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Porto Velho, RO
2019
Elisandro Desmarest de Souza
Porto Velho, RO
2019
Elisandro Desmarest de Souza
BANCA EXAMINADORA
From the Struggle for Recognition to the Right of Freedom, through the works
"Suffering of Indeterminacy" and The Pathologies of Freedom, Axel Honneth outlines
as his main problem the social struggles for recognition. In turn, it will show that the
struggle, besides achieving the equal distribution of income, is based on the
achievements of the idea of respect for the individual and the dignity of the human
person. In his analyzes of the society of our time, Axel Honneth seeks to reflect on
the cultural and economic phenomena proper to our time, and defends the thesis
that, in order to achieve a just society, we need its individuals to be able to recognize
themselves. in the other in their needs, since they all have their individual concepts
and values of freedom, justice, citizenship and human rights.
1 INTRODUÇÃO...............................................................................................10
5 CONCLUSÃO................................................................................................44
REFERÊNCIAS................................................................................................45
1 INTRODUÇÃO
Com efeito, neste trabalho, pela leitura das obras Luta por Reconhecimento,
Sofrimento de Indeterminação, O Direito da Liberdade e Patologias de la Libertad,
busco, em um primeiro momento, analisar o desenvolvimento da Teoria Crítica 1 da
sociedade desenvolvida por Axel Honneth, especialmente a grande influência
exercida pela teoria social de Georg W. F. Hegel (1770-1831) em suas intuições e
teses essenciais, e, em um segundo momento, mostrar quais foram as principais
reatualizações da teoria empreendidos pelo filósofo frankfurtiano. Neste sentido,
ainda com base nestas obras, o meu objetivo principal é mostrar a evolução da luta
por reconhecimento no contexto social, uma vez que as práticas de valores ideais
levam a formação da identidade do sujeito, tal como a construção de uma sociedade
solidária, que, por sua vez, forma um sujeito autônomo em busca do bem estar da
comunidade, tanto quanto buscam o bem comum isto é, à vida boa.
Para Axel Honneth, a teoria crítica vem evoluindo, e não está apenas se
preocupando em eliminar a desigualdades sociais, mas está visando, além disso, a
dignidade do indivíduo e respeito pela pessoa humana. Deste modo, em termos de
justiça social, é inegável que o sujeito participante dessa sociedade tenha como
objetivo normativo o “reconhecimento”, e não somente a redistribuição de renda. A
categoria do reconhecimento tem como propósito esclarecer o indivíduo o seu papel
na sociedade tornando o autônomo e, ao mesmo tempo, estabelecer o pano de
fundo de uma sociedade mais humana, na qual o indivíduo possa ter a possibilidade
de conquistar uma vida digna, ou seja, a “vida boa”. Conforme Axel Honneth,
Qualquer seja o tema por objetos nos escritos de Axel
Honneth, a apresentação está sempre obrigada a orbitar em torno
daquilo que é distintivo de sua proposta no campo da teoria crítica: a
preeminência e primazia da ‘gramática da moral do reconhecimento’.
Isso só é possível, entretanto, forem preenchidos dois requisitos,
1
Saliento aqui que procuro interpretar o pensamento da Teoria Crítica de Axel Honneth e não
os escritos originais de George W. F. Hegel.
sem os quais as ‘luta por reconhecimento’ não emergem: uma
reconstrução do ponto de vista do social. Essa dupla tomada de
partida - pela “reconstrução” e pelo ‘social’ serve a Honneth de
guia não apenas dar sua própria versão do desenvolvimento e da
história da teoria crítica, como para vincular a ‘reconstrução’ com a
“presentificação” que pretende emprestar às teorias que lança mão.
(MELO, 2013, p. 11).
A tese de Axel Honneth é que por meio de uma luta por autoconsciência,
autodeterminação e autorrealização – as quais constituem a tríade das esferas do
reconhecimento, visto que é através dessa tríade que podemos conquistar não
apenas o reconhecimento intersubjetivo, e também promover uma sociedade mais
justa e solidária. Desse modo, Axel Honneth procura mostrar que o indivíduo almeja
ter sua dignidade e o seu respeito reconhecido em todas as esferas sociais.
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Segundo Hegel uma das fases do desenvolvimento da ideia da vontade livre em si e para si, a
vontade é: imediata. O seu conceito é portanto abstrato: a personalidade; e a sua existência empírica
é uma coisa exterior imediata, é o domínio do direito abstrato ou formal; (Hegel, 1997, p. 35, § 33)
reconhecimento intersubjetivo seria uma ação recíproca entre indivíduos, o qual
seria algo fundamental para a socialização humana.
A seguir discorrerei sobre o reconhecimento intersubjetivo em suas esferas,
as quais se desenvolvem nas instituições tais como: família, Estado e sociedade.
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A construção deste tópico é furto do meu projeto de iniciação cientifica relatório PIBIC 2017/18 sob o
titulo “Liberdade e Justiça na obra ‘O Direito da Liberdade’ de Axel Honneth”, sob a orientação do
Profº Dr. Fernando Danner.
metáfora drástica refere-se àqueles momentos de uma “ameaça”
existencial, nos quais um sujeito tem de constatar que uma vida
plena de sentido só lhe é possível no “contexto do reconhecimento
de direitos e deveres”. (Honneht, 2009, p. 93)
A interação social do individuo faz com que ele desenvolva o seu “Eu”,
fazendo com que comece a reconhecer a particularidade do outro, bem como a sua
mesma.
Esse desenvolvimento faz com que o “Eu” esteja mais ligado à singularidade
do individuo e suas vontades, entre em conflito quando esse mesmo indivíduo
começa a viver em comunidade e sua globalização de vontades, então ele tem que
começa a interagir e compreende que o seu “Eu” e a penas mais um, e isso faz
entender e assim progrida seu “Eu” para o “Me” mais preocupado com o
desenvolvimento social.
Essa passagem do “Eu” singular para o “Me” particular, faz com que o
indivíduo não pense apenas em si mesmo, e consequentemente, passe a ter outros
interesses e procure novas formas de reconhecimento, por exemplo, nossa
sociedade a inda tem uma ideia de que a família é um retrato da família burguesa
tradicional, mas na atualidade temos famílias formadas e comandadas apenas pela
mãe e os filhos, outra forma de família é a formada por casais homossexuais as
quais adotam seus filhos e etc. Axel Honneth chama esse tipo de família de “colcha
de retalho”, termo esse que irei abordar melhor no Capítulo 3 dessa monografia, pois
está contido na obra O Direito da Liberdade, essas famílias devem ser reconhecidas
apesar de termos um “ideal” de família, o que ligam elas são primeiramente o amor;
e como não podemos esquecer que essas famílias devem ser respeitadas como tal
e sua dignidade assegurada não só pelo Estado, mas também pela Sociedade civil.
Isso não seria um reconhecimento de direto? Isso não seria reconhecer-se-no-outro?
O Conceito ético de “outro generalizado”, ao qual Mead teria
chegado se tivesse considerado as antecipações idealizadoras do
sujeito da autorrealização que se sabe sem reconhecimento, partilha
com a concepção de eticidade de Hegel as mesmas tarefas: nomear
uma relação uma relação de reconhecimento recíproco na qual todo
sujeito pode saber-se confirmando como pessoa que se distingue de
todas as outras por propriedades ou capacidades particulares.
(Honneth, 2009, p. 149)
Talvez essa seja a teoria normativa que tanto Axel Honneth e outros
comunitaristas propõem como forma de reconhecimento intersubjetivo, se ver no
outro, aprender que nossa individualidade seja respeitada, mas que também
possamos aprender a respeitar os indivíduos em suas singularidades e em suas
particularidades.
Portanto esse desrespeito faz com que haja a luta por reconhecimento, claro
que o autor diz que o reconhecimento é algo natural do ser humano, pois ele
desenvolve isso desde seu nascimento e mediante a uma socialização do individuo
através de suas experiências.
Na sociedade civil brasileira está ainda escancarado que ela é ainda uma
sociedade injusta, individualista e heterônoma. O indivíduo parece ainda não ter sua
identidade própria, não se reconhece a si mesmo quanto mais reconhecer o outro.
Temos diversos casos no qual a mulher é vista somente como objeto para seu
companheiro, para ele, ela não possui vontade alguma e tem que se totalmente
submissa à vontade do parceiro, e isso e uma das causa da violência contra as
mulheres. Outros grupos que lutam por seu reconhecimento diuturnamente, são os
grupos GLBT’s e os kilombolas, os quais apesar da sociedade retrógoda, vêm
conquistando seus espaços e diretos paulatinamente.
A luta pela integração a sociedade desses grupos é grande, são pessoas que
tem suas identidades, e querem preservá-las, querem ser reconhecidas em seus
direitos e liberdade, querem a garantia da “dignidade” e “respeito” as suas
individualidades. São seres singulares, que como os demais têm direito de realizar
suas vontades.
Axel Honneth contempla uma sociedade normativa, na qual esses indivíduos
citados acima, bem como os demais, terão seus direitos e deveres resguardados em
sua plenitude, e a luta pelo reconhecimento é que tornará a sociedade mais justa e
solidária.
3 AS QUESTÕES DO RECONHECIMENTO NA SOCIEDADE EM AXEL
HONNETH
Segundo Axel Honneth essas objeções acima foram apenas políticas, para
ele Hegel ao afirmar que a autonomia do indivíduo está subordinada a autoridade
ética do Estado, apenas o conceito de Estado talvez não fosse muito adequado para
nossa atualidade, pois dá a conotação de um Estado burguês, poderíamos dizer que
no Estado democrático de direito seria a esfera mais adequada para ao
desenvolvimento da liberdade individual, pois é nele que temos um contexto ético-
político mais abrangente e sua pluralidade étnica. Axel Honneth procura em sua
teoria normativa de reconhecimento que todos os cidadãos sejam autônomos na sua
individualidade, porém ele só realiza essa autonomia plena na sociedade civil.
Nosso autor procura na filosofia do direito de Hegel fundamentar a filosofia
política atual, principalmente na ideia de uma vontade livre universal que se
desenvolve na esfera do direito, a qual quer garantir condições para que seus
indivíduos tenham sua autorrealização, ou podemos dizer que todos devem ter a
possibilidade da realização de sua liberdade individual.
Para Axel Honneth a filosofia do direito de Hegel mostra que o espírito
objetivo está pautado na ideia de liberdade individual e direito racional em quatro
premissas, a saber:
[...] primeiramente, em razão do fato de os sujeitos já se encontrarem
constantemente ligados em relações intersubjetivas, uma tal
justificação dos princípios universais de justiça não deve partir da
representação atomista [...]. Decorreu disso em segundo lugar, o
objetivo, [...] como justificação daquelas condições sociais sob as
quais os sujeitos podem ver reciprocamente na liberdade do outro
um pressuposto de sua auto-realização individual. [...] em terceiro
lugar, [...] princípios normativos de liberdade comunicativa na
sociedade moderna, não devem estar ancorados em preceitos
externos voltados para o comportamento ou em meras leis de
coerção [...]; e finalmente, em quarto lugar [...] que uma tal cultura de
uma liberdade comunicativa denominada de “eticidade” teria que
poder ser previsto um espaço essencial para aquelas esferas sociais
de ação nas quais os sujeitos, sob condições do mercado capitalista,
pudessem perseguir reciprocamente seus interesses egoístas.
(Honneth, 2007, p. 54-55)
Como dito, segundo Axel Honneth, Hegel mostra que o indivíduo apesar de
desenvolver sua vontade livre, ele só irá se realizar de forma mais plena, na medida
em que sua ação livre resultar numa autodeterminação racional, a qual ele porá em
prática na sociedade.
De acordo com a filosofia do direito o “espírito objetivo” tem como
competência de poder saber que é necessário a reconstrução da autorreflexão do
que acontece nas instituições e nas práticas sócias, aos olhos de Axel Honneth a
sua interpretação da filosofia hegeliana, o espírito objetivo reconstrói
sistematicamente tudo que é necessário para realizar a vontade livre de cada um de
seus indivíduos, ou como podemos chamar “vontade livre universal”.
A vontade livre seria também uma ação reflexiva por parte do indivíduo, que
pode se autodeterminar, e assim se satisfazer sua vontade através de uma reflexão
em si mesmo podendo dessa forma se reconhecer no outro em si mesmo.
Também na teoria hegeliana na Filosofia do direito Axel Honneth a existência
de uma vontade livre está ligada às relações comunicativa, no qual o sujeito
individualmente tem sua liberdade própria, isso faz com sua capacidade de se
relacionar com os demais membros de sua sociedade e capacitando melhor para
participar de forma igual nas discussões sociais, e assim proporcionando uma
autorrealização pessoal nas esferas do reconhecimento intersubjetivo.
Vemos então que é na vida pública que o indivíduo pode alcançar sua
libertação do sofrimento e realiza sua vontade livre, pois é através das relações
intersubjetivas que o sujeito social reconhece o outro em si mesmo. Com isso Axel
Honneth opõe-se ao pensamento atomista individual do pensador estadunidense
John Rawls que em sua obra Uma Teoria da Justiça, que ele afirma que o caminho
a ser desenvolvido pela sociedade partiria de dois princípios que seriam: o primeiro
princípio é que todos os indivíduos que fazem parte dessa sociedade teriam direito a
liberdade mais ampla possível, esse princípio chama-se de princípio de liberdades
iguais; outro princípio é o princípio da igualdade, John Rawls vai afirmar que existem
desigualdades inevitáveis numa sociedade, entretanto ela pode ser amenizada de
uma forma que promova a equidade de oportunidade que aqui ele chamará de
princípio de justiça igualdade e oportunidade e também para estreitar essas
diferenças ele conduz que os membros menos privilegiados dessa sociedade têm
que ter o máximo de benefícios que outros membros mais privilegiados, assim
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En tanto que, como el mismo Hegel dice en el §4: la base del derecho […] es la voluntad, que es
libre, detal manera que […] [el sistema jurídico] es el reino da libertad realizada . Con esta
expresión, Hegel ya da conocer que quiere algo más que una mera determinación o de la protección
o de la garantía de la libertad individual; el sistema del derecho debe más bien un reino , en el
que pueda realizarse la libertad de los individuos, de tal manera que tenga que incluir
determinaciones o elementos públicos que puedan valer como metas de esa autorrealización libre. .
(Honneth, 2016, p. 30; trad. minha)
podendo ter uma sociedade mais equitativa, além disso, John Rawls afirma que o
princípio da igualdade jamais deve se sobre por sobre o princípio da liberdade.
Essa diferença do pensamento do pensador estadunidense que se preocupa
com o indivíduo e a realização de boa vida, que através de sua individualidade vai
elaborar sua questão de justiça, já Axel Honneth está focado mais na questão da
vida boa de todos os indivíduos na sociedade, e sua vontade livre através da
eticidade e do reconhecimento intersubjetivo, como ele explica:
Porém este indivívuo com sua vontade singular de realizar suas vontades tem
que começar a aprender que não estar sozinho em uma sociedade, tem outros
indivíduos que tem tambem suas vosntades singulares que querem ser realizadas, e
elas podem vir de encontro a sua vontade e causa conflitos, entretanto
Segundo nosso autor, ele aponta que Isaiah Berlin tem outros conceitos para
a liberdade reflexiva, ele passa a denominar de liberdade “positiva”, aqui ela está
ligada a “autonomia” do indivíduo e da “autorealização” do mesmo, ou seja, o
indivíduo segue a vontade própria dialogando consigo mesmo e vendo o que é
melhor para seus interesses de forma reflexiva e tenta se livra de seus apetites(C.f.
Honneth, 2015, p. 59 - 60)
Essa reflexão faz com que o indivúduo perceba a diferença entre autonomia e
heteronomia, ele é capaz de controlar seus desejo assim, podendo se autolegislar
de forma racional, Axel Honneth usa Rousseau para demonstrar o que é ser livre:
“[...] o sujeito humano deve ser considerado ‘livre’ uma vez que possui fortuna e à
medida que tem a capacidade de se dar as leis de seu agir e se fazer ativo em
conformidade a ela” (HONNETH, 2015, p. 63), vejam qua autonomia está ligado a
capacidade ética de cumprir aquilo que o individuo prórpio se determina.
Para nosso autor a visão kantiana de liberdade reflexiva, não seria nada mais
nada menos do que como o indivíduo quer respeitar e ser respeitado pelos os
demais componentes da socidedade, ou seja, respeito de uma forma recíproca. Mas
como podemos exercer nossa vontade livre? Como podemos nos autodeterminar e
autorrealizar sem que isso prejudique o indivíduo ou a sociedade?
Em relação à liberdade reflexiva, Axel Honneth afirma:
A teoria crítica de Axel Honneth tem como objetivo reatualizar a teoria social
de Hegel, mostrando a evolução de sua teoria crítica através da luta pelo
reconhecimento, no qual o indivíduo tende a reconhecer que o outro possui as
mesmas vontades de realizações que as suas.
Axel Honneth mostra que a teoria critíca procura superar as patologias sociais
próprias de nossa modernidade política, cultural, econômica etc.; além disso,
procura mostrar como o reconhecimento intersubjetivo individual e social pode
mudar a forma como cada um trata seus pares, procurando, através de uma
concepção de justiça normativa, respeitar a liberdade de seus indivíduos, podendo
assim formar uma sociedade com mais dignidade e respeito à pessoa humana, as
quais possam exercer seus direitos sociais de uma forma plena.
REFERÊNCIAS