Daniel Pennac é um intelectual francês que descreve em seu livro "Diário de Escola" como sua experiência escolar foi desastrosa ao contrário de sua bem-sucedida carreira intelectual. O livro critica como o sistema educacional tradicional reproduz desigualdades sociais e marginaliza aqueles que não se encaixam nele. Ele exalta o papel dos professores que ajudam estudantes relegados à margem do sistema e desenvolvem seu potencial individual.
Descrição original:
Prefácio do livro Diário de Escola, de Daniel Pennac
Daniel Pennac é um intelectual francês que descreve em seu livro "Diário de Escola" como sua experiência escolar foi desastrosa ao contrário de sua bem-sucedida carreira intelectual. O livro critica como o sistema educacional tradicional reproduz desigualdades sociais e marginaliza aqueles que não se encaixam nele. Ele exalta o papel dos professores que ajudam estudantes relegados à margem do sistema e desenvolvem seu potencial individual.
Daniel Pennac é um intelectual francês que descreve em seu livro "Diário de Escola" como sua experiência escolar foi desastrosa ao contrário de sua bem-sucedida carreira intelectual. O livro critica como o sistema educacional tradicional reproduz desigualdades sociais e marginaliza aqueles que não se encaixam nele. Ele exalta o papel dos professores que ajudam estudantes relegados à margem do sistema e desenvolvem seu potencial individual.
Prefácio: PENNAC, Daniel. Diário de Escola. Rio de Janeiro: Rocco, 2008. 238p.
Daniel Pennac é um ilustre conhecido da Educação. Filho de franceses, nascido no
ano de 1944 em Casablanca no Marrocos, seguiu para a Europa após passar toda a sua infância no continente africano. Realizou assim o caminho tão frequentemente percorrido por tantos intelectuais europeus filhos de pais que prestaram serviços ao governo Francês em suas colônias tardias. A trajetória de Pennac é relevante para ilustrar a formação destes intelectuais, assim como o descompasso entre centro e periferia, no qual o primeiro retira do segundo os que tem algum acúmulo de capital cultural, nascidos na periferia mas filhos de europeus. Pennac, entretanto, não representa exatamente este modelo do intelectual francês: filho de uma elite cultural, frequentador das mais importantes escolas, igualando ou superando a papel daqueles que o formaram. Pennac descreve em seu livro Diário de Escola justamente a trajetória inversa. Nele ressalta como seu período de escolaridade foi um momento desastroso, convivendo frequentemente com a definição de péssimo aluno dada pelos seus professores, determinado a um futuro intelectual miserável e sofrível. A trajetória descrita por Daniel Pennac é posta em prova durante toda a obra já que conhecemos o final da história. Quase um teleologismo visto que sabemos o seu desfecho, conhecemos o que o autor é, um sujeito representante da intelectualidade francesa contemporânea e autor de importantíssima obra e que nos apresenta, aqui, uma história dissonante de sua trajetória. Não sabemos, contudo, a realidade de seu processo de formação, mesmo assim Diário de Escola nem de longe se propõe a ser uma autobiografia do seu autor, muito menos um estudo histórico e é aqui que se encontra a sua importância. O livro pretende desconstruir a concepção, largamente estruturada na sociedade, de que a educação é um modelo infalível de disseminação do conhecimento e formação humana. Pelo contrário, apresenta as entranhas do tradicional modelo educacional como reprodutor das hierarquias e diferenças sociais, de formador de elites através da marginalização dos que não se enquadram em tal modelo. Pennac traz à superfície do debate a noção de sobrevivência à escola como forma de resistência a esse modelo segregador e opressor que reitera e aprofunda as desigualdades sociais. Exalta, acima de tudo, o papel do professor como redentor daqueles relegados à margem do processo educacional, pela sua lentidão ou simplesmente pelo não enquadramento ao sistema, o magistrado que atua na contracorrente da massificação, que fomenta o potencial de cada indivíduo e de acordo com suas possibilidades. Algo que, em muitos aspectos, dialoga com outra grande obra como O Mestre Ignorante de Jacques Ranciére.