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Os motores elétricos desempenham um papel


importantíssimo no progresso da humanidade.
Devido à sua extrema versatilidade, podem
ser utilizados nos mais variados campos de
aplicação. Seguramente, são o meio mais
eficiente para a transformação de energia
elétrica em mecânica.
Para que possam ser especificados
corretamente, é necessário conhecê-los, saber
quais os tipos existentes, seus princípios de
funcionamento, suas características construtivas
e as regras que devem ser seguidas para fazer a
seleção do motor mais adequado a determinada
aplicação.
Pensando nisto, a Voges Motores reúne
neste manual, de forma simples e objetiva,
os conhecimentos básicos necessários que
possibilitam um trabalho consciente e criterioso
no uso e seleção de motores. Uma ferramenta
eficiente para uso no dia-a-dia.

02
Índice
Noções Gerais
1. NOÇÕES GERAIS
1.1 Motores Elétricos .......................06
1.2 Tipos de Motores Elétricos......06
05 5.4 Placa de Identificação........................44
5.5 Terminal de Aterramento.................45
5.6 Balanceamento e Vibração.............45
10. INSTALAÇÃO
10.1 Características Mecânicas...........69
10.2 Características Elétricas............74
68
1
1.3 Motor de Indução...........................06 5.7 Nível de Ruído.........................................46
1.4 Definições Básicas .........................07 5.8 Grau de Proteção................................47 11. ACIONAMENTO E PROTEÇÃO 81
5.9 Pintura.........................................................48 11.1 Acionamento de Motores Elétricos.82
2. MOTORES MONOFÁSICOS DE 5.10 Ventilação................................................49 11.2 Proteção de Motores Elétricos.....90
INDUÇÃO 11 5.11 Conjuntos e Componentes............50
2.1 Motor de Fase Dividida.....................13 12. OPERAÇÃO 93
2.2 Motor de Capacitor de Partida..13 6. ENSAIOS 56 12.1 Verificações Preliminares...............94
2.3 Motor de Capacitor Permanente.14 6.1 Ensaios de Rotina....................................57 12.2 Acionamento Inicial.............................94
2.4 Motor com Dois Capacitores.........14 6.2 Ensaiso de Tipo.........................................57 12.3 Funcionamento......................................94
2.5 Motor de Campo Distorcido ou 6.3 Ensaios de Protótipo...........................57
POlos Sombreados ......................................15 6.4 Ensaios Especiais....................................57 13. MANUTENÇÃO 95
13.1 Manutenção Preditiva..............................96
3. MOTORES TRIFÁSICOS 7. CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS 58 13.2 Manutenção PreventivA.........................97
DE INDUÇÃO 16 7.1 Temperatura Ambiental.......................59 13.3 Manutenção Corretiva.........................106
3.1 Campo Girante........................................18 7.2 Altitude........................................................59 13.4 Roteiro de Manutenção.......................110
3.2 Velocidade Síncrona..........................18 7.3 Efeito Simultâneo de Altitude e 13.5 Ajuste do Entreferro - Motofreio 112
3.3 Escorregamento...................................18 Temperatura................................................59
7.4 Resistência de Aquecimento.........59 14. ASPECTOS DE GARANTIA 113
4. CARACTERÍSTICAS DE 7.5 Dreno...........................................................60 14.1 Motores Elétricos Monofásicos
DESEMPENHO 19 7.6 Ambiente de Funcionamento.........60 e Trifásicos..........................................................114
4.1 Características de Partida ...........20
4.2 Características de Operação.......20 8. SELEÇÃO E APLICAÇÃO 62 ANEXOS
4.3 Motofreio ................................................34 8.1 Seleção........................................................63 01 Principais normas utilizadas em máquinas
8.2 Aplicação....................................................63 elétricas girantes..........................................119
5. CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS 02 Sistema Internacional de Unidades..120
DOS MOTORES DE INDUÇÃO 37 9. RECOMENDAÇÕES GERAIS 65 03 Conversão de Unidades ...................121
5.1 Formas Construtivas .........................38 9.1 Embalagens...............................................66 04 Frequência em Outros Países........124
5.2 Dimensional................................................39 9.2 Recebimento.............................................66
5.3 Caixa de Ligação......................................42 9.3 Armazenagem...........................................67 Anotações....................................................125
05
1.4.1. CORRENTE CONTÍNUA 1.4.2.1. CORRENTE ALTERNADA
MONOFÁSICA
Noções Gerais É a corrente que passa através de um
Se uma espira girar uniformemente dentro

1
O nome “motor de indução” se deriva (estator). Os efeitos eletromagnéticos condutor ou de um circuito elétrico somente de um campo magnético compreendido entre
do fato de que as correntes que circulam combinados das correntes do estator e em um sentido. Uma fonte de tensão contínua dois polos (figura 1.2.), segundo a lei de
no secundário (rotor) são induzidas por do rotor produzem a força que gera o pode variar o valor de sua tensão de saída, indução, aparecerá nesta espira uma tensão
correntes alternadas que circulam no primário movimento.
mas se a polaridade for mantida, a corrente induzida de forma senoidal. Colocando os
1.1. MOTORES ELÉTRICOS fluirá somente em um sentido. terminais desta espira em curto-circuito,
circulará na mesma uma corrente, chamada Fig. 1.2. Tensão alternada senoidal produzida pela
rotação de um condutor girando em um campo
A primeira indicação de que poderia corrente elétrica senoidal.
magnético.
haver um intercâmbio entre energia elétrica Em circuitos puramente resistivos, a
e energia mecânica foi mostrada por corrente estará em fase com a tensão, isto • VALOR EFICAZ DE TENSÃO OU
Michael Faraday em 1831, através da lei da é, ambas atingirão os valores mínimos e CORRENTE
indução eletromagnética, considerada uma máximos no mesmo instante (figura 1.2.a).
das maiores descobertas individuais para Para o caso de circuitos puramente Como mostra a figura 1.2, os valores
o progresso da ciência e aperfeiçoamento indutivos, a corrente estará atrasada em instantâneo de tensão ou corrente variam
da humanidade. Baseando-se nos estudos 90° em relação à tensão (figura 1.2.b) e, em constantemente em sentido e intensidade.
de Faraday, o físico italiano Galileu Ferraris, circuitos puramente capacitivos, a corrente Porém, quando estas grandezas são medidas
em 1885, desenvolveu o motor elétrico estará adiantada em 90° em relação à tensão com um voltímetro ou um amperímetro, o
assíncrono de corrente alternada. (figura 1.2.c). valor apresentado é constante. Esse valor
Com uma construção simples, versátil Fig. 1.1. Corrente contínua. Nos enrolamentos de motores elétricos de é chamado de valor eficaz de tensão ou de
e de baixo custo, aliado ao fato de utilizar indução, que são circuitos predominantemente corrente e é igual ao valor de uma tensão ou
como fonte de alimentação a energia indutivos, a corrente estará atrasada em corrente contínua que produz os mesmos
elétrica, o motor elétrico é hoje o meio mais 1.4.2. CORRENTE ALTERNADA relação à tensão de um ângulo dependente efeitos caloríficos.
indicado para a transformação de energia do fator de potência do motor.
elétrica em mecânica. É a corrente que percorre um condutor ou
um circuito elétrico ora num sentido e ora noutro. • VALOR MÁXIMO DE TENSÃO OU
1.2. TIPOS DE MOTORES ELÉTRICOS Normalmente estas mudanças de sentido e de CORRENTE
intensidade se repetem regularmente (de forma Usualmente, ao se falar em valores de
Através dos tempos, foram desenvolvidos senoidal) ao longo do tempo. O valor máximo (ou de pico) é o maior tensão ou corrente (como 220V e 25A), está
vários tipos de motores elétricos para valor instantâneo que a tensão ou corrente se fazendo referência, implicitamente, a
atender as necessidades do mercado. pode atingir durante um ciclo. valores eficazes.
A tabela ao lado mostra de modo geral os
diversos tipos de motores hoje existentes.

1.3. MOTOR DE INDUÇÃO

De todos os tipos de motores elétricos


existentes, este é o mais simples e robusto. Fig. 1.2.a Fig. 1.2.b Fig. 1.2.c
É constituído basicamente de dois conjuntos: Circuito Circuito Circuito
estator bobinado e conjunto do rotor. puramente puramente puramente
resistivo. indutivo. capacitivo.
06 07
1.4.2.2. CORRENTE ALTERNADA Exemplo: um motor trifásico conectado 1.4.3. TRABALHO MECÂNICO Exemplo: qual a potência mecânica 1.4.6. POTÊNCIA ELÉTRICA Porém, como o sistema trifásico é ligado
TRIFÁSICA em estrela é ligado a uma rede trifásica Define-se como trabalho mecânico o necessária para acionar uma polia de raio em triângulo ou estrela, temos que lembrar
de 220V. Qual é a tensão e a corrente em produto da força aplicada a um determinado igual a 0,5m a uma velocidade de 300 rpm, 1.4.6.1. Circuitos de corrente contínua das relações:
A corrente alternada trifásica nada mais cada enrolamento, supondo uma corrente corpo pelo deslocamento do mesmo. com uma força igual a 30 kgf?
é do que a associação de três correntes de linha igual a 10A? Solução: Em circuitos de corrente contínua, a
alternadas monofásicas defasadas de 120 potência elétrica pode ser obtida por: Para triângulo:
graus elétricos, ou seja, 1/3 de período. Solução: Exemplo: o trabalho necessário para
Diz-se que o sistema trifásico está elevar um corpo de 50kgf a uma altura de Para estrela:
equilibrado quando as três correntes 3m é:
monofásicas associadas possuem o mesmo
valor eficaz e a mesma defasagem entre elas. Assim sendo, para ambas as ligações, a
1.4.5. CONJUGADO potência aparente total é dada por:
1.4.4. POTÊNICA MECÂNICA
A potência mecânica é o trabalho Uma força atuando sobre uma alavanca
• LIGAÇÃO TRIÂNGULO onde, V = Tensão em V
mecânico realizado na unidade de tempo. origina um conjugado (figura 1.6.item a).
Na ligação triangulo os três enrolamentos I = Corrente em A
são ligados num circuito fechado. As Este conjugado depende da intensidade
R = Resistência em ohm
relações entre as tensões e correntes de da força e do comprimento do braço de
alavanca, isto é, da distância onde a força • Potência Ativa (P)
linha são dadas na figura 1.5 A unidade usual para potência elétrica é o
é aplicada ao ponto de apoio. No caso de Potência ativa é a parte da potência
Watt (W), que corresponde a 1V x 1A. aparente que é realmente transformada
Fig. 1.3. Corrente alternada trifásica. uma polia (figura 1.6. item b), o braço de
alavanca é o próprio raio da polia. em energia. É obtida do produto entre a
• LIGAÇÃO ESTRELA potência aparente e o fator de potência.
Esta ligação se caracteriza por possuir 1.4.6.2. Circuitos de corrente alternada
No exemplo anterior, a potência
um ponto comum entre as três fases. Neste
mecânica necessária para realizar o Nos circuitos de corrente alternada exis-
ponto, pode ou não ser ligado um condutor,
trabalho em 2 segundos é: tem 3 formas de potência:
denominado de neutro, caracterizando
assim dois tipos de ligação estrela (com
neutro ou sem neutro). No caso de motores
elétricos, é utilizada a ligação estrela sem • Potência Aparente (Ps): Obs.: se a carga for puramente resistiva,
neutro, uma vez que o desequilíbrio entre Em circuitos monofásicos a potência cosϕ = 1, a potência ativa e a potência
as fases é, normalmente, insignificante. As aparente é obtida pelo produto da tensão aparente terão o mesmo valor.
FIG. 1.5. Ligação trifásica triângulo. Para movimentos circulares, a distância
relações entre as tensões e correntes de Fig. 1.6. Conjugado. pela corrente.
é substituída pela velocidade periférica, isto
linha e fase são dadas na figura 1.4. Exemplo: um motor trifásico conectado é, pelo caminho percorrido em metros na • Potência Reativa (Pq)
em triângulo é ligado em uma rede trifásica periferia da peça girante em um segundo.
de 220V. Sendo a corrente em linha igual a É a parte da potência aparente que é
10A, qual é a tensão e a corrente em cada ou, para movimentos circulares apenas transferida e armazenada nos
enrolamento? elementos indutivos e capacitivos do
Para circuitos trifásicos a potência aparente circuito, não realizando trabalho.
Onde,
Solução: v = Velocidade angular em m/s é a soma das potências aparentes de cada
d = Diâmetro da peça em m fase.
n = Velocidade em rpm. onde, C = Conjugado em kgf.m
Então:
F = Força em kgf
l = Braço de alavanca em m
Fig. 1.4. Ligação trifásica estrela. r = Raio da polia em m

08 09
• Triângulo de Potências corrente e a tensão. Indica a quantidade de 1.4.9. RELAÇÃO ENTRE CONJUGADO
As relações entre os três tipos de potência ativa contida na potência aparente E POTÊNCIA
potência existentes em um circuito de (figura 1.7).
Motores Monofásicos de Indução
2
corrente alternada pode ser ilustrada Na especificação e seleção de motores
através do chamado triângulo de potências. pode ser importante a avaliação da
qualidade de torque externo disponível
numa polia ou eixo do motor para executar
1.4.8. RENDIMENTO um determinado trabalho mecânico à
velocidade nominal.
A relação entre a potência mecânica A equação que relaciona a potência
disponível no eixo do motor e a potência fornecida, o torque externo e a velocidade
elétrica absorvida da rede é chamada de é dada por:
rendimento. Indica a eficiência da máquina
na transformação de energia. Geralmente
Fig. 1.7. Triângulo de potências. é dada em porcentagem.

1.4.7. FATOR DE POTÊNCIA

Fator de potência (cos) é o valor do


cosseno do ângulo de defasagem entre a

10 11
2.1. MOTOR DE FASE DIVIDIDA (SPLIT-PHASE)

Motores Monofásicos de Indução Este motor possui um enrolamento


principal e um auxiliar (para a partida),
e a aceleração. Quando o motor atinge uma
rotação predeterminada, o enrolamento
relé de corrente, chave manual ou outros
diapositivos especiais (figura 2.1). Como

2
ambos defasados no espaço de 90 graus auxiliar é desconectado da rede através de o enrolamento auxiliar é dimensionado
elétricos. O enrolamento auxiliar cria uma chave que normalmente é atuada por para atuação somente na partida, seu não
um deslocamento de fase que produz o uma força centrífuga (chave ou disjuntor desligamento provocará a sua queima.
conjugado necessário para a rotação inicial centrífugo) ou, em casos específicos, por O ângulo de defasagem que se pode
obter entre as correntes do enrolamento
principal e do enrolamento auxiliar é
De modo geral os motores elétricos
pequeno e, por isso, esses motores têm
de indução monofásicos são a alternativa conjugado de partida igual ou pouco
natural aos motores de indução polifásicos, Conj. Máximo superior ao nominal, o que limita a sua
nos locais onde não se dispõe de aplicação a potências fracionárias e a
alimentação trifásica, como residências, cargas que exigem reduzido ou moderado
escritórios, oficinas e em zonas rurais. Conj. Nominal conjugado de partida, tais como máquinas
Entre os vários tipos de motores elétricos Conj. da Partida de escritórios, ventiladores e exaustores,
monofásicos, os motores com rotor tipo pequenos polidores, compressores
gaiola se destacam pela simplicidade herméticos, bombas centrífugas, etc.
de fabricação e, principalmente, pela Fig. 2.1. Esquema básico e característica conjugado x velocidade.
robustez, confiabilidade e longa vida sem
necessidade de manutenção.
2.2. MOTOR DE CAPACITOR DE PARTIDA (START-CAPACITOR)
É um motor semelhante ao de fase qualquer escorregamento, com o circuito auxiliar, o seu funcionamento é idêntico ao
dividida. A principal diferença reside auxiliar ligado do que sem ele. do motor de fase dividida.
na inclusão de um capacitor eletrolítico Devido ao fato de o cruzamento das Com o seu elevado conjugado de
em série com o enrolamento auxiliar curvas não ocorrer sempre no mesmo ponto partida (entre 200% e 350% do conjugado
de partida. O capacitor permite um e, ainda, o disjuntor centrífugo não abrir nominal), o motor de capacitor de partida
maior ângulo de defasagem entre as sempre na mesma velocidade, é prática pode ser utilizado em uma grande
correntes dos enrolamentos principal e comum fazer com que a abertura aconteça, variedade de aplicações e é fabricado em
auxiliar, proporcionando assim elevados na média, um pouco antes do cruzamento potências que vão de 1/4 cv a 1,5 cv.
conjugados de partida. Como no motor das curvas. Após a desconexão do circuito
de fase dividida, o circuito auxiliar é
desconectado quando o motor atinge entre
75% a 80% da velocidade síncrona. Neste
intervalo de velocidades, o enrolamento Conj. de
principal sozinho desenvolve quase o Partida Conj. Máximo
mesmo conjugado que os enrolamentos
combinados. Para velocidades maiores,
entre 80% e 90% da velocidade síncrona, a
curva de conjugado com os enrolamentos Conj. Nominal
combinados cruza a curva de conjugado
do enrolamento principal de maneira que,
para velocidades acima deste ponto, o
motor desenvolve menor conjugado, para Fig. 2.2. Esquema básico e característica conjugado x velocidade.
12 13
2.3. MOTOR DE CAPACITOR PERMANENTE (PERMANENT-SPLIT CAPACITOR) 2.5. MOTOR DE CAMPO DISTORCIDO OU POLOS SOMBREADOS (SHADED-POLE)
Neste tipo de motor, o enrolamento que não requeiram elevado conjugado de serras, furadeiras, condicionadores de
auxiliar e o capacitor ficam partida, tais como: máquinas de escritório, ar, pulverizadores, etc. São fabricados O motor de campo distorcido se polo (em geral 25% a 35% do mesmo) é partir e atingir a rotação nominal.
permanentemente energizados, sendo ventiladores, exaustores, sopradores, normalmente para potências de 1/50 a destaca entre os motores de indução abraçada por uma espira de cobre em O sentido de rotação, portanto,
o capacitor do tipo eletrostático. O efeito bombas centrífugas, esmeris, pequenas 1,5 cv. monofásicos por seu processo de curto-circuito. depende do lado em que se situa a parte
deste capacitor é o de criar condições de partida, que é o mais simples, confiável A corrente induzida nesta espira faz abraçada do polo. Consequentemente, o
fluxo muito semelhantes às encontradas e econômico. com que o fluxo que a atravessa sofra motor de campo distorcido apresenta um
nos motores polifásicos, aumentando, com Construtivamente existem três tipos: um atraso em relação ao fluxo da parte único sentido de rotação. Este geralmente
isso, o conjugado máximo, o rendimento de polos salientes, tipo esqueleto e de não abraçada pela mesma. O resultado pode ser invertido, mudando-se a posição
e o fator de potência, além de reduzir enrolamentos distribuídos. Uma das disto é semelhante a um campo girante da ponta de eixo do rotor em relação ao
sensivelmente o ruído. Construtivamente formas mais comuns é a de polos salientes, que se move na direção da parte não estator. Outros métodos para se obter
são menores e isentos de manutenção ilustrada esquematicamente na figura abraçada para a parte abraçada do polo, inversão de rotação são possíveis, porém,
pois não utilizam contatos e partes móveis, Conj. Máximo
2.5. Observa-se que uma parte de cada produzindo conjugado que fará o motor tornam-se proibitivamente onerosos.
como nos motores anteriores. Porém,
seu conjugado de partida normalmente
é inferior ao do motor de fase dividida
Conj. Nominal
(50% a 100% do conjugado nominal), o
Conj. de Conj. Máximo
que limita sua aplicação a equipamentos
Partida

Conj. Nominal
Fig. 2.3. Esquema básico
e característica conjugado
x velocidade. Conj. de
Partida

2.4. MOTOR COM DOIS CAPACITORES (TWO-VALUE CAPACITOR)

É um motor que utiliza as vantagens dos


dois anteriores: partida como a do motor
de capacitor de partida e funcionamento Fig. 2.5. Esquema básico e característica conjugado x velocidade.
em regime como a do motor de capacitor
Conj. de
permanente (figura 2.4). Porém, devido ao Partida
Conj. Máximo Quanto ao desempenho dos motores Pela sua simplicidade, robustez e
seu alto custo, normalmente são fabricados de campo distorcido, apresentam baixo baixo custo, são ideais em aplicações tais
em potências superiores a 1 cv. conjugado de partida (15% a 50% do como: movimentação de ar (ventiladores,
Conj. nominal), baixo rendimento e baixo fator exaustores, purificadores de ambiente,
Nominal de potência. Devido a esse fato, eles são unidades de refrigeração, secadores de
normalmente fabricados para pequenas roupa e de cabelo), pequenas bombas e
potências, que vão de alguns milésimos de compressores e aplicações domésticas.
cv até 1/4 cv.
Fig. 2.4. Esquema básico e
característica conjugado x
velocidade.

14 15
Motores Trifásicos de Indução
Motores Trifásicos de Indução
3
Existem dois tipos de motores trifásicos
de indução: com rotor bobinado e com
rotor gaiola de esquilo. O princípio de
3
funcionamento é o mesmo para ambos,
porém, nos deteremos apenas no motor
de gaiola, por ser o mais utilizado devido a
maior simplicidade de construção e menor
custo.

1. Carcaça: é confeccionada em liga especial


de alumínio injetado sob pressão ou em ferro
fundido cinzento assegurando unidades
leves e de construção sólida e robusta.
2. Estator: é composto por chapas de
aço com baixo teor de carbono (tratadas
termicamente) ou por chapas de aço-silício,
assegurando baixas perdas e elevada
permeabilidade magnética.
3. Rotor: é composto por chapas de aço com isolação B (130°C), F (155°C) ou H (180°C). 13. Chaveta: projetada para assegurar o
as mesmas características do estator. Podem 9. Caixa de Ligação: pode ser chapa de aço perfeito acoplamento do motor a carga, a
ser: bobinados, com anel de curto-circuito ou ferro fundido. A caixa de ligação permite chaveta é confeccionada em aço SAE 1045.
(fundido em alumínio injetado sob pressão) um deslocamento de 90 em 90 graus, para a 14. Olhal de suspensão: para facilitar a
ou com barramento de cobre e latão. saída dos cabos de alimentação. movimentação, transporte e instalação, os
4. Tampas: são fabricadas em alumínio 10. Placa de bornes: para uma perfeita motores a partir da carcaça 112 são providos
injetado sob pressão ou em ferro fundido, ligação dos motores, as placas de bornes são de olhais fixos ou de aço forjados rosqueados
garantindo ao motor elevada resistência confeccionadas em material alto-extinguível na carcaça.
mecânica. não higroscópico, resistente à corrente de 15. Placa de identificação: confeccionada
5. Ventilador: pode ser de nylon, ferro fundido, fuga e de alta rigidez dielétrica (opcional). em alumínio ou aço inox, a placa de
ou de alumínio não faiscante. Projetado 11. Rolamentos: os mancais dos motores identificação possui todos os dados
para obter um sistema de ventilação onde podem ser fornecidos com vários tipos de necessários para a identificação do motor
o motor obtenha o máximo de resfriamento, rolamentos. Normalmente são utilizados conforme estabelece a NBR 17094.
associado a um reduzido nível de ruído. rolamentos de esfera dimensionados de 16. Aterramento: os motores possuem
6. Calota (Defletora): pode ser de chapas forma a assegurar longa vida útil aos motores. terminais para aterramento localizados no
de aço ou ferro fundido. Sua principal função, Os rolamentos passam por uma criteriosa interior da caixa de ligação. Os terminais são
além de proteger o ventilador, é de direcionar seleção antes de serem aprovados. confeccionados em latão assegurando desta
o ar sobre a superfície do motor. Para motores com rolamentos relubrificáveis forma um perfeito contato elétrico.
7. Eixo: é confeccionado em aço projetado o motor dispõe de uma engraxadeira que 17. Anel de vedação V-RING: confeccionado
para suportar esforços radiais e axiais. possibilita o escoamento do excesso de em borracha, veda dinamicamente o interior
8. Bobinagem: os fios utilizados nos graxa. do motor.
enrolamentos dos motores são de cobre, 12. Passador de fios: é utilizado para 18. Mola de compensação: confeccionada
isolados por um verniz à base de poliéster. Os assegurar uma perfeita vedação entre a caixa em aço mola e destinada a fornecer pré-
isolantes do estator podem ser de classe de de ligação e o ambiente externo (opcional). carga aos rolamentos.
16 17
3.1. CAMPO GIRANTE criado é girante, ou seja, sua orientação norte- predominante. No instante 3, a orientação é
sul gira continuamente e sua intensidade é dada pelo enrolamento da fase C.
Quando um enrolamento monofásico é constante. Da mesma forma para os instantes 4, 5 e Características de Desempenho
4
percorrido por uma corrente alternada, cria- Este campo magnético girante se forma 6, a orientação do campo resultante é dada
se ao redor deste um campo magnético em cada instante, devido à combinação de respectivamente pelas fases A, B e C, porém,
alternado fixo, cuja intensidade varia cada um dos campos magnéticos criados por com sentido inverso como mostra a figura.
proporcionalmente a corrente. Como sua cada enrolamento monofásico. A figura 3.1 No instante 7, completamos 360 graus e o
orientação norte-sul é sempre a mesma, diz- ilustra a maneira como se produz um campo ciclo é reiniciado.
se que o campo magnético criado é pulsante. girante. No instante 1, o campo gerado pelo O campo girante do estator atravessa
Porém, quando três enrolamentos defasados enrolamento na fase A prevalece sobre as barras do rotor, induzindo forças
em 120 graus no espaço são percorridos os demais, determinando a orientação do eletromotrizes. Estas geram correntes que,
por correntes defasadas em 120 graus no campo magnético resultante. No instante 2, interagindo com o campo girante do estator,
tempo (caso das correntes dos sistemas de a orientação do campo magnético resultante produzem um conjugado motriz no mesmo
alimentação trifásica), o campo magnético é dada pelo enrolamento da fase B que é a sentido de rotação do campo.

Fig. 3.1.
Formação do
campo girante.

3.2. VELOCIDADE SÍNCRONA

A velocidade síncrona (ns) de um motor


é definida pela velocidade de rotação do onde,
s = escorregamento em %
campo girante, a qual depende diretamente
ns = rotação síncrona em rpm
da frequência (f) da rede e do número n = rotação nominal em rpm
de polos (p). Assim sendo, a velocidade
3.3. ESCORREGAMENTO
síncrona de um motor é dada por: Exemplo: qual o escorregamento do
motor do exemplo anterior se sua rotação
Os motores de indução funcionam
nominal é de 1750 rpm?
sempre a uma velocidade (n) menor que
a velocidade síncrona. Esta diferença de
Exemplo: para um motor de 4 polos velocidade é chamada de “escorregamento”
ligado a uma rede de alimentação de 60 e sua indicação é feita em porcentagem da
Hz, a velocidade síncrona é: rotação do campo girante do estator.
18 19
Categoria H: utilizados em cargas que Observações tabela 4.1: 1,9 ou ao valor correspondente de Cmín.
exigem alto conjugado de partida, como 1. Os valores de Cp para a categoria H são 4. Os motores da categoria D deverão ter
Características de Desempenho cargas de alta inércia, peneiras e correias iguais a 1,5 vezes os valores correspondentes conjugado com rotor bloqueado superior a

4
transportadoras. aos da categoria N, não sendo porém 2,75 vezes o Cnom. Os valores de Cmín
Categoria D: utilizadas em cargas que inferiores a 2,0. e Cmáx não são especificados. Esta
apresentam picos periódicos e que 2. Os valores de Cmín para a categoria H categoria se aplica a motores de potência
necessitam de alto conjugado com corrente são iguais aos valores correspondentes aos até 150 cv.
de partida limitada. Exemplo: elevadores, da categoria N, não sendo porém inferiores 5. A NBR 17094 não prevê motores de dois
Existem dois pontos importantes a ser- motor, sua rotação cairá gradativamente até 2. A curva Conjugado x Velocidade é obtida prensas excêntricas, etc. a 1,4. polos na categoria H.
em considerados quanto ao desempenho atingir um valor máximo de conjugado. Se com tensão e frequência nominais. A tabela 4.1 indica os valores mínimos de 3. Os valores de Cmáx para a categoria H 6. Os valores de potência nominal adotados
do motor elétrico: as características da par- este valor for ultrapassado, a rotação cairá conjugado exigidos para as categorias N e são iguais aos valores correspondentes aos na tabela 4.1 são os valores padronizados
4.1.2. CATEGORIAS
tida e de operação, que serão analisadas bruscamente, podendo até travar o motor. H segundo a NBR 17094. da categoria N, não sendo porém inferiores a dentro das faixas previstas na NBR 17094.
A NBR 17094 classifica os motores
a seguir: Conjugado com rotor bloqueado (Cp) – de indução trifásicos com rotor de gaiola
Valor mínimo medido do conjugado de um quanto às características de conjugado em
4.1. CARACTERÍSTICAS DE PARTIDA motor com rotor bloqueado, sob tensão e relação à velocidade e quanto à corrente N
frequência nominais. Este conjugado deve de partida em três categorias:
O termo “partida” é definido como sendo ser alto o suficiente para vencer a inércia
a passagem de uma máquina do estado de da carga.
repouso à velocidade de regime, incluindo
energização, arranque, aceleração e se Conjugado nominal (Cn) – Conjugado
necessário, a sincronização com a fonte de fornecido no eixo do motor, correspondente
alimentação. à potência e velocidade nominais.

4.1.1. CONJUGADO Conjugado máximo (Cmáx) – Maior


Na figura 4.1 temos uma curva típica conjugado que um motor de corrente
da variação do conjugado em relação alternada pode desenvolver sob tensão
à velocidade. Ela mostra que, para a e frequência nominais. Deve ser o mais
velocidade síncrona, o conjugado é zero, alto possível para vencer eventuais picos
e que, conforme for adicionada carga ao de carga que podem ocorrer em certas
aplicações e para não perder bruscamente
a velocidade no caso de ocorrer quedas de
tensão excessivas.

Conjugado mínimo de partida (Cmin) –


Menor valor do conjugado desenvolvido Fig. 4.2. Curvas conjugado x velocidade das
por um motor de corrente alternada, entre diferentes categorias.
o repouso e a velocidade correspondente • Aplicações mais usuais
ao conjugado máximo, quando alimentado Categoria N: a maioria dos motores
sob tensão e frequência nominais. encontrados no mercado pertencem a esta
Observações: categoria. São utilizados no acionamento
Fig. 4.1. Curvas conjugado x velocidade e 1. Estes conjugados são especificados de cargas normais como bombas e
conjugado resistente. pela NBR 17094. máquinas operatrizes. Tabela 4.1.
20 21
4.1.3. MOMENTOS DE INÉRCIA são utilizados dois conjuntos de redutores A diferença entre os conjugados (Cm-Cl) de 1780 rpm, se ao mesmo for acoplada grande de tal forma que o calor gerado no
O momento de inércia ou inércia com os seguintes dados: é chamada de conjugado médio da diretamente uma carga cujo momento de instante da partida possa ser dissipado,
rotacional é um parâmetro que define a aceleração (Ca). Seu valor deveria ser inércia é de 10,1 kg.m². evitando-se assim que o motor queime
Redutor 1 – Jc1 = 0,5 kgm² Redução: 1740/600
resistência de um corpo se opondo às Redutor 2 – Jc2 = 0,5 kgm² Redução: 600/200
calculado para cada intervalo de rotação. ou que sua vida útil seja reduzida.
variações de velocidade em relação a um Na prática, porém, este valor pode ser Solução:
dado eixo. Observa-se que o momento de Qual é o momento de inércia da carga (Jcr) obtido graficamente como mostra a figura Jc = 10,1 kg.m (momento de inércia da carga)
2
A NBR 17094 determina um regime
inércia de um corpo depende do eixo em referido ao eixo do motor? Qual o momento 4.5. Para encontrar os valores médios de Jm = 3,4 kg.m (momento de inércia do motor)
2
de partida mínimo que os motores devem
torno do qual ele está girando, da forma do de inércia total do sistema? um conjugado do motor (Cm) e da carga Jt = Jm + Jc = 13,5kg.m
2
suportar:
(Cl), basta que na figura a soma das GD = 4.Jt = 4.13,5
2

corpo e da maneira com que sua massa Solução: GD = 54 kgf.m a) a frio, duas partidas consecutivas com
2

está distribuída. áreas A1 + A2 seja igual a A3, e que a 2

É definido como sendo o produto da área B1 seja igual à área B2. retorno ao repouso entre as partidas.
Fig. 4.3. Momento de inércia em rotações
massa girante pelo raio da giração ao diferentes.
quadrado, expresso em kg x m². Supondo que o motor parta do repouso b) a quente, duas partidas após ter
É indispensável saber qual o momento No caso de existir entre o motor e a carga e com o conjugado médio de aceleração funcionado nas condições nominais.
de inércia da carga a ser acionada, para mais do que uma redução de velocidade, (Ca) seja constante e de valor igual a 42,86
determinar o “tempo de aceleração” de um deve ser levado em consideração os kgf.m. então: c) uma partida suplementar será
motor, isto é, para saber se o motor terá momentos de inércia em cada equipamento permitida somente se a temperatura do
condições de acionar a carga dentro das de redução. motor, antes da mesma, não exceder a
4.1.4. TEMPO DE ACELERAÇÃO temperatura de equilíbrio térmico sob
condições normais e sem causar prejuízos Para a figura 4.4 temos:
ao motor. carga nominal.
Tempo de aceleração é o tempo que o
Convém salientar que o momento motor leva para atingir a velocidade nominal
de inércia total do sistema é a soma dos A condição “a” supõe que a primeira
desde o instante em que é acionado. partida do motor é interrompida por
momentos de inércia da carga e do motor: Através deste tempo, pode-se verificar se o um motivo qualquer, por exemplo, pela
motor conseguirá acionar uma determinada proteção do motor e permite que seja
carga sem sobreaquecimento dos feita uma outra partida logo a seguir.
enrolamentos e dimensionar equipamentos Fig. 4.5. Determinação gráfica do conjugado
Se a carga estiver girando com uma
de partida e proteção. É calculado através médio de aceleração (Ca). A condição “b” supõe o desligamento
velocidade diferente do motor, seu
da expressão: 4.1.5. REGIME DE PARTIDA acidental ou não do motor em
movimento de inércia deverá ser convertido
à velocidade do motor antes de ser funcionamento e permite religá-lo logo a
adicionada a inércia deste (figura 4.3). Durante o tempo de aceleração, ou seguir.
seja, o tempo de partida, os motores de
Cn = conjugado nominal do motor em kgf .m
onde, Cr = conjugado da carga em kgf .m indução são submetidos a altos valores Como foi dito anteriormente, o
ta = tempo de aceleração em s Ca = conjugado médio de aceleração em kgf .m de corrente. Como a temperatura é aquecimento do motor durante a partida
N = variação de rotação do motor; no caso de Ca = Cm – Cl diretamente proporcional às perdas está relacionado com as perdas, que
Fig. 4.4. Momento de inércia em rotações
Onde, se partir do repouso N é igual a rotação n = velocidade nominal do motor em rpm ôhmicas e estas são proporcionais ao são maiores ou menores, dependendo
diferentes.
Jt = momento de inércia total nominal em rpm. quadrado do valor de corrente, temos da inércia das partes girantes da carga
Jcr = momento de inércia da carga GD² = efeito de inércia – é o produto da massa durante a partida uma rápida elevação acionada. A NBR 17094 estabelece os
Exemplo: um motor de 4 polos (Jm =
referido ao eixo do motor girante pelo diâmetro de giração ao quadrado da temperatura do motor. valores máximos de momento de inércia
0,3 kgm²) com velocidade nominal de 1740 em kgf .m² Exemplo: supondo que desejamos saber
Jm = momento de inércia do motor da carga (tabela 4.2) para os quais o
Jc = momento de inércia da carga rpm aciona uma carga com momento de in- Cm = conjugado motriz médio do motor em kgf .m qual é o tempo de aceleração de um motor Portanto, o intervalo entre partidas motor deve ser capaz de atender as
nc = velocidade da carga ércia de Jc = 4 kgm² e rotação de 200 rpm. Cl = conjugado médio da carga em kgf .m 315SM, 4 polos, de 250 cv, 60 Hz, rotação sucessivas deve ser suficientemente condições anteriormente citadas.
n = velocidade nominal do motor Para conseguir esta redução de velocidade, Observação: GD² = 4.Jt
22 23
Observações: intermitente com partidas (frenagem A figura 4.7 mostra a variação do fator de Kl = Fator de carga
mecânica) com regime tipo S4 (figura 4.12). carga kl em função da potência fornecida
a) Os valores da tabela 4.2 são dados em A partir dos valores de Zo e Za e pelo motor em operação contínua, regime tr = tb . 100%
função de massa-raio ao quadrado. Eles conhecendo-se algumas características da tipo S7, com partidas e frenagens elétricas. tb + tst (Fator de duração do ciclo)
foram calculados a partir da fórmula: carga, podemos calcular a frequência de P = relação entre a potência de operação e
partidas ou reversões com carga (Zperm.) a potência nominal do motor
através das seguintes fórmulas: tb = Tempo de operação
tst = Tempo de parada
onde, Frequência de reversões permissíveis (S7): Pop = Potência de operação do motor
Pn = Potência nominal
Pn = potência nominal em kW Zperm = ki.Kl.Zo (reversões/hora)
p = número de pares de pólos
4.1.6.3. Influência do conjugado
Frequência de partidas permissíveis (S4):
Fig. 4.6. Frequência de partidas e reversões de aceleração
b) Para os valores intermediários de
permitidas em função do momento de inércia.
potência nominal, o momento de inércia Zperm = ki.kl.kg.Za (partidas/hora)
O conjugado de aceleração é a diferença
externo deve ser calculado pela fórmula
4.1.6.2. Influência da carga entre o conjugado motor Cm e o conjugado
da observação (a). As constantes ki, kl e kg, que levam em
de carga da máquina acionada Cl. Para
consideração a influência do momento
Sempre que um motor elétrico for simplificar, o valor médio do conjugado de
de inércia, da carga e do conjugado de
4.1.6. NÚMERO DE PARTIDAS E operado com carga, a frequência de Fig. 4.7. Frequência de partidas e reversões carga é muitas vezes usado. O tempo de
aceleração, são descritas a seguir: permissíveis em função da potência de saída.
REVERSÕES PERMISSÍVEIS POR HORA partidas/reversões permitidas por hora aceleração é inversamente proporcional ao
(Zperm) será inferior à frequência de conjugado de aceleração.
4.1.6.1. Influência do momento de inércia
Um motor pode ser revertido Zo vezes partidas/reversões a vazio (Za ou Zo) devido No caso de reversões, os efeitos do
ao aumento das perdas eletromagnéticas. Para regimes intermitentes tipo S4, os
por hora até o mesmo atingir o equilíbrio conjugado de carga durante a partida e a
Se um motor está acoplado a uma massa valores da figura (4.8) podem ser usados
térmico no limite máximo de sua classe Para determinar (Zperm), é necessário frenagem geralmente se cancelam, mas
girante que tem um momento de inércia (Jc) como aproximação.
de isolação, quando operado a vazio saber a potência fornecida pelo motor o efeito deve ser levado em consideração
igual àquele do motor (Jm), os tempos de
(livre de qualquer momento de inércia e e o regime de serviço em que este será pelo fator Kg nos casos de partidas
partida e reversão – e portanto as perdas –
carga externas). Assim, Zo é chamado utilizado. Pode-se considerar que as perdas comparadas sem frenagem elétrica.
comparados aos tempos do motor a vazio, são
de frequência de reversões a vazio. Da em motores elétricos trifásicos de indução,
duplicados. O equilíbrio térmico original pode
mesma forma, este equilíbrio é atingido na faixa de 50% a 150% da carga nominal,
ser restabelecido pela redução do número
se o motor partir a vazio Za vezes por variam aproximadamente com o quadrado
de reversões em 50%. A relação (ki) entre o
hora (frequência de partida a vazio, com da potência fornecida pelo motor.
tempo de reversão com carga permitido e o
frenagem mecânica). Assim, o fator de carga kl pode ser 4.1.7. CORRENTE DE ROTOR –
tempo de reversão a vazio permitido (Figura
Os valores de Zo e Za dos motores determinado através da fórmula: BLOQUEADO
4.6) é normalmente igual à relação entre o
Voges são mostrados na tabela 4.5. A
momento de inércia do motor e o momento
frequência de partidas a vazio (Za) é maior É o valor eficaz máximo da corrente em
Tabela 4.2. Momento de inércia externo (J) para de inércia total (Jm + Jc):
que a de reversões (Zo), apesar de existir condições estáveis que percorrem o motor
as potências normalizadas (valores dados em um momento de inércia adicional devido ao
termos de mr², em que m é a massa e r é o raio onde: parado, quando alimentado sob tensões e
disco do freio. frequência nominais.
médio de giração).
Na NBR 17094 a operação em regime A NBR 17094 estabelece valores
contínuo com reversões, isto é, incluindo a O fator de inércia FI é a relação entre Kl = fator de carga
Pop = potência de operação de motor máximos de corrente com rotor bloqueado
frenagem elétrica, é definida como regime o momento de inércia total referido ao eixo Fig. 4.8. Gráfico para determinar o fator de em função da potência nominal do motor.
tipo S7 (figura 4.15) e o regime periódico do motor e o momento de inércia do motor. Pn = potência nominal do motor
carga em regimes intermitentes.
24 25
Estes valores são válidos para as categorias Solução: 2) Calcular o número de reversões e
N, H e D, em qualquer polaridade e são Cálculo de Kl (fator de carga) supondo o partidas por hora, para um motor 90 L4 –
expressos em função da potência aparente motor operando na potência nominal. 3cv – 220/380V – 60Hz, considerando:
absorvida com rotor bloqueado em relação
à potência nominal (kVA/cv ou kVA/kW). - momento de inércia da carga (GD²) igual
Esses valores são obtidos através da a 6 vezes o GD² do motor;
fórmula abaixo: - GD² do motor (catálogo) = 0,025 kgm²;
onde, - regime de serviço contínuo.

Solução:
Supondo o motor operando a 70% da
potência nominal,
Cálculo de Ki (influência do momento de P = 0,7, pelo gráfico da Fig. 4.7, temos que
Ip = corrente com rotor bloqueado em A inércia); Kl = 0,6. Pn
V = tensão nominal em V
Pn = potência nominal em cv Sendo o GD² da carga igual a 6 vezes o
GD² do motor, pelo gráfico da Fig. 4.6,
A tabela 4.3 indica os limites máximos de temos que Ks = 0,14.
Ps/Pn para motores trifásicos.
Cálculo de Kg (influência do conjugado de
aceleração), ver Fig. 4.5.
Cálculo de kg (influência do conjugado de
aceleração); ver Fig. 4.5;

Cm = 3,75, característica do motor


Cm = 0,45, característica do motor Cl = 1,26, característica da carga
Tabela 4.4. Cl = 0,14, característica da carga
EXEMPLOS
Tabela 4.3.
1) Calcular o número de reversão e partidas
por hora, de um motor 71 b8 – 1/6cv – 8 Cálculo do número de reversões por hora:
A tabela 4.4 obtida a partir da tabela 4.3 Cálculo do número de reversões por hora
polos – 220/380V – 60Hz, considerando:
mostra os valores máximos de corrente de
partida (Ip) para as potências e tensões - momento de inércia (GD²) da carga igual
normalizadas. a 10 vezes o GD² do motor;
A indicação da corrente de rotor
bloqueado na placa de identificação, Cálculo do número de partidas por hora: Cálculo do número de partidas por hora
- GD² do motor (catálogo) = 0,0041 kgm²
segundo a NBR 17094, é feita de maneira
direta mostrando o valor da relação Ip/In - regime de serviço = contínuo
(corrente de partida em relação à corrente
nominal).
Tabela 4.5. Obs.: Para a partir da carcaça 315, consultar a engenharia.
26 27
4.2. CARACTERÍSTICAS DE OPERAÇÃO C. Regime Intermitente Periódico (S3) carga constante e um período de repouso e desenergizado, sendo tais períodos
e desenergizado, sendo tais períodos demasiadamente curtos para ser atingido
Sequência de ciclos de regime demasiadamente curtos para ser atingido o equilíbrio térmico em um único ciclo de
idênticos, cada qual incluindo um período o equilíbrio térmico em um único ciclo de regime.
4.2.1. REGIME DE SERVIÇO de funcionamento a carga constante e um regime.
período de repouso e desenergizado, sendo
É o regime ao qual o motor é submetido tais períodos demasiadamente curtos para
ser atingido o equilíbrio térmico durante
quando em funcionamento, abrangendo
um ciclo de regime e no qual a corrente
os intervalos a vazio, em repouso e
de partida não afeta significativamente a
desenergizado, bem como as suas durações elevação de temperatura.
e a sua sequência no tempo.
Normalmente os motores são projetados Fig. 4.14.
para operarem em regime contínuo. Fig. 4.9.
t N = funcionamento em carga constante
A norma brasileira prescreve que a t N = funcionamento em carga constante t V = funcionamento em vazio
indicação do regime do motor deve ser máx. = temperatura máxima atingida θ máx = temperatura máxima atingida
feita pelo comprador, da forma mais exata durante o ciclo
B. Regime de Tempo Limitado (S2)
possível. Nos casos em que a carga
não varia ou nos quais varia de forma Funcionamento em carga constante Fig. 4.13.
previsível, o regime poderá ser indicado com duração insuficiente para ser atingido
numericamente ou por meio de gráficos o equilíbrio térmico, seguido de um período
Fig. 4.12. t D = partida G. Regime de Funcionamento Contínuo
de repouso e desenergizado, de duração
que representem a variação em função do suficiente para restabelecer a igualdade de t N = funcionamento em carga constante com Frenagem Elétrica (S7)
tempo das grandezas variáveis. Quando temperatura com o meio refrigerante. t F = frenagem elétrica
t R = repouso Sequência de ciclos de regime idênticos,
a sequência real dos valores no tempo for t D = partida
θ máx = temperatura máxima atingida cada qual consistindo de um período de
indeterminada, deverá ser indicada uma t N = funcionamento em carga constante partida, um período de funcionamento a carga
sequência fictícia não menos severa que Fig. 4.11. t R = repouso durante o ciclo
constante e um período de frenagem elétrica,
a real, ou escolhido um dos regimes tipo θ máx = temperatura máxima atingida sendo tais períodos demasiadamente curtos
t N = funcionamento em carga constante durante o ciclo
relacionados em 4.2.1.1. para ser atingido o equilíbrio térmico em um
t R = repouso
θ máx = temperatura máxima atingida único ciclo de regime.
4.2.1.1. Regimes Padronizados durante o ciclo.
F. Regime de Funcionamento Contínuo
Os regimes tipo e os símbolos alfa- com Carga Intermitente (S6)
numéricos a eles atribuídos são indicados a
seguir: E. Regime Intermitente Periódico com Sequência de ciclos de regime idênticos,
D. Regime Intermitente Periódico com Frenagem Elétrica (S5) cada qual consistindo de um período de
A. Regime Contínuo (S1) Partida (S4) funcionamento e carga constante e um
Sequência de ciclos de regime idênticos, período de funcionamento em vazio, sendo
Fig. 4.10.
Funcionamento em carga constante, Sequência de ciclos de regime idênticos, cada qual consistindo de um período de tais períodos demasiadamente curtos
tN= funcionamento em carga constante
cada qual consistindo de um período de partida, um período de funcionamento a para ser atingido o equilíbrio térmico em
com duração suficiente para ser atingido o θ máx. = temperatura máxima atingida
partida, um período de funcionamento a carga constante, um período de frenagem um único ciclo de regime.
equilíbrio térmico. durante o ciclo
elétrica rápida e um período de repouso Fig. 4.15.
28 29
tD = partida J. Regime com cargas constantes 4.2.1.2. Regimes Especiais comprador.
tN = funcionamento em carga constante distintas - Regime - tipo S10 Observação: como exemplo das
tF = frenagem elétrica Para outros regimes que não se indicações a serem acrescidas, mediante o
θ máx = temperatura máxima atingida Regime incluindo no máximo quatro enquadram entre os padronizados, a referido acordo, às designações de regimes
durante o ciclo Fator de duração do ciclo = 1 valores distintos de carga (ou cargas escolha do motor deve ser feita mediante tipo diferentes do contínuo, citam-se as
equivalentes), cada valor sendo mantido consulta à Voges Motores. Para tanto é seguintes, aplicáveis segundo o regime
H. Regime de Funcionamento por tempo suficiente para que o equilíbrio necessário fornecer os seguintes dados: tipo considerado:
Contínuo com Variações Periódicas I. Regime com variações não periódicas de térmico seja atingido (figura 4.18). A carga - Descrição completa do ciclo (duração
de Velocidade (S8) carga e de velocidade - Regime - tipo S9 mínima durante um ciclo de regime pode dos períodos com carga, em repouso ou a a) número de partículas por hora;
ter o valor zero (funcionamento em vazio vazio). b) número de frenagens por hora;
Sequência de ciclos de regime idêntico, Regime no qual geralmente a carga e ou repouso). - Potência necessária para acionar a carga. c) tipo de frenagem;
cada qual consistindo de um período de velocidade variam não periodicamente, - Conjugado resistente da carga. d) constantes de energia cinética (H), na
partida e um período de funcionamento a dentro da faixa de funcionamento - Momento de inércia total da máquina a velocidade nominal, do motor e da carga,
carga constante correspondente a uma admissível, incluindo frequentemente ser acionada, referido à rotação nominal do esta última podendo ser substituída pelo
Notas
determinada velocidade, seguido de um ou sobrecargas aplicadas que podem ser motor. fator de inércia (FI).
mais períodos de funcionamento e outras muito superiores às plenas cargas (ver 1. Os valores distintos de carga são - Número de partidas, reversões e
cargas constantes correspondentes a figura 4.17). usualmente cargas equivalentes baseadas frenagens em contracorrente. Onde:
diferentes velocidades, sendo tais períodos na integração de valores em um período
demasiadamente curtos para ser atingido de tempo. Não é necessário que cada ciclo constante de energia cinética é a razão
o equilíbrio térmico em um único ciclo de de cargas seja exatamente o mesmo, mas 4.2.1.3. Designação do regime tipo da energia cinética armazenada no rotor
regime. somente que cada carga dentro de um ciclo girando à velocidade nominal, para a
seja aplicada por tempo suficiente para que O regime tipo é designado pelo símbolo potência aparente nominal.
o equilíbrio térmico seja atingido, e que cada aplicável de 4.2.1.1. No caso de regime Fator de inércia é a relação entre a soma do
ciclo de cargas possa ser integrado para dar
contínuo, este pode ser indicado, em momento de inércia total da carga (referido
a mesma expectativa de vida térmica.
alternativa, pela palavra “contínuo”. A ao eixo do motor) e do momento de inércia
2. Para este regime, uma carga constante designação dos regimes S2 e S8 é seguida do rotor.
adequadamente escolhida e baseada no Fig. 4.18. das seguintes indicações:
regime - tipo S1 deve ser tomada como valor
P = carga Exemplo de como designar regimes:
de referência para as cargas distintas (carga Pi = carga constante de um período de carga a) S2, do tempo de funcionamento em
equivalente). dentro de um ciclo de cargas carga constante; 1. S2 60min.
Pn = carga nominal baseada no regime - tipo S1 2. S3 25%
Fig. 4.17. P1 = Pi/Pn = carga em p.u. b) S3 a S6, do fator de duração do ciclo; 3. S6 40%
Tc = duração de um ciclo de cargas
ti = duração de um período de carga dentro de 4. S4 25% motor H.2 carga H.4
t D = período de partida um ciclo de cargas c) S8, de cada uma das velocidades 5. S8 motor H.1,FI.10 33cv,740rpm, 3min.
Fig. 4.16. t L = período de funcionamento com Δti = ti/Tc = duração em p.u. de um período de nominais que constituem o ciclo, seguida Onde:
cargas variáveis carga dentro de um ciclo de cargas da respectiva potência nominal e do seu H.1 significa uma constante de energia
t F1 = frenagem elétrica t F = período de frenagem elétrica Pv = perdas elétricas respectivo tempo de duração. cinética igual a 1s.
θ = temperatura
t D = partida t R = período de repouso θn = temperatura admissível à carga nominal FI.10 significa um fator de inércia igual
t N1 N2 N3 = funcionamento em carga t S = período de funcionamento com baseada no regime tipo S1 No caso dos regimes S4, S5, S7 e S8, a 10.
constante sobrecarga Δθi = aumento ou diminuição da elevação de outras indicações a seres acrescidas
θmáx = temperatura máxima atingida PC = plena carga temperatura dentro do 1º período de um ciclo à designação deverão ser estipuladas
de cargas mediante acordo entre fabricantes e 4.2.2. POTÊNCIA NOMINAL
durante o ciclo θ máx = temperatura máxima atingida t = tempo
30 31
- Perdas no Secundário (rotor) – Psec. o conjunto de materiais que forma o significa que o motor pode fornecer mais está operando com potência, tensão
É a potência mecânica disponível no eixo - Perdas no ferro – Pfe. isolamento pode suportar continuamente potência que a especificada na placa de e frequência nominais. Depende da
do motor quando este opera dentro de suas - Perdas por Ventilação e Atrito – Pva. sem que a sua vida útil seja afetada. Os identificação, uma vez mantida a tensão e velocidade síncrona (conforme número de
características nominais. Esta potência - Perdas Adicionais – Pad. limites de elevação de temperatura (Δt) a frequência previstas. polos) e do escorregamento.
é limitada pela elevação da temperatura para cada classe de isolamento segundo a Por exemplo: um motor de 10cv, 60Hz,
dos enrolamentos, isto é, o motor teria Onde resulta: norma brasileira são os seguintes: 220V, com um fator de serviço (FS) 1,15
condições de acionar cargas de potências pode ser usado com uma sobrecarga
maiores que sua potência nominal, até contínua de até 15% mantidos os 60Hz,
próximo ao conjugado máximo, porém, 220V, isto é, 11,5cv sem aquecimento onde,
se esta sobrecarga for excessiva, poderá prejudicial.
comprometer a vida útil dos enrolamentos 4.2.5.CÁLCULO DA ELEVAÇÃO DA n = velocidade nominal em rpm
TEMPERATURA NO ENROLAMENTO 4.2.8. CORRENTE NOMINAL ns = velocidade síncrona em rpm
e até mesmo provocar sua queima.
s = escorregamento em %
Existem vários métodos para a obtenção É a corrente que o motor absorve da rede
4.2.3. POTÊNCIA REQUERIDA
da elevação da temperatura, porém, o mais elétrica quando em funcionamento com
4.2.11. FATOR DE POTÊNCIA
prático, confiável e preciso é o chamado tensão, frequência e potência nominais.
Alguns tipos de carga funcionam com Fig. 4.20. Potência variável com períodos de
repouso. método das resistências. Este método se Para motores trifásicos, pode ser
potência constante, mas outros demandam Tabela 4.6. Fator de potência é a relação entre a
baseia na variação da resistência ôhmica do calculada através da fórmula:
potência variável. Para cargas de potência potência ativa e a potência aparente
constante a determinação da mesma para 4.2.4. ELEVAÇÃO DE TEMPERATURA enrolamento com variação da temperatura, absorvidas pelo motor.
segundo uma lei conhecida baseada nas A vida útil de um motor depende
a escolha do motor é simplesmente adotar
propriedades físicas do condutor. fundamentalmente da isolação de seus
o motor padrão com potência nominal igual A diferença entre a potência consumida
Para condutores de cobre, o cálculo da enrolamentos. Ambientes corrosivos,
ou imediatamente superior. e a potência fornecida (transformação de
elevação da temperatura é feito através da umidade, vibração, são alguns fatores
No caso de potência variável (figura energia elétrica em mecânica) representa 4.2.9. RENDIMENTO
fórmula: que afetam a isolação destes, porém, a
4.19) determina- se a potência equivalente as perdas totais do motor, as quais são
temperatura de operação dos materiais
segundo a fórmula: transformadas em calor. Este calor gerado Conforme vimos no item 1.4.8, o É uma característica importante a ser
isolantes é sem dúvida o fator mais
internamente é dissipado para o ambiente rendimento indica a eficiência do motor considerada visto que as concessionárias
crítico. Ultrapassar em dez (10) graus de
através da superfície do motor, evitando na transformação de energia elétrica em de energia elétrica cobram uma
temperatura da isolação significa reduzir
assim a excessiva elevação da temperatura onde, mecânica. Seu valor varia de acordo com sobretaxa para fornecimento de energia
praticamente a metade de sua vida útil.
do mesmo. a carga do motor. Com pequenas cargas o com fator de potência inferior a 0,92. O
Os motores elétricos Voges são
A elevação de temperatura é o Δt = elevação de temperatura do enrolamento rendimento é baixo, ou seja, a maior parte uso de motores com o fator de potência
projetados para trabalharem rigorosamente
aquecimento do motor, ou seja, a diferença Ri = resistência ôhmica medida antes do da energia consumida é transformada em o mais alto possível diminui os custos
dentro dos limites estabelecidos acima
entre a temperatura do enrolamento no ensaio calor. com uma correção de fator de potência
para cada classe de isolamento.
estado de equilíbrio térmico e a temperatura Rf = resistência ôhmica medida após o É importante dimensionar os motores e dimensionamento de instalações. Além
ambiente. motor atingir o equilíbrio térmico para uma condição de funcionamento entre disso deve-se tomar cuidado quando da
Equilíbrio térmico: diz-se que um motor tai = temperatura ambiente no início do ensaio 4.2.7. FATOR DE SERVIÇO 75% e 100% do valor nominal, onde estes seleção e aplicação de motores, pois
está em equilíbrio térmico quando o calor taf = temperatura ambiente no final do ensaio apresentam valores de rendimento mais como mostra a figura 4.21, o fator de
gerado internamente (pelas perdas) é igual O fator de serviço é o multiplicador que elevados, o que proporciona uma redução potência dos motores de indução varia
ao calor dissipado pela superfície do motor. quando aplicado à potência nominal do nos gastos com energia elétrica. com a carga, o que significa que um motor
As perdas totais podem ser separadas em 4.2.6. CLASSE DE ISOLAMENTO motor indica sobrecarga permissível que superdimensionado ou operando com
cinco (5) tipos: pode ser aplicada continuamente sob 4.2.10. VELOCIDADE NOMINAL carga muito abaixo da normal contribui
As classes de isolamento são definidas condições específicas, sem aquecimento significativamente para um baixo valor do
Fig. 4.19. Potência variável sem períodos de repouso. - Perdas no Primário (enrolamento) – Pprim. em função do limite de temperatura que prejudicial. Ou, em outras palavras, É a velocidade do motor quando este fator de potência da instalação.

32 33
4.2.12. CORREÇÃO DO FATOR
Partes do motofreio:
DE POTÊNCIA
Em instalações que contêm motores,
transformadores, reatores, etc., o fator de
potência tende a ser baixo devido à natureza
indutiva destas cargas. A maneira mais
simples e barata de se corrigir (aumentar)
o fator de potência de uma instalação é
adicionar capacitores em paralelo com a
carga.
A escolha do capacitor (ou banco de
capacitores) adequado pode ser feita Fig. 4.21. Curvas características de motores de indução trifásicos.
utilizando-se a fórmula a seguir com o
auxílio da tabela 4.7. para atender as aplicações onde são alternadas de 110, 220, 380 ou 440V, e que
necessários paradas rápidas, seja por pode ser obtida de uma fonte externa ou
questão de segurança, posicionamento ou dos próprios terminais do motor. Possui
economia de tempo. ainda projetos especiais para funcionar
onde:
Consistem de um motor de indução diretamente de bateria, com tensão de 12V.
P = Potência total em kW assíncrono trifásico, acoplado a um freio
K = Constante (ver tabela 4.7) monodisco, formando uma unidade integral
f = Frequência da rede em Hz compacta e robusta. O motor é totalmente 4.3.2. Funcionamento
V = Tensão da rede em V fechado com ventilação externa, isolação
C = Capacitância em μF classe F (155ºC), grau de proteção IP55, O motofreio é composto basicamente por
η = Rendimento com potências desde 1/12 até 50cv. um eletroímã e um disco de freio. Enquanto
O freio possui poucas partes móveis, o motor está ligado, o eletroímã atua,
Observação: assegurando longa duração com o comprimindo as molas e não deixando o
O valor de K é obtido da tabela 4.7 em fun- mínimo de manutenção. A dupla face de disco de freio atuar. No momento em que
ção dos valores do fator de potência atual encosto com o disco de frenagem forma o motor é desligado, a corrente da bobina
e do desejado. uma grande superfície de atrito, o que LISTA DE PEÇAS
do eletroímã também é cortada, fazendo
4.2.13. CURVAS CARACTERÍSTICAS DE proporciona pressão específica adequada com que o mesmo deixe de atuar. Com isto
sobre os elementos de fricção, evitando o 13 - Bucha ranhurada 23 - Porca Sextavada
MOTORES TRIFÁSICOS DE INDUÇÃO as molas empurram o platô na direção do
aquecimento exagerado e mantendo assim 14 - Chaveta paralela 24 - Conjunto de flange com eletroímã
motor, o disco é então comprimido entre o
As curvas características típicas em o mínimo de desgaste. 15 - Conjunto do disco de frenagem 25 - Prisioneiro
platô e a tampa traseira do motor. As lonas
função da carga são mostradas na figura Além disso, o freio é resfriado pela 16 - Platô do freio 26 - Porca autofrenagem
de freio recebem pressão contra as duas
4.21. Normalmente são mostradas as própria ventilação do motor. Como 18 - Ventilador 27 - Mola de compressão
superfícies de atrito, do platô e da tampa
curvas de corrente, rendimento, rotação e resultado, o conjunto apresenta vida útil 21 - Calota de Proteção 28 - Anel elástico
traseira, fazendo com que o motor pare.
fator de potência. mais longa, enfrentando sem problemas os 22 - Anel V-Ring 29 - Cinta de proteção
Em uma nova partida, o controle liga
serviços mais pesados. a corrente do eletroímã, que forma um
4.3. MOTOFREIO A bobina de acionamento do eletroímã campo magnético que vence a força das
4.3.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS é protegida com resina epóxi, funciona com molas e atrai o platô contra a flange. Com
tensões contínuas obtidas através de uma isto o motor terá novamente liberdade de
Os motofreios Voges foram projetados ponte retificadora, alimentada com tensões movimento para partir.
34 35
Características Construtivas dos Motores de Indução
5

36 37
Para motores com caixa de ligações lateral, EXEMPLO DE COMPRIMENTO DE CARCAÇA

Características Construtivas dos Motores de Indução as letra E e D, colocadas após a designação


da forma construtiva, indicam a posição do

5
eixo em relação à caixa – ou seja, tendo-se
como vista frontal a caixa de ligação, indica-se
a letra E quando o eixo estiver à esquerda da
caixa de ligações; e a letra D, quando o eixo
estiver à direita.
Os motores elétricos são construídos (International Eletrotechnical Comission) e 5.1. FORMAS CONSTRUTIVAS
segundo as normas que determinam NEMA (National Electrical Manufacturers
5.2. DIMENSIONAL
formas construtivas, dimensões, grau de Association). A norma ABNT que padroniza as formas
proteção, potências, etc. construtivas é a NBR 5031.
A norma brasileira que padroniza as
A Voges fabrica motores de indução Apresentamos abaixo uma tabela
dimensões de ponta de eixo e fixação por
segundo as normas ABNT (Associação contendo as principais formas construtivas
pés e por flanges dos motores elétricos é
Brasileira de Normas Técnicas), IEC usadas para motores elétricos de indução.
a NBR 15623, que segue a padronização
internacional IEC 60072.
A altura e o comprimento da carcaça são
as dimensões de maior importância para
identificação do modelo do motor.
Define-se como altura, a distância da face
inferior dos pés ao centro do eixo do motor
e, como comprimento, a distância entre os
furos de fixação dos pés dianteiros e traseiros.
Para uma mesma altura podem existir até três
comprimentos, representados pelas letras S,
M e L, do inglês Short, Medium e Long. Fig. 5.1.

5.2.1. FIXAÇÃO
A fixação dos motores pode ser feita por
pés, flanges ou ambos. Os flanges dos
motores podem ser de dois tipos diferentes:
a) Flange tipo C – Com furos rosqueados
não acessíveis pela traseira do flange. De
acordo com as normas DIN ou NEMA.
b) Flange tipo F – Com furos passantes
acessíveis pela traseira do flange. De acordo
com as normas IEC, ABNT e flange tipo D,
de acordo com a norma NEMA.

Existem empresas e/ou usuários


que aplicam motores com dimensional
padronizado pela NEMA. Tabela 5.2.
38 39
5.2.2. COMPARATIVOS ABNT/IEC x NEMA
Em razão de empresas e usuários que ABNT/IEC x NEMA.
empregam motores padronizados por normas Deve-se comparar as dimensões H, A, B, C, K,
diferentes, apresentamos a seguir uma tabela D e E da ABNT/IEC com 2E, 2F, BA, H, U e N-W
contendo o comparativo dimensional entre da NEMA, identificados entre parênteses.

Tabela 5.3.

Tabela 5.4.
Tabela 5.5.
40 41
COMPARATIVOS DE POTÊNCIA - ABNT / IEC x NEMA (HP) 5.3.1. PRENSA-CABOS

Os prensa-cabos asseguram a vedação


da caixa de ligação na entrada dos cabos
de alimentação. São fabricados em nylon
ou latão de alta resistência mecânica e
corrosiva. Possuem no seu interior um anel
de borracha que impede a penetração de
líquidos ou sólidos no interior do motor.

Tabela 5.8. Prensa-cabos

Prensa cabo-completo Corpo Anel de vedação Arruela de deslizamento Luva

Tabela 5.6. 5.3.2. PLACA DE LIGAÇÕES (BORNES)

Para uma perfeita e segura ligação 2


5.3. CAIXA DE LIGAÇÃO ROSCAS PARA CAIXAS DE LIGAÇÕES à rede, o motor poderá possuir,
opcionalmente, uma placa de bornes
Os motores elétricos de indução para confeccionada em material autoextinguível,
aplicação geral possuem, normalmente, não higroscópico, resistente à corrente de
uma caixa de ligação acoplada à carcaça fuga e com alta rigidez dielétrica, conforme
em local de fácil acesso com espaço norma DIN 53480 – VDE 0303/76.
suficiente para se efetuar a conexão dos Esta placa possui parafusos, arruelas
3.
cabos de alimentação da rede elétrica. e pontes de ligação em latão, que
A entrada dos cabos pode ser feita por proporcionam perfeita condutividade
qualquer um dos quatro lados da caixa. elétrica e facilidade de ligação do motor.
Para manter o grau de proteção e 4.
1.
permitir a conexão de eletrodutos ou
Fig. 5.2. Conjunto de caixa de ligações
prensa-cabos, as caixas poderão possuir 1. Tampa da caixa
roscas normalizadas, conforme indica a 2. Caixa 5.
tabela 5.7. 3. Placa de ligações
4. Conexão do fio terra
Tabela 5.7. 5. Prensa-cabos
42 43
5.4. PLACA DE IDENTIFICAÇÃO - Número de fases; - Rolamentos utilizados; 5.4.2. DETERMINAÇÃO DO MODELO DO M - Carcaça média;
- Corrente nominal (A); - Relação entre a corrente do rotor MOTOR L - Carcaça longa;
A placa de identificação contém - Frequência da rede de alimentação (Hz); bloqueado e a corrente nominal (Ip/In); J - Extra longa.
símbolos e valores que determinam - Velocidade de rotação nominal (rpm); - Número da norma; A Voges Motores identifica o modelo dos
as características nominais da rede de - Classe de temperatura de isolação (ISOL); - Grau de proteção do motor (IP); motores através de símbolos formados por Observação: para atender às
alimentação e desempenho do motor - Categoria de desempenho (CAT); - Regime tipo (REG); letras e números. O princípio de identificação necessidades dos usuários de motores
(figura 5.3). - Rendimento; - Fator de serviços (FS); é determinado pelos números padronizados elétricos, a Voges Motores desenvolveu um
Estas informações devem ser facilmente - Fator de potência (cos ϕ); - Diagrama de ligações para cada tensão que indicam altura da carcaça. sistema de fixação com a furação dos pés
legíveis, apresentadas de maneira objetiva - Massa (kg); de trabalho. À esquerda deste número são colocadas que combina os comprimentos S/M e M/L,
e não sujeitas a interpretações errôneas. - Tipo e quantidade de graxa; letras maiúsculas que determinam as para algumas carcaças.
A placa é confeccionada em material aplicações especificadas. À direita, são Exemplo: M/L – Carcaça L com furação
resistente ao ambiente de funcionamento colocadas letras maiúsculas que determinam de carcaça M e de carcaça L para fixação. As
do motor e é afixada em local facilmente Tabela 5.9.
o comprimento da carcaça, letras maiúsculas letras a, b, e c indicam o dimensional interno
visível. que diferenciam a potência para motores do pacote, que diferenciam a potência do 5.6. BALANCEAMENTO E VIBRAÇÃO
Os dados principais que devem constar de mesma carcaça, números que indicam motor para a mesma carcaça. Os numerais
na mesma, bem como as abreviações a polaridade e códigos que identificam 2, 4, 6, 8, 2/4, 4/8, 4/6, 6/8, indicam o número 5.6.1. BALANCEAMENTO
recomendadas, são definidas pela NBR especialidades exigidas pelo comprador. de polos.
17094, conforme discriminadas a seguir: A seguir explicamos o significado dos Exemplos: Balanceamento é o processo que
símbolos. a) V90 S4: motor com grau de proteção IP 55, procura melhorar a distribuição de massas
- Nome do fabricante; carcaça 90S de 4 polos. de um corpo, a fim de reduzir as forças
- Tipo de motor; À esquerda da identificação da carcaça: b) VN 315 S/M2: motor de uso naval, com centrífugas livres que agem nos mancais
- Modelo do motor (MOD); grau de proteção IP55, carcaça 315S/M de 2 de apoio.
- Número de série (N°); VN - Linha de motores para uso naval; polos. O desbalanceamento ocorre quando o
- Potência nominal (cv e kW); VP - Linha de motores para bombas; c) MBK 56 a 4: motor para refrigeração, grau eixo principal de inércia não coincide com
- Tensão nominal em que o motor pode V - Linha de motores para aplicação de proteção IP54, monofásico, carcaça 56a o eixo de rotação; efeito este causado por
operar (V); Fig. 5.3. Placa de identificação. geral – IP 55; de 4 polos. uma assimetria na distribuição de massas
BD - Linha de motores de dupla velocidade d) BA 100L 4/6: motor com grau de de um corpo rotativo.
com 1 enrolamento; proteção IP55, de dupla velocidade com 2
• Balanceamento do conjunto do rotor:
BA - Linha de motores de dupla velocidade enrolamentos, carcaça 100L de 4 e 6 polos.
5.4.1. PLACA DE IDENTIFICAÇÃO PARA com 2 enrolamentos; Emprega-se
MOTORES DE USO NAVAL BK - Linha de motores monofásicos; 5.5. TERMINAL DE ATERRAMENTO o sistema de cor-
M - Linha de motores para refrigeração reção em dois pla-
As sociedades classificadoras (ver (carcaça 56); Os motores elétricos possuem terminal nos localizados
apêndice) exigem que as placas sejam L - Linha de motores para refrigeração de aterramento que possibilita contato entre nas extremidades
de material resistente à corrosão e (carcaça 80); suas partes externas metálicas e a terra. opostas do rotor
que contenham algumas informações VMF - Linha de motofreios; O aterramento oferece segurança (balanceamento
adicionais, que são: RBK - Linha de motores para uso rural; ao contato humano, às instalações e dinâmico) conforme
DP - Linha de motores IP 23S; aos equipamentos, contra possíveis NBR 8008.
- Ano de fabricação; anormalidades, desviando o fluxo de corrente
- Temperatura do ambiente (Temp. Amb.); À direita da indicação da carcaça: para a terra.
- Tipo de serviço (essencial ou não A tabela 5.9 indica a localização dos terminais
essencial). Fig. 5.4. Placa de identificação
para motor de uso naval. S – Carcaça curta; de aterramento dos motores Voges.

44 45
• Balanceamento do ventilador: são chamados “N” (normal), “R” (reduzido) se que o ruído aumenta a mesma taxa IV – Ventilação
O uso de somente um plano de e “S” (especial). progressiva com o aumento da potência. O contínuo aumento da potência
correção é suficiente, já que a distância em motores elétricos tem sido possível,
entre os mancais de apoio é normalmente dB α L . P principalmente pela melhora e aumento da
grande e o deslocamento axial é pequeno ventilação. Isto em geral resulta em maior
(balanceamento estático). dB = Nível de ruído ruído no motor.
O ruído do ventilador é função de
5.6.2. VIBRAÇÃO L = Dimensões lineares do estator e rotor parâmetros de projeto, tais como: ângulo,
Apesar do balanceamento preciso, largura e espessura da pá, velocidade, e
obtido pelos sistemas descritos P = Potência do motor ainda proximidade da calota.
anteriormente, o desbalanceamento A norma que especifica os limites de
residual (sempre existente) geralmente é a Para um mesmo motor, o nível de ruído ruído para máquinas elétricas girantes é
causa principal de vibrações encontradas Tabela 5.11. aumenta diretamente proporcional ao a NBR 7565 (tabela 5.12) e o método de
em um motor. aumento da potência exigida, isto é: dΒ α P. ensaio de nível de ruído transmitido através
Não são apenas os rotores do ar é normalizado pela NBR 7566.
desbalanceados que causam vibrações. II – Ruído dos Mancais
Os rolamentos e sistemas de acoplamento 5.7. NÍVEL DE RUÍDO Em mancais de rolamento identificam- 5.8. GRAU DE PROTEÇÃO
Tabela 5.13.
também podem produzir vibrações se as seguintes causas de ruído:
mecânicas. Isto significa que qualquer A preocupação com a saúde ocupacion- a) Folgas – Tanto o excesso quanto a Os invólucros das máquinas elétricas
elemento da máquina que possui al é uma constante nas empresas. E o nível ausência de folgas provocam ruído. É são construídos de acordo com o tipo de
Tabela 5.14.
movimento excita vibrações. de ruído causado pelos motores elétricos, utilizado nos motores elétricos com dois utilização, de modo a atender especificações
As amplitudes de vibrações máximas motivo de atenção. rolamentos de esferas (blindados), uma de proteção contra a penetração prejudicial
em rotores, provocadas por resíduos de As principais fontes de ruído em mo- mola em um dos mancais. Esta mola, de corpos sólidos e líquidos. A norma
massas desbalanceadas, são limitados por tores elétricos são: exercendo esforço axial em uma das brasileira NBR IEC 60529 define os graus
normas. A NBR 17094 especifica limites pistas, causa um deslocamento relativo de proteção através das letras IP seguidas
de amplitudes de vibração para motores I – Ruídos Magnéticos entre ambas as pistas. Essa modificação de dois numerais característicos, com os
elétricos a partir da carcaça 80. Estes a) Vibrações de núcleo – A maior fonte não afeta significativamente a acomodação seguintes significados:
valores variam com a rotação do motor de ruído magnético em um motor reside necessária devido à expansão térmica do
conforme a tabela 5.10. na coroa do estator. As vibrações da eixo e tem se tornado prática comum na Primeiro Numeral Característico:
coroa à carcaça possuem ao menos um redução do ruído. indica o grau de proteção contra contatos
componente situado na faixa audível, b) Acabamento das superfícies de acidentais de pessoas e a penetração
propagando-se para o meio ambiente ou à rolamento. prejudicial de corpos sólidos.
estrutura onde está fixado o motor. c) Presença de impurezas entre as pistas
b) Harmônicas – Fluxos harmônicos de rolamento. Segundo Numeral Característico:
também produzem vibrações indesejáveis. d) Deformação ou dano localizado nas indica o grau de proteção contra a
Seus efeitos, entre os quais o ruído, podem esferas, rolos ou pistas de rolamentos. penetração prejudicial de água.
ser reduzidos a níveis aceitáveis através e) Lubrificação imprópria.
Tabela 5.10. da escolha de parâmetros apropriados de Embora seja possível combinar
A tabela 5.11. dá os limites máximos de projeto. III – Balanceamento Mecânico de diferentes maneiras os numerais
vibrações (Veff.) expressos em milímetros c) Efeito da Potência sobre o ruído – Para Qualquer desbalanceamento do rotor anteriormente definidos, os graus de
por segundo para as várias carcaças e motores elétricos com projetos elétricos produz vibrações que, se amplificadas por proteção geralmente aplicados na prática
para os três (3) graus de qualidade, os que e magnéticos semelhantes, demonstra- um sistema ressonante, provocam ruído. são os mostrados na tabela 5.15.
Tabela 5.12.
46 47
Observação: os motores elétricos A tinta de base alquídica é de fácil livre circulação do meio refrigerante, de forma que, em qualquer sentido que o
industriais Voges de aplicação geral são aplicação e apresenta excelentes apresentando contato direto do ar com as motor gire, a vazão seja a mesma. Deste
fabricados com grau de proteção IP 55, propriedades de aderir à superfície, partes aquecidas no interior do mesmo. modo é importante que a calota de proteção
permitindo a padronização de produtos e proteger contra a corrosão e suportar 2 – Motor totalmente fechado: a transferência do ventilador permita a entrada axial do ar,
oferecendo vantagens para as aplicações temperaturas de até 150°C. de calor é feita na superfície externa do motor, conduzindo-o de forma laminar pela superfície
que requeiram menor proteção. Em motores elétricos Voges, as peças pois não existe fluxo do meio refrigerante da carcaça.
Para aplicações específicas em ambientes de alumínio ou de chapa de aço SAE 1010 entre o interior e o exterior da carcaça. O sistema de ventilação é adequado para
mais favoráveis, a Voges fabrica motores recebem antes da aplicação do primer um Quanto maior for a área de dissipação térmica movimentar grande volume de ar, varrendo
com graus de proteção inferiores. tratamento especial, através dos processos disponível, mais calor é retirado do motor. Por toda a superfície externa do motor, onde se
de alodinização e de fosfatização a este motivo, são projetadas carcaças com dá a troca de calor.
quente. aletas bem distribuídas. Obtém-se, assim, um resfriamento
As peças de alumínio recebem o Em motores para aplicações gerais são máximo, associado a um reduzido nível de
processo de alodinização. Já as peças utilizados ventiladores radiais, de pás retas, ruído.
de chapa, o processo de fosfatização a
quente.
Estes processos de banhos (alumínio e
chapa) e primer (ferro fundido) nas peças,
além de possibilitar uma ótima ancoragem
da tinta de acabamento sobre a superfície da
peça, protegem estas quando as mesmas
estão em almoxarifados intermediários.

b) Pintura em motores para ambientes


especiais
Tabela 5.15. Os ambientes agressivos requerem
tratamentos e pinturas especiais. Sob
consulta, estuda-se, para cada tipo
5.8.1. LETRAS SUPLEMENTARES e prevê medidas ou procedimentos 5.9. PINTURA específico destes ambiemtes, a proteção
complementares de proteção previamente adequada aos motores.
As normas de motores elétricos permitem combinados entre fabricantes e usuários. É um revestimento aplicado sobre o
a utilização de informações suplementares, As letras S e M, colocadas após motor que busca, além da função estética 5.10. VENTILAÇÃO
através de letras junto aos numerais os numerais característicos, indicam do acabamento, dar proteção contra a
característicos, que indicam procedimentos condições específicas de ensaio. corrosão. O equilíbrio térmico de um motor elétrico
especiais durante os ensaios ou utilização ocorre quando o calor gerado internamente, Fig. 5.5. Método de ventilação para motores totalmente fechados.
sob condições atmosféricas especiais. S – Indica que o ensaio contra penetração a) Pintura em motores de aplicação geral durante a transformação de energia elétrica
As letras S, M ou W só devem ser de água deve ser efetuado com o Prepara-se a superfície dos componentes em mecânica, é igual ao calor dissipado. A
utilizadas com os seguintes significados: equipamento em repouso. e aplica-se um primer (fundo) com esmalte ventilação é a principal maneira de reduzir
sintético de base alquídica, por imersão. a temperatura do motor elétrico.
W – Colocado entre as letras IP e os M – Indica que o mesmo ensaio deve Após a montagem do motor dá-se o
numerais característicos, indica que o ser efetuado com o equipamento em acabamento com tinta da mesma base, • Os sistemas usuais de ventilação são:
equipamento é projetado para utilização funcionamento. conferindo a aparência final com cor e
sob condições atmosféricas específicas textura definidas. 1 – Motor aberto: o motor aberto fornece

48 49
5.11. Conjuntos e Componentes CONJUNTOS E COMPONENTES - MOTORES USO INDUSTRIAL 180 A 355
identificação de peças e componentes, os nos motores industriais, carcaças 56 a 160,
Para que se mantenha linguagem desenhos a seguir apresentam a posição, 180 a 355, motores rurais, motores Nema,
uniforme, sem qualquer dúvida quanto à quantidade e designação destes materiais motores IP 23S e motofreios (Fig. 5.6 a 5.11).

CONJUNTOS E COMPONENTES - MOTORES USO INDUSTRIAL 56 A 160

Fig. 5.7.

Fig.5.6.

50 51
CONJUNTOS E COMPONENTES - MOTORES USO RURAL - 71 A 132 CONJUNTOS E COMPONENTES - MOTORES NEMA - N48 e N56

Fig. 5.9.
Fig. 5.8.

52 53
CONJUNTOS E COMPONENTES - MOTORES IP 23S - CARCAÇA 180 A 315 CONJUNTOS E COMPONENTES - MOTORES TIPO MOTOFREIO CARCAÇA 63 A 200

Fig. 5.11.

Fig. 5.10.

54 55
Ensaios
Os ensaios de motores elétricos são
classificados (segundo a NBR 17094) em
f) Ensaio da resistência elétrica, a quente.
Ensaios
6
g) Ensaios relativos à potência fornecida.

6
quatro (4) grupos: de rotina, de tipo, de
Medição do rendimento, fator de potência,
protótipo e especiais. Para a realização
corrente e velocidade com 50%, 75% e
destes ensaios deve ser seguida a NBR
100% da potência nominal.
5383, que define os procedimentos a serem
seguidos para a execução dos ensaios. h) Ensaio de conjugado máximo em tensão
Abaixo estão listados os ensaios nominal ou reduzida (caso não seja possível
normalizados que podem ser solicitados, com a nominal).
com ou sem a presença de inspetor. i) Ensaio de tensão suportável.
Outros ensaios não citados podem ser
realizados pelo fabricante desde que exista
um acordo entre as partes interessadas. 6.3. ENSAIOS DE PROTÓTIPO

6.1. ENSAIOS DE ROTINA a) Ensaio de resistência elétrica, a frio.

a) Ensaio de resistência elétrica, a frio. b) Ensaio em vazio. Medição da corrente e


potência absorvida com tensão nominal.
b) Ensaio em vazio. Medição da corrente e
potência absorvida com tensão nominal. c) Ensaio em vazio. Levantamento das
curvas características da corrente e da
c) Ensaio com rotor bloqueado. Medição da potência absorvida em função da tensão. A
corrente, potência consumida e conjugado tensão deve ser nominal ou reduzida (caso j) Ensaio de conjugado máximo em tensão
em tensão nominal ou reduzida (caso não não seja possível com a nominal). nominal ou reduzida (caso não seja possível
seja possível com a nominal).
d) Ensaio com rotor bloqueado. Medição da com a nominal).
d) Ensaio de tensão secundária para motores corrente potência consumida e conjugado k) Ensaio de tensão suportável.
com rotor enrolado. em tensão nominal ou reduzida (caso não
seja possível com a nominal). 6.4. ENSAIOS ESPECIAIS
e) Ensaio de tensão suportável.
e) Ensaio de tensão secundária para motores a) Ensaio com o rotor bloqueado.
6.2. ENSAIOS DE TIPO com rotor enrolado. Levantamento das curvas características da
f) Ensaio de elevação de temperatura. corrente, potência consumida e conjugado
a) Ensaio de resistência elétrica, a frio. em função da tensão.
g) Ensaio da resistência elétrica, a quente.
b) Ensaio em vazio. Medição da corrente e b) Ensaio de partida. Levantamento das
h) Ensaios relativos à potência fornecida. curvas características de conjugado e
potência absorvida com tensão nominal. Medição do rendimento, fator de potência, corrente em função da velocidade. A tensão
c) Ensaio com rotor bloqueado. Medição da corrente e velocidade com 50%, 75% e deve ser nominal ou reduzida (caso não seja
corrente potência consumida e conjugado 100% da potência nominal. possível com a nominal).
em tensão nominal ou reduzida (caso não i) Ensaios relativos à potência fornecida.
seja possivel com a nominal). c) Ensaio de sobrevelocidade.
Levantamento das curvas características
d) Ensaio de tensão secundária para motores do rendimento, fator de potência, corrente d) Ensaio de nível de ruído.
com rotor enrolado. e velocidade de rotação em função da e) Ensaio de tensão no eixo.
potência fornecida.
e) Ensaio de elevação de temperatura. f) Ensaio de vibração.
56 57
Características Ambientais Características Ambientais
7 7
Os motores elétricos de modo geral são instalação de um dreno adicional. 7.3. Efeito Simultâneo de Altitude
construídos para funcionar em ambientes e Temperatura
que apresentam condições ditas “normais” 7.2. Altitude
as quais são definidas pela NBR 17094 da As correções estipuladas para elevação
ABNT como: Em altitudes superiores a 1000m a de temperatura admissível em condições
densidade do ar é menor, diminuindo normais são simplesmente somadas
– Temperatura ambiente: 0º a 40ºC; sua capacidade de dissipar o calor quando ocorrem simultaneamente
– Altitude até 1000m acima do nível do mar; e aumentando assim a elevação de condições especiais de altitude e
– Ausência de atmosfera e materiais temperatura do motor. temperatura. Como a elevação de
agressivos ou perigosos. Para evitar que um sobreaquecimento temperatura pode ser corrigida nos dois
ocasionado por este fato venha causar sentidos, para cima e para baixo, uma
Caso deixem de existir essas condições danos na isolação do motor, podem ser temperatura ambiente mais baixa pode
normais, deverá ser analisado cada tomadas as seguintes providências: compensar uma altitude maior. Assim,
caso específico para a seleção do motor para altitudes superiores a 1000m, o motor
– Utilizar potência inferior à nominal; poderá funcionar com potência nominal, se
adequado. – Utilizar um motor com classe de isolação a temperatura ambiente não exceder os
superior; limites estipulados na tabela 7.1.
7.1. Temperatura Ambiente – Utilizar um motor com fator de serviço
maior que 1,0, porém não ultrapassando a
Na faixa de 0ºC o motor deve sua potência nominal.
fornecer sua potência nominal em
sobreaquecimento. Para os casos em A NBR 17094 estipula uma redução
que a temperatura ambiente seja superior de 1% no limite normal de elevação de
a 40ºC é necessário um projeto especial, temperatura para cada 100 m de altitude
utilizando materiais isolantes especiais ou acima de 1000m.
reduzir a potência nominal do motor.
Temperaturas muito baixas também Exemplo: se um motor com isolação
trazem problemas aos motores, tais como: classe B, cuja elevação de temperatura Tabela 71.
pode chegar a 80ºC em altitudes inferiores
7.4. Resistência de Aquecimento
– Endurecimento das graxas ou lubrificantes a 1000m, for instalado a uma altitude de
dos mancais. Neste caso é necessário 1500m, sua elevação de temperatura não Quando um motor elétrico totalmente
o emprego de lubrificantes especiais ou poderá ultrapassar a 76ºC. fechado é instalado em ambientes
graxas anticongelantes; extremamente úmidos, com a
– Excesso de condensação, o que exige a possibilidade de ficar desligado por um

58 59
período relativamente longo, ocorrerá, 7.5. Dreno • Classificação das Áreas Perigosas não permite acúmulo suficiente de poeiras
a cada partida, o acúmulo de água no e fibras na superfície da carcaça, o que
interior do motor pela condensação do ar Consiste de furos localizados na parte As tabelas 7.4, 7.5 e 7.6 apresentam a dificulta a transferência de calor.
úmido. O acúmulo de água pode, em pouco mais baixa do motor (considerando sua classificação das áreas segundo as normas No motor aberto, poeiras e fibras em
tempo, atingir o enrolamento do motor, forma construtiva) que permitem a saída de IEC e NEC que são adotadas no Brasil. suspensão provocam, com o tempo,
danificando-o. água condensada, possuindo um tampão Dentro desta classificação, os motores obstrução das passagens de ar para
Resistências elétricas para aquecimento plástico removível. Voges para área classificada com proteção refrigeração. Tabela 7.5.
são instaladas no interior do motor, fazendo Os furos de dreno são especificados de IP 55 e isolamento classe B podem ser Conforme visto no capítulo 5.8, o grau
com que a temperatura interna do mesmo acordo com a carcaça, conforme indicado utilizados nas seguintes áreas: de proteção é dado através de um código
seja superior à do ambiente externo. Essas abaixo: (IP), que indica a capacidade de proteção
resistências são ligadas no período em que que o invólucro tem contra a penetração
o motor está desligado, aquecendo seu de elementos estranhos (sólidos e líquidos)
interior e evitando a entrada de umidade. para o interior do motor.
Os motores Voges carcaças 71 a 400 Tabela 7.3.
podem ser fornecidos com resistências de Tabela 7.4. 7.6.2.2. Materiais resistentes aos
aquecimento, sob encomenda, nas tensões 7.6. Ambiente de Funcionamento agentes agressivos
de 110/220 V, dependendo da ligação das
mesmas (Figuras 7.1). 7.6.1. Áreas Perigosas 7.6.2. Presença de agentes agressivos Mesmo com o motor totalmente fechado,
ao motor existe troca de ar entre o interior do motor e
De um modo geral, diz-se que uma o ambiente externo, pois quando o motor é
área é perigosa quando nesse local A vida útil de um motor pode ser posto em funcionamento, sua temperatura
são processados, armazenados ou drasticamente reduzida se existirem se eleva, expandindo o ar interior e
transportados materiais explosivos. agentes agressivos no ambiente de fazendo com que parte dele saia por
Contudo, normalmente se classifica uma funcionamento do mesmo. Entende- intermédio das folgas e passagens
área perigosa considerando-se todos os se como agentes agressivos quaisquer dos cabos. Quando o motor para, sua
parâmetros envolvidos no grau de perigo elementos que provoquem danos ou temperatura diminui, o ar do interior se
da área. prejudiquem o bom desempenho do contrai e ocorre a penetração do ar externo
A classificação de uma determinada motor. Para evitar ou minimizar os efeitos para compensar a diferença de pressão.
Fig.7.1. área se refere a: negativos destes agentes, utiliza-se os Com isto, haverá penetração de elementos
seguintes meios: que, dependendo de sua natureza, poderão Tabela 7.6.
A tabela 7.2 relaciona a potência das – Divisão (NEC) ou Zona (IEC);
causar deterioração nas partes vitais
resistências (watts) com a carcaça do – Classe;
7.6.2.1. Grau de proteção do motor. Para isto, procura-se utilizar
motor. – Grupo.
materiais e tratamentos resistentes à ação
A divisão de uma área define a Os motores totalmente fechados são de agentes agressivos.
probabilidade relativa do material perigoso ideais para aplicações onde haja exposição Como os agentes agressivos atuam
estar presente no ar, formando uma mistura a condições adversas como exposição ao tanto interna como externamente, podem
em concentração de ignição ou explosão. tempo, fumaças, poeiras e determinados ser feitas modificações em relação ao
Já a classe se relaciona com o estado produtos químicos. O invólucro destes motor normal de acordo com a aplicação,
físico da substância inflamável. motores impede ou minimiza que esses como por exemplo: impregnação das
Grupo, associado à classe, é uma elementos prejudiciais atinjam o seu cabeceiras de bobina com resina alquídica
especificação química mais detalhada, da interior. O motor fechado tem o sistema ou epóxi, pintura externa especial, placa de
substância inflamável. de ventilação projetado de tal modo que identificação em aço inoxidável, etc.
Tabela 7.2.

60 61
Seleção e Aplicação Seleção e Aplicação
8 A seleção e a aplicação de motores funcionar; – fator de potência;
8
elétricos são, sem sombra de dúvida, dois – frequência da rede e variações que – correntes (nominal e de rotor bloqueado);
pontos dos mais importantes a serem possam ocorrer; – condições de trabalho (regime contínuo
considerados quando da utilização de um ou intermitente).
motor. – efeitos ou distúrbios que podem ser
Envolvem uma grande quantidade de provocados na rede de alimentação, D. Características da Carga
fatores que dizem respeito a instalação, pelo motor, devido à corrente de partida
operação e, consequentemente, sua ou devido às condições de potência Os dados mais importantes da carga
manutenção. demandadas pela carga. para a correta seleção de motor são:
– velocidade requerida (rpm);
8.1. Seleção B. Características do Ambiente – conjugados exigidos (nominal, máximo
(vide item 7) e de partida ou curva características
A seleção do tipo de motor para uma conjugado x velocidade de carga);
determinada aplicação deve ser precedida Conforme visto no capítulo 7, as – tipo de carga (constante, irregular, cíclica,
pela análise de todos os fatores relevantes principais características no ambiente etc...);
a esta aplicação. De modo geral, devem a se levar em consideração na seleção – momento de inércia da carga;
ser levados em conta os fatores: adequada dos motores elétricos são: – comportamento da carga sob transitórios
– altitudes; ou influências sobre outros dispositivos,
A) O sistema de alimentação; – temperatura ambiente; principalmente eletrônicos (o chaveamento
B) As características do ambiente; – atmosfera ambiente. dos motores monofásicos tipo fase dividida,
capacitor de partida e duplo capacitor)
C) As características de desempenho do C. Características de Desempenho podem provocar ruídos ou interferências.
motor; do Motor
D) As características da carga. Podemos dizer que o motor está
As características mais importantes corretamente selecionado quando
A. Sistema de Alimentação para a seleção de motores quanto ao ele consegue atender às exigências
desempenho (normalmente encontradas específicas de sua aplicação, técnica e
As condições da rede de alimentação, em catálogos) são: economicamente.
assim como a influência do motor sobre a
rede, devem ser consideradas. Os fatores – potência nominal; 8.2. APLICAÇÃO
mais importantes são: – velocidade, rotação (rpm) ou número de
polos do motor; A tabela 8.1. mostra, de modo geral, as
– tensão nominal da rede de alimentação, – conjugados (nominal, mínimo, máximo e principais aplicações de motores elétricos
variações mínimas, máximas e distúrbios de rotor bloqueado); tomando-se como base as características
de tensão sob os quais o motor deverá – rendimento; de desempenho de cada projeto.

62 63
Recomendações Gerais
9

Tabela 8.1.
64 65
-transportar pequenas unidades, de motores deve estar isento de umidade, poderão sofrer oxidação nos rolamentos
preferencialmente em carrinhos com rodas gases, fungos, agentes corrosivos, poeira, e queda da resistência do isolamento. Os

Recomendações Gerais de câmara de ar e em piso uniforme;


- acondicionar grandes unidades (ou de
carvão, óleo ou partículas abrasivas e
dotado de temperatura uniforme. Não
mancais devem receber cuidados especiais
durante o período de armazenagem, pois

9
grande peso) em estrados de madeira, deve ser tolerada a presença de roedores o peso do conjunto do rotor tende a cortar
transportando-os com empilhadeira, ou insetos, que poderão inutilizar peças o filme de óleo entre os corpos rolantes
carrinho ou ponte rolante, suspendendo-os ou componentes dos motores. Os e as pistas do rolamento, levando ao
pelos olhais. almoxarifados não devem estar próximos contato entre metais, desgaste prematuro
A diversificação das funções na 9.1. Embalagens Atenção: antes de colocar o motor de máquinas que provoquem excessivas e corrosão. Isto é evitado girando-se o eixo
área eletromecânica, bem como o em funcionamento ler o capítulo 12 deste Atenção: os ganchos olhais são vibrações, pois isto pode afetar os com a mão em intervalos periódicos. No
aperfeiçoamento tecnológico, obrigam Os motores Voges são embalados de manual (operação). projetados apenas para suportar o peso rolamentos dos motores. caso de motores com mais de dois anos de
profissionais especializados no ramo forma a facilitar o manuseio e transporte, do motor, portanto não levantar o motor A posição de trabalho dos motores armazenagem deve-se trocar os rolamentos
a manterem constante atualização bem como protegê-los contra possíveis Caso seja constatada qualquer acoplado a qualquer tipo de sistema. (forma construtiva), preferencialmente, ou substituir totalmente a graxa lubrificante
técnica. Preocupada com isto, a Voges danos causados durante estas operações. anormalidade, faça observação no deve ser considerada para escolha da após a limpeza. Motores monofásicos em
Motores propicia a estes profissionais De acordo com o modelo, os motores conhecimento da transportadora e Ao deslocar ou depositar os motores, posição de armazenagem. Além disto, estoque por dois anos ou mais devem ter
uma reciclagem técnica, mantendo-os são embalados em caixas de papelão imediatamente comunique à Voges ou o fazê-lo suavemente, sem choques bruscos, deve-se colocar seus capacitores substituídos (quando
preparados e atualizados para esclarecer fechadas e identificadas externamente seu representante. pois existe o risco de danos nos rolamentos os motores sempre sobre estrados ou em houver).
eventuais dúvidas que possam surgir em ou fixados pelos pés ou flanges em ou quebra de caixa de bornes, pés, calota, prateleiras apropriadas, e não em contato Em relação às variações de resistência
seu produto. engradados de madeira com livre acesso 9.2.1. Transporte e Manuseio etc. A figura 9.3 ilustra uma das maneiras direto com piso (evitar umidade), assim de isolamento deve-se manter o controle
Nos itens a seguir, estão relacionadas aos dispositivos de suspensão, bem como adequadas de transporte. como utilizar altura máxima de 1 (um) metro com testes periódicos, conforme descrito
as providências a serem observadas a visualização dos dados constantes na Quando do recebimento dos motores e para empilhamento de caixas de papelão. na página 96, item 13.1.1, Manutenção
com respeito a embalagem, recebimento placa de identificação (fig. 9.1 e fig. 9.2). posterior transporte para depósito, devem 9.3. Armazenagem Os motores que não forem Elétrica.
e armazenagem dos motores elétricos ser tomados alguns cuidados especiais, imediatamente instalados, ou que forem
Voges. 9.2. Recebimento sendo os principais: O ambiente destinado à armazenagem armazenados por um período prolongado,

Ao receber os motores elétricos Voges,


o responsável deve verificar se o produto
corresponde ao especificado. É importante
submetê-lo à inspeção visual, identificando
quaisquer possíveis danos provenientes do
transporte, como:

- avarias nos mancais: gire o eixo com


a mão para verificar se está girando
livremente;
- penetração de água;
- trinca ou quebra de peças;
- falta de peças e/ou acessórios;
- avarias na ponta de eixo ou flange de
acoplamento.

Fig. 9.1. Motor em embalagem de papelão Fig. 9.2. Motor em embalagem de madeira Fig. 9.3. Transporte de motores com carrinho Fig. 9.4. Motores em estoque
66 67
Os profissionais que trabalham em

Instalação instalações elétricas, seja na montagem,


na operação ou na manutenção, deverão Instalação
10 10
ser permanentemente informados e
atualizados sobre as normas e prescrições
de segurança que regem o serviço e
aconselhados a segui-las.
Recomenda-se que estes serviços
sejam efetuados por pessoal qualificado figura 10.2.
que siga a NBR 5410 (instalações elétricas Devem ser observados o nivelamento
de baixa tensão). e os ajustes do acoplamento antes da
concretagem e aperto dos parafusos de
10.1. Características Mecânicas fixação.
Fig. 10.1.
10.1.1. Fixação
b) Assegurar que os drenos do motor se
O local escolhido para fixação do motor situem na parte inferior do motor quando
deve permitir fácil acesso aos dispositivos a forma de montagem seja diferente da
de lubrificação e inspeção periódica. especificada na compra do motor.

10.1.1.1. Entrada de ar 10.1.1.2. Tipos de fixação

Não se deve restringir a livre circulação A base de fixação deve ser perfeitamente
de ar sobre o motor, seja por coberturas ou plana para que não ocorram concentrações
excessiva proximidade entre a entrada de de forças que possam danificar a estrutura
ar e a parede. dos pés e suficientemente rígidas para
O afastamento entre a entrada de ar suportar as solicitações dos esforços das
Fig.10.2.
e a parede (Cota A) deve ser no mínimo partidas, bem como evitar vibrações,
de 1/4 do diâmetro (Ø) da abertura da pois danificam os mancais e afrouxam b) Bases deslizantes
entrada de ar do motor, sendo que, para os elementos de fixação. O comprador é
motores pequenos, a distância mínima totalmente responsável pela preparação da São as mais recomendadas para
recomendada é de 30mm, conforme figura mesma. transmissão por correia, pois permitem um
10.1. ajuste perfeito da tensão da mesma.
O ar que circula pelo motor deve ser a) Chumbadores A fixação da base deslizante sobre a base
isento de qualquer elemento agressivo fixa deve seguir as recomendações dadas no
como vapores corrosivos e partículas que Utilizados quando se fixa o motor item Transmissão de Potência, (10.1.3) para
possam danificar o ventilador. diretamente na fundação, principalmente um perfeito posicionamento da polia.
Nota: no caso de acoplamento direto. O controle
a) Os motores Voges permitem, através do da altura do eixo do motor em relação ao c) Base rígida
giro de 90º da caixa de bornes, a escolha eixo do equipamento deve ser feito por
da melhor posição para entrada dos cabos intermédio de calços colocados entre a Utilizada quando o motor é fixo em bases
de alimentação. fundação e os pés do motor, conforme metálicas ou diretamente no equipamento.

68 69
Neste caso, devem ser observados o prever a possibilidade da utilização de Desta forma, com um giro completo do 10.1.3.2. Acoplamento por polia/correia c) Correia dentada: é utilizada quando se Nos motores Voges de carcaças 180 a
alinhamento e o nivelamento. transmissões que não causem grandes eixo é possível verificar os desvios de deseja sincronismo entre a polia motora e 400, com o esforço manual do montador, a
esforços sobre os mancais, assim como paralelismo e concentricidade das luvas. De uso mais frequente quando se deseja a polia conduzida. Não exige pré-tensão polia deve encaixar até a metade da chaveta
d) Flanges observar que na instalação das mesmas, transmissão de potência com relação devido ao engrenamento entre polia e e posteriormente ser prensada utilizando o
os mancais não sejam submetidos a cargas b) Acoplamento elástico: é o mais indicado de velocidade e baixo custo, dividem-se correia. Figura 10.7. furo roscado na ponta de eixo para a fixação.
O equipamento onde está sendo desnecessárias. por compensar pequenos movimentos basicamente em transmissão por correia Para obtenção da máxima vida útil dos
fixado o motor deverá prever um correto Na sequência, são apresentados os tipos longitudinais, radiais e diferenças angulares plana, trapezoidal ou em “V” e correias mancais devem ser observados os seguintes
posicionamento dos furos de fixação, usuais de transmissões relacionando suas dos eixos, além de absorver choques dentadas. aspectos: montagem correta das polias; polia
observando que todos os furos da flange principais características e cuidados. de partida e reversão. Sua montagem é motora e movida devem estar no mesmo
devem ser utilizados, para não haver a) Correia plana: deve ser evitada por ser o
simples. A figura 10.4. ilustra um tipo de tipo de transmissão que causa maior força plano; dimensionamento e posicionamento
concentração de esforços. 10.1.3.1. Acoplamento direto acoplamento elástico. ideal das polias e seguir as recomendações
radial sobre os rolamentos.
Necessita estar perfeitamente tensionada sobre tensão de correias, dadas pelos
10.1.2. Balanceamento Divide-se em rígido e elástico e se ALINHAMENTO fabricantes das mesmas.
para não ocorrerem deslizamentos e requer
Balanceamento é o processo que procura caracteriza pelo baixo custo, segurança, o uso de tensores como ilustra a figura 10.5. Na prática, confirma-se a tensão correta
melhorar a distribuição de massas de um ausência de deslizamento e por não causar Os acoplamentos (rígidos ou elásticos) para as correias pressionando e medindo
corpo, a fim de reduzir as forças centrífugas cargas radiais sobre os rolamentos, desde devem ser alinhados para garantir um conforme ilustra a figura 10.9. A deflexão
livres que agem nos mancais de apoio. que o eixo do motor esteja perfeitamente perfeito funcionamento do equipamento. Fig. 10.7. Correia dentada deverá ser de aproximadamente 1,6 mm
O desbalanceamento ocorre quando o alinhado com o eixo da máquina acionada. Para um alinhamento adequado, verifique para cada 100 mm de distância entre os
que a folga B e a diferença de A1 e A2 10.1.3.2.1. Montagem de polias centros dos eixos.
eixo principal de inércia não coincide com o
eixo de rotação; efeito este causado por uma a) Acoplamento rígido: requer precisão sejam conforme informações abaixo: Para a montagem de polias nos motores y = 1,6 . L y e L em mm
assimetria na distribuição de massas de um no alinhamento do eixo do motor como Voges de carcaças 56 até 160, recomenda- 100
eixo do equipamento. Caso contrário, Até 1800 rpm = 0,05mm
corpo rotativo. se aquecer a polia aproximadamente a
teremos vibração, grandes esforços sobre Acima 1800 rpm = 0,03mm y = deflexão máxima (mm)
80ºC utilizando os dispositivos conforme
- Balanceamento do conjunto do rotor: os rolamentos e, em casos mais críticos, a figura 10.8, onde o eixo fica apoiado L = distância entre os centros dos eixos (mm)
Emprega-se o sistema de correção em dois ruptura do eixo. na extremidade do ventilador, evitando
planos localizados nas extremidades opostas Recomenda-se executar o alinhamento esforços nos rolamentos. O ajuste deve ser
do rotor (balanceamento dinâmico) conforme utilizando relógios comparadores colocados Fig. 10.5. Correia plana
prensado pois estes motores não dispõem
NBR 8008. um em cada semiluva, de modo a verificar de ponta de eixo com furo roscado.
b) Correia trapezoidal ou em “V”: é a mais
- Balanceamento do ventilador: desalinhamentos axiais e radiais, de acordo recomendada por necessitar de pequena
O uso de somente um plano de correção com a figura 10.3. tensão para transmitir o movimento. Não
é suficiente, já que a distância entre os desliza devido ao efeito de cunha sobre a
mancais de apoio é normalmente grande polia. A figura 10.6 ilustra este tipo de correia.
e o deslocamento axial é pequeno
(balanceamento estático).

10.1.3. Sistema de Acoplamento Fig. 10.4. Acoplamento Elástico

O rendimento mecânico e a vida dos Obs.: medida A


Fig. 10.8. Montagem de polias Fig. 10.9.
mancais estão diretamente ligados à forma deve ser no mínimo
utilizada para transmitir a potência fornecida de 4mm. Obs.: para que esta operação seja executada é Nota: Uma excessiva tensão nas correias
pelo motor. necessário retirar a calota de proteção do venti- danificará os rolamentos e pode provocar a
No projeto do equipamento, deve-se lador, recolocando-a após a execução do trabalho. quebra do eixo.
Fig. 10.3 Alinhamento de acoplamento rígido Fig 10.6. Correia trapezoidal
70 71
A tabela 10.1 indica os valores de vida para os mancais e pode ser verificado
diâmetro primitivos mínimos recomendados através da impressão dos dentes
para correias trapezoidais ou em “V”. previamente pintados sobre uma tira de
papel, após um giro completo do eixo, de
Dp = diâmetro primitivo ou diâmetro nominal acordo com a figura 10.10.
L = Largura da polia
10.1.4. Esforços sobre os mancais
Obs.: para motores que operam em 50 Hz
multiplicar o diâmetro obtido da tabela 10.1 Os esforços sobre os mancais dividem-
pelo fator 0,83. se em dois tipos principais, conforme
o sentido de aplicação da força: carga
Os valores de diâmetro máximos não axial, quando a força atua no sentido do Os valores da tabela 10.2 referem-
são indicados, pois dependem do material eixo, e carga radial, quando a força atua se à carga radial máxima admissível
utilizado, a confecção da polia e da perpendicularmente ao eixo, conforme concentrada na extremidade da ponta de
velocidade de rotação. figura 10.11. eixo.
Para não haver sobrecarga nos mancais
Tabela 10.2. devem ser evitados:
Posição I - motor na vertical com a carga atuando para baixo. - Uso de polias estreitas localizadas
Posição II - motor na vertical com a carga atuando para cima. próximas à extremidade da ponta de eixo,
Posição III - motor na horizontal com a carga atuando para dentro. que causa grandes reações sobre os
Posição IV - motor na horizontal com a carga atuando para fora. rolamentos. (figura 10.12).
- Acoplamento de componentes de grande
Os casos em que forças axiais e radiais são aplicadas no mancal simultaneamente porte diretamente ao eixo do motor, sem
Fig. 10. mancais de apoio, conforme figura 10.13.
devem ser tratados individualmente, mediante consulta.
10.1.3.3. Transmissão por engrenagens
Devem ser observados os mesmos
cuidados referentes ao ajuste de um
acoplamento rígido.
Um engrenamento correto significa
Fig. 10.11.

Cargas excessivas significam


redução da vida útil dos rolamentos e,
para que elas não ocorram, devem ser
seguidas as recomendações sobre a
forma de transmissão de potência dadas
anteriormente.
Para que os rolamentos tenham uma
vida útil aproximada de 20.000 horas em
60 Hz e 24.000 horas em 50 Hz, as cargas
axiais e radiais máximas admissíveis
nos mancais dos motores Voges são as
Fig. 10.10. indicadas na tabela 10.2.
Tabela 10.1
72 73
Fig. 10.12.

Fig. 10.13.

10.2. Características Elétricas

10.2.1. Alimentação Tabela 10.4.


Ao alimentar um motor elétrico, deve-se
considerar dois tópicos: as características Tabela 10.5.
da rede de serviço e o dimensionamento
dos cabos de alimentação.
As características da rede elétrica devem
Observe que estas tabelas já condutores utilizados em motores Ex. 2: dois motores trifásicos de 50
obedecer a NBR 17094 que padroniza as
tensões e frequências utilizadas, bem como consideram uma capacidade de condução elétricos. e 75 cv, 4 polos, em regime contínuo
as tolerâncias admissíveis para as mesmas. de corrente igual ou superior a 125% com corrente nominal de 119 e 186 A,
Para o dimensionamento de cabos de da corrente nominal de alimentação do Ex. 1: um motor trifásico de 30 cv, 2 polos, respectivamente, devem ser instalados a
alimentação dos motores elétricos, que motor. Além disso, as bitolas consideradas 380 V, em regime contínuo com corrente 85 e 125 m do ramal de entrada, em uma
é determinado através de sua corrente possuem as correspondentes seções em nominal de 43 A deve ser instalado a 48m rede aérea de 220 V. Qual a bitola dos
nominal, obedece-se aos padrões indicados milímetros conforme tabela 10.5. do ramal de entrada. condutores a ser utilizada neste caso?
pela NBR 5410 que estabelece, entre outros
aspectos, os valores máximos de corrente Para o caso dos motores funcionarem Qual a bitola dos condutores de Solução: sendo as correntes nominais,
para cada condutor. em regime não contínuo, a corrente alimentação a ser utilizada, se instalados In1 = 119 A e In2 = 186 A e as distâncias,
Nas tabelas 10.3 e 10.4, têm-se o nominal a ser considerada para a em eletrodutos? l1 = 85 m e l2 = 125 m, com 220 V de
dimensionamento das bitolas dos condutores
utilização das tabelas 10.3 e 10.4 deverá tensão aplicada, utiliza-se para consulta
necessários à ligação de motores através de Tabela 10.3.
eletrodutos e redes aéreas, considerando ser multiplicada pelo fator de ciclo de Solução: sendo In = 43 A (corrente às tabelas, o somatório das correntes e
a distância dos motores até a entrada serviço, conforme a tabela 10.6. nominal), L=48m (distância do circuito) a maior distância. Assim, com It = In1 +
de serviço, a tensão de alimentação e a Nota: a conexão dos cabos na rede deve ser feita por uma pessoa qualificada e com e 380 V (tensão utilizada), observa-se a In2.:. It = 305 A e l = 125 m, observa-se a
corrente máxima dos cabos ou fios, para muita atenção para assegurar um contato perfeito e permanente. Caso isto não ocorra A seguir, alguns exemplos de tabela 10.4. de onde, para uma distância tabela 10.4, onde para uma distância de
comparar com valores de corrente nominal trará ao motor um desempenho indesejável. utilização das tabelas, onde faz-se de 50m em 380 V e uma corrente de 40 A, 150 m em 220 V e uma corrente de 300 A,
dos motores. o dimensionamento dos fios e cabos escolhe-se o cabo 8 AWG.
74 75
determina-se o cabo 400M AWG. M1: 7.5 cv, 2 polos, 380 V, 12 A, regime dupla velocidade, um deles com 2/4 10.2.1.1. Esquema de ligação à rede
contínuo. polos, 11.5/10.5 cv e 16/14 A de corrente
Ex. 3: uma ponte rolante, com tempo M2: 25 cv, 4 polos, 380 V, 36 A, serviço nominal e outro com 6/8 polos, 13/9.5
de serviço nominal de 45 minutos, utiliza curto, tempo nominal de 5 minutos. cv e 19/16.5 A de corrente nominal,
um motor de 15 cv, 4 polos, com corrente M3: 12.5 cv, 6 polos, 380 V, 21 A, regime estão localizados a 180 m do quadro de
nominal de 22 A em 380 V, estando contínuo. comando.
instalada a 96 m do quadro de comando. M4: 100 cv, 6 polos, 380 V, 144 A, Se alimentarmos em 440 V, 60 Hz,
Nestas condições, qual o cabo a ser serviço intermitente, tempo nominal de por uma rede aérea, qual a bitola
utilizado, para rede aérea? 15 minutos. recomendada para os cabos de
alimentação se estes trabalham em
Solução: neste caso, deve-se Se este grupo deve ser alimentado regime contínuo?
considerar o fato do ciclo de serviço por cabos a uma distância de 210 m do
ser intermitente com tempo de serviço ramal de entrada, para M4, qual a bitola Solução: neste caso, de acordo com
nominal de 45 minutos. A corrente recomendada para eletrodutos e rede a NBR 5410, deve ser considerado o
nominal deve, então, ser multiplicada aérea? maior valor dentre as correntes nominais
pelo fator 0.90, conforme a tabela 10.7. de plena carga dos motores, ou seja In1
Logo In’ = 22* 0.90.:. In’ = 19.8 A. Com Solução: sendo as correntes = 16 A e In2 = 19 A. Assim, a corrente a
estes dados, I = 19.8 A e l = 96 m, nominais, In1 = 12 A, In2 = 36 A, In3 ser considerada será o somatório de In1
entra-se na tabela 10.4 onde para uma = 21 A e In4 = 144 A, a corrente a ser e In2, que resultará em 35 A. Utilizando-
distância de 100 m, tensão de 380 V e considerada será o somatório de In1 a se a tabela 10.3. para uma distância de
uma corrente de 20 A, obtém-se o cabo In4, ou seja, It. 200 m em 440 V e uma corrente de 40 A,
10 AWG. Porém, os motores M2 e M4 obtém-se o cabo 4 AWG.
possuem um regime de funcionamento
não-contínuo, e suas correntes
nominais devem ser multiplicadas pelos
respectivos fatores, de acordo com a
tabela 10.6 ou seja, para M2, In2 = 36*
1,10.: In2’ = 39,6 A e para M4, In4 = 144*
0.85.:. In4’ = 122.4 A. Desta maneira, It
= In1 + In2 + In3 + In4.:. It = 12 + 39.6 +
21 + 122.4.:. It = 195 A.
Com estes dados, I = 195 A e ℓ =
210m, observa-se para eletrodutos a
tabela 10.4., de onde para uma distância
de 240 m em 380 V e uma corrente de
Tabela 10.6. 195 A, escolhe-se o cabo 4/0 AWG. Para
uma rede aérea, observa-se a tabela
10.3, de onde, para uma distância de
Ex. 4: um grupo de motores trifásicos
200 m em 380 V e uma corrente de 195
apresenta-se com as seguintes
A, escolhe-se o cabo 3/0 AWG.
características:
Ex. 5: dois motores trifásicos de Figura 10.14.

76 77
10.2.1.1. Esquema de ligação à rede conforme NBR 15367
IDENTIFICAÇÃO DOS CABOS W4 respectivamente. 1U1, 1V1, 1W1, 1U2, 1V2, 1W2, respectiva-
SEGUNDO NBR 15367 mente, e as letras U2, V2, X2, Y2 e Z2.
A norma NBR 15367 regulamenta
a identificação dos cabos de motores
elétricos. Esta norma baseou-se nas
normas IEC, para motores trifásicos, e
NEMA, para motores monofásicos.
Abaixo a equivalência da nova Motores de 6 Terminais – Série BD e SD.
identificação com os números e letras Deverão ter as letras U, V, W, X, Y e Z MOTORES MONOFÁSICOS :
utilizados anteriormente. substituídos por 2U, 2V, 2W, 1U, 1V, 1W,
respectivamente. Motores de 6 terminais – Uma velocidade
MOTORES TRIFÁSICOS – Dupla tensão: Deverão ter as letras ou
Motores de 3 Terminais: números U(1), X(3), Z(2), V(4), W(5) e Y(6)
Deverão ter as letras U, V e W substituídos substituídos por T1, T2, T3, T4, T5, e T8, res-
por U1, V1 e W1, respectivamente. pectivamente.
Motores de 9 Terminais – Série BD e SD.
Deverão ter as letras 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e
9 substituídos por 1U, 1V, 1W, 2U, 2W, 2V,
3U, 3W e 3V, respectivamente. Motores de 6 terminais – Dupla tensão –
Motores de 6 Terminais: Duplo sentido de giro: Deverão ter as letras
Deverão ter as letras U, V , W, X, Y e Z ou números U(1), X(3), Z(2), V(4), W(5) e
substituídos por U1, V1, W1 U2, V2 e W2 Y(6) substituídos por T1, T2, T3, T4, T5, e T8,
respectivamente. respectivamente.

Motores Série BA e SA – 6 Terminais – Motores de 4 terminais – Uma velocidade


Motores de 9 Terminais:
Dupla Velocidade – 2 Enrolamentos In- – Tensão única – Capacitor permanente:
Deverão ter números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e
dependentes – 3 terminais por enrola- Deverão ter as letras U, V, Y e X substituídos
9 substituídos por U1, V1, W1, U2, V2, W2,
mento: Deverão ter as letras U, V, W, X, Y por T1, T5, T8 e T4, respectivamente.
U3, V3 e W3 respectivamente.
e Z substituídos por 1U1, 1V1, 2U1, 2V1,
2W1 respectivamente.
Motores de 3 terminais – Uma velocidade
– Tensão única – Sentido Inverso:
Deverão ter as letras U, V e W substituídos
Nota: Relação entre letras e números para por T1, T2 e T3 respectivamente.
as placas de ligação dos motores trifásicos. Motores Série BA e SA – 12 Termi-
- 1 velocidade - dupla tensão - 6 cabos. nais – Dupla Velocidade – 2 Enrola-
Motores de 12 Terminais:
mentos Independentes – 6 terminais
Deverão ter números 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7,
por por enrolamento: Deverão ter as letras
8, 9, 10, 11 e 12 substituídos por U1, V1, Obs.: Os esquemas de bobinagem deverão
U1, V1, W1, X1 , Y1 e Z1 substituídos por
Fig. 10.14.
W1,U2, V2, W2, U3, V3 , W3, U4, V4 e ser indicados acrescentando /1 e ou /1 A.
78 79
10.2.1.2. Ligação do motor à terra - D – Alimentação Independente. Para
Aterramento motores com tensão diferente do freio, (ex.

Para maior proteção do usuário, o


motor 440V e freio 220V) deve-se ligar os
terminais da ponte retificadora a uma rede de Acionamento e Proteção
11
motor, assim como todo equipamento alimentação independente, porém sempre
elétrico, deve possuir uma conexão que o com interrupção simultânea do motor e do
ligue à terra. freio. Portanto, deve-se utilizar um contato
Os motores Voges dispõem de terminal auxiliar normalmente aberto (N.A.) do
próprio para a conexão no interior da caixa contactor que comanda o motor. Para teste
de borne ou na base (pé ou flange). Estes tipo de alimentação independente não é
Tabela 10.8 possível fazer a frenagem lenta, pois neste
pontos de ligação devem oferecer ótimo
contato e devem ser mantidos limpos e 10.2.2. Esquemas de Ligação tipo de frenagem alimentamos a ponte com
bem conectados. Conforme fig. 10.15. do Eletroímã CC (Motofreio) os fios que alimentam o motor. Portanto só
poderemos fazer uma frenagem lenta quando
O Motofreio com o eletroímã acionado o motor, ponte e bobina de eletroímã tiverem
por corrente contínua, fornecido pela a mesma tensão. Figura 10.16. item D
ponte retificadora localizada na caixa de
bornes, admite três sistemas de ligações,
proporcionando frenagens lentas, médias e
rápidas.
A – Frenagem Lenta. A alimentação da
ponte retificadora é feita diretamente dos
bornes do motor, sem a interrupção, com
110/220/380/440 Vac conforme a tensão do
freio da Figura 10.16. item A
B – Frenagem Média. Intercala-se um
contato para interrupção da tensão de
alimentação da ponte retificadora, no circuito
de alimentação CA. É essencial que este
seja um contato auxiliar tipo normalmente
Fig. 10.15
aberto (N.A.). do próprio contactor que
comanda o motor, para garantir que se ligue
O dimensionamento dos cabos de e desligue o freio simultaneamente com o
aterramento dos motores elétricos está motor. Figura 10.16. item B
descrito na tabela 10.8. O condutor é
dimensionado em relação aos cabos de C – Frenagem Rápida. Intercala-se um contato
alimentação do motor. para interrupção diretamente de um dos fios de
alimentação do eletroímã, no circuito de corrente
Nota: antes de energizar os terminais do contínua (CC). É necessário que este seja um
motor, certifique-se que o aterramento contato auxiliar tipo normalmente aberto (N.A.), Fig. 10.16.
seja feito de acordo com o procedimento do próprio contactor que comanda o motor. Nota: existe somente um tipo de ponte
acima, pois é fundamental contra riscos de Figura 10.16. item C retificada, que observa as tensões
acidentes. 110/220/380/440 VCA.
80 81
Acionamento e Proteção 11.1.1.3. Efeitos aproximados da
variação de tensão
Onde: (%) = DmáxV .100
VM
O conjugado de partida fica reduzido,
dificultando a entrada em funcionamento

11
DmáxV = Desvio máximo das tensões em do motor.
relação ao valor médio O conjugado a plena carga fica
VM = Valor médio igualmente reduzido, produzindo um
escorregamento além do normal e
Exemplo: Para os valores de tensões entre diminuindo o rendimento do motor.
fases de 220V, 215V e 210V, o valor médio
da tensão é de 215V e o desvio máximo da Como minimizar os efeitos do
Quando da instalação de motores Brasil são: Um motor de indução deve ser capaz de tensão em relação ao valor médio é de 5V. desequilíbrio de tensões:
elétricos devem ser tomadas algumas a) Em redes industriais trifásicas: prover torque nominal na Zona B, mas pode Daí resulta:
precauções em relação aos dispositivos Baixa tensão: 220V, 380V e 440V apresentar desvios superiores àqueles da 5
(%) = .100 = 2,3% - Melhorar a distribuição das cargas nas
adequados de acionamento e proteção a Média tensão: 2300V, 4160V e 6600V Zona A, no que se refere as características 215 redes trifásicas, procurando o melhor
serem utilizados. de desempenho à tensão e frequências
b) Em redes monofásicas: Nota: a equação é dada para comodidade equilíbrio possível;
A seguir, estes tópicos são analisados nominais. As elevações de temperatura
127V, 220V, 254V e 440V. do usuário do motor e é somente - Bitolas de cabos adequadas à rede e ao
com o intuito de esclarecer qual a alternativa podem ser superiores às verificadas com
uma aproximação do valor relativo do sistema;
adequada. A NBR 17094 especifica que os motores tensão e frequências nominais e muito
componente de sequência negativa da - Localizar e avaliar equipamentos mal
11.1. Acionamento de Motores elétricos de indução devem funcionar de provavelmente superiores àquelas da Zona
tensão. A determinação mais precisa pode dimensionados;
Elétricos forma satisfatória, à frequência e potência A. O funcionamento prolongado na periferia
ser feita pela decomposição do sistema - Proteção interna nas três fases com
nominais, sob variação ocasional da tensão da Zona B não é recomendado.
trifásico em suas componentes simétricas. termistores ou termostatos e relé de
Os sistemas de acionamento têm como dentro do limite de mais ou menos 10% do Para desequilíbrios das tensões superiores a sobrecarga com chave magnética;
funções básicas: valor nominal. onde, 5% é necessário um estudo da componente - Manutenção preventiva nos quadros
de sequência negativa das correntes. elétricos, verificando: o desgaste dos
a) A conexão e desconexão do motor à 11.1.1.2. Tolerância de variação de Cp - Conjugado de partida contatos dos contatores; a fixação dos
rede de alimentação. tensão e frequência Cmáx - Conjugado máximo Efeitos do desequilíbrio terminais; o dimensionamento dos cabos.
IP - Corrente de partida O desequilíbrio provoca uma sobre
b) O comando e o controle das características Conforme norma ABNT NBR 17094, % - Rendimento
para motores de indução as combinações elevação da corrente e, por consequência,
de desempenho durante a partida COS - Fator de potência 11.1.1.5. Frequência e tolerâncias
de variações de tensão e de freqüência são um superaquecimento na bobina, podendo
(velocidade, conjugado, potência, corrente, In - Corrente nominal
classificados como zona A ou zona B, de levar à queima da mesma. Segundo
etc.) Existem dois padrões internacionais de
acordo com a figura 11.1. a norma NEMA (National Electrical
11.1.1.4. Efeitos de um sistema de tensões Manufactures Association), este aumento frequência para redes elétricas: 50 e 60
Os sistemas mais simples consistem em desequilibrado sobre as características de Hz. No Brasil, a frequência padronizada
Um motor de indução deve ser capaz de temperatura será aproximadamente
chaves liga-desliga e os mais complexos funcionamento de um motor é de 60 Hz. A frequência de operação dos
de prover torque nominal continuamente duas vezes o quadrado do percentual do
condicionam a energia elétrica de excitação motores está especificada em sua placa
dentro da Zona A da figura 11.1, mas Também conhecido como efeitos do desequilíbrio de tensões entre as fases.
de forma a se obter as características de de identificação e a NBR 17094 prescreve
desempenho desejadas. pode não atender completamente as desbalanceamento de fases, os efeitos de
que os mesmos devem funcionar de
suas características de desempenho à desequilíbrio de tensões são graves para o
modo satisfatório sob tensão e potência
11.1.1. CARACTERÍSTICAS DA REDE DE tensão e frequência nominais (ver ponto funcionamento de um motor, no entanto é
nominais, com variação de frequência
ALIMENTAÇÃO de características nominais na figura comum existir em desequilíbrio de 3 a 5%.
dentro de mais ou menos 5% da nominal
11.1.), apresentando alguns desvios. As A percentagem de desequilíbrio das
ou sob variação conjunta de tensão e
11.1.1.1. Tensões e tolerâncias elevações de temperatura podem ser tensões é calculada facilmente a partir da
Fig. 11.1. Limites das variações de tensão e de frequência de mais ou menos 10%,
superiores aquelas obtidas à tensão e medição das tensões nas três fases e
frequência em funcionamento desde que a última não supere os 5%.
Os valores de tensão padronizados no frequência nominais. utilizando a equação:
82 83
– Corrente Nominal: In (60Hz) = 0,95 In Consiste de um mecanismo operado flutuação de tensão ocasionada na rede de exceto na substituição de resistores por a tensão aplicada ao estator aumenta
11.1.1.6. Utilização de motores com (50Hz) manualmente que conecta e desconecta o alimentação. reatores. É utilizado principalmente em devido à redução na corrente de linha.
variação de tensão e frequência. motor à rede (figura 11.2.). Para limitar a corrente de partida aplicações de média tensão, pois o reator, A partida com tensão reduzida através
– Corrente com Rotor Bloqueado: dos motores, são utilizados dispositivos devido a características próprias, isola o de resistências em série com o estator
Os motores elétricos de indução são Ip (60Hz) = 5/6 Ip (50Hz) Chave Manual redutores de tensão durante a partida, que equipamento. melhorará o fator de potência da partida,
projetados para operarem de acordo com são brevemente descritos a seguir: mas produzirá maiores perdas. Além disso,
as suas características nominais. Algumas c) Motor de 60 Hz ligado em 50 Hz, porém Na figura 11.4 item a, é mostrado o o conjugado máximo não será tão grande
vezes, entretanto, eles são utilizados alterando a tensão proporcionalmente à a) Resistor ou Reator Primário circuito acima descrito, no qual tanto as como seria para a mesma impedância
em circuitos com tensão e frequência frequência: resistências como as bobinas de reatância em série usando um reator equivalente.
diferentes das projetadas. Conforme essas O dispositivo resistor primário é utilizado podem ser usadas para produzir redução A corrente e o conjugado de partida são
variações a performance do motor irá – Tensão: Vn (50Hz) = 5/6 Vn (60Hz) como redutor da tensão de partida. O da tensão de partida. A figura 11.4. item b os mesmos, tanto para um reator como
variar em relação aos valores nominais. Os – Potência: Pn (50Hz) = 5/6 Pn (60Hz) Fig. 11.2. Partida manual de motores seu custo de instalação é pequeno, mostra a curva conjugado-velocidade para para um resistor inserido. As vantagens
resultados aproximados destas variações b) Partida com chave magnética especialmente nos motores menores, o motor a plena tensão. da partida com reator, entretanto, são
são os apresentados a seguir. – Velocidade Síncrona: rpm (50Hz) = 5/6 devido à sua simplicidade. O conjugado Usando resistência primária ou contrabalançadas pelo seu maior custo.
rpm (60Hz) (contactora):
do motor é reduzido proporcionalmente reatância primária, haverá uma redução
a) Variação de tensão ao quadrado da tensão aplicada aos na tensão do instante da partida que
– Conjugado Nominal: Cn (50Hz) = Cn Este dispositivo contém um mecanismo
de abertura e fechamento de contatos no terminais do estator, porém a corrente da produzirá uma redução do conjugado. Se
(60Hz) linha é reduzida apenas na proporção da esta tensão (e a corrente primária) fosse
circuito do motor e pode ter acoplado uma
– Conjugado com Rotor Bloqueado: proteção térmica contra sobreaquecimento. redução de tensão. constante, a curva do conjugado seria
Cp (50Hz) = Cp (60Hz) Quando a bobina é energizada, o circuito O circuito do reator primário é igual àquela que segue a linha pontilhada.
do motor é fechado através de contatos similar ao circuito do resistor primário, Conforme o motor acelera, entretanto,
– Conjugado Máximo: Cmáx (50Hz) = móveis. Desenergizando-se a bobina, os
Cmáx (60Hz) contatos abrem o circuito, através de uma
– Corrente Nominal: In (50Hz) = In (60 Hz) mola. Estes dispositivos frequentemente
Tabela 11.1. são controlados por botoeiras, chaves
– Corrente com Rotor Bloqueado: Ip (50Hz) fim de curso, temporizadores, relés,
b) Motor de 50 Hz ligado em 60 Hz, man- = 0,95 Ip (60Hz) interruptores de pressão, chaves boia, etc.
tendo a tensão constante: (figura 11.3.).
– Tensão: Vn (60Hz) = Vn (50 Hz) 11.1.2. Tipos de Acionamento
11.1.2.2. Partida com tensão reduzida
– Potência: Pn (60 Hz) = Pn (50 Hz) Os dispositivos de acionamento podem
ser classificados em dois grupos, descritos Determinadas cargas ou máquinas
– Velocidade Síncrona: rpm (60 Hz) = 6/5 a seguir:
rpm (50 Hz) necessitam de partidas suaves e
acelerações gradativas, não suportando
– Conjugado Nominal: Cn (60 Hz) = 5/6 Cn 11.1.2.1. Partida a plena tensão os altos valores de conjugado produzidos
(50 Hz) na partida do motor a plena tensão. Além
Para partida a plena tensão são disso, em redes de distribuição em baixa
– Conjugado com Rotor Bloqueado: utilizadas chaves com dois tipos básicos de tensão, a maioria das concessionárias
Cp (60Hz) = 5/6 Cp (50Hz) acionamento: manual e magnético. de energia elétrica limita a potência de
– Conjugado Máximo: Cmáx (60Hz) = 5/6 partida direta em 5 e 7,5cv (220 e 380V,
a) Partida com chave manual: respectivamente) devido aos altos picos
Cmáx (50Hz)
É utilizada para pequenos motores. da corrente de partida e consequente Fig. 11.3. Diagrama trifilar e de comando de uma partida magnética a plena tensão. Fig. 11.4.
84 85
b) Chave compensadora ou Il = (Im . Vm)/V = (65 . 143)/220 = 42,25A • Forma de Operação c) Chave estrela-triângulo tensões (220-380-440-760V), dependendo através de seu contato 13-14; ao mesmo
autotransformador de partida Devemos ter em mente que a potência da rede de alimentação, deve-se optar pela tempo seu contato de intertravamento 23-
é igual na entrada e na saída do autotrans- Ligação: o botão pulsador S1 aciona o relé Este dispositivo possibilita uma redução ligação 220-380V ou 440-760V. 24 impedirá que K2 seja acionado.
Quando a limitação da corrente de formador, isto é: temporizador KT e o contator K3. O contato de até 1/3 da corrente de partida do motor.
partida é importante, este dispositivo é fechador 13-14 de K3 aciona o contator K2. Para isto, o motor deverá possuir dupla Com K1 e K3 ligados, o motor começa
normalmente utilizado. Ele possibilita Comutação: decorrido o tempo pré- tensão. A menor tensão deverá ser igual à a girar na ligação estrela. O contator
baixa corrente de linha e baixas perdas O conjugado de partida é proporcional ao ajustado, o relé KT comuta, o contator K3 tensão de rede e a outra 3 vezes maior, K1 se mantém ligado através de seus
durante a partida. Este dispositivo, devido quadrado da tensão aplicada aos terminais é desligado e o contator K1 é acionado conforme indicado na tabela 11.2. contatos 13-14 e 23-24; K3 se mantém
à ação do transformador, permite o maior do motor. Então: através dos contatos 13-14 de K2 e 11-12 Ao utilizar a chave estrela-triângulo, deve- ligado através dos contatos 13-14 de K1,
conjugado por unidade de corrente elétrica. de K3. O contator K2 é desligado através se tomar algumas precauções, tais como: 1-2 de KT e 23-24 de K2.
Frequentemente, os autotransformadores Cp α V2 do contato 11-12 de K1, que se mantém
são utilizados para partida de motores Cp α 0,65.0,65 ligado através de seu contato 13- 14 e pelo – Quando o motor estiver ligado em estrela, Comutação: ao final da temporização,
sob carga. Estes equipamentos possuem Cp α 0,42 contato 11-12 de K3. Nesta condição, o o conjugado resistente, ou seja, da carga, o contato 1-2 do relé KT abrirá,
conexões de 50, 65 e 80% da tensão motor opera sob tensão nominal. não deverá ser superior ao conjugado do desenergizando K3. Ao mesmo tempo, o
nominal e deve ser adotada a conexão Neste caso, com o TAP de 65%, o Interrupção: pode ser feita acionando-se motor; contato com retardo 3-4 de KT permanecerá
adequada para atingir o conjugado de conjugado de partida do motor é 42% do o botão SO ou através de uma sobrecarga fechado por alguns microssegundos,
aceleração necessário ao conjunto motor- conjugado de partida a plena tensão. pelo contato 95-96 do relé térmico F4. – A comutação de ligação (estrela para Tabela 11.2. tempo suficiente para energizar K2. Neste
máquina. A figura 11.5 mostra o diagrama triângulo) deverá ser alvo de um estudo instante acontece a comutação da ligação
de ligação de motores utilizando chave criterioso pois uma comutação realizada estrela para a ligação triângulo (com plena
compensadora. antes do motor ter acelerado acarretará um tensão de rede).
significativo acréscimo de corrente, o que
Exemplo: seja um motor ligado a um pode invalidar a utilização do dispositivo. O contator triângulo K2 se mantém
circuito de 220V, cuja corrente de partida ligado através de seu contato 13-14, do
(Ip) é 100 A. A figura 11.6, item a, dá uma ideia do contato 13-14 de K1 e 23-24 de K3. O
Sejam: que foi dito: o conjugado da carga (Cr1) contato de intertravamento 23-24 de K2
mantém-se abaixo do conjugado do motor impedirá que K3 seja religado.
V = tensão do circuito em estrela (Cy), o qual acelera a carga até
95% da rotação nominal, quando ocorre a Interrupção: um novo arranque não
I = corrente no circuito, antes do autotrans- comutação para triângulo. Neste instante, é possível, a não ser depois de uma
formador a corrente atinge 2,3 vezes a nominal, ou desconexão pelo pulsador SO, ou em
seja, praticamente igual à da partida em caso de sobrecarga pelo contato de
Im = corrente no motor estrela. Caso o conjugado da carga fosse Fig. 11.6. Comutação da chave estrela-triângulo: abertura 95-96 do relé térmico F4.
mais elevado (Cr2) – ver figura 11.6 item b (a) com 95% da velocidade; (b) com 75% da
Vm = tensão nos terminais do motor – , o motor não aceleraria suficientemente e velocidade. • Comparativo entre as Chaves
a comutação se daria antes do motor atingir Compensadoras e Estrela-triângulo
Com o autotransformador no TAP de 65%, 95% da rotação nominal (por exemplo, em • Forma de operação (Fig. 11.7.)
obtemos: 75%). Nesse caso, a corrente atingiria um • Chave Compensadora
valor de 4,7 vezes a nominal, o que não Ligação: o botão pulsador S1 aciona o Vantagens:
Vm = 65% . V = 0,65. 220V = 143V é vantagem, uma vez que na partida a relé temporizador KT que imediatamente
corrente era somente 2,3 vezes a nominal. aciona o contator K3 através de seu 1- Na passagem da tensão reduzida
Im = 65% . Ip = 0,65 . 100A = 65 A contato 1-2 e 23-24 de K2. para a tensão da rede, o pico de
Observação: para motores de quatro Por sua vez o contator K3 energiza K1 corrente é bastante reduzido, visto que
Fig. 11.5. Diagrama trifilar e de comando para partida de motores com chave compensadora.

86 87
o autotransformador por curto espaço de transformador; 2- Não possui limite em relação ao básicas de um motor de indução 60 Hz, 4
tempo torna-se uma reatância; 2- A determinação do autotransformador número de manobras; polos, controlado por variador de frequência.
2- Partida de carga com alta inércia, adequado requer que seja conhecida a 3- Os componentes necessitam de pouco
como bombas, ventiladores ou outras frequência de manobras; espaço físico.
máquinas que demoram para atingir a 3- Grande volume, devido ao
velocidade nominal; autotransformador; Desvantagens:
3- Pode ser utilizada com qualquer que 4- Maior custo. 1- O conjugado de partida reduz-se a um
seja a tensão nominal do motor. terço do conjugado nominal, durante a
partida;
• Chave Estrela-Triângulo
Desvantagens: 2- A tensão da rede deve coincidir com a
1- A redução da corrente é ajustada Vantagens: tensão em triângulo do motor; Fig. 11.8.A. Ligação série-paralela estrela.
conforme o TAP utilizado no auto- 1- Menor custo; 3- A chave só pode ser aplicada a
motores que possuam seis ou doze Fig. 11.9. Sinal tipo tampa ascendente.
terminais acessíveis;
4- Com a comutação de estrela para A figura 11.10 mostra a configuração
triângulo antes do tempo previsto, haverá básica de um dispositivo de partida a
um pico de corrente muito elevado, o estado sólido.
que invalida o uso do dispositivo.

d) Chave série-paralela

Este dispositivo exige que os motores Fig. 11.11. Curvas características de um motor
acionado por variador de frequência.
a serem acionados possuam dupla
tensão. A menor tensão deverá ser Fig. 11.8.B. Ligação série-paralela triângulo.
Com frequência inferior à nominal,
igual à tensão de rede e para isto, os (60Hz), a tensão varia na mesma proporção
motores devem possuir nove terminais e) Dispositivos de Partida com da frequência e o motor pode fornecer
acessíveis. Semicondutores conjugado constante. Com frequência
Durante a partida, o motor deverá superior à nominal, a tensão permanece a
ser ligado em série. Quando o mesmo É a partida de motores utilizando-se mesma e o motor pode fornecer potência
atingir sua rotação nominal, deverá ser semicondutores, ao invés de contatos
Fig. 11.10. Dispositivo de partida a estado sólido.
constante.
feita a comutação para a configuração mecânicos. Neste caso, tem-se a
em paralelo. aceleração do motor constante, fazendo 11.1.2.3. Dispositivos variadores de 11.1.2.4. Dispositivos de correntes
As figuras 11.8.a e 11.8.b indicam as com que sua velocidade varie de zero frequência parasitas
duas formas de ligação: em estrela e em até a nominal pela variação da tensão de
triângulo. alimentação de zero à tensão nominal, O motor de indução é usualmente Os elementos principais de um
como mostra a figura 11.9. considerado um motor de velocidade dispositivo de acionamento por correntes
constante, e de fato o é, quando conectado parasitas são: um motor CA, um
Estes dispositivos produzem uma baixa a uma fonte de alimentação com frequência acoplamento de correntes parasitas, um
Observação: todos os motores corrente de partida (próxima da nominal), constante. Entretanto, essa velocidade tacômetro e um regulador a estado sólido.
elétricos Voges possuem, em sua uma aceleração suave e normalmente pode ser ajustada se o motor for alimentado A figura 11.12 mostra-nos a configuração
placa de identificação, os esquemas de possuem proteções contra sobrecarga, por uma fonte de frequência variável. do dispositivo.
Fig. 11.7. Diagrama trifilar e de comando para chave estrela-triângulo. ligação possíveis de serem realizados. falta e inversão de fase. A figura 11.11. mostra as características O acoplamento de correntes parasitas
88 89
consiste em dois membros rotativos: um condições de operação perigosas que 11.2.1.1. Fusíveis 11.2.1.2. Disjuntores – Custo elevado; sobrecarga de longa duração ou por uma
tambor acionado a velocidade constante possam causar danos pessoais e aos – Menor velocidade de atuação em curto- forte sobrecarga, ainda que de curta
pelo motor CA e, concêntrico ao tambor, equipamentos. São elementos ligados em série São dispositivos de manobra e proteção circuitos. duração.
um rotor para acionamento da carga. Os dispositivos de proteção atuais têm com as fases do circuito. Sua operação que podem atuar como simples interruptores No caso de interrupção de uma das
O conjugado é transmitido do tambor sua atuação baseada num dos seguintes consiste na fusão de um elemento de corrente nas condições normais do circuito fases, nos motores trifásicos haverá um
para o rotor através de um campo parâmetros: condutor de pequena seção transversal e como proteção nas condições anormais. aumento de corrente nas outras duas
magnético ajustável. Este campo magnético que, devido à Existem dois tipos básicos de disjuntores: os fases, o que forçará a atuação do relé após
é estabelecido em uma lacuna de ar a) Corrente de linha do motor; sua alta resistência, sofre um abertos (ou “de força”), geralmente trifásicos, algum tempo.
existente entre o rotor e o tambor, originado aquecimento maior que os demais e os em caixa moldada, que podem ser mono, Os relés térmicos são largamente
pela transferência de energia do regulador b) Temperatura interna do motor. condutores. Para motores são utilizados bi ou trifásicos. utilizados devido à sua versatilidade de
para uma bobina do rotor. O regulador fusíveis com retardo para evitar a “queima” Os disjuntores mais comumente utilizados instalação em contactoras e regulagem
ajusta a excitação da bobina a um nível Normalmente sua atuação ocorre dos mesmos com as altas correntes possuem disparadores térmicos para da corrente de atuação. O conjunto relé
onde a velocidade de saída indicada por por somente um dos parâmetros acima, originadas durante a sua partida. proteção contra sobrecargas e disparadores térmico + fusível oferece proteção total ao
um tacômetro seja igual àquela indicada no porém existem protetores que utilizam as Os fusíveis proporcionam a melhor eletromagnéticos para proteção contra curto- motor contra sobreaquecimento gerado por
potenciômetro de referência. duas características. proteção contra as correntes de curto- circuitos (disjuntores termomagnéticos). corrente.
Convém informar que a seleção do circuito, porém são inadequados A figura 11.14 mostra esquematicamente
protetor adequado requer um criterioso como proteção para sobrecargas, o funcionamento de um disparador 11.2.2. Protetores com resposta
Fig. 11.14. Esquema simplificado de um dis-
estudo do regime de funcionamento do principalmente devido aos mesmos serem eletromagnético. A armadura é tensionada parador eletromagnético. à temperatura
motor, o que evitará problemas futuros. fabricados em calibres padronizados através de uma mola de tal forma que apenas
(2, 4, 6, 10A, etc.). Além disso, para para uma corrente definida ela é acionada. Estes protetores são colocados no
11.2.1. Protetores com resposta pequenas sobrecargas de 1,0 a 2,0 Essa corrente pode ter um valor único fixado interior dos motores (normalmente nas
à corrente vezes a corrente nominal, o tempo de ou pode ser ajustável dentro de uma faixa cabeceiras das bobinas) e fornecem
fusão é demasiadamente longo, podendo definida. O ajuste é realizado variando-se o proteção contra todos os tipos de falhas
Estes dispositivos estão normalmente danificar o isolamento do motor. entreferro ou a tensão da mola. a que o equipamento está sujeito, pois
localizados entre o motor e o seu sistema A figura 11.13 mostra a composição de Os disparadores térmicos operam no sensoram diretamente a temperatura dos
de controle. Seu princípio básico de um fusível (no caso mais geral). princípio do bimetal, isto é, nas diferentes enrolamentos. Esses dispositivos são
Fig. 11.12. Dispositivo de acionamento por funcionamento reside no fato de que um dilatações que possuem os metais quando instalados sob especificação do cliente.
correntes parasitas. aumento na corrente de linha provoca uma submetidos a variações de temperatura. A seguir, uma breve análise destes
Acionadores por correntes parasitas consequente elevação da temperatura Duas lâminas de metais diferente são unidas dispositivos.
possuem até 30 faixas de variação devido às perdas ocasionadas no material e quando aquecidas dilatam diferentemente,
de velocidade com torque constante, condutor do dispositivo. curvando o conjunto, como pode ser visto na 11.2.2.1. Protetor Térmico
produzem 0,5% de regulação de Os protetores com resposta à corrente figura 11.15.
velocidade desde em vazio até a plena fornecem adequada segurança contra Agrande vantagem dos disjuntores em relação Fig. 11.15. Princípio de operação de um dis- O protetor térmico é um dispositivo
carga. Além disso, quando o motor sofre as mais comuns causas de sobrecargas, aos fusíveis é a capacidade de interrupção parador térmico bimetálico. limitador da temperatura de um sistema
um decréscimo acentuado de velocidade onde o aumento da corrente de linha seja da corrente nas 3 fases simultaneamente. ou partes do mesmo através da abertura
o regulador fornece o máximo de energia apreciável. Entretanto, estes dispositivos Com fusíveis, há a possibilidade de ocorrer automática do circuito elétrico após ser
sem pulsações. não respondem a sobretemperaturas Fig. 11.13. componentes de um fusível. a “queima” de somente um, deixando o 11.2.1.3. Relés Térmicos ultrapassado o limite de temperatura. O
causadas por condições ambientais motor ligado em duas fases. Além disso, religamento ocorrerá depois de razoável
1 - Elemento fusível
11.2. Proteção de Motores Elétricos (temperatura ambiente acima de 40ºC e os disjuntores oferecem proteção contra São dispositivos que utilizam o efeito variação na temperatura. Os protetores
por falhas de ventilação). A seguir são 2 - Corpo sobrecargas. Entre as desvantagens dos térmico da corrente em um par bimetálico, térmicos podem ser utilizados em série com
Os sistemas de proteção de motores analisados alguns dos dispositivos mais 3 - Indicador disjuntores, podemos citar: já comentado no item anterior. O relé os enrolamentos de motores monofásicos
elétricos destinam-se a impedir comumente utilizados em baixa tensão. 4 - Meio extintor térmico entra em ação ou por uma pequena com potência fracionária, cuja corrente

90 91
seja admissível pelos mesmos, ou como 7 – cabos de conexão e oferecem proteção total ao motor.
sensores que atuam sobre um sistema 8 – vedação em epóxi Não é adequada a sua utilização em
de comando externo para motores de
potências maiores.
motores sujeitos a pequenas sobrecargas
temporárias, em que o motor ultrapassa
Operação
12
a temperatura limite brevemente e depois
A figura 11.16 mostra um modelo de 11.2.2.2. Termístores retorna ao normal, pois o termístor atuará
protetor térmico. Nele, o disco bimetálico indevidamente.
muda de posição (verticalmente) assim O termístor é um semicondutor instalado
que a temperatura atingir o valor pré- nas cabeceiras das bobinas. Existem dois 11.2.2.3. Termorresistores PT100
estabelecido e os contatos são abertos, tipos básicos de termístores, que são:
interrompendo o circuito. São elementos cuja operação é
a) PTC (coeficiente de temperatura positiva); baseada na característica intríseca a alguns
materiais (platina, níquel ou cobre) de
b) NTC (coeficiente de temperatura negativa). variação da resistência com a temperatura.
Fabricados com resistência calibrada,
O termístor PTC, utilizado em motores, que varia linearmente com a temperatura,
é alimentado por corrente contínua através possibilitam um acompanhamento contínuo
de um circuito auxiliar. Caso ocorra do processo de aquecimento do motor, que
uma elevação da temperatura acima do pode ser controlado ou monitorado por
valor limite do termístor, o mesmo sofre meio de instrumentos indicadores.
um brusco aumento em sua resistência Possuem alto grau de precisão e
interna, passando de condutor a isolante. A sensibilidade de resposta e geralmente
Fig. 11.16. Composição do protetor térmico.
interrupção da corrente no circuito auxiliar são utilizados em motores com funções de
1 – revestimento externo de metal aciona um relé que desliga o circuito grande responsabilidade (uso essencial)
principal. ou em aplicações de uso intermitente muito
2 – contato móvel de forma cilíndrica
O termístor NTC funciona de uma irregular, onde o detector pode servir tanto
3 – contato de prata para alarme como para desligamento.
maneira inversa e normalmente não é
4 – disco cilíndrico bimetálico utilizado em motores. São obrigatórios em motores de
5 – cobertura metálica Os termístores possuem uma resposta segurança aumentada.
6 – contato de prata isolado do revestimento instantânea à elevação da temperatura
externo

Tabela 11.3. Tabela 11.4.

92 93
Operação Manutenção
12 13
12.1. Verificações Preliminares (item 11.1.2), mantendo vigilância mínima
de uma hora, observando principalmente
Ao colocar um motor elétrico em os seguintes itens:
operação, é de vital importância observar
as orientações a seguir: – Ruídos anormais.

– Observar se o rotor gira livremente e os – Aquecimento excessivo.


calços utilizados para o transporte foram
removidos. – Comparação da corrente absorvida da
rede com a corrente nominal do motor. A
– Analisar se o esquema de ligação corrente absorvida não deverá exceder a
executado está de acordo com o indicado corrente nominal.
na placa de identificação, para a tensão
desejada. – Caso o motor não parta de maneira suave,
desligue-o imediatamente e verifique a
– Verificar se os parafusos, porcas e montagem e as ligações.
conexões dos terminais estão devidamente
apertados, bem como o fio de aterramento. – Em caso de excessiva vibração, verifique
os parafusos de fixação.
– Identificar o sentido de giro desejado
acionando-o desacoplado. Caso a inversão
do sentido de giro seja necessária, deve-se 12.3. Funcionamento
inverter duas fases quaisquer.
Durante o funcionamento do motor,
– Com sentido de giro correto, acoplar em regime, conforme NBR 17094, deve-
o motor à carga fixando-o de maneira se manter sob observação todos os
adequada à base ou ao equipamento, de instrumentos e/ou aparelhos possíveis de
acordo com o capítulo 10. medição e controle que estejam conectados
à rede de alimentação.
12.2. Acionamento Inicial Para motores trifásicos, recomendamos
instalar no mínimo um amperímetro por
Acionar o motor acoplado à carga, fase e um voltímetro, a fim de constatar
utilizando o sistema de partida escolhido eventuais anormalidades e/ou alterações.

94 95
13.1.2. Quanto à Manutenção Mecânica para melhor retirar poeiras, detritos, graxas A graxa injetada por esta engraxadeira
ou óleos que possam estar acumulados passa pelo canal da tampa e penetra no
Manutenção 13.1.2.1. Mancais sobre a carcaça e, internamente, somente
com a aplicação do aspirador de pó (nunca
mancal pelo lado interno do motor, entre
o flange interna e o rolamento. Após o

13
Examinar a presença de ruídos ou usar estopas), executar a limpeza dos preenchimento deste espaço a graxa passa
vibrações junto aos rolamentos. enrolamentos, cabeceiras de bobinas e entre os corpos rolantes e as duas pistas do
Equipamento utilizado para medição: ranhuras. rolamento, atingindo assim o espaço entre
caneta para medição de aceleração. Execute uma limpeza sistemática, o rolamento e a flange externa, alcançando
periódica e controlada, garantindo o normal o compartimento inferior desta, onde existe
13.1. Manutenção Preditiva 13.1.1. Quanto à Manutenção mínimo de 2 horas. Motores acima desta
13.2. Manutenção Preventiva rendimento dos motores. Não espere que abertura apropriada para a retirada da graxa
Elétrica potência devem permanecer no mínimo
acúmulo de sujeira venha em detrimento da usada.
A manutenção preditiva serve para 4 horas. Observar se a resistência de
13.1.1.1. Resistência de isolamento: O motor elétrico é um conjunto de vários qualidade do motor, sendo causa de possível Com este sistema fica garantida a
avaliar e monitorar o estado do motor isolamento do enrolamento do estator
componentes que devem estar em harmonia sobreaquecimento. lubrificação do rolamento, uma vez que a
em serviço, efetuando as medições O isolamento de um motor elétrico é permanece constante e dentro dos valores
durante o funcionamento. Estes necessitam Obs.: quando em ambientes agressivos, graxa injetada, obrigatoriamente, deverá
com instrumentos específicos. Com isto a resistência da passagem da corrente mínimos recomendados. Caso contrário
de manutenção preventiva periódica, que verificar a correta especificação do motor, passar entre os corpos rolantes.
é possível preceder falhas e detectar elétrica de uma fase do estator em relação proceder com nova impregnação do estator.
varia conforme tamanho, tipo, potência ou evitando quaisquer contratempos.
trocas de componentes que requerem às demais, bem como, em relação aos A baixa isolação do motor causa o
envelhecimento dos materiais isolantes e o ambiente onde está instalado o motor.
manutenção. enrolamentos (bobinagem). Esta manutenção visa, principalmente, 13.2.2. LUBRIFICAÇÃO
O objetivo desta manutenção é: As variações de temperatura e a curto-circuito entre fases e entre a massa
(carcaça) e a bobinagem. a verificar as condições do isolamento,
absorção de umidade reduzem o valor elevação de temperatura, desgastes 13.2.2.1. Sistemas de lubrificação
• Aumentar o tempo disponível de operação desta resistência. Medir a mesma sempre Equipamento utilizado para medição:
megôhmetro. mecânicos, lubrificação dos mancais e as
do equipamento; que haja qualquer indício de umidade na características nominais da máquina. a) Lubrificação permanente: quando se
• Reduzir os trabalhos de emergência ou bobinagem. Quando da realização da manutenção utilizam rolamentos blindados.
não planejados; 13.1.1.2. Conexões: preventiva, recomenda-se observar os Empregada nos motores industriais de
• Impedir os danos/falhas de grande Segundo a norma, a resistência, medida
Identificar pontos de oxidação e seguintes aspectos: carcaças 56 a 160, motores NEMA 48 e 56
proporção; a 25ºC, deve ser:
aquecimento dos cabos, pois isto deteriora - que seja executado por pessoal qualificado; e motores monofásicos rural em ambos os
• Aumentar a confiabilidade do motor na
as isolações. - que o motor esteja desligado da rede de mancais (fig. 13.1) nos motores IP23, carcaça
linha de produção; Ri ≥U/1000 + 1
alimentação; 180 a 250 somente lado oposto acoplamento
• Eliminar a desmontagem do motor para Fig. 13.1.
onde, - que o ambiente esteja limpo para a (fig. 13.2.a).
inspeção interna dos componentes;
3.1.1.3. Índice de polarização: realização do trabalho;
• Determinar, previamente, uma parada Ri = Resistência de Isolamento (MΩ). - que o material utilizado (lubrificante ou b) Lubrificação periódica: o sistema
programada da fábrica, verificando quais U = Tensão do motor (V) peças) seja conforme recomendado pelo de lubrificação periódica é adotado para
motores requerem manutenção. Índice de polarização é a razão entre o
Obs.: em caso de motores com duas fabricante do motor. motores com carcaças 180 a 355 em ambos
valor da Resistência de Isolamento para 10
tensões (ex: 220/380V), utilizar sempre a os mancais. (Fig. 13.2.b). nos motores
A implantação deste procedimento reduz min. E o valor da resistência de 1 min.
maior tensão (ex: 380V). 13.2.1. LIMPEZA IP 23, carcaça 180 a 250, somente lado
os custos pelos seguintes fatos: Este índice tem por objetivo avaliar
Recomendamos que quando a resistência acoplamento (fig. 13.2.a) e carcaça 280 a 315
os enrolamentos quanto à secagem do
de isolamento for inferior a 10,0 MΩ, o Considerada fator primeiro de qualquer em ambos os mancais (fig. 13.2.b).
• Elimina desmontagens desnecessárias; envernizamento, seja o motor novo ou
enrolamento deve ser seguindo o método serviço de manutenção, promove melhor Estes motores são equipados com
• Reduz emergências; rebobinado. O índice mínimo recomendado
abaixo: funcionamento, prolongando a vida útil e engraxadeira de cabeça esférica com rosca
• Impede os danos de grande proporção; é 2,0.
Aquecer em estufa à temperatura de dando um melhor aspecto ao motor. de base cônica (tecalemit), o que possibilita
• Aproveita toda vida útil dos componentes; Equipamento utilizado para medição:
105ºC. Nesta temperatura, motores até Com o motor parado, esfregar um pano a injeção de graxa nos rolamentos sem
• Determina quais motores requerem megôhmetro especial para o índice de
30 cv devem permanecer por um período (que não solte fiapos), embebido em solvente desmontar os mancais.
manutenção. polarização. Fig. 13.2.A.
96 97
veremos a seguir como escolher e aplicar Recomendamos que as graxas a introduzir a quantidade de graxa de
13.2.2.2.1. Graxa pistas e os corpos rolantes do rolamento e quais os tipos e marcas existentes no serem utilizadas nos rolamentos dos acordo com os intervalos indicados
libera uma quantidade de óleo suficiente mercado. motores Voges contenham aditivos na tabela 13.3 ou nas placas de
A graxa nada mais é do que uma para formar um filme lubrificante entre inibidores de oxidação, extrema pressão identificação dos motores.
massa esponjosa de sabão impregnada as partes em atrito. 13.2.2.2.2. Qualidade de graxa e antiferrugem. Deve-se observar que graxas não
com óleo. Em vista de definirmos a graxa como A tabela 13.1 indica os tipos de graxas compatíveis ou com saponificações
Para assegurar uma vida útil mais que podem ser utilizados nos motores diferentes, quando misturadas, podem
A pressão desta massa entre as lubrificante adequado para os motores,
longa aos rolamentos, deve-se escolher Voges, e seus respectivos fabricantes. se deteriorar mutuamente e com isso
lubrificantes convenientes e métodos de privar o rolamento da lubrificação
lubrificação adequados. 13.2.2.2.3. Compatibilidade de graxas
necessária.
Rolamentos com excesso ou
A graxa utilizada pela Voges é a Polirex
insuficiência de lubrificante, pré-carga b) Para motores com lubrificação
Fig. 13.2.B. EM, graxa de poliuréia especialmente
excessiva, montagem inconveniente, permanente:
Obs.: ao efetuar a lubrificação periódica desenvolvida para mancais de motores
etc., sofrerão um aumento de os rolamentos, por serem blindados,
verificar se o furo de dreno está desobstruído. elétricos. Esta graxa apresenta boa
temperatura, que poderá ultrapassar o não devem ser relubrificados e sim
compatibilidade com as graxas de lítio
limite admitido para o lubrificante. substituídos.
convencionais.
13.2.2.2. Lubrificantes Por isto, quanto maior for a diferença
entre a temperatura efetiva do rolamento 13.2.3.2. Substituição de rolamentos
Como os rolamentos utilizados nos Obs:
em operação e a temperatura de
motores elétricos se compõem de anéis, utilização máxima admitida pela graxa, • Não é recomendada a mistura de Desmontagem dos mancais
elementos rolantes e separadores, e mais favoráveis serão as condições graxas.
como todo tipo de movimento relativo para lubrificação de longa duração.
• Caso seja utilizado outro tipo de graxa, A seguir é apresentada uma
entre dois corpos sólidos dá origem ao Rolamentos que são submetidos
consulte o fabricante; sequência de recomendações básicas
atrito, que entre outros inconvenientes a altas cargas devem utilizar graxas para a substituição de rolamentos,
representa uma perda direta de energia, com aditivos de extrema pressão. A • A tabela de intervalos de relubrificação considerando-se que os componentes
é de grande importância reduzir este graxa deverá ter boa estabilidade para deste manual não é válida para outro demonstrados nas figuras podem ou
atrito ao máximo, minimizando os efeitos permanecer quase inalterada em ambos tipo de graxa. não existir de acordo com o modelo e
negativos, bem como o aquecimento, o os lados do rolamento em rotação, ano de fabricação.
ruído e o desgaste das peças. oferecendo assim boa proteção. A 13.2.3. ROLAMENTOS E MANCAIS
Isto é obtido com a interposição entre consistência de uma graxa é a indicação 13.2.3.2.1. Motores carcaça 56 a 160
as peças metálicas de uma substância simplificada da penetração trabalhada 13.2.3.1. Relubrificação e substituição
fluida, o lubrificante, que se divide para de conformidade com a escala NLGI de rolamentos Os motores Voges com carcaça 56
fins práticos em óleos, graxas, sintéticos (NATIONAL LUBRIFICATING GREASE a 160 são equipados com mancais de
e composições betuminosas. INSTITUTE). Em regra, o grau 2 de De acordo com o sistema de lubrificação rolamentos de esferas blindados em
Recomendamos a utilização de consistência (penetração 265-295 empregado temos: ambos os lados. O desgaste desses
graxas para lubrificação dos rolamentos Tabela 13.1. conforme norma ASTM) é adequado rolamentos, após grande período de
dos motores Voges, considerando, para rolamentos.
Observações: a) Para motores com lubrificação trabalho, provoca um funcionamento
sobre os demais lubrificantes, a vedação As graxas recebem aditivos
1. Existência ou manutenção das propriedades indicadas para as graxas da tabela acima são periódica: a relubrificação deve excessivamente ruidoso, acompanhado
simplificada, as vantagens de menor responsabilidade única e exclusiva dos fabricantes de lubrificantes. químicos, que aumentam sua ser executada com o motor em de vibração e aquecimento do motor.
risco de vazamento, fácil transporte, 2. Graxas utilizadas para lubrificação dos motores Voges, sendo: eficiência, reforçando-as ou conferindo- funcionamento, facilitando assim a Nestes casos, os rolamentos devem
estoque e aplicação, bem como a • Rolamentos blindados* lhes características necessárias às renovação de graxa no alojamento do ser substituídos, procedendo-se da
dispensa do controle de nível, bastando • Rolamentos sem blindagem** exigências dos motores elétricos. rolamento. Para esta operação basta seguinte maneira:
observar os intervalos de lubrificação. 3. NLGI - National Lubrificating Grease Institute

98 99
13.2.3.2.2. Motores carcaça 180 a 355 E - Retirar o rotor. Quando for desnecessária a
troca do rolamento no lado do ventilador, pode-
se retirar o rotor juntamente com a tampa e o
A - Retirar a calota que protege o ventilador ventilador.
(em chapa de aço nas carcaças 180 a 250 e
Montagem do motor:
em ferro fundido nas carcaças 280 a 355). Para
esta operação, basta retirar os quatro parafusos
de fixação. A - Montar os rolamentos sobre o eixo,
aquecendo-os com aquecedor indutivo entre
B - Retirar o ventilador (afrouxando os 90 e 100ºC.
I - Retirar do eixo os rolamentos danificados, por parafusos).
meio de extrator ou prensa. B - Lubrificar o rolamento.
C - Retirar os parafusos de fixação de ambos
G - Retirar as tampas.
A - Retirar a calota que protege o ventilador. os lados do motor, desmontar os flanges de C - Introduzir o rotor no estator e, antes de montar
D - Retirar a chaveta. bloqueio dos rolamentos e os anéis de vedação.
Para esta operação, basta retirar os quatro Para esta operação deve-se golpear as tampas, parafusar provisoriamente no furo
parafusos que fixam a calota à tampa. as tampas com um martelo de madeira rosqueado do flange interno de vedação um
D - Retirar as tampas. Para esta operação basta pequeno tirante guia, sem cabeça, a fim de se
separando-as da carcaça. retirar os parafusos de fixação e servir-se dos
Notar que na tampa traseira existe a mola estabelecer a posição dos furos do flange interno
furos rosqueados adequados para a extração com as tampas.
de compensação de pré-carga que permite das tampas da carcaça. Se necessário, golpear
uma folga axial de acordo com o indicado na levemente com um martelo de madeira
tabela 13.2. sobre as orelhas das tampas. D - Seguir a sequência inversa da montagem.
J - Montar os rolamentos novos com o auxílio de uma
prensa, apoiando somente sobre a pista interna.

Não é recomendado utilizar batidas ou


golpes para a montagem dos rolamentos
no eixo. Porém, eventualmente, por falta de
prensa, pode-se utilizar um tubo de cobre.
Tabela 13.2.
E - Retirar o anel V-Ring. Apoia-se o tubo sobre a pista interna do
rolamento, golpeando-o com martelo.
B - Retirar o anel elástico.

F - Retirar os parafusos que fixam as tampas. H-Retirar o conjunto do rotor do interior do motor
C - Retirar o ventilador utilizando-se de um ex- Verificar a existência de flange interna retirando com o máximo cuidado, evitando qualquer dano à L - Montar o motor executando as operações
trator adequado. seus parafusos bobinagem. inversamente indicadas para a desmontagem. Motores carcaça 180 a 400.
100 101
Observações: o que coincide com o período de vida da 5 - Os períodos citados nas tabelas acima Rolamentos utilizados nos motores elétricos Voges
própria graxa. são para o uso de graxa Polyrex EM e não
1 - Conforme recomendação da NSK na pág. servem para aplicações especiais.
A106 de seu catálogo geral, os rolamentos 3 - Os períodos de relubrificação das tabelas
de rolos cilíndricos possuem metade do acima são para temperatura do mancal de 6 - Os motores, quando utilizados na posição
tempo de intervalos de relubrificação 70°C (para rolamentos até 6312 e NU 312) e vertical, têm seus intervalos de relubrificação
se comparado com os intervalos dos temperatura de 85°C (para rolamentos 6313 reduzidos em 50% em relação aos motores
rolamentos fixos de esferas. e NU 313 e maiores). utilizados na posição horizontal.
2 - Os rolamentos ZZ que vão de 6200 a 4 - Para cada 15°C na elevação da
6309 não necessitam ser relubrificados pois temperatura, o período de relubrificação se
sua vida útil está em torno de 20000 horas, reduz à metade.
TIPO C TIPO E TIPO S TIPO R
ZZ - Z
ROLAMENTOS FIXOS DE UMA ROLAMENTOS FIXOS DE UMA ROLAMENTOS FIXOS DE ROLAMENTOS DE ROLOS
CARREIRA DE ESFERAS COM CARREIRA DE ESFERAS COM UMA CARREIRA DE ESFERAS CILÍNDRICOS.
DUAS CHAPAS PROTETORAS. UMA CHAPA PROTETORA. SEM CHAPA PROTETORA.

Tabela 13.4.
Tabela 13.3. Obs: Os motores carcaça 180 a 355 (4/8) polos podem ser fornecidos opcionalmente com rolamentos de rolo (tipo R) no lado do acoplamento.
102 103
13.2.4. MANUTENÇÃO ELÉTRICA necessário realizar uma revisão detectando
o local de baixo isolamento.
13.2.4.1. Verificação da resistência do Quando o ensaio for realizado em
isolamento temperatura diferente de 40ºC, faz-
se necessário proceder a correção
O isolamento em um motor elétrico aproximada pelo gráfico 13.4.
é a resistência à passagem da corrente
elétrica de uma fase do estator em relação Obs.: o excesso de umidade costuma ser,
às demais fases e a carcaça do motor em na maioria dos casos, o grande responsável
relação aos enrolamentos. pela redução da resistência de isolamento.
Após um certo período de utilização ou Para eliminar este excesso pode-se adotar
estocagem do motor, o acúmulo de poeira, Figura 13.3. alguns procedimentos como:
o aquecimento das bobinas, as variações
de temperatura ambiente e a absorção de a) alimentar o motor em baixa tensão
umidade fazem com que a resistência de ocasionando circulação de corrente
isolamento diminua, dando origem ao que e consequente aquecimento dos
se denomina “corrente de fuga”. Estas enrolamentos;
correntes de fuga vão aumentando até o b) usar aquecedores (luzes infravermelhas
ponto em que se forma um curto-circuito com incidência direta) desde que a
entre o enrolamento e a carcaça ou entre temperatura ambiente não ultrapasse
fases. Esta ocorrência constitui não só 105ºC, com o motor desmontado.
perigo para a máquina, mas também c) aquecer em estufa à temperatura mínima
para seus operadores, razão pela qual a de 80ºC acrescendo 5ºC cada hora até
carcaça de toda a máquina elétrica deve 105ºC, devendo permanecer num período
estar solidamente aterrada. mínimo de 1 hora. No caso da resistência
Uma maneira de se controlar estas permanecer baixa, aconselha-se efetuar
correntes de fuga é realizando verificações uma nova impregnação do estator.
periódicas na resistência de isolamento.
Esta verificação é feita por ohmímetros 13.2.4.2. Conexões
especiais de alta tensão, também
conhecidos por “megohmetro”. Outro ponto que deve ser verificado
Este aparelho consiste em um periodicamente nos motores são as
dispositivo, mecânico ou eletrônico, capaz conexões entre estes e a rede de
de gerar um nível de tensão (em alguns alimentação. Estas ligações, quer sejam
aparelhos até 5.000 volts) que é aplicada diretas ou através de dispositivos de
entre o enrolamento e a carcaça. Além de partida e controle, devem estar bem
gerar esta tensão, o “megohmetro” possui conectadas. Caso contrário, poderá ocorrer
um indicador da resistência do isolamento Gráfico13.4. oxidação nos terminais (dificultando ou até
entre as partes sob teste, que deve ser Para que o motor esteja em boas interrompendo a passagem de corrente),
realizado com o motor desconectado condições quanto ao isolamento, o valor da bem como faiscamento, podendo inutilizar
da rede de alimentação para evitar resistência deve ser superior a 10 megohm os cabos de ligação através da elevação
interferências na leitura. a 40ºC. Caso este valor seja inferior, será de temperatura.
Tabela 13.4.
104 105
13.3. MANUTENÇÃO CORRETIVA proceder da seguinte forma: não original.
Na falta de fio correto, pode-se utilizar
Esta é a forma mais elementar de a) ao desmontar um motor, deixar as peças as tabelas 13.5. e 13.6., a seguir, onde tem-
manutenção. Realizada após apresentar-se o limpas e ordenadas e, se possível, cobri-las se a equivalência entre fios escala AWG e
problema, geralmente ocasiona a paralisação para evitar o acúmulo de poeira. milimétrica, ou a substituir um condutor por
da máquina e, dependendo do defeito, do um grupo de dois ou mais condutores. Assim,
setor inteiro ou de um processo de produção. b) acompanhar o processo de desmontagem por exemplo, um motor com condutor 3x20
Este tipo de manutenção demonstra não ser através das instruções constantes neste AWG, seção nominal de 1,557mm² pode ser
o mais adequado para um sistema industrial manual. substituído por fio 6x23 AWG (tabela 13.5.)
organizado que deseja possuir razoável e um motor que utiliza um condutor 0.71mm
margem de segurança, bem como cumprir c) ao retirar o fio danificado, evitar aquecer pode ser substituído por 2x0,5mm (tabela
determinado plano de produção. com fogo direto o pacote do estator, pois isto 13.6.), que possuem aproximadamente a
prejudica o tratamento térmico dado quando mesma seção.
13.3.1. Defeitos, Causas e Soluções da fabricação, alterando as características Porém, mesmo com o uso da tabela, se
magnéticas, além de deformar o estator. É houver dúvidas ou não houver aproximação
Geralmente, em motores elétricos, os mais aconselhável a retirada do fio apenas das seções nas tabelas, consulte a fábrica.
problemas que ocorrem provêm da bobinagem tracionando-o.
ou, em menor escala, por falhas mecânicas. e) utilizar material isolante de qualidade igual
Quando há necessidade de retrabalho, d) utilizar sempre dados de bobinagem ao utilizado pelo fabricante, pois a boa isolação
principalmente rebobinagens, deve-se originais de fábrica, evitando copiá-la de motor no mínimo é exigência de projeto.
Tabela 13.6.

f) o envernizamento pode ser manual, desde g) remontar o motor sempre com peças h) sempre entregar o motor pintado ao
que siga os seguintes tempos, temperaturas originais, evitando qualquer tipo de cliente, o que melhora consideravelmente
e especificação da tabela 13.7. adaptação. seu aspecto.

Tabela 13.7.

OBS.: verniz utilizado na fabricação: Isonel 31-398 da Schenectady do Brasil e Oxi-150 da Oxiquima, diluente: Xilol.
É recomendado um pré-aquecimento do estator bobinado a 70ºC para retirar a umidade e permitir maior penetração do verniz isolante.
Tabela 13.5.
106 107
13.3.2. DEFEITOS MAIS FREQUENTES EM MOTORES ORIENTAÇÃO PARA MONTAGEM DO SUPORTE DO CENTRÍFUGO
1 - Observar a dimensão de montagem, 2 - Introduzir o suporte no eixo com auxílio indicada no respectivo desenho.
altura do centrífugo em relação ao batente de ferramenta (tubo ou similar), conforme
1. Não se consegue dar partida ao motor 2. Ruído excessivo e vibrações
do rolamento, conforme fig. A - Cota A. fig. B até o mesmo estar na posição
Possíveis Causas Correção Possíveis Causas Correção
Ausência de tensão Revisar as ligações de Entreferro não uniforme Verificar as condições do conjunto
alimentação ao sistema de do rotor centrando-o, se necessário,
comando e deste ao motor e analisar as condições
dos rolamentos e tirantes.
Erro nas ligações do Revisar estas ligações
sistema de comando comparando-as ao indicado na Detritos no motor Desmontá-lo e efetuar a limpeza
placa de identificação do motor. através de jato de ar seco.

Falta de contato junto à Desbalanceamento Rebalancear conjunto do rotor,


Reapertar conexões.
porém verificar se a carga também
ligação de um ou mais
não tem problema idêntico.
bornes.
Objetos estranhos presos Desmontá-lo procedendo a retirada
Tensão de alimentação Verificar: entre tampa e ventilador de tais objetos, afastar do motor
Fig. A Fig. B
baixa • dimensionamento da rede de qualquer tipo de detrito que
alimentação. possa gerar tal problema.
Fig. 13.4.
• sobrecarga no circuito.
• níveis de tensão da energia Motor mal fixado ou com Apertar todos parafusos de fixação 3. Aquecimento excessivo 4. Rolamentos com aquecimento excessivo
fornecida. fundações frouxas e realinhar motores. Possíveis Causas Correção Possíveis Causas Correção
Obs.: os motores deverão funcionar
satisfatoriamente de acordo com o Sobrecarga Verificar tensão e corrente sob Esforço axial ou radial Fazer a devida regulagem de
item 11.1.1. deste manual. condições normais, para análise excessivo acoplamento ou utilizar motor
Rolamentos Verificar as condições dos mesmos
da aplicação específico para a aplicação
quanto à lubrificação, montagem
Sobrecarga Verificar seu funcionamento ou excesso de carga. Ventilação obstruída Limpar as entradas de ar Falta de graxa Colocar a necessária lubrificação
a vazio. Caso o mesmo não dos rolamentos
apresente problemas, examinar a Tensão e frequência Verificar os valores na placa Eixo torto Realinhar e rebalancear o conjunto
máquina acionada, identificando Sem alinhamento Verificar as condições de de identificação do motor do rotor
as causas mecânicas desta alinhamento entre o eixo do motor comparando-os aos da rede de
sobrecarga. e o equipamento. alimentação (item 11.1.1) Tampas mal colocadas ou Verificar o encaixe das tampas na
frouxas carcaça e o aperto das mesmas
Partida e/ou reversões Trocar o motor por outro específico
Esferas presas por graxa dura Trocar os rolamentos
Enrolamento monofásico com Verificar:
Regulagem do centrífugo Revisar conforme figura 13.4. constantes para a função
o auxiliar aberto • Platinado e/ou centrífugo
Superfícies danificadas dos Trocar os rolamentos antes de
danificados. Para regulagem
Desequilíbrio de fases Verificar o valor de tensão nas três rolamentos causarem danos ao eixo e tampas
correta do centrífugo ver Fig. 13.4.
fases da rede de alimentação ou
se há falta de fase
Graxa indevida ou com Lavar os alojamentos e relubrificar
• Capacitor danificado ou fora de materiais estranhos, não com a graxa
especificação. recomendada pelo fabricante

108 109
ROTEIRO DE MANUTENÇÃO PREDITIVA
Outros exemplos: b) Queima das fases cuidadosamente analisado, pois um motor
bem protegido não está sujeito a este tipo Itens a Verificar Procedimentos Periodicidade
b.1 de problema.
Local onde está o • Identificar a existência de água ou vapores junto ao motor, excesso de poeira, aparas ou resíduos
a) Curto-circuito Quinzenal
motor sobre o motor ou se há tábuas, caixas, etc., que possam prejudicar a ventilação do mesmo.
Uma das fases queimada: quando c) Danos ao conjunto do rotor
a.1 um motor está ligado em triângulo e há Condições • Examinar a presença de ruídos ou vibrações nas tampas, junto aos rolamentos ou dentro do
falta de tensão em uma das fases, dois Se um motor girar lentamente na partida, mecânicas motor (ruído de metal contra metal), inspecionar também as condições do sistema de transmissão, Quinzenal
Entre espiras: podem ocorrer quando enrolamentos ficarão com baixa corrente. não suportando a carga, provocando ruído verificando lubrificação e alinhamento.
dois pontos com deficiência na isolação Porém, no outro enrolamento, haverá um com variação de intensidade e solicitando
coincidem entre si ou quando dois considerável aumento, gerando a redução um valor de corrente alto, estará com seu Terminais e • Observar se por vibração não houve o afrouxamento dos parafusos e pontes de ligação, tornando
parafusos deficiente o contato e prejudicando o fornecimento de energia. Mensal
condutores que estão lado a lado da rotação do motor. Com esta redução, a conjunto do rotor interrompido em uma ou
apresentam defeitos em pontos comuns. corrente subirá ainda mais, determinando mais barras.
Umidade, vibração, motor mal especificado a queima por completo deste enrolamento. Esta interrupção pode ser causada Mancais de esferas/ • Avaliar mancais através de equipamentos apropriados.
rolos (rolamentos) • Em motores sujeitos a regimes severos de operação, trocar a graxa e verificar possíveis
Bimestral
para o trabalho, sobrecarga, etc., também Falta de proteção ou mal dimensionamento por falhas de fabricação ou número
podem vir a causar este problema. são as causas mais comuns deste muito grande de partidas e reversões em vazamentos.
Geralmente, um motor com as espiras problema, e a correção pode ser obtida operação nominal. Enrolamentos • Conferir a resistência do isolamentos. Semestral
em curto-circuito gira lentamente e produz verificando-se o item 11.2. A solução consiste na troca das barras
um ruído semelhante a um “zumbido”, danificadas para motores com barramento Condições • Examinar as condições da correia ou qualquer meio de acionamento, substituindo-o se necessário,
mecânicas limpando a carcaça e tampas do motor. Verificar se o eixo não está torto, ou há falta de alinhamento Semestral
além de aquecer em demasia. Este tipo b.2 de cobre e/ou latão ou troca do conjunto do
de defeito costuma ocorrer logo após a rotor, para motores com gaiola de alumínio. ou algo atritando.
colocação do motor em serviço. Duas das fases queimadas: contrário Além disto, verificar as causas dos danos e Cargas • Analisar as cargas do motor em casos de alteração de condições, ajustes errados, manejo
ao item anterior, este problema costuma eliminá-las. defeituoso ou problemas de comando, bem como as condições mecânicas da máquina acionada. Semestral
a.2 ocorrer quando o motor está ligado em
estrela. Se há falta de tensão em uma das 13.4. ROTEIRO DE MANUTENÇÃO Tabela 13.9.
Contra a massa: pode ocorrer devido fases, um enrolamento não terá circulação Obs.: Recomenda-se que cada motor possua algum tipo de anotação própria, como fichas, cartões ou etiquetas. O importante é
à umidade, sujeira, vibração, isolação de correntes e os demais ficarão com uma Não existem regras rígidas a serem registrar todas as manutenções executadas, as peças trocadas e as datas em que foram realizadas. A análise destas anotações
inadequada ou ressequida. Localiza-se sobrecorrente que os danificará. As causas seguidas quando se aborda manutenção permitirá remanejos e acertos no programa de manutenção
este defeito fazendo-se a medição do e soluções são idênticas ao item anterior. em termos de programas de inspeção,
isolamento com megôhmetro, colocando períodos ou intervalos e quais os tipos de Diferença entre as manutenções:
um polo em uma das fases e o outro na b.3 exames a serem realizados. Estes itens são Para melhor entendimento das diferenças entre as três modalidades de manutenção, mostramos o quadro comparativo das
massa, sendo que o aparelho deve estar diferenciados de empresa para empresa, características fundamentais:
ajustado na tensão nominal do motor. Para As três fases queimadas: sobrecargas onde parques industriais diferentes devem
mecânicas ou elétricas costumam causar receber atenções diferentes. Dentro de Tipo de Estado de funcionamento Motivo da Tarefas Objetivo
efeitos práticos, admite-se como valor
este tipo de problema nos motores. Motores uma empresa setores diversos necessitam Manutenção da máquina Intervenção a realizar
mínimo 10 megohm (vide item 13.2.4.1).
mal especificados, com elevado número de sistemas de manutenção específicos. Corretiva Fora de serviço Falha Troca de Retorno ao serviço
a.3 partidas em operação, subdimensionados Apresentamos na tabela 13.9 e 13.9a componentes
são alguns exemplos comuns de sobrecarga programas básicos para inspeção, contando
mecânica. Sobretensões, erro nas ligações com os itens a serem inspecionados e os Preventiva Fora de serviço Inspeção Desacoplar para Garantir por determinado
Entrefases: as causas são as mesmas
internas ou externas ou falha no comando intervalos de tempo sugeridos. Porém, tais programada inspeção ou troca de tempo o funcionamento
do item anterior, porém a localização do
são exemplos de sobrecarga elétrica. As intervalos são flexíveis, prolongados ou componentes do motor
defeito é diferente. Coloca-se um polo do
megôhmetro em uma fase e outro polo em causas ou correções devem ser verificadas reduzidos, de acordo com as condições do Preditiva Controle Medições Prevenir e
Em serviço
outra fase. caso a caso, devendo o item proteção ser local onde opera o motor. programado detectar falhas

110 111
ROTEIRO DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA
Itens a Verificar Procedimentos Periodicidade
Local onde está o • Identificar a existência de água ou vapores junto ao motor, excesso de poeira, aparas ou resíduos
motor sobre o motor ou se há tábuas, caixas, etc., que possam prejudicar a ventilação do mesmo. Quinzenal
Aspectos de Garantia
14
Condições • Examinar a presença de ruídos ou vibrações nas tampas, junto aos rolamentos ou dentro do
mecânicas motor (ruído de metal contra metal), inspecionar também as condições do sistema de transmissão, Quinzenal
verificando lubrificação e alinhamento.
Terminais e • Observar se por vibração não houve o afrouxamento dos parafusos e pontes de ligação, tornando
parafusos deficiente o contato e prejudicando o fornecimento de energia. Mensal
Mancais de esferas/ • Em motores sujeitos a regimes severos de operação, trocar a graxa e verificar possíveis Bimestral ou
rolos vazamentos. conforme tabela
deste manual
Enrolamentos • Conferir a resistência do isolamento. Examinar possíveis aquecimentos (isolação e película do Semestral
verniz mais escuro) e eliminar toda a poeira.
Condições • Examinar as condições da correia ou qualquer meio de acionamento, substituindo-o se necessário,
mecânicas limpando a carcaça e tampas do motor. Verificar se o eixo não está torto, ou há falta de alinhamento Semestral
ou algo atritando.
Cargas • Analisar as cargas do motor em casos de alteração de condições, ajustes errados, manejos
defeituosos ou problemas de comando, bem como as condições mecânicas da máquina acionada. Semestral

Geral • Abrir o motor e executar a limpeza dos enrolamentos e peças, eliminando pontos de
oxidação, substituindo peças com defeitos, refazendo a pintura. Anual

Tabela 13.9A.
13.5. Ajuste do Entreferro - Motofreio com um jogo de lâminas padrão (espião). As • O valor da dimensão do entreferro deve ser
dimensões deverão ser as três iguais. uniforme nos três pontos de medição, próximo
Os motofreios Voges são fornecidos com 4. Se as leituras forem diferentes entre si, aos parafusos prisioneiros;
um entreferro inicial, ou seja, a separação ou das recomendadas na tabela 13.10, • Apertar as porcas de trava da flange;
entre o platô e o flange é pré-ajustado na prosseguir o ajuste da seguinte forma: • Fazer nova verificação do entreferro;
fábrica com seu valor mínimo, conforme • Desapertar a porca que fixa a flange do • Recolocar a cinta de proteção e a calota de
tabela 13.10. eletroímã, aproximando ou afastando conforme proteção fixando-as com os parafusos.
Com o desgaste natural das lonas de necessário, até
freio, o entreferro também vai aumentando atingir a medida
gradativamente, não afetando o bom inicial recomendada
funcionamento do freio, até que atinja o valor pela tabela 13.10;
máximo indicado na tabela 13.10. • Apertar por igual
Para reajustar o entreferro a seus valores as três porcas
iniciais, procede-se como segue: de regulagem,
1. Retirar os parafusos de fixação da calota deixando o mesmo
de proteção; comprimento nas
2. Retirar os parafusos da cinta de proteção; três molas conforme
3. Medir o entreferro em três pontos próximos tabela 13.11;
aos parafusos prisioneiros, o que é feito
Mola de Compressão Tabela 13.10. Tabela 13.11.
112 113
Causas e danos em enrolamentos de
motores elétricos
Aspectos de Garantia Os motores elétricos de indução têm • As fotos abaixo ilustram, após uma análise • As falhas apresentadas nas fotos 5, 6, 7, 8,

14
a vida útil menor caso sejam expostos a comparativa a identificação das causas 9, 11 e 12 são causadas pelo uso indevido,
condições de operação desfavoráveis, para que se possa tomar as providências portanto, não sendo cacacterizadas como
sejam elétricas, mecânicas ou de meio preventivas. garantia.
ambiente.

14.1. Motores Elétricos Monofásicos e valor, caso o motor tenha sido entregue para Obs.: Salientamos que os motores Nema,
Trifásicos conserto a pessoas não autorizadas, ou se Ar-condicionado e Microventilador, também
forem verificados sinais de violação em suas seguem este mesmo critério.
14.1.1. Motores industriais, rurais, partes ativas.
NEMA e IP23S

Esses motores são garantidos contra 14.2.1. Identificação da Data de


defeitos de material ou fabricação, desde Fabricação
que utilizados em condições normais (ou
especificadas) por um período de dois anos A semana, o mês e o ano de fabricação
a partir da data de fabricação (impressa na são codificadas por números, sendo os dois
placa de identificação) ou na nota fiscal de primeiros algarismos a semana do ano, os
venda Voges ou do revendedor. próximos dois o mês e os últimos algarismos
Esta garantia não abrange capacitores, o ano, veja o exemplo a seguir: 1. Curto entre espiras. 2. Curto na conexão. 3. Curto contra a massa na saída 4. Curto contra a massa dentro
rolamentos ou peças comprovadamente da ranhura. da ranhura.
danificadas por má aplicação, negligência
quanto às instruções de fábrica, alterações
Placa: motores industriais além dos 6 dígitos
ou acidentes. Nem é aplicável em motores
poderão conter mais 3 números indicando o núme-
sujeitos à tensão incorreta ou com oscilações ro de série do motor. Ex.: 170410 (o 17 indica a
excessivas, falta ou desequilíbrio de semana do ano em que o motor foi fabricado, 04
fases, sobrecargas (mecânica ou elétrica), indica o mês de Abril, e 10 o ano de 2010); 425
modificações e adaptações ou casos (número de série do motor).
imprevistos e inevitáveis.
Para a validade da garantia, o motor Ao final do período de garantia, qualquer
deverá ser encaminhado a um Assistente modelo de motor poderá ser enviado
Técnico Autorizado Voges para que sejam para conserto onde o cliente achar mais
Etiqueta: esse dado é composto de 6 dígitos no
eliminadas quaisquer dúvidas quanto à conveniente. Recomendamos, porém, o
campo n° de série. Ex.: 050211 (o 05 indica a se-
sua concessão ou não. Durante o período mana do ano em que o motor foi fabricado, 02 in-
envio a um Assistente Técnico Autorizado
coberto pela garantia, a Voges Motores dica o mês de fevereiro, e o 11 o ano, 2011). Na Voges, que além de possuir mão de obra
substituirá ou consertará gratuitamente as maioria dos motores esse número está no canto especializada, tem dados e peças originais, 5. Queima por sobrecarga. 6. Queima por pico de tensão. 7. Queima por rotor bloqueado. 8. Falta de fase (ligação triân-
peças defeituosas. Porém, esta fica sem direito superior da etiqueta. evitando aborrecimentos futuros. gulo).

114 115
FOTO Nº 1, 2, 3, 4, e 10 Diagnóstico de queima e danos de motores elétricos
As fotos ilustram defeitos de isolamento, causados por Característica da Queima (monofásicos) Possíveis causas
contaminações, falha na isolação do fio e oscilações de tensões. Curto-circuito entre as espiras do • Falha do esmalte de isolação do fio; • Falha do verniz de impregnação; • Contaminação
encordamento principal interna do motor;
FOTO Nº 5 Curto-circuito entre as espiras de • Falha do esmalte de isolação do fio; • Falha do verniz de impregnação; • Contaminação
A foto ilustra a queima de isolamento de todas as bobinas enrolamento auxiliar interna do motor;
(fases) que é provocada por sobrecarga mecânica. Subtensões e Metade do enrolamento principal • Falha da chave comutadora de tensão quando posicionada para alimentação na menor
sobretensões também provocarão o mesmo tipo de falha. sobreaquecido
tensão; • Picos de sobrecarga que chegam a provocar o fechamento da chave centrífuga
e do platinado com o motor alimentado na tensão maior. A metade do enrolamento que
queima é aquela que não está em paralelo com o enrolamento auxiliar.
FOTO Nº 6
Defeitos de isolamento ilustrados nesta foto normalmente são Curto-circuito entre o enrolamento principal e • Falha do esmalte de isolação do fio; • Falha do verniz de impregnação; • Contaminação

causados por pico de tensão, que tem como causas: descarga auxiliar em motor com capacitor de partida ou interna do motor;
split-phase (motor sem capacitor de partida)
atmosférica na comutação de circuitos de força, descarga de
capacitores e de dispositivos de força de semicondutores. Curto entre enrolamentos principal • Falha no material isolante entre enrolamento principal e auxiliar; • Contaminação interna
do motor; • Degradação do material isolante por ressecamento devido ao motor operar com
auxiliar em motor capacitar permanente alta temperatura;
FOTO Nº 7
9. Falta de fase (ligação estrela). 10. Curto entre fases. A foto ilustra a queima do isolamento de todas as bobinas (fase), Curto-circuito na conexão • Falha do material isolante; • Contaminação interna do motor; • Superaquecimento da
conexão devido ao mal contato;
que é provocada pelo travamento do rotor. Esta queima também
pode ocorrer devido a partidas e reversões excessivas. Curto-circuito na saída da ranhura • Falha do esmalte de isolação do fixo; • Falha do verniz de impregnação;
• Falha do material isolante; • Contaminação interna do motor; • Rápidas oscilações na
ou curto-circuito no interior da
tensão da alimentação; • Degradação do material isolante por ressecamento devido o mo-
FOTO Nº 8 E 9 ranhura tor operar com alta temperatura;
As fotos ilustram o defeito provocado em consequência da falta de
Rotor travado • Travamento do eixo da carga; • Excessiva dificuldade na partida do motor (elevada
tensão de alimentação em uma das fases. As causas são: queima queda de tensão, inércia e/ou torque de carga muito elevado);
de um fusível, interrupção de uma linha de força, mau contato em • Excesso de carga na ponta do eixo (permanente ou eventual/periódico); • Sobretensão ou
Sobreaquecimento do
um dos polos dos contatores, disjuntores, chave seccionadoras e subtensão na rede de alimentação (permanente ou eventual/periódico);
enrolamento principal
conexões deficientes. em motor IP21
Cabos de iluminação muito longos ou muito finos; • Conexão incorreta dos cabos de
ligação do motor; • Ventilação deficiente (temperatura ambiente elevada, motor operando
em local confinado, obstrução das entradas de ar na carcaça do motor) • Circuito auxiliar
FOTO Nº 11 aberto; • Motor com capacitor de partida: problema no capacitor, no platinado ou no
A foto ilustra a queima do enrolamento auxiliar (partida) por centrífugo; • Motor com capacitor permanente: problema no capacitor; • Motor split-phase:
problema no platinado ou no centrífugo.
não-desligamento, através da não-abertura da chave centrífuga,
deixando a bobina ligada por um período maior do que especificado. Sobreaquecimento do enrolamento • Excesso de carga na ponta do eixo (permanente ou eventual/periódico); • Sobretensão ou
Geralmente é provocado por uma partida forçada, devido a uma principal em motor IP55 subtensão na rede de alimentação (permanente ou eventual/periódico);
• Cabos de iluminação muito longos ou muito finos; • Conexão incorreta dos cabos de
sobrecarga ou subtensão. Eventualmente pode ocorrer este defeito ligação do motor; • Ventilação deficiente (tampa defletora danificada ou obstruída, sujeira
também com a penetração de objetos estranhos no interior do sobre a carcaça, temperatura ambiente elevada, motor operando em local confinado); •
motor. Circuito auxiliar aberto: problema em capacitor, platinado ou centrífugo;

Sobreaquecimento do enrolamento • Excessivas partidas em tempo curto; • Dificuldade na partida do motor (queda de tensão
11. Queima do rolamento auxiliar 12. Queima do rolamento princi- FOTO Nº 12 auxiliar em motor com capacitador excessiva, inércia ou torque de carga muito elevado), não permitindo a rápida abertura do

(partida). pal (trabalho). A foto ilustra a queima total do enrolamento principal (trabalho) e do de partida ou split-phase (motor sem
conjunto centrífugo/platinado, deixando a bobina auxiliar energizada por muito tempo; •
Em motores IP21, a penetração de ojetos estranhos no motor pode também causar a não
enrolamento auxiliar (partida) provocado pela sobrecarga mecânica capacitor) abertura do conjunto platinado; • Conexão incorreta dos cabos de ligação do motor.
no motor. Subtensões, sobretensões ou ainda o não-fechamento do
Sobreaquecimento do enrolamento
platinado também causam o mesmo tipo de falha. Identifique o que auxiliar de motor com capacitor
• Excessivas partidas em tempo curto; • Dificuldade na partida do motor (queda de tensão
excessiva, inércia e/ou torque de carga muito elevado); • Conexão incorreta dos cabos de
danificou seu motor e, quando possível, adote medidas preventivas. permanente. ligação do motor.

116 117
Diagnóstico de queima e danos de motores elétricos
Característica da Queima (trifásicos) Possíveis causas
Curto-circuito entre as espiras ou • Falha no esmalte de isolação do fio.
bobina curto-circuitada • Falha no verniz de impregnação.
• Contaminação interna do motor.
• Rápidas oscilações na tensão de alimentação.

• Falha no material isolante.


Curto-circuito entre fases • Contaminação interna do motor.
• Degradação do material isolante por ressecamento pelo fato do motor operar acima de
sua classe térmica.

• Falha no material isolante.


Curto-circuito na conexão
• Contaminação interna do motor.
• Superaquecimento da conexão devido a mau contato.

Curto-circuito na saída da ranhura ou • Falha no esmalte de isolação do fio.


curto-circuito no interior da ranhura • Falha no verniz de impregnação.
• Falha no material isolante.
• Contaminação interna do motor.
• Rápidas oscilações na tensão de alimentação.
• Degradação do material isolante por ressecamento pelo fato do motor operar acima de
sua classe térmica.

• Oscilação violenta da tensão de alimentação, por exemplo, devido a descargas


Pico de tensão atmosféricas.
• Surtos de manobra do banco de capacitores.
• Motor acionado por inversor de frequência com alguns parâmetros incorretos (amplitude
do pulso de tensão, rise time, dV/dt, distância entre pulsos, frequência de chaveamento).

• Desequilíbrio da tensão e/ou da corrente entre as fases.


Desbalanceamento de • Oscilações da tensão nas três fases.
tensão • Falha no banco de capacitores.

• Travamento do eixo da carga.


Rotor travado
• Excessiva dificuldade na partida do motor (excessiva queda de tensão, inércia e/ou
torque de carga muito elevado.

Sobreaquecimento • Carga excessiva acoplada na ponta de eixo (permanente ou eventual/periódica).


• Sobretensão ou subtensão na rede de alimentação (permanente ou eventual/periódica).
• Cabos de alimentação muito longos ou muito finos.
• Excessivo número de partidas em um período de tempo muito curto.
• Conexão incorreta dos cabos de ligação do motor.
• Ventilação deficiente (tampa defletora danificada ou obstruída, sujeira sobre a carcaça,
temperatura ambiente muito elevada, etc.).

Falta de fase - motor ligado em estrela • Queima de um fusível.


• Rompimento de um cabo de alimentação.
(queima de duas fases) ou triângulo
• Queima de uma fase do transformador de alimentação.
(queima de uma fase) • Mau contato dos terminais de uma das fases do transformador.
• Mau contato nas conexões.
• VMau contato na chave, contator ou disjuntor.

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122 123
anotações

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