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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA (UNIR)

NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

ELISANDRO DEMAREST DE SOUZA

A EVOLUÇÃO DA TEORIA CRÍTICA EM AXEL HONNETH:


Reconhecimento, Justiça e Autonomia.

Porto Velho, RO
2019
Elisandro Desmarest de Souza

A EVOLUÇAO DA TEORIA CRÍTICA EM AXEL HONNETH:


Reconhecimento, Justiça e Autonomia

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Departamento de Filosofia da
Fundação Universidade Federal de Rondônia
(UNIR) como requisito parcial para obtenção do
título de licenciado em Filosofia.

Orientador: Fernando Danner

Porto Velho, RO
2019
Elisandro Desmarest de Souza

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)


apresentado ao Departamento de Filosofia da
Fundação Universidade Federal de Rondônia
(UNIR) como requisito parcial para obtenção do
título de licenciado em Filosofia.

A EVOLUÇÃO NA TEORIA CRÍTICA EM AXEL HONNETH:


Reconhecimento, Justiça e Autonomia.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Fernando Danner (Orientador)


Assinatura
___________________________________________________________

Prof. Dr. Leno Danner


Assinatura
___________________________________________________________

Prof. Marcio de Lima Pacheco


Assinatura
___________________________________________________________

Data: Porto Velho – RO, 12 de Julho de 2019.


Resultado:
__________________________________________________________
“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário,
o seu ser social que lhe determina a consciência.” - Karl Marx
Dedicatória
Dedico esse trabalho de conclusão de curso a minha mãe Ivanede Desmarest
de Souza, a pessoa que mais dedicou a ajudar em todos os momentos de minha
vida, ela que me ergueu no momento que estava caído e desacreditado, ela que me
incentivou a voltar a estudar e foi minha inspiração e minha “aluna favorita” quando
eu me preparava para alguma apresentação, sem ela eu não teria conseguido
chegar aonde eu cheguei e superar minhas deficiências.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a minha família que sempre me apoiou em minhas
decisões, principalmente minha mãe Ivanede Desmarest de Souza e meu pai
Manoel de Souza, penso que sem eles eu nem estaria aqui este plano, muito
menos enfrentando de cabeça erguida desafios e conquistando novas experiências
e oportunidades.
Agradeço a todos os meus professores os quais irei nômina-los: Profº Dr.
Clarides Henrich de Barba; Profº Dr. Christian Otto Muniz Nienov; Profº Dr. Fernando
Danner; Profº Dr. Leno Francisco Danner; Profº Dr. Magnus Dagios; Profº Dr. Marcio
de Lima Pacheco; Profº Dr. Márcio Secco; Profº Dr. Paulo Roberto Konzem; Profº Dr.
Rodolfo de Freitas Jacarandá; Proª Doutoranda Suzy Mara Aidar Pereira; Profª Drª.
Mirela Nunes Giracca (DLE); Profª Drª Walterlina Barbosa Brasil e Profª Drª
Márcia Machado de Lima (DECED), todos eles que contribuíram de alguma forma
direta na minha formação acadêmica.
Agradeço especialmente ao meu orientador Profº. Drº. Fernando Danner que
não sei onde ele viu capacidade em minha pessoa, me apoiou sempre e como
amigo me ajudou de forma abnegada nos momentos de necessidade. Sua
orientação deste o primeiro PIBIC até esse trabalho de conclusão, ele sempre agiu
com responsabilidade e seriedade. Cobrou sempre de maneira firme minhas
responsabilidades e incentivava sempre ir mais além do que eu pensava que
conseguia. Agradeço também a ajuda e incentivos dos Profº. Drº. Paulo Roberto
Konzem e Profº. Drº. Leno Danner as orientações paralelas, em como cobrando o
desenvolvimento do TCCe ajudando nas dúvidas.
Agradeço ao meu amigo e companheiro de curso Gustavo Adolfo Suckow
Barbosa, neste período de quatro anos foi um fiel companheiro de estudo, sempre
me ajudou nos trabalhos, incentivou e torceu por meu sucesso em todas as esferas
sociais.
Agradeço a meu irmão e amigo Gabriel da Silva Santos que além de me
incentivar à ingressar no ensino superior, também as ajudas nas minhas dificuldades
nos trabalhos acadêmicos.
Agradeço a minha noiva Deane Fátima Araújo que apesar de ter trazido “caos
a ordem”, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido em minha vida, pois sempre
está me ajudando e incentivando meus estudos e procurando construir um futuro
sólido comigo.
RESUMO
Desde Luta por Reconhecimento até Direito da Liberdade, passando pelas obras
Sofrimento de indeterminação e Las Patologías de la libertad, Axel Honneth delineia
como sua problemática principal as lutas sociais pelo reconhecimento. Por sua vez,
ele irá mostrar que a luta, para além das conquista da distribuição igualitária de
rendas, está assentada nas conquistas da ideia de respeito ao indivíduo e a
dignidade da pessoa humana. Em suas análises da sociedade de nossa época, Axel
Honneth busca refletir sobre os fenômenos culturais e econômicos próprios de
nossa época, e defende a tese que, para alcançarmos uma sociedade justa,
precisamos que seus indivíduos sejam capazes de se reconhecer em si mesmo no
outro em suas necessidades, pois todos têm seus conceitos e valores individuais de
liberdade, justiça, cidadania e dos diretos humanos.

Palavras-Chave: Autonomia; Liberdade; Luta; Reconhecimento e Sociedade .


ABSTRACT

From the Struggle for Recognition to the Right of Freedom, through the works
"Suffering of Indeterminacy" and The Pathologies of Freedom, Axel Honneth outlines
as his main problem the social struggles for recognition. In turn, it will show that the
struggle, besides achieving the equal distribution of income, is based on the
achievements of the idea of respect for the individual and the dignity of the human
person. In his analyzes of the society of our time, Axel Honneth seeks to reflect on
the cultural and economic phenomena proper to our time, and defends the thesis
that, in order to achieve a just society, we need its individuals to be able to recognize
themselves. in the other in their needs, since they all have their individual concepts
and values of freedom, justice, citizenship and human rights.

Keywords: Autonomy; Freedom; Fight, Recognition and Society.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................10

2 A EVOLUÇÃO DA LUTA POR RECONHECIMENTO NO CONTEXTO


SOCIAL DA TEORIA CRÍTICA DE AXEL HONNETH...............................................13
2.1 DA AUTOCONSERVAÇÃO DO PRINCIPADO, PASSANDO PELA LUTA
DE TODOS CONTRA TODOS NA SOCIEDADE MODERNA, CHEGANDO A LUTA
POR RECONHECIMENTO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA......................13
2.2.1 O amor e a relação de interdependência do indivíduo.............19
2.2.2 A esfera do direito e a autorrealização da pessoa...................20
2.2.3 A solidariedade e a autodeterminação do sujeito.....................22
2.2.4 O desrespeito da dignidade da pessoa humana.......................24

3 AS QUESTÕES DO RECONHECIMENTO NA SOCIEDADE EM AXEL


HONNETH...................................................................................................................26
3.1 REALIZAÇÃO DA LIBERDADE INDIVIDUAL........................................26
3.2 O SOFRIMENTO E A LIBERTAÇÃO.....................................................28
3.3 A DOUTRINA DO DEVER ÉTICO E O RECONHECIMENTO
INTERSUBJETIVO.................................................................................................31

4 AS TRÊS CONCEPÇÕES DE LIBERDADE NA OBRA O DIREITO SSA


LIBERDADE DE AXEL HONNETH............................................................................36
4.1 A LIBERDADE NEGATIVA.....................................................................37
4.2 A LIBERDADE REFLEXIVA...................................................................40
4.3 A LIBERDADE SOCIAL..........................................................................42

5 CONCLUSÃO................................................................................................44

REFERÊNCIAS................................................................................................45
1 INTRODUÇÃO

O fio condutor desta monografia tem como objetivo expor o desenvolvimento


da teoria crítica do filosofo alemão Axel Honneth (1949), atual diretor do Instituto de
Pesquisa Social – também conhecida como Escola de Frankfurt – da Universidade
Johann Wolfgang Goethe de Frankfurt. Axel Honneth é tido como o representante da
terceira geração da mesma.

Com efeito, neste trabalho, pela leitura das obras Luta por Reconhecimento,
Sofrimento de Indeterminação, O Direito da Liberdade e Patologias de la Libertad,
busco, em um primeiro momento, analisar o desenvolvimento da Teoria Crítica 1 da
sociedade desenvolvida por Axel Honneth, especialmente a grande influência
exercida pela teoria social de Georg W. F. Hegel (1770-1831) em suas intuições e
teses essenciais, e, em um segundo momento, mostrar quais foram as principais
reatualizações da teoria empreendidos pelo filósofo frankfurtiano. Neste sentido,
ainda com base nestas obras, o meu objetivo principal é mostrar a evolução da luta
por reconhecimento no contexto social, uma vez que as práticas de valores ideais
levam a formação da identidade do sujeito, tal como a construção de uma sociedade
solidária, que, por sua vez, forma um sujeito autônomo em busca do bem estar da
comunidade, tanto quanto buscam o bem comum isto é, à vida boa.

Para Axel Honneth, a teoria crítica vem evoluindo, e não está apenas se
preocupando em eliminar a desigualdades sociais, mas está visando, além disso, a
dignidade do indivíduo e respeito pela pessoa humana. Deste modo, em termos de
justiça social, é inegável que o sujeito participante dessa sociedade tenha como
objetivo normativo o “reconhecimento”, e não somente a redistribuição de renda. A
categoria do reconhecimento tem como propósito esclarecer o indivíduo o seu papel
na sociedade tornando o autônomo e, ao mesmo tempo, estabelecer o pano de
fundo de uma sociedade mais humana, na qual o indivíduo possa ter a possibilidade
de conquistar uma vida digna, ou seja, a “vida boa”. Conforme Axel Honneth,
Qualquer seja o tema por objetos nos escritos de Axel
Honneth, a apresentação está sempre obrigada a orbitar em torno
daquilo que é distintivo de sua proposta no campo da teoria crítica: a
preeminência e primazia da ‘gramática da moral do reconhecimento’.
Isso só é possível, entretanto, forem preenchidos dois requisitos,
1
Saliento aqui que procuro interpretar o pensamento da Teoria Crítica de Axel Honneth e não
os escritos originais de George W. F. Hegel.
sem os quais as ‘luta por reconhecimento’ não emergem: uma
reconstrução do ponto de vista do social. Essa dupla tomada de
partida - pela “reconstrução” e pelo ‘social’  serve a Honneth de
guia não apenas dar sua própria versão do desenvolvimento e da
história da teoria crítica, como para vincular a ‘reconstrução’ com a
“presentificação” que pretende emprestar às teorias que lança mão.
(MELO, 2013, p. 11).

A tese de Axel Honneth é que por meio de uma luta por autoconsciência,
autodeterminação e autorrealização – as quais constituem a tríade das esferas do
reconhecimento, visto que é através dessa tríade que podemos conquistar não
apenas o reconhecimento intersubjetivo, e também promover uma sociedade mais
justa e solidária. Desse modo, Axel Honneth procura mostrar que o indivíduo almeja
ter sua dignidade e o seu respeito reconhecido em todas as esferas sociais.

Na obra Sofrimento de Indeterminação, Axel Honneth pretende reatualizar2 a


teoria da justiça de Hegel. Segundo nosso filosofo frankfurtiano a filosofia o direito
do jovem Hegel está pautada na sua filosofia prática do “espírito objetivo” e na
“eticidade” que fundamentam os principios normativos de uma sociedade justa e
uma ideia de vontade livre universal.

Assim, a compreensão do reconhecimento intersubjetivo leva Axel Honneth,


na obra Direito da Liberdade, a desenvolver uma concepção de justiça e liberdade
contrária à concepção de justiça3 e liberdade ideal de John Rawls, defendendo uma
relação dialógica entre os sujeitos que procuram valores coletivos. Para John Rawls,
o indivíduo liberal não delibera com a comunidade, e sim tão somente consigo
mesmo para poder, através de sua racionalidade e de uma reflexão intrapessoal, ter
uma concepção própria do que é justiça.
Em Luta por Reconhecimento, Axel Honneth mostra como o indivíduo se
emancipa em sociedade, tornando-se um sujeito autônomo, que reconhece no outro
e suas próprias necessidades.
2
Tomar por tema e objeto a “reconstrução” em Honneth não significa, portanto, ignorar nem a
primazia do “reconhecimento” nem necessário ponto de vista “do social”, único a partir do qual tal
primazia se torna primeiramente visível e teorizável. Trata-se, ao contrário, de pressupor sempre que
a “reconstrução” em Honneth pertence a constelação da qual o “reconhecimento” e o “social” não
podem ser arbitrariamente isolados (MELO, 2013, p.13)
3
“A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é dos sistemas de
pensamento. Embora elegante e econômica, uma teoria deve ser rejeitada ou revisada se não é
verdadeira; da mesma forma leis e instituições, por mais eficientes e bem organizadas que sejam,
devem ser reformadas ou abolidas como injustas. Cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada
na justiça que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar. Por essa razão, a
justiça nega que a perda da liberdade de alguns se justifique por um bem maior compartilhado por
outros” (RAWLS, 1997, § 2, p.3-4).
Na obra Sofrimento de Indeterminação, Axel Honneth procurou reformular a
teoria da justiça de Hegel, conduzindo que sua teoria normativa na esfera do direito
e na autorrealização do sujeito com base na eticidade para sua construção social,
propondo também a construção de um conceito de justiça e liberdade nessa esfera
do reconhecimento intersubjetivo e seus valores comunitários.
Axel Honneth afirma que a liberdade do indivíduo, quando não estabelecida
normativamente, bem como quando as relações intersubjetivas não são
devidamente reconhecidas, acabam por resultar em conflitos sociais e, por
conseguinte, doenças ou patologias da sociedade moderna, onde o sujeito não
alcança sua autorrealização de forma plena, pois sua liberdade não pode ser
exercida devido a intervenções externa que a sociedade promove. Para que a
sociedade seja justa, a liberdade individual deve ser igual para todos e, além disso,
deve haver um sistema de direito justo capaz de contemplar todos os seus cidadãos,
para que esses possam, nas palavras do próprio Axel Honneth, exercer sua
“vontade livre universal”.
2 A EVOLUÇÃO DA LUTA POR RECONHECIMENTO NO
CONTEXTO SOCIAL DA TEORIA CRÍTICA DE AXEL HONNETH

O Filosofo frankfurtiano trabalha em suas obras a questão do reconhecimento


intersubjetivo, o qual procura demonstrar em primeiro momento a análise da
sociedade contemporânea e fazer um contraponto com a sociedade moderna dos
pensadores Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes. Axel Honneth busca refletir as
problemáticas das lutas sociais pelo reconhecimento desde Sofrimento por
indeterminação, até Direito da Liberdade, passando por Luta por Reconhecimento e
Patologias de la Libertad. Por sua vez, ele irá mostrar que a luta, está para além das
conquista da distribuição igualitária de rendas, está assentada nas conquistas da
ideia de respeito ao indivíduo e a dignidade da pessoa humana.
Em suas análises da sociedade de nossa época, Axel Honneth busca refletir
sobre os fenômenos culturais e econômicos próprios de nossa época, e defende a
tese que, para alcançarmos uma sociedade justa, precisamos que seus indivíduos
sejam capazes de se reconhecer em si mesmo no outro em suas necessidades, pois
todos têm seus conceitos e valores individuais de liberdade, justiça, cidadania e dos
diretos humanos.

2.1 Da Autoconservação do Principado, passando pela luta de Todos Contra Todos


na sociedade moderna, chegando a Luta por Reconhecimento na Sociedade
Contemporânea.

Na obra Luta por reconhecimento, Axel Honneth trabalha bem a questão do


reconhecimento tendo o pano de fundo dessa discussão às instituições sociais da
sociedade contemporânea.
Para Axel Honneth, a teoria crítica vem evoluindo, e não está apenas se
preocupando em eliminar a desigualdades sociais, mas está visando, além disso, a
dignidade do indivíduo e respeito pela pessoa humana. Deste modo, em termos de
justiça social, é inegável que o sujeito participante dessa sociedade tenha como
objetivo normativo o “reconhecimento”, e não somente a redistribuição de renda. A
categoria do reconhecimento procura através da reconstrução social o propósito de
esclarecer o indivíduo em seu contexto histórico-social, assim, tornando-o autônomo
e, ao mesmo tempo, estabelece o pano de fundo de uma sociedade mais humana,
na qual o indivíduo possa ter a possibilidade de conquistar uma vida digna, ou seja,
a “vida boa”. Conforme Marcos Nobre:
Qualquer que seja o tema por objetos nos escritos de Axel Honneth,
a apresentação está sempre obrigada a orbitar em torno daquilo que
é distintivo de sua proposta no campo da teoria crítica: a
preeminência e primazia da ‘gramática da moral do reconhecimento’.
Isso só é possível, entretanto, forem preenchidos dois requisitos,
sem os quais as ‘luta por reconhecimento’ não emergem: uma
reconstrução do ponto de vista do social. Essa dupla tomada de
partida - pela “reconstrução” e pelo ‘social’  serve a Honneth de
guia não apenas dar sua própria versão do desenvolvimento e da
história da teoria crítica, como para vincular a ‘reconstrução’ com a
“presentificação” que pretende emprestar às teorias que lança mão.
(MELO, 2013, p. 11).

A tese do neocontratualista é que por meio de uma luta por autoconsciência,


autodeterminação e autorrealização – as quais constituem a tríade das esferas do
reconhecimento – visto que é através dessa tríade que podemos conquistar não
apenas o reconhecimento intersubjetivo, e também promover uma sociedade mais
justa e solidária. Desse modo, Axel Honneth procura mostrar que todo indivíduo
almeja ter sua dignidade e o seu respeito reconhecido em todas as esferas sociais.
Em Luta por Reconhecimento, Axel Honneth apresenta uma defesa do
desenvolvimento do reconhecimento intersubjetivo como característica essencial do
sujeito. Em contraste com a teoria social do pensador moderno Nicolau Maquiavel,
que em O Príncipe defende a tese da imutabilidade da natureza humana, uma
natureza completamente má, sendo o indivíduo egocêntrico e preocupado somente
com seus interesses e que, por isso mesmo, um príncipe deve ser enérgico em suas
decisões, pois, se mostrasse fraco, ele sucumbiria em seu governo, de modo que
seus inimigos poderiam derrubá-lo do poder, posto que para Axel Honneth, o que
estava em jogo em Nicolau Maquiavel era a manutenção do poder e a estabilidade
do principado, ou seja, a “autoconservação” se apresentava como mais importante
do que o bem estar do indivíduo.
A filosofia social moderna pisa a arena num momento da história das
ideias em que a vida social é definida em seu conceito fundamental
como relação da luta por autoconservação; os escritos políticos de
Maquiavel preparam a concepção segundo a qual os sujeitos
individuais se contrapõem numa concorrência permanente de
interesses, não diferentemente de coletividades políticas; na obra de
Thomas Hobbes, ela se torna enfim a base de uma teoria do contrato
que fundamenta a soberania do Estado. Ela só pudera chegar a esse
novo modelo conceitual de uma “luta por autoconservação” depois
que os componentes centrais da doutrina política da Antiguidade, em
vigor até a Idade Média, perderam sua imensa força de convicção.
(HONNETH, 2009, p. 31)

Na teoria social de Maquiavel um bom governante deve ser inteligente,


competente e firme para poder bem governar, sem essas características ele perderá
o respeito do povo e conseqüentemente o poder. Para ele a máxima “melhor ser
temido, do que ser amado” serve de exemplo para o Príncipe, pois ele deve ter
cuidado com a natureza maldosa do homem que é traiçoeira, oportunistas, ingratas
e movidas pelo lucro, e pensa somente no bem próprio. É melhor, que seus
governados o tema, pois temendo, eles irão respeitá-lo acima de tudo. Segundo o
filosofo frankfurtiano:
[...]. Mas as categorias centrais de suas análises comparativas estão
talhadas para essa luta sempiterna por autoconservação, para essa
rede de ilimitadas de interações estratégicas, em que naturalmente
Maquiavel enxerga o estado bruto de toda vida social, porque elas
não designam nada mais que o nada mais que os pressupostos
estruturais da ação bem-sucedida por poder; mesmo ali onde ele se
serve dos conceitos metafísicos fundamentais da historiografia
romana e fala por exemplo da virtu ou fortuna, ele se refere somente
às condições marginais históricas que, da perspectiva dos agentes
políticos, se revelam recursos praticamente indisponíveis em seus
cálculos estratégicos de poder. (HONNETH, 2009, p. 33)

Axel Honneth irá também se contrapor outro pensador moderno Thomas


Hobbes (1469-1527), que no Leviatã apresentava uma “luta de todos contra todos”,
de modo que o reconhecimento se daria pelo medo da morte violenta que os
indivíduos tinham no estado de natureza; pelo pacto social, os indivíduos, por meio
de um ato voluntário, entrariam em comum acordo, constituindo a soberania, abrindo
mão de parte de sua liberdade para obter a segurança, a manutenção de sua
propriedade e a paz. Ao abordar a condição natural em que todos os indivíduos
nascem, Thomas Hobbes explica que a natureza fez os homens tão iguais, ou seja,
para o autor de Leviatã embora exista homens mais fortes fisicamente que outros,
isso não significa ele irá se manter a salvo de um possível ataque do considerado
mais fraco fisicamente. Por sua vez, Thomas Hobbes aponta que em espírito (razão)
nós somos mais iguais por maior semelhança, visto que está associado a suas
experiências vida. Por conseguinte, é preciso entender a ideia de estado de
natureza, isto é, o estado de natureza é uma luta de todos contra todos, pois
ninguém pode dizer o que é certo ou errado, justo ou injusto porque não existe um
árbitro para conter as paixões dos homens. Para Axel Honneth o filosofo o filosofo
inglês a sua teoria social seria explicada da seguinte forma:
[...]. Por fim, na terceira parte de seu empreendimento, Hobbes utiliza
a construção teórica desse estado no sentido de uma fundamentação
filosófica da própria construção da soberania do Estado: as
conseqüências negativas manifestas da situação douradoura de uma
luta entre os homens, o temor permanente e a desconfiança
recíproca, devem mostrar que só a submissão, regulada por contrato,
de todos os sujeitos a um poder soberano pode ser o resultado de
uma ponderação de interesses, racional com respeito a fins, por
parte de cada um. Na teoria de Hobbes, o contrato social só encontra
sua justificação decisiva no fato de unicamente ele ser capaz de dar
um fim à guerra ininterrupta de todos contra todos, que os sujeitos
conduzem pela autoconservação individual. (HONNETH, 2009, p. 35)

De acordo com Axel Honneth, Thomas Hobbes afirma que o homem na


condição natural tende a sua própria autoconservação, isto é, o outro sempre será
um inimigo em potencial contra a sua vida, como alude em sua obra Leviatã, quando
dois homens desejam a mesma coisa ao mesmo tempo, é impossível que as tenham
ao mesmo tempo, e, portanto, entrarão em guerra para tê-la, porém mesmo assim
não garante que outro chegue e a deseje também. Na natureza existem três causas
de discórdia que fazem os homens ser inimigos uns dos outros quando não se tem
um poder coercitivo capaz de controlá-los, a saber: a competição, a desconfiança e
a glória. Em suma, Axel Honneth, diz que Hobbes pretende demonstrar como é o
homem em seu estado de natureza, e sua constante inclinação a guerra para a
busca de sua autoconservação, neste estado não há propriedade, não há
sociedade. O que faz os homens buscarem a paz é o medo da morte e a esperança
de uma vida boa.
E por causa desta desconfiança de uns em relação aos outros
nenhuma maneira de se garantir e tão razoável como a antecipação
isto é. Pela força ou pela astúcia subjugar as pessoas de todos os
homens que puder, durante o tempo necessário para chegar ao
momento em que não veja nenhum outro poder suficientemente
grande o ameaçar. E isto não é mais do que sua própria conservação
exige e geralmente se aceita. E porque alguns se comprazem em
contemplar o próprio poder em atos de conquista levados muito além
do que a sua segurança exige, outros que, em circunstâncias
distintas, se contentariam em se manter tranquilamente dentro de
modestos limites, caso não aumentassem o seu poder por meio de
invasões, não seriam capazes de subsistir durante muito tempo, se
apenas se pusessem em atitude de defesa. Consequentemente,
deve-se concede a todos esse aumento do domínio sobre os homens
pois é necessário para a conservação de cada um. (Hobbes, 2003,
pág. 108)
As lutas sociais da Idade Moderna dado ao seu cenário histórico-social, eram
mais lutas por poder político, por interesses individuais e egoísmo. Axel Honneth
assim como Hegel, procura analisar esse modelo de sociedade e o seu conceito de
luta social, e assim fazer uma reconstrução desse modelo procurando ter a
presentificação na sociedade contemporânea na qual o reconhecimento
intersubjetivo é o elemento fundamental dos conflitos sociais.
Axel Honneth aponta em Luta por Reconhecimento que Hegel discorre sobre
atitude “áetica”, atitude essa que são disposições egocêntricas ou modelo de política
singular, este sujeito isolado e dono de suas vontades 4 para viver em uma
“comunidade de homens” tem que reprimir essas vontades para assim aprender a
conviver com “outros estranhos”, Hegel fala que para isso esse indivíduo tem que
tomar atitudes éticas:
[...]. Em princípio não se procedem diferentemente os enfoques da
tradição do direito natural que Hegel designa como “formal”, visto que
eles tomam seu ponto de partida, no lugar das definições acerca da
natureza humana, num conceito transcendental de razão prática; em
tais teorias, representadas sobre tudo por Kant e Fichte, as
premissas atomísticas dão-se a conhecer no fato de as ações éticas
em geral só poderem ser pensadas na qualidade de resultado de
operações racionais, purificadas de todas as inclinações humanas;
também aqui a natureza do homem é representada como uma
coleção de disposições egocêntricas ou, como diz Hegel, “aéticas”,
que o sujeito primeiro tem que reprimir em si antes de poder tomar
atitudes éticas, isto é, atitudes que fomentam a comunidade. [...].
Para Hegel, resulta daí a consequência de que no direto natural
moderno, uma “comunidade de homens” só pode ser pensada
segundo um modelo abstrato dos “muitos associados”, isto é, uma
concentração de sujeitos individuais isolados, mas não segundo o
modelo de uma unidade ética de todos. (HONNETH, 2009, p. 39- 40)

De acordo com o nosso autor, Hegel tem um conceito de sociedade


normativa, uma sociedade ética a qual em seu primeiro momento seus indivíduos
poderiam exercer uma “liberdade universal e individual”, ou seja, pode se realizar em
sua liberdade na esfera particular do indivíduo, mesmo se não tendo a liberdade na
vida pública. Em seu segundo momento Hegel afirma que os indivíduos no interior
de sua sociedade através da comunicação e seus costumes conseguem na
coletividade e nas instituições exercer sua liberdade mais ampliada, mostrando
assim que o indivíduo isolado não consegue exercer sua liberdade. Para Hegel o

4
Segundo Hegel uma das fases do desenvolvimento da ideia da vontade livre em si e para si, a
vontade é: imediata. O seu conceito é portanto abstrato: a personalidade; e a sua existência empírica
é uma coisa exterior imediata, é o domínio do direito abstrato ou formal; (Hegel, 1997, p. 35, § 33)
reconhecimento intersubjetivo seria uma ação recíproca entre indivíduos, o qual
seria algo fundamental para a socialização humana.
A seguir discorrerei sobre o reconhecimento intersubjetivo em suas esferas,
as quais se desenvolvem nas instituições tais como: família, Estado e sociedade.

2.2 As Três Esferas do Reconhecimento

Em Luta por Reconhecimento Axel Honneth apresenta três esferas de


reconhecimento próprios das sociedades contemporâneas. Aqui se desenvolve as
relações do indivíduo, o qual exercita suas “vontades”, e aqui ele é capaz de
aprender a desenvolver sua “consciência de agir” no campo familiar, sexual, do
trabalho e do social. Nestas esferas do reconhecimento intersubjetivo, a evolução do
individuo começa na sua capacidade de ser autoconfiante aprendendo a reconhecer
a necessidade o outro em si mesmo; se autorrealizar se sentindo capaz de se
satisfazer com sua própria potencialidade e se autodeterminar tendo a capacidade
de decidir por si mesmo a escolha do próprio destino.
Então podemos ver na obra Luta por Reconhecimento que Axel Honneth faz
uma leitura apurada da sociedade contemporânea, mostrando que através das
esferas do reconhecimento intersubjetivo o indivíduo por meio de sua capacidade
cognitiva consegue construir uma consciência normativa, em que ele se reconhece
não só si mesmo, mas também o outro em sua totalidade (Cf. Honneth, 2009, p. 63),
com isso há de ocorrer os conflitos ou luta por reconhecimento, esses conflitos
perduram até cada individuo possa reconhecer que assim como ele, o outro também
5
possui em sua singularidade desejos e vontades, assim como ele.
De acordo com Axel Honneth, Hegel tem como interpretação de luta por
reconhecimento, uma “luta de vida e morte”, porém não em um sentido literal, mas
sim, em um sentido figurado, pois o não reconhecimento faz com que fira a
liberdade individual, e ou até mesmo uma ameaça a direitos. Como podemos
conferir:
Uma primeira interpretação dessa espécie decorre da tese
desenvolvida por Andréas Wildt, segundo a qual Hegel não fala aqui
da “luta de vida e morte” num sentido literal, mas somente figurado; a

5
A construção deste tópico é furto do meu projeto de iniciação cientifica relatório PIBIC 2017/18 sob o
titulo “Liberdade e Justiça na obra ‘O Direito da Liberdade’ de Axel Honneth”, sob a orientação do
Profº Dr. Fernando Danner.
metáfora drástica refere-se àqueles momentos de uma “ameaça”
existencial, nos quais um sujeito tem de constatar que uma vida
plena de sentido só lhe é possível no “contexto do reconhecimento
de direitos e deveres”. (Honneht, 2009, p. 93)

Para Axel Honneth é nas esferas do reconhecimento intersubjetivo, bem como


na luta por reconhecimento, que o sujeito social se desenvolve sua autoconsciência,
e que ele só começa reconhecer a vontade do outro, quando ele passa a ter a
capacidade de refletir e de agir de forma consciente, reconhecendo em si mesmo a
necessidade do outro em sua totalidade. É nesse ato de intersubjetividade que o
filosofo alemão defende sua ideia de luta por reconhecimento, que é motivada por
situações de desrespeito mútuo de algumas pretensões individuais que, por sua vez,
gera um conflito e/ou uma reconciliação entre as partes.

2.2.1 O amor e a relação de interdependência do indivíduo.

A primeira esfera do reconhecimento é o amor. Nesta esfera está


representada pela carência do indivíduo tanto na esfera familiar, quanto na amizade,
mas a principio ire exemplificar a relação simbiótica de mãe e filho, pois segundo
Axel Honneth para Hegel  o filho seria o ápice do amor entre um homem e uma
mulher  assim seria o retrato de uma família burguesa, formada pelo pai, mãe e
filho: “ Hegel, neste ponto totalmente teórico clássico da família burguesa, considera
o filho a corporificação máxima do amor entre o homem e a mulher: ‘Nele, eles
intuem o amor; (ele é) sua unidade consciente de si enquanto consciente de si’”
(Honneth, 2009, p. 81); e posteriormente irei abordar as relações tais como:
amizade, casamento, sexualidade e etc.
Existem diversas relações de reconhecimento na esfera do amor e amizade,
mas a relação mãe e filho é uma que para Axel Honneth seria o ponto de partida do
reconhecimento intersubjetivo, pois essa relação mostra há dependência total do
filho para com sua mãe e, da mesma maneira, desta para com àquele, sendo assim
uma relação simbiótica, relação de interdependência desses indivíduos ou
“dependência absoluta”, e o não reconhecimento faz com que haja um conflito de
interesses entre os dois causando dificuldades no relacionamento de ambos. Para
nosso autor, nesse relacionamento, quando ocorre uma “quebra”, o filho, por instinto,
se sente desprezado e começa a agir de forma agressiva para com a mãe; com o
passar do tempo, tanto filho como a mãe vão reconhecendo que cada um tem sua
necessidade individual, ou seja, passa de uma “dependência absoluta”, para uma
“dependência relativa”.
[...]. Para Hegel, o amor representa a primeira etapa de
reconhecimento recíproco, porque em sua efetivação os sujeitos se
confirmam mutuamente na natureza concreta de suas carências,
reconhecendo-se assim como seres carentes: na experiência
recíproca da dedicação amorosa, dois sujeitos se sabem unidos de
fato de serem dependentes, em seu estado carencial, do respectivo
outro. Além disso, visto que a carência e afetos só podem de certo
modo receber, “confirmação” porque são diretamente satisfeitos ou
correspondidos, o próprio reconhecimento deve possuir aqui o
caráter de assentimento e encorajamento afetivo; nesse sentido,
essa relação de reconhecimento está também ligada de maneira
necessária à existência corporal dos outros concretos, os quais
demosntram entre si sentimentos de estima especial. [...](Honneht,
2009, p. 160)

Para Axel Honneth, nesta primeira esfera de reconhecimento se estabelece


uma relação de autoconfiança, isto é, o indivíduo torna-se capaz de confiar em si
mesmo, deixando de ser dependente, nela faz com que o indivíduo tenha sua
primeira experiência de reconhecimento recíproco, pois é através da carência que
ele pode se reconhecer no outro, através da afetividade e da relação interpessoal,
podendo satisfazer suas necessidades e a do outro.
O filosofo frankfurtiano afirma também que o conceito de amor não está
somente assentado na concepção romântica, intima e ou sexual entre dois parceiros
ou mesmo de pais e filhos, mas sim, todas as relações primárias de ligações
emotivas entre poucas pessoas (Cf.Honneth, 2009, p. 159), assim ampliando a ideia
de amor para Hegel, não sendo somente aquelas relações entre homem e mulher, e
ou pais/fllhos, mas também a relação de amizade, a qual pode também trazer uma
carência de um amigo para com o outro em uma ligação afetiva.

2.2.2 A esfera do direito e a autorrealização da pessoa.

A segunda esfera de reconhecimento é o direito. Esta esfera está


fundamentada na autonomia formal da pessoa em uma relação positiva de direito. É
nesta esfera que se motiva a autorrealização da pessoa, dado que, para isso a
pessoa tem de reconhecer a relação de direito com a sociedade civil, e vice-versa,
permite que ela tenha uma segurança normativa de seu papel como cidadão seja
respeitado em sua própria particularidade, ou seja, independentemente de suas
condições sociais.
Na sociedade civil que o indivíduo passa a se reconhecer e ser reconhecido
como pessoa que têm direitos e deveres, assim podendo melhor reconhecer-se-no-
outro.
Segundo o nosso autor conduz que a esfera do direito está pautada na
autorrealização na pessoa de direito, a qual procura sua formação de sua
identidade, ou seja, o seu “Eu”. Axel Honneth procura mostrar que o sujeito
individual começa a se desenvolver e assim, começa a interagir socialmente de
forma mais reativa e espontânea, e este sujeito social se desperta e se ver não
apenas como individuo, mas como também, uma pessoal a qual têm direitos e
deveres dentro de sua comunidade, ele é um autor ativo daquele meio.
[...]. A experiência de ser reconhecido pelos membros da coletividade
como pessoa de direito significa para o sujeito individual pode adotar
em relação a si mesmo uma atitude positiva; pois, inversamente,
aqueles lhe conferem, pelo fato de saberem-se obrigados a respeitar
seus direitos, as propriedades de um ator moralmente imputável.
Porém, uma vez que o sujeito partilha necessariamente as
capacidades vinculadas a isso como todos os seus cidadãos, ele não
pode se referir positivamente ainda, como pessoa de direito, àquelas
propriedades suas em que ele se distingue justamente de seus
parceiros de interação; para tanto se precisaria de uma forma de
reconhecimento mútuo que propiciasse confirmação a cada um não
apenas como membro de uma coletividade, mas também como
sujeito biograficamente individuado. Mead coincide com Hegel
também na constatação de que a relação jurídica de reconhecimento
é ainda incompleta se não puder expressar positivamente as
diferenças individuais entre os cidadãos de uma coletividade.
(Honneth, 2009, p. 139)

A interação social do individuo faz com que ele desenvolva o seu “Eu”,
fazendo com que comece a reconhecer a particularidade do outro, bem como a sua
mesma.
Esse desenvolvimento faz com que o “Eu” esteja mais ligado à singularidade
do individuo e suas vontades, entre em conflito quando esse mesmo indivíduo
começa a viver em comunidade e sua globalização de vontades, então ele tem que
começa a interagir e compreende que o seu “Eu” e a penas mais um, e isso faz
entender e assim progrida seu “Eu” para o “Me” mais preocupado com o
desenvolvimento social.
Essa passagem do “Eu” singular para o “Me” particular, faz com que o
indivíduo não pense apenas em si mesmo, e consequentemente, passe a ter outros
interesses e procure novas formas de reconhecimento, por exemplo, nossa
sociedade a inda tem uma ideia de que a família é um retrato da família burguesa
tradicional, mas na atualidade temos famílias formadas e comandadas apenas pela
mãe e os filhos, outra forma de família é a formada por casais homossexuais as
quais adotam seus filhos e etc. Axel Honneth chama esse tipo de família de “colcha
de retalho”, termo esse que irei abordar melhor no Capítulo 3 dessa monografia, pois
está contido na obra O Direito da Liberdade, essas famílias devem ser reconhecidas
apesar de termos um “ideal” de família, o que ligam elas são primeiramente o amor;
e como não podemos esquecer que essas famílias devem ser respeitadas como tal
e sua dignidade assegurada não só pelo Estado, mas também pela Sociedade civil.
Isso não seria um reconhecimento de direto? Isso não seria reconhecer-se-no-outro?
O Conceito ético de “outro generalizado”, ao qual Mead teria
chegado se tivesse considerado as antecipações idealizadoras do
sujeito da autorrealização que se sabe sem reconhecimento, partilha
com a concepção de eticidade de Hegel as mesmas tarefas: nomear
uma relação uma relação de reconhecimento recíproco na qual todo
sujeito pode saber-se confirmando como pessoa que se distingue de
todas as outras por propriedades ou capacidades particulares.
(Honneth, 2009, p. 149)

Talvez essa seja a teoria normativa que tanto Axel Honneth e outros
comunitaristas propõem como forma de reconhecimento intersubjetivo, se ver no
outro, aprender que nossa individualidade seja respeitada, mas que também
possamos aprender a respeitar os indivíduos em suas singularidades e em suas
particularidades.

2.2.3 A solidariedade e a autodeterminação do sujeito.

Completado as esferas do reconhecimento intersubjetivo, temos a terceira e


última esfera de reconhecimento que é a solidariedade. Nesta esfera, a
solidariedade ajuda o indivíduo a alcançar sua autodeterminação; em outras
palavras, é quando o indivíduo, mesmo fazendo parte de uma sociedade, tem a
capacidade e a autonomia necessária para decidir seus atos para consigo mesmo.
Como visto nos subtítulos anteriores o indivíduo coloca em prática a ideia de
relações solidárias que envolvem o amor e o direito na práxi social; além disso,
acaba por reconhecer que cada indivíduo da sua sociedade tem os seus próprios
interesses primários (o respeito e a dignidade), que devem ser respeitados sob pena
de surgirem patologias sociais gravíssimas, como a pobreza, a discriminação, a
miséria, a desigualdade social etc. A noção de solidariedade de Hegel segundo Axel
Honneth:
Certamente, “Solidariedade” não é apenas um título possível para
relação intersubjetiva que Hegel tentou designar como conceito de
“intuição recíproca”; por si mesma, ela se apresenta como uma
síntese dos dois modos precedentes de reconhecimento, porque
partilha com o “direito” o ponto de vista cognitivo do tratamento igual
universal, mas com o “amor”, o aspecto do vinculo de assistência.
Hegel entende por “eticidade”, na medida em que não se rendeu
ainda a uma versão substancialista do conceito, o gênero de relação
social que surgue quando o amor, sob pressão cognitiva do direito,
se purifica, constituindo-se em uma solidariedade universal entre os
membros de uma coletividade; visto que nessa atitude todo sujeito
pode respeitar o outro em sua particularidade individual, efetua-se
nela a forma mais exigente de reconhecimento recíproco. (Honneth,
2009, p. 153-154)

Axel Honneth conduz que o reconhecimento recíproco apesar do indivíduo ter


conquistado sua autorrealização, ele por si só reconhece que precisa se
autodeterminar no processo da vida social. Esse indivíduo não está mais somente
se reconhecendo nas relações primárias, mais sim, em relações mais complexas
tais como relações jurídicas, ou seja, deixa de ser apenas um indivíduo e é
reconhecido como sujeito social, um ser social e livre.
O reconhecimento da solidariedade faz com que o sujeito social
apesar de ser um indivíduo singular e pessoa em sua particularidade,
ele é também universal, pois é através dessa universalidade que
esse sujeito reconhece de forma reflexiva que os outros também
possuem suas vontades singulares, que numa sociedade normativa
todos temos múltiplos deveres e direitos dentro dessa estrutura
social (Cf. Honneth, 2009, p. 183 - 185).

A ideia normativa de solidariedade não se dá somente de que o cidadão de


uma comunidade tem direitos e deveres iguais, mas também, que ele é um membro
de igual valor no processo político, sem discriminação de gênero, etnia, poder
econômico e etc., podendo assim haver privilégios e exceções.
Dessa forma, as três esferas o reconhecimento giram em torno da ideia de
intersubjetividade, isto é, o indivíduo começa a ter a propensão de refletir e de agir
através de sua consciência absoluta, reconhecendo em si mesmo as necessidades
do outro em sua totalidade. É nesse ato de intersubjetividade que Axel Honneth
defende sua ideia de luta por reconhecimento, que é motivada por situações de
desrespeito mútuo de algumas pretensões individuais que, por sua vez, gera um
conflito e/ou uma reconciliação entre as partes.
2.2.4 O desrespeito da dignidade da pessoa humana

Vimos no subtítulo anterior, a formação do indivíduo desde sua libertação da


carência como indivíduo singular, passando pelo reconhecimento jurídico de pessoa
em sua particularidade até sua autodeterminação como sujeito social. Claro que só
podemos ter essa sociedade normativa se ela for justa e ética, caso contrários esse
reconhecimento intersubjetivo não ocorrerá, causando danos não somente ao
indivíduo, mas também a sociedade em geral. Nela ocorrerão patologias sócias tais
como violência, fome, pobreza, violações de direitos e etc.
Não sei se será adequado trazer a filosofia de Axel Honnteh para o contexto
social brasileiro em sua contemporaneidade, mas vou tentar como diz o autor, usar
da práxi social. O filosofo alemão mostra no capitulo 6 “identidade pessoal e
desrespeito: violação, privação de direitos, degradação”; nele ele mostra como uma
sociedade injusta trata seus indivíduos, na qual as “ofensas” e o “rebaixamentos”
são características peculiares, ou seja, impera o “desrespeito”, ou melhor o não
reconhecimento.
Ora, é visível que tudo o que é designado na língua corrente como
“desrespeito” ou “ofensa” pode abranger diversos de profundidade na
lesão psíquica de um sujeito: por exemplo, entre o rebaixamento
palpável ligado à denegação de direitos básicos elementares e a
humilhação sutil que acompanha a alusão pública ao insucesso de
uma pessoa, existe uma diferença categorial que ameaça perde-se
de vista no emprego de uma das expressões. Em contrapartida, a
circunstância de que pudermos efetuar graduações sistemáticas
também no conceito complementário de “reconhecimento” já aponta
para as diferenças internas existentes entre algumas formas de
desrespeito. [...] (Honneth, 2009, p.214)

Portanto esse desrespeito faz com que haja a luta por reconhecimento, claro
que o autor diz que o reconhecimento é algo natural do ser humano, pois ele
desenvolve isso desde seu nascimento e mediante a uma socialização do individuo
através de suas experiências.
Na sociedade civil brasileira está ainda escancarado que ela é ainda uma
sociedade injusta, individualista e heterônoma. O indivíduo parece ainda não ter sua
identidade própria, não se reconhece a si mesmo quanto mais reconhecer o outro.
Temos diversos casos no qual a mulher é vista somente como objeto para seu
companheiro, para ele, ela não possui vontade alguma e tem que se totalmente
submissa à vontade do parceiro, e isso e uma das causa da violência contra as
mulheres. Outros grupos que lutam por seu reconhecimento diuturnamente, são os
grupos GLBT’s e os kilombolas, os quais apesar da sociedade retrógoda, vêm
conquistando seus espaços e diretos paulatinamente.
A luta pela integração a sociedade desses grupos é grande, são pessoas que
tem suas identidades, e querem preservá-las, querem ser reconhecidas em seus
direitos e liberdade, querem a garantia da “dignidade” e “respeito” as suas
individualidades. São seres singulares, que como os demais têm direito de realizar
suas vontades.
Axel Honneth contempla uma sociedade normativa, na qual esses indivíduos
citados acima, bem como os demais, terão seus direitos e deveres resguardados em
sua plenitude, e a luta pelo reconhecimento é que tornará a sociedade mais justa e
solidária.
3 AS QUESTÕES DO RECONHECIMENTO NA SOCIEDADE EM AXEL
HONNETH

No capítulo anterior podemos observar e evolução normativa do indivíduo nas


relações intersubjetivas nas esferas do reconhecimento, no qual ele procura um
reconhecimento recíproco, ou seja, a busca de sua autoconfiança, autorrealização e
da autodeterminação, e de uma vida boa pautada na consciência de que todos têm
sua vontade livre, visto que, ela é concebida em uma ordem social justa, a qual
permite que seus indivíduos tenham o direito de expressar sua própria liberdade.
Na obra Sofrimento de indeterminação Axel Honneth procura reatualizar a
filosofia do direito do jovem Hegel, o qual procura na sua filosofia prática do “espírito
objetivo” e na “eticidade” fundamentar os princípios normativos de uma sociedade
justa e uma ideia de vontade livre universal.

3.1 Realização da liberdade individual

Em Sofrimento por indeterminação Axel Honneth conduzirá sua teoria


normativa na esfera do direito e na autorrealização do sujeito com base na eticidade
para sua construção social, propondo também a construção de um conceito de
justiça e liberdade nessa esfera do reconhecimento intersubjetivo e seus valores
comunitários. Para o filósofo frankfurtiano reconstruir a filosofia do direito de Hegel é
melhorar a discussão da filosofia política contemporânea, reatualizando aquilo que
foi abandonado por outros pensadores devido a vários preconceitos:
[...]. O que se convencionou como primeiro preconceito frente à
Filosofia do direito de Hegel exprime-se na afirmação que a obra traz
consigo, voluntária ou involuntariamente, consequências
antidemocráticas, uma vez que os direitos de liberdade individual são
subordinados à autoridade ética do Estado; [...]. A segunda reserva,
que impede hoje aquele discurso atualizador da Filosofia do direito,
possui antes um caráter metodológico e relaciona-se com a estrutura
de argumentação do texto como um todo; os passos de
fundamentação desenvolvido por Hegel, objeta-se, só podem se
adequadamente reconstruído e avaliados se forem referidos às
partes correspondentes a sua “Lógica”, mas que entretanto se tornou
completamente incompreensível em razão do seu conceito
ontológico de espírito; [...]. (Honneth, 2007, p. 48-49)

Segundo Axel Honneth essas objeções acima foram apenas políticas, para
ele Hegel ao afirmar que a autonomia do indivíduo está subordinada a autoridade
ética do Estado, apenas o conceito de Estado talvez não fosse muito adequado para
nossa atualidade, pois dá a conotação de um Estado burguês, poderíamos dizer que
no Estado democrático de direito seria a esfera mais adequada para ao
desenvolvimento da liberdade individual, pois é nele que temos um contexto ético-
político mais abrangente e sua pluralidade étnica. Axel Honneth procura em sua
teoria normativa de reconhecimento que todos os cidadãos sejam autônomos na sua
individualidade, porém ele só realiza essa autonomia plena na sociedade civil.
Nosso autor procura na filosofia do direito de Hegel fundamentar a filosofia
política atual, principalmente na ideia de uma vontade livre universal que se
desenvolve na esfera do direito, a qual quer garantir condições para que seus
indivíduos tenham sua autorrealização, ou podemos dizer que todos devem ter a
possibilidade da realização de sua liberdade individual.
Para Axel Honneth a filosofia do direito de Hegel mostra que o espírito
objetivo está pautado na ideia de liberdade individual e direito racional em quatro
premissas, a saber:
[...] primeiramente, em razão do fato de os sujeitos já se encontrarem
constantemente ligados em relações intersubjetivas, uma tal
justificação dos princípios universais de justiça não deve partir da
representação atomista [...]. Decorreu disso em segundo lugar, o
objetivo, [...] como justificação daquelas condições sociais sob as
quais os sujeitos podem ver reciprocamente na liberdade do outro
um pressuposto de sua auto-realização individual. [...] em terceiro
lugar, [...] princípios normativos de liberdade comunicativa na
sociedade moderna, não devem estar ancorados em preceitos
externos voltados para o comportamento ou em meras leis de
coerção [...]; e finalmente, em quarto lugar [...] que uma tal cultura de
uma liberdade comunicativa denominada de “eticidade” teria que
poder ser previsto um espaço essencial para aquelas esferas sociais
de ação nas quais os sujeitos, sob condições do mercado capitalista,
pudessem perseguir reciprocamente seus interesses egoístas.
(Honneth, 2007, p. 54-55)

Como dito, segundo Axel Honneth, Hegel mostra que o indivíduo apesar de
desenvolver sua vontade livre, ele só irá se realizar de forma mais plena, na medida
em que sua ação livre resultar numa autodeterminação racional, a qual ele porá em
prática na sociedade.
De acordo com a filosofia do direito o “espírito objetivo” tem como
competência de poder saber que é necessário a reconstrução da autorreflexão do
que acontece nas instituições e nas práticas sócias, aos olhos de Axel Honneth a
sua interpretação da filosofia hegeliana, o espírito objetivo reconstrói
sistematicamente tudo que é necessário para realizar a vontade livre de cada um de
seus indivíduos, ou como podemos chamar “vontade livre universal”.
A vontade livre seria também uma ação reflexiva por parte do indivíduo, que
pode se autodeterminar, e assim se satisfazer sua vontade através de uma reflexão
em si mesmo podendo dessa forma se reconhecer no outro em si mesmo.
Também na teoria hegeliana na Filosofia do direito Axel Honneth a existência
de uma vontade livre está ligada às relações comunicativa, no qual o sujeito
individualmente tem sua liberdade própria, isso faz com sua capacidade de se
relacionar com os demais membros de sua sociedade e capacitando melhor para
participar de forma igual nas discussões sociais, e assim proporcionando uma
autorrealização pessoal nas esferas do reconhecimento intersubjetivo.

3.2 O sofrimento e a libertação

As questões da liberdade parte da compreensão que nos encontramos


relações sociais que temos por princípio direito e dever a que devem ser
observados. Entretanto o indivíduo para Hegel a libertação tem o seguinte
significado:
Nesse duplo significado da expressão “libertação”  a qual indica ao
mesmo tanto negativamente o desvincular de duas perspectiva que
restringem a liberdade e são altamente unilaterais, como também
positivamente o volta-se para a liberdade real (eticidade) deve ser
reconhecida pela primeira vez em todo o volume a função terapêutica
que Hegel procurou atribuir à sua doutrina da eticidade. Em sua
Filosofia do direito, Hegel desenvolveu em referência à compreensão
moderna da liberdade um procedimento com o qual desde
Wittigenstein também na filosofia se empregou o conceito “terapia”:
partindo da verificação de um “sofrimento” determinado no mundo da
vida social, segue-se primeiramente que esse “sofrimento” é o
resultado de uma perspectiva equivocada derivada de uma confusão
filosófica que visa apresentar então a proposta terapêutica de uma
mudança de perspectiva que consistisse na recuperação de uma
familiaridade com o conteúdo racional de nossa práxis da vida.
(Honneth, 2007, p. 99-100)

Em Sofrimento de indeterminação Axel Honneth procura abordar o conceito


de “sofrimento” e “libertação” para Hegel, seria algo como se libertar de um
sofrimento “[...] em uma teoria da justiça como conceito de ‘libertação’: a eticidade
liberta-se de uma patologia social, na medida em que cria igualmente para todos os
membros da sociedade as condições de uma realização da liberdade” (Honneth,
2007, p. 106).
De acordo com Axel Honneth esse conceito de libertação está ligado no
conceito de eticidade para Hegel, é compreendida na forma negativa e positiva de
liberdade, pois o indivíduo só pode se desprender desse sofrimento por
indeterminação quando ele tiver a possibilidade de se autorrealizar, assim
conseguido também se autodeterminar. Podendo assim, afirmar sua vontade livre,
como conduz Axel Honneth em Patologia de la libertad, no qual fala sobre o reino da
liberdade realizada:
Considerando que, como o próprio Hegel diz no § 4: "a base do [...]
direito é a vontade, que é livre, de uma maneira que [o sistema
[legal]] é o domínio da liberdade realizada". Com esta expressão,
Hegel já revela que ele quer algo mais que uma mera determinação
ou a proteção ou a garantia da liberdade individual; o sistema do
direito deveria antes ser um reinado, no qual a liberdade dos
indivíduos pode ser realizada, de tal forma que tenha que incluir
determinações ou elementos públicos que possam valer como
objetivos dessa auto-realização livre. (Honneth, 2016, p.30)6

Vemos então que é na vida pública que o indivíduo pode alcançar sua
libertação do sofrimento e realiza sua vontade livre, pois é através das relações
intersubjetivas que o sujeito social reconhece o outro em si mesmo. Com isso Axel
Honneth opõe-se ao pensamento atomista individual do pensador estadunidense
John Rawls que em sua obra Uma Teoria da Justiça, que ele afirma que o caminho
a ser desenvolvido pela sociedade partiria de dois princípios que seriam: o primeiro
princípio é que todos os indivíduos que fazem parte dessa sociedade teriam direito a
liberdade mais ampla possível, esse princípio chama-se de princípio de liberdades
iguais; outro princípio é o princípio da igualdade, John Rawls vai afirmar que existem
desigualdades inevitáveis numa sociedade, entretanto ela pode ser amenizada de
uma forma que promova a equidade de oportunidade que aqui ele chamará de
princípio de justiça igualdade e oportunidade e também para estreitar essas
diferenças ele conduz que os membros menos privilegiados dessa sociedade têm
que ter o máximo de benefícios que outros membros mais privilegiados, assim
6
En tanto que, como el mismo Hegel dice en el §4: la base del derecho […] es la voluntad, que es
libre, detal manera que […] [el sistema jurídico] es el reino da libertad realizada . Con esta
expresión, Hegel ya da conocer que quiere algo más que una mera determinación o de la protección
o de la garantía de la libertad individual; el sistema del derecho debe más bien un reino , en el
que pueda realizarse la libertad de los individuos, de tal manera que tenga que incluir
determinaciones o elementos públicos que puedan valer como metas de esa autorrealización libre. .
(Honneth, 2016, p. 30; trad. minha)
podendo ter uma sociedade mais equitativa, além disso, John Rawls afirma que o
princípio da igualdade jamais deve se sobre por sobre o princípio da liberdade.
Essa diferença do pensamento do pensador estadunidense que se preocupa
com o indivíduo e a realização de boa vida, que através de sua individualidade vai
elaborar sua questão de justiça, já Axel Honneth está focado mais na questão da
vida boa de todos os indivíduos na sociedade, e sua vontade livre através da
eticidade e do reconhecimento intersubjetivo, como ele explica:

Se a realização da liberdade individual está ligada à condição de


interação, uma vez que os sujeitos somente podem se experienciar
como livres em suas limitações em face de outro humano, então
deve valer para toda a esfera da eticidade o fator de ter de residir nas
práticas de interação intersubjetiva; aquelas possibilidades de auto-
realização individual, que essa esfera pôs à disposição, devem ser
compostas em certa medida pelas formas de comunicação nas quais
os sujeitos podem ver reciprocamente no outro uma condição de sua
própria liberdade. (Honneth, 2007, p. 107).

O reconhecimento intersubjetivo de Axel Honneth necessita primordialmente


da consciência humana, pois é através dela que o indivíduo pode bem se relacionar
com a sociedade, ou seja, ter uma boa interação social para poder começar a
libertar do sofrimento em que vive. Para Honneth esse lado prático do
reconhecimento está ligado sobre o comportamento do indivíduo na sociedade, pois
ele interagindo na sociedade faz com que perceba que suas ações possam
determinar o tratamento intersubjetivo. Entretanto há diversas coisas que constrói o
reconhecimento além da consciência humana, ela apesar de ser primordial, é
apenas um dos elementos da construção do reconhecimento intersubjetivo.
Segundo Axel Honneth, Hegel diz que o indivíduo só é digno do
reconhecimento intersubjetivo quando ele mesmo se faz reconhecer o que vale (C.f.
Honneth, 2007, p. 108), assim esse comportamento o faz ficar consciente do seu
relacionamento com o outro.
A expressão “comportamento”, utilizada aqui, esclarece a tentativa de
Hegel ao empregar adicionalmente no mesmo lugar o conceito de
“tratamento”: reconhecer-se reciprocamente não significa somente se
relacionar-se com o outro numa atitude determinada de aceitação,
mas implica também, e sobretudo, comportar-se diante do outro de
um modo que exija moralmente a forma correspondente de
reconhecimento. (Honneth, 2007, p.108)
As atitudes de eticidade do indivíduo podem fazer gradualmente ser
reconhecido reciprocamente, mas também, podemos colocar na construção na
esfera da ética do reconhecimento intersubjetivo, além da questão de ser “digno”,
além do que, têm as questões do dever, pois ele será o próximo passo da ação
intersubjetiva de reconhecimento, deveres esses que para Hegel tem como efeito
libertador para indivíduo e uma ferramenta para uma melhor interação social
possibilitando com que o indivíduo possa alcançar a autorrealização. Axel Honneth
diz que para Hegel o dever seria algo vazio, então deveria ser preenchido por uma
determinação ética:
[...] A conexão esboçada desse modo salta aos olhos logo que são
consumadas as modificações conceituais que Hegel efetua diante a
ideia kantiana de “dever”: o quanto em Kant, tal como se lê
novamente no §148, o “dever” representa um “princípio vazio da
subjetividade moral”, na Filosofia do direito “as determinações éticas”
[devem] se apresentar como relações necessárias”; isso dispensa,
continua Hegel, ter de acrescentar a cada determinação ética a
conclusão de que “assim essa determinação é um dever para os
homens”. (Honneth, 2007, 110-111)

As relações intersubjetivas de reconhecimento seguem os deveres morais


segundo a interpretação de Axel Honneth da filosofia hegeliana, algo como uma
ação social que se prende a algumas normas obrigatórias, ou seja, seguir uma
doutrina do dever.

3.3 A doutrina do dever ético e o reconhecimento intersubjetivo

No subtítulo 2.2.2 do capítulo anterior desta monografia abordamos o


reconhecimento intersubjetivo na esfera do direito que estava fundamentada na
autonomia formal da pessoa e buscando a autorrealização, aqui tentaremos abordar
de uma forma mais voltada para explicar como a “doutrina do dever ético” possibilita
através da reflexão conseguir essa autorrealização tanto almejada de forma
normativa de reconhecimento intersubjetivo nessa esfera que é o direito.
Se nessas determinações incluirmos ainda a reflexão que antes
havia valido em referência à necessidade de possibilitar a auto-
realização, então já surge um quadro relativamente completo de
pressuposto que a esfera da eticidade tem de poder cumprir. Hegel
parece estar convencido de que só podemos falar de estruturas
éticas, de relações éticas da vida, onde são dadas ao menos as
seguintes condições: deve ter um padrão de práticas intersubjetivas
que possibilite aos sujeitos se realizarem na medida em que se
relacionam mutuamente, de modo a expressar reconhecimento por
meio de sua consideração moral. (Honneth, 2007, p. 112)

Aqui Axel Honneth conduz que a autorrealização do sujeito dar-se


primeiramente nas relações intersubjetivas através de suas experiências da
liberdade individual e na reflexão que ele faz consigo mesmo, ou como nosso autor
denomina de experiência do “ser-consigo-mesmo”, pois esse sujeito é livre de
quaisquer coerções externas para que ele possa realizar sua vontade livre.
O filosofo alemão diz que Hegel faz referência em seus escritos que o
indivíduo pode ser ajustado conforme sua formação, que ele através de um
processo de configuração moldando seu caráter, ou seja, uma socialização pela
eticidade o indivíduo tem sua construção de um sujeito social consciente dos
deveres e direitos.
Essa formação que é construída na esfera da eticidade nas práticas
intersubjetivas o indivíduo vai preenchendo e adquirindo através das experiências
recíprocas de reconhecimento intersubjetivo condições para alcançar a
autorrealização individual.
Podemos dizer que a filosofia de Axel Honneth através da reconstrução da
teoria social de Hegel nessa parte procura esclarecer que esse indivíduo tem que
conviver com diferentes vontades e saber que cada indivíduo que nem ele parte da
vontade singular que também quer ser realizada, e isso pode ocorrer como o próprio
Axel Honneth chama de luta por reconhecimento e se esse reconhecimento não for
efetivado isso pode causar mazelas sociais. Por isso um sujeito social esclarecido e
sua vontade pautada em suas ações éticas podem ajudar na construção de uma
sociedade mais ética, justa e livre como podemos ver:
[...]. Se a série das condições enumeradas em meras palavras-
chaves, então vale para a esfera da ética que ela que ela tem que
residir em práticas de interações interação que têm de poder garantir
a auto-realização individual, o reconhecimento recíproco e o
processo de formação correspondente; e entre as três afirmações
principais têm que existir nesse caso entrelaçamentos estreitos, no
momento em que Hegel parece estar convencido de que se
encontrar em si numa relação de condição recíproca. Ora o fato de
que já estamos em condições de reconstruir essa pretensão
normativa antes mesmo de toda prova de implementação da teoria
nos deve levar ao prejulgamento de que Hegel procederia em
seguida como um tipo de construtivismo moral; não é verdade que
ele esboça primeiramente uma série de princípios de justiça bem
fundamentados para depois se perguntar como têm de ser arranjada
as condições sociais de sua realização. (Honneth, 2007, p. 115)
Esse processo de construção social para Axel Honneth seria algo que daria
ao indivíduo a capacidade de reflexiva de agir pelo dever ético, isso faria com que as
patologias tais como alienação, anomia e reificação perdurasse na sociedade e
ameaçasse a autorrealização do sujeito e sua vontade livre, o que o incapacitaria de
reconhecer intersubjetivamente a vontade do outro. Será que poderíamos abrir um
parêntese aqui no escrito dessa monografia e poder imaginar (visto que Axel
Honneth apesar de propor uma teoria normativa, mas ela tem que ser algo que
possa se realizar na práxis social) nossos filósofos alemães analisando e tentando
por em prática a filosofia do reconhecimento intersubjetivo em nossa sociedade civil
brasileira, onde impera o pluralismo étnico, religioso, ideológico e etc.; sociedade
essa que o abismo social e a estratificação social mostram a abrupta diferença de
classes sociais e grupos sociais diversos. Mas vamos sair do devaneio e voltar à
análise da teoria do reconhecimento intersubjetivo de Axel Honneth.
O diagnóstico que a teoria crítica de Axel Honneth faz é uma crítica das
patologias sociais ditas anteriormente, patologia essas que prejudicam a formação
social normativa de uma sociedade, por isso o dever ético, o reconhecer o outro-em-
si-mesmo, são tijolos na construção social do indivíduo moderno, e porque não
podemos dizer também do sujeito social contemporâneo, através da ação ética e da
experiência do “ser-consigo-mesmo”.
Nosso autor diz que as relações sociais estão de uma forma tripartida onde
ela contempla as ações sociais na primeira esfera que é a “família” em sua
singularidade do indivíduo; na segunda esfera social que é a “sociedade civil” e sua
pluralidade da pessoa e a terceira esfera social que é o “Estado” na sua
universalidade do sujeito social.
[...] Entre a “família”, a “sociedade civil” e o “Estado” não deve haver
relações de nivelamento normativo, mas uma relação hierárquica; as
esferas individuais encontram-se aí dispostas ao longo de uma linha
ascendente para cuja escala deixam-se encontrar na Filosofia do
direito uma série de razões que podem ser mantidas sem referência
ao silogismo (Schlussformen) lógico. (Honneth, 2007, p. 117)

A família seria o ponto de partida para que o indivíduo possa a se relacionar


de forma ética, seja uma relação de amor ou amizade, segundo Axel Honneth para
Hegel seria uma forma de “eticidade na forma natural”, essa esfera trabalharia como
fosse uma inclusão, representa o primeiro local onde o indivíduo pode superar sua
carência, podemos exemplificar essa forma de relação pela amizade de um homem
e uma mulher, através da carência de ambos isso pode começar um relacionamento
de amizade que pode acarretar na união de ambos e transformar essa relação de
reconhecimento intersubjetivo em um casamento, dessa forma a singularidade de
um suprirá a singularidade do outro, podendo deste modo um se reconhecer no
outro, assim satisfazendo os seus impulsos individuais na relação sexual entre os
parceiros, que isso resulta na vinda de um filho vindo a formar uma pequena família.
Por essa razão, a família deve seu lugar como base elementar de
toda eticidade ao fato da relação à natureza da carência humana;
sem o reconhecimento intersubjetivo ao qual chegam as pulsões no
espaço interior da família, a formação de uma “segunda natureza”,
de um fundo socialmente partilhado em costumes e comportamentos,
não seria possível. (Honneth, 2007, pg. 118)

A partir da formação da família faz com que as relações éticas entre os


indivíduos passam a ser mais consolidadas nessa esfera de reconhecimento
intersubjetivo, o dever ético entre esses indivíduos passa ser um ponto primordial
para estabelecer outras relações intersubjetivas nas demais esferas.
Na esfera da sociedade civil que no sistema de Lógica de Hegel é aproxima
esfera de reconhecimento e do dever ético, que também está baseada no “sistema
de carência” podemos exemplificar com as relações de mercado, onde as relações
de trocas procuram suprir as carências que não podem ser supridas na esfera da
família, passando assim esse indivíduo fazer parte de uma comunidade
Hegel deixa-se conduzir pela ideia de que lá no âmbito da circulação
medida pelo mercado o sujeito se apresenta como pessoa de direito
individualizada, enquanto aqui, no espaço interior da família, existe
apenas como membro dependente de uma comunidade que não
escolheu. Trata-se, em outras palavras, de um nível superior de
individualização, de chances de realização de interesses
egocêntricos que, na visão da “sociedade civil” de Hegel,
proporcionam uma certa reflexividade diante dos espaços de
comunicação da família. [...]. Neste sentido, pode ser correto numa
primeira aproximação insistir na diferença entre satisfação de
interesses egoístas e de carências intersubjetivas como a diferença
central; além disso, esboçam-se também já as diferenças que ambas
as esferas residem simultaneamente no tipo de entrelaçamento entre
reconhecimento e auto-realização. (Honneth, 2007, p. 120)

Assim este indivíduo que vem de um reconhecimento na esfera da


singularidade suprindo sua carência no contexto familiar começa a ter um contato
com algo novo e passa a ter novas carências nas relações de mercado de trabalho,
desta forma ele pode desenvolver suas habilidades e capaz de se tornar útil a sua
sociedade, sendo dessa forma reconhecido e reconhecendo os demais membros
como cidadãos que têm direitos e deveres, deixando de ser um indivíduo
preocupado com seus desejos singulares, passando dessa forma a exercer funções
públicas despreocupado com sua carência natural de cunho privado, tornando assim
um membro da sociedade.
Axel Honneth diz que as relações da linha do reconhecimento intersubjetivo
“família” e “sociedade civil” buscam construir um sujeito que estará incluído dentro
de um “Estado”, o indivíduo de forma racional poderá desenvolver suas habilidades
possam ser empregadas em um benéfico universal, é nesta esfera que nosso autor
diz que o indivíduo realmente consegue se reconhecer como um sujeito social em
sua universalidade, aqui ele pode fazer uso de seus direitos e deveres, ou como
nosso autor diz, se autodeterminar.
Como vimos às relações de reconhecimentos em cada uma de suas esferas
tem como ligação uma necessidade de suprir uma carência, uma vez que na família
as relações entre as necessidades dos cônjuges ou pais e filhos, são dispostas
através de uma carência natural, ou a relação intima entre esses indivíduos que
confiam uns nos outros: “[...] amar uma outra pessoa significa comporta-se em face
desta tendo consciência de que eu sem ela ‘eu me’ sentiria insuficiente e incompleto
(§ 158, Adeno); (HONNETH, 2007, p. 125), na sociedade civil o reconhecimento
dar-se através das relações de mercado de trabalho podendo assim o indivíduo se
autorrealizar desenvolvendo sua autonomia tornando-se uma pessoa de direito
individualizado; no Estado a universalidade do sujeito social seus interesses
particulares não se sobre põem ao interesse coletivo, surgindo assim o conceito de
“liberdade pública”, no qual as relações políticas têm interesses da “vontade”
democrática.
4 As Três Concepções de Liberdade na obra o Direito ssa Liberdade de Axel
Honneth

Em Direito da Liberdade, Axel Honneth apresenta três conceitos de liberdade,


a saber: 1) liberdade negativa, isto é, “a ideia de liberdade do indivíduo consiste na
busca de seus próprios interesses sem que haja impedimentos ‘de fora’ repousa
numa arraigada intuição do individualismo moderno” (HONNETH, 2015, p.46), visto
que a liberdade se encontra diretamente ligada à autonomia do indivíduo, não
encontrando nenhuma força externa que o coaja, uma vez que ele é dono de sua
“vontade”; 2) liberdade reflexiva, isto é, “[...], na verdade a ideia de liberdade
reflexiva se estabelece, antes de tudo, somente pela relação do sujeito consigo
mesmo; segundo a ideia, é livre o indivíduo que consegue se relacionar consigo
mesmo de modo que em seu agir ele se deixe conduzir apenas por suas próprias
intenções” (HONNETH, 2015, p.58-59), que se apresenta quando a pessoa faz uso
de sua racionalidade para decidir o que é melhor para sua afirmação; neste conceito
de liberdade, a pessoa só pode ser considerada livre quando ela é capaz de
reconhecer em si próprio suas vontades, e; 3) liberdade social, isto é, [...] nessa
nova concepção da teoria do discurso da liberdade, “social” é a circunstância
segundo a qual determinada instituição de realidade social já não é considerada
mero aditivo, mas condição e meio para o exercício da liberdade” (HONNETH, 2015,
p. 81); esta concepção de liberdade se estabelece quando o sujeito faz uso do
exercício tanto de sua liberdade reflexiva como de sua liberdade negativa no âmbito
social, nas relações institucionalizadas, tais como nas relações de mercado, nas
relações familiares e nas relação com o Estado.
Axel Honneth afirma que os valores das sociedades liberal-democráticas
acabam se fundindo em um único valor, que é a liberdade (autonomia do indivíduo).
Para ele, cada esfera da nossa sociedade tende a ter uma noção de liberdade
individual de acordo com nossas experiências e, por isso, o conceito de justiça pode
se dividir em múltiplas esferas, procurando uma “maneira justa” de legitimar essa
liberdade em nossa sociedade contemporânea (Cf. Honneth, 2015, p.10). Axel
Honneth argumenta que uma teoria da justiça deve se preocupar em analisar a
sociedade de forma a procurar princípios puramente normativos, os quais possam
mensurar a legitimidade moral do ordenamento social.
A intenção de elaborar uma teoria da justiça como análise da
sociedade coincide com a primeira premissa, uma vez que a
reprodução das sociedades até hoje está ligada à condição de uma
orientação comum de ideias e valores basilares. Essas normas éticas
não apenas determinam ‘de cima’, sob a forma de ‘ultimate values’
(Parsons), quais medidas ou desenvolvimentos sociais podem ser
concebidos, mas também são determinados de baixo, precisamente
como objetivos de educação mais ou menos institucionalizados,
pelos quais se organizaria a vida do indivíduo no seio da sociedade
(HONNETH, 2015, p.19).

Partindo do princípio acima, Honneth pôde dizer que os movimentos sociais –


tais como os movimentos feministas, LGBT, Direitos Humanos movimentos sindicais
etc. – procuram uma forma justa de exigir do governo e da sociedade que a justiça
se faça de tal maneira que a liberdade seja dada de forma igual a cada um de seus
indivíduos, e essa só pode ser legitimada quando a autonomia do indivíduo for
reconhecida como algo fundamental dentro dessa sociedade. Ora, a concepção de
justiça e liberdade de Axel Honneth é oposta à concepção ideal de justiça e
liberdade de Rawls: Axel Honneth defende a relação dialógica entre os sujeitos que
procuram valores coletivos, ao passo que Rawls diz que cada pessoa possui direitos
invioláveis (por exemplo, a liberdade), que é fundado no princípio da justiça, visto
que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar este direito
fundamental.

4.1 A liberdade negativa

Segundo o nosso filósofo alemão na socideda moderna existe conceitos de


liberdades monológicas tal como a liberdade negativa que é exercida quando,
através de um ato racional, o indivíduo toma por correto aquilo que pode ser mais de
benéfico para ele, visto que não haveria nenhum impedimento externo ou coação
que pudesse interferir em sua vontade. Axel Honneth (2015, p.44) cita Hobbes para
explicar a liberdade negativa: “um homem livre é aquele que não é impedido de
fazer o que tem vontade de fazer naquelas coisas que é capaz de fazer graças à sua
força e seu engenho”; assim, nem mesmos os obstáculos internos como medo ou
falta de confiança podem impedir que a racionalidade do indivíduo o torne livre para
tomar suas próprias decisões.
Como visto nos capitulos anteriores que a busca da vida boa está pautada
nas realizações das vontades livres dos indivíduos, porém cada esfera de
reconhecimento intersubjetivo tem um tipo de necessidade a ser suprida. A liberdade
do indivíduo é uma busca da realizaçao dos interesses próprios sem nenhum
impedimento, por isso chama-se liberdade monológica, o indivíudo conversa consigo
mesmo e sem nenhum impedimento externo:

A ideia de liberdade do indivíduo consiste na busca de seus proprios


interesses sem que haja impedimentos “de fora” repousa arraigada
intuição do individualismo moderno. Segundo essa ideia, o próprio
sujeito detém um direito a especificidade, à qual ele se apega por
seus desejos e intenções que são elevados. Por essa razão, em
Hobbes, o livre estabelecimento de objetivos, que podem valer como
fins legítimos de ações livres, inspirou, no sentido contrário ao de
suas próprias convicções, o surgimento de um pesamento da
liberdade cuja principal preocupação é a defesa das idiossincrasia.
(Honneth, 2015, p. 46)

O nosso filósofo frankfurtiano partindo desse princípio de liberdade negativa


que o indivíduo procura a sua vida boa dentro de sua singularidade procurando
somente realizar sua vontadade sem reconhecer a vontade do outro, dirigido apenas
por seus desejos. Axel Honneth afirma que o século XXI seria o apogeu do
individualismos, assim sendo a visão hobbesiana de liberdade negativa deve ser
superada, pois essa liberdade só tem apenas o objetivo daquilo que o indivíduo quer
para si.

Na liberdade negativa a apenas uma “conversa” do indivíduo consigo mesmo,


ele dita o que é melhor para ele sem se preocupar com os resultados das ações que
ele venha tomar, basta o ato puro de realizar seus desejos para que ele queira usar
sua condição de liberdade. Axel Honneht usa também o conceito de liberdade
negatia na visao sartreana “no páthos existencialista, a liberdade incondicionada
chega a um fim, num processo que se iniciou já com a determinação imperceptível
pela qual apenas impedimentos externos poderiam limitar as ações de um homem”
(HONNETH, 2015, p. 49-50), desta forma podemos verificar que o indivíduo poderia
satisfazer sua vontade penas ralizando suas escolhas próprias sem interferências
externas.

Já na concepção de Nozick segundo nosso autor, a liberdade negativa tinha


também como a realização de suas vontades sem impedimentos externos,
entretanto ser livre seria “[...]para um ator assim caracterizado, ser livre significa
poder realizar todos os objetivos de vida egocêntrico e caprichosos que forem
compatíveis com a liberdade de seus cidadãos” (HONNETH, 2015, p. 50), desta
forma o indivíduo tem uma forma racional de ver a vida e a satisfação de seus
desejos, não podendo de forma irracional querer algo por apenas impulsos e
desejos “como limitações ‘externa’ da liberdae deves-se considerar o confronto dos
sujeitos com a expectativa de submissão de seus desejos ou inteções a padrões
minímos de racionalidade” (HONNETH, 2015, p. 51), seus desejos devem ser
realizados de forma racional, sem que para isso viole o direto de outros.

Para esses autores acima nominados, a ideia de uma liberade negativa ou


liberdade indiviual, seria o ponto de partida para um ordenamento do Estado, mas
aqui o homem é visto como um ser atômico, ou seja, ele tem apenas os seus
interesses a serem realizado.

[...]. O espectro de alternativa chega assim ao Estado de coersão


hobessiano, cuja justificação ocorre sem a fundamentação assentada
em princípios morais, até o “Estado minímo” de Roberto Nozick, que
em sua fundamentação normativaé muito dependente de restrições
mosrais no estdo de natureza. Em nosso contexto, é extremamente
significativo que os procedimentos de justificação assim delineados
permitam evideciar a que tipo de justiça social é possível visar sob
perspectiva da liberdade negativa.

As teorias expostas a cima tem um carater puramente indiviudal, onde o


indiviuduo vislumbra somente a proteção e a garatia de sua própria liberdade. Então
na filosofia do reconhecimento intersubjetivo de Axel Honneth, a liberdade negativa
não seria a liberdade normativa que possa torrnar um Estado ou comunidade mais
justa. Porém não deve ser descartado para efeito com uma primeira implantação de
liberdade indivídual, pois o indivíduo pode agir com o minimo de impedimento
possivel para realizar sua vontade individual.

Porém este indivívuo com sua vontade singular de realizar suas vontades tem
que começar a aprender que não estar sozinho em uma sociedade, tem outros
indivíduos que tem tambem suas vosntades singulares que querem ser realizadas, e
elas podem vir de encontro a sua vontade e causa conflitos, entretanto

Todas as insuficiências reveladas pela ideia de liberdade negativa


remetem, em última instãncia, ao fato de ela cessar antes do limiar
legítimo da autodeterminação indiviudal. Para se conceber esse tipo
de liberdade que contivesse um elemento de “autodeterminação”,
seria necessário apreender também o objetivo do agir como rebento
da liberdade: o que o indivíduo realiza, quando age “livremente”,
poderia ser visto como resultado de uma determinação, que ele
próprio realiza para si. (Honneth, 2015, p. 57)

Portanto a liberdade negativa seria somente uma libertação de forças que


coarge o indivíduo, desta forma ele pode decidir somente por ele como realizar sua
vontade livre, só que essa realização é apenas indiviudal, ele não se preocupa
realizar essa liberdade no mundo.

4.2 A liberdade reflexiva

Axel Honneth aborda tanto os conceitos de liberdade negativa quanto


liberdade reflexiva para usar como contraponto para justificar a verdadeira liberdade
que ele chama de liberdade social que veremos no sutítulo 4.3 deste capitulo. A
liberdade reflexiva seria uma ampliação do conceito normativo de liberdade
negativa, visto que a primeira está ligada a capacidade do indivíduo em usar suas
orientações internas para desenvolver sua ideia de autonomia e, também, de
autorrealização, fazendo com que ele aja de forma que siga somente sua própria
vontade; essa vontade deve ser livre e deve acontecer no mesmo momento da
intenção de fazer. Axel Honneth descreve a diferença entre os conceitos de
liberdade negativa e reflexiva da seguinte forma:

A liberdade negativa é elemento originário e indispensável da


autoconcepção moral da modernidade; nela se expressa a ideia que
o indivíduo deve desfrutar do direito de agir sem restrição externa e
sem depender de coerção para provar os motivos de “seu bel-prazer”
enquanto não violar os mesmos direitos de seus concidadãos. Ao
contrário do que se tem ai, na verdade a ideia de liberdade reflexiva
se estabelece, antes de tudo, somente pela relação do sujeito
consigo mesmo; segundo a ideia, é livre o indivíduo que consegue se
relacionar consigo mesmo de modo que em seu agir ele se deixe
conduzir por suas próprias intenções (Honneth, 2015, p.58).

Então pode se afirma que é livre o indivíduo que consegue se relacionar


consigo mesmo, pois ele é somente conduzido por sua vontade sem coerção
externa. Como se pode perceber, a liberdade individual pode ter diversas formas de
manifestações; entretanto, a ideia de liberdade reflexiva deixa claro que o indivíduo
não pode ter somente a vontade ou deixar levar por seus desejos; ele tem que, de
forma racional, fazer dessa vontade uma ação que o beneficie sem transgredir o
direito do outro; servindo-se sempre de sua autonomia e de sua autenticidade, deve
sempre buscar sua autodeterminação e sua autorrealização.

Segundo nosso autor, ele aponta que Isaiah Berlin tem outros conceitos para
a liberdade reflexiva, ele passa a denominar de liberdade “positiva”, aqui ela está
ligada a “autonomia” do indivíduo e da “autorealização” do mesmo, ou seja, o
indivíduo segue a vontade própria dialogando consigo mesmo e vendo o que é
melhor para seus interesses de forma reflexiva e tenta se livra de seus apetites(C.f.
Honneth, 2015, p. 59 - 60)

Essa reflexão faz com que o indivúduo perceba a diferença entre autonomia e
heteronomia, ele é capaz de controlar seus desejo assim, podendo se autolegislar
de forma racional, Axel Honneth usa Rousseau para demonstrar o que é ser livre:
“[...] o sujeito humano deve ser considerado ‘livre’ uma vez que possui fortuna e à
medida que tem a capacidade de se dar as leis de seu agir e se fazer ativo em
conformidade a ela” (HONNETH, 2015, p. 63), vejam qua autonomia está ligado a
capacidade ética de cumprir aquilo que o individuo prórpio se determina.

Kant vai aprimorar o conceito de vontade em Rousseau, apesar de um


individuo ser autonomo, ele deve ter a capacidade reflexiva de se autodeterminar de
uma forma que crie máximas que as tornes universal que irão guiar nas suas
atitudes perante não somente a ele, mas a toda sociedade

[...] Na condição de ser racional, portanto pertecente a um mundo


intelligível, o homem só pode pensar a causualidade de sua própria
vontade mediante a ideia de liberdade; pois a independência das
causas determinantes do mundo sensível é [...] a liberdade. Com a
ideia de liberdade estão inseparavelmente ligados o conceito de
autonomia e o princípio universal da moralidade, que serve de
fundamento à ideia de liberdade de todas as ações de seres
racionais assim como a lei natural serve de fundamento a todos os
fenômenos. (Honneth, 2015, p. 65)

Para nosso autor a visão kantiana de liberdade reflexiva, não seria nada mais
nada menos do que como o indivíduo quer respeitar e ser respeitado pelos os
demais componentes da socidedade, ou seja, respeito de uma forma recíproca. Mas
como podemos exercer nossa vontade livre? Como podemos nos autodeterminar e
autorrealizar sem que isso prejudique o indivíduo ou a sociedade?
Em relação à liberdade reflexiva, Axel Honneth afirma:

A liberdade reflexiva, que em Kant é inteiramente monológica,


adquire assim um significado teórico-intersubjetivo que lhe permite
estar mais fortemente ancorada nas estruturas sociais do mundo
real, já que o sujeito individual só chega à autonomia da
autolegislação ao socializar-se numa comunidade comunicativa na
qual aprende a se compreender como destinatário das normas gerais
que, simultaneamente, foi ele próprio que constituiu com todos os
demais (HONNETH, 2015, p.70).

Historicamente, a liberdade reflexiva é a primeira das liberdades, e é através


dela que o indivíduo, de forma racional, vai interagindo com os demais membros de
sua sociedade. Em sua ação e reflexão racional, o indivíduo não só pensa no “eu”,
mas em “nós”; essa forma de liberdade se apresenta como uma autolegislação
coletiva. Além disso, esse tipo de reflexão faz com que o indivíduo compreenda que
o outro também possui desejos que querem ser realizados.

Pois contrários aos demais animais o indivíduo se realiza realmente as suas


vonantades dentro de uma esfera de reconhecimento, seja na mais singular até a
mais universal, para isso ele vai construindo o seu “eu” social e se relaciona com as
demais pessoas que possuem suas vontades singulares.

Se sentir realmente livre, ter sua autonomia e sua autorrealização respeitada


é a vontade de todos dentro das esferas sociais de reconhecimentos recíprocos,
essa vontade é conhecida como vontade autêntica. A liberdade reflexiva está ligada
ao conceito de liberdade e justiça, principalmente justiça social, que representa a
realização de todas as liberdades indivíduais.

No cerne dassa questão existe a ideia de que a autonomia moral


resulta metodologicamente numa concepção processual de justiça. O
processo de autodeterminação individual é transferido para os graus
superiores do ordenamento social, em que é concebido como
procedimento de formação da vontade comum na qual os cidadãos,
em condições iguais, deliberem sobre os princípios de um
ordenamento social que lhes pareça”justo”. (Honneth, 2015, p. 73)

A vontade coletiva começa aqui superar de forma amena o sistema de


egoísmo social, a cooperação e a deliberação pública começa a aparecer como a
forma mais justa de realização da vontade, sem deixar que seja perdia as liberdades
indivíduais. A liberdade reflexiva é para o indivíduo um processo que o ajuda na sua
formação social e capaz dá condições para que ele possa se autorrealizar sem que
isso possa causar prejuízos para os demais membros dessa sociedade.
4.3 A liberdade social

A liberdade social é um tipo de liberdade que o sujeito vai compartilhar com os


outros, bem como, através do exercício de sua autonomia, vai buscar a realização
da comunidade, e não somente dele. Aqui não é apenas mia um conceito de
liberdade, mas sim, o exercício formal da liberdade, aqui o sujeito social pode
realizar realmente sua vontade livre.

Diferentemente das liberdades negativa e reflexiva, que são conceito de


liberdades monológicas, a liberdade social precisa da interação social, ou seja, do
reconhecimento intersubjetivo, pois é somente nessas condições que podemos
exercitar realmente nossa liberdade moral. Axel Honneth (2015, p.83-84) diz que,
“assim, sou livre somente à medida que estou em condições de orientar minha ação
para objetivos estabelecidos de maneira autônoma ou em relação os desejos
autênticos”.

Axel Honneth, baseado nas ideias hegelianas, cita como exemplo de


liberdade social as relações de “amor” e “amizade”, na medida em que, aqui, há uma
interferência externa sobre o indivíduo, reconhecendo no outro a suas vontades;
Axel Honneth usa o termo “estar consigo mesmo no outro”, ou seja, há um
reconhecimento recíproco entre os indivíduos. A liberdade social, portanto, só pode
ser realizada em meio de uma sociedade ou comunidade, de modo que esse
reconhecimento intersubjetivo só pode dar-se no meio das instituições:

[...] Conceito “social” de liberdade: em última instância, o sujeito só é


“livre” quando, no contexto de práticas institucionais, ele encontra
uma contrapartida com a qual se conecta por uma relação de
reconhecimento recíproco, porque nos fins dessa contrapartida ele
pode vislumbrar uma condição para realizar seus próprios fins.
Desse modo, na forma do “ser em si mesmo no outro” sempre se
pensa numa referência a instituições sociais, uma vez que somente
práticas harmonizadas e consolidadas fazem que os sujeitos
compartilhados possam reconhecer reciprocamente como outros de
si mesmos. E somente essa forma de reconhecimento é a que
possibilita ao indivíduo implementar e realizar seus fins obtidos
reflexivamente (HONNETH, 2015, p. 86-87)

Por isso, Honneth afirma que o reconhecimento intersubjetivo, bem como a


luta por esse reconhecimento, ocorre principalmente na esfera da solidariedade,
visto que é através de instituições como a família, a escola, a igreja, o Estado, o
mercado etc. que o indivíduo pode se reconhecer e reconhecer os outros como
iguais e portadores de direitos e liberdades. É nesse sentido que poderemos ver a
sociedade formada por sujeitos conscientes de seus direitos e deveres, de forma a
desenvolver uma sociedade mais justas, onde as patologias social sejam
amenizadas ou até extinguidas do seio dessa sociedade, prevalecendo a dignidade
da pessoa humana e o respeito mútuo.
[...]. Se em nosso cotidiano, no que diz respeito aos projetos e
objetivos individuais, ainda não dispomos de critérios suficientes para
nos dar indicações de como distinguir entre livres e não livres,
somos, ao que tudo indica, completamente carentes de intuições
desse tipo se levarmos em conta a esfera da realidade social. [...].
Ocorre que o próprio Hegel parce invocar tal experiência cotidiana ao
afirmar, na nota ao § 7 de sua Filosofia do direito, que a “amizade” e
o “amor” fornecem um exemplo para a liberdade na esfera externa
social: “Aqui não se é unilateral dentro porém, nessa restrição, sabe-
se como si mesmo. [...]. Por mais que agradasse a Hegel saber
dessa exposições limitadas ao plano da mera “sensação”, a chavede
sua concepção de liberdade social está contida na formulação do
“estar consigo emso no outro”, utilizada para esse fim; ela se baseia
numa ideia de instituições sociais que, assim, sendo, permitie aos
sujeitos se relacionarem uns com os outros, já que eles poeriam
comprender sua contraparte como outro de si mesmos. (Honneth,
2015, p. 85)

Portanto, a liberdade social é uma forma de liberdade baseado na eticidade,


no reconhecimento intersubjetivo, em que o justo deve ser algo que ofereça
igualmente aos indivíduos a oportunidade de participação nas instituições de
reconhecimento. Axel Honneth diz que Hegel no conceito intersubjetivo a liberdade
torna-se um conceito mais amplo, pois é na esfera social que o indivíduo se torna
realmente livre, ele começa a reconhecer o “ser em si mesmo no outro”.
Na sociedade as instituições devem promover as relações de
reconhecimentos intersubjetivos para que seus indivíduos possam exercer de forma
mais plena de sua liberdade.
5 CONCLUSÃO

A teoria crítica de Axel Honneth tem como objetivo reatualizar a teoria social
de Hegel, mostrando a evolução de sua teoria crítica através da luta pelo
reconhecimento, no qual o indivíduo tende a reconhecer que o outro possui as
mesmas vontades de realizações que as suas.

Nas esferas do reconhecimento intersubjetivo, Axel Honneth procura delinear


bem a evolução do reconhecimento, desde a parte mais singular que é o amor e a
amizade, a qual mostra a necessidade do indivíduo e suas carências, de forma que,
através do reconhecimento intersubjetivo, ele passa a ter sua autoconfiança,
passando pela sua particularidade no direito que através das relaões de mercado a
pessoa pode evoluie desenvolver suas habilidades e assim possa obter sua
autorrealização até o reconhecimento intersubjetivo da solidariedade em sua
universalidade, esfera essa que o sujeito adquire sua autodeterminação.

Axel Honneth mostra que a teoria critíca procura superar as patologias sociais
próprias de nossa modernidade política, cultural, econômica etc.; além disso,
procura mostrar como o reconhecimento intersubjetivo individual e social pode
mudar a forma como cada um trata seus pares, procurando, através de uma
concepção de justiça normativa, respeitar a liberdade de seus indivíduos, podendo
assim formar uma sociedade com mais dignidade e respeito à pessoa humana, as
quais possam exercer seus direitos sociais de uma forma plena.

Para Axel Honneth, em cada esfera social há uma forma de reconheciemento


intersubjetivo onde o indiviudo vai suprindo suas carências; a liberdade, para Axel
Honneth, é legitima na medida em que é conseguida de forma dialógica, de modo
que, para além do bem-estar do indivíduo, é a realização da sociedade, através de
sua autodeterminação, que é o cerne da ação e da reflexão em termos de justiça
social.
46

REFERÊNCIAS

HEGEL, Georg W. F. Princípios da filosofia do direito / G.W.F. Hegel.


Tradução de Orlando Vitorino. São Paulo: Martins Fontes, 1997. (Clássicos).

HOBBES, Thomas. Leviatã; organizado por Richard Tuck. Tradução de João


Paulo Monteiro, Maria Beatriz Nizza da Silva, Claudia Berliner; revisão da
tradução Eunice Ostrensky. São Paulo: Martins Fontes, 2003. – (Clássicos
Cambridge de filosofia política).

HONNETH, Axel. O Sofrimento de Indeterminação: uma reatualização da


Filosofia do direito de Hegel. São Paulo: Editora Singular, Esfera Pública, 2007.

_____. Luta por Reconhecimento: A Gramática moral dos conflitos


sociais. Tradução de Luiz Repa; apresentação de Marcos Nobre. 2ª ed. São
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_____. O Direito da Liberdade; tradução Saulo Krierger. São Paulo: Martins


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MELO, Rúrion. (coord.) A Teoria Crítica de Axel Honneth: Reconhecimento,


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