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Gizmodo Uol Com BR e Possivel Estimular o Cerebro Humano Par
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CIÊNCIA
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A aplicação de correntes elétricas leves no cérebro pode aliviar dores, auxiliar os
mecanismos de memória e melhorar a atenção – e os militares dos EUA estão muito
interessados nisso.
No verão de 2010, Ryan Clark torceu o tornozelo durante uma aula de educação
física. Foi doloroso, mas o grande problema foi a inconveniência da situação. Ele
usou muletas por uma semana e seu tornozelo sarou. Então, seis semanas depois, a
dor voltou, mas dessa vez estava muito pior. Ryan acabou em uma cadeira de rodas,
incapaz de suportar a agonia que era andar naquelas condições. Remédios e
reabilitação ajudaram e, cerca de seis semanas depois, ele se recuperou. Mas ele se
machucou novamente, e depois se feriu mais uma vez, e a cada pequeno acidente a
dor evoluía para algo terrível e insuportável. “Eram apenas machucados normais
para alguém de nove anos de idade”, diz o pai de Ryan, Vince, “mas para ele eram um
suplício. Além da dor, ele começou a ter tremores. Seus músculos travavam. Ele
passou a ter espasmos no corpo inteiro e tudo o que ele podia fazer era se deitar no
chão, enrolado como um gato”.
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>>> MAIS SOBRE O ASSUNTO: Cientistas conseguem enviar mensagens entre
cérebros que estão a 7.000km de distância
O ETCC pertence a um grupo de técnicas que, por não envolverem cirurgia, são
conhecidas como “estimulação cerebral não invasiva”. Ainda é uma técnica
experimental, mas em 2010 já havia revelado seu potencial não apenas para aliviar a
dor, mas também para impulsionar o funcionamento do cérebro e melhorar a
memória e a capacidade de atenção em pessoas saudáveis. O Departamento de
Defesa dos Estados Unidos (DoD) imaginou que isso poderia beneficiar os militares.
Na mesma época que Ryan ficou doente, Clark tinha liderado estudos, financiados
pelo DoD, que exploravam a estimulação elétrica do cérebro, e produziu resultados
notavelmente bons.
Royal College of Surgeons, Londres, janeiro de 1803. Uma plateia assiste com
expectativa ao rebelde cientista italiano Giovanni Aldini caminhando a passos largos
para a sala. Mais alguém está sendo exibido na frente deles: o corpo de George
Foster, um assassino condenado, que fora enforcado mais cedo na prisão Newgate.
Usando uma bateria primitiva e conectando bielas, Aldini aplicou uma corrente
elétrica no cadáver. Para a surpresa dos espectadores, ele se contorceu e se
sacudiu. Em resposta ao estímulo retal, um de seus punhos pareceu dar um soco no
ar.
Clark me contou que Aldini estava fascinado pelos efeitos da eletricidade tanto no
corpo quanto na mente. Depois de alegar ter curado um fazendeiro deprimido de 27
anos usando estimulação elétrica, Aldini tentou usá-la em pacientes com “loucura
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melancólica” no Sant’Orsola Hospital, em Bolonha. Ele não conseguiu sucesso
completo, em parte porque os pacientes ficaram apavorados com os equipamentos
do cientista.
>>> SAIBA MAIS: A ciência parece ter descoberto como funciona o mecanismo que
desliga a consciência
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Depois de um pós-doutorado no Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA,
trabalhando parte do tempo no EMTr, Clark se mudou para Albuquerque, em uma
nomeação conjunta da Universidade do Novo México e da Rede de Pesquisas da
Mente (MRN), um instituto de pesquisa sem fins lucrativos. O trabalho do cientistas
focava em imagiologia cerebral e esquizofrenia. Em 2006, ele foi promovido a diretor
científico da MRN. Clark estava ansioso para trabalhar com ETCC, mas também
precisava livrar o MRN de suas dificuldades financeiras. O instituto estava gastando
demais. “Nós estávamos em um buraco negro financeiro”, ele diz. “Precisávamos de
muito dinheiro, e rápido”.
Por volta dessa época, a Defense Advanced Research Projects Agency (DARPA), a
parte do DoD responsável pelo desenvolvimento de novas tecnologias para uso
militar, fez uma chamada para propostas de pesquisa em uma área que apelidaram
de “Aprendizado Acelerado”. Uma chamada genérica como essa atrai ideias de
cientistas de todos os EUA, cada um deles esperando pelos dólares do DoD. Clark e
o MRN seguiram o fluxo. “Nós montamos uma proposta para o uso do ETCC. E ela
foi financiada. E um monte de dinheiro veio rapidamente. Um monte de gente teve
seus empregos salvos”.
Está claro que, para Clark, a preservação dos empregos trazida por esse influxo de
dinheiro (que, no final, totalizou seis milhões de dólares) ajudou a justificar o uso de
fundos militares. Ele fala de forma positiva sobre o modo como o DARPA faz
negócios. “Eu realmente gosto da filosofia deles. Eles querem promover pesquisas
de ponta que são muito arriscadas; um risco de 90% de falha é algo perfeitamente
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aceitável no portfólio deles, porque os 10% que funcionam vão mudar o mundo. Nós
temos sorte de estar nesses 10%”.
Brian Coffman sorri de forma tranquilizadora, enquanto me leva para uma pequena
sala. Ele já fez ETCC muitas vezes, diz, e já administrou em cerca de trezentas
pessoas até o momento. Algumas delas relatam coceira, calor e formigamento, mas
nada sério. Raramente, alguém fica com dor de cabeça.
Coffman, um estudante de PhD que trabalha com Clark, usa fita adesiva para prender
o eletrodo cátodo não-estimulante ao meu braço esquerdo e o ânodo, que fornece a
corrente, à lateral da minha cabeça, entre minha orelha e meu olho. Esse
posicionamento é planejado para maximizar a corrente que é levada até a região-
alvo do meu cérebro. Os eletrodos estão dentro de esponjas que foram encharcadas
em água salgada condutora, então um pouco de solução salina escorre pelo meu
rosto. Eles estão conectados por fios a uma bateria de 9 volts. Quando Coffman liga
a bateria, eu sinto uma pequena faísca em meu braço. Descarga estática, ele explica,
e pede desculpas.
Quando Coffman elevou a corrente até dois miliamperes, o nível máximo usado na
maior parte dos estudos de ETCC, eu fiquei com uma sensação de coceira no braço,
mas foi só isso. Coffman se certifica de que estou confortável, então sou colocada
para fazer uma tarefa no computador. O software se chama DARWARS, e foi serve
para ajudar os recrutas do exército a se familiarizarem com os tipos de ambiente
que eles podem encontrar no Oriente Médio. Clark e sua equipe o modificaram,
adicionando alvos escondidos em metade das 1.200 cenas estáticas. Imagens
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bastante cruas geradas por computador aparecem rapidamente, mostrando blocos
de apartamentos abandonados, estradas desertas ou ruas cheias de estandes de
quitandeiros. Eu tenho que apertar botões em um teclado para indicar se na cena há
ou não alguma ameaça. Às vezes, ela é bem óbvia. Na maior parte do tempo, não.
Um período de treino ajuda o usuário a aprender o que pode ser perigoso e o que
provavelmente é benigno. Quando eu não vejo um combatente inimigo que está
parcialmente escondido, então um dos meus parceiros virtuais desce à terra e eu
sou advertido verbalmente: “Soldado, você deixou escapar uma ameaça. Você acaba
de perder um membro de seu pelotão”.
Eu não senti que a estimulação tenha me ajudado, mas depois Coffman me disse
que minha performance melhorou após a estimulação. Isso não significa nada,
cientificamente, mas eu posso pelo menos atestar que, ainda que eu não tenha
sentido minha mente mais afiada durante ou após o ETCC, eu também não tive
quaisquer efeitos negativos.
A equipe do MRN usou esse software em parte da pesquisa financiada pelo DARPA.
Primeiro, eles obtiveram imagens dos cérebros dos voluntários, para ver quais
regiões estavam ativas conforme eles aprendiam a identificar ameaças. Então, eles
aplicaram à região crítica, o córtex frontal inferior, uma corrente direta de dois
miliamperes por 30 minutos. Foi descoberto que o estímulo cortou pela metade o
tempo que levava para os voluntários aprenderem. Isso foi uma grande surpresa, diz
Clark. “A maior parte dos estudos com ETCC não conseguem um efeito tão grande.
Muitos são questionáveis”.
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Essa é uma das críticas que vêm sendo feitas ao ETCC: nem sempre os resultados
são tão bons. Clark está convencido que isso é porque muitos estudos não
envolveram a obtenção de imagens dos cérebros primeiro, para identificar as regiões
que realmente precisavam de estimulação. “Muitos confiam no senso comum de
como o cérebro foi feito para ser organizado. Eu percebi, em 33 anos olhando para o
cérebro, que nós ainda temos muito o que aprender”, ele diz. Michael Weisend, que
colaborou com o estudo, concorda. Ele chama o trabalho com imagiologia de “o
tempero secreto”.
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“Ela é grande. Ah, sim, é grande”, concorda Estella Holmes, relações públicas da
Força Aérea americana, que acabou de me dar uma carona de minivan para dentro
da Base de Wright-Patterson. Wright-Patt, como a base parece ser chamada por todo
mundo que conhece o lugar, é perto de Dayton, Ohio. É a maior de todas as bases da
Força Aérea americana, empregando cerca de 26 mil pessoas. Ela é rica em história.
Foi nessa área que Wilbur e Orville Wright conduziram seus experimentos pioneiros
com voo. O que eles ajudaram a começar continuou aqui, no Laboratório de
Pesquisa da Força Aérea (AFRL).
Quando um homem jovem se aproxima de nós, deslocado não apenas por estar em
roupas civis (um terno desencanado/moderno), mas por usar o cabelo longo e um
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cavanhaque. Eu fico momentaneamente chocada. “Quando conheci Andy, ele parecia
ser um militar na ativa, enquanto eu tinha um rabo de cavalo até a altura do meu
cinto”, Weisend me contou depois. “Eu gosto de pensar que o trouxe para o caminho
do cabelo comprido e fico orgulhoso disso!”
McKinley tem entre seis e dez pessoas trabalhando com ele (o número flutua caso
ele tenha ou não estudantes em estágio de verão). Até onde ele sabe, sua equipe é a
única nas forças armadas dos EUA, ou em quaisquer outras, investigando a
estimulação não invasiva do cérebro. Outros países certamente estão interessados:
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O Laboratório de Pesquisa e Ciência da Defesa do Reino Unido, parte do Ministério
da Defesa, está pagando por pesquisas da Universidade de Bangor, no País de Gales,
que tratam da possibilidade do ETCC ampliar a capacidade de observação, e
financiando estudantes de PhD da Universidade de Nottingham para conduzir
estudos sobre o aumento da cognição e na performance, em parte usando ETCC.
A imagiologia cerebral sugere que a melhor forma de fazer isso seria estimular o
córtex motor enquanto o voluntário realiza a tarefa. Mas McKinley e seu time
acrescentaram um reviravolta: depois da estimulação, eles usam o ETCC invertido,
para inibir o córtex pré-frontal dos voluntários, que está envolvido no pensamento
consciente. No dia seguinte à estimulação, os voluntários são trazidos de volta para
um novo teste. “Os resultados que estamos alcançando são fantásticos”, diz
McKinley. As pessoas que receberam a estimulação durante o teste e [depois] a
inibidora, foram 250% melhor em seus novos testes, uma performance muito melhor
do que as das pessoas que não receberam nenhum dos dois. Usado dessa forma,
parece que o ETCC pode turbinar o tempo que leva para alguém passar de novato a
especialista em uma tarefa.
Na teoria, esse processo de dois passos pode ser usado para aumentar a velocidade
de todos os tipos de treinamento, desde pilotar um avião até mirar um tiro. Mas, por
ora, a análise de imagens está no topo da lista de McKinley. É um trabalho
meticuloso, que requer muita atenção. Analistas de imagem passam todo seu dia de
trabalho estudando imagens de câmeras de vigilância, atrás de qualquer coisa que
possa ser importante.
Em outros estudos, a equipe de MacKinley também usou o ETCC para dar uma carga
extra para a atenção, que também pode ajudar os analistas de imagem. Pediu-se que
voluntários se encarregassem de uma simulação rudimentar do monitoramento de
tráfego aéreo. Nesse tipo de tarefa, a performance cai com o tempo. “É um
decréscimo bem linear”, diz McKinley. Mas, quando estimulavam o córtex pré-frontal
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dorsolateral dos cérebros dos voluntários, uma área que descobriram ser crucial
para a atenção, eles descobriram que não houve qualquer redução na performance
por todos os quarenta minutos de duração do teste. “Isso nunca havia sido mostrado
antes” ele diz, entusiasmado. “Nós nunca tínhamos sido capazes de encontrar nada
que causasse esse tipo de preservação da performance”.
Como resultado, McKinley prevê uma cobertura [quepe, boina etc.] wireless que
incorpore sensores de eletroencefalografia (EEG) e eletrodos de ETCC. Essa
cobertura dois-em-um monitoraria a atividade cerebral e, quando necessário,
forneceria estimulação direcionada, ampliando a atenção de quem está usando o
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equipamento, caso a performance da pessoa pareça estar enfraquecendo. A
tecnologia básica já está disponível.
McKinley e Weisend estão trabalhando para aprimorá-la e refiná-la. Com a ajuda de
especialistas em materiais do Laboratório de Pesquisa da Força Aérea, eles
desenvolveram eletrodos baseados em EEG que usam gel, no lugar de uma esponja
molhada, o que dizem que a torna mais confortável de se vestir. Agora, eles também
se beneficiam de um conjunto de cinco mini-eletrodos dentro de cada ânodo e
cátodo, para espalhar a corrente e reduzir o risco de danos à pele.
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Eu estou com Mike Weisend em um Max & Erma’s, um restaurante de comida
americana a uns cinco minutos, de carro, de seu novo escritório no Instituto de
Pesquisa Wright State. O Instituto fica a cerca de dez minutos da Base da Força
Aérea Wright-Patterson. Na mesa também estão Larry Janning e David McDaniel, da
Defense Research Associates, uma empresa local que cria tecnologias “para apoiar
os soldados”.
No carro, no caminho para lá, Weisend me contou sobre suas primeiras e macabras
tentativas de ter uma noção melhor do que acontece com a eletricidade quando é
aplicada no crânio. “Primeiro, eu me uni a uma companhia que pesquisa o dano
acústico em cabeças de cadáveres. A ideia era que a gente ficasse com as cabeças
depois. Era um trabalho nojento, desagradável. Eu não conseguia lidar com ele”. Mas
esse tipo de dado estava no topo da lista de desejos dele e de McKinley.
Outra coisa que ninguém sabe com certeza é pra onde a eletricidade vai quando é
aplicada a diversas partes do crânio. Certamente, é um estímulo bastante amplo e
impreciso, com uma abordagem mais para “escopeta” em vez de um “bisturi”, como
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Weisend descreve. Mas enquanto há exemplos que indicam para onde os
neurocientistas acham que a eletricidade vai no cérebro, e precisamente quais
partes são afetadas, McKinley diz que isso ainda não é bom o bastante. Você não
pode colocar eletrodos na cabeça de uma pessoa viva para descobrir isso. “Então o
que nós queremos”, McKinley me disse, “é um crânio fantasma”.
Hoje, Weisend quer falar com Janning e McDaniel sobre a construção desse
fantasma, um modelo de uma cabeça humana. A ideia é usar um crânio de verdade,
mas com uma gosma gelatinosa e condutora dentro dela, imitando um cérebro.
A princípio, ninguém tem muita certeza de como arrumar o crânio com sensores de
uma forma que possa produzir resultados realistas, especialmente porque Weisend
quer que ele seja útil para pesquisa com várias técnicas de estimulação. Enquanto
comemos hambúrguer de feijão preto e tomamos sopa, conversamos sobre
múltiplos receptores e problemas com sinais de pulso. Então, McDaniel vem com a
ideia de inserir, no buraco na base do crânio, uma placa de circuito dobrada como um
leque, que se abriria uma vez que estivesse lá dentro. Weisend se empolga com a
ideia. Ele junta seus punhos, colocando as falanges em contato. “O cérebro é assim”,
diz ele. “Você tem fibras correndo como meus dedos [nessa posição]”. Ele decide
que a forma de leque seria uma imitação decente para as fibras. “Eu gosto dessa
ideia. Eu gosto muito dela!”
“Está vendo isso?” ele levanta a manga do braço direito para mostrar uma pequena
cicatriz na parte de dentro do antebraço. “Eu testei todos os tipos de eletrodos em
mim mesmo antes de os usarmos em pessoas comuns”, ele diz. “Não gosto de fazer
a outras pessoas nada que eu não faça a mim mesmo”. Depois de testar um eletrodo
particularmente novo, um assistente de pesquisa limpou seu braço e um pedaço de
pele do tamanho de uma moeda saiu. “Tinha consistência de catarro”, diz Weisend.
“Eu conseguia ver o músculo embaixo”. O problema era o formato: o eletrodo era
quadrado, e a corrente se concentrou nos cantos. Esse foi um dos diversos
resultados, em sua maioria menos desagradáveis, que ajudaram ele e McKinley a
desenvolver o atual conjunto de cinco eletrodos que espalham a corrente.
Kits para ETCC em embalagens bonitas, que visam ao público geral e não os
cientistas, já estão à venda para o consumidor final. Mas Weisend e McKinley (e
todos os outros pesquisadores de ETCC com quem eu falei) acham que é muito
cedo para dispositivos comerciais. Na verdade, todos eles pareceram preocupados.
Se alguma coisa der errado e alguém se machucar, talvez com um eletrodo
imperfeito ou por usar o kit por “tempo demais” – uma duração que ainda precisa ser
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definida – não seria ruim só para a pessoa: o conceito do ETCC seria estigmatizado
novamente, diz McKinley.
Até agora, parece que não há efeitos prejudiciais causados pelo ETCC, pelo menos,
não nos níveis e durações usados rotineiramente pelo laboratório. Weisend acredita
que não existe almoço grátis, e admite que podem existir efeitos colaterais no ETCC
que ninguém conhece ainda. Outros são mais otimistas. Felipe Fregni, diretor do
Laboratório de Neuromodelação do Hospital de Reabilitação Spaulding, em Boston,
Massachusetts, diz que não há motivo para achar que mesmo o uso a longo prazo
possa causar problemas, se forem os baixos níveis e curtas durações tipicamente
utilizados nos estudos em laboratórios. “Sendo um clínico, uma coisa que
aprendemos na faculdade de medicina é que os tratamentos que funcionam bem
têm grandes efeitos colaterais. Então você vê uma coisa com nenhum efeito
colateral e pensa ‘nós estamos deixando de ver alguma coisa, ou não?’. O ETCC está
apenas ampliando o que o seu sistema já está fazendo. Baseado nos mecanismos,
eu me sinto confiante de que a técnica é bastante segura”.
A falta de efeitos colaterais, algo de que a maioria das drogas não pode se gabar, é
uma das razões pelas quais o ETCC é tão excitante como instrumento clínico, diz
Vince Clark. Em muitos casos, um remédio será mais adequado. Mas o ETCC pode
aliviar a dor sem deixar o usuário viciado. Ele pode afetar o cérebro sem danificar o
fígado. Como não parecem existir efeitos colaterais, o ETCC é pelo menos tão
seguro quanto as drogas que são, atualmente, aprovadas para o uso em crianças.
11% das crianças nos EUA foram diagnosticadas com transtorno do déficit de
atenção com hiperatividade, e muitas tomam estimulantes como a Ritalina. Ninguém
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tem certeza de que não existem efeitos a longo prazo no uso do ETCC, mas segundo
Clark o mesmo pode ser dito sobre a Ritalina.
Enquanto o ETCC não é aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA para
uso médico, relatos anedóticos levam Clark a acreditar que seu uso sem indicação
formal (quando os médicos recomendam algo que acreditam que vai ajudar o
paciente, mas não é algo reconhecido como um tratamento) está crescendo,
particularmente para dor crônica e depressão. Hospitais estão começando a usar a
técnica clinicamente. Em Boston, Fregni e seu colega León Morales-Quezada
começaram recentemente a usar o ETCC durante a reabilitação de pacientes jovens
com danos cerebrais. Com um menino de três anos que sofreu graves danos
cerebrais ao quase se afogar em uma piscina, eles alcançaram resultados
“fantásticos”, diz Morales-Quezada. Após o tratamento, o menino ganhou um
controle muito melhor de seus movimentos e foi capaz de falar.
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Há um outro “risco”: que o dispositivo não ajude qualquer um, e aí as pessoas vão
dizer que o ETCC não funciona. Realmente, as pessoas não respondem igualmente à
estimulação, e ainda não se sabe o motivo disso. Essa é apenas uma das áreas que
precisa de mais pesquisa, e pesquisa exige dinheiro.
Para Clark, seus estudos não são fundamentalmente sobre ajudar a ensinar um
soldado a perceber uma ameaça e lidar com ela (o que, no mundo real, pode
envolver identificar e matar um inimigo), mas sobre investigar como o cérebro
detecta ameaças. “Muitas pessoas que resenharam minha pesquisa dizem que é um
bom trabalho, mas tem que ser sobre os militares? Isso as deixa infelizes. Muitos
intelectuais ficam desconfortáveis com a guerra. Eu fico”.
Além disso, há algo que ainda o incomoda. Em 2003, Joseph Wilson, ex-diplomata
dos EUA, publicou um artigo no New York Times argumentando que o presidente
George W. Bush tinha enganado o público ao afirmar que o Iraque estava comprando
urânio na África, [e isso foi] parte do furor maior sobre a decisão de ir à guerra no
Iraque. Uma semana depois foi revelado que sua esposa, Valerie Plame Wilson –
uma amiga de Clark – era uma agente da CIA. A coisa toda tinha sido uma retaliação
por seu artigo, seu esposo alegou. “Eu conheci Valerie por dez anos antes disso, sem
saber que ela era agente da CIA”, diz Clark. “Ela era uma patriota incrível, e eu fiquei
realmente triste ao perceber que, porque as pessoas estavam bravas com seu
marido, ela tenha perdido sua carreira e sua capacidade de fazer aquele trabalho…
então ali eram meus amigos, passando por aquilo. Aqui estou eu, sendo pressionado
para usar essa tecnologia para o desenvolvimento de armas”.
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Desenvolvimento de armas? Por volta da época da doação do DARPA, o foco da
Rede de Estudos da Mente começou a se voltar mais e mais na direção do
desenvolvimento de ferramentas que os militares pudessem usar, diz Clark. “Eu não
posso dizer o que foi discutido, mas posso mencionar algumas possibilidades”, ele
diz. “Um dispositivo que deixe as tropas inimigas inconscientes, ou as deixe
confusas ou tristes demais para lutar, pode ser transformado em uma arma. Podem
ser conseguidas armas que alterem pensamentos e crenças, ou que afetem
diretamente a capacidade de tomar decisões ou que ‘recompensem’ caminhos no
cérebro para alterar seu comportamento, ou que mantenham alguém consciente
enquanto está sendo torturado”. Ele também ouviu conversas sobre o uso de ETCC
para aprimorar o treinamento de atiradores, o que ele não aprovava. “Eu tinha meus
princípios e objetivos, eles tinham os deles, e estávamos em conflito direto”.
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de Jornada nas Estrelas. De volta a seu escritório, nós sentamos e falamos sobre
ETCC, seus projetos atuais, a Rede de Estudos da Mente, Vince Clark, o
Departamento de Defesa e a “cor do dinheiro”.
O primo de Weisend, David, estava nas Forças de Operações Especiais dos EUA. Sua
irmã, Joan, teve uma carreira como auxiliar médica da marinha americana. Ela
completou muitas voltas ao mundo, incluindo Iraque e África. Um incêndio a bordo
de um barco em uma de suas viagens resultou em múltiplas operações em seu
pulso, pescoço e ombro. Entre 1997 e 2004, Weisend também trabalhou no New
Mexico Veterans Affairs Hospital, cuidando de um centro de magnetoencefalografia
(MEG), que examinava detalhadamente os cérebros dos pacientes. Ele lembra de um
paciente em particular, uma mulher que recebeu um ferimento na cabeça após cair
de um veículo em movimento durante a primeira Guerra do Golfo. Como resultado,
ela tinha epilepsia. O esquadrinhamento de seu cérebro usando MEG permitiu que a
equipe médica fizesse a cirurgia que interrompeu as convulsões com o mínimo de
dano possível ao tecido saudável. “Eu vi pessoalmente os efeitos [da ação militar] à
saúde dos soldados no hospital, e na minha irmã, e no meu primo”, ele diz. “Qualquer
coisa que eu possa fazer para ajudar esses caras, eu vou fazer”.
>>> MAIS: Agência dos EUA vai investir 70% no desenvolvimento de chips cerebrais
Quando Clark perdeu seu cargo, Weisend foi convidado a tomar a liderança, e foi ele
que desenvolveu e supervisionou a segunda fase da pesquisa. O financiamento do
DoD é uma grande parte de sua renda no laboratório do Wright State Research
Institute, diz Weisend, por projetos “divertidos, excitantes” sobre os quais ele não
pode falar. Ele sabe muito bem que nem todo mundo está confortável com os
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ganhos ligados às forças armadas. “Há pessoas, especialmente nos departamentos
universitários, que se preocupam com a “cor do dinheiro”; dinheiro da Defesa, no
lugar de dinheiro da NIH [Insitutos Nacionais de Saúde dos EUA] para ciência pura”,
ele diz. A opinião dele é que você nunca sabe como a pesquisa básica vai ser usada,
e se for usada para o mal, é a agência que faz o mal que deve ser responsabilizada,
não o pesquisador que trabalhou na ciência que o originou.
E sobre a pesquisa que Clark ouviu falar, sobre o uso de ETCC no treinamento de
atiradores? Isso pertence à categoria de pesquisa que aparece “na imprensa
popular”, mas não “no laboratório”, Weisend diz, embora acrescente que não é contra
isso, na teoria. “A conclusão é que Vince e eu vemos o mundo de formas diferentes,
a respeito do trabalho da DARPA e as direções que ele tomou”, ele diz. “Se Vince
conversou sobre a transformação dos nossos resultados em armas, eu não estou a
par dessas conversas. Eles podem ser transformados em armas? Sem dúvidas. Mas,
novamente, uma caneta esferográfica também pode. Nós sempre nos focamos na
melhoria do desempenho, medida por meio da redução de erros e de incertezas. Nós
nunca fizemos experiências com armas na MRN”.
Weisend me diz que, por muito tempo, foi difícil conseguir voluntários militares para
os estudos financiados pela DARPA. Ao contrário dos civis, eles não podem ser
pagos para fazer parte. Então, ele teve a ideia de encomendar uma moeda especial.
Ele me mostra uma. É pesada e impressionante, do tamanho de uma medalha. Em
um lado, há o exterior de um cérebro humano em alto relevo, em outro os emblemas
coloridos tanto da 711ª Ala de Performance Humana quanto do Laboratório de
Pesquisa da Força Aérea, com “The Mind Research Network” gravado abaixo.
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Moedas como essa são muito populares entre os militares, diz Weisend. Ele me
mostra sua coleção. Há uma de um amigo que trabalha no Pentágono, outra de seu
primo, da época em que estava nos Green Hornets, o 20º Esquadrão de Operações
Especiais da Força Aérea. “Nós não conseguíamos descobrir como conseguir que os
militares chegassem”, ele diz, “então criamos essas [moedas]. E eles saíram de suas
tocas para consegui-las”.
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Conforme o DoD continua a financiar a pesquisa com ETCC, alguns pesquisadores
do campo decidiram tomar uma posição firme contra o dinheiro ligado às Forças
Armadas. Chris Chambers, um psicólogo na Universidade de Cardiff, no País de
Gales, conduz pesquisas sobre a estimulação magnética do cérebro. Quando
representantes da QinetiQ, uma empresa britânica de tecnologia de defesa,
contatou-o e disse que fundos poderiam estar disponíveis para colaboradores
associados, ele diz que rejeitou a oferta por uma questão de princípios.
Clark ainda é supervisor de pesquisa no MRN, mas trabalha a maior parte do tempo
na universidade. Atualmente, ele está juntando “quaisquer bocados de dinheiro que
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eu consiga encontrar” para seguir com pesquisas médicas: para investigar se o
ETCC pode ou não tratar o vício de alcoólatras, reduzir as alucinações de pessoas
com esquizofrenia e acalmar o comportamento impulsivo ligado à exposição pré–
natal ao álcool. Mesmo que essa pesquisa seja relativamente barata, financiá-la
ainda é um problema. Dado o rápido crescimento das pesquisas com ETCC
publicadas em periódicos acadêmicos, Clark espera que os Institutos Nacionais de
Saúde dos EUA comecem em breve a levar a sério as pesquisas com ETCC e a pagar
por estudos controlados e em larga escala.
Clark fica excitado com o potencial do ETCC para ajudar pessoas doentes, como seu
filho, e também pessoas saudáveis. Mas ele diz que agora está clara sua posição
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sobre quais financiamentos aceitar e quais pesquisas fazer. “Eu quero ver o ETCC
sendo usado para ajudar”, ele diz, “não para machucar”.
Referências
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http://www.google.com.br/im...
⛺
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Guest • há 5 anos
Com certeza o ETCC esta sendo um belo avanço da neurociência para tratamento de dores ,
hiperatividade etc , e tambem com certeza os militares utilizaram esta tecnologia no campo militar
afim de aumentar/ otimizar a performance dos " colaboradores" quando de trabalhos exaustivos
como controladores de vôo quando de necessidade de grande acuracidade e concentração como
snipers , com certeza esta metodologia tambem possue contra indicações e efeitos colaterais que
ainda não sabemos , ou provavelmente ainda não divulgados.
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Guest • há 5 anos
Preciso de MUITO estímulo cerebral para entender (= aceitar) algumas coisas e pessoas que só
se preocupam com o próximo lançamento de smartphone:
- pra que tanta perda de tempo em idolatrar fabricantes de eletrônicos? Só terei admiração ou
defenderei smartphones de marca A ou B quando estes funcionarem como sonda (para
alimentação própria conectando ele à minha veia) consumindo apenas energia elétrica. De que
adianta bateria de duração maior se ao mesmo tempo são criados aplicativos que consomem
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ç p p q
mais???;
- para a teoria da conspiração o chifre, o olho que tudo vê, etc são símbolos dos iluminatis usados
por celebridades ou produtos para pensarmos que está tudo bem, que modismos -que aos poucos
dizimam a raça humana- são mais importantes que a família (?). Quem aqui não é alienado?
Como vocês se identificam? Pior: "vocês" estão pouco se lixando: o que vier "de graça" é lucro!
Pra mim, quem compra por exemplo vídeo game da Sony é tão alienado quanto aquele que
assiste à rede Bobo(!). Ou ninguém se importa pois quanto menos pessoas no planeta, melhor...
- Cuidar da vida alheia é normal (perda de tempo com joinhas em assuntos fúteis nas redes
sociais)?
- Vejo pessoas e celebridades ("influenciáveis no mundo fútil de hoje em dia) tirando selfie em
belas paisagens naturais admirando sua beleza mas com uma pança de um urso (prestes a
hibernar) que se empanturrou de picanha e brejas pra ficar daquele tamanho! Será que não se
ver mais
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Nossa!
Nunca vi tanta LOUCURA num único comentário.
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eumesme • há 5 anos
Há uma inversão da realidade "aos poucos dizimam a raça humana" nesta afirmação!
população(em milhões)ano
10000 BC45000 BC54000 BC73000 BC142000 BC271000 BC50500 BC100200 BC1500170200
AD190400 AD190500 AD190600 AD200700 AD210800 AD220900 AD2401000 AD2651100
AD3201200 AD3601300 AD3601400 AD3501500 AD4251550 AD4801600 AD5451650
AD5451700 AD6101750 AD7201800 AD9001850 AD12001875 AD13251900 AD16251925
AD20001950 AD25001975 AD39001999 AD6000
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Veritas • há 5 anos
PAREDE DE TEXTO!
Desisti no meio. :(
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Mas enfim, boa sorte pra eles e pra nós que podemos nos beneficiar disso no futuro
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Guest • há 5 anos
Alguém resume essa tradução pra mim.
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Mas, tome cuidado com as armadilhas escondidas na língua portuguesa. É que alterações
hereditárias naturais são, sempre, acidentais.
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natillas • há 5 anos
Faça o seu telefone Android mais rápido e com menos Lag, instalar este app: (diretamente do
navegador) Sorte >>http://goo.gl/K8HwHu :))
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