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Reabilitação Neuropsicológica
Revisão Textual:
Maria Cecília Andreo
Revisão Técnica:
Prof.ª M.ª Cássia Souza
Reabilitação Neuropsicológica
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Compreender o desenvolvimento da área da reabilitação neuropsicológica como ciência;
• Compreender como a neuroplasticidade cerebral permite que intervenções cognitivas melho-
rem funções cognitivas prejudicadas;
• Entender a atuação do neuropsicólogo na reabilitação neuropsicológica;
• Compreender como o uso de novas tecnologias, como a estimulação cerebral não invasiva,
aliada ao trabalho do neuropsicólogo, pode contribuir para a reabilitação cognitiva.
UNIDADE Reabilitação Neuropsicológica
Um dos grandes nomes na área, Bárbara Wilson (2009 apud MIOTTO, 2015, p. 3)
define Reabilitação Cognitiva:
Importante ressaltar que o Treino Cognitivo, uma das abordagens que vêm sendo
mais divulgadas, até pelo uso tecnológico recente, tem como objetivo intervir em altera-
ções cognitivas mais específicas, como a memória, por exemplo, por meio de métodos
de recuperação e estratégias compensatórias para reduzir o impacto dos problemas que
os déficits cognitivos geram no dia a dia do paciente (MIOTTO, 2015).
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hoje a reabilitação neuropsicológica tem sua origem na primeira e na segunda guerra
mundial (MIOTTO, 2015). Foram descritas abordagens de reabilitação e compensação
cognitiva em pacientes sobreviventes da Primeira Guerra Mundial por Wilson (2009
apud MIOTTO, 2015). Contudo, o trabalho do Alexander Luria foi o mais importante e
mais conhecido. Seu trabalho foi com os soldados da Segunda Guerra Mundial na União
Soviética (1963 apud MIOTTO, 2015). Outro nome importante na história da reabili-
tação cognitiva foi Oliver Zangwill (1947 apud MIOTTO, 2015), na Inglaterra. A esses
profissionais devemos os princípios de adaptação funcional que, segundo Miotto (2015,
p. 4), referem-se ao uso de “uma função cognitiva preservada pode ser utilizada para
compensar outra função comprometida”. Foram atribuídas aos trabalhos de Zangwill três
abordagens em reabilitação: treino direcionado, substituição e compensação (WILSON,
2009 apud MIOTTO, 2015).
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Condição de saúde
Funções e
estruturas do corpo Atividades Participação
Fundamentos Teóricos da
Reabilitação Neuropsicológica
As abordagens teóricas na Reabilitação Neuropsicológica são baseadas em quatro
grandes áreas, de acordo com Miotto (2015), “funcionamento cognitivo, emoção, com-
portamento e aprendizagem”. Abrisqueta-Gomez e Da Silva (2016) apontam quatro abor-
dagens da Reabilitação Cognitiva, organizadas por Wilsons (1997 apud ABRISQUETA-
-GOMEZ; DA SILVA, 2016, p. 264):
• A baseada no retreinamento cognitivo por meio de treinos e exercício;
• A fundamentada exclusivamente em modelos da neuropsicologia cogni-
tiva;
• A abordagem combinada, de modelos provenientes da neuropsicologia,
psicologia cognitiva e psicologia comportamenta;
• A abordagem holística, que, além da cognição, considera outros mo-
delos para entender o aspecto emocional, motivacional e diversos as-
pectos do funcionamento não cognitivo.
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com algum intervalo, aumentando aos poucos os intervalos em que a informação deve
ser recuperada, até que ocorra o aprendizado da informação repetida. É possível, ini-
cialmente, utilizar pistas, como uma letra, que aos poucos vai sendo tirada, até que o
paciente lembre da informação sem ajuda (SITZER; TWAMLEY; JESTE, 2006 apud
ABRISQUETA-GOMEZ; DA SILVA, 2016).
Uma desvantagem do treino cognitivo apontado por Wilson (1997 apud ABRISQUETA-
-GOMEZ; DA SILVA, 2016) é que nessa abordagem o foco é maior na deficiência e nas
incapacidades, que são consequências das deficiências cognitivas, além da dificuldade
de medir na vida realos efeitos de performance, ou seja, o quanto a melhora no treino é
generalizável para a vida real.
Dessa forma, outra abordagem surgiu, visando dar conta das demandas que as outras
não supriam, a abordagem holística. Nessa abordagem, entende-se que:
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UNIDADE Reabilitação Neuropsicológica
Bases Neurobiológicas da
Reabilitação Neuropsicológica
A área de reabilitação neuropsicológica está respaldada no conhecimento neurocien-
tífico de que o cérebro é plástico, ou seja, o cérebro tem capacidade de modificar suas
conexões neurais e funções com a interação com o ambiente. Quando estimuladas as
habilidades, as funções cognitivas, ocorre melhora na velocidade do processamento da
informação, uma vez que o uso dessa rede neural com frequência aumenta a quantidade
de conectividade entre os neurônios, facilitando a despolarização e, consequentemente,
melhorando a performance daquela habilidade ou função cognitiva. Essas mudanças
ocorrem de formas estruturais e funcionais e ao longo da vida em todas as pessoas
(CARVALHO, 2015).
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que podem interferir no quanto o sistema nervoso consegue regenerar. Lesões extensas,
por exemplo, têm menores chances de reorganização funcional (MIOTTO, 2015).
Os neurônios são muito suscetíveis à morte quando lesionados, além de sua capacida-
de de crescimento ser reduzida (KANDEL et al., 2000; GAZZANIGA et al., 2006 apud
MIOTTO, 2015). Contudo, novas tecnologias e métodos de reabilitação visam melhorar
essa capacidade de recuperação funcional, como treino cognitivo computadorizado,
games, realidade virtual e novas tecnologias de estimulação cerebral não invasivas.
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Saiba mais sobre o uso de jogos eletrônicos como intervenção no declínio cognitivo leve.
Disponível em: https://bit.ly/3s2OqFe
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Tecnologias de Neuromodulação
e Reabilitação Cognitiva
Mais recentemente, as tecnologias de neuromodulação têm se mostrado grandes
aliadas na reabilitação cognitiva. Neuromodulação nada mais é do que “uma modifi-
cação controlada com fins terapêuticos realizada por meio da estimulação ou inibição
da atividade neural com processos físicos” (MORAES et al., 2015). Os autores trazem
estudos que mostram como a neuromodulação pode promover modificações na organi-
zação neuronal e, consequentemente, facilitar neuroplasticidade em diversas patologias
(MOGILNER, 2009 apud MORAES et al., 2015).
Por ser uma tecnologia de baixo custo, segura (na Europa já existe aparelho aprovado
para o tratamento da depressão para que os pacientes utilizem em casa, de tão seguro
que é), portátil, com efeitos colaterais muito baixos (coceira, formigamento e vermelhidão
passageiros no local do eletrodo (BRUNONI et al., 2011 apud MORAES et al., 2015
e bem toleráveis, com possibilidade de uso em diversos quadros clínicos neurológicos,
psiquiátricos, na reabilitação física, na fonoaudiologia e na neuropsicologia (BRUNONI
et al., 2012 apud MORAES et al., 2015
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Veja como as técnicas de estimulação cerebral não invasiva podem ajudar a melhorar funções
cognitivas na clínica neuropsicológica assistindo à palestra do II Simpósio Internacional em
Neuromodulação com o psicólogo Dr. Paulo Sérgio Boggio, referência internacional na área,
que trouxe a ETCC para o Brasil. Disponível em: https://vimeo.com/31320092
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Figura 4 – Exemplo da tela do terapeuta
Fonte: MORAES et al., 2015
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Treino Cognitivo para Transtornos Mentais Graves
MATTOS, K. M. G.; ALVES, A. L. A. Treino cognitivo para transtornos men-
tais graves. Barueri: Manole, 2020.
Treino Cognitivo de Planejamento
MARQUES, F. M.; YOKOMIZO, J. E.; OLIVEIRA, G. M. R. Treino cognitivo de
planejamento. Barueri: Manole, 2020.
Princípios e Práticas do uso da Neuromodulação
BRUNONI, A. R. Princípios e práticas do uso da neuromodulação não invasi-
va em psiquiatria. Porto Alegre: Grupo A, 2017.
Leitura
Eficácia da reabilitação cognitiva na melhoria e manutenção das atividades de vida diária em pacientes com
doença de Alzheimer: uma revisão sistemática da literatura
https://bit.ly/3rYZi71
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Referências
ABRISQUETA-GOMEZ, J. Fundamentos teóricos e modelos conceituais para a
prática da reabilitação neuropsicológica interdisciplinar. In: ABRISQUETA-GOMEZ, J.
Reabilitação neuropsicológica: abordagem interdisciplinar e modelos conceituais na
prática clínica. Porto Alegre: Artmed, 2012.
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