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Bergson compreende a memória, como algo que “tem por função primeira
evocar todas as percepções passadas análogas a uma percepção presente,
recordar-nos o que precedeu e o que seguiu, sugerindo-nos assim a decisão
mais útil” (1999, p. 266), ou seja, segundo o autor há uma escolha do que a
consciência irá trazer à tona, pois as lembranças tendem a ser uteis na situação
vivida, mas é importante salientar que ele ainda acredita que não acessamos a
lembrança de maneira completa. Ainda relatando a respeito da memória a luz do
pensamento bergsoniano, ele evidencia que há dois tipos de memória, que são
interligadas, seriam elas: memória hábito e a memória espontânea.
Ela faz com que nos adaptemos à situação presente, e que as ações
sofridas por nós se prolonguem por si mesmas em reações ora
efetuadas, ora simplesmente nascentes, mas sempre mais ou menos
apropriadas. Antes hábito do que memória, ela desempenha nossa
experiência passada, mas não evoca sua imagem. (BERGSON, 1999,
p.177- 178)
Halbwachs não corrobora dessa mesma percepção, visto que para ele a
memória é uma reconstrução do passado realizada de forma racional, através
de elementos e aparatos que existem na consciência do grupo que o indivíduo
está inserido. Ao passo que Bergson defende que a memória é uma experiência
vivida individualmente do passado, ou seja, ele trata a memória como um fator
meramente individual, não levando em consideração a vivência social, e ainda
acrescenta que a memória é simultaneamente imagem e razão.
Considerações finais:
Importante lembrar que apesar de Halbwachs contrapor Bergson em
muitos aspectos, reconhecemos que apesar de haver aproximação entre os
pensamentos, Halbwachs por vezes não levou em consideração em seus textos
ao criticar Bergson que por vezes eles estavam fazendo analises sobre pontos
de vistas distintos.
Sendo assim ao longo do texto ficou claro que para Halbwachs o passado
é algo que é reconstruído a luz do presente e que as memórias são pensadas
de acordo com o contexto social ao qual os indivíduos estão inseridos. Já
Bergson defende que a duração é o prolongamento do passado no presente,
que avança roer no futuro, ou seja, o passado é a dimensão do tempo que não
existe mais, mas que apesar de não existir mais é preservada.
Além disso as concepções de memória individual se mostraram ao longo
da analise totalmente distintas, apesar de Halbwachs não negar a existência da
memória individual, ele porém é categórico ao dizer que apesar dela ser
individual ela também é formada a partir dos quadros sociais. Enquanto Bergson
aborda uma memória voltada para o indivíduo e suas relações individuais.
Desta forma encerramos tal analise, com a certeza de apesar dos
esforços empreendidos, não abarcamos todas as convergências e divergências
existentes entre os autores, ora pelo caráter ainda inicial da análise, ora pelo
enumerado de questões que seriam levantadas e que ainda precisam de um
amadurecimento teórico e reflexivo.
REFERÊNCIAS:
BERGSON, Henri. Matéria e memória. Trad. Paulo Neves. 2 a ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1999.
FENTRESS, James & WICKHAM Chris. Memória social. Tradução de Telma
Costa. Lisboa: Editorial Teorema: 1992.