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Tratamento
• Determinar a etiologia e remover a causa, quando
possível (p. ex., tratamento cirúrgico de valvopatias,
revascularização miocárdica na doença arterial
coronariana)
• Eliminar ou corrigir fatores precipitantes (anemia,
infecções, tireotoxicose, embolia pulmonar)
• Medidas não farmacológicas e modificações do
estilo de vida:
■ Reduzir o peso, se o paciente for obeso
■ Dieta hipossódica (3 a 4 g de cloreto de
Figura 179.4 Insuficiência cardíaca. Observar nesta projeção
sódio/dia) ecocardiográfica apical a dilatação das câmaras cardíacas
■ Restrição hídrica nas formas mais graves com disfunção ventricular esquerda importante. AD = átrio
direito; AE = átrio esquerdo; VD = ventrículo direito; VE =
ventrículo esquerdo.
Quadro 179.4 Inibidores da enzima de conversão da
angiotensina na insuficiência cardíaca.
Fármaco Dose inicial Dose-alvo
Captopril 6,25 mg, 2 vezes/dia 50 mg, 3 vezes/dia
Enalapril 2,5 mg, 2 vezes/dia 10 mg, 2 vezes/dia
Ramipril 1,25 mg, 2 vezes/dia 5 mg, 2 vezes/dia
Lisinopril 2,5 mg/dia 10 mg/dia
Trandolapril 1 mg/dia 2 mg/dia
Figura 179.5 Diagrama para escolha do esquema
Benazepril 2,5 mg/dia 10 mg/dia
terapêutico na insuficiência cardíaca. BRA = bloqueadores
Fosinopril 5 mg/dia 20 mg/dia
dos receptores da angiotensina. Perindopril 2 mg/dia 8 mg/dia
Reações adversas: hipotensão arterial sintomática, tosse seca,
hiperpotassemia, elevação transitória da creatinina.
Tratamento medicamentoso
• Inibidores da enzima de conversão da angiotensina Quadro 179.5 Betabloqueadores na insuficiência cardíaca.
(IECA) (Quadro 179.4) Fármaco Dose inicial Dose-alvo
• Digoxina, VO, 0,25 mg/dia (ver Capítulo 613, Bisoprolol 1,25 mg, 1 vez/dia 10 mg/dia
Intoxicação Digitálica): deve ser utilizada em Metoprolol 12,5/25 mg, 1 vez/dia 200 mg/dia
pacientes classes funcionais III/IV ou naqueles que Carvedilol 3,125 mg, 2 vezes/dia 50 mg/dia
permanecem sintomáticos após o emprego de Nebivolol 1,25 mg, 1 vez/dia 10 mg/dia
diuréticos, IECA e betabloqueador
• Furosemida: doses e vias de administração são Prevenção
definidas pela resposta terapêutica (tiazídicos são • Tratar adequadamente a hipertensão arterial,
pouco eficazes quando utilizados isoladamente) dislipidemias, insuficiência coronariana, valvopatias
• Espironolactona, VO, 25 a 50 mg/dia. Indicada em • Uso precoce de inibidores da enzima de conversão
pacientes nas classes funcionais II, III e IV da angiotensina, mesmo em pacientes
• Betabloqueadores (carvedilol, bisoprolol, assintomáticos, mas com disfunção ventricular
metoprolol, nebivolol) comprovada ecocardiograficamente.
■ Antes de administrar betabloqueador, o
tratamento com diuréticos e inibidor da enzima Evolução e prognóstico
de conversão da angiotensina deve ser otimizado. Marcadores de mau prognóstico:
O paciente deve ter uma condição clínica de • Idade > 65 anos
estabilidade, sem sinais de retenção hídrica e/ou • Classes funcionais III e IV
necessidade de inotrópicos venosos
■ Os betabloqueadores devem ser iniciados em
Atenção
doses baixas, e aumentadas progressivamente,
• É importante identificar o mecanismo fisiopatológico:
conforme a resposta clínica e a tolerância, a cada disfunção sistólica, diastólica ou ambas?
2 semanas (Quadro 179.5) • Nenhum medicamento preenche todos os critérios como
■ O efeito secundário mais significativo é o agente de primeira escolha para o tratamento da disfunção
agravamento da IC no período inicial do sistólica, nem se consegue controlar idealmente a
tratamento, devido à supressão abrupta da insuficiência cardíaca quando utilizado isoladamente.
proteção adrenérgica mediada pelo sistema Digitálicos podem reduzir a dilatação ventricular, melhorar o
desempenho cardíaco e aliviar os sintomas; diuréticos
nervoso simpático
controlam a retenção de fluidos e aliviam os sintomas
• Anticoagulantes (cumarínicos): indicados para congestivos; e inibidores da enzima de conversão da
fibrilação atrial, trombo intraventricular, angiotensina reduzem a morbidade e a mortalidade, mas não
antecedentes de tromboembolismo previnem adequadamente a retenção de fluidos. Por isso, os
• Dobutamina (inotrópicos intravenosos), IV, 0,5 pacientes com insuficiência cardíaca não devem ser tratados
kg/min a 10 kg/min: tem como objetivo corrigir com um único medicamento. Ao contrário, as ações e efeitos
distúrbios hemodinâmicos graves. Usada muitas complementares e sinérgicos desses agentes devem ser
aproveitados para melhor controle dos sintomas e prolongar
vezes como ponte para transplante cardíaco em casos
a vida. Aproximadamente 30% dos pacientes em uso de
avançados.
IECA desenvolvem efeitos colaterais, principalmente tosse Bibliografia
seca, que impedem a manutenção da medicação. Nessa Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica –
situação trocamos o IECA pelos BRA, que têm o mesmo 2012. Arq. Bras. Cardiol., 2012; 98 (1 supl. 1): 1-33.
impacto dos IECA na redução da morbimortalidade a
Galvão-Alves, J. Emergência clínica. 1 ed. Rubio, 2007.
• Adicionar betabloqueadores de terceira geração (carvedilol, Oliveira, J.G.; Porto, C.C. In: Porto, C.C.; Porto, A.L. Doenças do
a
bisoprolol, metoprolol, nebivolol) ao esquema diurético e coração. Prevenção e tratamento. 2 ed. Guanabara Koogan, 2005.
nd
IECA assim que o paciente não apresentar mais sinais Simon, C. et al. Oxford handbook of general practice, 2 ed. Oxford
congestivos. São medicamentos fundamentais no tratamento University Press, 2005.
da IC com grande impacto na redução da morbimortalidade
• Se após a utilização de diuréticos, IECA ou BRA e
betabloqueadores o paciente permanecer sintomático,
considerar a adição de digital e espironolactona
• Não é possível, atualmente, estabelecer esquemas rígidos
para as diversas classes funcionais e tipos de insuficiência
cardíaca, mas um diagrama para escolha do esquema
terapêutico tem utilidade prática (Figura 179.5)
• Quando a insuficiência cardíaca torna-se refratária, é
necessário rigorosa reavaliação clínica e laboratorial do
paciente em busca de algum fator que possa ser removido.