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Sociedade, Contabilidade e Gestão, Rio de Janeiro, v. 13, n.

3, set/dez, 2018
DOI: http://dx.doi.org/10.21446/scg_ufrj.v13i3.20033

Corrupção e Contabilidade:
Análise Bibliométrica da Produção Científica Internacional

Corruption and Accounting:


Bibliometric Analysis of International Scientific production

Leidiane Andreola Dalla Vecchia


Mestranda em Ciências Contábeis e Administração - Unochapecó
Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó
Av. Senador Attílio Fontana, 591E – Efapi – Chapecó, SC
CEP: 89809-000
E-mail: leidiane.vecchia@unochapeco.edu.br
Sady Mazzioni
Doutor em Ciências Contábeis e Administração – FURB
Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó
Professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó
Av. Senador Attílio Fontana, 591E – Efapi – Chapecó, SC
CEP: 89809-000
E-mail: sady@unochapeco.edu.br
Odilon Luiz Poli
Doutor em Educação – Unicamp
Professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó
Av. Senador Attílio Fontana, 591E – Efapi – Chapecó, SC
CEP: 89809-000
E-mail: odilon@unochapeco.edu.br
Geovanne Dias de Moura
Doutor em Ciências Contábeis e Administração – FURB
Professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó
Av. Senador Attílio Fontana, 591E – Efapi – Chapecó, SC
CEP: 89809-000
E-mail: geomoura@terra.com.br

RESUMO
O objetivo do estudo consistiu em analisar as principais características da produção intelectual
relacionadas à contabilidade e a corrupção, no cenário internacional. Os procedimentos
metodológicos foram conduzidos por meio de pesquisa descritiva, análise bibliométrica e
abordagem quantitativa. A coleta considerou a produção indexada nas bases de dados Spell,
Scielo, Science Direct e Ebsco, cuja abrangência correspondeu ao período de 1977 a 2016 e a
amostra final reuniu um conjunto de cinquenta e três artigos. Os resultados encontrados
indicam baixa densidade de relações entre os autores e as instituições, os autores mais
produtivos contam com apenas três artigos e, confirmando um pressuposto da Lei de Lotka,
97,44% dos autores possuem apenas um artigo sobre o tema. Não foi observada a presença de
elitismo de autores, reforçando o caráter de que a produção científica relacionada a temática
ainda é incipiente. O maior volume anual ocorreu em 2015 com 11 artigos e, dentre as
produções de maior impacto, 50% adotaram a perspectiva positivista e 50% a perspectiva
crítica. Os periódicos Critical Perspectives on Accounting (5 artigos), Journal of Accounting
Auditing & Finance (4 artigos) e The Accounting Review (4 artigos) publicaram o maior
número de pesquisas sobre a temática abordada neste estudo. Os resultados permitiram
observar maior incidência de discussões na relação da corrupção com: práticas de auditoria
Submetido em julho 2017 e aceito em agosto 2018 por Fernanda Sauerbronn após o processo de Double Blind
Review
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(atividades do auditor e combate de fraudes); escândalos corporativos (ineficiência contábil) e


combate à corrupção por meio da contabilidade.

Palavras-chave: Corrupção; Práticas contábeis; Estudo bibliométrico.

ABSTRACT
The objective of the study was to analyze the main characteristics of intellectual production
related to accounting and corruption, in the international scenario. The methodological
procedures were conducted through descriptive research, bibliometric analysis and
quantitative approach. The collection considered the production indexed in the databases
Spell, Scielo, Science Direct and Ebsco, whose coverage corresponded to the period from
1977 to 2016 and the final sample gathered a set of fifty-three articles. The results show low
density of relationships between authors and institutions, the most productive authors have
only three articles and, confirming a presupposition of the Law of Lotka, 97.44% of authors
have only one article on the subject. The presence of authors' elitism was not observed,
reinforcing the fact that the scientific production related to the subject is still incipient. The
largest annual volume occurred in 2015 with 11 articles and among the productions with the
greatest impact, 50% adopted a positivist perspective and 50% a critical perspective. Critical
Perspectives on Accounting (5 articles), Journal of Accounting Auditing & Finance (4
articles) and The Accounting Review (4 articles) published the largest number of researches
on the topic addressed in this study. The results allowed to observe a greater incidence of
discussions in the relationship of corruption with: audit practices (auditor activities and fraud
combating); corporate scandals (accounting inefficiency) and combating corruption through
accounting.

Keywords: Corruption; Accounting practices; Bibliometric study.

1 INTRODUÇÃO

A origem da corrupção é tão antiga quanto à da contabilidade e ambas possuem raízes


no desenvolvimento de sociedades primitivas (LEAL; SILVA, 2014). Os estudos quanto à
temática da corrupção surgiram principalmente a partir da década de 1950, sobre tudo nos
Estados Unidos (BREI, 1996) e tornou-se um fenômeno de grande interesse e atenção
mundial (SILVA; BRAGA; COSTA, 2009).
A corrupção transcende a barreira nacional, atinge todas as sociedades e economias e
está vinculada aos valores, a educação e a cultura. Não é um fenômeno exclusivo de uma
sociedade ou de um momento de seu desenvolvimento, pois está presente em formações
sociais distintas e sofre variação significativa, já que é o legado de uma dimensão social,
histórica e cultural (BEZERRA, 1995).
A corrupção é um dos maiores obstáculos para o crescimento econômico e para o
desenvolvimento social, presente na realidade de todos os países, porém é percebida com
maior gravidade em países menos desenvolvidos (WANG; YOU, 2012). Nas organizações, a
corrupção atinge todos os tipos de empresas independente do porte, setor, localização ou tipo
de negócio (GAVIRIA, 2002). Apresenta-se como uma incerteza, afasta investidores,
prejudica atividades inovadoras, afeta a estratégia da empresa e se apresenta como um entrave
no desenvolvimento sustentável (AMEXIEIRA, 2013).
Em pesquisa conduzida pelo Banco Mundial, com 150 funcionários públicos
ocupantes de cargos elevados e cidadãos de 60 nações em desenvolvimento, a corrupção foi
apontada como o principal fator que dificulta o desenvolvimento econômico e o crescimento

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dos países. O Banco Mundial estima que os subornos pagos por indivíduos e empresas ao
setor público totalizem US $ 1 trilhão por ano em todo o mundo e que o custo da corrupção
equivale a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) global, equivalente a US $ 2,5 trilhões
(HEALY; SERAFEIM, 2015).
Embora exista uma literatura recorrente sobre as causas, consequências e formas de
controlar a corrupção, a relação entre corrupção e contabilidade ainda é um tema que merece
atenção (HOUQE; MONEM, 2016). De forma geral, pouco se sabe sobre os processos de
corrupção e o papel da contabilidade nesses processos, estabelecendo assim uma lacuna no
conhecimento sobre o tema (NEU et al., 2013).
Apesar disso, pesquisadores como Everett, Neu e Rahaman (2007), Johnston (2015) e
Houqe e Monem (2016), por exemplo, ressaltam que o foco inerente a eficiência, controle e
divulgação pode fazer com que a contabilidade desempenhe um papel importante na redução
da corrupção, além de influenciar na forma como uma sociedade percebe a corrupção.
Entretanto, as práticas contábeis não se limitam apenas ao papel de mecanismo
anticorrupção, pois o uso hábil da contabilidade torna possível atividades ilícitas, servindo
como capital cultural na formação de redes criminosas (NEU et al., 2013). As empresas
podem utilizar-se de práticas contábeis obscuras, manipulando informações e dificultando a
detecção de atos corruptos (KIMBRO, 2002).
Deste modo, o uso de práticas contábeis inadequadas pode auxiliar no envolvimento
em atividades ilícitas (NEU et al., 2013). Contudo, a existência de padrões contábeis
específicos, abrangentes e comparáveis são um anátema para os corruptos (WILHEM;
WILHELM, 2010). Apesar de uso esporádico indevido, a Contabilidade se constitui em
artefato ímpar de identificação e combate à corrupção (SANTOS; GUEVARA; AMORIM,
2013).
Diante do exposto, a investigação pretende responder à seguinte questão de pesquisa:
Quais as principais características da produção intelectual relacionadas às práticas contábeis e
a corrupção no contexto internacional? O objetivo consiste em analisar as principais
características da produção intelectual relacionadas às práticas contábeis e a corrupção no
contexto internacional.
O estudo justifica-se pela relevância e abrangência do tema, sendo crescente o
interesse em ampliar o conhecimento das atividades corruptas e os meios de contê-las. A
despeito do interesse social sobre o tema, observou-se escassez de produção científica,
denotando a necessidade de a comunidade científica produzir discussões, avaliações e
soluções para combater a corrupção nos ambientes corporativos, públicos e sociais. Embora a
literatura relacionando as práticas contábeis e a corrupção ainda se mostre incipiente, o estudo
permite avaliar a produção existente, as características e a evolução da corrupção, indicando a
existência de controvérsias quanto a sua natureza.

2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Aspectos conceituais da corrupção
A origem do conceito de corrupção remonta à Roma Antiga, tendo sido no império
romano que a corrupção tomou forma clara, atribuindo-lhe o caráter de ato impróprio
(AMEIXEIRA, 2013). A corrupção é percebida no decorrer da história como integrante de um
contexto social, está inserida em passagens históricas como peças de Shakespeare e a
constituição americana (TANZI, 1998).
Após o século XX, as atitudes em face à corrupção adquiriram contornos
aparentemente mais tolerantes e permissivos (AMEIXEIRA, 2013). A temática da corrupção
destacou-se sobre tudo na década de noventa do século passado, sendo que em 1995 o

Vecchia, L.; Mazzioni, S.; Poli, O.; Moura, G.


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Financial Times no editorial de fim de ano declarou ser aquele o ano da corrupção
(TANZI, 1998).
Johnston (1982) explica a corrupção sobre três perspectivas: (i) explanações
personalistas, nas quais a corrupção é vista como “más ações de gente ruim”, a partir da
fragilidade da natureza humana, tendo como causas a ganância e a racionalização humana,
com foco na investigação psicológica; (ii) explanações institucionais, inferindo que a
corrupção decorre de problemas da administração, estímulo exercido por líderes corruptos que
disseminam a cultura colusiva e/ou das lacunas criadas pelas leis e regulamentos; (iii)
explanações sistêmicas, que emergem da interação do governo com o público e atuam como
uma das formas dentre as várias de influência.
Em abordagem mais genérica, Silva (1995, p. 6) sustenta que “como qualquer
fenômeno, humano ou natural, a corrupção pode comportar uma miríade de definições; estas,
por seu turno, implicam uma série de visões sobre comportamento individual e de grupo”. No
intuito de ampliar o espectro de abordagens, o Quadro 1 apresenta outras definições de
corrupção.
Quadro 1 - Definições de corrupção
Autores Definição
“Corrupção é um comportamento que distancia as obrigações normais da função pública
NYE
por motivos privados (a família, o ambiente próximo), pecuniários ou de um aumento de
(1967, p. 963)
status”.
“Desvio de um padrão de conduta institucionalizado que se caracteriza principalmente
BREI
pela utilização do público pelo privado com um manifesto propósito de favorecimento
(1996, p. 21)
pessoal ou grupal”.
TANZI “O termo corrupção vem do verbo latino “rumpere” – romper, que significa a quebra de
(1998, p. 559-560) algo. Este algo pode ser um código de conduta moral, social ou ainda administrativa”.
“Corrupção é um padrão de comportamento que desvia da norma realmente
FRIEDRICH
predominante ou que se acredita predominar (...) comportamento divergente associado a
(2002, p. 15)
uma particular motivação”.
Fonte: Elaborado pelos autores.
Observa-se no Quadro 1 que a definição de corrupção está associada a um julgamento
de natureza moral. Quando as pessoas buscam dar sentido à realidade, encontram-se como
seres históricos vinculados em determinados valores individuais e culturais. Na falta de
debates mais aprofundados acerca de seus fundamentos e na ausência de teorias bem
articuladas tornam-se mais claras as razões da grande dificuldade de haver um consenso
inicial sobre a própria definição do que seja um ato corrupto (BREI, 1996).
A conceituação de corrupção também pode ser fundamentada, basicamente, em três
correntes: moralista, legalista e revisionista, conforme apresentado no Quadro 2 (BREI, 1996;
BRÜNING, 1997):
Quadro 2 - Correntes explicativas da corrupção
Fundamentação Características Aspectos Relevantes
A corrupção é ligada a uma questão Carece de fundamentação científica,
ética, uma subtração de padrões éticos racionalização do processo analítico, pode
Moralista
estabelecidos por uma determinada levar a resultados falaciosos.
comunidade social.
A corrupção é uma ruptura de um Restringem em excesso, as condutas
Legalista
conjunto de leis positivas instituídas. consideradas corruptas pela lei.
Identifica na corrupção uma Considera o grau de desenvolvimento de um
possibilidade de benefício, país. Nesta corrente, países subdesenvolvidos
Revisionista
principalmente em um contexto seriam beneficiados devido a corrupção
administrativo altamente burocratizado. emergir como um fator de desenvolvimento.
Fonte: Elaborado com base em BREI (1996) e BRUNNING (1997).

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Brei (1996) apontava para a necessidade de estudos que validassem determinadas


conceituações e subsidiassem formulações teóricas. Tanzi (1998) observou a existência, a
alguns anos, de discussões a respeito da conceituação da corrupção, inferindo tratar-se de um
fenômeno difícil de descrever, porém facilmente reconhecido quando observado (TANZI,
1998).
É fundamental considerar os aspectos normativos envolvidos no tema da corrupção e o
modo como a construção de seu significado depende de valores que circulam no plano da
sociedade e que impactam na economia e nas organizações (FILGUEIRAS, 2009).

2.2 Corrupção: efeitos na economia e nas organizações


O processo de globalização implica em uma internalização das práticas comerciais,
estas muitas vezes são acompanhadas pela corrupção, um fenômeno que já faz parte do
cotidiano da sociedade e das organizações (PEREIRA, 2005). Scott (1995) observa que há
uma institucionalização da corrupção em vários ramos da vida social e corporativa. Até
meados de 1978, a maioria dos economistas considerava a corrupção uma “graxa” que
lubrificava a economia, uma acidentalidade de pouca importância. Em 1978, Susan Rose
Ackerman publicou Corruption: a study in political economy, obra considerada como divisor
de águas na discussão do tema e a partir de então intensificaram-se os estudos quanto aos
prejuízos oriundos da corrupção (ABRAMO, 2005).
Os efeitos oriundos da corrupção se difundem por todo o mundo, porém não atinge a
todos da mesma maneira. “As populações de países mais pobres são provavelmente mais
vulneráveis a pedidos de propina do que as populações de países ricos” (ABRAMO 2005 p.
37). A corrupção está associada também à doença e desemprego, além da falta de punição e
envolvimento generalizado do governo (EVERETT; NEU; RAHAMAN, 2007).
A corrupção possui efeitos negativos no crescimento econômico, causa redução de
investimentos, cria um cenário incerto, reduz gastos com saúde e educação, reduz a
produtividade do investimento público e da infraestrutura além da redução nas receitas fiscais
(TANZI, 1998). A importância da corrupção está na sua capacidade de influenciar a
economia, à medida que corrói o direito de propriedade e causa tensões nas instituições
políticas. Um ambiente instável onde a corrupção prevalece, tem como consequências o
aumento de custos e o risco do investidor (AMEIXIEIRA, 2013).
Em 1953, o estudioso Cressey centrou sua investigação nas circunstâncias que
induzem os indivíduos a praticar atividades fraudulentas e antiéticas, a teoria definida pelo
autor como triângulo da fraude consiste em três elementos que são necessários para o roubo
ou a fraude ocorrer, trata-se: (i) do incentivo/pressão que leva o indivíduo a cometer fraude;
(ii) da oportunidade, um indivíduo susceptível percebe devido à ineficiência ou a falta de
controles internos a capacidade ou o poder de explorar essas ineficiências e (iii) da
racionalização, a qual permite que o fraudador veja suas ações ilegais como aceitáveis
(RUANKAEW, 2016).
No contexto empresarial, duas são as teorias econômicas que tratam da corrupção no
ambiente corporativo: Teoria da Propina e Teoria dos Caçadores de Renda (rent seeking). A
Teoria da Propina leva em consideração também o suborno e trata do conflito entre o bem
público e privado. O estado perfeito segundo Weber é quando o comportamento do burocrata
é estritamente voltado ao bem público, a partir do momento em que são ofertados atrativos
financeiros com o intuito de quebrar a relação de impessoalidade é que se estabelece a
corrupção (BORINI; GRISI, 2009).
A Teoria dos Caçadores de Renda (rent seeking) pressupõe que a principal motivação
dos agentes econômicos é a maximização do próprio bem-estar financeiro, dependente de um
conjunto de regras. A corrupção se estabelece quando os agentes tentam maximizar seus
recursos, rompendo as regras estabelecidas (BORINI; GRISI, 2009).

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2.3 Práticas contábeis e a corrupção


Os escândalos financeiros na virada do século XXI elevaram a conscientização e as
responsabilidades da contabilidade na detecção de fraudes. Segundo o relatório bianual
desenvolvido em 2005 pela PricewaterhouseCoopers, empresa mundialmente conhecida nas
áreas de auditoria e consultoria, na era pós-Sarbanes-Oxley mais demonstrativos financeiros
fraudulentos foram descobertos e relatados, apresentando um aumento de 140%, reflexo do
aumento do montante de fraudes e/ou devido aos controles mais efetivos e rigorosos
(HOGAN, et al., 2008).
As normas contábeis podem contribuir para reduzir tanto a oportunidade de fraude,
como a emissão de relatórios fraudulentos (HOGAN, et al., 2008). A finalidade da
contabilidade é fornecer informações sobre o desempenho financeiro, social e ambiental de
uma empresa, além de fornecer a provisão de dados que são essenciais para o controle e
prevenção de atividades corruptas (BARKEMEYER; LEUSS; LEE, 2015).
A harmonização das normas de contabilidade e de auditoria devem ser a principal
prioridade para os contadores interessados em combater a corrupção (EVERETT; NEU;
RAHAMAN, 2007). As formas de combater a corrupção passam pela adoção de um conjunto
de padrões contábeis universalmente aceitos, um sistema jurídico eficaz e comitês de auditoria
(ZARB, 2010). Em 1994, a comissão do Banco Mundial apresentou quatro elementos que
deveriam ser adotados pelos países que desejavam combater a corrupção: (i) implementação
de estratégias e sistemas de informação gerencial; (ii) desenvolver uma base profissional de
auditores contábeis; (iii) adoção e aplicação de normas contábeis aceitáveis; (iv) fornecer um
forte quadro jurídico para apoiar práticas contábeis modernas (EVERETT; NEU;
RAHAMAN, 2007).
No entanto, a contabilidade não está voltada apenas para o combate à corrupção, pois
as práticas contábeis também são utilizadas como capital intelectual de redes criminosas,
possibilitando a geração, circulação e o repatriamento do produto da corrupção (NEU et al.,
2013). Além disso, o processo contábil consiste em lidar com questões de julgamento e de
resolução de conflitos entre abordagens concorrentes à apresentação dos resultados de eventos
e transações financeiras, tal flexibilidade proporciona oportunidades de manipulação, engano
e deturpação (JAMESON, 1988).
As práticas contábeis criativas denotam aspectos legais e ilegais devido à flexibilidade
da política contábil, à prática de fraude, manipulação ou engano, constatando-se problemas
sérios de contabilidade ligados às auditorias empresariais plagiadas. A natureza subjetiva da
contabilidade e a estreita ligação entre auditores e clientes, também pode conduzir para a
distorção dos números produzidos e divulgados (EVERETT; NEU; RAHAMAN, 2007).

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Quanto aos objetivos, trata-se de uma pesquisa descritiva, pois descreve aspectos
relacionados à produção científica acerca da corrupção relacionada às práticas contábeis. A
pesquisa descritiva tem como principal objetivo a descrição dos atributos de determinada
população ou fenômeno ou estabelecimento de relações entre as variáveis (GIL, 2002). Para
Andrade (1995, p. 15) “neste tipo de pesquisa, os fatos são observados, analisados,
classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles”.
A pesquisa do tipo documental é caracterizada pela utilização de documentos como
fonte de dados, informações e evidências (THEÓPHILO; MARTINS, 2009). Por se tratar de
uma pesquisa bibliométrica, a abordagem do assunto pesquisado caracteriza-se como
quantitativa. Para Theóphilo e Martins (2009, p. 103), uma pesquisa classifica-se como
quantitativa quando pode “[...] organizar, sumarizar, caracterizar e interpretar dados
numéricos coletados”. A bibliometria, por sua vez, estuda os aspectos quantitativos da

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produção, disseminação e uso da informação registrada sobre determinado assunto, utilizando


a estatística como ferramenta na coleta e tratamento dos dados (RAUPP; BEUREN, 2003).
A coleta de dados considerou artigos publicados na base Spell, Scielo, Ebsco e
Science Direct, sem recorte temporal, ou seja, considerou-se todo o período disponível. As
pesquisas foram realizadas utilizando-se como index de busca nas bases internacionais o
termo “corruption” e “accounting”, em que ambas as expressões deveriam constar nas
palavras-chave, resumo e título. As buscas foram restringidas as áreas de conhecimento
classificadas como Social Science; Economic, Econometrics and Finance; e, Business,
Management and Accounting. Nas bases nacionais os termos de busca utilizados foram
“corrupção” e “contabilidade” constantes nas palavras-chave, resumo e título.
A partir dos parâmetros definidos, retornaram 201 artigos na base Ebsco, 103 artigos
na base Science Direct, um artigo na base Scielo e seis artigos na base Spell, totalizando 311
artigos. Inicialmente, foram excluídos os artigos em duplicidades e na sequência foi realizada
leitura do resumo dos artigos anteriormente filtrados. Com a leitura dos resumos foram
mantidos os artigos que evidenciaram a relação das práticas contábeis com a corrupção,
resultando em uma amostra final de 53 artigos.
A partir da análise de conteúdo individual, artigos foram excluídos da amostra em
decorrência de abordar a corrupção em outros contextos, a exemplo do crescimento
econômico. Assim, reconhece-se que os resultados apresentados são afetados pela
subjetividade contida nas classificações realizadas pelos pesquisadores.
Para a análise dos dados, consideraram-se os critérios bibliométricos. Há uma
diversidade de leis relacionadas à bibliometria, em que as principais são as de Bradford, Lotka
e Zipf. A Lei de Bradford tem foco na produtividade de periódicos, a Lei de Lotka na
produção científica de autores e a Lei de Zipf na frequência de palavras (GUEDES;
BORSCHIVER, 2005).
A Lei de Bradford é um instrumento útil para o desenvolvimento de políticas de
aquisição e de descarte de periódicos. Esta lei permite estimar o grau de relevância de
periódicos em cada área do conhecimento, considerando que os periódicos que publicam o
maior número de artigos sobre dado assunto constituem um núcleo de periódicos
supostamente de maior qualidade ou relevância para a determinada área (GUEDES;
BORSCHIVER, 2005).
A Lei de Lotka consiste na medição da produtividade dos autores, mediante um
modelo de distribuição, tamanho e frequência dos diversos autores em um conjunto de
documentos (VANTI, 2002). Para Guedes e Borschiver (2005, p. 2) “A Lei de Lotka
considera que alguns pesquisadores, supostamente de maior prestígio em uma determinada
área do conhecimento, produzem muito e muitos pesquisadores, supostamente de menor
prestígio, produzem pouco”.
A primeira lei de Zipf está relacionada às palavras de alta frequência em um texto e a
segunda às de baixa frequência, e foram formuladas a partir da observação empírica e da
análise de frequência de ocorrência de palavras em textos suficientemente longos (SANTOS,
2009).
Na operacionalização dos dados coletados foi utilizado o Software Excel®. Para a
análise das redes sociais, procedeu-se à exploração das relações interinstitucionais e das redes
de coautoria, uma vez que essas representam uma vertente da análise de redes sociais (LIU et
al., 2005), valendo-se do software UCINET®.

4 ANÁLISE DOS DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS


A seção de análise dos dados e interpretação dos resultados considera a investigação
dos 53 artigos que integram a amostra do estudo, contendo publicações entre os anos de 1977
a 2016. Após o estabelecimento dos critérios descritos na metodologia deste estudo, foram

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feitas as seguintes classificações e correlações, apresentadas e analisadas na sequência:


distribuição das publicações por ano; rede de coautoria entre instituições de ensino;
quantidade de autores por artigo; rede de coautoria entre autores; distribuição de artigos por
autor; distribuição dos artigos por periódico; artigos com maior impacto; frequência dos
termos nas palavras-chave e abordagem do artigo quanto à contabilidade.
A Tabela 1 demonstra o volume de publicações e a evolução das pesquisas sobre
práticas contábeis e corrupção ao longo do período, separadamente por ano de publicação.
Tabela 1 - Distribuição de artigos por período
Ano N % Ano N %
1977 1 1,89% 2008 5 9,43%
1980 1 1,89% 2009 3 5,66%
2002 3 5,66% 2010 3 5,66%
2003 2 3,77% 2012 3 5,66%
2004 1 3,77% 2013 3 5,66%
2005 4 7,55% 2014 5 9,43%
2006 1 1,89% 2015 11 20,75%
2007 3 5,66% 2016 3 5,77%
Total 53
Fonte: Dados da pesquisa.
Observa-se na Tabela 1 a evolução das publicações ao longo do tempo, em que as
primeiras publicações encontradas, relacionadas ao tema pesquisado, datam de 1977.
Constata-se que a partir de 2002 houve uma presença, embora pequena, de produções
relacionando as práticas contábeis com a corrupção, demonstrando a ideia do crescente
interesse quanto à temática. O maior salto nas produções foi em 2015, quando foram
publicados onze artigos, contrastando com o período entre 1978 a 2001 em que foi publicado
apenas um artigo.
Na Figura 1 apresentam-se as redes de coautoria entre as instituições de ensino
superior a qual os autores dos artigos estavam vinculados.
Figura 1 - Visualização da rede de coautoria entre instituições

Fonte: Dados da pesquisa.


A análise individual dos artigos indicou a vinculação com 69 instituições. E, a ligação
entre as instituições apresentou-se da seguinte maneira: 57,50% delas não apresentaram
nenhuma ligação, 20% apresentaram ligação com uma única instituição, 17,50% com duas
instituições e, por fim, apenas 2,5% delas estavam ligadas com quatro ou cinco instituições.
Portanto, observa-se na Figura 1 uma baixa densidade das redes de coautorias
relacionadas ao tema práticas contábeis e corrupção. Quanto maior for a densidade de uma

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rede, maior será a possibilidade de fluxo de informações, por outro lado, uma baixa densidade
da rede pode dificultar a estruturação de pesquisas e dos conhecimentos da área
(HANEMANN; RIDLLE, 2005).
A Tabela 2 apresenta a distribuição da quantidade de autores por artigo, na amostra
investigada.
Tabela 2 - Quantidade de autores por artigo
Quantidade de autores Número de artigos %
1 19 36%
2 15 28%
3 10 19%
4 07 13%
5 02 4%
Total de autores 117
Total de artigos 53 100%
Média de autores/artigos 2,21
Fonte: Dados da pesquisa.
Verifica-se na Tabela 2 que o número de artigos realizados em parceria é bastante
superior aos realizados individualmente, pois, entre os 53 artigos analisados, apenas 19 foram
produzidos por um autor, e os outros 37 artigos (64%) foram elaborados em coautoria. Em
termos gerais a média de autores por artigo foi estabelecida em 2,21.
Os números evidenciados na Tabela 2 demonstram ainda que a soma dos artigos
produzidos por três, quatro e cinco autores, no conjunto, totalizam 36% (19 artigos). Os
achados se alinham com o entendimento de Gomes et al. (2006), ao salientarem que artigos
com três ou mais autores demonstram a construção de um conhecimento de forma conjunta,
geralmente por meio de grupos de pesquisa, auxiliando, assim, o desenvolvimento científico
da pesquisa.
Na Figura 2 é possível identificar as redes de coautoria entre os autores dos artigos
selecionados.
Figura 2 - Visualização das redes de coautoria entre autores

Fonte: Dados da pesquisa.


Observa-se na Figura 2 que em 23 (44,90%) artigos não foi constatada ligação com
outros coautores, 20,41% das coautorias ocorreram entre dois coautores, 14,29% com três
coautores, 18,37% com quatro coautores e apenas uma ligação (2,04%) com 9 coautores. A
partir dos procedimentos metodológicos adotados, o único trabalho da literatura nacional
constante da amostra é “Contabilidade, controle interno e controle externo: trinômio
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necessário para combater a corrupção”, produzido por Robson Ramos Oliveira (2006) e
publicado pela Revista Pensar Contábil.
A evidenciação da produtividade por autor, a partir do pressuposto da Lei de Lotka,
está apresentada na Tabela 3.
Tabela 3 - Produtividade por autor
Artigo por autor Número de autores % de autores absolutos N° de autores estimados
(n) absolutos Lei de Lotka
1 114 97,44% 108
3 3 2,56% 12
Fonte: Dados da pesquisa.
Os resultados constantes na Tabela 3 indicam a frequência de autores por artigo. Em
97,44% dos casos, o autor consta em apenas uma publicação e apenas 2,56% apresenta
produção de três artigos. Considerando as práticas contábeis e a corrupção como uma
temática emergente e em crescente ascensão, os resultados desta pesquisa alinham-se aos de
Urbizagastegui (2008, p. 96), ao inferir que “a elevada taxa de pequenos produtores parece ser
característica das disciplinas em expansão e desenvolvimento na procura de sua
institucionalização”.
A maior produtividade dentre os autores ficou concentrada em Abu Shiraz Rahaman,
Dean Neu e Jeff Everett com três artigos produzidos cada autor. Os demais autores
apresentaram apenas um artigo, confirmando o pressuposto da Lei de Lotka de que 60% dos
autores publicam apenas um artigo sobre determinado tema.
Na Tabela 4 evidencia-se a distribuição das publicações científicas dentre os principais
periódicos, que representam o primeiro núcleo da Lei de Bradford. Tal lei indica que, ao listar
os periódicos em ordem decrescente de publicação de artigos sobre determinada temática, é
possível observar o núcleo dos periódicos mais relevantes para o tema abordado, além de
outros dois núcleos que tenham a mesma quantidade de artigos, porém em mais periódicos
(ARAUJO, 2006).
Tabela 4 - Distribuição das publicações cientificas por periódicos
Periódicos Número de artigos
Critical Perspectives on Accounting 5
Journal of Accounting Auditing & Finance 4
The Accounting Review 4
Fonte: Dados da pesquisa
De acordo com os princípios da Lei de Bradford, para identificar o core (ou núcleo da
pesquisa), é necessário listar o total de itens da pesquisa e dividi-los em três núcleos. Neste
sentido, os periódicos que se destacaram no primeiro núcleo, com maior número de
publicações e que representam o core, foram o Critical Perspectives on Accounting em
primeiro lugar, com cinco artigos publicados; em segundo lugar, empatados, cada um com 4
artigos publicados estavam o Journal of Accounting Auditing & Finance e o The Accounting
Review.
O segundo núcleo foi composto por seis periódicos, Accounting and the Public
Interest, Accounting, Organizations and Society, Advances in Accounting, incorporating
Advances in International Accounting, Journal of Business Finance & Accounting, Procedia
Economics and Finance, Internal Auditor que agregam a segunda parte das publicações
encontradas, todos estes com o número de dois artigos cada. O último núcleo ficou
constituído por vinte e oito periódicos, que publicaram apenas um artigo sobre o tema.
Na Tabela 5 estão listados os artigos com maior impacto no meio acadêmico e
científico. A análise do número de vezes que um artigo foi citado por outros pesquisadores
permite constatar seu impacto, considerando às contribuições para novas publicações
científicas.

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Tabela 5 - Artigos com maior impacto, idade e volume de citações


Idade do Citação %* Citação
Artigos artigo absolut relativa **
a
[1] HENNES, LEONE, MILLER (2008) 8 498 20,52 62,25
[2] BAZERMAN, LOEWENSTEIN, MOORE (2002) 14 420 17,31 30,00
[3] HARRIS, BROMILEY (2007) 9 350 14,42 38,89
[4] BALL (2009) 7 290 11,95 41,43
[5] HOGAN, ZABIHOLLAH, RICHARD, UMA (2008) 8 207 8,53 25,88
[6] EVERETT, NEU, RAHAMAN (2007) 9 115 4,74 12,78
[7] ETTREDGE, SCHOLZ, SMITH, SUN (2010) 6 84 3,46 14,00
[8] KIMBRO (2002) 14 69 2,84 4,93
[9] IYOHA, OYERINDE (2010) 6 49 2,02 8,17
[10] NEU, EVERETT, RAHAMAN, MARTINEZ (2013) 3 35 1,44 11,67
*Proporção calculada com base na totalidade das citações (2.427)
** Número de citações absolutas ÷ pela idade do artigo em anos
Fonte: Dados da pesquisa
Na Tabela 5 são apresentados os dez artigos que receberam a maior quantidade de
citações, em valores absolutos e relativos. O valor absoluto quantifica o total de citações
obtidas pelo artigo ao longo do tempo e o valor relativo pondera o volume de citações em
relação à idade do artigo (citação absoluta dividida pela idade do artigo).
Nota-se que o artigo de Hennes, Leone e Miller (2008) apresentou o maior número de
citações, tanto em valores absolutos, quanto em valores relativos. Ressalta-se que os dados
referentes ao impacto dos artigos foram obtidos no site de busca Google Acadêmico (2016),
no mês de dezembro/2016, em que foram constatadas 2.427 citações, representando uma
média de pouco mais de 46 citações por artigo.
Os artigos de maior impacto, demonstrados na Tabela 5, foram analisados a partir dos
paradigmas de pesquisa, identificando aspectos condizentes aos descritos na Tabela 6.
Tabela 6 - Paradigmas de pesquisa
Paradigmas Descrição
(i) orientação pragmática e abordagem orientada para o problema; (ii) assume que o
mundo social é composto de artefatos concretos onde relações empíricas devem ser
Positivista:
identificadas, estudadas e medidas; (iii) mensuração serve para aumentar a objetividade
(BURREL;
na avaliação de propriedades físicas e aplica métodos científicos semelhantes a todas as
MORGAN, 1979;
ciências; (iv) resultados são verdadeiras expressões da realidade; (v) explicações
LUKKA, 2010;
racionais para os fenômenos sociais (objetos estudados), com base no objetivismo; (iv)
MICHELI; MARI,
não objetiva fornecer explicações para a mudança social apenas apresenta a situação
2014).
encontrada; (vii) prima pela formulação de leis gerais que controle ou elimine influências
ambientais, que possam ser testadas com dados empíricos.
(i) abordagem subjetivista para análise do mundo social; (ii) reconhece que o mundo é
Interpretativo socialmente construído; (iii) compreende o mundo como processo social emergente que é
(BURREL; criado pelos indivíduos que interagem com a realidade externa independente que pode
MORGAN, 1979; restringir ou facilitar a ação humana; (iv) leva em conta os significados subjetivos que as
LUKKA, 2010; pessoas atribuem às coisas; (v) explicação na consciência pessoal e subjetividade dentro
MICHELI; MARI, do quadro de referência do participante e não do observador da ação; (vi) mensurações
2014). deixam de ser verdadeiras expressões da realidade, mas preservam as relações observadas
entre entidades.
(i) visão subjetivista para fornecer explicações das inter-relações, básicas da realidade;
(ii) existem contradições estruturais e conflitos na sociedade, de que as pessoas precisam
Crítico
estar cientes que são dominadas por superestruturas ideológicas; (iii) consciência é a base
(BURREL;
para a crítica radical da sociedade; (iv) procura mudar o mundo social através da
MORGAN, 1979;
mudança nos modos de cognição e da consciência; (v) projetado para fornecer crítica ao
LUKKA, 2010;
status quo, apenas analisá-lo não é suficiente, é necessário testá-lo e criticá-lo; (vi)
MICHELI; MARI,
mensuração tem laços críticos da verdade que qualquer simplificação excessiva não é
2014)
expressa adequadamente; e (vii) a falta de sentido decisório do próprio conceito de um
verdadeiro valor absoluto para medir, pode ser dada como certa.
Fonte: VALMORBIDA; ENSSLIN (2016)

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A Tabela 6 contém a descrição acerca do paradigma positivista, interpretativo e


crítico. Muitos pesquisadores, segundo Lukka (2010), não tem consciência dos pressupostos
filosóficos, que implicitamente adotam em suas próprias pesquisas e desconhecem a ampla
gama de abordagens metodológicas que eles poderiam aplicar. Por isso, segundo o autor, estar
consciente dos paradigmas disponíveis ajuda a ver outras e novas possibilidades para a
condução das pesquisas. Então, na Tabela 7 apresenta-se o enquadramento dos dez artigos que
receberam a maior quantidade de citações, conforme os pressupostos dos paradigmas de
pesquisa.
Tabela 7 - Enquadramento dos artigos de acordo com paradigmas de pesquisa
Paradigma Artigos Total de artigos por %
Positivista [1] [3] [7] [9] [10] 5
paradigma 50%
Interpretativo - - -
Crítico [2] [4] [5] [6] [8] 5 50%
Total 10 10 100%
Fonte: Dados da pesquisa
É possível verificar na Tabela 6 que 50% dos artigos de maior impacto enquadram-se
no paradigma positivista. Os artigos desta categoria buscaram expor a literatura encontrada,
observaram as características dos fenômenos ou testaram aspectos considerados essenciais
pela literatura. Outros 50% dos artigos enquadram-se no paradigma crítico, ou seja, estes
estudos desenvolveram-se baseados no questionamento ideológico ou socialmente esperado
frente às atitudes e medidas controversas. Destaca-se ainda que dentre os artigos de maior
impacto da amostra, não foi observado em nenhum trabalho o paradigma interpretativo.
Na tabela 8 apresentam-se as palavras-chave mais utilizadas nos artigos que compõem
a amostra da pesquisa.

Tabela 8 - Frequência dos termos nas palavras-chave nas produções


Palavras chave do artigo Frequência %*
Corruption 11 8,89%
Restatements 4 2,96%
Disclosure 3 2,22%
Fraud 3 2,22%
Auditors 2 1,48%
Accountability 2 1,48%
Earnings Management 2 1,48%
Ethics 2 1,48%
Accounting 2 1,48%
Public interest 2 1,48%
Public Sector 2 1,48%
*Proporção calculada com base no total de palavras-chave (135)
Fonte: Dados da pesquisa
Observa-se na Tabela 8 que a palavra-chave (keywords) mais citada nos artigos
analisados foi Corruption, que aparece em onze deles, representando 8,89% do total. A
palavra restatements também se destacou, pois consta em quatro artigos e corresponde a
2,96% do total. Disclosure e Fraud foram identificadas três vezes cada uma, com um
percentual que corresponde a 2,22%.
As palavras auditors, accountability, earnings management, ethics, accounting, public
interest e public sector foram identificadas em dois artigos cada, ou seja, em menor
frequência, que representa 1,48% do total. De modo geral, há uma baixa frequência dos
principais termos, o que indica uma dispersão da produção em diversas subáreas do
conhecimento.
Na Tabela 9 estão descritas as abordagens, no tocante a contabilidade, encontradas nos
artigos e suas respectivas frequências.

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Tabela 9 - Abordagem dos artigos quanto à contabilidade


Abordagem de cada artigo N° %
Auditoria 12 22,64%
Escândalos corporativos e ineficiência contábil 10 18,87%
Combate à corrupção por meio da contabilidade 6 11,32%
Padrões contábeis 5 9,43%
Regulamentos e legislação 4 7,55%
Irregularidades contábeis 3 5,66%
Normas Internacionais de Contabilidade 3 5,66%
Gerenciamento de resultados 3 5,66%
Controles internos 2 3,77%
Contabilidade forense 1 1,89%
Contabilidade criativa 1 1,89%
Contabilidade setor público 1 1,89%
Conduta ética dos contabilistas 1 1,89%
Lei Sarbanes-Oxley 1 1,89%
Total 53 100%
Fonte: Dados da pesquisa.
Verifica-se na Tabela 9 que a abordagem mais utilizada na relação entre contabilidade
e corrupção está direcionada aos aspectos da auditoria, ou seja, doze artigos (22,64%)
contemplam questões como a responsabilidade dos auditores, a função da auditoria, o papel
da auditoria na detecção de fraudes e a participação da auditoria em escândalos corporativos,
por exemplo.
Outra abordagem que se destacou com dez artigos (18,87%), refere-se aos escândalos
corporativos e a ineficiência contábil na detecção e prevenção de fraudes. A contabilidade
como meio de combate a corrupção é tratada em seis artigos (11,32%) e as práticas contábeis
aparecem em cinco artigos (9,43%), analisando questões como a estrutura e o papel da
contabilidade.
Em outros três artigos (5,66%) são discutidas as irregularidades contábeis, normas
internacionais de contabilidade e o gerenciamento de resultados. A avalição dos controles
internos é a abordagem de outros dois artigos (3,77%). Por fim, em um único artigo foram
verificadas abordagens relacionadas a contabilidade forense; contabilidade criativa;
contabilidade do setor público; conduta ética dos contabilistas e Lei Sarbanes-Oxley.
Como análise final, testou-se a Lei do Elitismo de Price, cuja premissa estabelece que
“o número de membros da elite corresponde à raiz quadrada do número total de autores, e a
metade do total da produção é considerado o critério para se saber se a elite é produtiva ou
não” (ARAÚJO, 2006, p. 14). A Tabela 10 resume os pressupostos teóricos da produtividade
e compara-os com os dados empíricos obtidos na investigação.
Tabela 10 – Pressupostos da produtividade
Pressuposto Teórico Empírico Conformidade
1/3 da literatura é 18 artigos (53÷3) 18 artigos foram produzidos
produzida por menos de produzidos por até 12 por 12 autores (1/10) Sim
1/10 dos autores autores (117÷10)
Produção média por autor 3,5 artigos/autor (117÷53) = 2,21 artigos/autor Não

60% dos autores produzem 114 autores produziram um Sim


um único documento 70 autores (117 x 0,6) único documento (97,44%)

(√117) = 11 São necessários 53 autores


para atingir 50% do total de Não
Elitismo dos autores 50% das publicações = 59
publicações
artigos
Fonte: Dados da pesquisa.

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Observa-se na Tabela 10 que os achados empíricos conduzem a resultados mistos, ou


seja, dois pressupostos teóricos foram confirmados (1/3 da literatura foi produzida por menos
de 1/10 dos autores mais produtivos e 60% dos autores produziram um único documento) e
dois pressupostos teóricos não foram confirmados (produção média por autor e elitismo dos
autores).
A causa do não alinhamento dos dados empíricos aos pressupostos teóricos de
produtividade dos autores está atrelada ao elevado número de autores com única publicação
(97,44%), pressupondo fraca consolidação do tema como área de interesse específico de
pesquisa.
Outra análise importante dos estudos avaliados se refere aos caminhos para pesquisas
futuras. Everett, Neu e Rahaman (2007) ao investigarem o papel da contabilidade na luta
global contra a corrupção, apontam que dentre algumas das questões mais importantes que
vale a pena perseguir, está a consideração de como exatamente a contabilidade está envolvida
nas tendências raciais, de classe e/ou de gênero que estão subjacentes ao tema. Além disso,
quais são as consequências específicas desses preconceitos, em particular no que se refere às
mulheres.
Healy e Serafeim (2011) apontaram para a pertinência de investigar se os esforços
anticorrupção possuem causas e geram consequências distintas entre grandes empresas
mundiais e pequenas empresas locais. Outra abordagem sugerida para análise é se o efeito dos
esforços anticorrupção no crescimento das vendas e na lucratividade pode ser diferente para
horizontes de tempo mais longos. Outras questões são apontadas como relevantes para
investigações:
Quais fatores, além dos custos de monitoramento/execução e da exposição ao risco,
explicam as diferenças no nível de divulgação das empresas e o compromisso de
lutar contra a corrupção? O nível de concorrência das empresas locais influencia as
divulgações das empresas multinacionais e as políticas de corrupção em seus países?
A busca do crescimento (às custas da rentabilidade), em última instância, compensa
a baixa divulgação de empresas agressivas? Quais são os métodos mais eficazes para
combater a corrupção no nível da empresa? Qual o papel dos líderes individuais na
definição das políticas da empresa e nas divulgações sobre os esforços
anticorrupção? (HEALY; SERAFEIM, 2011, p. 30).
Kassem e Higson (2016) apontam que estudos devem explorar as técnicas de auditoria
que possam ajudar os auditores externos a avaliar e responder aos riscos de corrupção.
Pesquisas futuras, ainda segundo os autores, também poderiam examinar as expectativas
públicas dos auditores externos em relação à detecção de corrupção e o impacto da corrupção
nas demonstrações financeiras e suas implicações para os auditores externos. Um ponto de
partida indicado seria uma análise dos casos de corrupção existentes para examinar os tipos de
corrupção cometidos, como cada um foi cometido e detectado, qual o impacto nas
demonstrações financeiras e quais as implicações para os auditores externos e os
perpetradores.
De modo geral, com base na análise dos artigos, verificou-se que não há
homogeneidade na produção de artigos que abordaram, no período pesquisado, a relação entre
corrupção e contabilidade. Percebe-se que o número de pesquisas, nessa área, ainda é
reduzido se relacionarmos com a importância da associação entre os dois assuntos.
Além disso, a diversidade de autores, a distribuição das publicações científicas por
periódicos e a diversidade de palavras-chave e de abordagens utilizadas evidenciam uma
temática ainda em evolução e apontam para a necessidade de amadurecimento das pesquisas.
Indicam também a necessidade de uma maior convergência, consolidação e legitimação das
pesquisas sobre corrupção e contabilidade.
Assim, verifica-se que há uma variedade de assuntos relacionados à contabilidade que
ainda não foram explorados, ou, não ainda em sua plenitude. Assim, o estudo pode contribuir
para a realização de pesquisas empíricas no Brasil, uma vez que identificou, dentre outras

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características, os principais temas, abordagens, metodologias e pesquisadores influentes no


campo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo consistiu em analisar as principais características da produção
intelectual relacionadas às práticas contábeis e a corrupção no contexto internacional.
Inicialmente, em relação ao volume de publicações e a evolução das pesquisas sobre práticas
contábeis e corrupção ao longo do tempo, os resultados revelaram aumento da produção,
sobre tudo na última década, embora o número de pesquisas ainda seja incipiente. Estes
achados fortalecem os argumentos de Everett, Neu e Rahaman (2007), Johnston (2015), Neu
et al. (2013) e Houqe e Monem (2016) sobre a escassez e a necessidade de novas pesquisas
que possam contribuir com o aumento do conhecimento sobre o assunto.
A temática abrangida neste estudo não possui elitismo de autores, sendo que a absoluta
maioria dos autores possui apenas um artigo, característica das disciplinas em expansão e
desenvolvimento (URBIZAGASTEGUI, 2008). Os autores que se destacaram na produção
científica a respeito das práticas contábeis e a corrupção são Abu Shiraz Rahaman, Dean Neu
e Jeff Everett, com três artigos.
Os resultados apontaram para baixa densidade nas redes de coautoria entre as
instituições, podendo dificultar a estrutura de pesquisa e conhecimento na área. A maior
concentração dos artigos (35,85%) foi escrita por um único autor, seguido daqueles escritos
por dois autores (28,30%), verificando-se que a média foi de 2,21 artigos por autor.
De acordo com a Lei de Bradford, os periódicos mais relevantes para o tema estudado
são: Critical Perspectives on Accounting; Journal of Accounting Auditing & Finance e The
Accounting Review. Já os artigos com maior impacto, a partir do número total de citações são:
(i) The Importance of Distinguishing Errors from Irregularities in Restatement Research: The
Case of Restatements and CEO/CFO Turnover; (ii) Why Good Accountants Do Bad Audits e
(iii) Incentives to Cheat: The Influence of Executive Compensation and Firm Performance on
Financial Misrepresentation.
Ao analisar os dez artigos de maior impacto pelo número de citações, constatou-se que
50% adotam uma perspectiva positivista e 50% perspectiva crítica. As palavras-chave mais
citadas nos artigos foram corruption (8,89%); restatements (2,96%); disclosure e fraud
(2,22%). Quanto à abordagem dos artigos, os principais achados indicam que 22,64% versam
sobre a auditoria, 18,87% tratam de escândalos corporativos e ineficiência contábil e 11,32%
aborda a temática da contabilidade como meio para combater a corrupção.
Everett, Neu e Rahaman (2007) observam que a partir do final da década de 1990,
alguns grandes atores institucionais se envolveram ativamente na luta contra a corrupção, a
exemplo do Banco Mundial, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico e da Transparência Internacional, os quais sugerem que o compromisso é
verdadeiramente global. O estudo também apontou para a disposição da contabilidade e seus
atores em participar dessa luta, tanto na criminalidade doméstica quanto internacional.
Para assumir o compromisso inalienável que a contabilidade possui com os usuários e
seus próprios objetivos, em praticar a evidenciação fidedigna da situação das entidades de
reporte (IUDÍCIBUS, 2010), o envolvimento dos profissionais da contabilidade e dos
pesquisadores torna-se relevante. Contudo, no que se refere à relação entre corrupção e
contabilidade, os resultados indicam a existência de um déficit de pesquisas nessa área, tendo
em vista que a temática abordada é pouco explorada, apesar de ter despertado maior interesse
na última década.
Assim, espera-se, a partir deste estudo, advertir para a escassez de produções no tema,
incentivando a realização de novas pesquisas, a partir das lacunas existentes. Apesar das
limitações derivadas dos termos e das bases utilizadas, é possível vislumbrar muitas novas

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oportunidades de pesquisa, no intuito de produzir medidas para combater a prática da


corrupção em ambientes empresariais, sociais e da gestão pública, a partir dos mecanismos da
contabilidade. Sugere-se também aplicar outros parâmetros bibliométricos, como analisar as
referências mais utilizadas nos artigos publicados.

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