, Ministro Anglicano, Raikes pôde logo associar cem
crianças, de seis aos doze ou quatorze anos, nestas escolas dominicais. A primeira foi instalada na
Rua Saint Catherine. Seu objetivo principal não era ensinar a Bíblia, mas alfabetizaros alunos e
ministrar aulas de religião com o propósito de reformar a sociedade. O objetivo último era modificar-
lhes o caráter usando os ensinamentos bíblicos.
Assim, a Escola Dominical nasceu como um instituto bíblico infantil, operando de forma
independente das igrejas, alfabetizando e ensinando Bíblia às crianças carentes. Algumas crianças,
a princípio, relutaram em vir para as escolas porque as suas roupas estavam tão rotas, mas Raikes
providenciou tudo de que eles precisavam, inclusive banho e cabelos penteados.
As aulas começavam às 10 horas da manhã e iam até as duas da tarde, com lições de matemática,
história e inglês, com um intervalo de uma hora para o almoço. Eles eram levados então à igreja
para serem instruídos no catecismo até as 17:30 h. Recebiam pequenas recompensas, como livros,
canetas, jogos, aqueles que tivessem dominado a lição ou aqueles cujo comportamento tivessem
mostrado uma melhoria notável. Entrementes, recebiam castigo corporal aqueles de mau
comportamento, como era do costume pedagógico da época.
Depois de um período experimental, Raikes divulgou suas ideia e os resultados em seu jornal, no
dia 3 de Novembro de 1783, data em que se comemora, na Grã-Bretanha, o dia da Fundação da
Escola Dominical. Esta experiência foi transcrita em outros jornais. Líderes religiosos tomaram
conhecimento do movimento que se espalhava.
Em 1784, eram 250 mil alunos matriculados. A taxa de criminalidade de Gloucester caiu, com o
advento das escolas dominicais de Raikes, de forma que em 1792 não houve um só caso julgado
pela comarca de Gloucester.
O trabalho de Raikes foi saudado com entusiasmo, e em breve, escolas dominicais já estavam
sendo criadas em todo oReino Unido e exportadas para os Estados Unidos. Seu trabalho foi muito
assessorado pelo comerciante William Fox (1736-1826), diácono da Igreja Batista da Rua Prescott,
em Londres. Impressionado pelas escolas dominicais fundadas por Raikes que eram responsáveis
pela redução do índice de criminalidade de Gloucester, Fox chamou Raikes para formar uma
associação para promoção e criação de escolas dominicais. Foi criado, então em 1785, a Sunday
School Society of Great Britain (Sociedade da Escola Dominical da Grã-Bretanha), com o apoio
dos bispos anglicanos de Chester eSalisbury. Essa sociedade foi ajudada por muitos filantropos,
podendo abrir cerca de trezentas escolas dominicais, suprindo-as com livros, material didático e
professores. Esta sociedade publicou, na gráfica de Raikes, o Sunday School Companion, livro com
versículos bíblicos para leitura. Em 1787, segundo depoimento de Samuel Glasse, 200 mil crianças
eram alunas da Escola Dominical em toda a Inglaterra.
Houve, no entanto, uma forte oposição ao movimento de Raikes, que era considerado por alguns
líderes religiosos como um movimento diabólico, porque era à parte das Igrejas e era dirigido por
leigos, isto é, pessoas que não tinham formação religosa. O Arcebispo de Canterbury reuniu os
bispos para considerar o que deveria ser feito para exterminar o movimento. Chegou-se a pedir que
o Parlamento, em 1800, aprovasse um decreto para proibir o funcionamento de escolas dominicais.
Achavam que este movimento levaria à desunião da Igreja e que profanava “o dia do Senhor”. Tal
decreto nunca foi aprovado.
Em 1802, Raikes se aposentou, e, em 1811, após um ataque de coração, veio a falecer. Seus
alunos vieram ao funeral, na Igreja (Anglicana) de Santa Maria do Filão e receberam da Sra. Raikes
um xelim e uma fatia de um grande bolo de ameixa cada um. Quando Raikes faleceu, quatrocentos
mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas dominicais britânicas. Nesse ano ocorreu a
divisão em classes, possibilitando alfabetização de adultos.
No começo do século XIX, foram fundadas muitas escolas dominicais nos mais diversos lugares
dos Estados Unidos e o crescimento delas foi nada menos que fenomenal. Várias uniões formais de
Escolas Dominicais foram organizadas, para ensino tanto de crianças quanto de adultos. Não
demorou para que as Igrejas Evangélicas entendessem que era necessário ensinar a Bíblia a seus
membros, em regime semanal, o que poderia ser feito, através da Escola Dominical. Em 1824, a
União Americana de Escolas Dominicais contava com escolas em dezessete dos trinta e quatro
estados americanos então existentes. Mesmo assim, a Escola Dominical continuava nas mãos de
leigos em sua maioria, embora já contassem com profissionais do magistério então.
Os métodos didáticos utilizados são os comuns a outras práticas educativas: de acordo com a faixa
etária da classe são utilizados elementos como vídeo, esquetes, marionetes, música, além das
tradicionais brochuras com treze lições que giram em torno de um tema central e que são utilizadas
em praticamente todas as escolas dominicais, sendo geralmente produzidas por uma editora
vinculada à própria denominação.
Santificação - Ensinar os fiéis a viverem de acordo com os princípios bíblicos defendidos pela
denominação.