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SUINOCULTURA

Prof. Marcelo José Milagres de Almeida

Setor de Ensino a Distância


Barbacena – MG
2011
Prezado aluno,

O Campus Barbacena – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do


Sudeste de Minas Gerais lhe deseja boas vindas.
É o início de uma fase de sua vida que será marcada por muito trabalho. Você
encontrará pela frente, muitas experiências novas, interessantes e carregadas de emoções para
vivenciar cada fase do Curso Técnico em Agropecuária.
O Campus Barbacena lhe disponibiliza um ambiente virtual de aprendizagem que
permitirá uma convivência agradável com seus colegas de curso. É um espaço cibernético onde
vocês poderão interagir para alcançar seus objetivos de sucesso profissional.
Nós da equipe da Educação a Distância – professores, coordenadores, tutores e
alunos – estamos orgulhosos por você estar conosco.
A presente apostila tem como objetivo mais amplo o desenvolvimento das competências
necessárias ao planejamento, à orientação, à avaliação e ao monitoramento da exploração
técnica e econômica da Suinocultura, visando a desenvolver no aluno habilidades específicas
diversas, tais como identificar as principais raças, linhagens e suas características; manejar
animais nas fases de reprodução, cria e engorda; orientar e monitorar o manejo alimentar dos
suínos; identificar e relacionar as instalações e equipamentos necessários à exploração da
suinocultura; orientar e monitorar a profilaxia e o tratamento das doenças mais comuns;
identificar e reconhecer a importância da suinocultura para o Brasil.
Estou a disposição para contribuir, no que for possível, no desenvolvimento profissional
de vocês.
Conte comigo.
Um abraços e vamos estudar.
Prof. Marcelo José Milagres de Almeida
Zootecnista – CRMV 0758/Z
Professor de Zootecnia – Suinocultura Campus Barbacena
Doutor em Nutrição de Monogástricos – UFLA - MG

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SUMÁRIO

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Semana 1 – Aula 1: Aspectos relacionados ao futuro da cadeia suinícola …...... 4
Aula 2: Colesterol …............................................................................. 5
Aula 3:Cisticercose e Teníase.............................................................. 7
Aula 4: Importância dos suínos para a medicina humana ............... 9
Semana 2 – Aula 1:Classificação zoológica, origem e evolução do suíno............. 11
Aula 2:Exterior do suíno...................................................................... 12
Semana 3 – Aula 1:Sistemas de produção de suínos.............................................. 13
Aula 2:Noções de Construções ............................................................ 15
Semana 4 – Aula 1:Material genético...................................................................... 22
Aula 2:Principais linhagens de suínos................................................. 26
Aula 3:Órgãos reprodutivos do macho e da fêmea............................ 29
Aula 4: Reprodução.............................................................................. 31
Semana 5 – Aula 1: Manejo da produção - Machos, Procedimentos para
detecção de cio, Pré-cobrição, cobrição, Gestação e Descarte de Fêmeas ........... 37
Aula 2: Manejo da produção - Maternidade ….............................. 41
Aula 3: Manejo da produção - Creche............................................... 44
Aula 4: Manejo da produção – Crescimento e Terminação............ 45
Semana 6 – Aula 1:Noções de nutrição .................................................................. 46
Aula 2:Preparo de ração...................................................................... 48
Semana 7 – Aula 1:Biossegurança........................................................................... 56
Aula 2:Limpeza e desinfecção ............................................................ 59
Aula 3:Vacinação ................................................................................. 67
Semana 8 – Aula 1:Manejo pré – abate ….............................................................. 69
Aula 2:Gerenciamento …..................................................................... 69
Semana 9 – Aula 1:Proteção ambiental .................................................................. 75
Aula 2:Manejo de dejetos ................................................................... 78
Referências bibliográficas ........................................................................................ 80

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SEMANA 1
META:
Apresentar os pontos mais importantes relacionados a cadeia suinícola e os mitos e verdades sobre a
carne suína

OBJETIVOS:
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
 Identificar os principais aspectos relacionados ao futura da cadeia produtiva de suínos;
 Reconhecer a qualidade da carne suína, relacionando aos fatores colesterol e cisticercose;
 Reconhecer a importância dos suínos para a medicina Humana.

AULA 1

ASPECTOS RELACIONADOS AO FUTURO DA CADEIA SUINÍCOLA

A produção de carne suína permanece como uma produção agrícola ainda diretamente pressionada
pela concorrência internacional. Sob essa constante pressão, para manter o nível de competitividade de
seus rebanhos, os produtores devem se adaptar continuamente à evolução das técnicas de produção.
Adicionalmente, devem ter em conta os embaraços regulamentares, induzidos pelas exigências cada vez
mais fortes da sociedade, em particular aquelas concernentes a proteção do ambiente, ao bem-estar dos
animais, ou da segurança dos alimentos aos consumidores.
Nos anos setenta, no contexto da cadeia suinícola do Brasil, a visão de futuro apontava mais
diretamente para questões relacionadas aos sistemas de produção. Atualmente, como fruto da globalização
do comércio, a visão de futuro aponta para questões de mercado, com exigências de rastreabilidade total
dentro das cadeias produtivas. Além das barreiras tarifárias, ganham força as barreiras técnicas de proteção
dos mercados, colocadas sobre as exportações nacionais da carne suína.
As diretivas sobre segurança alimentar, bem estar animal e ambiente vêm alterar profundamente o
modo de criar, transportar e abater os animais para consumo humano. Assim, o cumprimento de todas as
normas deve, necessariamente, aumentar os custos do produto final por razões que se prendem ao aumento
do espaço necessário para sua criação, qualidade e tipo dos alimentos a usar, tempo para o transporte,
instalações, espaços e materiais de construção, tipos de equipamentos, preparação do pessoal para manejo
pré-abate e abate dos animais, entre outras.
Como as normas serão exigidas não só dos criadores da União Europeia (EU), mas também dos
países exportadores, as grandes barreiras à entrada de produtos nesses países, deixarão de ser tarifárias
para tornarem-se técnicas ou sanitárias. Nesse caso as exigências nos limites permitidos serão revisadas
exigindo novos equipamentos e conhecimentos.
Também muito importante é que o país gere inovações na cadeia produtiva de suínos como forma
de competir com produtos de maior valorr agregado, aumentando a participação das empresas brasileiras
com marcas próprias nas prateleiras dos supermercados dos países importadores. É necessário estar atento
a esse passo importante, pois cada vez mais será exigido padrão internacional de certificação.
A expressividade do Brasil na produção e exportação de carne suína está a exigir também uma
constante atualização dos profissionais do setorr para aprimorar e dar seqüência ao crescimento e qualidade
da atividade suinícola nacional. A tendência de concentração da produção de suinos deve continuar a
ocorrer de maneira acelerada no Brasil, com a redução do número de produtores dedicados à criação, mas
com crescimento do volume produzido, das divisas e da renda do setor.
Nesse cenário, apresenta-se como desafio para os diferentes elos desta cadeia, notada mente para a
indústria, a pesquisa e a assistência técnica, as questões relacionadas com a sanidade, diagnóstico e
controle das doenças, as questões de conservação do meio ambiente, bem-estar animal, qualidade da carne
e a segurança dos alimentos.
Fonte: Silveira, P.R.S. (2007)

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AULA 2

COLESTEROL

As doenças cardiovasculares são consideradas a causa mais freqüente de mortes na população humana.
Estas enfermidades começam geralmente sob a forma de uma arteriosclerose, que é uma condição na qual
depósitos de gordura, contendo colesterol desenvolvem-se “placas” no interior das artérias. Estes depósitos
vão se avolumando, prejudicando o fluxo de sangue, e chegam até o bloqueio total. O bloqueio da artéria
que fornece sangue ao coração é a causa do chamado “ataque cardíaco”.
Para evitar esses depósitos de gordura tem-se recomendado a redução no consumo de gorduras
saturadas e de colesterol. Como os produtos de origem animal contem estas duas substâncias, eles têm sido
alvo de inúmeras campanhas negativas, que visam denegrir sua verdadeira imagem e valor nutricional. Em
alguns casos, tem ocorrido uma verdadeira “colesterofobia epidêmica”, levando o público ao pânico, sem
uma base científica que comprove o fato adequadamente.
Um exemplo disso foram as campanhas da fortíssima indústria da soja para a introdução das margarinas
no mercado consumidor, em substituição às gorduras animais. Nessa ocasião foram feitos fones ataques s
gorduras animais por serem saturadas. Porém, não mencionaram que as margarinas, apesar de serem de
origem vegetal, com grande concentração de gorduras insaturadas, no seu processo industrial de produção
passam por reações químicas que as transformam em saturadas, sendo tão indesejáveis ao organismo
quanto às gorduras animais se ingeridas em excesso.
Mas como as doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo, toda atenção deve ser dada
ao assunto, evitando-se excessos de qualquer um dos lados que tente provar a veracidade de seus conceitos.
Por enquanto, a verdade é que existe muita discussão sobre o assunto e que não existe uma
compreensão total do que causa ou do que evita essas doenças. O que se conhece atualmente é que
indivíduos que possuam taxas de colesterol acima de 200-240 mg/ 100ml de sangue são classificados como
de alto risco, especialmente se apresentarem mais de dois dos fatores que estão associados à ocorrência de
enfermidades cardíacas:
Fatores hereditários: muitas evidências mostram que as enfermidades cardíacas podem ser
transmitidas hereditariamente;
Estresse, diabete mellitus, obesidade e hipertensão cardíaca;
Sexo: os homens são mais suscetíveis do que as mulheres;
Idade: o risco aumenta com a idade;
Hábito de fumar: são mais freqüentes nos fumantes.
O organismo do homem sintetiza cerca de 1000mg colesterol por dia. A média de consumo diário
através da alimentação está entre 400 a 500mg, o que mostra que a absorção dietética representa cerca de
1/3 do total do colesterol no Organismo. Pessoas pertencentes ao grupo de risco em relação às
enfermidades cardiovasculares devem restringir seu consumo diário de colesterol a menos de 300 mg. Um
bom filé de 100g de lombo de pernil cozido fornece apenas 69 a 82mg de colesterol. ou seja, apenas 25%
do total das 300 mg permitidas.
Importância do Colesterol - O colesterol um componente vital de todas as células do organismo.
Parece uma gordura e é encontrado exclusivamente nos animais. Ele é essencial à vida, pois através dele
são produzidos hormônios sexuais, ácidos biliares, vitaminas, (Vit. D) e as membranas das células.
A quantidade de colesterol no organismo tem duas origens: a síntese orgânica e a absorção dietética.
Síntese orgânica: é responsável por 2/3 do colesterol do corpo. Ele é produzido em quase todos os
tecidos, mas a sede principal é o fígado. O organismo controla a síntese, aumentando-a se o consumo pela
dieta é baixo, ou diminuindo-a em caso contrario. Se for necessário é capaz de produzir todo o colesterol
que necessita. Algumas pessoas não conseguem regular a síntese, produzem colesterol em excesso e devem
seguir o regime e as recomendações do seu médico. Uma em cada 500 pessoas apresenta este distúrbio
orgânico. As pessoas sadias mantêm um baixo nível de colesterol, mesmo quando consomem dietas
contendo altos níveis do mesmo.

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Absorção dietética: é responsável por 1/3 do colesterol do corpo. Proveniente dos alimentos, ele é
absorvido no intestino, após sofrer a ação da bile. Para se locomover no organismo, usa a corrente
sanguínea onde se encontra ligado às chamadas lipoproteínas. Existem duas lipoproteínas importantes: as
de alta densidade (HDL), que possuem mais proteína do que gordura; e as de baixa densidade (LDL), que
possuem mais gordura do que proteína. As HDL são chamadas de “Bom colesterol”, pois elas o retiram da
circulação sanguínea e o levam para ser metabolizado no fígado. Pessoas que possuem mais HDL têm
menor incidência de doenças cardíacas. As LDL são chamadas de “Mau colesterol” porque retiram o
colesterol produzido no fígado e o despejam no sangue.
A maior porção do colesterol é encontrada junto às lipoproteínas de baixa densidade (LDL). Sabe-se
que até 200 miligramas de colesterol por 100 miligramas de sangue é um resultado aceitável para o
homem. Porém, dosagens muito abaixo de 200mg podem ressecar as veias e as artérias, pois o colesterol é
essencial para a lubrificação das mesmas.
Efeito da dieta: É importante não confundir colesterol dos alimentos com colesterol sangüíneo. Os
níveis sanguíneos são pouco alterados no homem com o uso de dietas ricas em colesterol, em virtude do
Sistema de controle que aumenta ou diminui a síntese no organismo, de acordo com a menor ou maior
absorção intestinal. Estudos com grandes populações não mostram correlação entre o colesterol da dieta e
o sanguíneo.
O consumo excessivo de colesterol não aumenta a incidência de enfermidades cardíacas em pessoas
normais, pois estas o metabolizam de forma eficiente para exercer suas funções essenciais e eliminam
naturalmente os excessos do mesmo,
Algumas pessoas, porém, estão expostas a uma série de fatores de risco, que as predispõem ao acúmulo
de colesterol nos vasos sangüíneos, podendo contribuir para as doenças cardiovasculares. Os principais
fatores de risco são:
 Pessoas incapazes de controlar a síntese ou excreção do colesterol. Dessa forma, ocorre o acúmulo
do mesmo nos vasos sangüíneos, devido a um desequilibro no sistema que regula o nível de
produção e eliminação. As causas para este distúrbio são hereditárias;
 Pessoas que possuem maiores níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), que levam o
colesterol produzido no fígado para o sangue. As causas podem ser genéticas ou não. Os níveis de
HDL, o bom colesterol, podem ser aumentados com o exercício físico constante e moderado. A
presença de fibras na dieta mantém o HDL e diminui o LDL;
 Pessoas com vida sedentária. sem exercícios físicos, obesos, fumantes, consumidores de álcool sob
forma excessiva, diabéticos, com baixa atividade sexual ou com a predisposição hereditária
possuem maiores probabilidades de aumentar as doenças cardiovasculares;
 Pessoas que ingerem grandes quantidades de gorduras saturadas. As gorduras são classificas de
acordo com o seu índice de saturação. De uma forma geral, as gorduras saturadas que são
encontradas nos animais são mais duras na temperatura ambiente e aumentam o nível de LDL (o
mau colesterol) no organismo do homem. Quando não são consumidas, o nível de colesterol
sangüíneo tende a ser menor. Nem todas as animais são totalmente saturadas. No suíno, por
exemplo menos de 50% de sua gordura é saturada. As gorduras insaturadas são mais liquidas na
temperatura ambiente são encontradas nos óleos vegetais, com exceção do coco e palmas. A
qualidade das gorduras ingeridas é definida pela relação entre gorduras saturadas e insaturadas.
Quanto maior esta relação (maior quantidade de insaturadas), mais aconselhável é o seu consumo.
Pelo exposto conclui-se que há uma ligação entre o consumo de gorduras saturadas e insaturadas e
o teor de colesterol sanguíneo. Quanto maior o teor de gorduras saturadas na dieta, maior o nível de
colesterol no sangue. Este efeito pode ser contornado com o maior consumo de gorduras
insaturadas, que diminuem o colesterol sanguíneo devido a maior excreção de ácidos biliares e
esteróis neutros do corpo. Uma das formas mais praticas de se diminuir o consumo de gorduras
saturadas, sem prejudicar o valor nutricional da dieta, é eliminar o consumo de alimentos “extras”,
tais como biscoitos, batatas fritas, maioneses, etc. Esses alimentos são ricos em gorduras e
relativamente pobres em outros nutrientes.

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Pelo que comentamos até o momento, o colesterol da dieta não tem relação com a taxa de colesterol no
sangue de pessoas consideradas normais. Porém, em virtude das pessoas situadas na faixa de risco, é
importante que se divulgue os teores de colesterol dos vários alimentos para que cada um possa elaborar
uma dieta condizente com sua situação.
Em relação às carnes dos animais, os teores de colesterol são semelhantes nos suínos, bovinos e aves.
São maiores nas carnes cozidas do que nas cruas, pois o cozimento retira a água e concentra os demais
componentes.
Fonte: ROPPA, L. Suínos: mitos e verdades. Revista Suinocultura Industrial, n.127, p.10-27, 1997.

AULA 3

CISTICERCOSE E TENÍASE

Os primeiros escritos dos judeus 300 anos antes de Cristo, proibiam, sob pena de prisão, a ingestão de
carne de porco. Isto porque Aristóteles havia descrito a cisticercose nos suínos. É dessa época, portanto,
que remontam os conceitos errados de que o porco transmita esta doença ao homem. Moisés e Maomé
contribuíram para a formação desse conceito ao proibir o consumo de carne de porco na dieta humana para
evitar as parasitoses tão comuns já naquela época. Um dos nomes mais famosos da história a sofrer o
problema da cisticercose foi Joana D’Arc. Após ser queimada em praça pública, seu cérebro foi
necropsiado e nele foram encontrados cisticercos calcificados, principalmente no lobo temporal, que
seriam as causas de suas alucinações visuais.
O conceito errôneo de que a cisticercose é transmitida pelo consumo de carnes contaminadas (de suíno
ou bovino) deve-se à falta de conhecimento e de esclarecimento sobre o ciclo de vida deste parasita. Para
entender corretamente esta enfermidade, vamos expor a seguir o seu ciclo de vida, diferenciando o que é
Teníase do que Cisticercose.
A Teníase é a doença causa por um parasita chamado de Taenia Solium no caso dos suínos e Taenia
Saginata no caso dos bovinos. As taenias precisam de dois hospedeiros para completar o seu ciclo
evolutivo. Um é o homem, que é o único hospedeiro definitivo, da taenia (único a possuir a fase adulta do
verme). O outro hospedeiro, chamado de intermediário, pois nele só ocorre a fase larvar (cisticerco),
podem ser os suíno, bovinos, carneiros, etc.
Ao comer carne crua ou mal passada dos suínos e bovinos que contenha as larvas das taenia
(cisticercos), o homem passa a desenvolver a doença chamada Teníase, também conhecida por “solitária”,
porque geralmente é causada por uma taenia só. São conhecidos, porem, casos comprovados de até 9
taenias localizadas no intestino do mesmo se humano.
A Teníase é uma doença que muitas vezes passa despercebida. Alguns casos pode haver vômitos, mal-
atar gástrico e gases, que são sintomas comuns a outras enfermidades. Três meses após a ingestão do
cisticerco, a Taenia já localizada no intestino delgado do homem, começa a soltar anéis de seu corpo, com
ovos. Geralmente, elimina de 5 a 6 anéis por semana, sendo que cada anel contem de 40 a 80 mil ovos. Os
anéis podem sair com as fezes ou se romper ainda dentro do intestino liberando os ovos, que são da mesma
forma eliminados durante a defecação. No meio ambiente, estes ovos, dependendo da temperatura e
umidade, podem continuar vivos por até 300 dias. A taenia pode viver até 8 anos ou mais no intestino do
homem, contaminando seguidamente o meio ambiente onde caírem as suas fezes. Se houver esgotos
apropriados, o problema praticamente desaparece. Acentua-se, porém, se a defecação for em local
inadequado (campo, etc.). As fezes se ressecam com o sol, os ovos ficam mais leves que o pó e são levados
pelo vento a grandes distâncias. Dessa forma, contamina as pastagens, hortas ou rios e lagoas, cujas águas
podem ser utilizadas para beber ou irrigar plantações. Somente a fervura ou cocção acima de 90ºC
centígrados é capaz de inativar o ovo, que é resistente à maioria dos produtos químicos. O homem com
Teníase pode se auto-contaminar com os ovos, ao não fazer corretamente a higiene após evacuar e levar as
mãos à boca, ou praticando o sexo oral, já que os ovos podem permanecer na região perianal.
Já a Cisticercose é uma doença causada no hospedeiro intermediário pelas larvas da taenia. Os suínos,
bovinos e o próprio homem adquirem esta doença ao comer as verduras, frutas (morango), pastagens ou
ingerir água contaminados com ovos da taenia. Depois de ingeridos, os ovos vão para o estômago e o
intestino delgado, onde os sucos gástricos e pancreáticos dissolvem a sua camada superficial, liberando os

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embriões. Estes se fixam nas vilosidades intestinais, onde permanecem por 4 dias. A seguir, perfuram a
parede intestinal e caem nos vasos sangüíneos, sendo distribuídos pelo corpo todo. A grande maioria fixa-
se no cérebro, causando a chamada Neurocisticercose. É a forma mais grave, pois causa crises convulsivas,
hipertensão craniana (dores de cabeça, vômitos, etc.) e hidrocefalia. Outras localizações além do sistema
nervoso são o coração, olhos e músculo.
No homem, as larvas calcificam-se rapidamente e os doentes podem, portanto, restabelecer-se dos
sintomas sem qualquer prejuízo. No suíno, a formação dos cisticercos no músculo é popularmente
conhecida como “canjiquinha”, que algumas pessoas acreditam de forma errônea ser uma “virtude” da
carne, por ser mais macia. Ao comer estas carnes, se elas não forem devidamente cozidas, o homem irá
ingerir os cisticercos (larvas), que irão evoluir em seu intestino até a fase adulta, causando a teníase,
completando assim o ciclo desse verme.
Pela descrição do ciclo de vida deste parasita, podemos concluir:
O suíno não causa a cisticercose no homem. O homem causa a cisticercose no suíno;
O suíno não é fonte de transmissão. Apenas participa do ciclo da doença que lhe é transmitida pelo
homem, abrigando a fase larvar da taenia (cisticerco);
O homem adquire a Cisticercose ao ingerir frutas, verduras ou água contaminadas com fezes de pessoas
portadoras de taenias;
O homem adquire a taenia ao ingerir carne mal cozida de bovinos ou suínos com Cisticercose. Em
nenhuma hipótese ele terá cisticercose ao ingerir esta carne;
O homem é o hospedeiro definitivo, pois possui a fase adulta da taenia;
O suíno e o bovino são hospedeiros intermediários, pois possuem a fase larvar da taenia (cisticerco) e
não o verme adulto (taenia);
O homem contamina o meio ambiente (pastagens, verduras, águas. etc.) através de suas fezes, liberando
os ovos do parasita;
Se não houver pessoas com solitária (teníase), não haverá Cisticercose nos suínos e bovinos.
Como os suínos se contaminam através da ingestão de fezes humanas ou de verduras contaminadas,
com o advento da suinocultura moderna, onde os suínos são criados confinados e recebem apenas rações
como alimento, a possibilidade de transmissão ficou mais difícil.
A contaminação, porém, permanece alta nos bovinos, que necessitam das pastagens, e nos porcos
criados soltos em suinoculturas de baixo padrão zootécnico e que geralmente são apenas para subsistência
dos seus proprietários.
A falta de fossas no meio rural contribui para a poluição do meio ambiente, sendo comuns os casos em
que os animais acabam consumindo as fezes humanas. O uso de irrigação de hortas e de morangos com
águas contaminadas tem sido, talvez, uma das principais fontes de infecção para o homem.
O controle desta enfermidade passa pelas seguintes medidas:
 Tratamento do homem, que é o hospedeiro das Taenias que produzem ovos;
 Tratamento dos esgotos urbanos, para evitar que os ovos liberados com as fezes humanas
contaminem os rios e as águas de bebida;
 Inspeção e seqüestro das carcaças contaminadas com Cisticercose nos abatedouros;
 Tratamento da carne por cocção adequada.
Para a área rural, também são importantes os programas educativos nas escolas, sindicatos rurais e
cooperativas, para o ensino de medidas higiênicas básicas.

Quadro. Resumo do ciclo evolutivo de parasitas da família Taenidae


Espécies de Parasitas Hospedeiro Hospedeiro Forma larvar
definitivo intermediário
Taenia solium Homem Suíno,homem Cysticercus cellulosae
Taenia saginata Homem boi Cysticercus bovis
Fonte: Carvalho & Oliveira (2006)

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Figura: Esquema do ciclo de transmissão da Taenia solium, destacando os pontos onde ocorre teníase e
cisticercose. o ser humano pode contrair teníase ao consumir carne suína contendo cisticercos vivos, o que
ocorre geralmente em decorrência do consumo de carne crua ou mal passada. O ser humano pode, ainda,
contrair cisticercose ao ingerir ovos de Taenia solium através de alimentos (principalmente verduras e
frutas) ou água contaminadas ou mesmo se auto infectar pela introdução de ovos de Taenia solium na boca
pelas mãos contaminadas, o que ocorre geralmente pela falta de hábitos higiênicos.
Fonte: Carvalho & Oliveira (2006)

AULA 4

IMPORTÂNCIA DOS SUÍNOS PARA A MEDICINA HUMANA

Por sua semelhança com o homem, várias partes do organismo dos suínos podem ser utilizadas em
medicina humana. Desde o fornecimento de substâncias vitais à vida do homem até a doação de órgãos, os
suínos são a grande opção da medicina para aumentar a sobrevivência das pessoas. A seguir relacionamos
uma série de utilidades do organismo dos suínos para o homem:
► O pâncreas dos suínos é um órgão do qual se obtém Insulina. Esse hormônio é essencial para os
diabéticos. Ele é encarregado de permitir a entrada de açúcar nas células e de diminuir a sua taxa no
sangue, evitando dessa forma que atinja níveis mortais para o homem. Outra utilidade do pâncreas dos
suínos para o homem é a de fornecer ilhotas pancreáticas (ilhotas de Langerhans) para implantes em
pessoas diabéticas que não as possuem. Estes implantes poderão deixar os diabéticos livres de injeções de

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insulina por vários anos. Atualmente, a insulina é também produzida por engenharia genética através da
multiplicação bacteriana. Porém a um custo mais caro.
► A glândula pituitária do suíno é utilizada para obtenção do ACTH. Esse hormônio é usado em
medicina humana para o tratamento das artrites e doenças inflamatórias, que causam dores insuportáveis
para o homem.
► A Tireóide do suíno é utilizada para obter medicamentos que serão usados por pessoas que
possuem glândulas tireóides pouco ativas.
► A pele dos suínos pode ser usada temporariamente pelo homem nos casos de queimaduras que
causam grandes descontinuidades de sua pele.
► A mucosa intestinal dos suínos é usada para a obtenção de uma substância chamada heparina. Esta
tem a função de coagular o sangue e é aplicada em medicina humana nos casos de hemorragia.
► Do coração dos suínos são retiradas válvulas cardíacas que serão transplantadas para o homem e as
crianças. Os suínos usados para fornecer essas válvulas pesam de 16 a 25kg. Estas válvulas são retiradas
do coração e conservadas num preparado químico, podendo ser preservadas por 5 anos, As válvulas
cardíacas do homem podem ser substituídas por válvulas mecânicas feitas com materiais artificiais. As
válvulas dos suínos, porém, têm vantagens sobre essas mecânicas, pois são menos rejeitadas pelo
organismo, têm a mesma estrutura e resistem mais às infecções.
► Aplicações práticas de suínos transgênicos: Suínos modificados geneticamente podem produzir
hemoglobina humana (pigmento do sangue que leva oxigênio às células do corpo). Pesquisas da empresa
DNX (EUA) injetaram em três embriões de suínos, cópias dos dois genes responsáveis pela produção de
hemoglobina humana. A técnica fez com que 15% da hemoglobina encontrada nos suínos fossem do tipo
humano. As duas hemoglobinas são depois separadas devido a suas cargas elétricas diferentes. Este
produto pode ser estocado por meses, ao contrário do sangue normal, que se conserva apenas por semanas.
Fonte: Informativo técnico nº 222 - http://www.sossuinos.com.br/inicial.htm

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SEMANA 2
META:
Apresentar aspectos relacionados a classificação, origem, evolução e exterior dos suínos

OBJETIVOS: Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


 Situar os suínos no amplo grupo do seres vivos do Reino Animal;
 Identificar a importância de conhecer o exterior do suíno.

AULA 1

CLASSIFICAÇÃO ZOOLÓGICA, ORIGEM E EVOLUÇÃO DOS SUÍNOS


Os suínos pertencem ao gênero “suis” e apareceram no velho mundo na era quaternária. São
zoologicamente classificados como:
 Classe: Mamíferos
 Sobre-ordem: Ungulados (dedos providos de cascos)
 Ordem: Artiodáctilos (número par de dedos)
 Família: Suideos (Suidae)
 Sub-família: Suínos (Suinae)
 Gênero: Suis
 Espécies selvagens:
 Sus scrofa ferus (suínos originários do javali europeu)
 Sus scrofa vittatus (suínos originados do javali asiático)
 Espécie doméstica: Sus scrofa domesticus
Segundo Nathusius e Rutirmayer, citados por Machado (1967), as raças suínas encontradas no mundo,
são originadas do Javali Europeu ou do Asiático, ou ainda, do cruzamento de ambos que deu origem ao
javali do Mediterrâneo (Sus mediterraneus). Estes historiadores basearam–se nas diferenças de posição de
orelha (asiática, ibérica e céltica), nos diferentes tipos de perfil craniano (retilíneo, sub–côncavo e ultra–
côncavo) e na variação do número de vértebras torácicas e lombares ( 14 a 16 e 4 a 6 , respectivamente),
encontrados nas diversas raças, para justificar as suas hipóteses.
O porco selvagem da antiguidade possuía 70% da massa anterior e 30% da massa posterior. Vivia na
floresta e alimentava – se de pastos nativos, frutas e pequenos animais. Era muito veloz e possuía como
principal arma os seus dentes longos e afiados. Para resistir aos impactos das lutas, seus membros
dianteiros eram fortes e musculosos, enquanto o seu posterior era formado por fracas massas musculares.
O porco tipo banha surgiu na época da domesticação, há 10 mil anos, o que perdurou até o século XX.
Com a domesticação, o porco não precisava amais procurar alimento na floresta nem mais fugir de seus
inimigos. Vivendo em chiqueiros fechados, recebia toda a alimentação que precisava. Comendo mais e
fazendo menos exercícios, começou a alterar a sua composição corporal,passando a apresentar 50% de
dianteiro e 50% de traseiro. O acúmulo de gordura fez com que passasse a ser considerado o animal ideal
para o homem, já que lhe fornecia grande quantidade de banha (energia) e carne (proteína). É dessa época
que advêm os conceitos de animais criados na lama e com altos teores de gordura na carcaça.
O suíno moderno começou a ser desenvolvido no início do século, através do melhoramento genético
com o cruzamento de raças puras. Pressionados por uma melhor produtividade para tornar a espécie mais
viável e pelas exigências da população por um animal com menos gordura, devido à substituição das
mesmas pelo óleo vegetal, os técnicos e criadores passaram a desenvolver um suíno (e não mais porco)
com 30% de massa muscular no anterior e 70% de posterior. Os suínos começaram a apresentar menores
teores de gordura nas carcaças e a desenvolver massas musculares mais proeminentes, especialmente nas
suas carnes nobres, como o lombo e o pernil. No início desta fantástica seleção, o suíno apresentava de 45
a 50% de carne magra e espessura de toicinho de 5 a 6 centímetros.
Atualmente, graças aos programas de genética e nutrição, o suíno moderno apresenta de 55% a
60% de carne magra na carcaça e apenas 1 a 1,5 centímetros de espessura de toicinho. Esta evolução foi
muito forte e eficiente também nas áreas de manejo, sanidade e instalações.

11
AULA 2

EXTERIOR DO SUÍNO

A importância do conhecimento do exterior de um suíno (Figura está relacionado, principalmente, aos

seguintes itens:

 Seleção de matrizes e reprodutores;

 identificação das diferentes raças de suínos;

 julgamento dos animais (muito usada na região sul do país para a escolha dos melhores animais em

exposições).

Figura. Exterior de um suíno

12
SEMANA 3
META:
Apresentar as principais características dos sistemas de produção e das construções para suínos

OBJETIVOS: Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


 Conceituar os sistemas de produção de suínos;
 Identificar os princípios básicos de construção para suínos;
 Relacionar os aspectos de construção com as fases de vida dos suínos.

AULA 1

SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE SUÍNOS

Um sistema de produção de suínos (SPS), normalmente chamado de “granja de suínos” , é constituído


de um conjunto inter-relacionado de componentes ou variáveis organizadas que tem como objetivo básico
a produção de suínos. Fazem parte do SPS os seguintes componentes: o homem (mão-de-obra), as
edificações, os equipamentos, os animais (genética), a alimentação e a água (nutrição), o manejo ,o estado
de saúde do rebanho (sanidade) e o ambiente (condições e influências externas que afetam o desempenho
do animal – clima).
A variabilidade entre os sistemas de produção é de tal ordem que pode se afirmar que um SPS será
sempre diferente do outro.

Sistemas intensivos de criação de suínos

I) Sistema de criação ao ar livre


O sistema intensivo de criação de suínos ao ar livre – SISCAL – tem conquistado grande número de
criadores, face ao bom desempenho técnico, baixo custo de implantação e manutenção, número reduzido
de edificações, facilidade na implantação e ampliação da produção, mobilidade das instalações e redução
do uso de medicamentos.
Tipos de SISCAL mais utilizados:
 Produção de leitões de 25 kg: é caracterizado por manter os animais em piquetes, com abrigos,
nas fases de reprodução, maternidade e creche, cercados com fios, e ou telas de arame eletrificadas
com corrente alternada. As fases de crescimento e terminação (25 a 100 kg de peso vivo) ocorrem
em confinamento, Muitos suinocultores utilizam o Siscal para produção de leitões, que, ao
atingirem 25 a 30 kg de peso vivo, são vendidos para os terminadores.
 Ciclo completo: todas as fases são mantidas em piquetes (cobertura, gestação, maternidade, creche
e terminação).

II) Sistema de criação misto ou semiconfinado


É o que usa piquetes para a manutenção permanente ou intermitente para algumas categorias e
confinamento para outras. O Sistema tradicional é o mais utilizado dos sistemas de criação misto, sendo
mais freqüente nas criações do sul do Brasil; prevê o uso de piquetes pelas fêmeas em cobertura e
gestação, e pelos cachaços. Na fase de lactação, a porca fica confinada na maternidade e os leitões, do
nascimento ao abate, são mantidos em confinamento.

III) Sistema de criação confinado


Nesse sistema, todas as categorias estão sobre piso e cobertura. As fases de criação podem ser
desenvolvidas em um ou em vários prédios.
A necessidade de área para criação é mínima, a não ser a área destinada para a produção de alimentos.
O investimento em custeio e equipamentos é muito alto, podendo variar de US$ 1.300,00 (mil e trezentos

13
dólares) por matriz instalada a US$ 2.000,00 (dois mil dólares) por matriz instalada, desconsiderando – se
o valor da terra.
Nesse sistema, a produção, armazenagem, tratamento e aproveitamento dos dejetos devem merecer
tanta atenção quanto às demais questões relativas à criação.

► Tipos de produção
Os tipos de produção podem ser definidos pelo produto a ser comercializado ou pelas fases de criação
existentes na propriedade.
 Produção de ciclo completo: criação que abrange todas as fases da produção (gestação,
maternidade, creche, crescimento e terminação) e que tem como produto o suíno terminado.
 Produção de leitões desmamados: tem como produto o leitão desmamado, que pode ter em média
6 kg (21 dias) ou 10 kg (42 dias). O valor de comercialização deste leitão usualmente oscila entre
1,5 a 2 vezes o valor do quilo do suíno terminado.
 Produção de leitões para terminação: tem como produto o leitão de 18 a 25 kg de peso vivo e 50
a 70 dias de idade. Essa criação, além dos reprodutores, tem a fase de creche onde os leitões
permanecem do desmame até a comercialização. O valor de comercialização do quilo deste leitão
varia de 1,3 a 1,6 vezes o valor do quilo do suíno terminado.
 Produção de terminados: envolve somente a fase de terminação, portanto tem como produto final
o suíno terminado. Usualmente, o criador adquire o leitão com 20 a 30 kg e, portanto, só tem prédio
(s) de terminação. Quando adquire leitões de 6 a 10 kg, precisa ter creche para abrigar os leitões
antes de levá – los para os galpões de terminação.
 Produção de reprodutores tradicional: é uma criação nos moldes de um produtor em ciclo
completo, tendo como produto principal futuros reprodutores machos e fêmeas. A comercialização
pode ser feita após a inspeção zootécnica com três meses, ou após o final do teste de Granja, com
aproximadamente cinco meses, ou ainda em exposições.
 Produção de reprodutores em granja núcleo: é uma criação com plantel fechado, de animais de
raça pura ou linhagens de alto padrão genético e sanitário, fazendo–se a avaliação de todos os
animais produzidos e passíveis de comercialização do ponto de vista reprodutivo. Tendem a
substituir os machos a cada seis meses e as fêmeas após, no máximo, a produção da segunda
leitegada. Comercializam para as granjas multiplicadoras machos e fêmeas puros, geneticamente
melhorados e, para os produtores de animais para a indústria, os machos.
 Produção de reprodutores em granja multiplicadora: é uma criação vinculada a uma granja
núcleo que recebe machos e fêmeas selecionados e predestinados a acasalamentos que gerarão
animais cruzados, incorporando “vigor híbrido” nos reprodutores que serão comercializados para os
produtores de animais para a indústria.

►Estrutura da produção
1. Estrutura especializada: os suinocultores são livres compradores de alimentos, medicamentos,
equipamentos, contratadores de assistência técnica permanente ou eventual, e comercializam seus
animais com intermediários ou diretamente com os abatedouros.
2. Estrutura de integração vertical: é composta por duas partes distintas, uma chamada de
integrador e a outra formada por integrados. Ao integrador cabe, geralmente, produção e
fornecimento de reprodutores, fornecimento da alimentação (total ou parcial), fornecimento de
produtos veterinários, orientação técnica e compra de suínos. Aos integrados cabe, geralmente,
participar com a sua terra, mão-de-obra, edificações e equipamentos, alimentação (só grão ou
também os demais componentes, total ou parcialmente) e produzir os suínos. Nessa estrutura de
produção existe um compromisso de caráter formal dos integrados em vender seus animais ao
integrador e, deste em comprar os animais com um preço determinado de acordo com índices
zootécnicos de produção.

14
3. Estrutura de integração horizontal: também chamada de associativa, é semelhante a integração
vertical, porém, é exercida por cooperativas, associações de produtores, condomínios ou outras
formas de organização de suinocultores, podendo apenas comercializar suínos após industrializá –
los ou comercializar os produtos cárneos.

Fonte: SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I; SILVEIRA, P. R. S. DA; SESTI,. A. C. (Ed.) Suinocultura


intensiva: produção, manejo e saúde do rebanho. Brasília: Embrapa Serviço de Produção de
Informação, 1998.

AULA 2

NOÇÕES DE CONSTRUÇÕES

O tipo ideal de edificação deve ser definido fazendo-se um estudo detalhado do clima da região e(ou) do
local onde será implantada a exploração, determinando as mais altas e baixas temperaturas ocorridas, a
umidade do ar, a direção e a intensidade do vento. Assim, é possível projetar instalações com
características construtivas capazes de minimizar os efeitos adversos do clima sobre os suínos.

►Homeotermia
Os suínos são animais homeotérmicos, capazes de regular a temperatura corporal. No entanto, o
mecanismo de homeostase, é eficiente somente quando a temperatura ambiente está dentro de certos
limites. Portanto é importante que as instalações tenham temperaturas ambientais próximas às das
condições de conforto dos suínos (tabela 4). Nesse sentido, o aperfeiçoamento das instalações com adoção
de técnicas e equipamentos de condicionamento térmico ambiental tem superado os efeitos prejudiciais de
alguns elementos climáticos, possibilitando alcançar bom desempenho produtivo dos animais.

Tabela . Temperatura de conforto para diferentes categorias de suínos.


Categoria Temperatura de Temperatura crítica Temperatura crítica
conforto (°C) inferior (°C) superior (°C)
Recém-nascidos 32-34 - -
Leitões até a desmama 29-31 21 36
Leitões desmamados 22-26 17 27
Leitões em crescimento 18-20 15 26
Suínos em terminação 12-21 12 26
Fêmeas gestantes 16-19 10 24
Fêmeas em lactação 12-16 7 23
Fêmeas vazias e machos 17-21 10 25

Fonte: Perdomo et.al. (1985) citado por Fávero et al. (2009)

►Princípios básicos

Para manter a temperatura interna da instalação dentro da zona de conforto térmico dos animais,
aproveitando as condições naturais do clima, alguns aspectos básicos devem ser observados, como:
localização, orientação e dimensões das instalações, cobertura, área circundante e sombreamento.

 Localização
A área selecionada deve permitir a locação da instalação e de sua possível expansão, de acordo com as
exigências do projeto, de biossegurança e daquelas descritas na proteção ambiental.

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O local deve ser escolhido de tal modo que se aproveitem as vantagens da circulação natural do ar e se
evite a obstrução do ar por outras construções, barreiras naturais ou artificiais. A instalação deve ser
situada em relação à principal direção do vento. Caso isto não ocorra, a localização da instalação, para
diminuir os efeitos da radiação solar em seu interior, prevalece sobre a direção do vento dominante.
Escolher o local com declividade suave, voltada para o norte, é desejável para boa ventilação. No
entanto, os ventos dominantes locais, devem ser levados em conta, principalmente no período de inverno,
devendo-se prever barreiras naturais.
É recomendável dentro do possível, que sejam situadas em locais de topografia plana ou levemente
ondulada, contudo é interessante observar o comportamento da corrente de ar, por entre vales e planícies,
nestes locais é comum o vento ganhar grandes velocidades e causar danos nas construções.
O afastamento entre instalações deve ser suficiente para que uma não atue como barreira à ventilação
natural da outra. Assim, recomenda-se afastamento de 10 vezes a altura da instalação, entre as duas
primeiras a barlavento, sendo que da segunda instalação em diante o afastamento deverá ser de 20 à 25
vezes esta altura, como representado na Figura localizada na página 13.

Figura . Afastamento entre as instalações.

Fonte: Fávero et al. (2009)

 Largura
A grande influência da largura da instalação é no acondicionamento térmico interior, bem como em seu
custo. A largura da instalação está relacionada com o clima da região onde a mesma será construída, com o
número de animais alojados e com as dimensões e disposições das baias. Normalmente recomenda-se
largura de até 10 m para clima quente e úmido e largura de 10 até 14 m para clima quente e seco.

 Pé direito
O pé direito da instalação é elemento importante para favorecer a ventilação e reduzir a quantidade de
energia radiante vinda da cobertura sobre os animais. Estando os suínos mais distantes da superfície
inferior do material de cobertura, receberão menor quantidade de energia radiante, por unidade de
superfície do corpo, sob condições normais de radiação. Desta forma, quanto maior o pé direito da
instalação, menor é a carga térmica recebida pelos animais. Recomenda-se como regra geral pé-direito de 3
a 3,5 m.

16
 Comprimento
O comprimento da instalação deve ser estabelecido com base no Planejamento da Produção, assim
como também para evitar problemas com terraplanagem e sistema de distribuição de água.

 Orientação
O sol não é imprescindível à suinocultura. Se possível, o melhor é evitá-lo dentro das instalações.
Assim, devem ser construídas com o seu eixo longitudinal orientado no sentido leste-oeste. Nesta posição
nas horas mais quentes do dia a sombra vai incidir embaixo da cobertura e a carga calorífica recebida pela
instalação será a menor possível. A temperatura do topo da cobertura se eleva, por isso é de grande
importância a escolha do material para evitar que esta se torne um coletor solar. Na época da construção da
instalação deve ser levada em consideração a trajetória do sol, para que a orientação leste-oeste seja correta
para as condições mais críticas de verão. Por mais que se oriente adequadamente a instalação em relação
ao sol, haverá incidência direta de radiação solar em seu interior em algumas horas do dia na face norte, no
período de inverno. Providenciar nesta face dispositivos para evitar esta radiação (Figura na página 14).

Figura. Orientação da instalação em relação à trajetória do sol.

Fonte: Fávero et al. (2009)

 Cobertura
O telhado recebe a radiação do sol emitindo-a, tanto para cima, como para o interior da instalação. O
mais recomendável é escolher para o telhado, material com grande resistência térmica, como a telha
cerâmica. Pode-se utilizar estrutura de madeira, metálica ou pré-fabricada de concreto.
Sugere-se a pintura da parte superior da cobertura na cor branca e na face inferior na cor preta. Antes da
pintura deve ser feita lavagem do telhado para retirar o limo ou crostas que estiverem aderidos à telha e
facilitar assim, a fixação da tinta.
A proteção contra a radiação recebida e emitida pela cobertura para o interior da instalação, pode ser
feita com uso de forro. Este atua como segunda barreira física, permitindo a formação de camada de ar
junto à cobertura e contribuindo na redução da transferência de calor para o interior da construção.
Outras técnicas para melhorar o desempenho das coberturas e condicionar ótima proteção contra a
radiação solar, tem sido o uso de isolantes sobre as telhas (poliuretano), sob as telhas (poliuretano,
poliestireno extrusado, lã de vidro ou similares), ou mesmo forro à altura do pé-direito.

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Tabela. Largura, pé-direito e beiral em função do clima para telhas de barro.

Clima Largura (m) Pé-direito (m) Beiral (m)


Quente seco 10,0 -14,0 2,8 - 3,0 1,2 - 1,5
Quente úmido 6,0 - 8,0 2,5 - 2,8 1,2 - 1,5

Obs: O uso da telha fibro-cimento está sendo limitado em alguns Estados.


Fonte: Fávero et al. (2009)
 Áreas circundantes
A qualidade das áreas circundantes afetam a radiosidade. É comum o plantio de grama em toda a área
delimitada das instalações pois reduz a quantidade de luz refletida e o calor que penetra nos mesmos, além
de evitar erosão em taludes aterros e cortes. Esta grama deve ser de crescimento rápido que feche bem o
solo não permitindo a propagação de plantas invasoras. Deverá ser constantemente aparada para evitar a
proliferação de insetos.
Para receber as águas provenientes do telhado, construir uma canaleta ao longo da instalação de 0,40 m
de largura com declividade de 1%, revestida de alvenaria de tijolos ou de concreto pré-fabricado.
A rede de esgoto deve ser em manilhas ou tubos de PVC, sendo recomendado diâmetro mínimo de 0,30
para as linhas principais e de 0,20 m para as secundárias.

 Instalações por fase


O sistema de produção de suínos compreende as fases de pré-cobrição e gestação, maternidade, creche,
crescimento e terminação. Os aspectos construtivos das instalações diferem em cada fase de criação e
devem se adequar às características físicas, fisiológicas e térmicas do animal.

►PRÉ-COBRIÇÃO E GESTAÇÃO
Nessas instalações ficarão alojadas em baias coletivas, as fêmeas de reposição até o primeiro parto e as
porcas a partir de 28 dias de gestação. Em boxes individuais, ficarão as fêmeas desmamadas até 28 dias de
gestação. Os machos ficarão em baias individuais.
As instalações para essa fase são abertas, com controle da ventilação por meio de cortinas, contendo
baias para as fêmeas reprodutoras em frente ou ao lado das baias para os machos (cachaços). As baias das
porcas em gestação podem ter acesso a piquetes para o exercício.
Aconselha-se o uso de paredes laterais externas e internas, ripadas com placas pré-fabricadas em
cimento ou outro material para obter-se boa ventilação natural no interior dos prédios.
Fundação direta descontínua sob os pilares e direta contínua sob as alvenarias, ambas em concreto 1:4:8
(cimento, areia e brita).
Nos boxes individuais de gestação, o piso deve ser parcialmente ripado e nos boxes dos machos e de
reposição, pode-se adotar o piso compacto ou parcialmente ripado. Piso compacto de 6 a 8 cm de espessura
em concreto 1:4:8 com revestimento de argamassa 1:3 ou 1:4 (areia média) com declividade de 2% no
sentido das canaletas de drenagem. Piso áspero danifica o casco do animal e piso excessivamente liso
dificulta o ato de levantar e deitar. Os comedouros e bebedouros são instalados na parte frontal. Na parte
traseira das baias é construído um canal coletor de dejetos. A canaleta de drenagem pode ser externa à baia
com largura de 30 a 40 cm, ou na parte interna da baia com largura de aproximadamente 30% do
comprimento da baia e com declividade suficiente para não permanecer dejetos dentro da mesma. O
fechamento da canaleta poderá ser de ferro ou de concreto.
Nas baias coletivas pode-se usar o piso compacto ou 2/3 compacto e 1/3 ripado, bebedouro tipo concha e
comedouro com divisórias para cada animal.

18
Tabela. Recomendações para orientação de projetos para as fases de gestação, pré-cobrição e de macho.
Baias Área recomendada (m2/animal)
Gestação individual (Box/Gaiola) 1,32
Leitoas em baias coletivas 3
Macho 6
Número de animais por baia
Gestação coletiva/rePosição/Pré-cobrição 6 a 10
Área de Piquete Por fêmea 200 m2
Fonte: Fávero et al. (2009)

►MATERNIDADE
É a instalação utilizada para o parto e fase de lactação das porcas que, por ser a fase mais sensível da
produção de suínos, deve ser construída atentando com muito cuidado para os detalhes. Qualquer erro na
construção poderá trazer graves problemas, como de umidade (empoçamento de fezes e urina),
esmagamento de leitões e calor ou frio em excesso que provocam, como conseqüência, alta mortalidade de
leitões. Na maternidade deve-se prever dois ambientes distintos, um para as porcas e outro para os leitões.
Como a faixa de temperatura de conforto das porcas é diferente daquela dos leitões, torna-se obrigatório o
uso do escamoteador para os leitões.

 Maternidade em salas de parto múltiplas com parições escalonadas


As salas não podem ter comunicação direta entre si, recomendando-se o acesso a cada uma delas por
meio de portas localizadas na lateral da instalação. É indispensável o uso de forro como isolante térmico e
cortinas laterais para proporcionar melhores condições de conforto.
As celas parideiras devem ser instaladas ao nível do piso. O piso da gaiola de parição é dividido em 3
partes distintas, que são:
1) Local onde fica alojada a porca - parte dianteira com 1,30 m em piso compacto de concreto no traço
1:3:5 ou 1:4:8 de cimento areia grossa e brita 1, com 6 cm de espessura e, sobre esse é feita uma
cimentação no traço 1:3 de cimento e areia média na espessura de 1,5 a 2,5 cm, e parte de traseira com 90
cm, em ripado de concreto ou metal. Altura de 1,10 m e largura de 0,60 m.
2) Local onde ficam alojados os leitões, denominado escamoteador - construído em concreto como o
anterior, localizado entre duas baias na parte frontal, com largura de 0,60 m e comprimento de 1,20 m.
3) Laterais da baia onde os leitões ficam para se amamentar - um lado construído em concreto e o outro em
ripado de concreto ou metal com 0,60 m de largura.

 Área de parição
A área de parição pode ser em baias convencionais ou em celas parideiras.
Nas baias convencionais há necessidade de dispor de maior espaço que, por outro lado, contribui para
um maior conforto (bem estar animal) para as porcas. Essas baias devem ter, nas laterais, um protetor
contra o esmagamento dos leitões e numa das laterais o escamoteador.
Nas gaiolas metálicas as divisórias podem ser de ferro redondo de construção de 6,3 mm de diâmetro e
chapas de 2,5 x 6,3 mm ou em uma estrutura de chapa de 2,5 x 6,3 mm e tela de 5 cm de malha.
O escamoteador deve, em ambos os casos, ser dotado de uma fonte de aquecimento baseada em energia
elétrica, biogás ou lenha. As dimensões recomendadas para a área de parição em baias convencionais e
celas parideiras são apresentadas na Tabela .

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Tabela. Coeficientes técnicos indicados para as áreas de parição.
Cela Parideira:
Área da cela parideira Superior a 3,96 m2
Espaço para a porca 0,60 m x 2,20 m
Espaço para os leitões 0,60 m de cada lado x 2,20 m de comprimento
Altura da cela parideira 1,10 m2
Altura das divisórias 0,40 m a 0,50 m
Baia convencional
Área mínima do piso 6 m2 (2,0 m x 3,0 m)
Altura do protetor contra esmagamento 0,20 m
Distância do protetor da parede 0,12 m
Escamoteador
Área mínima do piso 0,70 m2
Largura mínima do corredor de serviço 1,0 m

Fonte: Fávero et al. (2009)

►CRECHE
Creche é a edificação destinada aos leitões desmamados. Deve-se prever a instalação de cortinas nas
laterais para permitir o manejo adequado da ventilação.
As baias devem ser de piso ripado ou parcialmente ripado. Pisos parcialmente ripados devem ter
aproximadamente 2/3 da baia com piso compacto e o restante (1/3) com piso ripado, onde os leitões irão
defecar, urinar e beber água.
É necessário dispor de um sistema de aquecimento, que pode ser elétrico, a gás ou a lenha, para manter a
temperatura ambiente ideal para os leitões, principalmente nas primeiras semanas após o desmame. Em
regiões frias é recomendado o uso de abafadores sobre as baias, com o objetivo de criar um microclima
confortável.
Além do agrupamento correto dos leitões e da adequação de espaço para os animais, é importante que
nesta fase inicial de crescimento, o leitão tenha condições de temperatura e renovação de ar compatíveis
com as suas exigências. Sabe-se que um leitão desmamado precocemente necessita de um ambiente
protegido e que um número excessivo de animais em pequenas salas causam problemas de concentração de
gases nocivos e odores desagradáveis. Recomenda-se a construção de baias para 4 a 5 leitegadas,
respeitando-se a uniformidade dos leitões nas baias, em salas com um sistema de renovação de ar,
preferentemente com ventilação natural.
As instalações podem ser abertas, com cortinas para permitir uma boa ventilação amenizando o estresse
calórico. É indispensável o uso de forro como isolante térmico e cortinas laterais para proporcionar
melhores condições de conforto.

Tabela. Coeficientes técnicos indicados para a creche.


Área recomendada por leitão:
- Piso totalmente ripado 0,30 m2
- Piso parcialmente ripado 0,35 m2
Altura das paredes das baias 0,50 m a 0,70 m
Declividade do piso 5%
Fonte: Fávero et al. (2009)

20
►CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO

Essa edificação destina-se ao crescimento e terminação dos animais desde a fase que vai da saída da
creche até a comercialização.
O piso das baias pode ser totalmente ripado ou 2/3 compacto e 1/3 ripado. O piso totalmente ripado é o
mais indicado para regiões quentes, porém, é o de custo mais elevado. O piso parcialmente ripado, isto é,
constituído de 30% da área do piso da baia em ripado sobre fosso, é construído em vigotas de concreto e o
restante da área do piso (70%) compacto em concreto.
O manejo dos dejetos deve ser do lado de fora da edificação e por sala para possibilitar maior higiene e
limpeza.
A declividade do piso da baia deve situar-se entre 3% e 5%.
As paredes laterais podem ser ripadas, em placas pré-fabricadas em cimento ou outro material, para
facilitar a ventilação natural.
As instalações nesta fase necessitam de pouca proteção contra o frio (exceto correntes prejudiciais que
podem ser controladas por meio de cortinas), e de grande proteção contra o excessivo calor, razão pela
qual devem ser bem ventiladas, levando em consideração a densidade e o tamanho dos animais. Nesta fase
há uma formação de grande quantidade de calor, gases e dejeções que poderão prejudicar o ambiente. Para
se ter uma ventilação natural apropriada, as instalações devem possuir área por animal de 0,70, 0,80 e 1,00
m² para piso totalmente ripado, parcialmente ripado e compacto, respectivamente.
Para o sistema de ventilação mecânica pode ser adotada a exaustão ou pressurização (ventilação
negativa ou positiva). O correto dimensionamento do equipamento de ventilação deve atender à demanda
máxima de renovação de ar nos períodos mais quentes. Pode-se também adotar o sistema de resfriamento
evaporativo por nebulização em alta pressão (> 200 psi) para evitar estresse térmico em dias quentes.

21
SEMANA 4
META:
Apresentar aspectos relacionados a reprodução em suinocultura

OBJETIVOS: Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

 Identificar as principais raças e linhagens de suínos utilizadas na produção de suínos;


 Reconhecer a aplicabilidade dos esquemas de cruzamento;
 Reconhecer os órgãos reprodutivos do macho e da fêmea da espécie suína;
 Identificar as principais características reprodutivas dos suínos.

AULA 1

►MATERIAL GENÉTICO

A qualidade genética dos reprodutores de um sistema de produção é considerada a base tecnológica de


sustentação de sua produção. O desempenho de uma raça ou linhagem é fruto de sua constituição genética
somada ao meio ambiente em que é criada. Por meio ambiente entende-se não só o local onde o animal é
criado, mas também a nutrição, a sanidade e o manejo geral que lhe é imposto. Portanto, de nada adiantaria
fornecer o melhor ambiente possível para um animal se este não tivesse capacidade genética, ou potencial
genético como é normalmente chamado, de beneficiar-se dos aspectos positivos do meio, em especial a
nutrição e a condição sanitária, para promover o aumento da produtividade.
Antes de decidir a compra dos reprodutores, o produtor deve observar as especificações dos suínos a
serem produzidos, com base no mercado a ser atendido, pois isso poderá ser decisivo na escolha do
material genético. Toda a escolha deve basear-se em dados técnicos que permitam ao produtor projetar os
níveis de produtividade a serem obtidos. A experiência de outros produtores em relação a determinada
genética é ainda mais importante que os dados disponibilizados pelo fornecedor. O produtor não deve
esquecer, nesses casos, de verificar as condições de criação que estão sendo observadas e aquelas que serão
oferecidas aos animais em seu sistema de produção, de forma a minimizar possíveis interações
genótipo/ambiente que serão decisivas na obtenção dos índices de produtividade. O acompanhamento pós
venda do material genético também é um fator importante a ser considerado na decisão de compra, pois
garantirá orientação adequada para atingir as metas de produtividade, preconizadas pelo fornecedor, bem
como a necessária substituição de animais não produtivos.

 Principais raças de suínos


Por definição, raça é o conjunto de animais com características semelhantes que tenham a capacidade de
transmiti-las aos descendentes. Dentro de uma mesma raça encontramos animais bons e ruins e, na prática,
pode-se observar que a diferença de produtividade entre estes indivíduos pode ser até mais expressiva do
que a diferença entre algumas raças.
Existem certas raças que se sobressaem em produtividade, produção de carne e precocidade reprodutiva,
e existem outras que, ainda que precoces, têm a conformação e peso menos adequados, com produção de
menores leitegadas. Com o estudo das raças podemos conhecer seus defeitos e qualidades para produção e
cruzamentos na suinocultura.
Assim sendo, será realizada uma descrição das raças estrangeiras que sejam numericamente expressivas
no Brasil e as demais serão brevemente comentadas pelo processo de extinção que sofrem.

►Raças estrangeiras
É notável a contribuição das raças estrangeiras na suinocultura nacional, pela seleção de muitos anos
feitas em países de adiantada tecnologia, resultando em índices de produtividade expressivos. As raças
estrangeiras mais conhecidas e criadas no Brasil são: Landrace, Large White ou Yorkshire, Duroc, Pietrain,

22
entre outras. Estas raças são as mais indicadas para criação de suínos de sistema intensivo (confinamento),
pelo retorno econômico proporcionado pelas mesmas.

a) Landrace
De origem dinamarquesa, é a principal raça estrangeira criada no Brasil, a primeira no livro de registros
da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). São animais totalmente brancos, com as orelhas
caídas (do tipo céltica). As fêmeas são excelentes mães, muito prolíferas, produzem leite suficiente para
criar leitegadas numerosas. São animais compridos com bons pernis e área de olho de lombo; entretanto,
apresentam sérios defeitos de aprumos, problemas de casco e fotossensibilização.

b) Large White
Raça de origem inglesa, em segundo lugar nos registros da ABCS. São animais de cor branca, cabeça
moderadamente longa, orelhas grandes e em pé (do tipo asiática). Possuem lombo comprido,porém com
menor área de olho lombar do que a landrace. As características produtivas e reprodutivas são semelhantes
às da raça landrace, porém apresentam menos problemas de aprumos e de cascos, sendo também sensível à
fotossensibilização.

c) Duroc
Raça de origem norte americana, também bastante criada no Brasil devido à sua rusticidade,
precocidade e excelente adaptação em nosso meio. São animais de cor vermelho- cereja, com mucosas
marrons. Os machos são indicados para reprodução por transmitir excelentes descendentes para abate, por
isso é conhecida como raça pai. As fêmeas produzem pouco leite, apresentam freqüentes problemas no
parto, tetas cegas ou invertidas, não sendo consideradas boas mães.

d) Pietrain
Raça originária da Bélgica, conhecida como raça dos quatro pernis por possuir grande quantidade de
carne nos quartos dianteiros. Também por este motivo, é bastante usada em melhoramento genético, nos
cruzamentos com raças nacionais. As fêmeas são boas produtoras de leite e criadeiras. Apresenta
problemas circulatórios, sendo comum morte súbita por deficiência cardíaca, principal causa da pouca
adaptação de animais desta raça nos trópicos. A carne do Pietrain não é considerada de boa qualidade
devido a problemas de perda excessiva de água (tipo PSE).

►Outras raças
Existem ainda inúmeras raças estrangeiras criadas no Brasil como: Wessex (inglesa), Hampshire
(Estados Unidos), Berkshire (inglesa), Poland China (Estados Unidos). Podemos citar ainda, as raças
chinesas que atualmente vem sendo muito utilizadas em melhoramento genético pela sua alta prolificidade.
 Raças nacionais
Nenhuma raça nacional possui associação ou livro de registros; são animais de baixa produtividade,
porém rústicos,, associados à produção de banha e indicados para criações que não tenham muito controle
zootécnico e baixo controle sanitário, de forma extensiva, sem objetivos comerciais. Dentre as raças
nacionais, podemos relacionar: Piau, Caruncho, Canastra, Nilo e outras.
a) Piau
Originada provavelmente na região do sul de Goiás e Triângulo Mineiro, considerada a melhor e mais
importante raça nacional. Foi estudada e melhorada pelo Dr. Antonio Teixeira Viana, em São Carlos (SP).
Possuem pelagem com manchas pretas e creme misturadas no corpo. São animais rústicos e de razoável
prolificidade, relativamente 12 precoces, podendo ser abatidos entre os 7 e os 9 meses com boa produção
de carne e gordura.
b) Caruncho
De origem desconhecida, são animais com pelagem semelhante a do Piau, porém com manchas
menores. Animais de pequeno porte, roliços, rústicos, pouco exigentes em alimentação e grande produtores
de gordura.
c) Canastra
Apresentam pelagem preta, podendo ser malhados ou ruivos. Animais rústicos e muito prolíficos (8 a 10
leitões).

23
d) Nilo
Animais de porte médio, pelados, de cor preta. São rústicos, apresentam má conformação, pouca
ossatura e pouca massa muscular.
Outras raças
Podemos ainda citar raças nacionais espalhadas pelo país como: Pereira, Mouro, Tatu, Pirapetinga,
Sorocaba, Junqueira, etc.

►Esquemas de cruzamentos

As raças mais utilizadas nos cruzamentos para produção comercial de suínos são:
 DUROC: de pelagem vermelha, que se caracteriza por boa rusticidade e taxa de crescimento, carne de
excelente qualidade, porém com baixo rendimento de carcaça, utilizada geralmente como linha paterna;
 LANDRACE: de pelagem branca, com excelente aptidão materna, taxa de crescimento,conversão
alimentar e bom rendimento de carne, utilizada coma linha materna;
 LARGE WHITE: também de pelagem branca, com carcaterísticas muito semelhantes às observadas na
raça Landrace, sendo utilizada como linha materna e paterna, dependendo da linha de seleção;
 PIETRAIN: apresenta o maior rendimento de carne de todas as raças, porém com pouca rusticidade e
carne de baixa qualidade, e é utilizada como linha paterna.
As características de cada raça, variáveis de acordo com o programa de melhoramento do qual são
oriundas, sugere que raramente se terá uma raça ou genótipo homozigoto que permita maximizar o
desempenho em diversas características de importância econômica. Portanto, os ganhos econômicos
devem ser maiores utilizando–se genótipos cruzados na produção de suínos para ao abate, sendo que para
isso pode ser utilizado vários esquemas de cruzamento, como por exemplo os fixos de duas, três ou quatro
raças, ou mesmo os cruzamentos rotativos de duas ou mais raças (Figuras 7 e 8). Estes tipos de
cruzamentos são recomendados para sistemas de produção de suínos de pequeno porte e com baixo nível
tecnológico.
Os principais cruzamentos são:
 Cruzamento de duas raças ou cruzamento simples: permite explorar as vantagens de heterose nos
embriões e nos leitões, aumentando a taxa de sobrevivência, e melhorando a taxa de crescimento dos
animais do nascimento ao abate. Não explora, porém, as heteroses materna e paterna. Entre os principais
cruzamentos de duas raças encontra-se os de machos Large White com fêmeas Landrace, ou vice – versa,
utilizado para a produção de fêmeas F-1, e de machos Pietrain com fêmeas Duroc para a produção de
machos híbridos.

 Cruzamento de três raças ou “Three cross”: utilizam-se fêmeas F-1, como as Large White –
Landrace, cruzadas com machos Duroc. Desse cruzamento espera-se maior número de leitões e maior peso
das leitegadas ao nascer e ao desmame do que o cruzamento simples, devido a heterose materna. A terceira
raça deve acrescentar vantagens de taxa de crescimento, conversão alimentar, rendimento ou qualidade de
carne ao produto final.

 Cruzamento de quatro raças: permite explorar as heteroses materna (maior prolificidade e peso das
leitegadas ao nascer e ao desmame), paterna (maior libido e melhores taxas de concepção) e individual
(animais de abate com maior taxa de crescimento e maior rendimento de carne na carcaça. Permite aos
criadores comerciais utilizarem, por exemplo, fêmeas F-1 Large White – Landrace, adquiridas ou
produzidas no próprio plantel, e machos Pietrain – Duroc , geralmente adquiridos de empresas
especializadas em melhoramento genético de suínos.

 Cruzamento rotacional de 2 raças: utiliza-se por exemplo, Large White e Landrace, produz –se fêmeas
F-1 que são acasaladas com machos de uma das duas raças que compõem a fêmea, por exemplo Large
White, Da progênie produzida, composta de 75% Large White + 25% Landrace, escolhe – se as melhores
fêmeas para a reposição do plantel, as quais , por sua vez, são acasaladas com machos Landrace, obtendo –
se animais 62,5% Landrace e 37,5% Large White. As demais progênies são comercializadas para o abate.

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Para a produção de fêmeas da próxima geração, acasalam-se fêmeas 62,5% Landrace + 37,5% Large White
com machos Large White. obtendo-se animais com 68,75% Large White + 31,25% de Landrace.
O procedimento utilizado com 3, 4 ou mais raças é o mesmo. As principais vantagens do sistema são as
de se produzir as fêmeas de reposição na própria granja. barateando sensivelmente seu custo de produção,
e de se evitar a entrada de problemas sanitários na granja,, utilizando –se animais já adaptados às
condições existentes. O único material genético a ser introduzido na granja é o do macho, o que pode ser
feito via inseminação artificial. Essa auto reposição do plantel só é possível quando se dispõem de um
plantel de matrizes com mais de 100 fêmeas, e de excelentes condições de controle de acasalamentos e
destino dos animais mestiços.
Figura – Esquema dos cruzamentos simples , three cross e 4 raças.

►Aquisição dos reprodutores

Os reprodutores devem ser adquiridos de rebanhos ligados a um programa de melhoria genética e que
apresentem Certificado de Granja de Reprodutores Suídeos (GRSC). É importante certificar-se de que o
material genético é livre do gene halotano, responsável pela predisposição dos animais ao estresse e pelo
comprometimento da qualidade da carne. Todos os machos e fêmeas devem ser de uma mesma origem,
com o objetivo de evitar problemas sanitários.

 Fêmeas
Como referência, as fêmeas devem apresentar um potencial para produzir acima de 11 (onze) leitões
vivos por parto e serem, de preferência, oriundas do cruzamento entre as raças brancas Landrace e Large

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White, por serem mais prolíficas. Em relação aos dados produtivos, as leitoas devem apresentar um ganho
de peso médio diário mínimo de 650 g (100 kg aos 154 dias de idade) e uma espessura de toucinho entre os
90 e 100 kg próximo de 15 mm.
A aquisição de leitoas deve ser feita com idade próxima de 5 meses, em lotes equivalentes aos grupos
de gestação, acrescidos de 15% para compensar retornos e outros problemas reprodutivos.
Em complementação aos dados de produtividade, atenção especial deve ser dada a qualidade dos
aprumos, a integridade dos órgãos reprodutivos, ao número e distribuição das tetas (mínimo 12) e as
condições sanitárias apresentadas no momento da aquisição.

A reposição das fêmeas do plantel deve ficar entre 30% e 40% ao ano, variação esta que permite ao
produtor manter um equilíbrio entre a imunidade e o ganho genético do rebanho. Animais de excelente
desempenho reprodutivo podem e devem ser mantidos em produção por mais tempo, de forma a
compensar a eliminação de fêmeas que se mostrarem improdutivas na fase inicial de reprodução.

 Machos
Os machos devem apresentar um alto percentual de carne na carcaça e boa conversão alimentar,
podendo ser de raça pura, sintética ou cruzado, de raça, raças ou linhas diferentes daquelas que deram
origem às leitoas. O mercado brasileiro de reprodutores oferece uma variedade de genótipos, que vai desde
puros da raça Duroc e Large White até cruzados Duroc x Pietrain, Duroc x Large White, Large White x
Pietrain, etc e sintéticos envolvendo essas raças e outras como o Hampshire. A escolha deve sempre
contemplar o mercado do produto final.
Como referência o ganho de peso médio diário deve ser superior a 690 g (100 kg aos 145 dias de idade)
e o percentual de carne na carcaça superior a 60%.
Os machos devem ser adquiridos em torno de 2 meses mais velhos que a idade do(s) lote(s) de leitoas
que irá (ão) servir. Os primeiros animais a serem adquiridos devem, portanto, apresentar idade entre 7 e 8
meses e os demais, necessários para a reposição, com idade superior a 5 meses. Essas referências de idade
são particularmente importantes para que o produtor possa fazer a avaliação dos dados produtivos dos
animais, bem como verificar as condições físicas mais próximas da idade de reprodução.
A reposição anual de machos deve ficar em torno de 80%, o que eqüivale a substituir os animais com
idade aproximada de 2 anos.

 Proporção entre machos e fêmeas no plantel


A proporção de machos e fêmeas (leitoas e porcas) no plantel é de 1/20, sendo indispensável dispor de
no mínimo 2 machos na granja. Sempre que possível o produtor deve optar pela inseminação artificial,
utilizando na cobrição das fêmeas sêmen oriundo de CIAs oficiais. Os machos das CIAs são selecionados
com maior intensidade em relação aos que são destinados à monta natural, apresentando, portanto,
melhores índices de produtividade nas características economicamente importantes. Quando o produtor usa
inseminação artificial o número de machos poderá ser reduzido, pois os mesmos serão utilizados apenas
para o manejo reprodutivo (detecção de cio) e para a realização de algumas montas naturais em dias que
possam dificultar o uso da inseminação artificial.

AULA 2

►PRINCIPAIS LINHAGENS DE SUÍNOS

O melhoramento genético é a base tecnológica de sustentação de qualquer estrutura de produção,


seja ela “animal ou vegetal”, resume o pesquisador da área de Genética Suína da Embrapa Suínos e Aves,
Jerônimo Fávero. Segundo ele, o desempenho de uma raça ou linhagem é fruto de sua constituição
genética somada ao meio ambiente em que é criada. “Por meio ambiente entende-se não só o local onde o
animal é criado, mas também a nutrição, a sanidade e o manejo geral que lhe é imposto”, explica.
“Portanto, de nada adiantaria fornecer o melhor ambiente possível para um animal se este não tivesse
capacidade genética, ou potencial genético como é normalmente chamado, de transformar os aspectos

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positivos do meio, em especial a nutrição e a condição sanitária, em aumento da produtividade das
características economicamente importantes”.

Figura – Esquema para obtenção de uma linhagem de suínos

ABCD
Por essa razão, o pesquisador afirma que o trabalho de seleção desenvolvido nos rebanhos núcleo
tem contribuído de forma expressiva para as melhorias genéticas dos suínos, que, somada aos avanços da
nutrição e incremento das condições sanitárias, além de outras melhorias de ambiente, tornou a
suinocultura uma atividade altamente competitiva na produção de proteína animal. “Essas melhorias,
obtidas no topo da pirâmide de produção, são transferidas diretamente ou através dos rebanhos
multiplicadores aos sistemas de produção de animais para abate”.
Com essa introdução, fica mais fácil entender o mecanismo do melhoramento genético suíno
empregado no Brasil. Um processo que começou no final da década de 70 e vem se aprimorando ao longo
dos anos. Conforme ressalta Fávero, por ser a base de sustentação da produção, a evolução genética
permitiu que a suinocultura saísse de uma produtividade insustentável para os padrões atuais de produção.
“Exemplos disso são a evolução experimentada em características como o número de leitões terminados
por porca por ano, que hoje encontra- se entre 24 a 26, a conversão alimentar que se situa entre 2,4 e 2,6
para animais de terminação e o percentual de carne na carcaça, que saiu de 50% no início dos anos 90 para
uma média atual próxima de 58% em animais de abate com peso vivo entre 100 e 110kg”.
O mercado atual da suinocultura, segundo o pesquisador, está exigindo animais que proporcionem umas
produções sustentáveis, que implica em preservar o ambiente, com boas condições de desenvolvimento
(sem estresse) e que reduzam ao máximo o uso de drogas como promotores de crescimento. “Dentre as
linhas de trabalho na área do melhoramento genético, devem merecer atenção especial a seleção para
resistência às doenças, visando reduzir o uso de aditivos e drogas para melhorar a absorção dos alimentos e
reduzir o poder poluente dos dejetos e a constante melhoria da qualidade da carne”, destaca. O pesquisador
também lembra que os programas de seleção continuarão buscando a melhoria da prolificidade e o
aumento da produção de carne de qualidade, características essas que têm uma grande influência sobre o
desempenho econômico da produção.

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Nesse sentido, a Embrapa Suínos e Aves desenvolveu e colocou no mercado nacional, em parceria com
a Cooperativa Central Oeste Catarinense (Aurora), em 1996, o macho linha Embrapa MS58, um suíno com
material genético com o propósito de tornar competitivos os pequenos e médios produtores, em função do
incremento da tipificação de carcaças, principalmente nos frigoríficos do Sul do Brasil. A linha Embrapa
MS58 ainda está sendo produzida e distribuída por oito multiplicadores. sendo um no Rio Grande do Sul,
quatro em Santa Catarina e três no Paraná.
Com o estreitamento dessa parceria, foi lançada no ano 2000 uma segunda linha de macho terminador,
denominada Embrapa MS60. Esta linha é livre do gene halotano, produz animais terminados resistentes ao
estresse e sem predisposição genética negativa sobre a qualidade da carne. De acordo com Fávero, a partir
de 2003 os multiplicadores da linha MS58 já estarão produzindo machos MS60.

 AGROCERES PIC-
Fêmeas avós: AG1050 e AG1062;
Machos avôs: AG1075 e AG1020;
Matrizes comerciais: Camborough 22 e Camborough 25 ;
Machos comerciais: AGPIC 427, AGPIC 409, AGPIC 337 e AGPIC 412.0427 é disponibilizado
apenas na categoria TG Elite (I. Artificial) e os demais nas categorias Monta Natural, TG Superior (I.
Artificial) e TG Elite (também IA);
Produtos AGPIC : AG1075 LS1 e AGPIC 337 PT1;
Genética Líquida: Comercialização de sêmen dos machos comerciais.

 TOPIGS -
A TOPIGS conta com três linhas machos no mercado brasileiro. Uma, de alta produção de carne magra,
com boa conformação, boa qualidade de carne e líder em taxa de crescimento, que é o macho terminador
DALBOAR. Outra, que é uma linha macho de alto rendimento em carne magra, extremamente muscular e
com boa conversão alimentar, que é a mais nova linha da empresa: o macho comercial TOPPI. E a
terceira, que é uma linha intermediaria: o TYBOR, desenvolvido para atender todas as exigências dos
diferentes nichos do mercado nacional. “Uma modificação implantada no programa de melhoramento
genético TOPIGS é que desde o ano passado, todas as linhagens machos da empresa estão sendo
selecionadas a um peso mais elevado, melhorando a acurácia dos cálculos dos valores genéticos para
produção de carne magra e selecionando animais na mesma condição exigida pelo mercado”, explica o
diretor.
Na linha fêmea, no Brasil, a TOPIGS possui a comercial C40 que, além de ser altamente prolífera em
condições de clima quente, de acordo com a empresa (produz acima de 27 desmamados por porca por
ano), tem bom consumo na maternidade e alta produção de leite. “A fêmea C40 não possui componente de
sangue Landrace e isto faz com que a mesma atenda as tendências do mercado, pois é uma fêmea que tem
urna baixa exigência de manutenção, gastando em torno de 100 kg a menos de ração do que as linhagens
comerciais que possuem componente Landrace”, ressalta Wigman. A TOPIGS também possui duas linhas
maternas de avôs.
A TOPIGS do Brasil conta com três granjas núcleos de melhoramento genético distribuídas nos Estados
de Goiás, Paraná e Rio Grande doSul, onde os bisavós importados da Holanda e da França são submetidos
a teste de granja. Os dados destes animais são enviados para o IPG (Intitute for Pig Genetics), na Holanda,
e são incorporados ao banco de dados do Grupo TOPIGS, junto com os dados de todas as outras granjas
núcleos ao redor do mundo, usando a ferramenta interna TSNS (TOPIGS Satellite Núcleo System).

 PEN AR LAN - “Num contexto cada vez mais competitivo, mais que nunca, o produtor de suínos
deve procurar baixar o seu custo de produção”, diz o diretor da Pen Ar Lan do Brasil, Yves
Naveau. “E a genética, como também o manejo, a nutrição, as instalações e a sanidade, são
componentes estruturais fundamentais na geração do custo de produção e na rentabilidade da
atividade”. Ele afirma que no Brasil e no mundo, além de continuar a trabalhar cornos atuais
critérios de seleção Como a carcaça o crescimento, a prolificidade a rusticidade e as qualidades
maternais, outros critérios, como a resistência às doenças, podem ser fundamentais no futuro. “A

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genética molecular também será uma ferramenta cada vez mais usada, porém, na Pen Ar Lan,
mesmo investindo em biotecnologia acreditamos que a genética quantitativa clássica e a
simplicidade, associadas a uma certa paciência e perseverança, ainda serão as bases do nosso
trabalho para os próximos anos”, revela. Naveau lembra ainda que a Pen Ar Lan foi quem iniciou a
descoberta do gene de acidez da carne suína (RN-) no mundo.
A Pen Ar Lan propõe aos produtores O CACHAÇO P76 E A FÊMEA NAÏMA, cuja particularidade é
o uso do sangue chinês. Totalmente livre do gene de sensibilidade ao estresse, o macho cruzado P76 alia
crescimento rusticidade, homogeneidade dos descendentes e uma excelente qualidade de carcaça, resultado
de uma seleção intensiva de mais de 25 anos das duas linhagens sintéticas que o compõem. Já a fêmea
Naïma combina as qualidades de carcaça e de crescimento das raças européias e a prolificidade das raças
chinesas. “O nosso objetivo no Brasil é que os produtores, usando a Naïma, cheguem aos mesmos
resultados alcança dos na França, ou seja, em média 11 leitões desmamados por parto”.

 DB DANBRED – De acordo com Mateus Borges, do Departamento de Marketing da DB-Danbred


do Brasil, o melhoramento genético suíno proporcionou uma maior produção de carne por metro
quadrado, maior competitividade na área de proteína animal, melhor qualidade de carne e maior
rentabilidade para toda cadeia de carne suína.
“As exigências do mercado Consumidor são carne de qualidade (cor, suculência, sabor) e características
de carcaça (espessura de toucinho, porcentagem de carne magra, comprimento da carcaça)”, diz. “Do
ponto de vista produtivo, as características exigidas são: prolificidade, ganho de peso, conversão alimentar,
taxa de mortalidade”.
A empresa trabalha no Brasil com AVÓS DB 25, FÊMEAS COMERCIAIS DB 90 E OS
REPRODUTORES: TÍVOLI, VIBORG E FREDERIK. O processo de melhoramento genético da DB
DanBred vem da Dinamarca, onde 90% da população suína daquele país está sob um mesmo programa
genético (DanBred). “

AULA 3

►ÓRGÃOS REPRODUTIVOS DO MACHO

a) Testículos: Localiza-se fora da cavidade abdominal protegidos por uma extensão de pele em forma de
bolsa denominada de escroto. Cada testículo está recoberto por uma forte cápsula que é a Túnica
Albugínea.
b) Aparelho excretor do sêmen: No interior de cada testículo existem milhares de condutos enrolados
chamados tubos seminíferos Os espermatozóides são produzidos dentro destes tubos, sendo encaminhados
daí ao canal deferente que é uma estrutura despregada dos testículos. Do canal deferente dirigem-se à
uretra. Os testículos constituem a fonte do hormônio sexual masculino TESTOSTERONA - que é
responsável pelo comportamento sexual do macho e pelos caracteres sexuais secundários, O testículo
esquerdo é ligeiramente maior que o direito, provavelmente devido à irrigação sangüínea. A retenção
parcial (monorquidismo) ou total (criptorquidismo) dos testículos na cavidade abdominal se constituem em
fatores altamente indesejáveis em animais destinados à reprodução, dada a sua condição hereditária.
c) Glândulas acessórias: Vesícula seminal, próstata e glândulas bulbo uretrais ou de Cowper, constituem
o plasma seminal ou sêmen, cuja finalidade é servir de meio de suspensão dos espermatozóides,
proporcionando-lhes material alimentício.
d) Pênis: Constituído de uretra, corpos cavernosos, glande e prepúcio. A uretra dos varrões possui uma
forma espiralada. Durante a excitação os espaços cavernosos do pênis se tomam cheios de sangue cuja
saída fica impedida, quando o pênis se toma túrgido e ereto. A parte externa do pênis, de forma espiralada,
se dá o nome de glande. Os suínos possuem uma bolsa prepucial próxima à extremidade do pênis, de
função desconhecida e não encontrada em outras espécies animais. O tamanho desta bolsa diminui
sensivelmente após a castração. Nesta bolsa se acumula a urina que é responsável pelo forte odor sexual
masculino dos varrões que se infiltra até em sua carne, dando-lhe um cheiro e sabor desagradáveis.
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Figura – Órgãos reprodutivos do macho

►ORGÃOS REPRODUTIVOS DA FÊMEA

a) Ovários: São em número de dois, em forma de um cacho de uva, sendo o ovário esquerdo 70% mais
funcional do que o direito. O tamanho do ovário depende em grande parte da idade e da fase reprodutiva da
fêmea. Possuem três funções básicas que são: produção dos gamelas femininos (óvulos), secreção de
estrógeno e secreção de progesterona.
b) Sistema condutor feminino
Consta das seguintes partes: ovidutos (ou trompa de falópio), útero, cérvix, vagina e genitália externa.
1) Ovidutos: São um par de tubos longos e enrolados que conectam os ovários com o útero. Depois que os
óvulos abandonam os folículos ováricos, dirigem-se ao oviduto. Nesta região há o encontro do óvulo com
o espermatozóide seguindo-se a fecundação. Os óvulos depois de fecundados descem até o útero para a
implantação.
2) Útero: Consta de uma porção curta chamada corpo uterino e de dois corpos uterinos bem
desenvolvidos. Cada corpo na maioria das vezes contém aproximadamente metade do número de
embriões, em decorrência da migração intra-uterina dos óvulos fertilizados, ou seja, o deslocamento dos
ovos de uma parte para a outra do útero. Esta migração ocorre cerca de onze dias após a fertilização.
3) Cérvix ou colo uterino: Esfincter muscular situado entre o útero e a vagina, isolando o útero do meio
exterior. A ocorrência de algum distúrbio na cérvix pode acarretar o aborto.
4) Vagina: Divide-se em duas partes: vestíbulo ou vulva que é a parte mais externa e a vagina posterior,
que se estende deste orifício central até o cérvix. Possui massas de tecidos conjuntivo denso e frouxo, com
abundante provisão de plexos venosos, fibras nervosas e pequenos grupos de células nervosas. O muco

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normalmente encontrado na vagina, procedente sobretudo da cérvix, aumenta consideravelmente nas
fêmeas em cio.
5) Genitália externa: Constituída pelo clitóris, lábios maiores e menores e certas glândulas que se abrem
no vestíbulo vaginal. O clitóris é homólogo embriológico do pênis e está formado por dois pequenos
cavernosos eréteis que terminam em uma glande rudimentar.
Figura – Órgãos reprodutivos da fêmea

Fonte: Lima et al. ( 1995)

AULA 4

►REPRODUÇÃO

 IMPORTÂNCIA
Reprodução é um processo complexo, dependendo de uma série de atividades, maturação e
desprendimento dos óvulos dos ovários, desejo sexual no momento da ovulação, cópula, transporte do
sêmen ao encontro dos óvulos fertilizados ao útero, sua implantação adequada e subseqüente nutrição dos
recém-nascidos pelas glândulas mamárias.
Todos esses eventos são regulados por um complexo sistema neuro-hormonal que permite um
funcionamento normal e bem balanceado dos órgãos terminais afetados por hormônios, daí resultando
perfeita sincronização da função do mecanismo sexual.
A espécie suína é multípara, do tipo poliestral não estacional com cios ocorrendo com intervalos de 21
dias, possuindo ovulação espontânea nos dois ovários. São animais altamente prolíferos, podendo produzir
mais de 20 leitões em dois partos por ano. Iniciam a vida reprodutiva bastante jovens. Aos 8 meses os
animais já estão aptos a procriar.

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É sabido que o tamanho da leitegada é muito mais conseqüência do manejo do que de fatores
hereditários. Nessas condições é com o manejo adequado, através do conhecimento do mecanismo
fisiológico da reprodução, que se pode influir no aumento do número de leitões nascidos por parto.

 IDADE DA REPRODUÇÃO
Devido ao desenvolvimento anatômico insuficiente, os reprodutores não deverão ser utilizados na
reprodução tão logo alcancem a puberdade. O processo de crescimento mobiliza grandes quantidades de
proteínas, pois os músculos, ossos, sangue e outros ferimentos essenciais ao crescimento possuem elevadas
proporções de proteínas em sua composição. Como a fração gelatinosa do esperma é rica de proteína no
metabolismo animal.
De um modo geral são necessárias três condições para que a cobrição de leitoas seja bem sucedida:
maturidade sexual (3º cio), idade (6 a 7 meses); desenvolvimento corporal (110 kg) mais ou menos.
Quanto ao macho deve ser utilizado gradativamente e possivelmente a uma idade e peso ligeiramente
superiores aos das marrãs.

 CICLO ESTRAL
O processo reprodutivo das fêmeas é sempre cíclico, iniciando com o estro ou cio e terminando
imediatamente antes da manifestação do novo cio. A duração total média do ciclo estral é de 21 dias,
podendo haver pequenas oscilações.

 FASES DO CICLO ESTRAL


a) Proestro ou fase de proliferação - Nesta fase os folículos ovários estão bastante desenvolvidos ou da
maturação. O útero fica tenso, a vagina corada e edematosa e a cérvix aberta. Às vezes há presença de
muco na vagina, com evidência da aproximação do novo cio, com início das manifestações psíquicas. A
duração desta fase é de aproximadamente dois dias.
b) Estro ou cio - Fase ovulatória, de cobrição com duração de aproximadamente 2 a 3 dias. Será tratada
em item especial, devido a sua importância.
c) Metaestro
Nesta fase o útero perde a sua tenacidade e a vagina apresenta menos entumecida.
Fase pós-ovulatória, com duração de 2 dias. Os ovários se caracterizam por apresentarem inicialmente
depressões correspondentes aos locais de ovulação que posteriormente dão origem aos corpos
hemorrágicos.
d) Diestro
Esta fase com duração de 14 dias após a ovulação, se caracteriza por: corpo lúteo maduro, útero quieto e
sem tenacidade e presença da pri onda de crescimento folicular. A mucosa da vagina e a cérvix estão secas
e pálidas.
e) Anaestro
E o período de diestro prolongado. Pode-se constituir num dos tipos de esterilidade funcional, pela
possibilidade de persistência do corpo lúteo.

 ESTRO OU CIO
É fase em que a fêmea aceita o macho, permitindo a cópula. Terminado o cio, o macho perde, de um
modo geral, o interesse pela fêmea, sendo também por ele repelido.
De acordo com as características do cio, os animais, dividem-se:
1. Monoestrais - aqueles que apresentam um cio por ano.
2. POLIESTRAIS - apresentam mais de um cio por ano.
3. Contínuos - aqueles que apresentam manifestações de cio durante todo o ano.
Ex.: porca, vaca, coelha.
4. Estacionais - aqueles que apresentam cio em determinada época do ano (estação). Ex.: ovelha,
cabra, égua.

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CARACTERÍSTICAS DOS CIOS NAS PORCAS
a) procuram o macho
b) montam umas nas outras, imitando o ato sexual
c) respondem positivamente ao reflexo de imobilização
d) intumescimento da vulva
e) nervosismo e excitação
f) redução do apetite
g) grunhidos característicos
h) micção freqüente
1) orelhas caídas de forma característica
j) às vezes há corrimento vaginal.

 DURAÇÃO DO CIO
Em média de 2 a 3 dias (48 a 72 horas). O cio em porcas é de 12 a 18 horas mais longo do que em
marrãs.

 OVULAÇÃO
Nas porcas a ovulação é espontânea, ou seja, é independente do estímulo do acasalamento. Ocorre em
ambos os ovários, sendo que os óvulos, em sua maioria liberados 24 a 36 horas após as primeiras
manifestações do cio. O intervalo de liberação do 1°. ao último óvulo é de 1 a 17 horas. A taxa de ovulação
é muito variável, sendo em média de 15 a 18 óvulos.
a) Alguns fatores que afetam a taxa de ovulação:
1. IDADE: embora o número de ovulação aumente com o desenvolvimento sexual da marrã, uma vez
atingido o peso máximo, decresce com a idade da porca.
2. NÍVEL NUTRICIONAL: uma dieta rica em energia, constituída de glicose, gordura e outros
nutrientes similares antes da cobrição (FLUSHING), favorece o aumento da taxa de ovulação.
3. RAÇAS: algumas raças possuem taxas de ovulação maiores do que as outras.
b) Outros fatores de meio (clima, manejo, etc.) podem também influenciar o número de
ovulações.
c) Tipos de cio
1) NORMAL: é o cio de freqüência e duração normais médias, ou seja, aproximadamente de 21/21 dias,
com duração de 2 a 3 dias.
2) SILENCIOSO: é o cio não exteriorizado, apesar da ovulação estar se processando normalmente. Não é
muito comum, pois de acordo com Burger (1952), em 950 ciclos estudados, apenas 1,5% das porcas
apresentaram este tipo de cio.
3) CIO PÓS-PARTO: de um modo geral mostra sinais de cio nos primeiros dias após o parto. Este cio,
provavelmente, seja devido aos estrógenoS provenientes da placenta e que se encontram acumulados no
sangue circulante. Todavia, não há ovulação, e mesmo em caso positivo, o útero não estaria em condições
de dar início a uma gestação normal.
4) CIO APÓS A DESMAMA: na primeira semana após a desmama, a porca normalmente entra no cio.
Carneiro (1958) encontrou uma média de 9,5 dias para o aparecimento do cio após a desmama.
5) CIO DE ENCABELAMENTO OU PSEUDO: é um cio bastante raro, que pode ocorrer durante a
gestação, de causa desconhecida, mas provavelmente devido a transtornos neuro-hormonais.

 SINCRONIZAÇÃO DE CIO: na exploração de suínos, é de grande importância ter um


planejamento da produção, objetivando o aproveitamento racional das instalações e

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comercialização dos animais. A sincronização de cio consiste em fazer com que o grupo de porcas
entre em cio mais ou menos juntas.

►PRÉ GESTAÇÃO
É o período que antecede a cobrição, de duração média de 2 a 3 semanas, durante o qual a fêmea
deve ser colocada em condições orgânicas adequadas para que a cobrição seja realizada com êxito.

►COBRIÇÃO
 INSTINTO GENÉSICO: é a atração que o macho sente pela fêmea e esta, em aceitá-lo e vice-
versa. Nesta ocasião ocorrem dois eventos, sendo um referente á fêmea (cio), e outro referente ao
macho e a fêmea (cópula).

 TIPOS DE COBRIÇÃO
Livre: as fêmeas permanecem juntas com o macho durante todo o tempo. Este método é mais usado nas
criações extensivas. Apresenta a vantagem de um grande índice de fertilidade, e como desvantagens:
dificuldade de controle sanitário do rebanho, não há controle de cobrições, não identifica as fêmeas e
machos estéreis, há um esgotamento grande do macho.
Mista: o reprodutor recebe a fêmea num piquete individual, onde permanecem até findar o período do cio.
Apresenta a vantagem do controle sanitário dos nascimentos, identificação das fêmeas e dos machos
estéreis. Pode porém provocar esgotamento do macho devido a cobrições desnecessárias.
Dirigida: a fêmea é conduzida à baia do varrão, sendo a monta realizada sob rigoroso controle do criador.
É o método mais indicado.

 MOMENTO DA COBRIÇÃO EM RELAÇÃO A OVULACÃO


O momento ideal para a cobrição apresenta alguns problemas, devidos principalmente a:
a) Duração do cio 2-3 dias, sendo que o cio das porcas duram de 12-18 horas a mais do que os de leitoas.
b) A maioria dos óvulos são liberados 24-36 horas após os 1°s. sinais de cio.
c) O intervalo deliberação do 1°. ao último óvulo é de aproximadamente 7 horas.
d) O período de viabilidade dos ovos ou melhor dos óvulos ou seja, o período em que podem ser
fecundados é de 6 horas.
e) Os espermatozóides conservam o seu poder fecundante por 25-42 horas.
f) Os espermatozóides levam aproximadamente 2 h para atingir a região dos óvulos.
Pelos motivos acima expostos, aconselha-se fazer no mínimo duas coberturas no mesmo período de cio.
As leitoas devem ser cobertas no 1°. e 2°. dia do cio. Já as porcas devem ser cobertas no 2°. e 3°. dias do
cio. Em ambos os casos os intervalos das duas montas deve ser mais ou menos 12 horas, pois o uso desta
prática aumenta a fertilidade.

 CÓPULA: ato sexual por dois indivíduos de sexos diferentes, divididos em 4 fases.
- Excitação ou desejo sexual
- Ereção
- Ejaculação
- Orgasmo.
Na fêmea não ocorre o fenômeno de ejaculação. A ejaculação se processa no útero, demorando em
média 5 minutos, mas, podendo chegar até 25 minutos, o volume ejaculado, devido a secreção das
glândulas acessórias, pode chegar em média de 150 a 250 cc. O líquido seminal é de composição diferente
durante a ejaculação, sendo mais rica em espermatozóide a porção intermediária. O ejaculado final é que
forma o tampão vaginal, e é constituído por material gelatinoso que para fins de inseminação artificial ser
filtrado com gaze ou algodão.

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 GESTAÇÃO
Importância: A importância fundamental de qualquer animal está na sua capacidade de reproduzir. A
maior responsabilidade na reprodução cabe à fêmea, pois a ela cabe a tarefa de produzir gametas viáveis e
participar do coito, como também fornecer provisão e um ambiente ideal para o transporte dos
espermatozóides para a fertilização. Além disso a fêmea tem que nutrir o novo organismo em
desenvolvimento até o parto, dar-lhe nascimento vivo e fornecer-lhes cuidados até que ele seja capaz de
alimentar por si mesmo. Durante todo esse processo uma série de fatores genéticos e ambientais se
integram e nunca devemos esquecer que dentre os fatores ambientais a nutrição da gestante é de suma
importância.
Duração: é o período que vai desde a fecundação até o esvaziamento do conteúdo uterino. Embora a
literatura registre período de gestação desde 102 até 128 dias. a duração média é de 114 dias, caindo
grande número de gestações entre 113 e 115 dias.

 DIAGNÓSTICO DA GESTAÇÃO
Existem várias técnicas para diagnosticar a gestação de porcas, como: radiografia, testes hormonais,
testes hematológicos, indução do cio, biópsia vaginal, detecção ultra-sônica da vida fetal e palpação retal.
Os métodos visuais incluem a ausência de cio, desenvolvimento da glândula mamária e aumento do
volume abdominal, não sendo métodos específicos, tendo apenas uso prático no terço final da prenhez.

 MORTALIDADE EMBRIONÁRIA
25 a 40% dos óvulos fertilizados são perdidos durante a gestação. A maior parte das perdas ocorre
no terço inicial da gestação. A porca produz em média 15 a 18 óvulos, mas, desse número nascem apenas
10 a 12 leitões.

ALGUNS FATORES QUE INFLUENCIAM A MORTALIDADE PRE-NATAL


A) Alimentação: Como já foi dito, a alimentação de altos níveis energéticos à porcas antes da cobrição
provoca uma enorme ovulação, porém, persistindo este tipo de trato após a cobertura, a mortalidade
embrionária será maior.
B) Idade da porca: Há um aumento da mortalidade pré-natal com o aumento da idade da porca.
C) Fatores ambientais: altas temperaturas provocam maior taxa de mortalidade embrionária.
D) Consangüinidade: provoca diminuição do tamanho da leitegada. Os cruzamentos tendem a aumentar o
n°. de leitões nascidos.
E) Fatores infecto-contagiosos: doenças como leptospirose, brucelose e outros tipos de bactérias, bem
como algumas infecções viróticas aumentam a percentagem de mortalidade pré-natal.

 PARTO
É a expulsão do produto resultante da gestação, através de um conjunto de fenômenos fisiológicos e
mecânicos.
CLASSIFICAÇÃO DO PARTO
a) Quanto ao tipo
1. Normal, fisiológico
2. Anormal, distócico, laborioso ou patológico.
Parto distócico é aquele em que a fêmea não consegue expulsar o feto, devido à desproporção entre o feto e
a bacia. anomalia das contrações abdominais monstruosidades fetais, ossificação da cabeça etc.
b) Quanto à duração da gestação
1. A termo: processa-se no período normal da gestação.

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2. Prematuro: temporão ou precoce, ocorrendo antes de completar o período normal de gestação.
Não confundir com aborto que é a expulsão do produto resultante da concepção antes que o mesmo seja
considerado viável.
 FASES DO PARTO
a) Dilatação adelgaçamento e dilatação do colo, inseminações do feto e ruptura das bolsas d’água.
b) Expulsão saída do feto para o meio exterior.
c) Delivramento ou parto anexal é a expulsão da placenta e anexos fetais com duração média de 15 a 30
minutos.
d) Puerpério é o período que vai do delivramento até a fêmea entrar no estado normal em que ela se
encontrava antes da gestação. Nele ocorre a involução de todo o aparelho genital, dos músculos
abdominais. Na espécie suína, esse período é de aproximadamente 21 dias.

 DURAÇÃO DO PARTO
É de quatro a seis horas, apesar da literatura citar como padrão normal desde 30 mim à dezesseis horas.

 LEITÕES NATIMORTOS
São considerados leitões natimortos os fetos levados à termo em tempo normal de gestação, porém
mortos. Numerosas pesquisas mostram que 5 a 8% dos leitões nascem mortos. A literatura, no entanto cita
urna variação de 3,4 até 19,9%.

 EFICIÊNCIA REPRODUTIVA
Consideraremos como fazendo parte deste capítulo, os seguintes tópicos: fertilidade, produtividade,
vida útil, idade ao primeiro parto, intervalo entre partos e intervalo entre gerações.
a) Fertilidade popularmente fertilidade é a capacidade de um animal produzir número grande de criar
vivas, e esterilidade a incapacidade total de produzir qualquer cria. Qualquer sexo pode ser estéril mas os
criadores chamam “maminhas” as fêmeas estéreis.
Fecundidade é a capacidade potencial da fêmea produzir óvulos funcionais.
b) Produtividade a raça é produtiva quando, além de apresentar boa aclimatação, oferece altos padrões de
produtividade, precocidade, rusticidade e rendimento.
c) Vida útil intervalo entre o 1°. parto e aclimação da porca. Em média vai de 2,5 a 3,5 anos, nas nossas
condições.

 IDADE MÉDIA AO PRIMEIRO PARTO


As matrizes devem ser cobertas pela primeira vez em tomo de O meses de idade, para dar a 1 cria por
volta de 1 ano.

 INTERVALO ENTRE PARTOS


Existem três variáveis que regulam o intervalo entre partos em dias.
- Cobrição fértil - 08 dias
- Período de gestação - 114 dias
- Período de lactação - 30 dias
Portanto perfazendo um total de 152 dias, e com um bom manejo o produtor poderá atingir dois ou mais
partos/porca/por ano.

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SEMANA 5
META:
Apresentar recomendações a serem adotadas no manejo da produção nas diversas fases de vida do
animal.

OBJETIVOS: Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


 Identificar as práticas recomendadas a serem aplicadas para machos;
 Identificar as práticas recomendadas a serem aplicadas para detecção de cio e nas fases de
pré-cobrição, cobrição, gestação e descarte de fêmeas;
 Identificar as práticas recomendadas a serem aplicadas nas fases de maternidade, creche,
crescimento e terminação.

AULA 1

►MANEJO DA PRODUÇÃO
O manejo da produção compreende todo o processo reprodutivo e produtivo do sistema, devendo ser
conduzido com toda a atenção, pois dele depende o atingimento de melhores índices produtivos e o retorno
econômico da atividade.

 MACHOS
 Não permitir contato direto ou indireto do macho com as leitoas antes de completar 5 meses de
idade;
 Fornecer aos machos de 2 a 2,5 kg de ração de crescimento por dia, dependendo do seu estado
corporal, até iniciarem a vida reprodutiva.
 Passar por um período de adaptação de no mínimo 4 semanas antes de realizar a primeira cobrição;
 Iniciar o treinamento do macho em coberturas aos 7 meses, levando-o várias vezes à baia de
cobrição antes de fazer a primeira cobertura;
 Utilizar uma fêmea que esteja com perfeito reflexo de imobilidade para fazer a primeira cobertura,
observando uma igualdade no tamanho do macho e a fêmea;
 Realizar a cobertura na baia de cobrição, com piso não escorregadio. Recomenda-se o uso de
maravalha sobre o piso;
 Antes da cobertura, realize a limpeza e esgotamento do prepúcio (após secar com papel limpo),
bem como, observe se não existe nenhuma alteração no cachaço (orquite, sinal de infecção, etc.);
 Supervisionar a monta. Retire a fêmea se a mesma for agressiva. Se o macho montar
incorretamente, gentilmente coloque-o na posição correta;
 Realizar no máximo 2 montas por semana (1 fêmea coberta) entre 7 e 9 meses de idade, no máximo
4 montas por semana (2 fêmeas cobertas) entre 10 e 12 meses de idade e até 6 montas por semana
com idade acima de 1 ano;
 Conduzir com calma os machos e as fêmeas para a baia de cobrição, usando tábua de manejo e
nenhum tipo de mau trato;
 Fazer as cobrições sempre após o arraçoamento dos animais e nas horas mais frescas do dia, início
e fim da jornada de trabalho;
 Fornecer diariamente aos machos, após iniciarem a vida reprodutiva, ração de gestação de acordo
com seu peso (Tabela);

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Tabela . Arraçoamento de cachaços adultos.
Arraçoamento Peso vivo dos cachaços (kg)
diário 120 a 150 150 a 200 200 a 250 250 a 300
Quantidade
2,1 2,4 2,8 3,0
fornecida (kg)
Fonte: Fávero et al. (2009)

 PROCEDIMENTOS PARA A DETECÇÃO DO CIO

 É importante o estabelecer um procedimento padrão para a atividade de diagnóstico de cio,


obedecendo uma rotina diária. O contato físico direto pela introdução do macho na baia das fêmeas,
pelo menos durante 10 minutos a cada dia garante a melhor estimulação para detectar o estro e é
útil para checar porcas que não exibem o reflexo de tolerância. Para fêmeas alojadas em gaiolas, a
utilização de um cachaço em combinação com o teste da pressão lombar é o método mais acurado
de identificação de fêmeas em estro. Idealmente o diagnóstico de cio deve ser realizado duas vezes
ao dia com intervalo ótimo de 12 horas.
 Levar a fêmea na presença do macho (baia) ou colocá-la frente a frente com o cachaço (em
gaiolas);
 Utilizar um cachaço com idade acima de 10 meses. Também é aconselhável a prática do rodízio de
cachaços para e detecção de cio;
 Iniciar a tarefa de detecção de cio cerca de uma hora após a alimentação. Se ao invés de baias, a
granja alojar as fêmeas em gaiolas individuais, um intenso contato "cabeça com cabeça" passando o
macho pelo corredor obterá bons resultados.
 Realizar o teste de pressão lombar imediatamente após mostrar o cachaço para a porca.
 Gentilmente massagear o flanco e pressionar (com as mãos ou cavalgando) as costas da fêmea.
A fêmea em cio para rigidamente, treme as orelhas e mostra interesse pelo macho;
 Evitar movimentos rudes ou bruscos. O teste é menos efetivo se a fêmea tiver medo do tratador;
 Procurar alongar a exposição do cachaço quando estiver checando cio em leitoas, uma vez que as
mesmas tendem a ser mais nervosas e inquietas. Caso o cio estiver sendo checado em uma baia,
não utilizar um cachaço muito agressivo;
 Após detectar o cio deve-se respeitar um período mínimo para realizar a monta natural ou
inseminar. O reflexo de imobilidade normalmente é apresentado em períodos de 8-12 minutos,
seguido por períodos refratários de uma hora ou mais, devido a fadiga provocada pelas contrações
musculares.

 PRÉ-COBRIÇÃO EM LEITOAS

 A maturidade sexual das leitoas ocorre entre 5,5 a 6,5 meses de idade, com algumas variações em
função da genética, da nutrição, do manejo e do ambiente onde estão alojadas. Considerando que as
leitoas, geralmente, chegam na propriedade, em média, com 160 dias de idade e manifestam o
primeiro cio dentro de 10 dias, recomenda-se iniciar o diagnóstico do cio, uma vez ao dia, a partir
do segundo dia da chegada das leitoas;
 Evitar que as fêmeas se acostumem com a exposição ao macho por excesso de contato, isto
dificulta a estimulação da puberdade e a detecção do cio. Alojar os cachaços de forma que as
fêmeas desmamadas e leitoas em idade de cobrição possam vê-los e sentirem seu cheiro. Períodos
de exposição direta de 10 a 20 minutos pelo menos uma vez são ao dia, são suficientes;
 Para iniciar o estímulo da puberdade deve-se utilizar um cachaço com bom apetite sexual, acima de
10 meses de idade, dócil e não muito pesado. Fazer o rodízio de cachaços para o estimulo e
detecção de cio;
 Abrir uma ficha de anotações e controle de cio para cada lote de fêmeas;
 Se a leitoa entrar em cio e não apresentar idade ou peso para cobrir, mantenha o registro para
utilização desta leitoa dentro de 21 dias;
 Fornecer diariamente às leitoas 2,5 kg de ração de crescimento até duas semanas antes da cobrição.
A ração diária deve ser em duas refeições, pela manhã e à tarde;

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 Duas semanas antes da data provável de cobrição fornecer às leitoas ração de lactação à vontade;
 Realizar a 1ª cobrição no 2° ou 3º cio, com idade mínima de 7 meses e 130 kg de peso;
 As leitoas que não demonstrarem o 1º cio até 45 dias após o início do manejo para indução da
puberdade devem ser descartadas.

 PRÉ-COBRIÇÃO EM PORCAS

 Período ótimo de duração da lactação é de 21-23 dias permitindo uma perfeita involução uterina e
um desgaste não excessivo no aleitamento. Em regra geral as porcas retornam ao cio 4 ou 5 dias
após o desmame e se não ficarem cobertas voltarão a repetir o cio aos 21 dias.
 Agrupar as porcas desmamadas em lotes de 5 a 10 animais, em baias de pré cobrição, localizadas
próximas às dos machos;
 Agrupar as porcas por tamanho, seguido de banho com água e creolina para reduzir o estresse e as
agressões. Manter um espaço ideal de 3 m2 por porca;
 Fornecer ração de lactação às porcas, à vontade ou pelo menos 3 kg/dia, do desmame até a
cobrição;
 Estimular e observar o cio das porcas no mínimo duas vezes ao dia, com intervalo mínimo de 8
horas, colocando-as em contato direto com o macho a partir do segundo dia após o desmame.

 COBRIÇÃO

 A duração controlada de uma monta varia de 5 à 10 minutos. Qualquer cobertura que demorar
menos de 3 minutos deve ser considerada uma cobertura duvidosa. É conveniente a adequação do
tamanho da porca ao cachaço (tronco de monta se necessário). A fêmea deve estar perfeitamente
em cio (imóvel), com a vulva higienizada. O cachaço não deve apresentar problemas de aprumos,
sendo recomendado a realização de desinfecção do prepúcio 4 à 5 vezes por ano.
 A baia de cobertura não deve ter cantos e nem pontos que possam causar lesões nos animais. O piso
não pode ser escorregadio, sendo recomendado o uso de maravalha. O lado mais estreito da baia
não pode ser inferior a 2,5 m. A limpeza da baia deve ser diária e a desinfecção realizada
semanalmente.
 Realizar a inseminação artificial na presença do macho, tendo-se o cuidado para que o sêmen seja
depositado naturalmente na fêmea e não forçado. O tempo de uma inseminação deve ser de no
mínimo 4 minutos;
 Adotar duas montas ou inseminações por porca e uma terceira monta ou inseminação somente para
porcas com cio novamente testado e confirmado na terceira cobertura. Manter intervalo de 24 horas
entre montas naturais e de 12 à 24h entre inseminações artificiais, de acordo com o protocolo
recomendado para cada categoria de animal ou de Intervalo desmame-cio.

 Protocolo de cobrição para monta natural

 Observando-se a detecção de cio com o auxílio do cachaço, duas vezes ao dia, a prática de monta
natural com duas cobrições é recomendada dentro das seguintes condições:
 Porcas com intervalo desmama-cio com 5 ou mais dias e Leitoas:
Realizar a primeira cobrição no momento em que a porca ou leitoa inicia a aceitação do cachaço. A
segunda cobrição deverá ser no máximo 24 horas após.
 Porcas com intervalo desmama-cio até 4 dias:
Realizar a primeira cobrição 12 horas após ter demonstrado imobilidade ao cachaço. A segunda
cobrição deverá ser feita 24 horas após a primeira.

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 Protocolo para Inseminação Artificial
Quando as fêmeas são inseminadas deve-se observar o momento da inseminação segundo o estabelecido
no Quadro Protocolo de inseminação artificial.

IDC* Detecção Cio 1º DIA 2º DIA 3º DIA


Porcas com IDC até 4 Manhã Cio 3ª IA
dias Tarde 1ª IA 2ª IA
Porcas com IDC de 5 a Manhã Cio
6 dias Tarde 1ª IA 2ª IA
Leitoas Manhã Cio 2ª IA
Tarde 1ª IA
*Intervalo desmama-cio
Obs: Realizar a 3a IA se a porca aceitar.
Fonte: Fávero et al. (2009)

 GESTAÇÃO

 Preferencialmente alojar as porcas e leitoas em boxes nos primeiros 30 dias de gestação. Os


deslocamentos são claramente desaconselhados entre o dia 7 e o dia 18 de gestação. O ambiente
deve ser calmo. Evitar o estresse;
 Manter as instalações em boas condições de higiene e limpeza. Quando alojadas em baias coletivas
a área para leitoas deve ser de 2,0 m2 e porcas de 3,0 m2;
 Tanto as porcas do início da gestação (até 4 ou 5 semanas pós cobertura) como aquelas do final da
gestação (1-2 semanas pré-parto) necessitam especial atenção quanto a temperatura ambiental.
Temperaturas elevadas causam efeitos negativos com perdas embrionárias mais evidentes,
especialmente entre os dias 8-16 pós-cobrição;
 Após a cobrição até cinco dias de gestação fornecer às fêmeas de 1,8 à 2,0 Kg de ração/dia;
 Entre o dia seis e o dia 56 alimentar as porcas em função do seu estado ao desmame;
 Entre os dias 56 e 85 de gestação, fazer ajuste na quantidade de ração (2,0 a 2,5 kg/dia/porca) de
forma que a porca esteja em uma boa condição corporal;
 Dos 86 dias de gestação até transferência para a maternidade deve ser fornecido até 3,0 Kg diários
de ração;
 A ração deve ser fornecida em duas refeições, pela manhã e à tarde. A oferta de água deve ser à
vontade, de boa qualidade e com temperatura inferior a 20°C (consumo diário de 18 à 20 litros).
 Do dia 18 à 24 passar o cachaço em frente às porcas pela manhã e pela tarde, após os horários de
arraçoamento para verificar retornos de cio;
 Fazer diagnóstico de gestação entre 30 - 50 dias com a utilização de ultra-som;
 Fazer diagnóstico de gestação visual após 90 dias;
 Aplicar as vacinas previstas para a fase de gestação e para a segunda semana pós-parto;
 Movimentar as fêmeas no mínimo quatro vezes por dia (duas por ocasião da alimentação) para
estimular o consumo de água e a micção. Supervisionar e anotar os corrimentos vulvares durante
este período;
 Identificar os animais com problema, anotar os sinais de inquietação. Observar e registrar os
abortos e retornos tardios;
 Fornecer alimentação mais fibrosa na última semana de gestação. Lavar as fêmeas antes de irem
para a maternidade.

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Tabela. Valores críticos e metas na fase de cobrição e gestação.
Indicador ValorCrítico(1) Meta
Taxa de partos (%) <80 >86
Taxa de retorno ao cio (%) >20 <14
Intervalo médio desmame cio (dias) >10 <7
Taxa de reposição anual de matrizes - 1° ano (%) <12 15
Taxa de reposição anual de matrizes - 2° ano (%) <20 25
Taxa de reposição anual de matrizes - 3° ano (%) <30 40
Taxa de reposição anual de machos (%) <50 >80
Relação fêmeas por macho 18:1 20:1
(1) Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas.
Fonte: Fávero et al. (2009)

 DESCARTE DE FÊMEAS

Evitar o acúmulo de porcas muito velhas na granja, mantendo sempre a recomendação de reposição
anual de 30 a 40%;
As porcas que apresentarem qualquer um dos problemas abaixo relacionados devem ser descartadas:
 Não retornarem ao cio até 15 dias após o desmame;
- Com danos severos nos aprumos;
- Com falha de fecundação;
- Com duas repetições seguidas de cio;
- Que apresentaram dificuldades no parto;
- Qualquer ocorrência de doença;
- Com baixa produtividade;
- Com problemas de Metrite, Mastite e Agalaxia (MMA);
- Que apresentaram aborto ou falsa gestação.

AULA 2

►MATERNIDADE
 Fazer a transferência das porcas para a maternidade sete dias antes do parto previsto. Conduzir os
animais com calma e sem estresse, sempre com o auxilio de corredores e da tábua de manejo.
Transferir as fêmeas nas horas quentes do dia durante o inverno e nas horas frescas do dia no verão;
 Manter a temperatura interna da sala de maternidade próxima de 18º- 20ºC. Instalar um termômetro
na parte central da sala a uma altura aproximada de 1,50m para facilitar a leitura;
 Privar as porcas de ração no dia do parto, mantendo somente água a sua disposição (15-20
litros/dia). Acompanhar o parto dando toda a atenção possível à porca e aos recém nascidos. O
objetivo no manejo alimentar é evitar a constipação e conservar os aportes de energia; Evitar
interferência no parto a não ser nos seguintes casos: a)- Porcas sem contração: aplicar ocitocina e
massagear o aparelho mamário; b)- Porcas com contração, sem iniciar o nascimento após 20
minutos, usar mão enluvada para tentar a retirada dos leitões.
 Manter, para cada porca, uma ficha individual de anotações relativas ao parto e aos leitões, e em
especial as medicações individuais ou coletivas.
 As porcas em lactação devem receber ração à vontade. Nos períodos quentes deve-se fornecer
ração molhada, distribuída várias vezes ao dia, para estimular o consumo. Nestes períodos também
é muito importante o fornecimento de ração à noite (esta pode ser seca), pois nas horas mais frescas
o consumo é maior.
 Fornecer aos leitões ração pré-inicial 1 a partir dos 7 dias de vida até o desmame.

41
 Características ideais da Maternidade

 Acesso fácil pelo traseiro da porca para facilitar o manejo (porca e leitões);
 Cela parideira com barra de proteção, para evitar esmagamentos;
 Fonte de aquecimento com regulagem;
 Piso com capacidade isolante para evitar perda de calor por contato pelo leitão;
 Piso confortável para a porca e leitões evitando lesões de casco e articulações;
 Manter até um máximo de 24°C para a porca e um mínimo de 32°C para o leitão recém nascido;
 Limpeza diária com retirada dos excrementos no mínimo uma vez pela manhã e outra pela tarde.

 Cuidados com os leitões ao nascer

 Antes de iniciar o trabalho de parto é necessário ter a disposição os seguintes equipamentos,


materiais e medicamentos:
 Papel toalha ou panos limpos e desinfetados;
 Barbante em solução desinfetante a base de iodo (iodo 5 a 7% ou iodo glicerinado);
 Frasco de iodo glicerinado para desinfeção do umbigo;
 Seringa e agulha;
 Aparelho de desgaste ou alicate para corte de dentes;
 Tesoura para corte do umbigo;
 Rolo de esparadrapo largo;
 Luvas descartáveis;
 Dispositivo para contenção dos leitões;
 Medicamentos (ocitocina, antitérmico, tranqüilizante e antibiótico);
 Balde plástico para lixo (papel toalha e outros);
 Balde plástico para receber a placenta os leitões mortos e os mumificados.
 Na medida em que os leitões forem nascendo, adotar os seguintes procedimentos:
 Limpar e secar as narinas e a boca dos leitões; massagear os leitões na região lombar, amarrar o
umbigo no comprimento de 4-5 cm, cortar 1 cm abaixo da amarração e desinfetar com iodo
glicerinado;
 Orientar os leitões nas mamadas dando atenção especial para os menores que devem ser colocados
nas tetas dianteiras;
 Práticas dolorosas como o corte dos dentes e cauda dos leitões não devem ser realizadas durante a
parição, mas após sua finalização .

 Medidas para evitar perdas na maternidade


 Assegurar um local quente (26º a 32ºC) e seco para os leitões, evitando o choque térmico do leitão
e a conseqüente hipotermia dos recém nascidos;
 Habilidade para fazer o remanejo de leitões logo ao nascer, inclusive estimulando os leitões
menores a consumir o colostro;
 Estimular o consumo de ração para as porcas com grandes leitegadas;
 Obter parições eficientes diminuindo o número de natimortos e melhorando a viabilidade dos
recém nascidos (uma parição normal dura em geral 2h 30m);
 Cuidado especial deverá ser dado para as porcas velhas, pois tendem a ter maiores problemas com
parições muito longas (acima de 4h). Prever uma supervisão intensiva do parto;
 Estimular mamadas regulares e suficientes; Cuidado com esmagamentos.

 Prevenção da agalaxia
 Observar a falta de apetite e empedramento do úbere;
 Observar o comportamento de leitões (inquietos e com perda de peso);
 Observar atentamente os corrimentos vaginais da porca, pela manhã e pela tarde durante 48h,
através da abertura dos lábios vulvares;

42
 Para todas as porcas é possível injetar uma dose de prostaglandina F2 α, 36 h após o parto para
melhorar o esvaziamento uterino.
 Castração e marcação dos leitões
Os leitões devem ser castrados e marcados antes de completar os 12 dias de idade, seguindo os passos
abaixo:
 Preparar o bisturi, fio, desinfetante a base de iodo em um balde, alicate próprio ou brincador ou
tatuador para marcação dos leitões;
 Fechar os leitões no escamoteador para facilitar a captura dos mesmos.
 Castração e marcação de leitões normais:
a) Um auxiliar segura o leitão na tábua de castração ou o leitão é imobilizado usando equipamento
apropriado;
b) Desinfetar a região do escroto com pano embebido no desinfetante:
c) Realizar a castração fazendo um ou dois cortes sobre os testículos e retirá-los por tração;
d) Desinfetar novamente o local da incisão e liberar o leitão;
e) Realizar a marcação conforme tipo de marcador e desinfetar as orelhas dos leitões;

Tabela. Valores críticos e metas na fase de maternidade.


Indicador Valor Crítico(1) Meta
Nº leitões nascidos vivos/parto <10,0 >10,8
Peso médio dos leitões ao nascer (kg) <1,4 >1,5
Taxa de leitões nascidos mortos (%) >5,0 <3,0
Taxa de mortalidade de leitões (%) >8,0 <7,0
Leitões desmamados/parto <9,2 >10,0
Média leitões desmamados/porca/ano <19,3 >23,0
Ganho médio de peso diário dos leitões (g) <200 >250
Peso dos leitões aos 21 dias (kg) <5,6 >6,7
(1) Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas. Fonte: Fávero et al. (2009)

Figura – Sistema de marcação australiana com o uso de alicate próprio.

Fonte: Lima et al. (1995).

43
AULA 3

►CRECHE

A saída da maternidade para a creche representa um choque para os leitões, pois deixam a companhia
da porca e, em substituição ao leite materno, passam a se alimentar exclusivamente de ração. Por essa
razão, os cuidados dedicados aos leitões, principalmente nos primeiros dias de creche, são importantes para
evitar perdas e queda no desempenho, em função de problemas alimentares e ambientais que, via de regra,
resultam na ocorrência de diarréias.
 Alojar os leitões na creche no dia do desmame, formando grupos de acordo com a idade e o sexo.
 Fornecer suficiente espaço para os leitões, considerando o tipo de baia.
 Manter a temperatura interna próxima de 26°C durante os primeiros 14 dias e próxima de 24°C até
a saída dos leitões da creche, controlando através de termômetro.
 Fornecer à vontade aos leitões, ração pré-inicial 2 do desmame até os 42 dias e ração inicial até a
saída da creche, com peso médio mínimo dos leitões de 20 kg.
 Fornecer ração diariamente, não deixando nos comedouros ração úmida, velha ou estragada.
 O consumo diário de ração por leitão entre 5 e 10 kg de peso vivo é, em média, de 460 gramas
Entre 10 e 20 kg de peso vivo deve ser estimulado o consumo de ração que em média é de 950
gramas por animal ao dia.
 No caso de eventuais surtos de diarréia ou doença do edema, retirar imediatamente a ração do
comedouro e iniciar um programa de fornecimento gradual de ração até controlar o problema.
Buscar auxílio técnico se persistirem os sintomas.
 Dispor de bebedouros de fácil acesso para os leitões, com altura, vazão e pressão corretamente
regulados.
 Vacinar os leitões na saída da creche de acordo com a recomendação do programa.
 Monitorar cada sala de creche pelo menos 3 vezes pela manhã e 3 vezes pela tarde para observar as
condições dos leitões, bebedouros, comedouros, ração e temperatura ambiente.
 Limpar as salas de creche, diariamente, com pá e vassoura.
 Lavar as salas de creche com baias suspensas, esguichando água, com lava jato de alta pressão e
baixa vazão, no mínimo a cada 3 dias no inverno e a cada 2 dias nas demais estações do ano.
 Implementar ações corretivas com a maior brevidade possível quando for constatada qualquer
irregularidade, especialmente problemas sanitários.
 Pesar e transferir para as baias de crescimento os leitões com idade entre 63 e 70 dias.

Tabela . Valores críticos e metas na fase de creche.


Indicador Valor Crítico(1) Meta
Taxa de mortalidade de leitões (%) >2,5 <1,5
Conversão alimentar (kg ração/kg de ganho) >2,2 <2,0
Peso médio de referência dos leitões na creche (kg)
Aos 56 dias <18,5 >20,0
Aos 58 dias <19,5 >21,0
Aos 60 dias <20,5 >22,0
Aos 63 dias <22,0 >23,5
Aos 70 dias <23,5 >26,0
(1) Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas.
Fonte: Fávero et al. (2009)

44
AULA 4

CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO
São as fases menos preocupantes dos suínos, desde que ao iniciarem as mesmas apresentem um peso
compatível com a idade e boas condições sanitárias. Assim sendo, pode-se dizer que o sucesso nessas fases
depende de um bom desempenho na maternidade e na creche.
 Manejar as salas de crescimento e terminação segundo o sistema "todos dentro todos fora", ou seja,
entrada e saída de lotes fechados de leitões.
 Alojar os leitões nas baias de crescimento e terminação no dia da saída da creche, mantendo os
mesmos grupos formados na creche ou refazer os lotes por tamanho e sexo.
 Manter a temperatura das salas entre 16°C e 18°C, de acordo com a fase de desenvolvimento dos
animais, controlando com o uso de termômetro.
 Fornecer aos animais à vontade, ração de crescimento até os 50 kg de peso vivo e ração de
terminação até o abate.
 Dispor de bebedouros de fácil acesso para os animais, com altura, vazão e pressão corretamente
regulados.
 Monitorar cada sala de crescimento e terminação pelo menos 2 vezes pela manhã e 2 vezes pela
tarde para observar as condições dos animais, bebedouros, comedouros, ração e temperatura
ambiente.
 Limpar as baias de crescimento e terminação diariamente com pá e vassoura.
 Esvaziar e lavar semanalmente as calhas coletoras de dejetos, mantendo no fundo das mesmas, após
a lavagem, uma lâmina de 5 cm de água, de preferência reciclada.
 Implementar ações corretivas com a maior brevidade possível quando for constatada qualquer
irregularidade, especialmente problemas sanitários.
 Fazer a venda dos animais para o abate por lote, de acordo com o peso exigido pelo mercado.
 Não deixar eventuais animais refugo nas instalações.

Tabela . Valores críticos e metas nas fases de crescimento e terminação.

Indicador Valor Crítico(1) Meta

Taxa de mortalidade de animais (%) >1,0 <0,6


Conversão alimentar >2,8 <2,6
Peso médio de referência dos animais (kg)
Aos 105 dias <50,0 >61,0
Aos 133 dias <78,0 >83,0
Aos 140 dias <85,0 >90,0
Aos 147 dias <92,0 >97,0
Aos 154 dias <98,0 >103,0
(1) Indica necessidade de identificar as causas e adotar medidas corretivas.

Fonte: Fávero et al. (2009)

45
SEMANA 6
META:
Apresentar noções de nutrição de suínos para serem aplicadas nos processos de formulação e
preparo das rações.

OBJETIVOS: Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


 Identificar classes de alimentos e tabelas que auxiliam na formulação de ração para suínos;
 Aplicar os conceitos de nutrição de suínos nos cálculos empregados para formular uma ração
balanceada para as diversas fases de vida do suíno.

AULA 1

►NOÇÕES DE NUTRIÇÃO DE SUÍNOS

Avaliando a série histórica dos custos de produção de suínos no Brasil, em média, a alimentação nas
granjas estabilizadas e de ciclo completo corresponde a 65% do custo. Em épocas de crise na atividade o
valor atinge a cifra de 70 a 75%. Isto significa, por exemplo, que se a conversão alimentar de rebanho for
de 3,1 e a alimentação representar 70% dos custos de produção, a equivalência mínima entre preços deverá
ser de 4,4 ( o preço do suíno deverá ser no mínimo 4,4 vezes superior ao preço da ração) para que o
produtor equilibre os custos de produção com o preço de venda dos animais. Neste aspecto a possibilidade
de auferir lucros com a suinocultura depende fundamentalmente de um adequado planejamento da
alimentação dos animais. Isso envolve a disponibilidade de ingredientes em quantidade e qualidade
adequada a preços que viabilizem a produção de suínos.
A aplicação dos conhecimentos de nutrição deve contribuir para a preservação do ambiente e isto
significa que o balanceamento das rações deve atender estritamente as exigências nutricionais nas
diferentes fases de produção. O excesso de nutrientes nas rações é um dos maiores causadores de poluição
do ambiente, portanto, atenção especial deve ser dada aos ingredientes, buscando-se aqueles que
apresentam alta digestibilidade e disponibilidade dos nutrientes e que sejam processados adequadamente,
em especial quanto a granulometria. Em complementação a mistura dos componentes da ração deve ser
uniforme e o arraçoamento dos suínos deve seguir boas práticas que evitem ao máximo o desperdício.
Através da nutrição e do manejo da alimentação e da água devem ser atendidas as necessidades básicas
dos animais em termos de saciedade da fome e da sede, sem causar deficiências nutricionais clínicas ou
subclínicas e sem provocar intoxicações crônicas ou agudas, aumentando a resistência às doenças. Os
animais não devem ser expostos, via alimentação e água, a produtos químicos ou agentes biológicos que
sejam prejudiciais para a produção e reprodução. No contexto do bem estar animal, a nutrição deve
assegurar o aporte adequado de nutrientes para a manutenção normal da gestação, para a ocorrência de
partos normais e para uma produção adequada de leite que garanta um desenvolvimento normal dos leitões
durante o período de lactação.

 Água
O suíno deve receber água potável. Alguns parâmetros são importantes para assegurar a potabilidade e a
palatabilidade da água: ausência de materiais flutuantes, óleos e graxas, gosto, odor, coliformes e metais
pesados; pH entre 6,4 a 8,0; níveis máximos de 0,5 ppm de cloro livre, 110 ppm de dureza, 20 ppm de
nitrato, 0,1 ppm de fósforo, 600 ppm de cálcio, 25 ppm de ferro, 0,05 ppm de alumínio e 50 ppm de sódio;
temperatura inferior a 20° C.

 Ingredientes para rações


Para compor uma ração balanceada é necessário a disponibilidade e combinação adequada de
ingredientes incluindo um núcleo ou premix mineral-vitamínico específico para a fase produtiva do suíno.
Existem várias classes de alimentos quanto a concentração de nutrientes. De uma forma geral é possível
classificar os ingredientes pelo teor de energia, proteína, fibra ou minerais presentes. São estes os
principais fatores nutricionais que determinam o seu uso para as várias fases de vida do suíno.
46
Alimentos essencialmente energéticos
São os que apresentam em sua composição, baseada na matéria seca, mais de 90% de elementos básicos
fornecedores de energia. São utilizados em pequenas proporções como o açúcar, gordura de aves, gordura
bovina, melaço em pó, óleo de soja degomado ou bruto ou, em proporções maiores, como no caso da raiz
de mandioca integral seca.

Alimentos energéticos também fornecedores de proteína


São aqueles que possuem, geralmente, valor de energia metabolizável acima de 3.000 kcal/kg do
alimento e, pela quantidade com que podem ser incluídos nas dietas, são também importantes fornecedores
de proteína. São exemplos: a quirera de arroz, a cevada em grão, o soro de leite seco, o grão de milho
moído, o sorgo baixo tanino, o trigo integral, o trigo mourisco, o triguilho e o triticale, entre outros.
Alimentos energéticos com médio a alto teor de fibra
Estes alimentos tem energia metabolizável acima de 2.600 kcal/kg e teor de fibra bruta acima de 6%.
São exemplos: o farelo de arroz integral, o farelo de amendoim, a aveia integral moída, o farelo de
castanha de caju, a cevada em grão com casca, a polpa de citrus, o farelo de coco, a torta de dendê, o grão
de guandu cozido, a raspa de mandioca (de onde foi extraído o amido) e o milho em espiga com palha.

Alimentos fibrosos com baixa concentração de energia e médio teor de proteína


Possuem teor de proteína bruta maior que 17%, de fibra acima de 10% e concentração de energia
metabolizável menor que 2.400 kcal/kg. São exemplos: o feno moído de alfafa, o farelo de algodão, o
farelo de babaçu, o farelo de canola e o farelo de girassol.

Alimentos fibrosos com baixa concentração em proteína


São os ingredientes que possuem teor de proteína abaixo de 17%, mais de 6% de fibra bruta e valor
máximo de energia de 2400 kcal/kg de alimento. São exemplos: o farelo de algaroba, o farelo de arroz
desengordurado, o farelo de polpa de caju, a casca de soja e o farelo de trigo.

Alimentos protéicos com alto teor de energia


Os representantes dessa classe possuem mais de 36% de proteína bruta e valor de energia metabolizável
acima de 3.200 kcal por kg de alimento. São exemplos: o leite desnatado em pó, a levedura seca, o glúten
de milho, a farinha de penas e vísceras, a farinha de sangue, a soja cozida seca, a soja extrusada, o farelo de
soja 42% PB, o farelo de soja 45% PB, o farelo de soja 48% PB e a soja integral tostada.

Alimentos protéicos com alto teor de minerais


A inclusão destes ingredientes em rações para suínos é limitada pela alta concentração de minerais que
apresentam. São exemplos: as farinhas de carne e ossos com diferentes níveis de PB e a farinha de peixe.

Alimentos exclusivamente fornecedores de minerais


São fontes de cálcio, de fósforo, de cálcio e fósforo ao mesmo tempo e de sódio. Como exemplos mais
comuns temos o calcário calcítico, o fosfato bicálcico, o fosfato monoamônio, a farinha de ossos calcinada,
a farinha de ostras e o sal comum.

 Avaliação dos alimentos


Os grãos de cereais e outras sementes variam sua composição em nutrientes principalmente em função
da variedade, tipo de solo onde foram produzidos, adubação utilizada, clima, período e condições de
armazenamento. As forrageiras apresentam variação principalmente com a variedade, a idade da planta,
tipo de solo e adubação, clima, processamento (fenação, ensilagem), além de período e condições de
armazenamento. A principal causa de variação na composição dos subprodutos de indústria é o tipo de
processamento utilizado, além de variações diárias dentro do mesmo tipo de processamento, bem como a
conservação do produto.
Desta forma, para viabilizar a formulação de rações com base em valores de nutrientes o mais próximo
possível da realidade, deve-se lançar mão de análises de laboratório, que indicarão a real composição em
nutrientes das matérias-primas disponíveis.

47
Fonte: FÁVERO et al. Produção de suínos. Disponível em:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Suinos/SPSuinos/index.html.
Acesso em 30 dez 2009.

AULA 2

►PREPARO DE RAÇÃO
Para a maioria das fases, uma formulação adequada é obtida com a combinação dos alimentos
energéticos também fornecedores de proteína com alimentos protéicos com alto teor de energia. A
complementação dos demais nutrientes deve ser feita com os alimentos exclusivamente energéticos,
alimentos protéicos com alto teor de minerais e alimentos exclusivamente fornecedores de minerais. O uso
de aminoácidos sintéticos pode ser vantajoso na redução de custos da ração, necessitando, no entanto,
orientaçãotécnicaespecífica.
Sempre deverá ser feita a inclusão de premix vitamínico e de micro-minerais. O Núcleo é um tipo
especial de premix que já contém o cálcio, o fósforo e o sódio, além das vitaminas e micro-minerais
necessários, por isso, na maioria das vezes, dispensa o uso dos alimentos exclusivamente fornecedores de
minerais. Esses produtos devem ser utilizados dentro de 30 dias após a data de sua fabricação e ser
mantidos em lugares secos e frescos, de preferência em barricas que minimizem a ação da luz.
O uso de promotores de crescimento nas rações deve atender a legislação do MAPA,
bem como atender os seguintes critérios simultaneamente: eficiência do ponto de vista
econômico; rastreabilidade na ração; segurança para a saúde humana e animal; ausência de efeitos
negativos sobre a qualidade da carne e compatibilidade com a preservação ambiental.
Os leitões novos não admitem ingredientes de baixa digestibilidade ou alimentos fibrosos na dieta,
enquanto um alto teor de fibra na dieta é adequado para as matrizes até os 80 dias de gestação.
Os cuidados com o preparo das rações somam-se aos esforços de formular uma dieta contendo
ingredientes com composição e valor nutricional conhecidos e atendendo as exigências nutricionais dos
suínos. Qualquer erro em uma ou mais etapas do processo de produção de rações pode acarretar em
prejuízos econômicos expressivos, já que os gastos com a alimentação correspondem à maior parte do
custo de produção dos suínos.

►Formulação das rações


Usar fórmulas específicas para cada fase da criação (pré-inicial, inicial, crescimento, terminação,
gestação e lactação) elaboradas por técnicos especializados ou que sejam indicadas nos rótulos dos sacos
de concentrados e núcleos. Ler com atenção as indicações dos produtos e seguir rigorosamente suas
recomendações.
Para atender as necessidades diárias de nutrientes de cachaços adultos, a dieta deve conter no mínimo os
mesmos níveis nutricionais de uma dieta de gestação (Tabela 14).
As matrizes em gestação recebem arraçoamento de forma controlada, razão pela qual é possível
preparar uma ampla variedade de rações com níveis nutricionais diferenciados. Também podem ser
usados ingredientes fibrosos (alternativos) para alimentar as matrizes em gestação, devendo nesse caso ser
revista a quantidade de ração diária a ser fornecida.
A ração de lactação deve ter alta concentração em nutrientes porque a demanda em nutrientes para a
produção de leite é muito alta.
A alimentação dos leitões durante o período que ficam na maternidade e na creche é um dos fatores
mais críticos na produção de suínos. Os animais recebem em curto período de vida dois a três tipos de
ração, dependendo da idade de desmame. No desmame realizado aos 21 dias de idade podem ser
fornecidos dois tipos de ração pré inicial que são fundamentais para um bom desempenho e que se
diferenciam em termos de qualidade, pela maior digestibilidade dos ingredientes. Para a formulação da
ração pré-inicial 1 recomenda-se o uso de 15 a 20% de soro de leite em pó, 10% de leite desnatado em pó e
3 a 5% de gordura ou óleo. Caso tenha disponível farinha de carne ou farinha de peixe de boa qualidade,
pode-se utilizar 5% na dieta em substituição ao leite desnatado em pó.

48
A ração pré-inicial 2 pode ser preparada com a inclusão de 10% de soro de leite em pó e 1 a 3% de
gordura ou óleo para junto com o milho, farelo de soja (em limite de inclusão de 12%) e núcleo de boa
qualidade para compor uma ração nutricionalmente adequada para esta fase. A ração pré inicial 2 deve ser
preparada com cuidado especial para evitar os problemas digestivos e as diarréias do pós desmame. Isto é
possível com o uso de ingredientes e núcleos dentro das normas de qualidade. O cuidado na escolha de um
núcleo de comprovada qualidade é de fundamental importância para obter sucesso na produção de leitões
nesta fase.
Na fase inicial deve-se formular as dietas tendo como ingredientes base preferencialmente o milho e o
farelo de soja, porém, já é possível a utilização de ingredientes alternativos como por exemplo cereais de
inverno (trigo, triticale, aveia, entre outros), subprodutos do arroz, mandioca e seus subprodutos, porém em
níveis de inclusão baixos.
Se houver dificuldade de formular as rações pré-inicial e inicial, contendo os ingredientes especificados
em cada uma delas, a solução é a aquisição de ração comercial pronta específica para cada fase, sempre de
fornecedores idôneos e que tenham registro no MAPA para a produção e comercialização de rações. A
experiência de outros produtores da região que alcançaram sucesso com a produção de leitões pode ser
importante para identificar os fornecedores e fabricantes de rações idôneos.
As opções de dietas para suínos na fase de crescimento (22 a 55 kg de peso vivo) e terminação (55 a
115 kg de peso vivo) são muito variadas. Nestas fases, pode-se lançar mão de inúmeros alimentos
alternativos, os quais poderão proporcionar uma redução no custo da alimentação, em relação à uma dieta
de milho e farelo de soja.
Recomenda-se que o número de rações na fase de terminação seja aumentado de 1 para 2 sempre que o
peso de abate for próximo a 120 kg. Neste caso a ração terminação 1 será fornecida dos 50 até os 80 kg
contendo os níveis nutricionais apresentados na tabela 13 e a ração terminação 2 será fornecida dos 80 kg
até o peso de abate contendo uma redução de 8% nos níveis nutricionais da ração terminação 1 exceto para
o nível de energia metabolizável que deverá apresentar um valor de 3.200 Kcal/kg.
FÁVERO et al. Produção de suínos. Disponível em:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Suinos/SPSuinos/index.html
Acesso em 14 setembro 2011.

49
Tabela. Níveis nutricionais recomendados para as diferentes fases de produção .

Fonte: Rostagno et al. (2005)

Obs: Os microminerais e as vitaminas necessárias são obtidas pela inclusão de núcleo ou premix mineral
vitamínico na proporção recomendada pelo fabricante.
Tabela . Composição química e valores energéticos dos principais alimentos usados nas rações de aves e
suínos (na matéria natural)

Fonte: Rostagno et al. (2005)


50
Fonte: Rostagno et al. (2005)

Tabela : Nível Prático (Pr) e Máximo (Máx) de inclusão dos alimentos nas rações de suínos em
crescimento e reprodutores ( porcentagem da ração)

Fonte: Rostagno et al. (2005)

51
CONTINUAÇÃO TABELA: Nível Prático (Pr) e Máximo (Máx) de inclusão dos alimentos nas rações de
suínos em crescimento e reprodutores ( porcentagem da ração)

Fonte: Rostagno et al. (2005)

52
EXEMPLO HIPÓTÉTICO DE CÁLCULOS PARA FORMULAÇÃO
DE RAÇÕES PELO MÉTODO ALGÉBRICO

1) Ração para LEITÕES – FASE INICIAL – 15 a 30 kg de peso vivo

2) Exigência em proteína bruta (PB) = 18,13 %

3) Fórmula da ração
Ingredientes % PB do ingrediente Quantidade (kg) % PB fornecida
Milho moído 8,26 46,71 3,86
Farelo de soja 45,3 28,80 13,05
Óleo de soja X 1,000 X
Leite em pó modificado 12,05 10,000 1,21
Amido de mandioca X 10,000
Calcário calcítico X 0,470 X
Fosfato bicálcio X 2,200 X
Premix mineral vitamínico
X 0,500 X
aminoácidico
Sal iodado X 0,330 X
TOTAL 100,00 18,12

4) Calcular quantidade de fosfato bicálcio


100 kg de fosfato bicálcio ------------- 18,5 % fósforo disponível
X kg de fosfato bicálcio ------------ 0,400% fósforo disponível
X = 0,341 x 100 = 2,2 kg de fosfato bicálcio
18,5

5) Calcular quantidade de cálcio fornecida pelo fosfato bicálcio


100 kg de fosfato bicálcio ------------- 24,5 % fósforo disponível
2,2 kg de fosfato bicálcio ------------- X % de cálcio
X = 1,8 x 24,5 = 0,54 % de cálcio
100

6) Calcular quantidade de calcáreo calcítico


0,72% de Ca (exigência) - 0,54 % de Ca (fornecido pelo fosfato bicálcio)
= 0,18 % Ca
100 kg de calcáreo calcítico ------------- 38,4 % cálcio
X kg de calcáreo calcítico ------------- 0,18 % de cálcio

X = 0,18 x 100 = 0,47 kg de calcáreo calcítico


38,4
7) Parte fixa (kg) = 1,00 + 10,0 + 10,0 + 0,47 + 2,2 + 0,5 + 0,33 = 24,50 kg

8) QUANTIDADE DE PROTEÍNA BRUTA FORNECIDA PELO LEITE EM PÓ


100 kg de leite em pó modificado ------------- 12,05% PB
10 kg de leite em pó modificado ------------- X
X = 10 ,00 X 12,05 = 1, 21 % PB
100

9) Parte de milho moído + farelo de soja = 100,00 kg – 24,50 kg = 75,50 kg

53
10) X = milho moído; Y = farelo de soja.
X + Y = 75,50 kg (equação da quantidade)
0,0826 X + 0,453 Y = 16,92 % (equação da proteína bruta)
16,92% = 18,13% (exig. PB) – 1,21%( % PB fornecido pelo leite em pó)

11) Isolar variável Y ; Y = 75,50 – X

12) Substituir Y na equação da proteína para encontrar valor de X (quantidade de milho moído)
0,0826X + 0,453 (75,50 - X) =
0,0826X + 34,20 – 0,453X =
0,0826X – 0,453X = 16,92 – 34,20
- 0,370X = - 17,28 (multiplicar por – 1)
0,370X= 17,28
X = 17,28 = 46,71kg de milho moído
0,370

Se Y = 88,07 – X , portanto Y = 75,50 – 46,71 = 28,80 kg de farelo de soja

13) CÁLCULOS PARA DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CALCULADA:

PROTEÍNA BRUTA (%) = 18,10 %


 Milho = (46,19 kg x 8, 26%) / 100 = 3,82 %
 Farelo de soja = (28,80 x 45,3%) / 100 = 13,05%
 Leite m pó modificado = (10,00 x 12,05%) / 100 = 1,21%
CÁLCIO (%) = 0,88 % ************
 Milho = (46,19 kg x 0,03%) / 100 = 0,01 %
 Farelo de soja = (28,80 kg x 0,24%) / 100 = 0,07 %
 Leite em pó modificado = (10,00 x 0,75%) = 0,08%
 Calcáreo calcítico = (0,47 kg x 38,4%) / 100 = 0,18%
 Fosfato bicálcio = (2,20 kg x 24,5%) / 100 = 0,54 %
ENERGIA METABOLIZÁVEL (kcal/kg) = 2984 kcal/kg
 Milho = (46,19 kg x 3381 kcal / kg) / 100 = 1.562 kcal/kg
 Farelo de soja = (28,80 kg x 2256 kcal/kg) / 100 = 650 kcal/kg
 Leite em pó modificado = (10,00 x 3322 kcal/kg )/ 100 = 332 kcal/kg
 Óleo de soja = (1,00 kg x 8790 kcal / kg) / 100 = 88 kcal/kg
 Amido de mandioca = (10,00 x 3520 kcal/kg) / 100 = 352 kcal / kg
FÓSFORO DISPONÍVEL (%) = 0,56% **********************
 Milho = (46,19 kg x 0,06%) / 100 = 0,03 %
 Farelo de soja = (28,80 kg x 0,18%) / 100 = 0,05 %
 Leite em pó modificado = (10,00 x 0,68%) / 100 = 0,07%
 Fosfato bicálcio = (2,20 kgx 18,5%) / 100 = 0,41 %

Composição calculada:

Proteína bruta (%) = 18,10 % (exigência = 18,13%)


Cálcio (%) = 0,880 % (exigência = 0,720 %) CORRIGIR
Energia metabolizável (kcal/kg) = 2984 kcal / kg (exigência = 3230 kcal / kg) CORRIGIR
Fósforo disponível (%) = 0,560 % (exigência = 0,400 %) CORRIGIR
Pesagem dos ingredientes

54
Pesar cada ingrediente que entra na composição da dieta conforme a quantidade que entra na fórmula. O
uso de balanças é indispensável. Além disso, as balanças devem apresentar boa precisão e sensibilidade,
evitando-se o uso de balanças de vara. A utilização de baldes ou outro sistema para medir o volume, em
vez do peso, não deve acontecer pois há erros decorrentes da variação nas densidades de diferentes
ingredientes ou de diferentes partidas de um mesmo ingrediente.

 Mistura dos ingredientes


Misturar previamente o premix ou o núcleo contendo minerais e vitaminas, antibióticos e outros
aditivos com cerca de 15 kg de milho moído, ou outro grão moído, antes de adicioná-lo aos outros
ingredientes que farão parte da mistura. Essa pré-mistura pode ser realizada em misturador em "Y", tambor
ou ainda com o uso de um saco plástico resistente, agitando-se o conteúdo vigorosamente durante algum
tempo até notar-se que as partes apresentam-se distribuídas com certa homogeneidade.
Para misturar os ingredientes usar misturadores. A mistura de ração com o uso das mãos ou com pás
não proporciona uma distribuição uniforme de todos os nutrientes da ração, ocasionando prejuízos ao
produtor devido ao pior desempenho dos animais. Para facilitar a distribuição dos ingredientes, coloca-se
no misturador em funcionamento, primeiro o milho moído, ou o ingrediente de maior quantidade indicado
na fórmula, depois o segundo ingrediente em quantidade e assim sucessivamente. Após aproximadamente
3 minutos de funcionamento do misturador, retirar cerca de 40 kg da mistura e reservar. A seguir colocar
no misturador o premix ou núcleo previamente misturado com o milho e misturar por mais 3 minutos.
Finalmente, recolocar os 40 kg da mistura retirados anteriormente e observar o tempo de mistura. O
misturador deve ser sempre limpo após o uso, tomando-se toda a cautela para evitar acidentes.

 Tempo de mistura
O tempo de mistura, após colocar todos os ingredientes, deve ser o indicado pelo fabricante do
misturador. Entretanto, é recomendável que se determine, pelo menos uma vez, o tempo de mistura na
granja para se ter uma idéia de qual é o tempo ideal. Em geral, o tempo ideal de mistura, em misturadores
verticais, é de 12 a 15 minutos, após carregá-lo com todos os ingredientes. Porém, há misturadores
verticais que apresentam tempo ótimo de mistura de 3 minutos e outros de 19 minutos. Daí a necessidade
de se determinar o tempo ideal de mistura. Misturas realizadas abaixo ou acima da faixa ideal de tempo
não são de boa qualidade, uma mesma partida terá diferentes quantidades de nutrientes, o que acarretará
desuniformidade dos lotes e perdas econômicas para o produtor. As misturas realizadas acima do tempo
ideal acarretam gastos desnecessários com energia e mão de obra.
Aconselha-se que a cada 3 minutos seja retirada e recolocada imediatamente no misturador uma
quantidade de ração, de cerca de 30 kg. Isso fará com que o material que estava parado nas bocas de
descarga seja também misturado.

 Forma física da ração


As rações secas destinadas a alimentação de suínos podem ser apresentadas sob duas formas: farelada
ou peletizada. A forma farelada é a mais usual e é usada nas granjas que misturam as rações na
propriedade, enquanto que a forma peletizada deve ser a preferencial a ser adotada quando a ração é
adquirida pronta. Com a peletização é observada uma melhoria média em 6,2% no ganho de peso, 1,2% no
consumo de ração e 4,9% na conversão alimentar. O efeito da peletização sobre a melhora na conversão
alimentar que ocorre sob 3 diferentes modos: redução das perdas; melhora na digestibilidade dos nutrientes
e menor gasto de energia para ingestão da ração.

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SEMANA 7
META:
Apresentar aspectos relacionados a biossegurança, limpeza e desinfecção das instalações e vacinação
para suínos ;

OBJETIVOS: Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


 Identificar normas e procedimentos de biossegurança para evitar a entrada de agentes
estranhos na criação de suínos;
 Relacionar as principais etapas de um programa de limpeza a serem utilizadas de acordo com
as instalações e equipamentos utilizadas na produção de suínos;
 Reconhecer os cuidados a serem aplicados na adoção de um programa de vacinação.

AULA 1

►BIOSSEGURANÇA
Refere-se ao conjunto de normas e procedimentos destinados a evitar a entrada de agentes infecciosos
(vírus, bactérias, fungos e parasitas) no rebanho, bem como controlar sua disseminação entre os diferentes
setores ou grupos de animais dentro do sistema de produção.

 Isolamento
Do ponto de vista sanitário é indispensável que o sistema de produção esteja o mais isolado possível,
principalmente de outros criatórios ou aglomerados de suínos, de maneira a evitar ao máximo a propagação
de doenças.

 Localização da granja
Escolher um local que esteja distante em pelo menos 500m de qualquer outra criação ou abatedouro de
suínos e pelo menos 100m de estradas por onde transitam caminhões com suínos. Isto é importante,
principalmente, para prevenir a transmissão de agentes infecciosos por via aérea e através de vetores como:
roedores, moscas, cães, gatos, aves e animais selvagens.

 Acesso
Não permitir o trânsito de pessoas e/ou veículos no local sem prévia autorização. Colocar placa
indicativa da existência da granja no caminho de acesso e no portão a indicação "Entrada Proibida". A
granja deve ser cercada e a entrada de veículos deve ser proibida, exceto para reformas da granja, e nestes
casos os veículos devem ser desinfetados com produto não corrosivo.

 Portaria
Utilizar a portaria como único local de acesso de pessoas à granja. Construir a portaria, com escritório e
banheiro junto à cerca que contorna a granja, numa posição que permita controlar a circulação de pessoas e
veículos. O banheiro deve possuir uma área suja, chuveiro e uma área limpa, onde devem ficar as roupas e
botas da granja, para que o fluxo entre as áreas seja possível apenas pelo chuveiro. Dependendo do
tamanho da granja torna-se necessário a construção de uma cantina, anexo a portaria, para refeições dos
funcionários.

 Cercas
Cercar a área que abriga a granja, com tela de pelo menos 1,5 metros de altura para evitar o livre acesso
de pessoas, veículos e outros animais. Essa cerca deve estar afastada a pelo menos 20 ou 30 metros das
instalações.

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 Barreira vegetal
Fazer um cinturão verde (reflorestamento ou mata nativa), a partir da cerca de isolamento, com uma
largura de aproximadamente 50 m. Podem ser utilizadas espécies de crescimento rápido (pinus ou
eucaliptos) plantadas em linhas desencontradas formando um quebra-vento.

 Introdução de equipamentos
Avaliar previamente qualquer produto ou equipamento que necessite ser introduzido na granja, em
relação a possível presença de agentes contaminantes. Em caso de suspeita de riscos de contaminação,
proceder uma desinfecção antes de ser introduzido na granja. Para isso deve-se construír um sistema de
fumigação junto à portaria.

 Entrada de pessoas
Os funcionários devem tomar banho e trocar a roupa todos os dias na entrada da granja, e serem
esclarecidos sobre os princípios de controle de doenças para não visitarem outras criações de suínos.
Restringir ao máximo as visitas ao sistema de produção. Não permitir que pessoas entrem na granja
antes de transcorrer um período mínimo de 24 horas após visitarem outros rebanhos suínos, abatedouros ou
laboratórios. Exigir banho e troca de roupas e manter um livro de registro de visita, informando nome,
endereço, objetivo da visita e data em que visitou a última criação, abatedouro ou laboratórios.

 Veículos
Os veículos utilizados dentro da granja (ex.: tratores) devem ser exclusivos. Os caminhões de transporte
de ração, insumos e animais não podem ter acesso ao complexo interno da granja, sendo proibida a entrada
de motoristas. Para evitar a entrada de veículos para transporte de dejetos, o sistema de tratamento e
armazenamento dos dejetos deve ser construído externamente à cerca de isolamento.

 Embarcadouro/desembarcadouro de suínos
Deve ser construído junto a cerca de isolamento a pelo menos 20 m das pocilgas. O deslocamento dos
suínos entre as instalações, e das instalações até o embarcadouro (e vice-versa) deve ser feito por
corredores de manejo.

 Transporte de animais
O transporte de animais deve ser feito em veículos apropriados, preferencialmente de uso exclusivo. Os
caminhões devem ser lavados e desinfetados após cada desembarque de animais.

 Transporte de rações e insumos


O transporte de insumos e rações deve ser feito com caminhões específicos, preferencialmente do tipo
graneleiro. Não usar caminhões que transportam suínos. O descarregamento de rações ou insumos deve ser
feito sem entrar no perímetro interno da granja. Caso exista fábrica de rações, esta deve estar localizada
junto a cerca de isolamento. Sempre que os silos forem esvaziados devem ser limpos e desinfetados.

 Introdução de animais na granja


Os cuidados na introdução de animais no sistema de produção representam, juntamente com o
isolamento, as barreiras mais importantes para a prevenção do surgimento de problemas de ordem sanitária
no rebanho. A introdução de uma doença no rebanho geralmente ocorre por meio da introdução de animais
portadores sadios, no processo normal de reposição do plantel. Portanto, deve-se ter cuidados especiais na
aquisição desses animais.

 Origem dos animais


Adquirir animais e sêmen, para formação do plantel e para reposição somente de granjas com
Certificado GRSC (Granja de Reprodutores Suídeos Certificada), conforme legislação (Instrução
Normativa 19 de 15 de fevereiro de 2002) da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que define que toda granja de suídeos certificada deverá
ser livre de peste suína clássica, doença de Aujeszky, brucelose, tuberculose, sarna e livre ou controlada
para leptospirose. Define, também as doenças de certificação opcional que são: rinite atrófica progressiva,

57
pneumonia micoplásmica, e disenteria suína. Na compra de animais para povoamento ou reposição do
plantel, exigir do fornecedor cópia do Certificado de granja GRSC e verificar a data de validade do
mesmo.
Preferencialmente, adquirir animais procedentes de uma única origem sempre no sentido granja núcleo
→ multiplicadora → granja comercial. A aquisição de animais de mais de uma origem aumenta as chances
de introdução de novos problemas sanitários.

 Quarentena
O objetivo da quarentena é evitar a introdução de agentes patogênicos na granja. É realizada através da
permanência dos animais em instalação segregada por um período de pelo menos 28 dias antes de
introduzi-los no rebanho. O ideal é que a instalação seja longe (mínimo de 500 m) do sistema de produção
e separada por barreira física (vegetal). Como a forma mais comum de entrada de doenças nas granjas é
através de animais portadores assintomáticos, este período serve para realização de exames laboratoriais e
também para o acompanhamento clínico no caso de incubação de alguma doença. Durante a quarentena os
animais e as instalações devem ser submetidos a tratamento contra ecto e endo parasitas, independente do
resultado dos exames. Este período pode ser distendido no caso de necessidade de vacinação ou por outro
motivo específico.
As instalações do quarentenário devem permitir limpeza, desinfecção e vazio sanitário entre os lotes,
mantendo equipamentos e, quando possível, funcionários exclusivos.

►Adaptação
Este período serve para adaptar os animais ao novo sistema de manejo e a microbiota da granja. A falta
de imunidade contra os agentes presentes na granja pode levar os animais a adoecerem. A primeira
providência é abrir uma ficha de controle dos procedimentos de adaptação, vacinação e anotação de cio
para cada lote de fêmeas. Após, introduzir os animais no galpão de reposição e adotar os procedimentos
para adaptação aos microorganismos do rebanho geralmente a partir de 5,5 a 6,0 meses de idade.

 Adaptação dos animais aos microorganismos


Colocar uma ou duas pás de fezes de porcas pluríparas por dia, em cada baia, durante 20 dias
consecutivos. Colocar fetos mumificados (pretos) nas baias das leitoas até 15 dias antes de iniciaram a fase
de cobrição. Iniciar a imunização dos animais logo após sua acomodação na granja.

 Espaço de alojamento
Propiciar espaço mínimo de 2 m2 por animal, alojando as leitoas em baias com 6 a 10 animais. Alojar
os machos recém chegados na granja em baias individuais com espaço mínimo de 6 m2.

 Controle de Vetores
A transmissão de doenças por vetores como roedores, moscas, pássaros e mamíferos silvestres e
domésticos deve ser evitada ao máximo. Entre as medidas gerais de controle estão: a cerca de isolamento;
destino adequado do lixo, dos animais mortos, de restos de parição e de dejetos; a limpeza e organização
da fábrica e depósito de rações e insumos e dos galpões e arredores.

 Roedores
O primeiro passo para evitar roedores é criar um ambiente impróprio para a proliferação dos mesmos,
ou seja, limpeza e organização, eliminando os resíduos e acondicionando bem a ração e os ingredientes. O
combate direto pode ser realizado através de meios mecânicos como a utilização de armadilhas e ratoeiras
ou através de produtos químicos (raticidas), os quais devem ser empregados com cuidado (dispositivos
apropriados) para evitar intoxicação dos animais e operadores. Esta desratização deve ser repetida a cada
seis meses para evitar a superpopulação de roedores.

 Insetos
Para o controle de moscas, recomenda-se o "controle integrado" que envolve medidas mecânicas
direcionadas ao destino e tratamento de dejetos, o qual deve ser realizado permanentemente, somado ao
controle químico ou biológico que eliminam o inseto em alguma fase do seu ciclo de vida. Sempre que

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houver aumento da população de insetos na granja, em especial de moscas, deve-se procurar e eliminar os
focos de procriação.

 Destino de animais mortos


Todo sistema de produção acumula carcaças de animais mortos e restos de placentas, abortos, umbigos
e testículos que precisam ter um destino adequado, para evitar a transmissão de agentes patogênicos, a
atração de outros animais, a proliferação de moscas, a contaminação ambiental e o mau cheiro, além de
preservar a saúde pública. A quantidade destes resíduos depende do tamanho da criação e da sua taxa de
mortalidade, portanto, deve ser estimada individualmente, para cada rebanho.
Existem várias formas de destino para este material como:
a) a compostagem que é um método eficiente, resultado da ação de bactérias termofílicas aeróbias sobre
componentes orgânicos (carcaças e restos) misturados a componentes ricos em carbono
(maravalha,serragem ou palha), portanto, a mais recomendada;
b) a fossa anaeróbia que apresenta problemas de operacionalização e odor forte e
c) a incineração, que é sanitariamente adequado, mas com alto custo ambiental e custo financeiro
incompatível com a suinocultura.

AULA 2

►LIMPEZA E DESINFECÇÃO EM SUINOCULTURA

Uma limpeza diária e completa é necessária para reduzir a probabilidade da ocorrência e infecções
gastrointestinais, da pele e de verminoses, entre outras. A falha nesse tipo de manejo na maternidade pode
resultar num aumento da probabilidade da ocorrência de infecções em leitões recém-nascidos e constante
reinfecção em animais mais velhos, resultando em perda de leitões e num maior gasto com medicamentos
curativos e com mão-de-obra.
Efeito semelhante é observado em outras faixas etárias, nessas a falta de uma limpeza diária conduz a
um aumento na incidência de doenças clínicas e subclínicas. Essas têm como resultado uma pior conversão
alimentar, queda no ganho de peso e aumento no número de refugos e, por conseqüência prejuízos
econômicos.
As principais etapas de um programa de limpeza em instalações que estejam ocupadas com animais são
as seguintes:

 Maternidade
Iniciar a limpeza das celas parideiras retirando as fezes e a parte úmida da cama dos leitões.
A lavagem da cela com água e a sua posterior desinfecção (neste caso, a desinfecção é feita mesmo com
os animais presentes na instalação) pode ser feita quando houver necessidade como por exemplo na
presença da diarréia dos leitões. Quando for realizado essa forma de lavagem, para evitar que os leitões
sejam molhados, deve-se colocá-los numa caixa com uma fonte de calor, ou mantê-los presos no
escamoteador. A solução do desinfetante a ser usada deve ser de baixa toxicidade e não irritante e aplicada
por meio de um pulverizador. Uma vez aplicada a solução, deixa-se secar o ambiente e coloca-se a cama,
para posteriormente soltar os leitões.

 Outras instalações
As demais instalações devem sofrer diariamente uma limpeza completa com vassoura e pá, retirando-se
o esterco. Naquelas que tiverem cama, trocar apenas a parte úmida.

 Limpeza e desinfecção após a saída dos animais da instalação


As principais etapas de um programa de limpeza e desinfecção para construções de onde
foram retirados todos os animais são as seguintes:

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 Limpeza seca e desmontagem do equipamento
A limpeza deve ser feita no mesmo dia da retirada dos animais na seguinte seqüência:
 após a saída dos animais das instalações, retirar os equipamentos desmontáveis (como comedouros
e lâmpadas de aquecimento) para um lugar onde possam ser lavados e guardados, de tal forma que
não sofram contaminação;
 retirar e queimar materiais remanescentes nas salas (como sacos de ração, restos de cordão
utilizados para amarrar umbigo, algodão , toalhas de papel, etc.);
 retirar todo o esterco e qualquer outra matéria orgânica das instalações, incluindo o que estiver
incrustado no piso. Utilizar, para tal, ferramentas como escovas e pás.

 Lavagem da instalação
Esta operação deve ser executada até, no máximo, um dia após a retirada dos animais na
seguinte seqüência:
 molhar todas as superfícies internas, adicionando um detergente à água.
 Adicionando um detergente à água assegura-se um máximo de impregnação e limpeza sendo que o
volume de água a ser usado e o tempo necessário para a limpeza pode ser reduzido em até 60%. Por
outro lado adicionando ao mesmo tempo um detergente e um desinfetante, pode-se inativar durante
essa pré-lavagem até 80% dos microorganismos causadores de doenças. Em instalações com baias
metálicas, utilizar produtos com baixa corrosividade.
 o tempo necessário para amolecer a sujeira mais dura presa sobre o piso ou partes baixas das
paredes varia com a freqüência da limpeza diária da instalação. Em geral, na maternidade e creche,
onde na maioria das granjas é realizada uma limpeza diária não se observa muita sujeira sobre o
piso e equipamentos após a retirada dos animais. Neste caso, o tempo necessário para amolecer a
sujeira é de aproximadamente três horas. Já nas baias das fases de recria e terminação, onde a
freqüência das limpezas geralmente não é diária, a quantidade de sujeira presente após a retirada
dos animais é bastante grande e, por isto, o tempo necessário para amolecer a sujeira acumulada
varia de doze a dezesseis horas;
 após esse período, passar a vassoura e lavar com água;
 trabalhar de uma extremidade da instalação até a outra. Prestar atenção principalmente aos cantos,
rachaduras e outros lugares onde a sujeira possa estar aderida.

 Limpeza do equipamento móvel


Os equipamentos móveis, em geral, se apresentam altamente contaminados. No caso de não serem
lavados com detergente e posteriormente desinfetados, poderão tornar-se veiculadores de agentes
patogênicos.
A lavagem do equipamento pode ser efetuada durante o período de impregnação, e devendo-se proceder
da seguinte forma:
 molhar ou colocar o equipamento num tanque com água, detergente e desinfetante;
 deixar impregnar, para amolecer a sujeira incrustada;
 escovar e lavar com água sob pressão, para retirar o restante da sujeira residual;
 guardar o equipamento num lugar limpo, protegido da poeira normal da granja, para evitar o risco
de nova contaminação;
 permitir aos equipamentos que sequem por um dia. Essa limpeza deve ser feita num local limpo e
onde haja um fácil escoamento da água.

 Desinfecção das partes inferiores das paredes, pisos e equipamentos


Grande número de microorganismos patogênicos passam através das fezes para o piso e para as partes
inferiores das paredes. A desinfecção nessas áreas deve seguir a seguinte seqüência:
 preparar a solução do desinfetante a ser usado;
 montar os equipamentos que estejam desmontados;
 impregnar completamente com a solução desinfetante as regiões inferiores das paredes, o piso e o
equipamento em geral. Prestar especial atenção aos cantos, aberturas e demais locais onde a sujeira
tende a se acumular;
 as superfícies de madeira e outras áreas porosas devem ser impregnadas totalmente,
 pois essas abrigam agentes infecciosos com maior facilidade;
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 desinfetar a área de acesso à instalação.
 Manter a sala tratada fechada, mantendo-a assim por 24 horas;
 limpar e trocar o desinfetante dos pedilúvios colocados na entrada das instalações.

 Desinfecção do teto e das paredes


A presença de organismos patogênicos no teto e nas partes superiores das paredes representa uma
importante fonte de infecção para os animais que serão introduzidos nas instalações. A poeira que cobre
essas superfícies representa um risco especial, pois na mesma são encontrados altas concentrações de
microorganismos. Para diminuir a carga infecciosa nessas áreas, deve-se proceder da seguinte forma:
 utilizar um desinfetante de largo espectro, que mantenha sua atividade em presença de matéria
orgânica;
 pulverizar, com uso de pressão, as superfícies internas do teto e das paredes laterais;
 prestar atenção especial aos cantos, rachaduras nas superfícies que estão sendo tratadas e canos
onde possa estar acumulada poeira.

 Limpeza da creche
Durante o seu período de ocupação, os corredores e a área abaixo das gaiolas de creches
devem ser limpos com água sob pressão duas ou três vezes por semana. No caso de creches
em baias com piso compacto, estas devem ser varridas diariamente com auxílio de rodo metálico e
vassoura e os resíduos devem ser empurrados para dentro da canaleta de dejetos ou para a vala existente
abaixo do piso ripado. Quando os leitões são retirados da sala, as paredes, gaiolas ou baias, piso, parte
interna dos telhados e equipamentos são lavados com água sob pressão e todo o ambiente é desinfetado.
Pode-se ainda lançar-se mão da caiação com complemento deste processo. A seguir as instalações devem
permanecer vazias e fechadas por um período mínimo de 72 horas, para uma perfeita secagem e atuação do
desinfetante.

 Setor de reprodução
O setor de reprodução é praticamente o único local que jamais passa por um vazio sanitário. Devido a
isto pode haver uma proliferação significativa de microorganismos, portanto do ponto de vista da higiene
devem ser tomadas o máximo de precauções para evitar uma contaminação externa e/ou interna do trato
genital tanto da fêmea como do macho.

 Baia dos cachaços


Os cachaços devem ser mantidos em um meio ambiente limpo e confortável. As baias devem ser
limpadas uma a duas vezes diariamente com pá e vassoura. Quando se utiliza maravalha a parte úmida
deve ser retirada. Uma vez por semana, logo após a limpeza, a baia deve ser pulverizada com solução de
desinfetante.
Uma vez por mês ou no máximo a cada 45 dias as baias devem ser lavadas e desinfetadas. Nesta
ocasião deve-se dar um banho nos cachaços com água morna e sabão e, pode-se realizar a lavagem
prepucial com o produto indicado pelo técnico.

 Setor de coberturas (montas)


Em muitos sistemas de produção de suínos iremos encontrar, na área de gestação e cobertura, uma baia
chamada baia de cobertura/monta. Esta é assim chamada por ser o local onde todas as coberturas de rotina
são realizadas. As fêmeas identificadas em estro são levadas para esta baia e são cobertas por um cachaço
que também é transportado para esta baia. Após a cobertura, ambos animais retornam para suas respectivas
baias ou gaiolas.
De um modo geral recomenda-se a utilização de algum tipo de material que servirá para cobrir o piso
da baia e propiciar ao cachaço e à fêmea ótimas condições de apoio, as quais são muito importantes para
que a monta ocorra da maneira mais apropriada. Os materiais normalmente utilizados são areia, palha ou
feno e maravalha.
Durante a realização das montas, é comum ocorrer a eliminação de urina e fezes pelos animais e,
portanto, é muito importante que o material utilizado como cobertura do piso seja trocado rotineiramente
para que o ambiente da baia seja sempre o mais limpo possível. Este material não deve estar úmido de mais

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e nem conter excesso de matéria orgânica, a qual propicia uma alta pressão de infecção no ambiente da
baia. O momento mais apropriado para a troca da cobertura do piso da baia irá variar de um sistema de
produção para outro e vai depender basicamente do tipo de material em uso e do número de montas
realizado diariamente. O funcionário responsável pela área de cobertura e gestação, deverão estabelecer a
melhor rotina de troca do material do piso da baia de cobertura.
Uma recomendação de ordem geral, seria trocar o material do piso de duas a quatro vezes ao mês. A
troca deste material, deve seguir a seguinte ordem:
1. retirada de todo o material do piso;
2. lavagem da baia com água sob pressão mais detergente para uma retirada completa de toda matéria
orgânica;
3. desinfecção da baia após esta ter secado;
4. colocação do novo material para cobertura do piso somente após o desinfetante ter secado e a baia ter
ficado vazia pelo tempo mínimo necessário recomendado pelo fabricante para uma ação efetiva do
desinfetante.

 Fêmeas recém cobertas e setor de gestação


Uma limpeza e desinfecção completa deve ser realizada após a transferência de cada lote de fêmeas ou
para o setor de gestação para a maternidade. As demais etapas de um PLD a serem praticas neste setor
dependem muito do modelo da edificação.
Em granjas com piso compacto deve-se, duas vezes ao dia, retirar os excrementos da região posterior
das fêmeas enquanto que em granjas com piso ripado uma vez é por dia é suficiente. Quando as fêmeas em
gestação são mantidas presas em celas individuais é deve-se, pelo menos uma vez por semana, pulverizar
com desinfetante a parte do piso na região posterior das porcas.

 Setor de terminação
Uma ou duas vezes por semana, os corredores são lavados. As baias devem ser varridas diariamente
com auxílio de rodo metálico e de vassoura, e os resíduos são empurrados para dentro da canaleta de
dejetos ou para o interior da vala existente abaixo do piso ripado.
Toda a vez que um lote de suínos sair das instalações, procede-se a remoção da matéria sólida
remanescente no interior das baias. A seguir, baias, paredes laterais e partes internas dos telhados são
lavados com água sob pressão e desinfetados, permanecendo em vazias e em descanso (vazio sanitário) por
um período mínimo de 72 horas para uma perfeita secagem e atuação do desinfetante. A tabela 18
apresenta as principais etapas de um programa de limpeza e desinfecção para granjas que utilizam o
sistema todos dentro – todos fora.

 Vazio sanitário
Atualmente considera-se como vazio sanitário o período em que a instalação permanece vazia e fechada
após ser realizada uma limpeza seguida de desinfecção. Essa rotina é um complemento à desinfecção e
permite a destruição de microorganismos não atingidos pela desinfecção, mas que se tornam sensíveis a
ação dos agentes físicos naturais. Além disso, o vazio sanitário permite a secagem das instalações e efetiva
atuação da solução desinfetante. A prática do vazio sanitário somente será eficiente se for possível que o
local seja fechado, impedindo-se a passagem depessoas ou animais.
O período de vazio sanitário para as diversas fases da produção (gestação, maternidade,
creche, recria e terminação) deve, idealmente, ser de aproximadamente 5 dias. Nos casos de
depopulação total de uma granja, o vazio sanitário recomendado varia de 30 a 120 dias dependendo dos
tipos de agentes patogênicos presentes no ambiente e que se pretendam eliminar .

 Limpeza dos silos de ração


Uma limpeza periódica dos silos onde é armazenada a ração é indispensável, uma vez que podem se
formar placas ou depósitos de raçãorançosa ou mofada nas suas paredes. Em geral é suficiente uma
limpeza a seco. A ração colada na parede pode ser retirada com auxílio de uma vassoura de cabo longo, a
qual deve ser passada em todas as paredes do silo a partir da parte mais alta. Se a ração estiver muito
aderida , pode-se utilizar um cabo de madeira suficientemente longo munido de uma lâmina de metal numa
das pontas, tipo rodo metálico.

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 Limpeza e desinfecção dos arredores das construções
O criador deve eliminar o lixo recolhido durante o processo de limpeza de forma adequada, para evitar
a formação de depósitos de detritos em locais adjacentes aos prédios da granja. Quando houver negligência
nesse manejo, poderá ser criado um foco permanente de infecção.
A limpeza e a desinfecção dos arredores das construções deve ser feita da seguinte forma:
 retirar a sujeira e o lixo existentes ou depositados junto aos prédios , eliminando-os
 adequadamente (por exemplo, enterrando);
 preparar uma solução de desinfetante e pulverizar essas áreas;
 limpar e encher todos os pedilúvios existentes junto às construções.

 Limpeza e desinfecção do sistema de fornecimento de água


Os depósitos e os sistemas de fornecimento de água podem estar contaminados com poeira e pela
formação de limo. Esses, por sua vez, podem obstruir os encanamentos, favorecendo o crescimento
bacteriano.
O sistema de fornecimento de água pode ser limpo após a retirada dos animais das instalações, para tal
deve-se proceder da seguinte forma com o depósito:
 fechar a entrada de água e esvaziar;
 limpar e lavar a caixa;
 encher o depósito, fechar a entrada de água e adicionar um desinfetante;
 após 12 horas deixar escoar a solução através de todo sistema de fornecimento de
 água até esvaziar o depósito, desprezando a água com o desinfetante;
 encher com água limpa e fresca.
A limpeza e desinfecção do sistema de fornecimento de água deve ser realizada, no mínimo, uma vez a
cada seis meses.

►Tratamento da água
Constantemente, a água de beber dos animais atua como agente de transmissão e disseminação de
doenças em sistemas de produção de suínos.
Para tratar a água existem vários métodos, entre eles se destaca a desinfecção. O desinfetante para uso
na água de bebida deve ser específico, atóxico, ter amplo espectro de ação, ter alguma atividade na
presença de matéria orgânica. Em geral, o desinfetante mais empregado é o cloro porque:
 age sobre os microorganismos;
 tem uma ação residual ativa na água e uma ação continua depois de aplicado;
 não é nocivo ao homem;
 é de aplicação relativamente fácil;
 é bem tolerado pela maior parte da população;
 é econômico e facilmente encontrado
Uma maneira prática de aplicar o cloro na caixa é através do uso de cloradores. Um clorador é simples
de ser construído e é basicamente uma mistura de cloro em pó (Hipoclorito de cálcio ou cal clorada [340g]
e areia lavada [850g]). Essa mistura é colocada em uma embalagem plástica vazia (embalagem de água
sanitária) de um litro. São feitas duas perfurações de 0,6 cm de diâmetro 10 cm abaixo do gargalo, para que
o cloro possa sair.
A função da areia é facilitar a liberação lenta do cloro para a água.
É colocado na caixa d’água ou no poço com o auxílio de um fio de nylon que deve ficar amarrado em
qualquer ponto de apoio. O clorador deve ficar dentro da água, mas próximo a superfície. Geralmente esta
mistura é suficiente para tratar 2000 litros de água. O clorador deve permanecer durante 30 dias. E depois
deve ser trocado por uma nova mistura.

►Utilização de banho para visitantes e funcionários


É reconhecido o risco potencial da introdução de doenças pela compra de reprodutores contaminados,
pelo contato com dejetos dos animais, através de veículos estranhos a criação e pelo contato com calçados
contaminados com fezes. Com respeito à transmissão por roupas, pele e cabelo contaminados, as
informações são menos precisas.
63
Em um estudo realizado na Inglaterra verificou – se que após um período de exposição de 20 minutos
numa criação de suínos, a concentração bacteriana no cabelos triplicou em comparação com aquela
presente em cabelos limpos e lavados. Esses resultados confirmam o risco da transferência microbiológica
por meio de seres humanos, certamente tais perigos estão presentes com o movimento de pessoas entre
unidades com diferentes padrões sanitários. Por este motivo, a construção de instalações específicas com
chuveiros e vestiários que permitam a rotina do banho e da troca de roupa por uma indumentária higiênica
de trabalho reveste-se de importância.
Tanto os empregados da criação como outras pessoas que eventualmente tenham de entrar na mesma,
devem ser conscientizados da necessidade do banho diário no começo e no final do turno de trabalho. Cabe
aos gerentes e técnicos responsáveis pela granja dar esse exemplo. O banho deve funcionar
obrigatoriamente quando houver ameaças de epizootias na região. Em alguns países europeus, certas
criações não fazem do banho uma prática obrigatória como pré- requisito para ingresso em suas
dependências. Entretanto, o visitante é obrigado a trocar toda a roupa, utilizando botas, macacão e bonés da
granja, além de lavar as mãos e o antebraço numa solução desinfetante. Isso só é possível em função do
grau de conscientização e pelo nível de informação do pessoal de campo nesses países, bem como pelo
rigoroso controle sobre doenças infecciosas de declaração obrigatória existentes nos mesmos.
Para que a rotina do banho seja seguida permanentemente, as seguintes condições devem estar
presentes:
1. a sala deve ter temperatura adequada;
2. devem existir armários para os funcionários e visitantes colocarem a roupa de rua e um
vaso sanitário (área suja);
3. deve-se dispor de chuveiro com água quente à vontade e sabonete (área intermediária);
4. deve-se dispor de indumentária específica da granja (macacões, calças, aventais, camisetas, meias e
botas) com vários tamanhos (área limpa). Roupas comuns devem ser evitadas.
5. na saída da área limpa, deve existir um pedilúvio com esponja saturada com solução de desinfetante.
Por ocasião do banho o funcionário ou visitante deve seguir os seguintes passos:
 ir ao banho, ensaboar bem os cabelos e, em seguida, todo o corpo;
 retirar a espuma e repetir o processo;
 ter o cuidado de lavar, com escovinha, sob as unhas;
 o banho deve ter duração mínima de três minutos.

64
Fonte: Sesti et al. (1998)

65
►Fumigação
Entende-se por fumigação a exposição de determinada área a um desinfetante em forma de gás. Ela é
realizada como um processo complementar a um programa de limpeza e desinfecção. Através do mesmo,
procuramos atingir as superfícies da construção que, por alguma razão, não foram atingidas pelo processo
de desinfecção. Em nosso meio, a combinação de formol com permanganato de potássio têm sido os
produtos mais utilizados nas fumigações. Através da fumigação com formol e permanganato produz-se um
gás extremamente tóxico e que atinge principalmente os olhos, mucosas e o trato respiratório. Devido a
isto, a fumigação de instalações e de materiais a serem introduzidos em uma granja deve obrigatoriamente
ser realizado sob a orientação de um médico-veterinário.

►Nebulização de instalações ocupadas com uma solução de desinfetante


Em instalações com superlotação ou no caso de má ventilação geram-se condições favoráveis de
transmissão de agentes patogênicos entre animais doentes e sadios. É geralmente aceito que esses agentes
"viajam" através do ar na forma de aerosóis ou agregados á partículas de poeira.
Esse tipo de transmissão é considerada especialmente relevante no caso de algumas doenças
respiratórias. As perdas determinadas por esses tipos de infecção podem ser minimizadas se for mantida
baixa a exposição dos animais aos patógenos presentes no ar. Entre as medidas que podem ser usadas para
isso destaca-se o uso da aspersão com água com a adição de produtos com ação desinfetante, podendo-se
observar uma redução nas concentrações bacterianas de até 70%. Este tipo de procedimento só deve ser
realizado sob a orientação de um médico-veterinário.

►Rodolúvios e pulverização de veículos e pedilúvios


Tanto o homem como veículos participam com freqüência na introdução e difusão de doenças numa
granja. O isolamento completo de uma propriedade é bastante difícil, deve-se por isso utilizar todos os
recursos disponíveis para diminuir ao máximo a possibilidade da introdução de agentes infecciosos.
Através da utilização de rodolúvio, da pulverização
de veículos e de pedilúvios o risco de transmissão de agentes patogênicos pode ser reduzido
consideravelmente.
O objetivo da utilização destes tipos de desinfecção é o destruir microrganismos que posam estar
presentes nos veículos e calçados das pessoas os quais cheguem próximos aos animais do rebanho. Para
tal, porém, é indispensável que os mesmos estejam localizados estrategicamente, para que os empregados e
os visitantes venham a utilizá-los antes de entrar na granja ou em uma instalação da granja.
Os pedilúvios devem sempre estar localizados na entrada da granja e na saída de cada instalação. Em
nosso meio, os tipos mais comuns são caixas de metal, de madeira ou em forma de caixas de concreto
integradas na próprio piso, contando com um sistema de drenagem próprio. O pedilúvio deve ser
construído de tal forma a evitar que os funcionários ou visitantes sejam obrigados a pisar no solução
desinfetante quando passarem pelo pedilúvio.
A desvantagem do pedilúvio contendo cal sistema é que a aderência de cal em forma de
pó à sola dos calçados é geralmente insuficiente para que ocorra uma boa desinfecção. Além disso,
dependendo do tipo de calçado usado pelo visitante, a cal não cobre adequadamente toda a superfície dos
calçados. Isso ocorre, por exemplo, com sapatos ou botas com saltos altos. Devido a essas desvantagens,
esse tipo de pedilúvio em geral só é recomendado para uso dentro da granja, na entrada e/ou saída de
prédios. A cal deve ser trocada, no mínimo, a cada três dias.
O pedilúvio com solução desinfetante consiste de uma fossa com até seis centímetros de profundidade
com um nível aproximado de dois a quatro centímetros de uma solução de desinfetante. Nesse caso ocorre
um contato rápido com o calçado, cobrindo a maior parte do mesmo. A desvantagem está na rápida
agregação de matéria orgânica e de sujeira à solução desinfetante, reduzindo gradativamente a sua
eficiência.
O pedilúvio com esponja embebida em uma solução desinfetante deve ter até oito centímetros de
profundidade e uma esponja de até 5 cm de altura, embebida com solução desinfetante. O sistema é
eficiente, pois ao se pisar sobre a esponja a solução entra em contato com toda a sola do calçado e ao
mesmo tempo forma-se uma espuma que praticamente cobre as partes laterais da sola e do alto do mesmo.
Dessa forma, o sapato ou a bota ficará ligeiramente umedecida pela solução de desinfetante e
conseqüentemente considera-se a área atingida como desinfetada.

66
Uma vantagem adicional é que, ao se retirar os sapatos de cima da esponja, ela praticamente absorverá
o excesso da solução desinfetantes, não havendo maiores perdas da mesma. A principal desvantagem do
uso desse sistema está na dificuldade de limpar a esponja. Para proceder a limpeza, inicialmente deve-se
deixar escorrer a solução absorvida e lavar cuidadosamente a esponja. A seguir, a fossa deve ser esgotada e
limpa, incluindo a retirada de todos os resíduos de matéria orgânica e após lavada . Após devidamente
seca, a esponja é recolocada e acrescida de uma nova solução de desinfetante.
Rodolúvios servem para desinfecção de veículos que entram na granja. O uso de rodolúvios tem sido
abandonado em criações modernas, uma vez que a entrada de veículos na granja deve ser proibida. A
pulverização de veículos que entram na granja tem sido utilizada em combinação com
rodolúvios ou como substituto para o uso dos mesmos. Devem ser escolhidos princípios ativos de baixa
ação corrosiva, visando a afetar minimamente a carroceria dos veículos.
Não existe mais nenhuma dúvida hoje em dia que os veículos que transportam animais ao frigorífico
devem são uma das principais, se não a principal, fonte de contaminação de um sistena de produção.
Principalmente, quando este transporte é feito por terceiros (caminhões contratados) e por caminhões que
também transportam os equipamentos e a ração utilizada na granja. A sequência a ser seguida para a
limpeza e desinfecção de veículos é a seguinte:
 remoção do esterco, palha ou maravalha, raspagem do piso e das laterais do veículo com
instrumento apropriado (limpeza seca);
 lavagem com solução de detergente quente ou água quente a pressão;
 deixar secar durante 1-2 horas;
 aplicar a solução de desinfetante;e
 deixar secar por 12 horas

AULA 3

►VACINAÇÃO

Adotar um programa mínimo de aplicação de vacinas, para prevenção das doenças mais importantes da
suinocultura, respeitando as instruções oficiais (MAPA) para doenças especificas, como é o caso da vacina
contra a Peste Suína Clássica e Doença de Aujeszky, que somente poderão ser utilizadas com autorização
do órgão oficial de defesa sanitária.

 Conservação das vacinas


Manter todas as vacinas em geladeira em temperatura entre 4 a 8°C. Jamais deixar congelar as vacinas.

Cuidados na aplicação
 Ao vacinar um grupo de porcas ou leitões usar uma caixa de isopor com gelo para manter os
frascos de vacina refrigerados.
 Para evitar a contaminação da vacina que fica no frasco, usar uma agulha para retirar a vacina do
frasco e outras para aplicação nos animais.
 Desinfetar o local antes da aplicação.
 Usar agulhas adequadas para cada tipo de animal e para cada via de aplicação conforme
recomendação do quadro abaixo:
Quadro . Tipo de agulha e via de aplicação nas diferentes categorias de animais.
Tipo de agulha 50/15 30/15 25/08 15/15 15/09
45/15 25/15 25/07 15/10
Via de aplicação Intra Intra Intra Sub Intra
muscular muscular venosa cutânea muscular
Categorias de Adultos Crescimento Crescimento Crescimento Leitões
animais Terminação Terminação Terminação
Adultos Adultos
Fonte: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Suinos/SPSuinos/index.html

67
 Aplicar a vacina corretamente, atentando para a via de aplicação (intramuscular ou subcutânea), de
acordo com recomendação do fabricante.
 Não aplicar a vacina com a agulha acoplada diretamente na seringa e sem imobilizar a porca, pois a
vacina poderá ser depositada fora do local desejado.
 Caso não deseje imobilizar a porca usar prolongamento flexível com a agulha numa das
extremidades e a seringa na outra.
 Desinfetar a tampa de frascos contendo sobras de vacina e retorná-los imediatamente para a
geladeira.
 Aplicar as vacinas com calma, seguindo as orientações técnicas, para evitar falhas na vacinação e
formação de abcessos no local da aplicação.

 Programa de vacinação
Existem muitas vacinas disponíveis no mercado para atender a suinocultura. A decisão de quais vacinas
utilizar depende de uma avaliação individual da granja e dos riscos e perdas econômicas que representam
as doenças que se deseja prevenir. Um programa básico de vacinação inclui as vacinas contra parvovirose,
colibacilose, rinite atrófica e pneumonia enzoótica conforme Quadro 8.

Quadro . Programa básico de vacinação para um rebanho suíno.


Doenças
Categoria Período Parvovirose Colibacilose Rinite Pneumonia
atrófica enzoótica
Leitoas Quarentena ou 1a dose - - -
chegada na granja
20 a 30 dias após 2a dose - - -
70 dias de gestação - 1a dose 1adose 1a dose
90 dias de gestação - 2a dose 2a dose 2a dose
Porcas 90 dias de gestação - Uma dose Uma dose Uma dose
10-15 dias após o Uma dose - - -
parto
Cachaços Quarentena ou Uma dose - Uma dose -
chegada na granja
Semestralmente - - Uma dose -
Anualmente Uma dose - - -
Leitões Depende do - - - Uma ou duas
fabricante ou doses
recomendação
veterinária

Fonte: Fávero et al. (2009)

68
SEMANA 8
META:
Apresentar recomendações para o manejo antes de se abater o animal e para o gerenciamento de
uma granja

OBJETIVOS: Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


 Reconhecer os cuidados a serem adotados no manejo pré-abate para obtenção de carne suína
de boa qualidade;
 Reconhecer as práticas de gerenciamento de uma granja suinícola para garantir o sucesso da
atividade suinícola.

AULA 1

►MANEJO PRÉ-ABATE
O manejo pré abate dos animais tem influência direta sobre a qualidade da carcaça e da carne, devendo
merecer toda a atenção do produtor.

 Preparo dos animais


A alimentação dos animais a serem enviados para o abate deve ser suspensa 12 horas antes da hora
prevista para o embarque.
Garantir o fornecimento constante de água aos animais até o momento de embarque.

 Embarque
Os animais devem ser conduzidos para o local de embarque com tranqüilidade, sem estresse e usando
tábuas de manejo.
A rampa de embarque deve ter no máximo 20º de inclinação e piso antiderrapante, para facilitar a
condução dos animais e evitar escoriações.

 Transporte para o abate


O caminhão a ser utilizado para o transporte dos animais deve ter no máximo dois pisos.
Ao chegar na propriedade para carregar os animais o caminhão deve ter sido previamente higienizado e
desinfetado, evitando assim a exposição dos mesmos a eventuais agentes contaminantes.
Os animais devem ser alojados no caminhão na razão de 2,5 suínos de 100 kg por m2, ou seja, propiciar
uma área de 0,40 m2 para cada 100 kg de peso animal.
O transporte deve ser efetuado com calma, de preferência durante a noite, sempre aproveitando as horas
mais frescas ou de menor temperatura. O cuidado no transporte deve ser redobrado quando este for feito
em estradas não pavimentadas ou irregulares.
Quando o transporte exceder a duração de três horas, devem ser adotados cuidados especiais.

AULA 2

►GERENCIAMENTO
A propriedade suinícola é uma unidade de produção operando com um
capital (próprio e empréstimos financeiros), e trabalho (familiar e assalariado) devendo
gerar um resultado econômico que remunere os investimentos e aporte lucro.
De nada adianta um bom planejamento se não forem utilizados mecanismos de controle do desempenho
da atividade e de seus funcionários. Para garantir o sucesso da atividade deverão ser adotados métodos
eficientes de gerenciamento.
Para ter sucesso na atividade o produtor necessita saber como e quanto produzir e, principalmente para
quem vender a produção. Nas decisões de médio e longo prazos o gerenciamento desempenha papel

69
preponderante em função das constantes mudanças que ocorrem nas tecnologias, nos preços dos insumos e
produtos e nas políticas agrícolas, que levam ao produtor riscos e incertezas.

 Organização Administrativa
A organização administrativa das propriedades suinícolas está diretamente relacionada com as suas
dimensões. A necessidade de racionalização dos procedimentos administrativos cresce à medida que
aumenta a dimensão da empresa suinícola.
Nas pequenas granjas a subdivisão de tarefas é mínima. O pequeno produtor de suínos geralmente
auxiliado por membros da família, cultiva a terra, trata dos animais e ainda exerce todas as tarefas
administrativas, tais como: decidir como e quando plantar, uso de insumos, compras, vendas, aplicação e
uso de medicamentos, descarte de reprodutores etc.
À medida que a dimensão da empresa suinícola aumenta, o número de pessoas envolvidas na atividade,
embora não na mesma proporção, também aumenta. Isto porque, além de ganhos de escala, a
"automatização" é um fator que contribui para reduzir a necessidade de mão-de-obra. Na medida que o
tamanho da propriedade aumenta, o produtor deve buscar maior nível de especialização, para reduzir
custos e minimizar riscos.
Objetivando aumentar o poder de barganha tanto na compra de insumos como na venda do produto
final, os produtores devem buscar formas associativas como:
Associação em condomínios ou cooperativas, que pode levar os produtores a obterem melhores preços na
compra de insumos e na venda de suínos.
Criação de estruturas associativas de mercado para incrementar a comercialização de carne suína "in
natura", como forma de ampliar o mercado consumidor.

 Contratação de Pessoal
Normalmente a necessidade de pessoal pode ser definida com base no número de matrizes do sistema
de produção. A relação de um homem para cada 50 matrizes é aceita quando o sistema não utiliza a
automação das atividades.
De todos os componentes relacionados com os níveis de produtividade, o funcionário é, sem dúvida, o
mais importante, pois através de suas ações e interesse, são gerados grande parte do resultado econômico
do sistema de produção de suínos. Os custos com mão-de-obra em um SPS representam de 6 a 18% do
custo de produção.
Considerando o grau de responsabilidade, pode-se classificar os funcionários em gerente de produção,
responsáveis por setores específicos e/ou tratadores.

 Gerente de produção
O gerente de produção pode ser definido como sendo o responsável pelo sistema de produção de suínos,
isto é, a pessoa que coordena a equipe de trabalho. O gerente deve transformar oportunidades e desafios
em resultados. Um bom gerente de produção é aquele que aposta em si mesmo, na sua capacidade de
realizar da melhor forma possível todo e qualquer trabalho por mais difícil que ele seja.
As características essenciais do gerente são: liderança; assiduidade; conhecimento e controle da
atividade; organização; iniciativa; capacidade de trabalho e asseio.

 Tratadores
O tratador deve ser um indivíduo que possui conhecimento básico sobre suinocultura, capacidade de
organizar seu tempo, avaliar as prioridades, manter em dia os serviços de rotina, saber reconhecer as
alterações do estado de saúde dos animais e propor soluções para os problemas.

 Treinamento
Os funcionários devem ser capacitados para exercer as atividades/tarefas a eles confiadas. Portanto, na
escolha de pessoal deve-se optar por aqueles que já detêm conhecimento na atividade. Não havendo esta
possibilidade, cursos de capacitação deverão ser implementados.
Estrategicamente, todos os funcionários deverão saber fazer todas as atividades inerentes ao sistema.
Isto assegurará continuidade em caso de falta momentânea de um determinado funcionário. Logo, os

70
funcionários deverão ser capacitados para as atividades a serem desenvolvidas nas diferentes fases de
produção, tais como, reprodução, gestação, maternidade, creche e crescimento e terminação.

 Controle da atividade e indicadores de produtividade


Atualmente existem no mercado softwares específicos para a avaliação técnica e econômica da
atividade suinícola. Estes softwares constituem-se em ferramentas muito úteis ao criador, permitindo um
acompanhamento mais detalhado dos resultados da atividade e auxiliando na tomada de decisão.
Na falta de um software para o controle dos índices técnicos e econômicos do sistema de produção,
deve-se estabelecer uma forma alternativa manual que atenda as necessidades mínimas de controle da
produção e da produtividade. Em ambos os casos, via software ou manual, é necessário manter a
identificação dos animais e utilizar fichas de controle em cada fase de produção.

 Identificação dos animais


A identificação dos reprodutores permite acompanhar o desempenho reprodutivo e a dos outros animais
o desempenho produtivo. A identificação dos animais pode ser feita através de tatuagem, brinco ou mossa.

 Fichas de controle
O preenchimento de fichas é importante para o controle do rebanho suíno. Dentre elas destacam-se
fichas de controle de porcas, de machos, de coberturas, de leitegadas, de compras de animais e alimentos,
de vendas de animais, de despesas gerais, de movimento de animais dentro da granja, de vacinações e de
consumo de ração. Além da observação dos valores críticos e metas estabelecidas para cada fase, o
produtor deve manter um controle rigoroso de todas as compras e vendas para garantir um
acompanhamento econômico/financeiro da atividade.

EXEMPLOS DE FICHAS DE CONTROLE

FICHA MATRIZ – GESTAÇÃO

MATRIZ Nº =

REPRODUTOR Nº =

DATA DE COBERTURA =

DATA PROVAVÈL DE PARTO =

ORDEM DE PARIÇÃO =

71
FICHA MATRIZ - PARTO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO


SECRETARIA DE EDUCAÇÃO MÉDIA E TECNOLÓGICA - SEMTEC

ESCOLA AGROTÉCNICA FEDERAL DE BARBACENA – MG

UNIDADE EDUCATIVA DE PRODUÇÃO – ZOOTECNIA II


Parto Nº: Mortalidade Data

Matriz: Reprodutor: ____/____/____


____________________ _____________
Parto provável: Parto: ____/____/____ ____/____/____
____/____/____
Machos: Fêmea: ____/____/____
___________________ _________________
Nascidos vivos: Nascidos mortos: ____/____/____
_____________ _________
Total: ____/____/____
_______________
Peso médio: ____/____/____
__________
Desmama: ____/____/____ Peso médio: ____/____/____
_____________
Obs.: ____/____/____
____/____/____

FICHA MATRIZ - CONTROLE REPRODUTIVO

UEP Ministério da Educação e do Desporto – MEC – SEMTEC


Zootecnia II Campus Barbacena – IF Sudeste MG Ficha nº:
________
Controle de Matrizes
Raça: __________________________________Nº: _______________
Data de nascimento: ______/______/______
Procedência:
______________________________________________________________________________
Filiação:
Reprodutor – Raça: _______________________ Nº: ______________
Matriz – Raça: _______________________ Nº: ______________

Coberturas Parições Peso médio dos leitões (kg)


Da Reprodutor Nº Da Filhos nascidos Ao No Desmame
ta de ta
N R ordem vivos mortos T N Nº de Média
º aça otal ascer leitões verificada

72
Dentre os indicadores de gerenciamento técnico do sistema, destacam-se a conversão alimentar do
rebanho e o número de leitões produzidos por porca por ano.

Quando – Indicadores de gerenciamento técnico de um sistema de produção de suínos


Parâmetros de produção Metas Nível de
interferência
intervalo desmame – cio ( dias ) < 7,0 > 7,0
repetição de cio ( % ) < 8,0 > 8,0
taxa de parição ( % ) > 88,0 < 85,0
total de nascidos por parto > 12,0 < 11,5
nascidos vivos por parto > 11,5 < 11,0
peso ao nascer ( kg ) > 1,4 < 1,3
natimortos por parto ( % ) < 5,0 > 6,0
mumificados por parto ( % ) < 2,5 > 3,0
leitões desmamados por leitegada > 10,0 < 9,5
idade ao desmame ( dias ) < 21,0 > 24,0
peso ao desmame ( kg ) > 6,0 < 5,7
mortalidade pré-desmame ( % ) < 5,0 > 7,0
leitegadas / fêmeas / ano > 2,5 < 2,4
GMDP maternidade ( g ) > 220 < 200
peso à saída da creche / 63 dias ( kg ) > 24,0 < 23,0
GMDP creche ( g ) > 400 < 380
peso ao abate / 150 dias > 100 < 90
GMDP nascimento ao abate ( g ) > 640 < 600
conversão alimentar do rebanho < 2,8 > 3,0
Número de leitões produzidos / porca / ano > 25 < 24

Fonte: Fávero et al. (2006)

 Aspectos sociais
É na qualidade da mão-de-obra, na relação empregado-empregador e na capacidade de motivação dos
funcionários que o criador tem hoje grande possibilidade de melhorar o desempenho técnico e financeiro
de sua empresa.
Cada funcionário deve ser remunerado, no mínimo, de acordo com a legislação trabalhista. Uma
estratégia interessante para a melhoria do índices de produtividade é a adoção de um sistema de premiação
para os funcionários, o qual pode ser um percentual de ganho a mais para cada meta superada num dado
período de tempo, como exemplo número de suínos terminados por matriz por ano. Este procedimento visa
estimular os funcionários para a busca constante de melhores resultados na atividade.
Deve-se buscar a motivação constante dos funcionários através de reuniões e treinamentos. Esforços
devem ser implementados no sentido de manter na escola todos os filhos dos funcionários.

73
 Higiene e segurança do trabalhador
 Há necessidade de estabelecer procedimentos básicos de higiene e obediência de normas vigentes
de segurança no trabalho.
 O gerente ou o responsável pela equipe de trabalho deverá exigir dos empregados que lavem as
mãos antes de manejar os animais e utilizem vestimentas e equipamentos adequados ao manejo de
resíduos.
 Deve-se monitorar periodicamente a saúde dos trabalhadores nas áreas de produção. As ocorrências
referentes à saúde e segurança no trabalho deverão ser registradas em fichas de acompanhamento e
arquivadas em um setor específico.
 Especial atenção deve ser dada quanto ao armazenamento e manuseio de produtos químicos. Esses
devem ser armazenados em locais específicos, ventilados e bem sinalizados. Os trabalhadores capacitados
a manusear produtos químicos devem ser treinados para utilização dos Equipamentos de Proteção
Individuais (EPIs) e para a obediência dos preceitos de higiene pessoal.
 Deve-se garantir instalações adequadas para alimentação e higiene pessoal de trabalhadores rurais,
bem como, manter um programa de higienização e renovação de suprimentos nos sanitários.
 Todos os empregados deverão ser capacitados para a adoção de boas práticas de higiene pessoal e
manejo dos animais.
 Dispor, em local de fácil acesso, de uma lista de telefones úteis como bombeiros, pronto socorro,
laboratórios de análises, órgãos de pesquisa, ambientais, de extensão e fiscalização.

74
SEMANA 9
META:
Apresentar fatores relacionados a proteção ambiental e manejo de dejetos de suínos que
proporcionem maior qualidade de vida da população rural e urbana.

OBJETIVOS: Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:


 Identificar os principais aspectos de proteção ambiental a serem observados na produção de
suínos;
 Identificar as principais alternativas para o manejo de dejetos suinícolas para a promoção da
preservação ambiental.

AULA 1

► PROTEÇÃO AMBIENTAL
Além da produtividade e competitividade econômica, qualquer sistema de produção deve primar pela
proteção ambiental, não somente pela exigência legal, mas também por proporcionar maior qualidade de
vida a população rural e urbana.
Com relação a proteção ambiental o produtor deve implantar um sistema de gestão ambiental integrado
contemplando as seguintes etapas:

1. Avaliação dos riscos de impacto ambiental


Proceder o diagnóstico da situação ambiental local antes de iniciar a construir.
Delinear um plano com dimensionamento do projeto em função do volume de resíduos gerados na
produção de suínos.
Planejar as obras a partir das exigências da legislação ambiental federal, estadual e municipal, que
determinam, por exemplo, as distâncias mínimas de corpos d´água (fontes, rios, córregos, açudes, lagos
etc.), estradas, residências, divisas do terreno, a proteção das áreas de preservação permanente, 20% da
área de reserva legal e outras.

Quadro . Legislação pertinente ao licenciamento ambiental.

 Constituição Federal Brasileira - 1998 - Art. 225.


 Decreto Federal nº 0750/93 - Mata Atlântica.
 Lei Federal nº 9.605/98 - Lei dos Crimes Ambientais - Art. 60.
 Código das Águas - Decreto Federal nº 24.645 de 10/07/34 e alterações.
 Código Florestal Federal - Lei 4.771/65 e alterações.
 Lei Federal nº 6.766/79 - Disciplinamento do solo urbano.
 Legislações e Códigos Sanitários Estaduais e Municipais.
Fonte: Fávero et al. (2006)

75
Tabela . Características químicas e físicas dos dejetos (mg/l) produzidos em uma unidade de
crescimento e terminação manejada em fossa de retenção, obtidos no Sistema de
Produção de Suínos da Embrapa Suínos e Aves.

Parâmetro Mínimo Máximo Média


Demanda Química de 11530 38448 25543
Oxigênio (DQO)
Sólidos Totais 12697 49432 22399
Sólidos Voláteis 8429 39024 16389
Sólidos Fixos 4268 10408 6010
Sólidos Sedimentares 220 850 429
Nitrogênio Total 1660 3710 2374
Fósforo Total 320 1180 578
Potássio Total 260 1140 536
Fonte: Silva F.C.M. (1996) citado por Fávero et al. (2006)
*Considerando esterco com cerca de 40% de matéria seca.
Fonte: Oliveira et al. (1993). citado por Fávero et al. (2006)

2. Manejo Nutricional
Para promover a melhora do desempenho e das carcaças, reduzindo o poder poluente dos
dejetos e o custo de produção dos suínos, o produtor deve:
 Buscar o aumento da eficiência alimentar e da produtividade por matriz.
 Usar rações formuladas com base nos valores de disponibilidade de nutrientes dos
alimentos, utilizando informações específicas dos suínos que estão sendo produzidos,
especialmente quanto ao genótipo, sexo e consumo de ração.
 Utilizar dietas formuladas com maior precisão, evitando o acréscimo de mais nutrientes
("margens de segurança") do que os animais necessitam.
 Empregar o conceito de alimentação em múltiplas fases e sexos separados.
 Evitar o uso de cobre como promotor de crescimento e reduzir ao máximo o uso de zinco no
controle da diarréia.
 Aumentar o uso de fontes de nutrientes com maior disponibilidade.
 Utilizar enzimas e aminoácidos nas dietas.
 Utilizar a restrição alimentar em suínos na fase de terminação.

3. Manejo de água na propriedade


O manejo da água na propriedade deve contemplar:
 Evitar a utilização de lâmina d'água.
 Remoção do dejeto via raspagem.
 Realizar manutenção periódica do sistema hidráulico.
 Reduzir a demanda de água no sistema através do reaproveitamento da água, servida aos
suínos, para limpeza das instalações, evitando o contato com os animais.

76
77
AULA 2

► MANEJO DOS DEJETOS


A preservação ambiental, preocupação básica de qualquer sistema de produção, deve estar presente em
qualquer atividade, em especial no manejo dos dejetos e rejeitos de animais. Prioritariamente os dejetos
devem ser usados como adubo orgânico, respeitando sempre as limitações impostas pelo solo, água e
planta. Quando isso não for possível há necessidade de tratar os dejetos adequadamente, de maneira que
não ofereçam riscos de poluição quando retornarem à natureza.

 Manejo dos dejetos


 Estabelecer um projeto de coleta, armazenagem, tratamento, transporte e disposição dos dejetos de
acordo com as características da propriedade.
 Quando houver área suficiente para o uso dos dejetos como fertilizante orgânico, construir
esterqueiras para armazenamento do dejeto, com tempo de retenção mínima de 120 dias,
recomendado pelos Órgãos de Fiscalização Ambiental.
 Não havendo área suficiente para recebimento de dejetos, maximizar e valorizar a produção de lodo
ou composto para atender a capacidade de absorção da propriedade e tratar o excesso de acordo
com a Legislação.
 Adotar sistema de separação de fases (decantador) combinado com sistemas de tratamento como
lagoas anaeróbias, facultativas e de aguapé.
 Dimensionar o decantador de acordo com a característica dos dejetos e da vazão diária e as lagoas,
através da carga orgânica gerada diariamente.
 Utilizar tecnologias de tratamento dos resíduos, tanto da fase líquida, através de sistema de lagoas
para remoção dos nutrientes e do odor, quanto da fase sólida, através do processo de compostagem
ou geração de biogás.
 Manter as calhas de coleta de esterco dos suínos (Figura 12 ) com líquido suficiente para cobrir o
esterco (água de desperdício de bebedouros e urina). A água não deixa as larvas das moscas
viverem no esterco.

Figura . Sistema de manejo de dejetos líquidos e resíduos de desinfecção

Fonte: Fávero et al. (2009)

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 A água de limpeza com desinfetante deve ser desviada para um sumidouro para não atrapalhar a
fermentação do esterco.
 Se a canaleta externa de coleta de esterco for muito rasa ou for em desnível, que não permita a
manutenção da água, raspar o esterco para a esterqueira duas vezes por semana, antes das larvas das
moscas formarem o casulo.
 O esterco misturado à maravalha, usada na maternidade ou em outras baias de animais, deve ser
destinado à compostagem em leiras cobertas com lona plástica ou em composteiras construídas em
alvenaria.

 Uso dos dejetos como fertilizante


A segurança sanitária é um item que também deve ser levado em conta na reciclagem dos dejetos. Para
diminuir os riscos envolvidos na reciclagem dos dejetos e a disseminação de organismos potencialmente
prejudiciais a humanos, animais e/ou ao ambiente, além de todos os cuidados sanitários aplicados aos
rebanhos, mostra-se prudente assegurar um tempo mínimo de retenção de 30 dias para a decomposição dos
dejetos em sistemas anaeróbios ativos, antes de utilizá-los como fertilizante.
O reaproveitamento dos dejetos como fertilizante na propriedade requer área disponível, e
distanciamento dos corpos d'água (rio, córrego, açude, nascentes, lagoa, etc...). A disposição do resíduo no
solo deve obedecer aos seguintes critérios:
 Proceder a análise do solo;
 Seguir as recomendações de segurança sanitária;
 Não ultrapassar a capacidade de absorção do sistema solo planta;
 Utilizar técnicas adequadas de conservação do solo;
 Procurar utilizar o plantio de espécies exigentes em N e P.
Os dejetos de suínos são um composto multinutriente, cujos elementos encontram-se em quantidades
desproporcionais em relação aos assimilados pelas plantas. Quando os dejetos são aplicados ao solo com
base na demanda total das plantas, de qualquer um dos elementos N-P-K, os demais geralmente estarão em
excesso. Com o acúmulo de nutrientes no solo, surge o risco de fitotoxicidade às plantas e de perdas de
nutrientes por erosão e lixiviação, que poderão causar a poluição das águas e do solo, cuja gravidade será
tanto maior, quanto menos se observar o princípio do balanço de nutrientes e as boas práticas agronômicas.

 Geração de energia pela biodigestão anaeróbia dos dejetos


O gás resultante da digestão anaeróbia dos dejetos (biogás) pode ser utilizado na produção de energia.
Utilizando o processo de produção de gás com lona de PVC colocada sobre o depósito de dejetos, há uma
redução do custo de implantação, redução dos níveis de patógenos e do poder poluente, redução de odores
e substituição de combustíveis como lenha, GLP e energia elétrica. O biogás pode ser utilizado para
aquecimento de aviários, banheiros e instalações para suínos.

 Outros materiais poluentes


Os materiais poluentes como lixo e embalagens também devem ser objeto de preocupação, seguindo
procedimentos adequados de armazenamento e disposição, a saber:
 Armazenar em recipientes com tampa, frascos e embalagens usadas de medicamentos e
desinfetantes, ou outro produto veterinário, encaminhando-os à postos de coleta locais ou regionais.
 Dar destino adequado a todo o lixo produzido no sistema de produção, de forma a não causar
nenhum dano ao ambiente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FÁVERO et al. Produção de suínos. Disponível em:


http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Suinos/SPSuinos/index.html.
Acesso em 30 dez 2009.

LIMA et al. Suinocultura.Universidade Federal de Lavras. Lavras,1995.

ROPPA, L. Suínos: mitos e verdades. Revista Suinocultura Industrial, n.127, p.10-27, 1997.

ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; FERREIRA, A. S.;
OLIVEIRA, R. F.; LOPES, D. C. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e
exigências nutricionais. 2. ed. Viçosa: UFV, 2005. 186 p.

SESTI, L.; SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D. E. S. N. de. Limpeza e desinfecção em


suinocultura. Suinocultura Dinâmica, Concórdia, SC, n.20, 1998.

SILVEIRA,P.R.S. A cadeia produtiva de suínos no Brasil. Revista CFMV – Conselho Federal de


Medicina Veterinária. Nº 42, p. 11-20, 2007.

SOBESTIANSKY, J.; WENTZ, I; SILVEIRA, P. R. S. DA; SESTI,. A. C. (Ed.) Suinocultura


intensiva: produção, manejo e saúde do rebanho.Brasília: Embrapa Serviço de Produção de Informação,
1998.

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