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AUXÍLIO-ACIDENTE PREVIDENCIÁRIO

E ACIDENTÁRIO:
OS BENEFÍCIOS INDENIZATÓRIOS
DO INSS
FABRÍCIO BARCELOS VIEIRA
• Advogado militante nas áreas previdenciária, cível e trabalhista (formado pela Faculdade de Direito tie Franca): • Sócio -
fundador dc "Bachur e Vieira Advogados Associados”; • Professor de cursos jurídicos relacionados a área previdenciária na
“Academia Francana de Direito - Instituto Rafael Infante Faleiros"; • Professor de Direito Previdenciário na Escola Superior
de Advocacia (ESA) de Barretos/SP. Bebedouro/SP e Franca/SP; • Professor de Direito Previdenciário ministrando curso em
várias OABs (como Sertão/i nho/SP, Uberaba/MG, Franca/SP, etc.); • Professor de Orientador do Curso de Pós-Graduação de
Direito Previdcnciário pela ESA Ribeirão Preto/SP; • Professor de Cursos Preparatórios para Concursos * Membro do
conselho editorial da segunda edição do livro “Teoria e Prática do Direito Previdenciário", escrito pelo Dr. Tiago Faggioni
Bachur cm parceria com a Dr*. Maria Lúcia Aiello (Editora Lemos & Cruz); • Membro do conselho editorial do livro “Como
conseguir sua aposentadoria e outros benefícios do INSS mais Tapídamenie através do Mandado de Segurança", escrito pelo
Dr. Tiago Faggioni Bachur (Editora Lemos & Cruz): • Membro do conselho editorial do livro “Licença-maternidade c
salário-matemidade na teoria e n a prática”, escrito pelo Dr. Tiago Faggioni Bachur c Dr*. Tânia Faggioni Bachur da Costa
Manso (Editora l^mos & Cruz); • Colaborador e articulista de vários jornais, revistas e informes jurídicos (t omo “Jornal
Comércio da Franca”, “Jomaí Trabalhista Consulex”. “Magistcr”, “Migalhas”, “IEPEV”, “Revista dc Direito Trabalhista”.
“LFG", etc.): * Pós-graduado em Direito Previdenciário; • Pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil pela
UNIFRAN; * MBA em Direito Empresarial pela FGV.» Coordenador da Comissão de Direito Previdenciário da OAB
FRANCA SP.

AUXÍLIO-ACIDENTE PREVIDENCIÁRIO
E ACIDENTÁRIO:
OS BENEFÍCIOS INDENIZATÓRIOS
DO INSS

2012

Lemos & Cruz


Publicações Jurídica»
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Vieira, Fabrício Barcelos

Auxílio-Acidente Previdenciário e Acidentário: os Benefícios Indenizatórios do


INSS - Fabrício Barcelos Vieira - 1. ed. Leme: Lemos e Cru?;, 2012
309 p.
ISBN 978-85-99895-54-2
1. Direito Previdenciário. 2. Auxílio-Acidente e Acidentário. 3. Benefícios Indenizatórios
do INSS - Modelos . I. Fabrício Barcelos Vieira. II. Título.

©Copyrighlby Fabrício Barcelos Vieira

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Capa e Projeto Gráfico no ramo da distribuição e edição de livros jurídicos.
Marcelo Francisco Oliveira

Diagramação
Maria do Carmo de Vitto
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
PREFÁCIO

Chega, finalmente, uma das mais extraordinárias obras do


Direito Previdenciário: "Auxílio-acidente previdenciário e auxílio-
acidente acidentário na teoria e na prática".
O livro foi escrito por um dos mais importantes nomes da área
na atualidade, o Dr. Fabrício Barcelos Vieira, que além de brilhante
advogado (um dos sócios-fundadores de "Bachur e Vieira
Advogados"), é professor especializado em direito previdenciário e
também autor, co-autor e colaborador de artigos publicados em vários
jornais, revistas e periódicos jurídicos.
Antes, porém, desde já ressalto a imensa honra pelo convite
em participar do prefácio de um dos primeiros livros específicos do
gênero, que trata do auxílio-acidente com maestria e didática
peculiar.
Entretanto, não posso falar do Fabrício sem mencionar do nosso
encontro profissional.
Cada coisa que acontece em nossas vidas existe uma razão de
ser. E, dessa maneira, não é por acaso que aqui estamos.
Coincidências não existem nos desígnios de Deus.
A bem da verdade, a vida me propiciou o encontro com o pai do
Dr. Fabrício (Dr. Ariovaldo Vieira dos Santos), por intermédio de um
grande amigo (Dr. Hermes Barbosa da Silva) e do Dr. Acir de Matos
(que foi quem me apresentou o Dr. Hermes), em uma viagem para São
Paulo - mas isso é uma outra história que não cabe discutir aqui.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
Indenizatórios do Inss

Foi no escritório do Dr. Ariovaldo que comecei a trabalhar como


advogado- Eu e o Fabrício não éramos apenas advogados, éramos
bancários também. Entre a carreira jurídica e a bancária, eu e o Dr.
Fabrício, não nos víamos. Enquanto eu trabalhava no Banco do Brasil,
o Fabrício trabalhava na Nossa Caixa. Dessa maneira, nas poucas
horas vagas, exercíamos a advocacia.
Em um encontro inesperado na Rodoviária em São Paulo com o
Dr. Fabrício, rumo a Franca, nossos destinos se cruzaram novamente.
Dessa maneira, no retorno à Franca, uma guinada na carreira
profissional aconteceu. Conversamos o trajeto de mais de quatro
horas com muitos planos e ideias, que pouco a pouco foram sendo
implementadas.
O tempo passou e um dia falei ao Fabrício que ele precisava
colocar no papel o que estávamos ensinando em nossos cursos. Disse:
"Por que você não transforma em livro sua experiência pessoal de
auxílio -acidente?''
Abro um parêntese aqui para lembrar que quando o Fabrício
trabalhava na Nossa Caixa, sofreu um grave acidente in itinere que
quase provocou a amputação de sua perna. Graças a Deus, as
orações e aos bons médicos que o atenderam, foi possível a
recuperação de sua perna ficando com algumas seqüelas.
Acredito que este foi o fio condutor motivacional para a
presente obra.
Esta obra, o qual tive a oportunidade de apresentar algumas
sugestões, nasce da escassez de livros do gênero. Nas aulas que
ministramos juntos, costumamos dizer que "O auxílio-acidente é o
'patinho feio' do direito previdenciário, pois não há muita coisa
escrita sobre o assunto e a maioria dos doutrinadores, e até
julgadores, fazem uma confusão danada - sobretudo com o auxílio-
doença acidentário, que não é a mesma coisa."
Aliás, o trabalho de pesquisa realizado pelo professor Fabrício
para a confecção do livro merece ser ressaltado, pois ante a ausência
de artigos doutrinários, muito do que aqui se escreveu veio de textos
esparsos e acanhada jurisprudência.
Fabrício Barcelos Vieira

Acredito que esse livro pioneiro será um marco histórico para o


benefício de auxílio-acidente e para o Direito Previdenciário, pois
além de focar a matéria a que se propõe de maneira clara e objetiva,
em uma linguagem acessível, instiga o leitor na busca de soluções e
abre várias portas para a obtenção de resultados favoráveis em prol do
segurado da Previdência Social, apresentando além da doutrina e
jurisprudência, diversos modelos de petição.
Por fim, a qualidade da obra fala por si mesma e com toda a
certeza será um sucesso, assim como as muitas outras que
certamente virão.

Seu amigo,

Tiago Faggioni Bachur


(Advogado, professor e autor de obras de Direito
Previdenciário)
NOTA DO AUTOR

Na verdade, mesmo sem saber, comecei a escrever este livro em


22 de março de 2005, uma terça-feira da Semana Santa daquele ano.
Peço licença ao caro leitor para narrar o que aconteceu na data
sttprana data supra.
Naquela época trabalhava no Banco Nossa Caixa S/A, lotado na
Gerência Regional de Negócios de Franca/SV, na função de auxiliar-
administrativo.
No dia do acontecido fiquei até mais tarde no banco para
acompanhar um técnico do setor de informática que estava
consertando um dos computadores, e fui embora em tomo de 18h45.
Tinha adquirido há poucos meses uma motocicleta 250
(duzentos e cinqüenta) cilindradas, que era minha paixão. E foi com
essa motocicleta que fui embora para casa.
O dia estava chuvoso e já era noite, com a visibilidade bem
prejudicada. Foi então que, faltando poucos quilômetros para chegar a
minha casa, fui colhido por um veículo não identificado e sofri um
grave acidente. Tive fraturas na mão esquerda, e minha perna
esquerda foi praticamente dilacerada, com fraturas expostas na tíbia e
na fíbula.
Rapidamente fui socorrido por pessoas que estavam próximas
ao local do acidente (principalmente a Sra. Raquel) que acionaram o
Corpo de Bombeiros, que em poucos minutos já estavam com sua
Unidade de Resgate prestando as primeiras assistências necessárias
e me removeram para o Hospital Unimed São Joaquim de Franca.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
10 Indenizütórios do Inss

Chegando ao hospital fui atendido e acompanhado por diversos


médicos, mas, com todo respeito aos demais, jamais posso me
esquecer do Dr, Pedro Luís Silvestrini, que, mesmo sabendo de todos
os riscos que eu estava correndo, comandou toda cirurgia de síntese
dos ossos fraturados e a reconstrução vascular, muscular e plástica da
minha perna.
Foram fixadas placas com parafusos em meus ossos e um fixador
externo (que parecia uma antena de televisão).
A mobilização de toda minha família e amigos torcendo pela
minha recuperação foi algo emocionante, que jamais esquecerei.
Neste momento gostaria de render minhas homenagens e
agradecimentos aos meus pais (Ariovaldo Vieira dos Santos e Isilda
Barcelos Vieira), às minhas irmãs (Flávia Barcelos Vieira e Margarete
Aparecida Vieira de Carvalho) e, principalmente ao meu Tio Tonico
(Antônio Carlos Barcelos), que muitas noites dormiu ao meu lado,
aguentando juntamente comigo todo o sofrimento de estar prostrado
em um leito de hospital. Jamais poderia também deixar de agradecer
ao movimento católico Hallel de Franca, principalmente os grupos
Som e Vida e Maanaim, por todas as orações e ao carinho a mim
prestados.
Foram 5 (cinco) dias de muito sofrimento e angústia no hospital,
pois não sabíamos se as cirurgias tiveram os resultados desejados, e a
iminência de perder parte da minha perna esquerda até então não
estava descartada.
Foi até que no sexto dia de internação recebemos a grata e
maravilhosa notícia de que não haveria necessidade de qualquer
amputação.
Pois bem, começava então a batalha para voltar os movimentos
da minha perna esquerda e a possibilidade de retornar a andar.
Após o décimo dia dentro do hospital recebi a tão desejada alta e
fomos embora para casa continuar o processo de recuperação.
Não esqueço que quando cheguei em meu lar a primeira coisa
que queria comer era pizza (a comida do hospital, como todos sabem,
é horrível!). Esse desejo foi prontamente realizado pelos meus pais.
Comi uma deliciosa pizza de rúcula com tomate seco.
Fabrício Barcelos Vieira

Os primeiros meses foram de muitas lutas e dificuldades, pois


somente conseguia me locomover através da cadeira de rodas. Por
outro lado, cumpria "à risca" todas as orientações médicas e dos
fisioterapeutas, e, pouco tempo depois, comecei a andar com a ajuda
de muletas.
Um dia inesquecível foi o da retirada do fixador externo (das
"antenas"). A sensação foi indescritível, como um escravo se livrando
dos grilhões. Até então só usava bermudas ou shorts, e nunca
imaginava que seria tão prazeroso colocar uma calça jeans.
Pois bem, detalhes à parte, e encurtando a conversa para não
mais incomodá-lo, prezado leitor, o certo é que fiquei afastado do
trabalho por algo em torno de 6 (seis) meses.
Todavia, quando retornei às minhas atividades, notei que eu não
era mais a mesma pessoa. Obviamente que o meu corpo não era o
mesmo, pois, além de engordar em tomo de 20 quilos (algo que
adorei, por incrível que pareça!) estava com a perna esquerda
totalmente deformada. Mas a maior mudança foi no meu interior,
disso eu não tenho dúvidas.
Às vezes nos perguntamos por quê tal fato está acontecendo em
nossa vida, que nada dá certo, que sou um azarado, etc. Mas poucas
vezes nos deparamos com o "para quê" algo está acontecendo ou
aconteceu em nossas vidas.
É óbvio que toda minha vivência dentro dos movimentos ligados
à Igreja Católica e, principalmente, minhas sessões de terapia com a
Dra. Márcia Maia (a quem também rendo meus eternos
agradecimentos), me fizeram enxergar com mais clareza a razão pela
qual ocorreu tal mudança em minha vida.
Deus nos permite passar por situações no sentido de que
possamos parar e refletir sobre aquilo que estava errado e o que pode
ser feito para melhora, como forma de amadurecimento.
Depois do acidente me tornei uma pessoa mais madura e
disposta a correr atrás dos sonhos e objetivos, sem esperar a obra
do "acaso".
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 12 Indenizatórios do Inss

Com isso, juntamente com o amigo er sócio, Dr. Tiago Faggioni


Bachur, comecei e continuo construindo minhas aspirações, seja como
advogado, professor e agora como escritor.
A presente obra, caro leitor, nada mais é do que o resultado de
tudo que vivenciei desde a data do meu acidente até agora.
O auxílio-acidente é matéria pouco discutida em nossos
tribunais e, principalmente, em obras doutrinárias. Desta forma, a
dificuldade em obter material para esse livro não foi um obstáculo, e
sim, um grande estímulo, na busca de auxiliar e ajudar profissionais e
estudantes da área, e, por que não, aqueles que também, assim como
eu, passaram pela dificuldade da recuperação de um acidente e a "via
sacra" para a busca de um direito.
Enfim, espero que esta obra, com toda humildade, seja
instrumento de conhecimento e ferramenta útil de trabalho a todos os
operadores do direito.

Fabrício Barcelos Vieira


Franca, abril de 2011
AGRADECIMENTOS

Agradeço:

- a Deus pelo dom da vida;

- aos meus pais por todo incentivo, apoio e amor a mim


dedicados, mesmo nos momentos mais difíceis e complicados. E
ainda, por serem os meus grandes mestres;

- a toda equipe Bachur & Vieira advogados: Dra. Aline Cristina


Mantovani; Dra. Amanda Caroline Mantovani; Dra. Caroline Ricco
Alves Reis; Dra. Elaine de Moura; Dra. Eliza Lourenço Franco, Dra.
Fernanda Aparecida de Sene Piola, Dra. Nara Tassiane de Paula e
Dra. Rita de Cássia Lourenço Franco;

- aos Drs. Ewerton Edgard Tozzi, Hermes Barbosa da Silva e


Moacir Carlos Piola;

- ao Dr. Tiago Faggioni Faggioni Bachur, que além de meu


parceiro e sócio, foi meu grande incentivador para escrever este livro;

- ao Dr. Tiago Andrade e Ana Lúcia Faleiros, responsáveis pela


Academia Francana de Direito, os primeiros a acreditar em meu
potencial acadêmico;
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 14 Indenizatórios do Inss

- a todos os alunos dos cursos de direito previdenciário, em


especial àqueles que nos acompanharam na Academia Francana de
Direito, OAB/ES A Barretos, OAB/E SA Bebedouro, OAB/ESA Franca,
OAB Uberaba e OAB Sertaõzinho;

- a Selma Mussi Ribeiro Braga, pessoa brilhante e maravilhosa,


que mudou a minha vida, e me fez saber o real sentido do que é o amor
e a felicidade.
"Tudo que vale a pena possuir, vale a pena esperar, aguardar o
tempo de Deus".

Gisele Museti - Banda Taus


SUMARIO

1 Introdução........................................................................................ 23
2 Conceito........................................................................................... 31
2.10 Que é Acidente........................................................................ 31
2.2 0 Que é o Auxílio-Acidente...................................................... 31
2.3 Natureza Jurídica...................................................................... 33
2.4 Requisitos ................................................................................ 36
2.5 Distinção em Relação aos demais Benefícios por Incapacidade .40
2.6 Tipos de Auxílio-Acidente........................................................ 41
2.6.1 Auxílio -Acidente Acidentário........................................... 41
2.6.1.1. Comunicação de Acidente de Trabalho (Cat)............ 43
2.6.1.2, Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (Ntep) . 45
2.6.2 Auxílio-Acidente Previdenciário........................................ 48
2.7 Carência..................................................................................... 49
2.8 Valor Mensal............................................................................. 50
2.9 Data de Início do Benefício...................................................... 53
2.10 Estabilidade no Emprego (Garantia de Emprego).................. 58
2.11 Auxílio Suplementar............................................................... 59
3 Duração do Benefício...................................................................... 63
3.1 Concessão e Duração................................................................. 63
3.2 Suspensão, Restabelecimento e Extinção................................. 64
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 18 Indenizatórios do Inss

3.3 Cumulação com outros Benefícios..............................................65


3-4 Vitaliciedade do Benefício..........................................................69
3.5 Possibilidade de Contar o Tempo do Auxílio-Acidente
para Fins de Aposentadoria..............................................................75
3.6 Reabilitação Profissional e Presunção de Incapacidade........... ..77
4 Beneficiários.................................................................................... .79
4.1 Quem pode Receber o Auxílio-Acidente.................................. ..79
4.2 Possibilidade de o Contribuinte Individual Receber o
Benefício..................................................................................... ..80
4.3 Desempregado Ou Segurado Em Outro Emprego................... ..85
4.4 Direito Do Aposentado Que Volta A Trabalhar....................... ..87
5 Legislação Aplicável....................................................................... ..91
5.1 Instruções Normativas.................................................................91
5.2 Artigo 104 Do Decreto N° 3.048/1999..................................... ..91
5.3 Anexo III Do Decreto N° 3.048/1999 ...................................... ..92
6 Aspectos Processuais Práticos...........................................................95
6.1 Competência Jurisdicional........................................................ ..95
6.2 Prescrição das Ações Judiciais....................................................96
7 Recebimento sem Gozo do Auxílio-Doença Previamente................99
8 Nível de Perda, Percentual e Sua Revisão....................................... .101
9 Inclusão no Salário de Benefício..................................................... ..109
lOConclusão....................................................................................... ..111

Jurisprudência Temática...................................................................... .113


Acúmulo de Auxílio-Acidente com Aposentadoria........................ ..113
Impossibilidade de Cumulação de Aposentadoria com Au­
xílio-Acidente decorrente do mesmo fato Gerador......................... .118
Auxílio-SuplementarTransformado em Auxílio-Acidente - Ma­
joração da Alíquota......................................................................... ..118
Incapacidade para exercer função habitual, mas não para outras.. 119
Fabrício Barcelos Vieira 19 ■

Impossibilidade de Cumulação de Auxílio-Doença com Au­


xílio-Acidente.................................................................................. 119
Data de Início do Benefício............................................................. 120
Nexo de Causalidade ... .................................................................. 121
Revisão Para Majoração Do Percentual De 50%............................ 121
Possibilidade de Concessão do Auxílio-Acidente para o Traba­
lhador Rural..................................................................................... 128
Amputação De Dedos Da Mão........................................................ 128
Auxílio-Suplementar....................................................................... 130
Benefício Deve ser Regido pela Lei Vigente à Época da sua
Concessão........................................................................................ 131

Acórdãos na íntegra............................................................................. 133

Modelos de Petições............................................................................ 157


1. Requerimento de Auxílio-Acidente Decorrente de Doença
Laborai............................................................................................. 159
2. Auxílio-Acidente Decorrente de Acidente "In Itinere"............... 173
3. Auxílio-Acidente Decorrente de Acidente de Qualquer Na­
tureza .............................................................................................. 191
4. Auxílio-Acidente para Contribuinte Individual........................... 205
5. Ação Para Recebimento de Dois Auxílios-Acidentes................ 225
6.Revisão De Auxílio-Acidente para Majoração do Percentual
para 50% 239

Notícias e Artigos Publicados............................................................. 249


Concessão de Auxílio -Acidente Independe da Extensão do Dano. 251
Empregados Domésticos Poderão Ter Auxílio-Acidente............... 253
Súmula 44 Agu Possibilidade de Acumular Auxílio-Acidente
com Aposentadoria - 04-06-2010.................................................... 255
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 20 Indenizatórios do Inss

Auxílio-Acidente é Devido Apenas Quando Houver Perda da


Capacidade Laborativa - 28-05-2010............................................. 257
Revisão do Auxílio-Acidente vai sair Mais Rápido - 19-04-2010 -
AnayCury........................................................................................ 259
Auxílio-Acidente é Devido Apenas Quando Houver Perda da
Capacidade Laborativa - 28-05-2010............................................. 261
Revisão do Auxílio-Acidente Vai Sair Antes - 24-05-2010........... 263
Revisão do Auxílio-Acidente Vai Sair Mais Rápido 19-04-2010 -
AnayCury........................................................................................ 265
Doença Curável Também dá Auxílio-Acidente - 12-04-2010
Anay Cury e Gisele Lobato............................................................. 267
Lei Posterior não Altera Percentual do Auxílio-Acidente - 17-03-
2010................................................................................................. 269
TJSP: Possibilidade de Acúmulo de Auxílio-Acidente com
Aposentadoria 24-02-2010.............................................................. 271
Recurso Repetitivo: Auxílio-Acidente é Devido Mesmo se a
Lesão For Reversível - 08-02-2010 ............................................... 273
Justiça Amplia Direito ao Auxílio-Acidente - 05-02-2010............. 275
Justiça Garante a Revisão do Auxílio-Acidente - 21-01-2010
Paulo Muzzolon.............................................................................. 277
Auxílio-Acidente não deve ser Inferior a R$ 510 - 05-01-2010
Luciana Lazarini............................................................................. 279
Quem Tem Lesão Reversível Recebe Auxílio-Acidente -10-12-
2009................................................................................................. 281
Superior Tribunal de Justiça Decide, em Recurso Repetitivo,
Que Pessoa com Lesão Reversível também Pode Receber Anxílio-
Acidente-08-12-2009 ..................................................................... 283
Incapacidade Parcial Garante Auxílio-Acidente - 07-12-2009
AnayCury........................................................................................ 285
Surdez Garante Auxílio-Acidente - 09-11-2009............................. 287
Fabrício Barcelos Vieira 21 ■

Nova Súmula da Agu: Segurado Pode Acumular Grana da


Aposentadoria e do Auxilio-Acidente - 16-09-2009....................... 289
Demitido Pode Ter Auxílio-Acidente - 22-07-2009........................ 293
Auxílio Acidente.............................................................................. 295

Normas Sobre Auxílio-Acidente......................................................... 297


1. Lei N° 8.213/1991........................................................................... 297
2. Decreto 3.048/1999 ........................................................................ 298
3. Instrução Normativa N° 45/2010.................................................... 300
1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca fazer uma análise aprofundada sobre


o benefício previdenciário do auxílio-acidente, trazendo todas as suas
nuances, definições, conceitos, beneficiários; focando o estudo nas
várias possibilidades e modalidades que o segurado pode gozá-lo;
levantando, ainda, algumas teses inovadoras, em que pese a
existência de vedações legais para determinadas situações.
Contudo, faz-se necessária uma breve noção sobre a
Previdência Social, haja vista que o benefício em estudo configura-se
em uma prestação pecuniária por aquela prestada.
Pois bem, a Previdência Social é um dos ramos da Seguridade
Social (composta pela saúde e a assistência social). Assim conceitua o
artigo 194 da Constituição Federal:

Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado


de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência
e à assistência social.

Deste modo, em termos práticos, a previdência é devida para


aqueles que pagam (contribuem); a saúde é um direito de todos (e um
dever do Estado) e a assistência social é prestada para aqueles que
necessitam.
Nesta seara, cabe-nos sempre recordar que a finalidade
principal da Seguridade Social é a cobertura dos riscos sociais. Sendo
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 24 Indenizatórios do Inss

assim, estando o segurado diante de uma adversidade da vida, um


infortúnio, que gere encargos produzidos por um fato não previsto ou
não ocasionado intencionalmente, fará ele jus à atuação do Estado, no
sentido de acobertá-lo a ampará-lo (assim como à sua família)
enquanto a situação de necessidade perdure.
O seguro social, em nosso país, é realizado pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS).
Com efeito, a Constituição Federal, no capítulo da Seguridade
Social, dedica uma seção à previdência social, consubstanciada,
principalmente, pelo artigo 201:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de


regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e
atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a;
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade
avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante:
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego
involuntário:
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos
segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge
ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2o.

Então, em face da análise supra não restam dúvidas de que o


auxílio-acidente, por ser um benefício previdenciário, é uma
exteriorização de um direito social, ora amparado pela Constituição
Federal.

1.1 HISTÓRICO

Inicialmente, cabe discorrer que o início do pensamento em


proteção previdenciária no mundo se dá com a instituição de normas
criadoras de amparo aos acidentes de trabalho.
Fabrício Barcelos Vieira 25 ■

Sabe-se que a cobertura pelos acidentes de trabalho era,


inicialmente, obrigação exclusiva do empregador. Tempos depois isso
foi transferido para os seguros privados e somente mais tarde é que
foi alcançado pelo sistema da previdência social.
Pois bem, com a previdência social brasileira não foi diferente,
uma vez que teve seu início com a Lei n° 3.724/1919, instituidora do
Seguro de Acidentes do Trabalho. Tal norma baseou-se na teoria da
responsabilidade objetiva do empregador pelos acidentes de
trabalho, ou "teoria do risco profissional". Entretanto, apenas
acidentes originados por caso fortuito poderiam ser indenizados.
Desta feita, atos de imprudência, negligência ou imperícia do
empregado que gerassem acidente ficavam excluídos de reparação.
No entanto, o Decreto Legislativo n° 4.862/1923, denominado Lei
Elói Chaves, é apontado pela grande maioria como o marco primeiro
da nossa previdência social. Tal fato é confirmado pelo Dia da
Previdência Social, que é 24 de janeiro, data da promulgação da
referida norma.
Já as primeiras referências normativas dispondo sobre a matéria
de acidente do trabalho no Brasil, buscando a proteção do trabalhador
em virtude dos infortúnios ocorridos na atividade trabalhista surge
inicialmente no Brasil com as Ordenações Filipinas, e,
posteriormente, com o Código Comercial, de 1850, que em seu artigo
78 preceituava a garantia do pagamento de 3 (três) meses de salários
ao preposto que sofresse acidente em serviço.
Quanto à proteção constitucional, a Constituição de 1934 foi a
primeira a trazer no seu texto a proteção ao acidente de trabalho (art.
121, § Io, h).
A origem mais remota do auxílio-acidente é encontrada no
Decreto-lei n° 7.036/1944 (regulamentado pelo Decreto n° 18.809/
1945). Tal normativo disciplinava a incapacidade parcial e
permanente do trabalhador, outorgando-lhe uma prestação
inominada, que representava o equivalente de 3 (três) a 80 (oitenta)
centésimos da quantidade correspondente a 4 (quatro) anos de
diárias. Já se estabelecia uma natureza de indenização de um
prejuízo causado à habilidade de trabalhar do segurado.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário; Os Benefícios
■ 26 Indenizatórios do Inss

Por sua vez, a primeira norma que atribuiu um percentual ao


benefício foi a Lei n° 2.873/1956, que determinava 20% (vinte por
cento) da "indenização para os casos de cegueira total, e perda ou
paralisação de membros superiores ou inferiores e de alienação
mental".
Há de se mencionar que a Lei n° 3.870/1960, a denominada Lei
Orgânica da Previdência Social (LOPS), em sua redação original,
nada dispunha especificamente sobre os acidentes de trabalho, com
exceção do seu artigo 170, sobre as Carteiras de Acidentes do
Trabalho. Vejamos:

Art. 170. Serão estendidas às demais instituições de previdência


social as atuais Caixas de Pecúlio destinadas a seus servidores ou
empregados e mantidas as atuais Carteiras de Acidentes do
Trabalho.

A Lei n° 5.316/1967 inovou, e integrou o chamado seguro de


acidentes de trabalho na previdência social. O seu artigo Io foi cristalino
ao dizer que o seguro obrigatório de acidentes do trabalho seria, a partir
de então, realizado na previdência social. Em seu bojo se definiu o que
era a previdência social e também se conceituou o acidente de trabalho.
Mas foi o seu artigo T que inovou e trouxe para a previdência social a
prestação de um benefício denominado auxílio-acidente:

Art. 7o A redução permanente da capacidade para o trabalho em


percentagem superior a 25% (vinte e cinco por cento) garantirá ao
acidentado, quando não houver direito a benefício por
incapacidade ou após sua cessação, e independentemente de
qualquer remuneração ou outro rendimento, um "auxílio-acidente"
mensal, reajustável na forma da legislação previdenciária,
calculado sobre o valor estabelecido no item II do art. 6o e
correspondente à redução verificada.

Contudo, é com a Lei n° 6.367/1976 que o auxílio-acidente passa


a ter os contornos de como é atualmente. Tal normativo também
Fabrício Barcelos Vieira 27

preceituava sobre o seguro de acidentes do trabalho, colocando-o a


cargo do até então denominado Instituto Nacional de Previdência
Social (INPS), o que hoje corresponde ao Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS).
O renomado jurista Hertz Jacinto Costa' afirma que a referida
Lei n° 6.367/1976 "encampou a Teoria da Solidariedade Social, em que
não se cogita de culpa, quer do empregador, quer do empregado,
tendo o Estado, através da sua autarquia federal (INSS), assumido a
responsabilidade de pagar as prestações acidentárias".
Essa lei também conceituou o que vinha a ser acidente do
trabalho, assim estabelecendo em seu artigo 2o:

"O acidente de trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do


trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que causa a morte, ou perda e redução,
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho".

Sendo, então, que o seu artigo 6o e parágrafos, trouxe a definição


do auxílio-acidente. Naquela época já havia a ideia de que tal
benefício deveria ser concedido se, a partir da cessação do auxílio-
doença e, após a consolidação das lesões resultantes do acidente,
permanecesse o segurado incapacitado para o exercício da atividade
que habitualmente exercia na época do acidente. Seu valor
correspondia a 40% (quarenta por cento) do valor do salário de
contribuição (ou sua média, em caso de remuneração variável)
vigente à época do acidente.

Art. 6° O acidentado do trabalho que, após a consolidação das


lesões resultantes do acidente, permanecer incapacitado para o
exercício de atividade que exercia habitualmente, na época do
acidente, mas não para o exercício de outra, fará jus, a partir da
cessação do auxílio-doença, a auxílio-acidente.

1 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do TVabalho. Curitiba: Jumá, 2009, p. 5


Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
28 Indenizatórios do Inss

§ Io O auxílio-acidente, mensal, vitalício e independente de


qualquer remuneração ou outro benefício não relacionado ao
mesmo acidente, será concedido, mantido e reajustado na forma do
regime de previdência social do INPS e corresponderá a 40%
(quarenta por cento) do valor de que trata o inciso II do Art. 5o
desta lei, observado o disposto no § 4o do mesmo artigo.
§ 2U A metade do valor do auxílio-acidente será incorporada ao
valor da pensão quando a morte do seu titular não resultar de
acidente do trabalho.

Em continuidade, temos o Decreto n° 77.077/1976, denominado


como Consolidação das Leis da Previdência Social (CLPS). Tal
dispositivo trazia o auxílio-acidente em seu artigo 170, apontando
que seu valor era correspondente à redução da capacidade para o
trabalho. Neste momento passou a ser denominado de auxílio-
suplementar
Posteriormente, a Consolidação das Leis da Previdência Social
teve nova edição, com o Decreto n° 89.312/1984. Tal normativo
continuou mantendo a existência do auxílio-suplementar e do
auxílio-acidente.
Já em 1991, com a vinda do Plano de Benefícios da Previdência
Social, Lei n° 8.213/1991, o auxílio-acidente passou a ser analisado
sob a ótica de três sinistros, cabendo então um benefício com
percentuais de 30% (trinta por cento), 40% (quarenta por cento) e 60%
(sessenta por cento) do salário de contribuição.
Nas palavras do brilhante professor Wladimir Novaes
Martinez'*, essa tríplice divisão "era modalidade de proteção
superior, porque permitia à perícia médica melhor avaliar o espectro
dos diferentes níveis de perda da capacidade".
Somente a partir da Lei 9.032/1995 é que houve uma unificação
do percentual, configurando-se então em 50% (cinqüenta por cento)
da média do salário de contribuição.

2 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 18.


Fabrício Barcelos Vieira 29 ■

Foi d retromencionada lei que também introduziu o direito ao gozo


do auxílio-acidente ao imprevisto de qualquer natureza, não ficando
restrito apenas ao acidente oriundo de um infortúnio trabalhista.
A sua qualificação como natureza jurídica de indenização
surgiu com a Lei n° 9.129/1995, afetando o texto original,
determinando que:
O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao
segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade funcional.
Importante denotar que não há no ordenamento jurídico
brasileiro uma lei própria para acidentes de trabalho, mas sim regras
espalhadas nos benefícios da Previdência Social.
Por fim, pode-se elencar que a última alteração substancial pela
qual passou o auxilio-acidente foi a decorrente da Lei n° 9.528/1997,
que eliminou o seu caráter vitalício, passando a ser devido somente
até a concessão de qualquer espécie de aposentadoria. Anteriormente
o benefício era concedido até a morte do segurado.
2 CONCEITO

2.1 O QUE É ACIDENTE

O mestre Aurélio Buarque de Hollanda Ferreira* descreve que


acidente é um "acontecimento casual”. Ou seja, para Aurélio é um fato
não querido e não esperado que se ocorra.
Para fins do presente estudo deve-se ter em mente que o acidente
é algo que aconteceu sem que houvesse vontade direta do agente.

2.2 O QUE É O AUXÍLIO-ACIDENTE

O auxílio-acidente está disposto na Lei n° 8.213/1991, no artigo 86


e seus parágrafos, assim como no Decreto n° 3.048/1999, artigo 104*, em

3 FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Pequeno dicionário brasileiro da língua portugue­


sa. 11. ed. Rio de Janeiro: Companhia Editora Nacional, 1976, p. 19
4 Art. 104. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado empregado, exceto
o doméstico, ao trabalhador avulso e ao segurado especial quando, após a consolidação das
lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva, conforme as
situações discriminadas no anexo III, que implique: I - redução da capacidade para o trabalho
que habitualmente exerciam; II - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente
exerciam e exija maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exerciam à época do
acidente; ou EI - impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente,
porém permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional, nos casos
indicados pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social.
Auxilio Acidente Previdenciário e Acidentário. Os Benefícios
■ 32 Indenizatórios do Inss

seus incisos e parágrafos, A Constituição Federal também o


menciona, no artigo 2015.
Conceitua-se como um benefício pago a segurado que tenha
sofrido acidente de trabalho ou acidente de qualquer natureza que,
após a consolidação das lesões resultantes do aludido acidente, resulte
em seqüelas que diminuam a capacidade para a atividade que exercia
quando do infortúnio. Veja o que diz a Lei n° 8.213/1991, no artigo 86:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

É então um benefício de prestação continuada (ou seja, pago mês


a mês até a aposentadoria ou até a morte, quando for o caso) pago em
dinheiro pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ao segurado
que ficar incapacitado parcialmente para o trabalho em decorrência de
acidente do trabalho ou acidente de qualquer natureza.
Deste modo, o auxílio-acidente pressupõe a existência de uma
seqüela definitiva após a consolidação de lesões decorrentes de
acidente de trabalho ou acidente de qualquer natureza.
Cabe aqui uma pequena explanação e diferenciação entre o
auxílio-acidente e o auxílio-doença acidentário. Os doutrinadores
Tiago Faggioni Bachur e Maria Lúcia Aielo6, com a sapiência que lhes
é peculiar, ensinam:

5 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio finan­
ceiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez,
morte e idade avançada; II - proteção à maternidade, especialmente à gestante; III - proteção
ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV - salário-famíliae auxflio-reclusão
para os dependentes dos segurados de baixa renda; V - pensão por morte do segurado,
homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § T .
6 BACHUR, Tiago Faggioni. AIELLO, Maria Lúcia Teoria e prática do direito previdenciário
2. ed. São Paulo: Lemos e Cruz, 2009, p. 312.
Fabrício Barcelos Vieira 33 ■

Uma das principais diferenças é que no auxílio-doença (inclusive a


provocada por acidente de trabalho) a incapacidade é TOTAL e
TEMPORÁRIA e no auxílio-acidente a incapacidade é PARCIAL
(podendo ou não ser PERMANENTE). Dessa maneira, via de regra,
aquele que recebe auxílio-acidente já recebeu auxílio-doença.

Importante também mencionar nesta oportunidade que o


auxílio-acidente tem uma profunda relação com a medicina do
trabalho (destarte, sofre naturalmente influências científicas desta),
principalmente no que diz respeito aos problemas de perdas
auditivas (disacusia neurossensorial), haja vista que, conforme dados
técnicos, 95% (noventa e cinco por cento) das prestações acidentárias
são decorrentes desta disacusia.
Outra questão a ser levantada é que no Superior Tribunal de
Justiça (STJ) o Resp 1108298 (com decisão transitada em julgado em
08/09/2010) , da relatoria do ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
trata da necessidade de comprovação da efetiva redução da
capacidade laborativa do segurado para os casos de concessão de
auxílio-acidente. Segundo o relator:

O auxílio-acidente visa indenizar e compensar o segurado que


não possui plena capacidade de trabalho em razão do acidente
sofrido, não bastando, portanto, apenas a comprovação de um
dano à saúde do segurado, quando o comprometimento da sua
capacidade laborativa não se mostre configurado.

2.3 NATUREZA JURÍDICA

A grande maioria dos doutrinadores e especialistas na


matéria conceituaram o auxílio-acidente com grande propriedade.
Contudo poucos se detiveram na análise da natureza jurídica da
referida prestação.
Os professores Tiago Faggioni Bachur e Fabrício Barcelos Vieira,
no Curso "Teoria e Prática do Direito Previdenciário" que foi ministrado
na OAB de Uberaba, na aula do dia 31/03/2011, ressaltaram:
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidontário: Os Benefícios
■ 34 Indenizatórios do Inss

"Infelizmente, a maioria da doutrina esquece de falar do auxílio-


acidente, ou melhor, fala muito pouco sobre esse benefício por
incapacidade pago pela Previdência Social. E o que é pior, não
raras as vezes os doutrinadores fazem uma confusão 'danada' com
esse benefício, misturando com auxílio-doença por acidente, que
não tem nada haver com o auxílio-acidente. A bem da verdade, o
auxílio-acidente acaba sendo ‘um patinho feio' dentro do direito
previdenciário, e é preciso acabar com esse misticismo e tentar
demonstrar que esse ‘patinho feio' pode se tornar um ‘belo cisne'."

Antes de adentrar a questão específica sobre a natureza jurídica


do benefício,importante trazer à baila as palavras de Alex Perozzo
Boeira7, ao mencionar que as prestações previdenciárias "envolvem
obrigação de dar, marcadas, pois, pela efetiva transferência de
riqueza entre os sujeitos da relação".
A professora Cláudia Salles Vilela Viana*, com a maestria que
lhe é peculiar, define o auxílio-acidente como uma "indenização paga
ao segurado empregado (exceto o doméstico), trabalhador avulso,
segurado especial ou médico-residente".
Logo, observa-se que a natureza jurídica do aludido benefício
previdenciário é de uma indenização, uma vez que não tem caráter
substitutivo do salário ou renda do segurado, e pode ser recebido
cumulativamente com os mesmos, até com outros benefícios.
Com efeito, o auxílio-acidente permite o retorno ao trabalho,
desde que a atividade desenvolvida não agrave a incapacidade já
instalada.
Aliás, diga-se de passagem, conforme as brilhantes palavras de
Fábio Zambitte*, o auxílio-acidente é o “único benefício
indenizatório da Previdência Social".

7 BOEIRA, Alex Perosso. A cumulação de auxílio-acidente e aposentadoria por tempo de


serviço/contribuição. São Paulo: Mundo Jurídico Editora, 2009, p. 18.
8VIANA, Cláudia Salles Vilela. Previdência social. São Paulo: LTr, 2005, p. 621.
9IBRAH1M, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. Rio de Janeiro: Impetus,
2002, p. 430.
Fabrício Barcelos Vieira 35 ■

Sendo assim, o escopo de conceituá-lo como uma indenização é


fazer do auxílio-acidente um benefício previdenciário para que o
mesmo sirva de uma "recompensa" pelas perdas causadas à sua
capacidade laborativa.
Neste sentido, Wladimir Novaes Martinez™ ensina que o
auxílio-acidente é um benefício previdenciário que "[...]
presumidamente fica no lugar de fração do salário que o trabalhador
não mais poderia obter”.
No mesmo sentido, o já festejado Alex Perozzo Boeira*'
leciona que:

Sua natureza, entretanto, não é substitutiva, mas indenizatória.


Visa a compensar a mácula que, em decorrência do evento,
minurou suas aptidões para o labor rotineiro. Desse modo, o
auxílio-acidente não se faz passar pela renda de subsistência do
segurado, substituindo o que auferia com sua força de trabalho
hígida. Presta-se, tão somente a contrabalançar, reparar os
possíveis reflexos que a redução da capacidade laborativa lhe
possa causar.

Sendo assim, mediante sua natureza, o benefício pode ser de


valor inferior ao salário mínimo nacional vigente. Não há, então,
quebra do princípio constitucional do valor mínimo dos benefícios
previdenciários, uma vez que não se fala em substituição de
rendimentos ou salários, além do caráter suplementar do benefício.
Não há impedimento de que, configurado um ilícito por parte do
empregador, o beneficiário do auxílio-acidente também possa receber
indenização quando houver lesão, ofensa a sua saúde ou outro
prejuízo que possa ter sofrido. Esta questão está disciplinada no
Código Civil (Lei n° 10.406/2002), em seu artigo 950:

10MARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 26.


11BOEIRA, Alex Perosso. A cumulação de auxílio-acidente e aposentadoria por tempo de
serviço/contribuição. São Paulo: Mundo Jurídico Editora, 2009, p. 25.
Auxilio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 36 Indenizatórios do Inss

Alt. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não


possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez.

Aliás, o Supremo Tribunal Federal (STF) corrobora com o


entendimento supra. Tanto que editou a Súmula 229:
Indenização Acidentária - Exclusão do Direito Comum - Dolo
ou Culpa Grave do Empregador - A indenização acidentária não
exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do
empregador.

2.4 REQUISITOS

Não basta que o cidadão cumpra os requisitos elencados no


artigo 86 da Lei n° 8.213/1991, ou seja, que ocorra um acidente gerador
de uma lesão, que por sua vez resulte em seqüelas que diminuam a
capacidade de trabalho. Faz-se, também, necessário que a pessoa
esteja na qualidade de segurado do Regime Geral de Previdência
Social, o chamado RGPS, quando da ocorrência do infortúnio, ou seja,
é preciso que ele tenha vínculo com a Previdência Social.
A qualificação e a condição de manutenção da qualidade de
segurado estão dispostas no artigo 15 da Lei n° 8.213/1991:

Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente


de contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o
segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida
pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração:
Fabrício Barcelos Vieira 37 ■

III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado


acometido de doença de segregação compulsória;
IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado retido ou
recluso;
V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado
às Forças Armadas para prestar serviço militar;
VI - até 6 (seis) meses após a cessação das contribuições, o
segurado facultativo.
§ 1° O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e
quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e
vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda
da qualidade de segurado.
§ 2o Os prazos do inciso II ou do § Io serão acrescidos de 12 (doze)
meses para o segurado desempregado, desde que comprovada
essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do
Trabalho e da Previdência Social.
§ 3o Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os
seus direitos perante a Previdência Social.
§ 4o A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao
do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade
Social para recolhimento da contribuição referente ao mês
imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados neste artigo
e seus parágrafos.

Deste modo, por exemplo, quem está trabalhando e vertendo


suas contribuições corretamente ou em gozo de um beneficio
previdenciário permanece na qualidade de segurado.
Ainda, há o chamado período de graça, em que o segurado
permanece nesta situação por algum tempo, mesmo sem
contribuições aos cofres da Previdência. Tal situação está prevista nos
parágrafos Io, 2o e 3o do aludido artigo 15 da Lei n° 8.213/1991.
Há outro elemento, de ordem subjetiva, que é a vontade. Assim,
o segurado somente receberá o auxílio-acidente se cumprir os
requisitos acima e manifestar o requisito volitivo, ou seja, tem que
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 38 Indenizatórios do Inss

querer gozar o benefício. O INSS não pode implantar tal prestação


pecuniária de ofício'*.
Exige-se também, até com certa obviedade, para a concessão do
referido benefício, a existência do nexo causai ou etiológico entre o
acidente e a incapacidade parcial.

Deve ser ressaltado que o ordenamento jurídico pátrio não mais


está exigindo, para configuração do auxílio-acidente decorrente de
acidente do trabalho, a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT).
Neste sentido, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, através do
eminente Desembargador Paulo Antônio Kretzmann, na Ap. n°
598141133, manifestou-se nos seguintes termos:

A notificação do evento, pela comunicação de acidente do trabalho


à previdência (CAT), não é elemento essencial ao desenvolvimento
da ação acidentária, já que diligência que cabe ao empregador -
art. 22. Princípio da substanciação (art. 282, III, CPC). Baseando-se
o pedido no fato (acidente/doença) que determina a incapacidade,
ou a redução da capacidade (causa de pedir remota), pode ser este
comprovado inclusive através de testemunhas. Não pode o
trabalhador ser prejudicado pela desídia ou desorganização da
empresa, mormente quando o dever de fiscalização não é cumprido
pelo Estado,

Aliás, esse também é o entendimento da Sexta Turma do


Superior Tribunal de Justiça (STJ):

12 Entretanto, é polêmico e questionável o Decreto n° 3.048/99, ao se referir sobre outro


benefício por incapacidade (auxílio-doença):
“Art. 76. A previdência social deve processar de ofício o benefício, quando tiver ciência da
incapacidade do segurado sem que este tenha requerido auxílio-doença.
Art. 76-A. É facultado à empresa protocolar requerimento de auxílio-doença ou documento
dele originário de seu empregado ou de contribuinte individual a ela vinculado ou a seu
serviço, na forma estabelecida pelo INSS. (Incluído pelo Decreto n° 5.699, de 2006)
Parágrafo único. A empresa que adotar o procedimento previsto no caput terá acesso às
decisões administrativas a ele relativas. (Incluído pelo Decreto n° 5.699. de 2006)”
Fabrício Barcelos Vieira 39 ■

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. AÇÂO


ACIDENTÁRIA. AUSÊNCIA DA COMUNICAÇÃO DE
ACIDENTE DO TRABALHO - CAT. DESNECESSIDADE.
AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL.
1. Mesmo após o advento da Lei 8.213/91, o ajuizamento da ação
acidentária prescinde da prévia Comunicação de Acidente do
Trabalho - CAT por se cuidar de dever do empregador.
2. Interpretação sistemática dos artigos 129 e 22 da Lei 8.213/91 e
inteligência da Súmula n° 89 deste Superior Tribunal de Justiça.
Precedentes.
3. Em regra, "(...) o auxílio-acidente será devido a partir do dia
seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado,
vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria." (artigo 86,
parágrafo 2o, da Lei 8.213/91).
4. Nas hipóteses em que há concessão de auxílio-doença, o auxílio-
acidente é devido a partir do dia seguinte ao da cessação do
auxílio-doença.
5. Recurso improvido. (STJ - REsp 616139 / MG - RECURSO
ESPECIAL - 2003/0219616-7. Rei. Min. Hamilton Carvalhido. Sexta
Turma - DJ 28/06/2004 p. 445)

Ademais, a falta da emissão da CAT pelo empregador não pode


prejudicar o direito do obreiro, posto que este não pode ser
prejudicado por fato negligente de terceiro.
E mais, a jurisprudência é firme no sentido de que a falta de
comunicação do acidente é suprida pela prova testemunhai. Nesse
sentido: JTACivSI> Lex, Vol. 111/371, Ap. Sum. 193.545-7, Ia Câm.,
Rei. Juiz Ruiter Oliva; JTACivSp Lex, 105/219, Ap. Sum. 186.947-8, 7a
Câm., Rei. Juiz Gildo dos Santos.
Modernamente muito se discute sobre a possibilidade de o
Poder Judiciário, utilizando-se o princípio da fungibilidade, conceder
o auxílio-acidente se o segurado pleiteou aposentadoria por
invalidez, mas não cumpriu os requisitos desta. Os posicionamentos
doutrinários são muito divergentes. Martinez/J adere à corrente de

13 M ARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 7 L


Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 40 Indenizatórios do Inss

que se trata de um julgamento extra petita, uma vez que “o segurado é


senhor do benefício a ser despachado e mais ninguém".

2.5 DISTINÇÃO EM RELAÇÃO AOS DEMAIS BENEFÍCIOS POR


INCAPACIDADE

Cabe abrir um parêntese aqui à respeito do auxílio-acidente,


comparando-o com os demais benefícios por incapacidade pagos pelo
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A Previdência Social possui três modalidades de benefícios por
incapacidade (ou incapacitantes): Aposentadoria por invalidez;
Auxílio-doença e Auxílio-acidente.
Apenas para melhor ilustrar, é importante ter em mente que a
aposentadoria por invalidez é paga ao segurado que, via de regra,
ficar incapacitado para o trabalho ou suas atividades de forma total e
permenente. Ou seja, o segurado não poderá voltar ao trabalho.
Exemplo: o segurado que ficou tetraplégico.
Já no auxílio-doença, a incapacidade para o trabalho é total,
porém, temporária. Isso quer dizer que durante determinado período,
o segurado irá se afastar de suas atividades, mas tão logo esteja apto,
retoma ao serviço. Exemplo: o segurado quebrou a perna e ficará com
a perna engessada por 90 (noventa) dias e que, após o tratamento
retomará ao serviço.
O auxílio-acidente trata-se de incapacidade parcial e
permanente, admitindo-se em alguns casos também a incapacidade
parcial e temporária. Isso quer dizer que o segurado fica inapto de
forma parcial, podendo trabalhar. Normalmente, quem goza do
auxílio-acidente, já recebeu auxílio-doença antes. Exemplo: o
trabalhador perde um dedo em uma máquina. Naquele primeiro
momento sua incapacidade é total e temporária, pois irá fazer o
tratamento médico, e passa a receber o auxílio-doença. Alguns meses
depois, após o término do tratamento, poderá voltar ao trabalho,
cessando o auxílio-doença. Porém, observa-se que este obreiro ficou
com uma seqüela após a consolidação das lesões (a perda de um
Fabrício Barcelos Vieira 41 ■

dedo), impedindo que trabalhe da mesma maneira como antes,


exigindo que ele faça um maior esforço. Nesse caso, é nitida a
existência de uma incapacidade parcial (pois pode trabalhar, não da
mesma maneira como antes) e permanente ("o seu dedo não voltará
mais"). Portanto, tem direito ao auxílio-acidente.

2.6 TIPOS DE AUXÍLIO-ACIDENTE

Assim como já consagrado pela doutrina existem o auxílio-


doença acidentário e o auxílio-doença previdenciário. O primeiro é
decorrente de uma lesão ou doença resultante de acidente do trabalho
e o segundo é gerado por qualquer infortúnio que não tenha relação
laborativa.
No mesmo sentido (uma vez que está se tratando de benefício
decorrente de incapacidade), também deve ser feita uma divisão
didática entre o auxílio-acidente acidentário e o auxílio-acidente
previdenciário. Em simples palavras, aquele é resultante de um
acidente laborai e este se origina de um acidente de qualquer
natureza, que não seja do trabalho.

2.6.1 Auxílio-Acidente Acidentário

O auxílio-acidente acidentário é o resultante de uma lesão ou


doença decorrente de um acidente de trabalho.
É identificado pelo INSS pelo código 94 (B 94)"
Conforme já mencionado, não há na legislação brasileira uma
norma específica sobre acidente de trabalho, mas sim regras
espalhadas nos benefícios da Previdência Social.
Considera-se acidente do trabalho o conceituado pelo artigo 19
da Lei n° 8.213/1991:

14 Cada modalidade de benefício pago pelo INSS possui um código ou número que o
identifica.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 42 Indenizatórios do Inss

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

O artigo 1\15 do retromencionado dispositivo legal traz o


conceito de acidentes do trabalho por equiparação (como o acidente in
itinere, por exemplo). E o seu artigo 2016 o diferencia, didaticamente,
entre doença profissional (ou ocupacional) e doença do trabalho.
Em outras palavras, não é só o acidente ocorrido nas
dependências da empresa ou a serviço da empresa que é considerado

15Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta Lei: I - o aciden­
te ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamen­
te para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou
produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo
segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: a) ato de agressão, sabo­
tagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física
intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de
imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d)
ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos
fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação aciden­
tal do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda
que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço
sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclu­
sive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação
da mão de obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
16 Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes
entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada
pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim
entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho
é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
Fabrício Barcelos Vieira 43 ■

como acidente do trabalho. A doença profissional (ou ocupacional) e a


doença do trabalho também são consideradas, para fins de percepção
de benefício previdenciário, como acidente do trabalho.
Interessante observação trazida pelos doutrinadores Carlos
Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari'7 ao discorrerem que
o auxílio-acidente, por ser uma prestação decorrente de acidente que
pode ser do trabalho, é a manifestação da teoria do risco social, que,
segundo tais mestres, nada mais é do que apontar que "é devido o
benefício, independentemente da existência de dolo ou culpa da
vítima". Assim, denotamos que, mesmo quando o segurado tenha
agido com intenção de lesionar-se, mesmo assim terá direito ao
recebimento do auxílio-acidente.
Sempre devemos recordar que, em que pese a ampliação do seu
alcance, abarcando qualquer infortúnio, a prestação beneficiária
denominada auxílio-acidente continua sendo acidentária.
Ademais, outra conseqüência jurídica gerada pelo auxílio-
acidente é a presunção de irreversibilidade da aptidão, ou seja,
mesmo que o segurado retome toda sua capacidade de trabalho para a
atividade que exercia habitualmente quando do acidente, o benefício
não será cessado.

2.6,1.1. Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

Em que pese a evolução industrial e o avanço tecnológico terem


trazido benefícios à humanidade, apresentaram um quadro de
empregados incapacitados, doentes e lesionados, por falta de
treinamento adequado aos obreiros e também por ser dada pouca
importância ao meio ambiente de trabalho.
Assim, um dos documentos em que o empregador, ou até o
próprio empregado, tem de levar ao conhecimento do poder público
trata-se da ocorrência de acidentes de trabalho chamada
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

17 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. LAZZARI, João Batista. Manual de direito
previdenciário. 6. ed. São Paulo: LTr, 2005, p. 428.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 44 Indenizatórios do Inss

A ideia da emissão da CAT é muito válida e seria extremamente


eficaz para as políticas de diminuição de acidentes com trabalhadores
se não fosse a questão do receio que os empregadores tem.
Mencionado receio se dá por conta da estabilidade de um ano
que o empregado adquire após o retorno ao trabalho (após gozo de
auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez) e também a
obrigatoriedade dos depósitos mensais de FGTS {Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço) durante o afastamento, em casos de infortúnios
trabalhistas,
Por outro lado, o Decreto n° 3,048/19997í, no seu artigo 336,
caput, é claro ao dispor que a CAT tem fins meramente estatísticos e
demonstrativos, não constituindo prova absoluta da ocorrência ou não
de um acidente de trabalho. Apenas se preceitua que a falta da CAT
gera pena de multa.
No entanto, como a fiscalização é escassa, e prevendo apenas
punições pecuniárias, muitos acidentes são acobertados
mensalmente, tornando-se prática corriqueira das empresas a
sonegação da CAT
Er mais recentemente, com a criação do FAP (Fator Acidentário
de Prevenção) pela Lei n° 10.666/2003, e regulamentada pelo Decreto
n° 6.042/2007, a disponibilidade e boa vontade do empregador de
emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho vai se tornar cada vez
menor Isto porque o FAP é um multiplicador que incide sobre as
alíquotas do SAT (Seguro de Acidentes de Trabalho) que é pago sobre
a folha de pagamento. O FAR em regra, tem por base o trabalho de
diminuição do número de acidentes de trabalho ocorridos na
empresa. Desta feita, o FAP pode reduzir a alíquota SAT de cinqüenta
centésimos (0,50) a dois inteiros (2,00). Com efeito, sonegar emissão
de CAT significa ao empregador a possibilidade de diminuição da

18 Art. 336. Para fins estatísticos e epidemiológicos, a empresa deverá comunicar à previ­
dência social o acidente de que tratam os arts. 19,20,21 e 23 da Lei n° 8.213, de 1991, oconido
com o segurado empregado, exceto o doméstico, e o trabalhador avulso, até o primeiro dia
útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente,
sob pena da multa aplicada e cobrada na forma do art. 286.
Fabrício Barcelos Vieira 45 ■

alíquota SAI, e, consequentemente, aumento dos lucros. O contrário


também pode ser observado, isto é, quanto mais acidentes de
trabalho, maior a tributação do empregador.
Mesmo o trabalhador obtendo a CAT por outros meios (como
pelo Sindicato, por exemplo), na prática o que se vê é uma dura
batalha na esfera administrativa, visto que o INSS não concede o
benefício acidentário se a Comunicação de Acidente de Trabalho não
for emitida pelo empregador, incentivando assim a busca das vias
judiciais.
O Poder Judiciário, por sua vez, tem dispensado a apresentação
da CAT, bastando para tanto laudos médicos e técnicos que
comprovem o nexo causai para concessão do benefício previdenciário
acidentário.
Deste modo, o ônus da prova de um acidente de trabalho passou
a ser, em regra, do empregado.

2.6.1.2. Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP)

Quando o segurado estava diante de um acidente, em que


houve, por parte do empregador, emissão da Comunicação de
Acidente de Trabalho (CAT), certamente o INSS concederia o
benefício previdenciário acidentário. Contudo, em sentido contrário,
se não houvesse a emissão da CAT pelo empregador, caberia ao
empregado comprovar que houve o acidente de trabalho, ou seja,
trazer os fatos que demonstrem o nexo causai entre a enfermidade e o
trabalho desenvolvido.
Pois bem, verificando-se que em muitas situações de acidente de
trabalho o empregador sonegava a emissão da CAT criou-se então a
sistemática do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP).
A criação do NTEP veio através de vários estudos científicos
abordando os tipos de doenças que mais atingiam os trabalhadores
nos mais variados setores. E realizou-se então um cruzamento de
dados entre o tipo de trabalho exercido pelo segurado e a doença
que o acometeu.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 46 Indenizatórios do Inss

Desta feita, através do referido cruzamento de dados, o próprio


legislador classificou os infortúnios como doença profissional, a teor
do que se verifica na Lista C do Anexo II do Decreto 3.048/99, alterado
pelo Decreto 6.042, de 12.02.2007.
Tal lista relaciona por meio da CID-10 (Classificação
Internacional de Doenças) algumas das doenças que comumente
acometem trabalhadores com determinadas funções conforme a
CNAE (Classificação Nacional de Atividades Econômicas) da
empresa em que laboram. O paralelo traçado entre a CID-10 e a
CNAE permite a aferição do Nexo Técnico Epidemiológico
Previdenciário (NTEP), introduzido no ordenamento pelo Decreto
6.042/2007 supra citado.
Nesse ínterim, se a Lei do NTEP relacionar determinada CID a
um CNAE, há a presunção legal de que a moléstia de que sofre o
empregado decorre de acidente de trabalho, sendo irrelevante para a
comprovação do acidente de trabalho o reconhecimento do
empregador ou mesmo a emissão da respectiva CAT (Comunicação de
Acidente de Trabalho).
Essa presunção de acidente de trabalho que o Decreto n° 3.048/
99 dispôs em seu Anexo II-B permite o reconhecimento do infortúnio
dispensadas maiores provas periciais no ambiente de trabalho, na
maneira como a atividade é executada e há quanto tempo o
trabalhador exerceu a função em que se acidentou.
A respeito, a grande mestre Juliana de Oliveira X a v i e r e m sua
doutrina afirma que:

"Independentemente da emissão da CAT; a concessão de benefício


acidentário para doenças profissionais ou do trabalho que estejam
diretamente relacionadas com a atividade exercida pelo
empregador tem presunção direta de acidente do trabalho."

19 RIBEIRO, Juliana de Oliveira Xavier. Auxílio-Doença Acidentário. 1 .a ed. Curitiba, Juruá,


2009. p. 110).
Fabrício Barcelos Vieira 47

Dessa maneira, a Lei dispensa dilação probatória acerca da


relação entre a doença e o trabalho, em virtude da presunção - de
acidente de trabalho - que o próprio ordenamento confere em
benefício do empregado acidentado.
Em outros termos: o Anexo II-C do Decreto 3.048/99 {alterado
pelo Decreto 6.042/07) relaciona a atividade da empresa a algumas
das doenças que comumente os empregados possam vir a apresentar.
Q-NEXQ DE CAUSALIDADE É PADO PELA PRÓPRIA LEI, não por
laudos técnico periciais. A única prova exigida é a da existência da
doença no empregado, independentemente da emissão de CAT
Aliás, de acordo com o artigo 337 do Decreto n° 3.048/99 supra
citado:

Art. 337. O acidente do trabalho será caracterizado tecnicamente


pela perícia médica do INSS, mediante a identiíicação do nexo
entre o trabalho e o agravo.
(...)

§ 3Ü Considera-se estabelecido o nexo entre o trabalho e o agravo


quando se verificar nexo técnico epidemiológico entre a atividade
da empresa e a entidade mórbida motivadora da incapacidade,
elencada na Classificação Internacional de Doenças (CID) em
conformidade com o disposto na Lista C do Anexo II deste
Regulamento.

Não há dúvidas de que, em se tratando de acidente de trabalho,


o ordenamento permite a aplicação da responsabilidade OBJETIVA
do empregador.

Nesse sentido, é pacífico que: "Se o nexo é presumido, não há


que se falar em culpa do empregador, pois enseja no respectivo mérito

20 RIBEIRO, Juliana de Oliveira Xavier. Auxílio-doença acidentário. Curitiba: Juruá, 2009. p. 142.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 48 Indenizatórios do Inss

2.6.2 Auxílio-Acidente Previdenciário

O auxílio-acidente é cabível tanto em situações geradas por


acidente do trabalho, como por acidente de qualquer natureza.
Quando o acidente ou doença não tiver origem na atividade laborai,
chama-se auxilio-acidente previdenciário.
o É identificado pelo INSS com o código 36 (B 36)21.
Neste sentido, o artigo 30, § único do Decreto n° 3.048/1999,
fornece um conceito de acidente de qualquer natureza:

Parágrafo único. Entende-se como acidente de qualquer natureza


ou causa aquele de origem traumática e por exposição a agentes
exógenos (físicos, químicos e biológicos), que acarrete lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a
redução permanente ou temporária da capacidade laborativa.

Assim, o auxílio-acidente previdenciário é o decorrente de


acidente de qualquer natureza, que não tenha qualquer relação com a
atividade laborai.
Importante apontar que o auxílio-acidente decorrente de
acidente de qualquer natureza surgiu com a Lei n° 9.035/1995, de 29
de abril de 2005. Anteriormente a esta data não existia o referido
conceito.
Assim, fazendo-se uma interpretação conceituai, e de modo
residual, tem-se acidente de qualquer natureza aquilo que não for
considerado como acidente do trabalho.
Um exemplo claro é a situação de um tecladista de uma grande
banda que, ao comemorar um gol do Corinthians solta uma bomba e
perde o dedo polegar da mão esquerda. Após as consolidações das
lesões o médico perito o avaliou e apontou que ele poderia continuar

21 Cada modalidade de benefício pago pelo INSS possui um código ou número que o
identifica.
Fabrício Barcelos Vieira 49 ■

sua função de tecladista, embora com um pouco mais de dificuldade.


Então lhe foi concedido o auxilio-acidente.
Vale destacar, entretanto, que alguns juizes tem entendido que é
possível a concessão do auxílio-acidente previdenciário, mesmo que
não seja decorrente de um acidente, mas de uma doença, que resulte
em uma incapacidade parcial e permanente.
Na legislação previdenciária, inexiste definição do que é
11 acidente de qualquer natureza". Entretanto, no parágrafo único do
art. 30 do Decreto n° 3.048/99, está escrito que:

"Entende-se como acidente de qualquer natureza ou causa aquele


de origem traumática e por exposição a agentes exógenos (físicos,
químicos e biológicos), que acarrete lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou
temporária da capacidade laborativa."

Assim sendo, a expressão "acidente de qualquer natureza'' pode


abranger tanto os infortúnios laborais como os infortúnios
extralaborais.
A conclusão é de que atualmente, a legislação previdenciária
reforça que o acidente de qualquer natureza, não se restringe ao
acidente do trabalho ou doença do trabalho e doença profissional.
Portanto, o acidente de qualquer natureza deve ser interpretado
de acordo com a condição mais favorável ao segurado, podendo ser
pago se oriundo de acidente comum, ou seja, de qualquer natureza.
Como a lei fala, dentre outras situações fora do organismo, isto é, de
agentes exógenos (inclusive o biológico), plenamente possível a
interpretação no caso de doença (e não só acidente).

2.7 CARÊNCIA

Carência é o número mínimo de contribuições mensais


indispensáveis para que o segurado faça jus a benefício, conforme
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 50 Indenizatórios do Inss

artigo 24 da Lei n° 8.213/1991^. Muitos benefícios previdenciários


exigem este tempo mínimo de contribuições para que sejam
concedidos.
Por ser um benefício previdenciário decorrente de um acidente,
o auxílio-acidente não exige carência alguma para sua concessão.
É o que dispõe o artigo 26, inciso I, da Lei 8.213/1991:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes


prestações:
I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-
acidente;

No mesmo sentido preceitua o artigo 30, inciso I, do Decreto n°


3.048/1999^.
Assim, basta ao segurado, no dia do acidente, cumprir as
exigências dos artigos 15 (qualidade de segurado) e 86 (conceito do
auxílio-acidente) da Lei n° 8.213/1991 e estar filiado ao Regime Geral
de Previdência Social (RGPS).
Com efeito, por exemplo, se um trabalhador sofre um acidente
laborai no seu primeiro dia de trabalho ele faz jus ao auxílio-acidente,
independentemente de contribuições ou registros anteriores em sua
Carteira de Trabalho (CTPS), haja vista que não há necessidade do
cumprimento do requisito carência, conforme supra mencionado.
Desta feita, o auxílio-acidente é um benefício previdenciário
que não exige o cimprimento do período de carência.

2.8 VALOR MENSAL

Conforme dispõe o § Io do artigo 86 da Lei n° 8.213/1991, o valor


do auxílio-acidente é de 50% (cinqüenta por cento) do montante do

22 Art. 24. Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais indispensáveis


para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro
dia dos meses de suas competências.
23 Art. 30. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: I - pensão por
morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente de qualquer natureza;
Fabrício Barcelos Vieira 51 ■

salário de benefício do segurado. Se houve precedência do auxílio-


doença, o valor será de 50% (cinqüenta por cento) do salário de
benefício da prestação provisória então cessada. Vejamos:

§ 1° O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinqüenta por


cento do salário de benefício e será devido, observado o disposto no
§ 5o, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a
data do óbito do segurado.

Aqui, necessário se faz discorrer sobre o que é o salário de


benefício (SB) e como encontrar o seu valor, nos termos da legislação
vigente.
O salário de benefício, em uma simples definição, é a média dos
salários-de-contribuição (SC) que possui o segurado. Por sua vez, o
salário de contribuição é a base de cálculo que serve para definir a
contribuição mensal do segurado; em regra, é a remuneração que o
trabalhador recebeu no mês. Logo, em síntese, o salário de benefício é
a média das remunerações do trabalhador.
Pois bem, para que seja encontrado o salário de benefício,
conforme as normas atuais, deve-se elencar todos os salários de
contribuição desde julho de 1994 até o mês véspera da prestação,
atualizá-los conforme os índices legais, e apurar os 80% (oitenta por
cento) maiores. Soma-se o valor encontrado, dividindo-se pelo
número de salários de contribuição encontrado, efetuando-se então a
média aritmética simples. É o que diz a Lei nc 8.213/1991, em seu
artigo 29, inciso \l24.
Em tempo, não há aplicação do FATOR PREVIDENCIÁRIO no
cálculo para obtenção do auxílio-acidente. Referido índice

24 Art. 29.0 salário-de-benefício consiste: I - para os benefícios de que tratam as alíneas b


e c do inciso I do art. 18, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição
correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator
previdenciário; II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso I do art.
18, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 52 Indenizatórios do Inss

multiplicador, que leva em conta no seu cálculo o tempo de


contribuição, a idade do segurado e a expectativa de sobrevida
(divulgada anualmente pelo IBGE)f somente é aplicado à
Aposentadoria por Tempo de Contribuição e à Aposentadoria por
Idade, sendo a esta última aplicada apenas facultativamente.
Vale também ressaltar que, por ser um benefício previdenciário
de prestação continuada, o auxílio-acidente dá ao seu beneficiário jus
ao abono anual (13° salário ou gratificação natalina). É o que se
observa no artigo 40 da Lei n° 8.213/1991:

Art. 40. É devido abono anual ao segurado e ao dependente da


Previdência Social que, durante o ano, recebeu auxílio-doença,
auxílio-acidente ou aposentadoria, pensão por morte ou auxílio-
reclusão.
Parágrafo único. O abono anual será calculado, no que couber, da
mesma forma que a Gratificação de Natal dos trabalhadores, tendo
por base o valor da renda mensal do benefício do mês de dezembro
de cada ano.

A título de curiosidade, importante mencionar que a redação


original do referido artigo 86, III, § Io, determinava que se calculasse
o benefício "sobre o salário de contribuição do segurado vigente no
dia do acidente, não podendo ser inferior a esse percentual do seu
salário de benefício."
Muitos doutrinadores, entre os quais Hertz Jacinto Costa*5,
entendem que a redação legislativa atual sobre o cálculo e apuração
da Renda Mensal Inicial (RMI) do auxílio-acidente é danosa ao
beneficiário.
Outra questão de cunho importante diz respeito ao não
cumprimento do chamado mínimo constitucional, ora previsto no
artigo 201, § 2o da Constituição Federal (que determina que nenhum
benefício pode ser inferior ao salário mínimo). O auxílio-acidente,
conforme já ressaltado, tem natureza indenizatória, e, por isso, não

25 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. Curitiba: Juruá, 2009, p. 123.
Fabricio Barcelos Vieira 53 ■

tem a função de substituir a renda mensal do trabalhador, razão pela


qual pode ser inferior a um salário mínimo vigente.

2.9 DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO

O auxílio-acidente começa, via de regra, no dia seguinte ao da


cessação do auxílio-doença. É o que reza a Lei n° 8.213/1991, em seu
artigo 86, § 2o:

§ 2° O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da


cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria.

Observe-se o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça


(STJ) a respeito do assunto:

Previdenciário. Recurso especial. Acidente do trabalho. Benefício.


Auxílio-acidente. Termo inicial. Lei regente. Em tema de concessão
de benefício previdenciário permanente, decorrente de acidente do
trabalho - auxílio-acidente - o mesmo se toma devido, em regra, a
partir da cessação do auxílio-doença, em razão de perícia médica
que ateste a incapacidade permanente ou a consolidação das
lesões conseqüentes do infortúnio (Resp. n° 58.513, de 23.03.98,
Relator Min. Anselmo Santiago).

Nesta seara, importante observar que não há necessidade de


que o segurado primeiramente receba o auxílio-doença para que,
após a sua cessação, passe a gozar do auxílio-acidente. Casos práticos
são raros, mas não há qualquer impedimento legal para que o auxílio-
acidente seja concedido sem o gozo do benefício do auxílio-doença.
Para entender melhor, imagine um segurado que entrou de
férias viajando para os Alpes Suíços. Lá resolve esquiar e se acidenta
sofrendo inúmeras fraturas, ficando incapacitado para trabalhar. Não
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 54 Indenizatórios do Inss

pôde fazer o pedido de auxílio-doença e quando retorna ao Brasil, as


lesões já foram consolidadas, resultando em seqüela (como
diminuição significativa de sua perna e colocação de prótese). Nesse
exemplo, embora o segurado não tenha recebido o auxílio-doença,
pode fazer jus ao auxího-acidente.
Assim, a data de início do benefício (DIB) do auxílio-acidente
será a do dia seguinte à data da cessação do auxílio-doença. A
prescrição (que será discorrida adiante) somente será aplicada caso se
passem mais de 5 (cinco) anos.
Por outro lado, quando não há pedido administrativo no INSS e
o segurado ingressa diretamente com o pedido judicial, tem adotado o
Poder Judiciário alguns entendimentos. Certos tribunais acolhem a
tese de que a data de início de benefício do auxílio-acidente é a data
de ingresso da Ação Judicial. Outros julgados, por sua vez, entendem
ser o momento da juntada da perícia médica aos autos
(posicionamento corroborado pelo INSS).
Nilson Naves, eminente Ministro do Superior Tribunal de
Justiça, acolhe a tese de que o benefício previdenciário decorrente de
ação acidentária tem como termo inicial a apresentação em juízo do
laudo pericial. Segue abaixo a íntegra da decisão:

Superior Tribunal de Justiça


RECURSO ESPECIAL N° 775.797 - SP (2005/0138910-8)
RELATOR: MINISTRO NILSON NAVES
RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -
INSS
PROCURADOR: FELIPE FORTE COBO E OUTROS
RECORRIDO: JOSÉ VIEIRA DE ASSIS
ADVOGADO: ELI AGUADO PRADO
DECISÃO
Cuida-se de recurso especial interposto contra acórdão do então
Segundo Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo que
condenara o Instituto Nacional do Seguro Social -INSS à concessão
do benefício de auxílio-acidente de 50% do salário de benefício a
Fabrício Barcelos Vieira 55 ■

José Vieira de Assis "a partir da citação". Nas razões de fls. 363/369,
a autarquia alega que o acórdão recorrido afrontou o art. 23 da Lei n°
8.213/91, porquanto estabeleceu "como termo inicial do referido
benefício data diferente daquelas a que se refere o mandamento"
contido naquela norma, "contrariando frontalmente a vontade do
legislador”. Assim, requer que o pagamento do auxílio-acidente
tenha como data inicial a da juntada do laudo pericial aos autos, uma
vez que "não houve incapacidade laborativa evidente ou segregação
compulsória" em momento anterior.
É de se conhecer do recurso pela alínea a, porquanto presentes os
requisitos de admissibilidade exigidos.
Tem razão o Instituto, Com efeito, verifico que o acórdão recorrido
contrariou a jurisprudência consolidada no âmbito do Superior
Tribunal quando decidiu que o termo inicial deveria coincidir com a
data da citação, Ora, é entendimento pacífico desta Corte que, se
não há postulação na via administrativa, o beneficio acidentário
deve ser concedido a partir da data da apresentação em juízo do
laudo pericial.
A propósito dessa questão, eis alguns julgados:
"Previdenciário - Embargos de divergência em recurso especial -
Benefício acidentário - Termo inicial - Apresentação do laudo
médico-pericial em juízo - Honorários advocatícios - Incidência
sobre as prestações vencidas até a prolação da sentença
monocrática - Súmula 111/STJ - Embargos acolhidos.
1 - O termo inicial para a concessão do benefício de auxílio-
acidente é o da apresentação do laudo médico-pericial em juízo,
quando não reconhecida a incapacidade administrativamente.
2 - Nas ações acidentárias, os honorários advocatícios incidem
sobre Superior Tribunal de Justiça prestações vencidas, assim
consideradas as anteriores à prolação da sentença de Io grau.
Incidência da Súmula 111/STJ.
3 - Precedentes (AgRg REsp 434.108/MG, REsp n°s 434,468/SP e
440.164/SP).
4 - Embargos conhecidos e acolhidos para, reformando o v. acórdão
embargado, determinar o termo inicial da concessão do benefício
acidentário, como sendo a data da juntada do laudo médico-
pericial em juízo e que a verba honorária incida sobre as prestações
vencidas, até a prolação da sentença monocrática." (EREsp-
135.203, Ministro Jorge Scartezzini, DJ de Io.7.04.)
Auxílio Acidente Previdenciário c Acidentário: Os Benefícios
■ 56 Indenizatórios do Inss

"Previdenciário. Concessão de aposentadoria por invalidez.


Requisitos. Comprovação. Reconhecimento. Aferição dos
requisitos. Impossibilidade. Súmula 07. Termo inicial. Juntada do
laudo pericial......
- Esta Corte já pacificou o entendimento de que o benefício
previdenciário decorrente de ação acidentária e tem como termo
inicial a apresentação em juízo do laudo pericial.
- Recurso especial parcialmente conhecido e nesta extensão
provido.” (REsp-449.912, Ministro Vicente Leal, DJ de 17.2.03.)
Daí que, a teor do disposto no § 1°-A do art. 557 do Cód. Pr. Civil,
conheço do recurso especial e dou-lhe provimento.
Publique-se.
Brasília, 19 de outubro de 2005.
Ministro Nilson Naves
Relator

O Desembargador Luiz Lúcio Merg^, atuante no Tribunal de


Justiça do Rio Grande do Sul, traz ensinamentos sobre
posicionamento em que a data de início do benefício deve ser a da
citação da Autarquia Previdenciária, senão vejamos:

Ressalto, aqui, a posição particular do eminente Des. Luiz Ary


Vessini de Lima: nas hipóteses em que a Câmara elege como dies a
quo do benefício a data do laudo pericial, entende o ilustre colega
que o direito de auferir o benefício deve retroagir à data da citação
da autarquia na ação acidentária (Apelações n°s 599185444, de
10.06.99, e 599118171, de 13.05.99). Esta solução possui a virtude
de compensar o demandante, naqueles casos em que transcorreu
longo período de tempo entre o ajuizamento e a perícia no feito.

Recentemente, a Excelentíssima Juíza de Direito Julieta Maria


Passeri de Souza, titular da Quarta Vara Cível da Comarca de Franca

26 MERG, Luiz Lúcio. Acidentes do trabalho: Auxílio - Acidente - pontos controvertidos.


Boletim Jurídico, Uberaba, ano 1, n. 1. Disponível em: <http://www.boletimjuridico.com.br/
doutrina/texto.asp?id=152> Acesso em: lOjul. 2009.
Fabrício Barrei os Vieira 57 ■

(SP)f em sentença proferida no Processo n° 196.01.2008.016129-5,


registrada em 09/06/2009, acolheu a tese de que, mesmo sem
requerimento administrativo, e com ingresso direto na via judicial, o
auxílio-acidente deve ser concedido desde a data da cessação do
auxílio-acidente. Vejamos:

[...] Posto isso, julgo PROCEDENTE o pedido formulado por F, B.


V., nesta ação ajuizada contra INSTITUTO NACIONAL DO
SEGURO SOCIAL - I.N.S.S. Em conseqüência, declaro o direito
do autor a receber o benefício previdenciário de auxílio-acidente,
correspondente a 50% do salário de benefício, ou de um salário-
mínimo nacional (nos casos acima especificados), e condenar o réu
a implantar em favor do autor tal benefício, bem como a pagar os
valores atrasados, tudo desde a data da cessação do auxílio-doença
(30.10.2005).

Parece que a melhor posição é a do último entendimento acima


consagrado, ou seja, a partir do dia seguinte após a cessação do
auxílio-doença. Isto porque, como bem se sabe, antes de cessar o
benefício de auxílio-doença o segurado passa (ou deveria passar) por
perícia administrativa para constatar a capacidade de retorno ao
trabalho. Com efeito, desde esse momento o INSS já tinha condições
técnicas (se cumpridos os requisitos legais) para concessão do
benefício de auxílio-acidente, pois estava em sua posse todos os
documentos médicos. É o princípio constitucional da eficiência,
repetido na própria lei que trata do processo administrativo (Lei n°
9.784/99) e nas Instruções Normativas do INSS.
Assim, mesmo nos casos da chamada "alta programada”, em que
a perícia administrativa indica a data em que o segurado pode
retornar a atividade, isto é, em que absurdamente o auxílio-doença é
cessado sem nova perícia, aquela mesma perícia que aventou a
possibilidade do cidadão voltar a trabalhar porque supostamente
estaria apto, também tinha como dizer se ele ficaria com seqüelas que
garantiriam a implantação do auxílio-acidente no dia posterior à
cessação do auxílio-doença.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário; Os Benefícios
■ 58 Indenizatórios do Inss

Ressalta-se também a impossibilidade de agendamento desse


benefício tanto pelo site, como na Agência do INSS, sendo que os
servidores do INSS passam a informação de que esse benefício
somente é concedido pela perícia médica, ficando a critério do médico
a concessão ou não. Ou seja, mesmo que o segurado queira, não
consegue nem agendar seu pedido administrativo para o auxílio-
acidente.
Portanto, correto é o entendimento de que o auxílio-acidente
deve iniciar-se após o dia seguinte a cessação do auxílio-doença, eis
que além do INSS já estar de posse de toda a documentação, o
segurado já se submeteu a uma perícia que tinha condições técnicas
de detectar o direito ao auxího-acidente, não havendo que se falar em
prévio requerimento administrativo (mesmo porque, é impossível
realizar até o agendamento específico para tal benefício).

2.10 ESTABILIDADE NO EMPREGO (garantia de emprego)

O segurado empregado acometido de acidente de trabalho tem


estabilidade (garantia de emprego) e, consequentemente, o direito de
permanecer na empresa por pelo menos 12 (doze) meses, contados
após o seu reingresso à atividade laboraP7.
Muitos doutrinadores conceituam tal direito de permanecer na
empresa como garantia de emprego, e não uma estabilidade. Assim,
conforme esse entendimento, se, por exemplo, o trabalhador é
demitido e já estava exercendo outra atividade laborai ele não faz jus
a permanecer na empresa anterior pelos referidos 12 (doze) meses.
Tal situação está disposta no artigo 118 da Lei n° 8.213/1991:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem


garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu
contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença
acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

27 Diz-se pelo menos, pois algumas Convenções Coletivas podem estipular um prazo maior.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 60 Indenizatórios do Inss

acidentário, a aposentadoria por invalidez acidentária e o chamado


auxílio suplementar de 20% (vinte por cento).
O Decreto n° 79.037, de 24 de dezembro de 1976r
regulamentador da legislação acima mencionada, assim dispunha:

Art. 2 1 - 0 auxílio-suplementar será devido, a contar da cessação


do auxílio-doença, ao acidentado que, após a consolidação das
lesões resultantes do acidente, apresentar, como seqüela definitiva,
perda anatômica ou redução da capacidade funcional constante da
relação que constitui o Anexo III, a qual, embora sem impedir o
desempenho da mesma atividade, demande permanentemente
maior esforço na realização do trabalho.

Art. 2 2 - 0 auxílio-suplementar corresponderá a 20% (vinte por


cento) do salário de contribuição do segurado vigente no dia do
acidente, observado o disposto nos artigos 36 e 37, não podendo ser
inferior a esse percentual do seu salário de benefício.
§ Io - O valor do auxílio-doença servirá de base de cálculo para o do
auxílio-suplementar se, por força de reajustamento, for superior ao
previsto neste artigo.
§ 2o - O auxílio-suplementar cessará com a concessão de
aposentadoria de qualquer espécie e o seu valor não será incluído
no cálculo da pensão por morte acidentária ou previdenciária.

Art. 23 - Se em conseqüência do mesmo acidente ou de outro o


acidentado voltar a fazer jus a auxílio-doença, o auxílio-
suplementar será mantido até a cessação daquele.
Parágrafo único, Cessado o auxílio-doença em decorrência de
reavaliação médico-pericial, o auxílio-suplementar será:
I - cancelado, se for concedido auxílio-acidente ou aposentadoria
por invalidez;
II - mantido, se o acidentado não estiver impedido de desempenhar
a mesma atividade.

Art. 2 4 - 0 auxílio-suplementar será devido na hipótese de lesão


decorrente do acidente agravar seqüela anterior, ou se somar a ela,
acarretando situação constante do Anexo III.
Fabrício Barcelos Vioira 61 ■

Parágrafo único. Quando o acidentado apresentar lesão


preexistente ao acidente, não será devido auxílio-suplementar em
função dela, ainda que ela conste do Anexo III.

Embora pouco mencionado pela doutrina e jurisprudência, o


entendimento é que o auxílio-suplementar tinha características de
uma prestação assistencial, ao invés de previdenciário.
O auxílio suplementar foi extinto com o advento da Leiji° 8.213/
1991, prevendo apenas o auxílio-acidente, que a partir de então teria
os percentuais de 30% (trinta por cento), 40% (quarenta por cento) e
60% (sessenta por cento), variando de acordo com o grau da lesão.
3 DURAÇÃO DO BENEFÍCIO

3.1 CONCESSÃO E DURAÇÃO

A legislação é clara ao dispor que o auxilio-acidente será pago


após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer
natureza, que resulte em seqüelas.
Pois bem, embora muitos achem que o seu pagamento deve ser
precedido do auxílio-doença, na realidade, observa-se que o auxílio-
acidente pode ser concedido a qualquer momento, desde que
comprovada a consolidação das lesões e sejam elas resultantes em
seqüelas que diminuam a capacidade para o trabalho que o segurado
habitualmente exercia.
O já festejado professor Wladimir Novaes Martinez^ deixa
claro que a perda parcial é presumida, e, mesmo que o trabalhador
recupere a aptidão ao trabalho, receberá o benefício até se aposentar
(ou vitaliciamente, conforme o caso).
O Superior Tribunal de Justiça, em recente decisão, estabeleceu
que se houver comprovação do nexo de causalidade entre a redução
parcial da capacidade para o trabalho e o exercício das funções
laborais habituais, não é cabível afastar a concessão do auxílio-
acidente somente pela possibilidade de desaparecimento dos

28 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 21.


Auxílio Acidento Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 64 Indenizatórios do Inss

sintomas da patologia que acomete o segurado; entretanto, ocorrendo


a reversão da moléstia que deu causa à percepção do beneficio,
cessará o auxílio-acidente, senão vejamos:

RECURSO REPETITIVO. AUXÍLIO-DOENÇA. TENDINITE. A


Seção, ao julgar REsp sob regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n.
8/2008-STJ, deu-lhe provimento, reafirmando que, devidamente
comprovado o nexo de causalidade entre a redução parcial da
capacidade para o trabalho e o exercício das funções laborais
habituais, não é cabível afastar a concessão do auxílio-acidente
somente pela possibilidade de desaparecimento dos sintomas da
patologia que acomete o segurado em virtude de tratamento
ambulatorial ou cirúrgico. Entretanto, ocorrendo a reversão da
moléstia que deu causa à percepção do benefício, cessará o auxílio-
acidente. Observou o Min. Relator que, para ser concedido o
auxílio-acidente, não há necessidade de que a moléstia
incapacitante seja irreversível, basta que o segurado empregado,
exceto doméstico, trabalhador avulso e segurado especial tenham
redução permanente de sua capacidade laborativa em decorrência
de acidente de qualquer natureza, conforme o disposto no art. 18, §
Io, da Lei n. 8.213/1991. Aponta, por sua vez, que o art. 20, I, da
citada lei, também considera como acidente do trabalho a doença
profissional proveniente do exercício peculiar de determinada
atividade laborai, enquadrando-se entre esses casos as lesões por
esforço repetitivo. Precedentes citados: AgRg no Ag 1.108.738-SP
DJe 11/5/2009; AgRg no REsp 871.595-SI> DJe 24/11/2008; AgRg no
REsp 721.523-SFJ DJ 22/10/2007, e REsp 926.767-ES, DJ 7/12/2007.
REsp 1.112.886-SIÍ Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado
em 25/11/2009. (grifo nosso)

3.2 SUSPENSÃO, RESTABELECIMENTO E EXTINÇÃO

A Instrução Normativa n° 45/2010 enumera nos seus artigos 261


e 262 as situações que geram a suspensão, restabelecimento e
extinção do auxílio-acidente.

Art. 316.0 auxílio-acidente será suspenso quando da concessão ou


da reabertura do auxílio-doença, em razão do mesmo acidente ou
Fabrício Barcelos Vieira 65 ■

de doença que lhe tenha dado origem, observado o disposto no § 3°


do art. 75 do RPS.
§ Io O auxílio-acidente suspenso será restabelecido após a
cessação do auxilio-doença concedido ou reaberto.
§ 2o O auxílio-acidente suspenso será cessado, se concedida
aposentadoria, salvo nos casos em que é permitida a acumulação,
observado o disposto no art. 191.

Art. 317. Ressalvado o direito adquirido, na forma do inciso V do


art. 421 não é permitido o recebimento conjunto de auxílio-acidente
com aposentadoria, a partir de 11 de novembro de 1997, data da
publicação da Lei n.° 9.528, de 1997, devendo o auxílio-acidente
ser cessado:
I - no dia anterior ao início da aposentadoria ocorrida a partir dessa
data;
II - na data da emissão de CTC na forma da contagem recíproca; ou
III - na data do óbito, observado o disposto no art. 191.

Então, como o benefício deixou de ser vitalício a partir da Lei n°


9.528/1997, cessará diante das seguintes situações:

1. morte do segurado;
2. ausência ou desaparecimento;
3. deferimento de aposentadoria pelo RGPS.

Importante mencionar que a concessão de benefício em outro


regime (até mesmo a aposentadoria) não obsta o recebimento do
auxílio-acidente.

3.3 CUMULAÇÃO COM OUTROS BENEFÍCIOS

Em razão do seu caráter não substitutivo dos rendimentos,


assim como sua natureza jurídica de indenização, o auxílio-acidente é
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 66 Indenizatórios do Inss

cumulativo com vários outros benefícios. A regra geral é pela


permissão de acumulação de benefícios. No entanto, há regras de
exceção, trazendo proibição de recebimento conjunto de benefícios.
Estas normas proibitivas dentro do Regime Geral de Previdência
Social (RGPS) estão dispostas no artigo 124 da Lei n° 8.21.3/1991".
No entanto, grande parte da doutrina afirma que na verdade a
regra é pela não acumulação de benefícios. Neste sentido, Fábio
Zambitte Ibrahim^ expõe que:

Como regra, o segurado tem direito ao recebimento de um único


benefício. A prestação previdenciária tem natureza eminentemente
alimentar, razão pela qual, inclusive, possui teto máximo. Não é o
objetivo da previdência social provocar o enriquecimento do
segurado, mas somente trazer a este meios necessários e
suficientes para sua manutenção. A concessão de mais de um
benefício a mesma pessoa contraria a lógica previdenciária".

Por ter regras particulares, o benefício do auxílio-acidente pode


ser recebido em conjunto com o auxílio-doença (desde que não seja
derivado do mesmo fato gerador), o seguro-desemprego, e até com
aposentadoria (dependendo da data do acidente).
O parágrafo 6o, do artigo 104 do Decreto n° 3.048/1999J/, faz uma
ressalva. Tal normativo indica que, se após a concessão do auxílio-

29Art. 124. Salvo no caso de direito adquirido, não é pemiitido o recebimento conjunto dos
seguintes benefícios da Previdência Social: I - aposentadoria e auxílio-doença; II - mais de
uma aposentadoria; III - aposentadoria e abono de permanência em serviço; IV - salário-
maternidade e auxílio-doença; V - mais de um auxílio-acidente; VI - mais de uma pensão
deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvado o direito de opção pela mais vantajosa.
Parágrafo único. É vedado o recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer
benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto pensão por morte ou auxí­
lio-acidente.
30IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. Rio de Janeiro: Impetus,
2002, p. 549.
31 § 6o No caso de reabertura de auxílio-doença por acidente de qualquer natureza que tenha
dado origem a auxílio-acidente, este será suspenso até a cessação do auxílio-doença reaber­
to, quando será reativado.
Fabrício Barcelos Vieira 67 ■

acidente o acidentado precisar receber novamente o auxílio-doença


pelo mesmo problema que ensejou o auxílio-acidente, haverá sua
suspensão até a cessação do auxílio-doença.
O Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741/2003), nas acepções de
Martinez^, também permitiu sua acumulação com o benefício
assistencial de prestação continuada (BPC ou LOAS), nos termos do
seu artigo 34.
Em que pese não seja possível um novo auxílio-acidente, o
“segurado, vítima de novo infortúnio, faz jus a um único benefício
somado ao salário de contribuição vigente no dia do acidente"
(Súmula STJ n° 146). Entende-se que a correta interpretação desta
Súmula é no sentido de que o novo auxílio-acidente deve utilizar-se
dos valores recebidos a título do benefício anterior somados com os
salários de contribuição, para fins de obtenção do salário de benefício
para a nova Renda Mensal Inicial.
Aliás, há precedentes em nossa legislação permitindo tal
cumulação. Com efeito, a antiga redação do artigo 124 da Lei n° 8.213/
1991 silenciava quanto à não permissão do recebimento conjunto de
auxílios-acidentes decorrentes de fatos geradores diversos. Sendo
assim, era indiscutível a acumulação de um auxílio-acidente com
outro auxílio-acidente.
A vedação do acúmulo de dois auxílios-acidentes somente foi
inserida no mencionado artigo 124 com a Lei n° 9.032, de abril de 1995.
Com efeito, o caput do artigo 124 é cristalino ao dispor que se
deve respeitar o direito adquirido. Desta forma, um auxílio-acidente
cujo fato gerador ocorreu antes do ingresso da Lei n° 9.032/1995 (28/
04/1995) em nosso ordenamento jurídico pode perfeitamente ser
cumulado com outro ocorrido sob a égide da lei nova, em razão do
cumprimento ao direito adquirido. Ora, se quando ocorreu o primeiro
fato gerador a lei permitia a cumulação de dois auxílios-acidentes,
mesmo que o segundo tenha ocorrido sob a égide de uma nova
legislação, sua negação seria uma afronta direta ao princípio
constitucional do direito adquirido.

32 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 41.


Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 68 Indenizatórios do Inss

Contudo, Wladimir Novaes Martinez33, sem indicar qualquer


fundamentação legal, diz que o auxílio-acidente não conta como
carência nem como tempo de serviço ou contribuição. Aponta que se o
segurado, mesmo mantendo esta qualidade quando da percepção do
benefício, deve contribuir, pois o período de fruição do benefício "não
se constitui daquelas mensalidades que completam o período de
carência".
Discorda-se de tal posicionamento, e a razão é óbvia, uma vez
que o artigo 29, § 5o da Lei n° 8.213/1991, é cristalino ao estabelecer
que a duração dos benefícios por incapacidade será contada,
considerando-se como salário de contribuição o salário de benefício
que serviu de cálculo da renda mensal inicial. Vejamos:

§ 5o Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido


benefícios por incapacidade, sua duração será contada,
considerando-se como salário de contribuição, no período, o salário
de benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal,
reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não
podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo.

Com efeito, segundo anteriormente mencionado, e devidamente


ratificado pela própria Instrução Normativa INSS/PRES n° 45/2010,
em seu artigo 10, inciso I, durante o período de percepção do auxílio-
acidente o beneficiário mantém-se na qualidade de segurado,
independentemente de qualquer contribuição.
Ademais, o próprio Decreto n° 3.048/1999 em seu artigo 60,
inciso IX, diz que:

Art. 60 Até que lei específica discipline a matéria, são contados com
tempo de contribuição, entre outros:

IX - o período em que o segurado esteve recebendo benefício por


incapacidade por acidente do trabalho, intercalado ou não;

33 MARTINEZ, 2006, p. 27.


Fabrício Barcelos Vieira 69 ■

Uma curiosidade reside no caso do recebimento do seguro-


desemprego. Sabe-se que esta prestação tem natureza
previdenciária, em que pese não ser paga pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS), mas sim pela Caixa Econômica Federal (CEF) e
controlado pelo Ministério do Trabalho. Pois bem, nos termos do
parágrafo único do artigo 124 da Lei n° 8.213/1991, é "vedado o
recebimento conjunto do seguro-desemprego com qualquer benefício
de prestação continuada da Previdência Social”. Masr por exceção
trazida pelo mesmo dispositivo legal, é possível a acumulação do
auxílio-acidente com o seguro-desemprego.
Atualmente, a grande discussão reside sobre a questão entre o
recebimento conjunto da aposentadoria com o auxílio-acidente. Tal
assunto será abordado abaixo, em tópico próprio.
O INSS argumenta que, com base no Decreto n° 83. 080/1979,
artigo 227, é vedado a acumulação de benefícios previdenciários com
acidentários, cujas datas de concessão fossem sob a sua égide.
Lembra-se que o referido decreto somente foi revogado com a vinda
do Decreto n,° 3.048/1999.
Ainda, como quem recebe auxílio-acidente está na qualidade de
segurado (nos termos do artigo 15 da Lei n° 8.213/1991), em caso de
falecimento, há geração do direito à pensão por morte aos seus
dependentes.

3.4 VITALICIEDADE DO BENEFÍCIO

Até a edição da Lei n° 9.528/1997 o benefício do auxílio-acidente


era vitalício. Desta feita, fatos geradores ocorridos antes da
publicação da referida lei dão direito ao recebimento do benefício até
a morte do segurado, podendo acumular-se com a aposentadoria.
Trocando em miúdos: como a lei foi publicada no dia 10/12/1997,
se o cidadão se acidentou no dia 09/12/1997 (data do fato gerador do
auxílio-acidente), ele faz jus ao aludido benefício previdenciário
vitaliciamente (até a morte), mesmo que a concessão deste benefício
tenha sido posteriormente a 10/12/1997.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 70 Indenizatórios do Inss

Desta feita, mesmo que a legislação atual não permita o


recebimento acumulado entre aposentadoria e auxílio-acidente, se o
fato gerador deste benefício ocorreu anteriormente a dezembro de
1997 ele pode ser gozado conjuntamente com aquele.
Assim, até a entrada em vigor da Lei n° 9.528/1997 (que foi em
dezembro de 1997) não havia vedação à percepção simultânea entre
aposentadoria e auxílio-acidente. Com efeito, em razão da aplicação
do respeito ao direito adquirido, fatos geradores de auxílio-acidente
que tenham ocorrido anteriormente a 10 de dezembro de 1997 geram
o resultado da possibilidade da acumulação entre auxílio-acidente e
uma futura e eventual aposentadoria, sendo que esta poderá ser
concedida a qualquer momento.
A respeito do tema, com a maestria que lhe é peculiar, Fábio
Zambitte Ibrahim^ ensina que "as vedações atuais não excluem
direitos adquiridos, referentes a acumulações existentes no passado,
devido a autorizações legais já revogadas".
Aliás, este também é o entendimento do colendo Supremo
Tribunal Federal (STF), ora explicitado em sua Súmula 359:

Súmula 359: Ressalvada a revisão prevista em lei, os proventos da


inatividade regulam-se pela lei vigente ao tempo em que ou
militar, ou servidor civil, reuniu os requisitos necessários.

A posição dos tribunais quanto à referida acumulação é farta e já


solidificada no sentido positivo quanto à percepção conjunta entre
auxílio-acidente e aposentadoria. Senão vejamos:

“ACIDENTÁRIA - APELAÇÃO INTERPOSTA PELO INSS -


AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PORTE DE REMESSA E
RETORNO - IMPOSIÇÃO DA LEI ESTADUAL 11.608/03 -
DESERÇÃO. A ausência de comprovação do recolhimento do porte
de remessa e retorno previsto pela Lei 11.608/03 obsta o

34IBR AHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. Rio de Janeiro: Impetus,
2002, p. 549.
Fabrício Barcelos Vieira 71 ■

processamento de apelação interposta pelo INSS nas lides


acidentárias. ACIDENTÁRIA-CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS -
POSSIBILIDADE DESDE QUE O ACIDENTE OU A MOLÉSTIA
SEJAM ANTERIORES À VIGÊNCIA DA LEI 9.528/97 -
PROCEDÊNCIA. Considerando que no caso concreto o
desencadeamento da moléstia auditiva veio alegado em período
anterior à vigência da Lei 9.528/97, é viável a cumulação do auxílio-
acidente com a aposentadoria que já recebe o autor. (...) Agravos
retidos não conhecidos; apelação do INSS julgada deserta; recurso
de ofício parcialmente acolhido". (TJSP; Apelação Cível n° 440.030-
5/4-00; Décima Sexta Câmara de Direito Público; Relator:
Desembargador Luiz de Lorenzi; Data da decisão: 18/11/2008).

'Acidente do trabalho - Doença - Disacusia - Nexo Causai e


incapacidade parcial e permanente para o trabalho - Comprovação
- Indenização devida - Acidente do trabalho - Cumulação -
Auxílio-acidente de 50% e aposentadoria - Possibilidade - Eclosão
da moléstia incapacitante anteriormente à vigência da Lei n° 9.528/
97 - Admissibilidade." (TJSP; Apelação Cível n° 678.435-5/3-00;
Décima Sétima Câmara de Direito Público; Relator: Des. Adel
Ferraz; Data da decisão: 09/09/2008).

"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ESPECIAL.


EFEITOS INFRINGENTES. POSSIBILIDADE. PREVIDENCIÁRIO.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO E AUXÍLIO-
ACIDENTE. CUMULAÇÃO. 1. Havendo equívoco manifesto na
decisão recorrida, devem ser acolhidos os embargos de declaração
que pretendem sua correção. 2. Diante do disposto na Lei n° 9.528/
1997, a verificação da possibilidade de cumulação do auxílio-acidente
com aposentadoria tem que levar em conta a lei vigente ao tempo do
infortúnio que ocasionou a incapacidade laborativa. 3. No caso, tem
que o Tribunal de origem reconheceu que a incapacidade se deu em
momento anterior à entrada em vigor da Lei n° 9.28/1997, portanto
antes da proibição da cumulação de auxílio-acidente com
aposentadoria. 4. Embargos acolhidos com efeitos infringentes para
negar provimento ao recurso especial do INSS. (EDcl no Resp 59428/
SP; Relator Ministro Paulo Gallotti; Sexta Turma; Data do julgamento
25/02/2008; Data da Publicação/Fonte:DJ 24.03.2008, p.l).
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 72 Indenizatórios do Inss

A questão da utilização da data do acidente (ou também


denominado fato gerador) como marco para enquadramento na
possibilidade ou não do acúmulo do auxílio-acidente com a
aposentadoria encontra suporte no artigo 23 da Lei n° 8.213/1991.
Vejamos:

Art, 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença


profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade
laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia da
segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o
diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.

Este também é o raciocínio de Hertz Jacinto Costa,


principalmente no que diz respeito ao momento em que ocorreu o
acidente de trabalho. Segundo festejado jurista "em matéria
acidentária vige o princípio tempus regit actum"3S. Ou seja, para
Costa, a lei do tempo em que ocorreu o infortúnio é que regula o
correspondente pagamento das prestações previstas em lei.
Wladimir Novaes MartinezJtf é contrário a este posicionamento,
sustentando a tese de que "o sinistro do auxílio-acidente não é o fato
deflagrador do auxílio-doença”. Assim, segundo o renomado mestre,
o que importa é a data da consolidação das lesões.
O posicionamento do referido jurista é ratificado pela própria
Advocacia Geral da União, que editou em 14 de setembro de 2009 a
Súmula 44, de seguinte teor:

"É permitida a cumulação do benefício de auxílio-acidente com


benefício de aposentadoria guando a consolidação das lesões
decorrentes de acidentes de qualquer natureza, que resulte em
seqüelas definitivas, nos termos do art. 86 da Lei n" 8.213/91, tiver
ocorrido até 10 de novembro de 1997, inclusive, dia imediatamente
anterior à entrada em vigor da Medido Provisória n" 1.596-14,
convertida na Lei n° 9.528/97, que passou a vedar tal acumulação."

35COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. Curitiba: Juruá, 2009, p. 122.
36 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente, São Paulo: LTr, 2006, p. 54.
Fabrício Barcelos Vieira 73

Com todo respeito ao ilustre doutrinador supramencionado, o


entendimento majoritário dos pretórios inclina-se no sentido de que
não importa quando o auxílio-acidente tenha sido concedido, pois o
que vale para fins da vitaliciedade é qne. o fato gerador (acidente
laborai ou de qualquer natureza) tenha-ter ocorrido antes de 10/12/
1997. Tal posicionamento é corroborado pelo Superior Tribunal de
Justiça (STJ), cujo aresto segue abaixo:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM


RECURSO ESPECIAL. PERDA AUDITIVA. CUMULAÇÃO DE
APOSENTADORIA E AUXÍLIO-ACIDENTE. MOLÉSTIA
CONSOLIDADA ANTES DA NORMA PROIBITIVA.
POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL. AUSÊNCIA DE
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. LAUDO PERICIAL.
1. Embora o laudo pericial que diagnosticou a moléstia tenha sido
produzido quando já vigorava a Lei n,° 9.528/97, o fato gerador do
benefício teve origem antes da referida norma, conforme concluiu o
acórdão recorrido, sendo possível a cumulação dos benefícios de
aposentadoria e auxílio-acidente. (sem grifo no original).
2. O termo a quo do auxílio-acidente é a data da juntada do laudo
pericial em Juízo, não havendo, nos autos, postulação em âmbito
administrativo, nem a concessão de auxílio-doença.
3. Embargos de divergência acolhidos para, cassando o acórdão
embargado, dar parcial provimento ao recurso especial, tão-
somente para determinar a data da apresentação do laudo pericial
em Juízo como termo inicial do benefício. (EREsp 351.291/SF! Rei.
Min. LAURITA VAZ, Terceira Seção, DJ de 11/10/2004).

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo recentemente


editou o Enunciado 08, senão vejamos:

O § 2C do art. 86 da Lei n° 8.213/1991, com a redação dada pela Lei


n° 9.528/ 1997, impede a cumulação de qualquer aposentadoria
com auxílio-acidente, excepcionando-se unicamente a hipótese em
que a incapacitação acidentária tenha comprovadamente ocorrido
antes da vigência da norma proibitiva e de que a aposentação
decorra de tempo de contribuição singelamente contado. (DJe,
TJSR Administrativo, 6/11/2009, p. 5).
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 74 Indenizatórios do Inss

No mesmo sentido, em recente julgamento do dia 09/02/2010


(apelação n° 994.06.098831-2), novamente o Tribunal de Justiça de
São Paulo entendeu que o segurado tem direito ao restabelecimento
de seu benefício do auxílio-acidente desde a efetiva data de cessação
ocorrida com a concessão da aposentadoria (01/12/2004), período que
engloba as competências de dezembro de 2004 a abril de 2005,
inexistindo razão, portanto, para devolução específica do valor
descontado, sob pena de restituição duplicada.
O relator (Des. Amaral Vieira) destacou que houve ilegalidade
da decisão da autarquia de cessar o pagamento do auxílio-acidente ao
autor em razão de lhe haver deferido a aposentadoria por idade, eis
que o evento ocupacional danoso se deu antes da vigência da Lei n°
9.528/97 (foi concedido ao obreiro o auxílio-acidente a partir
de 01.02.1991).
O julgado aponta que faz ele jus a seu recebimento em caráter
vitalício, como lhe assegurava à época o § Io do art. 6° da Lei n" 6.367/
76, cuidando-se destarte de direito adquirido, imutável por força do
princípio tempus regit actum. Em outras palavras, como os de toda
regra nova, seus efeitos dirigem-se para o futuro e, por isso mesmo,
não retroagem para alcançar fatos pretéritos, tanto mais quando
venham a ferir direito adquirido.
A autarquia foi condenada a restabelecer o benefício do autor,
desde a data de cessação, e a pagar as parcelas em atraso (já abarcada
por esta disposição a devolução do valor indevidamente
descontado), respeitada a prescrição qüinqüenal. Vejamos o teor da
ementa:

ACIDENTE DE TRABALHO. AUXÍLIO-ACIDENTE DEFERIDO


ANTES DA EDIÇÃO DA LEI n° 9.528/97. CESSAÇÃO PELA
AUTARQUIA EM DECORRÊNCIA DA APOSENTADORIA DO
SEGURADO. PEDIDO DE RESTABELECIMENTO DO
BENEFÍCIO. DEFERIMENTO. Ocorrido o evento ocupacional
danoso antes da vigência da Lei n° 9.528/97, faz jus o segurado a
seu recebimento em caráter vitalício, como lhe assegurava à época
a Lei 6.367/76, cuidando-se destarte de direito adquirido, imutável
por força do princípio JJtempus regit actum". (Apelação
994060988321, Relator Amaral Vieira, data julgamento 09/02/2010).
Fabrício Barcelos Vieira 75 ■

Deste modo, com todo respeito aos posicionamentos contrários,


infortúnios ocorridos após a referida data (ou seja, 10/12/1997) resultarão
em um auxílio-acidente que será devido até a transformação em
aposentadoria. Os que ocorrerem antes de 10/12/1997 serão vitalícios.
E aqui cabe uma importante ressalva: muitas vezes o INSS,
quando da concessão da aposentadoria, cessa o auxílio-acidente para
aqueles que tiveram o fato gerador (acidente) ocorrido antes de 10/12/
1997. Oras, se a interpretação dos pretórios é no sentido de que o
benefício é vitalício em tal hipótese, plenamente possível a
propositura de ação para o restabelecimento do auxílio-acidente.
Entretanto, quando o auxílio-acidente não for cumulado com a
aposentadoria eis que o fato gerador teria sido posterior à referida
alteração legal, o segurado também deve ficar atento. Isso porque, na
maioria das vezes o INSS "esquece" de incluir o valor do auxílio-
acidente no cálculo - situação que enseja revisão do benefício.

3.5 POSSIBILIDADE DE CONTAR O TEMPO DO AUXÍLIO-


ACIDENTE para FINS DE APOSENTADORIA

Uma dúvida muito comum refere-se à possibilidade (ou não) de


computar o tempo em que o segurado esteve em gozo de auxílio-
acidente para somar ao tempo e, assim, requerer a aposentadoria.
Essa dúvida geralmente surge quando o segurado não está
desempenhando atividade remunerada (isto é, está desempregado) e
recebe auxílio-acidente.
Isso acontece porque a própria lei não é muito clara a respeito do
assunto. Por outro lado, ao procurar em doutrina e jurisprudência
acerca do assunto, também não se encontra resposta.
Tiago Faggioni Bachur57, buscando sanar essa dúvida, esclarece
que é necessário interpretar a lei. Para tanto, explica:

37 BACHUR, Tiago Faggioni. Saiba como contar o período em que o segurado recebeu
beneficio previdenciário para aumentar o tempo para aposentadoria. Jus Navigandi, Teresina,
ano 15, n. 2597,11 ago. 2010. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/1715B>.
Acesso em: 11 ago. 2010.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 76 Indenizatórios do Inss

"O art. 55, II da Lei n° 8.213/91 e o art. 60, III do Decreto n°


3.048/99 possibilitam a contagem, como tempo de serviço, do
tempo intercalado em que o segurado esteve em gozo de auxílio-
doença ou aposentadoria por invalidez, para fins de concessão
do benefício.
Já o inciso IX do Decreto n° 3.048/99 diz que o período em que o
segurado esteve recebendo benefício por incapacidade por
acidente de trabalho, pouco importando se intercalado ou não,
também conta como tempo de serviço.
O Decreto n° 3.048/99, em seu art. 60, inciso IX, parece solucionar
a questão referente ao auxílio-acidente decorrente de acidente de
trabalho, na medida em que o auxílio-acidente é um benefício por
incapacidade, permitindo a sua contagem para efeito de tempo de
contribuição.
Mas o problema persiste em relação ao auxílio-acidente que não é
oriundo de acidente de trabalho.
Se o segurado recebe auxílio-acidente e trabalha a contagem de
tempo para aposentadoria é feita pelo simples fato de haver
trabalho e contribuição (não necessariamente pelo fato de receber
auxílio-acidente).
Sob outro prisma, ressalta-se que o salário de contribuição para
cálculo do salário de benefício é obtido pela soma do valor do
salário de contribuição da atividade exercida com o valor do
auxílio-acidente, soma esta limitada ao limite do INSS.
O simples fato de haver essa somatória {benefício + salário de
contribuição) permite concluir de que deve sim contar como tempo.
Ademais, pela analogia e pelo princípio isonômico, não poderia
haver distinção entre o benefício decorrente de acidente de
trabalho e o de acidente de qualquer natureza. É como a situação
anteriormente apontada em relação ao auxílio-doença e
aposentadoria por invalidez que não é decorrente de acidente ou
doença do trabalho que não está intercalada, mas que a boa parte
da doutrina e jurisprudência entende que não se deve apenar o
segurado porque ficou doente, obrigando-o a trabalhar o período
em que gozava do benefício.
Os que não são adeptos dessa corrente, sustentam que, ao
contrário do auxüio-doença e da aposentadoria por invalidez, no
caso do auxílio-acidente a incapacidade não é total (mas parcial),
permitindo que o segurado volte a trabalhar e recolher
Fabrício Barcelos Vieira 77

contribuições para o INSS ef dessa forma, não poderia computar o


referido período (somente se a incapacidade for oriunda de
acidente de trabalho)."

3.6 REABILITAÇÃO PROFISSIONAL E PRESUNÇÃO DE


INCAPACIDADE

O auxílio-acidente, por ter a natureza jurídica de indenização,


atribui ao segurado uma presunção de incapacidade laborai.
Desta forma, mesmo que apresente o segurado a recuperação
total de sua capacidade para o trabalho que exercia quando da época
do acidente, se houve consolidação das lesões que resultaram em
seqüelas, o benefício não será cessado. E dependendo do momento
em que houve o acidente (conforme se verá oportunamente) a
prestação previdenciária pode perdurar vitaliciamente.
Wladimir Novaes Martinez^ descreve que a concessão do
auxílio-acidente "não é condicionada à recuperação do segurado".
Deste modo, para o referido doutrinador "subsiste presunção absoluta
de que não mais ficará inteiramente apto ao trabalho".
Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no REsp n°
258499/SP, aponta ser "irrelevante juízo quanto a eventual
reversibiiidade da moléstia", senão vejamos:

STJ. REsp 258499/SP ; RECURSO ESPECIAL. 2000/0045036-7.


Relator(a) : Ministro GILSON Dl PR Órgão Julgador : T5 - QUINTA
TURMA . Data do Julgamento : 13/03/2001. Data da Publicação/
Fonte: DJ 02.04.2001 p. 321 Ementa PREVIDENCIÁRIO.
ACIDENTÁRIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. L.E.R - LESÕES POR
ESFORÇO REPETITIVO. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO.
CABIMENTO. ART. 86, DA LEI 8.213/91. EVENTUAL
REVERSIBILIDADE DA MOLÉSTIA. IRRELEVÂNCIA.
VALORAÇÃO ADEQUADA DA PROVA. POSSIBILIDADE.
PRECEDENTES. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. I -

38 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 40.


Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 78 Indenizatórios do Inss

Realizado pelo expert o diagnóstico da L.E.R - Lesão por esforço


repetitivo, evidenciado o nexo com a atividade profissional
exercida, e a redução da capacidade laborai, impõe-se a regular
aplicação do art. 86, da Lei 8.2123/91, devendo ser concedido, na
hipótese, o auxílio-acidente vindicado pela obreira. II - Nesse
sentido, mostra-se de todo irrelevante juízo quanto à eventual
reversibilidade da moléstia, posto tratar-se de requisito não exigido
pela lei previdenciária para a concessão do benefício em comento.
III - A adequada valoração da prova, e a sua correta representação
em face do direito aplicado, não conduz ao reexame de matéria
fática, desiderato vedado pela Súmula 07/STJ. IV - Recurso
especial conhecido e provido.

Sendo assim, o segurado que está recebendo o auxílio-acidente


não fica obrigado a realizar novas perícias médicas, nem tampouco se
submeter ao processo de reabilitação profissional.
Aliás, a lei previdenciária atual não exige como requisito para
concessão do auxílio-acidente o processo de reabilitação profissional.
Tais exigências (diga-se de passagem, contra a lei) são feitas apenas
pelo artigo 104, inciso III, do Decreto n° 3.048/1999, e pelo artigo 255,
inciso III, da Instrução Normativa n° 118/2005.
Nesta seara, cabe destacar que o referido Decreto, assim como a
Instrução Normativa mencionada, ultrapassaram sua função
regulamentadora e instrutora, e acabaram "legislando", confrontando
diretamente disposição legal.
4 BENEFICIÁRIOS

4.1 QUEM PODE RECEBER O AUXÍLIO-ACIDENTE

Antes de qualquer consideração, justo elucidar que a


multicitada Lei n° 8.213/1991, na redação do seu artigo 86, caput,
menciona que o auxílio-acidente será devido ao segurado que
cumprir os requisitos legais.
No entanto, a norma supra, em seu artigo 18, § l039, limita o rol
dos beneficiários, fazendo com que somente o empregado,
trabalhador avulso e segurado especial sejam os possíveis
contemplados com o auxílio-acidente. Exclui-se desta lista também o
empregado doméstico.
Com base na Lei n° 6.932/1981 (alterada pela Lei n° 8.138/1990),
embora tenha sido o médico residente qualificado como segurado
"autônomo", foi-lhe assegurado o direito ao auxílio-acidente. É o que
dispõe o artigo 4o, § 5o da citada Lei n° 6932/1981:

§ 5o Ao médico residente filiado ao Sistema Previdenciário na forma


do § Io deste artigo são assegurados os direitos previstos na Lei n°
3.807, de 26 de agosto de 1960 e suas alterações posteriores, bem
como os decorrentes de acidentes de trabalho, (grifo nosso).

39 § Io Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente os segurados incluídos nos


incisos I, VI e VII do art. 11 desta Lei.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 80 Indenizatórios do Inss

Importante acrescentar que, com a edição da Constituição


Federal de 1988, e a conseqüente vinda da Lei n° 8.213/1991, não há
distinção, para efeito de concessão de benefícios previdenciários,
entre trabalhador urbano ou rural. Assim, faz jus também o rural
(leia-se empregado, inclusive o safrista).
O professor Wladimir Novaes Martinez^ leciona que o auxílio-
acidente deveria alcançar todos os beneficiários, "até porque ele
pretende cobrir qualquer evento que diminua a capacidade para o
trabalho habitual".
Salienta-se que há em trâmite no Congresso Nacional um
Projeto de Lei (PLS n° 163/06), de autoria da então Senadora Heloísa
Helena, que busca inserir os empregados domésticos no rol dos
beneficiários do auxílio-acidente.
Desta maneira, é que vamos discorrer então sobre a
possibilidade de o contribuinte individual receber o auxílio-acidente.

4.2 POSSIBILIDADE DE O CONTRIBUINTE INDIVIDUAL


RECEBER O BENEFÍCIO

O contribuinte individual é segurado obrigatório do Regime


Geral de Previdência Social (RGPS), e está definido no artigo 12,
inciso V da Lei n° 8.212/1991*'. Entre suas modalidades mais comuns

40 MART1NEZ, Wladimir Novaes, Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 42.


41 V - como contribuinte individual: a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora
atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área
superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro)
módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de
prepostos: ou ainda nas hipóteses dos §§ 10 e 11 deste artigo; b) a pessoa física, proprietá­
ria ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou
temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de emprega­
dos, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; c) o ministro de confissão
religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religio­
sa; d) revogada; e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial interna­
cional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
quando coberto por regime próprio de previdência social; f) o titular de firma individual
Fabrício Barcelos Vieira 81 ■

estão aquele que presta serviço ou trabalha por contra própria (antigo
autônomo) e o empresário, seja o sócio de empresa ou titular de firma
individual.
Pois bem, conforme visto acima, a Lei n° 8.213/1991, em seu
artigo 18, § Io, limitou o rol de segurados que podem se beneficiar do
auxílio-acidente, excluindo o contribuinte individual de tal relação.
Com a edição da Lei n° 9.032/1995, publicada em 28/04/2005,
criou-se a possibilidade do recebimento do auxílio-acidente
decorrente de acidente de qualquer natureza, e não somente o
resultante de acidente do trabalho. Deste modo, deixou-se de se
restringir o referido benefício apenas para o segurado empregado,
trabalhador avulso e o segurado especial.
Confere recapitular que, conforme supramencionado, a Lei n°
8.213/1991, em seu artigo 86, ao dispor sobre o auxílio-acidente,
conferiu direito ao "segurado" da sua percepção. Não houve limitação
em tal dispositivo legal.
Desta feita, não há justificativa para se excluir do rol dos
beneficiários do auxílio-acidente o contribuinte individual. Aliás,
Martinez^ destaca que todos os segurados obrigatórios podem ser
"vítimas de infortúnio de qualquer natureza (ou causa)", inclusive o
contribuinte individual.
Muitos justificam a não inclusão do contribuinte
individual no rol dos beneficiários do auxílio-acidente pela
falta da fonte de custeio.

urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de


sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio-gerente e o sócio cotista
que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o
associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer
natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de
direção condominial, desde que recebam remuneração; g) quem presta serviço de natureza
urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego;
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana,
com fins lucrativos ou não;
42MARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 59.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 82 Indenizatórios do Inss

Argumenta-se que os segurados beneficiados pelo auxílio-


acidente são os mesmos que, de algum modo, contribuem para o
Seguro Acidente de Trabalho (SAT). Conforme a legislação as
empresas, para custeio do SAT pagam 1, 2 ou 3% sobre a remuneração
dos seus empregados e avulsos que lhe prestem serviços. No mesmo
sentido, o segurado especial deve destinar 0,1% sobre a
comercialização da sua produção para a mesma finalidade.
Contudo, devemos observar que a fonte de custeio do segurado
contribuinte individual possuiu a alíquota mais alta. Sua
contribuição, em regra, é de 20% (vinte por cento) sobre os seus
rendimentos mensais, limitada ao teto do salário de contribuição
Deste modo, traçando um paralelo no direito constitucional do
tratamento isonômico, não há razão para excluir o contribuinte
individual do direito ao aludido benefício, uma vez que sua
contribuição é mais alta do que a dos demais segurados obrigatórios.
Além disso, ao segurado especial (rurícola ou pescador
artesanal que exercem sua atividade laborai individualmente ou em
regime de economia familiar) não se exigem contribuições para
concessão do auxílio-acidente e demais benefícios. Logo, não seria
justo excluir o contribuinte individual apenas sob o fraco argumento
da falta de fonte de custeio.
Como se sabe, o princípio da isonomia ou da igualdade tem
status constitucional (artigo 5°, caput, e inciso I). Por esse principio,
significa que o juiz deve dispensar tratamento paritário às partes e
aos seus procuradores.
Ao longo do tempo, o conceito de isonomia evoluiu.
Antigamente, a isonomia era vista apenas sob um aspecto formal, ou
seja, os indivíduos eram tratados de modo similar, não importando as
suas peculiaridades. Posteriormente, verificou-se que esse
tratamento gerava graves injustiças, passando-se, a partir de então, a
perseguir a igualdade real, segundo a qual, havendo disparidades

43 A exceção ao caso se aplica ao contribuinte individual que se filia ao Plano Simplificado


de contribuição, cuja alíquota é de 11% (onze) por cento do salário mínimo nacional vigente.
Fabrício Barcelos Vieira 83 ■

entre as pessoas, a lei deveria tratá-las de modo dessemelhante,


justamente para promover o nivelamento.
A ideia de isonomia real foi desenvolvida, principalmente, por
Rui Barbosa, que pregava que devemos tratar igualmente os iguais e
desigualmente os desiguais, na exata proporção da desigualdade.
Obviamente, o tratamento diferenciado somente será legítimo
se existirem pressupostos lógicos que justifiquem racionalmente a
não equiparação no caso concreto.
No ordenamento jurídico pátrio, as normas acidentárias
atualmente vigentes não são harmônicas quanto ao alcance da
proteção previdenciária aos trabalhadores lato sensu, haja vista que
são limitadas ao conceito de trabalhador, como aquele que possui
vínculo empregatício, incluindo, ainda, o trabalhador avulso e o
trabalhador rural (na qualidade de segurado especial, ou seja, que
labora em forma de economia familiar), contrariando as novas
tendências de formas laborais. Contradizem, pois, os fundamentos
constitucionais, os princípios da seguridade social, assim como, o
moderno conceito de meio ambiente do trabalho, que tem como objeto
a vida digna do homem, ultrapassando os limites das unidades fabris,
seguindo a mesma tendência globalizante da informação e dos
mercados financeiros, repleto de diversidades e sem fronteiras.
Dessa maneira, o desenvolvimento dessa análise deve ser feita
com suporte na dimensão do moderno conceito e na nova visão de
meio ambiente do trabalho.
Nesta seara, importante colacionar as brilhantes palavras da
professora Iza Amélia de Castro Albuquerque", que traz à tona o
novo conceito de meio ambiente do trabalho;

A doutrina tem evoluído no conceito de meio ambiente, assim não


mais se vê como tal apenas o ambiente natural em que vive o

44 ALBUQUERQUE, Iza Amélia de Castro. Análise das normas acidentárias previdenciárias


face às transformações no mundo do trabalho. Disponível em: <±ttp://w ww.conpedi.oig/manaus/
arquivos/anais/manaus/transfjrabalhoJza_albuquerque.pdf>. Acesso em 29 dez. 2009.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 84 Indenizatórios do Inss

homem, mas sim um conjunto integrado de elementos. Contudo,


para se alcançar a concepção atual de meio ambiente do trabalho,
deve-se buscar um universo maior que é a própria conceituação de
direito ambiental e meio ambiente.

Com efeito, o meio ambiente de trabalho, na sua conceituação


contemporânea, significa uma análise integrada de dignidade do
trabalhador, visando sempre a alcançar o seu bem-estar e qualidade
de vida, E viver com qualidade representa estar amparado
amplamente pela proteção social.
Desta feita, conforme supranarrado, a ampla proteção social
(nela incluída o direito ao auxílio-acidente) a todo e qualquer
trabalhador significa pleno respeito ao princípio fundamental da
nossa Constituição Federal, que é a dignidade da pessoa humana.
Não é justo excluir o autônomo, o eventual e o dirigente
empresarial (tipos de contribuintes individuais) do rol dos
beneficiários do auxílio-acidente, uma vez que, por muitas situações,
trabalham lado a lado com os empregados e nas mesmas condições.
Apenas como ilustração e para enriquecimento do presente
estudo, não se pode deixar de citar as palavras do já festejado jurista
Hertz Jacinto Costa45, ao mencionar que é uma grande injustiça não
incluir também o empregado doméstico no rol dos segurados
acobertados pelo auxílio-acidente. Observemos:

"É evidente a injustiça que se comete com o empregado doméstico,


aquele que presta serviços ao empregador em sua casa, mediante
salário, dizendo respeito às atividades inerentes, tais como: faxina
da residência, limpeza e arrumação de jardins, lavagem de roupas,
preparo de alimentos etc."

Em conclusão, o direito não pode dar as costas ao moderno


fenômeno de crescimento do número de trabalhadores laborando por

45 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. Curitiba: Juruá, 2009, p. 98.
Fabrício Barcelos Vieira 85 ■

conta própria, assim como à proliferação de microempresas de


pequeno porte e profissionais liberais. Desta feita, a legislação
acidentária não pode mais estar em desacordo com a realidade do
mundo atual laborai. Assim, não faz mais qualquer sentido excluir do
rol de beneficiários do auxílio-acidente o contribuinte individual e
também o doméstico.

4.3 DESEMPREGADO OU SEGURADO EM OUTRO EMPREGO

Inicialmente cabe destacar que o auxílio-acidente é o único


benefício previdenciário por incapacidade que permite o retorno ao
serviço. É o que diz o artigo 86, § 3o, da Lein° 8.213/1991:

§ 3o O recebimento de salário ou concessão de outro beneficio,


exceto de aposentadoria, observado o disposto no § 5o, não
prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.

Ou seja, não há nenhum impedimento de gozo ao segurado do


auxílio-acidente ao mesmo tempo em que retorne ao trabalho e aufira
seu salário mensalmente.
Pois bem, as normas relativas ao auxího-acidente, digam-se
Instruções Normativas e Decretos, sempre excluíram o segurado
desempregado do direito da percepção do referido benefício
previdenciário. Um exemplo claro está no artigo 104, § 7o do Decreto
n° 3.048/1999, que assim reza:

"Não cabe a concessão de auxílio-acidente quando o segurado


estiver desempregado, podendo ser concedido o auxílio-doença
previdenciário, desde que atendidas as condições inerentes à
espécie."

Tal preceito sempre foi muito discutido e atacado por


doutrinadores e pela jurisprudência pátria. O argumento sempre foi
Auxilio Ac:idente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 86 Indenizatórios do Inss

muito simples e convincente, ou seja, o caput do artigo 86 da Lei 8.213/


1991 fala no direito do segurado, não impondo que ele seja ou que
esteja empregado.
Ademais, o direito ao auxílio-acidente também não cessa
quando o segurado está exercendo outra atividade ou se encontra em
outro emprego diverso daquele que exercia quando do acidente, ora
resultante na percepção do benefício. A lei previdenciária é clara ao
estabelecer que o que importa é que a as lesões consolidadas
resultem em seqüelas que impliquem a redução da capacidade para o
trabalho que habitualmente exercia na época do acidente, fato
gerador do auxílio-acidente.
Patrícia Salomão** ensina que "o auxílio-acidente continuará
sendo pago mesmo nos casos em que o segurado passe a exercer outra
atividade em que a sua seqüela não interfira, ou, ainda, nos casos em
que ficar desempregado".
No mesmo sentido, Flávio Arthur Sobrinho Fernandes'7 assim diz:

Todavia a partir da Lei 9.032/95, passou a ser aplicável aos


acidentes de qualquer natureza o auxílio-acidente. Ou seja, pode o
segurado acidentado por qualquer outro tipo de lesão receber o
auxílio-acidente, caso fique com seqüelas que causem redução de
sua capacidade laborativa. Assim, se uma pessoa que sofre de
acidente de outra natureza (que não seja decorrente de acidente de
trabalho) pode receber auxílio-acidente, no mesmo sentido,
desempregado (que foi vítima de acidente de trabalho ou não)
também pode receber o referido beneplácito.

Assim, estar desempregado não é causa para não concessão ou


extinção do benefício previdenciário denominado auxílio-acidente.

46SALOMÃO, Patrícia. Auxílio-acidente no RGPS. Disponível em:<http://


www.jurisway.org.br/v2/eursoonline.asp?id_curso= 1051 &pagina= 1 &id_titulo= i 2426x
Acesso em: 10 jul. 2009.
47 FERNANDES, Flávio Arthur Sobrinho. Auxílio-acidente. Segurado desempregado e o
gozo do auxílio acidente. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2284,2 out. 2009. Disponível
em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id= 13610>. Acesso em: 2 out. 2009.
Fabrício Barcelos Vieira 87 ■

Aliás, o próprio INSS, em sua Instrução Normativa n° 45/2010,


no artigo 312f § 3o, aponta que para fins da concessão do aludido
beneficio o que importa é atividade exercida pelo segurado na data do
acidente.

4.4 DIREITO DO APOSENTADO QUE VOLTA A TRABALHAR

Com as várias reformas legislativas que ocorreram nos últimos


anos, a gama de benefícios que podem ser concedidos aos inativos foi
reduzida,
A Lei n° 8.213/1991, em seu artigo 18, § 2°, prescreve que o
“aposentado que permanecer ou retornar em atividade não fará jus a
prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício
dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação
profissional, quando empregado". Além disso, o Decreto n° 3.048/
1999, no seu artigo 103^, permite à segurada já aposentada que
retorne ao trabalho o direito ao salário-maternidade.
Assim, o trabalhador aposentado que permaneça trabalhando
ou retorne ao mercado de trabalho somente tem direito ao salário-
famílía, salário-maternidade e à reabilitação profissional. Não tem
direito ao auxílio-acidente.
Por sua vez, se o aposentado sofrer um acidente de trabalho, em
que pese não poder gozar de nenhum benefício previdenciário,
poderá ser amparado pela estabilidade ou garantia no emprego,
conforme o artigo 118 da Lei n° 8.213/1991, que segue:

Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem


garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu
contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença
acidentário, independentemente de percepção de auxílio-acidente.

48 Art. 103. A segurada aposentada que retornar à atividade fará jus ao pagamento do
salário-maternidade, de acordo com o disposto no art. 93.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
«88 Indenizatórios do Inss

Tanto é assim, que o próprio TST tem flexibilizado o


entendimento consubstanciado na Súmula 378, II, garantindo ao
empregado aposentado, o direito à estabilidade provisória decorrente
de acidente de trabalho,
Neste sentido, é o entendimento dos seguintes arestos:

Estabilidade provisória acidente de trabalho empregado


aposentado. In casu, o percebimento do auxílio-doença
acidentário não se verificou ante o óbice legal contido no artigo
124, inciso I, da Lei 8.213/91, que, salvo no caso de direito
adquirido, veda o recebimento cumulado de aposentadoria com
auxílio-doença, o que não afasta o direito à estabilidade
decorrente do acidente de trabalho, tendo em vista o atual
entendimento desta Corte, que, levando em consideração os
princípios do Direito do TYabalho e a interpretação finalística ou
teleológica da norma, vem mitigando a exigência de percepção do
auxílio-doença acidentário para a concessão da estabilidade, o
que se percebe da leitura do item II da Súmula/TST 378, e o fato de
que o empregado, no presente caso, atendia aos pressupostos para
o recebimento do referido auxílio, ou seja, sofreu acidente de
trabalho, ficando afastado do trabalho por prazo superior a 15
dias. Recurso de revista conhecido e provido. Ac (unânime) TST 2a
T (RR - 85444/2003-900-04-00) Rei. Min. Renato de Lacerda Paiva,
julgado em 16/9/2009 e publicado no DEJT 9/10/2009.

Estabilidade. Acidente de trabalho. Artigo 118 da lei 8.213/91.


Empregado aposentado. Auxílio-doença acidentário. 1. Em
princípio, para o empregado beneficiar-se da estabilidade
provisória do art. 118 da Lei 8.213/91 é necessário o atendimento a
dois requisitos: o afastamento do empregado do trabalho por prazo
superior a 15 dias e o recebimento de auxílio-doença acidentário
(Orientação Jurisprudencial 230 da SBDI1 do TST).
2. Se, todavia, o empregado acidentado acha-se aposentado,
resulta inviabilizada pela própria lei a percepção também de
auxílio-doença, em virtude de óbice imposto pelo regulamento
geral da Previdência Social à percepção cumulada de auxílio-
doença e aposentadoria. Em casos que tais, cada vez mais comuns
na atual conjuntura sócio-econômica, em que desafortunada­
mente se torna imperativo o reingresso do aposentado no mercado
Fabrício Barcelos Vieira 89 ■

de trabalho a fim de suplementar os parcos ganhos advindos da


aposentadoria, a circunstância de o empregado não poder auferir
concomitantemente auxílio-doença acidentário não lhe retira o
direito à estabilidade se o afastamento do serviço dá-se por
período superior a 15 dias e há nexo causai com o labor prestado
ao empregador.
3. Inexistência de afronta ao art. 118 da Lei 8.213/91. Recurso de
revista não conhecido. Ac (unânime)TST Ia T (RR-590.638/99.0) ,
Rei. Min. João Oreste Dalazen, publicado no DJ - 28/1012004)

E mais, e—xistemexistem ainda, entendimentos na


jurisprudência no sentido de que para a obtenção da estabilidade
provisória, basta a comprovação do nexo de causalidade entre a
doença profissional e a execução do contrato de trabalho.
Neste diapasão, cabe trazer à baila o seguinte julgado da SDI-
ldoTST:

Estabilidade acidentária. Artigo 118 da lei 8.213/91. Súmula 378,


II, deste Tribunal Superior. Consoante a jurisprudência desta
Corte uniformizadora, consagrada na Súmula n.° 378, II,
comprovado o nexo de causalidade entre a doença profissional e a
execução do contrato de trabalho, não se exige a percepção de
auxílio-doença e o afastamento por mais de 15 dias para o
reconhecimento da estabilidade de que trata o artigo 118 da Lei
8.213/91. Recurso de embargos conhecido e provido parcialmente.
Ac (unânime) TST SBDI-1 (E-RR 881/1996-0001-17-00.3) Rei. Min.
Lélio Bentes, julgado em 1/10/09, divulgado no DEJT 8/10/09 e
publicado no DEJT 9/10/09.

O multicitado professor Hertz Jacinto Costa49 critica


veementemente a impossibilidade do aposentado que retorna ao
trabalho fazer jus a prestação da Previdência Social em decorrência
de infortúnio laborai:

49 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do TVabalho. Curitiba: Juruá, 2009, p . 116
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 90 Indenizatórios do Inss

"(...) o aposentado que retoma ao trabalho e vem acidentar-se na


atividade laborativa não faz jus à prestação alguma da Previdência
Social. Aliás, nos parece de grave injustiça e até com contornos
insconstitucionais, relativamente ao aposentado que buscou ser
produtivo ao país, mas que se infortunou no labor de empregado,
não ter qualquer direito às prestações acidentárias do órgão
segurador oficial, à exceção do salário-família c reabilitação
profissional."
5 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

5.1 INSTRUÇÕES NORMATIVAS

A fonte administrativa de concessão dos benefícios é a Instrução


Normativa, mais conhecida pelas suas siglas, ou seja, IN. Trata-se de
uma norma que tem o cunho de apenas orientar e direcionar o
trabalho dos servidores do INSS, não tendo valor hierárquico de lei.
Contudo, o que se observa na prática do dia a dia é que o INSS,
de modo errôneo e equivocado, tem dado maior valor às suas
Instruções Normativas do que disposições legais e até
constitucionais.
Pois bem, deixando de lado questões relativas à divergência de
aplicações das normas e suas interpretações, as matérias
concernentes ao auxílio-acidente eram tratadas nos artigos 252 a 260
da Instrução Normativa (IN) n° 57/01 e nos artigos 255 a 263 da IN n°
78/02. Logo após vieram as INs n° 118/05 e 11/2006.
Atualmente, as regras administrativas respeitantes ao auxílio-
acidente encontram-se dispostas na Instrução Normativa n° 45/2010,
que foi publicada no D.O.U. do dia 11/08/2010, nos artigos 311 a 317.

5.2 ARTIGO 104 DO DECRETO N° 3.048/1999

Já fora mencionado que para fazer direito ao auxílio-acidente o


segurado deve ter sofrido um acidente (laborai ou de qualquer
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 92 Indenizatórios do Inss

natureza) que gere uma lesão a qual, após consolidada, resulte em


uma seqüela que reduza a capacidade laborativa (parcial e
definitivamente) do segurado em relação à atividade exercida quando
da época do seu acidente.
Desta forma, o Decreto n° 3.048/1999, em seu artigo 104, busca
descrever as hipóteses que gerariam o direito ao auxílio-acidente.
Quais sejam:

1. redução da capacidade para o trabalho habitualmente


exercido;
2. redução da capacidade para o trabalho habitualmente
exercido e exigência de maior esforço para o desempenho da
atividade;
3. impossibilidade de exercício da atividade, porém com aptidão
para outra após processo de reabilitação profissional.

Entende-se que as três situações supradescritas são apenas


exemplificativas e não taxativas. Pois o que importa é a constatação
(através de perícia médica) de que houve lesão, a qual, após
consolidada, resultou em seqüela que diminua a capacidade do
trabalhador de exercer sua atividade com o mesmo denodo e acuidade
de antes.

5.3 ANEXO III DO DECRETO N° 3.048/1999

O Decreto n° 3.048/1999 traz no seu Anexo III a relação das


situações que dão direito ao auxílio-acidente, com nove quadros.
Vejamos:

1. aparelho visual;
2. aparelho auditivo;
3. aparelho de fonação;
Fabrício Barcelos Vieira 93 ■

4. prejuízo estético;
5. perdas de segmentos de membros;
6. alterações articulares;
7. encurtamento de membro inferior;
8. redução da força e/ou capacidade funcional dos membros;
9. outros aparelhos e sistemas.

Cabe mencionar que a listagem do referido Anexo III é apenas


exemplificativa, mas demonstra que situações enquadradas na sua
lista dão direito ao auxílio-acidente.
Por outro lado, outras situações não arroladas acima que
resultarem em seqüelas incapacitantes para o trabalho dão
plenamente o direito ao benefício previdenciário ora destacado.
6 ASPECTOS PROCESSUAIS PRÁTICOS

6.1 COMPETÊNCIA JURISDICIONAL

As ações judiciais visando à concessão de benefícios


previdenciários decorrentes de acidente de trabalho têm sua
competência judicial delegada aos Estados e ao Distrito Federal.
Trata-se da chamada competência delegada, conforme o ditame
constitucional ora exposto no artigo 109, inciso Ir da Constituição
Federal:

Art. 109. Aos juizes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

Além disso, tal determinação também encontra amparo no


disposto do artigo 129, inciso II, da Lei n° 8.213/1991:

Art. 129. Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do


trabalho serão apreciados:
I - na esfera administrativa, pelos órgãos da Previdência Social,
segundo as regras e prazos aplicáveis às demais prestações, com
prioridade para conclusão; e
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 96 Indenizatórios do Inss

II - na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal,


segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses,
mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do
evento à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente
do Trabalho-CAT.

Assim, os infortúnios decorrentes de acidente de trabalho, que


ora justifiquem a concessão do auxílio-acidente, deverão ser
propostos nas Varas da Justiça Estadual ou do Distrito Federal, e não
nas Varas Federais. Acidentes de qualquer natureza não decorrentes
de evento laborai permanecem com a competência fixada junto à
Justiça Federal.
Por sua vez, acidentes de qualquer natureza não decorrentes de
evento laborai permanecem com a competência fixada junto à Justiça
Federal.
Algo que desperta também interesse é o que traz o
retromencionado artigo 129 da Lei n° 8.213/1991, em seu § único**, ao
mencionar que procedimentos judiciais relativos a causas oriundas de
acidente de trabalho são isentos de quaisquer custas e verbas
relativas à sucumbência.

6.2 PRESCRIÇÃO DAS AÇÕES JUDICIAIS

As ações judiciais que visem ao recebimento de prestações por


acidente de trabalho prescrevem em 5 (cinco anos), nos termos do
artigo 104 da Lei n° 8.213/1991 e seus incisos. Vejamos:

50 Art. 129. Os litígios e medidas cau te lares relativos a acidentes do trabalho serão aprecia­
dos: 1 - na esfera administrativa, pelos órgãos da Previdência Social, segundo as regras e
prazos aplicáveis às demais prestações, com prioridade para conclusão; e II - na via judicial,
pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo o rito sumaríssimo, inclusive duran­
te as férias forenses, mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do evento
à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente do Trabalho - CAT. Parágrafo
único. O procedimento judicial de que trata o inciso 11 deste artigo é isento do pagamento de
quaisquer custas e de verbas relativas à sucumbência.
Fabrício Barcelos Vieira 97 ■

Art. 104. As ações referentes à prestação por acidente do trabalho


prescrevem em 5 (cinco) anos, observado o disposto no art. 103
desta Lei, contados da data:
I - do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade
temporária, verificada esta em perícia médica a cargo da
Previdência Social; ou
II - em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade
permanente ou o agravamento das seqüelas do acidente.

A contagem desse prazo se dá a partir do exame pericial que


confirmar a enfermidade ou verificar a incapacidade. Esse
posicionamento já está consolidado pelos tribunais superiores,
inclusive pelo STF, que editou a Súmula 230:
Prescrição da Ação de Acidente do Trabalho - Contagem -
Exame Pericial - Comprovação da Enfermidade ou Verificação da
Natureza da Incapacidade - A prescrição da ação de acidente do
trabalho conta-se do exame pericial que comprovar a enfermidade ou
verificar a natureza da incapacidade.
Referida contagem é criticada por Vladimir Novaes Martinez",
segundo o qual o correto é escolher a data do acidente e não o da
perícia. Vejamos:

A súmula elege fato adjetivo para regular matéria substantiva; na


verdade, o mais correto seria escolher o momento do acidente
constante do exame e não o instante da perícia. Os tribunais
confundem a data do sinistro, com a data da consolidação das
lesões e, por vezes, com a dos laudos técnicos periciais.

Cabe neste momento recordar que o direito ao benefício de


prestação continuada jamais prescreve, apenas as suas mensalidades
é que são vitimadas pelo prazo prescricional. Assim, quem requerer o
auxílio-acidente depois de 5 (cinco) anos do exame pericial que

51 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Auxílio-acidente. São Paulo: LTr, 2006, p. 34.


Auxílio Acidente Previdenciário c Acidentário: Os Benefícios
■ 98 indenizatórios do inss

comprovar a enfermidade ou verificar a natureza da incapacidade


receberá apenas os últimos 60 (sessenta) meses e daí pra frente.
Exemplificando: se o segurado teve cessado seu auxílio-doença
em 31/03/2000 e requereu o auxílio-acidente em 31/03/2005
(passaram-se cinco anos), ele terá direito de receber as prestações
pretéritas de todo o período, ou seja, desde a cessação do auxílio-
acidente. Porém se o segurado realizou o pedido em 31/03/2006
(passados seis anos), ele receberá apenas os atrasados referentes aos
últimos cinco anos; assim, as mensalidades que vão de 01/04/2000 a
31/03/2001 serão perdidas.
Neste sentido, podemos observar brilhante ementa da 10a
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

Acidente do trabalho. Prescrição. Inocorrente, no caso, a prescrição


do fundo de direito, mas tão somente a prescrição qüinqüenal das
parcelas vencidas. Preliminar rejeitada. (Ap. nü 598190445, de
05.11.98).
7 RECEBIMENTO SEM GOZO DO AUXÍLIO-DOENÇA
PREVIAMENTE

Não há qualquer disposição legal que determine o prévio


recebimento do auxílio-doença para o posterior gozo do auxílio-
acidente.
Sendo assim, o segurado pode receber o auxílio-acidente sem
nunca ter recebido o auxíüo-doença decorrente do infortúnio gerador
do benefício.
Aliás, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em brilhante
julgado, apontou que, mesmo que o segurado não tenha deixado de
trabalhar, se provada a perda parcial permanente da aptidão laborai,
faz jus o cidadão ao auxílio-acidente (RESP n° 683.573/SP - Proc.
2005.0123131-0, de 20.4.05, in DJU de 17.03.04, p.p. 335/336, Rei. Min.
Gilson Dipp).
O que se exige, no caso do segurado empregado, é que se
tenham passado 15 dias da data do infortúnio para que haja o
requerimento direto do auxílio-acidente.
8 NÍVEL DE PERDA, PERCENTUAL E SUA REVISÃO

O vigente artigo 86 da Lei n° 8.213/1991 não especifica a


intensidade da capacidade perdida para concessão do benefício,
bastando a avaliação pericial de que houve lesão resultante em
seqüela que incapacita parcialmente o trabalhador de exercer a
atividade praticada quando do infortúnio com o mesmo denodo.
Em razão disto, seja qual for o grau de intensidade da lesão o
segurado receberá, a título de auxílio-acidente, o valor de 50%
(cinqüenta por cento) do salário de benefício que gerou o eventual
auxílio-doença.
Nesse sentido já edificaram nossos tribunais:

Auxílio-acidente. Mesmo que em grau mínimo, a redução da


capacidade laborativa impõe a concessão do benefício.
Interpretação da antiga e da atual redação do art. 86, da Lei n°
8.213/91. Percentual do benefício. Correção da sentença, para
estabelecer, a partir da vigência da Lei nw 9.032/95, o percentual de
50% por ela instituído. Apelo improvido. (TJRS, 10a Câmara Cível,
Ap. n° 197110711, de 10.09.98, ReL Des. Luiz Lúcio Merg).

Aliás, foi o que, recentemente, o Colendo Superior Tribunal de


Justiça (STJ) decidiu, no Recurso Especial Repetitivo (CPC, art. 543-
C) n° 1.109.591/SC, que é devido o auxílio-acidente, inclusive nos
casos de lesão mínima, porque a extensão do dano não está inserida
no rol dos pressupostos necessários à concessão do referido benefício.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 102 Indenizatórios do Inss

É o que acrescentou o Ministro Celso Limongi, no aludido


recurso:

"...e não poderia ser de outro modo, pois como é sabido, a lesão
além de refletir diretamente na atividade laborai, por demandar,
ainda que no mínimo, um maior esforço, extrapola o âmbito estreito
do trabalho para repercutir em todas as demais áreas da vida do
segurado, o que impõe a indenização (...) Diante de tudo isso e,
ainda, considerando a natureza das normas previdenciárias a
impor uma interpretação pro misero, não vejo alternativa que não
seja o reconhecimento do direito ao auxílio-acidente também nos
casos de lesão mínima"

Vejamos o que estabeleceu a ementa do sobredito julgado:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. REPRESENTATIVO


DA CONTROVÉRSIA. AUXÍLIO-ACIDENTE. LESÃO MÍNIMA.
DIREITO AO BENEFÍCIO.
1. Conforme disposto no art. 86, caput, da Lei 8.213/91, exige-se,
para concessão do auxílio-acidente, a existência de lesão,
decorrente de acidente do trabalho, que implique redução da
capacidade para o labor habitualmente exercido.
2. O nível de dano e, em conseqüência, o grau de maior esforço,
não interferem na concessão do benefício, o qual será devido ainda
que mínima a lesão.
3. Recurso especial provido.
STJ - Resp 1109591/SC, Rei. Ministro CELSO LIMONGI
{DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe 08/09/2010.

Cabe ainda registrar os ensinamentos de ANTÔNIO LOPES


MONTEIRO e ROBERTO FLEURY SE SOUZA BERTAGNI, ao criticar
a tese infundada do INSS ao argumentar que apenas é cabível a
concessão do auxílio-acidente quando a incapacidade resultante do
acidente, após alta médica, deve ser equivalente a 50%^:

52 Acidente do trabalho e doenças ocupacionais, 4a ed., São Paulo, Ed. Saraiva, 2007, p. 41 /42.
Fabrício Barcelos Vieira 103 ■

"No âmbito das ações acidentárias a autarquia vem criando teses


absurdas para evitar o pagamento do auxílio-acidente, agora no
percentual único de 50%. Uma delas é a de que apenais cabe o
benefício quando há necessidade de mudança de função e não
apenas a necessidade de dispêndio de maior esforço para exercê-la.
Outra, esta mais absurda ainda, exige que a incapacidade resultante
do acidente, após alta médica, deva ser equivalente a 50%.

O Regulamento, no art. 104, trata da questão da seguinte forma:


concede-se o auxílio-acidente quando:

a) houver redução da capacidade para o trabalho que


habitualmente exercia, remetendo ao anexo III;
b) houver redução para a capacidade de trabalho que
habitualmente exercia a exigência de maior esforço para o
desempenho desta função;
c) houver redução da capacidade de trabalho que impossibilite o
desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém
permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação
profissional, nos casos indicados pela perícia do INSS.
(...) Pode haver redução da capacidade para o trabalho sem
implicar impedimento ao exercício desse mesmo trabalho, de tal
forma que não há impedimento ao exercício desse mesmo
trabalho, de tal forma que não há que se condicionar a concessão
do auxílio-acidente de 50% apenas para os casos de necessidade
de mudança de função.”

Importante mencionar que, antes da Lei n° 8.213/1991, não havia


percentual e o valor do auxílio-acidente correspondia ao último
salário recebido pelo segurado.
Contudo, após a edição do retromencionado normativo, até 28/
04/1995 havia diferenciação dos percentuais, que seguia a regra de
acordo com a intensidade da lesão causada. As alíquotas eram de 30%
(trinta por cento) f 40% (quarenta por cento) e 60% (sessenta por cento)
do salário de benefício.
Desta feita, dizia a antiga redação do artigo 86 da Lei 8.213/91:
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 104 Indenizatórios do Inss

'Art. 86. O auxílio-acidente será concedido ao segurado quando,


após a consolidação das lesões decorrentes do acidente do
trabalho, resultar seqüela que implique:
I - redução da capacidade laborativa que exija maior esforço ou
necessidade de adaptação para exercer a mesma atividade,
independentemente de reabilitação profissional;
II - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o
desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém,
não o de outra, do mesmo nível de complexidade, após reabilitação
profissional; ou
III - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o
desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém
não o de outra, de nível inferior de complexidade, após reabilitação
profissional.

§ Io O auxílio-acidente, mensal e vitalício, corresponderá,


respectivamente às situações previstas nos incisos I, II e III deste
artigo, a 30% (trinta por cento), 40% (quarenta por cento) ou 60%
(sessenta por cento) do salário de contribuição do segurado vigente
no dia do acidente, não podendo ser inferior a esse percentual do
seu salário de benefício,"

Infere-se assim, que aqueles segurados que obtiveram o


deferimento de seu benefício posteriormente ao advento da Lei n°
9.032/1995r alcançaram um valor maior de prestação em comparação
com aqueles segurados com benefício concedido anteriormente a
referida lei
Esta nova sistemática de cálculo não foi aplicada aos benefícios
de auxílio-acidente concedidos anteriormente à edição da Lei n°
9.032/1995
Tal situação gerou, até poucos meses atrás, o direito à revisão
dos percentuais para aqueles segurados que, antes da Lei n° 9.032/
1995, tiveram seu benefício calculado com base nas alíquotas de 30%
(trinta por cento) e 40% (quarenta porcento) do salário-de-benefício,
majorando-os, com base no princípio da lei previdenciária nova
Fabrício Barcelos Vieira 105 ■

mais benéfica, para 50% (cinqüenta por cento). Contudo,


recentemente (08/02/2012) o STJ alterou seu entendimento através
do RECURSO ESPECIAL N° 868.025 - SP (2006/0153542-1) da
relatoria da Ministra Laurita Vaz:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-


ACIDENTE. ART. 86 DA LEI N.° 8.213/1991, COM A REDAÇÃO
DADA PELA LEI N.° 9.032/1995. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS
SOB O MANTO DE LEGISLAÇÃO PRETÉRITA. MAJORAÇÃO
DO PERCENTUAL. IMPOSSIBILIDADE, CONFORME
ORIENTAÇÃO DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. REPERCUSSÃO GERAL, JUÍZO DE RETRATAÇÃO.
RECURSO ESPECIAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
1. Consoante entendimento firmado por este Superior Tribunal de
Justiça, o aumento do percentual do auxílio-acidente,
estabelecido pela Lei n.° 9.032/95 (lei nova mais benéfica), que
alterou o § Io, art. 86, da Lei n.° 8.213/91, tem aplicação imediata
a todos os beneficiários que estiverem na mesma situação, em
exceção, não importando tratar-se de casos pendentes de
concessão ou já concedidos, em virtude de ser norma de ordem
pública, o que não implicaria a retroatividade da lei. 2. No
entanto, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em repercussão
geral, discutindo o tema ora em análise - majoração do auxílio-
acidente - em recente decisão proferida nos autos do Recurso
Extraordinário n.o 613.033/SP Rei. Min. Dias Toffoli, DJ de 09/06/
2011, julgou "no sentido de que os benefícios previdenciários
devem ser regulados pela lei vigente ao tempo em que
preenchidos os requisitos necessários à sua concessão, não
sendo possível a aplicação de lei posterior para o calculo ou
majoração de benefícios já concedidos pelo INSS, salvo quando
expressamente previsto no novo diploma legal." 3. Assim,
considerando-se que, na espécie, os requisitos para o benefício se
referem a período anterior à edição da lei mais benéfica, em razão
do que foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal, e, para os fins
do art 543-B, § 3.°, do Código de Processo Civil, nego provimento
ao recurso especial. (STJ - RECURSO ESPECIAL N° 868.025 - SP
Relatora Ministra Laurita Vaz - DOE 08.02.2012).
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 106 Indenizatórios do Inss

O julgado acima fundamenta-se em posicionamento já


consagrado pelo STF em que "os benefícios previdenciários devem
ser regulados pela lei vigente ao tempo em que preenchidos os
requisitos necessários à sua concessão, não sendo possível a
aplicação de lei posterior para o calculo ou majoração de benefícios já
concedidos pelo INSSr salvo quando expressamente previsto no novo
diploma legal" (Recurso Extraordinário n.o 613.033/SR Rei. Min. Dias
Toffoli, DJ de 09/06/2011). Vejamos:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRU­


MENTO. CONVERSÃO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS
EM AGRAVO REGIMENTAL AUXÍLIO-ACIDENTE. LEI N°
9.032/95. EFEITOS FINANCEIROS. APLICAÇÃO RETROATIVA.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Embargos de declaração
recebidos como agravo regimental. 2. Pacífica a jurisprudência
desta corte de que a aplicação dos efeitos financeiros introduzidos
pela Lei n° 9.032/95 não alcança os benefícios concedidos nem
aqueles cujos requisitos foram implementados antes da sua
vigência. 3. Agravo regimental desprovido, com aplicação da multa
prevista no artigo 557, § 2o, do código de processo civil. (Supremo
Tribunal Federal STF; AI-ED 621.625-0; SP; Primeira Turma; Rei.
Min. Menezes Direito; Julg. 07/04/2009; DJE 29/05/2009; Pág. 52).

No mesmo sentido o Pretório Excelso, em 15/04/2011,


reconheceu a existência de repercussão geral da questão
constitucional suscitada e reafirmou a jurisprudência dominante
sobre a matéria no STF no RE 613033, que tem por relator o Ministro
Dias Toffoli. Dessa forma, o Supremo Tribunal Federal já consolida
seu entendimento (agora acompanhado pelo STJ) de que o que vale
é a lei da época do fato (tempus regit actum) e assim, não é cabível a
referida revisão.

Por fimr cabe apontar ainda que muito se critica a respeito da


unificação do percentual do coeficiente sobre o salário-de-benefício
(50% - cinqüenta por cento). Grande parte da doutrina assevera que o
Fabrício Barcelos Vieira 107 ■

antigo texto do artigo 86 da Lei n° 8.213/1991 era mais justa e


estabeleciam um equilíbrio, diferentemente da redação atual, que
põe no mesmo nível todas as seqüelas causadoras de incapacidade.
Como, por exemplo, Hertz Jacinto Costa aíirma que “instituiu-se a
anomalia na aferição dos graus de incapacidade", sendo certo que
deixou de existir uma análise "tecnicamente mais justa, que preveja
os percentuais de incapacidade'1,ss.

53 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. Curitiba: Juruá, 2009, p. 126.
9 INCLUSÃO NO SALÁRIO DE BENEFÍCIO

Conforme dito anteriormente, após a edição da Lei n° 9.528/1997


o benefício do auxílio-acidente deixou de ser vitalício, passando a ser
pago até a concessão da aposentadoria.
Pois bem, procurando acentuar os prejuízos decorrentes da lei
supra, manifestou-se o legislador no sentido de incluir os valores
recebidos a título de auxílio-acidente, juntamente com os salários de
contribuição, no cálculo para apuração do salário de benefício para
apuração da renda mensal inicial (RMI) de outra prestação
previdenciária. Sempre lembrando que o valor da soma dos dois
montantes não poderá ultrapassar o limite do valor do salário de
contribuição.
Assim, por exemplo, se o segurado está trabalhando recebendo
R$ 1.000,00 (mil reais) e, ao mesmo tempo, gozando de auxílio-
acidente no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais), o seu salário de
contribuição mensal, para fins de cálculo do salário de benefício será
de R$ 1.500.00 (mil e quinhentos reais).
Fato interessante a ser destacado é o que afirmam Ivan
Kertzman e Luciano Martinez5* ao apontarem que "o segurado que
recebe a aposentadoria cumulada com o auxílio-acidente não deixará
pensão correspondente à soma dos valores dos dois referidos
benefícios, mas, apenas, ao valor referente à aposentadoria".

54 KERTZMAN, Ivan. MARTI NEZ, Luciano. Previdência Social: tudo sobre sua aposenta­
doria e outros benefícios. 3. ed. Salvador: Editora Juspodivm, 2008, p. 167.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 110 Indenizatórios do Inss

Neste mesmo sentido, configurando o auxílio-doença como um


benefício iníuifu personae, Hertz Jacinto Costaaponta que o
aludido benefício "não gera pensão aos beneficiários dependentes,
cessando, pois, com o óbito do segurado."

55 COSTA, Hertz Jacinto. Manual de Acidente do Trabalho. Curitiba: Juruá, 2(X)9, p. 116.
10 CONCLUSÃO

O presente livro buscou analisar o auxílio-acidente, trazendo


todas as suas nuances, definições, conceitos, beneficiários; enfim,
focando a visão nas várias possibilidades e modalidades que o
segurado pode gozá-lo.
Enfrentou-se, embora de modo sintético, o histórico sobre a
proteção ao trabalhador em caso de infortúnios de ordem laborativa,
principalmente no âmbito da proteção previdenciária. Analisaram-se
alguns dispositivos legais, até chegar à Lei n° 8.213/1991, que
atualmente regula o referido benefício.
Conceituou-se o auxílio-acidente, enumeraram-se seus
requisitos e entrou-se no mérito de sua natureza jurídica.
Falou-se sobre os beneficiários que podem gozar do auxílio-
acidente, inclusive demonstrando argumentos quanto à possibilidade
de incluir o contribuinte individual no rol de segurados que podem
receber o aludido benefício previdenciário.
A grande inovação deste trabalho reside na classificação dos
tipos de auxílio-acidente. No mesmo sentido em que já é feito, de
modo consagrado pela doutrina, no auxílio-doença, didaticamente
conceituou-se o auxílio-acidente em acidentário e previdenciário.
Entrou-se também na análise da possibilidade da estabilidade
no trabalho que pode ser proporcionada pelo auxílio-acidente, além
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 112 Indenizatórios do Inss

de outros assuntos que foram abordados, tais como carência, valor do


benefício, data de início e cessação, possibilidade de acumulação com
outros benefícios, entre outros.
As normas reguladoras do auxílio-acidente também foram
abordadas, não se esquecendo de mencionar também as Instruções
Normativas internas do INSS sobre o tema.
Os aspectos processuais não foram deixados de lado. Questões
como competência jurisdicional e prescrição das ações judiciais foram
abordadas com propriedade.
Por fim, observou-se que o auxílio-acidente é pouco estudado e
enfrentado pela doutrina e jurisprudência pátrias. A quantidade de
obras e textos sobre o assunto é muito escassa e, além disso, muitos
segurados não conhecem tal benefício e, consequentemente, deixam
de usufruir um direito garantido por lei.
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA

Acúmulo de auxílio-acidente com aposentadoria

“PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. AUXÍLIO-ACIDENTE. INCAPACIDADE ANTERIOR À
LEI N° 9.528/97. CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA.
POSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Havendo surgimento da
moléstia em data anterior à edição da Lei n° 9.528/97, é possível a
cumulação do auxílio-acidente com a aposentadoria, ainda que a ação
tenha sido ajuizada em momento posterior. Precedentes do STJ. 2.
Agravo regimental improvido." (Superior Tribunal de Justiça STJ;
AgRg-REsp 470.952; Proc. 2002/0124616-8; SP; Quinta Turma; Rei.
Min. Arnaldo Esteves lima; Julg. 27/10/2009; DJE 30/11/2009)

“RECURSO ESPECIAL. AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDEN-


CIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO.
APÓS O ADVENTO DA LEI 9528/97. IMPOSSIBILIDADE Esta Corte
sedimentou o entendimento de que, após a instituição da Lei 9.528/97, o
benefício de auxílio-acidente, anteriormente indenizatório e vitalício,
passou a não ser mais cumulável com o benefício da aposentadoria.
Nesse passo, não merece amparo a pretensão de cumular
aposentadoria e auxílio-acidente após a referida lei. Agravo
desprovido.” (STJ, AgRg no REsp 655615 / SP ; AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2004/0056063-3; Rei. Min.
JOSÉ ARNALDO DA FONSECA DJ 1/2/2005).
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 114 Indenizatórios do Inss

'AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDEN-


CIÁRIO. AUXlLIO-ACIDENTE. APOSENTADORIA POR TEMPO DE
SERVIÇO. CUMULAÇÃO. O auxílio-acidente, conforme a nova
redação do art. 86 da Lei n.° 8.213/91, alterado pela Lei n.° 9.528/97,
não pode ser percebido cumulativamente com a aposentadoria.
Agravo regimental desprovido." (STJ, AgRg no REsp 510996 / SP ;
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL2003/0024704-0,
Rei. Ministro FELIX FISCHER; DJ 18/8/2003).

'AÇÃO ACIDENTÁRIA CUMULAÇÃO. AUXÍLIO-ACIDENTE


COM APOSENTADORIA ESPECIAL. AUSÊNCIA DE INCOMPATI­
BILIDADE. SENTENÇA REFORMADA HONORÁRIOS ADVOCA­
TÍCIOS. CUSTAS PROCESSUAIS. - "Mesmo em gozo de aposenta­
doria especial, o segurado faz jus ao auxílio-acidente, se comprovado
o nexo causai entre a doença e o labor, considerando a inexistência de
vedação legal à cumulação dos benefícios" (STJ - Resp. 28.890-7 - SP
- DJU 15.3.93). - "O auxílio-acidente será concedido, como
indenização, ao segurado quando, após a consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza que impliquem em
redução da capacidade funcional" (nova redação do art. 86, dada pela
lein. 9.032/95)." (TJSC, DJJ: 9.392DATA: 08/01/96PAG: 05Apelação
cível 49.313, ReL Des. Xavier Vieira).

"DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE,


CUMU-LAÇÃO COM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DA LEI N.° 9.528/97.
INCIDÊNCIA DA LEI VIGENTE À ÉPOCA. LEI N.° 8.213/91.
AUXÍLIO-ACIDENTE VITALÍCIO. PRINCÍPIO DO TEMPUS
REGIT ACTUM. PRES-TAÇÕES VENCIDAS. CONDENAÇÃO.
PRESCRIÇÃO QUINQUE-NAL. O AUXÍLIO-ACIDENTE E A
APOSENTADORIA POR INVALI-DEZ CONCEDIDOS ANTES DO
ADVENTO DA LEI N.° 9.528/97 DEVEM SER PAGOS
CUMULATIVAMENTE, NOS TERMOS DA LEI VIGENTE À
ÉPOCA, QUE PREVIA A VITALICIEDADE DO BENEFÍCIO
AUXÍLIO-ACIDENTE. AS PRESTAÇÕES EM ATRASO NÃO
PAGAS PELO INSS SÃO DEVIDAS ATÉ O LIMITE DE CINCO
ANOS ANTERIORES À PROPOSITURA DA AÇÃO.
Fabrício Barcelos Vieira 115 ■

INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 103, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI


N.° 8.213/91." (TJDF, APELAÇÃO CÍVEL 20040110489848APC DF,
Rei. NATANAEL CAETANO).

Auxilio-SuplementarTransformado em Auxílio-Acidente - Majoração


da Alíquota

"PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. MAJORAÇÃO. LEI


9.032/95. CUMULAÇÃO. APOSENTADORIA. BENEFÍCIO DEFERIDO
ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI 9.528/97. POSSIBILIDADE. I - O
benefício de 50% estabelecido na Lei 9.032/95 aplica-se àqueles
concedidos pela legislação anterior, abrangendo todos os beneficiários
que estiverem na mesma situação em decorrência de se tratar de norma
de ordem pública. Precedentes. II - Não há óbice à cumulação do
auxílio-acidente com o benefício da aposentadoria, pois deferido o
primeiro antes da vigência da Lei 9.528/97 que a proibiu. III - Apelação e
remessa oficial conhecidas e improvidas. Unânime." (TJDF -
20050111325194APC, Relator VERA ANDRIGHI, 4a Turma Cívelr
julgado em 27/09/2006, DJ 19/10/2006 p. 107).

“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PREVIDEN-CIÁRIO.


APOSENTADORIA ACIDENTÁRIA. AUXÍLIO ACIDENTE. Com a
edição da Medida Provisória n° 1.596-14, de 10.11.1997, posteriormente
convertida na Lei 9.528/97, o auxílio-acidente perdeu o caráter vitalício,
sendo vedada a cumulação com a aposentadoria, salvo se o direito foi
reconhecido anteriormente. Recurso improvido." (TJDF -
20050110057142APC, Relator GETÚLIO MORAES OLIVEIRA, 4a
Turma Cível, julgado em 13/03/2006, DJ 11/04/2006 p. 165).

AÇÃO ACIDENTÁRIA. CUMULAÇÃO DO AUXÍLIO-


ACIDENTE E DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
POSSIBILIDADE: INFORTÚNIO ANTERIOR À LEI N° 9.528/97.
INSS. ÔNUS DESIMCUMBÊNCIA: VERBETE 178 DA SÚMULA
DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS CONFORME O
ART 20, § 3o, DO CPC E VERBETE 111 DA SÚMULA DO STJ.
APELAÇÃO INTEMPESTIVA. REMESSA NECESSÁRIA.
Auxílio Acidento Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 116 Indenizatórios do Inss

DEVOLUÇÃO INTEGRAL DA CONTROVÉRSIA. SENTENÇA


MANTIDA. UNÂNIME." (TJDF - 19990110502830APC, Relator
WALDIR LEÔNCIO JUNIOR, 3a Turma Cível, julgado em 01/12/2003,
DJ 04/03/2004 p. 50).

'APELAÇÃO CÍVEL - INFORTUNÍSTICA - CUMULAÇÃO DE


AUXÍLIO-ACIDENTE COM APOSENTADORIA POR TEMPO DE
SERVIÇO - POSSIBILIDADE - PRESCRIÇÃO DA LEI N. 8.213/91. É
possível a cumulação do auxílio-acidente com aposentadoria por
tempo de serviço se a concessão do benefício ocorreu antes da
vigência da Lei n. 9.528/97." (TJSC - Apelação cível 04.024691-9,
Relator Des. Volnei Carlin, Data da Decisão: 30/9/2004).

"PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO.


REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA QUE DEU ENSEJO AO
AUXÍLIO-ACIDENTE. INEXISTÊNCIA. APOSENTADORIA POR
INVALIDEZ. CUMULAÇÃO COM AUXÍLIO-ACIDENTE
CONCEDIDO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI N° 9528/97.
POSSIBILIDADE. REGRAS LEGAIS QUE REGEM OS
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. VIGÊNCIA NA DATA DO
IMPLEMENTO DAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS À
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. SEGURANÇA JURÍDICA. DIREITO
ADQUIRIDO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VALOR DA
CONDENAÇÃO. SÚMULA N° 111 DO STJ. APLICABILIDADE. 1. A
Justiça Federal é competente para processar e julgar os feitos que
versem sobre auxílio-acidente previdenciário, desde que não haja
reexame da matéria fática que deu ensejo ao benefício. 2. Na presente
hipótese, não se discute o direito ao auxílio-acidente e a
aposentadoria por invalidez decorrente do acidente, todos
reconhecidos na via administrativa do INSS. A lide versa sobre a
possibilidade de cumulatividade do auxílio-acidente com
aposentadoria por invalidez em face de lei superveniente (Lei n°
9.528/97), que instituiu o caráter de não vitaliciedade e de não
cumulatividade de tal auxílio, quando da concessão da aposentadoria.
3. É possível a cumulação dos benefícios de auxílio-acidente e
Fabrício Barcelos Vieira 117

aposentadoria por invalidez quando o beneficiário implementou as


condições para a percepção do auxílio-acidente antes do advento da
Lei n° 9528/97, que alterou dispositivos da Lei n° 8.213, de 24.07.91,
mas não alterou a situação da autora à época da vigência da lei, posto
que já lhe havia sido concedido auxílio-acidente. 4 - Assim, é
assegurado o benefício de auxílio-acidente com caráter de
vitaliciedade em favor da parte autora, acumulável com o benefício de
aposentadoria por invalidez, uma vez que, à época da concessão
daquele benefício, a lei lhe garantia tal característica, consolidando a
situação. 5. As regras legais que regem os benefícios previdenciários
são as em vigor na data do implemento das condições necessárias à
aposentação e, no caso, à época em que a demandante requereu o
benefício de aposentadoria, referido ato não implicava o cancelamento
do auxílio-acidente, posto que sob a égide de lei anterior, muito menos
previa a necessidade de opção por uma ou outra renda, não podendo
regras posteriores fazê-lo, validamente, sem que tal implicasse em
violação ao princípio da segurança jurídica. 6. Apelação do INSS
improvida e Remessa Oficial parcialmente provida para aplicar-se o
enunciado da Súmula n° 111 do STJ." (TRF 5a Região - AC - Apelação
Cível 2003.83.00.001426-7 - Relator Desembargador Federal Petrucio
Ferreira, Data da Publicação: 8/1/2007).

'AÇÃO ACIDENTÁRIA. INSS. AUXÍLIO-ACIDENTE.


CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POSSIBILIDADE. O fato do
autor já se encontrar aposentado por invalidez previdenciária não obsta
o restabelecimento do benefício pleiteado, eis possível a cumulação do
auxílio-acidente e a aposentadoria em razão do fato gerador, no caso
concreto, ter sido demonstrado anteriormente a vigência da Lei n°
9.528/97, que vedou a cumulação, de modo que não pode retroagir
atingindo direito anteriormente implementado pelo obreiro. In casu, o
auxílio-acidente foi concedido em 12/03/1991, na vigência da Lei n.
6.367/76 possuindo caráter vitalício e que não vedava a cumulação. Por
isso, impõe-se o restabelecimento, desde a indevida cessação.
Sentença reformada. APELAÇÃO PROVIDA." (Apelação Cível N°
70020231643, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Tasso Caubi Soares Delabary, Julgado em 15/08/2007).
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 118 Indenizatórios do Inss

Impossibilidade de acúmulo de aposentadoria por invalidez com


auxílio-acidente decorrente do mesmo íato gerador

‘Acidente do trabalho. Mineiro de subsolo. Pneumoconiose,


Aposentadoria por invalidez acidentária. Auxílio-acidente. Cumulação
pelo mesmo fato. Impossibilidade. Cômputo do auxílio-acidente no
salário de contribuição para o cálculo da renda mensal inicial da
aposentadoria por invalidez. Inadmissibilidade. Parágrafo único do art.
7o da Lei n° 5.316/67. Sentença de improcedência confirmada. Recurso
desprovido. O benefício auxílio-acidente é concedido ao trabalhador
que após consolidação das lesões decorrentes de acidente do trabalho
despenda maior esforço na realização de suas atividades habituais de
trabalho, enquanto a aposentadoria por invalidez é concedida ao
trabalhador considerado totalmente incapaz de reabilitação para o
trabalho. É inadmissível a percepção do benefício auxílio-acidente
concomitante com a aposentadoria por invalidez oriundos do mesmo
fato." (TJSC - Apelação cível 00.018175-7 - Relator: Des. Mazoni
Ferreira, Data da Decisão: 30/11/2000).

“PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO ACIDENTE. APOSENTADO­


RIA POR INVALIDEZ. LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS
(LER). CUMULAÇÃO. FATO GERADOR. 1. É VEDADA A CUMU­
LAÇÃO DO AUXÍLIO-ACIDENTE COM A APOSENTADORIA,
QUANDO DEMONSTRADO QUE AMBOS PROVÊM DA MESMA
DOENÇA. 2. CONFORME PACÍFICA ORIENTAÇÃO JURISPRU-
DENCIAL PROVENIENTE DO E. SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA, A PERCEPÇÃO CUMULATIVA SOMENTE É DEVIDA
QUANDO HÁ FATOS GERADORES DIVERSOS." (TJDF -
APELAÇÃO CÍVEL 20040110489823APC DF - Relator: J.J. COSTA
CARVALHO, Publicação no DJU: 27/4/2006).

Auxílio-suplementar transformado em auxílio-acidente - majoração


da alíquota

'ACIDENTE DO TRABALHO - AUXÍLIO-SUPLEMENTAR


TRANSFORMADO EM AUXÍLIO-ACIDENTE - MAJORAÇÃO DA
Fabrício Barcelos Vieira 119 ■

ALÍQUOTA A PARTIR DA VIGÊNCIA DA LEI N. 9.032/95 -


ADMISSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART 86r I, DA LEI N.
8.213/91 - INACUMULATIVIDADE DO AUXÍLIO-SUPLEMENTAR
COM O AUXÍLIO-ACIDENTE - APELO E REMESSA
DESPROVIDOS. Com o advento da Lei n. 8.213/91, art. 86,1, o antigo
auxílio-suplementar foi extinto, surgindo em seu lugar o auxílio-
acidente que deve ser pago a partir da vigência da lei em substituição
do primeiro, não se tratando pois de cumulação de benefícios, pondo
por conseguinte majorada a alíquota que fixou em 30% do salário de
contribuição. É iterativo o entendimento nos tribunais de que não
importa em obrigação irretroativa da Lei n. 9.032/95 a incidência a
partir de sua vigência quanto a infortúnios ocorridos anteriormente."
(TJSC - Apelação Cível 99.022545-3 - Relator Des. Anselmo Cerello,
Data da Decisão: 1/6/2000).

Incapacidade para exercer função habitual, mas não para outras

'ACIDENTE DO TRABALHO, ACIDENTE TÍPICO. INCAPACI­


DADE PARA O EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES HABITUAIS, MAS
NÃO PARA OUTRAS. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE."
(TJSC - Apelação cível 32.748 - Relator: Des. Hélio Mosimann - Data
da Decisão: 27/3/1990).

Impossibilidade de cumulação de auxílio-doença com auxílio-


acidente

"PREVIDENCIÁRIO - CUMULAÇÃO DE AUXÍLIO-


DOENÇA E AUXÍLIO-ACIDENTE - INADMISSIBILIDADE. É
inadmissível a cumulação de auxílio-doença e auxílio-acidente,
por incompatibilidade lógica, posto que um se inicia após o
término do outro." (TJMG - Número do processo:
2.0000.00.445858-6/000 - Relator: WALTER PINTO DA ROCHA,
Data da publicação: 5/11/2004).
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 120 Indenizatórios do Inss

Possibilidade de cumulação de auxílio-acidente com outro auxílio-


acidente decorrentes de fatos geradores diferentes

"PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CUMULAÇÃO


DE MAIS DE UMA AUXÍLIO-ACIDENTE. POSSIBILIDADE. 1.
Consolidadas as seqüelas decorrentes do acidente no período de
vigência do texto original da Lei n° 8.213/91, 05.04.91 a 28.04.95t
admite-se a cumulação de uma de um auxílio-acidente, desde que
provenientes de causa distintas, face a ausência de vedação legal. 2.
Recurso Provido" (REsp 120.323 - SC - 5o T - Rei. Min. EDSON
VIDIGAL-J. em 01.12.98).

Data de início do benefício

‘ACIDENTE DO TRABALHO - NEXO CAUSAL DEMONS­


TRADO - REDUÇÃO PARCIAL DA CAPACIDADE LABORATIVA -
DEVER DE PAGAMENTO DO AUXÍLIO-ACIDENTE PELA
AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA. Para a concessão do auxílio-
acidente, é necessária a comprovação da efetiva redução de sua
capacidade funcional, exigida pelo art. 86 da Lei n. 8.213/91, alterada
pelas Leis ns. 9.032/95 e 9,528/97. Deste modo, estando perfeitamente
comprovado o nexo causai existente entre o acidente ocorrido e as
lesões sofridas pelo obreiro, as quais reduziram a sua capacidade
laborativa, segundo a perícia, exigindo maior esforço para o
desempenho de suas atividades habituais, o pagamento do auxílio-
acidente é medida que se impõe. AUXÍLIO-ACIDENTE - DIES A
QUO - BENEFÍCIO DEVIDO DESDE A DATA DA CESSAÇÃO DO
AUXÍLIO-DOENÇA. O dies a quo para o pagamento do auxílio-
acidente, quando comprovada através de perícia médica a redução da
capacidade laborativa, é a data da cessação do pagamento do auxílio-
doença, nos termos do § 2o do art. 86 da Lei n. 8.213/91, com a redação
dada pela Lei n. 9.528/97." (TJSC - Apelação cível 2003.002171-0 -
Relator: Des. Volnei Carlin, Data da Decisão: 10/4/2003).
Fabrício Barcelos Vieira 121 ■

Nexo de Causalidade

'APELAÇÃO CÍVEL - ACIDENTE DO TRABALHO - PNEUMO-


CONIOSE - NEXO CAUSAL DEMONSTRADO - REDUÇÃO DA
CAPACIDADE LABORATIVA - DEVER DE PAGAMENTO DO
AUXÍLIO-ACIDENTE PELA AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA. Para a
concessão do auxílio-acidente, é necessária a comprovação do nexo de
causalidade existente entre o acidente ocorrido e as lesões sofridas pelo
obreiro e a efetiva redução de sua capacidade funcional, exigida pelo
artigo 86 da Lei n° 8.213/91, alterada pelas Leis n°s. 9.032/95 e 9.528/97,
uma vez que tal redução exige maior esforço para o desempenho das
atividades habituais." (TJSC - Apelação cível 2006.003929-8 - Relator:
Des. Volnei Carlin, Data da Decisão: 16/3/2006).

Revisão para majoração do percentual de 50%

Atenção: Recentemente o STF e o STJ alteraram o


entendimento quando a impossibilidade da referida revisão,
vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-


ACIDENTE. ART. 86 DA LEI N.° 8.213/1991, COM A REDAÇÃO
DADA PELA LEI N.° 9.032/1995. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS SOB
O MANTO DE LEGISLAÇÃO PRETÉRITA. MAJORAÇÃO DO
PERCENTUAL. IMPOSSIBILIDADE, CONFORME ORIENTAÇÃO
DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REPER­
CUSSÃO GERAL. JUÍZO DE RETRATAÇÃO. RECURSO ESPECIAL
AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
1. Consoante entendimento firmado por este Superior Tribunal
de Justiça, o aumento do percentual do auxího-acidente, estabelecido
pela Lei n.° 9.032/95 (lei nova mais benéfica), que alterou o § Io, art.
86, da Lei n.° 8.213/91, tem aplicação imediata a todos os beneficiários
que estiverem na mesma situação, em exceção, não importando tratar-
se de casos pendentes de concessão ou já concedidos, em virtude de
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 122 Indenizatórios do Inss

ser norma de ordem pública, o que não implicaria a retroatividade da


lei. 2. No entanto, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, em
repercussão geral, discutindo o tema ora em análise - majoração do
auxílio-acidente - em recente decisão proferida nos autos do Recurso
Extraordinário n.o 613.033/SP| ReL Min. Dias Toffoli, DJ de 09/06/
2011, julgou "no sentido de que os benefícios previdenciários devem
ser regulados pela lei vigente ao tempo em que preenchidos os
requisitos necessários à sua concessão, não sendo possível a
aplicação de lei posterior para o calculo ou majoração de benefícios já
concedidos pelo INSS, salvo quando expressamente previsto no novo
diploma legal." 3. Assim, considerando-se que, na espécie, os
requisitos para o benefício se referem a período anterior à edição da
lei mais benéfica, em razão do que foi decidido pelo Supremo
Tribunal Federal, e, para os fins do art. 543-B, § 3.°, do Código de
Processo Civil, nego provimento ao recurso especial. (STJ -
RECURSO ESPECIAL N° 868.025 - SF Relatora Ministra Laurita Vaz
-DOE 08.02.2012).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE


INSTRUMENTO. CONVERSÃO DOS EMBARGOS DECLARA-
TÓRIOS EM AGRAVO REGIMENTAL. AUXÍLIO-ACIDENTE. LEI
N° 9.032/95. EFEITOS FINANCEIROS. APLICAÇÃO RETROATIVA.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 1. Embargos de declaração
recebidos como agravo regimental. 2. Pacífica a jurisprudência desta
corte de que a aplicação dos efeitos financeiros introduzidos pela Lei
n° 9.032/95 não alcança os benefícios concedidos nem aqueles cujos
requisitos foram implementados antes da sua vigência. 3. Agravo
regimental desprovido, com aplicação da multa prevista no artigo 557,
§ 2°, do código de processo civil. (Supremo Tribunal Federal STF; AI-
ED 621.625-0; SP; Primeira Turma; Rei. Min. Menezes Direito; Julg.
07/04/2009; DJE 29/05/2009; Pág. 52).

Seguem abaixo, julgados anteriores que acolhiam a referida tese:

"PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO


ESPECIAL. LIMITES NORMATIVOS. APRECIAÇÃO DE MATÉRIA
Fabrício Barcelos Vieira 123 ■

CONSTITUCIONAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. AUXÍLIO-


ACIDENTE. MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL. BENEFÍCIO
CONCEDIDO SOB A ÉGIDE DA LEGISLAÇÃO PRETÉRITA.
INCIDÊNCIA DA LEI NOVA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO
IMEDIATA. NÃO APLICAÇÃO DO NOVO ENTENDIMENTO DO
STF ALUSIVO À PENSÃO POR MORTE. TERCEIRA SEÇÃO.
POSICIONAMENTO CONSOLIDADO. AGRAVO DESPROVIDO. I -
É vedado a esta Corte, em sede de recurso especial, adentrar ao exame
de pretensa violação a dispositivos constitucionais, cuja competência
encontra-se adstrita ao âmbito do Supremo Tribunal Federal,
conforme prevê o art. 102 da Carta Magna, ao designar o Pretório
Excelso como seu guardião. Neste contexto, a pretensão trazida no
especial exorbita seus limites normativos, que estão precisamente
delineados no art. 105, III da Constituição Federal. II - Encontrava-se
pacificado o entendimento nesta Corte, no sentido de que a lei
acidentária, quando mais benéfica, retroagia apenas para alcançar
situações pendentes, descabendo a sua aplicação ao benefício já
concedido, sob a égide da lei anterior. Todavia, a jurisprudência da Eg.
Terceira Seção deste Tribunal evoluiu para uniformizar as situações,
ou seja, em se tratando de benefício acidentário, a legislação
moderna, mais benéfica ao segurado, tem aplicação imediata.
Abrange, inclusive, os casos já concedidos ou pendentes de
concessão. III - A explicação deriva da natureza das normas
acidentárias. Por conta do seu caráter protetivo, incidem, de imediato,
aos benefícios pendentes, ainda que o sinistro tenha ocorrido na
vigência de lei anterior. Esta orientação, entretanto, não traduz
retroatividade dos efeitos, antes da edição do diploma. Assim sendo, o
percentual de 50%, previsto na Lei 9.032/95, só passa a valer a partir
da sua vigência. IV - O Supremo Tribunal Federal, recentemente,
decidiu que às cotas do benefício pensão por morte não se pode
aplicar a lei mais benéfica a benefício já concedido, em razão do ato
jurídico perfeito e à ofensa a fonte de custeio da seguridade social
prevista no artigo 195, § 5o da Constituição Federal. No tocante ao
tema majoração do percentual do benefício auxíüo-acidente nada
restou decidido, mesmo porque são institutos com requisitos e classes
de beneficiários diversos. Desta forma, é de se aplicar o entendimento
consolidado pela Eg. Terceira Seção deste Tribunal. V - Agravo
interno desprovido." (AgRg no REsp 920095 / SP)
Auxilio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 124 Indenizatórios do Inss

'AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. CÁLCULO. LEI N° 9.032/
95. DATA DA PROPOSITURA DA AÇÂO. POSSIBILIDADE. Em que
pese haver o segurado contraído a doença profissional sob a égide da
Lei n° 8.213/91, o fato é que, conforme decidido pela Corte de origem, na
data da propositura da presente ação já vigorava disposição legal nova
(Lei n° 9.032/95), de ordem pública, mais benéfica ao trabalhador, e que
deve ser observada, ainda que mais gravosa à recorrente. Precedentes:
AI 205.858-AgR, Rei. Min. Marco Aurélio, e AI 306.092-AgR, Rei. Min.
Carlos Velloso, ambos da Segunda Turma. Agravo regimental a que se
nega provimento" (STF - RE-AgR 302582 / SP)

"EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. RECURSO ESPECIAL.


PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE AÇÃO ACIDENTÁRIA. LEI MAIS
BENÉFICA. INCIDÊNCIA. BENEFÍCIOS EM MANUTENÇÃO.
POSSIBILIDADE. 1. No sistema de direito positivo brasileiro, o
princípio tempus regit actum se subordina ao do efeito imediato da lei
nova, salvo quanto ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à
coisa julgada (Constituição da República, artigo 5o, inciso XXXVI e
Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 6o). 2. A lei nova, vedada a
ofensa ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada,
tem efeito imediato e geral, alcançando as relações jurídicas que lhes
são anteriores, não, nos seus efeitos já realizados, mas, sim, nos
efeitos que, por força da natureza continuada da própria relação,
seguem se produzindo, a partir da sua vigência. 3. "Leffet immédiat
de la loi doit être considéré comme la règle ordinaire: la loi nouvelle
s'applique, dès sa promulgation, à tous les effets qui résulteront dans
1'avenir de rapports juridiques nés ou à naítre". (Les Conflits de Lois
Dans LeTemps, Paul Roubier, Paris, 1929). 4. Indissociável o benefício
previdenciário das necessidades vitais básicas da pessoa humana,
põe-se na luz da evidência a sua natureza alimentar, a assegurar aos
efeitos continuados da relação jurídica a regência da lei nova que lhes
recolha a produção vinda no tempo de sua eficácia, em se cuidando de
norma nova relativa à modificação de percentual dos graus de
suficiência do benefício para o atendimento das necessidades vitais
básicas do segurado e de sua família. 5. O direito subjetivo do
Fabrício Barcelos Vieira 125 ■

segurado é o direito ao benefício, no valor irredutível que a lei lhe


atribua e( não, ao valor do tempo do benefício, como é da natureza
alimentar do benefício previdenciário. 6. Embargos conhecidos, mas
rejeitados. (STJ - EREsp 238816/ SC - Data Publicação: 2/12/2003).

'AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


AUXÍLIO-ACIDENTE. LEI N° 9.032/95. EFEITOS FINANCEIROS.
APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
1. Pacífica a jurisprudência desta corte de que a aplicação dos efeitos
financeiros introduzidos pela Lei n° 9.032/95 não alcança os
benefícios concedidos nem aqueles cujos requisitos foram
implementados antes da sua vigência. 2. Agravo regimental
desprovido, com aplicação da multa do artigo 557, § 2o, do código de
processo civil/’ (Supremo Tribunal Federal STF; AI-AgR 642.798-3;
SP; Primeira Turma; Rei Min. Menezes Direito; Julg. 07/04/2009;
DJE 29/05/2009; Pág. 49).

'AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. REVISÃO


DE BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO. APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI
N.° 9.032/95 A BENEFÍCIOS CONCEDIDOS EM DATA ANTERIOR
à SUA ENTRADA EM VIGOR. MAJORAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1.
A eg. Terceira Seção, ao julgar o Recurso Especial n.° 1.096.244/SC,
representativo da controvérsia e de relatoria da em. Ministra Maria
Thereza de Assis Moura, consolidou o posicionamento sobre a
concessão do auxílio-acidente, reconhecendo ao segurado o direito ao
aumento do percentual do benefício, estabelecido pela Lei n.° 9.032/
95, que alterou o § Io do art. 86 da Lei n.° 8.213/91, com apücação
imediata a todos os beneficiários que estiverem na mesma situação,
sem excluir os benefícios em manutenção. 2. Agravo regimental a que
se nega provimento." (Superior Tribunal de Justiça STJ; AgRg-REsp
1.072.350; Proc. 2008/0146236-6; SP; Sexta Turma; Rei. Min. Og
Fernandes; Julg. 19/11/2009; DJE 14/12/2009)

"PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. MAJORAÇÃO.


LEI N. 9.032/1995. APLICAÇÃO IMEDIATA. INEXISTÊNCIA DE
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 126 Indenizâtóríos do Inss

RETROATIVIDADE. ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE A


DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A
orientação da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça é firme
no sentido de que o percentual de cinqüenta por cento do salário de
benefício a que corresponde o auxílio-acidente, conforme a redação
dada pela Lei n. 9.032/1995 ao § Io do artigo 86 da Lei n° 8.213/1991,
estende-se a todos os benefícios a partir de sua vigência, sem
importar em retroatividade da Lei nova mais benéfica. 2. A ofensa a
dispositivo constitucional haveria de ser suscitada em sede de recurso
extraordinário, nos termos do artigo 102, III, da Constituição Federal,
e não em especial, ainda que para fins de prequestionamento. 3.
Agravo regimental improvido. (Superior Tribunal de Justiça STJ;
AgRg-REsp 1.090.086; Proc. 2008/0200452-3; SP; Quinta Turma; Rei.
Min. Jorge Mussi; Julg. 27/10/2009; DJE 07/12/2009)"

"PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ANÁLISE DE
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE.
AUXÍLIO-ACIDENTE. MAJORAÇÃO. LEI N° 9.032/95. ALTERAÇÃO
DO § Io. DO ARTIGO 86 DA LEI N° 8.213/91. APLICAÇÃO
IMEDIATA. 1. A análise de matéria de cunho constitucional é, por
força do art, 102, III da conhecer da suposta infringência, ainda que
para fins de prequestionamento. 2. A Terceira Seção desta Corte, no
julgamento do RESP 1.096.244/SC, representativo de controvérsia,
realizado em 22.4.2009 e de relatoria da ilustre Ministra Maria
Thereza de Assis Moura, pacificou o entendimento de que o aumento
do percentual do auxílio-acidente, estabelecido pela Lei n° 9.032/95,
que alterou o § Io, do art. 86 da Lei n° 8.213/91, por ser norma de ordem
pública, tem aplicação imediata indistintamente a todos os
beneficiários que estiverem na mesma situação, incidindo, inclusive,
sobre os benefícios em manutenção, bem como sobre os casos
pendentes de concessão. 3. Agravo Regimental do INSS desprovido.
(Superior Tribunal de Justiça STJ; AgRg-Ag 972.660; Proc. 2007/
0252710-3; SP; Quinta Turma; Rei. Min. Napoleão Nunes Maia Filho;
Julg. 27/10/2009; DJE 30/11/2009)"
Fabrício Barcelos Vieira 127 ■

"AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLA­


RAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. REVISÃO DE BENEFÍCIO
ACIDENTÁRIO. APLICAÇÃO IMEDIATA DA LEI N° 9.032/95 A
BENEFÍCIOS CONCEDIDOS EM DATA ANTERIOR À SUA
ENTRADA EM VIGOR. MAJORAÇÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA
N° 126 DO STJ. INAPLICABILIDADE. 1. "O direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada encontram proteção em dois planos:
em nível infraconstitucional, na LICC, art. 6o, e em nível
constitucional, art. 5o, XXXVI, CF. Todavia, o conceito de tais
institutos não se encontram na Constituição, art. 5o, XXXVI, mas na
Lei ordinária, art. 6o da LICC. Assim, a decisão que dá pela
ocorrência, ou não, no caso concreto, de tais institutos situa-se no
contencioso de direito comum, que não autoriza a admissão de
recurso extraordinário". (AGRG no AG n° 541.265-8/SC, Relator o
Ministro Carlos Velloso, DJU 4/11/2005) 2. É reconhecido ao segurado o
direito ao aumento do percentual do auxílio-acidente, estabelecido
pela Lei n.° 9.032/95, que alterou o § Io do art. 89 da Lei n° 8.213/91, por
ser norma de ordem pública, com aplicação imediata a todos os
beneficiários que estiverem na mesma situação, sem excluir os
benefícios em manutenção. 3. A majoração em tela não importa em
incidência retroativa da nova legislação ou em ofensa ao ato jurídico
perfeito, mas tâo somente em aplicação de revisão em relação jurídica
continuativa. 4. Por outro lado, "O Colendo STF, no julgamento dos
RREE 415.454/SC e 416.827/SC, adotou o entendimento de que devem
ser aplicadas à pensão por morte as disposições da legislação vigente
ao tempo da data do óbito do segurado, não tendo, portanto, incidência
a nova sistemática introduzida pela Lei n° 9.032/95 aos benefícios
concedidos antes de sua vigência. 3. Entretanto, a tese adotada nesses
julgados não foi estendida para outros benefícios previdenciários, pelo
que não tem o condão de interferir na presente lide acidentária. 4. Além
disso, a posição do STJ quanto à controvérsia não sofreu qualquer
alteração, permanecendo pacífico o entendimento de que o aumento do
percentual do auxílio-acidente, estabelecido pela Lei n° 9.032/95, que
alterou o § Io do art. 89 da Lei n° 8.213/91, por ser norma de ordem
pública, tem aplicação imediata indistintamente a todos os
beneficiários que estiverem na mesma situação, incidindo, inclusive,
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 128 Indenizatórios do Inss

para os benefícios em manutenção, bem como para os casos pendentes


de concessão". (AGRG no RESP 962527/SP, Relator Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe 31.03.2008) 5. Agravo
regimental a que se nega provimento.” (Superior Tribunal de Justiça
STJ; AgRg-REsp 1.052.000; Proc. 2008/0089948-0; SP; Sexta Turma;
Rei. Min. Og Fernandes; Julg. 27/10/2009; DJE 16/11/2009).

Possibilidade de concessão do auxílio-acidente para o


trabalhador rural

"BENEFICIO PREVIDENCIÁRIO - TRABALHADORES


URBANOS E RURAIS - IGUALIZAÇÃO. A igualização dos
trabalhadores urbanos e rurais para efeito de benefícios
previdenciários decorreu da Carta de 1988. Descabe emprestar ao
diploma eficácia retroativa. Indexação TB0126 ACIDENTE DO
TRABALHO, AUXÍLIO-ACIDENTE, TRABALHADOR RURAL,
TRABALHADOR URBANO, ISONOMIA, CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, VIGÊNCIA, TERMO INICIAL." (STF - RE 190968 / SP).

Amputação de dedos da mão

"LIDE ACIDENTARIA - AMPUTAÇÃO DO 1/3 DA FALANGE


DISTAL DO POLEGAR ESQUERDO - REDUÇÃO DA CAPACIDADE
FUNCIONAL E PARESIAS NA REGIÃO AMPUTADA -
INCAPACIDADE PARCIAL E PERMANENTE DA CAPACIDADE
LABORATIVA - AUXÍLIO-ACIDENTE - CABIMENTO - REEXAME
NECESSÁRIO - DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU MANTIDA.
Demonstrando a perícia judicial que o autor ostenta seqüela
definitiva, decorrente de evento infortunística, e que referida lesão
acarreta a este trabalhador incapacidade laborativa, a concessão do
amparo acidentário se mostra acertada. APELAÇÃO CÍVEL N°
558.416-5/1 RECORRENTE: Juízo "Ex-Officio" PARTES: José Antônio
Cardoso Instituto Nacional do Seguro Social ORIGEM: 3a V A. T. da
Comarca de São Paulo VOTO N°: 5,902
Fabrício Barcelos Vieira 129 ■

ACIDENTARIA - EVENTO TÍPICO - LESÃO NO I" QUIRO-


DÁCTILO DA MÃO DIREITA - REDUÇÃO DA CAPACIDADE DE
TRABALHO CONFIGURADA - INDENIZABILIDADE. Incontro­
verso o acidente típico e reconhecido pela perícia médica o prejuízo
íuncional decorrente da seqüela dele advindar de rigor a concessão
do auxílio-acidente com início a partir do dia seguinte ao da
cessação do auxílio-doença. A atualização dos atrasados se fará
mensalmente pelos índices de correção monetária, e acrescidos de
juros de mora contados a partir da citação de uma só vez sobre o
montante até aí devido e, após, mês a mês de forma decrescente, à
base de 1% conforme previsão do novo Código Civil. A renda mensal a
ser implantada será, por sua vez, reajustada pelos índices de
manutenção. Fica excluída a imposição de custas ao INSS". (Recurso
de ofício parcialmente provido. Comarca: SÃO PAULO - 2a V. AC.
TRABALHO (Proc. 132/05) Recorrente: JUÍZO "EX OFÍCIO" Partes:
VALDOMIRO JOSÉ DA SILVA: INSS

"APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ACIDENTÁRIA. AMPUTAÇÃO.


AUXÍLIO-ACIDENTE. BENEFÍCIO DEVIDO. DATA INICIAL. JUROS
DE MORA. CORREÇÃO MONETÁRIA. TERMO INICIAL.
HONORÁRIOS. CUSTAS. - O fato da parte continuar trabalhando
após ter sofrido acidente do trabalho não lhe retira o direito à
percepção do auxílio-acidente, uma vez que para que o benefício seja
concedido basta que as seqüelas oriundas do acidente impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia,
conforme redação do art. 86 da Lei 8.213/91. -Havendo pagamento de
auxílio-doença, o auxílio-acidente é devido a partir da sua cessação.-
Nas ações relativas a benefícios previdenciários, os juros de mora
incidem a partir da citação, nos termos da Súmula 204/STJ, devendo ser
mantidos no patamar de 1% (um por cento) ao mês, porquanto se trata de
prestação de caráter alimentar. - A incidência da correção monetária
deverá ocorrer desde quando devida cada parcela, mormente dada a
natureza alimentar da obrigação, a fim de manter o real valor da moeda.
- A verba honorária só pode incidir sobre o montante total das parcelas
vencidas e não sobre as prestações vincendas, a teor do consolidado na
Súmula 111/STJ. - O INSS está isento do pagamento das custas
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 130 Indenizatórios do Inss

processuais, com base no art. 10, I, da Lei Estadual 12.427/96, com


redação da Lei 14.939/03." (Número do processo: 1.0394.02.022309-2/
001(1) Númeração Única: 0223092-03.2002.8.13.0394 Relator: IRMAR
FERREIRA CAMPOS Relator do Acórdão: IRMAR FERREIRA CAMPOS
Data do Julgamento: 13/03/2008 Data da Publicação: 04/04/2008.)

Auxílio-suplementar

"CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-SUPLE-


MENTAR. CUMULAÇÃO COM A APOSENTADORIA POR TEMPO
DE SERVIÇO. PERÍODO ANTERIOR À EDIÇÃO DA LEI N° 9.528/97.
POSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. CORREÇÃO
MONETÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1 - O auxilio-
suplementar não mais integra o rol dos benefícios acidentários, posto
que absorvido pela disciplina do auxílio-acidente na forma do seu art.
86 e parágrafos da Lei n° 8.213/91. 2 - Vedada cumulação do benefício
de auxílio-acidente com qualquer aposentadoria, nos termos do § 2o
do art. 86 da Lei n° 8.213/91, com a redação dada pela Lei n° 9.528/97,
somente se aplica aos benefícios concedidos a partir de então.
Resguardado o direito adquirido à manutenção do benefício daqueles
que já tivessem se aposentado quando da redação original do art. 86, §
3o, da Lei 8.213/91, pois os efeitos decorrentes da referida modificação
não podem incidir sobre as situações jurídicas perfeitas e acabadas. 3
- O auxílio-suplementar in casu fora concedido em 17 de abril de
1979, ao passo que a aposentadoria por tempo de serviço tivera seu
início em 10 de novembro de 1994, anteriormente, portanto, à
sobrevinda da Lei n° 9.528/97, razão pela qual é devida a percepção
cumulativa dos benefícios. 4 - Correção monetária das parcelas em
atraso nos moldes do Provimento n° 64/05 da Corregedoria-Geral da
Justiça Federal da 3a Região, da Lei n° 6.899/81 e das Súmulas n° 148
do Colendo Superior Tribunal de Justiça e n° 8 deste Tribunal. 5 -
Honorários advocatícios reduzidos para 10% (dez por cento) sobre o
valor da condenação, incidindo apenas sobre as parcelas vencidas
devidas até a data da prolação da sentença, de acordo com a Súmula
n° 111 do C. STJ. 6 - Remessa oficial parcialmente provida. Tutela
específica concedida." (TRF 3a Região REO 2008.03.99.009220-0/SP)
Fabrício Barcelos Vieira 131 ■

Benefício deve ser regido pela lei vigente à época da sua concessão

"PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO


DE INSTRUMENTO. AUTENTICAÇÃO OU DECLARAÇÃO DE
AUTENTICIDADE DAS PEÇAS DO AGRAVO. DESNECESSIDADE.
AUTARQUIA. PROCURA ÇÃO. DESNECESSIDADE. AUXÍLIO-
ACIDENTE. MAJORAÇÃO. LEI VIGENTE À ÉPOCA. AGRAVO
IMPROVIDO. I - A orientação da casa é a de que "a autenticação ou a
afirmação de autenticidade das peças do agravo de instrumento são
supridas pela juntada de cópia das peças dos autos principais, sob
responsabilidade pessoal do advogado" (AI 649285 AGR/SFJ Rei. Min.
Cezar Peluso). II - A representação processual de autarquia, como é o
caso dos autos - INSS faz-se por procurador integrante de seu quadro
funcional, sendo desnecessária a apresentação de procuração. III - Na
sessão plenária de 8/2/2007, fixou-se entendimento no sentido de que o
benefício previdenciário em questão deve ser regido pela Lei vigente à
época da concessão do benefício. IV - Recurso protelatório. Aplicação
de multa. V - Agravo regimental improvido." (Supremo Tribunal
Federal STF; AI-AgR 713.828-1; RS; Primeira Turma; Rei. Min. Ricardo
Lewandowski; Julg. 25/08/2009; DJE 18/09/2009; Pág. 63).
ACÓRDÃOS NA ÍNTEGRA
Fabrício Barcelos Vieira 135 ■

1. AUXÍLIO-ACIDENTE CONCEDIDO SOB A ÉGIDE DA LEI


N° 5.363/1967 NÃO PERMITE CUMULAÇÃO

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO


SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL
9a Câmara

AGRAVO DE INSTRUMENTO
N° 737885-00/2
Comarca de SANTOS
AGVTE: INSS
AGVDO: JOSÉ VICENTE DA COSTA

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os juizes desta
turma, julgadora do Segundo Tribunal de Alçada Civil, de
conformidade com o relatório e o voto do relator, que ficam
fazendo parte integrante deste julgado, nesta data, deram
provimento ao recurso, com observação, por votação
unânime.

Turma Julgadora da 9a Câmara


JUIZ RELATOR: CRISTIANO FERREIRA LEITE
2o Juiz: SÁ DUARTE
3o Juiz: GIL COELHO
Juiz Presidente: CRISTIANO FERREIRA LEITE
Data do julgamento: 28/06/02

CRISTIANO FERREIRA LEITE


Juiz Relator
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 136 Indenizatórios do Inss

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO


SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL
9a CÂMARA

Agravo de Instrumento n° 737.885-0/2


Agravante: Instituto Nacional do Seguro Social
Agravado: José Vicente da Costa
Comarca: Santos
Voto n° 5.608

Agravo de Instrumento - Aposentadoria por invalidez -


Cessação do auxílio-acidente - Lei 5316/67 -
Admissibilidade - Recurso provido. Não se empresta ao
auxílio-acidente, concedido sob o égide da Lei 5.316/67 o
caráter vitalício, sendo lícito o seu cancelamento no dia
anterior à concessão de outro benefício por incapacidade
decorrente ou não do mesmo acidente, (art. 26, II, Decreto
61.784/67).

Trata-se de agravo de instrumento deduzido pelo Instituto


Nacional do Seguro Social, nos autos da ação acidentária que lhe
move José Vicente da Costa.

Insurge-se contra decisão que determinou o restabelecimento


do auxílio-acidente retroativamente.

O recurso foi recebido com o almejado efeito suspensivo com a


resposta, opinando a Procuradoria de Justiça pelo seu improvimento.

É o relatório.

Verifica-se pelas provas acostadas aos autor que o agravado é


beneficiário de auxílio-acidente concedido judicialmente (fls. 7/7v)
Fabrício Barcelos Vieira 137 ■

desde 01.04.1974. Em 03.02.01 foi aposentado por invalidez


previdenciária (fls. 11), sendo-lhe cessado o benefício do auxílio-
acidente em 2.2.01, de forma administrativa.

Através da decisão agravada, o MM. Juiz determinou o


restabelecimento do benefício cessado, com o pagamento retroativo
das parcelas devidamente atualizadas.

Preservado o respeito à orientação do doutro magistrado, tal


decisão não merece prosperar.

O auxílio-acidente foi concedido sob a égide da Lei 5316/67. De


acordo com o art. 26 do Dec. 61.784/67, que regulamentou a citada lei,
era prevista a cessação do auxílio-acidente no dia anterior à
concessão de outro benefício por incapacidade decorrente ou não do
mesmo acidente.

Portanto, não se empresta ao auxílio-acidente concedido sob a


Lei 5.316/67 o caráter vitalício como pretende o agravado (art. 24, Dec.
61.784/67), sendo lícito o cancelamento praticado pela Autarquia.

Isto posto, dou provimento ao agravo para que seja mantida a


cessação do auxílio-acidente.

CRISTIANO FERREIRA LEITE


Relator
Auxilio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 138 Indenizatórios do Inss

2. CUMULAÇÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE COM


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PELO MESMO
FATO GERADOR

Órgão: Ia TURMA CÍVEL


Classe: APC - APELAÇÃO CÍVEL
N° Processo: 2004 01 1 048984-8
Apelante: ROSA MARIA REY LIMA
Apelado: INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO
SOCIAL
Relator Des.: NATANAEL CAETANO

EMENTA
DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE.
CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA POR INVALI­
DEZ. BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DA LEI N.°
9.528/97. INCIDÊNCIA DA LEI VIGENTE À ÉPOCA. LEI
N° 8.213/91. AUXÍLIO-ACIDENTE VITALÍCIO. PRINCÍ­
PIO DO TEMPUS REGIT ACTUM. PRESTAÇÕES
VENCIDAS. CONDENAÇÃO. PRESCRIÇÃO QUIN-
QUINAL. O auxílio-acidente e a aposentadoria por
invalidez conce-didos antes do advento da Lei n.° 9.528/
97 devem ser pagos cumulativamente, nos termos da Lei
vigente à época, que previa a vitaliciedade do benefício
auxílio-acidente. As prestações em atraso não pagas pelo
INSS são devidas até o limite de cinco anos anteriores à
propositura da ação. Inteligência do artigo 103, parágrafo
único, da Lei n° 8.213/91.

ACÓRDÃO
Acordara os Desembargadores da Ia TURMA CÍVEL do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, NATANAEL
Fabrício Barcelos Vieira 139 ■

CAETANO - Relator, FLAVIO ROSTIROLA e VERA LÚCIA


ANDRIGHI - Vogais, sob a presidência do Desembargador
NATANAEL CAETANO, em DAR PROVIMENTO. UNÂNIME, de
acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 14 de novembro de 2006.


NATANAEL CAETANO
Relator
RELATÓRIO

Cuida-se de recurso de apelação interposto por ROSA MARIA


REY LIMA, inconformada com a r. sentença de fls. 180/194, proferida
pelo juízo da Vara de Acidentes de Trabalho do Distrito Federal, que
julgou improcedente o seu pedido inicial.

Em síntese, a autora ROSA MARIA REY LIMA propôs ação


acidentária contra o INSS - INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO
SOCIAL, visando ao reconhecimento judicial do direito a percepção
do benefício de auxílio-acidente cumulado com aposentadoria por
invalidez acidentária.

O MM. Juiz sentenciante julgou improcedente o pedido, ao


fundamento de que ambos os benefícios são permanentes e oriundos
do mesmo fato gerador, o que tem o condão de vedar a acumulação,
pois a aposentadoria absorve o auxílio-acidente.

Inconformada, apresentou a autora as razões de apelação de fls.


197/203, requerendo a reforma da decisão, sob a alegação de que os
benefícios do auxílio-acidente e da aposentadoria por invalidez se
deram em data anterior à entrada em vigor da Lei n° 9.528/97, a qual
proibiu a acumulação dos mesmos. Afirma que a lei n° 8.213/91,
vigente a época da concessão do benefício auxílio-acidente,
estabelecia, em seu artigo 86, § Io, ser o mesmo mensal e vitalício.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 140 Indenizatórios do Inss

Requereu, ao final, fosse declarada a possibilidade de


cumulação dos benefícios e ordenado o pagamento das prestações em
atraso referentes ao auxílio-acidente, desde quando cancelado.

Preparo dispensado na forma da lei.

Contra-razões de apelação às fls. 207/212, pugnando o apelado


pelo desprovimento do recurso,

Parecer da douta Procuradoria de Justiça às fls. 218/223,


opinando pelo conhecimento e desprovimento do recurso.

É o relatório.

VOTOS

O Senhor Desembargador NATANAEL CAETANO - Relator

Conheço do recurso, eis que presentes os pressupostos de


admissibilidade.

Insurge-se a apelante contra a r. sentença de Io grau que julgou


improcedente o seu pedido de cumulação de auxílio-acidente com
aposentadoria por invalidez.

O ilustre magistrado a quo entendeu não ser possível a


cumulação de tais benefícios, tendo em vista que ambos são
permanentes e oriundos do mesmo fato gerador. Além disso, nos
termos da Lei n° 9.528/97, é vedada a acumulação do auxílio-acidente
com qualquer aposentadoria.

Após detida análise dos autos, verifico que merece acolhimento


a irresignação da apelante.
Fabrício Barcelos Vieira 141 ■

Conforme se depreende dos documentos acostados aos autos, o


auxílio-acidente foi concedido á autora em 13/07/1989, tendo sido
cancelado em 12/11/1992. A aposentadoria por invalidez foi concedida
em 24/03/1991.

Colhe-se, pois, que os benefícios acidentários deram-se antes


da entrada em vigor da Lei n° 9.528/97, que veio proibir a cumulação
dos mesmos.

Nos termos da legislação vigente à época da concessão do


benefício de auxílio-acidente à autora, este era mensal e vitalício, e o
recebimento de salário ou concessão de outro benefício não
prejudicaria a continuidade do recebimento do auxílio-acidente.

É de se verificar, pois, que não poderia ter o INSS cancelado o


benefício de auxílio-acidente da autora, máxime porque na época em
que foi retirado, em 12/11/1992, ainda não havia qualquer legislação
que proibisse a sua cumulação com a aposentadoria por invalidez.

O entendimento desta colenda Corte de Justiça é uníssona em


afirmar que os benefícios de auxílio-acidente e aposentadoria
acidentária concedidos após o advento da Lei n° 9.528/97 não podem
ser cumulados, sendo, pois, induvidoso que os benefícios concedidos
antes da referida Lei devem obedecer aos critérios da legislação
vigente à época, em atenção ao princípio tempus regit actum,

Sendo assim, não há que se falar em impossibilidade de


cumulação do auxílio-acidente e da aposentadoria por invalidez, pois
a Lei n° 9.528, que retirou a vitaliciedade do auxílio-acidente e
proibiu sua cumulação com a aposentadoria por invalidez é datada de
10.12.1997, e se aplica tão-somente a partir de sua entrada em vigor.
Como o infortúnio laborai da autora se deu no ano de 1991, deverá,
pois, incidir a Lei n° 8.213/91 com sua redação original, a qual
autoriza a concessão do auxílio-acidente de forma vitalícia, bem como
sua cumulação com a aposentadoria por invalidez.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 142 Indenizatórios do Inss

Confira-se jurisprudência nesse sentido, verbis:

"PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. MAJORA­


ÇÃO. LEI 9.032/95. CUMULAÇÃO. APOSENTADORIA.
BENEFÍCIO DEFERIDO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI
9.528/97. POSSIBILIDADE. I - O benefício de 50%
estabelecido na Lei 9.032/95 aplica-se àqueles concedidos
pela legislação anterior, abrangendo todos os beneficiários
que estiverem na mesma situação em decorrência de se
tratar de norma de ordem pública. Precedentes. II - Não há
óbice à cumulação do auxílio-acidente com o benefício da
aposentadoria, pois deferido o primeiro antes da vigência
da Lei 9.528/97 que a proibiu. III - Apelação e remessa
oficial conhecidas e improvidas. Unânime." (200501113-
25194APC, Relator VERA ANDRIGHI, 4a Turma Cível,
julgado em 27/09/2006, DJ 19/10/2006 p. 107).

"CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO.


APOSENTADORIA ACIDENTÁRIA. AUXÍLIO-ACIDEN-
TE. Com a edição da Medida Provisória n° 1.596-14, de
10.11.1997, posteriormente convertida na Lei 9.528/97, o
auxílio-acidente perdeu o caráter vitalício, sendo vedada a
cumulação com a aposentadoria, salvo se o direito foi
reconhecido anteriormente. Recurso improvido."
(20050110057142APC, Relator GETÚLIO MORAES
OLIVEIRA, 4a Turma Cível, julgado em 13/03/2006, DJ 11/
04/2006 p. 165).

AÇÃO ACIDENTÁRIA. CUMULAÇÃO DO AUXÍLIO-


ACIDENTE E DA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ.
POSSIBILIDADE: INFORTÚNIO ANTERIOR À LEI N°
9.528/97. INSS. ÔNUS DESIMCUMBÊNCIA: VERBETE
178 DA SÚMULA DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCA­
TÍCIOS FIXADOS CONFORME O ART 20, § 3o, DO CPC
E VERBETE 111 DA SÚMULA DO STJ. APELAÇÃO
Fabrício Barcelos Vieira 143 ■

INTEMPESTIVA. REMESSA NECESSÁRIA. DEVO­


LUÇÃO INTEGRAL DA CONTROVÉRSIA. SENTENÇA
MANTIDA. UNÂNIME." (19990110502830APC, Relator
WALDIR LEÔNCIO JUNIOR, 3a Turma Cível, julgado em
01/12/2003, DJ 04/03/2004 p. 50).

O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento no


mesmo sentido, conforme se verifica nas ementas abaixo
transcritas:
"PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSEN­
TADORIA. CUMULAÇÃO. MOLÉSTIA SURGIDA AN­
TES DA LEI 9.528/97. POSSIBILIDADE. 1. Conforme
matéria já pacificada pela Terceira Seção deste Tribunal,
tendo a moléstia acidentária acometido o autor antes da
vigência da Lei 9.528/97, que proíbe a cumulação do
auxílio-acidente com qualquer aposentadoria, em
respeito ao princípio do tempus regit actum, deve ser
garantida a percepção dos benefícios pleiteados. 2.
Embargos de divergência acolhidos para negar
provimento ao recurso especial." (EREsp 481921/SPJ Min.
Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, julgado em 10/05/
2006, publicado no DJ de 29/05/2006, p. 157).

"PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIO


APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO E
AUXÍLIO ACIDENTE. TERMO INICIAL. JUNTADA DO
LAUDO PERICIAL EM JUÍZO. CUMULAÇÃO. POSSI-
BILIDADE. 1. O benefício previdenciário decorrente de
acidente de trabalho tem como termo inicial a data da
juntada do laudo pericial em juízo. 2. A compreensão desta
Corte sobre o tema pacificou-se no sentido de que para se
aferir a possibilidade de cumulação do auxílio-acidente
com aposentadoria, em face do advento da Lei n° 9.528/97,
deve-se levar em consideração a lei vigente ao tempo do
acidente que ocasionou a incapacidade laborativa. 3. In
casu, ainda que o autor/recorrido tenha requerido auxílio-
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 144 Indenizatórios do Inss

acidente quando já se encontrava em vigor a referida


Medida Provisória n° 1.596, de 10.11.97, convertida na Lei
n° 9.528/97, o aresto hostilizado reconheceu expressa­
mente que a incapacidade laborai se deu em momento
anterior a vigência do aludido diploma legal. 4. Recurso
parcialmente provido." (REsp 532463/SF; Ministro Paulo
Gallotti, Sexta Turma, julgado em 09/09/2003, publicado no
DJ de 18/09/2006, p. 372).

‘AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL PREVI-


DENCIÁRIO. AUXÍLIO-SUPLEMENTAR. APOSENTA­
DORIA. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. 1, Com o
advento da Lei n° 8.213/91, as regras do auxílio-
suplementar restaram totalmente absorvidas pelas normas
do auxílio-acidente, razão pela qual é possível a
cumulação de benefício acidentário e aposentadoria se a
incapacidade se deu em momento anterior à vigência da
Lei n° 9.528/97. 2. Agravo improvido." (AgRg no REsp
486631/SC, Ministro Paulo Gallotti, Sexta Turma, julgado
em 21/09/2004, publicado no DJ de 02/10/2006, p. 218).

Portanto, merece provimento o recurso da apelante, eis que tem


direito de receber auxílio-acidente cumulativamente com
aposentadoria por invalidez, diante da comprovação de ter sido a
mesma concedida em data anterior à vigência da Lei n° 9.528/97.

Ressalte-se que a autora faz jus às parcelas referentes aos


últimos cinco anos, tendo as demais sido atingidas pela prescrição
qüinqüenal estabelecida no artigo 103, parágrafo único, da Lei n°
8.213/91, verbis:

Art. 103. [...]


Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data
em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para
Fabrício Barcelos Vieira 145 ■

haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou


diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito
dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código
Civil. (Incluído pela Lei n° 9.528, de 1997).

Com tais considerações, DOU PROVIMENTO ao recurso cia


autora ROSA MARIA REY LIMA para julgar procedente o seu pedido
inicial, determinando que o INSS - INSTITUTO NACIONAL DE
SEGURO SOCIAL restabeleça o pagamento do seu benefício auxílio-
acidente, que deverá ser pago cumulativamente com a aposentadoria
por invalidez. Além disso, condeno o INSS no pagamento das
parcelas do benefício auxílio-acidente referentes aos cinco anos
anteriores à propositura da presente ação, corrigidas monetariamente
desde a data em que deveriam ter sido pagas, incidindo juros de mora
de 1% (um por cento) ao mês a contar da citação (Súmula 204 do STJ).

Sem custas e honorários, nos termos do artigo 129, parágrafo


único, da Lei n° 8.213/91.

É como voto.

O Senhor Desembargador FLAVIO ROSTIROLA - Vogal


Com o Relator.

A Senhora Desembargadora VERA LÚCIA ANDRIGHI - Vogal


Com o Relator.

DECISÃO
DEU-SE PROVIMENTO. UNÂNIME.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
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3. POSSIBILIDADE DE ACUMULAÇÃO DE DOIS AUXÍLIOS-


ACIDENTES

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO


SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL
2a Câmara

AGRAVO DE INSTRUMENTO
N° 603316-00/1
Comarca de MAUÁ
AGVTE: CARLOS FERREIRA DO NASCIMENTO
AGVDO: INSS

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os juizes desta
turma julgadora do Segundo Tribunal de Alçada Civil, de
conformidade com o relatório e o voto do relator, que ficam
fazendo parte integrante deste julgado, nesta data,
negaram provimento ao recurso, por votação unânime.

Turma Julgadora da 2a Câmara


JUIZ RELATOR: ANDREA RIZZO
2o Juiz: NORIVAL OLIVA
3o Juiz: VI AN NA COTRIM
Juiz Presidente: PEÇANHA DE MORAES

Data do julgamento: 31/01/00

ANDREATTA RIZZO
Juiz Relator
Fabrício Barcelos Vieira 147 ■

PODER JUDICIÁRIO
SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL
AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 603.316-0/1

Comarca: Mauá
Agravante(s): CARLOS FERREIRA DO NASCIMENTO
Agravado (s): INSS

VOTO N° 9085

AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO


ACIDENTÁRIA - CUMULAÇÃO - AUXÍLIO-ACIDENTE
- TITULAR DE AUXÍLIO-ACIDENTE EM RAZÃO DE
MAL DIVERSO - INADMISSIBILIDADE - VEDAÇÃO
DO INCISO V, ARTIGO 124, DA LEI N° 8.213/91 -
NECESSIDADE DE REFAZER O CÁLCULO ATÉ A
IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO, DEDUZINDO-SE OS
VALORES PAGOS - DECISÃO MANTIDA - AGRAVO
IMPROVIDO.

Agravo de instrumento interposto contra decisão, proferida em


sede de execução acidentária que determinou que a Contadoria do
Juízo elaborasse novos cálculos até a implantação do benefício,
deduzindo-se os valores pagos administrativamente.

Inconformado, aduziu o agravante, que não existe nenhuma


dedução a ser realizada, tendo em vista que são dois benefícios
distintos, quais seja, o auxílio-acidente de 50% recebido
previdenciariamente e o auxílio-acidente de 40%, concedido, em
razão de outra moléstica, na esfera judicial.

Concedido o efeito suspensivo, o agravado não ofertou resposta,


sobrevindo manifestação da douta Procuradoria Geral de Justiça.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 148 Indenizatórios do Inss

É o relatório

O agravo não comporta provimento.

Com efeito, ao autor foi concedido, através de ação judicial, em


decorrência de disacusia, auxílio-acidente de 40%, a partir de 19/03/92.

E, na esfera administrativa, em virtude de tenossinovite, foi


deferido auxílio-doença, a partir de 28/01/93, sendo convertido, em 24/
10/95, em auxílio-acidente de 50%.

Ora, o artigo 124, da Lei n° 8.213/91, com a redação dada pela Lei
n° 9.032, de 28/04/95, dispõe que:

'Art. 124 - Salvo no caso de direito adquirido, não é


permitido o recebimento conjunto dos seguintes
benefícios da Previdência Social:
V - mais de um auxílo-acidente"

É bem da verdade que a jurisprudência do Superior Tribunal de


Justiça, já assentou que:

"PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. CUMU-


LAÇÃO DE MAIS DE UM AUXÍLIO-ACIDENTE.
POSSIBILIDADE.
1. Consolidadas as seqüelas decorrentes do acidente no
período de vigência do texto original da Lei n° 8.213/91,
05.04.91 a 28.04.95, admite-se a acumulação de mais de
auxílio-acidente desde que provenientes de causa
distintas, face à ausência de vedação legal.
2. Recurso Provido/' (REsp 120.323 - SC - 5a T. - Rei. Min.
EDSON VIDIGAL-J. emOl.12.98).
Fabrício Barcelos Vieira 149 ■

No caso dos autos, porém, mostra-se inacumulável a


manutenção de ambos os benefícios, posto que uma das lesões foi
consolidada após a mudança da lei, circunstância que faz esbarrar na
excepcionalidade do direito adquirido.

Em outras palavras, o auxílio-acidente de 50%, concedido em


virtude de tenossinovite, teve como marco inicial a data de 24/10/95,
vale dizer, época em que já estava vigorando a vedação legal.

Daí, o acerto da decisão monocrátcia ao determinar o cálculo do


auxílio-acidente de 40% até a implantação do novo benefício.

Por tais motivos, nego provimento ao agravo.

ANDREATTA RIZZO
Juiz Relator
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 150 Indenizatórios do Inss

4. IMPOSSIBILIDADE DE ACUMULAÇÃO DE DOIS


AUXÍLIOS-ACIDENTES

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO


SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL
9a Câmara

APELAÇÃO S/REVISÃO
N° 754211-0/9
Comarca de SÃO CARLOS - l.V.CÍVEL
Processo 1050/01
APTE: CLAUDINEI APARECIDO MENDES
APDO: INSS

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os juizes desta
turma julgadora do Segundo Tribunal de Alçada Civil, de
conformidade com o relatório e o voto do relator, que ficam
fazendo parte integrante deste julgado, nesta data, deram
provimento ao recurso, por votação unânime.

Turma Julgadora da 9a Câmara


JUIZ RELATOR: SÁ DUARTE
2o Juiz: LUIZ EURICO
3o Juiz: GIL COELHO
Juiz Presidente: LUIZ EURICO

Data do julgamento: 26/05/04

SÁ DUARTE
Juiz Relator
Fabrício Barcelos Vieira 151 ■

PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO


SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL
9a Câmara

APELAÇÃO SEM REVISÃO N° 754.211-0/9


COMARCA: São Carlos
APELANTE: CLAUDINEI APARECIDO MENDES
APELADO: INSS
VOTO N° 6250

ACIDENTE DO TRABALHO - Auxiliar de produção - LER


- Segurado que já recebe auxílio-acidente por causa
diversa da reclamada nesta ação - Proibição de
recebimento de mais de mais de um auxílio-acidente
(artigo 124, V da Lei n° 8213/91) - Sentença que assim
decidiu, julgando improcedente a ação sem realização da
perícia médica - Possibilidade, contudo, de concessão de
um novo benefício em substituição ao anterior, desde que
presentes os requisitos para tanto - Precedentes - Prova
pericial necessária - Sentença anulada - Recurso provido
para esse fim.

Ação acidentária promovida por auxiliar de produção,


queixando-se de redução de sua capacidade laborativa em razão de
lesão por esforço repetitivo (síndrome cervicobraquial) decorrente da
atividade laborativa, julgada improcedente, nos termos da r. sentença
de fls. 122/124.

Inconformado, o autor apelou a tempo. Afirmou que é


incontroverso que sofreu acidente de trabalho, auferindo auxílio-
acidente de 30%, que está sendo objeto de revisão em ação própria.
Sustentou que as causas de pedir são diversas, pois, na presente ação
busca o recebimento de auxílio-acidente em face do surgimento da
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 152 Indenizatórios do Inss

LER, em razão do maior esforço com o membro contralateral hígido.


Asseverou que, se ficasse reconhecido na perícia que a somatória das
lesões leva a uma invalidez, ocorreria a substituição de benefícios,
razão pela qual entende que a decisão “a quor' foi precipitada, e por
isso deve ser anulada, permitindo-se a elaboração de prova médico-
pericial, independentemente do que ficar decidido na ação revisional
de benefício.

Recurso respondido, isento de preparo, com parecer da


Procuradoria Geral de Justiça pelo provimento.

É o relatório.

O autor ingressou com a presente ação postulando o


recebimento de benefício acidentário em razão de LER (síndrome
cervicobraquial) que diz ter adquirido em face do exercício da sua
atividade laborativa na empresa Techmseh do Brasil Ltda.( onde
trabalhou de 29.03.95 a 04.01.2001.

Em primeira instância, a ação foi julgada improcedente sob o


fundamento, basicamente, de que o autor já recebe auxílio-acidente
de 30%, que está sendo objeto de revisão em ação judicial, não sendo
possível o recebimento conjunto de mais de um auxílio-acidente.

O autor apelou pleiteando a anulação da sentença, por entender


que deveria ter sido realizada perícia médica, pois uma vez
constatada a existência da molésti relamada, com o conseqüente
agravamento da sua incapacidade seria possível a substituição do
benefício que já recebe.

A meu ver, a razão está com o apelante.

De fato, nos termos da legislação acidentária atual, aplicável ao


Fabrício Barcelos Vieira 153 ■

casot não é possível o recebimento conjunto de mais de um auxílio-


acidente (artigo 124, inciso V da Lei Federal n° 8.213/91).

Isto não significa, contudo, que o trabalhador que já recebe


auxílio-acidente não poderá mais pleitear outro benefício da mesma
natureza, decorrente de um novo infortúnio.

Desde que reconhecido o seu direito ao recebimento do novo


benefício, é possível a sua concessão em substituição ao anterior.

É assim que tem se posicionado a jurisprudência desta E. Corte:

ACIDENTE DO TRABALHO - BENEFÍCIO - CUMULAÇÃO


-AUXÍLIO-ACIDENTE - TITULAR DE AUXÍLIO-ACIDENTE
EM RAZÃO DE MAL DIVERSO - INADMISSIBILIDADE -
NOVO CÁLCULO DO BENEFÍCIO - PREVALECIMENTO
DO PERCENTUAL UNIFICADO DE 50% DA LEI 9032/95
O auxílio-acidente de 50% concedido ao obreiro por
acidente típico sofrido em 4.12.96, como com acerto
reclamado pelo Instituto-réu, não pode ser cumulado com
o auxílio-acidente de 40% que o autor já vem recebendo
por infortúnio ocorrido anteriormente em 16.4.92,
porquanto o artigo 124 da Lei n° 8213/91, com a redação
dada pela Lei n° 9032, de 28.4.95, ao seu inciso V não
permite o recebimento conjunto de mais de um auxílio-
acidente. Nessa linha de entendimento, o auxílio-acidente
de 50% substutui o de 40% que o autor já recebe,
compensando-se as parcelas recebidas administrativa­
mente a esse título. (Ap. s/Ver. 583.452-00/0 - 9a Câm. - Rei.
Juiz CLARET DE ALMEIDA - J. 31.5.2000).

ACIDENTE DO TRABALHO - BENEFÍCIO - CUMULAÇÃO


-AUXÍLIO ACIDENTE - TITULAR DE AUXÍLIO-ACIDENTE
EM RAZÃO DE MAL DIVERSO ~ INADMISSIBILIDADE -
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 154 Indenizatórios do Inss

NOVO CÁLCULO DO BENEFÍCIO - PREVALECIMENTO


DO PERCENTUAL UNIFICADO DE 50% DA LEI 9032/95
A partir da vigência da Lei 9032/95, que deu nova redação ao
artigo 124 da Lei 8213/91, acrescentando-lhe o incido Vr
ficou expressamente vedada a cumulação de mais de uma
auxílio-acidente, podendo o benefício ser recalculado,
prevalecendo o percentual de 50% unificado pela Lei 9032/
95, pois mais benefício ao acidentado. (Ap. s/Ver. 572.030-00/
9 - T Câm. - Rei. Juiz ANTONIOIRIGOLIN - J. 29.2.2000).

ACIDENTE DO TRABALHO - BENEFÍCIO -


CUMULAÇÃO - AUXÍLIO-ACIDENTE - TITULAR DE
AUXÍLIO-ACIDENTE EM RAZÃO DE MAL DIVERSO -
INADMISSIBILIDADE. Nos termos do artigo 124, V, da
Lei n° 8213/91, na redação da Lei n° 9032/95, é vedado ao
trabalhador receber mais de um auxílio-acidente; todavia,
a sentença não incidiu nessa proibição legal, desde que
cancelou expressamente o auxílio-acidente até então
percebido pelo autor, outorgando-lhe o novo auxílio-
acidente, devido em razão do acidente ocorrido em 4 de
julho de 1996 (Ap. s/ Rev. 594.362-00/3 - 8a Câm. - Rei. Juiz
MILTON GORDO - J. 21.9.2000).

ACIDENTE DO TRABALHO - BENEFÍCIO -


CUMULAÇÃO - MAIS DE UM AUXÍLIO-ACIDENTE -
VEDAÇÃO PELO ARTIGO 124, V DA LEI N° 8213/91,
COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI 9032/95 -
SUBSTITUIÇÃO DE UM PELO OUTRO - ORIGENS
DIVERSAS E GRAUS DE INCAPACIDADE LABORA­
TIVA DISTINTOS - NECESSIDADE - ADMISSIBI­
LIDADE. Embora a Lei 9032/95 impeça a cumulação de
uma de um auxilio-acidente, admissível a substituição do
auxílio-acidente de 40% concedido anteriormente, pelo
auxílio-acidente de 50%, considerando-se a atual
incapacidade laborativa apresentada pelo obreiro, e suas
condições de saúde, em razão do novo acidente ocorrido
Fabrício Barcelos Vieira 155 ■

em 03.02.97, abatendo-se dos atrasados os valores que


vêm sendo pagos ao autor em razão do anterior auxílio-
acidente concedido. (Ap. s/Rev. 601.824-00/3 - 7a Câm. -
Rei. Juiz PAULO AYROSA- J. 30.01.01).

ACIDENTE DO TRABALHO - BENEFÍCIO -


CUMULAÇÃO - INADMISSIBILIDADE - ALTERAÇÃO
TÃO SÓ DA FORMA DE CÁLCULO - Iniciando o novo
auxílio-acidente na vigência da Lei n° 9032/95, que deu
nova redação ao artigo 124, da Lei n° 8213/91, cessa o gozo
daquele concedido anteriormente, permanecendo, o
obreiro, a receber somente o segundo deles, por apresentar
um coeficiente de cálculo superior (50%). (Ap. s. Rev.
693.561-00-2 - 2a Câm. - Rei. Juiz ANDREATTA RIZZO - J.
12.5.2003 (quanto a auxílio-acidente e auxílio-acidente).

Dessa forma, independentemente do autor estar buscando em


outra ação a revisão do auxílio-acidente que já recebe (ação com
objeto diverso), é possível, desde que presentes os requisitos legais, a
concessão de um novo auxílio-acidente em substituição ao anterior.

Mas, para saber se o autor tem direito ou não ao novo auxílio-


acidente, é imprescindível a realização de perícia médica, com
vistoria ao local de trabalho, prova que foi dispensada pelo Juizo "a
quo", naturalmente, em face do que ficou decidido na r. sentença,
entendimento, contudo, que como visto não pode prevalecer.

De rigor, assim, a anulação da sentença, para que outra seja


proferida, após a instrução do feito, decidindo se o autor faz jus ou não
a um novo auxílio-acidente, em substituição ao atual.

Diante do exposto, voto pelo provimento do recurso para o fim


acima explicitado.

SÁ DUARTE
Relator
MODELOS DE PETIÇÕES
Fabrício Barcelos Vieira 159 ■

1. Requerimento de auxílio-acidente decorrente de doença laborai

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA_________ VARA CÍVEL DA


COMARCA DE FRANCA SR

José das Couves, brasileiro, sapateiro, desempregado, portador


da Cédula de Identidade RG n° 00.000.000 e portador do CPF/MF sob
o n° 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua UUUU, n° 00 -
Parque Vicente Leporace VIII, em Franca/SR através de seus
advogados e bastante procuradores que a esta subscrevem, FULANO
e FULANA, inscritos na OAB/SP sob o número 00.000 e 000.000, todos
com escritório na Rua SSSS, n° 00 - Centro - Franca SF! onde
receberão notificações e intimações, vem mui respeitosamente à
presença de V. Exa. propor a presente

AÇÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -


INSS, que deverá ser citado, através de seu representante legal, na
Rua Vol. Franca, n° 1186 - Centro - Franca - SF* pelos motivos de fato e
de direito a seguir articulados.

PRELIMINARMENTE

1. Requer o Autor sejam-lhe deferidos os benefícios da


Assistência Judiciária Gratuita, tendo em vista não poder arcar com os
ônus financeiros decorrentes da presente demanda judicial, sem que
com isso possa afetar o seu sustento e o de sua família, conforme
declaração que junta nesta oportunidade.
Auxílio Acidento Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 160 Indenizatórios do Inss

DOS FATOS

2. O Requerente é ex-empregado da empresa Calçados Meu


Chulé Ltda., onde laborou no período entre 03 de abril de 1989 a 23
de março de 2001, exercendo suas atividades laborais na unidade
de Franca, conforme comprovam cópias de sua Carteira de Trabalho
em anexo.

3. Em sua atividade laborai, o Requerente trabalhava no setor de


estocagem e almoxarifado, executando tarefas como a de
carregamento de caixas de sapato e materiais para sua confecção, que
em razão do grande peso comprometeram a região lombar do autor,
conforme documento médico em anexo.

4. Antes de laborar na referida empresa, o requerente não era


portador de nenhuma doença ocupacional, até mesmo porque foi
aprovado em exame médico pré-admissional.

5. Embora tenha reclamado para a empregadora, jamais houve


Comunicação do Acidente do Trabalho da empresa para o INSS.

6. Entretanto, conforme relatório médico em anexo, o


Requerente "é portador de quadro clínico de dores lombares
irradiadas para o membro inferior esquerdo, que dificultam a
execução de seu trabalho e de esforços físicos."

7. Foi realizada tomografia com a seguinte conclusão médica: "a


tomografia mostrou protusão do disco no espaço L5S1 com conflito
radicular, o que explica sua dor ".

8. Como se vê, a documentação médica juntada pelo Requerente


dá conta da existência dos infortúnios e do próprio nexo causai, o que
ensejaria a concessão de auxílio-acidente (art. 86 da Lei n° 8.213/91 e
art. 104 do Decreto 3.048/99), o que se requer desde já.
Fabrício Barcelos Vieira 161 ■

DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

9. O Art. 273 do Código de Processo Civil, com a redação que lhe


deu a Lei n° 8.952, de 13.12.1994:

"O Juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou


parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,
desde que, existindo prova inequívoca, se convença da
verossimilhança da alegação, e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu.”

10. Novel instituto da processualística civil, a tutela


antecipatória representa, indubitavelmente, o preenchimento de uma
lacuna que há muito carecia de disciplina legal, máxime em face das
limitações naturais da tutela cautelar, concebida que foi com função
meramente assecuratória.

11. O Poder Judiciário, em que pese os esforços despendidos,


não consegue evitar, em todos os seus níveis, o atraso na entrega da
tutela jurisdicional. Os problemas são de várias ordens, podendo se
destacar a falta de juizes, o volume exacerbado de processos para
instrução e julgamento e a legislação processual que possibilita a
etemização das lides através de um número infindável de recursos
colocados à disposição das partes.

12. O processo cautelar e, em especial, os pedidos de liminares


passaram a ser supervalorizados, como instrumentos para se obter uma
solução célere para a lide. A jurisprudência, entretanto, cada vez com
maior intensidade, abomina os provimentos cautelares satisfativos.

13. Processualistas de nomeada, em busca de minimizar a falta


de efetividade da prestação jurisdicional, bradaram pela inserção, no
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 162 Indenizatórios do Inss

Código de Processo Civil, de disposição capaz de possibilitar a


antecipação dos efeitos da tutela almejada no pedido inicial, em
caráter provisório, antes da decisão definitiva da lide.

14. Assim é que, hodiemamente, o juiz pode, em summaría


cognitio, antecipar os efeitos daquela que seria uma futura sentença
de mérito, atendendo, a requerimento, à pretensão de direito material
vindicada pelo Autor da ação, provisoriamente. Ressalte-se que a
provisoriedade é o único traço que distingue o provimento antecipado
da sentença de procedência do pedido.

15. Permita-nos este Douto Juízo, breve exposição sobre a


questão da tutela antecipada, especialmente contra a Fazenda
Pública, objeto liminar do pedido.

16. Os pressupostos ou requisitos necessários à concessão da


tutela antecipatória se assemelham àqueles que autorizam o
deferimento da tutela cautelar. Todavia, à tutela antecipatória, um
plus em relação à tutela cautelar, o fumus boni juris há que se fazer
supedaneado por situação de fato impregnada de verossimilhança, o
que se demonstra no caso em tela.

17. A verossimilhança é a probabilidade de a situação fática


sobre a qual incidem os fundamentos jurídicos ser verdadeira. Esta
aparência verossímil deve se apresentar de forma inequívoca, ou seja,
revestida de contornos tais que permitam ao juiz um convencimento
razoável. Devemos lembrar, no entanto, que não se exige um
convencimento pleno, pois a certeza é apanágio da verdade real, não
da mera probabilidade.

18. O periculum in mora patenteia-se exatamente na


possibilidade de a parte autora experimentar prejuízo irreparável ou
de difícil reparação, se tiver que aguardar o tempo necessário para a
Fabrício Barcelos Vieira 163 ■

decisão definitiva da lide. Resguarda-se, dessarte, o litigante dos


maléficos efeitos do tempo, isto porque situações existem, e não são
raras, em que a parte interessada não pode aguardar a tramitação do
processo sem prejuízo moral ou material insuscetível de
recomposição.

19. Inovou-se, viabilizando a antecipação da tutela diante do


abuso do direito de defesa e da conduta comprovadamente
protelatória do réu. Cuida-se de espécie de tutela que visa a punir o
réu por sua conduta no processo, independentemente da urgência.

20. Consagra-se o abuso do direito de defesa pela prática de atos


que extrapolem o direito de resposta ou produção de provas, segundo
avaliação judicial.

21.0 abuso do direito de defesa comumente se manifesta pela


atuação da parte sob o manto de virtual legalidade, no uso de
faculdades processuais (contestações, especificação e produção de
prova, etc.), mas que oculta escopos maliciosos. Por isso, compete ao
juiz esquadrinhar as intenções da parte para detectar se o móvel que a
inspirou a praticar o ato foi animado de intentos diversos.

22, As contestações genéricas, flagrantemente infundadas ou


divorciadas do pedido, tais como aqueles arrazoados que contrariam
orientação pretoriana pacificada (v.g.( súmulas e decisões em sede de
controle da constitucionalidade proferidas pelo STF), constituem
abuso do direito de defesa.

23. No campo da litigância de má-fé, a dar ensanchas à


antecipação da tutela, cumpre destacar, pela frequência com que sói
ocorrer, a vulneração ao "dever de veracidade" que deve nortear a
atuação das partes no processo. Incumbe à parte, além de declarar
somente a verdade, abster-se de omitir fatos relevantes ao julgamento
da lide, de que tenha conhecimento.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 164 Indenizatórios do Inss

24. Os provimentos antecipatório s, por representarem um


adiantamento da eficácia da futura decisão de mérito a ser proferida no
processo, não se confundem com os provimentos cautelares. A distinção
substancial está em que a medida antecipatória satisfaz
antecipadamente, enquanto a medida cautelar tem função meramente
assecuratória de eficácia da sentença futura. A satisfatividade é da
essência da antecipação da tutela, porém, na tutela cautelar, consoante
orientação jurisprudencial remansosa, constitui óbice à sua concessão.

25. Em última análise, diríamos que os provimentos cautelares


visam a garantir o resultado eficaz do processo, assegurando a
efetividade de uma pretensão de direito processual ou material. Ao
revés, os provimentos antecipatórios dispõem diretamente sobre o
direito material contendido, representando o atendimento da
pretensão antes da sentença.

26. Dispõe o § 2o do art. 273: "Não se concederá a antecipação da


tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento
antecipado". Diante desta limitação, ouvimos afirmações no sentido
de que a antecipação da tutela de direitos patrimoniais, em princípio,
seria contra-indicada, ou menos indicada. Assim não nos parece.

27. Com efeito, sem embargo das necessárias cautelas e


ponderação na antecipação da tutela, para que não se periclitem os
princípios do contraditório, da amplitude da defesa e do devido
processo legal, erigidos à condição de cânones constitucionais, a
possibilidade de o provimento antecipatório vir a causar prejuízo
patrimonial à parte não deve constituir sério óbice à sua prolação,
mormente quando o eventual desfalque possa ser diluído pela
disparidade sócio-econômico-jurídica existente entre autor e réu.

28. Temos que o legislador ao reportar-se à "irreversibilidade do


provimento antecipado" não cogitou da eventualidade de o provimento
antecipatório vir a causar prejuízo patrimonial à parte que se submete
aos seus efeitos, senão teria aludido a "prejuízo irreparável".
Fabrício Barcelos Vieira 165 ■

29. A irreversibilidade do provimento antecipado está


reiacionada com a tutela que assuma laivos de definitividade, mesmo
diante da sentença de improcedência do pedido. Seria o caso em que
os efeitos do direito antecipado se incorporassem de tal forma ao
patrimônio do beneficiado, de modo que o provimento definitivo não
mais pudesse revertê-los, ou que se esgotasse o direito decorrente,
em face do seu exercício. Não vislumbramos, dessarte, muitas
hipóteses desta ocorrência.

30. Ressalte-se que o momento processual da antecipação da


tutela está intimamente relacionado com a efetiva comprovação da
verossimilhança, com a iminência do dano irreparável, e com a
atuação da parte ré.

31. Por isso, pode ser concedida liminarmente e inaudita altera


pars, após a contestação ou na fase instrutória.

32. Paradoxo que sempre nos sensibilizou é o que resulta da


demora no processamento das ações propostas contra a Fazenda
Pública, cujo desiderato seja a reversão de despedida imotivada,
arbitrária ou ilegal, quer se trate de direitos decorrentes de falta de
aumento legal ou defasagem salarial.

33. Realmente, os aspirantes aos direitos contra a Fazenda


Pública, no grosso de sua universalidade, constituem parte
hipossuficiente (mais fracos jurídica e economicamente), portanto,
carecedores de maior proteção individual e social.

34. Encarados sob o prisma da demanda, restam ainda mais


fracos e desamparados, submetidos que ficam à demora da
tramitação do processo ordinário. Nunca menos de cinco anos são
consumidos até que possam usufruir dos efeitos pecuniários da
benesse requerida.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 166 Indenizatórios do Inss

35. No presente caso, o Requerente não tem condições de


continuar a trabalhar normalmente, pelo fato das lesões que possui e
pelo agravamento decorrente de seu labor diário, e os proventos do
auxílio doença acidentário e do próprio auxílio-acidente, todos
sabem, têm realçado caráter alimentar, máxime porque, via de regra,
visam a substituir a renda salarial e atender às necessidades vitais do
segurado e de sua família (alimentação, habitação, vestuário,
educação e saúde).

36. Não se pode negar que esta natureza alimentar da prestação


buscada, acoplada à hipossuficiência do segurado, patenteia um
fundado receio de dano irreparável, ou de difícil reparação,
recomendando concessão da tutela antecipadamente.

37. Se por este pressuposto não se puder antecipar a tutela,


cuida a Fazenda Pública de perfectibilizar o "alternativo'' requisito
contido no inciso II do art. 273. A conduta processual da Fazenda
Pública, por orientação absurda, é reprovável e encerra, no mais das
vezes, abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório.

38. No exercício da advocacia específica, temos testemunhado a


utilização dos mais artificiosos expedientes, por parte de órgãos da
administração direta, tanto Municipais como Federais, para furtar-se
ao cumprimento da lei. Tudo o que foi dito alhures, acerca das
condutas processuais caracterizadoras de abuso de direito de defesa e
desígnio protelatório, representa a manifestação da prática forense
daquelas entidades.

39. O presente exemplo, que norteia a presente demanda, traz


a lume a análise da verossimilhança e sua comprovação para a
convicção judicial. Urge que a parte oferece fortes elementos de
prova dos males que sofre, não trazendo apenas meros indícios ou
provas rarefeitas.
Fabrício Barcelos Vieira 167 M

40. Diante das conclusões que se apresentam e diante da


documentação que acompanha esta inicial, sopesado o direito
aplicável, resta facilitado o exame da verossimilhança, devendo-se
determinar, inaudita altera parte, a imediata implantação do benefício
de auxílio acidente ao Autor.

41. Que não se diga que seria necessária caução, pois não
obstante a regra insculpida no § 4o do art. 273, impondo limitações à
execução da tutela antecipada quando se refere aos incisos II e III do
art. 588r temos que a caução idônea a que aludem estes dispositivos é
dispensável na execução provisória de provimento antecipado em
matéria previdenciária.

42. A propósito, colacionamos a expressão da jurisprudência:


"PROCESSO CIVIL. Execução provisória. Caução.
Desnecessidade face à natureza alimentar do benefício
previdenciário..." (TRF da 3a Região, Segunda Turma, AC
90.03.11.968-6-SFt Relator Juiz RÔMULO DE SOUZA PIRES, DOESP
de 10.06.1991).

"Na execução provisória de sentença que condena à prestação


de alimentos não cabe exibir caução, instituto que por sua índole
não se compatibiliza a condição de quem deles necessita"
(RJTESP 107/246).

43. A natureza especial da prestação previdenciária (alimentar),


de caráter inadiável, faz valer a ressalva “no que couber" inserida no
§ 3o do art. 273. Realmente, na execução de prestação alimentar, "não
cabe” exigir-se que o exequente preste garantia.

44. Não se diga que a implantação imediata do benefício


conduziria a uma situação irreversível, colidindo com a vedação
imposta pelo § 2o do art. 273.
Auxílio Acidento Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 168 Indenizatórios do Inss

45. Há que se ter em vistar como já o dissemos, que aquela


restrição não tem vinculação com "dano irreparável ou de difícil
reparação" - estes são pressupostos para a concessão do provimento
antecipatório - e sim com a irreversibilidade dos efeitos da tutela
antecipada. Em qualquer tempo, o benefício poderá ser cancelado.

46. Realmente, tanto no exercício da faculdade revocatória (§ 4o


do art. 273), como na sentença de mérito que não reconhece o direito
ao benefício vindicado, poderá, utilmente, haver o seu encerramento.

47. Ad argumentandum tantum, se dos efeitos da antecipação da


tutela resultar prejuízo patrimonial ao Instituto Réu, nada de muito
anormal. Calha à fiveleta o escólio do Professor FERRUCCIO
TOMASEO, citado por LUIZ GUILHERME MARINONE: "Se não há
outro modo para evitar um prejuízo irreparável a um direito que se
apresenta como provável, se deve admitir que o juiz possa provocar
um prejuízo irreparável ao direito que lhe parece improvável" (apud
Efetividade do Processo e Tutela Antecipatória, Revista Ciência
Jurídica n° 47, set./out. 92, pág. 316).

48. De fato, ao deparar-se com situação deste jaez, postula-se a


este MM. Juízo colocar na balança, de um lado, os eventuais
prejuízos que decorrerão da antecipação da tutela, e, de outro, os
correlatos de sua denegação. Se não concede, o Autor tem que
aguardar cinco anos, no mínimo, sofrendo um prejuízo que pode ser
irreparável, se julgado procedente o pleito. Caso adiante a tutela,
haverá a possibilidade de causar um prejuízo insignificante aos
cofres federais, se, ao final, julgado improcedente o pedido. Tem que
optar pelo prejuízo menor, menos gravoso, considerando, inclusive, a
função assistencial do benefício do

49. Portanto, presente os seguintes pressupostos ensejadores da


tutela antecipada:
Fabrício Barcelos Vieira 169 ■

a) Presentes no presente caso, a verossimilhança, o perículum in


mora e o fumus borii jurís, e o reconhecido abuso do direito de defesa
e manifesto propósito protelatório do réur que constituem os
pressupostos para a antecipação da tutela;

b) As ações que trazem cunho previdenciário (neste caso a


concessão do benefício de auxílio-acidente ao Autor), máxime as
tendentes à concessão do benefício, apresentam-se como campo fértil
para a antecipação da tutela, isto em face da invariável
hipossuficiência da parte autora, do caráter alimentar da prestação
pretendida, da demora natural (ou excepcional?) na tramitação do
processo e da orientação protelatória da Fazenda Pública;

c) É dispensável o oferecimento de garantia, para a execução


provisória da tutela antecipada de direito previdenciário,
marcantemente no presente caos onde o direito é líquido e certo, e em
face da indiscutível natureza alimentar.

50. Como corolário destas incipientes e pragmáticas


considerações, em síntese, extrai-se e requer-se que seja deferido o
provimento antecipatório em favor do Autor, em face da satisfação
antecipada da pretensão de direito material sobre a qual versa a lide,
ou, em outras palavras, a antecipação dos efeitos da concessão do
benefício acidentário.

DO PEDIDO

51. Ante todo o exposto, Requer;

a) A concessão do benefício de auxílio-acidente ao Autor;

b) A concessão da reabilitação profissional ao Autor, em


Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 170 Indenizatórios do Inss

atividade compatível com o acidente do trabalho e doença


profissional da qual é portador;

c) Pagamento dos valores requeridos, vencidos e vincendos,


inclusive abono anual, desde a data da alta administrativa;

d) Pagamento dos valores acima requeridos, acrescidos de


correção monetária e juros legais;

e) Condenação do INSS aos pagamentos de custas judiciais e


honorários advocatícios.

52. Requer seja o Requerido devidamente citado, para que caso


queira, apresente defesa sob pena de revelia e confissão, devendo ao
final ser condenado na forma do pedido, inclusive custas judiciais e
honorários advocatícios, sendo a presente julgada TOTALMENTE
PROCEDENTE.

53. Protesta-se pela produção de todas as provas em direito


admitidas, especialmente a juntada de documentos, prova
testemunhai e perícia médica.

Requer seja intimada a ex-empregadora Calçados Meu Chulé


Ltda, para que junte cópia de todo o prontuário médico do Autor,
inclusive exame pré-admissional.

54. Protesta o Requerente pela juntada dos seguintes quesitos


médicos:

a) O acidentado sofre lesão ou perturbação funcional?


Fabrício Barcelos Vieira 171 ■

b) Essa lesão foi causada por acidente (tipo) ou doença


profissional?

c) Se existia lesão preexistente, houve agravamento pela


atividade laborai da segurada?

d) Essa lesão ou perturbação funcional determina incapacidade


parcial ou total permanente para o trabalho?

e) Essa lesão ou perturbação funcional impede o exercício da


atividade executada pelo acidentado, mas admite o de outra?

f) Essa perturbação funcional determina permanentemente,


perdas anatômicas ou redução da capacidade do trabalho?

g) Há necessidade de maior esforço para o exercício das mesmas


atividades do acidentado, mas não a impedem? Independem de
reabilitação profissional?

h) O acidentado necessita de aparelho de prótese ou de outro tipo?

Protesta-se por quesitos suplementares.

55. Dá-se à presente causa, para efeitos fiscais, o valor de R$


10.000,00 (Dez Mil Reais).

ROL DE TESTEMUNHAS:

1 - FULANO DE TAL

2 - CICRANO DE TAL
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 172 Indenizatórios do Inss

Nestes Termos,
Pede Deferimento.

Franca Sfí.... de.........de .

Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP....

Tiago Faggioni Bachur


OAB/SP......
Fabrício Barcelos Vieira 173 ■

2. Auxílio-acidente decorrente de acidente “in itinere"

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA_________ VARA CÍVEL DA


COMARCA DE FRANCA SP

JoÁozinho da Silva, brasileiro, solteiro, bancário, portador do


RG .... SSP/SP e do CPF residente e domiciliado nesta cidade de
Franca SP na Rua P L., n° 1051, Bairro S. J., CEP 14.406-340, vem, mui
respeitosamente, à presença de V. Exa., através de seus advogados e
procuradores infra-assinados, propor a presente

AÇÃO ACIDENTÁR1A

em face do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, com


procuradoria nesta cidade de Franca SJ? na Rua V. da Franca, n° xxx,
Centro, nos termos do artigo 86, incisos e parágrafos, da Lei n° 8.213/
91 e Decreto n° 3.048/99, para concessão de AUXÍLIO-ACIDENTE,
pelos seguintes fatos e fundamentos:

Da Competência

Inicialmente, cabe destacar que a presente ação deve ser


interposta na Justiça Comum Estadual, haja vista que estamos diante
de um procedimento decorrente de acidente de trabalho.

A Constituição Federal em seu artigo 109, inciso I, exclui da


competência da Justiça Federal as ações de acidente de trabalho,
senão vejamos:

"Aos juizes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 174 Indenizatórios do Inss

pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,


assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho"

Por sua vez, corroborando com o retro mencionado, a Lei 8.213/


91 em seu artigo 129, a Súmula 15 do STJ e as Súmulas 235 e 501 do
STF determinam que para as ações decorrentes de acidente de
trabalho, a competência é a Justiça Estadual, senão vejamos:

Lei 8.213/91, art. 129: Os litígios e medidas cautelares relativos a


acidentes do trabalho serão apreciados:

II - na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal,


segundo o rito sumanssimo, inclusive durante as férias forenses,
mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do
evento à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente
do Trabalho-CAT"

Súmula 15 STJ: Competência - Acidente do Trabalho -Compete à


Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de
acidente do trabalho.

Súmula 235 STF: É competente para a ação de acidente do trabalho


a justiça cível comum, inclusive em segunda instância, ainda que
seja parte autarquia seguradora

Súmula 501 STF: Compete a justiça ordinária estadual o processo e


o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente do
trabalho, ainda que promovidas contra a união, suas autarquias,
empresas públicas ou sociedades de economia mista.

Da Desnecessidade do Prévio Requerimento Administrativo

Nosso ordenamento jurídico é manso e pacífico no sentido de


que não há a necessidade do prévio requerimento administrativo para
o ingresso na via judicial.
Fabrício Barcelos Vieira 175 ■

A Constituição Federal preceitua (art. 217) que o único


procedimento que detém a obrigatoriedade do exaurimento da esfera
administrativa é o Direito Desportivo,

Por sua vez, a própria Constituição Federal, preceitua como


direito fundamental de qualquer cidadão socorrer-se ao Poder
Judiciário (sem procedimento administrativo) quando houver lesão
ou ameaça ou seu direito, senão vejamos:

CF, art. 5o, inc.XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito;

No mesmo sentido, preceitua a SÚMULA TRF - 3a Região - N° 9 que:

Em matéria previdenciária, torna-se desnecessário o prévio


exaurimento da via administrativa, como condição de ajuizamento
da ação.

Arrematando o entendimento supra, o STJ já edificou a


inteligência de que não há necessidade do prévio ingresso na via
administrativa para propositura de ação onde se pleiteia a concessão
de benefício previdenciário. Observemos:

“O prévio ingresso de pedido na via administrativa não é condição


necessária para a propositura de ação, onde se pleiteia a concessão
de benefício previdenciário". (STJ. RESP 97.147252/SC. 6a Turma,
rei. Min. William Patterson. DJU 3.11.97).

Aliás, o próprio STJ em sua súmula 89 dicciona: “A ação


acidentária prescinde do exaurimento da via administrativa”

Deste modo, não restam dúvidas que não há obrigatoriedade


que o autor ingresse com pedido na via administrativa, para pleitear
benefício previdenciário, objeto do pedido da presente ação.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 176 Indenizatórios do Inss

Dos Fatos

O autor, portador da CTPS n° ...f série ...-SPJ é funcionário do


BANCO ERA UMA VEZ S/A, onde foi admitido na função de auxiliar
administrativo, na data de 04/08/2004 (doc. anexo).

Em 25 de março de 2.005, foi vítima de um acidente de trabalho


que lhe causou lesão apresentando graves ferimentos na perna
esquerda (conforme cópia da CAT anexa).

Conforme faz prova o Boletim de Ocorrência BO/PM n° 4370


(que se anexa), por volta das 19h00 do dia 22/03/05, o autor estava
retomando do trabalho para sua residência, dirigindo sua motocicleta
PANGARÉ, ano fabricação 2004, placa XXX 1111 (cópia documento
anexa) quando sofreu grave acidente de trânsito.

Segundo testemunha qualificada no Boletim de Ocorrência


retro mencionado, Sr. Osmar Mita:

"(.,.) uma Carroça fez uma ultrapassagem no local proibido,


quando provocou o acidente, batendo de frente com a motocicleta
que transitava pela avenida no sentido Centro x Bairro no sentido
permitido".

Em virtude do violento acidente o requerente sofreu fratura


exposta em sua perna esquerda, e necessitou ser socorrido pela
Unidade de Resgate, que fez os primeiros socorros e encaminhou o
autor para o Hospital Santa Ignorância, onde foi submetido
urgentemente a cirurgia.

Chegando ao Hospital, foi o requerente prontamente socorrido.


Apurou-se que sofreu fraturas da falange distai do polegar, e fratura
no terço distai da tíbia e do perônio com desvio.
Fabrício Barcelos Vieira 177*

Em razão das fraturas foi submetido aos cuidados do médico Dr.


Pedro L. S., CRM ..., que procedeu a cirurgia de fixação de placas
internas de fixação dos ossos (que ainda permanecem no local) e
fixador externo, ora denominados como materiais de osteossíntese.

Assim como já mencionado tal infortúnio configurou-se em


acidente de trabalho, sendo emitida a correspondente CAT n°.... (cópia
anexa). Verifica-se em tal documento que a parte do corpo mais
atingida foi a "perna (entre o tornozelo e a pélvis)", o agente causador
foi "veículo rodoviário motorizado", e a situação geradora foi "impacto
sofrido por pessoa, NIC". Ademais há informação de que houve
internação, que o acidentado ficou afastado durante o tratamento, que a
natureza da lesão foi "fratura (70.20.35.000)", e a CID foi "S82.2 -
Fratura da diáfise da tíbia", incluindo também a CID S82.4.

Em virtude do acontecido o requerente gozou de auxílio-doença


acidentário (B-91), durante dois períodos, ou seja, de março/2005 a
julho/2005 e de setembro/2005 a outubro/2005. Tais benefícios
receberam, respectivamente, os números ... e ... (cópias anexas).

O médico que acompanhou o autor emitiu atestado médico em


24/03/2005 (cópia anexa) em que declara que o requerente teve fratura
exposta dos ossos da perna esquerda no dia 22/03/2005, às 19h00, e foi
submetido a tratamento cirúrgico.

Há de se observar que durante o tratamento o requerente


necessitou de utilizar-se de cadeira de rodas (cópia da nota fiscal
anexa), além do uso de Sarmiento (cópia da nota fiscal anexa), que é
um tipo de proteção de acrílico para ser utilizado na perna lesionada.

Em 11/01/2008, após o fim do tratamento (alta) e


consolidações das lesões, emitiu o Dr. P. L. S., CRM ..., Relatório
Médico, com histórico do ocorrido e as seqüelas resultantes do
acidente, senão vejamos:
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 178 Indenizatórios do Inss

“Paciente Joãozinho da Silva esteve em tratamento devido a fratura


exposta com perda substancial em perna esquerda no dia 22/03/
2005.
Foi submetido a tratamento cirúrgico com fixador externo, placa e
parafusos, e fez enxerto de pele.
Ficou com seqüela de ENCURTAMENTO do membro inferior
esquerdo e PERDA DA FORÇA MUSCULAR. CID S82.2 e S82.4"

As seqüelas, após a consolidação da lesão, que resultaram em


virtude de acidente do trabalho, implicaram na redução da
capacidade laborativa do autor, que impedem, por si só, o
desempenho da atividade que exercia à época do acidente, com a
mesma acuidade. A redução é parcial e permanente e se enquadra no
disposto no Regulamento da Previdência Social, no Anexo III,
mencionado no artigo 86 da Lei 8*213/91. Tem por conseguinte, direito
ao benefício do auxílio-acidente, mensal e vitalício, na base de 50%
do salário de benefício que gerou o auxílio-doença acidentário
vigente à época do acidente.

Ora, se existe laudo confirmando que houve redução parcial e


permanente e se enquadra no disposto do que demonstram os quadros
n° 7 (Encurtamento de membro inferior) e n° 8 (Redução da força e/ou
da capacidade funcional dos membros) do Anexo III do Regulamento
da Previdência Social, o autor faz jus ao benefício ora pleiteado.

Do Direito

A Lei 8.213/91 define o acidente de trabalho propriamente dito,


em seu artigo 19:

'Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho."
Fabrício Barcelos Vieira 179 ■

Não restam dúvidas que o autor sofreu acidente de trabalho,


pois sua situação (acidente in itinere) está abarcada pela legislação,
vejamos o que preceitua o artigo 21 da já festejada Lei 8.213/91:

"Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para


efeitos desta Lei:
(...)

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e


horário de trabalho:
(...)

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para


aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo
de propriedade do segurado."

Por sua vez, o mesmo dispositivo legal, em seu artigo 86,


preceitua:

"O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia."

O professor Wladimir Novaes Martinez, em sua obra 'Auxílio-


Acidente", 2006, página 25, conceitua o benefício com sendo:

“(...) uma prestação previdenciária do empregado, avulso e


segurado especial, de pagamento continuado e não reeditável
nem substituidora dos salários, quantificada em 50% do
salário de benefício do trabalhador, que visa reparar a perda
parcial permanente da capacidade para o _exexcício dfi sua

E continua preceituando que o auxíüo-acidente é:


Auxilio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 180 Indenizatórios do Inss

''Direito subjetivo do obreiro, com ou sem carência, vítima de


acidente, em particular do trabalho, nas três vertentes tradicionais
do infortúnio propriamente dito, doença do trabalho ou doença

dimensionado pela perícia


médica do INSS."

Sobre o auxílio-acidente, um dos patronos do Autor esclarece


em seu livro:

"É, portanto, um benefício de prestação continuada pago pelo INSS


ao segurado que ficar incapacitado para o trabalho parcialmente em
decorrência de acidente ou doença do trabalho." (BACHUR, Tiago
Faggioni/ Maria Lucia Aiello - "Teoria e Prática do Direito
Previdenciário: incluindo Jurisprudências, Modelos de Petição e de
Cálculo Previdenciário" - São Paulo: Editora Lemos & Cruz, 2007).

Assim sendo, estando o autor padecendo com as seqüelas de tal


acidente, diante da redução permanente da capacidade para o trabalho
que normalmente exercia, faz o autor jus ao benefício pleiteado.

Com efeito, presente está o nexo de causalidade entre o acidente


e as lesões consolidadas redutoras da capacidade de trabalho.

Ademais, o caso em concreto demonstra acidente que resultou


na apresentação de danos funcionais e redução da capacidade
funcional, com repercussão na capacidade laborativa do autor. Ora,
conforme já mencionado, o autor ficou com seqüela de
ENCURTAMENTO do membro inferior esquerdo e PERDA DA
FORÇA MUSCULAR.

O requerente sente dores constantes em sua perna esquerda e


tem limitações para deambular, isso em razão do encurtamento da
perna esquerda e da perda da força muscular.
Fabrício Barcelos Vieira 181 ■

Conforme fotografia anexa verifica-se que a lesão ocorrida no


membro inferior esquerdo do autor foi de grande monta. As perdas
são irreparáveis. Em virtude disso o autor não consegue ficar muito
tempo na mesma posição (muitas vezes precisa ficar sentado; em
outros momentos faz-se necessário levantar-se por algum tempo).

Nesta seara, importante colacionar as palavras e ensinamentos


do já festejado Wladimir Martinez, aduzindo que faz jus ao auxílio-
acidente o beneficiário que sofreu acidente cuja perda material
resulte em “uma seqüela que agrave a saúde ou a integridade íísica e
o impeça de exercer sua atividade habitual ou com o mesmo denodo
profissional de antes da data do evento danoso" (Auxílio- Acidente,
2006, página 49).

Retornando ao caso concreto, observa-se que o acidente sofrido


pelo requerente resultou em danos que, sem qualquer dúvida, o
impede de exercer sua atividade habitual com o mesmo denodo
profissional de antes da data do evento.

Há também de se lembrar que, uma vez que as situações


acometidas e aos quais o requerente foi submetido estão presentes no
Anexo III do Decreto 3.048/99 (encurtamento de membro inferior, e
redução da força e/ou capacidade funcional dos membros), o direito ao
benefício do auxílio-doença é líquido e certo, havendo presunção de
perda parcial e permanente que resultou em diminuição da
capacidade laborai do autor.

Corroborando com o já mencionado, nossos tribunais já


edificaram o entendimento de que a superveniência de alta médica e
a presença das lesões consolidadas relativas à perda da capacidade
parcial e permanente da aptidão para o trabalho geram o direito ao
auxílio-acidente, senão vejamos;
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 182 Indenizatórios do Inss

"Concedido o auxílio-doença, comum ou acidentário, com ou sem


CAi; com a superveniência da alta médica e a presença das lesões
consolidadas relativas à perda da capacidade parcial e
permanente da aptidão para o trabalho, impõe-se o auxílio-
acidente." (Apelação Civil n° 426.028-6/MG, da 4a Câmara Civil
daTAMG, DJ/MG 5.11.04.

Da prescrição

Nos termos do art. 104 da Lei 8,213/1991, as ações judiciais


visando às prestações acidentárias prescrevem em 05 (cinco anos).

Assim sendo, está o autor acobertado pelo prazo prescricional.

Da data do início do benefício

Com relação à data do início do benefício do auxílio-doença,


Wladimir Martinez afirma que tem de ser do dia seguinte da cessação
do auxílio-doença, aplicando o dormientibus non sucurrit jus apenas
caso passados mais de cinco anos (Auxílio-Doença, 2006, página 86).

Neste sentido, rezam os artigos 86r § 2o da Lei 8.213/91 e 104, §


2o do Decreto 3.048/99:

"PBPS, Art. 86 § 2o O auxílio-acidente será devido a partir do dia


seguinte ao da cessação do auxilio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado,
vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria."

"RPS, Art. 104 § 2o O auxílio-acidente será devido a contar do dia


seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado,
vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria."
Fabrício Barcelos Vieira 183 ■

Por sua vez, a Jurisprudência mansa e pacificamente,


corroborando com o entendimento acima, assim edificou:

"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO


ACIDENTÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
PARCELAS VENCIDAS. MARCO FINAL. PROLAÇÃO DA

segurado, o âimHozacidente^ájdevidaa partir de sua cessação, ou


seja, a datada .alta médica..da .enfermidade originada no sinistro.
Precendentes. II - Nas ações previdenciárias, os honorários
advocatícios devem ser fixados com exclusão das prestações
vincendas, considerando-se apenas as prestações vencidas até o
momento da prolação da sentença. Precedentes. Recurso desprovido.
Indicador não definido. Acórdão. Decisão. Vistos, relatados e
discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do
Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas
taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso, mas
negar-lhe provimento. Votaram com o relator os Ministros Gilson
Dipp, Jorge Scartezzini, Edson Vidigal e José Arnaldo da Fonseca.''
(RESP n° 284.726/ SP - Proc. N° 2000.0110272-9 - 5a Turma do STJ -
Rei. Félix Fischer-DJ de 12.2.01 - p. 139).

Deste modo, como houve pagamento de auxílio-doença ao


segurado (ora requerente), o auxílio-acidente será devido a partir de
sua cessação, ou seja, 30/10/2005.

Da Tutela Antecipada "Inaudita Altera Pars"

Tendo em vista que o Requerente preenche os requisitos legais


necessários ao AUXÍLIO-ACIDENTE não há motivo para este MM.
Juízo não vislumbre o direito do Postulante lhe conceder tal benefício,
imediatamente.

O direito à melhor proteção social o exprime o Enunciado n° 5 da


JR/CRPS: ‘A Previdência Social deve conceder o melhor beneficio a
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 104 Indenizatórios do Inss

que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse


sentido", que remete ao Prejulgado n° 1, de que trata a Portaria MTPS
3.286, de 27.09.73, editado sob a égide do art. Io do Decreto 60.501, de
14.03.67 (Regulamento Geral da Previdência Social), do seguinte teor:

"Constituindo-se uma das finalidades primordiais da Previdência


Social assegurar os meios indispensáveis de manutenção do
segurado, nos casos legalmente previstos, deve resultar, sempre que
ele venha a implementar as condições para adquirir o direito a um ou
a outro benefício, na aplicação do dispositivo mais benéfico e na
obrigatoriedade de o Instituto segurador orientá-lo, nesse sentido".

Quer dizer, dentre as situações concretas admissíveis, a


Previdência Social deve orientar o segurado a desfrutar daquela que
lhe é mais benéfica.

Nesse diapasão, importante relembrar que são cinco os


princípios básicos da Administração Pública, expressos na
Constituição Federal, em seu art. 37, caput:

'Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoa­
lidade, moralidade, publicidade e eficiência..."

Outrossim, veja o que prevê a Lei n° 9.784/99, em seu art. 2o,


caput, a qual regula o processo administrativo no âmbito federal:

'Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência."
Fabrício Barcelos Vieira 185 m

Assim, da leitura destes dispositivos, fica claro que o INSS

pública, pois estava ciente da situação do Autor (que poderia estar


recebendo o benefício desde a cessação do auxílio-doença), não o
tendo orientado para isso.

Nesse aspecto, para que não reste qualquer dúvida, cabe


destacar que a Instrução Normativa INSS/PRES n° 20/07 regulamenta
função típica dos órgãos administrativos, reforçando os princípios
alicerçados constitucionalmente acima expostos:

'Art. 458.(...)
§ 4° A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a que
o segurado fizer jus. cabendo ao servidor orientar nesse
sentido.' (NR cf. Instrução Normativa INSS N° 29/08)(g.n.)

Assim, REQUER seja concedida por este nobre Magistrado, a


tutela antecipada para que IMEDIATAMENTE seja compelido o
Instituto-Réu a conceder benefício ao Postulante conforme exposto
acima, nos moldes já explanados.

Note-se que se tal provimento somente fosse concedido em


sede de decisão no final do julgamento da presente ação, implicaria
em denegação de justiça em face do retardamento na prestação da
tutela jurisdicional, até mesmo porque a esmagadora maioria das
decisões de nossos Tribunais Pátrios reconhece o direito à validade
do direito pleiteado.

Portanto, inexiste óbice na pretensa concessão da tutela


antecipada mesmo porque, repita-se, o direito no presente caso é
inerente e não tão somente latente.

Quanto aos requisitos legais para a concessão da antecipação da


tutela, estão presentes: o fumus bonis iurís, que decorre da relevância
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
186 Indenizatórios do Inss

da LIMINAR e da viabilidade do direito material ora discutido; o


periculum in mora, pois sem a concessão da liminar, autorizando o
Requerente a gozar do benefício, aplicando-lhe a forma mais
vantajosa - direito legal e constitucionalmente garantido.

Sendo esta liminar o único remédio adequado e eficaz a dar


proteção jurídica ao Postulante, não sendo a mesma concedida, como
pedida e para os fins aludidos, se vier a ser concedida
posteriormente, poderá deixá-lo desprovido de recursos, inclusive
de cunho alimentar.

DANO IRREPARÁVEL: este decorrerá da impossibilidade da parte


Autora aposentar-se de forma mais benéfica e sem a remuneração
que lhe é conseqüente, se tiver que esperar até a decisão final do
processo, causando danos pessoais, profissionais e funcionais:
além do que manter a situação como está é "dar validade a uma
situação injusta, abusiva e arbitrária, caso não seja deferida a
liminar de imediato" (J.J. Calmon de Passos * RFí 33/67).

Assim, presentes os pressupostos ensejadores da sua


efetividade, e previstos no art. 273, do Estatuto Processual vigente, há
necessidade de imediata concessão desse provimento de mérito -
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DO AUXÍLIO-ACIDENTE,
PRIORITARIAMENTE - pois somente assim, estará satisfeita a tempo
esta pretensão deduzida em Juízo.

Ao final, requer a manutenção do provimento para se


determinar a CONCESSÃO DO AUXÍLIO-ACIDENTE,
PRIORITARIAMENTE.

No caso de descumprimento do provimento jurisdicional, requer


seja aplicada multa diária (ASTREINTES), na forma do art. 461,
parágrafo 4o do CPC, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) por dia,
por se tratar de obrigação de fazer.
Fabrício Barcelos Vieira 187 ■

Das custas processuais

Reza o parágrafo único do art. 129 da Lei 8.213/91 que: “O


procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do
pagamento de quaisquer custas e verbas relativas à sucumbência".

Verifica-se que o aludido inciso II cuida das ações acidentárias


na Justiça dos Estados e do Distrito Federal.

Sendo assim, requer-se a isenção do pagamento de custas e


verbas relativas à sucumbência.

Do Pedido

Diante do exposto, requer a citação do INSS, na pessoa de seus


representantes legais, para os termos da presente ação, podendo
contestar, querendo, para o fim de ser condenado, com o julgamento
da procedência da ação, ao pagamento do auxilio-acidente a que tem
direito, a partir da cessação do recebimento do auxílio-doença
acidentário, na base de 50% (art. 86, § Io da Lei 8.213/91) do salário de
benefício do autor vigente no dia do acidente, nos termos do § 8o do
artigo 32 do Decreto 3.048/99, abono anual, com as parcelas
devidamente atualizadas e corrigidas na forma da lei, sendo que as
atrasadas (art. 104, § 2o do Decreto 3.048/99 e artigo 103 da Lei 8.213/
91) serão acrescidas de juros e correção monetária (respeitando-se a
prescrição qüinqüenal), mais o pagamento dos honorários do
advogado, perito, custas e demais cominações.

Requer a designação de audiência de conciliação, instrução e


julgamento.

Na oportunidade, requer a concessão dos benefícios da Justiça


Gratuita, nos termos da Lei 1060/50 e Lei 8.213/91, artigo 129, § único, em
face da sua condição de hipossuficiência, conforme declaração em anexo.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 188 Indenizatórios do Inss

Indica como prova, o alegado nos documentos ora juntados,


relativos à perícia médica, caso V Exa. entenda necessário, a cargo de
seu assistente, Dr. E L. S., CRM ..., com consultório nesta cidade de
Franca SP na Rua devendo ainda o INSS adiantar a verba pericial
(conforme reza o artigo 8o, § 2o da Lei n° 8.620/94). Apresentam-se os
quesitos em anexo.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em


direito admitidas, principalmente periciais, testemunhais e
documentais.

Dá-se à causa o valor de R$ 415,00 (quatrocentos e quinze reais).

Nestes termos,
E Deferimento.

Franca SV, 6 de outubro de 2011.

Pp.
Tiago Faggioni Bachur
OAB/SP...

Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP...

QUESITOS:

1. Qual a natureza da doença do autor? Que elementos objetivos


de exame clínico e subsidiários comprovam o diagnóstico?
Fabrício Barcelos Vieira 189

2. O autor está acometido de doença profissional ou do trabalho


constante da relação que constitui o Anexo II do Decreto n° 3.048/99?
Ou se trata de doença que resultou de condições especiais em que o
trabalho era executado e com ele se relacione diretamente? Quais
essas condições especiais?

3. O autor está incapacitado para o exercício da atividade


que exercia habitualmente na época do acidente? Apesar dessa
incapacidade, pode exercer outra atividade? Ou apresenta o autor
seqüelas definitivas, perdas anatômicas ou redução da
capacidade funcional constante da relação que constitui o Anexo
III do Decreto n° 3.048/99?

Protesta por quesitos suplementares e elucidativos.

Nestes termos,
P Deferimento.

Franca SR 6 de outubro de 2011.

Pp.
Tiago Faggioni Bachur
OAB/SP...

Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP...
Fabrício Barcelos Vieira 191 ■

3. Auxílio-acidente decorrente de acidente de qualquer natureza

Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal da___________________ Vara Federal em Franca - 13a
Subsecção Judiciária de São Paulo.

Processo n°

Edson do Nascimento, brasileiro, casado, metalúrgico, nascido


em xxxx RG n° xxxxx, CPF n° xxxx, residente na cidade de Franca/S P,
na Rua xxxxx n° xxx - Jd. xxxx - CEP xxxxx (fone xxxxx), vem, mui
respeitosamente, à presença de V. Ex.a, através de seus advogados e
procuradores infra-assinados, impetrar a presente

Ação de Implantação de
Auxílio -Acidente
(com Pedido de Tutela Antecipada
“INAUDITA ALTERA PARS")

em face do

Instituto Nacional do Seguro Social - Inss, autarquia


previdenciária com sede nesta cidade de Franca/SP na Rua xxxxx, n°
xxxxx, Centro, CEP xxxxx, ante os motivos fáticos e jurídicos que
passa a aduzir.

Preliminarmente - Da Competência da Justiça Federal Comum

Cumpre ressaltar que, a competência para julgar as concessões


de benefício previdenciário é da Justiça Federal, ressaltando que de
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 192 Indenizatórios do Inss

acordo com o art. 3o da Lei n° 10.259/01, o Juizado Especial Federal


será competente para conciliar e julgar causas até o valor de 60
(sessenta) salários mínimos.

O texto da Lei n° 10.259/01 é claro em afirmar que "...existindo


prestação vincendas, o valor da causa será a soma das 12 (doze)
dessas prestações.", não havendo menção à soma das prestações
vencidas às vincendas para fins de cálculo do valor da causa, mas
somente a essas últimas.

Esse entendimento é respaldado pelo Art. 260 do CPC, aplicado


subsidiariamente em sede de Juizados Especiais:

Art.260 Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas,


tomar-se-á em consideração o valor de umas e de outras. O valor
das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a
obrigação for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1
(um) ano; se, por tempo inferior, será igual a soma das prestações.

Para findar de uma vez por todas com a controvérsia sobre a


aplicação do art. 260 do CPC também em sede dos Juizados Especiais
Federais, o Enunciado 48 do Fórum Nacional dos Juizados Especiais
Federais (FONAJEF) passou a estabelecer que:

"Havendo prestação vencida, o conceito de valor da causa para fins


de competência do JEF é estabelecido pelo art. 260 do CPC.

Evidencia-se, portanto, que a inclusão das parcelas vencidas


com as vincendas já está pacificada.

Desta forma, o texto legal do art. 260 do CPC é cristalino em


afirmar que na soma das parcelas vencidas com as vincendas, quando
se tratar do valor das "vincendas", está implicitamente dizendo que o
Fabrício Barcelos Vieira 193 ■

valor das vencidas comporta a importância total de doze prestações


mensais em sua integralidade (E NÃO APENAS A DIFERENÇA
PLEITEADA).

No caso em tela, verifica-se que as parcelas vencidas


correspondem ao valor da diferença do atrasado, que conforme a
planilha anexa, até agosto/2009 é de R$ 42.076,28 (quarenta e dois mil

Já o valor das parcelas vincendas corresponde à soma de doze


meses da aposentadoria revisada, ou seja, doze vezes R$ 650,10
(seiscentos cinqüenta reais e dez centavos) que resultam em R$
7.801,20 (sete mil oitocentos e um reais e vinte centavos).

Desta maneira, pela forma estabelecida no art. 260 do CPC, o


valor da causa é R$ 49.877,48 (quarenta e nove mil oitocentos e setenta
e sete reais e quarenta e oito centavos), superando os 60 (sessenta)
salários mínimos que fixa a competência do Juizado Especial Federal.

Destarte, como restou demonstrado, em se tratando de revisão


de benefício previdenciário onde há parcelas vencidas e vincendas,
quer seja pela certa complexidade do caso, quer seja pelo critério do
valor da causa esculpido no artigo 260 do CPC, do Enunciado 48 do
FONAJEF e demais normas pertinentes, onde o valor da causa
ultrapassa 60 (sessenta) salários mínimos, conforme amplamente
demonstrado, fixando a competência absoluta/inderrogável no âmbito
da Justiça Federal Comum.

Da Justiça Gratuita

Requer o Autor sejam-lhe deferidos os benefícios da Assistência


Judiciária Gratuita, tendo em vista não poder arcar com os ônus
financeiros decorrentes da presente demanda judicial, sem que com
Auxílio Acidento Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 194 Indenizatórios do Inss

isso possa afetar o seu sustento e o de sua família, conforme


declaração que junta nesta oportunidade.

Dos Fatos

O Requerente na época do acidente era empregado da empresa


Fundição Rochinha Ltda, com a função de forneiro, em que fica
exposto a altas temperaturas para fundição de ferro, além da
exposição a poeira.

Ocorre que, em um final de semana o Autor estava jogando


futebol quando a bola atingiu seu rosto, desde aquele momento o
Requerente já ficou com a visão comprometida.

Logo após o acidente, o Autor foi levado ao hospital onde foi


constatado que descolou e rasgou a retina do olho esquerdo. Depois
desse primeiro contato, o Autor foi transferido para o Hospital das
Clinicas para melhor tratamento.

No Hospital das Clínicas foi feita cirurgia, ao término desta o


Autor estava enxergando vulto, mas depois de pouco tempo voltou ao
que era, ou seja, não enxergou mais nada.

Essa situação se perdura até os dias de hoje, e ficou constatado


em laudo médico recente (xxxxx) do Dr. xxxxx (CRM xxxxx) o
seguinte: “paciente submetido a exame oítalmológico apresentando
AV de OD <201200 e OE 20/20 com biomicroscopia (...) leucoma total
OD com sinais a atrofia progressiva OD, OE sem alterações."

Por esse motivo o Requerente recebeu auxílio-doença pela


Autarquia Ré de xxxxx a xxxxx, quando foi considerado apto para
voltar ao labor.
Fabrício Barcelos Vieira 195

Todavia, devido ao lamentável acidente que lhe deixou


SEQÜELAS PERMANENTES, o Requerente voltou a trabalhar na
empresa, mas devido a PERDA DA VISAO, este foi prejudicado em
sua função laborai.

Sendo que foi deslocado de função quando há a fundição de


ferro, pois devido a poeira, o material quente (vapor) o olho do Autor
ficava muito irritado tendo que pingar colírio constantemente, com
isso ocorre essa mudança de função, o que fica ainda mais
evidenciado o trauma resultante e as seqüelas deixadas no
Requerente.

Por causas das graves e permanentes seqüelas deixadas pelo


acidente sofrido pelo o Autor, DEVERIA A_AUTARQUIA RÉ TER-LHE
CONCEDIDO O AUXÍLIO-ACIDENTE. IMEDIATAMENTE APÓS A

Autor teve e das seqüelas deixadas pelo acidente, e mesmo assim


nada concedeu-lhe.

Ressalta-se que a Autarquia Ré através de todas as perícias a


que o Autor passou, tem toda a documentação médica deste, que
mostra claramente a situação de seu quadro clínico.

Como se vê, a documentação médica juntada pelo Requerente dá


conta da existência dos infortúnios e do próprio nexo causai, o que
ensejaria a concessão de auxílio-acidente (art. 86 da Lei n. 8.213/91 e
art. 104 do Decreto 3.048/99), o que se requer desde já.

Do Auxílio-Acidente

O auxílio-acidente é pago para o segurado empregado (exceto


ao doméstico) trabalhador avulso, segurado especial e médico
residente que ficou com a capacidade de trabalho reduzida, oriunda
de seqüelas deixadas por acidente de qualquer natureza.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 196 Indenizatórios do Inss

Alei n° 8.231/91 em seuart.86 determina:

Art, 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitu­
almente exercia.

É um benefício pago ao segurado até sua aposentadoria e


mesmo que ele volte a trabalhar e corresponde a 50% (cinqüenta por
cento) do salário de benefício que originou o auxílio-doença.

A Seguridade Social (entendendo-se aí como "seguradora" da


sociedade) presta ao segurado que teve alguma seqüela, uma espécie
de "indenização" que será paga enquanto perdurar tal seqüela ou até
que ele se aposente.

O auxílio-acidente somente se inicia após o término do auxílio-


doença (isto ér a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença), independentemente de qualquer remuneração ou ren­
dimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com
qualquer aposentadoria.

Não há carência para requerer este benefício. Dessa maneira,


para a concessão do auxílio-acidente não é exigido tempo mínimo de
contribuição (bastando apenas à qualidade de segurado), mas é
necessário comprovar a impossibilidade de continuar desempe­
nhando suas atividades como outrora (que é feita por meio de exame
da perícia médica da Previdência Social).

Assim, por ter caráter indenizatório, o auxílio-acidente pode ser


acumulado com outros benefícios pagos pela Previdência Social
(exceto aposentadoria).
Fabrício Barcelos Vieira 197 ■

Cumpre ressaltar que é competência da Justiça Federal em


julgar pedidos de concessão de auxílio-acidente quando, estes não

Para pedir auxílio-acidente, o Requerente não precisa apresen­


tar documentos, uma vez que eles já foram exigidos na concessão do
auxílio-doença.

O valor a ser pago é de 50% (cinqüenta por cento) do salário de


benefício do auxílio-doença que lhe deu origem, não podendo ser
inferior ao salário mínimo, lembrando-se que o valor é calculado pela
média aritmética simples dos maiores salários de contribuições
correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período
contributivo posterior a julho/1994.

Observando-se o caso em deslinde, em que o INSS calculou o


salário de benefício que originou o auxílio-doença em dezembro de
2003, no valor de R$ 1.000,04 (mil reais e quatro centavos) e o auxílio-
doença de R$ 910,03 (novecentos e dez reais e três centavos).

Diante do apontado, deve ser implantado o auxílio-acidente,


desde a data de cessação do auxílio-doença, que foi em 02/02/2004, e a
partir dessa data pagar o valor correspondente de renda mensal inicial
de R$ 500,02 (quinhentos reais e dois centavos), valor este que hoje
resulta em R$ 650,10 (seiscentos e cinqüenta reais e dez centavos).

Frisa-se que mesmo sabendo das condições em que o


Requerente se encontrava, o INSS deveria de plano, após cessar o
benefício auxílio-doença, imediatamente implantar o benefício de
auxílio-acidente.

Portanto, devido ao erro malicioso do INSS em não ter


concedido o auxílio-acidente logo após a cessação do auxílio-doença,
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 198 Indenizatórios do Inss

deverá este pagar por todo esse período, ou seja, a partir do dia
seguinte da data de cessação do auxílio-doença, corrigidos até
AGOSTO/2009 resultante na importância de R$ 42.076,28 (quarenta e
dois mil setenta e seis reais e vinte e oito centavos), além do
recebimento do valor mensal que ganhará até aposentar, que
atualizado nos dias de hoje é no valor de R$ 650,10 (seiscentos e
cinqüenta reais e dez centavos).

In casu, sendo o Requerente empregado, tendo sofrido o


lamentável acidente, que lhe deixou profundas e permanentes
seqüelas, a parte Autora tem direito de, após a consolidação das
lesões, que seja concedido o auxílio-acidente, devendo tal benefício
ser pago até a implantação da aposentadoria.

Do Dever do INSS Implantar o Auxílio-acidente "Ex Officio"

O direito à melhor proteção social está expresso no Enunciado


n° 5 da JR/CRPS: 'A Previdência Social deve conceder o melhor
benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo
nesse sentido'', que remete ao Prejulgado n° 1, de que trata a Portaria
MTPS 3.286, de 27.09.73, editado sob a égide do art. Io do Decreto
60.501, de 14.03.67 (Regulamento Geral da Previdência Social), do
seguinte teor:

"Constituindo-se uma das finalidades primordiais da Previdência


Social assegurar os meios indispensáveis de manutenção do
segurado, nos casos legalmente previstos, deve resultar, sempre que
ele venha a implementar as condições para adquirir o direito a um ou
a outro beneficio, na aplicação do dispositivo mais beneficio e na
obrigatoriedade de o Instituto segurador orientá-lo, nesse sentido".

Quer dizer, dentre as situações concretas admissíveis, a


Previdência Social deve orientar o segurado a desfrutar daquela que
lhe é mais benéfica.
Fabrício Barcelos Vieira 199 ■

Nesse diapasão, importante relembrar que são cinco os


princípios básicos da Administração Pública, expressos na
Constituição Federal, em seu art, 37, caput:

'Art. 37, A administração pública direta e indireta de qualquer


dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência...”

Outrossim, veja o que prevê a Lei n° 9.784/99, em seu art. 2o,


caput, a qual regula o processo administrativo no âmbito federal:

'Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência."

Assim, da leitura destes dispositivos, iica claro que o INSS


também desrespeitou qs princípios básicos da administração
pública, pois estava ciente da situação da parte Autora (QUE
PODERIA ESTAR RECEBENDO AUXÍLIO-ACIDENTE), não a tendo
orientado para isso.

Nesse aspecto, para que não reste qualquer dúvida, cabe


destacar que a própria Instrução Normativa INSS/PRES n° 20/07
disciplina função típica dos órgãos administrativos, reforçando os
princípios alicerçados constitucionalmente acima expostos:

'Art. 458.(...)

sentido.' (NR cf. Instrução Normativa INSS N° 29/08) (g.n.)

Um dos patronos do Autor destaca em seu livro:


Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 200 Indenizatórios do Inss

"O auxílio-acidente somente se inicia após o término do auxílio-


doença (isto é( a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença), independentemente de qualquer remuneração ou
rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com
qualquer aposentadoria." (BACHUR, Tiago Faggioni; AIELLO,
Maria Lúcia - "Teoria e Prática do Direito Previdenciário - 2a
edição revista, atualizada e ampliada" - Ed. Lemos & Cruz. São
Paulo, 2009. Pág. 313).

Assim, conjugando os ensinamentos acima com a legislação


pátria (sobretudo dos princípios contidos na Constituição Federal),
observa-se que a Autarquia Previdenciária deveria ter implantado o
auxílio-acidente logo após a cessação do auxílio-doença, estando,
portanto nítido o desrespeito do INSS frente ao direito do cidadão.

Dos Pedidos

Diante do exposto:

1. Requer seja feita a citação do INSS, através de sua


Procuradoria Regional, no mesmo endereço mencionado
preambularmente, para que tome ciência da presente ação e para que
conteste (se quiser), no prazo legal, com as advertências previstas no
artigo 285 do Código de Processo Civil, e, ao final, espera a parte
Autora que seja julgado procedente seu pedido, condenando-se o
Requerido na concessão do benefício previdenciário de Auxilio-
Acidente, com data retroativa a alta programada do benefício de
auxílio-doença, tendo em vista as seqüelas resultantes de acidente
sofrido pelo Requerente, constatada ab initio, aliada as demais
características subjetivas e inerentes a sua pessoa (como falta de
instrução/conhecimento, doenças, etc.), tomando-se como base de
cálculo da RMI os salários de contribuições efetuados pelo Autor e
benefícios pagos pela Autarquia Previdenciária (cuja documentação
deverá ser apresentada pela Requerida no momento da Contestação,
sob pena de ser-lhe aplicada penalidade em favor do Autor, conforme
Fabrício Barcelos Vieira 201 ■

descrito nos itens abaixo) e ao pagamento de eventual diferença


(VALOR ACUMULADO DESDE A CESSAÇÃO DO AUXÍLIO-
DOENÇA, POIS O INSS DEVERIA TER CONCEDIDO O
BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO DE PLANO), sendo tais valores
corrigidos de juros e correção monetária.

Nesta oportunidade, requer-se ainda que seja determinado à


Autarquia Previdenciária. ainda pelo mesmo mandado citatório, para
que forneça juntamente com a peça contestatória os documentos
abaixo relacionados, conforme determina o art. 399 do CPC, sob pena
de ser-lhe aplicada multa diária pelo descumprimento da ordem
judicial em valor a ser arbitrado por Vossa Excelência em favor do
Autor o qual sugere-se não seja inferior a R$ 1.500,00 (mil e
quinhentos reais) por dia até o implemento da referida ordem (art, 287
e 461 e seguintes do CPC) - além das penas de revelia e confesso:

a) os valores dos salários de contribuição utilizados para o


cálculo da Renda Mensal Inicial do benefício a ser concedido à parte
Autora;

b) <LCÓpia do(s) processo(sl administrativo que concedeu (ram)/


negou(ram) o(s) benefício(s):

administrativo, a decisáo motivada da alta Je respectivos


pareceres). taemüQnm o nome e CRM do médico que o atendeu em
cada uma das ocasiões;

d) histórico de crédito de benefícios (HISCRE);

e) demais .documentos que se fizerem necessários para_a


apuração dos valores e fatos.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
202 Indenizatórios do Inss

Protesta-se pela produção de prova testemunhai, pericial


(apresentando-se, desde logo, os quesitos em anexo para que o exame
possa ser realizado o mais breve possível face às necessidades do
Autor - protestando-ser ainda, por quesitos suplementares, se
necessário), documental e por outras que se fizerem imperativas,
dando-se ciência da ação ao Ministério Público para que, querendo,
intervenha.

Requer, ainda, a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita


ao Requerente, uma vez que é pobre na acepção legal do termo,
conforme declaração inclusa.

Requer, também, a condenação do réu em verba honorária no


importe de 20% (vinte por cento).

Finalmente, requer que eventuais intimações e publicações


sejam realizadas em nome de todos os patronos da causa,

Dá-se à causa o valor de R$ 49.877,48 (quarenta e nove mil


oitocentos e setenta e sete reais e quarenta e oito centavos).

Termos em que pede deferimento.

Franca/S 6 de outubro de 2011.

Tiago Faggioni Bachur Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP n° xxxxx OAB/SP n° xxxxx

Quesitos do Autor

a) O acidentado sofre lesão ou perturbação funcional?


Fabrício Barcelos Vieira 203 ■

b) Essa lesão foi causada por acidente (tipo) ou doença


profissional?

c) Se existia lesão preexistente, houve agravamento pela


atividade laborai do segurado?

d) Essa lesão determina incapacidade parcial ou total


permanente para o trabalho?

e) Essa lesão impede o exercício da atividade executada pelo


acidentado, mas admite o de outra?

f) Essa perturbação funcional determina permanentemente,


perdas anatômicas ou redução da capacidade do trabalho?

g) Há necessidade de maior esforço para o exercício das mesmas


atividades do acidentado, mas não a impedem? Independem de
reabilitação profissional?

h) O acidentado necessita de aparelho de prótese ou de outro


tipo?

Protesta-se por quesitos suplementares.

Franca/S F 6 de outubro de 2011.

Tiago Faggioni Bachur Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP n° xxxxx OAB/SP n° xxxxx
Fabrício Barcelos Vieira 205 ■

4. Auxílio-acidente para contribuinte individual

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da_______ Vara Cível da


Comarca de Franca-SP

Antônio Carlos, brasileiro, casado, RG n° xxxx SSP/PE, CPF n°


xxxxxxxx, nascido em xxxxx, residente e domiciliado na cidade de
Franca-SR na Rua xxxxxxx, n° xxxxxx, Jd. xxxxx, CEP xxxxxxx,
telefone xxxxxxx, vem, com o devido respeito, perante Vossa
Excelência, por seus advogados e procuradores infra-assinados, com
fulcro nos termos do artigo 86, incisos e parágrafos, da Lei n° 8.213/91
e Decreto n° 3.048/99, na Constituição Federal e demais normas
pertinentes ao caso, propor a presente

Ação para Concessão de Benefício Previdenciário de


Auxílio -Acidente

em face do

Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, autarquia


previdenciária com sede nesta cidade de Franca-SF} na Rua xxxxxx, n°
xxx, CEP xxxxxx, ante os motivos fáticos e jurídicos a seguir expostos.

I - Da Desnecessidade do Prévio Requerimento Administrativo

Nosso ordenamento jurídico é manso e pacífico no sentido de


que não há a necessidade do prévio requerimento administrativo para
o ingresso na via judicial.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 206 Indenizatórios do Inss

A Constituição Federal preceitua (art, 217) que o único


procedimento que detém a obrigatoriedade do exaurimento da esfera
administrativa é o Direito Desportivo.

Por sua vez, a própria Constituição Federal, preceitua como


direito fundamental de qualquer cidadão socorrer-se ao Poder
Judiciário (sem procedimento administrativo) quando houver lesão
ou ameaça ou seu direito, senão vejamos:

CF, art. 5o, inc.XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder


Judiciário lesão ou ameaça a direito;

No mesmo sentido, preceitua a SÚMULA TRF - 3a Região - N° 9


que: Em matéria previdenciária, torna-se desnecessário o prévio
exaurimento da via administrativa, como condição de ajuizamento
da ação.

Arrematando o entendimento supra, o STJ já edificou a


inteligência de que não há necessidade do prévio ingresso na via
administrativa para propositura de ação onde se pleiteia a concessão
de benefício previdenciário. Observemos:

"O prévio ingresso de pedido na via administrativa não é condição


necessária para a propositura de ação, onde se pleiteia a concessão
de benefício previdenciário". (STJ. RESP 97.147252/SC. 6a Turma,
rei. Min. William Patterson. DJU 3.11.97).

Aliás, o próprio STJ em sua súmula 89 dicciona: “A ação


acidentária prescinde do exaurimento da via administrativa."

Deste modo, não restam dúvidas que não há obrigatoriedade


que o autor ingresse com pedido na via administrativa, para pleitear
beneficio previdenciário, objeto do pedido da presente ação.
Fabrício Barcelos Vieira 207 ■

II - Dos Fatos

O autor era vice-presidente da "ASSOCIAÇÃO


COMUNITÁRIA VIDA NOVA", comparado, por analogia, ao síndico.
Em novembro de 2007, de acordo com documentos acostados, sofreu
acidente de moto, no cruzamento da Avenida xxxx com a Rua xxxxx,
quando retornava do trabalho, razão pela qual foi levado ao Hospital
xxxxx, com ferimentos na perna direita, fratura em três costelas e
perfuração no pulmão, sendo que a principal causa do acidente foi o
fato de que o semáforo estava desligado.

Tal fato ocasionou seu afastamento do trabalho, motivo pelo qual


pleiteou, em 15/12/2007, o auxílio-doença, que foi deferido em face da
constatação de sua incapacidade laborativa. O benefício em questão
foi concedido até 16/04/2009. No dia 29/04/2008, após pedido de
Reconsideração, e o benefício foi concedido até 06/05/2008, por motivo
de incapacidade para o trabalho.

O autor precisou fazer cirurgia para a colocação de prótese e


cirurgia de hérnia, provocada pelas lesões. Teve encurtamento da
perna direita em aproximadamente dois centímetros, pois houve
perda óssea, e foi colocada haste com dez parafusos, motivo pelo qual
o requerente sente fortes dores e possui várias limitações físicas. Não
pode ficar em pé ou sentado por muito tempo, não pode correr e não
pode pegar peso. Tem dificuldades para subir escada, ocasionada
pelos problemas na perna direita.

Dessa maneira, com a saúde debilitada, e necessitando


tratamento médico adequado, a concessão do auxílio-acidente é o
único meio de manter a dignidade do autor, continuar seu tratamento
de saúde e garantir a ele uma vida digna, já que agora possui lesões
que diminuíram sua capacidade laborativa.

Há de se mencionar que, conforme já apontado, o acidente


causou lesões que já se consolidaram, mas que resultaram em
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 208 Indenizatórios do Inss

seqüelas que impedem que o requerente exerce a função a qual


exercia na época do acidente com o mesmo denodo e acuidade.

A redução é parcial e permanente e se enquadra no disposto no


Regulamento da Previdência Social, no Anexo III, mencionado no
artigo 86 da Lei 8.213/91. Tem por conseguinte, direito ao benefício do
auxílio-acidente, mensal e vitalício, na base de 50% do salário de
benefício vigente à época do acidente.

Ora, se existe laudo confirmando que houve redução parcial e


permanente e se enquadra no disposto do que demonstram os quadros
n° 7 (Encurtamento de membro inferior) e n° 8 (Redução da força e/ou da
capacidade funcional dos membros) do Anexo III do Regulamento da
Previdência Social, o autor faz jus ao benefício ora pleiteado.

III - Da Competência

Inicialmente, cabe destacar que a presente ação deve ser


interposta na Justiça Comum Estadual, haja vista tratar-se de um
procedimento decorrente de acidente de trabalho.

A Constituição Federal, em seu artigo 109, inciso I, exclui da


competência da Justiça Federal as ações de acidente de trabalho,
como se verifica:

'Aos juizes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e á Justiça do Trabalho;"

Portanto, cabível neste r. juízo a presente demanda, tendo em


vista que o acidente do caso ocorreu in intinere, ou seja, no horário de
Fabrício Barcelos Vieira 209 ■

almoço, no caminho entre seu local de trabalho e seu lar, nos termos
do artigo 19 e inciso IV do artigo 21 da lei 8.213/91:

Art. 19. Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do


trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do artigo 11 desta Lei,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente de trabalho, para efeitos


desta lei:
I- ............................................................................
IV - O acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e
horário de trabalho:
a )
b) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para
aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo
de propriedade do segurado.

Assim, é expressão utilizada para caracterizar o acidente que,


tendo ocorrido fora do ambiente de trabalho, ainda assim se considera
acidente de trabalho, pois decorrente do deslocamento do segurado
entre sua residência e local de trabalho e vice-versa.

IV- Da prescrição

Nos termos do art. 104 da Lei 8.213/1991, as ações judiciais


visando às prestações acidentárias prescrevem em 05 (cinco anos).

Assim sendo, se o acidente ocorreu no ano de 2007, como se


comprova pela documentação acostada aos autos, e a carta de
concessão indica o recebimento do auxílio-doença a partir de 05/12/
2007, está o requerente acobertado pelo prazo prescricional em
relação ao benefício pleiteado.
Auxílio Acidente Previdenciário c Acidentário: Os Benefícios
■ 210 Indenizatórios do Inss

V- Da Legitimidade Ativa

Conforme documento anexo, à época do acidente o autor era


titular do cargo de vice-presidente da 'Associação Comunitária Vida
Nova", com registro no Io Oficial de Títulos e Documentos e Registro
Civil de Pessoas Jurídicas de Franca-SP

Assim, nos termos do artigo 11 da lei 8.213/91, sendo o autor


membro associado eleito para cargo de direção na Associação
mencionada, conforme cópia anexa do contrato social da associação
mencionada, considera-se o segurado obrigatório na modalidade
contribuinte individual:

Art. 11, São segurados obrigatórios da Previdência Social as


seguintes pessoas físicas:
(...)
V - como contribuinte individual:
(...)
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não
empregado e o membro de conselho de administração dc sociedade
anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o
sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho
em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de
direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer
natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador
eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que
recebam remuneração; {grifo nosso)

Desta feita, conforme demonstrado pelo dispositivo legal


pertinente e pelos documentos anexos, nada há que se questionar acerca
da qualidade de segurado ou ainda da legitimidade ativa do requerente.

VI- Do Direito ao Auxílio-Acidente

A Lei 8.213/91 define o acidente de trabalho propriamente dito,


em seu artigo 19:
Fabrício Barcelos Vieira 211 ■

"Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho."

O mesmo diploma legal, reiterando a questão da competência


deste juízo, em seu artigo 86, preceitua que

“O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado


quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de
qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da
capacidade para o trabalho que habitualmente exercia."

Dessa maneira, o professor Wladimir Novaes Martinez, em sua


obra 'Auxílio-Acidente”, 2006, página 25, conceitua o benefício como
sendo

"(...) uma prestação previdenciária do empregado, avulso e


segurado especial, de pagamento continuado e não reeditável nem
substituidora dos salários, quantificada em 50% do salário de
benefício do trabalhador, que visa reparar a perda parcial ou
permanente da capacidade para o exercício de sua atividade
habitual."

E continua descrevendo o auxílio-acidente como:

"Direito subjetivo do obreiro, com ou sem carência, vítima de


acidente, em particular do trabalho, nas três vertentes tradicionais
do infortúnio propriamente dito, doença do trabalho ou doença
profissional, a que após a consolidação das lesões restou com
seqüela que lhe dificulta o desempenho dimensionado pela perícia
médica do INSS."
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 212 Indenizatórios do Inss

Assim, tendo o requerente padecido por determinado lapso de


tempo com as seqüelas de tal acidente, diante da redução temporária
da capacidade para o trabalho que normalmente exercia, faz jus ao
benefício pleiteado.

Nesta seara, importante colacionar as palavras e ensinamentos


de Wladimir Martinez, aduzindo que faz jus ao auxílio-acidente o
beneficiário que sofreu acidente cuja perda material resulte em "uma
seqüela que agrave a saúde ou a integridade física e o impeça de
exercer sua atividade habitual ou com o mesmo denodo profissional de
antes da data do evento danoso" (Auxílio-Acidente, 2006, página 49).

Com efeito, presente está o nexo de causalidade entre o acidente


e as lesões consolidadas redutoras da capacidade de trabalho, sendo
o acidente um íato público e notório, conforme cópia anexa de
veiculação do fato em jornal da cidade.

Dessa maneira, evidente e comprovado o direito do autor para


que receba o auxílio-acidente a partir da data da cessação do auxílio-
doença.

Corroborando com o já mencionado, nossos tribunais já


edificaram o entendimento de que a superveniência de alta médica e
a presença das lesões consolidadas relativas à perda da capacidade
parcial e permanente da aptidão para o trabalho geram o direito ao
auxílio-acidente, senão vejamos:

"Concedido o auxílio-doença, comum ou acidentário, com ou sem CAT


com a superveniência da alta médica e a presença das lesões
consolidadas relativas à perda da capacidade parcial e permanente da
aptidão para o trabalho, impõe-se o auxílio-acidente." (Apelação Civil
n° 426.028-6/MG, da 4a Câmara Civil da TAMG, DJ/MG 5.11.04.
Fabrício Barcelos Vieira 213 ■

VII - Do Contribuinte Individual

Era que pese o fato de o parágrafo Io do artigo 18 da lei 8.213/91


ter limitado o rol de segurados que podem se beneficiar do auxílio-
acidente, excluindo o contribuinte individual e toda a questão já
conhecida envolvendo a exigência constitucional da fonte de custeio
dos benefícios, devem ser sopesados os fatores que seguem.

a) Princípio Constitucional da Isonomia ou Igualdade

A Constituição da República de 1988 consagra o referido


princípio, expressamente, no caput do artigo 5o: "Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Ademais, o
diploma magno labuta em prol da igualdade dos desiguais criando
desigualdades, ou seja, por meio de alguns dispositivos promove uma
aparente injustiça/desigualdade para administrar o princípio da
isonomia. Por outras palavras, a Constituição da República trata
desigualmente os desiguais com o fito de torná-los iguais de fato.

Neste diapasão, o que une o princípio da isonomia e a


normatividade constitucional é a grande perspicácia do legislador
constituinte de 1988, quando estabelece a aplicabilidade imediata
dos direitos e garantias fundamentais: como reza o artigo 5o da
Constituição da República de 1988 "as normas definidoras dos
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”.

Todavia, é unânime o entendimento na doutrina nacional que


este dispositivo constitucional precisa sofrer uma interpretação
restritiva. Esta será realizada em razão da inexecução de vários
direitos albergados por este comando em virtude de entraves
econômicos, políticos e orçamentários.

Um desses entraves, como se sabe, é o princípio constitucional


que estabelece no parágrafo 10° do artigo 201 da CF que nenhum
benefício pode ser instituído sem a respectiva fonte de custeio.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 214 Indenizatórios do Inss

Assim, as alíneas "a", "b" e J'c" do inciso II do artigo 22 da lei n°


8.212/9 lf que é a lei de custeio da Previdência Social, estabelecem o
direito ao auxílio-acidente somente aos segurados obrigatórios das
modalidades lá previstas, quais sejam, empregado urbano e rural,
trabalhador avulso e segurado especial.

Como há previsão legal das categorias contempladas ao gozo do


benefício, as mesmas categorias devem contribuir, também de acordo
com a lei, para a Previdência Social pelo SAT - Seguro contra
Acidentes do Trabalho.

O tributo em questão é, portanto, a fonte de custeio do


auxílio-acidente, de forma que a contribuição é descontada do
salário de contribuição do segurado, juntamente à contribuição
previdenciária mensal.

Contudo, não é razoável que a alíquota da contribuição


previdenciária do contribuinte individual corresponda a 20% de seu
salário de contribuição, quando a alíquota dos contribuintes que a lei
contempla com o auxílio-acidente contribuam com a alíquota de 11%
de seu salário, tendo os restantes 9% pagos pela empresa, além das
alíquotas do SAT também pagas pelo empregador.

Além disso, ao segurado especial (rurícola ou pescador


artesanal que exercem sua atividade laborai individualmente ou em
regime de economia familiar) não se exigem contribuições para
concessão do auxílio-acidente e demais benefícios. Logo, não seria
justo excluir o contribuinte individual apenas sob o fraco argumento
da falta de fonte de custeio.

Nesse sentido, em respeito ao princípio constitucional da


isonomia é medida de justiça e razoabilidade autorizar a concessão
do auxílio-acidente ao contribuinte individual, para que não se
perpetue o desequilíbrio no tratamento diferenciado entre
contribuintes e segurados.
Fabrício Barcelos Vieira 215 ■

Se o empregador tem a obrigação legal e tributária de contribuir


com o SAT é porque o legislador entendeu que as empresas, como
pessoas jurídicas, têm o dever de garantir segurança aos
trabalhadores, conforme o grau de risco da atividade.

Assim, o trabalhador contribuinte individual também tem o


direito de ser protegido contra o risco que sua atividade laborativa
oferece, por isso contribui para a Previdência Social com alíquota
maior e diferenciada em relação ao trabalhador empregado, fazendo
jus, portanto, ao gozo do auxilio-acidente.

b) Princípio Constitucional da Dignidade da Pessoa Humana

Elevada à categoria de direito fundamental na Constituição


brasileira, a dignidade da pessoa humana consagrou-se como
princípio fundamental, que goza de imperatividade e coercitividade e
vincula todo o ordenamento jurídico, justamente em função da força
normativa da Constituição.

Nesse sentido, o princípio da dignidade humana garante o


pleno desenvolvimento de cada pessoa, não de forma individualista,
mas equilibrando os valores individuais e coletivos, motivo pelo qual
a solução há de ser buscada em cada caso, de acordo com as
circunstâncias concretas. Constitucionalmente, configura um
princípio que abrange praticamente todos os demais direitos
fundamentais, exercendo função de predicado a eles.

Dentro dele, encontra-se o princípio da razoabilidade, que


exige que o ato praticado esteja dentro dos limites do plausível e do
aceitável, eliminado as discrepâncias, os excessos e as anomalias. Ou
seja, é um princípio que busca equilibrar os meios com os fins, aquilo
que foi pedido com o que é dado. Dessa maneira, a razoabilidade
impõe que as condições pessoais e individuais dos sujeitos
envolvidos sejam consideradas na decisão, observando as
peculiaridades de cada indivíduo quando da aplicação da lei.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário; Os Benefícios
216 Indenizatórios do Inss

Ademais, o modelo contemporâneo de Previdência Social não


pode mais admitir aberrações jurídicas da legislação - ou ausência
dela - que afrontem o princípio da dignidade da pessoa humana, que
é direito fundamental, permitindo que trabalhadores contribuintes
individuais sejam tratados de maneira diferenciada e com
importância inferior aos segurados empregados.

Portanto, não basta que se tenha o direito à vida. É necessário


que essa vida seja digna, porque todos os homens gozam de honra e
de dignidade pessoal perante a sociedade. Não basta também o
direito à saúde, sendo necessário que ela seja digna, ou seja, que
tenha qualidade e que seja íntegra, não bastando, assim, o direito à
previdência social, sendo necessário que ela seja efetiva e útil ao
segurando quando for preciso.

VII - Da data do início do benefício

Com relação à data do início do benefício do auxilio doença,


Wladimir Martinez afirma que tem de ser do dia seguinte da cessação
do auxílio-doença, aplicando o dormientibus non sucurrit jus apenas
caso passados mais de cinco anos (Auxílio-Doença, 2006, página 86).

Neste sentido, rezam os artigos 86, § 2o da Lei 8.213/91 e 104, §


2o do Decreto 3.048/99:

"PBPS, Art. 86 § 2o O auxílio-acidente será devido a partir do dia


seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado,
vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria."

"RPS, Art. 104 § 2o O auxílio-acidente será devido a contar do dia


seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado,
vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria."
Fabrício Barcelos Vieira 217

Por sua vez, a Jurisprudência mansa e pacificamente,


corroborando com o entendimento acima, assim edificou:

"PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO


ACIDENTÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
PARCELAS VENCIDAS. MARCO FINAL. PROLAÇÃO DA
SENTENÇA. I - Se houve pagamento de auxílio-doença ao_

seja, a data da alta médica da enfermidade ongmada.no sinistro.


Precendentes. II - Nas ações previdenciárias, os honorários
advocatícios devem ser fixados com exclusão das prestações
vincendas, considerando-se apenas as prestações vencidas até o
momento da prolação da sentença. Precedentes. Recurso desprovido.
Indicador não definido. Acórdão. Decisão. Vistos, relatados e
discutidos estes autos, acordam os Ministros da Quinta Turma do
Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas
taquigráficas a seguir, por unanimidade, conhecer do recurso, mas
negar-lhe provimento. Votaram com o relator os Ministros Gilson
Dipp, Jorge Scartezzini, Edson Vidigal e José Arnaldo da Fonseca."
(RESP n° 284.726/ SP - Proc. N° 2000.0110272-9 - 5a Turma do STJ -
Rei. Félix Fischer - DJ de 12.2.01 - p. 139).

Deste modo, como houve pagamento de auxílio-doença ao


segurado (ora requerente), o auxílio-acidente será devido a partir de
sua cessação.

VIII - Da Tutela Antecipada "Inaudita Altera Pa rs”

Tendo em vista que o Requerente preenche os requisitos legais


necessários ao AUXÍLIO-ACIDENTE não há motivo para este MM,
Juízo não vislumbre o direito do Põstulante lhe conceder tal benefício,
imediatamente.

O direito à melhor proteção social o exprime o Enunciado n° 5 da


JR/CRPS: ‘A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário; Os Benefícios
■ 218 Indenizatórios do Inss

que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor orientá-lo nesse


sentido", que remete ao Prejulgado n° 1, de que trata a Portaria MTPS
3.286, de 27.09.73, editado sob a égide do art. Io do Decreto 60.501, de
14.03.67 (Regulamento Geral da Previdência Social), do seguinte teor:

“Constituindo-se uma das finalidades primordiais da Previdência


Social assegurar os meios indispensáveis de manutenção do
segurado, nos casos legalmente previstos, deve resultar, sempre que
ele venha a implementar as condições para adquirir o direito a um ou
a outro benefício, na aplicação do dispositivo mais benéfico e na
obrigatoriedade de o Instituto segurador orientá-lo, nesse sentido".

Quer dizer, dentre as situações concretas admissíveis, a


Previdência Social deve orientar o segurado a desfrutar daquela que
lhe é mais benéfica.

Nesse diapasão, importante relembrar que são cinco os


princípios básicos da Administração Pública, expressos na
Constituição Federal, em seu art. 37r caput:

'Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer


dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade,moralidade, publicidade e eficiência..."

Outrossim, veja o que prevê a Lei n° 9.784/99, em seu art. 2o,


caput, a qual regula o processo administrativo no âmbito federal:

'Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos


princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
segurança jurídica, interesse público e eficiência."

Assim, da leitura destes dispositivos, fica claro que o INSS


também desrespeitou os princípios básicos da administração
Fabrício Barcelos Vieira 219 ■

púhlica. pois estava ciente da situação do Autor {que poderia estar


recebendo o benefício desde a cessação do auxílio-doença), não o
tendo orientado para isso.

Nesse aspecto, para que não reste qualquer dúvida, cabe


destacar que a Instrução Normativa INSS/PRES n° 20/07 regulamenta
função típica dos órgãos administrativos, reforçando os princípios
alicerçados constitucionalmente acima expostos:

‘Art. 458,(...)
§ 4° A Previdência Socialileve mnceder o
o segurado fizer jus, cabendo ao .servidor orientar nesse
sentido/' (NR cf. Instrução Normativa INSS N° 29/08)(g.n.)

Assim, REQUER seja concedida por este nobre Magistrado, a


tutela antecipada para que IMEDIATAMENTE seja compelido o
Instituto-Réu a conceder benefício ao Postulante conforme exposto
acima, nos moldes já explanados.

Note-se que se tal provimento somente fosse concedido em


sede de decisão no final do julgamento da presente ação, implicaria
em denegação de justiça em face do retardamento na prestação da
tutela jurisdicional, até mesmo porque a esmagadora maioria das
decisões de nossos Tribunais Pátrios reconhece o direito à validade
do direito pleiteado.

Portanto, inexiste óbice na pretensa concessão da tutela


antecipada mesmo porque, repita-se, o direito no presente caso é
inerente e não tão somente latente.

Quanto aos requisitos legais para a concessão da antecipação da


tutela, estão presentes: o fumus bonis iuris, que decorre da relevância
da LIMINAR e da viabilidade do direito material ora discutido; o
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 220 Indenizatórios do Inss

periculum in mora, pois sem a concessão da liminar, autorizando o


Requerente a gozar do benefício, aplicando-lhe a forma mais
vantajosa - direito legal e constitucionalmente garantido.

Sendo esta liminar o único remédio adequado e eficaz a dar


proteção jurídica ao Postulante, não sendo a mesma concedida, como
pedida e para os fins aludidos, se vier a ser concedida
posteriormente, poderá deixá-lo desprovido de recursos, inclusive
de cunho alimentar.

PANO IRREPARÁVEL: este decorrerá da impossibilidade da parte


Autora aposentar-se de forma mais benéfica e sem a remuneração
que lhe é conseqüente, se tiver que esperar até a decisão final do
processo, causando danos pessoais, profissionais e funcionais;
além do que manter a situação como está é "dar validade a uma
situação injusta, abusiva e arbitrária, caso não seja deferida a
liminar de imediato” (J.J, Calmon de Passos - RR 33/67).

Assim, presentes os pressupostos ensejadores da sua


efetividade, e previstos no art. 273, do Estatuto Processual vigente, há
necessidade de imediata concessão desse provimento de mérito -
CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DO AUXÍLIO-ACIDENTE,
PRIORITARIAMENTE - pois somente assim, estará satisfeita a tempo
esta pretensão deduzida em Juízo.

Ao final, requer a manutenção do provimento para se determinar


a CONCESSÃO DO AUXÍLIO-ACIDENTE, PRIORITARIAMENTE.

No caso de descumprimento do provimento jurisdicional, requer


seja aplicada multa diária (ASTREINTES), na forma do art. 461,
parágrafo 4o do CPC, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) por dia,
por se tratar de obrigação de fazer.
Fabrício Barcelos Vieira 221 ■

IV - Das custas processuais

Reza o parágrafo único do art, 129 da Lei 8.213/91 que: “O


procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do
pagamento de quaisquer custas e verbas relativas à sucumbência".

Verifica-se que o aludido inciso II cuida das ações acidentárias


na Justiça dos Estados e do Distrito Federal,

Sendo assim, requer-se a isenção do pagamento de custas e


verbas relativas à sucumbência.

X - Do Pedido

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

1- Seja este pedido julgado Totalmente Procedente;

2 - A juntada dos documentos que comprovam o preenchimento


dos requisitos legais necessários à concessão do benefício de auxílio-
doença em favor do requerente;

3 - Sejam concedidos os benefícios da Justiça Gratuita ao


Requerente, nos termos do art. 129 da Lei 8.213/91, eis que pobre na
acepção legal do termo, conforme declaração que segue;

4 - Seja citado o INSS na pessoa de seu procurador, para que,


querendo, conteste o presente feito, no prazo legal, sob as
advertências do artigo 285 do CPC;

5 - Seja concedido o benefício do Auxílio-Acidente, desde o dia


seguinte à data de cessação do auxílio-doença na base de 50% (art. 86,
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
222 Indenizatórios do Inss

§ Io da Lei 8.213/91) do salário de benefício da parte autora, vigente no


dia do acidente, nos termos do § 8o do artigo 32 do Decreto 3,048/99,
abono anual, com as parcelas devidamente atualizadas e corrigidas
na forma da lei, sendo que as atrasadas (art. 104, § 2o do Decreto 3.048/
99 e artigo 103 da Lei 8.213/91) serão acrescidas de juros e correção
monetária, mais o pagamento dos honorários do advogado, perito,
custas e demais cominações.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


admitidas, principalmente periciais, testemunhais e documentais.

Dá-se à causa o valor de R$ 6.120,00 (seis mil cento e vinte reais).

Nestes termos,
R Deferimento.

Franca, 6 de outubro de 2011.

Tiago Faggioni Bachur Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP 0000000 OAB/SP 0000000

QUESITOS:

2. Qual a natureza da doença da parte autora? Que elementos


objetivos de exame clínico e subsidiários comprovam o diagnóstico?

3. A parte requerente está acometida de doença profissional ou


do trabalho constante da relação que constitui o Anexo II do Decreto
n° 3.048/99? Ou se trata de doença que resultou de condições
especiais em que o trabalho era executado e com ele se relacione
diretamente? Quais essas condições especiais?
Fabrício Barcelos Vieira 223

4. O requerente estava incapacitado para o exercício da


atividade que exercia habitualmente na época do acidente? Apesar
dessa incapacidade, pode exercer outra atividade? Ou apresenta
seqüelas definitivas, perdas anatômicas ou redução da capacidade
funcional constante da relação que constitui o Anexo III do Decreto n°
3.048/99?

Protesta por quesitos suplementares e elucidativos.

Nestes termos,
Pede Deferimento.

Franca SPr 6 de outubro de 2011.

Tiago Faggioni Bachur Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP xxxxxxxx OAB/SP xxxxxxx
Fabrício Barcelos Vieira 225 ■

5. Ação para recebimento de dois auxílios-acidentes

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _________VARA CÍVEL DA


COMARCA DE FRANCA SP.

Francisco Picadinho, brasileiro, casado, encarregado de setor


de injetora, portador do RG xxxxx SSP/PI e do CPF xxxxx, residente e
domiciliado nesta cidade de Franca SP na Rua xxxxx, n° xxxxx, Bairro
xxxxx, CEP xxxxx, Telefone: xxxxx, vem, mui respeitosamente, à
presença de V Exa., através de seus advogados e procuradores infra -
assinados, propor a presente

AÇÃO ACIDENTÁRIA

em face de

Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, com procuradoria


nesta cidade de Franca SF> na Rua xxxxx, n° xxxxx, Centro, nos termos
do artigo 86, incisos e parágrafos, da Lei n° 8.213/91 e Decreto n°
3.048/99, para concessão de AUXÍLIO - ACIDE NTE F pelos seguintes
fatos e fundamentos:

Da Competência

Inicialmente, cabe destacar que a presente ação deve ser


interposta na Justiça Comum Estadual, haja vista que estamos diante
de um procedimento decorrente de acidente de trabalho.

A Constituição Federal em seu artigo 109, inciso I, exclui da


competência da Justiça Federal as ações de acidente de trabalho,
senão vejamos:
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 226 Indenizatórios do Inss

"Aos juizes federais compete processar e julgar:


I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa
pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho"

Por sua vez, corroborando com o retro mencionado, a Lei 8.213/


91 em seu artigo 129, a Súmula 15 do STJ e as Súmulas 235 e 501 do
STF determinam que para as ações decorrentes de acidente de
trabalho, a competência é a Justiça Estadual, senão vejamos:

Lei 8.213/91, art. 129: Os litígios e medidas cautelares relativos a


acidentes do trabalho serão apreciados:
II - na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses,
mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do
evento à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente
do Trabalho-CAT.”

Súmula 15 STJ: Competência - Acidente do Trabalho -Compete à


Justiça Estadual processar e julgar os litígios decorrentes de
acidente do trabalho.

Súmula 235 STF: É compefenfe para a ação de acidente do


trabalho a justiça cível comum, inclusive em segunda instância,
ainda que seja parte autarquia seguradora

Súmula 501 STF: Compete a justiça ordinária estadual o processo e


o julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente do
trabalho, ainda que promovidas contra a união, suas autarquias,
empresas públicas ou sociedades de economia mista.

Dos Fatos

O autor, portador da CTPS n° xxxxx, série xxxxx, é funcionário


da fábrica J1 Baiana Fábrica de Formas para Calçados Ltda", mais
Fabrício Barcelos Vieira 227

conhecida como Baiaformas, onde foi admitido na função de


encarregado de injetora, na data de xxxxx (doc. anexo).

Em xxxxx, quando estava na empresa, manuseando uma “serra


fita”, teve o seu dedo da mão direita gravemente lesionado, pois a
"cabeça" do dedo foi decepada (conforme cópia da CAT anexa).

Após este acontecimento, o Autor gozou auxílio-doença


acidentário no período compreendido entre os dias xxxxx até o dia
xxxxx (documentos anexos).

A lesão no dedo do Requerente acabou por deixar seqüelas, pois


não há mais como realizar simples movimentos com o dedo lesionado.
Em outras palavras, o Autor sente fortes dores ao flexionar o dedo.

Todavia, não obstante este acidente, importante mencionar


também que, no mês de xxxxx de 1999, o Autor sofreu um acidente de
trabalho nesta mesma empresa. Naquela ocasião, o Requerente
também manuseava uma "serra fita" e teve dois dedos da mão
esquerda lesionados: os dedos indicador e médio.

Frisa-se que o Autor sente limitação quanto aos movimentos dos


dedos, e não possui a mesma segurança para pegar objetos que teria
uma pessoa que tenha os dedos das mãos sem estarem machucados.
Conforme descrição médica em anexo, houve ferimento grave com
perda de tecido nos referidos dedos das mãos do Autor.

Naquela ocasião, o Requerente também gozou de auxílio-


doença acidentário, com início em xx/xx/1999, até o dia xx/xx/1999,
conforme documentos anexos.

As seqüelas, após a consolidação das lesões, que resultaram em


virtude dos acidentes de trabalhos, implicaram na redução da
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 228 Indenizatórios do Inss

capacidade laborativa do autor, que impedem, por si só, o


desempenho da atividade que exercia à época dos acidentes, com a
mesma acuidade. A redução é parcial e permanente e se enquadra no
disposto no Regulamento da Previdência Social, no Anexo IIIr
mencionado no artigo 86 da Lei 8.213/91. Tem-se, por conseguinte,
direito aos benefícios dos auxílios-acidentes, mensais e vitalícios, na
base de 50% do salário de benefício vigente à época dos acidentes.

De se ressaltar que ocorreram 2 (dois) acidentes de trabalhos


com fatos geradores distintos, que trouxeram reduções das
capacidades funcionais (reduções estas qualitativas e quantitativas),
danos irreparáveis e insuscetíveis de cura.

Ora, se existe laudo confirmando que houve redução parcial e


permanente e se enquadra no disposto do que demonstram o quadro
n° 8 (Redução da força e/ou da capacidade funcional dos membros)
do Anexo III do Regulamento da Previdência Social, o autor faz jus
aos benefícios ora pleiteados.

Do Direito

A Lei 8.213/91 define o acidente de trabalho propriamente dito,


em seu artigo 19:

'Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados
referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho."

Não restam dúvidas que o autor sofreu acidente de trabalho, aliás,


dois acidentes em decorrência do ofício, pois sua situação (acidente
ocorrido no local e em virtude de trabalho) está abarcada pela legislação,
vejamos o que preceitua o artigo 21 da já festejada Lei 8.213/91:
Fabrício Barcelos Vieira 229

'Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para


efeitos desta Lei:
I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a
causa única, haja contribuído diretamente para a morte do
segurado, para reduçáo ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua
recuperação".

Por sua vez, o mesmo dispositivo legal, em seu artigo 86,


preceitua:

"O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que
impliquem redução da capacidade para o trabalho que
habitualmente exercia."

O professor Wladimir Novaes Martinez, em sua obra 'Auxílio-


Acidente”, 2006, página 25, conceitua o benefício com sendo:

uma prestação previdenciária do empregado, avulso e


segurado especial, de pagamento continuado e não reeditável nem
substituidora dos salários, quantificada em 50% do salário de
benefício do trabalhador, que visa,, reparar a perda parcial
permanente da capacidade, para o_exerckio. d.e sua .atividade
habitual."

E continua preceituando que o auxího-acidente é:

“Direito subjetivo do obreiro, com ou sem carência, vítima de


acidente, em particular do trabalho, nas três vertentes tradicionais
do infortúnio propriamente dito, doença do trabalho ou doença

seqüela que lhe dificulta o desempenho dimensionado pela perícia


médica do INSS."
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 230 Indenizatórios do Inss

Sobre o auxílio-acidente, um dos patronos do Autor esclarece


em seu livro:

"É, portanto, um benefício de prestação continuada pago pelo INSS


ao segurado que ficar incapacitado para o trabalho parcialmente
em decorrência de acidente ou doença do trabalho. "(BACHUR,
Tiago Faggioni; Maria Lúcia Aiello - "Teoria e Prática do Direito
Previdenciário: incluindo Jurisprudências, Modelos de Petição e
de Cálculo Previdenciário" - São Paulo: Editora Lemos & Cruz,
2007. Pág.).

Assim sendo, estando o autor padecendo com as seqüelas de tais


acidentes, diante da redução permanente da capacidade para o
trabalho que normalmente exercia, faz o autor jus aos benefícios
pleiteados.

Com efeito, presente está o nexo de causalidade entre os


acidentes e as lesões consolidadas redutoras da capacidade de
trabalho.

Ademais, o caso em concreto demonstra acidentes que


resultaram na apresentação de danos funcionais e redução da
capacidade funcional, com repercussão na capacidade laborativa
do autor. Ora, conforme já mencionado, o autor ficou com as
seqüelas de não conseguir as movimentações dos dedos das mãos,
impedindo-o de realizar diversas atividades, inclusive as mais
simples do seu cotidiano.

Nesta seara, importante colacionar as palavras e ensinamentos


do outrora mencionado Wladimir Martinez, aduzindo que faz jus ao
auxílio-acidente o beneficiário que sofreu acidente cuja perda
material resulte em “uma seqüela que agrave a saúde ou a
intregridade física e o impeça de exercer sua atividade habitual ou
com o mesmo denodo profissional de antes da data do evento danoso"
(Auxílio-Acidente, 2006, página 49).
Fabrício Barcelos Vieira 231 ■

Retomando ao caso concreto, observa-se que os acidentes


sofridos pelo requerente resultaram em danos que, sem qualquer
dúvida, o impede de exercer sua atividade habitual com o mesmo
denodo profissional de antes da data do evento.

Há também de se lembrar que, uma vez que as situações


acometidas e às quais o requerente foi submetido estão presentes no
Anexo III do Decreto 3.048/99 (perda de segmentos de membros), o
direito ao benefício do auxílio-doença é líquido e certo, havendo
presunção de perda parcial e permanente que resultou em diminuição
da capacidade laborai do autor.

Corroborando com o já mencionado, nossos tribunais já


ediücaram o entendimento de que a superveniência de alta médica e
a presença das lesões consolidadas relativas à perda da capacidade
parcial e permanente da aptidão para o trabalho geram o direito ao
auxílio-acidente, senão vejamos:

"Concedido o auxílio-doença, comum ou acidentário, com ou sem CAT


com a superveniência da alta médica e a presença das lesões
consolidadas relativas à perda da capacidade parcial e permanente da
aptidão para o trabalho, impõe-se o auxílio-acidente." (Apelação Civil
n° 426.028-6/MG, da 4a Câmara Civil da TAMG, DJ/MG 5.11.04.

No presente caso, como ocorreram dois acidentes de trabalhos,


o Autor faz jus ao recebimento de DOIS AUXÍLIOS-ACIDENTES.
visto que perfeitamente cabível a cumulação de pedidos de auxílios-
acidentes em razão de mal diverso, ou seja, fatos geradores distintos,
face à ausência de vedação legal.

Da data do início do benefício

Com relação à data do início do benefício do auxílio-doença,


Wladimir Martinez afirma que tem de ser do dia seguinte da cessação
do auxílio-doença (Auxílio-Doença, 2006, página 86).
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 232 Indenizatórios do Inss

Neste sentido, rezam os artigos 86, § 2o da Lei 8.213/91 e 104, §


2o do Decreto 3.048/99:

"PBPS, Art. 86 § 2U O auxilio-acidente será devido a partir do dia


seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado,
vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria."

"RPS, Art. 104 § 2° O auxílio-acidente será devido a contar do dia


seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de
qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado,
vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria."

Por sua vez, a Jurisprudência mansa e pacificamente,


corroborando com o entendimento acima, assim edificou:

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO


ACIDENTÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. AÇÂO PREVIDENCIÁRIA.
PARCELAS VENCIDAS. MARCO FINAL. PROLAÇÃO DA
SENTENÇA. I - S.e_houvg pagamento de auxílio-_doenga^_ao
segurado, q auxílio-acidente será devido a partir de sua cessação.

sinistm. Precendentes. II - Nas ações previdenciárias, os


honorários advocatícios devem ser fixados com exclusão das
prestações vincendas, considerando-se apenas as prestações
vencidas até o momento da prolação da sentença. Precedentes.
Recurso desprovido. Indicador não definido. Acórdão. Decisão.
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos
votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade,
conhecer do recurso, mas negar-lhe provimento. Votaram com o
relator os Ministros Gilson Dipp, Jorge Scartezzini, Edson Vidigal
e José Arnaldo da Fonseca." (RESP n° 284.726/ SP - Proc. N°
2000.0110272-9 - 5a Turma do STJ - Rei. Félix Fischer - DJ de
12.2.01-p. 139).
Fabrício Baicelos Vieira 233 ■

Deste modo, como houve pagamento de dois auxílios-doenças


acidentários ao segurado (ora requerente), os auxílios-acidentes
serâo devidos a partir de suas cessações, ou seja, a cessação do
auxílio-doença acidentário em relação ao primeiro acidente ocorreu
em xx/xx/1999, e com relação ao segundo acidente, a cessação se deu
em xx/xx/2010.

Da Tutela Antecipada "Inaudita Altera Pars"

Tendo em vista que o Requerente preenche os requisitos legais


necessários à percepção de dois AUXÍLIOS-ACIDENTES não há
motivo para este MM. Juízo não vislumbre o direito do Postulante lhe
conceder tais benefícios, imediatamente.

O direito à melhor proteção social o exprime o Enunciado n° 5 da


JR/CRPS: 'A Previdência Social deve conceder o melhor benefício a
que o segurado fizer jusf cabendo ao servidor orientá-lo nesse
sentido”, que remete ao Prejulgado n° 1, de que trata a Portaria MTPS
3.286, de 27.09.73, editado sob a égide do art. Io do Decreto 60.501, de
14.03.67 (Regulamento Geral da Previdência Social), do seguinte teor:

"Constituindo-se uma das finalidades primordiais da Previdência


Social assegurar os meios indispensáveis de manutenção do
segurado, nos casos legalmente previstos, deve resultar, sempre que
ele venha a implementar as condições para adquirir o direito a um ou
a outro benefício, na aplicação do dispositivo mais benéfico e na
obrigatoriedade de o Instituto segurador orientá-lo, nesse sentido".

Quer dizer, dentre as situações concretas admissíveis, a


Previdência Social deve orientar o segurado a desfrutar daquela que
lhe é mais benéfica.

Nesse diapasão, importante relembrar que são cinco os


princípios básicos da Administração Pública, expressos na
Constituição Federal, em seu art. 37, caput:
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 234 Indenizatórios do Inss

'Art. 37, A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federai e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade,moralidade, publicidade e eficiência..."

Outrossim, veja o que prevê a Lei n° 9.784/99, em seu art. 2o,


caput, a qual regula o processo administrativo no âmbito federal:

'Art. 2o. A Administração Pública obedecerá, dentre outros,


aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público
e eficiência."

Assim, da leitura destes dispositivos, fica claro que o INSS


também desrespeitou os princípios básicos da administração
pública, pois estava ciente da situação do Autor (que poderia estar
recebendo os benefícios desde a cessação dos auxílios-doenças), não
o tendo orientado para isso.

Nesse aspecto, para que não reste qualquer dúvida, cabe


destacar que a Instrução Normativa INSS/PRES n° 20/07 regulamenta
função típica dos órgãos administrativos, reforçando os princípios
alicerçados constitucionalmente acima expostos:

'Art. 458.(...)

o segurado fizer jus. cabendo ao servidor orientar nesse


sentido." (NR cf. Instrução Normativa INSS N° 29/08) (g.n.)

Assim, REQUER seja concedida por este nobre Magistrado, a


tutela antecipada para que IMEDIATAMENTE seja compelido o
Instituto-Réu a conceder os benefícios ao Postulante conforme
exposto acima, nos moldes já explanados.
Fabrício Barcclus Vieira 235»

Note-se que se tal provimento somente fosse concedido em


sede de decisão no final do julgamento da presente ação, implicaria
em denegação de justiça em face do retardamento na prestação da
tutela jurisdicional, até mesmo porque a esmagadora maioria das
decisões de nossos Tribunais Pátrios reconhece o direito à validade
do direito pleiteado.

Portanto, inexiste óbice na pretensa concessão da tutela


antecipada mesmo porque, repita-se, o direito no presente caso é
inerente e não tão somente latente.

Quanto aos requisitos legais para a concessão da antecipação da


tutela, estão presentes: o fumus bonis iurís, que decorre da relevância
da LIMINAR e da viabilidade do direito material ora discutido; o
periculum in mora, pois sem a concessão da liminar, autorizando o
Requerente a gozar dos benefícios, aplicando-lhe a forma mais
vantajosa - direito legal e constitucionalmente garantido.

Ademais, presentes estão os requisitos ensejadores da Tutela


Antecipada, esposados no artigo 273 do CPC, quais sejam: prova
inequívoca, verossimilhança das alegações e fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação.

Sendo esta liminar o único remédio adequado e eficaz a dar


proteção jurídica ao Postulante, não sendo a mesma concedida, como
pedida e para os fins aludidos, se vier a ser concedida posteriormente,
poderá deixá-lo desprovido de recursos, inclusive de cunho alimentar.

DANO IRREPARÁVEL: este decorrerá da impossibilidade da parte


Autora aposentar-se de forma mais benéfica e sem a remuneração
que lhe é conseqüente, se tiver que esperar até a decisão final do
processo, causando danos pessoais, profissionais e funcionais;
além do que manter a situação como está é "dar validade a uma
situação injusta, abusiva e arbitrária, caso não seja deferida a
liminar de imediato" (J.J. Calmon de Passos - RR 33/67).
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 236 lndenizatórios do Inss

Assim, presentes os pressupostos ensejadores da sua


efetividade, e previstos no art. 273, do Estatuto Processual vigente, há
necessidade de imediata concessão desse provimento de mérito -
CONCESSÃO DOS BENEFÍCIOS DOS AUXÍLIOS-ACIDENTES,
PRIORITARIAMENTE - pois somente assim, estará satisfeita a tempo
esta pretensão deduzida em Juízo.

Ao final, requer a manutenção do provimento para se


determinar a CONCESSÃO DOS DQIS AUXÍLIOS-ACIDENTES,
PRIORITARIAMENTE.

No caso de descumprimento do provimento jurisdicional, requer


seja aplicada multa diária (ASTREINTES), na forma do art. 461,
parágrafo 4o do CPC, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais) por dia,
por se tratar de obrigação de fazer.

Das custas processuais

Reza o parágrafo único do art. 129 da Lei 8.213/91 que: "O


procedimento judicial de que trata o inciso II deste artigo é isento do
pagamento de quaisquer custas e verbas relativas à sucumbência".

Verifica-se que o aludido inciso II cuida das ações acidentárias


na Justiça dos Estados e do Distrito Federal.

Sendo assim, requer-se a isenção do pagamento de custas e


verbas relativas à sucumbência.

Do Pedido

Diante do exposto, requer a citação do INSS, na pessoa de seus


representantes legais, para os termos da presente ação, podendo
Fabrício Barcelos Vieira 237 ■

contestar, querendo, para o fim de ser condenado, com o julgamento


da procedência da ação, ao pagamento dos dois auxílios-acidentes a
que tem direito, a partir da cessação dos recebimentos dos auxílios-
doenças acidentários, na base de 50% (art. 86, § Io da Lei 8.213/91) do
salário de benefício do autor vigente no dia do acidente, nos termos do
§ 8o do artigo 32 do Decreto 3.048/99, abono anual, com as parcelas
devidamente atualizadas e corrigidas na forma da lei, sendo que as
atrasadas (art. 104, § 2o do Decreto 3.048/99 e artigo 103 da Lei 8.213/
91) serão acrescidas de juros e correção monetária (respeitando-se a
prescrição qüinqüenal), mais o pagamento dos honorários do
advogado, perito, custas e demais cominações.

Requer a designação de audiência de conciliação, instrução e


julgamento.

Na oportunidade, requer a concessão dos benefícios da Justiça


Gratuita, nos termos da Lei 1060/50 e Lei 8.213/91, artigo 129, §
único, em face da sua condição de hipossuficiência, conforme
declaração em anexo.

Requer-se ainda que eventuais intimações e publicações sejam


efetuadas em nome de todos os patronos da causa.

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em


direito admitidas, principalmente periciais (cujos quesitos seguem
em anexo), testemunhais e documentais.

Dá-se à causa o valor de R$ 6.120,00 (seis mil, cento e vinte reais).

Nestes termos,
P Deferimento.

Franca SFJ 6 de outubro de 2011.


Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 238 Indenizatórios do Inss

Tiago Faggioni Bachur Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP xxxxx OAB/SP xxxx

QUESITOS:

Qual a natureza da doença do autor? Que elementos objetivos de


exame clínico e subsidiários comprovam o diagnóstico?

O autor está acometido de doença profissional ou do trabalho


constante da relação que constitui o Anexo II do Decreto n° 3.048/99?
Ou se trata de doença que resultou de condições especiais em que o
trabalho era executado e com ele se relacione diretamente? Quais
essas condições especiais?

O autor está incapacitado para o exercício da atividade que exercia


habitualmente na época do acidente? Apesar dessa incapacidade, pode
exercer outra atividade? Ou apresenta o autor seqüelas definitivas,
perdas anatômicas ou redução da capacidade funcional constante da
relação que constitui o Anexo III do Decreto n° 3.048/99?

É possível identificar se essas seqüelas resultaram dos


acidentes ocorridos em agosto/l999 e setembro/2009?

Protesta por quesitos suplementares e elucidativos.

Nestes termos,
R Deferimento.

Franca SR 6 de outubro de 2011.

Tiago Faggioni Bachur Fabrício Barcelos Vieira


OAB/SP xxxxx OAB/SP xxxxx
Fabrício Barcelos Vieira 239

6. Revisão de auxílio-acidente para majoração do


percentual para 50%

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA


____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE FRANCA - SÃO PAULO

Maria Corinthiana, brasileira, solteira, ascensorista, portadora


do RG n° xxx, inscrita no CPF/MF sob o n° xxx, residente e
domiciliada na Rua da Fiel, 1910, Parque São Jorge, cidade de Franca
- SP - CEP: xxx, por meio de seu advogado (mandato incluso), que esta
subscreve, vem à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE REVISÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -


INSS, Autarquia Federal, órgão previdenciário com sede nesta cidade
de Franca/SP na Rua Voluntários da Franca, n.° 1186, Centro, CEP
14.400-490, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

I - DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL

A Justiça Estadual é competente para julgar lides em que o


objeto seja Acidente de Trabalho.

Tal entendimento vem de decisões inúmeras de nossos


tribunais, senão vejamos.

A competência para julgamento das ações acidentárias é da


Justiça Estadual, forte no art. 129, da Lei 8.213/91 e nas inúmeras
decisões de nossos tribunais:
Auxilio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
«240 Indenizatórios do Inss

"PROCESSUAL CIVIL - CONFLITO NEGATIVO DE


COMPETÊNCIA - AÇÃO ACIDENTÁRIA - COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA ESTADUAL- SÚMULAN° 15, STJ". Compete à Justiça
Estadual processar e julgar as ações cuja pretensão envolva o
reexame veiculado à matéria acidentária em si mesma, recaindo no
âmbito de incidência do enunciado da Súmula n° 15, STJ, ex vi do
artigo 109,1, da CF. Conflito conhecido, declarando-se competente
o Tribunal de Justiça, o suscitado. (STJ - CC 31708 - MG - 3a S. -
Rei. Min. Vicente Leal - DJU 18.03.2002)"

"PROCESSUAL CIVIL. COMPETENCIA. AÇÃO ACIDENTARIA.


JUIZO ESTADUAL!’. Conforme art. 109, inc. I da CF/88 é da Justiça
Comum do Estado a competência para processar e julgar ações
acidentárias. Competente o MM. Juiz de direito da 3a Vara de
Acidentes do Trabalho da Comarca do Rio de Janeiro. (STJ - CC
1057 (199000018722/RJ) - Ia Seção - Rei. Min. Carlos Velloso - DJU
14/05/1990)"

O artigo 129, da Lei n° 8.213/91 é claro:

"Os litígios e medidas cautelares relativos a acidentes do trabalho


serão apreciados:
I- ...
II- na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
segundo o rito sumaríssimo, inclusive durante as férias forenses,
mediante petição instruída pela prova de efetiva notificação do
evento à Previdência Social, através de Comunicação de Acidente
de Trabalho-CAT''

II - DOS FATOS

A autora é beneficiária do instituto-Réu desde 27/06/1992 (doc.


anexo 1), inscrita no benefício sob o n° xxxxx (doc. anexo 2), fazendo
jus desde então, ao recebimento de auxílio-acidente.

Ocorre quef à época da concessão do benefício da Autora, a


legislação vigente impunha o percentual de 30% do valor do salário
Fabrício Barcelos Vieira 241 ■

de benefício em caso de acidente de trabalho como no caso da Autora,


(verificar qual o inciso em que se enquadrava: I, II ou III da Lei 8.213/
91, artigo 86.

Desde então, a Autora vem recebendo seu benefício desta forma


e neste patamar, sem qualquer alteração ou sequer revisão de seu
valor, apesar de haver legislação posterior regulando de maneira
diferenciada este tipo de benefício, que estipulou o patamar de 50%
para todos os casos.

Desta feita, a Autora não vislumbra outra alternativa, que a de se


socorrer do Judiciário para ver reparado seu direito, amparado pelo
Princípio da Igualdade, constante em nossa Lei Maior.

III - DO DIREITO

A Autora obteve a concessão do seu benefício Auxílio-Acidente,


em 27/06/1992, por ocasião, fazia jus a tal assistência conforme os
ditames da Lei da Previdência n° 8.213 de 1991 em seu artigo 86.

Estipulava então, o artigo 86 da referida Lei, que o valor do


benefício Auxíüo-Acidente deveria eqüivaler a 30% (trinta por cento)
do valor do salário de contribuição, visto estar enquadrada no inciso I
do referido artigo.

Dizia a antiga redação do artigo 86 da Lei 8.213/91:

'Art, 86. O auxílio-acidente será concedido ao segurado quando,


após a consolidação das lesões decorrentes do acidente do
trabalho, resultar seqüela que implique:
I - redução da capacidade laborativa que exija maior esforço ou
necessidade de adaptação para exercer a mesma atividade,
independentemente de reabilitação profissional;
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 242 Indenizatórios do Inss

II - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o


desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém,
não o de outra, do mesmo nível de complexidade, após reabilitação
profissional; ou
III - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o
desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém
não o de outra, de nível inferior de complexidade, após reabilitação
profissional.

§ Io O auxílio-acidente, mensal e vitalício, corresponderá,


respectivamente às situações previstas nos incisos I, II e III deste
artigo, a 30% (trinta por cento), 40% {quarenta por cento) ou 60%
(sessenta por cento) do salário de contribuição do segurado vigente
no dia do acidente, não podendo ser inferior a esse percentual do
seu salário de benefício."

No entanto, tal artigo sofreu alteração dada pela Lei n° 9.032/95,


em seu artigo 3o, que assim estabelecia:

'Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza que impliquem em redução da
capacidade funcional.
Io O auxílio-acidente mensal e vitalício corresponderá a 50%
(cinqüenta por cento) do salário de benefício do segurado. "

Infere-se assim, que aqueles segurados que obtiveram o


deferimento de seu benefício posteriormente ao advento da Lei 9 ,032/
95, alcançaram um valor maior de prestação em comparação com
aqueles segurados com benefício concedido anteriormente a referida
lei, como é o caso da Autora, em virtude da alteração do percentual
aplicado, que era de 30% (trinta por cento) e passou a ser de 50%
(cinqüenta por cento).

Esta nova sistemática de cálculo, não foi aplicada ao benefício


da Autora, que se viu em desigualdade de condições em relação
Fabrício Barcelos Vieira 243»

àqueles segurados que tem o benefício Auxílio-Acidente regido pela


Lei 9.032/95, que agora teriam um percentual de 50% (cinqüenta por
cento) do valor do salário de contribuição.

Vale ressaltar, que o instituto-Réu não realizou qualquer revisão


ou alteração no valor do benefício da Autora, isto é, novamente
privilegiou-se alguns excluindo-se outros.

Desta forma, o que se pode denotar é que o instituto-Réu está


agindo desigualmente entre os iguais, ferindo um Princípio norteador
de nossa Constituição, que é o Princípio da Isonomia ou Igualdade.

Prescreve o artigo 5o da nossa Carta Magna de 1988:

"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade,
à segurança e a propriedade, (...)".

Veja-se, portanto que o Princípio da Igualdade tem sede


explícita no texto constitucional, sendo mencionada inclusive no
Preâmbulo da Constituição. Destarte, é norma supraconstitucional;
estamos diante de um Princípio, para o qual todas as demais normas
devem obediência.

Há que se valer, portanto, do Princípio da Isonomia ou


Igualdade, no momento da elaboração da lei, apresentado-se isto
como algo lógico e coerente.

Se em épocas diferentes, se estabeleceram valores e parâmetros


diferentes para um mesmo caso, necessário e pertinente que se faça a
adequação dos casos anteriores à realidade atual, sob pena de
produzir-se uma instabilidade social.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 244 Indenizatórios do Inss

A prestação continuada da Autora, denominada Auxílio-


Acidente, tem cunho alimentar, de sobrevivência e não é de forma
alguma diferente dos benefícios Acidentários concedidos atualmente,
agora sob a égide da Lei n° 9.032/95, ou seja, calculadas à base de 50%
(cinqüenta por cento) do valor do salário de contribuição.

Com efeito, existe entendimento já pacificado no âmbito dos


tribunais de que a lei nova pode ser aplicada aos efeitos futuros de
relação jurídica preexistente, desde que se respeite o direito
adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada e, uma vez sendo a
norma posterior mais benéfica ao beneficiário, não há impedimento
de que ela seja aplicada. É que, na espécie, realça a questão social.

É cediço que a lei previdenciária, de caráter eminentemente


social, destina-se a proteger os segurados assegurando-lhes o direito
à percepção de benefícios que se constituem de meios indispensáveis
à sua manutenção em razão de incapacidade, desemprego
involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e
prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente.

O legislador, ao alterar o percentual do benefício, o faz para


adequá-lo aos novos padrões da vida social. Sendo a norma de direito
público, deve comportar interpretação extensiva, não havendo
amparo para perpetrar uma discriminação entre benefícios
concedidos em datas distintas, quando a situação jurídica é
rigorosamente idêntica.

Assim, embora o tempus regit actum seja a regra geral para


disciplinar as relações jurídicas, na hipótese, a Lei 9.032/95, por
conter normas gerais de concessão de benefícios, deve tutelar a todos
os beneficiários da previdência, sem exceção, sem que se alegue
agressão a direito adquirido ou ato jurídico perfeito.

No mesmo sentido, vários são os julgados:


Fabrício Barcelos Vieira 245 ■

"PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. RETROA-


TIVIDADE DA LEI NOVA MAIS BENÉFICA LEIS N° 8.213/91 E
9.032/95. POSSIBILIDADE.
- Em tema de concessão de benefício previdenciário decorrente de
pensão por morte, admite-se a retroação da lei instituidora, em face
da relevância da questão social que envolve o assunto.
- O art. 75, da Lei 8213/91, com a nova redação conferida pela Lei
9,032/95 é aplicável às pensões concedidas antes de sua edição,
porque imediata a sua incidência.
- Embargos de divergência conhecidos e acolhidos." (ERESP
311302 ? AL, Terceira Seção, Minha Relatoria, DJ del6/09/2002,
pág,00137).

"EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO.


MAJORAÇÃO DE COTA. ARTIGO 75 DA LEI 8.213/91,
ALTERADO PELA LEI 9.032/95. POSSIBILIDADE. INCIDÊNCIA
IMEDIATA DA LEI NOVA.
I - O artigo 75 da Lei 8.213/91, na redação da Lei 9.032/95 deve ser
aplicado em todos os casos, alcançando todos os benefícios
previdenciários, independentemente da lei vigente à época em que
foram concedidos. Precedentes,
II - Esta orientação, entretanto, não significa aplicação retroativa da
lei nova, mas sua incidência imediata, pois qualquer aumento de
percentual passa a ser devido a partir da sua vigência.
III - Embargos rejeitados." (ERESP 297274 / AL, Terceira Seção,
Relator Ministro Gilson Dipp, DJ de 07/10/2002, pág. 170).

“AÇÃO ACIDENTÁRIA - BENEFÍCIO CONCEDIDO SOB A


ÉGIDE DA LEI ANTERIOR - REAJUSTE NOS CRITÉRIOS DA LEI
9.032/95 - REGRA DE ORDEM PÚBLICA.
- Sendo a Lei 9.032/95 mais benéfica, deve incidir a todos os
filiados da Previdência Social, sem exceção, com casos pendentes
de concessão ou já concedidos.
- Em se tratando de lei de ordem pública, e visando atingir a todos
que nesta situação fática se encontram, não faz sentido
excepcionar-se sua aplicação sob o manto do direito adquirido e do
ato jurídico perfeito.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
«246 Indenizatórios do Inss

- Recurso conhecido e provido." (RESP 240.771/SC, Quinta Turma,


Relator Ministro Jorge Scartezzini, DJ de 18/?06/?2001, pág. 164),

Dentro dessa visão teleológica, não há porque a Autora


permanecer com o valor do benefício Auxílio-Acidente no mesmo
patamar que à épocar sendo que os benefícios da mesma espécie tem
um valor maior com base em um percentual maior.

E indissociável o benefício previdenciário, das necessidades


vitais básicas da pessoa humana, e a lei nova, vedada a ofensa ao ato
jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada, tem efeito
imediato e geral, alcançando as relações jurídicas que lhes são
anteriores.

Portanto, Excelência, a Autora faz jus ao novo recálculo de seu


benefício pelos argumentos apresentados.

III - DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer seja a Autarquia citada, na


pessoa de seu representante judicial, no endereço declinado no
preâmbulo para, querendo, apresentar a contestação que entender
cabível, devendo a demanda, ao final, ser julgada procedente,
condenando-a efetuar a revisão do benefício Auxílio-Acidente, a
partir de 28.04.95, na forma do artigo 86 da Lei 8.213/91, com a redação
dada pela lei 9.032/95, consistindo seu valor em renda mensal igual a
50% (cinqüenta por cento) do salário de contribuição.

Ademais, requer a condenação ao pagamento das diferenças


encontradas entre o novo valor, e o valor efetivamente pago até a
sentença definitiva, atualizadas com a incidência da correção
monetária conforme a Súmula n° 148 do E. STJ, e acrescidas de juros
Fabrício Barcelos Vieira 247 ■

moratórios de 6% ao ano, a contar da citação da autarquia até a data do


pagamento, e ainda, aos honorários advocaticios em 20%, do valor
total da condenação.

Requer, outrossim, a renúncia do crédito excedente a 60 salários


minimos, quando da atualização, para que possa a autora optar pelo
pagamento do saldo sem o precatório, conforme reza o parágrafo 4o do
artigo 17, da Lei 10259/01.

Requer, por derradeiro, que lhe seja concedida a Assistência


Judiciária Gratuita diante de sua condição, e por força da natureza da
causa, que tem cunho alimentar (declaração de pobreza anexo).

Indica as provas pertinentes, sem exclusão de qualquer.

Dá à causa o valor de R$ xxx.

Local, data

Advogado
NOTÍCIAS E ARTIGOS
PUBLICADOS
Fabrício Barcelos Vieira 251 ■

Concessão de auxílio-acidente independe da extensão do dano

Para conceder o auxílio-acidente basta haver a lesão, a redução da


capacidade laborativa e o nexo de causalidade entre o acidente e o
trabalho desenvolvido. É descabido investigar a extensão do dano
para conceder o benefício. Esse foi o entendimento da Terceira Seção
do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O caso seguiu a metodologia dos recursos representativos de


controvérsia, prevista no artigo 543-C do Código de Processo Civil. A
partir deste julgamento, os demais processos que tramitam tanto no
STJ quanto em outros tribunais sobre a mesma matéria devem ser
decididos de acordo com o entendimento do Tribunal.

No caso, o beneficiário sofreu lesão no polegar esquerdo em um


acidente de trabalho. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
considerou que não houve dano o bastante para conceder o benefício.
O trabalhador procurou a Justiça, mas não teve sucesso. O Tribunal de
Justiça de Santa Catarina (TJSC) considerou que o laudo médico não
indicava se a lesão incapacitaria o acidentado para o trabalho ou, até
mesmo, se aumentaria o seu esforço.

No recurso ao STJ, a defesa do trabalhador alegou que o artigo 86,


caput, da Lei n. 8.213/1991 teria sido desrespeitado. O artigo define os
requisitos para a concessão do auxílio-acidente. Para a defesa, não
haveria previsão legal para discutir a extensão do dano causado pelo
acidente de trabalho para a concessão do benefício.

Em seu voto, o desembargador convocado Celso Umongi, relator do


recurso, afirmou haver três pressupostos para a concessão do auxílio-
acidente: haver a lesão; a lesão reduzir a capacidade do trabalho
habitualmente exercido; e o nexo de causalidade entre o acidente e o
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 252 Indenizatórios do Inss

trabalho exercido. "Como há esses requisitos, é de rigor o


conhecimento do direito, sendo de todo descabida a investigação
quanto ao grau do prejuízo laborai", comentou o desembargador
convocado.

O magistrado também apontou já haver vários precedentes no próprio


STJ nesse sentido. Para ele, o fato de a redução ser mínima ou máxima
não interfere na concessão do benefício. O desembargador Limongi
apontou que havia, de fato, a classificação de lesões laborais em
diversos graus, entretanto não havia o caráter de exclusão em casos de
seqüela mínima, mas somente a concessão de um valor menor do
benefício. A legislação atual unificou o benefício em todos os casos.

Fonte: STJ (15-09-2010) e www.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 253 ■

Empregados domésticos poderão ter auxílio-acidente

Os empregados domésticos poderão ter direito ao auxílio-acidente. O


benefício já é pago a outras categorias de trabalhadores como
indenização ao segurado quer em decorrência de acidente, tiver
seqüelas e redução da capacidade para o trabalho habitualmente
exercido. Uma proposta nesse sentido poderá ser apreciada na
próxima reunião da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), em decisão
terminativa.

Segundo a autora do projeto (PLS n° 163/06), a então Senadora


Heloísa Helena, o objetivo é dar tratamento isonômico aos
empregados domésticos, que, segundo explica, são uma parcela de
trabalhadores "discriminada". Para ela, "não há motivação razoável
que justifique a exclusão do trabalhador doméstico do direito ao
auxílio -acidente,r.

Previdência

O projeto altera a Lei n° 8.212/91, que dispõe sobre a organização da


Seguridade Social, para prever que toda a contribuição dos
empregadores domésticos à Previdência Social, de 12% do salário de
contribuição do empregado, seja acrescida de um percentual para
financiamento do auxílio-acidente. O relator da matéria na CAS,
Senador José Nery (PSol-PA), explicou que, caso o projeto seja
convertido em lei, esse financiamento aumentará em a contribuição
do empregador, dependendo do salário pago ao empregado. Se a
remuneração for de valor até duas vezes o menor salário de
contribuição, o acréscimo será de dois pontos percentuais. Se for
maior que esse valor, será de três pontos percentuais.

Outra Lei a ser alterada éan° 8.213/91, que dispõe sobre os Planos de
Benefício da Previdência Social, para incluir o empregado doméstico
entre os beneficiários do auxílio-acidente.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário; Os Benefícios
■ 254 Indenizatórios do Inss

Para Nery, o projeto combate "uma terrível injustiça" aos trabalha­


dores domésticos. Ele citou trecho do primeiro relatório feito sobre a
proposta de Heloisa Helena, pelo então Senador Antônio João, no
qual ele vota pela extensão do auxílio-acidente a essa categoria de
trabalhadores, uma vez que, como segurados da Previdência, eles já
têm "ampla cobertura social prevista na legislação previdenciária”.

O auxílio, de acordo com a proposta, será pago a partir do dia seguinte


ao da cessação do auxílio-doença, independente de qualquer
remuneração ou rendimento pago ao acidentado. Com base do
Decreto n° 3.048/99, que aprova o regulamento da Previdência Social,
a acumulação do auxílio-acidente é vedada com qualquer
aposentadoria e ele tem valor correspondente a 50% do salário de
benefício, sendo devido até a véspera do início de qualquer
aposentadoria ou até a data de morte do segurado.

Se aprovada a matéria e não havendo recurso para que seja votada em


Plenário, seguirá para análise da Câmara.

Fonte: e_www.bachurevieira.com.br
Fabrício Barcelos Vieira 255 ■

Súmula 44 AGU
Possibilidade de acumular auxílio-acidente com
aposentadoria - 04-06-2010

SÚMULA AGU N° 44f DE 14 DE SETEMBRO DE 2009 -


DOU DE 17/09/2009

O ADVOGADO-GERAL DA UNIÁO, no uso das atribuições que lhe


conferem o art. 4o, inc. XII, e tendo em vista o disposto nos arts. 28, inc. II,
e 43, caput, § í°, da Lei Complementar^0 73, de 10 de fevereiro de Í99X

de 2001. no art. 17-A, inciso II, da Lei n° 9.650, de 27 de maio de 1998, e

o contido no Ato Regimental/AGU n° 1, de 02 de julho de 2008, resolve:

iJÉ permitida a cumulação do benefício de auxílio-acidente com

benefício de aposentadoria quando a consolidação das lesões


decorrentes de acidentes de qualquer natureza, que resulte em
seqüelas definitivas, nos termos do art. 86 da Lei n° 8.213/91, tiver
ocorrido até 10 de novembro de 1997, inclusive, dia imediatamente
anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n° 1,596-14,
convertida na Lei n° 9.528/97, que passou a vedar tal acumulação."

Legislação Pertinente:

Lein° 8,213/9L Art, 86, § 3°;


MP n° 1.596-14/97, convertida na Lei n° 9.528/97.

Precedentes:
Supremo Tribunal Federal:
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 256 Indenizatórios do Inss

AI 490365-AgR/RSr Rei. Min. SepúlvedaPertence, DJ de 31.03.06


(Ia Turma);
RE 440818-AgR/SR Rei.Min. Eros Grau, DJ de 13.10.06 (2a Turma);
AI 471265-AgR/SFf Rei. Min. Eilen Gracie, DJ de 03.02.06 (2aTurma);
AI 439136-AgR/SE Rei. Min. Cezar Peluso, DJ de 19.08.05 (Ia Turma);

Superior üibunal de Justiça:

EREsp. 431249/SP (3a Seção);


AgRREsp.753119/SP (5aTurma); EREsp. 481921/SP (3a Seção);
EREsp. 406969/SP (3a Seção); EREsp. 578378 (3a Seção);
AgR-REsp. 599396/SP (5a Turma) e EDcl-REsp. 590428/SP (6a Turma).

JOSÉ ANTÔNIO DIAS TOFFOLI

Fonte: www.bachurevieira.com.br
Fabrício Barcelos Vieira 257

Auxílio-acidente é devido apenas quando houver perda da


capacidade laborativa - 28-05-2010

Para a concessão do auxílio-acidente, o beneficiário deve comprovar a


perda de capacidade laborativa, além do dano à saúde. Esse foi o
entendimento da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
em processo relatado pelo ministro Napoleão Maia Filho. O julgamento
seguiu o rito dos processos repetitivos (artigo 543-C do Código de
Processo Civil e Resolução n. 8/2008 do STJ), que permite a aplicação
dessa decisão a todos os demais processos sobre o mesmo tema.

Um operário de obra comprovou sofrer de perda auditiva, por exercer


atividade laborativa em ambientes com elevados níveis de ruído. O
trabalhador solicitou o benefício ao Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS), porém o instituto negou, alegando que o beneficiário
não se enquadraria nas exigências para a concessão do auxílio-
acidente. O obreiro recorreu à Justiça.

No julgado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC),


considerou-se que a perda de audição diminuíra a capacidade laborai
para qualquer atividade. Além disso, não seria exigível, para a
concessão do auxílio, a total certeza do nexo causai (relação de causa e
efeito) entre a doença e as atividades exercidas pelo trabalhador.

Em recurso ao STJ, a defesa do INSS alegou que o julgado do TJSC


teria sido contrário à perícia médica, que determinou que o operário
não teria ficado incapacitado para o exercício de suas atividades
habituais. Afirmou, ainda, que o auxílio só poderia ser concedido se
fosse comprovada a redução de capacidade laborativa.

Em seu voto, o ministro Napoleão Maia Filho considerou que o artigo


84 da Lei n° 8.213/1991, que define os benefícios da Previdência
Social, estabelece que o auxílio-acidente, para casos de perda de
audição, só pode ser concedido se for comprovada perda ou redução
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 258 Indenizatórios do Inss

da capacidade de trabalho. O ministro também destacou que o perito


não indicou haver perda dessa capacidade er segundo o magistrado, o
auxílio-acidente exige a comprovação de perda da capacidade
laborativa. "Não basta, portanto, apenas a comprovação de um dano à
saúde do segurado, quando o comprometimento da sua capacidade
laborativa não se mostra configurado", apontou.

O ministro destacou que jurisprudência do STJ é clara no sentido de


negar a concessão do benefício nesse caso. Ele afirmou, ainda, que
incide a Súmula n° 7 do Tribunal, já que não houve reexame de prova,
mas apenas a valoração do conjunto probatório já presente nos autos
do processo. Com esse entendimento, o recurso do INSS foi acatado e
o auxílio-acidente suspenso.

Resp 1108298

Fonte: STJ (27-05-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 259 ■

Revisão do auxílio-acidente vai sair mais rápido -


19-04-2010 - Anay Cury

A revisão do auxílio-acidente deverá ficar mais rápida para o


segurado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que teve o
benefício concedido até abril de 1995.

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) entendeu que a correção, que


pode chegar a 67% do valor do benefício, é um recurso repetitivo.

Isso significa que o STJ não irá mais julgar ações que contestem esse
direito do segurado.

Portanto, o segurado que entrar na Justiça eliminará uma etapa do


processo todo.

Fonte: Jornal Agora/SP (18-04-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 261 ■

Auxílio-acidente é devido apenas quando houver perda da


capacidade laborativa - 28-05-2010

Para a concessão do auxílio-acidente, o beneficiário deve comprovar a


perda de capacidade laborativa, além do dano à saúde. Esse foi o
entendimento da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
em processo relatado pelo ministro Napoleão Maia Filho. O julgamento
seguiu o rito dos processos repetitivos (artigo 543-C do Código de
Processo Civil e Resolução n° 8/2008 do STJ), que permite a aplicação
dessa decisão a todos os demais processos sobre o mesmo tema.

Um operário de obra comprovou sofrer de perda auditiva, por exercer


atividade laborativa em ambientes com elevados níveis de ruído. O
trabalhador solicitou o benefício ao Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS), porém o instituto negou, alegando que o beneficiário
não se enquadraria nas exigências para a concessão do auxílio-
acidente. O obreiro recorreu à Justiça.

No julgado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC),


considerou-se que a perda de audição diminuíra a capacidade laborai
para qualquer atividade. Além disso, não seria exigível, para a
concessão do auxílio, a total certeza do nexo causai (relação de causa e
efeito) entre a doença e as atividades exercidas pelo trabalhador.

Em recurso ao STJ, a defesa do INSS alegou que o julgado do TJSC


teria sido contrário à perícia médica, que determinou que o operário
não teria ficado incapacitado para o exercício de suas atividades
habituais. Afirmou, ainda, que o auxílio só poderia ser concedido se
fosse comprovada a redução de capacidade laborativa.

Em seu voto, o ministro Napoleão Maia Filho considerou que o artigo


84 da Lei n° 8.213/1991, que define os benefícios da Previdência
Social, estabelece que o auxílio-acidente, para casos de perda de
audição, só pode ser concedido se for comprovada perda ou redução
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 262 Indenizatórios do Inss

da capacidade de trabalho. O ministro também destacou que o perito


não indicou haver perda dessa capacidade e, segundo o magistrado, o
auxílio-acidente exige a comprovação de perda da capacidade
laborativa. "Não basta, portanto, apenas a comprovação de um dano à
saúde do segurado, quando o comprometimento da sua capacidade
laborativa não se mostra configurado", apontou.

O ministro destacou que jurisprudência do STJ é clara no sentido de


negar a concessão do benefício nesse caso. Ele afirmou, ainda, que
incide a Súmula n° 7 do Tribunal, já que não houve reexame de prova,
mas apenas a valoração do conjunto probatório já presente nos autos
do processo. Com esse entendimento, o recurso do INSS foi acatado e
o auxílio-acidente suspenso.

Resp 1108298

Fonte: STJ (27-05-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 263 ■

Revisão do auxilio-acidente vai sair antes - 24-05-2010

A revisão e a concessão do auxílio-acidente podem ficar mais rápidas.


Isso porque, nos últimos meses, o STJ (Superior Tribunal de Justiça)
julgou uma série de ações previdenciárias por meio de recurso
repetitivo. Ou seja, todas as qnestões que chegarem ao tribunal sobre
o mesmo assunto serão julgadas da mesma forma, com um
entendimento consolidado.

Assim, a decisão sai com mais rapidez, beneficiando quem já entrou


com uma ação na Justiça.

A revisão do auxílio-acidente para aqueles que começaram a receber


o benefício até abril de 1995, por exemplo, já foi julgada por meio de
recurso repetitivo.

Tem direito ao reajuste quem teve o valor do auxílio concedido, antes


de 1995, menor do que 50% do salário de benefício (média das 80%
maiores contribuições desde 1994).

A revisão pode chegar a 67% (leia mais ao lado).

Além do reajuste, o segurado poderá receber atrasados (valores não


pagos pelo INSS nos últimos cinco anos) de até R$ 29.250.

Fonte: Jornal Agora/SP (23-05-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 265 ■

Revisão do auxílio-acidente vai sair mais rápido


19-04-2010 - Anay Cury

A revisão do auxílio-acidente deverá ficar mais rápida para o


segurado do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que teve o
benefício concedido até abril de 1995.

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) entendeu que a correção, que


pode chegar a 67% do valor do benefício, é um recurso repetitivo. Isso
significa que o STJ não irá mais julgar ações que contestem esse
direito do segurado. Portanto, o segurado que entrar na Justiça
eliminará uma etapa do processo todo.

Fonte: Jornal Agora/SP (18-04-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 267 ■

Doença curável também dá auxílio-acidente -12-04-2010


Anay Cury e Gisele Lobato

O pagamento do auxílio-acidente do INSS já pode ser estendido para


mais trabalhadores, segundo um novo entendimento da Justiça.

Uma decisão da Terceira Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça)


—que trata de ações previdenciárias— garantiu que um segurado
recebesse o benefício, ainda que sua incapacidade fosse parcial e que
a doença tivesse tratamento. Desde fevereiro, quando a sentença foi
publicada no “Diário Oficial" da Justiça Eletrônico, essa decisão está
valendo.

Por ter sido julgado com base na lei dos recursos repetitivos, o
entendimento deverá ser adotado por tribunais inferiores.

Fonte: Jornal Agora/SP (12-04-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 269 ■

Lei posterior não altera percentual do auxílio-acidente - 17-03-2010

O percentual que serve de base ao cálculo do benefício de auxílio-


acidente se concedido antes da Lei 9.032/95 (30% do salário de
benefício) não pode ser alterado com base em lei posterior Com esse
entendimento, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados
Especiais Federais confirmou decisão da 2a Turma Recursal de Santa
Catarina em processo no qual o segurado solicitava que seu benefício
fosse recalculado no percentual de 50% do salário de benefício, nos
termos da nova redação do artigo 86 da Lei 8.213/91.

O requerente recorreu à Turma Nacional alegando que a decisão


contrariava jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça que
tem posição consolidada no sentido de que a alteração do
percentual do auxílio-acidente deve ser aplicada aos benefícios
concedidos anteriormente.

Entretanto, como o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que a


matéria é constitucional e pronunciou-se especificamente sobre a não
aplicação da lei nova a benefícios de auxílio-acidente concedidos
antes das alterações introduzidas pela Lei 9.032/95, os Juizados, as
Turmas Recursais e a TNU vêm seguindo o posicionamento do STF.

O Supremo fixou seu entendimento pelo princípio "tempus regit


actum", considerando que a aplicação retroativa da lei mais benéfica
caracterizaria ofensa aos arts. 5o, XXXVI, e 195, § 5o, da Constituição
Federal. O mesmo princípio é aplicado com relação aos demais
benefícios previdenciários que tiveram alteração na forma de cálculo
pela mesma lei, como pensão por morte, aposentadoria por invalidez
e aposentadoria especial.

Proc. n° 2008.72.57.002291-0 - SC
Fonte: Portal da Justiça Federal (16-03-2010) ewww.bachurevieira.com.br
Fabrício Barcelos Vieira 271 ■

TJSP: Possibilidade de acúmulo de auxílio-acidente com


aposentadoria 24-02-2010

Em recente julgamento do dia 09/02/2010 (apelação n° 994.06.098831-


2), o Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu que o segurado tem
direito ao restabelecimento de seu benefício do auxílio-acidente desde
a efetiva data de cessação ocorrida com a concessão da aposentadoria
(01/12/2004), período que engloba as competências de dezembro de
2004 a abril de 2005, inexistindo razão, portanto, para devolução
específica do valor descontado, sob pena de restituição duplicada.

O relator (Des. Amaral Vieira) destacou que houve ilegalidade da


decisão da autarquia de cessar o pagamento do auxílio-acidente ao
autor em razão de lhe haver deferido a aposentadoria por idade, eis
que o evento ocupacional danoso se deu antes da vigência da Lei n°
9.528/97 (foi concedido ao obreiro o auxílio-acidente a partir de
01.02.1991).

O julgado aponta que faz ele jus a seu recebimento em caráter


vitalício, como lhe assegurava à época o § Io do art. 6o da Lei 6.367/76,
cuidando-se destarte de direito adquirido, imutável por força do
princípio tempus regit actum. Em outras palavras, como os de toda
regra nova, seus efeitos dirigem-se para o futuro e, por isso mesmo,
não retroagem para alcançar fatos pretéritos, tanto mais quando
venham a ferir direito adquirido.

Dentre os vários argumentos, a decisão ressalta que a própria


Advocacia Geral da União, a quem incumbe a defesa da autarquia-ré,
que editou em 14 de setembro de 2009 a Súmula 44, de seguinte teor:

É permitida a cumulação do benefício de auxílio-acidente com


benefício de aposentadoria quando a consolidação das lesões
Auxílio Acidento Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 272 Indenizatórios do Inss

decorrentes de acidentes de qualquer natureza, que resulte em


seqüelas definitivas, nos termos do art. 86 da Lei n° 8.213/91, tiver
ocorrido até 10 de novembro de 1997, inclusive, dia imediatamente
anterior à entrada em vigor da Medida Provisória n° 1.596-14,
convertida na Lei n° 9.528/97, que passou a vedar tal acumulação."

A autarquia foi condenada a restabelecer o benefício do autor, desde a


data de cessação, e a pagar as parcelas em atraso (já abarcada por esta
disposição a devolução do valor indevidamente descontado),
respeitada a prescrição qüinqüenal.

Fonte: www.bachurevieira.com.br
Fabrício Barcclos Vieira 273 ■

RECURSO REPETITIVO:

Auxílio-acidente é devido mesmo se a lesão for


reversível - 08-02-2010

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu, conforme o rito da


Lei dos Recursos Repetitivos (Lei n° 11.672/08), que uma pessoa que
tenha adquirido lesão caracterizada como causadora de incapacidade
parcial e permanente tem direito a receber auxílio-acidente por parte
do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mesmo que essa lesão
tenha caráter reversível. Com base em tal interpretação, o tribunal
rejeitou recurso do INSS e garantiu o direito de uma segurada de São
Paulo ao benefício.

A segurada obteve o auxílio, mas, diante da comprovação de que o seu


caso poderia vir a retroceder mediante procedimentos médicos,
medicamentos e tratamentos específicos, o INSS alegou que “a
concessão do auxílio-acidente só é possível quando se tratar de
moléstia permanente".

No STJ, o relator do recurso, ministro Arnaldo Esteves lima, explicou


que é ponto pacificado dentro do superior tribunal, que "a
possibilidade ou não de irreversibilidade da doença deve ser
considerada irrelevante".

Tratamento

O entendimento dos ministros é de que, "estando devidamente


comprovado o nexo de causalidade entre a redução parcial da
capacidade para o trabalho da pessoa e o exercício de suas funções
laborais habituais, não é cabível afastar a concessão do auxílio-
acidente somente pela possibilidade de desaparecimento dos
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 274 Indenizatórios do Inss

sintomas da patologia que acomete o segurado, em virtude de


tratamento ambulatorial ou cirúrgico".

E, no caso em questão, a própria argumentação do INSS afirma,


textualmente, que o surgimento da doença na segurada é
conseqüência das atividades laborais desenvolvidas por ela.

Conforme o STJ, a Lei n. 8,213/91 - referente à concessão de auxílio-


doença acidentário - estabelece, para ser concedido o auxílio-
acidente, a necessidade de que o segurado empregado (exceto o
doméstico, o trabalhador avulso e o segurado especial) tenha redução
permanente da sua capacidade laborativa em função de acidente de
qualquer natureza. A mesma lei também considera, em seu artigo 20,
como acidente de trabalho "a doença profissional, proveniente do
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade”.

Fonte: STJ (08-02-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 275 ■

Justiça amplia direito ao auxílio-acidente - 05-02-2010

Os segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que


sofrem um acidente ou doença fora do trabalho podem conseguir o
auxílio-acidente. O benefício, que só é concedido pelo INSS para
quem sofre o acidente ou doença dentro do trabalho, é garantido pelo
TRF 3 (Tribunal Regional Federal da 3a Região), que atende São Paulo
e o Mato Grosso do Sul.

O auxílio-acidente é concedido para quem tem a capacidade de


trabalho reduzida e é obrigado a deixar a ocupação que exercia
anteriormente, mas que pode continuar trabalhando em outra
atividade. Funciona como um tipo de indenização ao segurado.

Segundo uma decisão do TRF 3, de outubro de 2009, a lei garante o


auxílio a quem sofrer uma doença ou acidente de qualquer natureza.
A lei que estabelecia que o benefício só seria válido para acidentes
relacionados ao trabalho mudou em 28 de abril de 1995.

Fonte: Jornal Agora/SP (05-02-2010) e www.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 277 ■

Justiça garante a revisão do auxílio-acidente - 21-01-2010


Paulo Muzzolon

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que os trabalhadores


que tiveram o auxílio-acidente concedido pelo INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social) até abril de 1995 têm direito a uma
revisão que pode chegar a 67%.

Essa foi a decisão final do tribunal sobre o tema. Ou seja, o STJ não irá
mais julgar ações que contestem esse direito ao segurado. Além disso,
se os tribunais inferiores tiverem o mesmo entendimento, não haverá
mais chance de o INSS ganhar o recurso, acelerando a decisão final
da Justiça para o segurado.

A decisão foi publicada no "Diário Oficial" Eletrônico da Justiça no


dia 3 de novembro

Fonte: Jornal Agora/SP (20-01-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 279

Auxílio-acidente não deve ser inferior a R$ 510 - 05-01-2010


Luciana Lazarini

O valor do auxílio-acidente, pago aos segurados do INSS (Instituto


Nacional do Seguro Social) quando sofrem um acidente que reduz a
capacidade de trabalho, não deve ser menor do que o salário mínimo
vigente. Esse foi o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal)
diante da ação de um segurado que, depois de ter o direito negado
pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decidiu recorrer.

De acordo com as regras seguidas pelo INSS, o auxílio-acidente


eqüivale a 50% do salário de benefício (valor da aposentadoria
integral) do segurado e é pago após o fim da concessão do auxílio -
doença.

Na decisão, o Supremo considerou o que está previsto na Constituição


para garantir que o segurado não recebesse menos do que o valor do
salário mínimo. "Nenhum beneficio que substitua o salário de
contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor
mensal inferior ao salário mínimo", diz a decisão.

Fonte: Jornal Agora/SP (05-01-2010) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 281 ■

Quem tem lesão reversível recebe auxílio-acidente - 10-12-2009

A 3a Seção do Superior Tribunal de Justiça reconheceu que o auxílio-


acidente é devido quando demonstrado o nexo de causalidade entre a
redução de natureza permanente da capacidade laborativa e a
atividade profissional desenvolvida. O STJ entendeu, ainda, que é
irrelevante a possibilidade de reversibilidade da doença.

A questão foi decidida conforme o rito da Lei dos Recursos Repetitivos


(Lei 11.672/08) e garantiu a um homem, em São Paulo, o benefício
previdenciário do auxílio-acidente, mesmo no caso da lesão se
caracterizar como causadora de incapacidade parcial e permanente,
passível de tratamento, ou seja, reversível.

O recurso especial foi interposto ao STJ por um cidadão que alegou


ter sido submetido a situações agressivas de trabalho, o que lhe
acarretou tendinite no ombro direito, com irradiação no membro
superior direito (bursite subacromial /subdelatóidea, segundo o laudo
médico). O problema reduziu sua capacidade laborativa "de forma
parcial e permanente" e por isso, segundo o argumento da defesa, faz
jus à concessão de auxílio-acidente.

O juiz da primeira instância, no entanto, considerou que, embora o


homem tenha problemas de saúde, o pedido seria improcedente pelo
fato de estar ausente, no caso, a "incapacidade parcial e permanente
do segurado". A razão seria devido ao fato da lesão ser de caráter leve
e ter possibilidade de tratamento (fisioterapia e cirurgia). Nas
instâncias ordinárias existia o entendimento de que seriam tidos
como requisitos para a concessão do auxílio-acidente por parte do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), além do infortúnio, do
nexo causai e da redução da capacidade laborativa, a chamada
"irreversibilidade da moléstia".
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 282 Indenizatórios do Inss

Para o STJ, contudo, a possibilidade ou não de irreversibilidade da


doença deve ser considerada "irrelevante". "Estando devidamente
comprovado, na presente hipótese, o nexo de causalidade entre a
redução parcial da capacidade para o trabalho e o exercício de suas
funções laborais habituais, não é cabível afastar a concessão do
auxílio-acidente somente pela possibilidade de desaparecimento dos
sintomas da patologia que acomete o segurado, em virtude de
tratamento ambulatorial ou cirúrgico", destacou o relator do processo
no tribunal, ministro Napoleão Nunes Maia Filho.

O entendimento dos ministros do STJ foi de que a Lei 8.213/91 —


referente à concessão de auxílio-doença acidentário — estabelece,
para ser concedido o auxílio-acidente, no artigo 86, a necessidade de
que o segurado empregado (exceto o doméstico, o trabalhador avulso
e o segurado especial) tenha redução permanente da sua capacidade
laborativa em função de acidente de qualquer natureza. A mesma lei
também considera, em seu artigo 20, como acidente de trabalho "a
doença profissional, proveniente do exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade", enquadrando-se nesse caso "as lesões
decorrentes de esforços repetitivos".

Com base em tais considerações, a 3a Seção, por unanimidade, julgou


procedente o pedido e determinou a concessão de auxílio-acidente no
percentual de 50% do salário de benefício, a partir da data de citação.
Tal valor deverá ser acrescido de correção monetária a partir do
vencimento de cada parcela e de juros de mora de 1% ao mês, contados
da citação até o efetivo cumprimento do julgado.

Resp 1.112.886

Fonte: CONJUR (09-12-2009) e www.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 283 ■

Superior Tribunal de Justiça decide, em recurso repetitivo, que


pessoa com lesão reversível também pode receber
auxílio-acidente - 08-12-2009

A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu


que o auxílio-acidente é devido quando demonstrado o nexo de
causalidade entre a redução de natureza permanente da capacidade
laborativa e a atividade profissional desenvolvida, sendo irrelevante
a possibilidade de reversibilidade da doença.

A questão foi decidida conforme o rito da Lei dos Recursos Repetitivos


(Lei n° 11.672/08) e garantiu a um homem, em São Paulo, o benefício
previdenciário do auxílio-acidente, mesmo no caso da lesão se
caracterizar como causadora de incapacidade parcial e permanente,
passível de tratamento (ou seja, reversível).

O recurso especial foi interposto ao STJ por um cidadão que alegou


ter sido submetido a situações agressivas de trabalho, o que lhe
acarretou tendinite no ombro direito, com irradiação no membro
superior direito (bursite subacromial/subdelatóidea, segundo o laudo
médico). O problema reduziu sua capacidade laborativa "de forma
parcial e permanente" e por isso, segundo o argumento da defesa, faz
jus à concessão de auxílio-acidente.

O juiz da primeira instância, no entanto, considerou que, embora o


homem tenha problemas de saúde, o pedido seria improcedente pelo
fato de estar ausente, no caso, a "incapacidade parcial e permanente
do segurado". A razão seria devido ao fato da lesão ser de caráter leve
e ter possibilidade de tratamento (fisioterapia e cirurgia). Nas
instâncias ordinárias existia o entendimento de que seriam tidos
como requisitos para a concessão do auxílio-acidente por parte do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), além do infortúnio, do
nexo causai e da redução da capacidade laborativa, a chamada
"irreversibilidade da moléstia".
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 284 Indenizatórios do Inss

Irrelevância

Para o STJ, contudo, a possibilidade ou não de irreversibilidade da


doença deve ser considerada "irrelevante". "Estando devidamente
comprovado, na presente hipótese, o nexo de causalidade entre a
redução parcial da capacidade para o trabalho e o exercício de suas
funções laborais habituais, não é cabível afastar a concessão do
auxílio-acidente somente pela possibilidade de desaparecimento dos
sintomas da patologia que acomete o segurado, em virtude de
tratamento ambulatorial ou cirúrgico", destacou o relator do processo
no tribunal, ministro Napoleão Nunes Maia Filho.

O entendimento dos ministros do STJ foi de que a Lei n. 8.213/91 -


referente à concessão de auxílio-doença acidentário - estabelece,
para ser concedido o auxílio-acidente, no artigo 86, a necessidade de
que o segurado empregado (exceto o doméstico, o trabalhador avulso
e o segurado especial) tenha redução permanente da sua capacidade
laborativa em função de acidente de qualquer natureza. A mesma lei
também considera, em seu artigo 20, como acidente de trabalho "a
doença profissional, proveniente do exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade" - enquadrando-se nesse caso "as lesões
decorrentes de esforços repetitivos".

Com base em tais considerações, a Terceira Seção, por unanimidade,


julgou procedente o pedido e determinou a concessão de auxílio-
acidente no percentual de 50% do salário de benefício, a partir da data
de citação. Tal valor deverá ser acrescido de correção monetária a
partir do vencimento de cada parcela e de juros de mora de 1% ao mês,
contados da citação até o efetivo cumprimento do julgado.

Processo: Resp 1112886

Fonte: STJ (07-12-2009) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 285

Incapacidade parcial garante auxílio-acidente - 07-12-2009


Anay Cury

O trabalhador que tem algum tipo de doença decorrente de sua


atividade pode ter direito ao pagamento do auxílio-acidente do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social), ainda que a incapacidade seja
parcial e que a enfermidade tenha tratamento.

A decisão é da Terceira Seção do STJ (Superior Tribunal de Justiça) —


que trata de ações previdenciárias —, e deverá ser publicada no
"Diário Oficial" da Justiça Eletrônico nos próximos dias. Por ter sido
julgado com base na lei dos recursos repetitivos, o entendimento
deverá ser adotado por tribunais inferiores.

Fonte: Jornal Agora/SP (07-12-2009) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 287 ■

Surdez garante auxílio-acidente - 09-11-2009

O segurado Paulo Depintor trabalhou como técnico em eletrônica e


esteve exposto à radiação ionizada, o que resultou em redução de sua
capacidade auditiva.

De acordo com o segurado, a doença foi relatada no exame


demissional. Ele trabalhou cerca de 15 anos na função e quer saber se
tem direito a algum benefício ou à contagem especial.

Atualmente, a empresa não existe mais.

De acordo com o advogado Daisson Portanova, do escritório Gueller e


Portanova Sociedade de Advogados, o segurado tem direito à
contagem especial, mas para isso, é preciso apresentar alguma prova
da exposição aos agentes nocivos. É possível que na documentação da
massa falida da empresa existam laudos contemporâneos da época
em que o segurado trabalhou, com indicação de insalubridade do
ambiente de trabalho.

Também é possível comprovar essa situação com os registros de


pagamento de insalubridade ou periculosidade nos contracheques.

O segurado também pode usar como prova de insalubridade alguma


sentença na Justiça trabalhista contra a empresa, que reconheça a
insalubridade para a função que ele exercia. Como a surdez é lesão
permanente, o segurado teria direito também ao auxílio-acidente.

Esse benefício corresponde a 50% do valor do salário de benefício e é


pago quando o segurado tem seqüelas por conta de acidente ou
doença de trabalho. "Nesse caso, o exame demissional servirá de
prova", afirma o advogado.

Fonte: Jornal Agora/SP (09-11-2009) e www.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 289 ■

Nova Súmula da AGU: Segurado pode acumular grana da


aposentadoria e do auxílio-acidente -16-09-2009

INSS aceita acúmulo de auxílio com aposentadoria

Os segurados do INSS que tiveram o auxílio-acidente concedido ou


doença que dá origem ao benefício entre 24 de julho de 1991 e 10 de
dezembro de 1997 podem continuar recebendo o auxílio com a
aposentadoria.

A Justiça já entende dessa forma. Agora, uma súmula —entendimento


para ser seguido pelos procuradores do INSS— da AGU (Advocacia
Geral da União), que defende a União na Justiça, determina que esse
tipo de acúmulo é permitido, independentemente de quando o
segurado se aposentou.

Na prática, o segurado ainda deve continuar procurando a Justiça


para receber os dois pagamentos. No entanto, a revisão deverá sair
com mais rapidez, já que o INSS não deverá mais recorrer.

Quem já se aposentou e perdeu o auxílio pode pedir na Justiça o


retomo do pagamento e o que deixou de receber nos últimos cinco
anos. O segurado que ainda não se aposentou pode pedir ao INSS que
o auxílio não seja cancelado na hora da aposentadoria. Se o instituto
negar, ele deverá procurar a Justiça.

‘A princípio, a revisão, agora, deverá ser concedida já na primeira


instância, sem haver mais recursos por parte do INSS", diz o
advogado previdenciário Daisson Portanova. Segundo ele, a decisão
final poderá sair em até três meses. Hoje, o segurado pode esperar por
mais de três anos para receber os dois benefícios.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 290 indenizatórios do Inss

Para o advogado Gabriel Garcia, a mudança é boa, mas ainda não


resolve todos os problemas. "O aposentado que desejar buscar o seu
direito continuará tendo de ajuizar demandas judiciais.

Doença

Segundo a AGU, o acúmulo também é válido para aqueles que


tiveram o auxílio concedido após a mudança nas regras, se as lesões
que originaram o benefício foram consolidadas quando vigorava o
regulamento antigo.

Ou seja, se o problema começou enquanto o acúmulo era válido, mas o


auxílio só foi concedido depois, o segurado também pode acumular os
dois benefícios.

Em julho de 1991, uma lei estabeleceu que o auxílio-acidente é um


benefício vitalício. O segurado continuava a recebê-lo após a
aposentadoria. Depois, em dezembro de 1997, a lei mudou, e o
segurado passou a receber o auxílio só até a aposentadoria.

"Mas a Justiça entende que o direito ao acúmulo, para quem recebeu


o auxílio na vigência da lei que permitia o recebimento dos dois
benefícios, não prescreve, mesmo que a aposentadoria tenha sido
concedida depois do novo regulamento", diz Portanova. O INSS não
comentou a súmula.

Benefício é pago após acidente

O auxílio-acidente do INSS é pago para os segurados que, devido a


algum acidente ou doença do trabalho, foram obrigados a mudar de
ocupação, mas cuja incapacidade não foi tão grande a ponto de tomá-
lo inválido.
Fabrício Barcelos Vieira 291 ■

O benefício é concedido após o pagamento do auxílio-doença para


aqueles que tiveram sua capacidade de trabalho reduzida.

O valor do auxílio-acidente é igual a metade do salário de benefício


(aposentadoria integral). Ele continua sendo pago mesmo se o
segurado voltar a trabalhar, como forma de compensação pela redução
na capacidade de trabalho.

Atualmente, o benefício deixa de ser pago quando o trabalhador se


aposenta. Por outro lado, ao contrário do que ocorria antes da
mudança nas regras, esse auxílio entra no cálculo da aposentadoria,
integrando o salário de contribuição do segurado (até o teto do INSS).

Se o trabalhador tem um salário de R$ 1.000 e recebe R$ 500 de


auxílio-acidente, seu salário de contribuição acaba sendo R$ 1.500.
Assim, sua média salarial, para fins de aposentadoria, pode aumentar.

Quem tem direito a receber os dois benefícios, segundo o


entendimento da AGU (Advocacia Geral da União), precisa ir à
Justiça.

Fonte: Jornal Agora/SP (16-09-2009) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 293 ■

Demitido pode ter auxílio-acidente - 22-07-2009

Entre as regras publicadas ontem, o INSS também estabelece que o


segurado que foi demitido pode pedir o auxílio-acidente (que garante
uma renda de 50% do valor da aposentadoria até o segurado se
aposentar). Neste caso, o benefício pode ser pago mesmo se o
trabalhador arranjar outro emprego.

Antes, o trabalhador tinha que estar empregado e recebendo um


auxílio-doença para ter o auxílio-acidente.

Com a alteração, mesmo se o segurado foi demitido indevidamente


pela empresa, ele pode ter o pagamento do benefício por acidente.

Para ter direito ao auxílio-acidente, o segurado precisa ter alguma


seqüela permanente que reduz a sua capacidade de trabalho. Essa
seqüela deve ter relação com a doença ou acidente que deu origem ao
auxílio-doença.

O INSS aproveitou a IN 40 para corrigir uma deficiência no sistema


que armazena os registros de contribuições.

Em muitas contribuições registradas entre abril de 1973 e fevereiro


de 1994, o INSS só tem a informação sobre o mês pago, quando o
correto seria ter o registro da data do pagamento com o dia e o mês.
Como o INSS não tem como recuperar essa informação, a IN 40
determina que todos esses meses sejam considerados como pagos
no dia do vencimento (e contados, assim, para os efeitos de
carência do segurado).

Antes da IN 40, se não havia a data do pagamento da contribuição, o


servidor do INSS não tinha como calcular até que data o segurado
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 294 Indenizatórios do Inss

ainda tinha direito aos benefícios, e negava o pedido porque o prazo


de carência poderia ter acabado.

Fonte: Jornal Agora (22/07/2009) ewww.bachurevieira.com.br


Fabrício Barcelos Vieira 295 ■

Auxílio Acidente1

Escrito Por: Tiago Faggioni Bachur e Fabrício Barcelos Vieira

Para muitos, o INSS (Instituto Nacional do 'Seguro Social') tem a


natureza de verdadeira 'seguradora', isto é, o trabalhador paga para
ter direito a benefícios no caso de acidente, doença inesperada, idade
avançada etc.

Isso quer dizer que se a pessoa não puder, ou não quiser trabalhar
mais porque ficou idosa, terá direito a aposentadoria por idade; se
perder a renda porque ficou doente, terá o auxílio-doença ou
aposentadoria por invalidez; se falecer, terá dependentes recebendo
pensão por morte e assim por diante.

Para ter direito aos benefícios previdenciários, via de regra, o


segurado (é esse o nome que recebe quem está 'acobertado' pelo
INSS) tem que preencher alguns requisitos. E um destes benefícios
pagos pela Previdência Social é o auxílio-acidente, muitas vezes
confundido com auxílio-doença, aquele pago quando o segurado fica
doente ou se acidenta (podendo ou não ser decorrente do trabalho) e
dura enquanto ele permanecer nesta condição, cessando quando o
contribuinte “sara"ou retorna ao trabalho. Para o auxílio-doença a
incapacidade é total e temporária.

Já o auxílio-acidente, tema principal deste texto, é pago após a 'altaF,


já que a incapacidade parcial e permanente poderá durar para

1 Disponível no “Jornal Comércio da Franca” também em http://www.comerciodalTanca.com.br/


matéria. php?id=47243 (acessado em 04-09-2009). Também disponível na “Rede LFG de Ensi­
no”, no “Blog de Professores” também em http://www.lfg.com.br/public_btml/
article.php?story=20090908115913722. Como citar este artigo: BACHUR, Tiago Faggioni;
VIEIRA, Fabrício Barcelos. Auxílio-acidente - o benefício que pode ser pago junto com o
salário^Disponível em http://www.lfg.com.br. 09 de setembro de 2009.
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 296 Indenizatórios do Inss

sempre. O segurado pode, sim, voltar ao trabalho, mesmo tendo


diminuída sua capacidade produtiva, por conta de seqüelas,

Para entender melhor, imagine que um segurado se acidenta


trabalhando ou jogando bola e submete-se a cirurgia para colocação
de parafusos na perna. Neste momento estará incapacitado total e
temporariamente, pois ficará afastado do trabalho por 90 dias.
Receberá, então, o auxílio-doença. Após os 90 dias, poderá voltar ao
serviço, mas supondo que a lesão tenha gerado, digamos, diminuição
da força da perna, possibilitará que receba auxílio-acidente, eis que a
capacidade é parcial e permanente.

O auxílio-acidente é pago até a véspera da aposentadoria e corresponde


a 50% do valor do salário de benefício do auxílio-doença. O segurado que
recebe o auxílio-acidente pode trabalhar e receber o benefício e, quando
for se aposentar, terá computado tais valores no cálculo.

No exemplo que apresentei, se o segurado recebeu auxílio-doença de


R$ 910,00, receberá R$ 500,00 de auxílio-acidente. Se estiver
trabalhando, recebe o seu salário - R$ 1 mil, também a exemplo -
mais o auxího-acidente. Quando for se aposentar, o valor computado a
título de salário de contribuição será de R$ 1,5 mil, correspondente ao
salário somado ao auxílio-acidente.

Todavia, legislação anterior dizia que o auxílio-acidente era vitalício,


ou seja, o segurado receberia até depois de aposentado. A mudança -
ocasionada pela Lei n° 9528/97 - não permite a cumulação, mas como
ressaltado, 'soma' com o salário para a apuração da aposentadoria.

Na prática, o INSS comete alguns erros:1 cortar o benefício daqueles que


tinham o direito adquirido (isto é, acidentaram-se antes da mudança da
lei, quando na verdade deveria mantê-lo após aposentado) ou não soma o
valor do auxílio-acidente para aqueles que tiveram a concessão do
benefício após a nova lei. Em qualquer situação, deve o segurado
procurar um especialista que possa ajudá-lo a resguardar seus direitos.
Fabrício Barcelos Vieira 297 ■

NORMAS SOBRE AUXÍLIO-ACIDENTE

1. Lei n° 8.213/1991:

U)
Subseção XI
Do Auxílio-Acidente

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização,


ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente
exercia. (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 1997)

§ Io O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinqüenta por


cento do salário de benefício e será devido, observado o disposto no §
5o, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do
óbito do segurado. (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 1997)

§ 2o O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao


da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria. (Redação dada pela Lei n°
9.528, de 1997)

§ 3o O recebimento de salário ou concessão de outro benefício,


exceto de aposentadoria, observado o disposto no § 5o, não
prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-
acidente. (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 1997)

§ 4o (Revogado pela Lei n° 9.032, de 1995)


Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 298 Indenizatórios do Inss

§ 4o A perda da audição, em qualquer grauf somente


proporcionará a concessão do auxílio-acidente, quando, além do
reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar,
comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o
trabalho que habitualmente exercia. (Restabelecido com nova
redação pela Lei n° 9.528, de 1997)

§ 5o.(Revogado pela Lei n° 9.032, de 1995).

(...)

2. Decreto 3.048/1999:

(...)
Subseção VIII
Do Auxílio-acidente

Art. 104. O auxílio-acidente será concedido, como indenização,


ao segurado empregado, exceto o doméstico, ao trabalhador avulso e
ao segurado especial quando, após a consolidação das lesões
decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela
definitiva, conforme as situações discriminadas no anexo III, que
implique: (Redação dada pelo Decreto n° 4.729, de 2003)

I - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente


exerciam; (Redação dada pelo Decreto n° 4.729, de 2003)

II - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente


exerciam e exija maior esforço para o desempenho da mesma
atividade que exerciam à época do acidente; ou

III - impossibilidade de desempenho da atividade que


exerciam à época do acidente, porém permita o desempenho de outra,
Fabrício Barcelos Vieira 299

após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela


perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social.

§ lü O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinqüenta por


cento do salário de benefício que deu origem ao auxílio-doença do
segurado, corrigido até o mês anterior ao do início do auxílio-acidente
e será devido até a véspera de início de qualquer aposentadoria ou até
a data do óbito do segurado.

§ 2üO auxílio-acidente será devido a contar do dia seguinte ao


da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer
remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua
acumulação com qualquer aposentadoria.

§ 3Ü O recebimento de salário ou concessão de outro benefício,


exceto de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do
recebimento do auxílio-acidente.

§ 4° Não dará ensejo ao benefício a que se refere este artigo o caso:

I - que apresente danos funcionais ou redução da capacidade


funcional sem repercussão na capacidade laborativa; e

II - de mudança de função, mediante readaptação profissional


promovida pela empresa, como medida preventiva, em decorrência de
inadequação do local de trabalho..

§ 5o A perda da audição, em qualquer grau, somente


proporcionará a concessão do auxílio-acidente quando, além do
reconhecimento do nexo entre o trabalho e o agravo, resultar,
comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o
trabalho que o segurado habitualmente exercia. (Redação dada pelo
Decreto n° 6.939, de 2009)
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 300 Indenizatórios do Inss

§ 6fl No caso de reabertura de auxílio-doença por acidente de


qualquer natureza que tenha dado origem a auxílio-acidente, este
será suspenso até a cessação do auxílio-doença reaberto, quando será
reativado,

§ 7o Cabe a concessão de auxílio-acidente oriundo de


acidente de qualquer natureza ocorrido durante o período de
manutenção da qualidade de segurado, desde que atendidas às
condições inerentes à espécie. (Redação dada pelo Decreto n° 6.722,
de 2008).

§ 8Q Para fins do disposto no caput considerar-se-á a


atividade exercida na data do acidente. (Incluído pelo Decreto n°
4.729, de 2003)

(...)

3. Instrução Normativa n° 45/2010

U)

Subseção IX -
Do auxílio-acidente

Art. 311. O auxílio-acidente será devido ao segurado


empregado, exceto o doméstico, ao trabalhador avulso e ao segurado
especial, e a partir de 31 de dezembro de 2008, data da publicação
do Decreto n° 6.722, de 2008, quando oriundo de acidente de
qualquer natureza ocorrido durante o período de manutenção da
qualidade de segurado, desde que atendidos os requisitos exigidos
para o benefício.
Fabrício Barcelos Vieira 301 ■

Art. 312.0 auxílio-acidente será concedido como indenização,


condicionado à confirmação pela perícia médica do INSS quando,
após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer
natureza, resultar seqüela definitiva, discriminadas no Anexo III do
RPS, que implique:

I - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente


exercia;

II - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente


exercia, exigindo maior esforço para o desempenho da mesma
atividade da época do acidente; ou

III - impossibilidade do desempenho da atividade que exercia a


época do acidente, porém permita o desempenho de outra, após
processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia
médica do INSS.

§ Io O auxílio-acidente também será devido ao segurado que,


indevidamente, foi demitido pela empresa no período em que estava
recebendo auxílio-doença decorrente de acidente de qualquer
natureza, e que as seqüelas definitivas resultantes estejam conforme
discriminadas nos incisos do caput.

§ 2o Não caberá a concessão de auxílio-acidente de qualquer


natureza ao segurado:

I - empregado doméstico, contribuinte individual e facultativo;

II - que na data do acidente não detinha mais a qualidade de


segurado;
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
■ 302 Indenizatórios do Inss

III - que apresente danos funcionais ou redução da capacidade


funcional sem repercussão na capacidade laborativa; e

IV - quando ocorrer mudança de função, mediante readaptação


profissional promovida pela empresa, como medida preventiva, em
decorrência de inadequação do local de trabalho.

§ 3o Para fins do disposto no caput considerar-se-á a atividade


exercida na data do acidente.

§ 4o Para requerimentos efetivados até 30 de dezembro de 2008,


véspera da publicação do Decreto n° 6.722, de 2008, tratando-se de
reabertura de auxílio-doença por acidente do trabalho na condição de
desempregado, e após sua cessação, ocorrer indicação pela perícia
médica de recebimento de auxílio-acidente, deverá ser verificado
para direito ao benefício, se a DII do auxilio-doença foi fixada até o
último dia de trabalho do vínculo onde ocorreu o acidente.

§ 5o Observado o disposto no art. 104 do RPS, o médico


residente fará jus ao beneficio de que trata este artigo, quando o
acidente tiver ocorrido até 26 de novembro de 2001, data da
publicação do Decreto n° 4.032, de 26 de novembro de 2001.

Art. 313. O auxílio-acidente decorrente de acidente de qualquer


natureza é devido desde 29 de abril de 1995, data da publicação
da Lei n° 9.032, de 1995, independentemente da DIB que o precedeu,
se atendidas todas as condições para sua concessão.

Art. 314. Quando o segurado em gozo de auxílio-acidente fizer


jus a um novo auxílio-acidente, em decorrência de outro acidente ou
de doença, serão comparadas as rendas mensais dos dois benefícios e
mantido o benefício mais vantajoso.
Fabrício Barcelos Vieira 303 ■

Art. 315. Para apurar o valor da renda mensal do auxílio-


acidente deverá ser observado o disposto no art. 188.

Art. 316. O auxílio-acidente será suspenso quando da concessão


ou da reabertura do auxílio-doença, em razão do mesmo acidente ou
de doença que lhe tenha dado origem, observado o disposto no § 3o
do art. 75 do RPS.

§ Io O auxílio-acidente suspenso será restabelecido após a


cessação do auxílio-doença concedido ou reaberto.

§ 2o O auxílio-acidente suspenso será cessado, se concedida


aposentadoria, salvo nos casos em que é permitida a acumulação,
observado o disposto no art. 191.

Art. 317. Ressalvado o direito adquirido, na forma do inciso V do


art. 421 não é permitido o recebimento conjunto de auxílio-acidente
com aposentadoria, a partir de 11 de novembro de 1997, data da
publicação da Lei n° 9.528, de 1997, devendo o auxílio-acidente ser
cessado:

I - no dia anterior ao início da aposentadoria ocorrida a partir


dessa data;

II - na data da emissão de CTC na forma da contagem recíproca; ou

III - na data do óbito, observado o disposto no art. 191.


Cursos e Palestras

Acreditando que o conhecimento não deve ser guardado, mas


transmitido a todos aqueles que possam fazer bom uso dele, os
professores Tiago Faggioni Bachur e Fabrício Barcelos Vieira
montaram o curso "Teoria e Prática do Direito Previdenciário".

O objetivo do curso "TEORIA E PRÁTICA DO


PREVIDENCIÁRIO" é capacitar o profissional que atua (ou queira
atuar) na área previdenciária, explicando e analisando os benefícios
pagos pelo Regime Geral de Previdência (INSS). Moderno e
dinâmico, o curso demonstra os principais erros cometidos pelo INSS,
como realizar os cálculos dos benefícios, etc.

O curso "TEORIA E PRÁTICA DO PREVIDENCIÁRIO", ainda,


procura dar a exata noção de como o profissional deve proceder diante
de situações concretas, orientando-o de como atingir seus objetivos,
ensinando técnicas de como se portar frente às mais diversas
circunstâncias que encontrará no decorrer de sua carreira.

A linguagem, de fácil compreensão, possibilita o entendimento


da matéria, mesmo para aqueles que nunca militaram na área
previdenciária.

Além do curso "TEORIA E PRÁTICA DO DIREITO


PREVIDENCIÁRIO", os professores Bachur e Vieira também
ministram palestras e cursos sobre temas específicos (como
"Desaposentação", "Aprenda a Calcular sua Aposentadoria",
"Aposentadoria por Mandado de Segurança", "Benefícios
Incapacitantes”, "LOAS", "Aposentadoria Especial: como se
aposentar mais cedo e melhor", "Revisões e Cálculos
Previdenciários", 'Advogado como contribuinte/segurado do INSS:
Tudo o que você precisa saber e não faz", etc.), para OABs, sindicatos,
Auxílio Acidente Previdenciário e Acidentário: Os Benefícios
306 Indenizatórios do Inss

associações, faculdades, escolas, entidades, etc., onde além de


conscientizarem os trabalhadores e advogados sobre os seus direitos,
demonstram a melhor maneira deles contribuírem, aposentarem e
requererem seus benefícios.

-Com essa visão e uma moderna forma de ensinar, os cursos e


palestras são sucesso de público por onde passam.

Para maiores informações sobre cursos e palestras, acesse o site


www.bachurevieira.com.br ou entre em contato enviando sua
mensagem para bachurevieira@bachurevieira.com.br.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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acidentárias previdenciárias face às transformações no mundo do
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