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A CONJUNTURA ECONÓMICO-FINANCEIRA
Em 1789, a Franca afigurava-se aos olhos do mundo, um pais prospero. Os seus
burgueses das cidades de Bordéus, Nantes e La Rochelle faziam fortunas com o
comercio colonial estabelecido com as Antilhas. Paris era uma grande metrópole e o
luxo de Versalhes servia de inspiração as demais cortes europeias.
Uma crise profunda minava, porem, a economia do reino. Os proprietários agrícolas
debatiam-se, na ultima década, com a baixa dos preços e dos lucros do trigo e do
vinho. Nas vésperas da Revolução, violentas tempestades fizeram perder as colheitas
em varias regiões de França e subir os preços. A psicose da fome, sempre má
conselheira, instalou-se.
Melhores tempos não atravessava a industria, em virtude do tratado de livre-câmbio
assinado em 1786, que favorecia a importação dos tecidos ingleses. Dois anos depois,
a França registava mais de 2000000 desempregados no sector têxtil. À crise económica
somava-se o défice crónico das finanças. As receitas não chegavam para cobrir as
despesas do Estado. Estas relacionavam-se com o exercito, constantemente envolvido
em guerras; com as obras publicas e a instrução; com os gastos impopulares da Corte;
com as pensões a antigos soldados ou servidores do Estado; com os próprios encargos
da divida publica ocasionados pelos sucessivos empréstimos.
Não era a pobreza de recursos da França que originava este défice cronico das
finanças, mas a injusta sociedade de ordens que isentava de contribuições o clero e a
nobreza, privando os cofres reias de ampliarem as sua receitas.
A reforma do sistema tributário esteve, por conseguinte, entre as grandes
propriedades do poder politico.
A NAÇÃO SOBERANA
A abertura dos Estados Gerais teve lugar em Versalhes, a 5 de Maio de 1789, no meio
da maior expectativa. Não só porque, desde 1614, o absolutismo frances abandonara a
consulta daquela assembleia, mas , especialmente, porque o 3 estado reivindicava o
voto por cabeça e não por ordem.
Já num opusculo publicado em janeiro de 1789, o abade Sieyes lembrava que o 3
estado era “ Tudo”, até ao presente fora “ Nada” , pelo que pretendia “ Tornar-se
qualquer coisa”. Contudo, as expectativas do Terceiro Estado saíram goradas. O claro e
a nobreza revelava-se intransigentes na defesa do voto por ordem, o que
naturalmente, os favorecia. Quanto a Luis 16, mostrou-se simplesmente incapaz de
decidir .
Foi neste impasse que a 17 de Junho, eclodiu o primeiro acto revolucionário.
Considerando-se representar, pelo menos 96% da população francesa, os deputados
do 3 estado proclamaram-se Assembleia Nacional. A esta caberiam, de futuro, todas as
decisões que o monarca deveria executar.
Em consequência a nação soberana, e não Deus como até então se dizia, tornou-se a
fonte do poder legitimo e a nova autoridade politica. A monarquia absoluta chagara ao
fim!
Uma ves que, a 20 de Julho, os deputados pronunciaram o celebre juramente da Sala
do Jogo da Péla, de não se separarem enquanto não redigissem uma Constituição para
França, a nova Assembleia recebeu o nome de Assembleia Nacional Constituinte.
A TOMADA DA BASTILHA
A transformação dos Estados Gerais em Assembleia Nacional mostrou estar em curso
na França um processo revolucionário que Luis 16 não desejou e jamais controlou.
A mesma conclusão pode ser extraída daquele que é o acontecimento emblemático da
Revolução Francesa- a Tomada da Batilha- ocorrida a 14 de Julho de 1789. Tratou-se
de uma ação violenta do povo parisiense, revoltado com a alta dos preços do pão e
indignado com a desconfiança do rei face à Assembleia.
Na verdade, desde inícios de Julho, Luis 16 mandara colocar às portas de Paris 50 mil
homens armados. Receosa de uma “ conjuntura aristocrática”, a burguesia
empreendeu a formação de uma milícia, que veio a ser a Guarda Nacional.
Na Bastilha, fortaleza-prisão do absolutismo, procuraram-se as necessárias armas.
Nada deteve a multidão que para lá se dirigiu. A Bastilha foi demolida e o governo
massacrado. A Nação mais humilde salvava a Nação burguesa representada na
Assembleia!
A REORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA E
ECONÓMICA
Coube á Assembleia Nacional Constituintes a instituição de uma nova organização
administrativa, mias descentralizada. A 15 de fev de 1790, as antigas províncias deram
lugar a 83 departamentos, divididos em distritos, cantões e comunas. Nestas
circunscrições, órgãos eleitos e funcionários pagos pelo Estado encarregavam-se de
aplicar as leis, superintender no ensino, na salubridade, nas obras publicas , no
policiamento, na cobrança de impostos e no exercício da justiça. Estabeleceu-se um
nova fiscalidade: de futuro, todos os grupos sociais ficaram sujeitos ao imposto direto
sobre receitas e rendimentos.
No que se refere a organização económica , empreendeu-se a unificação do mercado
interno, eliminando-se as alfandegas internas e os monopólios. Previu-se, igualmente
um uniforme sistema de pesos e medidas que facilitasse as trocas. Quanto a
agricultura, invocou-se a liberdade de cultivo e de emparcelamento; no entanto,
salvaguardaram-se os baldios, no interesse do campesinato mais pobre. Para a
industria, as medidas foram mais radicais. Aboliram-se as corporações e declarou-se a
liberdade da empresa. Em suma, instituiu-se o principio da liberdade económica.