Você está na página 1de 18

UFFS- UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

CAMPUS CERRO-LARGO
CURSO DE AGRONOMIA

GUSTAVO FRIEDRICH
LUCAS PARUSSOLO HEIMERDINGER
RAFAEL JUNG

FUNDAMENTOS DE ZOOTECNIA
PISCICULTURA: PRODUÇÃO DE TILÁPIAS

CERRO LARGO
2019
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................... 2

2. HISTÓRIA DA TILÁPIA ......................................................................... 2

2.1. INTRODUÇÃO DA TILÁPIA NO BRASIL .............................................. 2

3. MAIORES PRODUTORES ................................................................... 3

4. ESPÉCIES ............................................................................................ 4

5. BIOLOGIA ............................................................................................. 6

6. SEXAGEM ............................................................................................ 9

6.1. MANUAL ............................................................................................... 9

6.2. REVERSÃO HORMONAL ................................................................... 10

6.3. TEMPERATURA ................................................................................. 10

7. RAÇÃO ............................................................................................... 11

8. CONVERSÃO ALIMENTAR ................................................................ 11

9. QUALIDADE DA ÁGUA ...................................................................... 12

9.1. TEMPERATURA ................................................................................. 12

9.2. COR DA ÁGUA ................................................................................... 13

9.3. TURBIDEZ .......................................................................................... 13

9.4. VISIBILIDADE E TRANSPARÊNCIA .................................................. 13

9.5. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH) ............................................... 15

9.6. OXIGÊNIO DISOLVIDO (O.D.) ........................................................... 16

9.7. AMÔNIA .............................................................................................. 17

10. TANQUES (AÇUDE) ........................................................................... 17

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 17
2

1. INTRODUÇÃO
Existem vários motivos pelo qual os produtores optaram em produzir a tilápia em
vez de outros peixes, entre esses motivos são a rusticidade, boa adaptação,
produtividade rápida, por sua qualidade de carne e rendimento em filés.
Elementos estes que fizeram a tilápia ter uma boa aceitação pelos cultivadores
no Brasil.
Ao longo deste trabalho veremos desde a origem e entrada da tilápia no Brasil
até as formas de se produzir das melhores técnicas possíveis, o trabalho tenta
mostrar de uma forma rápida e não tão aprofundada, em algumas questões
apenas trazido de uma forma superficial, de maneira que possamos entender o
porquê da excelente aceitação da tilápia e do crescimento que esse produto vem
tendo no mercado da Aquicultura brasileira e mundial.

2. HISTÓRIA DA TILÁPIA
A história da tilápia começa a muito tempo atrás, as margens do rio Nilo, Marcos
de Oliveira (2016,p. 1) “originária do rio Nilo, na África, a tilápia nilótica
(Oreochromis niloticus) já era consumida pelos antigos egípcios há mais de 3 mil
anos.”. Sabe-se que nos dias atuais é comum ouvir falar da carne de tilápia,
principalmente do filé de tilápia, onde sua carne é muito apreciada em território
brasileiro e mundo. De acordo com Diogo Sponchiato em publicação no cite
Saúde (2017) “Até criança gosta. E tem o custo/benefício. A tilápia inteira sai, em
média, 14 reais o quilo. O filé, por sua vez, cerca de 35 reais. É um pescado com
preço mais acessível e fornecimento constante”.
A tilápia pertence à família Cichlidae e apresenta mais de 10 variações em seu
habitat, chegando aos 4,3 quilos de peso e 60 cm de comprimento.

2.1. INTRODUÇÃO DA TILÁPIA NO BRASIL


A introdução da tilápia no Brasil não foi a muito tempo, alguns motivos podem
estar relacionados a demora para a introdução desta no país, como por exemplo,
as carpas sempre foram alvo de produtores, mas com a chegada da tilápia,
vários produtores resolveram experimentar essa novidade, afinal, se pensarmos
em um país no mundo que tenha tamanha disponibilidade de água doce como
3

Brasil, sem dúvida o país tem grande potencial de produzir e se destacar


mundialmente. Mas a primeira vez foi a 66 anos atrás em São Paulo.
No Brasil, a tilápia foi introduzida pela primeira vez em 1953, quando a
“Light”, em São Paulo, importou Tilapia rendalli do Congo. LIMA et al.
(2007).

Já a segunda vez que se introduziu a tilápia foi a 48 anos atrás.


Posteriormente, em 1971, o Departamento Nacional de Obras Contra
a Seca (DNOCS) introduziu exemplares da espécie tilápia nilótica
(Oreochromis niloticus) visando ao peixamento dos reservatórios
públicos da Região Nordeste. LIMA et al. (2007).

A variedade vermelha foi trazida de Israel pela empresa Aquaculture Production


Technology (APT) nos anos 1980. O nome Saint Peter pegou como bombril para
palha de aço ou xerox para fotocópias.
Em 1981, foram introduzidas oficialmente no Brasil as tilápias
vermelhas, cuja pigmentação avermelhada é resultante de uma
mutação genética em populações da espécie Oreochromis
mossambicus (tilápia de Moçambique). LIMA et al. (2007).

A introdução das linhagens melhoradas e o uso de novas técnica de incubação


artificial, com controle do sexo, fizeram com que a tilapicultura expandisse
rapidamente, um dos motivos foi se realizar o controle do sexo que aumentou a
produção, tendo em vista que o macho é que tem melhor aproveitamento da
alimentação, será explicado melhor ao longo deste trabalho. Portanto, começa
uma nova era na piscicultura brasileira a produção industrial da tilapicultura
brasileira.
Em 1996, houve a importação de uma linhagem melhorada da tilápia
nilótica, população Chitralada da Tailândia. Em 2002, foi introduzida
uma nova linhagem de tilápia nilótica, a GenoMar Supreme Tilapia, e
depois a FishGen (Genetically Male Tilapias – GMT). LIMA et al.
(2007).

3. MAIORES PRODUTORES
O Brasil é um dos maiores produtores da área agrícola e pecuária, e não seria
diferente na produção de peixes, o Brasil tem aumentado a cada ano sua
produção, especialmente de tilápias.
4

O Brasil produziu 722.560 mil toneladas de peixes de cultivo em 2018.


Esse resultado é 4,5% superior ao de 2017 (691.700 t). A informação
é da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) e faz parte do
Anuário da Piscicultura Brasileira – edição 2019, que acaba de ser
publicado. (PeixeBR, 2019).

A produção brasileira de tilápia foi de 400.280 toneladas em 2018, de acordo


com levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). Esse
resultado coloca o Brasil entre os quatro maiores produtores do mundo, atrás de
China, Indonésia e Egito, e à frente de Filipinas e Tailândia. O Paraná é o maior
produtor de tilápia do Brasil, com 123.000 toneladas. A espécie participa com
94% da produção total de peixes cultivados do estado. A tilápia também está
presente com força em São Paulo. Nada menos do que 95% da produção do
estado – equivalentes a 69.500 t – são da espécie. O terceiro maior produtor de
tilápia do Brasil é Santa Catarina, com 33.800 t (74% do total). Depois vêm Minas
Gerais, com 31.500 t (95% do total), e Bahia, com 24.600 t (81% do total). Juntos,
os cinco estados maiores produtores de tilápia do Brasil representam
aproximadamente 65% da produção nacional. De acordo com EMATER-DF
(2009,p. 9) “No Brasil, é o peixe mais produzido, devido à sua rusticidade, rápido
crescimento e carne de ótima qualidade, com produção anual superior a 100.000
toneladas.”

4. ESPÉCIES
Existem muitas espécies de tilápias, mas, nem todas tem chamada atenção para
produzir em grande escala, é normal que algumas se destaquem em aptidões
específicas.
Entre as mais de 70 espécies de tilápias existentes, apenas quatro se
destacam na aquicultura mundial, entre elas estão: a tilápia-do-nilo
(Oreochromis niloticus); a tilápia-azul (Oreochromis aureus); a
tilápiade-moçambique (Oreochromis mossambicus); e a tilápia-de-
zanzibar (Oreochromis hornorum). Além dessas quatro espécies,
somam-se as suas variações puras e os híbridos, que apresentam
cores que vão do branco ao vermelho, mais conhecidas como tilápias-
vermelhas. (EMATER-DF 2009,p. 11).
5

Imagem. 1. Exemplar de tilápia nilótica (O. niloticus), linhagem Chitralada tailandesa.


Fonte:https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34992/1/Circular45.pdf

Escolhi falar da tilápia vermelha pela grande quantidade que se produz no Brasil,
mas é claro que ela não é a única que os produtores buscam, e também, sempre
estamos procurando aperfeiçoar os métodos de produção e a capacidade de
melhorar tanto geneticamente a espécie como manejo, estrutura, equipamentos,
alimentação, saúde e entre outros fatores limitantes para a produção.
Sempre que um produtor deseja iniciar uma produção seja de peixes, sempre
deve levar em consideração as vantagens que cada espécie possui, suas
vantagens comparadas a outras, como as tilápias-vermelhas híbridas possuem
as seguintes vantagens de acordo com a EMATER-DF.
Podem ser criadas em ambientes marinhos e em águas com salinidade
acima de 10 g por litro; facilidade de despesca com rede em viveiros
de terra; maior valor de mercado para peixes inteiros, eviscerados e
produtos com pele. (EMATER-DF 2009,p. 12).

Além de o produtor considerar as vantagens, deve sem dúvida, estar ciente das
desvantagens também, sabendo assim o potencial de produção na propriedade
e desta maneira, garantindo a melhor escolha possível da espécie para seu local
(clima, relevo entre outros fatores). Já as desvantagens da tilápias-vermelhas
híbridas são as seguintes de acordo com a EMATER-DF.
Menor eficiência na produção de alevinos; baixa sobrevivência na
engorda em criações sem proteção contra aves; custo de produção
6

mais alto; e menor tolerância ao frio em híbridos de tilápias–de-


moçambique e de tilápias-de-zanzibar. (EMATER-DF 2009,p. 12).

Imagem. 2. Exemplar de tilápia-vermelha híbridas.


Fonte: https://psiculturaliberdade.webnode.com.br/especies/tilapia/.

5. BIOLOGIA
Vamos começar a falar do seu abito alimentar, a tilápia aceita variados tipos de
alimentação, mas claro, se você está pensando em produzir para venda e em
grande quantidade será necessário uma alimentação adequada, além disso, é
sempre bom ter assistência técnica nessas horas de um veterinário, zootecnista,
agrônomo ou técnico que tenham capacidade de orientar e instruir da melhor
maneira, pois estamos falando da base da produção, ou da base para a
sobrevivência e ganho de peso que poderá ser boa ou ruim, portanto busque
ajuda se estiver com dúvidas.
As tilápias apresentam hábitos alimentares que vão do herbívoro
(alimenta-se de plantas), fitoplanctófago (alimenta-se de algas),
omnívoro (alimenta-se de diferentes tipos de alimento) ao detritívoro
(alimenta-se de restos de organismos). LIMA et al. (2007).

A ração é indispensável para uma boa produção, sempre deve se buscar a ração
ideal para cada fase que se encontra os peixes, como por exemplo os alevinos
terão que receber uma ração com alto teor de proteínas e vitaminas para que se
desenvolvam rápidos e fortes, e já que alevinos são peixes pequenos é de
extrema importância comprar ração de tamanho em milímetros correto, para que
os peixes consigam se alimentar facilmente.
A tilápia nilótica, que é a mais cultivada, apresenta hábito alimentar
fitoplanctófago, mas aceita muito bem rações comerciais e artesanais
7

elaboradas à base de subprodutos da agropecuária. LIMA et al.


(2007).

Quanto a parte de aparelho bucal e digestão os autores Lima et al (2007) A tilápia


possui dentes rudimentares nos lábios, intestino bastante longo, respiração do
tipo branquial e o corpo coberto de escamas. Sua reprodução é do tipo
parcelada, podendo desovar de 8 a 12 vezes no ano.
A tilápia possui uma reprodução muito interessante, a sua vida sexual é de
aproximadamente 5 meses, mas depende de fatores bióticos e abióticos.
A sua maturidade sexual está muito relacionada com o clima da região,
condições de espaço, manejo e alimentação. Geralmente, começa a
reproduzir-se por volta dos 4 a 5 meses de idade, colocando em média
800 a 2.000 óvulos/desova ou 4 a 5 óvulos g-1 de peso vivo de fêmea.
LIMA et al. (2007).

A tilápia apresenta dimorfismo sexual, ou seja, é possível diferenciar machos de


fêmeas. Entre as diferenças, é possível citar o número de orifícios na região
ventral, cuja fêmea apresenta três orifícios (ânus, oviduto e uretra) e o macho
apenas dois (ânus e orifício urogenital, sendo este último a abertura por onde
passam urina e sêmen) como é possível ver na imagem 3 (a, b). Os machos,
quando preparados para a reprodução, podem apresentar coloração rosada na
cabeça e na extremidade da nadadeira caudal e coloração azul/cinza na região
abdominal.
8

Imagem. 3. Dimorfismo sexual da tilápia e ninhos preparados para a desova.


Fonte: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34992/1/Circular45.pdf.

Na época da desova, o macho constrói o ninho no piso (chão) do ambiente


aquático (imagem. 4). A fêmea deposita os óvulos no ninho que logo em seguida
são fecundados pelos machos.

Imagem. 4. Ninhos feitos pelos machos.


Fonte: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34992/1/Circular45.pdf.
9

Não é comum que peixes cuidem de sua prole, as tilápias do gênero


Oreochromis cuidam de uma maneira digamos estranha, de forma que após a
fecundação recolhem os ovos com a boca (Imagem. 5), onde os mantém por
cerca de sete a oito dias, durante o período de incubação e desenvolvimento das
larvas.
Nesse período, a fêmea não se alimenta e, mesmo após os peixes
adquirirem capacidade de natação e busca de alimento, ela continua
dispensando cuidado com os filhotes por cerca de 20 dias, fazendo o
recolhimento dos filhotes à boca sempre que pressentir condições de
perigo para eles. LIMA et al. (2007).

Imagem. 4. Fêmea de tilápia fazendo incubação oral dos ovos.


Fonte: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34992/1/Circular45.pdf.

6. SEXAGEM
A sexagem é de suma importância na produção de tilápias, devido ao fato de o
macho ter um maior ganho de peso e de modo a promover um controle
populacional, é feita a sexagem manualmente para obter-se o controle e aplicar
a reversão hormonal nas fêmeas.

6.1. MANUAL
Geralmente feita em juvenis que apresentam órgãos pequenos e ainda sem
muita cor dificultando a diferenciação, porém não impossibilitando. Sendo que
as fêmeas apresentam três orifícios sendo eles o ânus, oviduto e uretra e o
10

macho apresenta dois ânus e orifício urogenital, sendo o último o orifício por
onde o sêmen é deposto, conforme vimos anteriormente na figura 3 (a, b).

6.2. REVERSÃO HORMONAL


Visando o maior número de machos possíveis, a reversão hormonal é uma
técnica utilizada para que as fêmeas sejam revertidas em machos, incorporando
hormônio masculino na ração. Essa técnica deve ser aplicada antes que o tecido
gonadal das fêmeas jovens tenha se diferencia em ovários, sendo que o
hormônio na dieta deve ser suspenso quando os testículos estiverem
suficientemente desenvolvidos para mantes os níveis de hormônio endógenos
na faixa normal, normalmente ocorre depois de 3 a 4 semanas na temperatura
de entre 24 e 29°C.
Deve-se utilizar uma densidade alta de lavas durante o tratamento, visando
reduzir o alimento natural disponível para os peixes para que aumente a
probabilidade de que os peixes se alimentem dos tratamentos com hormônio,
além de otimizar o uso das hapas.
O mais utilizado é o hormônio 17ª metiltestosterona, que é insolúvel em água e
dissolvido com facilidade em álcool etílico 80 a 90%. Como meio de fixar o
hormônio no alimento é utilizado uma solução álcool-hormônio misturada ao
hormônio sendo que o álcool será perdido na evaporação subsequente.

6.3. TEMPERATURA
Estudo recentes comprovam que a temperatura da água pode ter efeito
semelhante a indução de hormônios quando feita a reversão hormonal em
tilápias, sendo o principal fato ambiental na formação dos sexos dos peixes.
Estudo com a tilápia do Nilo (O. niloticus) mostraram que temperaturas altas
(maiores que 32°C) de água tem um efeito masculinizante (pode ser de 55 a
100%). A temperatura pode induzir a diferenciação das gônadas para testículos
funcionais, sobrepondo assim o percentual de machos em algumas progênies
da mesma linhagem.
O período de aplicação é o mesmo período em que se faz a reversão hormonal
(períodos pós-larval), essa coincidência pode estar relacionada ao efeito das
temperaturas altas na ação de hormônios ou enzimas durante a diferenciação
sexual.
11

7. RAÇÃO
Assim como os demais animais terrestres, os peixes também tem necessidades
nutricionais em energia, proteína, gordura, minerais e vitaminas as quais são
atendidas atrás da alimentação para que consigam se desenvolver de forma
adequada.
Na aquicultura, como o foco é a produtividade e a produção se da geralmente
com alta densidade, os alimentos naturais (fitoplanctons, zooplanctons e bentos)
passam a ser insuficientes, dessa forma, é necessário suplementar a
alimentação para que haja o rendimento esperado. Essa suplementação se da
a partir de rações que em geral contém os nutrientes de forma balanceada para
atender a exigência por espécie e fase de crescimento.
Já as rações podem ser apresentadas de algumas formas, são elas:
Farelada: obtida a partir da mistura dos ingredientes moídos em pequenas
partículas. Essa forma apresenta algumas desvantagens como permitir aos
peixes selecionar os ingredientes e a dissolução e perda para a água do viveiro
em razão dos ingredientes serem apenas misturados, sem ficarem agregados.
Peletizada: é obtida através da simples prensagem da ração farelada através de
maquinas transformando-a em grânulos. Nesta forma o peixe ingere todos os
nutrientes de uma vez só, porém, há a desvantagem de os grânulos afundarem,
dificultando o controle da quantidade e o manejo alimentar.
Extrusada: obtida a partir da prensagem da ração farelada com a participação
de vapor e alta pressão para formar os grânulos. Nesta forma o peixe também
ingere todos os nutrientes de uma só vez, porem com o diferencial que a ração
extrusada, em razão do processo de prensagem ser diferente consegue flutuar
na água, isso facilita muito o controle de consumo e manejo alimentar.

8. CONVERSÃO ALIMENTAR
Um fator muito importante que precisa ser considerado principalmente na
produção de peixes visando lucratividade é a conversão alimentar. Assim como
para os seres humanos, alguns alimentos podem apresentar melhor absorção
ou valor energético e com isso, contribuir para o aumento de peso. O fator de
12

conversão alimentar traz a razão entre a quantidade de alimento que é


consumida pelo indivíduo e o ganho de massa corpórea.
No caso das tilápias, essa razão leva em consideração a quantidade ração que
é disponibilizada para individuo (kg), dividida pelo ganho médio em biomassa
liquida dos indivíduos (kg).

9. QUALIDADE DA ÁGUA
A água é um fator limitante para a produção de todos os peixes, deve-se pensar
que a água para os peixes é como o oxigênio para os homens, por isso demos
tomar muito cuidado e para isso, podemos dividir a água em parâmetros físicos
e químicos, onde os físicos são, temperatura, turbidez, cor, visibilidade e
transparência, já os químicos são, pH, alcalinidade, dureza, oxigênio dissolvido
e amônia. Vamos ver a seguir cada um deles de forma mais detalhada.

9.1. TEMPERATURA
A temperatura da água é um dos fatores mais importantes nos fenômenos
químicos e biológicos existentes em um viveiro. Todas as atividades fisiológicas
dos peixes (respiração, digestão, reprodução, alimentação, etc.) estão
intimamente ligadas à temperatura da água.
Cada espécie tem uma temperatura na qual melhor se adapta e se desenvolve,
sendo essa temperatura chamada de temperatura ótima. As temperaturas acima
ou abaixo do ótimo influenciam de forma a reduzir seu crescimento. Em caso de
temperaturas extremas, podem acontecer mortalidades. Quanto mais baixa for
a temperatura, mais rico em oxigênio será o meio aquático. Quanto mais alta for
a temperatura, menor será a quantidade de oxigênio na água.
Tilápias são peixes tropicais que apresentam conforto térmico entre 27
a 32°C (Imagem.5.). O manuseio e o transporte sob baixas
temperaturas (<22°C), principalmente após o inverno, resultam em
grande mortalidade. Tilápias bem nutridas e que não sofreram estresse
por má qualidade da água, toleram melhor o manuseio sob baixas
temperaturas. Temperaturas acima de 32°C e abaixo de 27°C reduzem
o apetite e o crescimento. Abaixo de 20°C o apetite fica extremamente
reduzido e aumenta os riscos de doenças. Temperaturas abaixo de
14°C geralmente são letais as tilápias. (Kubitza, 2000).
13

Imagem. 5.Conforto térmico das tilápias.


Fonte:https://panoramadaaquicultura.com.br/tilapias-qualidade-da-agua-sistemas-de-cultivo-
planejamento-da-producao-manejo-nutricional-e-alimentar-e-sanidade-parte-i/.

9.2. COR DA ÁGUA


A água que apresenta cor verde é mais indicada para a criação de peixes como
as carpas e as tilápias, pois demonstra a existência de elementos básicos para
a manutenção da vida aquática. As colorações azuladas ou azul esverdeadas
indicam também boa produtividade. Já, águas cristalinas indicam, basicamente,
uma baixa produtividade do viveiro. Estas águas devem ser corrigidas para que
os peixes encontrem alimento. Isto se faz através da adubação ou fertilização.
Aqui não vamos nos aprofundar muito, mas é sempre bom buscar um
responsável técnico para ajudar na adubação do açude, tendo em vista que se
caso for adubado de forma errada pode levar a óbito os peixes.

9.3. TURBIDEZ
O problema da turbidez é que quanto mais turva a água, menos indicada será
para a criação de peixes, pois impede a penetração de luz solar e
consequentemente o desenvolvimento do fitoplâncton (microvegetais que vivem
na água e que lhe dá cor verde). Água turva é aquelas águas cor de barro.

9.4. VISIBILIDADE E TRANSPARÊNCIA


É importante distinguir a diferença entre turbidez e Transparência poois
geralmente são confundidas onde a transparência é a capacidade que tem a
água de permitir a passagem dos raios solares, sendo assim a transparência
diminui em função da profundidade e da turbidez, ou seja, quanto mais fundo o
14

viveiro e mais barrenta a água, menos luz consegue chegar até o fundo. A
Transparência que nos interessa medir, está relacionada diretamente com a
existência ou não, na água do viveiro, de pequenos vegetais e animais
chamados Plânctons. Para medir usamos o disco de Secchi (Imagem. 6.).

Imagem. 6. Disco de Secchi.


Fonte:https://www.embrapa.br/documents/1354377/1752280/Import%C3%A2ncia+Monitorar+Q
ualidade+%C3%81gua+Piscicultura.pdf/d685903a-b6b0-473f-9bce-
2d14387b00e0?version=1.0.

Essa tabela a seguir (Tabela.1.) Mostra bem a relação entre a água turva e a
profundidade, percebemos que quanto mais fundo analisarmos menor é a
quantidade de fitoplâncton, podendo então prejudicar o desenvolvimento dos
peixes.
15

Tabela. 1. Quanto mais fundo menos fitoplâncton.


Fonte:https://www.embrapa.br/documents/1354377/1752280/Import%C3%A2ncia+Monitorar+Q
ualidade+%C3%81gua+Piscicultura.pdf/d685903a-b6b0-473f-9bce-
2d14387b00e0?version=1.0.

9.5. POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH)


Alguns fatores afetam o pH sendo entre eles a adubação, poluição, calagem
entre outros fatores, como podemos ver na Karla et al (2007) “A respiração,
fotossíntese, adubação, calagem e poluição são os cinco fatores que causam a
mudança de pH na água, torna a água ácida, neutra ou alcalina (pH 7,0 = neutra).
As medidas de pH podem ser feitas por meio de um peagâmetro (medidor de
pH), papel de tornassol já o controle do pH pode ser feito com Calcário agrícola,
Cal Hidratada ou Cal virgem.”.

Gráfico. 1. Quanto mais fundo menos fitoplâncton.


Fonte:https://www.embrapa.br/documents/1354377/1752280/Import%C3%A2ncia+Monitorar+Q
ualidade+%C3%81gua+Piscicultura.pdf/d685903a-b6b0-473f-9bce-
2d14387b00e0?version=1.0.
16

9.6. OXIGÊNIO DISOLVIDO (O.D.)


Por mais que os peixes tenham seu habitat dentro da água, ainda é necessário
que se tenha uma boa oxigenação na água. Existem duas fontes de obtenção
de oxigênio, a difusão direta que é mediante contato e penetração direta do ar
atmosférico na água, a segunda é o processo de fotossíntese, onde ocorre
liberação de oxigênio na água mediante processo fotossintético pelo fitoplâncton
(algas especiais), é a principal fonte de obtenção do O.D. em um sistema de
cultivo de peixes.
As tilápias possuem uma grande resistência quando se fala em quantidade de
oxigênio dissolvido na água, segundo o autor Kubitza, (2000), “Alevinos de
tilápia-do-Nilo de 10 a 25 gramas sobreviveram à exposição ao oxigênio
dissolvido entre 0,4 a 0,7mg/litro por 3 a 5 horas, até quatro manhãs
consecutivas, sem registro de significativa mortalidade”.
Apesar desta tremenda habilidade em sobreviver algumas horas
mesmo sob anoxia, tilápias freqüentemente expostas ao baixo oxigênio
dissolvido ficam mais susceptíveis às doenças e apresentam
desempenho reduzido. Quando a concentração de oxigênio dissolvido
atinge 45 a 50% da saturação (aproximadamente 3 a 3,5 mg/litro, a 28-
30°C), a tilápia-do-Nilo começa a reduzir sua atividade e, portanto, o
consumo de oxigênio. Este parece ser um mecanismo regulador do
consumo de oxigênio, compensando assim a redução do oxigênio na
água. A concentração crítica de oxigênio (grande desconforto) para a
as tilápias está entre 20 a 10% da saturação a temperaturas entre 26
a 35°C, ou seja, entre 1,6 a 0,7mg/litro. (Kubitza, 2000).

Neste gráfico percebemos a relação que tem a concentração de Mg/l e a saúde


dos peixes.

Gráfico. 2. Efeito da concentração de O.D. nos peixes.


Fonte:https://www.embrapa.br/documents/1354377/1752280/Import%C3%A2ncia+Monitorar+Q
ualidade+%C3%81gua+Piscicultura.pdf/d685903a-b6b0-473f-9bce-
2d14387b00e0?version=1.0.
17

9.7. AMÔNIA
A concentração de amônia na água deve ser monitorada especialmente quando
se adiciona a água fertilizantes que contenha amônia em sua formulação sendo
que uma das fontes de amônia na água dos tanques são a excreção dos peixes
e o excesso de alimento que não fora ingerido, onde um índice de 0,1 mg/l é o
máximo aceitável para a concentração de amônia na água. Segundo Kubitza “A
concentração de amônia não ionizada de 0,20mg/L deve servir como alerta no
cultivo de tilápias”.

10. TANQUES (AÇUDE)


A criação de tilápias, de forma geral se dá em sistema semi-intensivo ou sistema
intensivo.
Sistema semi-intensivo: Nesse sistema, são usadas estruturas escavadas no
próprio ambiente natural, esses escavação precisão seguir alguns critérios
dependendo da finalidade do tanque, mas de forma geral, após seu enchimento
com água, os peixes podem circular livremente por todo o ambiente do tanque.
Sistema intensivo: Nesse sistema os peixes ficam confinados em tanques-redes
que por sua vez, ficam submersos em tanques naturais, os tanques mais
utilizados são feitos de telas de arame galvanizado e PVC de alta aderência.
Esse sistema facilita um maior controle da população de peixes, alimentação,
pesagem e despesca.

REFERÊNCIAS
https://revistapesquisa.fapesp.br/2016/11/18/a-vez-da-tilapia/
http://www.emater.df.gov.br/wp-
content/uploads/2018/06/Cria%C3%A7%C3%A3o-de-til%C3%A1pias.pdf
https://saude.abril.com.br/alimentacao/tilapia-o-peixe-que-domina-o-brasil/
https://panoramadaaquicultura.com.br/tilapias-qualidade-da-agua-sistemas-de-
cultivo-planejamento-da-producao-manejo-nutricional-e-alimentar-e-sanidade-
parte-i/
http://www.emater.df.gov.br/wp-content/uploads/2018/06/00001258.pdf
https://panoramadaaquicultura.com.br/reversao-sexual-de-tilapias/
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34992/1/Circular45.pdf

Você também pode gostar