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VOLUNTARISTAS
SCHOPENHAUER, KIERKEGAARD E NIETZSCHE
O Voluntarismo de Schopenhauer
O Mundo como Representação
Para entendermos o pensamento de Schopenhauer sobre a vontade precisamos
verificar como ele entendia o mundo, para este filósofo o mundo é uma representação do
próprio sujeito, como o mesmo o vê, isso quer dizer que não podemos compreender
plenamente este mundo fora de nós mesmo, logo o conhecimento que temos do mundo
se encontra em nossa consciência.
Para tal conhecimento que Schopenhauer vai chamar de representação, existem
duas metades essenciais, necessárias e inseparáveis estas são o objeto e o sujeito.
(REALE & ANTISSERI, 2005).
Como sujeito da representação, entende-se como aquele que tudo conhece, sendo
o sustentáculo do mundo, pois tudo que existe só o é por meio do sujeito.
Já o objeto é aquilo que é conhecido, sendo o mesmo condicionado pelo tempo e
pelo espaço, pois tudo o que existe só o é no tempo e no espaço.
Porém tal objeto só é organizado no tempo e no espaço por meio de categorias de
causalidade. Cada causalidade emerge de necessidades, nas quais Schoupenhauer
classificou em necessidades físicas (causa entre objetos materiais); necessidades lógicas
(a verdade de premissas determina a conclusão); necessidade matemática (causa da
concatenação de entes aritméticos e geométricos) e necessidade moral (causa que regula
as relações entre ações e seus motivos).
Sendo o mundo uma representação minha por meio do trabalho intelectual, não
nos leva além do mundo sensível, sendo a representação apenas um fenômeno não a
coisa em si, o fenômeno é apenas um objeto para o sujeito. Logo todo fenômeno é uma
ilusão que cobre a verdadeira face das coisas e sua essência.
Para solucionar o problema para alcance da essência das coisas Schopenhauer
conclui que o homem além de fenômeno é o sujeito que conhece e que também se
constitui por corpo.
Søren Kierkegaard
Foi conhecido como “o crítico dinamarquês”, bem como também lhe é atribuído
o título de “pai do existencialismo”, sendo-lhe creditado o termo “existencialismo”.
Seu pai, assombrado por suas aventuras sexuais (seduziu uma jovem empregada
antes de sua esposa morrer, casou-se com ela e teve sete filhos, sendo Kierkegaard o
mais novo), exigiu que seus filhos tivessem uma vida estritamente religiosa.
Por certo período aproveitou os “prazeres” da vida, porem, em uma crise, rompeu
seu noivado e, em seu primeiro livro apresentou o impasse: voltar à devassidão sexual
ou firmar-se em uma espiritualidade íntegra.
Kierkegaard tendia à melancolia, o que lhe rendeu escritos de gênero literário e
percepções peculiares.
Quanto à arte, entendia que o sofrimento do artista rendia risos à plateia.
Morreu em 1855: com 42 anos de idade.
Os Três Estágios
No início de seu trabalho intelectual defendeu haver três estágios, ou stadia da
existência humana:
1º - estágio estético: impotência espiritual, em que o indivíduo é apenas um observador.
Pode até participar de debates, mas não se relaciona com o próximo e nem mesmo tem
direção própria. O hedonismo é central (experiências emocionais e sensuais).
Viver no primeiro estágio não promove uma existência verdadeira e, para sair
desse estágio, é necessário um ato de vontade (decisão existencial).
2º - estágio ético: abre mão de seus pensamentos e atitudes egoístas, reconhece e
observa condutas éticas universais. Há, porém, o conflito com a culpa, haja vista a
finitude do indivíduo e o distanciamento de Deus. O racionalismo deste estágio é, de
fato, característica de destaque.
O universo suprime o individual, o pessoal, adequando a pessoa à abstração e
legalismo no que diz respeito aos seus relacionamentos.
O indivíduo então deve escolher: permanece nesse estágio ou transporta-se para o
próximo estágio.
3º - estágio religioso: este é o estágio alcançado elo ato decisivo de compromisso: salto
de fé.
Nesse estágio, a escolha é feita através do sentimento: Deus é um sujeito
supremo, não simples um Deus entendido filosoficamente.
Temor e Tremor
Nessa obra Kierkegaard questiona a decisão de Abraão em obedecer a Deus em
uma ordem incompreensível: matar Isaque. Essa decisão gera dor.
No episódio sobre o mandamento de Deus a Abraão para que mate seu filho, o
filho da promessa, Kierkegaard entende que Abraão passou por ua crise de
questionamentos, pois, apesar de ter vivido antes da promulgação da lei mosaica, já
tinha o senso moral, a essência do “não matarás”. Nesse ponto, em meio à razão, Abraão
está exatamente no estágio ético, e o grande questionamento se dá justamente na
possibilidade de se suspender o que é ético por força de um poder superior.
Abraão, então, revela o “temor e tremor” por meio de um ato de fé, partindo,
dessa forma, para o estágio religioso.
Um Ataque à Cristandade
Critica o cristianismo nominal, pois, em seu tempo, a cidadania em determinado
país cristão definia a religião do indivíduo, em especial na Dinamarca, por sua
nacionalidade.
A verdade, para ele é relacionada à subjetividade. Há duas possibilidades de
entendimento: ou a verdade está relacionada a uma fé subjetiva (relativismo), ou a
verdade é compreendida por experiência interior do sujeito (mais provável).
É existencialista, pois vai do real para o ideal, nunca do ideal para o real.
Quanto à teologia, se de fato o sujeito tiver sua relação individual como
prescrição essencial, valerá pura e simplesmente o que lhe é caro é o impacto
existencial.
MORA, José F.; Dicionário de Filosofia; tradução de Antônio José Massano e Manuel
Palmeirim; Lisboa; Publicações Dom Quixote, 1978.