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Armagedom 1

ARMAGEDOM

Hans K. LaRondelle, TH.D.


CURSO DE EXTENSÃO ANDREWS
IPAE – 1976

ÍNDICE

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
Esboço: CINCO PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA DAS ESCRITURAS
DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

CAPÍTULO 1 : PRIMEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . 13


CAPÍTULO 2 : SEGUNDO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 18
CAPÍTULO 3 : TERCEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 32
CAPÍTULO 4 : QUARTO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . 56
CAPÍTULO 5 : QUINTO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA . . . . . 69
CAPÍTULO 6 : TEXTOS DE DIFÍCIL INTERPRETAÇÃO
(Rom. 11:25 e 26; Mat. 23:39; Luc. 21:34) . . . . . . 73
CAPÍTULO 7 : OBJETIVO DA ESCATOLOGIA ADVENTISTA . . . 80
CAPÍTULO 8 : A IDENTIDADE BÁSICA DA GUERRA
APOCALÍPTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
CAPÍTULO 9 : DOIS PARTIDOS – ISRAEL E OS PAGÃOS . . . . . . 86
CAPÍTULO 10: O VALE DE JOSAFÁ E O ARMAGEDOM . . . . . 95
CAPÍTULO 11: AS SETE ÚLTIMAS PRAGAS . . . . . . . . . . . . . 112
CAPÍTULO 12: INTERPRETAÇÃO CRISTOCÊNTRICA DAS
6ª E 7ª PRAGAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
APÊNDICE: OBSERVAÇÕES SOBRE URIAS SMITH . . . . . . . 145
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PREFÁCIO

Os benefícios e conhecimentos que obtivemos no Curso de


Extensão do Seminário da Universidade de Andrews, realizado em
Fevereiro, 1976, no Instituto Petropolitano Adventista de Ensino, não
podem ficar limitados somente a nós que tivemos o grande privilégio de
nos tornarmos discípulos, durante 15 dias, do eminente e fecundo
professor Hans K. LaRondelle que com muita maestria e facilidade de
expressão descortinou os horizontes da linda matéria denominada
"Escatologia Bíblica".
Através desse estudo apurado e meticuloso das profecias de Isaías,
Jeremias, Ezequiel, Daniel e Joel, pudemos compreender o seu
cumprimento no Novo Testamento, especialmente no livro do
Apocalipse.
A matéria contida nesta apostila, referente a "Escatologia Bíblica",
foi colhido durante as aulas do ilustre e preclaro Professor Hans K.
LaRondelle, num esforço monumental dos Pastores Samuel Rodrigues e
Alcides Cruz, que gravaram, para não perder uma só palavra daquilo que
foi ministrado. É um material muito precioso e utilíssimo, tanto para
pastores como também para leigos, especialmente para o tempo em que
as Profecias indicam o fim de todas as coisas e o retorno de nosso
Senhor Jesus Cristo à Terra.
Portanto, como um dos alunos do Professor LaRondelle no referido
curso e como Secretário do Departamento Ministerial e de Evangelismo
Público da Associação Paulista da Igreja Adventista do Sétimo Dia,
recomendo a todos os colegas e irmãos em Cristo esta obra de valor
inestimável.

Pastor Alcides Campolongo.


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CINCO PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DAS
ESCRITURAS DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA

1. A Bíblia, como um todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio


intérprete.
S. João 5:39; Heb. 1:1,2; I Ped. 1:10-12; II Tim. 3:15-16; II Cor.
1:20; 3:14-16; II Ped. 1:19-21.
Conselhos aos Professores, p. 391; Educação, p. 190; Parábolas
de Jesus, p. 127-128; Veja L. Froom, Movement of Destiny, cap. 5.

2. O Novo Testamento ensina o cumprimento Cristológico-


eclesiológico das profecias do Reino no Velho Testamento em duas
fases, centralizadas nos dois adventos de Cristo.
Mat. 12:6, 28, 32; 13:37-43; 28:20; Heb. 1:2; 9:26-28; Atos 2:16-
17, 33; 3:21; I Cor. 10:1-11; 15:50; I Ped. 1:20; II Ped. 3:13.

3. As muitas promessas do concerto à casa de Israel e à casa de Judá


no Velho Testamento tiveram um cumprimento inicial depois do
exílio assírio-babilônico, estão tendo um cumprimento presente no
ajuntamento de judeus e gentios crentes na igreja de Cristo e terão
seu cumprimento futuro na reunião universal de todos os judeus e
gentios crentes de todos os cantos da Terra para a visível Volta de
Cristo dos céus e para o reino da glória.
Deut. 30:1-10; Isa. 11:11-16; 43:5-7; 49:10-13; Ezeq. 36:24;
34:21-24; 34:11-23; Osé. 1:10-11; 1:12; Amós 9:11-12.
A: Esdras 1 e 7. PR, 703-704.
B: Mat. 12:30; 18:20; 23:37; João 10:11; 14-16; 12:49-52; Atos
15:13-21.
PR, 374- 375, 714-715
C: Mat. 24:30-31; 25:31-33. I Tess. 4:16-17; PR, 720; PJ 179.
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4. Ao aplicarmos as promessas de ajuntamento do Velho Testamento à
dispensação cristã e ao futuro, o Novo Testamento oferece estas
promessas aos crentes em Cristo de todas as raças e amplia a terra
prometida ao mundo inteiro, removendo todas as limitações étnicas
e geográficas, mesmo quando a terminologia e os símbolos usados
no Velho Testamento são mantidos.
Êxo. 19:4-6 em I Ped. 2:9 e Apoc. 5:10;
Jer. 31:31-34 em Heb. 8:8-12 e Apoc. 21:3-4; 22:3-4.
Mat. 5:5, 14; João 4:21-23; Rom. 4:13; Heb. 12:22-24; Apoc.
14:1; II Ped. 3:13; He. 11:9-10, 13-16.

5. Ao aplicarmos as profecias de reunião do Velho Testamento ao


tempo pós-milênio, o Apocalipse de João (cap. 20-22) não mais se
refere à Jerusalém antiga, mas à Nova Jerusalém, a noiva do
Cordeiro, que descerá de Deus dos Céus à Terra no fim do Milênio.
Esta é a consumação final de todas as profecias apocalípticas,
centralizadas em Cristo e Sua Santa Cidade, a capital da Nova
Terra.
Gál. 3:16; II Cor. 5:14; Gál. 3:27-29;
Gál. 6:15, 16; II Cor. 1:1, 2; Êxo. 19:5 e 6.
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INTRODUÇÃO

A Igreja Adventista do Sétimo Dia não é uma Igreja como as


outras, e sim um cumprimento das profecias bíblicas. Isto é o que nós
cremos. Onde encontramos na Bíblia as características da igreja
remanescente? Em Apoc. 14:6-12 – a tríplice mensagem angélica.
Temos muita coisa em comum com as outras igrejas protestantes,
como por exemplo, a justificação pela fé. Não ensinamos nenhum meio
de salvação diferente do que ensinaram Lutero e Calvino. A
singularidade dos adventistas não reside na maneira da salvação, mas na
maneira de ver os últimos acontecimentos. Aí está a base de nossa
missão como igreja. Esta doutrina dos últimos acontecimentos, todavia,
não é algo diferente dos evangelhos, mas restaura o evangelho em sua
plenitude. Lemos em Apocalipse 14 que o resultado das três mensagens
angélicas será um povo que guarda os mandamentos da Lei de Deus e
conserva o evangelho de Jesus Cristo. "Aqui está a perseverança dos
santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus." (Apoc.
14:12). Esta é a descrição da igreja remanescente nos últimos dias.
Notamos que há três características:
(1) Um povo que persevera apesar das perseguições.
(2) Um povo que guarda os mandamentos de Deus.
(3) Um povo que persevera na fé em Jesus.
Em outras palavras, esta igreja remanescente une novamente o
evangelho e a lei.
As igrejas apostatadas divorciaram a lei do evangelho. Quando
separamos a lei do evangelho, temos o LEGALISMO, ou senão
ANTINOMIANISMO (ausência de lei). São dois extremos. Somos
considerados pelas outras igrejas como legalistas. O que fazer? Devemos
exaltar Jesus Cristo como o centro e o coração da lei e do evangelho.
Cristo une a lei e o evangelho, tornando-as uma só coisa. Cristo é a
personificação da lei e da graça divina. Cristo é mais do que os Dez
Mandamentos. É mais que o perdão. Tendo Cristo, possuímos tudo o que
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precisamos. Cristo é mais que todas as doutrinas. Nenhuma doutrina
pode nos salvar, mesmo que seja correta.
Há pessoas que simplesmente aceitaram as 27 doutrinas de nossa
igreja. É possível que elas se converteram à igreja e não a Cristo. Há
perigo de buscar apenas números, quantidade, e não qualidade. Se
queremos que o nosso trabalho permaneça pela eternidade, devemos ter a
preocupação de conquistar almas para Cristo e não para a igreja – levá-
las a um relacionamento íntimo com Jesus. Se essas almas encontrarem a
Jesus, então permanecerão na igreja. Devemos estar enraizados em
Cristo, e isto leva algum tempo.
A Sra. White aconselha-nos a meditar em Jesus uma hora por dia.
Se desejamos uma vida espiritual forte não saiamos de nossa casa sem
antes falar com Deus. Todo trabalho sem meditação e oração será
infrutífero.
O que fará tal povo?
Três anjos são mencionados. Falamos em três mensagens angélicas,
mas na verdade há uma só mensagem evangélica. Qual é essa mensagem?
Encontramos a resposta em Apoc. 14:6 – o Evangelho Eterno. O que
significa evangelho eterno? Evidentemente, o primeiro anjo é um anjo
evangélico. Ele fala sobre o juízo, a adoração, mas é o evangelho como
sempre tem sido. É a única vez em que é mencionado o "evangelho
eterno" na Bíblia. Se considerarmos esta expressão "eterno" somente no
futuro, está errado. Ela envolve também os seis mil anos de história
passada. Significa evangelho antigo que não pode mudar.
Por que Deus enfatiza tanto que a última geração deve pregar este
evangelho que não muda? Porque o evangelho parece estar enfrentando
o perigo de ser torcido. Nós também podemos correr o risco de torcê-lo.
Como saber se estamos pregando o evangelho certo? Paulo dá a resposta
em Gál. 1:6-9. Ele nos diz que estamos sob a maldição de Deus se
pregamos outro evangelho. O evangelho não é sentimentalismo, tem uma
estrutura definida, divinamente revelada, de salvação e santificação. É
necessário dar uma segura orientação ao pensamento e nossa pregação.
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No Antigo Testamento, encontramos em Isaías 53 uma exposição
bem estruturada do Evangelho. É a culminação das profecias do Antigo
Testamento.
No Novo Testamento, o livro de Romanos apresenta o evangelho
bem sistematizado.
Lutero e Calvino usaram os livros de Romanos e Gálatas. Eles não
compreendiam o sábado como nós. Como fizeram para identificar o
papado como o Anticristo?
O Anticristo é a falsificação do Cristo; portanto, é necessário
identificar primeiramente o Cristo. Devemos estabelecer o Anticristo a
partir do Cristo, e não da lei. Somente quando Lutero encontrou o Cristo
pôde ele identificar o Anticristo. O ponto a ser observado é o evangelho
da graça (gratuita). Isto é negado pelo Anticristo, que mistura a graça
com as obras. Graça nunca será graça enquanto estiver misturada com
justificação pelas obras. A primeira mensagem angélica é a restauração
do verdadeiro evangelho e implica num estudo renovado das epístolas de
Romanos e Gálatas.
A mensagem do segundo anjo encontramos em Apoc. 14:8 – "Caiu,
caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho
da ira da sua prostituição."
É a primeira vez que a palavra Babilônia é mencionada no último
livro da Bíblia. O autor presume que todos compreendem seu significado.
Por que este segundo anjo anuncia a queda de Babilônia? Primeiro é
preciso compreender o que é Babilônia. Dizer que Babilônia é igual a
confusão é apresentar um estudo lingüístico sobre a palavra, e lingüística
não é Bíblia. Esta explicação não é adequada. A maneira correta é
procurar saber o que é Babilônia no Antigo Testamento. Há outros
termos do Antigo Testamento usados no Apocalipse, por exemplo,
Ancião de Dias, Armagedom, Jezabel, 144.000, Monte de Sião.
Serpente, etc. Temos a impressão de que o último livro da Bíblia é um
eco do Velho Testamento.
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Como entender estes termos? Não é suficiente saber que há uma
correspondência ou analogia. É preciso saber aplicar à Babilônia de
Nabucodonosor? Não. Existe uma analogia, mas não uma identidade. O
essencial da Babilônia do Velho Testamento está relacionado com esta
dos últimos dias. Esta correspondência recebe o termo teológico de
relacionamento tipológico. São o tipo e o antítipo. O tipo é a
prefiguração, uma sombra de outra coisa. É uma profecia não meramente
em palavras, mas em atos, eventos, pessoas. Uma profecia só em
palavras não é um tipo.
O antítipo é o cumprimento da prefiguração, por exemplo: Davi é
um tipo de Cristo. O cordeiro no ritual do santuário era um tipo de Cristo.
Israel é um tipo da igreja.
O antítipo é sempre maior que o tipo. Esta relação entre o tipo e o
antítipo deve aplicar-se aos termos no Novo Testamento referidos no
Velho Testamento. Babilônia no Novo Testamento não é um tipo, pois
os tipos estão normalmente no Antigo Testamento, e os antítipos no
Novo Testamento. A Babilônia ou Segunda mensagem angélica deve ser
compreendida no Antigo Testamento (tipo). O tipo está relacionado com
a nação de Israel, e esta com Jeová, Deus de Israel.
BABILÔNIA ISRAEL JEOVÁ
Como identificar Babilônia no Antigo Testamento? Devemos
defini-la não historicamente mas teologicamente, isto é, do ponto de
vista de Deus.
Pelo contexto do Velho Testamento, o Criador relacionou-se com
seu povo, Israel, por meio de um concerto. Babilônia era inimiga de
Deus e de Israel, no culto a Jeová, do evangelho de Jeová, do caminho da
salvação. O meio de salvação defendido por Israel era justificação pela
fé, representada pelo serviço do Santuário. Todo cordeiro lá sacrificado
era uma confissão desta justificação pela fé. O meio de salvação
babilônico era totalmente diferente, como podemos notar já pela torre de
Babel, que é a primeira Babilônia. A torre significa a salvação pelas
obras. Este é o princípio que Lutero descobriu no papado.
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Nunca, ao tratar este assunto com luteranos, pentecostais, etc.,
devemos mencionar o sábado. Em primeiro lugar deveríamos tocar neste
ponto comum entre metodistas, pentecostais, etc., dizendo que a
Babilônia do Novo Testamento é basicamente a mesma Babilônia do
Antigo Testamento. Para descobrir as características de Babilônia de
hoje precisamos saber quais as características de Babilônia no passado.
É fácil dizer a um católico romano: "Você é Babilônia", mas ele
dirá: "Fora daqui!" Devemos conquistá-lo, despertar seu interesse pelo
assunto. Não podemos dizer que o papado é Babilônia. Não temos
autoridade para isto. A única autoridade é a Bíblia.
O católico romano aceita o Velho Testamento porque é histórico, é
um fato. Se ele descobre no Antigo Testamento que Babilônia é inimiga
de Israel, do próprio Deus e da salvação, possivelmente concordará com
esta explicação. Ele ainda não sabe que esta Babilônia do Velho
Testamento é um tipo da Babilônia Moderna. Como explicar-lhe isto
sem ofendê-lo? Não posso convencer ninguém através de minhas
convicções ou meu entusiasmo, mas através das razões da minha
convicção. Fazer apelos sentimentais não é suficiente. É preciso um
trabalho responsável, para que as razões penetrem em seu coração e o
Espírito Santo o convença, então ele dirá: "Eu creio."
Para identificar a Babilônia atual é preciso identificar o Israel de
hoje e o Deus de Israel nos dias atuais.
Jeová do Novo Testamento é Cristo – todas as igrejas concordam
que Israel corresponde à igreja do Novo Testamento.
Portanto, a Babilônia de hoje deve ser inimiga de Cristo e de Sua
igreja. Todos concordam ainda. O problema é que cada um pensa que a
sua igreja é a de Cristo. Mas Apoc. 14:12 configura a legítima igreja: a
que guarda os mandamentos e o testemunho de Cristo.
Até aqui temos considerado as duas primeiras mensagens angélicas.
A terceira será considerada mais adiante.
Para entender a Bíblia, precisamos estudar toda a Bíblia. O livro do
Apocalipse está enraizado no Antigo Testamento. Mais de 400 expressões
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do Velho Testamento são usadas no Apocalipse. Este livro é um
mosaico de todas as imagens e terminologias do Antigo Testamento.
Temos aqui uma porção de relações tipológicas Cristocêntricas –
centralizadas em Deus e em Cristo.
Em Testemunhos para Ministros, à pág. 113, diz-nos a Sra. White:
"Quando nós, como um povo, compreendermos o que este livro (Apocalipse)
para nós significa, ver-se-á entre nós um grande reavivamento. Não
compreendemos plenamente as lições que ele ensina, não obstante a ordem
que nos é dada seja de examiná-lo e estudá-lo."
Se este curso não proporcionar um reavivamento, ele fracassou. O
estudo de Daniel e Apocalipse trouxe um reavivamento ao meu coração.
A mente só fala a outras mentes, contudo o coração fala a outros
corações. Eu falo de coração a coração porque foi o estudo destes livros
que fez de mim um Adventista do Sétimo Dia.
Lemos em Testemunhos para Ministros, à pág. 114:
"Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendidos,
terão os crentes uma experiência religiosa inteiramente diferente."
Que diferença será esta? Será uma experiência que salva? Esta
experiência ocorre na conversão. Há muitos cristãos em outras igrejas.
Os Adventistas do Sétimo Dia têm uma segunda experiência: Daniel e
Apocalipse nos dão um senso de urgência e missão para este mundo.
Fala-se muito de política, pouco de Cristo. Assim nos distanciamos
de Jesus.
Neste mesmo livro Ellen White afirma à pág. 118:
"Deixemos que Daniel fale, que fale o Apocalipse e digam a verdade.
Mas seja qual for o aspecto do assunto apresentado, elevai a Jesus como o
centro de toda a esperança, 'a RAIZ e a Geração de Davi, a resplandecente
estrela da manhã' Apoc. 22:18."
Cristo deve ser elevado em todo aspecto deste assunto – eis um
conselho muito importante. Ela não diz que Urias Smith, ou Ellen White,
mas que Daniel e Apocalipse devem falar. Nossa primeira inclinação é:
Urias Smith, o Dicionário, o Comentário, a Igreja diz, mas não é o
método correto. A primeira regra hermenêutica é: "A Bíblia é seu
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próprio intérprete." A Bíblia foi escrita por pessoas simples e pode ser
explicado de uma forma simples para pessoas simples e a nossa
excelência e grandeza pode ser provada através da simplicidade ao
explicar a Bíblia.
Alguns têm perguntado se devemos nos satisfazer com as obras de
Urias Smith sobre Daniel e Apocalipse. Ver Apêndice.
Devemos estudar as profecias não cumpridas com normas que
chamamos de "princípios de hermenêutica". Deixemos que Daniel e
Apocalipse se interpretem pela própria Bíblia. Precisamos nos unir
quanto a estes princípios, que serão analisados a seguir.
Por que precisamos destas regras ou princípios de interpretação? Há
três razões básicas:
(1) Para nossa salvaguarda contra especulações e heresias.
(2) Uma garantia de certeza da tríplice mensagem angélica.
(3) Segurança quanto à unidade das Escrituras Sagradas e a fé.
Se os princípios hermenêuticos forem claros, os erros poderão ser
detectados, e teremos uma compreensão mais ampla dos assuntos.
Em relação à hermenêutica, ou seja, regras de interpretação, há duas
posições extremas:
a) LITERALISMO
b) ALEGORISMO
LITERALISMO: Divorcia a palavra do seu contexto literal e
histórico. É uma especulação sobre o termo, isolado do seu contexto.
ALEGORISMO: Os rabinos eram mestres no alegorismo. Deve-se
notar que nem toda alegoria é alegorismo. O sufixo ismo indica um falso
uso. A alegoria é válida, dentro do seu contexto, mas alegorismo entra no
campo da especulação. Ele sempre rejeita o contexto histórico ou literal.
Agora que já conhecemos duas posições erradas, qual seria a posição
correta? Não é só pelo fato de recusarmos os dois extremos que teremos
o correto, que poderia ser definido como "interpretação histórico-
redentora" (de acordo com o contexto histórico e com o plano da
redenção). Este termo não diz tudo; poderíamos também dizer que é uma
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interpretação tipológica, porque a tipologia leva em consideração o
contexto histórico e literal e o seu progresso na história da redenção.
Adverte-nos a Sra. White em O Grande Conflito, pág. 521:
"Com o intuito de sustentar doutrinas errôneas ou práticas anticristãs,
alguns apanham passagens das Escrituras separadas do contexto, citando
talvez a metade de um simples versículo, como prova de seu ponto de vista,
quando a parte restante mostraria ser bem contrário o sentido. Com a
astúcia da serpente, entrincheiram-se por trás de declarações desconexas,
interpretadas de maneira a convir a seus desejos carnais. Muitos assim
voluntariamente pervertem a Palavra de Deus. Outros, possuindo ativa
imaginação, lançam mão das figuras e símbolos das Escrituras Sagradas,
interpretam-nos de acordo com sua vontade, tendo em pouca conta o
testemunho das Escrituras como seu próprio intérprete, e então apresentam
suas fantasias como ensinos da Bíblia."
O SDA Bible Commentary, vol. IV, pág. 37, diz:
"Não há proteção mais segura contra as divagações religiosas
especulativas de visionários do que um conhecimento claro do contexto
histórico das Escrituras."
Isto está em harmonia com o contexto das Escrituras. Todos os
estudiosos da Bíblia aceitarão estes princípios, exceto os fanáticos. Diz o
nosso Comentário, à mesma página, que "o estudante da Bíblia procurará
em primeiro lugar reconstruir o contexto histórico de cada passagem."
É por isso que tentamos fazer o contexto histórico de Babilônia.
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PRIMEIRO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA

A Bíblia, como um todo orgânico em Cristo Jesus, é


o seu próprio intérprete.
(Todas as passagens indicadas no esboço à pág. 3 devem ser lidas).

Não devemos partir de uma falsa posição ou de idéias preconcebidas,


pois este é o sistema do literalismo. Se queremos ter princípios
hermenêuticos de interpretação bíblica, devemos buscá-los na própria
Bíblia, e não impô-los sobre a Bíblia.
Por exemplo, o ser humano é composto de carne e sangue. Mas se
fosse apenas sangue e carne, sua forma seria como gelatina. O que
mantém o ser humano em pé é uma estrutura de ossos. Mas não se vê
nenhum osso exposto, porque eles estão sob a carne. Se algum osso
estiver aparecendo, é caso de levar ao hospital. Mas ele é feito de carne e
osso, e possui um princípio de vida que o mantém vivo ao perseguir seu
alvo.
Alguns têm considerado a Bíblia como uma biblioteca de 66
volumes, mas este conceito não é correto. A Bíblia é uma unidade, ou
mais que isto, é um organismo, possui vida. Tem carne, sangue, mas
também tem um esqueleto, que não está na superfície, mas escondido, é
preciso procurá-lo. É por esta razão que devemos testar estes princípios
de hermenêutica.
Não queremos compreender as profecias ainda não cumpridas?
Queremos compreender Daniel 11 sobre os Reis do Norte e do Sul,
queremos estudar o secamento do rio Eufrates e os 144.000 no Monte
Sião. Mas há muita confusão quanto a estes assuntos.
Não devemos dizer simplesmente: "Isto é assim." Estaríamos sendo
autoritários, e implicaria que as pessoas teriam que acreditar em nós. Há
um caminho melhor – o único legítimo: Estudar as profecias já
cumpridas e descobrir os princípios que regem profecia e cumprimento.
Depois, transportar estes princípios para as profecias ainda não
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cumpridas. As mesmas regras válidas para uma, devem ser válidas para
as outras.
O que necessitamos é coerência em Cristo Jesus. A Sra. White diz:
"Coerência, és uma jóia!" Qualquer hermenêutica que não esteja
fundamentada na unidade da Bíblia não é hermenêutica. A Bíblia é uma
unidade espiritual.
Lutero, Calvino e Zuinglio acreditavam neste primeiro princípio. "A
Bíblia, como um todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio
intérprete." Aqui residiu o poder da primeira Reforma. Eles formularam
"A Escritura é seu próprio intérprete". Eu acrescentei as palavras "como
um todo orgânico em Cristo Jesus". É Jesus Cristo que mantém a Bíblia
em unidade, "como um todo orgânico". Ela não foi feita por homens. A
Igreja Católica atribui a si o direito de fixar o Cânon das Escrituras, mas
a Reforma não aceitou esta autoridade. O Cânon Bíblico não foi
absolutamente estabelecido por homens, mas cresceu organicamente
dirigido por Deus.
O homem pode fazer cadeiras a partir da madeira da árvore, mas
isto não é um todo orgânico. Não há árvore que cresça como uma
madeira; o homem não pode fazer uma árvore, nem ao menos uma folha.
Uma árvore é um organismo e há um princípio de vida nela. Assim é a
Bíblia. Ela não é um livro devocional escrito por homens, mas um Livro
Divino, que cresceu na História sob a liderança de Deus.
O povo judeu, particularmente os rabinos, aceitaram o Velho
Testamento, mas recusam o Novo. O que faz do primeiro princípio de
hermenêutica um princípio cristão? Por acaso há alguma disputa com os
judeus sobre a legitimidade do Velho Testamento? Não. A igreja crê que
o Novo Testamento é a interpretação correta do Velho Testamento, mas
os judeus dizem: "Nós é que temos a interpretação do Velho Testamento,
é o Talmud." O conflito, portanto, reside entre o Talmud e o Novo
Testamento.
Qual é a interpretação correta do Velho Testamento? O Talmud ou
o Novo Testamento? Nós cremos no Novo Testamento por causa da fé
Armagedom 15
em Jesus Cristo. E Ele era judeu. Foi o maior judeu que já existiu. O
apóstolo Paulo também era judeu. Portanto, a fé no Novo Testamento
nasceu no seio do judaísmo. O Novo Testamento foi escrito por judeus,
inspirados pelo maior judeu, que é Cristo, para mostrar o cumprimento
das profecias do Antigo Testamento. Em outras palavras, o nosso
princípio de hermenêutica pressupõe fé em Jesus Cristo. Ele é um
princípio cristão. Ele não se impõe sobre a Bíblia, mas é derivado da
Bíblia.
Em S. João 5:39 lemos: "Examinais as Escrituras, porque julgais ter
nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim." O verbo
examinar no Indicativo mostra que as pessoas com as quais Jesus falava
já examinavam as Escrituras e acreditavam que nelas estava a vida, mas
o que elas não sabiam é que as Escrituras davam testemunho dEle. No
verso 40 lemos que não queriam acreditar em Jesus.
Jesus quis dizer que eles aceitavam a Bíblia, e isto é vida eterna,
mas rejeitavam Aquele do qual as Escrituras testemunhavam. Como é
possível separar as Escrituras de Cristo? Cristo está nas Escrituras,
tornando-a um todo orgânico, uma unidade espiritual. Ele não estava
falando do Novo Testamento, mas referia-se a Moisés, aos Salmos e aos
Profetas. Nos versículos finais do capítulo, Ele diz que se não creram em
Moisés, como crerão nas Suas palavras? Os judeus que rejeitaram a
Jesus não criam mesmo em Moisés nem nos profetas.
Quem não aceita o Velho Testamento não pode aceitar o Novo. O
apóstolo Paulo enfatiza isto em II Cor. 3:14-16. Aqui ele faz uma
comparação com Moisés, ao descer do Monte com a face brilhando por
causa da glória de Deus. O povo pediu que ele cobrisse o rosto. Isto
simbolizava velar a lei, não apontar o pecado. Aí começou a apostasia de
Israel. O povo temia contemplar aquele brilho por causa de seu
sentimento de culpa. É exatamente isto que acontece agora, diz Paulo.
Rejeitaram Cristo como o Messias, negando as Escrituras (II Cor. 1:20).
Armagedom 16
Jesus de maneira alguma anula o Velho Testamento, mas respeita e
confirma-o no Novo Testamento. Jesus não traz uma nova religião
diferente de Moisés.
Em Heb. 1:1 e 2 aprendemos que Cristo é a continuação da revelação
de Deus, que primeiro falou aos pais pelos profetas, e que agora fala por
meio dEle. Isto estabelece a unidade básica entre o Novo Testamento e o
Velho Testamento. Jesus é o Filho do Deus de Israel.
O Velho e o Novo Testamento não estão em conflito. A Bíblia real
é o Velho Testamento. O Novo Testamento mostra que o Velho Testamento
deve ser interpretado e cumprido. É esta a resposta que devemos dar aos
que dizem que o Velho Testamento é para os judeus e o Novo é para a
igreja. Gostamos de achar um texto sobre o Sábado no Novo Testamento.
É melhor perguntar à pessoa interessada: "Qual é o tamanho da sua
Bíblia? Ela é só o Novo Testamento?" Depois deve-se ler Heb. 1:1 e 2 e
provar Jesus Cristo no Velho Testamento e que ambos são um em Jesus
Cristo.
O Novo Testamento tem um relacionamento todo especial com o
Velho Testamento. Poderíamos dizer que o Velho são as promessas e o
Novo o cumprimento das promessas. O Antigo é sombra e o Novo a
substância dessa sombra. O relacionamento mais importante entre ambos
é que o Antigo Testamento é o tipo e o Novo o antítipo. E qual a relação
entre o tipo e o antítipo? Tipo é a prefiguração e antítipo o cumprimento.
Embora haja uma correspondência entre ao dois, o tipo não é igual
ao antítipo. O antítipo é sempre mais que o tipo. Há uma intensificação
de um para o outro. Cristo é mais do que Davi. O antítipo aperfeiçoa o
tipo. Jesus iniciou a era especial do antítipo.
Nunca nenhum rabino ousou fazer a afirmação de Cristo fez: "Eis
aqui está quem é maior do que Jonas" (Mat. 12:41, ú.p.). O que isto
significa? Ele estava Se referindo à Sua própria Pessoa. Ele era maior do
que Jonas. Ao assim dizer, Ele queira dizer que a Sua mensagem de
arrependimento era muito mais séria do que a de Jonas. Portanto, Ele
comparou-Se com Jonas e a sua mensagem. Esta é uma relação
Armagedom 17
tipológica. Jonas era um tipo de Cristo. Da mesma forma que ele esteve
três dias no ventre do grande peixe, Cristo esteve três dias na sepultura.
Não é interessante? Em Mat. 12:42 (ú.p.) Jesus afirmou: "Eis aqui
está quem é maior do que Salomão." O que significa isto? Salomão foi o
rei mais sábio que já existiu. Jesus disse que era maior do que ele –
comparando com a sabedoria de Salomão, Ele era mais sábio. Afirmou
também que era um rei maior do que Salomão.
Jesus afirmava ser o mais exato cumprimento de todas as profecias
e tipos dos profetas e reis do Velho Testamento. Afirmava ser o maior
dos sacerdotes, e até o SHEKINAH como lemos em Mat. 12:6. Esta foi a
mais inesperada afirmação feita por Jesus. Maior que o templo? Quem
estava no lugar santíssimo do templo? A presença de Jeová, o SHEKINAH.
Jesus afirmou ser o SHEKINAH encarnado. Diante disto, não havia outra
escolha. Ou apedrejá-Lo ou adorá-Lo.
Em Mat. 26:28 Ele afirmou que o Seu sangue era o cumprimento
de todas as profecias que falavam em sangue. Cristo declarou que Ele foi
o Antítipo perfeito. Portanto, a estrutura fundamental do Velho e do
Novo Testamento é um relacionamento tipológico.
Só podemos compreender a tipologia na Bíblia se pudermos
compreender que Cristo é o centro desta estrutura tipológica.
Armagedom 18
SEGUNDO PRINCÍPIO DE HERMENÊUTICA

"O Novo Testamento ensina o cumprimento Cristológico-


Eclesiológico das profecias do Reino do Velho Testamento em
duas fases, centralizadas nos dois adventos de Cristo."

Vamos agora verificar se esta segunda regra é bíblica. Devemos nos


conscientizar do que a Bíblia diz sobre o assunto.
Esta segunda regra não tem provocado controvérsias em nossa
igreja, é aceita por todos os cristãos.
 O termo CRISTOLÓGICO significa "cumprimento em Cristo".
 O termo ECLESIOLÓGICO significa "cumprimento na Igreja".
Fala-se em profecias do Reino. Quais são estas profecias do Velho
Testamento?
O texto bíblico mais importante sobre este assunto é Gên. 3:15.
Aqui está a chave para a compreensão de toda a Bíblia – suas promessas,
concertos e profecias. Foi a primeira promessa dada ao homem. Foi um
juízo contra a serpente.
O que está implícito nesta profecia? Esta primeira promessa foi
dirigida à serpente, e nossos primeiros pais a ouviram: "inimizade entre
ti" – serpente; "e a mulher" – este mundo, humanidade; "entre a tua
semente a sua semente." O que isto significa? Deus declarou que haveria
guerra entre estas duas partes. A palavra semente é muito espiritual. Os
que seguem a serpente são chamados semente da serpente, filhos de
Satanás; os que seguem os princípios das promessas de Deus são
chamados semente da mulher.
Agradeçamos a Deus por ter posto esta inimizade entre a semente
da serpente e nós, semente da mulher. Graças da Deus por nos
conscientizar disto. A promessa diz que a semente da mulher esmagará a
cabeça da serpente, no entanto, a semente da serpente ferirá o calcanhar
da mulher. Quando matamos uma serpente com o calcanhar, ela pode ter
Armagedom 19
a oportunidade de morder nosso calcanhar. Portanto, sofrimento está
implícito neste esmagar da serpente.
Foram estabelecidas duas profecias nesta promessa. Elas não se
apresentam na ordem cronológica. A promessa do sofrimento da semente
da mulher refere-se ao primeiro advento de Cristo. Na cruz, o calcanhar
da semente da mulher foi ferido. A cabeça da serpente será esmagada por
ocasião do segundo advento de Cristo, ou mais precisamente, do terceiro
advento, após o milênio.
Vemos neste único verso (Gên. 3:15) todo o plano da salvação
delineado. Não é surpreendente? Esta promessa foi feita com o objetivo
do homem conquistar o Paraíso e ali ser readmitido. As últimas páginas
da Bíblia têm uma correspondência com as primeiras. No Gênesis, temos
o homem no paraíso, com direito à árvore da vida. Nas últimas páginas
da Bíblia temos o homem neste Paraíso restaurado, novamente com
acesso à árvore da vida. A Bíblia é um Livro com final feliz. É por esta
razão que temos uma boa mensagem para o mundo. Estas boas-novas,
embora centralizadas nos adventos de Cristo, têm um escopo muito mais
amplo do que o 1º e 2º adventos de Cristo, que têm como objetivo
restabelecer o reino de Deus e reivindicar o Seu caráter. Seu principal
propósito é que o único Governador desta Terra – Deus – seja reconhecido
como tal. O que está sendo discutido neste grande conflito é o governo
de Deus e Seu caráter em relação ao governo do Universo. Gên. 3:15 é a
primeira profecia do Reino.
Há muitas profecias na Bíblia, usualmente conhecidas como
profecias messiânicas, que ressaltam o novo governo sobre a Terra. Um
outro governo em Gênesis 49, versos 10-12 relata a promessa da
descendência de Jacó, Judá. Um reino de prosperidade e abundância,
cujo cetro seria obedecido por todas as nações.
Há, portanto, uma gradação seletiva desde a semente da mulher até
Judá. É um interessante desenvolvimento.
Semente da mulher (humanidade)
Sem
Armagedom 20
Abraão
Isaque
Jacó
Judá
Davi
Jesus
Em primeiro lugar temos a humanidade. O Redentor viria da
semente da mulher. Deus começa a escolher alguns dentre a humanidade
para cumprir os seus propósitos. Noé mencionou que o Deus de Sem
seria bendito (Gên. 9:26); logo, o Redentor devia nascer de origem Semita.
A partir de Sem, encontramos Abraão e Isaque. Não foi Ismael, pois este
foi rejeitado. A seguir vem Jacó, e não Esaú. Quantos filhos teve Jacó?
12. Onze são rejeitados para este propósito, e apenas um é escolhido –
Judá. De Judá viria este governador.
Há ainda outro passo a ser dado. Em II Samuel 7 encontramos o
Messias viria da casa de Davi. Este foi Jesus Cristo, que representa a
casa de Israel e toda a humanidade. Ele é o Segundo Adão,
representando toda a raça humana. O novo Líder desta nova era é filho
de Abraão e de Davi. É isto que Mateus enfatiza no início do Novo
Testamento. Por outro lado, Lucas, que escreveu seu evangelho para os
gentios, enfatiza Jesus como sendo a Cabeça da humanidade, e não filho
de Davi.
O profeta que mais ressalta as profecias do reino é Isaías. Em
Isaías 9:6 e 7 destacamos: "o governo está sobre os seus ombros". É uma
profecia do reino. Em Isaías 11:1-9 lemos que não haverá mais violência
neste reino. O cordeiro e o leão serão apascentados juntos. O
conhecimento de Deus encherá a Terra "como as águas cobrem o mar."
São profecias do reino.
Conhecemos também as profecias de Isaías 53, que estabelecem
como condição do estabelecimento deste reino a morte e o sofrimento do
Messias. Esta linha de pensamento de um Messias humilde e sofredor foi
muito negligenciada.
Armagedom 21
Há duas classes de profecias do reino no Velho Testamento: as que
mostram este governo de forma gloriosa e as que enfatizam o Messias
humilde. Algumas vezes, estas duas perspectivas encontram-se juntas no
mesmo contexto.
Consideremos Zacarias 9:9, onde as duas linhas estão no mesmo
texto. Em Mat. 21:5 lemos que Jesus cumpriu esta profecia, vindo de
forma humilde. Mas logo no verso 10 (Zac. 9:10) lemos que Ele viria
como Rei, triunfantemente, para destruir os inimigos. Esta profecia de
Zacarias 9 teve um cumprimento parcial no primeiro advento e terá um
segundo cumprimento no segundo advento. Nós não temos dúvidas
quanto a isto, pois já conhecemos os fatos referentes ao primeiro advento,
mas como poderiam os judeus daquela época discernir entre o primeiro e
o segundo advento? Eles negligenciaram a segunda linha de profecias e
prenderam-se à vinda gloriosa do Messias. Não há desculpas para eles,
pois em Isaías 53 é dito claramente que o Messias precisava sofrer
primeiro, para depois ser exaltado. Também lemos isto em Isaías 52:13.
Em Luc. 24:25-27 Jesus esclarece: "Porventura, não convinha que o Cristo
padecesse e entrasse na sua glória?"
Creio que Jesus começou a demonstrar isto em Gên. 3:15, onde este
"ferir do calcanhar" já foi cumprido, e o "esmagar da serpente"
demonstra que o Messias será finalmente vitorioso.
As profecias que se referem à Sua glória, ao Seu triunfo, são mais
amplas do que as que falam do Seu sofrimento. Isto nos anima, fazendo-
nos crer que este Messias triunfará!
Vamos agora entrar em um assunto que pode ser novo para muitos.
Tem a ver com a designação do tempo após o evento da cruz.
Estudaremos cerca de sete textos muito importantes. O Novo Testamento
nos diz que os "últimos dias" preditos no Velho Testamento começaram
no primeiro advento de Cristo. Verifiquemos as implicações deste fato
para a escatologia (estudo dos últimos acontecimentos).
Começamos com Atos 2:16, 17. Todos devem ler em sua própria
Bíblia. Estes versos relacionam-se com o Pentecostes e trazem uma
Armagedom 22
explanação do apóstolo Pedro de como Israel deveria interpretar a
"chuva" do Espírito Santo sobre os apóstolos. Os israelitas da época
interpretaram erroneamente o fato, achando que os apóstolos estavam
embriagados. Todas as palavras de Deus necessitam interpretação. Todas
as obras de Deus podem ser interpretadas erroneamente. O apóstolo
Pedro, vendo a distorção dos fatos, levanta-se e fala: "O que ocorre é o
que foi dito por intermédio do profeta Joel" (que nos últimos dias o Espírito
seria derramado).
Por este texto concluímos que os últimos dias haviam chegado. Isto
não é muito fácil de aceitar. Se perguntarmos a qualquer adventista
quando começaram os últimos dias, a resposta será: 1798 ou 1844. Mas
lemos aqui em Atos que os últimos dias tiveram seu início no
Pentecostes. O "tempo do fim" conforme Daniel, é uma intensificação
dos últimos acontecimentos.
O que Joel quer dizer com esta expressão: "últimos dias" (Joel 2:28)?
Outros profetas também a usaram. É o tempo da vinda do Messias. É
chamada a Era Messiânica. Quantas vezes virá o Messias? Duas. Logo, o
primeiro advento é o início desta era messiânica, que foi inaugurada na
cruz e culminará no segundo advento.
As profecias de Daniel dão as datas de 1798 e 1844 para indicar
uma intensificação destes últimos dias.
Através da cruz de Cristo, a Velha Era ou Velha Dispensação se
cumpriu. Inicia-se aqui o período dos últimos dias. Várias passagens
bíblicas não deixam dúvidas quanto a isto. Entretanto, as profecias de
Joel citadas pelo apóstolo Pedro terão um segundo cumprimento nesta
fase final da história do mundo, nesta intensificação dos últimos dias, ou
seja, um pouco antes do segundo advento. É por isso que a Sra. White
afirma que todas as profecias de Joel que tiveram cumprimento no
primeiro advento cumprir-se-ão também no segundo advento. Por esta
razão são usados os termos "chuva temporã" e "serôdia". Este é um fato
muito importante, porque podemos afirmar que a Escatologia Bíblica
está entre o primeiro e o segundo adventos.
Armagedom 23
Escatologia é um termo teológico que significa "a doutrina das
últimas coisas". Todas as profecias referentes ao sofrimento de Cristo
foram cumpridas no primeiro advento. O evangelho é profecia cumprida.
E então começam os últimos dias. Para nós constitui-se um problema de
que estes últimos dias têm durado 2.000 anos. Parece que isto enfraquece
o argumento. Como podemos chamar de últimos dias 2.000? Entretanto,
é isto que diz a Bíblia.
O segundo texto a ser considerado se encontra em Heb. 1:1, 2.
"Nestes últimos dias". No verso 1 encontramos a Velha Dispensação, e
no verso 2 a Nova Dispensação. As duas dispensações são aqui
consideradas. É demonstrada também a continuidade das duas eras. O
mesmo Deus que inspirou os profetas inspirou também o Filho, que é
maior que os profetas e tem mais autoridade que eles. Encontra-se nEle
uma interpretação superior e maior para as profecias, por isso, uma nova
era começou – a Era Messiânica – que é chamada os "últimos dias".
Atos 2 é confirmado por Hebreus 1:1, 2.
O terceiro texto é Heb. 9:26 – "..." "ao se cumprirem os tempos".
Observemos a segunda parte do verso 26: "se manifestou uma vez por
todas". O autor está se referindo ao primeiro advento, que já era uma
realidade quando este texto foi escrito. Conforme o original grego, isto
aconteceu "no fim das eras". Como pode ser isto no primeiro advento?
Por não analisarmos muito o primeiro advento, relacionamos estes
termos com o segundo advento. No entanto, os apóstolos aplicaram-nos
primeiramente ao primeiro advento. Para eles, este primeiro advento era
o fim dos tempos.
Eu não teria coragem de fazer esta afirmação. Meus alunos diriam:
"Dr. LaRondelle, volte para Michigan, por favor, pois esta é uma
doutrina falsa." Mas temos a Bíblia diante de nós, e precisamos
compreendê-la toda, não apenas algumas passagens isoladas. Há sempre
novas coisas a descobrir na Bíblia, e esta é uma delas. Jesus na Sua
primeira vinda, começou os últimos dias, ou seja, o "fim dos tempos".
Armagedom 24
O primeiro advento é o fim da Era Antiga, da Velha Dispensação.
Esta é uma explicação simples, mas muito importante. Precisamos
evangelizar os judeus também. Falar com os judeus requer mais
conhecimento que falar com outros. Eles crêem que o Velho Testamento
está acontecendo, isto é, que as profecias do Velho Testamento serão
literalmente cumpridas com eles como nação.
Martin Huber, um judeu de renome dos nossos dias, disse: "Jesus
de Nazaré é meu maior irmão, mas não é meu Salvador." Este é o
espírito da judaísmo moderno. Eles lêem o Novo Testamento e falam
positivamente de Jesus, mas não O reconhecem como Salvador e Senhor.
A mensagem de que Jesus cumpriu os Velhos Tempos e começou a Era
Messiânica é decisiva para os judeus. O tempo do cumprimento chegou.
O Messias unicamente interpreta completa e corretamente o Velho
Testamento.
Em Heb. 9:28 nós podemos ver que o segundo advento está
descrito no futuro: "aparecerá segunda vez". Há um extraordinário
equilíbrio entre os versos 26 e 28. Os últimos dias começaram, o fim das
eras chegou.
É muito importante que nos relacionemos não apenas com o futuro,
mas também com o passado, e então olhar para o futuro e dizer: Cristo
virá segunda vez, mas com uma função diferente. Virá sem pecado, ou
seja, não virá para tratar com o pecado (Verso 28).
O 4º texto é I Pedro 1:20. Trata-se aqui do primeiro ou do segundo
advento? Sim, o primeiro. Como é caracterizado este tempo? Como o
fim dos tempos. O mesmo ponto é aqui enfatizado. É preciso haver um
fim.
O 5º texto é I Cor. 10:1-4. É necessário que cada um leia esta
passagem. Paulo fala sobre a Velha Dispensação neste belo capítulo. No
verso 6 lemos que "estas coisas se tornaram exemplos para nós". A
palavra grega traduzida por exemplos é TIPOI = prefiguração. A história
do Velho Israel é um tipo de admoestação para a igreja. A igreja é um
cumprimento deste Israel antigo, em dois sentidos: em FIDELIDADE e em
Armagedom 25
APOSTASIA. No verso 11 lemos: "Estas coisas lhes sobrevieram como
exemplos e foram escritas para advertência nossa." No original é: "Estas
coisas lhes sobrevieram como TIPO." (Tipologia é uma expressão bíblica.)
O apóstolo está dizendo que o Velho Testamento foi escrito para a igreja,
em relação a nós, "sobre quem os fins dos séculos têm chegado". O mesmo
fato está mencionado em Tiago 5:3, que é o nosso próximo texto.
O 6º texto é Tiago 5:3. "Tesouros acumulastes nos últimos dias."
Sempre interpretamos este verso em relação ao nosso tempo, mas Tiago
está falando do seu próprio tempo. Não é uma profecia para este ano,
mas um cumprimento para a era apostólica, como percebemos pelo
contexto. Isto não quer dizer, no entanto, que não haja uma aplicação
para hoje. Se isto era verdade há 2.000 anos, é muito mais verdade hoje.
O 7º texto é I João 2:18. "já é a última hora". É uma expressão
surpreendente. Última hora no primeiro século? Não estaria o apóstolo
enganado? Depende de como encaramos o fato. Se, com nossa visão
estreita, olhamos desde hoje para trás até os primeiros séculos, diremos:
"Muito tempo passou; certamente, houve um engano nesta afirmação.
Não é possível a última hora durar 2.000 anos." Isto acontece quando
olhamos a Bíblia sem compreensão, quando não conhecemos a maneira
de pensar hebraica.
Neste texto o apóstolo está dizendo que as profecias do Anticristo
estavam sendo cumpridas, e que isto era o sinal de que estavam vivendo
nos últimos dias. Ele afirma que muitos Anticristos apareceram – os
professores do gnosticismo, que já se haviam tornado cristãos mas ainda
se apegavam à filosofia gnóstica, negando que o Messias se encarnara
em Jesus (podemos ler isto no cap. 4:1).

Resumindo o que aprendemos nestes textos, os apóstolos estavam


convencidos de que as profecias do Velho Testamento do reino
cumpriram-se por ocasião do primeiro advento de Cristo. Jesus endossa
este conceito quando afirmou: "Se, porém, eu expulso demônios pelo
Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós." (Mat.
Armagedom 26
12:28). Este é o texto-chave para provar que por ocasião do primeiro
advento o reino chegou. Como, então, compreender o fato de Jesus ter
dito na oração do Senhor: "Venha o Teu reino"? Como pode Ele ter dito
que o reino chegou e então dizer: "Orai para que o reino de Deus venha"?
O primeiro advento de Cristo iniciou o Reino da Graça e o segundo
advento iniciará o Reino da Glória. Este é o cumprimento cristológico
destas profecias do Antigo Testamento. ("Como a mensagem do primeiro
advento de Cristo anunciava o reino de Sua graça, assim a de Sua segunda
vinda anuncia o reino de Sua glória." – DTN, pág. 234).
Jesus disse que também no futuro haveria um "fim dos tempos".
Lemos em Mat. 13:39, 40 – "consumação do século". Trata-se do
primeiro ou do segundo advento? Notem a expressão "consumação do
século", que é a mesma expressão grega usada em Heb. 9:26, referindo-
se ao primeiro advento. Em Mat. 28:20 esta expressão grega é também
usada e se refere ao primeiro advento. Portanto, a consumação ou fim
dos tempos pode significar tanto o primeiro como o segundo advento.
(Em Heb. 9:26 é o primeiro, e em Mat. 13:39 é o segundo advento).
Como poderemos saber a que evento se refere este termo quando o
encontrarmos na Bíblia? Pelo contexto. As duas interpretações (1º ou 2º
adventos) são Cristocêntricas – isto é que é importante. A mesma
terminologia pode ser utilizada tanto para um cumprimento presente
como para um cumprimento futuro, pois Cristo cumpre as profecias do
Antigo Testamento em duas fases.
Este é o segundo princípio hermenêutico. Ambas as fases são
centralizadas em Cristo. Poderíamos dizer que o primeiro advento é um
cumprimento das promessas do Velho Testamento, e o segundo é a
consumação destas promessas, como afirma um erudito. O cumprimento
presente não é o cumprimento final, mas no segundo advento haverá
uma consumação deste cumprimento.
O segundo princípio hermenêutico diz que o cumprimento não é
simplesmente Cristológico, mas também Eclesiológico. Vamos estudar o
cumprimento Eclesiológico, isto é, o cumprimento na igreja.
Armagedom 27
Consideremos Mateus 16:18. Este texto é sempre usado em relação
à Igreja Católica Romana.. Jesus disse: "Minha igreja". No Velho
Testamento Israel era a igreja de Jeová, e quando Jesus diz "Minha",
apropriando-Se daquilo que pertence a Jeová, é o cumprimento
Cristológico; e quando Ele diz "Minha igreja" é um cumprimento
Eclesiológico.
Jesus seleciona de todo o Israel um remanescente que agora Lhe
pertence. Por que teria Jesus escolhido doze apóstolos, e não treze,
catorze ou dez? Ele quer com isso indicar que as doze tribos de Israel
têm continuidade. Os doze apóstolos são os representantes destas doze
tribos. Todo israelita deve agora tornar-se um crente e ser batizado para
vir a ser um verdadeiro israelita.
O que tornou os doze apóstolos diferentes dos demais israelitas? O
que fez deles um remanescente fiel? Todos eram de Deus, mas alguns
judeus não eram mais ISRAEL. Jesus escolheu desta nação um pequeno
rebanho. Ao usar este termo "rebanho" e ao dizer "Eu sou o bom Pastor",
estava fazendo uma reivindicação messiânica. Ele era agora o verdadeiro
Rei de Israel. Todos os reis de Israel eram chamados pastores. Jesus
disse: "Eu sou o verdadeiro Rei de Israel – Eu sou o Pastor de Israel.
Todos os que ouvem a Minha voz Me seguem."
Portanto, o que faz a diferença entre os apóstolos e os demais
israelitas? Crer que Jesus era o cumprimento de todos os tipos do Velho
Testamento, que Jesus foi o maior Rei, o mais elevado dos sacerdotes e o
maior dos profetas – a fé em Jesus de Nazaré como o Messias.
Os doze apóstolos eram judeus e, ao mesmo tempo, a igreja.
ISRAEL é a IGREJA. Cristo seleciona agora de toda a nação israelita um
novo Israel. Com que direito? Ele próprio era o Deus do concerto de
Israel. Da mesma forma que Jeová escolheu as doze tribos, Jesus
escolheu os doze apóstolos. Jesus fez então um novo concerto com
Israel. O novo concerto não foi feito para os gentios, mas somente com
os judeus. E qual é a qualificação do real judeu? Crer que Jesus é o
Messias. Esta era a verdade presente para a igreja primitiva.
Armagedom 28
Lemos em Gál. 3:16 que "as promessas foram feitas a Abraão e ao
seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de
muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo." Em
hebraico o termo "descendente" não tem qualquer distinção entre
singular e plural; portanto, o apóstolo deve ter tomado este texto da
Septuaginta, que é a tradução grega do Antigo Testamento. Alguns
estudiosos da Bíblia acham que Paulo neste verso, não está falando de
Teologia, mas usa de malícia, algum truque – uma engenhosidade
rabínica – para transmitir alguma mensagem, mas um estudioso holandês
do Novo Testamento apresenta uma solução melhor. Diz ele que esta
interpretação não é rabínica, mas é teológica, porque na verdade há duas
sementes de Abraão. Há a semente do ponto de vista nacional, portanto
no plural (descendentes), e há a linha especificamente messiânica (o
descendente). Paulo menciona qual é a única semente qualificada de
Abraão, a semente da mulher que esmaga a cabeça da serpente.
Paulo, neste texto, não está simplesmente fazendo uma distinção
entre um e outro de modo aritmético, mas está pensando de um modo
muito mais profundo.
Em hebraico, uma pessoa pode representar muitas pessoas, ou uma
nação, ou mesmo a humanidade toda. Por exemplo, Adão representa a
humanidade. O que aconteceu com Adão, acontece com a humanidade.
Poderíamos dizer que não comemos da árvore que Adão comeu, mas a
Bíblia diz que quando Adão comeu, todos nós participamos; quando
Adão caiu, todos nós caímos. I Cor. 15:22 diz: "em Adão todos morrem".
Este sistema é chamado "personalidade representativa".
Também em I Cor. 15 Jesus é chamado o Segundo Adão. Portanto,
Ele representa uma nova humanidade – aqueles que crêem nEle, que são
um com Ele, que são por Ele representados. Paulo começa a falar sobre
ter Adão como representante ou ter Cristo. Em II Cor. 5:14 falando sobre
o amor de Cristo lemos: "um morreu por todos; logo, todos morreram."
Como compreender isto? Ele morreu em nossa carne, e quando a carne
humana morreu na cruz do Calvário, sob a ira de Deus, toda a
Armagedom 29
humanidade nesta ocasião pagou o preço, e a lei foi cumprida. Este é o
coração do evangelho.
Precisamos pensar mais de modo Cristocêntrico. Ninguém
absolutamente pode ser salvo por sua própria justiça, mesmo após estar
50 anos na igreja adventista. A única maneira de ser salvos é através da
justiça de Cristo em nós e sobre nós.
Leiamos Gál. 3:27-28. É uma bela passagem cheia de significado.
O batismo significa uma incorporação no próprio corpo de Cristo. Em
Romanos 8 lemos que quando somos batizados, somos batizados na
morte de Cristo.
Às vezes dizemos, por ocasião do batismo, que a pessoa está sendo
sepultada na sua própria sepultura, e por amar Cristo está sendo batizada.
Isto não tem profundidade, é um ponto de vista muito subjetivo. É
alguma coisa centralizada na emoção humana. Mas a Bíblia dá-nos uma
dimensão mais profunda em relação ao batismo. Diz-nos que a sepultura
na qual somos sepultados não é nossa, mas a do próprio Cristo. Não
somos batizados porque amamos a Cristo, mas porque temos fé nEle.
Quando morremos, Cristo morre por nós. E quando Cristo morreu,
morreu a nossa própria morte. E quando Jesus foi para a sepultura,
fomos sepultados com Ele. Pelo batismo confessamos que cremos assim.
Por este sagrado direito somos incorporados no próprio corpo de Cristo.
Somente então estamos em Cristo.
No verso 29 o apóstolo Paulo diz: "E, se sois de Cristo, também sois
descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa." Se vocês são
de Cristo são contados como Israel, e semente de Abraão. E no verso 16
ele havia dito que há somente um descendente de Abraão. Não é isto
uma contradição? Se a descendência de Abraão refere-se somente a
Cristo, como pode envolver a todos? Ao escrever o verso 29, Paulo sabia
o que estava no verso 16, portanto ele aqui está falando teologicamente.
Cristo é a única Semente perfeita de Abraão. E todos aqueles que pela fé
são batizados em Cristo, tornam-se um em Cristo. São representados por
Armagedom 30
Cristo. E estes que são um em Cristo, recebem todas as bênçãos de
Cristo. E que bênçãos recebeu Cristo? As promessas a Abraão.
As promessas feitas a Abraão e Israel eram uma bênção para todo o
mundo, todas as famílias da Terra, e que todo o mundo seria uma
propriedade de sua semente. Portanto, estas promessas são de natureza
mundial.
Pensemos em Gênesis 3:15. O Paraíso será reconquistado. A Terra
será renovada. Por acaso, não estava Abraão olhando para esta Cidade de
Deus, esta Nova Jerusalém construída pelo próprio Deus, apresentando
toda a Terra renovada? Este é um cumprimento Eclesiológico. Há
implicações para nós hoje, como também há para o futuro.
Em Gál. 6:16 Paulo chama a igreja de Israel de Deus. Israel não é
mais considerado como nação, foi deserdado das promessas. Que choque
foi para os israelitas saber que somente através da fé em Cristo poderiam
eles ter direito a essas promessas. O importante não é o sangue de
Abraão, mas a fé de Abraão. Esta é a mensagem de Romanos 4.
Lemos em Gál. 6:15 sobre "ser nova criatura" – novo nascimento
através da fé em Cristo. E a seguir, "paz e misericórdia sejam sobre eles e
sobre o Israel de Deus." Este "e" no original grego não quer dizer que se
trata de outra classe de pessoas. O sentido exato é: "paz e misericórdia
sejam sobre eles, que são o Israel de Deus."
Os judeus que rejeitaram a Cristo são Israel simplesmente segundo
a carne. Em I Cor. 1:2 Paulo fala de santos. No Velho Testamento, quem
era considerado santo? O povo de Israel. Mas muito pouco desses
israelitas naturais eram israelitas espirituais. Após a cruz, começou a
haver uma aplicação diferente desse termo "santo". Os israelitas
espirituais são agora chamados "cristãos", a "igreja de Cristo". Eles
agora são os santos. Portanto, a palavra "santo" deve ser aplicada
segundo a sua dispensação (Velha ou Nova). O contexto é que deve
explicar, como vimos anteriormente quanto aos textos 'fim dos tempos"
"consumação dos séculos".
Armagedom 31
Em Êxodo 19:5, 6 também fala em "santos". Para explicar este
termo precisamos saber qual era o seu relacionamento com Deus. Da
mesma forma, qual era o relacionamento com Deus na Nova
Dispensação?
VELHA DISPENSAÇÃO:
 Quem é Deus? Jeová
 Quem são os santos? Israel (nação)
 12 tribos

Segundo I Cor. 1:2 na:


NOVA DISPENSAÇÃO:
 Senhor Jesus
 Quem são os santos? Igreja
 12 apóstolos

Existe uma diferença entre os dois casos. A nação Israel estava


confinada ao seu território. A igreja hoje (aqueles que crêem em Jesus e
guardam os Seus mandamentos) está em todo o mundo, não tem
qualquer restrição geográfica ou étnica (de raça). O único laço que une a
igreja é a fé em Cristo. No Novo Testamento, os gentios também têm
direito às promessas. Por exemplo, Raabe, a prostituta, que se tornou
uma das ancestrais de Jesus.
Que Deus maravilhoso!
Rute é outro exemplo. Ela era moabita, mas disse à sua sogra: "O
teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus", sendo assim
incorporada à Israel.
Armagedom 32
TERCEIRO PRINCÍPIO HERMENÊUTICO

"As muitas promessas do concerto à casa de Israel e à casa de Judá


no Velho Testamento tiveram um cumprimento inicial depois do exílio
assírio-babilônico, estão tendo um cumprimento presente no ajuntamento de
judeus e gentios crentes na igreja de Cristo, e terão um cumprimento futuro
na reunião universal de todos os judeus e gentios crentes de todos os cantos
da Terra para a visível Volta de Cristo nos céus e para o Reino de Glória."

Esses princípios hermenêuticos não são isolados, mas cada um


aprimora um pouco mais o princípio que o precede. O que nós quisemos
dizer na primeira regra é mais explicado na segunda. E o que dissemos a
respeito da segunda será mais explanado na terceira.
Para compreender o 3º princípio precisamos estudar o seguinte
diagrama: AS QUATRO FASES DO ANTIGO ISRAEL

A primeira fase de Israel é muito simples: começa com Moisés e


termina com Salomão. Com Moisés, as doze tribos foram constituídas
como uma nação religiosa. Isto foi aproximadamente em 1400 AC.
Armagedom 33
Quando Salomão morreu, por volta do ano 1900 AC. esta nação dividiu-
se em dois reinos. Dez tribos juntaram-se numa organização separada, e
duas tribos (Judá e Benjamim) permaneceram ao redor de Jerusalém.
Esta divisão em dois reinos é a segunda fase. Veremos que Israel
também é chamado de Efraim, pois Efraim foi a maior entre as dez
tribos, e a que as conduziu à apostasia. Eles tiveram 20 reis, dos quais
nenhum andou nos caminhos do Senhor. Chegaram mesmo a criar um
falso templo, com culto falso, com adoração de imagens (a nação do
Norte). Deus lhes enviou dois profetas: Amós e Oséias. Isto foi no século
VIII AC.
Ao mesmo tempo, Deus enviou dois profetas ao reino do Sul: Isaías
e Miquéias.
Em 722 (observar no gráfico) houve o juízo sobre as dez tribos.
Veio o grande rei dos assírios, venceu, e conduziu essas dez tribos para o
cativeiro assírio. Em II Reis 17 estão as razões por que foram levados a
este cativeiro – rebelião e desobediência. Este é um dos mais tristes
capítulos do Velho Testamento.
Os profetas Amós e Oséias tentaram evitar esse juízo. Sabemos o
quanto sofreu Oséias com uma esposa infiel, que representava o infiel
Israel, que deveria voltar a seu Deus. Os profetas sofreram ao proclamar
sua mensagem. Era muito difícil ser um profeta. Muitas vezes fizeram
referência ao livro de Deuteronômio, onde Deus afirmava que se eles
fossem desobedientes, viria sobre eles maldição e eles seriam espalhados
por todas as nações. Especificamente, a maldição é uma dispersão.
Deus, ao cumprir Sua promessa de separar Israel, está sendo justo
ou injusto? Deus é sempre fiel – nas bênçãos e nas maldições. Ele havia
feito um concerto com Israel, falando com Moisés: "Há dois caminhos.
Se vocês forem obedientes e fiéis, receberão as bênçãos e serão
ajuntados na terra da promessa. Mas, se forem desobedientes e infiéis
(descrentes), então receberão essas maldições."
Portanto, quando Deus derrama Suas maldições, Ele é tão fiel
quanto quando derrama Suas bênçãos.
Armagedom 34
Surge agora um problema: Há 1.900 anos os judeus estão
espalhados por toda a Terra. Repentinamente, em 1948, a nação judaica
foi restabelecida na Palestina. Muitos cristãos começaram a dizer:
"Agora sim, Deus está provando Sua fidelidade em relação ao Seu povo
Israel." Esta é a doutrina do Dispensacionalismo, que prega o futurismo.
Os que a defendem têm a sua própria Bíblia, a Bíblia de Scofield,
milhões de exemplares já foram vendidos (em espanhol). Esta Bíblia está
baseada no princípio do Literalismo. Ela afirma que Israel não pode
jamais significar a igreja, e a igreja não pode ser Israel. Portanto, em
1948 Deus começou novamente a cumprir suas promessas com relação a
Israel.
Mas o que Deus provou em relação com os judeus nesses 1.900
anos passados? Isto é, se somente após 1948 Deus provou Sua fidelidade,
o que Ele provou antes disto? Portanto, é sugerir que Deus foi infiel ao
Seu concerto com Israel – é uma pressuposição falsa. Deus provou
durante 1.900 anos que Ele é fiel a este concerto feito com Israel ao
proporcionar-lhe essa maldição sobre Jerusalém e espalhá-lo em todas as
outras nações.
Em Primeiros Escritos, pág. 213, a Sra. White afirma:
"Deus preservou de uma maneira maravilhosa e miraculosa os judeus,
desde o início até o dia de hoje."
Eis um exemplo para nós: o que acontece a uma nação que rejeita o
concerto de Deus.
Este problema do Literalismo quanto ao Israel nacional de hoje, o
Dispensacionalismo, é nos EUA o maior rival do Adventismo. Sem
dúvida, em breve virá para o Brasil também. A obra-prima de Satanás é
trazer à nossa mensagem um falso conceito. E esta é uma interpretação
falsa sobre Israel. Precisamos ter uma cabal compreensão de Israel para
compreender as demais doutrinas, como o Armagedom, que se relaciona
com o Monte de Sião, etc.
O Dispensacionalismo está varrendo o mundo no momento. É um
movimento interdenominacional, promulgado por um seminário
Armagedom 35
teológico em Dallas, Texas. Eles possuem cursos por correspondência da
Bíblia em todo o mundo. E o grande Instituto Moody, de Chicago, está
se espalhando por toda a América. Praticamente todas as igrejas cristãs
da América do Norte crêem no fato de que Deus está agora cumprindo
Suas promessas ao Israel literal. E a Igreja Adventista é a única que
ainda se apega à interpretação cristológica destas profecias.
Voltemos agora ao diagrama.
Vemos que as tribos do Sul (Judá) permanecem unidas, enquanto
que as do Norte já estão no cativeiro. Surge então a pergunta: "Esta
nação do Sul aprendeu com o exemplo da nação do Norte?"
Houve bons reis em Judá. Josafá, Ezequias, Josias eram homens de
Deus. Eles conseguiram trazer reforma e reavivamento à nação. Mas o
que aconteceu no ano 605 AC.? (Daniel 1:1) Veio Nabucodonosor a
Jerusalém. E ele era mais forte que Judá para poder dominá-la? Lemos
no verso 2 que Deus entregou Jerusalém nas suas mãos. Isto aconteceu
exatamente em 605 AC.
Daniel e outros príncipes da linhagem real foram levados à
Babilônia. E o rei de Judá em Jerusalém tornou-se um vassalo submisso
ao rei de Babilônia. Este é o início do cativeiro babilônico.
Vemos então outra data – 597 AC. O que aconteceu nessa ocasião?
Novamente Nabucodonosor veio a Babilônia, porque o rei Jeoaquim não
lhe estava sendo fiel. Ele estava fazendo um complô secreto com o
Egito, a fim de afastar Babilônia de Jerusalém. E nestes dias Deus
enviou outro profeta – Jeremias – para admoestar a Sua nação a que se
submetesse e obedecesse ao poder babilônico. Jeremias introduziu este
conceito, que o poder babilônico duraria 70 anos, podemos ler em
Jeremias 25 a 29.
Quando Nabucodonosor voltou, colocou o novo rei, ainda da casa
de Davi, sobre a cidade de Jerusalém, que jurou fidelidade a Jeová e
também a Nabucodonosor. Este rei foi Zedequias, o último rei de Judá.
Ele era ainda jovem, com 20 anos de idade, e deu mais ouvidos aos seus
conselheiros do que ao profeta de Deus. Ele mesmo levou Jeremias à
Armagedom 36
prisão, mas secretamente queria ouvir a mensagem do Senhor. Que
estranha situação! Acreditava em Deus, mas não queria obedecê-Lo.
Jeremias disse que se ele não se submetesse, quando rei de Babilônia
chegasse, toda a cidade seria destruída, e com ela o lindo templo.
Temos ainda outra data – 586 AC., talvez a mais importante, porque
desta vez Jerusalém tornou-se uma montanha de ruínas onde as raposas
caminhavam livremente.
Mas em 597 AC. (a data anterior, no gráfico) Deus chamou outro
profeta para suceder Jeremias – Ezequiel. Em 597 AC., Ezequiel estava
em Babilônia, Daniel estava na capital e Jeremias estava em Jerusalém.
Três profetas ao mesmo tempo. Deus não abandonou o Seu povo, mas
estava interessado em levá-lo ao arrependimento e iniciar uma nova era
após o cativeiro babilônico.
Mas eles se sentiam como se estivessem no vale de ossos secos. E o
profeta Ezequiel (capítulo 37) disse que esses ossos secos seriam ligados,
receberiam carne e viveriam outra vez – seriam uma nova nação.
Deus nunca deu somente juízos. Por meio de Jeremias, Ezequiel e
Daniel Ele concedeu promessas de restauração. O povo falha, mas Deus
jamais falha. Dentre o povo há sempre fiéis por meio dos quais Ele pode
continuar Seu plano de redenção.
Que Deus maravilhoso! Quando o velho está falhando, Ele diz:
"Vou criar um novo que não vai falhar!" Todas as promessas estão
relacionadas com as profecias messiânicas, porque se todos os israelitas
e judeus falhassem, Jesus jamais falharia. Podemos crer em Deus.

Passemos à terceira fase. Israel e Judá estão no cativeiro babilônico


a partir de 536 AC. Em II Crônicas 36 podemos também descobrir por
que estas nações foram levadas cativas.
A Assíria, que era uma nação entre os rios Tigre e Eufrates, na
Mesopotâmia, foi conquistada por outra nação maior – Babilônia.
Portanto, a Babilônia conquistou o território que era a Assíria. As dez
tribos foram agora juntadas às duas tribos no cativeiro – temos então as
Armagedom 37
doze tribos reunidas neste cativeiro babilônico. Daí veio o patriarca
Abraão – de Ur dos caldeus.
A desobediência levou-os de volta ao mesmo lugar de onde vieram.
Quando desobedecemos a Deus, voltamos para onde iniciamos. O que
seríamos sem este movimento? Somos o que somos porque cremos em
Jesus Cristo.
Não nos esqueçamos deste detalhe: Todas as promessas de
restauração que Deus deu ao profeta Jeremias e a outros foram para as
doze tribos juntas. Deus jamais deu qualquer promessa às dez tribos
como se fossem ser restauradas separadamente das duas tribos. Deus
quer um povo, sob a liderança de um só pastor. É por isso que nesta fase
final encontramos uma nação somente.
Quando findou o cativeiro babilônico? Iniciou em 605 AC. e em
569 Babilônia foi vencida. Em 536 AC. os primeiros cativos começaram
a retornar à Palestina. Podemos então calcular: 605-536 = 69. Como
devemos contar a data inclusiva, como é o sistema hebraico, obteremos
os 70 anos profetizados.
Agora vamos considerar as datas dos retornos. Segundo o nosso
Comentário Bíblico, houve apenas dois retornos:
 O primeiro foi em 538/537 AC. Os líderes eram Zorobabel e
Josué.
 O segundo foi em 457 AC., o sétimo ano de Artaxerxes. O líder
era Esdras. Em 444 AC. Neemias chegou com o pequeno grupo
para restaurar os muros de Jerusalém, mas isto não é considerado
um retorno, pois Neemias voltou para Babilônia após os 52 dias
da restauração.
Em 537 AC. uma pequena minoria voltou com Zorobabel. A
maioria permaneceu. Alguns se tornaram ricos comerciantes, por isso
não queriam voltar ao lar. Eram desobedientes. Quantos voltaram da
primeira vez? 50.000 (Isto está em Esdras 1 e 2). E da segunda? 5.000
(relato em Esdras 7).
Armagedom 38
Há algo muito mais importante entre estes dois retornos – o livro de
Ester, onde é retratada uma situação muito crítica: é o único livro da
Bíblia que fala em decreto de morte. É um tipo do decreto final
(Apocalipse 13).
Abandonou Deus estes judeus que foram desobedientes e não
voltaram? Em Sua graça, Ele demonstrou que ainda estava com este
povo desobediente. Os que haviam retornado estavam construindo o
templo.
Em 520 AC a reconstrução foi interrompida porque houve oposição.
Então Deus enviou dois profetas – Zacarias e Ageu – no segundo ano de
Dario. Há ainda um profeta que deve ser mencionado, o último:
Malaquias – 430 AC.
Existe uma tríplice aplicação para esta terceira regra. Isto torna o
Velho Testamento muito importante para o seu próprio tempo, para a
igreja cristã, e especialmente importante para a igreja remanescente. Se
queremos estudar as profecias para o tempo do fim, temos que ir ao VT.
O primeiro texto que vamos estudar para este princípio é
Deuteronômio 30:1-10.
Nos três primeiros versos temos uma grande promessa de
ajuntamento e dispersão. Quem fez esta promessa? Quando? Onde?
Resposta: Moisés, em pé diante da entrada da terra prometida.
Todas as demais promessas que os outros profetas apresentaram
mais tarde são baseadas nesta acima.
Israel vagara no deserto por quarenta anos. Havia sido rebelde e
obstinado. No capítulo 28 Deus disse que todas as promessas seriam
condicionais e, no entanto no capítulo 27 disse que as maldições também
seriam condicionais. Todas as bênçãos e todas as maldições são
condicionais.
Sabemos que as condições são semelhantes, tanto na Velha como
na Nova Dispensação. A condição para a bênção é a fé e obediência; e a
condição para a maldição é descrença e desobediência.
Armagedom 39
Nesta ocasião Moisés dá um resumo do que Deus havia dito
anteriormente: "Quando, pois, todas estas coisas vierem sobre ti, a bênção
e a maldição que pus diante de ti, se te recordares delas entre todas as
nações para onde te lançar o SENHOR, teu Deus" (Deut. 30:1).
Conforme o verso 3, apesar da maldição, ainda haverá uma porta
aberta. O filho pródigo sempre terá condições de voltar. Que Deus
maravilhoso o nosso! Ele não castiga os Seus filhos por causa desta
maldição, mas castiga com o objetivo de curar. O seu propósito é sempre
abençoado.
No verso 2 lemos que quando nos voltamos a Deus de todo o
coração e damos ouvidos à Sua voz: "e tornares ao SENHOR, teu Deus,
tu e teus filhos, de todo o teu coração e de toda a tua alma, e deres
ouvidos à sua voz, segundo tudo o que hoje te ordeno". De todo o
coração – é a maneira da obediência que Deus pede. Obediência total.
Deus revelou a Moisés que não está interessado na obediência exterior.
Isto é o que se observa nas organizações militares do mundo e na Igreja
Católica. Deus solicita obediência interior, de todo o coração, um
perfeito amor, como lemos em Deut. 6:5 (obediência voluntária).
Qualquer outra obediência não é obediência, é legalismo.
Quando é atingida esta condição, vamos no verso 3 o que acontece:
"o SENHOR, teu Deus, mudará a tua sorte, e se compadecerá de ti, e te
ajuntará, de novo, de todos os povos entre os quais te havia espalhado".
Há aqui dois verbos com um conteúdo teológico: "ajuntar" e
"dispersar". A bênção que foi prometida por Deus é "ajuntar" – o
ajuntamento ao próprio Deus e também ao lugar onde Deus vive, o
Monte de Sião. A maldição é a dispersão. Nos versos seguintes este
mesmo princípio é repetido.
O verso 6 diz que só Deus pode mudar o coração. Deus somente
pede o que primeiro Ele concede.
Em Deut. 30:10 lemos: "... se te converteres ao SENHOR, teu
Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma". Uma nova
oportunidade é dada. Podemos então compreender porque o livro de
Armagedom 40
Deuteronômio é chamado o livro do amor, muito diferente do que seu
próprio nome sugere – "o livro da lei".
Vamos agora a um profeta que apresenta estas promessas de uma
maneira mais ampla. Sem dúvida, ISAÍAS foi o maior profeta que já
viveu. Recebeu as maiores revelações da parte de Deus sobre a glória e o
sofrimento do Messias e sobre o reino de Deus.
Temos em Isaías 11 uma profecia messiânica muito importante. Os
primeiros cinco versos falam diretamente sobre o Messias.
Os versos 1-3 primeiros referem-se ao primeiro advento, enquanto
que os versos 4 e 5 quinto falam do segundo advento.
Os versos 6 a 9 falam a respeito do reino do Messias. Lemos no
verso 9: "Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte,
porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas
cobrem o mar."
Eu quero estar neste reino. Meu coração está esperando por ele.
Estamos vivendo num mundo de crime e violência, de sofrimentos e
angústia de coração. Mas Deus nos promete este reino, e devemos ansiar
por ele. É para ele que fomos criados.
Mas o capítulo não termina no verso 9. Nos versos 10 a 16 é-nos
dito como Deus vai novamente ajuntar o Seu povo. O Messias virá
ajuntar os Seus escolhidos de todos os cantos da Terra. Quem é a raiz de
Jessé, mencionada no verso 10? Sabemos que Jessé era o pai de Davi, e
aqui o profeta refere-se a este descendente de Jessé, que era seu filho, e
também seu Senhor. Sabemos pelo Novo Testamento, que este era Jesus.
Eles não sabiam o seu nome, mas nós sabemos. É-nos dito que esse filho
de Davi e de Jessé reuniria novamente o Seu povo. E é um poder muito
grande este de atrair os povos a Si.
Alguns de nossos grandes evangelistas conseguem atrair muitas
pessoas, mas nenhum deles poderia atrair a todos. As pessoas variam em
grau de inteligência e de emoção, e somente Um poderia atrair a todos:
"E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo." Seu
nome é Maravilhoso, é o nosso Salvador Jesus Cristo.
Armagedom 41
Este é o cumprimento do verso 10. Jesus não veio para estabelecer
uma religião diferente, mas veio para cumprir. Sem dúvida, Jesus
recusou o Judaísmo, mas o Judaísmo era um desvio daquilo que Moisés
e os profetas ensinaram.
O versículo 11 também é muito importante. Mostra-nos de onde o
Senhor atrairá o Seu povo. Deus não quer apenas dar-nos um conceito,
mas apresentar-nos as realidades históricas da verdade. O que quer dizer
este novo estender da mão, este novo ajuntamento? Para haver esta
segunda vez, deve ter havido uma primeira.
O Dispensacionalismo defende que o primeiro ajuntamento de
Israel ocorreu no retorno de Babilônia em 536 AC, e que o segundo é o
ajuntamento de todas as nações que aconteceu em 1948 DC, quando a
nação dos israelitas foi estabelecida na palestina, e em 1966, quando
Jerusalém foi reconquistada.
Esta interpretação não está correta, apesar de ser aceita por todos os
cristãos, menos os adventistas.
Quando lemos do versículo 12 em diante, notamos que duas nações
são mencionadas – Assíria e Egito. O cativeiro assírio seria semelhante
ao cativeiro do Egito, ou melhor, o livramento do cativeiro assírio seria
igual ao livramento do cativeiro egípcio. Sabemos que Deus livrou Israel
por meio do secamento do Mar Vermelho, da mesma forma, Ele os
livraria do cativeiro assírio, pelo secamento do rio Eufrates. Vemos
assim que no Velho Testamento existe uma teologia do remanescente.
Sempre existe um remanescente após uma crise. Houve um remanescente
no tempo de Noé, e Deus sempre promete enviar bênçãos após os juízos,
como aconteceu com Israel no dia em que subiu da terra do Egito.
Pelo contexto concluímos que o primeiro ajuntamento mencionado
neste capítulo é o livramento do Egito. Qualquer Comentário Bíblico
confirma esta declaração. E o segundo é o livramento do cativeiro
assírio-babilônico. Portanto, a teoria do Dispensacionalismo é falsa.
Quando conhecemos o falso, damos muito mais valor à verdade.
Armagedom 42
Recordemos:
 Em 722 AC as dez tribos (Israel) foram levadas ao cativeiro

assírio.
 As duas tribos (Judá) foram levadas ao cativeiro babilônico.

Temos três datas para este segundo cativeiro:


 Em 605 AC Daniel foi levado cativo.
 Em 597 AC Ezequiel foi levado ao cativeiro.
 Em 586 AC Jerusalém foi destruída e também o templo de
Salomão.
Isaías viveu e profetizou entre esses dois cativeiros, e se refere ao
livramento passado e faz a promessa de que novamente Deus livraria o
Seu povo.
Os dispensacionalistas consideram estes versos da seguinte maneira:
O ajuntamento da Assíria e de Babilônia não foi dos quatro cantos da
Terra, e no verso 12 é prometido que o povo seria ajuntado dos quatro
cantos da Terra, portanto isto só poderia ser possível após a segunda
destruição de Israel, no ano 70 de nossa era.
Mas este argumento não tem fundamento, pois durante o cativeiro
assírio-babilônico os judeus foram espalhados por toda a Terra, sendo
vendidos pelos mercadores de escravos fenícios. (Joel 3:4-6; Ezeq. 27).
Os versículos seguintes – Isaías 43:5-7; 49:10-13 – são também
profecias do ajuntamento de Israel que serão cumpridas pelo Messias. O
capítulo-chave é Isaías 11.
Vamos agora considerar Ezequiel 36:24. Não é bom ler apenas o
versículo, mas todo o capítulo. Aqui temos outra promessa de
ajuntamento. Ezequiel viveu após Isaías, em cerca de 590 AC. seu livro
tem 48 capítulos. A primeira metade vai de 597 a 586 AC. Do capítulo
24 em diante, Ezequiel começa a profetizar após a destruição de
Jerusalém.
Se queremos interpretar corretamente a Bíblia, devemos ter o
conhecimento do completo contexto histórico.
Armagedom 43
No capítulo 36, Ezequiel estava em Babilônia. Nabucodonosor
havia acabado de destruir o templo. Todos os israelitas estavam em
cativeiro. Ezequiel nada tem a proferir quanto ao juízo, pois este já viera,
portanto Deus dá-lhes promessas sobre promessas – promessas de
restauração e de ajuntamento.
O mesmo acontece com Isaías, que viveu no VIII século AC. Do
capítulo 1 ao 39 Isaías trata dos juízos de Deus a Israel e do capítulo 40
ao 66, fala de restauração.
Todos os profetas giram em torno do cativeiro assírio-babilônico.
Diz-se até que um terço das profecias estão relacionadas com este
cativeiro. Se não soubermos quando ele começou e findou, estaremos
perdidos no Velho Testamento.
Precisamos compreender a Palavra de Deus. Não é suficiente
ganhar almas. É preciso alimentá-las. Se assim não fosse, não haveria
necessidade da Bíblia, que é para os que já foram ganhos. Paulo escreveu
cartas para os que já haviam sido batizados. E é necessário muito esforço
mental para entender as verdades de Deus, pois devemos relacioná-las
com o contexto imediato e o seu sentido mais amplo.
Em Ezequiel 37:21-24 há uma linda promessa – que as dez tribos
tornar-se-iam um só reino, com um só rei. Que rei? Lemos no verso 24
que é Davi. Quem seria este Davi? O próprio rei Davi? O Literalismo,
que aceita o termo como está no original grego, não compreende a
maneira hebraica de expressão.
Precisamos saber como a passagem foi compreendida na ocasião.
Quem seria este Davi? Ezequiel 34:11-24 identifica este rei. No
verso 15 está: "Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei
repousar, diz o SENHOR Deus." Vemos aqui que Deus não aceita
qualquer líder político de Israel para ser o pastor. Todos eles falharam.
Eles mais se alimentavam das ovelhas do que as apascentavam. Deus
declara que Ele mesmo seria o Pastor. No capítulo 34 a profecia está
mais explanada. Era preciso um novo Davi para ajuntar Israel.
Armagedom 44
Há três elementos no concerto de Deus com Seu povo, do início ao
fim da Bíblia:
(1) Eu serei vosso Deus
(2) Vós sereis o Meu povo
(3) Habitarei no vosso meio
Este novo Davi é o Messias. O que dizer sobre os reis judeus? Davi
falhou quando cometeu adultério e assassínio premeditado. E ele era
considerado o maior dos reis. Salomão falhou. Todos os reis falharam.
Os israelitas estavam esperando um rei que não falharia. Esses reis eram
sombras e tipos deste que havia de vir.
Estas profecias foram cumpridas em relação a Israel no tempo do
Velho Testamento?
Consideremos este gráfico:

Há três dispensações: a antiga, a nova e a futura. As promessas de


ajuntamento do Velho Testamento foram cumpridas após o cativeiro
assírio-babilônico. Houve dois retornos: um em 536 AC e outro em
457AC. Os profetas que ministraram após os retornos – Ageu, Zacarias e
Malaquias – disseram que Deus restauraria Seu povo na sua maior glória.
A glória do novo templo seria maior que o de Salomão. Como isto seria
possível, visto o segundo ser muito menor que o primeiro? Devido à
presença de Jesus Cristo. Lemos a respeito no livro O Desejado de
Todas as Nações. Em Zacarias 8 também lemos que Deus daria bênçãos
Armagedom 45
preciosas a Seu povo remanescente. Estas promessas foram cumpridas
após o cativeiro babilônico? Parcialmente. Este cumprimento teve início
com o novo concerto (após o cativeiro). É isto que está em Ageu e
Zacarias.
O que nos mostra Malaquias? A espiritualidade do povo aumentou
ou diminuiu na sua época? A Sra. White diz que Malaquias foi a
mensagem laodiceana para o antigo Israel – a última mensagem de
arrependimento e purificação.
Sem dúvida, com estes dois retornos, houve cumprimento da
promessa de ajuntamento. Houve um novo início. E por que Deus não
cumpriu todas as Suas promessas nesta ocasião? Porque estas promessas
eram condicionais, e em Malaquias lemos que a situação era de
desobediência, tanto no culto como na moralidade. Malaquias é um livro
chocante, cheio de perguntas de Deus a Israel. Não há outro livro na
Bíblia onde há tantas perguntas: "Sou Eu o vosso Pai? Onde está a
Minha honra? Sou Eu o Senhor conforme dizeis? Onde está o temor do
Senhor no vosso coração?"
Temos muitas perguntas a fazer a Deus, mas seria melhor escutar as
perguntas de Deus a nós.
Em Profetas e Reis, pág. 703 e 704, a Sra. White declara que Deus
iniciou o cumprimento de Suas promessas de restauração e ajuntamento,
mas não pôde cumpri-las todas.

Surge agora uma pergunta muito importante: O que estas promessas


do Velho Testamento que não foram totalmente cumpridas significam
para nós? O que as profecias de Malaquias, Ageu, Zacarias significam
em relação a Cristo e Sua igreja?
Leiamos Mat. 12:30. Jesus usa aqui dois termos com muito do
significado teológico de Deuteronômio "ajuntar" e "espalhar". O que
Jesus quis dizer a Israel? O que jamais qualquer rabino ousou afirmar e
jamais passou pelas suas mentes, que o próprio Jesus era o ponto de
Armagedom 46
gravitação do ajuntamento de todo o Israel. Portanto, se eles não fossem
ajuntados a Cristo, eles nunca seriam ajuntados, mas espalhados.
Como podemos imaginar Jesus fazendo tal afirmação aos judeus ali
na Palestina? A promessa do ajuntamento não se relaciona com a terra,
ou lugar. Isto é idéia do Sionismo. O ajuntamento na Bíblia é em relação
a Deus e a Seu Filho Jesus Cristo.
Jesus pôde fazer tal afirmação porque Ele próprio é a manifestação
de Jeová, é o Rei Messiânico, o segundo Davi. Ele veio ajuntar Israel sob
a liderança de um só Rei.
Portanto, o que define se estamos espalhados ou ajuntados? Se
estamos ou não em Cristo. É uma mensagem chocante esta.
Lemos em Mat. 18:20 – "Porque, onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, ali estou no meio deles." O ajuntamento deve ser
em Seu nome.
Em Mat. 23:37, um pouco antes de trazer o julgamento sobre
Jerusalém, disse Jesus: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e
apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus
filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não
o quisestes!"
Jesus usa as palavras "ajuntar", "reunir". Da mesma forma que Jesus
reuniu a Si as doze tribos, Ele reúne a Si as ovelhas perdidas da casa de
Israel, este é o cumprimento das profecias do ajuntamento. Jesus é o
centro deste ajuntamento.
Mesmo que os judeus estejam reunidos na Palestina, eles não estarão
ajuntados se não estiverem em Cristo. Como, pois, poderia ser 1948 um
cumprimento da promessa de ajuntamento? A nação judaica nada tem a
ver com Jesus, como podem os cristãos dizer que isto é um cumprimento
da promessa de Deus? Tal declaração significa rejeição de Jesus, fazer
da Palestina algo mais importante que o próprio Messias.
S. João 10:11.
Como entender as palavras de Jesus: "Eu sou o bom Pastor"?
Normalmente pensamos em um pastor do campo que guarda as suas
Armagedom 47
ovelhas. Não está absolutamente errado, mas é uma idéia inadequada.
Devemos compreender esta expressão "bom pastor" à luz do Antigo
Testamento. Jesus sempre buscou no Velho Testamento as Suas palavras.
Em Ezeq. 34 lemos que o Senhor quer ser o Pastor do Seu povo.
João 10:14-16.
"Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco". A que tipo de
ovelhas Jesus está Se referindo? Os Mórmons e as Testemunhas de Jeová
têm uma teoria toda especial quanto a essa outras ovelhas. Devemos
certificar-nos se estamos com a interpretação correta. Alguém afirmou
que as outras ovelhas são os gentios. Como provar pela Bíblia? Isa. 56:8.
Antes de ler esta passagem, perguntamos: Quando viveu Isaías? Por
volta do VIII século, pouco antes do cativeiro assírio. Alguns chamam a
parte onde está esta passagem de Deutero-Isaías.
No livro de Isaías existe uma coincidência interessante com a Bíblia:

ISAÍAS BÍBLIA
66 capítulos 66 livros
1ª seção: 39 cap. V. Testamento: 39 livros
2ª seção: 27 cap. N. Testamento: 27 livros

Isaías escreveu a segunda parte do seu livro muito antes que se


cumprissem tais profecias. Muitos críticos não podem crer nesta visão
futura do livro. Até o nome do rei que daria o livramento de Israel é
mencionado 100 anos antes do seu nascimento. Esta 2ª parte (cap. 40)
começa com as palavras: "Consolai, consolai o meu povo." É um livro de
promessas e restauração.
Vamos agora considerar o capítulo 56. Este capítulo é a maior
prova no Velho Testamento que o sábado não foi dado só para os judeus,
mas para todos os povos.
No verso 4 lemos sobre os eunucos. Eles não eram judeus, eram
guardadores dos haréns dos reis, castrados, fisicamente defeituosos. Eles
não se sentiam bem. E agora Deus Se dirige a eles (ler a partir do verso 3).
Armagedom 48
Eles eram estrangeiros, não tinham Abraão por pai, mas o bom Deus
quer ser o Senhor de todos.
Como os estrangeiros poderiam adorar? Versos 6 e 7.
O sábado é o símbolo da aliança. Era para todos os povos. No verso
4, sábado e aliança são como que sinônimos. No sábado, a lei e o
evangelho se unem. O sábado nos oferece justificação pela fé, o
descanso da graça. É o único mandamento entre os dez que une o
evangelho e a lei.
Em Isaías 56:8 lemos: "Assim diz o SENHOR Deus, que congrega os
dispersos de Israel: Ainda congregarei outros aos que já se acham
reunidos." Em primeiro lugar Deus diz: "Vou reunir os israelitas" e os
ajunta. Mas não fica satisfeito só com os israelitas. Quando Jesus
afirmou que tem outras ovelhas que não são deste aprisco, estava
querendo cumprir o que está em Isa. 56:8. Assim, João 10:16 recapitula e
aplica a Isa. 56:8. Isa. 56:8 é a promessa e João 10:16 é o cumprimento.
Quando Filipe pregou ao eunuco, aplicou esta interpretação
cristológica, que foi introduzida por Jesus.
João 11:49-52 – "... para reunir em um só corpo os filhos de Deus,
que andam dispersos."
Vimos este conceito em Deuteronômio, Isaías e Ezequiel, e todos os
profetas incluem nos seus livros promessas de ajuntamento. É a maior
bênção contida no concerto com Israel mas só foi parcialmente cumprida
no Velho Testamento. O Novo Testamento surge com as boas-novas que
os judeus dos vários lugares não conhecem. Eles não têm o Novo
Testamento.
Não é tempo de levarmos a eles esta mensagem? O próprio Jesus
disse que não voltará antes de fazermos este trabalho pelos judeus. Mas
só poderemos fazer este trabalho quando conhecermos o Velho
Testamento. Então, poderemos levar-lhes estas promessas, nas quais eles
não crêem mais, promessas de um Messias humilde, que Se tornará
vitorioso, mostrar-lhes que Jesus de Nazaré é o único que pode cumprir
todas essas promessas.
Armagedom 49
Se eles se conscientizarem de que o Novo Testamento é a chave
para a compreensão do Velho, aceitarão a Jesus como o Salvador.
O apóstolo Paulo afirmou em Romanos 1 – primeiro os judeus,
depois os gregos. Isto ainda é real hoje. Devemos primeiro levar as
bênçãos aos judeus. Antes de iniciar uma série de conferências, devemos
primeiro dirigir-nos aos rabinos.
Os judeus estão sempre em primeiro lugar, tanto nas bênçãos como
nas maldições. A Sra. White diz que há muitos como o apóstolo Paulo
entre eles. Eles têm grande conhecimento das Escrituras e ao se
converterem poderiam pregar sobre a imutabilidade da lei de Deus muito
melhor que nós.
Nenhuma outra igreja cristã pode aproximar-se deles mais do que
nós, pois as demais igrejas consideram o Novo Testamento como
substituto do Velho, o domingo no lugar do sábado. Somente nós
compreendemos ser o Novo Testamento uma revelação maior do Antigo
Testamento.
Se não conhecemos o Antigo Testamento, Jesus será para nós
simplesmente um Mestre de moralidade. Sabemos pelo Novo Testamento
quem é Cristo. Mas somente pelo Velho Testamento podemos saber o
que é Cristo. Os tipos nos dizem o que é Cristo, que tipo de rei é Ele, que
tipo de Sacerdote, qual é Sua missão profética.
S. João 12:32 – "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a
mim mesmo."
Vamos pensar um pouco sobre Jesus no Céu. O que significa
"levantado"? Em primeiro lugar, refere-se a Jesus levantado na cruz; e o
outro significado é Jesus levado para o Céu. Cristo ainda está hoje
atraindo todos os homens a Si. Este "atrair" significa ajuntar todos os
homens a Si. Como isto é possível agora que Ele está no Céu? Através
da pregação do Evangelho, feita pela igreja. A igreja não é para ser um
ajuntamento social, mas para pregar a cruz de Cristo, para oferecer o
sangue de Jesus para purificação do pecado.
Armagedom 50
Deveríamos pregar mais sobre Cristo. A Sra. White diz que os
sermões sem Cristo são tão aceitos diante de Deus quanto a oferta de
Caim. Devemos elevar este Homem do Calvário mais alto e mais alto,
então Ele atrairá todos a Si. Jesus está ainda hoje ajuntando o Seu povo,
por meio da nossa pregação.
Leiamos Atos 15, considerando como as promessas do ajuntamento
foram cumpridas na igreja. Este capítulo trata do primeiro concílio
apostólico. Havia um grande problema na igreja primitiva: quando
deveriam ser impostas aos gentios as leis do Velho Testamento. Paulo
foi considerado um liberal com respeito a este assunto, porque não
estava mais pregando a circuncisão para os gentios. Não deveriam os
judeus e os gentios ser tratados igualmente?
Todos os apóstolos e anciãos foram chamados para este concílio.
Começaram a discutir. Pedro levantou-se e contou uma experiência.
Pedro era muito interessante na sua maneira de agir, mas possuía uma
mente estreita. Ele cria que os judeus eram melhores que os gentios,
mais santos, e que os gentios eram inferiores – a segunda classe.
Deus então operou em Pedro, ampliando a sua mente. Em Atos 10
lemos de uma visão que lhe foi dada. Enquanto ainda confuso com esta
visão, alguém bate à porta – os enviados de Cornélio, que era gentio.
Pedro foi com eles. Havia uma multidão pronta a receber a mensagem
que Pedro tinha para eles. Pedro fica surpreso e começa a falar. Aqueles
gentios aceitam a mensagem e o Espírito Santo é derramado sobre eles.
Começam a falar em outras línguas. Pedro se admira por ver que eles
estão tendo a mesma experiência que ele próprio tivera por ocasião do
Pentecostes. E fica convencido de que Deus aceita os gentios da mesma
forma que os judeus. E diz: "Se Deus os aceita, vou aceitá-los também.
Vou batizá-los. São meus irmãos e irmãs em Cristo." E todos foram
batizados.
Os líderes em Jerusalém julgavam que isto estava errado, mas
quando ouviram esta narração, disseram: "Se Deus os aceitou, vamos
aceitá-los também." Então levantou-se Tiago e começou a falar.
Armagedom 51
Provavelmente era ele o líder do concílio, pois foi o último a falar
(Versos 13,14). Ele recordou o fato de terem os gentios sido ajuntados
aos judeus como o povo de Deus. Em Deut. 7:6 já lemos desse povo.
Agora os gentios tinham a oportunidade, embora Deus tivesse que forçar
um pouco a sua entrada. Tiago considera isto como cumprimento desta
profecia (Versos 15-18).
Comparemos com Amós 9:11 e 12. Amós viveu no VIII século AC,
um pouco antes do cativeiro assírio, tendo sido enviado às dez tribos do
Norte. Todo o livro de Amós é condenação e juízo, e ao chegar ao
capítulo 9, verso 11, as nuvens são afastadas. Alguns estudiosos, diante
desta diferença, julgam que tais versos não foram escritos por Amós.
Mas eles não conhecem a Deus, que fere com o objetivo de curar. O
mesmo Deus que envia condenações, envia promessas e bênçãos. A
grande promessa do livro de Amós é de restauração.
Precisamos nos transferir aos dias de Amós para compreender o
significado de sua mensagem naquela ocasião, e somente então podemos
aplicar aos nossos dias. Isto é interpretação (primeiro o Velho
Testamento, depois o Novo). Amós 9 diz que Deus restaurará o
tabernáculo de Davi. A casa de Davi perdera a sua glória. Os inimigos
regozijavam-se por Israel ter sido conduzido ao cativeiro. Que
significado teve esta promessa para as dez tribos? Houve um
cumprimento parcial, inicial, nos dois retornos do cativeiro, mas tal
profecia não foi completamente cumprida.
Estaria ela antiquada com relação a Israel?
Transfiramos esta pergunta para o Novo Testamento. Atos 15
novamente. Tiago diz que a profecia chega ao seu cumprimento. E como?
O Evangelho foi para os gentios e eles o aceitaram. Os gentios foram
ajuntados a Cristo, batizados em Cristo, unidos à igreja.
A igreja, sendo construída pelos doze apóstolos, era uma igreja
judaica, e agora os gentios eram somados a esta igreja. Portanto, em
Amós 9 havia uma predição da restauração de Israel, com a ajuda dos
gentios. A igreja cristã em Atos não está construída próximo a Israel,
Armagedom 52
como se fosse um segundo povo do concerto, além do povo de Israel,
mas é a restauração do povo de Israel. Isto é muito importante. Deus
jamais rejeitou o Israel fiel, mas fez um novo concerto com ele. Os doze
apóstolos são a continuação das doze tribos. Todos os gentios que crêem
em Jesus são agora considerados israelitas. "Se pertenceis a Cristo, sois
semente de Abraão." A igreja cristã primitiva é a restauração do Israel
antigo. Isto já estava no Velho Testamento, mas é mais claramente
explanado no Novo. A igreja cristã é o único Israel de Deus. ela
começou no dia de Pentecostes, com três mil batismos.
Em Amós 9:12 a promessa afirma que possuirão o restante de
Edom. Edom é a descendência de Esaú, considerados inimigos de Israel.
Aqui eles representam todos os inimigos de Israel. Em Atos 15, verso 17
não é citado Edom. Na tradução da Septuaginta, Adão está no lugar de
Edom, representando todos os povos, todos os homens.
Cristo está constantemente atraindo todos os homens a Ele. A
Reforma foi um ajuntamento. O movimento Milerita foi um ajuntamento
por meio das profecias de Deus. O grande desapontamento foi uma
dispersão. E os pioneiros começaram o Movimento Adventista, que é um
outro ajuntamento.
Ellen G. White em Primeiros Escritos, págs. 74-76, aplica
Isa. 11 "reunirei outra vez" aos Mileritas (1831-1844) e ao Movimento
Adventista. Ela diz que estamos vivendo no tempo do ajuntamento. Isto
não é exegese, mas uma aplicação que está em harmonia com a Bíblia,
pois as promessas feitas a Israel aplicam-se também à igreja –
cumprimento eclesiológico.
Ainda haverá um outro ajuntamento antes da Volta de Jesus, a
chuva serôdia, o alto clamor de Apocalipse 18, quando Israel será
finalmente retirado de Babilônia.
"Saí de Babilônia" é a mensagem que devemos pregar com grande
poder. Este é um outro retorno de Babilônia. Este retorno começou em
1844, mas ainda não está completo. O Espírito Santo virá para convencer
os que ainda estão em Babilônia a sair dela.
Armagedom 53
A chuva serôdia unir-se-á à mensagem do terceiro anjo, como o
clamor da meia-noite uniu-se à mensagem do segundo anjo em 1844.
Tudo isto pertence à mesma classe de cumprimentos. Há muitos
cumprimentos, incluindo o que ainda está no futuro, do qual todos
participaremos. No entanto, por ocasião da Segunda Volta de Cristo,
haverá ainda um outro cumprimento destas promessas de ajuntamento.
Segundo esta luz, vamos ler o que Jesus disse em Mat. 24:30 e 31.
Jesus aqui Se refere ao cumprimento futuro de tais promessas: "... os seus
anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus
escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus."
Os termos aqui usados são provenientes do Velho Testamento. Os
escolhidos aqui mencionados são os israelitas, e este ajuntamento será o
grande ajuntamento final. Este será o cumprimento final de Deut. 30, de
Isa. 11, de Ezequiel e Jeremias. Nesta ocasião, o cumprimento não será
espiritual, mas visível: todos os mortos em Cristo serão ajuntados aos
vivos que estão em Cristo – um Cristo visível.
Que ajuntamento glorioso será este! Trombetas soando! É a terceira
dispensação que se inicia.
Na primeira dispensação houve um cumprimento parcial destas
profecias, com o Israel nacional.
Na atual dispensação, as promessas estão se cumprindo na igreja, e
no futuro, completar-se-á este cumprimento, com a reunião do povo de
Deus de todos os cantos da Terra, de todos os tempos.
Há um cumprimento progressivo na história da redenção. É isto que
aprendemos no terceiro princípio de hermenêutica – o tríplice cumprimento
das promessas de ajuntamento: no passado, no presente e no futuro,
porque Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre.
Há alguns princípios que devemos estudar para perceber a unidade
que há no maravilhoso Livro de Deus. Já aprendemos que a Bíblia é o
seu próprio intérprete.
Consideramos as promessas de Deuteronômio 30, relacionadas com
Isaías 11, Ezequiel, Jeremias, e outros profetas. Estas profecias tiveram
Armagedom 54
cumprimento nos dois retornos do cativeiro babilônico. Foi um aspecto
histórico, mas Cristo também disse que reuniria os povos a Si, e este é o
aspecto cristológico deste cumprimento.
Além disso, estas mesmas promessas de ajuntamento cumprem-se
na igreja apostólica (Atos 15) – é o cumprimento eclesiológico, sem
dúvida baseado no cumprimento cristológico. Sempre que temos o
cumprimento eclesiológico, teremos também o cumprimento eclesiológico,
pois não é possível separar a cabeça do restante do corpo. Cristo é a
cabeça, e a igreja o corpo de Cristo.
O que pode ser considerado com relação a Cristo, também pode ser
considerado com relação à igreja, porque a igreja está em Cristo.
Na Nova Dispensação (Novo Testamento) também existe uma
Babilônia. E ela também retém os judeus em cativeiro.
No Velho Testamento, o cativeiro babilônico durou 70 anos.
Quanto tempo durará o cativeiro do Novo Testamento? 1260 anos,
portanto muito mais longo que o primeiro. Isto indica que os fatos na
Nova Dispensação são muito mais sérios do que o que aconteceu na
Velha Dispensação.
Assim como a antiga Babilônia perseguiu o verdadeiro Israel,
também a Babilônia atual persegue o verdadeiro Israel. Mas a Babilônia
atual é uma igreja apóstata, e isto é muito mais sério.
Deus providenciou um outro ajuntamento para quando findasse o
cativeiro babilônico do Novo Testamento. E este foi o surgimento das
três mensagens angélicas. Com esta tríplice mensagem, Deus reabilitou a
Sua igreja. Este é o lugar que ocupa na profecia o movimento adventista.
O outro ajuntamento ocorrerá quando o Espírito Santo for
derramado sobre toda carne, como no dia de Pentecostes. Este segundo
ajuntamento é invisível, espiritual, universal. Nem todas as promessas
que estão aí envolvidas foram cumpridas neste cumprimento. Não temos
uma terra de descanso e de paz. O povo de Deus nesta dispensação é, em
geral, perseguido, não tem muito descanso para seu corpo, para seus pés.
Ele está ansioso pelo cumprimento final, que se dará no segundo advento
Armagedom 55
de Cristo, quando serão reunidos todos os eleitos, dos quatro cantos da
Terra. Todas as promessas de ajuntamento do Velho Testamento terão
seu cumprimento total por ocasião da Volta de Jesus. Aqui está a terceira
categoria de cumprimento das promessas.
Armagedom 56
QUARTO PRINCÍPIO HERMENÊUTICO

"Ao aplicarmos as promessas de ajuntamento do Velho Testamento à


dispensação cristã e ao tempo futuro, o Novo Testamento oferece estas
promessas aos crentes em Cristo de todas as raças e amplia a terra
prometida ao mundo todo, removendo todas as limitações étnicas e
geográficas, mesmo quando a terminologia e os símbolos usados no Velho
Testamento são mantidos."

Vamos ver se encontramos fundamento para isto na Bíblia. Na


verdade, o quarto princípio é a repetição do terceiro, dito de maneira
diferente.
Comecemos com o cumprimento inicial. Havia o Israel nacional.
Sem dúvida, havia também gentios envolvidos ali, mas o Israel de Deus
era uma nação composta de doze tribos. Sempre que temos uma nação,
necessitamos um país – o território para esta nação, portanto Israel
precisava ter um país geograficamente organizado, e esta terra prometida
estava localizada no Oriente Médio, a Palestina. Deus prometera a
Abraão que a sua descendência se localizaria entre os rios Nilo no Egito
e o Eufrates na Assíria. Quando reinava Salomão, Israel era um império
mundial, que foi gradualmente perdido. Israel voltou do cativeiro
babilônico como uma nação. Eles eram muito nacionalistas, patrióticos.
Voltaram ao Monte de Sião, a Jerusalém, e Deus veio habitar com eles
novamente. O templo, com a presença de Deus, tornou-se santo. O
Monte de Sião também se tornou santo, a Palestina uma terra santa, e
Israel uma nação santa, pois Deus veio habitar com eles, renovando o
Seu concerto com essas doze tribos. Este povo tornou-se o remanescente
fiel. Isto foi no tempo de Zorobabel.
Como vêem, estas implicações do primeiro cumprimento são uma
repetição do que já foi dito: o Israel estabelecido na Palestina.
Passemos ao segundo cumprimento. O que é Israel nesse segundo
cumprimento? A Igreja. E qual é a relação dessa Igreja com Israel? A
Igreja é o Israel espiritual. E o Israel espiritual está espalhado sobre toda
Armagedom 57
a Terra, por todos os povos e línguas. Este é o poder desta mensagem –
atrair homens de todas as classes, de todas as raças.
E para onde vão estes que são atraídos? Para a Nova Jerusalém,
para o Monte de Sião celestial.
E onde estamos neste meio tempo? Somos peregrinos em direção à
cidade que Abraão já ansiava, cujo construtor é Deus.
Estamos em Cristo, mas Cristo agora está na Nova Jerusalém, no
Monte de Sião celestial. Cristo também está na Terra, na Igreja, em
nossos corações, através do Espírito Santo. Voltamos aqui ao Israel
espiritual. Cristo está presente espiritualmente neste Israel. Paulo diz em
Gál. 2:20: "Não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim." Paulo também
diz que todos nós somos templos, nos quais Deus habita. Mas existe
também o templo espiritual que é a igreja, e cada cristão é um templo do
Deus vivente (II Cor. 6:16).
Os cristãos atualmente estão reunidos numa cidade espiritual, num
Monte de Sião espiritual, e quando tiver lugar o terceiro cumprimento
(futuro) este Israel espiritual será um Israel visível.
O próprio Cristo será visível; Jerusalém também será visível.

O primeiro texto a considerar será Êxo. 19:4-6. Qual é a situação


neste capítulo? Israel permanece ao pé do Monte Sinai. Deus quer fazer
um concerto com esta nação. Num passado próximo, eles haviam sido
libertos pela poderosa mão de Deus, de um inimigo mortal que era o
Egito. No verso 4, Deus diz a Moisés: "Tendes visto o que fiz aos
egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim." Deus
diz: "Lembrai-vos da vossa libertação." Antes de qualquer exortação
moral vem a libertação.
Primeiro, a redenção, e então a lei. Primeiro a redenção, e então
obediência. Não é o contrário, absolutamente. Isto seria um mortal
legalismo. Nossa pregação também deve ser assim: primeiro, a redenção,
e depois a lei.
Armagedom 58
Deus diz: "Eu vos cheguei a Mim". Ele não fala de nenhum território,
embora o Monte Sinai fosse um território. As promessas estão
centralizadas em Deus e não no Oriente Médio. A Bíblia é um livro
teológico, e se sabemos que Cristo é Deus, diremos que é um livro
cristológico. Foi Cristo que falou a Moisés na sarça ardente, e foi Cristo
que guiou o povo na peregrinação do deserto. Também foi Cristo que
deu a Moisés os Dez Mandamentos. Conforme disse Paulo em I Cor. 10,
a Pedra era Cristo. Cristo não era apenas um símbolo, um Tipo, um
Salvador por vir, mas um Salvador presente na ocasião. Ele era o
fundamento de toda a economia judaica.
Nos versos 5 e 6 (Êxo. 19) lemos: "Agora, pois [este pois significa
com base no verso 4] se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes
a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os
povos; porque toda a terra é minha; vós me sereis reino de sacerdotes e
nação santa."
Havia uma condição. Deus não queria ter apenas a tribo de Levi
como sacerdotes, mas as doze tribos deveriam ser sacerdotes. O que
significa ser sacerdote? Ser um mediador entre duas partes. E quais são
essas partes? Deus e os gentios. Deveriam receber de Deus o
conhecimento da salvação e ir aos gentios levar-lhes este conhecimento.
Sua missão era reconciliar os gentios e Deus. Haveria uma grande
bênção para o sacerdote também, pois a graça divina, antes de chegar aos
gentios, teria de passar por ele, como os elos de uma cadeia. Pregar é
também uma grande bênção, pois cremos naquilo que pregamos.
Israel devia ser uma nação santa – composta de santos, isto é, ter
um relacionamento com Deus. Deus os separara para uma missão
especial. Todas as coisas ou pessoas que pertencem a Deus para uma
missão especial são chamadas "santas". Pode ser mesmo uma simples
sarça. Quando Deus falou a Moisés naquela sarça ardente Ele disse:
"Tira os sapatos, pois aqui é terra santa."
Por acaso após Deus Se retirar, aquela terra ainda continuou santa?
Os pagãos é que pensam assim. Constróem um templo no lugar que
Armagedom 59
julgam santo e começam a peregrinar a este lugar. Mesmo os cristãos
fazem isto, procurando os lugares onde Cristo esteve. Esta atitude está
bem próxima do paganismo. A Sra. White diz que não é necessário ir à
Palestina. Não nos referimos às viagens científicas de exploração
arqueológica.
Vamos agora nos referir a I Pedro 2:9. Pedro está totalmente
transformado, pois diz, dirigindo-se aos gentios: "Sois raça eleita,
sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus ... "
Que privilégio! Em Cristo, os gentios tornam-se semente de Abraão.
As prerrogativas de filhos, que Deus concedera às doze tribos são agora
concedidas a todos os gentios que aceitam a Cristo. Abraão, Isaque e
Jacó são agora os seus avós e têm direito à herança que lhes pertence.
Isto é mais do que teologia. É a nossa vida, nossa esperança, nosso
entusiasmo.
Como podemos chamar os cristãos de todas as nações de nação
santa? Nem os adventistas são uma nação. Aqui é empregado um
princípio teológico que usa termos e símbolos do Velho Testamento
empregados no sentido espiritual. Um povo universal.
Onde Pedro foi buscar as palavras que usou no verso 9? Em Êxodo
19:4-6. Teologicamente, o que está acontecendo aqui? Deus escolheu um
povo literal fazendo dele uma nação santa, Sua propriedade peculiar.
Deu a esta nação uma missão santa, privilégios e responsabilidades.
E agora os apóstolos tomam todas essas prerrogativas e dizem aos
gentios: "Tudo isto agora se aplica a vocês."
O texto que estamos considerando praticamente repete o de Êxo. 19,
mas aplica-se a pessoas diferentes; não só aos judeus mas aos judeus e
gentios que aceitam o Maior Judeu que já existiu – Cristo.
No primeiro caso, a nação santa estava unida por laços de sangue e
pelo território. Mas a igreja cristã está unida pela fé em Jesus Cristo e
pela obediência, eliminando assim dois aspectos:
 ÉTNICO – de raça
 GEOGRÁFICO – de território
Armagedom 60
Se é Israel espiritual, o território também é espiritual. Não é preciso
imigrar para a Palestina, pois não é possível espiritualizar Israel e
literalizar o território. Seria inconsistência.
Este é o quarto princípio. Às vezes nos confundimos quanto a estas
profecias que não foram ainda cumpridas, não quanto a Israel, mas
quanto ao termo Monte de Sião.
Em Apoc. 5:9 e 10 o cântico dos anjos e dos vinte e quatro anciãos
dedicado a Cristo há referência à bênção prometida a Israel, que se
tornariam reis e sacerdotes. Mas aqui são incluídas todas as tribos,
línguas, povos e nações. Em certo sentido, este é um texto paralelo a
I Pedro 2:9, com a diferença de que está no futuro: "reinarão". Isto
demonstra que o concerto de Deus é eterno. Todo o Universo será santo,
e nós teremos uma missão especial no Universo, como lemos nos
últimos capítulos do livro Educação, da Sra. White. Nem os anjos
estarão tão próximos a Deus quanto os pecadores que foram redimidos.
Teremos um testemunho e uma mensagem que ninguém já teve em
outros planetas do Universo. Não sabemos exatamente tudo que está
implicado nesta mensagem, mas vemos que esta missão (de reis e
sacerdotes) tem uma aplicação futura. Êxo. 19 está no passado. A
dispensação do Espírito é uma aplicação presente. E há também uma
aplicação para após a Segunda Vinda de Cristo.

Há uma trilogia:
 Êxo. 19 – passado
 I Ped. 2 – presente
 Apoc. 5 – futuro.
Vamos agora considerar uma outra trilogia.
Leiamos Jeremias 31:31. É uma passagem muito famosa, na qual
Jeremias fala da promessa enquanto estava no cativeiro babilônico, que
durou 70 anos. Portanto, esta "nova aliança" refere-se ao livramento do
cativeiro. É a única vez que encontramos esta expressão (nova aliança)
Armagedom 61
no Velho Testamento, embora a idéia esteja implícita também em
Ezequiel 36:26, que deve ser estudado junto com Jeremias 31:31.
"Eis aí vêm dias . . ." Que dias são estes? Vemos no verso 33:
"depois daqueles dias" Depois dos 70 anos de cativeiro, quando Deus
faria uma nova aliança, um novo concerto com Israel.
Seria este o mesmo concerto feito com Israel no Monte Sinai?
Vamos ler o verso 32. Deve haver diferença. O concerto é
exatamente o mesmo; a lei é a mesma; a graça do santuário é a mesma;
a mesma obediência é requerida. Mas há duas diferenças fundamentais
que estão escritas nos versos 33 e 34.
(1) A primeira grande diferença é que agora a lei de Deus
devia estar interiorizada no coração do homem. A lei não devia
ser como um fardo nos ombros, mas estar no coração.
(2) A segunda diferença é a individualização do concerto.
Cada indivíduo devia ter um relacionamento pessoal com o
Deus do concerto.

O primeiro concerto falhou por causa da descrença e dureza de


coração de Israel. É por isso que ele foi levado ao cativeiro e agora estão
voltando. Têm uma nova oportunidade, um novo início. Nesta ocasião,
houve um cumprimento das profecias? Parcialmente apenas, pois os
primeiros que retornaram eram espirituais, mas pelo livro de Malaquias
vemos que eles foram se degenerando.
Falhou o concerto de Deus pela segunda vez? Embora a profecia só
tivesse um cumprimento parcial, o concerto não falhou, pois houve
Alguém que lhe foi fiel – Jesus Cristo, a única esperança de Israel, a
única esperança do mundo. Em Suas mãos, este concerto vai prosperar,
como está profetizado em Isaías 53.
Assim, a nação de Israel, representada por Cristo Jesus poderia
agora ser aceita por Deus, com uma condição – aceitar esse Jesus. O
maior pecado é a rejeição de Jesus.
Armagedom 62
Podemos agora compreender Hebreus 8, onde é citado Jeremias 31.
Podemos perceber em Hebreus 8:8-12 uma cópia exata de Jer. 31:31-34.
Como aplicar estes textos? Quem são estes judeus? São os judeus
cristãos. Este sumo sacerdote é também o sumo sacerdote dos gentios?
Sim, portanto o livro de Hebreus também se aplica aos gentios que se
tornaram Israel.
Concluímos que em Hebreus 8 há uma aplicação das promessas
feitas a Israel e Judá no passado para a igreja cristã. A casa de Israel e a
de Judá (Verso 8) são as doze tribos, que agora são representadas pela
igreja dos doze apóstolos.

O que dizer, pois, aos dispensacionalistas, que afirmam que a igreja


não pode ser Israel? Hebreus 8 elimina as restrições étnicas, portanto
Israel e Judá são símbolos da igreja cristã – Israel e Judá espirituais. Isto
acontece por meio de Cristo. Se pertencemos a Cristo somos semente de
Abraão.
Foi o concerto feito por Deus (em Jeremias) cumprido plenamente
na Igreja cristã?
Vamos ler Apoc. 21:3 e 4. Percebemos aqui que este concerto terá
novo cumprimento no futuro, na igreja triunfante, na Nova Jerusalém, na
Nova Terra. Então seremos o Seu povo e Ele será o nosso Deus, e Ele
habitará conosco.
A Nova Jerusalém é como se fosse um cubo. As medidas da largura,
comprimento e altura são iguais. O lugar santíssimo do Santuário
também era um cubo. No Velho Testamento, Deus habitava neste lugar.
No futuro, Ele habitará na Nova Jerusalém. Toda a Nova Jerusalém
significa o lugar santíssimo.
Este é o cumprimento final e pleno desta promessa encontrada em
Jeremias.
Notaram que a Nova Jerusalém tem doze portões? Quais são os
nomes escritos nesses portões? Das doze tribos. Isto quer dizer que os
gentios só poderão entrar na Cidade como israelitas – o velho e o novo
Armagedom 63
Israel serão agora um só rebanho, haverá um só Pastor, uma só Mulher
(Apoc. 12) – todos serão um, guardando o mesmo sábado, tendo o
mesmo Salvador.
Onde estava o Monte Sinai? Em Samaria, Gerizim ou Jerusalém? "A
hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai."
(João 4:21).
A salvação vem dos judeus – todo o perdão que o sacerdote queria
era a salvação.
Jesus ainda queria mostrar à samaritana que a dispensação judaica
chegava ao fim: "vem a hora e já chegou" (V. 23).
O "Espírito" que Jesus mencionou é o Espírito Santo, e não o nosso
próprio espírito. E "verdade" aqui não significa sinceridade, mas a
verdade da revelação divina, a verdade do Messias. Isto é o que a Sra.
White afirma no livro O Desejado de Todas as Nações.
Deus procura aqueles que aceitam a mensagem da hora e adoram a
Deus com um coração renovado pelo Espírito Santo.
Vamos considerar o que Jesus quis dizer com a expressão "Monte
de Sião". O que Ele quer fazer com este local de adoração do Velho
Testamento? Eliminar, pois conforme o quarto princípio de hermenêutica
os pontos geográficos são eliminados. Precisamos ainda ir a Jerusalém
para adorar a Deus? Não, pois não existe mais este Monte Santo no
Oriente Médio. Jesus disse sobre Jerusalém que a Sua casa seria
desolada (Mat. 23:38). A destruição do templo é a maior prova de que
não existe mais um lugar santo. Isto já havia sido predito em Mal. 1:11.
A Igreja Católica usa este verso erroneamente para provar que a Missa
deve ser celebrada em todo o mundo!
Deus não quer mais adoração só em Jerusalém, mas em todo o
mundo. Em Mat. 18:20 aprendemos que onde houver dois ou três
reunidos em nome de Jesus, aí Ele estará. Este é um Monte de Sião
espiritual – o templo espiritual, porque Cristo aí está.
Cristo não está onde está o templo, mas o templo está onde Cristo
está.
Armagedom 64
Qual é o princípio que nos orienta? Geográfico ou Cristológico?
Palestina ou Cristo? Aqueles que olham para a Palestina estão rejeitando
a Cristo. Este é o clímax de todas estas regras de hermenêuticas.
Em Mat. 5:14 Jesus afirma que os discípulos são a luz do mundo.
Os apóstolos diriam que Jesus é a luz da Palestina, mas Jesus possuía
visão mais ampla. Talvez fosse o único em Israel com esta visão mundial.
Em João 8 Ele disse que era a luz do mundo, e porque os discípulos eram
um com Ele, poderiam ser luzes também – não que tivessem luz própria.
Quando nos separamos de Cristo tornamo-nos trevas.
Jesus acrescenta um outro pensamento: "Não se pode esconder a
cidade edificada sobre um monte." Jesus fala muito mais em profecias do
que pensamos, e este verso pode ser uma interpretação de Isa. 2:1-4 –
"Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do SENHOR será
estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele
afluirão todos os povos." (verso 2)
Isaías, além de um grande profeta, foi também poeta. Ele usa uma
linguagem figurada ao proferir uma grande mensagem profética. O que
significa aqui "o monte da Casa do SENHOR", nos dias de Isaías? O
Monte de Sião. E o que predisse Isaías sobre este monte? Que seria
estabelecido sobre o cimo de todos os montes, e todos os povos afluiriam
a ele. Como compreender isto? A interpretação literal não é correta, mas
Isaías quis dizer que a mensagem do Deus vivo será elevada e exaltada
perante todos os povos. O Monte de Sião será o Monte do templo, o
monte da bênção e da salvação. Nos últimos dias Deus atrairia todos os
povos para esta montanha.
Usualmente se ouve o ensino que estas profecias se referem a um
falso reavivamento entre as nações, que Deus está aqui predizendo a
obra de Satanás. A obra de Cristo é atribuída a Satanás.
Quando lemos os versos 3 e 4 notamos o que os povos vão fazer em
Jerusalém. Isto não parece ser um falso reavivamento. A característica
principal de um falso reavivamento é que ele não prega convenientemente a
Armagedom 65
lei de Deus que expõe a profundidade do pecado, como diz a Sra. White
em O Grande Conflito.
E o que é dito em Isaías 2? É o oposto do Salmo 2 – os que virão a
Jerusalém quererão seguir a lei de Deus, a revelação divina. Isto não é
um falso reavivamento. Os que assim pensam, se esquecem do verso 4.
Na sede das Nações Unidas está escrito este verso. E por proclamar "Paz,
paz", julgam que é obra de Satanás, portanto um reavivamento falso.
Vamos ler Joel 3:9 e 10. É o oposto do que está em Isaías 2.
Esta profecia de Isaías 2 é exatamente a profecia de Miquéias 4:1-4.
Elas são tão semelhantes que não se sabe quem a proferiu antes. Pelo
contexto, parece ter sido Miquéias. Talvez Isaías tomou esta profecia de
Miquéias.
A Sra. White falou-nos alguma coisa sobre Miquéias 4: "Miquéias 4
é uma profecia de grande reavivamento para a igreja" (citado no
Comentário Bíblico Adventista). Portanto, a Sra. White nunca concordou
com a idéia de que Isaías 2 é um falso reavivamento.
O Pentecostes foi o primeiro cumprimento de Isaías 2, e se cumpre
também quando somos convertidos pelo Espírito Santo; e será ainda
cumprida por ocasião da chuva serôdia. Todos verão a igreja elevada
diante de toda a Terra.
Não deixemos que a nossa mente se preocupe com um complexo de
perseguições, mas pensemos positivamente. Vamos nos preparar para
este grande reavivamento. Jesus disse que uma cidade edificada sobre
um monte não pode ser escondida. Alguns estudiosos da Bíblia acham
que isto é uma explicação de Isaías 2. A igreja apostólica primitiva era a
luz do mundo, e a igreja remanescente dos últimos dias também terá esta
denominação. Isto é reavivamento.
Como considerar Joel 3? Não são as mesmas pessoas? Mas aqui se
refere aos que rejeitaram o reavivamento, e se unem para guerrear contra
os remanescentes. Em outras palavras, o Monte Sião literal de Isaías 2 é
ampliado de tal forma que o povo de Deus de todo o mundo torna-se a
luz do mundo.
Armagedom 66
O povo de Deus é o Monte Sião deste mundo. Não é uma bonita
aplicação? Dá-nos a idéia de uma nova missão, uma responsabilidade
muito mais profunda. Mas existe o poder da salvação em nossa igreja. E
ninguém que visita a nossa igreja deve sair sem sentir esse poder.
Isaías 2 é posteriormente, em Isaías 60 revelado em maior luz. Estes
dois capítulos têm a mesma mensagem.
Heb. 12 é um interessante capítulo. O livro de Hebreus é o livro dos
contrastes: entre o Israel literal e o espiritual, entre o velho templo e o
templo celestial, entre o sangue do sacrifício antigo e o sangue do
sacrifício de Cristo, entre os muitos sacrifícios e o único sacrifício.
No verso 18 lemos que nós, como igreja não chegamos ao Monte
Sinai, mas sim ao Monte Sião, como está no verso 27.
O que significa o fato de ter vindo a igreja ao Monte de Sião?
Continuemos lendo o verso 22. O apóstolo aqui se refere ao Israel
espiritual. No verso 23 encontramos a palavra igreja. Aqueles que
querem ir para Jerusalém devem vir primeiro para a igreja. Ser batizado
em Cristo é ser batizado na igreja.
Leiamos a primeira linha do verso 22 e a primeira linha do verso 24:
"Mas tendes chegado ao monte Sião" "e a Jesus". O que é mais importante
– o Monte Sião ou Jesus? Jesus está no Monte Sião ou o Monte Sião está
onde está Jesus? Não existe limitação geográfica.
O que é este Monte Sião: Aqui ele se torna um símbolo. A
terminologia do Velho Testamento é usada no Novo para indicar
continuidade. Os cristãos constituem o verdadeiro Israel. Os planos de
Deus para com Israel serão cumpridos, sem dúvida. Mesmo os
dispensacionalistas afirmam tal fato. A diferença entre seu modo de
pensar e o nosso reside na maneira como isto será cumprido. Os
dispensacionalistas afirmam que a igreja nunca é Israel, e que ao Jesus
escolher a igreja, temos uma dispensação que seria uma intercalação nos
planos de Deus. Haveria um arrebatamento secreto desta igreja e Deus
cumpriria tudo com os judeus.
Armagedom 67
O erro desta interpretação é que eles consideram o Velho Testamento
como se não existisse o Novo, como se Cristo nunca tivesse existido.
Interpretam o Antigo Testamento como o fizeram os rabinos que
rejeitaram a Jesus. Não vêem Cristo no Velho Testamento. A única
maneira correta de abordar o Velho Testamento é considerar o Novo
como sendo seu cumprimento final. Paulo possuía um princípio importante
para interpretar o Velho Testamento: o princípio Cristológico-
Eclesiológico que encontramos no segundo princípio e no terceiro mais
elaborado; e agora, no quarto princípio, vemos as implicações finais.
Se a igreja é o Israel de Deus, o aspecto étnico é eliminado e o
aspecto geográfico é ampliado. Isto é o que acontece em Hebreus 12:22.
Consideremos agora Apocalipse 14:1.
Quem são os 144.000? A Sra. White nos aconselha a nos
esforçarmos para fazer parte deles. Conforme Apoc. 7 os 144.000 vêem
das tribos de Israel – são israelitas. É por isto que estão no Monte Sião.
Tudo é simbólico.
O Cordeiro indica Jesus e 144.000 é o símbolo para o Israel
remanescente. Não é o Israel literal, mas composto por judeus e gentios.
Mas estão no Monte Sião, território do Oriente Médio. Deveríamos
espiritualizar Israel e literalizar o Monte Sião? Não. Alguns pensam que
o Monte Sião aqui mencionado está no Céu. Mas existe igreja no Céu e
na Terra. Cristo está no Céu e, através do Espírito Santo, na Terra. Há no
Céu um templo literal e há na Terra um templo espiritual. A Sra. White
diz que aqueles que querem seguir o Cordeiro no Céu devem primeiro
segui-Lo na Terra.
Em Mat. 5:5 lemos que os mansos herdarão a Terra. Estas palavras
foram criadas por Jesus ou são palavras do Velho Testamento?
Vejamos Sal. 37:11 – "Mas os mansos herdarão a terra." Segundo a
compreensão da época, a Terra era a Palestina. E no Novo Testamento
Jesus usa Terra como todo o mundo, fazendo da terra de Israel todo o
mundo – há uma ampliação.
Rom. 4:3 relata a promessa feita a Abraão, que herdaria a Terra.
Armagedom 68
Leiamos também Gên. 13:14-17. A terra prometida tinha quatro
dimensões. Em Gên. 15:18 há uma limitação da terra. O plano original
de Deus era que Israel possuísse toda a Terra. Isto agora é verdade
quanto ao Israel espiritual. Para o Israel literal a terra foi limitada à
Palestina. Deus planejara que se Israel lhe fosse fiel, seu território iria
aumentando até abranger todo o mundo. Mas não há no Novo Testamento
sequer um texto que faça esta aplicação literal do Oriente Médio em
relação a estas promessas do Antigo Testamento.
Por que, então, nos preocuparmos com o problema do petróleo no
Oriente Médio? Alguns pensam que a crise do petróleo vai levar as
nações do mundo ao Oriente Médio, ao Armagedom.
Testemunho para Ministros, pág. 409 e 410: "Muitos se levantarão
em nossos púlpitos tendo nas mãos a tocha da falsa profecia acesa na
infernal tocha de Satanás."
É por isso que precisamos estudar princípios hermenêuticos. Eles se
tornarão uma garantia contra a heresia. Os que interpretam falsamente
estas profecias consideram os textos isolados do contexto – não observam
a raiz do Velho Testamento, nem mesmo o contexto imediato, e nem a
conexão com Cristo e a Sua igreja. Retiram as palavras da Bíblia, olham
essas palavras, vão ao dicionário e pregam ao povo.
Devemos ensinar a verdade!
Armagedom 69
QUINTO PRINCÍPIO HERMENÊUTICO

"Ao aplicarmos as profecias de reunião do Velho Testamento ao tempo


pós-milênio, o Apocalipse de João não mais se refere à Jerusalém antiga,
mas à Nova Jerusalém, a noiva do Cordeiro, que descerá do Céu à Terra no
fim do milênio. Esta é a consumação final de todas as profecias
apocalípticas, centralizadas em Cristo e Sua santa Cidade, a capital da Nova
Terra."

Este princípio é muito importante também, embora não seja para


nós uma coisa totalmente nova. Os que não são adventistas não
conhecem este princípio.
Vamos considerar Apoc. 20:7-9. Novamente nos deparamos com
um ajuntamento. Este ajuntamento relaciona-se com uma profecia do
Antigo Testamento. As palavras Gogue e Magogue são encontradas em
Ezequiel 38 e 39 como os inimigos do povo de Deus, e em Apocalipse
são os que vão lutar contra a Cidade Santa, o acampamento dos santos.
Esta cidade parece ser literal, após o milênio. Lemos em Apoc. 21, verso
2 (e repetido no verso 10) que a cidade descerá do Céu.
Em profecia, consideramos um dia como sendo um ano. Por que
tomamos literalmente estes 1.000 anos de Apocalipse? Em Apoc. 10:6 o
Senhor afirma que, uma vez cumprida esta profecia, não mais haveria
profecia relativa a tempo. Sabemos que Apoc. 10:6 refere-se a um tempo
profético do livro de Daniel no Velho Testamento (Dan. 8:14 – o maior
período profético da Bíblia, as 2.300 tardes e manhãs). Portanto, esta é a
última vez em que um dia eqüivale a um ano.
Aí está a primeira razão pela qual Apoc. 20 trata de anos literais.
A razão seguinte é porque em Apoc. 19:11-21 aparece a narração do
retorno de Cristo de uma maneira visível e literal. Apoc. 20 é uma
seqüência cronológica do que está em Apocalipse 19, portanto literal.
Apoc. 20 relata os acontecimentos que se seguem à Vinda de Cristo.
Quando a Volta de Cristo é literal e visível, podemos considerar as
profecias de modo literal e visível.
Armagedom 70
Mas isto não quer dizer que Apocalipse 20 não possa usar uma
linguagem figurada para referir-se a este fato visível. Por exemplo,
vamos nos referir a Apoc. 19:11, onde é dito que Cristo vem num cavalo
branco. Podemos considerar este cavalo literalmente? Não haveria nada
errado, mas não é necessário que seja. Cristo vem numa nuvem branca
(Apoc. 14:14).
Surge a dúvida: Ele vem num cavalo branco ou numa nuvem?
Sabemos que este cavalo é de batalha, e a cor branca representa vitória,
portanto é um simbolismo, mas de uma realidade visível e concreta.
Vamos a Apoc. 19:15. Esta espada é também o simbolismo de uma
realidade – o julgamento.
Voltemos a Apoc. 20:1-3. Isto acontece por ocasião do segundo
advento. Como vamos considerar estes versos? O último livro da Bíblia
faz mais de 400 referências ao Velho Testamento, e usa todas as imagens
e termos de Moisés. A Sra. White diz que neste último livro, todos os
demais livros da Bíblia encontram o seu fim.
Devemos ir ao Velho Testamento. Lá estão a raiz, o fundamento, os
tipos, o início destes cumprimentos. Quem é o dragão? A antiga serpente.
Em Gên. 3 lemos que a cabeça da serpente será esmagada e em
Apocalipse somos informados de como será.
O abismo onde a serpente será lançada, amarrada e selada será esta
Terra, pois aprendemos em Gên. 1:2 que antes de Deus criar a Terra
havia um abismo. Durante o milênio, a Terra voltará a este seu primeiro
estado – sem forma e vazia – e será muito pior.
Em Isa. 24:21 e 22 fala-nos sobre o dia do Juízo, quando haverá
julgamento dos anjos que serão encerrados no abismo por muitos dias –
1.000 anos. O milênio não é algo adicionado, mas faz parte da profecia.
Ocorrerá entre o segundo e terceiro adventos de Cristo. O termo
"milênio" não se encontra na Bíblia. É uma palavra latina que significa
mil anos. Não está implícito que sejam de paz, embora muitos cristãos
acreditem que milênio signifique "mil anos de paz".
Armagedom 71
Na igreja primitiva, após os apóstolos, já encontramos a idéia de
que a igreja governaria o mundo todo, de Jerusalém (é usado o termo
grego "chiliasmo"). Encontramos este conceito em Papias, pai da igreja
primitiva. Nós não somos "quiliastas" , pois cremos que durante os mil
anos a Terra estará vazia. Portanto, a igreja não estará na Terra e não
haverá paz e abundância. Nós somos pré-milenialistas, isto é, cremos que
Cristo virá antes do milênio. A Segunda Vinda de Cristo assinalará o
início do milênio.
Quando o movimento adventista teve início, a maioria dos cristãos
na América do Norte era pós-milenialista – criam que Cristo viria em
glória somente após os mil anos de paz e prosperidade sobre a Terra.
Nossos pioneiros tiveram grande luta contra este falso conceito.
Agostinho, pai da Igreja, introduziu um outro conceito ainda:
amilenialismo – negação do milênio. Ele cria que o milênio é um período
indefinido caracterizado pela vitória da igreja através da História.
Quando o imperador Constantino tornou-se cristão no IV século da nossa
era, Agostinho declarou que o milênio iniciara, porque Cristo começava
a reinar sobre o império romano.
Surge a pergunta: Será que Satanás foi amarrado naquela ocasião?
Se foi, era com uma corrente muito elástica. O que significa esta
corrente? Circunstâncias.
Se considerarmos Apoc. 20, versos 5 e 6, veremos que o milênio
ocorrerá entre as duas ressurreições, e a primeira ressurreição ocorre na
Segunda Vinda de Cristo (I Tess. 4:16). Após o milênio, a Cidade Santa
desce do Céu para a Terra. Esta cidade não pode ser simplesmente
simbólica, porque uma grande mudança é efetuada após este período, e
os santos estarão nela. Estas pessoas são visíveis, literais, concretas
(Apoc. 21).
Ao acontecer isto, os inimigos de Deus são ressuscitados (Apoc.
20:5). Agora Satanás tem novamente pessoas a quem enganar, sendo
portanto libertado de sua cadeia. As circunstâncias mudam.
Imediatamente torna-se o líder desse que ressuscitam na 2ª ressurreição,
Armagedom 72
declarando que foi ele que os fez viver outra vez. Sendo assim
enganados, os ímpios lhe prestam culto, e começam a organizar um
exército. Não se sabe quanto tempo isto levará, e como os que estão fora
da cidade são muito mais numerosos que os que estão dentro, são
levados a pensar que poderão ganhar a cidade pela força.
A Sra. White descreve o que acontecerá nesta ocasião. É uma das
mais dramáticas descrições de todos os seus escritos. Devemos lê-la
várias vezes. Sabemos que aqueles que ali estão rejeitaram a Cristo e
escolheram a Barrabás. Mesmo o diabo reconhecerá que Deus é justo.
Finalmente, todos os joelhos dobrar-se-ão diante de Deus.
Ao considerarmos os princípios hermenêuticos, parece haver aqui
um outro cumprimento das promessas de ajuntamento, que parece ser
total.
Zacarias 14 é uma aplicação especial ao período pós-milênio.
Lemos aí que o Monte das Oliveiras será partido ao meio e haverá um
vale muito grande (verso 4). A Nova Jerusalém vai descer no exato lugar
onde estava a antiga Jerusalém. Chegamos, portanto, ao ponto em que as
profecias têm seu cumprimento geográfico, novamente no Oriente
Médio. Todos os santos estarão dentro da cidade. Cristo também está
visível. Os inimigos, representados por Gogue e Magogue estão ao redor,
reunidos. Ainda aqui, a interpretação é primeiramente cristocêntrica e
depois territorial.
Armagedom 73
TEXTOS DE DIFÍCIL INTERPRETAÇÃO

Sempre que consideramos os princípios básicos de interpretação


profética, vêm à tona estes três textos:
♦ Romanos 11:25 e 26
♦ Mateus 23:39
♦ Lucas 21:24

Romanos 11:25 e 26.


Este capítulo fala sobre os judeus cristãos que estão dentro da igreja
e também fala da igreja. É o clímax dos dois capítulos eu o precedem.
Temos conselhos da Sra. White quanto ao trabalho que devemos
fazer entre os judeus. E para realizar esta obra temos que aprender a
sabedoria que está neste capítulo 11 – daí sua importância.
O apóstolo Paulo preocupava-se em ganhar para Cristo seus
companheiros judeus. Muitas vezes ele ia primeiro à sinagoga, e quando
esta o expulsava, ele dizia: "Agora parto para os gentios." Mesmo após
o apedrejamento de Estêvão (ano 34 AD), Paulo jamais negligenciou os
judeus. No capítulo 9 de Romanos ele afirmou que preferia perder a si
próprio a ver seus companheiros perdidos.
No capítulo 11, verso 17 ele começa a falar sobre a oliveira. Os
judeus eram comparados a uma oliveira. Podemos encontrar isto em
Jeremias 11:16. Mas esta oliveira foi podada. Os ramos cortados
representam os que rejeitaram a Cristo – não descrentes do judaísmo,
mas descrentes de Cristo. Paulo diz no verso 23 que estes que foram
podados podem ser enxertados. Esta é a porta aberta para o evangelismo
entre os judeus. Os gentios também farão parte desta árvore, através de
uma fé pessoal em Cristo. A fé e o batismo enxertam os gentios no Israel
espiritual.
Esses gentios que crêem não são uma outra oliveira, ao lado
daquela da Velha Dispensação Judaica. Deus não escolheu doze gentios,
mas doze judeus para apóstolos; o próprio Cristo era judeu. A salvação
Armagedom 74
vem dos judeus. Isto torna o Velho Testamento um livro cristão. Os que
rejeitam a Cristo não crêem no Velho Testamento. Só podemos ter o
Velho Testamento quando temos a Cristo, embora os judeus pensem que
Cristo é algo do Novo Testamento.
Leiamos os versos 25 a 29. Estes textos são pouco usados, mas os
textos difíceis devem ser compreendidos à luz dos textos mais fáceis.
Paulo está escrevendo para a igreja de Roma, onde havia muitos
cristãos e gentios. Mas o imperador romano havia expulso todos os
judeus da cidade, portanto, subitamente a igreja não possuía judeus em
seu seio. Quando Nero subiu ao trono, permitiu que os judeus voltassem.
Ao chegarem à igreja, notaram que os seus cargos haviam sido tomados
pelos gentios, e isto trouxe muitos problemas à igreja. Paulo então
escreve esta carta, por volta do ano 50 da nossa era, para solucionar este
problema. Havia tensões entre judeus e gentios. Os judeus julgavam-se
superiores, mas os gentios achavam que eles próprios era superiores.
Cada lado tinha seus argumentos a apresentar.
E é por isso que Paulo disse no verso 1: "Terá Deus, porventura,
rejeitado o seu povo?", referindo-se aos judeus. Alguns diriam que sim,
mas Paulo afirma: "De modo nenhum! Porque eu também sou israelita".
Deus rejeitou a nação, e não os indivíduos. O apóstolo continua dizendo
que Deus sempre teve um remanescente fiel, como aconteceu no tempo
de Elias. Elias pensava que somente ele permanecera fiel, mas Deus
disse que entre o povo havia sete mil fiéis. No tempo de Paulo também
havia um remanescente.
Verso 5: "Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um
remanescente segundo a eleição da graça."
No Pentecostes foram batizados três mil entre os judeus, e pouco
tempo depois, mais dois mil. A Sra. White afirma que o Pentecostes será
repetido em nosso tempo entre os judeus. No futuro poderemos batizar
três mil judeus em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Este é o plano de
Deus.
Armagedom 75
No verso 13 o apóstolo dirige-se aos gentios. Aqui percebemos o
movimento interessante de uma onda: Deus primeiro deu o conhecimento
da salvação aos judeus para estes o levarem aos gentios. Agora os
gentios têm este conhecimento para dá-lo aos judeus. Por que os judeus
deveriam ter ciúmes dos gentios? Sempre pensamos que a inveja é coisa
má, mas aqui parece ser boa, uma inveja que santifica, vontade de ter
alguma coisa. Neste caso, os judeus deveriam desejar a justificação pela
fé em Cristo que os gentios possuíam.
Os judeus percebem que os gentios possuem a glória de Deus não
por seus próprios méritos, mas que foram escolhidos somente pela graça.
Este fora o engano dos judeus, como lemos no verso 25.
Este Israel era nacional ou espiritual? Era a nação de Israel, como
vemos em todo o capítulo. Mas não foi todo o Israel endurecido; alguns
aceitaram. Não devemos de modo algum desprezar ou rejeitar a nação
judaica, pois muitos judeus aceitaram Cristo. Cada ano, seis a sete mil
jovens judeus tornam-se cristãos, mas não os temos em nossa igreja. Por
que? Outras igrejas estão atentas a este tipo de evangelismo. Os jovens
judeus concluem que o Judaísmo nada tem a oferecer a seus corações.
Estão libertos dos conceitos do Dispensacionalismo. É uma áurea
oportunidade para nós.
O que significa a "plenitude dos gentios" a que se refere Paulo neste
verso? Que todos os gentios se converterão? Não, isto é Universalismo.
Paulo quer dizer "a plenitude dos gentios crentes" – que todos os gentios
crentes farão parte da oliveira, "e assim todo o Israel será salvo". Esta
frase significa que não há uma ordem cronológica – "primeiro os gentios
e depois os judeus"; não há separação entre os que se salvam nos gentios
e os que se perdem nos judeus. A expressão "e assim" significa "através
da inveja deles serão salvos". Inveja da maneira como são salvos os
gentios – fé em Cristo como o Messias.
Há um paralelo entre "a plenitude dos gentios" e "todo o Israel". A
aplicação é a mesma. Todos os gentios crentes e todos os judeus crentes.
Portanto, Israel aqui é tomado no sentido literal – a nação de Israel.
Armagedom 76
A seguir, nos versos 26 e 27, Paulo refere-se ao que está em Isaías e
Jeremias: "... Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as
impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus
pecados." (Isa. 59:20, 21. Jer. 31:33, 34).
O Velho Testamento é um livro cristão, mas ainda é um livro judeu.
Não estamos lendo que os judeus voltarão à Palestina, embora os
Dispensacionalistas afirmem que está é a prova para a volta dos judeus à
Palestina. Sem dúvida, aqui há um retorno, mas é a volta ao Senhor, e
não à terra. Esta é uma promessa de Deus ao Seu povo.
No verso 29 aprendemos que "os dons e a vocação de Deus são
irrevogáveis". Isto significa que as promessas divinas ainda são oferecidas
aos judeus. Deus rejeita a nação judaica, no que se refere a ser ela a luz
do mundo e a nação santa como escolhida, mas Suas mãos ainda estão
estendidas a todos os judeus, onde quer que estejam. E Deus quer fazer
de nós as Suas mãos – quer que levemos aos judeus a mensagem da
salvação.

Mat. 23:39.
Este verso é explicado pelos dispensacionalistas como sendo uma
promessa de que a nação israelita seria convertida quando contemplasse
Jesus vindo em glória; que, durante a guerra entre israelitas e árabes,
Jesus aparecia subitamente para salvar os israelitas. Nesta ocasião, eles
O aceitariam e diriam: "Bendito o que vem em nome do Senhor."
E qual é a interpretação correta? Consideremos primeiro o contexto,
pelo verso 38. O contexto revela-nos uma condenação, e não uma
promessa. Jesus está tentando dizer: "Vocês agora Me rejeitam, portanto
Eu devo também rejeitar vocês e destruir o templo de Jerusalém." E isto foi
cumprido no ano 70. Mas Cristo acrescenta uma predição. Ele não está
interessado apenas no julgamento, mas quer o reconhecimento de que
Ele é justo. Quando O virem no Seu retorno glorioso, não haverá mais
oportunidade de rejeitá-Lo, terão a obrigação de reconhecê-Lo. Mas
serão muito tarde para a salvação. Este mesmo fato acontecerá no fim do
Armagedom 77
milênio. Até o diabo dobrará os seus joelhos. Esta é a idéia que Jesus
quer dar aqui.
Para os adventistas há uma excelente confirmação nos escritos da
Sra. White em Review and Herald de 13 de dezembro de 1898.

Luc. 21:24.
Há muitos que ensinam que este texto foi cumprido em 1967,
quando Jerusalém foi conquistada pelos judeus, na Guerra dos Seis Dias.
Afirmam ser este o último sinal de que Jesus em breve virá. É uma
notícia sensacional, algo que atrai o povo. Mas será que é uma
interpretação correta? Vamos considerar o texto.
O contexto imediato mostra-nos uma cidade literal (Jerusalém), a
partir do verso 20. Sabemos que Jerusalém foi destruída pelo exército
romano no ano 70 AD. Até aqui, tudo claro. Mas Jerusalém não representa
uma cidade apenas, mas toda a nação judaica. Jerusalém é a capital de
toda a nação judaica. No fim do verso lemos que Jerusalém será pisada.
Isto expressa um julgamento de Deus sobre esta cidade. Qual a razão?
Rejeição do Messias. O termo "pisada" significa guerra, destruição,
dispersão, mal trato. É um termo apocalíptico que vem de Daniel 8:13 e
Daniel 9:26 e 27, portanto é um cumprimento destas profecias de Daniel,
que o templo e o povo de Deus seriam pisados. A rejeição do Messias
causou este juízo. Em Daniel 9:26 lemos que o Messias seria cortado e
que Jerusalém seria destruída. Causa e efeito estão patentes: Jerusalém
foi destruída porque o Messias foi suprimido.
Podemos perguntar ao judeu: "Quando Jerusalém foi destruída?" E
ele dirá: "Você sabe que foi em 70 da nossa era." Então perguntamos:
"Por que foi destruída?" Ao lermos para ele Dan. 9:26 a conclusão será:
"Porque rejeitaram o Messias." Esta é uma das provas de que o Messias
devia aparecer antes do ano 70. É um forte argumento, que é repetido no
verso 27. Aí está a base para Lucas 21:24 – "Jerusalém será pisada". A
maldição de Deus sobre Jerusalém é também o cumprimento de Deut. 30.
Armagedom 78
Em Gál. 4:21-31 podemos ler mais a respeito, onde Paulo afirma que a
Jerusalém daqueles dias era descendente de Ismael e não de Isaque.
Quanto tempo duraria essa maldição? Até 1967? Por que
subitamente Deus retiraria a Sua maldição? "até que os tempos dos
gentios se completem" é a resposta correta. E qual é o tempo dos gentios?
Por acaso o tempo dos gentios findou em 1967? Isto não é lógico. Este
tempo pode ser o período indefinido no qual Deus concede Sua graça aos
gentios. Podemos comparar com Romanos 11:25.
Outra possível interpretação é ser o período no qual os inimigos da
verdadeira Jerusalém perseguem a igreja, que representa a Jerusalém
espiritual (Apoc. 11:2).
E uma terceira interpretação é que os inimigos literais do povo
judeu estão maltratando Jerusalém no presente. Tudo depende da
interpretação que se dá à palavra "gentios". São eles os inimigos dos
judeus literais ou do povo de Deus espiritual? Se considerarmos "gentio"
quanto ao relacionamento com Cristo, mesmo os judeus podem ser
considerados gentios, pois todo judeu que rejeita Cristo torna-se um
gentio, espiritualmente falando.
Pelo contexto deduzimos que se trata da Jerusalém literal. Qualquer
que seja a interpretação escolhida, devemos entender que foi um tempo
de maldição sobre Jerusalém. E quando findaria? Em I Tess. 2:16 diz
que a maldição está sobre o judeu até o fim, conforme o original grego.
Como dizem que isto foi cumprido em 1948? Não podemos tomar
os fatos que acontecem e impô-los sobre a Bíblia, mas temos que
raciocinar do ponto de vista divino. A Bíblia é seu próprio intérprete.
O deserto está florescendo – pela irrigação. O que dizer disso? Tudo
o que acontece de bom, automaticamente vem de Deus, como por
exemplo, as curas? Esta é a maneira como Babilônia considera o
problema: todo milagre tem que vir de Deus. Mas Satanás também pode
curar. Ele vai até tentar enganar os eleitos pela imitação da Volta do
Senhor. Esta teoria – de que Luc. 21:24 cumpriu-se em 1967 – bem pode
ser um engano de Satanás.
Armagedom 79
Deus somente retira a Sua maldição sobre Israel quando aceitam
Jesus como o Messias. Somente desta maneira podem ser uma nova
nação, e possuir a Nova Jerusalém. O fato de terem os judeus uma nova
nação e reconquistado Jerusalém não, de modo algum, prova de que
Deus retirou Sua maldição. Os judeus, na situação em que estão, vivem
tremendo de medo dos árabes, não podem ter paz.
Em Primeiros Escritos, pág. 213, a Sra. White fala-nos sobre este
assunto. Devemos ler cuidadosamente. Para a Sra. White e para o
apóstolo Paulo, Jerusalém será pisada até o tempo do fim.
Devemos ter muito cuidado ao interpretar as profecias, baseando-
nos nas Escrituras, e não nos eventos de nossos dias.
Armagedom 80
OBJETIVO DA ESCATOLOGIA ADVENTISTA

O ponto de vista da Sra. White é que a Bíblia trata da história da


redenção, do grande conflito entre o bem e o mal – não a história do
mundo, mas da salvação – concentrando-se no caráter de Deus e no Seu
santo governo.

Características de Daniel e Apocalipse


1. Estes livros são estruturados em relação ao tempo. Exemplo:
1.260 anos, 2.300 anos, 1290, 1335, 70 semanas. Tais profecias de
tempo não têm um objetivo em si mesmas, mas seu propósito é apontar
para um grande fim – são Teleológicas.
2. A segunda característica é a Teodicéia Cristocêntrica. Cristo
representa o caráter de Deus e se torna o governador que tem direito
sobre este planeta.
3. A terceira característica são as repetições ampliadas.
• Daniel 7 é a repetição de Daniel 2 – os quatro reinos são
repetidos nos animais de Dan. 7. Mas não é uma mera
repetição. Há um elemento novo – o Anticristo. Portanto, é
uma repetição mais ampla.
• Daniel 8 acrescenta ainda outro elemento – o trabalho do
Anticristo no santuário.
• Daniel 11 também adiciona outro elemento – que haverá uma
guerra bem próximo do fim.
• E no Apocalipse temos várias séries como esta. Por exemplo,
as Sete Igrejas, os Sete Selos, as Sete Trombetas, as Sete
Últimas Pragas, Apoc. 12, 13 e 14.
• II Tessalonicenses 2 e Mateus 24 também possuem esta
característica.
São, ao todo, pelo menos doze séries apontando para o mesmo
evento – a Segunda Vinda de Cristo. Nestas séries, é sempre
Armagedom 81
acrescentado um elemento novo àquilo que fora citado anteriormente.
Este é o ABC da Escatologia.
As doze séries mostram que estamos vivendo no tempo do fim. Que
peso para o nosso argumento! Que convicção!
Somente os Adventistas têm esta convicção e podem notar a
urgência da mensagem de Deus.
Armagedom 82
A IDENTIDADE BÁSICA DA GUERRA APOCALÍPTICA

O termo "apocalíptico" refere-se a uma seção especial dentro da


Escatologia – todos os sinais dos tempos que apontam à Segunda Vinda
de Cristo e ao Milênio. A estes sinais podemos chamar de "Escatologia
Apocalíptica.
Sabemos que a Escatologia também inclui os eventos da primeira
vinda de Cristo, é por isso que o termo "apocalíptica" é usado para
concentrar nossa atenção no Segundo Advento de Cristo e no Milênio. O
centro das profecias apocalípticas é uma guerra final, a qual estudaremos
a seguir.
Podemos chamá-la Armagedom, e há muita confusão sobre a
mesma. É por isso que precisamos cavar bem fundo e descobrir a
verdade. O povo adventista deve estar bem informado sobre os
acontecimentos finais, pois é o povo da profecia. O mundo todo depende
do nosso conhecimento destas fatos.
O que dizem as profecias apocalípticas a respeito desta grande
guerra final? Todas estas profecias têm a mesma mensagem quanto ao
Armagedom e quanto ao fato de os filhos de Deus encontrarem refúgio
no Monte de Sião. Também todas elas apresentam o fato de todos os
povos da Terra estarem unidos contra o povo de Deus. e em todas as
vezes vemos a intervenção de Deus, que vem em socorro do Seu povo.
Deus quer dar-nos muita coragem para quando chegar um tempo
mais difícil. Quando o mundo não mais encarar favoravelmente a igreja
adventista, quando as leis das nações começarem a vir contra o povo de
Deus, precisaremos de todo o conforto que pudermos conseguir. Os três
livros mais importantes para a igreja remanescente são Daniel,
Apocalipse e Salmos.
Todas as passagens a seguir tratam da guerra apocalíptica:
Velho Testamento:
• Joel 2:28-32, cap. 3
• Zacarias cap. 12 e 14
Armagedom 83
• Ezequiel cap. 38 e 39
• Daniel 11:40-45; 12:1 e 2
• Gênesis 3:15
• Isaías 63:1-6; cap. 24 a 27
• Jeremias 25:30-38
• Salmos 2; 18; 46

Novo Testamento:
• Mateus 24
• II Tess. 2
• Apoc. 12:17; 13:15-17; 14; 16:13-16; 17:12-14; 19:11-21; 20:7-9

Estas profecias não entram em conflito umas com as outras. Todas


falam de um remanescente final sobre o Monte de Sião em Jerusalém, na
Palestina. Há uma unidade básica entre elas. É uma só Escatologia
Apocalíptica, com aspectos diferentes.
E qual é a relação entre o Apocalíptico do Velho Testamento e o do
Novo Testamento? É uma relação tipológica, pois a Igreja não é idêntica
à nação israelita, embora haja uma identidade básica. Israel, nas
profecias apocalípticas do Velho Testamento, não é simplesmente a
nação judaica, mas refere-se somente ao remanescente fiel. E este Israel
espiritual é revelado mais plenamente após a cruz de Cristo. É o Israel de
Cristo. Isto estabelece uma unidade básica entre o Velho e o Novo
Testamento. A Igreja do Velho Testamento e a do Novo Testamento são
uma Igreja.
Mas o que faz esta unidade entre a Igreja de Cristo do Novo
Testamento e o Israel de Jeová do Velho Testamento? Cristo.
Este Apocalíptico jamais foi cumprido com relação à nação judaica
antes da cruz de Cristo. Eles esperavam este cumprimento no ano 70 da
nossa era, quando as tropas romanas cercaram Jerusalém por quatro anos,
e o povo dentro da cidade começou a comer seus próprios filhos.
Armagedom 84
Apelaram para as profecias de Joel e Zacarias. E por que Deus não
interveio? Não foi por infidelidade de Deus, mas por infidelidade de Israel.
Cristo é o centro de todas as profecias apocalípticas do Antigo
Testamento. Israel estava relacionado com Jeová e a Igreja está
relacionada com Cristo Jesus. Se fossem dois deuses diferentes, haveria
dois Apocalípticos diferentes, e a Igreja não poderia ser Israel. E este é o
princípio básico do Dispensacionalismo: que a Igreja não pode ser Israel.
O problema reside na sua teologia.
Qual foi o concerto feito com Israel e qual é o concerto feito com a
Igreja?
Cristo deve ser o centro não somente das mensagens evangélicas,
mas de toda a mensagem profética.
De que maneira podemos dizer que Israel tem continuidade na
igreja cristã? A igreja não substituiu Israel mas é a sua continuação.
Consideramos, não a nação judaica mas o Israel espiritual. A nação
judaica recebe a maldição, mas o Israel fiel que está dentro desta nação
recebe a bênção. E este remanescente fiel torna-se o povo de Cristo.
Dentre eles foram escolhidos os doze apóstolos. Tudo depende de como
encaramos a teologia de Deus. Se Jesus Cristo não for plenamente Deus,
assim como Jeová, tudo cai por terra. Toda a teologia cristã e o
apocalíptico adventista depende do reconhecimento da plena divindade
de Jesus. Se pedirmos ajuda a Jesus, esta ajuda deve ser divina. Um
grande anjo não é capaz disto. Somente Deus pode revelar Deus.
somente tendo a mesma autoridade do Pai, pode Jesus aplicar as mesmas
profecias ao Seu próprio povo. Só assim podemos dizer que a igreja de
Cristo cumpre todas as profecias do Velho Testamento feitas a Israel.
A eclesiologia depende da teologia.
Se separarmos a igreja do Novo Testamento de Israel do Velho
Testamento nas profecias finais apocalípticas teremos os
Dispensacionalismo – nossos olhos voltados para a Palestina.
Não temos o direito de interpretar estas profecias sem olhar a Cristo.
É ilegítimo considerar Joel 2 e outras profecias apenas para o Oriente
Armagedom 85
Médio. O que dizer de Ezequiel 38 e 39, onde fala de Gogue e
Magogue? Isto então se referia à Rússia, porque Meseque significa
Moscou.
Não devemos interpretar as profecias do Velho Testamento
separadas do Novo Testamento. Mas Ezequiel viveu muito antes da cruz
de Cristo. Como funciona a cruz na interpretação destas profecias? Esta
é a prova máxima da centralização de Cristo nas profecias. Sem
considerar a Cristo e Sua Igreja estaremos na mesma posição dos rabinos
que rejeitaram a Cristo e o Novo Testamento.
A Bíblia diz que só podemos interpretar Ezequiel e Joel pelo Novo
Testamento através de Cristo e Sua Igreja. A guerra final, nestas
profecias do Velho Testamento, é contra o Israel que está sobre o Monte
de Sião na cidade de Jerusalém, localizada na Palestina. Este é o
testemunho unânime de todas as passagens apocalípticas do Velho
Testamento.
Mas nós somos cristãos, estamos vivendo no tempo posterior a
Jesus Cristo. Temos a autoridade do Velho Testamento e só podemos ter
a interpretação das profecias apocalípticas do Novo Testamento através
de Jesus e da Sua Igreja. Hebreus 1:1 e 2 diz-nos que Deus nos falou por
Seu Filho. O Novo Testamento é superior ao Antigo. É ele que tem a
palavra final. Nossa convicção religiosa é que Jesus é superior a Moisés,
e o cristão não pode negar a sua fé.
Armagedom 86
DOIS PARTIDOS – ISRAEL E OS PAGÃOS

Há sempre dois partidos nas profecias apocalípticas do Velho


Testamento. Vamos considerar o livro de Joel, como prova disto. Joel é
como se fosse um Apocalipse concentrado.
Ninguém sabe exatamente quando viveu Joel. Alguns o colocam
junto com Elias; outros pensam ter ele vivido após o cativeiro
babilônico. Tem-se a impressão que ele profetizou no fim deste cativeiro.
De qualquer forma, Joel vivia em Jerusalém, e tinha uma mensagem para
o povo do sul – o povo de Judá. Era uma mensagem de repreensão e um
chamado ao arrependimento. Deus declarou que enviaria juízo sobre o
povo por causa de sua condescendência espiritual. Mandaria uma praga
de gafanhotos que comeriam todos os vegetais da terra de Judá. O
propósito desta mensagem era levar o povo ao arrependimento. Este
sempre tem sido o propósito de Deus, inclusive na mensagem laodiceana.
A nuvem de gafanhotos era tão grande que escondeu o próprio sol!
Este juízo que Judá recebeu naquela ocasião é o tipo do juízo maior para
todo o mundo. Toda punição de Deus no passado é um tipo maior para
todo o mundo no futuro.
Em Mateus 24 Jesus ensinou isto novamente. A destruição de
Jerusalém é um tipo da destruição do mundo. Este é o ABC da
Escatologia Bíblica.
Vamos considerar agora o capítulo 2. O verso 23 fala-nos sobre o
primeiro cumprimento, quando não mais havia a chuva temporã e
serôdia sobre a terra de Israel. Deus disse: "Estou percebendo que vocês
da tribo de Judá estão se arrependendo, por isso enviarei chuva
novamente." Esta mensagem de conforto e bênção para o povo seguiu-se
ao arrependimento. O arrependimento sempre traz chuvas de bênçãos.
Este é o modo como Deus nos trata.
A seguir, Deus começa a falar no futuro. Os planos de Deus sempre
focalizam o futuro. Deus agora deseja que todo pecado e mal sejam
eliminados da Terra. Por isso, Ele sempre enfatiza esses eventos finais.
Armagedom 87
O bom cristão sempre olha para o futuro com muita esperança, quando o
problema do pecado terá seu fim – o dia do Messias.
No verso 28 lemos sobre esses acontecimentos futuros. E então nos
versos 30 e 31 Deus diz que mostrará prodígios no céu e na Terra. É
uma interessante série de acontecimentos. No verso 32 encontramos o
clímax: "Todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque,
no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos... "
O que este texto significa? Ele fala de livramento. E todo o
capítulo 3 fala sobre este livramento. Em síntese Joel 3 explica a parte
apocalíptica de Joel 2:8 em diante. Fala sobre a grande guerra que terá
seu clímax no dia do juízo final.
A profecia de Joel 2:32 cumpriu-se na Velha Dispensação, após o
cativeiro babilônico? Não, mas houve guerra apocalíptica no Velho
Testamento, portanto esta profecia pertence ao grupo das profecias ainda
não cumpridas. A única coisa que já se cumpriu é que Israel voltou ao
Monte de Sião, mas isto não é o cumprimento de Joel 3, não houve o
derramamento do Espírito em grande medida – o Espírito seria
derramado em conjunção com a vinda do Messias. O derramamento do
Espírito também foi predito em Ezequiel 36 e também por Zacarias,
sempre em conexão com a vinda do Messias. Nos tempos do Velho
Testamento nem o Messias veio, nem o Espírito foi derramado.
Cumpriu-se esta profecia no tempo de Cristo e da Nova Dispensação?
Há três textos que dizem muito quanto ao cumprimento destas
profecias de Joel. São eles:
♦ Atos 2:16-21
♦ Romanos 10:13
♦ Apocalipse 12:17

Em Atos 2:16-21 – Já consideramos parte desta passagem (V. 17)


quando vimos que o apóstolo Pedro explicava que a profecia de Joel
2:28 relativa aos últimos dias encontrava no Pentecostes o seu
cumprimento literal. Devemos considerar Joel 2:32 como fazendo parte
Armagedom 88
do verso 28. Se o verso 28 teve o seu cumprimento após a cruz, o mesmo
acontece com o verso 32. Isto é evidente.
Na ocasião do Pentecostes, Pedro citou Joel em Atos 2:17 a 21,
sendo o 21 o mais importante. É a citação de Joel 2:32. Pedro citou todo
o verso ou parou pela metade? Ele simplesmente mencionou a primeira
parte do verso, aplicando aos seus dias. Ele só disse: "Aquele que invocar
o nome do Senhor será salvo." Em Joel, isto acontece no Monte de Sião,
no conflito final, mas Pedro aplica ao Pentecostes. Portanto, isto
significa que existe um cumprimento anterior, da mesma forma que o
derramamento da chuva serôdia também tem dois cumprimentos: um
anterior e outro posterior. Joel 2:28 será cumprido na chuva temporã e na
chuva serôdia – no tempo em que o evangelho é semeado e na colheita.
O que significa no Velho Testamento "invocar o nome do Senhor"? O
Senhor era Jeová. Como Pedro aplicou ao Pentecostes? Atos 2:32 e 33.
Joel disse que Jeová derramaria o Espírito. Em Atos lemos que
Jeová concedeu ao Filho. Esta foi uma afirmação chocante para aqueles
dias: Jeová está transferindo toda a Sua obra a Jesus Cristo. Esta é a
interpretação cristológica do Velho Testamento.
O judeu, que conhece as profecias de Joel, pode ver o seu
cumprimento em Jesus, e se ele quer aceitar Jeová, deve aceitar Jesus.
Rejeitar Jesus faz do judeu um ateu. Não há meio-termo.
Leiamos I Cor. 1:2, 8, como ajuda para Atos 2. O apóstolo Paulo
associa-se a Pedro na declaração de que Jeová é Cristo (nosso Senhor
Jesus Cristo). Tudo que pertence a Jeová, agora pertence a Jesus Cristo.
O Pai concedeu todo juízo ao Filho (João 5:22).
Estudamos estas passagens para compreender como os apóstolos
entendiam a profecia de Joel 2.
Em Joel 2:32 Israel está cercado por seus inimigos. Como foi isto
cumprido no Pentecostes? Jesus aconselhou Seu povo a fugir de
Jerusalém. Mas antes disso 40 anos se passaram (do Pentecostes à
destruição de Jerusalém). É justamente este período que é descrito no
livro de Atos. Os primitivos cristãos, na Judéia e em Jerusalém, tinham
Armagedom 89
dificuldades para viver. Eram perseguidos pelos próprios judeus. Este é o
início do Armagedom, guerra descrita em Joel 2. Ao serem perseguidos,
invocaram o nome do Senhor Jesus para livrá-los. E Pedro foi libertado
da prisão!
Era apenas o início do Armagedom, da mesma forma que João
Batista não era o Elias do fim.
Pelo que lemos em Salmo 145:18 (que invocar o nome do Senhor é
obedecê-Lo) – não é apenas um invocar abstrato, como no paganismo.
Os pagãos invocam o nome de seus deuses todo o tempo para manipulá-
los e forçá-los a obedecer os seus desejos. Este é o sistema de magia, e as
Testemunhas de Jeová também o estão seguindo.

O próximo texto a ser considerado é Romanos 10. Vamos ler a


partir do verso 9 até 13. Esta passagem é uma segunda aplicação de Joel 2,
onde o apóstolo Paulo anula a limitação étnica. "Não há distinção entre
judeu e grego" (Rom. 2:12). Todos os judeus e gentios que invocam o
nome do Senhor tornam-se o Israel espiritual remanescente que será salvo.
A profecia é aplicada à Igreja na Nova Dispensação.

Enquanto Atos aplicou ao Pentecostes, Paulo aplicou Joel 2 à


Dispensação cristã. É um cumprimento contínuo. Refere-se também aos
últimos dias, porque os últimos dias não findaram no Pentecostes.

Vamos agora ler Apocalipse 12:17.


Qual a correspondência com Joel 2? O remanescente fiel. Aqui está
o remanescente final, que invoca o nome do Senhor em obediência aos
Seus mandamentos. Vemos aqui uma revelação completa daquilo que
Joel pretendeu dizer.
Invocar o nome do Senhor requer fé e obediência.
Ainda existe outra correspondência entre as duas passagens – a
guerra: "Irou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da
sua descendência".
Armagedom 90
Apoc. 12:17 é o cumprimento final de Joel 2:32. Se quisermos
compreender Joel 2:32, temos de saber que esta profecia não se cumpre
só em Apoc. 12:17, mas começou a cumprir-se no dia de Pentecostes e
na Igreja Cristã, tendo seu cumprimento final por ocasião da Volta de
Cristo. Esta será a última guerra – o Armagedom.
Para compreendermos a verdadeira natureza do Armagedom,
devemos considerar as chaves que nos fornecem estes cumprimentos. Se
a guerra, na Dispensação completa, é contra os que são obedientes ao
concerto com Deus, nada tem a ver com o Oriente Médio e o problema
do petróleo. Se assim fosse, não teria nada a ver com os cumprimentos
anteriores. É por isso que não podemos de modo algum isolar um texto.
O livro dos Salmos é o mais importante livro da Bíblia. É o pulsar
do coração de uma religião viva. Ensina como orar e receber a resposta
da oração eficaz.
Salmo 2 é uma mensagem apocalíptica que provém dos lábios do
povo de Israel.
Prova-se que o apocalíptico não é simplesmente um apêndice do
evangelho, mas pertence ao seu próprio cerne.
Vamos ler o Salmo 2. Por que razão as nações estão aqui lutando
umas contra as outras? Jesus diz que todos os gentios estão tentando
lutar contra Ele e contra Jerusalém. Todo o mundo encontra-se em
rebelião contra o próprio Deus. Mas Deus afirma que eles não têm
condições de vencer, é tudo em vão. Não há lógica nisto.
Os versos 2 e 3 explicam que tipo de batalha é esta: "Os reis da terra
se levantam, e os príncipes conspiram contra o SENHOR e contra o seu
Ungido". É uma rebelião mundial contra o Deus de Israel e o Seu ungido.
A primeira aplicação deste verso: o "ungido" aqui representa o rei
teocrático em Jerusalém, por exemplo, Davi. Todos os reis eram ungidos,
mas eram apenas o tipo do Ungido, o Messias. Portanto, esta batalha de
Davi contra os seus inimigos representa uma batalha de Cristo e os Seus
santos contra os Seus inimigos.
Armagedom 91
E o que estão aqui os gentios conspirando? Todos eles estavam sob
a liderança de Davi (Edom, Moabe, etc.) e desejavam romper os laços e
sacudir as algemas. Querem rejeitar as leis do próprio Deus de Israel.
Esta é a essência da luta de Satanás. Não querem que Deus os governe.
Não consideram a lei. É o princípio de anarquia. Não querem que Deus
seja seu Rei. É o princípio da autodeificação, que foi o princípio de
Satanás e será o do final de todas as eras.
Como Deus reage? Verso 4: "Ri-se aquele que habita nos céus; o
Senhor zomba deles." É preciso que interpretemos isto de um modo muito
delicado.
Versos 5 e 6: "Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor
os confundirá. Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte
Sião." Estas são palavras de poder. Deus vindicará o seu Ungido, Seu Rei
sobre a Terra o Rei teocrático. Ele defenderá Jerusalém. Deus Se ri
porque é tão fútil atacar o Seu povo! Esse povo é a menina dos Seus
olhos. Quem poderia pensar que é capaz de tomá-lo de Deus? Por que,
então, Deus é provocado em Sua ira? Ele não apenas ri, mas também está
irado. Nosso Deus não é um Deus sem emoções, mas um Deus zeloso.
Qualquer coisa que ofende o Seu povo provoca Sua santa indignação, e
Ele tomará esta batalha por nós. A vitória será certa, pois ninguém
poderá vencer nosso Deus.
Verso 7: "Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és
meu Filho, eu, hoje, te gerei." Subitamente o Ungido de Israel passa a
dizer aquilo que ele ouviu do Senhor. Ele testemunha diante de Seus
inimigos, tentando ganhá-los para Si antes que seja tarde demais. Ele
afirma que o próprio Deus indicou-O para tal posto. – "Eu sou o
represento o governo do reino do Céu. Eu represento o governo de todo
o Universo."
Versos 8 e 9: "Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as
extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as
despedaçarás como um vaso de oleiro."
Armagedom 92
O propósito de Deus é um governo que envolva toda a Terra. A
Palestina era simplesmente o início deste governo. O desejo de Deus era
que Jerusalém se tornasse a metrópole de todo o globo terrestre e que
todos os gentios aceitassem o Deus de Israel e O adorassem em Jerusalém,
no templo, para que houvesse uma casa de oração para todos os povos.
Deus sabia de antemão que muitos rejeitariam este convite, não O
aceitariam como seu Líder e, instigados pelo grande inimigo, se uniriam
para lutar contra Ele. Então, o Rei de Israel traria o julgamento final
sobre eles, regendo-os com vara de ferro e despedaçando-os como um
vaso de oleiro. Temos aqui o mesmo quadro de Joel 2 e 3, mas desta vez
era expresso por meio de cânticos e adoração a Deus.
Nos versos 10 a 12 Deus faz um último apelo para que Seu convite
seja aceito. Perguntamos: Foi isto cumprido? Apenas parcialmente.
Josafá, rei de Israel, destruiu todos os seus inimigos e no tempo de
Ezequias 185.000 assírios foram destruídos. Todas essas maravilhosas
batalhas de Deus não foram senão tipos de cumprimento final do Salmo 2
e de Joel 2 e 3. A dispensação do VT não encontrou o seu cumprimento
final, e o NT mostra como tais profecias serão cumpridas.
Vamos agora ler Atos 4:20-28. Antes do que está relatado, Pedro e
João foram postos na prisão por causa da sua pregação e da cura
maravilhosa do coxo. Enquanto a Igreja orava por eles, foram libertos.
Nos versos 25 e 26 é mencionado um trecho do Salmo 2 – vemos em
Atos 4 como ele foi aplicado naqueles dias. Entre os dois está a cruz de
Cristo. Estava havendo uma guerra entre os cristãos primitivos e os seus
inimigos – dois partidos. De repente surge o livramento, e eles
agradecem a Deus por estar o Salmo 2 sendo cumprido em relação a eles
próprios. O Salmo 2 não foi totalmente cumprido na Igreja primitiva,
mas aí foi inaugurado o seu cumprimento.
Quais eram os dois partidos? Israel e os gentios, como vemos no
verso 27. Não temos apenas a citação do Salmo 2, mas também a
explicação – a própria Bíblia se explica. Nessa cidade, em Jerusalém,
estavam reunidos. Em Salmo 2 a batalha era contra Jeová e o Seu
Armagedom 93
Ungido, ou seja, o Seu rei teocrático em Jerusalém. Como se cumpriu em
Atos 4? Jeová permanece como Jeová, mas o Ungido é Jesus. Jesus foi
ungido pelo Espírito Santo por ocasião do Seu batismo. Ele é o
verdadeiro Rei de Israel. Esta é a interpretação cristológica do Salmo 2.
E quem são os que se reúnem contra Jesus Cristo? Herodes e
Pôncio Pilatos. Herodes era o rei de Israel e Pôncio Pilatos era um
governador romano em Israel – o rei de Israel foi colocado na mesma
categoria que o imperador romano e, o que é pior, junto com os gentios e
povos de Israel, na batalha contra Jeová. "Povos de Israel" refere-se ao
próprio Israel, que se une aos inimigos de Cristo, indo contra Cristo.
Não é um cumprimento chocante do Salmo 2? Em Salmo 2 lemos
dos gentios que lutam contra Israel, e em Atos 4, Israel une-se aos
gentios para lutar contra o Israel espiritual. Há dois Israel. E este
remanescente fiel é que recebe as bênçãos que estão contidas no Salmo 2.
Jesus de Nazaré é o Rei desse remanescente fiel. Junto com o
cumprimento cristológico, encontramos aqui também um cumprimento
eclesiológico.
Após a cruz, como devem ser definidos os dois partidos
mencionados no Salmo 2?
De um lado estava Israel, e de outro, os gentios. Teologicamente,
Israel estava ligado a Jeová – um relacionamento de amor, eles andavam
com Deus. Jacó nasceu de novo como Israel, um nascimento espiritual.
Como nação, Israel estava localizada no Monte Sião.
Os gentios também estavam relacionados com Deus, mas estavam
contra Ele – eles O rejeitaram. Por isso, tornaram-se inimigos de Israel.
Todo aquele que odeia Deus, odeia também o povo de Deus. Toda
guerra feita contra Deus, é também uma guerra contra o Seu povo. Nossa
exegese não é apenas literária, mas teológica, pois está relacionada com
Deus. Se considerássemos Israel e os gentios apenas no sentido literal,
nós o faríamos com um coração não nascido de novo, e cairíamos no
literalismo.
Armagedom 94
Atos 4 começa agora a estabelecer uma relação entre os dois
partidos – começa a explicar como é Israel e quem são os gentios.
Sempre existe uma identidade básica, pois Jeová é Jesus Cristo. Aqueles
que não aceitam a Jesus como sendo a verdadeira manifestação de Jeová
devem rejeitar totalmente o Novo Testamento e explicar o Salmo 2 por si
mesmo, isoladamente. Isto é Dispensacionalismo. Mesmo quando os
dispensacionalistas afirmam que são cristãos, que aceitam a Jesus, eles O
estão rejeitando pela sua interpretação.
Quais são os dois partidos na Nova Dispensação? Basicamente,
Israel é o Israel que agora está unido a Cristo, ou seja, a Igreja de Cristo
– um Israel centralizado em Cristo. Portanto, a Igreja é um dos partidos
neste conflito. De modo algum é o Monte de Sião na Palestina, mas a
própria igreja. Que diferença fundamental!
E quem sãos os gentios que lutam contra Israel dos últimos dias,
contra Jesus e a sua Igreja? Leiamos Apoc. 19:11-21 e concluiremos que
é a besta e seu poder.
Nós somos o centro da batalha do Armagedom – nós, nossas
famílias e aqueles que ganhamos para Cristo.
Cristo descerá num cavalo branco para ganhar esta batalha, e de Sua
boca sairá uma espada afiada, para com ela ferir as nações.
Armagedom 95
O VALE DE JOSAFÁ E O ARMAGEDOM

O versículo 32 de Joel 2 está citado três vezes no Velho Testamento.


Passaremos agora a considerar o capítulo 3, que é uma explicação
dos versos que o precedem. O profeta preferiu contar primeiro o clímax,
e depois narrar os eventos que conduzem a este clímax. Esta é a maneira
hebraica de pensar e expressar.
Leiamos Joel 3, versos 1 a 3. Estes versos indicam que Deus quer
restaurar Judá e Israel após o cativeiro babilônico. Isto se cumpriu nos
dois retornos do cativeiro (536 e 457 AC). Mas, será que tudo o que está
descrito nestes versos se cumpriu? Todos os inimigos de Israel se
ajuntaram no Vale de Jerusalém? Não sabemos exatamente quando viveu
o profeta Joel. É interessante que ele chama os vales ao redor do Monte
de Sião de "O Vale de Josafá". Josafá foi um fervoroso rei de Judá que
teve uma grande vitória contra os seus inimigos (II Crôn. 20:21-25). Esta
batalha pode ser o tipo da que aconteceria em Joel 3. O nome Josafá
significa "Jeová vai julgar", apontando o que ocorreria em volta de
Jerusalém. Nos vales ao redor de Jerusalém Deus julgará os inimigos.
Todos serão destruídos.
Queremos saber o que significa o "Vale de Josafá". Sabemos que os
dois partidos aí se encontram, mas esquecemo-nos de que este não é um
território geográfico. O mais importante aqui são os motivos envolvidos
na batalha. Por que existe esta guerra contra Israel, com todos os seus
inimigos unidos? Não tem tanta importância o tamanho do campo de
batalha, e sim a natureza da batalha.
Deus não quer que façamos especulações. Leiamos cuidadosamente
o verso 2, para percebermos todos os princípios aí envolvidos.
"Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá..."
Isto nos indica que Deus está nesta batalha final, pois Ele vai congregar
as nações. Vai transformar esta guerra numa guerra religiosa. "Ali entrarei
em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança, Israel". O
Armagedom 96
que fizeram os inimigos de Israel? "Israel, a quem elas espalharam por
entre os povos, repartindo a minha terra entre si."
Por que Deus está no centro da batalha? Porque eles atacaram o
povo de Deus. Como podemos interpretar "meu povo Israel"? Se
considerarmos a nação de Israel em seu puro sentido étnico, teremos que
aplicá-lo à nação israelita de hoje, e toda a guerra final terá que ver
apenas com a nação de Israel e será no Oriente Médio. A igreja cristã
nada teria a ver com esta guerra. Esta maneira de pensar é
Dispensacionalismo. Os dispensacionalistas interpretam Joel sem o
Novo Testamento. Esta é uma interpretação errônea do Antigo
Testamento, que é um livro cristão.
É Jeová que está no centro da batalha – Jesus Cristo e Seu Pai. O
Velho Testamento é um livro espiritual. Como devemos interpretar a
expressão "meu povo Israel"? É o Israel espiritual remanescente – o
Israel que vive em função de um concerto vivo e de uma relação viva
com Deus. Lembremos do capítulo 2, verso 32. Ali se encontra este povo
Israel no Monte Sião e Deus intervém em Seu favor. Este é o real e
verdadeiro Israel espiritual. Já aprendemos que o Israel nacional até se
encontrava do lado dos inimigos de Deus.
Muitos, ao se referirem a Joel 3, falam apenas do Oriente Médio,
esquecendo-se de que esta é uma profecia que envolve o povo de Deus e
que tem Deus no seu centro.
Deus vai ferir os gentios porque feriram a menina dos Seus olhos –
o Seu povo. Nos versos 4 a 8 lemos sobre a preocupação de Deus por
terem os gentios agido desta maneira.
No verso 7 vem a recompensa pelo que fizeram contra o povo de
Deus. Leiamos também o verso 11, que repete o verso 2. O profeta Joel
mostra-nos que ele está tão emocionalmente envolvido no problema que
começa a orar e vê o povo de Deus reunido no Monte Sião, em pequena
minoria. Pensa, com temor que eles perdem a batalha. O que quis ele
dizer quando orou: "Ó SENHOR, faze descer os teus valentes"? Que Deus
mandasse um exército para ajudar na batalha. Ele clama pelos anjos
Armagedom 97
celestiais, porque o homem é fraco. Em Zacarias 14:5 encontramos a
mesma oração.
Em Joel 2, verso 12 temos outra repetição do verso 2. Há uma
importante urgência neste capítulo! Deus quer ajuntar todas as pessoas
do mundo neste conflito final, e cada um tem que tomar a sua posição:
ou no Monte Sião ou no Vale de Josafá, ou no Monte da Salvação ou no
Vale do Juízo. Esta é a mensagem de Elias.
A seguir, Joel faz uma descrição poética. Os poemas muitas vezes
apresentam uma dimensão mais profunda do assunto. O verso 13 usa
uma linguagem figurada. Ao redor do Monte Sião havia muitos campos
onde o trigo crescia e lagares onde se espremiam uvas para fabricação de
vinho. O profeta contempla estas searas de trigo e estes lagares, e vê que
o povo está envolvido neste vale. Relacionando os lagares com a
moralidade, diz que "a sua malícia é grande". Em vez de uvas, ele vê o
povo nos lagares, e Deus é o homem que vem para espremer essas uvas
humanas.
No verso 14 ele diz ele diz: "multidões no vale da Decisão!" Que
significa isso? Alguns dizem que é a decisão do próprio povo, que
escolheu ir ao vale em vez de ir ao Monte Sião. É uma boa aplicação.
Exegese é saber o que o verso quer dizer antes da aplicação homilética.
Quem vai levar o povo ao vale? Jeová, como vemos na segunda parte do
verso 14. Como no capítulo 2, verso 31, são relacionados em 2:15 os
sinais do Universo: "O sol e a lua se escurecem, e as estrelas retiram o seu
resplendor."
Os versos 16 e 17 apresentam o clímax do capítulo 3. Grande
promessa de Deus: não existirão mais inimigos e Israel viverá em paz e
prosperidade. Isto se refere à Nova Terra e ao novo Céu depois do
Milênio. Esta é a luz do Novo Testamento. Vamos estudar especialmente
a aplicação do Novo Testamento.
A esta altura gostaria de resumir qual é o propósito e o assunto da
batalha. O motivo envolvido é o governo de Deus e o povo do Seu
concerto. Sabemos, pela luz que temos, que tudo isto está envolvido com
Armagedom 98
o quarto mandamento. No centro de tudo está o povo do concerto, que
não está sozinho, mas com o seu Deus.
Leiamos Apocalipse 14:14-16. Qual é a sua correspondência com
Joel 3? Vemos aí a foice. A seara está madura. Não nos falou Jesus em
Mateus que a ceifa é o fim do mundo? A relação é muito clara. É uma
relação tipológica. A ceifa é o tipo – o fim do mundo, o antítipo. Só
podemos entender os dois juntos. Aí está a colheita do Vale de Josafá,
em volta de Jerusalém, na Palestina. Esta é a imagem de Joel 3. Isto teria
sido cumprido se Israel fosse uma nação espiritual. Era uma profecia
condicional para o Israel literal, mas incondicional quanto à natureza
dos eventos que se darão. Podemos compará-la ao Segundo Advento.
Cristo virá, quer queiramos quer não (neste aspecto é incondicional) mas
se virá para salvar ou não, depende de cada um de nós (neste aspecto é
condicional). A verdade sempre tem mais de um aspecto, e devemos
cuidar para não ir a extremos.
Os dispensacionalistas afirmam que Deus vai cumprir tudo
literalmente, como está em Joel. A motivação é muito boa, pois querem
vindicar a Palavra de Deus no Velho Testamento, dizendo, em outras
palavras, que Deus é fiel e vai cumprir tudo. Na verdade, Deus é fiel, e
vai cumprir tudo, mas como será fiel? De que forma Joel 3 será
cumprido? O próprio Jesus explica isto em Apocalipse 14, onde está o
segredo da mensagem em sua plenitude. Esta é a interpretação
cristológica.
Em Joel, quem tem a foice aguda em Sua mão? Jeová. Em
Apocalipse, quem tem a foice aguda em Sua mão? Jesus Cristo.
O grande Juiz de Joel 3 é Jesus Cristo (João 5:22).
Se não cremos que Joel será cumprido por Jesus não somos mais
cristãos. Se rejeitarmos a Cristo, aceitando só Jeová, caímos na Velha
Dispensação e estaremos na mesma posição do rabino que rejeita Cristo.
O cristão aceita que Joel 3 será cumprido em Jesus, conforme a
mensagem de Apocalipse. O grande Dia de Juízo de Joel 3 é a Segunda
Vinda de Jesus.
Armagedom 99
Apocalipse 14:14-16 tem sua raiz em Joel 3. O verso 13 é um
resumo de todo o capítulo de Joel 3 – a guerra final do Vale de Josafá.
O "Jeová" de Joel 3 corresponde a "Cristo" de Apocalipse 14.
"Israel" de Joel 3 corresponde ao "remanescente de Cristo", como
vemos em Apoc. 14: e 20, que também são chamados os 144.000, e
especificamente chamados israelitas, que descendem das doze tribos.
Esta é outra relação com o antigo Israel.
Vamos agora procurar saber qual é o tamanho do Vale de Josafá.
Em Apoc. 14:15 lemos: "Toma a tua foice e ceifa, pois chegou a hora de
ceifar, visto que a seara da terra já amadureceu!" Em Joel, a seara era o
campo de Josafá, e agora Jesus disse que a seara era a Terra. Isto inclui o
mundo todo.
No verso 16 lemos que "aquele que estava sentado sobre a nuvem
passou a sua foice sobre a terra, e a terra foi ceifada."
Esta é a colheita do trigo, do povo de Deus, que é ajuntado de toda
a Terra. Nos versos 17 a 20 lemos de uma outra colheita – a dos ímpios –
os que não se arrependeram. É a colheita das uvas, que são postas dentro
do lagar. O termo "lagar" também é tirado de Joel 3 (4-13). O lagar está
cheio – os ímpios o superlotam.
Em Apoc. 14 está o cumprimento de Joel 3.
Quem vai pisar o lagar para destruir os ímpios? Jesus Cristo, com
os Seus anjos.
Lemos em Apoc. 14, verso 20 que "o lagar foi pisado fora da cidade".
Esta cidade é Jerusalém e isto nos leva ao verso 1: "eis o Cordeiro em pé
sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil ..."
Quem estará dentro da cidade? Jesus e os 144.000 santos, que
pertencem ao Pai e ao Filho num sentido especial. A ira de Deus cai fora
da cidade, sobre o lagar de vinho. Esta ira de Deus são as Sete Últimas
Pragas (Apoc. 15, 16 e 17). Estas pragas, sem misericórdia e sem graça,
caem do lado de fora da cidade. Para estarmos livres das pragas, temos
que estar dentro da cidade. O único lugar de refúgio é o Monte Sião. E
onde está o Monte Sião? Ele é a igreja remanescente.
Armagedom 100
Em Apoc. 14:1 aprendemos que os 144.000 estão com o Cordeiro,
que é símbolo de Cristo. Então, o que temos de buscar é Cristo, e não o
Monte Sião. Jesus não está onde está o Monte Sião, mas o Monte Sião
está onde está Jesus. Jesus é o princípio de interpretação e não o
território geográfico. Isto seria literalismo geográfico.
Chegamos agora à grande interpretação do verso 20. Esta é a cidade
santa – a cidade que pertence aos santos. No Apocalipse o povo de Deus
é chamado "a cidade santa" (Apoc. 11:2). Os inimigos de Deus também
são chamados "cidade" – Babilônia. Temos que saber quem.
O conflito final é entre duas cidades: Jerusalém e Babilônia. Temos
que saber quem são estes dois partidos – Israel e Babilônia.
A cena de Joel 3 é apresentada melhor seis vezes em Apoc. 14, em
duas colheitas. Cada colheita é apresentada como tendo o tamanho da
Terra (num total de seis vezes).
Concluímos que Apocalipse 14 amplia o Vale de Josafá de Joel 3
para todo o mundo.
As 7 últimas pragas da ira de Deus não vão cair indiscriminadamente
sobre todo o mundo, pois assim todos os filhos de Deus seriam também
afetados. Elas somente cairão no Vale de Josafá, fora da cidade. Nossa
missão neste mundo é trazer todos os sinceros do Vale de Josafá para
dentro da cidade. Isto significa trazê-los a Cristo e reuni-los com o Seu
povo. Cristo é a real cidade de Deus. Ele é o Monte Sião, o Monte da
Salvação.
Em extensão, o Monte Sião é a igreja, mas dizendo só assim,
perdemos Jesus Cristo neste pensamento. É isto que fazem as
Testemunhas de Jeová quando afirmam que a salvação está na sua
cidade, e é isto que fazem os católicos quando afirmam que a salvação
está na Igreja Romana. Não façamos o mesmo, dando a impressão que a
salvação está na Igreja Adventista.
Estejamos com o Cordeiro de Deus e busquemos as pessoas para
Ele – então nossa igreja será o lugar da salvação. Jesus não apenas disse
Armagedom 101
"Eu sou a luz do mundo" (João 8:12), mas disse também: "Vós sois a luz do
mundo" (Mat. 5:16).
Em Apoc. 14, verso 20 está: "e correu sangue do lagar até aos
freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios."
Este sangue é literal ou espiritual?
Assim como na luta entre Caim e Abel, haverá sangue literal e
espiritual, mas a motivação será espiritual e moral.
1.600 estádios – Temos dois números estranhos neste capítulo. O
outro está no verso 1: 144.000. Devemos interpretar estes números usando
os mesmos princípios. Quem são os 144.000? O que são os 1.600 estádios?
Ambos são imagens do Velho Testamento, usando a geografia literal do
Israel literal. Tem um aspecto étnico e geográfico. Os 144.000 possuem
uma característica étnica e os 1.600 estádios uma característica geográfica.
No quarto princípio hermenêutico aprendemos que as limitações
étnicas e geográficas são removidos, ampliando-se para proporções
mundiais. Vamos ver se isto funciona, pois do contrário este princípio
está errado.
Comecemos pelos 144.000.
Apoc. 7 é o único outro lugar onde lemos sobre os 144.000, como
sendo 12.000 das doze tribos mencionadas.
Muitos perguntam se 144.000 é um número literal ou simbólico. Se
144.000 é um número literal, 12.000 também é literal e as 12 tribos também
– portanto, os 144.000 serão judeus literais que aceitaram a Cristo. Esta é
a posição dos dispensacionalistas.
Em todo o Novo Testamento aprendemos que a igreja é o Israel de
Deus (o texto-chave é Gál. 3:29 e 6:16) – judeus e gentios que aceitaram
Cristo. Por isso rejeitamos o princípio hermenêutico do literalismo. O
literalismo mata. A Bíblia é um livro espiritual: Deus e Cristo são o seu
centro. Continuemos neste caminho e teremos a verdadeira interpretação
literal, que é a interpretação espiritual. Quando não temos uma
interpretação espiritual, temos uma interpretação literalista.
Armagedom 102
Qual é o número-chave dos 144.000? Cristo indicou-o ao escolher
12 apóstolos para continuar as 12 tribos. Todos nós podemos pertencer
às 12 tribos se aceitarmos os 12 apóstolos. A igreja está construída sobre
os 12 apóstolos (Efés. 2:20). A Nova Jerusalém será construída sobre os
apóstolos. Os nomes dos 12 apóstolos estarão nos fundamentos da Nova
Jerusalém.
O que significa o número 12? Qual é o seu significado teológico?
Ele significa o Israel de Deus. Israel é espiritualidade, como sempre foi
no Velho Testamento. Portanto, os 144.000 representam o Israel de
Deus. Multiplicando-se 12 por 12 e multiplicando por mil para enfatizar
o povo de Israel final. Esta multiplicação por mil enfatiza a plenitude de
Israel. Todos esses são israelitas e fora dos 144.000 só se encontram
babilônios. Os 144.000 são os únicos selados, e este é um ponto muito
importante. Com que propósito foram eles selados na sua testa pelos
anjos de Deus no último grande conflito? A Sra. White diz-nos que este
selo é uma prova de proteção, um sinal de aprovação de Deus, um sinal
de proteção contra as sete últimas pragas. Quem não tiver esse sinal será
atingido pelas sete últimas pragas.
A única conclusão a que podemos chegar é que os 144.000 são
israelitas espirituais.
Sempre há os que pensam que este número pode ser literal. Mas
Deus disse a Davi para não contar o povo de Israel, pois isto é pecado.
Somente Deus sabe o número real. Devemos lutar por pertencer a este
povo.
Chegamos agora aos 1.600 estádios. Qual é o número-chave? 4.
Existe na Bíblia alguma luz sobre o número 4? Quatro direções, quatro
cantos da Terra (Apoc. 7:2), quatro ventos da Terra. O quatro é símbolo
de universalidade.
No SDA Bible Commentary, vol. 7, pág. 835 lemos sobre o número
1.600. O pensamento é que os inimigos da igreja de Deus, finalmente
serão vencidos na sua totalidade. É uma boa conclusão.
Armagedom 103
Joel 3 será cumprido em Jesus Cristo e na Sua gloriosa igreja
remanescente.
Deus nos ajuda a estar reunidos no Monte Sião, na Cidade Santa e
no Lugar Santo.
Compreendemos melhor o Apocalipse quando entendemos o seu
contexto-raiz no Antigo Testamento.
 Joel 2:32 refere-se a Apocalipse 12:19.
 Joel 3 refere-se a Apocalipse 14:14-20.
 Joel 2:28-32 refere-se a Apocalipse 14:6-12.
As três mensagens angélicas estão implícitas no derramamento do
Espírito Santo, cujo resultado final são esses 144.000 de Apoc. 14:1 a 5.
Apocalipse 14 possui 3 partes distintas:
(1) Os 144.000 – o clímax
(2) As três mensagens angélicas – que mostram como são formados
os 144.000.
(3) O destino final de todos (a dupla colheita).
Estas três partes podem estar implícitas em Joel 3. É por isso que
esperamos uma chuva serôdia. O verso 32 do capítulo 2 é explicado no
capítulo 3, e também em Apocalipse 12 e 14.
Existe também uma relação entre Joel e Apocalipse 16:13-16, que é
um capítulo onde muitos fazem confusão. Se compreendemos este
capítulo, vamos compreender todo o curso de Escatologia. Todos,
inclusive Urias Smith, concordam que a base para este capítulo é Joel 3.
Consideremos Apoc. 16, versos 13-16.
Esta expressão "então, vi" indica uma quebra de pensamento em
relação ao verso anterior. Não há uma seqüência cronológica (de 12 a 13).
Os que julgam que o verso 13 segue-se cronologicamente ao 12 estão
fechando as portas para a correta interpretação deste texto. O verso 12
refere-se à sexta praga, e os versos 13 a 16 ocorrem antes da 6ª praga. É
o mesmo que acontece em Joel: No cap. 2:32 encontramos o clímax,
conduzindo-nos ao clímax. Há dezenas de outros exemplos disso na
Bíblia. Nem sempre os profetas descrevem os eventos cronologicamente.
Armagedom 104
Em Apocalipse 1:7 encontramos a descrição do advento de Cristo, mas o
que se segue a este verso acontece antes.
A palavra "então" mostra que é uma nova visão sobre algum evento
passado.
Apoc. 16, verso 13 revela-nos que três poderes espirituais darão
início a esta guerra final, e que Satanás está por trás destes poderes.
Sabemos que a besta representa o romanismo; o falso profeta
representa o protestantismo apostatado; e o dragão parece ter uma dupla
aplicação: em primeiro lugar representa o espiritismo, mas também
representa um poder político, como vemos claramente no verso 14.
As três rãs são símbolos de três espíritos imundos – três anjos
caídos. Portanto, há uma tríplice mensagem angélica falsa.
O Apocalipse é o livro dos contrastes: Jerusalém contra Babilônia, a
mulher pura contra a prostituta, a Besta contra o Cordeiro, a Besta recebe
uma ferida mortal e o Cordeiro também, a Besta após receber a ferida
mortal, levanta-se e o mesmo acontece com o Cordeiro. Precisamos
saber quais são as três mensagens angélicas falsas!
Chegou a hora de testar o conhecimento adquirido nos capítulos
anteriores. Se tudo o que está descrito nos versos 13 em diante acontece
durante as seis pragas, ou mais especificamente, durante a sétima praga,
então o conselho do verso 13 é dado muito tarde, porque durante as
pragas, não há mais oportunidade – a porta já se fechou. E o verso 15
refere-se ainda ao tempo da graça, portanto, refere-se a um tempo
anterior ao verso 12.
O verso 14 continua no verso 15. De acordo com este texto, a falsa
mensagem angélica parece estar relacionada com sinais e prodígios com
o objetivo de unir as igrejas caídas com os Estados – unir os reinos do
mundo numa só confederação. Ecumenismo Então, vem de uma palavra
grega e indica a reunião de todas as igrejas, mas significa "terra habitada
ou civilizada". Portanto, torna-se claro que não somente os reis do
Oriente vão se unir, mas os de toda a Terra. Reis simbolizam poderes
políticos – todas as nações serão reunidas.
Armagedom 105
Cristo também ajunta o Seu povo. Há a união da alma com Cristo e
a Unidade de uma igreja mundial. São unidos no espírito, nas ações, mas
o diabo não está descansando. No momento em que Cristo começa a
reunir a sua Igreja, ele também se apressa em reunir a sua igreja.
Existe o ajuntamento de Cristo e o de Satanás – somente este dois
partidos. Todos os seres pensantes terão que estar de um ou de outro lado.
Não há meio-termo. Só há dois generais, reunindo dois exércitos: Cristo
e Satanás. Desde 1844 ambos já estão reunindo os seus exércitos.
Haverá duas bandeiras: a bandeira ensangüentada do Príncipe
Emanuel e a bandeira preta de Satanás, significando apostasia. É este o
quadro descrito na passagem que estamos considerando. Não há qualquer
indício de que seja uma guerra entre nações do Oriente e do Ocidente. É
somente olhar o texto. Todos os reis se tornam um só partido, com um
inimigo comum. No verso 14 lemos que eles se ajuntam "para a peleja do
grande Dia do Deus Todo-Poderoso".
Portanto, a batalha não está fundamentada entre o sétimo e o
primeiro dia da semana. Qualquer comunista sabe que o sétimo dia da
semana é o sábado. O conflito final não será quanto a um ou outro
mandamento, baseado em doutrinas ou coisa semelhante, mas no
governo universal de Deus, Seu caráter e a legitimidade do Seu governo.
Tudo isto está cristalizado no quarto mandamento, mas devemos atingir,
através deste mandamento, Aquele que nos deu a lei. O conflito final é
um conflito moral.
Os dois partidos não são, de modo algum, limitado geográfica ou
etnicamente, mas por suas crenças religiosas e morais. O sábado é um
sinal de compromisso com o Doador da lei.
Quem é que ajunta as nações? Em Joel lemos que Deus faz este
ajuntamento, mas agora parece que os três espíritos imundos o fazem. Há
uma aparente contradição, mas a verdade é que Deus permite que os
demônios façam este trabalho, mas estabelece limites.
Em Sua providência, Deus incorpora este plano maligno em Seu
plano mais amplo para vindicar o Seu caráter. Deus jamais ordenou que
Armagedom 106
o pecado viesse a existir, no entanto toma sobre Si a responsabilidade de
resolver este problema do pecado, de tal modo que a responsabilidade
final é Sua. Que Deus maravilhoso!
Deus está supervisionando tudo. Todos estes poderes rebeldes se
ajuntarão no lugar que em hebraico se chama Armagedom. O termo
"Armagedom" não aparece no Velho Testamento. O Espírito Santo criou
esta palavra para nos dar uma chave. Todos concordam que Armagedom
identifica-se com Joel 3, onde o lugar em que estão os ímpios é chamado
Vale de Josafá. Este é o fundamento do Velho Testamento.
Vamos ver o que significa este termo. "Armagedom" quer dizer
Monte da Matança, monte da destruição, monte da maldição. Está em
oposição ao Monte da Bênção, Sião.
"Megido" em hebraico significa "monte. E monte não é a mesma
coisa que Vale, mas os dois estão sempre juntos. Para haver vale é
preciso haver monte. Temos que encontrar uma explicação teológica.
Matemática e Geografia não são Teologia.
Megido é uma palavra do Velho Testamento que já é transliterada
como Magedom, significando matança. Houve uma batalha em Megido
(Juízes 4 e 5) quando morreu o Faraó Neco e todos os inimigos de Israel
foram vencidos. Megido é um tipo do Monte da Maldição.
Isto, porém, não é uma conclusão final sobre a origem da palavra
Armagedom. Não precisamos ser dogmáticos quanto a isto.
O Monte de Sião é mundial, portanto o Armagedom também será
mundial. Não haverá qualquer lugar de refúgio para os ímpios (Jer.
25:33). Já no Velho Testamento havia esta interpretação universal,
mesmo quando o mundo era centralizado na Palestina.
Alguns pensam que a guerra do Armagedom é entre o bloco
oriental e o ocidental, lutando por causa do petróleo. Nesta interpretação,
Deus foi tirado do centro; Cristo foi esquecido, a Igreja e o sábado nada
têm que ver com a batalha.
Armagedom 107
O Senhor quer que voltemos à Bíblia. A única segurança que temos
é no "Está Escrito". Joel 3 e Apocalipse 16 nos esclarecem dois pontos –
a guerra final é contra Jeová e Seu povo é um dos partidos.
Por que as nações odeiam tanto este remanescente de Deus? O que
acontece com este povo em Joel 2:28? Recebem o Espírito Santo. E o
povo que recebe o Espírito Santo em sua plenitude não permanece
repousando, mas começa a falar e a testemunhar. Esta ação provoca a
reação de rebelião e ódio. A guerra final não será porque o povo estará
morno, estagnado, mas a perseguição final virá porque o povo estará
cheio de vigor, cheio de poder, testemunhando. Nós mesmos atrairemos
a perseguição sobre nós. Durante a angústia de Jacó surgirá a dúvida:
"Será que era plano de Deus esta perseguição?"
Apoc. 16:13-16 é uma explanação maior de Apoc. 12:17 e Apoc. 14.
Devemos interpretar Apoc. 16 conforme o contexto imediato e o
contexto raiz.
Para compreendermos o Armagedom devemos olhar para Joel 3,
onde é explicado a real natureza desta batalha. Também podemos olhar
para o Salmo 2, Ezequiel 38 e 39, ou Zacarias 12 e 14, e também Daniel
11:40-45 e cap. 12:1 e 2.

Vamos agora a Apocalipse 17 para saber como estas passagens do


Antigo Testamento devem ser compreendidas e o que realmente significa
o Armagedom. O ponto principal está nos versículos 12 a 14.
Podemos observar nestes versos uma elaboração maior do capítulo
16. Estes dez chifres são da besta que também é citada nos caps. 12 e 13.
Desde 1798 a besta recebeu a ferida mortal.
Apocalipse 12 e 13 são história e Apocalipse 17 fala do julgamento
final desta besta, como vemos nos versos 1 e 2. Este julgamento é futuro.
O verso 12 torna-se mais específico. Os dez chifres eram
originalmente os dez poderes da Europa após a queda do Império
Romano. Isto está em Daniel 7. Há o contexto imediato e o contexto raiz.
Armagedom 108
Estes dez chifres tornam-se mais e mais amplos até o ponto de
representar todos os reis da Terra. Não podemos dizer que os dez dedos
da estátua de Daniel 2 representam somente os dez reinos da Europa.
Quando a pedra, que representa Cristo, vier, não destruirá apenas a
Europa, mas o mundo inteiro.
O que acontecerá, conforme Apocalipse 17 nos revela? Os reis unir-
se-ão à besta e como lemos no verso 13, todos estarão unidos num só
pensamento. Incluindo poderes do Oriente e do Ocidente.
Oriente e Ocidente estarão unidos. O conceito de uma divisão entre
Oriente e Ocidente não é bíblico, é uma falsa doutrina. A Igreja e o
Estado estarão unidos em todos os países da Terra. Isto ainda não foi
cumprido, mas as profecias bíblicas apoiam este conceito. A Bíblia será
cumprida. As nações do Oriente também serão afetadas pelas doutrinas
de Babilônia, pois a segunda mensagem angélica afirma que todas as
nações se embebedam com o vinho. É por isso que os três anjos devem
atingir todas as nações da Terra. Babilônia atingirá todo o mundo, e a
igreja de Deus também será mundial.
O clímax está no versículo 14 – Todos os poderes políticos se
unirão para fazer guerra – não guerra entre elas, pois isto eles fazem no
presente – mas "pelejarão eles contra o Cordeiro". Isto é Armagedom – a
Besta contra o Cordeiro.
A besta monstruosa tem muito poder em suas mãos, mas o Cordeiro
vai vencê-la. Esta é uma mensagem de conforto para o povo de Deus,
uma mensagem de vitória. É isto que necessitamos ouvir.
"O Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis;
vencerão também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele."
Este Rei tem muitos súditos. Cristo não está sozinho, mas Seus
súditos estão com Ele. A guerra contra Cristo é uma guerra contra a
Igreja de Cristo. É bom que saibamos disto e nos preparemos desde já.
Devemos estar alerta.
Cristo é o único Governador legítimo deste planeta.
Armagedom 109
Apoc. 19:11-21 é a melhor descrição do Armagedom. A Sra. White
diz que esta passagem refere-se ao Armagedom. É uma aplicação maior
de Apoc. 12, 13, 14, 16, 17 e também de Gên. 3:15 e de todos os
apocalípticos do Velho Testamento.
Verso 11: "... o seu cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro e julga e
peleja com justiça" – relaciona-se com Isaías 11:4 e 5 – "julgará com
justiça os pobres ... ferirá a terra com a vara de sua boca e com o sopro dos
seus lábios matará o perverso. A justiça será o cinto dos seus lombos, e a
fidelidade, o cinto dos seus rins." Apoc. 19 é o cumprimento disto.
Verso 13: "Está vestido com um manto tinto de sangue" – relaciona-
se com Isa. 63:2 e 3, que é uma profecia de juízos sobre Edom, arqui-
inimigo de Israel. Atualmente Israel é a Igreja Remanescente, e Edom
representa os inimigos da Igreja de Deus, que em Apocalipse são
chamados de Babilônia. O sangue que tinge o manto do Rei de Israel é o
sangue dos inimigos. Deus destrói os inimigos para salvar o Seu povo.
Não é possível separar a destruição da salvação. Ambas vêm juntas.
Deus destrói com o objetivo de salvar. Destruiu os exércitos no Mar
Vermelho a fim de salvar o Seu povo.
Ao pisar o lagar, o suco das uvas manchou as Suas vestes. Mas há
outra implicação muito importante.
Podemos ler em Isa. 63, verso 3: "O lagar, Eu o pisei sozinho". Há no
Novo Testamento uma aplicação surpreendente deste texto. Jesus estava
sozinho no Getsêmani, pisando nossos pecados e o Seu próprio sangue
manchou as Suas vestes.
No Novo Testamento há, portanto duas aplicações, tanto referindo-
se à primeira como à Segunda Vinda de Cristo. Isto é o evangelho, e é
por causa deste fato que Ele tem o direito de pisar os inimigos no lagar.
Voltemos a Apocalipse 19. O verso 14 diz: "e seguiam-no os
exércitos que há no céu, montando cavalos brancos..."
Este exército que segue o Rei é um dos partidos na guerra. Há,
portanto, exércitos celestes, montados em cavalos brancos. É por isso
que Joel orava: "Senhor, manda os teus guerreiros." Estes já se assentam
Armagedom 110
nos cavalos brancos; são os anjos e os salvos que já estão no Céu. Em
Apoc. 4:4 é-nos dito que eles possuem coroas, portanto, todos são
príncipes celestiais.
No verso 16 lemos: "REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES"
Deus é o Rei Supremo de todos os príncipes do Céu. Cristo é chamado o
Arcanjo. Ele é o Líder dos anjos. Vamos comparar o cap. 17:14 onde o
mesmo nome é dado a Jesus. Por que é enfatizado este aspecto da
liderança do Universo? Porque o conflito final gira em torno deste
governo de Deus. Todo o mundo estará unido em rebelião a este governo.
Cristo é o único Governante Supremo. O Salmo 2 vem novamente à tona,
como no verso 15, onde é citado Sal. 2, verso 9. Portanto, o Salmo 2
também trata do Armagedom.
Em Testemunhos, vol. 6, pág. 406, a Sra. White diz que este
capítulo descreve o Armagedom.
Os versos 17 a 19 apresentam um convite às aves do céu para que
venham comer alguma coisa. Este convite: "Reuni-vos para a grande ceia
de Deus" é uma citação do Velho Testamento" (Ezeq. 39:17-22).
Apocalipse 19 fala-nos do cumprimento de Ezeq. 39:17-22 ainda
antes do milênio. Estes versículos são o resumo dos capítulos 37 e 38,
que fazem referência à guerra do Armagedom, enfatizando freqüentemente
as montanhas de Israel. Estas profecias terão dois cumprimentos: já
sabemos do seu cumprimento em Apoc. 20, após o milênio, mas há
também um cumprimento antes do milênio, que diz respeito à Igreja da
última geração. Principalmente os versos 14 e 19 falam sobre os dois
partidos, um dos quais é a besta, entre os inimigos de Deus.
Apocalipse 19 cumpre Ezequiel 39 com relação à Igreja de Deus
nos últimos dias e Apocalipse 20 fala sobre um cumprimento que
acontecerá em relação a todos os salvos, de todas as eras (não somente
do último povo). O mesmo espírito de ódio e rebelião ocorrerá após o
milênio, quando haverá esta luta final contra o povo de Deus. O centro
do cumprimento é Cristo e Sua Igreja universal. Aqui encontramos
Cristo na Nova Jerusalém. Ambas as batalhas são mundiais, mas em
Armagedom 111
primeiro lugar haverá o cumprimento através de uma Igreja que está
espalhada por todo o mundo e após o milênio todo o Deus estará
localizado na Nova Jerusalém que desce do Céu.
Os inimigos, no primeiro caso, estarão espalhados por todo o
mundo lutando contra os filhos de Deus, mas no segundo, o povo de
Deus estará dentro da cidade; portanto, os inimigos estarão reunidos em
redor da cidade. Em Ezequiel, Gogue vem do Norte, mas em Apoc. 20,
Gogue e Magogue reúnem-se dos quatro cantos da Terra – as restrições
geográficas são removidas.
Concluímos com as palavras de Tiago White, quando ele afirmou:
"A grande batalha não é de nação contra nação, mas entre a Terra e o
Céu."
Armagedom 112
AS SETE ÚLTIMAS PRAGAS

Sua Relação com as Três Mensagens Angélicas


Alguns livros que podem ajudar na compreensão do assunto sobre o
Armagedom:
1. Dicionário Bíblico Adventista (SDABC, vol. 8).
2. Enciclopédia Adventista (SDABC, vol. 10).
3. Comentário Bíblico Adventista (SDABC, vol. 7, no Suplemento
de Apoc. 12-20).
4. O Grande Conflito, capítulos 39 a 41.
5. Testemunhos, vol. 5, págs. 207 a 216.
6. Primeiros Escritos, pp. 36-38 (Selamento);
pp. 277-279 (O Alto Clamor).
7. Our Firm Foundation, de W. Read, vol. 2, edição de 1953.
Um relatório sobre as conferências bíblicas de 1952. O autor
foi o primeiro a obter uma nova luz sobre o assunto, saindo
fora da linha de Urias Smith.
8. As Três Mensagens de Apocalipse 14, de J. N. Andrews – 1970.
Southern Publishing Association.
O autor foi um pioneiro estudioso, que se preocupava com a
educação em nossa Igreja. Foi o primeiro a identificar o primeiro anjo de
Apoc. 14 com o anjo de Apoc. 10. Considerou um capítulo explicando o
outro. Disse que o jurar do Anjo de Apoc. 10 só poderia referir-se a um
tempo profético. Também em relação ao segundo anjo ele nos trouxe
uma revelação muito importante: fala-nos sobre uma dupla queda de
Babilônia. A primeira é uma queda de ordem moral, desde 1844.
Portanto, as igrejas que rejeitaram o primeiro anjo tiveram uma queda
moral. Apoc. 14:8. É uma queda progressiva, como um homem que
começa a afundar num pântano e vai cada vez mais para o fundo. A
situação vai se tornando cada vez pior. A terceira mensagem angélica
chama-nos a atenção para a queda final de Babilônia (Apoc. 16:19) na
sétima praga. Esta é a destruição de Babilônia.
Armagedom 113
Esta é uma interpretação muito profunda, embora simples. Mesmo
no tipo – a Babilônia do tempo de Daniel, podemos perceber estes dois
tipos da queda. Se o Anjo do Senhor chegou a escrever na parede que
Babilônia estava sendo pesada na balança e achada em falta, isto
anunciou a queda de ordem moral. Logo após veio a destruição final de
Babilônia.
Andrews também estabelece um paralelo entre a Igreja Judaica e a
mulher pura, em contraste com a mulher impura (Ezequiel 16 e Isaías 1).
Este paralelo também é encontrado em Apoc. 12 e 17.
O vinho que embebeda todas as nações é interpretado como sendo
falsa doutrina. Algumas dessas doutrinas que corrompem são
mencionadas por Andrews à pág. 51 e seguintes:
1. O milênio de paz e prosperidade sobre a Terra antes do Advento
de Cristo (doutrina do pós-milenialismo considerada por
Andrews como a pior heresia).
2. Batismo infantil por aspersão.
3. A troca do Sábado pelo Domingo.
4. Imortalidade inerente da alma.
5. O Segundo Advento considerado como espiritual e não literal.
No capítulo 8 de seu livro, Andrews declara que o vinho não
misturado da ira de Deus corresponde às sete últimas pragas. Apoc. 14:9
e 10.
O primeiro anjo diz para adorar a Deus, o terceiro diz para não
adorar a Besta. Este é o apelo do Elias do Velho Testamento: ou adorar a
Deus ou a Baal. Nas mensagens angélicas está o terceiro Elias. No verso
10 está a mais solene admoestação de toda a Bíblia. Não deveríamos
descansar enquanto não compreendermos este assunto.
As outras igrejas não apresentam o evangelho em sua plenitude,
como nós o fazemos, incluindo a advertência quanto a estes perigos.
Elas não compreendem a verdadeira mensagem de Elias, nada sabem
sobre as últimas pragas. Esta é a nossa missão no mundo e se não
pregarmos a mensagem do terceiro anjo, mas apenas a do primeiro e do
Armagedom 114
segundo, estaríamos traindo esta mensagem. Temos três mensagens a
apresentar, e devemos fazê-lo na ordem correta. Não devemos começar
com a mensagem à Babilônia, mas com a mensagem do primeiro anjo –
a lei e o evangelho. Aqueles que rejeitam essa primeira mensagem estão
em Babilônia, na sua queda moral. O terceiro anjo acrescenta qual será o
juízo sobre Babilônia (verso 10). Esta é uma mensagem muito pessoal.
Deus não está falando a igreja um denominação, mas a indivíduos.
Não é suficiente tirar os indivíduos de Babilônia para o Monte de
Sião. Devemos também tirar Babilônia do Monte Sião. Esta é a
mensagem de Laodicéia.
As três mensagens angélicas trazem os fiéis da Babilônia para a
Igreja, e a mensagem de Laodicéia tira a Babilônia de dentro da Igreja.
Se fizermos só a metade do trabalho, termos muitas apostasias. É preciso
trazer as pessoas para a Igreja e guardá-las dentro da Igreja. Deveria
haver uma classe de Escola Sabatina para os recém-batizados e os
interessados. A Sra. White aconselha a revisão de todas as doutrinas após
o batismo.
O que significa a palavra "também" do verso 10? Significa que os
que já beberam do vinho de Babilônia, agora vão beber também do vinho
da ira de Deus. Bebem duas vezes. Em primeiro lugar foram embebedados
pelo vinho de Babilônia e agora vão beber também do vinho da ira de
Deus, sem mistura. Quando misturamos vinho com água, ele fica muito
mais suave. A ira de Deus não será misturada com misericórdia. É por
isso que tal juízo só pode ser comparado com o juízo sobre Sodoma e
Gomorra, sobre os antediluvianos e sobre Jerusalém no ano 70 de nossa era.
Vamos ler o capítulo 15, verso 1. Aí está a prova de que o terceiro
anjo adverte quanto às sete últimas pragas. A ira de Deus manifesta-se
pela sete últimas pragas.
Devemos pregar ao mundo sobre o evangelho, sobre Babilônia, e
também advertir sobre estas sete últimas pragas. Portanto, devemos
entendê-las bem, incluindo o secamento do rio Eufrates e o Armagedom.
Armagedom 115
Se não entendermos bem estes assuntos estaremos sendo servos infiéis e
preguiçosos.
Leiamos os versos 7 e 8 (cap. 15).
Concluímos que estes sete anjos não são instrumentos do diabo e
que as sete pragas são de ordem sobrenatural. Sem dúvida, os ímpios
atraíram as pragas sobre si, através de suas próprias ações, mas são os
juízos específicos de Deus.
No capítulo 18, verso 5 é-nos dito porque isto acontece: "porque os
seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos
iníquos que ela praticou." As pragas são dirigidas a Babilônia.
No verso 4 lemos: "Retirai-vos dela, povo meu, para não serdes
cúmplices em seus pecados e para não participardes dos seus flagelos"
"Seus flagelos". Todas as sete pragas são de Babilônia, porque os seus
pecados se acumularam até ao Céu. Deus possui no Céu livros, relatórios,
onde a culpa vai sendo acumulada. Os pecados não confessados vão
acumulando. Deus estabeleceu limites para a graça e quando o indivíduo,
família, nação, ou mesmo o mundo atinge este limite, Deus os "lembra"
dos pecados. É uma expressão do Velho Testamento que significa não
apenas trazer à lembrança, mas agir. Por exemplo, Deus lembrou-se de
Ana, e lhe deu um filho. Deus lembrou-se de Babilônia e ela caiu (Apoc.
16:19). Há a idéia de ação.
Lemos no verso 4 "voz do céu". Esta é a nossa voz. Quando
lutamos por atrair as pessoas das outras igrejas, somos considerados
como agentes do diabo, mas a voz que diz: "Retirai-vos dela, povo meu"
vem do Céu. Há pessoas do povo de Deus nas outras igrejas. Talvez haja
mais em Babilônia do que na nossa Igreja. E recebemos de Deus a ordem
para chamar estes que estão em Babilônia. Babilônia significa apostasia
organizada, o inimigo do povo de Deus. Devemos chamar de lá os fiéis,
para que não sejam de seus pecados e participem de seus flagelos. É por
isso que devemos pregar sobre as últimas pragas.
Os acontecimentos finais da história deste mundo vão se dar na
seguinte ordem cronológica:
Armagedom 116
No gráfico a seguir foram acrescentadas as referências na Bíblia e
no Espírito de Profecia.

Alto Clamor Prova Final Selamento Fim da Graça Pragas


(Chuva Serôdia) De Lealdade

Apoc. 18:1-4 Apoc. 13:15 Apoc. 7:1-4 Apoc. 22:11 Apoc. 16, 17
Apoc. 14:1-5 Daniel 12:1
Testemunhos, GC, PR, pág. 591 Testemunhos, PE,
vol. 1, p. 353 604-605 PE, Testemunhos, vol. 2, 190- 280-285
PE, 277-279 pág. 279 vol. 5, p. 475, 191 GC, cap.
GC, 611-612 207-216. PP, p. 201 38, pág. 603
PE, p. 36-38 GC, 612-613

O Alto Clamor ou Chuva Serôdia – O Espírito Santo será


derramado na mesma proporção como o foi no dia de Pentecostes e fará
com que o povo de Deus levante a voz em alto clamor.
O Espírito Santo vai operar como nunca e todos os pecados de
Babilônia serão expostos publicamente. Quando chegar o Alto Clamor,
todos os outros eventos seguir-se-ão sem qualquer interrupção, inclusive
as pragas, culminando com o Segundo Advento de Cristo, que ocorre
durante a sétima praga.
O Alto Clamor vai provocar uma reação de Babilônia e uma
legislação que procure pôr um fim neste Alto Clamor. Igreja e Estado
vão se unir contra o povo de Deus. a isto nós chamamos:
A Prova Final de Lealdade. Ninguém, sem o sinal da besta,
poderá comprar ou vender. Esta reação contra o povo de Deus provocará:
O Selamento. O Selamento vem de Deus – os anjos imprimindo o
Selo de Deus sobre a testa. Não se trata do Selamento do Espírito no
coração – o Selamento do Evangelho, que todos recebem por ocasião do
batismo. Não devemos confundir o selo evangélico e o selo apocalíptico.
O Selamento do Espírito Santo por ocasião do batismo é
comprovado pelas seguintes passagens:
Armagedom 117
Efésios 1:13
Efésios 4:30
II Cor. 1:20-22
Rom. 8
O Selamento apocalíptico ocorre naqueles que já são filhos de Deus,
portanto já possuem o Selamento do Evangelho. Devem agora receber
um selo especial que os anjos imprimem em suas testas. Somente os
144.000 recebem este selo.
Qual o propósito deste Selamento?
A Sra. White escreveu muito sobre isto. Ela diz que este selo é um
sinal de aprovação de Deus e de proteção contra as sete últimas pragas.
Fim da Graça. Após o Selamento, finda o tempo da graça e:
As Pragas começam a cair.

Todos esses eventos tão solenes têm um tipo no Velho Testamento.


Vamos agora considerar estes tipos.
Alto Clamor: Em Joel 2:28 e 32 está uma profecia que foi
cumprida em Atos 2 – o Pentecostes. Este cumprimento é o tipo do Alto
Clamor ou Chuva Serôdia. Em O Grande Conflito, pág. 611 temos um
relato sobre isto, onde a Sra. White diz que o Clamor da Meia-noite do
movimento milerita é um outro tipo que se repetiu.
O tipo da Prova Final de Lealdade está em Daniel 3. Os três
jovens hebreus que permaneceram fiéis a Deus tinham diante de si a
fornalha de fogo ardente. Esta foi para eles uma verdadeira prova de
lealdade que implicava em obediência ao segundo mandamento. Isto foi
um tipo de prova de lealdade que implicará em obediência ao quarto
mandamento. Todo o mundo estará na planície de Dura.
Outro tipo encontra-se em I Reis 18 – Elias no Monte Carmelo. A
lealdade que será manifestada durante esta prova será considerada pelo
Céu, constando nos registros celestes e sendo a base para o selamento.
O tipo do Selamento encontramos em Êxodo 12:12 e 13. Todos os
que tinham a marca de sangue nos batentes das portas não sofreram a
Armagedom 118
décima praga. Há também uma profecia muito importante em Ezeq. 9:4 e 5.
A Sra. White afirma que esta profecia refere-se ao Selamento dos 144.000
(Testemunhos para Ministros, págs. 444-445).
Ainda no VT encontramos um tipo para o Fim da Graça. Em
Gên. 7:16 lemos que Noé ficou sete dias na arca antes de começar a
chuva e que um anjo fechou a porta da arca. Diz a Sra. White ser este um
tipo do Selamento. Patriarcas e Profetas, pág. 98.
As dez pragas que caíram sobre o Egito são o tipo para as
Sete Últimas Pragas (Êxo. 7 a 12). Têm características semelhantes e o
mesmo objetivo – salvar Israel, vindicar o nome de Deus e o Seu
governo e expor no coração de cada um a rebelião que há nele (motivar a
rebelião contra Deus).
Nas pragas finais, Deus manifestará Sua fidelidade ao Seu povo do
concerto e uma vez mais revelará a pecaminosidade de Babilônia. Egito
e Babilônia são os inimigos do Israel de Deus e as pragas são os juízos
de Deus sobre tais inimigos.
As quatro primeiras das últimas pragas são retiradas das dez que
caíram sobre o Egito. A quinta, sexta e a sétima são retiradas dos juízos
sobre Babilônia.
Por que isto? Deus quer assegurar à Igreja Remanescente que, nos
últimos dias, Ele é o mesmo Deus que libertou Israel do Egito e que tirou
Israel da Babilônia. Ele é o mesmo Deus que possibilitou o êxodo de um
Egito ateu e de uma Babilônia apostatada. A mesma libertação virá no
fim dos tempos.
Como podemos saber quando chegará a ocasião do Alto Clamor?
Como poderemos ter esta experiência?
Alto Clamor será o resultado da pregação distinta da mensagem de
Laodicéia (Apoc. 3).
Não devemos apenas pregar as três mensagens angélicas, mas
também apresentar a mensagem de Cristo à Igreja de Laodicéia.
Como resultado de recebermos e aplicarmos pessoalmente esta
mensagem, seremos zelosos não apenas em ganhar almas (preocupados
Armagedom 119
só em números) mas nos preocuparemos com a qualidade. A mensagem
a Laodicéia diz: "Sede zelosos e arrependei-vos." Zelosos na tristeza pelo
pecado em nosso coração. Zelosos em sentir que morremos para o eu.
Zelosos no sentido de depositarmos todo o nosso orgulho no pó. Zelosos
na luta com Deus. Zelosos no sentido de andarmos com Cristo. Zelosos
pela glória de Deus. Esta é uma obra que tem que ser realizada pelo
indivíduo em si mesmo, antes de sair e anunciar. Antes de falar de Deus,
devemos falar com Deus.
Deus procurará os que são verdadeiramente zelosos. Procurará o
ouro puro, livre de toda escória.
Em Ezequiel 9 encontramos o selamento daqueles que estão sob o
juízo de Deus.
Em Ezequiel 8 e 9 havia muita corrupção em Jerusalém,
particularmente no templo.
Surge então a pergunta: Os que são selados, são perfeitos e santos?
Sentir-se santo é um pecado.
Tentar sentir-se perfeito é uma rebelião contra Deus, conforme a
teologia bíblica.
Muitos cristãos na História quiseram sentir-se perfeitos, porque sua
consciência os condenava nos seus próprios pecados.
Uma consciência acusando não é uma experiência muito agradável,
e eles queriam livrar-se do sentimento de culpa e fazer alguma coisa
especial para Deus. Às vezes deixavam de se casar a fim de se tornarem
mais santos. Alguns se tornavam vegetarianos, outros procuravam
vender bastante literatura, ou ganhar muitas almas, e assim por diante.
Mas a justificação só vem por meio da fé em Cristo. A mensagem de
Cristo para a Igreja de Laodicéia é muito humilhante para o nosso
coração. "Vocês pensam que tudo está muito bem, mas vocês não sabem
o que são; vocês são cegos, não se apercebem da própria nudez; não
sabem quão pobres são."
Armagedom 120
Cada um deve aplicar esta mensagem a si mesmo, embora não creia
que esteja nesta condição. Jesus diz: "Eu sinto muito, mas tenho que
dizer que o problema está em seu próprio coração."
Nós queremos participar do Alto Clamor. Queremos apresentar um
bom relatório, mas a direção da motivação não está correta – está
dirigida para o próprio eu. O que fazer então?
Devemos dizer a Jesus: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu
coração, prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim
algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno." (Sal. 139:23 e 24).
Devemos abrir o coração para o trabalho do Espírito Santo, confessar
os nossos pecados, abandonar todo espírito de competição, tentando ser
melhores que os outros, ou mais santos que os nossos irmãos.
Qual será o início do Alto Clamor na vida individual de cada um?
Qual será a aplicação pessoal do Alto Clamor?
Abandonar todo o orgulho e procurar somente a glória de Deus,
aceitando a todos que estão ao nosso redor como nossos irmãos.
Em Ezequiel 9 que espécie de povo recebe a marca? Absolutamente
não são aqueles que se julgam perfeitos, mas aqueles que estão chorando
por causa da impiedade em Israel – aqueles que se arrependerem da
impiedade. O arrependimento é uma experiência gloriosa. Ele nos faz
chorar, traz-nos mesmo o desespero, mas também nos traz a graça pela
fé em Cristo. Peçamos este arrependimento.
Em Atos 5 lemos que Jesus nos dá a fé e o arrependimento. O
arrependimento é um dom de Deus. Não podemos por nós mesmos
passar por esta experiência, mas podemos orar pedindo-a a Deus.
Deus somente pode habitar no coração contrito e espírito abatido.
Este espírito Ele nunca rejeitará. Encontramos isto em Isa. 65 e Sal. 51.

Agora vamos falar um pouco mais sobre os 144.000 em relação a


este Selamento.
Armagedom 121
Duas vezes no Apocalipse nós lemos sobre os 144.000. Há nisto um
significado especial. Em Apocalipse 7 é abordado um aspecto diferente
do que é considerado no capítulo 14.
Em Apoc. 14, nos primeiros 5 versos é enfatizado o Seu caráter
imaculado. "não se achou mentira na sua boca; não têm mácula" (verso 5).
Este estado de pureza não é uma peculiaridade apenas dos 144.000, mas
dos santos de todas as eras. Deus não quer mentirosos em Seu reino. No
Salmo 32 lemos: "Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui
iniqüidade e em cujo espírito não há dolo." (Verso 2). Esta é uma
característica dos 144.000.
Qual seria então a diferença entre os 144.000 e os outros santos?
Em princípio, não é a perfeição de caráter. Embora esses 144.000
sejam perfeitos em caráter, eles não se sentirão perfeitos. Terão um
relacionamento perfeito, relacionamento de perdão e vitória. Eles
possuem o caráter de Deus e do Cordeiro. Seguem o Cordeiro aonde
quer que vá.
Apocalipse 7 nos dará maior luz sobre o assunto. Este capítulo
começa como se fosse uma resposta aos últimos versos do capítulo 6.
Sabemos o que acontece durante o sexto selo (versos 12 em diante) – os
ímpios finalmente clamarão às rochas: "Caí sobre nós e escondei-nos da
face daquele que se assenta no trono e da ira do Cordeiro." A ira do
Cordeiro são as sete últimas pragas. O capítulo 6 termina com a
pergunta: "Quem é que pode suster-se?" A resposta está no capítulo 7 –
os 144.000 podem suster-se.
É por isso que todos eles são selados. O anjo do julgamento passará
por alto aqueles que estiverem selados, da mesma forma que o anjo da
destruição passou por alto as casas que estavam manchadas com sangue.
Daí vem a palavra "Páscoa" em inglês Passover, passar por alto.
Este é um propósito específico do selamento. Somente os 144.000
estarão a salvo no dia da ira de Deus. Eles conseguiram suportar a prova
final e agora estão enfrentando a ameaça de morte.
Armagedom 122
Não há possibilidade de outros se salvarem a não ser estes 144.000
que foram selados. O grupo total dos filhos de Deus durante as últimas
pragas são os 144.000. Se houvesse possibilidade de salvação fora dos
144.000, o selamento não teria significado, pois o selamento é a marca
de proteção.
Em Ezequiel 9 os fiéis que se arrependeram foram selados –
receberam uma marca em sua testa. O que aconteceu após esse
selamento? A destruição resultante da ira de Deus.
É exatamente isto que acontecerá quando os 144.000 forem selados.
O tempo da graça terminará e as sete pragas começarão a cair.
Os 144.000 não são um grupo especial entre os salvos por se
sentirem mais santos do que os outros, mas porque eles passaram por
uma perseguição e uma prova sem precedente e permaneceram fiéis pela
fé em Cristo. Eles também sofrerão mais do que os outros –
experimentarão o Tempo de Angústia de Jacó. Não podemos explicar o
que é a angústia de Jacó, mas experimentá-la e estar preparados para
recebê-la. Eles beberão desta taça de sofrimento, muito mais do que a
geração que os precede, por esta razão estarão tão próximos a Cristo.
Eles parecem experimentar mais do que Cristo experimentou no
Getsêmani, por sua causa. Esta é a única esperança que os conforta.
Em Apoc. 14 o selo representa uma espécie de carimbo do caráter
perfeito de Deus, uma obra completa daqueles que são selados, como os
primeiros frutos para Deus e para o Cordeiro. Esses selados são perfeitos
em relação à fidelidade e estão prontos para a trasladação como o
remanescente final.
Em Apoc. 7 o selo de Deus é uma marca de proteção e livramento
no dia da ira de Deus.
Percebemos duas visões em Apoc. 7. Os oito primeiros versos nos
falam dos 144.000 provenientes das tribos de Israel, e do verso 9 em
diante lemos: "Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém
podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas ..."
Armagedom 123
Quem é esta grande multidão? A resposta está no verso 14: "São
estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as
alvejaram no sangue do Cordeiro."
Há diferença entre os 144.000 que vêm dos judeus e esta grande
multidão que vem de todas as nações?
Não existe uma resposta definida da Igreja quanto a este assunto,
mas julgamos que os 144.000 não são totalmente idênticos a este
segundo grupo da grande multidão. Eles representam a Igreja
Remanescente da última geração, com um especial selamento
apocalíptico durante as sete últimas pragas. Eles experimentam a grande
tribulação. Mas o segundo grupo, que ninguém pode contar e que vem de
todas as nações, representam todos os salvos de todas as eras, desde o
início do mundo. É portanto, um grupo diferente. Eles também vêm de
uma grande tribulação, porque ninguém será salvo sem passar por uma
tribulação. Paulo afirmou várias vezes que para irmos ao reino de Deus
teremos que passar por grandes tribulações.
Os 144.000 serão parte desses salvos de todas as eras, portanto eles
serão um grupo especial dentro do grupo maior. Esta é a explicação da
Sra. White. Ela se refere a esta grande multidão de Apocalipse 7:9 e 14
como sendo os redimidos de todas as eras, e também aplica Apoc. 7:9-14
aos 144.000. Há, portanto, uma fusão entre esses dois grupos.
Os 144.000 são especificamente chamados israelitas ou semente de
Abraão. Isto não cumpre a promessa feita a Abraão em Gênesis 15 e 17,
que a sua semente seria tão numerosa quanto a areia do mar e as estrelas
no céu? Isto quer dizer inumerável, que não se pode contar. Só Deus
poderá numerar a descendência de Abraão.
Da mesma forma como o primeiro Elias não morreu, os 144.000
não passarão pela morte. Este ponto de vista é sustentado pela Bíblia e
pelo Espírito de Profecia. (O Grande Conflito, págs. 648, 649; 665, 646,
428; Testemunhos, vol. 1, págs. 78 e 155).
Armagedom 124
Natureza das Pragas

Já definimos os três propósitos das pragas, que são:


1º - Redimir Israel
2º - Vindicar o caráter de Deus e o Seu concerto.
3º - Expor a pecaminosidade dos ímpios e a rebelião dos professos
fiéis a Deus.
Durante as sete últimas pragas o Universo testemunhará aquilo que
não podiam ver antes – o que estava no coração das pessoas, que não se
arrependerão nem darão glória a Deus.
Vamos agora considerar a natureza das pragas. Já aprendemos que
as pragas são um evento sobrenatural. Resta saber se são literais ou
espirituais.
Josias Litch, um dos pioneiros do movimento milerita, defendeu a
posição que as pragas são literais no que diz respeito à sua linguagem e
descrição.
Quanto ao secamento do rio Eufrates e à sexta praga, ele cria que o
rio Eufrates seria literalmente seco, assim como o rei persa Ciro secou-o
por ocasião da queda de Babilônia. Podem ler quanto a isto na
Enciclopédia Adventista, verbete Armagedom.
Para ele havia uma total identificação entre o secamento do Eufrates
do Velho Testamento e o do Novo Testamento. Consequentemente, ele
não chegou a ver a relação tipológica entre um e outro. No
relacionamento tipológico nunca há uma relação completa entre o tipo e
o antítipo. Onde havia uma analogia, ele viu uma identidade, uma
igualdade. Ele separou o secamento do Eufrates do Novo Testamento do
seu contexto literal e teológico, porque as sete últimas pragas são todas
destinadas à Babilônia mística, e esta Babilônia mística é um poder
espiritual. E não podemos considerar Babilônia espiritualmente e o rio
Eufrates literalmente. Se o Eufrates é o rio de Babilônia, temos que
tomar ambos literalmente – ambos estão numa conexão inseparável.
Armagedom 125
Por outro lado, Babilônia é uma organização poderosa, visível, com
manifestações religiosas e políticas concretas. É o inimigo e perseguidor
literal e visível do Israel de Deus.
Urias Smith chegou à conclusão de que o dilema entre serem as
pragas literais ou não é um dilema infrutífero. Ele afirmou que a
terminologia simbólica diz respeito a juízos concretos e literais. Ele cria
que as pragas eram simbólicas, afirmando que o Eufrates significava
"povos", mas acreditava que as outras pragas teriam cumprimento literal.
A sexta praga é tão simbólica quanto a quinta, onde o trono da
besta é um símbolo muito conhecido.
Ao considerarmos a 1ª praga, consideramos várias coisas como
símbolos – o sinal da besta, sua imagem e seu culto.
O julgamento, que é o resultado de cada praga, é que é literal,
embora as organizações que vão sofrer esse julgamento possam ser
simbólicas.
Este conceito de Urias Smith é bastante profundo. Ele disse: "As
pragas são esculpidas numa linguagem simbólica, mas as pragas
propriamente ditas são literais, porque os juízos são literais."
Vamos ver o que João N. Andrews tem a dizer. Em seu livro As
Três Mensagens de Apocalipse 14, pág. 117 ele diz que as últimas pragas
serão semelhantes em caráter às que foram derramadas sobre o Egito,
embora suas conseqüências serão muito mais terríveis – efeito mundial.
Andrews percebeu um relacionamento tipológico entre as pragas do
Egito e as sete últimas pragas.
Esta é uma boa explicação, pois ele considerou a Bíblia como um
todo.
Vamos considerar o que a Sra. White tem a dizer. O Grande
Conflito, pp. 627 e 628: "As pragas que sobrevieram ao Egito quando Deus
estava prestes a libertar Israel, eram de caráter semelhante aos juízos mais
terríveis e extensos que devem cair sobre o mundo precisamente antes do
libertamento final do povo de Deus."
Armagedom 126
Esta exposição é perfeitamente teológica. A Sra. White viu uma
relação tipológica, assim como Andrews. Ela usa as mesmas palavras de
Andrews: "semelhantes em caráter".
E ela ainda vai além, dizendo que as pragas no Egito estavam
relacionadas com o Israel de Deus, a fim de livrá-lo do Egito, e que as
pragas finais terão o objetivo de livrar o povo de Deus.
Há uma perfeita harmonia com os princípios hermenêuticos que
estudamos. Devemos relacionar as pragas com o Deus de Israel e o
Cristo do Novo Testamento, com o Israel do Velho Testamento e com o
Israel espiritual do Novo Testamento. Podemos notar que as pragas têm
o mesmo caráter e propósito.
Urias Smith relacionou as pragas com Israel somente nas três
primeiras pragas, e depois se esqueceu. Para ele, a 5ª, 6ª e 7ª pragas nada
têm que ver com o Israel de Deus, mas com os povos que literalmente
vivem ao redor do rio Eufrates, ou seja, os turcos. Por que traria Deus os
Seus juízos mais terríveis ao povo específico que vive ao redor do rio
Eufrates? O que dizer dos adventistas que vivem naquela região?
1ª Praga. Leiamos Apoc. 16:1 e 2. O primeiro anjo derramou a
sua taça sobre a Terra. Portanto, a primeira praga é mundial, embora nem
todos sejam atingidos por ela. Alguém poderia argumentar que as úlceras
malignas e perniciosas são espirituais, invisíveis.
Estas úlceras atingem aqueles que têm o sinal da besta e a adoram.
Sem dúvida, esta é uma linguagem figurada, mas as pessoas atingidas
não são invisíveis, são pessoas literais, indicadas por linguagem simbólica .
Portanto, as úlceras também devem ser literais. Se considerarmos as
úlceras como espirituais, temos que admitir que eles já foram atingidos
por tais úlceras anteriormente. E estas pessoas não são espirituais, não
nasceram de novo. As úlceras que recebem podem ser vistas e sentidas.
2ª Praga. Apoc. 16:3. Devemos considerar esta praga como literal
ou simbólica? Se for espiritual, um mar simbólico não faz muito sentido.
Devemos considerar o mar literal que se torna em sangue literal. Este
juízo cairá sobre um povo literal.
Armagedom 127
Os filhos de Deus não sofrerão estas pragas – não porque são
vegetarianos – mas porque Deus resolve não derramar estas pragas sobre
o Seu povo.
3ª Praga. Apoc. 16:4 – Rios e fontes tornam-se em sangue. Deus
derrama as pragas em estágios. Pela primeira vez, lemos sobre a razão
para estas pragas – Versos 5 a 7.
Por que Deus transforma a água em sangue coagulado? A razão é
dada no verso 6: Porque mataram os profetas. Todas as pragas são
centralizadas em Israel.
Em O Grande Conflito, pág. 628 lemos:
"Condenando o povo de Deus à morte, são tão culpados do crime do
derramamento de seu sangue como se este tivesse sido derramado por
suas próprias mãos. De modo semelhante declarou Cristo serem os judeus
de Seu tempo culpados de todo o sangue dos homens santos que havia sido
derramado desde os dias de Abel; pois possuíam o mesmo espírito, e
estavam procurando fazer a mesma obra daqueles assassinos dos profetas."
No ano 70 da nossa era Deus destruiu Jerusalém. Por que Ele
esperou esses quarenta anos? Para dar uma oportunidade aos Seus filhos.
Quando os filhos rejeitaram a mensagem apostólica, os juízos de Deus
caíram sobre eles. E qual a relação entre este ato de rejeição dos filhos e
o que os pais fizeram rejeitando a Cristo? O pecado era basicamente o
mesmo. Os filhos completaram a medida do pecado dos pais. Mat. 23:32.
Durante as três primeiras pragas, o Israel de Deus, a Igreja
Remanescente tornou-se o foco de uma perseguição baseada em leis. O
Espírito de Deus foi retirado e nação após nação legisla contra o povo de
Deus. Está aqui implicado Apoc. 13 – com um decreto de morte. Não
devemos confundir ameaça de morte com decreto de morte. São
diferentes. O decreto de morte é muito mais sério, e só será proclamado
após o fechamento da graça. Será estabelecida uma data para a execução.
É a experiência de quando Esaú veio em direção a Jacó para
exterminá-lo – a Angústia de Jacó.
Armagedom 128
Será determinado um prazo, findo o qual, o povo deverá ser
exterminado. O tipo deste decreto de morte, está num livro do Antigo
Testamento que não é citado no Apocalipse – o livro de Ester.
A Sra. White escreve em O Grande Conflito que o decreto de morte
será publicado durante as três primeiras pragas.
Será cumprido este decreto? Não.
Então, por que razão Deus lhes dá sangue para beber uma vez que
não consumam este intento?
Urias Smith e a Sra. White dão a mesma resposta.
Pela publicação do decreto de morte o pecado atinge o seu ponto
culminante. O pecado torna-se legalizado. E Deus então diz: "Basta!" Se
o tempo permitisse, eles matariam os filhos de Deus. Deus considera esta
culpa como se o decreto fosse executado, da mesma forma como Deus
aceitou o sacrifício de Isaque como se Abraão o tivesse levado a cabo.
A decisão da vontade foi tomada e a medida dos pecados dos
antepassados fica completa.
É manifestado o mesmo espírito daqueles que perseguiram o povo
de Deus durante todas as eras. É por isso que Deus lhes dá a segunda e
terceira pragas – sangue literal. Não existe sangue espiritual.
Armagedom 129
INTERPRETAÇÃO CRISTOCÊNTRICA DAS
6ª E 7ª PRAGAS

Devemos sempre nos lembrar que sempre há dois contextos: o


contexto imediato e o contexto-raiz do Velho Testamento.
O contexto imediato é o próprio capítulo, o capítulo anterior e o
capítulo que se segue. Se considerarmos mais alguns capítulos, temos
um contexto mais amplo. Mas o Velho Testamento é o mais amplo dos
contextos – o contexto-raiz para o Novo Testamento.
No Comentário Adventista, vol. 7, à pág. 983, lemos que a Sra.
White declarou que necessitamos estudar o derramamento da sétima
praga, pois a Providência tem uma parte a desempenhar na batalha do
Armagedom.
Já estudamos que a palavra "Armagedom" é citada em conexão com
a sexta praga, e agora a Sra. White relaciona-a com a sétima.
Concluímos, portanto, que a 6ª e a 7ª pragas formam uma só unidade. O
Armagedom é descrito na sexta praga mas acontece durante a sétima.
Não podemos estudar a sétima praga isolada da sexta.
A sexta e a sétima pragas são dois aspectos de um só evento.
Lemos que durante a sexta praga haverá o secamento do rio
Eufrates e que durante a sétima praga Babilônia cairá. Devemos
considerar estes dois eventos como um só conjunto, e aplicar os
princípios hermenêuticos que temos aprendido.
Não devemos nos conformar com o que diz o Dicionário ou a
Enciclopédia, ou o Gen. McArthur sobre o assunto.
O que diz o primeiro princípio hermenêutico? "A Bíblia, como um
todo orgânico em Cristo Jesus, é o seu próprio intérprete."
Vamos aplicar também os demais princípios.
Estamos no capítulo 16 de Apocalipse. O capítulo 17 é o contexto
imediato. Precisamos também encontrar o contexto-raiz, o tipo do Velho
Testamento.
Armagedom 130
A opinião dos comentaristas adventistas, como lemos em nosso
Comentário Bíblico Adventista, volume 7, pág. 725, é que o primeiro
passo a ser dado para a compreensão do Apocalipse é procurar o seu
contexto histórico no Velho Testamento. Assim ficará mais fácil
compreender a mensagem de João.
Também no Comentário Bíblico Adventista, volume 1, pág. 1019,
lemos que um exame do contexto e sua situação histórica é fundamental
para uma compreensão correta de qualquer passagem.
Sabemos que há uma relação tipológica quando o autor no Novo
Testamento indica que no passado existiu um tipo, usando a mesma
palavra empregada no Antigo Testamento. Por exemplo, no Apocalipse
lemos sobre Jezabel no contexto das Sete Igrejas. No Novo Testamento
encontramos o Monte Sião; nós lemos sobre Israel, sobre Babilônia,
sobre o Eufrates, sobre o Armagedom, no seu significado hebraico, etc.
Isto demonstra que a estrutura fundamental do apocalíptico bíblico,
principalmente do Novo Testamento, é uma estrutura tipológica, isto é,
uma estrutura baseada na prefiguração e no seu cumprimento.
No Apocalipse encontramos alguns símbolos que ocorrem mais de
uma vez, como por exemplo, a palavra "estrela". Interpretamos esta
palavra de oito maneiras diferentes: representando Cristo, Satanás, anjos,
demônios, apóstolos, falsos profetas, estrelas no sentido literal e também
no sentido político.
Se pudéssemos dar uma só interpretação a estas palavras que
ocorrem mais de uma vez, seria muito coerente. Mas a coerência deve
ser usada com sabedoria.
Cada símbolo tem um significado básico. Por exemplo, "luz" pode
ser aplicada de maneiras diferentes – uma boa luz, ou uma luz que caiu;
uma estrela literal ou uma estrela simbólica. Pelo contexto sabemos
como aplicar.
Podemos aqui estruturar um novo princípio de interpretação bíblica:
"O contexto imediato faz a distinção na aplicação de símbolos
idênticos."
Armagedom 131
O termo "Eufrates" ocorre duas vezes no último livro da Bíblia. A
primeira vez, na sexta trombeta (Apoc. 9:14), e a segunda, na sexta praga
(Apoc. 16:12) – interessante correspondência.
Mas conforme o princípio que acabamos de considerar, não
devemos estabelecer identidade entre as duas citações da palavra. A
interpretação não precisa ser a mesma nos dois casos. Os mesmos
símbolos podem ter diferentes aplicações, dependendo de seu contexto
imediato.
As duas citações da palavra "Eufrates" não estão no mesmo
contexto. Em Apoc. 9:14 há a série das Sete Trombetas e em Apoc.
16:12 há a série das Sete Pragas.
As trombetas não são idênticas às pragas, portanto não há razão de
aplicar o símbolo da mesma maneira.
Os princípios hermenêuticos são uma garantia contra heresias e erros.

SIMBOLISMO ENTRE AS SETE TROMBETAS E AS SETE PRAGAS


Na lista comparativa que se segue, os símbolos correspondentes
estão grifados.
LISTA COMPARATIVA DAS 7 TROMBETAS & 7 PRAGAS
Trombetas (Apoc. 8 e 9; 11:25) Pragas (Apoc. 16)
I. Saraiva, fogo e sangue; Na Terra: úlceras más e malignas
1/3 da Terra ferida. sobre os que têm a marca da
besta, imagem.
II. Montanha ardendo no mar; Mar como sangue, toda criatura
1/3 das criaturas feridas. no mar morre.
III. Estrelas caíram dos céus; Rios e fontes tornam-se sangue
1/3 das águas amargas; 1/3 (por causa das perseguições)
dos rios e fontes.
IV. Sol, lua e estrelas escurecidos. Sol queima homens, nenhum
Só 1/3. arrependimento.
V. Estrelas caíram dos céus; abismo, Trevas sobre a besta e seu reino;
poço aberto; trevas escurecem nenhum arrependimento.
Armagedom 132
sol e ar; gafanhotos torturam
saem da fumaça (5 meses) tendo
um rei - Abadom.
VI. Quatro anjos no Eufrates soltos Eufrates seco.
Matam 1/3 dos homens. O resto
da humanidade não se arrependeu
de sua idolatria e assassinato, etc.
VII. O reino do mundo torna-se de Armagedom: todos os reis do
Deus e de Cristo. Arca do mundo conquistados por Deus.
concerto vista dentro do Templo. Babilônia dividida em 3 partes.
Saraiva, tormentas, relâmpagos, Saraiva, terremoto, vozes e
vozes, trovões. trovões. Voz do
Templo: Feito está.

O rio Eufrates é considerado tanto na 6ª trombeta como na 6ª praga,


mas a identidade de símbolos ocorre não só aqui mas em toda a série
como podemos notar.
A identidade entre os símbolos levou os estudiosos da Bíblia, desde
os séculos passados, a concluir que a série das trombetas é absolutamente
idêntica à série das pragas. Mesmo o movimento de Miller pregou esta
identidade. Os pioneiros da Igreja Adventista foram os primeiros a
apontar que não existe tal identidade. Há três diferenças básicas:
1. Diferença Geográfica
2. Diferença Cronológica
3. Diferença Histórica.
1. As trombetas dizem 14 vezes que um terço da Terra é danificado.
A série das pragas não menciona este fato nenhuma vez, pois Babilônia é
mundial. As trombetas são mais regionais, enquanto que as pragas são
mundiais. Esta é uma diferença muito clara.
2. As trombetas cobrem um tempo de meses e anos, portanto, um
longo período de tempo – toda a dispensação cristã. As pragas, ao
contrário, caem rapidamente (Apoc. 18:4, 8 e 10).
Armagedom 133
3. As trombetas cobrem a dispensação cristã, mas as pragas só
ocorrem no fim do tempo da graça, após o assinalamento com o selo na
testa.
Tanto as trombetas como as pragas são juízos de Deus, não há
dúvida, portanto ambos são maldição sobre o povo, mas as pragas são
juízos mais intensos que as trombetas – maiores na extensão e menores
na duração.
As pragas não serão misturadas com graça. Entre as duas séries
existe uma analogia e não uma identidade.
A afirmação de que as sete pragas seriam um acontecimento futuro
foi uma inovação adventista.
Antiga corrente de interpretação julgava que a 6ª praga teria seu
cumprimento com os turcos. Neste caso, ela já estaria ocorrendo. E as
anteriores? A sexta praga não pode começar antes das outras.
Uma importante distinção entre a série das trombetas e a das pragas
é que o rio Eufrates, na 6ª trombeta, não está relacionado com Babilônia,
e nas pragas está diretamente ligado a Babilônia. Cremos que em ambas
as séries o Eufrates deve ser tomado com um relacionamento tipológico.
É o contexto imediato que deve dar a solução para a aplicação exata.
No Velho Testamento, o rio Eufrates determinava os limites de
Israel (Gên. 15:18; 17:8). Ao norte do Eufrates viviam os inimigos de
Israel que, vez após vez invadiam a Palestina. Poeticamente, os profetas
poderiam descrever esses inimigos que viviam além do Eufrates como se
fosse um trasbordamento do rio Eufrates, uma enchente que atingisse as
pessoas até o pescoço (Isa. 8:7, 8 – contexto imediato é a luta entre Judá
e Assíria). O Eufrates era um símbolo dos inimigos de Israel. Esse é o
seu significado teológico: Eufrates = inimigos do povo de Deus.
Isaías 8 nos ensina teologicamente que o Eufrates simboliza um
inimigos hostil que ataca Israel.
Esta é uma interpretação Cristocêntrica porque se relaciona com
Jeová e o povo do Seu concerto. Os inimigos de Israel são também
inimigos de Deus e do concerto da salvação.
Armagedom 134
O Eufrates não representa um inimigo neutro, mas um que ataca,
que se intromete nos afazeres de Israel e no Seu culto.
Esta é a característica teológica do termo Eufrates.
As Sete Trombetas simbolizam os juízos de Deus durante a
Dispensação Cristã, sobre os inimigos do povo de Deus.
O primeiro inimigo do povo de Deus, no tempo da Igreja apostólica
foi o Império Romano. No século XVI, durante a Reforma, quando Deus
despertou Lutero, Calvino, Zwínglio e outros, a Igreja Católica Romana
estava unida com o Estado. Carlos V, o grande rei da Alemanha naqueles
dias queria a unidade do seu império, portanto era inimigo da reforma
luterana.
Em 1520 esta reforma passou por um momento crítico, quando
Carlos V pretendia esmagá-la de um só golpe. Mas nesse exato momento,
os turcos aparecem em cena, e preocupado em lutar contra eles, Carlos V
desiste do seu intento. Esta foi a providência de Deus para que o
movimento da Reforma não morresse. Portanto, Deus usou os turcos
como um flagelo contra os inimigos do povo de Deus. Sendo assim, na
sexta trombeta o rio Eufrates pode muito bem simbolizar os turcos.
Mas nas pragas, o rio Eufrates não deve ser relacionado com os
turcos, e sim com Babilônia.
Vamos ler Apoc. 16:12. Pelo contexto sabemos que a água do
Eufrates se secou para preparar um caminho para os reis do Oriente.
Conforme nosso princípio hermenêutico precisamos primeiro
estabelecer o relacionamento tipológico com o Velho Testamento.
Seria maravilhoso se pudéssemos encontrar no Velho Testamento
esta mesma circunstância: o secamento do rio Eufrates para possibilitar a
passagem dos reis do Oriente, em conexão com a queda de Babilônia.
Tudo depende do nosso conhecimento da história do Velho Testamento.
Sem este conhecimento não podemos compreender o Apocalipse.
Os capítulos que tratam sobre este assunto são: Isaías 41, 44 e 17;
Jeremias 50 e 51. Aí está a base para a compreensão da 2ª e 3ª
mensagens angélicas.
Armagedom 135
Daniel 5 também trata sobre a queda de Babilônia. Os estudiosos da
Bíblia já descobriram um relacionamento entre Apoc. 16:12 e aqueles
capítulos de Isaías e Jeremias.
Nosso primeiro dever é construir o contexto histórico.
A Arqueologia conseguiu estabelecer exatamente a posição do rio,
que não era a que encontramos hoje. Ele passava dentro da cidade. A
Babilônia antiga possuía muros muito grossos, que podiam ser
percorridos, lado a lado, por carros e cavalos. A cidade era praticamente
inconquistável. Era também uma cidade próspera. O Eufrates era uma
fonte de poder e prosperidade. Para evitar a entrada de intrusos na
cidade, eram colocados portais sobre o rio. O palácio também era
cercado de muros, nos quais havia portões. Nesta palácio Belsazar estava
realizando um banquete quando surgiram os escritos na parede. Nesta
ocasião Israel estava cativo ali.
Os reis da Média e da Pérsia planejavam vir do Oriente e conquistar
Babilônia, causar a sua queda. Em Profetas e Reis podemos ler sobre isto.
Israel foi mantido no cativeiro durante setenta anos. Em 605 AC
Daniel foi levado cativo. Jeremias estava em Jerusalém e já havia escrito
que o cativeiro duraria 70 anos (Jer. 25 e 29).
Daniel estudou estas profecias, fez as contas, e concluiu que
faltavam poucos anos para o fim do cativeiro. Ele sabia que Deus
cumpriria Sua promessa e orou sobre isto. Daniel era um homem de
oração. Ele confessou os seus pecados e os pecados do seu povo. Deus
agradou-Se desta atitude de Daniel e enviou um anjo para dizer-lhe que
cumpriria Sua promessa.
Muito tempo antes do profeta Daniel, o profeta Isaías predissera a
maneira como cairia Babilônia. Jeremias tomou esta profecia de Isaías e
a elaborou mais. O cumprimento ocorreu no tempo de Daniel. Portanto,
Isaías, Jeremias e Daniel são o tipo do cumprimento mais amplo da
queda de Babilônia que ocorrerá nos últimos tempos.
A Escritura nos indica que na sexta praga Babilônia cairá da mesma
maneira que a antiga Babilônia caiu.
Armagedom 136
Lemos em Isaías 41:2 – "Quem suscitou do Oriente aquele a cujos
passos segue a vitória?" Aqui está a primeira referência que do Oriente
viriam reis para a vitória. A ênfase não está nos reis, mas em quem
suscitou esses reis. Quem deveria, portanto, receber a glória?
Leiamos o verso 25: "Do Norte [Eu] suscito a um, e ele vem, a um
desde o nascimento do sol ..." Aqui nos é dito que o rei do Oriente viria
também do Norte.
No capítulo 44, Deus continua falando deste rei que vem do
Oriente e é vitorioso. Nos versos 26 a 28, e continuando no capítulo 45
encontramos uma profecia muito interessante. Agora sabemos o nome
desse rei, que vem do Norte – Ciro. O nome "Ciro" significa "pastor".
Em Isa. 44, verso 28 há uma espécie de jogo de palavras: "Ele é
meu pastor". No verso 27 é dito que Ciro secaria os rios de Babilônia –
esta é a maneira da queda de Babilônia. Ciro seria um grande
instrumento nas mãos de Jeová, pois além disso, ele reconstruiria
Jerusalém e o templo. Ele seria um amigo de Deus e de Israel e um
inimigo de Babilônia.
No capítulo 45 Deus o chama de ungido. Um ungido é um Messias.
Messias significa "aquele que é ungido". Ciro era um tipo do Messias.
Esta mensagem deve ter sido muito chocante para Israel. Eles pensavam
que somente os reis teocráticos de Israel poderiam ser chamados de
Messias, mas todos eles estavam em apostasia ou em cativeiro. Por isso
Deus escolheu um rei pagão para ser o tipo do Messias.
No verso 4 lemos o motivo pelo qual Deus faz isso: "Por amor do
meu servo Jacó e de Israel, meu escolhido, eu te chamei pelo teu nome"
Os capítulos 46 e 47 também tratam da queda de Babilônia. Em
47:9 lemos que Babilônia cairia "num momento", e no verso 11 que "de
repente virá a desolação".
No livro de Jeremias capítulos 50 e 51 está uma revelação ainda
mais ampla da queda de Babilônia. Em Jer. 50:44 e 51:8 também lemos
que tal queda seria repentina. Em Jer. 50:38 está a maneira como a queda
Armagedom 137
viria: pelo secamento das águas. E as águas de Babilônia são o rio
Eufrates.
Em Jer. 51, verso 11 notamos a expressão dos Medos, no plural.
Isaías mencionou apenas Ciro, não usando a palavra "rei", mas
"ungido". Mas quando Ciro veio e tomou Babilônia ele ainda não era rei;
era o general do rei Dario I. Portanto, ele veio com um grande exército
dos Medos e dos Persas. Nestes exércitos havia muitos reis. Isto fez de
Ciro "o rei dos reis" – reis que vinham do Norte e se dirigiam para
Babilônia a fim de destruí-la.
Ainda em Jer. 51, verso 13 lemos: "Ó tu que habitas sobre muitas
águas ..." Estas águas são o rio Eufrates.
Este é o mesmo quadro de Apocalipse 17:1 – Babilônia "sentada
sobre muitas águas". Apoc. 17:1 está fundamentado em Jeremias 51:13.
A Babilônia arruinada não está apenas sentada sobre uma besta, mas
também sobre muitas águas – Eufrates.
Em Profetas e Reis, à pág. 531, a Sra. White afirma que: "Os
profetas hebreus haviam falado claramente sobre a maneira como Babilônia
devia cair." E na mesma página lemos:
"E agora, em rápida sucessão, momentosos eventos seguiam-se uns
aos outros exatamente como tinham sido retratados pelas escrituras
proféticas anos antes que os principais personagens do drama tivessem
nascido. ... No exato momento em que o rei e seus nobres estavam bebendo
nos vasos sagrados de Jeová, e louvando a seus deuses de prata e outro,
os medos e persas, havendo desviado do seu leito o Eufrates, estavam
marchando para o coração da cidade desguarnecida."
Quando Ciro cercou a cidade ele não via possibilidade de tomá-la.
Arquitetou então um plano secreto: pediu aos soldados para durante a
noite, represarem o rio, deviando-o para uma depressão próxima.
Subitamente, o rio secou-se e os soldados puderam passar por baixo dos
portões nos muros da cidade. Quão surpresos devem ter ficado os
moradores da cidade, ao perceber que os portões haviam sido deixados
abertos, por negligência. Cumpriu-se assim exatamente o que está em
Isaías 45:1 – "as portas, que não se fecharão".
Armagedom 138
Ciro não conhecia esta profecia. Ele entrou no palácio e contemplou
Belsazar naquele banquete, com suas mulheres. Talvez Ciro tenha visto a
escritura que aparecia na parede, pois lemos em Daniel 5 que Belsazar
morreu na mesma noite que apareceu a escritura.
Os documentos que foram encontrados da antiga Babilônia nos
dizem que Babilônia caiu sem qualquer batalha. Temos todas as
confirmações históricas de que necessitamos.
A cidade caiu nas mãos de Ciro através do secamento do rio
Eufrates. Quanto tempo foi gasto para secar o rio? Não foi um secamento
natural e progressivo, mas um secamento deliberado, que demorou
apenas um curto espaço de tempo. Os dois profetas haviam predito que o
rio seria seco subitamente, a cidade cairia subitamente e Israel seria
libertado subitamente. Este era o plano de Deus e Ele poderia cumpri-lo
de um momento para outro. Não necessitaria nem mesmo de muitos
anjos. Deus pode criar Seus mensageiros e usá-los mesmo que eles
próprios não saibam.
A cidade caiu em 539 AC. Dois anos mais tarde, o rei da Pérsia,
Dario, morreu. O seu sucessor foi Ciro. Ciro, portanto, tornou-se o rei da
Medo-Pérsia. Nesta ocasião, o velho profeta Daniel foi procurá-lo, e
explicou-lhe que as profecias já haviam predito a queda de Babilônia
cem anos antes do seu nascimento. O rei Ciro ficou profundamente
impressionado com esta descrição, como diz a Sra. White. Quis saber o
que Deus dissera que ele deveria fazer a seguir. Ele queria cooperar com
Deus. Daniel então responde: "Você reconstruirá Jerusalém e o templo."
E o decreto foi publicado, conforme lemos em Esdras 1:1-4. Todos
os israelitas podiam voltar para a sua terra, levando dinheiro e material
para a reconstrução.
Satanás não gostou desses fatos. Em Daniel cap. 10 podemos ler
que Daniel neste tempo crítico, estava jejuando e orando. O anjo Gabriel
disse-lhe que havia uma grande batalha a ser travada entre os anjos de
Miguel e os anjos da Pérsia, e que Miguel seria vitorioso.
Armagedom 139
Satanás tentou evitar a publicação desse decreto e impedir que a
profecia dos setenta anos se cumprisse.
Sabemos que Miguel é nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é o Grande
Ciro que voltará em breve para causar a queda de uma outra Babilônia.
Nessa ocasião, o povo de Deus estará em uma situação extrema.
Nos últimos dias da história da Terra, o Israel espiritual estará sob o
domínio de uma Babilônia espiritual. Chegará mesmo a ser condenado à
morte, com uma data determinada. Isto ocorrerá no período das sete
últimas pragas. Quando chegar o tempo da execução do povo de Deus,
as pessoas que estiverem em Babilônia estarão odiando o povo de Deus,
pois os líderes religiosos as farão pensar que esta é a vontade de Deus.
A mulher impura estava sentada sobre a besta e também sobre
muitas águas, ou o rio Eufrates. Este rio (a multidão) transbordará e
penetrará na cidade, tentando afogar o povo de Deus que está dentro da
cidade, mas Deus intervirá.
Subitamente, Deus vai secar este rio trasbordante. Esta é a mensagem
de conforto que nosso povo precisa ouvir. Repentinamente, durante a
sexta praga, Babilônia cairá.
O rio secará para dar passagem aos reis que vêm do Norte.
♦ Quem são estes reis?
♦ O que é o rio Eufrates?
♦ O que significa o seu secamento?
Precisamos observar não apenas o contexto histórico, mas também
o contexto imediato – Apocalipse 17 nos dá a exata aplicação. Este
capítulo tem um relacionamento todo especial com Apocalipse 16.
O capítulo 17 será cumprido durante o tempo descrito no cap. 16.
Um dos anjos que têm as sete taças começa a explicar (verso 11). Nosso
Comentário Bíblico afirma que Apoc. 17 será cumprido no futuro. Ele é
uma recapitulação, uma revelação maior daquilo que está no capítulo
anterior, especialmente no que diz respeito à sexta e sétima pragas. É um
dos capítulos mais importantes da Bíblia.
Vamos agora considerar as relações entre o capítulo 16 e o 17.
Armagedom 140
1) No verso 1 está a primeira: anjos.
2) Na segunda parte do verso 1 fala do julgamento da grande
meretriz, e no verso 5 encontramos o seu nome: Babilônia.
Portanto, o julgamento é sobre o Eufrates – muitas águas.
Na sétima praga Babilônia é divida em três partes. Lemos agora
sobre o Eufrates e sobre Babilônia, mas o Eufrates é parte de Babilônia.
Temos os seguintes aspectos de Babilônia no Velho Testamento:
 O Eufrates, como águas
 A cidade sobre essas águas.
Esta mesma figura nos é apresentada em Apocalipse 17. Na
primeira visão da Babilônia de nossos dias, há uma outra Babilônia
sentada sobre as águas. Portanto, os mesmos aspectos. Aqui existe uma
relação tipológica. Precisamos entender o tipo – Jeremias 50 e 51 – para
compreendermos o antítipo.
O contexto imediato de Apoc. 17 é o capítulo 16, e o contexto raiz é
Jeremias 50 e 51.

3) Leiamos o verso 2. O pecado de Babilônia é cometer fornicação


com os reis da Terra. Babilônia é mundial. É uma mulher (verso 1)
representada por muitas filhas.
Mulher pura representa igreja pura. Mulher impura representa igreja
apostatada.
Em Ezequiel 16 Israel também é chamado de prostituta.
Temos agora Babilônia como um poder religioso, apoiada sobre
muitas águas, que representam "povos, multidões, nações e línguas"
(Apoc. 17:15).
Portanto, o Eufrates representa todas as nações do mundo que
seguem Babilônia e fazem a Sua vontade.
Em Isaías 8 o Eufrates está transbordando e atacando Israel. E este é
o quadro apresentado em Apoc. 17.
Armagedom 141
4) No verso 3 lemos de uma mulher montada numa besta escarlate
repleta de nomes de blasfêmias, com sete cabeças e dez chifres. Já lemos
sobre esta besta nos capítulos anteriores (capítulos 12 e 13), que se
referem à história passada. No capítulo 13, a mulher não está sentada
sobre a besta, pois ambas são uma só. Mas agora Deus começa a fazer
uma distinção entre a mulher e a besta.
A mulher que se assenta sobre as águas é posteriormente explicada
como a mulher que se assenta sobre a besta. Conclui-se que a besta é
sinônimo das águas.
A besta com os dez chifres também foi apresentada em Daniel 7,
que é outro contexto radical no Antigo Testamento.
Há sete cabeças, mas um só corpo. Satanás é o mesmo, apresentado
em faces diferentes.
Sete cabeças inimigos de Israel.
(1) O Egito foi a primeira nação a pelejar contra Israel.
(2) A Assíria também ameaçou Israel no tempo de Ezequias.
(3) Babilônia.
(4) Medo-Pérsia.
(5) Grécia.
(6) Roma – pagã e papal.
(7) Futuro.
A ferida mortal que Roma recebeu foi a separação entre Igreja e
Estado. Esta ferida não foi ainda curada, mas será quando novamente se
unirem Igreja e Estado. Como resultado sobrevirão perseguição e leis
contra o povo de Deus. Isto vai durar uma hora (verso 12). Não sabemos
exatamente o que representa esta "uma hora", mas sabemos que é um
período muito breve.
Quando a ferida mortal for curada, a besta subirá novamente do
abismo como Babilônia – Roma e as igrejas cristãs apostatadas.
Esta é a sétima cabeça, que surgirá no futuro.
Leiamos Apoc. 17:12. Estes dez reis representam todos os reis da
Terra, e não simplesmente os reinos da Europa. Dez é símbolo de
Armagedom 142
totalidade. Esses reis unem-se ao poder de Babilônia. Isto faz de
Babilônia uma besta que ressuscitou.
Esses reis farão guerra – pelejarão (verso 14) – não entre eles, pois
se tornarão um, mas contra Deus e o Seu povo – a Sua igreja.
 Como Deus ganhará esta batalha?
 Como secará Ele o rio Eufrates que transborda?
O secamento do rio Eufrates está explicado no verso 16.
O verso 15 fala do rio que transborda e o V. 16 fala do secamento.
Aí a situação está totalmente mudada. Primeiro, os reis estavam unidos à
meretriz e agora passam a odiá-la. O amor torna-se em ódio. Esse é o
secamento do Eufrates. Eles vão queimar a meretriz.
No Velho Testamento, as meretrizes eram apedrejadas, mas esta vai
ser queimada. Por que?
No Velho Testamento, somente as filhas de algum sumo sacerdote
que cometessem adultério deviam ser queimadas. Portanto, Babilônia
pretendia ser "sacerdote", mas tornou-se meretriz.
Em Apoc. 17, Babilônia distingue-se por dois aspectos:
 Babilônia propriamente dita representando liderança eclesiástica.
 As muitas águas representam multidões políticas e civis.
Assim que os poderes políticos e civis começarem a obedecer a esse
poder religioso, começará a perseguição ao fiel povo de Deus.
E quando as multidões se rebelarem contra Babilônia, esta será
destruída começando de dentro. Este é o quadro do apocalíptico do
Velho Testamento. A espada de um irmão será contra o outro irmão. Os
líderes religiosos serão os primeiros a cair no Armagedom.
A Sra. White faz uma descrição detalhada em O Grande Conflito,
no capítulo sobre o livramento dos justos, que trata sobre a 5ª, 6ª e 7ª
pragas (pág. 635).
Na 5ª praga – todo o reino de Babilônia é envolto em trevas, assim
como aconteceu no Egito quando Israel estava prestes a ser libertado.
E o que acontece quando as trevas envolvem os exércitos de
Babilônia? Eles estão para lançar mão do povo de Deus e matá-lo. No
Armagedom 143
tipo do Velho Testamento, Israel não ficou em trevas. O livro de Êxodo
diz que somente os egípcios ficaram na escuridão, Israel tinha luz.
No antítipo, o povo de Deus também não sofrerá o efeito da
escuridão. A Sra. White diz como aparecerá essa luz, em completa
harmonia com o princípio da tipologia. Diz ela que, em meio às densas
trevas, um maravilhoso arco-íris aparecerá, envolvendo o céu e o grupo
dos fiéis em oração. Isto acontecerá durante o período das densas trevas.
Desta forma, a multidão de Babilônia verá quem realmente é o povo de
Deus.
Aqueles que procuravam matá-lo pensando ser esta a vontade de
Deus, vêem-se subitamente lutando contra Deus. Que terrível
descoberta! Dirigem-se então aos seus líderes religiosos: "Por que vocês
nos enganaram?" E levantam as suas espadas contra eles. Este é o real
derramamento de sangue que ocorre no Armagedom. É desta forma que
haverá um Armagedom literal. Haverá sangue sobre toda a Terra. As
águas do Eufrates começam a afogar Babilônia religiosa. O caminho é
preparado para os reis que vêem do Oriente Celestial.
Quem são estes reis?
Em Apoc. 19:14 e 19 está uma descrição mais detalhada. Eles são
reis celestiais.
Jesus disse que quando Ele vier, será como o relâmpago, que
aparece do oriente até o ocidente.
Esses reis vêem para exterminar a todos que ainda estiverem
vivendo em Babilônia. Conforme Apoc. 7:2 estes reis vêem do oriente.
A Sra. White diz em Primeiros Escritos, à pág. 286, como os anjos
da glória usam coroas em suas cabeças como se fossem reis.
Em O Grande Conflito também lemos que os anjos estão coroados.
Quem, portanto, são esses reis? Os anjos, e Cristo é o Rei dos reis.
Portanto, Cristo é um Ciro Maior. Ele vem com muitos reis, e naquele
grande exército podemos ver Elias, Moisés e todos os que foram
ressuscitados. Enoque também estará lá. Estes são os nossos libertadores.
Armagedom 144
Satanás não quer que saibamos isto, mas precisamos conhecer esta
mensagem de esperança.
Nossos libertadores vêm do Céu. É por isso que nossos olhares
devem dirigir-se ao oriente – não ao Oriente Médio, mas ao Oriente
Celestial.
A mensagem do Armagedom é uma mensagem de conforto, pois
mostra o triunfo glorioso de Cristo e do Seu povo!
Armagedom 145
APÊNDICE: OBSERVAÇÕES SOBRE URIAS SMITH

Dizem que Ellen White afirmou que viu um anjo ao lado de Urias
Smith enquanto ele escrevia seus livros sobre Daniel e Apocalipse. Seria
isto verdade?
Alguns julgam Urias Smith infalível, inspirado por Deus. No Índex
dos Livros de E. G. White, vol. 3, pág. 3.189 há uma seção sobre
"Anotações Apócrifas", onde lemos:
"A declaração de um ministro pioneiro de que Ellen G. White
declarou em sua presença que ela havia visto um anjo ao lado de Urias
Smith inspirando-o enquanto escrevia Thoughts on Daniel and the
Revelation, é seriamente discutível pelos fatos históricos. Ela é contrária
às declarações autênticas de Ellen G. White que excluem o livro de
Smith da categoria de inspirado."
Ver Colportor Evangelista, pág. 123.
Os depositários das Publicações de E. G. White, dirigidos pelo neto
da Sra. White, estabeleceram que este rumor não é correto. O
desenvolvimento histórico prova que não é um livro inspirado.
Como evangelista na Holanda conheci um comerciante que recebeu
de minhas mãos um livro de Urias Smith sobre Daniel e Apocalipse.
Esperávamos sua conversão. Após alguns meses, devolveu-o, com um
sorriso. Eu estava ansioso por saber sua opinião. Ele disse que era um
bom livro, mas reconheceu um erro referente à Turquia. Havia uma
interpretação falsa.
Necessitamos de um novo livro. Arthur White escreve num artigo
que não foi publicado: "Urias Smith é correto nas profecias já cumpridas,
mas deve ser reavaliado nas que ainda se cumprirão."
Após sua morte em 1903, alguns novos estudos foram feitos quanto
à interpretação de profecias não cumpridas, e algumas coisas precisaram
ser corrigidas.

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