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HISTÓRIA DA EBD

As atividades educacionais no cristianismo são antigas, mas sob o nome de Escola Dominical o
movimento surgiu na Inglaterra, com o propósito de evangelizar crianças que ficavam sem atividade
durante os serviços de domingo. Atualmente, esta atividade envolve os membros da congregação,
em todas as faixas etárias e acontece em horário diverso ao serviço religioso. No Brasil, a maioria
das comunidades adota a Escola Dominical matinal e os serviços religiosos vespertinos. A Escola
Dominical, como criação de cristãos evangélicos, tem sido reclamada a sua criação para diversas
pessoas, muitas delas metodistas, devido a própria visão social que o Grande Despertamento fazia
revelar-se nos líderes avivalistas.

John Wesley (1703-1791) iniciou estudos bíblicos dominicais em Savannah,Geórgia, em 1737.


Entre 1763 e 1769, Hannah Ball Moore, uma senhora metodista começou estudos bíblicos
dominicais em sua própria casa e, a partir de 1769, nas dependências da Igreja (Anglicana) High
Wycombe. Ela chegou a dizer que “encontro estas escolas aonde quer que eu vá”. Essa declaração
foi publicada no Diário de Gloucester em julho de 1784. A Igreja Metodista da Inglaterra, fundada
após sua morte, deve muito de seu fenomenal crescimento às Escolas Dominicais das Sociedades
Metodistas da Igreja da Inglaterra, estabelecidas por Wesley, entre outros, na Inglaterra e
nos Estados Unidos.

Na década de 1770, o Ministro Unitariano Theophilus Lindsey proveu lições bíblicas dominicais em
sua igreja, a Capela da Rua Essex, em Londres. O Rev. J. M. Moffatt,, Ministro Independente de
Nailsworth, passou a lecionar estudos bíblicos dominicais já em 1774. Em Ephata, Pennsylvania,
em Washington, no Estado de Connecticut, no início de 1780 já se usavam o Catecismo de
Westminster e a Bíblia em estudos bíblicos dominicais das igrejas presbiterianas. Howard J. Harris
declarou que, em 1780, estudos bíblicos dominicais eram feitos em cidades de Gloucester e em
vilas da Inglaterra, como Painswick e Dursley. E um ministro metodista de Charleston, Carolina do
Sul, em 1787, chamado George Daughaday, administrou estudos bíblicos dominicais a crianças
negras americanas. Mas o Movimento de Escola Dominical, propriamente dito, teve como
criador Robert Raikes.

Robert Raikes e o movimento Escola Dominical[editar | editar código-


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Robert Raikes (14 de Setembro de 1735-5 de Abril de 1811), filho de Robert e Mary Raikes, foi
quem originou o Movimento de Escola Dominical. Anglicano, Raikes foi batizado na infância na
Igreja (Anglicana) de Santa Maria da Cripta e educado na Escola da Cripta, ambos na Rua
Southgate, em Gloucester, e, mais tarde, na Escola dos Reis. Tornou-se aprendiz deJornalismo com
seu pai, dono do Diário de Gloucester. Quando seu pai faleceu, em 1757, Raikes assumiu a editoria
do jornal, aumentando o tamanho do jornal e melhorando o layout.

Raikes se interessava pela reforma prisional inglesa, por causas das condições terríveis a que os
presos eram submetidos. Certo dia, procurando um jardineiro na Rua Saint Catherine, no bairro de
Sooty Alley, ele encontrou um grupo de crianças maltrapilhas brincando na rua. A esposa do
jardineiro disse, então, que aos domingos a situação era pior, pois as crianças que trabalhavam nas
fábricas, de segunda a sábado, durante horas muito longas, ficavam desocupadas nesse dia, quase
abandonadas, passando o tempo brincando, brigando e aprendendo toda espécie de vícios. Elas
extravasavam toda sorte de violência nesse dia. Essas crianças, constatou Raikes, estavam a um
passo do mundo do crime e ele chegou a ver o destino de muitas delas, ao visitar as prisões de
Gloucester.

Raikes resolveu estabelecer uma escola gratuita para esses meninos de rua. Então, Raikes
contratou uma equipe de quatro mulheres no bairro para lecionar, recebendo um xelim e seis pence,
cada uma. Com a ajuda do Rev. Thomas Stock, Ministro Anglicano, Raikes pôde logo associar cem
crianças, de seis aos doze ou quatorze anos, nestas escolas dominicais. A primeira foi instalada na
Rua Saint Catherine. Seu objetivo principal não era ensinar a Bíblia, mas alfabetizaros alunos e
ministrar aulas de religião com o propósito de reformar a sociedade. O objetivo último era modificar-
lhes o caráter usando os ensinamentos bíblicos.

Assim, a Escola Dominical nasceu como um instituto bíblico infantil, operando de forma
independente das igrejas, alfabetizando e ensinando Bíblia às crianças carentes. Algumas crianças,
a princípio, relutaram em vir para as escolas porque as suas roupas estavam tão rotas, mas Raikes
providenciou tudo de que eles precisavam, inclusive banho e cabelos penteados.

As aulas começavam às 10 horas da manhã e iam até as duas da tarde, com lições de matemática,
história e inglês, com um intervalo de uma hora para o almoço. Eles eram levados então à igreja
para serem instruídos no catecismo até as 17:30 h. Recebiam pequenas recompensas, como livros,
canetas, jogos, aqueles que tivessem dominado a lição ou aqueles cujo comportamento tivessem
mostrado uma melhoria notável. Entrementes, recebiam castigo corporal aqueles de mau
comportamento, como era do costume pedagógico da época.

Depois de um período experimental, Raikes divulgou suas ideia e os resultados em seu jornal, no
dia 3 de Novembro de 1783, data em que se comemora, na Grã-Bretanha, o dia da Fundação da
Escola Dominical. Esta experiência foi transcrita em outros jornais. Líderes religiosos tomaram
conhecimento do movimento que se espalhava.
Em 1784, eram 250 mil alunos matriculados. A taxa de criminalidade de Gloucester caiu, com o
advento das escolas dominicais de Raikes, de forma que em 1792 não houve um só caso julgado
pela comarca de Gloucester.

O trabalho de Raikes foi saudado com entusiasmo, e em breve, escolas dominicais já estavam
sendo criadas em todo oReino Unido e exportadas para os Estados Unidos. Seu trabalho foi muito
assessorado pelo comerciante William Fox (1736-1826), diácono da Igreja Batista da Rua Prescott,
em Londres. Impressionado pelas escolas dominicais fundadas por Raikes que eram responsáveis
pela redução do índice de criminalidade de Gloucester, Fox chamou Raikes para formar uma
associação para promoção e criação de escolas dominicais. Foi criado, então em 1785, a Sunday
School Society of Great Britain (Sociedade da Escola Dominical da Grã-Bretanha), com o apoio
dos bispos anglicanos de Chester eSalisbury. Essa sociedade foi ajudada por muitos filantropos,
podendo abrir cerca de trezentas escolas dominicais, suprindo-as com livros, material didático e
professores. Esta sociedade publicou, na gráfica de Raikes, o Sunday School Companion, livro com
versículos bíblicos para leitura. Em 1787, segundo depoimento de Samuel Glasse, 200 mil crianças
eram alunas da Escola Dominical em toda a Inglaterra.

Houve, no entanto, uma forte oposição ao movimento de Raikes, que era considerado por alguns
líderes religiosos como um movimento diabólico, porque era à parte das Igrejas e era dirigido por
leigos, isto é, pessoas que não tinham formação religosa. O Arcebispo de Canterbury reuniu os
bispos para considerar o que deveria ser feito para exterminar o movimento. Chegou-se a pedir que
o Parlamento, em 1800, aprovasse um decreto para proibir o funcionamento de escolas dominicais.
Achavam que este movimento levaria à desunião da Igreja e que profanava “o dia do Senhor”. Tal
decreto nunca foi aprovado.

Em 1802, Raikes se aposentou, e, em 1811, após um ataque de coração, veio a falecer. Seus
alunos vieram ao funeral, na Igreja (Anglicana) de Santa Maria do Filão e receberam da Sra. Raikes
um xelim e uma fatia de um grande bolo de ameixa cada um. Quando Raikes faleceu, quatrocentos
mil alunos estavam matriculados nas diversas escolas dominicais britânicas. Nesse ano ocorreu a
divisão em classes, possibilitando alfabetização de adultos.

Escola dominical no Brasil


A Primeira Escola Dominical nos Estados Unidos[editar | editar código-
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Nos Estados Unidos, a primeira Escola Dominical reconhecida foi a escola bíblica fundada por
William Elliot em 1802. Ela funcionava em sua fazenda aos domingos à tarde. Mais tarde, foi
transferida para a Igreja (Anglicana) de Oak Grave, no condado de Accomac, Virgínia.

No começo do século XIX, foram fundadas muitas escolas dominicais nos mais diversos lugares
dos Estados Unidos e o crescimento delas foi nada menos que fenomenal. Várias uniões formais de
Escolas Dominicais foram organizadas, para ensino tanto de crianças quanto de adultos. Não
demorou para que as Igrejas Evangélicas entendessem que era necessário ensinar a Bíblia a seus
membros, em regime semanal, o que poderia ser feito, através da Escola Dominical. Em 1824, a
União Americana de Escolas Dominicais contava com escolas em dezessete dos trinta e quatro
estados americanos então existentes. Mesmo assim, a Escola Dominical continuava nas mãos de
leigos em sua maioria, embora já contassem com profissionais do magistério então.

A Escola Dominical no Brasil[editar | editar código-fonte]


Iniciou-se no Brasil em 19 de agosto de 1855, na cidade de Petrópolis, na casa do médico e
missionário escocês de denominação Congregacional, Robert Kalley e sua esposa Sarah Poulton
Kalley. No local atualmente funciona uma escola particular, na Rua Benjamin Constant, 280, Centro
Histórico da cidade.[1]

Currículo[editar | editar código-fonte]


O programa de disciplinas das ED é geralmente determinado pelo departamento de educação e
pode envolver estudo sistemático de livros bíblicos, bem como fundamentos doutrinários ou temas
relacionados com grupos específicos, como classes para casais, para adolescentes, para novos
adeptos ou para catecúmenos; sempre baseados em fundamentos bíblicos.

Evolução no Currículo e nos Métodos[editar | editar código-fonte]


No começo do movimento, ensinava-se às crianças a ler e a escrever, e então a Bíblia lhes era
ensinada com proveito. Essa função foi sendo abandonada, à medida que as escolas públicas se
foram ocupando da alfabetização. Assim, a Bíblia tornou-se, virtualmente, o único material exposto
na Escola Dominical, contando o dinheiro recolhido e quantos alunos frequentam, divididos por
classes, a Escola Dominical. Entrementes, a educação religiosa tem assumido um escopo mais
amplo, e escolas regulares têm-se tornado uma das funções de muitas igrejas. Isso tem feito a
Escola Dominical tornar-se mais especializada. Várias denominações têm uma literatura especial
(revistas), bem como alguma forma de apresentação sistemática de estudos bíblicos.
Em algumas escolas também são debatidos temas seculares sob a ótica doutrinária de cada
denominação.

Antigas revistas de escola dominical utilizadas pela Assembléia de Deus

Os métodos didáticos utilizados são os comuns a outras práticas educativas: de acordo com a faixa
etária da classe são utilizados elementos como vídeo, esquetes, marionetes, música, além das
tradicionais brochuras com treze lições que giram em torno de um tema central e que são utilizadas
em praticamente todas as escolas dominicais, sendo geralmente produzidas por uma editora
vinculada à própria denominação.

Objetivos da Escola Dominical[editar | editar código-fonte]


Evangelização - Fornecer aos novos convertidos e a membros da igreja estudo bíblico.

Santificação - Ensinar os fiéis a viverem de acordo com os princípios bíblicos defendidos pela
denominação.

Serviço - Preparar e incentivar os membros a servir ao Senhor de diferentes formas: evangelizando,


apoiando os enfermos e necessitados enfim trabalhar na obra tendo amor por ela e assim alcançar
almas para o reino.

Organização[editar | editar código-fonte]


A distribuição de departamentos e classes geralmente se faz em função da idade e do gênero dos
alunos. Na maioria das igrejas protestantes há pelo menos 3 turmas infantis (por exemplo: uma
turma de 1 a 3 anos, outra de 4 a 7 anos e mais uma de 8 a 11 anos) somadas a uma turma de
adolescentes (para alunos entre 12 e 18 anos), uma turma de jovens (que geralmente aceita fiéis
até 30 ou 35 anos e em geral não recebe casados). Os casados e adultos maiores de 30 anos
geralmente são divididos em duas turmas, de acordo com o gênero, mas também há igrejas que
reúnem homem e mulheres casados em uma só turma.[2]
Os professores das escolas dominicais são geralmente membros leigos.

CRONOLOGIA DA ESCOLA DOMINICAL


No Mundo, no Brasil e nas Assembléias de Deus
ANO ACONTECIMENTO
1736 14/09
Nasce Robert Raikes, na Inglaterra.
1780 Robert Rikes, jornalista evangélico (episcopal), com 44 anos, realiza em Gloucester,
Inglaterra, as primeiras aulas aos domingos pela manhã para crianças sobre leitura,
escrita, aritmética, instrução moral e cívica e conhecimentos religiosos, dando início à
Escola Dominical, não exatamente no modelo que temos hoje, mas como escola de
instrução popular gratuita, o que veio a ser a precursora do moderno sistema de ensino
público. As primeiras professoras foram assalariadas por Raikes.
1783 03/11
Dia Natalício da Escola Dominical, pois Raikes, após três anos de experiência com 7
Escolas Dominicais em casas particulares e com 30 alunos em cada uma delas, alcança
êxito em seu trabalho com a transformação na vida de duas crianças.
A Escola Dominical passou das casas particulares para os templos, os quais passaram a
encher-se de crianças.
1784 Quatro anos após a fundação, a Escola Dominical já contava com 250 mil alunos
matriculados.
1785 Raikes Organiza a primeira União de Escolas Dominicais, em Gloucester, com ajuda de
William Fox.
Surgem as primeiras Bíblias, Testamentos e Livros para serem usados especialmente nas
Escolas Dominicais. Raikes publica o Sunday School Companion, que era um simples livro
de leitura de versículos bíblicos.
É iniciado o movimento de Escolas Dominicais nos Estados Unidos da América, na Casa de
William Elliott, inspirado nos exemplos britânicos.
1790 É fundada a primeira União de Escolas Dominicais dos EUA, em Philadelphia, para prover
salas de aulas e professores para as escolas. Em Charleston, EUA, a Conferência Metodista
reconhece oficialmente as suas Escolas Dominicais.
1797 Somente na Inglaterra chega a mil o número de Escolas Dominicais.
1800 Surgem fortes ataques contra a Escola Dominical. Raikes ‚ acusado de "profanador do Dia
do Senhor", pelo fato de fazer funcionar a Escola aos domingos... Tal acusação partiu dos
religiosos da época. No Parlamento chegou a ser apresentado um decreto para proibir
Escolas Dominicais em toda a Inglaterra. Tal decreto jamais foi aprovado.
1810 O movimento já contava com mais de três mil Escolas Dominicais e com aproximadamente
275 mil alunos matriculados.
1811 Começa a separação de classes para que adultos analfabetos, assim como as crianças,
também pudessem aprender a ler a Bíblia. O movimento chega a 400 mil alunos
matriculados só na Inglaterra.
5/04
Morre Robert Raikes, aos 76 anos de idade, tendo a Escola Dominical se espalhado por
toda a Inglaterra e em outras partes do mundo.
1820 Começam os primeiros passos para congregar as Uniões locais de Escolas Dominicais
numa central - União Americana de Escolas Dominicais.
1824 25/05
A União Americana de Escolas Dominicais, em Filadelfia, EUA, torna-se a representante
nacional de 723 Escolas afiliadas e 50 mil alunos.
1831 As Escolas Dominicais chegam a 1.250.000 alunos matriculados, cerca de 25% da
população da Inglaterra na época.
1832 03/10
Realizada a Primeira Convenção Nacional da União Americana de Escolas Dominicais, em
New York.
1836 O Rev. Justin Spauding, da Igreja Metodista, organiza no Rio de Janeiro, entre
estrangeiros, uma congregação com cerca de 40 pessoas e em junho abre uma Escola
Dominical com 30 alunos, dos quais alguns eram brasileiros, ensinados na sua própria
língua.
1855 19/08
Robert Kalley e sua esposa Da. Sarah Poulton, casal de missionários escoceses, realizam a
primeira aula de Escola Dominical para cinco crianças, em sua residência na cidade de
Petrópolis, Rio de Janeiro, o que resultaria na fundação da Igreja Evangélica Fluminense,
embrião da Igreja Congregacional.
1911 Dois meses após a fundação das Assembléias de Deus, é realizada a primeira aula de
Escola Dominical, na casa do irmão José Batista Carvalho, na Av. São Jerônimo, em
Belém, PA.
1920 Começa a circular como suplemento do Jornal Boa Somente em Belém, PA, os Estudos
Dominicaes, o embrião da atual revista Lições Bíblicas, para Jovens e Adultos.
1930 Lançada a revista Lições Bíblicas para adultos, inicialmente comentada pelos missionários
suecos Samuel Nyström e Nils Kastberg. A CPAD ainda não tinha sido fundada.
1932 25 a 31/7
Realizada a XI Convenção Mundial de Escolas Dominicais, no Teatro Municipal do
Rio de Janeiro
1943 Lançada a primeira revista para crianças na Escola Dominical das Assembléias de Deus,
escrita pelas professoras Nair Soares e Cacilda de Brito.
1955 Surge nova revista infantil da CPAD, chamada Lições Bíblicas para Criança, para as idades
de 6 a 8 anos. Publicado o primeiro comentário de Lições Bíblicas de autoria do missionário
sueco Eurico Bergstén, que viria ser o comentarista com o maior número de lições
escritas: 35.
19/8
Completados 100 anos de fundação das Escolas Dominicais no Brasil.

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